Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
ANÁLISE DO APROVEITAMENTO DA
ENERGIA DAS ONDAS NO BRASIL COM
ÊNFASE NO LITORAL DE ANGRA DOS REIS
CATALOGAÇÃO NA FONTE
BIBLIOTECA CAMPUS ANGRA DOS REIS
CDD 621.312134081
iii
____________________________________
Prof. DSc. Ronney Mancebo Boloy
Orientador
________________________________________
Prof. MSc. Jesus Puente Angulo
_________________________________________
Prof. MSc. Jonni Guiller Miller
iv
AGRADECIMENTOS
“Você nunca sabe que resultados virão de sua ação, mas se você não fizer nada não existirão
resultados”.
Mahatma Gandhi.
vi
RESUMO
Este trabalho apresenta situações e análises sobre uma forma de energia limpa e renovável e
com amplo potencial teórico a ser explorado, que é a Energia Oceânica. Em seu contexto,
existem diversas formas de se aproveitar as energias dos oceanos na sua conversão em energia
elétrica como através das marés, correntes marítimas, gradientes de temperaturas e por fim as
ondas que serão abordadas neste trabalho. Ao longo da pesquisa serão apresentados como
ocorre o fenômeno, mostrando as fortes influencias que os fatores climático e geográfico
afetam nas ondas e as características básicas de uma onda. Os métodos, mostrando regiões
propícias ao aproveitamento energético onshore (costa), shoreline (próximo a costa) e
offshore (afastado da costa). Tecnologias utilizadas para a conversão, mostrando empresas
que atuam na área do aproveitamento da energia das ondas, e universidades que desenvolvem
protótipos, foram realizadas essas análises no Brasil e no mundo. Posteriormente será
avaliado se há ou não formas de se aproveitar a energia das ondas no litoral do município de
Angra dos Reis ao sul do estado do Rio de Janeiro, apresentando dados, comparações e ideias.
Palavras-chave: Energia Oceânica, Conversão, Ondas, Energia Elétrica, Angra dos Reis.
vii
ABSTRACT
This work presents and analyses situations related to clean and renewable energy and with
broad theoretical potential to be explored, which is Ocean energy. In this context, there are
several ways to take advantage of the energy of the oceans in their conversion into electricity
as through the tides, currents, temperature gradients and finally the waves will be addressed in
this work. Along this research will be presented how this phenomenon occur, showing the
strong influence that climatic and geographic factors have on the waves and the basic
characteristics of a wave. The methods, showing regions conducive to energy use onshore
(coast), shoreline (near the coast) and offshore (away from the coast). This work will be show
technologies used for the conversion, showing companies that operate in the field of wave
energy utilization, and universities that develop prototypes in Brazil and in the world. It will
subsequently be evaluated whether or not ways to harness the energy of the waves on the
coast of the municipality of Angra dos Reis South of Rio de Janeiro, showing in hand,
comparisons and ideas.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação dos conversores de energia das ondas conforme o princípio. Fonte:
Adaptado de SOUZA, 2012. .................................................................................................... 10
xii
1.INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Desde meados do século XIV após a revolução industrial, a busca de fontes de energia se
tornou essencial no mundo. Com base nisso, cresce gradativamente o desenvolvimento
tecnológico, muito além da conscientização da importância da preservação ambiental. As
fontes de energia mais utilizadas são aquelas que se apresentam com mais facilidade de
exploração, não importando se renováveis ou não. Esse equívoco existencial coloca em risco
as reservas dessas fontes de energia, bem como o ritmo do desenvolvimento humano. O
homem precisa ter um olhar de sustentabilidade sobre sua matriz de geração de energia, a
busca de fontes de geração de energia a partir dos recursos renováveis. As energias renováveis
são virtualmente inesgotáveis, entretanto em termos da quantidade de energia que é possível
converter num determinado período existe limites.
Em 2008 de acordo como mostrado na Figura 1, apresenta a porcentagem de produção das
fontes de energia primária para a geração de eletricidade. Sendo 81.6% apresentado por
combustíveis fósseis (não renováveis) somado com a energia nuclear, e apenas 18.4%
decorrente de fontes renováveis, das quais 0.005% é energia oceânica (FLEMING, 2012).
Figura 1: Participação das fontes de energia primária na geração de eletricidade mundial em 2008. Fonte:
FLEMING, 2012.
2
Com base na Figura 2, vemos uma mudança no setor energético mundial ao longo dos
anos onde se tem uma queda nos recursos não renováveis e um aumento dos renováveis. As
energias renováveis são a fonte de energia que cresce mais rápido no mundo, a 2,8% por ano,
podendo chegar a 15% da produção total de energia em 2035 (FLEMING, 2012).
Figura 2: Perspectiva de crescimento da demanda mundial em energia primária de 2011 a 2035. Fonte:
IEA, 2011
1.2 PROBLEMÁTICA
transito naval com os equipamentos de conversão sendo Offshore ou/e nearshore, além dos
custos de instalações serem bem elevados. Os diferentes tipos de clima junto com aspectos
ambientais e geográficos diversificados (Locais mais frios ou quentes, ventos mais fortes ou
fracos e entre outros fatores.) de cada região geram também um problema, pois á áreas onde o
aproveitamento e conversão da energia oceânica serão realizados de forma mais eficaz que
outra, tendo regiões que o seu aproveitamento não será possível mesmo sendo áreas costeiras.
Existem diversas formas de se captar a energia dos oceanos e, hoje em dia, muitos
dispositivos de conversão estão sendo testados no mundo. Podemos encontrá-los em diversos
estágios, alguns já bem avançados e outros ainda em fase de aperfeiçoamento como, por
exemplo, o dispositivo denominado Pelamis, com potência nominal 750 kW, e o projeto
Limpet, com potência 500 kW, ambos lançados no Reino Unido; o projeto AWS, com 2 MW,
da Holanda; o projeto OWC, com 400 kW, de Portugal; e o projeto Wave Dragon, com
geração de 20 kW de potência na fase inicial, da Dinamarca. Estados Unidos, Canadá,
Austrália, Irlanda e Japão, entre outros, todos eles são países que desenvolvem dispositivos e
protótipos na área do aproveitamento da energia oceânica (ESTEFEN, S. et al., 2006). Os
referidos dispositivos serão detalhadamente explicados com maior clareza ao longo do
trabalho.
Com a recente crise do petróleo que afetou bastante o Brasil e ainda aliando isso aos
problemas do mundo atual, os investimentos para fontes renováveis como a dos oceanos são
inevitáveis. Identificando que os oceanos possuem um potencial de cerca de 10TW, que está
distribuído em energia das marés, térmicas dos oceanos, de correntes marítimas e por ondas,
comparável com o consumo total da eletricidade do planeta, há uma ampla capacidade de
crescimento energético a ser explorado (SCHAEFFER E RONCHI, 2011).
Para Schaeffer (2010), “Os oceanos contêm o maior de todos os recursos naturais e
que podem contribuir de forma significativa para as necessidades crescentes de energia a nível
global, devido ao seu potencial energético enorme, principalmente para os países com grandes
áreas costeiras”.
Um aspecto peculiar das energias oceânicas foi a criação de uma rede internacional de
centros nacionais de testes de energias oceânicas onde os desenvolvedores de tecnologias
4
A energia das ondas dos oceanos também pode ser chamada de energia solar, pois
todo o processo se origina com a energia solar aquecendo de forma desigual a superfície
terrestre, acarretando a formação de ventos que ao soprarem paralelos à superfície, transferem
energia cinética para o mar e parte desta energia geram as ondas (SOUZA, 2012). De acordo
com Fleming (2012), “A quantidade de energia transferida do vento para a superfície do mar
vai depender: (i) da intensidade do vento, (ii) do tempo de atuação deste vento e (iii) da área
sobre a qual está atuando”. Enquanto o vento se manter, as ondas vão tomando forma até
6
Figura 3: Definições básicas das características de uma onda. Fonte: FLEMING, 2012
Figura 4: Relação das ondas com o leito marinho, conforme se aproximam da costa. Fonte: FLEMING,
2012
Como as ondas são geradas pelos ventos, sabe-se que o vento não é sempre o mesmo
em todo o planeta, devido ao clima e aspectos geográficos de cada região, portanto as ondas
variam ao longo do ano de acordo com o clima. Com base nestas variações no clima, as
características das ondas variam de acordo com a região, é um fator importante para um
empreendimento de conversão de energia de ondas, pois está diretamente relacionado com o
potencial local (FLEMING, 2012).
De acordo com Fleming (2012), “além das variações sazonais locais o clima de ondas
de determinada região depende também da circulação atmosférica global”. Com base na
Figura 5 existem dois tipos de Ventos que apresentam maior influencia global nas ondas, os
Ventos do Oeste, localizado mais próximo aos polos onde se apresentam áreas com os
maiores aproveitamento da energia das ondas, como no Litoral Europeu. E os Ventos Alísios,
localizados mais próximos a linha do equador e apresentam áreas com menor aproveitamento
da energia das ondas, como no Brasil com exceção da parte sul.
Para comprovar essa forte influencia dos ventos no aproveitamento energético das
ondas a Figura 6 mostra a distribuição global do potencial energético em kW/m, de acordo
com as localidades e os hemisfério, com isso, é possível notar mais claramente a grande
influência dos fatores climáticos do globo num todo em relação as ondas e automaticamente
em relação a energia dessas ondas, que auxiliam portanto, a determinar com devidos estudos
se o investimento para se obter a energia das ondas trará (ou não) uma resposta positiva e
compatível as expectativas.
8
Figura 5: Modelo de circulação atmosférica global, baseado nos meridianos e direções dos ventos. Fonte:
FLEMING, 2012
Figura 6: Distribuição Global do potencial energético das ondas ( kW/m, média anual em águas
profundas). Fonte: SCHARFFER E RONCHI, 2010
Os dispositivos de conversão, também tem papel importante neste meio, pois ele realizará
funções de conversão em distintos modos e também em diversos locais diferentes, de acordo
de como ele foi projetado para aquela situação.
Estes locais onde serão colocados os dispositivos são divididos em três regiões (SOUZA,
2012):
Figura 7: Localização dos Dispositivos de Extração de Energia das Ondas. Fonte: SOUZA, 2012
Tabela 1: Classificação dos conversores de energia das ondas conforme o princípio. Fonte: Adaptado de
SOUZA, 2012.
POSIÇÃO CARACTERÍSTICAS/EXEMPLOS
Translação (vertical)
Submersos Ex.: AWS
Rotação – Placas articuladas no fundo
CORPOS OSCILANTES Ex.: Oyster
Translação (vertical)
Flutuantes Ex.: Aquabuoy
Rotação
Ex.: Pelamis
Isolada
Fixas Ex.: LIMPET
COLUNAS DE ÁGUA
Integrada em quebra-mar
OSCILANTES Ex.: Foz do Douro
Flutuantes Flutuam em alto mar
Ex.: Ocean Energy
Na costa
Fixas Ex.: Tapchan
GALGAMENTO Em quebra-mar
Ex.: SSG
Flutuantes No mar
Ex.: Wave Dragon
11
3.1.2.1 Pelamis
Figura 9: Pelamis e seu funcionamento com base na direção da onda. Fonte: PELAMIS, 2012
3.1.2.2 Oyster
Figura 11: Esquema real de utilização do Oyster. Fonte: AQUA MARINE, 2015
14
Figura 12: Esquema de um conversor de translação das ondas. fonte: AQUARET, 2015
3.1.2.3 PowerBuoy
Figura 13: PowerBuoy em operação com visão emersa. Fonte: POWERBUOY, 2015.
São dispositivos que além de utilizar como base a onda para captação de energia,
também utiliza a pressão do ar que se altera de acordo com o volume de água que aumenta e
diminui com o movimento das ondas, podendo ser flutuantes ou estruturas fixas na costa.
Seus principais dispositivos de conversão é o Limpet e o Ocean Energy.
3.1.1.1 Limpet
Figura 20: Esquema de funcionamento do Ocean Energy. Fonte: OCEAN ENERGY, 2015
3.1.3 GALGAMENTO
São dispositivos que se baseiam no movimento da onda para encher uma espécie de
laje ou reservatório, com a saída dessa água retida movimenta-se uma turbina e a captação de
20
energia é realizada. Podem ser Flutuantes ou estruturas fixas na costa. Seu principal
dispositivo de conversão é o Wave Dragon.
Figura 21: Esquema de operação do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015.
Figura 22: Princípio de Funcionamento do Wave Dragon. Fonte: WAVE DRAGON, 2015
O Brasil tem uma costa que se estende pelo Oceano Atlântico, cobrindo 7.367 km e
com a Plataforma Continental estendida (911 mil km²), cuja área equivale a cerca de 52% da
superfície continental brasileira com base no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE. Desta forma, com o intuito de aproveitar essa vasta área marítima para a geração
energética, o Brasil também vem realizando estudos na área de conversão da energia das
ondas em eletricidade com desenvolvimento de protótipos e futuras projeções de áreas
propícias a esse tipo de aproveitamento.
No Brasil, dois projetos se destacam ambos desenvolvidos pela Coppe, o centro de
pós-graduação e pesquisa em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. E com
base em testes realizados na Coppe, “o potencial energético das ondas no Brasil é estimado
em 87 gigawatts. Indicam que é possível converter cerca de 20% desse potencial em energia
elétrica, o que equivale a cerca de 17 % da capacidade total instalada no país” (MOTTA,
2013). O Brasil por suas características geográficas nunca foi incluso em debates ou fóruns
que argumentavam sobre a geração de eletricidade através das ondas, como os países do
litoral Europeu com seu grande aproveitamento energético, Porém de acordo com Estefen
(2012), “não basta ter ondas grandes elas atuam em apenas 20% do ano. Já as ondas
Brasileiras batem de forma constante em 70% do ano”.
O primeiro projeto, uma usina próxima a um quebra-mar, portanto trata-se de um
dispositivo onshore, localizado no Porto de Pecém/CE em parceria com a empresa Tractebel
Energia SA, foi testado em 2012 e está agora em fase de aprimoramento (Figura 24) e com
uma potência nominal de 50 kW. A própria energia gerada pelo dispositivo é consumida no
porto onde está localizada, porém há planos de ampliação e mais pesquisas pertinentes a
maior eficiência energética do mesmo a partir de 2017 (MOTTA, 2013).
23
Figura 24: Dispositivo da Coppe/RJ em operação no porto de Pecém/CE. Fonte: Google Imagem
Figura 25: Esquema do dispositivo desenvolvido pela Coppe/RJ e a bomba hidráulica do mesmo. Fonte:
FLEMING, 2012.
Figura 26: Esquema da câmara hiberbárica e do conjunto turbina-geradora. Fonte: FLEMING, 2012.
O outro projeto, mais recente, perto da Ilha Rasa, no Rio de Janeiro, a cerca de 14
quilômetros do litoral, ou seja, um dispositivo offshore (Figura 27). O protótipo tem uma
parceria com as empresas Furnas Energia e Seahorse Wave Energy inclui um flutuador de 11
metros de altura sustentado por um pilar preso ao leito marinho a uma profundidade de 20
metros. O dispositivo terá uma potencia nominal de 100 kW, com capacidade de abastecer
cerca de 200 casas residenciais (PLANETA COPPE, 2013).
O objetivo deste projeto visa futuramente atender as grandes plataformas de petróleo
localizadas nas regiões do pré-sal, já que são consideradas enormes estruturas flutuantes e
necessitam de uma grande demanda de energia, de acordo com Estefen (2013). A conclusão
do projeto está prevista para 2015.
O seu funcionamento consiste em um flutuador de 4,5 metros de diâmetro guiado por
um pilar no centro, com o passar das ondas esse flutuador fará movimentos verticais de subida
e descida variando de acordo com amplitude e continuidade das ondas (Figura 28), princípio
semelhante ao outro dispositivo brasileiro, porém através de um sistema propriamente
mecânico, o movimento do flutuador será transformado em uma movimentação rotativa no
gerador acarretando a produção da energia elétrica, que será transmitida através cabos
submarinos no leito do mar até a ilha onde será encaminhada a rede elétrica.
25
Figura 27: Esquema de funcionamento do dispositivo de Ilha Rasa. Fonte: (PLANETA COPPE, 2013).
Figura 28: Esquema do dispositivo em estado operacional. Fonte: (PLANETA COPPE, 2013).
Angra dos Reis é uma cidade localizada ao sul do Estado do Rio de Janeiro na região
Sudeste do Brasil, tem uma área territorial de 825,082 km² e uma população de
aproximadamente 184.940 habitantes de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) conforme mostra a Figura 29, e um vasto litoral contido na grande Baía da
26
Ilha Grande, propício à geração de energia elétrica através das ondas do mar. Como visto, o
presente projeto tem como base estudar e analisar formas de aproveitamento da energia das
ondas nesta região.
Figura 29: Mapa da localização de Angra dos Reis - RJ. Fonte: WIKIPEDIA, 2015
A região de Angra dos Reis apresenta as únicas Usinas Nucleares do Brasil, conhecido
como Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (Angra 1, 2 e 3), sendo que somente a Angra
3 está em construção e está prevista para entrar em operação somente em 2018, e estão
localizados na costa Leste de Angra dos Reis, especificamente na praia de Itaorna, é
considerado um tipo de energia limpa, ou seja, não emitem poluentes. Angra 1 apresenta cerca
de 657 MW de potência e Angra 2 cerca de 1350 MW de potência (ELETRONUCLEAR,
2015), e toda a energia gerada é distribuída para a rede nacional, consequentemente nenhuma
porcentagem dessa energia é consumida em Angra dos Reis. Relacionando este fato com o
aproveitamento da energia das ondas, é que a utilização e a demanda seriam locais, ou seja,
como a geração de energia através das ondas tem potência nominal bem menor que as usinas
nucleares, consequentemente seria mais rentável o consumo de energia somente no âmbito
municipal.
Tendo em mente o conceito de energia das ondas e os mecanismos de como se converter a
cinética das ondas em energia elétrica, é necessário realizar alguns estudos, analisando as
condições primordiais como fatores climáticos e aspectos geográficos de Angra dos Reis.
Como mostrado na Figura 5 e 6, os ventos são fatores primordiais na geração das
ondas, e os Ventos Alíseos são os que predominam nesta região, que por sua vez, geram
ondas com baixas alturas e consequentemente não tendo uma grande eficiência no
aproveitamento energético. Porém como já citado por Estefan (2012), não basta ter ondas
grandes, elas precisam ser constantes e contínuas.
A analise do Potencial Teórico das ondas em Angra dos Reis baseia-se nas
Bibliografias de CARVALHO (2012), FLEMING (2012) e GODOI, V. et al. (2011), onde se
utilizam o modelo numérico espectral WAVEWATCH III (WW3), para obter dados sobre
28
altura, pico e direção de onda através de espectro, que descreve as condições de uma onda em
um determinado momento, por influencia dos ventos locais e oceânicos.
Com base nisso, foi adaptado um gráfico (Figura 30) que se estende de Santa Catarina
ao Sul do Rio de Janeiro, que abrange a região do litoral de Angra dos Reis onde se mostra as
médias mensais em 15 kW/m entre maio e setembro, com um pico neste dois meses. Nota-se
que no verão esses valores caem para 10 kW/m. Apresentam uma média anual de 12,73 kW/m
(FLEMING, 2012).
Figura 30: Médias Mensais de energia das ondas entre Santa Catarina ao Sul do Rio de Janeiro,
abrangendo o litoral de Angra dos Reis. Fonte: CARVALHO, 2010 apud FLEMING, 2012.
Foram realizados estudos sobre a propagação das ondas geradas pelo vento, via
modelagem numérica, na Baia da Ilha Grande, diante de dois cenários diferentes: em situação
recorrente e em situação de ressaca. Para entendermos melhor o comportamento e a altura
significativa de uma onda na região de Angra dos Reis (GODOI, V.A. et al., 2011).
A Figura 31 mostra a altura significativa de onda do dia 04/01/2009, encontrada na
Baia da Ilha Grande na ausência de eventos de ressacas. Apresentam alturas médias de 0,5m a
1m em águas marinhas que abrange Angra dos Reis (GODOI, V.A. et al., 2011).
29
Figura 31: Altura significativa de onda em situação normal na Baia da Ilha Grande no dia 04/01/2009.
Fonte: GODOI, V.A. et al., 2011.
Figura 32: Altura significativa de onda com ressaca na baia da Ilha Grande no dia 08/04/2009. Fonte:
GODOI, V.A. et al., 2011.
Com base no presente estudo sobre a situação da energia das ondas em Angra dos Reis
e mesmo com a falta de dados oceanográficos no local escolhido para o desenvolvimento da
presente pesquisa, foram elaboradas três áreas que podem ou não servir para o aproveitamento
e conversão da energia das ondas de acordo com aspectos econômicos, proximidades
populacionais e potencial teórico: Baia do Retiro, Baia ou Enseada de Angra dos Reis e Sul da
Ilha Grande. Relatando formas, vantagens e desvantagens e os tipos de dispositivos utilizados
no mundo que poderiam ser usados nestas Áreas.
31
Figura 33: Mapa satélite de Angra dos Reis, mencionando áreas de possíveis aproveitamentos da energia
das ondas.
Área 1: Localizada na Baia ou Enseada de Angra dos Reis (Figura 34), abrangendo
toda a parte frontal do centro de Angra dos Reis e grande parte das atividades
econômicas do município como o Turismo, a Pesca, e Industrias Portuárias e Navais.
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área com intensa
atividade na industrial naval, com reparação de plataformas, descarregamento de
petróleo, Importação e exportação de produtos portuários, além de apresentar uma
parcela média da população do município, e o uso de conversores de ondas em
eletricidade neste local, para suprir essa demanda, seria de grande importância para o
crescimento econômico do município.
Desvantagens da utilização de conversores de ondas: É uma área com grande fluxo
de embarcações, como os de turismo, de pescadores, navios cargueiros, e outros tipos.
E com a implantação de conversores poderiam atrapalhar o tráfego naval ou até
mesmo acarretar acidentes. Além disso, como observado na Figura 32, essa região
apresenta uma baixa altura de onda cerda de 0,5m, decorrente do bloqueio natural da
32
Ilha Grande que faz com que os ventos e as ondas cheguem com menos intensidade
nessa área.
Dispositivos de ondas que poderiam ser utilizados: Com base nos aspectos
apresentados, seriam limitados os dispositivos de conversão que poderiam ser
utilizados. Gerariam energia, mas de acordo com os aspectos geográficos locais, os
dispositivos não operariam em sua capacidade total pelas características das ondas
locais.
Figura 34: Vista parcial da Baia de Angra dos Reis, próximo ao centro municipal. Fonte: Google Imagem.
Área 2: Localizada na Baia da Ribeira (Figura 35), a maior reentrância da costa dentro
da baía da Ilha Grande. Em seu interior ficam as enseadas da Japuíba, do Ariró e de
Bracuí. Tem como características grande número de ilhas rochosas e com abundante
vegetação, geralmente rodeadas por pedras descobertas e submersas. Com
profundidades de 3m a 14m [22].
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área onde se tem
uma grande porcentagem da população de Angra dos Reis, abrangendo os bairros mais
populosos como Japuiba, Frade, Bracuí. Com isso concluímos que, quanto maior a
população local, maior será o consumo de energia. Portanto a geração de energia
elétrica através das ondas iria abastecer as distribuidoras de forma eficaz para suprir as
residências locais. Além disso, essa área apresenta um baixo fluxo de embarcações.
Desvantagens da utilização de conversores de onda: Apresenta uma característica
em comum com a área 1, que são ondas relativamente de alturas significativas baixas
decorrente da geografia local. Também outro aspecto da região é que retratam
33
Área 3: Localizada na parte Sul da Ilha Grande (Figura 36), abrangendo todo litoral
sul da Ilha com praias exuberantes, grandes reservas ecológicas e áreas de proteção
ambiental para preservar a Biodiversidade e o bioma local. Também tem como
característica uma área voltada ao mar aberto com apenas uma ilhota no sudeste,
chamada Jorge e Grego. Fatores que influenciam fortemente na intensidade dos ventos
e das ondas.
Vantagens da utilização de conversores de ondas: Trata-se de uma área voltada ao
alto mar, portanto, estão sujeitos a grandes ventos e maiores regimes de ondas. Como
mostrado nas Figuras 32 e 33, as médias de ondas nesta área variam entre 1m até 3m,
fazendo com que a área 3 seja de melhor proveito a geração de energia através das
34
Figura 36: Vista parcial do sul da Ilha Grande, próximo a praias do Sul e do Leste. Fonte: Google Imagem
35
5.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
regiões citadas e previamente decidido, de acordo com os aspectos e características das ondas
locais.
Ao longo da pesquisa não foram apresentados cálculos que provem logicamente dados
sobre Energia Cinética, Potencial e características de uma onda, pois tinha como base
argumentar através de imagens, dados, gráficos e tabelas sobre o quão importante é o presente
estudo a respeito das energias das ondas, um grande potencial pouco explorado no mundo
atualmente, mostrando pesquisas, métodos de conversão utilizados no Brasil e no mundo,
exibindo maneiras de se aproveitar a energia das ondas em Angra dos Reis. Incentivando e
proporcionando futuras pesquisas mais detalhada a respeito das energias das ondas.
No desenvolvimento do presente estudo nota-se a falta de dados oceanográficos do
local escolhido, que no caso de energia de ondas foram utilizados dados gerados por um
modelo numérico, que podem servir de subsídio para levantamentos de climas de ondas reais.
Portanto, é claramente notável que as energias das ondas estão em um estado de poucos
avanços e desenvolvimento, e apresenta um grande caminho até se tornar uma opção
energética viável. Porém, há um oceano de possibilidades e um potencial que não deve ser
ignorado. Com base nesse contexto, recomenda-se que sejam feitos estudos, pesquisas e
levantamento de dados mais precisos das energias das ondas em Angra dos Reis, e também
realizar estudos para satisfazer as necessidades energéticas da Ilha Grande, mostrando áreas
específicas, potenciais técnicos e teóricos.
De acordo com a presente pesquisa, os métodos e dados estudados serão de grande
relevância no ramo cientifico, pois agrega informações para futuros métodos de
aproveitamento da energia das ondas na geração de eletricidade no litoral de Angra dos Reis.
37
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLAŽAUSKAS, N.; PAŠILIS, A.; KNOLIS, A. Potential applications for small scale wave
e nergy installations. Elsevier. Klaipéda, v.49, p.297-305, 2015.
CARVALHO, J. T., 2010. Distribuição de energia das ondas oceânicas ao largo do litoral
do Brasil. Curso de Pós-graduação em Meteorologia, Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais - INPE, São José dos Campos.
CLÁUDIO MOTTA O GLOBO. País começa a explorar energia limpa das ondas. Disponível
em: <http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/pais-comeca-explorar-energia-limpa-das-
ondas-5122838>. Acesso em: Maio de 2015.
ESTEFEN, S.; PAULO, R.; MARCELO M, et al. 2006. Geração de energia elétrica pelas
ondas do mar, Rio de Janeiro dez. 2006. Disponível em
<http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=833> acesso em: Abril de 2015.
GODOI, V.A.; CALADO, L.; WATANABE, W.B.; YAGINUMA, L.E. & BASTOS M.
Evento extremo de ondas na Baía da Ilha Grande: um estudo de caso. Boletim do
Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes/RJ, 2011.