Outro princípio que está sendo ignorado e violado neste caso, é o
princípio do desenvolvimento sustentável. Podemos dizer que
desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Ou seja, em suma, é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. É necessário reconhecer, contudo, que este conceito beira um pouco à utopia, pois é, infelizmente, incompatível com a lógica do sistema capitalista que temos hoje, pautada no lucro. Entretanto, ainda assim, é preciso tentar respeitar ao máximo esse princípio, é necessária uma maior aproximação desses ideais de desenvolvimento sustentável. Contudo, o que vemos no caso do Terminal de Ponta Negra é justamente o oposto. Temos um complexo de grande dimensão que irá desfigurar completamente uma área ainda bem conservada da orla.
Além da importância ecológica, as beachrocks de Jaconé também
possuem uma outra relevância para a ciência: a relevância cultural e histórica. Em sua expedição científica a bordo do Beagle, o naturalista inglês Charles Darwin visitou o lugar em 1832. Em sua passagem pelo Brasil, Darwin se encantou com a exuberância da Mata Atlântica e fez anotações sobre as formações rochosas ali existentes, as beachrocks, destacando em seu diário “as montanhas maciças, nuas e escarpadas de granito”. O "caminho de Darwin" é considerado de extrema importância histórica para a ciência, já que o britânico é autor da teoria da evolução das espécies. Ignorar a importância histórica dessa região é passar por cima de um dos princípios mais fundamentais do direito ambiental: a proteção do nosso patrimônio cultural. Em nossa CF, art. 225, parágrafo 3 º, encontra-se:
§ 3º "As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados." Na teoria, essas palavras aparentam ter importância e eficácia. Em contrapartida, o que vemos é uma facilitação dos tramites legais. A julgar pela celeridade que tem marcado o processo de licenciamento, segundo alguns críticos, os últimos passos não devem ser problema. Causa indignação ver que os órgãos fiscalizadores estão atuando como facilitadores, tanto a Câmara local quanto o Instituto Estadual de Ambiente (Inea). É difícil acreditar que os infratores receberão as devidas sanções penais e administrativas. Vemos, aqui, outro princípio que não está recebendo a devida importância: a responsabilização das condutas lesivas ao meio ambiente.