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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ


UNED ANGRA DOS REIS/RJ

ANÁLISE DO APROVEITAMENTO DA
ENERGIA DAS ONDAS NO BRASIL COM
ÊNFASE NO LITORAL DE ANGRA DOS REIS

Wellerson Alves Reis

Orientador: Prof. DSc. Ronney Mancebo Boloy

ANGRA DOS REIS/RJ


Junho/2015
ii

CATALOGAÇÃO NA FONTE
BIBLIOTECA CAMPUS ANGRA DOS REIS

R375a Reis, Wellerson Alves.


Análise do aproveitamento da energia das ondas no
Brasil com ênfase no litoral de Angra dos Reis /
Wellerson Alves Reis. — 2015.
xi, 39 f. ; 30 cm.

Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Técnico


em Mecânica)—Centro Fed. Educ. Tec. Celso S. da
Fonseca, Angra dos Reis, 2015.
Bibliografia: f. 37-39.

1. Energia das ondas - Brasil. 2. Energia


elétrica 3. Angra dos Reis-RJ I. Título. II. Boloy,
Ronney Mancebo

CDD 621.312134081
iii

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA


CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ
UNED ANGRA DOS REIS/RJ

Wellerson Alves Reis

ANÁLISE DO APROVEITAMENTO DA ENERGIA DAS ONDAS NO


BRASIL COM ÊNFASE NO LITORAL DE ANGRA DOS REIS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao CEFET/RJ – Unidade
Descentralizada em Angra dos Reis
como requisito parcial para obtenção
do diploma de Técnico em Mecânica

Aprovado(a) pela banca examinadora


BANCA EXAMINADORA

____________________________________
Prof. DSc. Ronney Mancebo Boloy
Orientador

________________________________________
Prof. MSc. Jesus Puente Angulo

_________________________________________
Prof. MSc. Jonni Guiller Miller
iv

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me deu a


oportunidade de estudar no CEFET/RJ Uned Angra dos
Reis e chegar até o final do curso, e as futuras
oportunidades que ele me trará. Agradeço aos meus pais,
Roseli Meira Alves e Humberto Reis por sempre me
apoiarem e incentivarem a sempre buscar o meu melhor.
Agradeço também aos meus amigos que sempre estiveram
do meu lado nas horas boas e nas ruins apoiando e
ajudando no que era preciso. Agradeço também ao
professor Ronney Mancebo Boloy, que me ajudou muito
no desenvolvimento e pesquisa deste trabalho.
v

“Você nunca sabe que resultados virão de sua ação, mas se você não fizer nada não existirão
resultados”.

Mahatma Gandhi.
vi

RESUMO

Este trabalho apresenta situações e análises sobre uma forma de energia limpa e renovável e
com amplo potencial teórico a ser explorado, que é a Energia Oceânica. Em seu contexto,
existem diversas formas de se aproveitar as energias dos oceanos na sua conversão em energia
elétrica como através das marés, correntes marítimas, gradientes de temperaturas e por fim as
ondas que serão abordadas neste trabalho. Ao longo da pesquisa serão apresentados como
ocorre o fenômeno, mostrando as fortes influencias que os fatores climático e geográfico
afetam nas ondas e as características básicas de uma onda. Os métodos, mostrando regiões
propícias ao aproveitamento energético onshore (costa), shoreline (próximo a costa) e
offshore (afastado da costa). Tecnologias utilizadas para a conversão, mostrando empresas
que atuam na área do aproveitamento da energia das ondas, e universidades que desenvolvem
protótipos, foram realizadas essas análises no Brasil e no mundo. Posteriormente será
avaliado se há ou não formas de se aproveitar a energia das ondas no litoral do município de
Angra dos Reis ao sul do estado do Rio de Janeiro, apresentando dados, comparações e ideias.

Palavras-chave: Energia Oceânica, Conversão, Ondas, Energia Elétrica, Angra dos Reis.
vii

ABSTRACT

This work presents and analyses situations related to clean and renewable energy and with
broad theoretical potential to be explored, which is Ocean energy. In this context, there are
several ways to take advantage of the energy of the oceans in their conversion into electricity
as through the tides, currents, temperature gradients and finally the waves will be addressed in
this work. Along this research will be presented how this phenomenon occur, showing the
strong influence that climatic and geographic factors have on the waves and the basic
characteristics of a wave. The methods, showing regions conducive to energy use onshore
(coast), shoreline (near the coast) and offshore (away from the coast). This work will be show
technologies used for the conversion, showing companies that operate in the field of wave
energy utilization, and universities that develop prototypes in Brazil and in the world. It will
subsequently be evaluated whether or not ways to harness the energy of the waves on the
coast of the municipality of Angra dos Reis South of Rio de Janeiro, showing in hand,
comparisons and ideas.

Keywords: Ocean Energy, Conversion, Waves, Electricity, Angra dos Reis.


viii

SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................................................................ 1

1.2 PROBLEMÁTICA ........................................................................................................... 2

1.3 ESTADOS DA ARTE SOBRE OS TRABALHOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS NO


APROVEITAMENTO DAS ENERGIAS DAS ONDAS PARA A GERAÇÃO DE
ELETRICIDADE .................................................................................................................... 3

1.4 IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO PRESENTE TRABALHO ............. 5

1.5 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS ......................................................................... 5

2.ENERGIA DAS ONDAS ........................................................................................................ 5

3.METODOLOGIA DE CONVERSÃO DA ENERGIA DAS ONDAS EM ENERGIA


ELÉTRICA ................................................................................................................................. 8

3.1 DISPOSITIVOS DE CONVERSÃO .............................................................................. 10

3.1.2 CORPOS OSCILANTES ........................................................................................ 11


3.1.2.1 Pelamis ............................................................................................................. 11

3.1.2.2 Oyster ............................................................................................................... 13

3.1.2.3 PowerBuoy ....................................................................................................... 14

3.1.2.4 AWS (Archimedes Wave Swing) ..................................................................... 15

3.1.1 COLUNA DE AGUÁ OSCILANTES .................................................................... 17


3.1.1.1 Limpet ............................................................................................................... 17

3.1.1.2 Ocean Energy ................................................................................................... 18

3.1.3 GALGAMENTO ..................................................................................................... 19


3.1.3.1 Wave Dragon .................................................................................................... 20

3.2 APLICAÇÕES DOS DISPOSITIVOS DE CONVERSÃO NO BRASIL ..................... 22

4.SITUAÇÃO DA ENERGIA DAS ONDAS EM ANGRA DOS REIS ................................. 25

5.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 35

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 37


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Participação das fontes de energia primária na geração de eletricidade mundial em


2008. Fonte: FLEMING, 2012. .................................................................................................. 1
Figura 2: Perspectiva de crescimento da demanda mundial em energia primária de 2011 a
2035. Fonte: IEA, 2011 .............................................................................................................. 2
Figura 3: Definições básicas das características de uma onda. Fonte: FLEMING, 2012 .......... 6
Figura 4: Relação das ondas com o leito marinho, conforme se aproximam da costa. Fonte:
FLEMING, 2012 ........................................................................................................................ 7
Figura 5: Modelo de circulação atmosférica global, baseado nos meridianos e direções dos
ventos. Fonte: FLEMING, 2012 ................................................................................................. 8
Figura 6: Distribuição Global do potencial energético das ondas ( kW/m, média anual em
águas profundas). Fonte: SCHARFFER E RONCHI, 2010 ....................................................... 8
Figura 7: Localização dos Dispositivos de Extração de Energia das Ondas. Fonte: SOUZA,
2012 ............................................................................................................................................ 9
Figura 8: Pelamis em operação. Fonte: PELAMIS, 2012 ........................................................ 12
Figura 9: Pelamis e seu funcionamento com base na direção da onda. Fonte: PELAMIS, 2012
.................................................................................................................................................. 12
Figura 10: Esquema parque energético de Pelamis. Fonte: SOUZA, 2012 ............................. 12
Figura 11: Esquema real de utilização do Oyster. Fonte: AQUA MARINE, 2015 ................. 13
Figura 12: Esquema de um conversor de translação das ondas. fonte: AQUARET, 2015 ...... 14
Figura 13: PowerBuoy em operação com visão emersa. Fonte: POWERBUOY, 2015. ......... 15
Figura 14: Esquema funcionamento PowerBuoy. Fonte: AQUARET, 2015. .......................... 15
Figura 15: Principio de funcionamento do AWS. Fonte: AWS, 2015. .................................... 16
Figura 16: Esquema de operação real do AWS. Fonte: AWS, 2015 ........................................ 16
Figura 17: Esquema de Funcionamento do LIMPET. Fonte: FLEMING, 2012. ..................... 18
Figura 18: Central LIMPET em operação. Fonte: SOUZA, 2012............................................ 18
Figura 19: Ocean Energy em operação: Fonte: OCEAN ENERGY, 2015 .............................. 19
Figura 20: Esquema de funcionamento do Ocean Energy. Fonte: OCEAN ENERGY, 2015 . 19
Figura 21: Esquema de operação do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015. ........... 21
Figura 22: Princípio de Funcionamento do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015 .. 21
Figura 23: Wave Dragon em operação: Fonte: WAVE DRAGON, 2015................................ 21
x

Figura 24: Dispositivo da Coppe/RJ em operação no porto de Pecém/CE. Fonte: Google


Imagem ..................................................................................................................................... 23
Figura 25: Esquema do dispositivo desenvolvido pela Coppe/RJ e a bomba hidráulica do
mesmo. Fonte: FLEMING, 2012.............................................................................................. 23
Figura 26: Esquema da câmara hiberbárica e do conjunto turbina-geradora. Fonte: FLEMING,
2012. ......................................................................................................................................... 24
Figura 27: Esquema de funcionamento do dispositivo de Ilha Rasa. Fonte: (PLANETA
COPPE, 2013). ......................................................................................................................... 25
Figura 28: Esquema do dispositivo em estado operacional. Fonte: (PLANETA COPPE, 2013).
.................................................................................................................................................. 25
Figura 29: Mapa da localização de Angra dos Reis - RJ. Fonte: WIKIPEDIA, 2015 ............. 26
Figura 30: Médias Mensais de energia das ondas entre Santa Catarina ao Sul do Rio de
Janeiro, abrangendo o litoral de Angra dos Reis. Fonte: CARVALHO, 2010 apud FLEMING,
2012. ......................................................................................................................................... 28
Figura 31: Altura significativa de onda em situação normal na Baia da Ilha Grande no dia
04/01/2009. Fonte: GODOI, V.A. et al., 2011. ........................................................................ 29
Figura 32: Altura significativa de onda com ressaca na baia da Ilha Grande no dia 08/04/2009.
Fonte: GODOI, V.A. et al., 2011. ............................................................................................ 30
Figura 33: Mapa satélite de Angra dos Reis, mencionando áreas de possíveis aproveitamentos
da energia das ondas. ................................................................................................................ 31
Figura 34: Vista parcial da Baia de Angra dos Reis, próximo ao centro municipal. Fonte:
Google Imagem. ....................................................................................................................... 32
Figura 35: Vista da Baia da Ribeira. Fonte: Google Imagem .................................................. 33
Figura 36: Vista parcial do sul da Ilha Grande, próximo a praias do Sul e do Leste. Fonte:
Google Imagem ........................................................................................................................ 34
xi

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação dos conversores de energia das ondas conforme o princípio. Fonte:
Adaptado de SOUZA, 2012. .................................................................................................... 10
xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

kW/m – Quilowatts por mês


TWh - Terawatts Hora
kWh – Quilowatts Hora
W- Watts
MW – Megawatts
GW – Giga watts
kW – Quilowatts
1

1.INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Desde meados do século XIV após a revolução industrial, a busca de fontes de energia se
tornou essencial no mundo. Com base nisso, cresce gradativamente o desenvolvimento
tecnológico, muito além da conscientização da importância da preservação ambiental. As
fontes de energia mais utilizadas são aquelas que se apresentam com mais facilidade de
exploração, não importando se renováveis ou não. Esse equívoco existencial coloca em risco
as reservas dessas fontes de energia, bem como o ritmo do desenvolvimento humano. O
homem precisa ter um olhar de sustentabilidade sobre sua matriz de geração de energia, a
busca de fontes de geração de energia a partir dos recursos renováveis. As energias renováveis
são virtualmente inesgotáveis, entretanto em termos da quantidade de energia que é possível
converter num determinado período existe limites.
Em 2008 de acordo como mostrado na Figura 1, apresenta a porcentagem de produção das
fontes de energia primária para a geração de eletricidade. Sendo 81.6% apresentado por
combustíveis fósseis (não renováveis) somado com a energia nuclear, e apenas 18.4%
decorrente de fontes renováveis, das quais 0.005% é energia oceânica (FLEMING, 2012).

Figura 1: Participação das fontes de energia primária na geração de eletricidade mundial em 2008. Fonte:
FLEMING, 2012.
2

Com base na Figura 2, vemos uma mudança no setor energético mundial ao longo dos
anos onde se tem uma queda nos recursos não renováveis e um aumento dos renováveis. As
energias renováveis são a fonte de energia que cresce mais rápido no mundo, a 2,8% por ano,
podendo chegar a 15% da produção total de energia em 2035 (FLEMING, 2012).

Figura 2: Perspectiva de crescimento da demanda mundial em energia primária de 2011 a 2035. Fonte:
IEA, 2011

1.2 PROBLEMÁTICA

Apesar da pequena participação da energia oceânica na demanda energética mundial,


existem algumas iniciativas mundo afora para promover seu desenvolvimento. Com base em
estudos realizados pela Associação Européia de Energias Oceânicas (European Ocean Energy
Association – EU-OEA), que por sua vez, desenvolveu em 2010 uma pesquisa para este tipo
de energia, resultados afirmaram que a energia dos oceanos tem o potencial de atingir 3,6 GW
instalados em 2020 e 188 GW em 2050, o que representaria 0,3% e 15% da demanda
projetada, respectivamente (FLEMING, 2012).
Os custos de produção de uma maremotriz ou conversor de energia das ondas, assim
como sua manutenção atualmente tem alto custo.
Um grande obstáculo a este tipo de aproveitamento energético é a falta de
investimento e pesquisas na área, que a alguns anos começou a se tornar referência em
energias renováveis. O fluxo de embarcações é afetado, pois apresenta um obstáculo ao
3

transito naval com os equipamentos de conversão sendo Offshore ou/e nearshore, além dos
custos de instalações serem bem elevados. Os diferentes tipos de clima junto com aspectos
ambientais e geográficos diversificados (Locais mais frios ou quentes, ventos mais fortes ou
fracos e entre outros fatores.) de cada região geram também um problema, pois á áreas onde o
aproveitamento e conversão da energia oceânica serão realizados de forma mais eficaz que
outra, tendo regiões que o seu aproveitamento não será possível mesmo sendo áreas costeiras.

1.3 ESTADOS DA ARTE SOBRE OS TRABALHOS CIENTÍFICOS


PUBLICADOS NO APROVEITAMENTO DAS ENERGIAS DAS ONDAS
PARA A GERAÇÃO DE ELETRICIDADE

Existem diversas formas de se captar a energia dos oceanos e, hoje em dia, muitos
dispositivos de conversão estão sendo testados no mundo. Podemos encontrá-los em diversos
estágios, alguns já bem avançados e outros ainda em fase de aperfeiçoamento como, por
exemplo, o dispositivo denominado Pelamis, com potência nominal 750 kW, e o projeto
Limpet, com potência 500 kW, ambos lançados no Reino Unido; o projeto AWS, com 2 MW,
da Holanda; o projeto OWC, com 400 kW, de Portugal; e o projeto Wave Dragon, com
geração de 20 kW de potência na fase inicial, da Dinamarca. Estados Unidos, Canadá,
Austrália, Irlanda e Japão, entre outros, todos eles são países que desenvolvem dispositivos e
protótipos na área do aproveitamento da energia oceânica (ESTEFEN, S. et al., 2006). Os
referidos dispositivos serão detalhadamente explicados com maior clareza ao longo do
trabalho.
Com a recente crise do petróleo que afetou bastante o Brasil e ainda aliando isso aos
problemas do mundo atual, os investimentos para fontes renováveis como a dos oceanos são
inevitáveis. Identificando que os oceanos possuem um potencial de cerca de 10TW, que está
distribuído em energia das marés, térmicas dos oceanos, de correntes marítimas e por ondas,
comparável com o consumo total da eletricidade do planeta, há uma ampla capacidade de
crescimento energético a ser explorado (SCHAEFFER E RONCHI, 2011).
Para Schaeffer (2010), “Os oceanos contêm o maior de todos os recursos naturais e
que podem contribuir de forma significativa para as necessidades crescentes de energia a nível
global, devido ao seu potencial energético enorme, principalmente para os países com grandes
áreas costeiras”.
Um aspecto peculiar das energias oceânicas foi a criação de uma rede internacional de
centros nacionais de testes de energias oceânicas onde os desenvolvedores de tecnologias
4

reduzem os custos com testes de seus protótipos ao utilizar a infraestrutura existente,


principalmente cabos offshore, acordos de compra de energia e permissões (ESTEFEN, S. et
al., 2006).
Foi criado um protótipo de conversão de energia das ondas (CEO) focado em locais
com baixa amplitude das marés e com pouca incidência de ondas, como por exemplo, o mar
Báltico. Em vista disso, esse protótipo possui tamanho e custo reduzidos. Pode ser aplicado
em outros locais (BLAŽAUSKAS, N. et al., 2015).
Outro método que pode ser utilizado em conjunto com um conversor da energia
oceânica é a energia das correntes, na qual é utilizada de forma similar a eólica. A corrente
passa pelas pás e as fazem girar, gerando energia mecânica, que pode ser convertida em
elétrica (FLEMING, 2012).
A simulação Hardware-In-the-Loop (HIL) é um poderoso meio para reduzir custos no
projeto e fabricação de um sistema de engenharia. O HIL permite usar componentes reais
dentro de uma simulação de um modelo matemático. Basicamente, um simulador capaz de
criar ondas a partir de um sistema, para realizar testes com equipamentos tecnológicos de
conversão (BRACCO, G. et al., 2014).
De acordo com Souza (2012), foi argumentado sobre um método de tomada de decisão
ou método de análise hierárquica (AHP), que por sua vez interpretam dados e informações
pessoais ou lógicas, formando julgamentos e desempenhando medidas de relação de escala,
dentro de uma estrutura hierárquica prescrita. Necessário para estudos de áreas propícias ao
aproveitamento da energia das ondas e o tipo de equipamento que pode ser usado na
conversão em energia elétrica daquela dada região.
A Universidade Federal do Rio Grande desenvolve um protótipo de conversão de
energia das ondas, e está sendo testado no laboratório da mesma, com o objetivo de analisar
as ondas daquela região, os esforços que ela está sujeita, e também a capacidade de conversão
do equipamento (FLEMING, 2012).
Com base em testes realizados na Coppe/RJ. “O potencial energético das ondas no
Brasil é estimado em 87 GW. Indicando que é possível converter cerca de 20% desse
potencial em energia elétrica, o que equivale a cerca de 17 % da capacidade total instalada no
país” (MOTTA, 2012).
5

1.4 IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO DO PRESENTE


TRABALHO

Por dados já informados, as energias oceânicas tem grandes potenciais energéticos


teóricos inexplorados, com base nessa informação vemos o quão importante é seu
aproveitamento na geração de energia elétrica por se tratar de uma energia alternativa limpa e
renovável e de grande capacidade de exploração. Muitos países do mundo já realizam
diversas pesquisas de protótipos e locais onde seria de melhor aproveitamento, como também
a regiões onde se tem em prática o uso das energias das ondas, principalmente os países do
litoral Europeu onde se tem uma ampla capacidade de exploração das energias oceânicas
devido aos aspectos geográficos. Por tais fatos, serão explicados de forma clara e sucinta
estudos pertinentes à região do Litoral de Angra dos Reis, agregando informações se possível
para futuros métodos de aproveitamento energético.

1.5 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

Este trabalho tem como objetivo apresentar à importância e formas de se aproveitar e


converter energias das ondas no mundo e também no Brasil, dando ênfase ao litoral da cidade
de Angra dos Reis no sul do estado do Rio de Janeiro, mostrando se há ou não formas de se
aproveitar a energia oceânica. Do qual será colocado em pauta o aproveitamento das ondas
dos oceanos, mostrando os tipos de tecnologias desenvolvidas no seu aproveitamento no
Brasil e no mundo, e explicando suas características desde como ocorre o fenômeno até sua
conversão em energia elétrica.

2.ENERGIA DAS ONDAS

A energia das ondas dos oceanos também pode ser chamada de energia solar, pois
todo o processo se origina com a energia solar aquecendo de forma desigual a superfície
terrestre, acarretando a formação de ventos que ao soprarem paralelos à superfície, transferem
energia cinética para o mar e parte desta energia geram as ondas (SOUZA, 2012). De acordo
com Fleming (2012), “A quantidade de energia transferida do vento para a superfície do mar
vai depender: (i) da intensidade do vento, (ii) do tempo de atuação deste vento e (iii) da área
sobre a qual está atuando”. Enquanto o vento se manter, as ondas vão tomando forma até
6

certo momento quando, devido aspectos geográficos e de ressonância, passam a ser


independentes, não mais dependendo do vento.
As ondas quando são formadas, podem viajar milhares de quilômetros sem perdas de
energia, se propagando até encontrar um local de dissipação de energia no litoral.
Levando em consideração que uma onda apresenta Crista, que é o ponto mais alto de
uma onda, e Cavado, que é o vale mais profundo da onda, existem algumas características
básicas de uma onda para melhor definição, como o comprimento de onda (L), que é a
distância entre duas cristas, a altura (H), que é a distância na vertical entre a crista e o cavado,
o período, que é o tempo de passagem de duas cristas, a esbeltez, que é a altura sobre o
comprimento de onda (H/L), e a amplitude (a), que é a distância da linha média no centro da
onda até a crista ou o cavado (Figura 3) (FLEMING, 2012).

Figura 3: Definições básicas das características de uma onda. Fonte: FLEMING, 2012

Em locais costeiros a energia diminui, em virtude da interação com o fundo do mar e


também pode ser atenuada por outros fenômenos naturais. Ao contrário que se pensam as
partículas fluidas que formam as ondas do mar não se movimenta longitudinalmente como
geralmente muitos pensam, o seu movimento é elíptico em águas rasas, tornando-se cada vez
mais achatado e seu movimento se torna apenas horizontal, para frente e para trás. E em águas
profundas ela se apresenta de forma circular (SOUZA, 2012). Portanto quanto menor fica a
profundidade ou próximo à costa, menor também será o comprimento da onda e maior será a
altura da onda e o esbeltez (Figura 4).
7

Figura 4: Relação das ondas com o leito marinho, conforme se aproximam da costa. Fonte: FLEMING,
2012

Como as ondas são geradas pelos ventos, sabe-se que o vento não é sempre o mesmo
em todo o planeta, devido ao clima e aspectos geográficos de cada região, portanto as ondas
variam ao longo do ano de acordo com o clima. Com base nestas variações no clima, as
características das ondas variam de acordo com a região, é um fator importante para um
empreendimento de conversão de energia de ondas, pois está diretamente relacionado com o
potencial local (FLEMING, 2012).
De acordo com Fleming (2012), “além das variações sazonais locais o clima de ondas
de determinada região depende também da circulação atmosférica global”. Com base na
Figura 5 existem dois tipos de Ventos que apresentam maior influencia global nas ondas, os
Ventos do Oeste, localizado mais próximo aos polos onde se apresentam áreas com os
maiores aproveitamento da energia das ondas, como no Litoral Europeu. E os Ventos Alísios,
localizados mais próximos a linha do equador e apresentam áreas com menor aproveitamento
da energia das ondas, como no Brasil com exceção da parte sul.
Para comprovar essa forte influencia dos ventos no aproveitamento energético das
ondas a Figura 6 mostra a distribuição global do potencial energético em kW/m, de acordo
com as localidades e os hemisfério, com isso, é possível notar mais claramente a grande
influência dos fatores climáticos do globo num todo em relação as ondas e automaticamente
em relação a energia dessas ondas, que auxiliam portanto, a determinar com devidos estudos
se o investimento para se obter a energia das ondas trará (ou não) uma resposta positiva e
compatível as expectativas.
8

Figura 5: Modelo de circulação atmosférica global, baseado nos meridianos e direções dos ventos. Fonte:
FLEMING, 2012

Figura 6: Distribuição Global do potencial energético das ondas ( kW/m, média anual em águas
profundas). Fonte: SCHARFFER E RONCHI, 2010

3.METODOLOGIA DE CONVERSÃO DA ENERGIA DAS ONDAS EM


ENERGIA ELÉTRICA

O principal aspecto no aproveitamento da energia das ondas é como será feito a


conversão em energia elétrica. Portanto, tem que ser levado em conta os dados geográficos de
cada local de onde será aproveitado este recurso energético, ou seja, informações sobre
amplitude e comportamento das ondas, potencial teórico de energia da região são essências.
9

Os dispositivos de conversão, também tem papel importante neste meio, pois ele realizará
funções de conversão em distintos modos e também em diversos locais diferentes, de acordo
de como ele foi projetado para aquela situação.
Estes locais onde serão colocados os dispositivos são divididos em três regiões (SOUZA,
2012):

A. Dispositivos costeiros (shoreline ou onshore)


B. Dispositivos próximos à costa (nearshore)
C. Dispositivos afastados da costa (offshore)

Figura 7: Localização dos Dispositivos de Extração de Energia das Ondas. Fonte: SOUZA, 2012

A. Dispositivos Costeiros (shoreline ou onshore): Localizados fixados na costa, tem a


vantagem de ter poucos gastos na sua geração de energia, pois não são necessários
cabos submarinos e estarão mais próximos de centros consumidores. Porém, tem a
desvantagem de a energia da onda chega à costa com menor intensidade, isso faz com
que seja baixa a eficiência, No entanto, estas regiões costeiras ocorrem o fenômeno de
difração e refração de ondas, fazendo com que a perda de eficiência energética não
seja tão grande.

B. Dispositivos próximos à costa (nearshore): Localizados entre 8 a 20 metros de


distância da costa, Apresentam quase as mesmas características dos dispositivos
costeiros, com a vantagem de uma maior eficiência energética, pois está localizado
numa região marítima, onde a incidência de ondas é maior comparado o das regiões
costeiras.
10

C. Dispositivos afastados da costa (offshore): Localizados a mais de 25 metros de


distancia da costa, estes dispositivos são instalados em regiões de grandes
profundidades, onde a perda de energia com o fundo do oceano não ocorre. Estes
dispositivos estão expostos a ondas mais intensas comparadas aos dispositivos
costeiros e próximos à costa. Porém, a transmissão de energia para o continente
através de cabos submarinos são fatores limitantes e também geram maiores gastos de
equipamento e manutenção.

3.1 DISPOSITIVOS DE CONVERSÃO

De acordo com Souza (2010), uma forma de classificar os dispositivos de conversão é


através de seu funcionamento, ou seja, como ele realiza a tarefa de conversão de energia das
ondas para energia elétrica. Partindo desse princípio, foi desenvolvida uma tabela, como
mostra na Tabela 1, para melhor definição e compreensão de seu funcionamento.

Tabela 1: Classificação dos conversores de energia das ondas conforme o princípio. Fonte: Adaptado de
SOUZA, 2012.

POSIÇÃO CARACTERÍSTICAS/EXEMPLOS
Translação (vertical)
Submersos Ex.: AWS
Rotação – Placas articuladas no fundo
CORPOS OSCILANTES Ex.: Oyster
Translação (vertical)
Flutuantes Ex.: Aquabuoy
Rotação
Ex.: Pelamis
Isolada
Fixas Ex.: LIMPET
COLUNAS DE ÁGUA
Integrada em quebra-mar
OSCILANTES Ex.: Foz do Douro
Flutuantes Flutuam em alto mar
Ex.: Ocean Energy
Na costa
Fixas Ex.: Tapchan
GALGAMENTO Em quebra-mar
Ex.: SSG
Flutuantes No mar
Ex.: Wave Dragon
11

3.1.2 CORPOS OSCILANTES

São dispositivos que depende somente do movimento e direção de propagação da onda


para captação de energia, podendo ser Submersos ou flutuantes. Seus principais dispositivos
de conversão é o Pelamis (atenuador), Oyster (pêndulo), Powerbouy (absorção pontual) e o
AWS (absorção pontual submerso).

3.1.2.1 Pelamis

É um dispositivo desenvolvido pela empresa Pelamis Wave Power, basicamente um


atenuador progressivo (Figura 8), ou seja, são sistemas alongados e estão acoplados de forma
que fiquem na mesma direção de propagação de onda, fazendo com que com na passagem da
onda a energia seja aproveitada (CARVALHO, 2010).
O Pelamis é um dispositivo offshore semi-submerso, geralmente localizado em águas
com profundidades entre 50m a 70m de profundidade para melhor eficiência e com uma
potência de 750 kW. Consiste em 4 ou 5 segmentos cilíndricos com 3 a 4 juntas flexíveis
articuladas respectivamente, com o movimento das ondas essas juntas se movem em ambos os
sentidos vertical e lateral (Figura 9), fazendo com que um fluido contido nestas articulações
seja bombeado para câmaras de alta pressão ou acumuladores hidráulicos e está energia
contida nos acumuladores seja convertida em eletricidade através de gerados elétricos. O
sistema de amarrações é feito por cabos com boias e pesos presos ao subsolo do mar fazendo
com que o dispositivo fique estabilizado naquele local.
Com base na Figura 10, vemos o quão rentável e eficaz é o aproveitamento de energia
com o Pelamis em uma base teórica de um parque energético no mar contendo 40 Pelamis
(SOUZA, 2012). Mostrando de uma forma sucinta as amarrações realizadas entre eles e o
transporte de energia fazendo com que a eletricidade gerada pelo parque seja transmitida
através de um cabo apenas.
12

Figura 8: Pelamis em operação. Fonte: PELAMIS, 2012

Figura 9: Pelamis e seu funcionamento com base na direção da onda. Fonte: PELAMIS, 2012

Figura 10: Esquema parque energético de Pelamis. Fonte: SOUZA, 2012


13

3.1.2.2 Oyster

É um dispositivo desenvolvido pela empresa Aqua Marine Power, e trata-se de um


coletor quase totalmente submerso acoplado a um braço e sobre um eixo localizado no fundo
do mar (Figura 12).
O Oyster é um equipamento nearshore, pois ficam fixados em locais de profundidades
entre 10 a 15 metros (Figura 11) e com um potência de 315 kW (Oyster 1), mas a empresa
está em um projeto de aperfeiçoamento do dispositivo que terá uma potencia de 800 kW, e
também está pesquisando áreas principalmente nos arredores da Escócia, onde tenha uma
capacidade de 40 MW de aproveitamento energético. Oyster tem uma capacidade instalada
potencial de 64 GW em todo o mundo (AQUA MARINE, 2015).
O seu Funcionamento é simples, o movimento das ondas faz com que os coletores se
movam para frente e para trás, em consequência desse movimento a água é bombeada sob
pressão localiza entre o braço coletor e o eixo do dispositivo para cabos submarinos, que são
levados até o litoral onde se tem uma turbina semelhante a das hidrelétricas, que é conectada a
um gerador para produzir a energia elétrica.

Figura 11: Esquema real de utilização do Oyster. Fonte: AQUA MARINE, 2015
14

Figura 12: Esquema de um conversor de translação das ondas. fonte: AQUARET, 2015

3.1.2.3 PowerBuoy

É um dispositivo desenvolvido pela empresa OPT (Ocean Power Technologies), trata-


se de uma estrutura flutuante que absorve a energia das ondas em todas as direções por força
dos movimentos das ondas na superfície da água, podendo ser tipo boias com sistema de
ancoração ou juntas a eixos presos ao fundo do mar (Figura 14). É considerado um dispositivo
de absorção pontual que significa basicamente a capacidade para absorver energia de uma
área de mar superior às dimensões do dispositivo (AQUARET, 2015).
O PowerBuoy é um dispositivo nearshore, sua distancia em relação a costa é até 25
metros e uma potencia de mais ou menos 150 kW, como o implantado na escócia em 2011
(Figura 13) (FLEMING, 2012).
O seu funcionamento consiste em um flutuador que se move para cima e para baixo
em resposta ao movimento das ondas. O movimento relativo do flutuador impulsiona um
sistema mecânico contido na sua base que converte o movimento linear do flutuador em um
rotativo. O movimento rotativo impulsiona geradores elétricos que produzem eletricidade para
a carga útil ou para exportação para aplicações marítimas próximas usando um cabo elétrico
submarino.
15

Figura 13: PowerBuoy em operação com visão emersa. Fonte: POWERBUOY, 2015.

Figura 14: Esquema funcionamento PowerBuoy. Fonte: AQUARET, 2015.

3.1.2.4 AWS (Archimedes Wave Swing)

É um dispositivo de absorção pontual desenvolvido pela empresa Archimedes Wave


Swing Ocean Energy, o movimento das ondas provoca a subida e descida do nível da água
acima do dispositivo, induzindo uma diferença de pressão que provoca a subida e descida do
dispositivo juntamente com as ondas (Figura 15).
16

O AWS é um dispositivo nearshore e offshore em alguns casos dependendo de sua


aplicação, e tem uma potência de 250 kW que foi implantada pela empresa em 2010 (Figura
16) (AWS, 2015).
O seu funcionamento consiste em dois cilindros ocos, um sobre o outro, e em seu
interior há ar pressurizado que faz com que o flutuador (cilindro superior) fique em equilíbrio.
Com a passagem da onda a pressão no exterior varia, sendo mais alta na crista da onda e
menores nas cavas, gerando um movimento na vertical do flutuador. Este movimento é
utilizado para acionar um gerador elétrico que produz eletricidade que é transmitida por cabos
submarinos até a costa.

Figura 15: Principio de funcionamento do AWS. Fonte: AWS, 2015.

Figura 16: Esquema de operação real do AWS. Fonte: AWS, 2015


17

3.1.1 COLUNA DE AGUÁ OSCILANTES

São dispositivos que além de utilizar como base a onda para captação de energia,
também utiliza a pressão do ar que se altera de acordo com o volume de água que aumenta e
diminui com o movimento das ondas, podendo ser flutuantes ou estruturas fixas na costa.
Seus principais dispositivos de conversão é o Limpet e o Ocean Energy.

3.1.1.1 Limpet

Também chamado de Central LIMPET, é um dispositivo desenvolvido pela empresa


Wevegen na Escócia, é considerado o primeiro dispositivo de energia das ondas a ser
explorado comercialmente no Reino Unido de acordo com Sarmento e Cruz (2004).
O LIMPET é um dispositivo shoreline, ou seja, fixo na costa e tem uma potência de
500 kW, e oferece energia a 400 habitações da ilha escocesa de Islay (Figura 18) (FLEMING,
2012).
O funcionamento dessa estrutura é de forma parcialmente submersa ou oca, e uma
parte fixada na costa com abertura para o mar abaixo da superfície da água, de forma a que o
ar contido no seu interior seja comprimido pela coluna de água. As ondas provocam a subida
e descida da coluna e funcionam como um pistão, comprimindo e descomprimindo o ar. Este
ar é conduzido até a única abertura na parte superior o único local por aonde o ar tem vazão e
também é onde está contida uma turbina, esse movimento de coprime e descomprime o ar faz
essa turbina girar e consequentemente gerar eletricidade (Figura 17).
18

Figura 17: Esquema de Funcionamento do LIMPET. Fonte: FLEMING, 2012.

Figura 18: Central LIMPET em operação. Fonte: SOUZA, 2012.

3.1.1.2 Ocean Energy

É um dispositivo desenvolvido pela empresa Ocean Energy, e trata-se de um


equipamento de coluna de água oscilante flutuante (Figura 19). Basicamente o princípio de
geração e quase igual ao LIMPET, porém o que difere é que a turbina gira em um só sentido,
tanto quando o ar é expulso da câmara, e quando é aspirado para dentro da mesma.
A Ocean Energy é um dispositivo Offshore, pois foi criado para resistir às severas
condições impostas pelo oceano e suas tempestades com um poderoso sistema de amarração.
Todo o sistema de extração está acima da linha d’água e não está em contato direto com a
água do mar (SOUZA, 2012). Como acima de 25 metros da costa as ondas são de maiores
amplitudes, consequentemente o dispositivo funcionará com maior eficiência.
19

O equipamento funciona de forma que o movimento ondulatório da onda provoque a


subida e descida de água (Figura 20), fazendo com que o ar contido na câmara seja bombeado
para fora pela superfície livre de água dentro do equipamento e passa através da turbina junto
a um gerador que através de cabos submarinos levam energia elétrica para o litoral.

Figura 19: Ocean Energy em operação: Fonte: OCEAN ENERGY, 2015

Figura 20: Esquema de funcionamento do Ocean Energy. Fonte: OCEAN ENERGY, 2015

3.1.3 GALGAMENTO

São dispositivos que se baseiam no movimento da onda para encher uma espécie de
laje ou reservatório, com a saída dessa água retida movimenta-se uma turbina e a captação de
20

energia é realizada. Podem ser Flutuantes ou estruturas fixas na costa. Seu principal
dispositivo de conversão é o Wave Dragon.

3.1.3.1 Wave Dragon

É um dispositivo desenvolvido pela empresa Wave Dragon, consiste em uma estrutura


flutuante contendo dois refletores que concentram e elevam a altura das ondas, canalizando-as
em uma rampa para o interior de um reservatório, e utilizam o mesmo principio de uma
hidroelétrica (Figura 21). Atualmente o maior dispositivo conversor de energia e o primeiro
dispositivo afastado da costa a ser desenvolvido, em junho de 2013 na Dinamarca
(AQUARET, 2015). Ele também apresenta o maior potencial dos dispositivos utilizados e
desenvolvidos no mundo.
O Wave Dragon é um dispositivo offshore, preferencialmente podem ser instalados
em locais acima de 40 metros da costa e apresenta uma potencia nominal entre 4 a 11 MW
(Figura 23) (SOUZA, 2012). A Wave Dragon criou sua própria empresa de projetos a
TecDragon (Tecnologia da energia das ondas AS), e estão com um projeto inicial que será
construir uma fazenda de ondas de aproximadamente 50 MW em Portugal (WAVE
DRAGON, 2015). Como se trata de um dispositivo flutuante, não é necessário estar preso ou
fixado ao fundo, portanto apenas apresentar um sistema de ancoragem.
De acordo com Fleming (2012), “o equipamento já passou por 15.600 horas de testes,
nas quais foram demonstrados que nem peixes e nem detritos marinhos se acumulam no
reservatório”.
O seu funcionamento (Figura 22) consiste basicamente em dois refletores que focam
as ondas para uma rampa, e com isso é levada a um reservatório como já citado, a água
contida temporariamente neste reservatório desce pela ação da gravidade passando por
turbinas hidráulicas de baixa queda, situadas em sua região central, ocorrendo à produção de
energia elétrica. Com a ajuda de bombas hidráulicas a água e retornada para o mar.
21

Figura 21: Esquema de operação do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015.

Figura 22: Princípio de Funcionamento do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015

Figura 23: Wave Dragon em operação: Fonte: WAVE DRAGON, 2015


22

3.2 APLICAÇÕES DOS DISPOSITIVOS DE CONVERSÃO NO BRASIL

O Brasil tem uma costa que se estende pelo Oceano Atlântico, cobrindo 7.367 km e
com a Plataforma Continental estendida (911 mil km²), cuja área equivale a cerca de 52% da
superfície continental brasileira com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE. Desta forma, com o intuito de aproveitar essa vasta área marítima para a geração
energética, o Brasil também vem realizando estudos na área de conversão da energia das
ondas em eletricidade com desenvolvimento de protótipos e futuras projeções de áreas
propícias a esse tipo de aproveitamento.
No Brasil, dois projetos se destacam ambos desenvolvidos pela Coppe, o centro de
pós-graduação e pesquisa em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E com
base em testes realizados na Coppe, “o potencial energético das ondas no Brasil é estimado
em 87 gigawatts. Indicam que é possível converter cerca de 20% desse potencial em energia
elétrica, o que equivale a cerca de 17 % da capacidade total instalada no país” (MOTTA,
2013). O Brasil por suas características geográficas nunca foi incluso em debates ou fóruns
que argumentavam sobre a geração de eletricidade através das ondas, como os países do
litoral Europeu com seu grande aproveitamento energético, Porém de acordo com Estefen
(2012), “não basta ter ondas grandes elas atuam em apenas 20% do ano. Já as ondas
Brasileiras batem de forma constante em 70% do ano”.
O primeiro projeto, uma usina próxima a um quebra-mar, portanto trata-se de um
dispositivo onshore, localizado no Porto de Pecém/CE em parceria com a empresa Tractebel
Energia SA, foi testado em 2012 e está agora em fase de aprimoramento (Figura 24) e com
uma potência nominal de 50 kW. A própria energia gerada pelo dispositivo é consumida no
porto onde está localizada, porém há planos de ampliação e mais pesquisas pertinentes a
maior eficiência energética do mesmo a partir de 2017 (MOTTA, 2013).
23

Figura 24: Dispositivo da Coppe/RJ em operação no porto de Pecém/CE. Fonte: Google Imagem

O seu funcionamento consiste em um flutuador que com a passagem e movimento da


onda de subida e descida faz com que se mova verticalmente um braço articulado que está
acoplado ao mesmo, ambos fixados a uma plataforma de sustentação, esse movimento axial
do braço funciona como um pistão bombeando água doce em alta pressão através de um
circuito fechado (Figura 25) (FLEMING, 2012).

Figura 25: Esquema do dispositivo desenvolvido pela Coppe/RJ e a bomba hidráulica do mesmo. Fonte:
FLEMING, 2012.

Essa água em alta pressão é levada a um acumulador hidropneumático junto a uma


câmara hiperbárica que funciona como uma espécie de válvula, só permitirá a passagem da
água quando submetida a devida pressão operacional desejada , logo atingida essa pressão, a
água pressurizada é encaminhada a uma turbina Pelton que acoplada a um gerador faz com
que se produza energia elétrica (Figura 26) (FLEMING, 2012).
24

Figura 26: Esquema da câmara hiberbárica e do conjunto turbina-geradora. Fonte: FLEMING, 2012.

O outro projeto, mais recente, perto da Ilha Rasa, no Rio de Janeiro, a cerca de 14
quilômetros do litoral, ou seja, um dispositivo offshore (Figura 27). O protótipo tem uma
parceria com as empresas Furnas Energia e Seahorse Wave Energy inclui um flutuador de 11
metros de altura sustentado por um pilar preso ao leito marinho a uma profundidade de 20
metros. O dispositivo terá uma potencia nominal de 100 kW, com capacidade de abastecer
cerca de 200 casas residenciais (PLANETA COPPE, 2013).
O objetivo deste projeto visa futuramente atender as grandes plataformas de petróleo
localizadas nas regiões do pré-sal, já que são consideradas enormes estruturas flutuantes e
necessitam de uma grande demanda de energia, de acordo com Estefen (2013). A conclusão
do projeto está prevista para 2015.
O seu funcionamento consiste em um flutuador de 4,5 metros de diâmetro guiado por
um pilar no centro, com o passar das ondas esse flutuador fará movimentos verticais de subida
e descida variando de acordo com amplitude e continuidade das ondas (Figura 28), princípio
semelhante ao outro dispositivo brasileiro, porém através de um sistema propriamente
mecânico, o movimento do flutuador será transformado em uma movimentação rotativa no
gerador acarretando a produção da energia elétrica, que será transmitida através cabos
submarinos no leito do mar até a ilha onde será encaminhada a rede elétrica.
25

Figura 27: Esquema de funcionamento do dispositivo de Ilha Rasa. Fonte: (PLANETA COPPE, 2013).

Figura 28: Esquema do dispositivo em estado operacional. Fonte: (PLANETA COPPE, 2013).

4.SITUAÇÃO DA ENERGIA DAS ONDAS EM ANGRA DOS REIS

Angra dos Reis é uma cidade localizada ao sul do Estado do Rio de Janeiro na região
Sudeste do Brasil, tem uma área territorial de 825,082 km² e uma população de
aproximadamente 184.940 habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) conforme mostra a Figura 29, e um vasto litoral contido na grande Baía da
26

Ilha Grande, propício à geração de energia elétrica através das ondas do mar. Como visto, o
presente projeto tem como base estudar e analisar formas de aproveitamento da energia das
ondas nesta região.

Figura 29: Mapa da localização de Angra dos Reis - RJ. Fonte: WIKIPEDIA, 2015

A Zona Costeira de Angra dos Reis apresenta características físiográficas favoráveis à


instalação de terminais portuários e atividades de apoio à indústria naval. Fatores como um
litoral altamente recortado, com muitas enseadas, ilhas, áreas abrigadas e canais naturais
profundos. Aspectos que por sua vez, necessitam de uma maior capacidade energética para
atender com eficiência as empresas e o crescimento da população decorrente de alta atividade
industrial, pesca e o turismo, com isso possibilitando um maior crescimento econômico da
região. Portanto, a região apresenta uma alta capacidade de crescimento industrial e
populacional, e o aproveitamento da energia das ondas iria ajudar a suprir essa grande
demanda (INEA, 2015).
As empresas em destaques são de atividade naval e portuária, caso haja algum futuro
investimento nesta região, a transmissão e a implantação de um sistema de geração de
eletricidade através das ondas oceânicas iria ser facilitada por serem empresas costeiras
(INEA, 2015). As empresas em destaque são:

 O Estaleiro Brasfels, que têm contribuído para a autossuficiência na área de petróleo e


gás natural, construindo plataformas, embarcações de apoio, e realizando reparos nas
plataformas operantes na Bacia de Campos.
27

 O Terminal Portuário de Angra dos Reis, Administrado pela Technip, é um


importante centro logístico para a movimentação de cargas e apoio a projetos offshore,
especializado em carga geral, produtos siderúrgicos, trigo, petróleo e seus derivados.

 O Terminal Marítimo da Baía da Ilha Grande (TEBIG), que atua no recebimento e


exportação de petróleo, realizando operações de transporte duto viário de petróleo e
derivados, carregamento e descarregamento de navios-tanque, abastecimento de
combustíveis para navios e armazenamento e transferência de petróleo e derivados.

A região de Angra dos Reis apresenta as únicas Usinas Nucleares do Brasil, conhecido
como Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra 1, 2 e 3), sendo que somente a Angra
3 está em construção e está prevista para entrar em operação somente em 2018, e estão
localizados na costa Leste de Angra dos Reis, especificamente na praia de Itaorna, é
considerado um tipo de energia limpa, ou seja, não emitem poluentes. Angra 1 apresenta cerca
de 657 MW de potência e Angra 2 cerca de 1350 MW de potência (ELETRONUCLEAR,
2015), e toda a energia gerada é distribuída para a rede nacional, consequentemente nenhuma
porcentagem dessa energia é consumida em Angra dos Reis. Relacionando este fato com o
aproveitamento da energia das ondas, é que a utilização e a demanda seriam locais, ou seja,
como a geração de energia através das ondas tem potência nominal bem menor que as usinas
nucleares, consequentemente seria mais rentável o consumo de energia somente no âmbito
municipal.
Tendo em mente o conceito de energia das ondas e os mecanismos de como se converter a
cinética das ondas em energia elétrica, é necessário realizar alguns estudos, analisando as
condições primordiais como fatores climáticos e aspectos geográficos de Angra dos Reis.
Como mostrado na Figura 5 e 6, os ventos são fatores primordiais na geração das
ondas, e os Ventos Alíseos são os que predominam nesta região, que por sua vez, geram
ondas com baixas alturas e consequentemente não tendo uma grande eficiência no
aproveitamento energético. Porém como já citado por Estefan (2012), não basta ter ondas
grandes, elas precisam ser constantes e contínuas.
A analise do Potencial Teórico das ondas em Angra dos Reis baseia-se nas
Bibliografias de CARVALHO (2012), FLEMING (2012) e GODOI, V. et al. (2011), onde se
utilizam o modelo numérico espectral WAVEWATCH III (WW3), para obter dados sobre
28

altura, pico e direção de onda através de espectro, que descreve as condições de uma onda em
um determinado momento, por influencia dos ventos locais e oceânicos.
Com base nisso, foi adaptado um gráfico (Figura 30) que se estende de Santa Catarina
ao Sul do Rio de Janeiro, que abrange a região do litoral de Angra dos Reis onde se mostra as
médias mensais em 15 kW/m entre maio e setembro, com um pico neste dois meses. Nota-se
que no verão esses valores caem para 10 kW/m. Apresentam uma média anual de 12,73 kW/m
(FLEMING, 2012).

Figura 30: Médias Mensais de energia das ondas entre Santa Catarina ao Sul do Rio de Janeiro,
abrangendo o litoral de Angra dos Reis. Fonte: CARVALHO, 2010 apud FLEMING, 2012.

Foram realizados estudos sobre a propagação das ondas geradas pelo vento, via
modelagem numérica, na Baia da Ilha Grande, diante de dois cenários diferentes: em situação
recorrente e em situação de ressaca. Para entendermos melhor o comportamento e a altura
significativa de uma onda na região de Angra dos Reis (GODOI, V.A. et al., 2011).
A Figura 31 mostra a altura significativa de onda do dia 04/01/2009, encontrada na
Baia da Ilha Grande na ausência de eventos de ressacas. Apresentam alturas médias de 0,5m a
1m em águas marinhas que abrange Angra dos Reis (GODOI, V.A. et al., 2011).
29

Figura 31: Altura significativa de onda em situação normal na Baia da Ilha Grande no dia 04/01/2009.
Fonte: GODOI, V.A. et al., 2011.

A Figura 32 mostra a altura significativa de onda do dia 08/04/2009, encontrada na


Baia da Ilha Grande com a presença de um intenso evento de ressaca. Apresentam alturas
médias de 0,5 m a 2,5m em águas marinhas que abrange Angra dos Reis (GODOI, V.A. et al.,
2011).
Claramente é visto um campo de ondas heterogêneo, com uma zona de sombra ao
norte da Ilha Grande na Enseada de Angra dos Reis, a qual é formada em razão de a Ilha
servir como anteparo, ou seja, Agem de forma que os ventos mais intensos do atlântico sejam
bloqueados e consequentemente as ondas, fazendo com que essa área seja de baixo
aproveitamento energético. É possível observar também que as ondas diminuem
gradativamente à medida que penetram na Baía, sugerindo a influência dos fenômenos não
conservativos presentes em águas rasas, os quais envolvem a perda de energia (GODOI, V.A.
et al., 2011).
30

Figura 32: Altura significativa de onda com ressaca na baia da Ilha Grande no dia 08/04/2009. Fonte:
GODOI, V.A. et al., 2011.

Com base no presente estudo sobre a situação da energia das ondas em Angra dos Reis
e mesmo com a falta de dados oceanográficos no local escolhido para o desenvolvimento da
presente pesquisa, foram elaboradas três áreas que podem ou não servir para o aproveitamento
e conversão da energia das ondas de acordo com aspectos econômicos, proximidades
populacionais e potencial teórico: Baia do Retiro, Baia ou Enseada de Angra dos Reis e Sul da
Ilha Grande. Relatando formas, vantagens e desvantagens e os tipos de dispositivos utilizados
no mundo que poderiam ser usados nestas Áreas.
31

Figura 33: Mapa satélite de Angra dos Reis, mencionando áreas de possíveis aproveitamentos da energia
das ondas.

 Área 1: Localizada na Baia ou Enseada de Angra dos Reis (Figura 34), abrangendo
toda a parte frontal do centro de Angra dos Reis e grande parte das atividades
econômicas do município como o Turismo, a Pesca, e Industrias Portuárias e Navais.
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área com intensa
atividade na industrial naval, com reparação de plataformas, descarregamento de
petróleo, Importação e exportação de produtos portuários, além de apresentar uma
parcela média da população do município, e o uso de conversores de ondas em
eletricidade neste local, para suprir essa demanda, seria de grande importância para o
crescimento econômico do município.
Desvantagens da utilização de conversores de ondas: É uma área com grande fluxo
de embarcações, como os de turismo, de pescadores, navios cargueiros, e outros tipos.
E com a implantação de conversores poderiam atrapalhar o tráfego naval ou até
mesmo acarretar acidentes. Além disso, como observado na Figura 32, essa região
apresenta uma baixa altura de onda cerda de 0,5m, decorrente do bloqueio natural da
32

Ilha Grande que faz com que os ventos e as ondas cheguem com menos intensidade
nessa área.
Dispositivos de ondas que poderiam ser utilizados: Com base nos aspectos
apresentados, seriam limitados os dispositivos de conversão que poderiam ser
utilizados. Gerariam energia, mas de acordo com os aspectos geográficos locais, os
dispositivos não operariam em sua capacidade total pelas características das ondas
locais.

Figura 34: Vista parcial da Baia de Angra dos Reis, próximo ao centro municipal. Fonte: Google Imagem.

 Área 2: Localizada na Baia da Ribeira (Figura 35), a maior reentrância da costa dentro
da baía da Ilha Grande. Em seu interior ficam as enseadas da Japuíba, do Ariró e de
Bracuí. Tem como características grande número de ilhas rochosas e com abundante
vegetação, geralmente rodeadas por pedras descobertas e submersas. Com
profundidades de 3m a 14m [22].
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área onde se tem
uma grande porcentagem da população de Angra dos Reis, abrangendo os bairros mais
populosos como Japuiba, Frade, Bracuí. Com isso concluímos que, quanto maior a
população local, maior será o consumo de energia. Portanto a geração de energia
elétrica através das ondas iria abastecer as distribuidoras de forma eficaz para suprir as
residências locais. Além disso, essa área apresenta um baixo fluxo de embarcações.
Desvantagens da utilização de conversores de onda: Apresenta uma característica
em comum com a área 1, que são ondas relativamente de alturas significativas baixas
decorrente da geografia local. Também outro aspecto da região é que retratam
33

margens muito sinuosas, podendo ser um obstáculo à utilização de dispositivos


costeiros.
Dispositivos de ondas que poderiam ser utilizados: Basicamente poderia ser
utilizado os dispositivos que seriam mais convenientes com base nos dados, geografia
da região, e potencia nominal, podendo ser flutuantes e submersos. Com exceção dos
costeiros que pode não ser um bom investimento decorrente de margens sinuosas e de
manguezais, com Áreas de proteção ambiental do Instituto Estadual do Ambiente
(INEA) com o projeto da APA Tamoios, sendo necessário um Licenciamento prévio
para utilização destas áreas costeiras para fins industriais. E com base na área 1, os
dispositivo não operariam em sua capacidade total pelas características das ondas
locais.

Figura 35: Vista da Baia da Ribeira. Fonte: Google Imagem

 Área 3: Localizada na parte Sul da Ilha Grande (Figura 36), abrangendo todo litoral
sul da Ilha com praias exuberantes, grandes reservas ecológicas e áreas de proteção
ambiental para preservar a Biodiversidade e o bioma local. Também tem como
característica uma área voltada ao mar aberto com apenas uma ilhota no sudeste,
chamada Jorge e Grego. Fatores que influenciam fortemente na intensidade dos ventos
e das ondas.
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área voltada ao
alto mar, portanto, estão sujeitos a grandes ventos e maiores regimes de ondas. Como
mostrado nas Figuras 32 e 33, as médias de ondas nesta área variam entre 1m até 3m,
fazendo com que a área 3 seja de melhor proveito a geração de energia através das
34

ondas do que as áreas 1 e 2, obtendo uma maior rentabilidade no potencial de um


equipamento conversor.
Desvantagens da utilização de conversores de ondas: Por ser uma área mais distante
do continente, os gastos com manutenção de equipamentos, e transmissão de energia
através de cabos submarinos poderiam ser altos.
Dispositivos de ondas que poderiam ser utilizados: Se assemelha com a área 2,
poderia ser utilizado o que mais seria conveniente com base nos dados, geografia da
região, e potencia nominal do conversor, podendo ser submersos como o AWS e/ou
flutuantes como o Pelamis. Com exceção dos costeiros, pois como já citado o litoral
sul da Ilha Grande apresenta grandes áreas de proteção ambiental, algumas com o
bioma totalmente preservado utilizado apenas para estudos da biodiversidade terrestre
e marinha, e outras utilizadas apenas para o turismo com vigência do INEA. Uma
característica da área 3 é que os dispositivos operariam em uma capacidade bem mais
superior do que as áreas 1 e 2 pelas características das ondas locais.

Figura 36: Vista parcial do sul da Ilha Grande, próximo a praias do Sul e do Leste. Fonte: Google Imagem
35

5.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Neste trabalho de conclusão de curso foram elaborados análises sobre o


aproveitamento da energia das ondas para a conversão em energia elétrica no Brasil e no
mundo, com ênfase ao litoral de Angra dos Reis. Mesmo com escassos materiais de pesquisas
referenciais, foram coletados dados teóricos, gráficos, estudos geológicos e ambientais, para
melhor compreensão das regiões estudadas.
De acordo com os dados coletados, percebe-se o quão grande é o crescimento das
energias renováveis e consequentemente as dos oceanos que tem como característica o seu
amplo potencial, cerca de 3,6 GW instalados em 2020 e 188 GW em 2050. Mostrando que os
desafios e problemas enfrentados atualmente relacionados a esse tipo de aproveitamento
energético tanto de pesquisa quanto de gastos ou custos, será superado ao decorrer do tempo e
abrangerá aproximadamente 15% da demanda mundial em 2050 com base em pesquisas
realizadas pela European Ocean Energy Association (EU-OEA).
No Brasil, o potencial teórico energético das ondas é estimado em 87 GW. Indicando
que é possível converter cerca de 20% desse potencial em energia elétrica, o que equivale a
cerca de 17% da capacidade total instalada no país. Além disso, de acordo com Fleming
(2012), “as ondas possuem um fator de capacidade consideravelmente alto no Brasil, maior do
que o de outras energias renováveis, como da eólica, por exemplo,”. Isso faz com que seja
promissor o aproveitamento da energia das ondas, incentivando aos estudos para obtenção de
dados e pesquisas pertinentes ao assunto, obtendo maiores investidores e barateando os
dispositivos.
Foram apresentados métodos de conversão da energia das ondas em diversos locais,
com base nas características de ondas de cada região, pois vimos que aspectos geográficos e
climáticos como os ventos, influenciam totalmente no potencial e rentabilidade do
aproveitamento da energia das ondas, como os países mais ao norte ou ao sul do globo, que
apresentam condições mais favoráveis a captação da energia das ondas do que os países mais
ao centro do globo. Com a implantação de um dispositivo utilizado em mares europeu no
Brasil especificamente em Angra dos Reis o equipamento não operaria em seu estado total,
acarretando custos excedentes. O correto a ser feito é desenvolver um dispositivo próprio
através de dados e estudos aprofundados para as condições que a região oferece, como os dois
dispositivos de conversão criados e desenvolvidos pela Coppe/RJ, que foi implantado nas
36

regiões citadas e previamente decidido, de acordo com os aspectos e características das ondas
locais.
Ao longo da pesquisa não foram apresentados cálculos que provem logicamente dados
sobre Energia Cinética, Potencial e características de uma onda, pois tinha como base
argumentar através de imagens, dados, gráficos e tabelas sobre o quão importante é o presente
estudo a respeito das energias das ondas, um grande potencial pouco explorado no mundo
atualmente, mostrando pesquisas, métodos de conversão utilizados no Brasil e no mundo,
exibindo maneiras de se aproveitar a energia das ondas em Angra dos Reis. Incentivando e
proporcionando futuras pesquisas mais detalhada a respeito das energias das ondas.
No desenvolvimento do presente estudo nota-se a falta de dados oceanográficos do
local escolhido, que no caso de energia de ondas foram utilizados dados gerados por um
modelo numérico, que podem servir de subsídio para levantamentos de climas de ondas reais.
Portanto, é claramente notável que as energias das ondas estão em um estado de poucos
avanços e desenvolvimento, e apresenta um grande caminho até se tornar uma opção
energética viável. Porém, há um oceano de possibilidades e um potencial que não deve ser
ignorado. Com base nesse contexto, recomenda-se que sejam feitos estudos, pesquisas e
levantamento de dados mais precisos das energias das ondas em Angra dos Reis, e também
realizar estudos para satisfazer as necessidades energéticas da Ilha Grande, mostrando áreas
específicas, potenciais técnicos e teóricos.
De acordo com a presente pesquisa, os métodos e dados estudados serão de grande
relevância no ramo cientifico, pois agrega informações para futuros métodos de
aproveitamento da energia das ondas na geração de eletricidade no litoral de Angra dos Reis.
37

6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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