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“LEVANTAMENTO SOBRE BASES DE DADOS LOCAIS EXISTENTES

SOBRE COMUNIDADES DE TERREIRO, HARMONIZAÇÃO DAS


METODOLOGIAS UTILIZADAS E RECOMENDAÇÕES PARA POLÍTICAS
PÚBLICAS”

IC 0091 - 2012
Consultora: Maria Adelina França

APRESENTAÇÃO

O material ora apresentado, denominado de Produto 5, foi realizado dentro do


contexto do Projeto Interagencial Gênero e Raça. Trata-se da descrição e
análise sobre estudos realizados sobre comunidades de terreiro. Serão
apresentadas ainda recomendações para planejamento de políticas públicas
para o setor, assim como metodologia e modelo básico recomendado para
pesquisa no setor com o intuito de oferecer subsídios para o planejamento e
elaboração de políticas públicas para comunidades de terreiro.

AGRADECIMENTOS

Agradeço as sugestões e observações críticas da Profa. Dra. Terezinha


Bernardo, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, e de Juliana
Papavero.

1
ÍNDICE

Parte 1. Descrição dos levantamentos sociodemo- p. 03


gráficos existentes sobre comunidades de terreiro

Parte 2. Análise das metodologias utilizadas nos p. 13


levantamentos sociodemográficos existentes sobre
comunidades de terreiro e proposta de harmonização
metodológica

Parte 3. Análise das características sociodemográficas p. 30


das comunidades de terreiro e questões de gênero,
raça e etnia

Parte 4. Análise e recomendações de políticas públicas p. 50


conforme as características sociodemográficas das
comunidades de terreiro e questões de gênero, raça e
etnia.

Referências Bibliográficas p. 83

Anexos p. 85

2
LISTA DE ACRÔNIMOS

ABC ou ABCD Paulista – Região Metropolitana de São Paulo / Santo André,


São Caetano, Diadema e São Bernardo
CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia
FFLHC/USP – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo
FUNJOPE – Fundação Cultural de João Pessoa
GPS – “Global Positioning System” (Sistema de Posicionamento Global)
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
NIMA – Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente
NIREMA – Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescentente
PMJP – Prefeitura Municipal de João Pessoa
POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares
PUC/RIO – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
RM – Região Metropolitana
SEIR – Secretaria de Estado de Integração Regional
SM – Salário Mínimo
SEPPIR – Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
SEPROMI – Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura
USP – Universidade de São Paulo

PRODUTO 1

3
PARTE 1

Descritivo sobre levantamentos sociodemográficos existentes sobre


comunidades de terreiro

A. Introdução:
Para elaboração do presente documento foram analisados os cinco
levantamentos de comunidades de terreiro encaminhados pela SEPPIR e
outros identificados pela consultora. Serão apresentados abaixo os descritivos
dos inventários e mapeamentos, e suas formas de apresentação. No segundo
produto, serão analisadas as metodologias utilizadas em de cada um deles.

B. Descritivo dos Levantamentos:


1. “Inventário dos Terreiros do Distrito Federal e Entorno – 1ª. Fase”
Coordenação: Giorge Bessoni e Rodrigo Ramassote
Execução: Superintendência do Iphan no Distrito Federal
Apoio: SEPPIR
Ano: 2009
Pgs. 152
Formato: impresso

O material, em formato de livreto de 152 páginas, apresenta os terreiros


inventariados, os principais instrumentos de preservação do patrimônio cultural,
os marcos legais da área, “Convenção para Salvaguarda do Patrimônio
Cultural Imaterial”, glossário e bibliografia. A pesquisa teve recorte espacial nos
municípios que integram a região do Distrito Federal e entorno. Os principais
objetivos descritos para realização da pesquisa foram: (1) conhecer as práticas
culturais realizadas nos espaços, (2) acumular informações para futuras ações
do Iphan, (3) promover a divulgação pública dos resultados, e (4) contribuir no
combate ao preconceito e intolerância religiosa. Trata-se de um inventário
(survey), utilizando metodologia quantitativa. Foram identificados 26 terreiros, e
os dados colhidos por meio de questionário aplicado. O material fez parte da
estratégia de divulgação da uma primeira fase da pesquisa.

4
A descrição dos terreiros consta de: (1) breve histórico com data de fundação,
(2) origem, (3) tradição religiosa, (4) calendário litúrgico e (5) atividades sociais
desenvolvidas, (6) descrição do espaço físico e (7) situação legal do imóvel.

Observamos, porém, que não constam endereçamento e nomes completos dos


dirigentes, e nem todas as descrições apresentam informações sobre a
situação legal, filiaçõe s e descrições do espaço físico; ou seja, há
inconsistência na apresentação dos dados das casas.

2. “Mapeamento dos Terreiros de Salvador”


Coordenação: Jocélio Teles dos Santos
Execução: Universidade Federal da Bahia – Centro de Estudos Afro-
Orientais
Apoio: Prefeitura Municipal de Salvador – Secretarias da Habitação e
Reparação
Ano de realização: 2006/2007 Obs.: não consta no material data de
divulgação da pesquisa
Formato: digital
Endereço: http://www.terreiros.ceao.ufba.br/apresentacao

O site está formatado da seguinte maneira: (1) apresentação, (2) análise, (3)
terreiros, (4) mapas georeferenciados, (5) contato e (6) links. Objetivo da
pesquisa: elaboração de políticas de preservação e revitalização ambiental,
cultural e religiosa.

Utilizando metodología quantitativa e qualitativa, descrita como participativa, o


estudo de campo foi desenvolvido em cinco etapas, a saber: (1) elaboração e
detalhamento da metodología, (2) identificação e informações físico-ambientais
e sócio-econômicas dos terreiros de candomblé, (3) seleção dos terreiros para
o cadastro físico-fundiário, (4) elaboração de proposta preliminar para
regularização fundiária e (5) publicação dos resultados. Foram aplicados
questionários e realizadas entrevistas semi-dirigidas para coleta de dados.

5
Foram mapeados 1.408 terreiros, sendo que 1.162 foram cadastrados e 34
recusaram-se a responder o questionário. Foram encontrados 142 terreiros
fechados, foi registrada a migração de 31 para outros municipios e 37 terreiros
não foram localizados. As informações coletadas foram: (1) identificação e
localização do terreiro com endereçamento completo, (2) identificação e
caracterização das lideranças religiosas, (3) caracterização geral do terreiro, (4)
aspectos religiosos e de hierarquia, (5) atividades religiosas e comunitárias, (6)
características ambientais, (7) características físicas. Consta ainda um anexo
com informações sobre residentes nos terreiros.
Metodologia bem fundamentada: baseada em resultados de projeto piloto, com
a participação de pesquisadores experientes e de acordo com os resultados
esperados. Forma de divulgação adequada e completa, e excelente análise
dos dados coletados, contemplando os resultados mais relevantes.

3. “Mapeamento dos Terreiros de João Pessoa”


Coordenação: Francisco Ferreira da Silva
Execução: Casa de Cultura lle Ase D'Osoguiã - IAO
Apoio: Prefeitura Municipal de João Pessoa - MC Fundo Municipal de
Cultura e FUNJOPE – Fundação Cultural de João Pessoa
Ano de realização:
Formato: digital
Endereço: http://www.mapeamentodosterreirosjp.com.br/

O site apresenta o seguinte formato: (1) Início – tela de abertura com fotos
turísticas, (2) Mapa georeferenciado, (3) Terreiros, (4) Equipe, (5) Fotos, (6)
Notícias, (7) Links, (8) Contato. A seção “Notícias” funciona como um painel de
anúncios das várias atividades desenvolvidas nos terreiros cadastrados. O
material não apresenta os objetivos do cadastramento. Inventário (survey),
utilizando metolodogia quantitativa.

Foram cadastrados 111 terreiros e construído um mapa georeferenciado. As


informações coletadas foram: (1) nome (alcunha) do dirigente, (2) data de
fundação, (2) endereço completo, (3) regente e (4) nação.

6
4. “Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Rio de
Janeiro”
Coordenação: Denise Pini Rosalem da Fonseca, Sônia Maria Giacomini,
Luiz Felipe Guanaes Rego
Execução: PUC/Rio - NIMA – Núcleo Interdisciplinar do Meio Ambiente e
NIREMA – Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória
Afrodescentente
Apoio: SEPPIR e Conselho “Griot”
Ano de Realização: Início em 2008 (sem informação completa)
Formato: digital
Endereço: http://www.nima.puc-rio.br/mapeamento/

O site está formatado da seguinte maneira: (1) Início, (2) Notícias, (3) Conselho
Griot, (4) Galeria, (5) Mapa, (6) Contato, (7) Equipe e (8) Quero ser Mapeado.
A pesquisa utiliza a tecnología GPS – “Global Positioning System” para o
mapeamento dos terreiros. (Observação: não conseguimos acesso aos dados -
a seção “Mapa” não abre, sendo sinalizada uma impossibilidade de acesso ao
sistema por falta de permissão. Não sabemos se a pesquisa já foi finalizada ou
não. (Mensagem: 401 - Unauthorized: Access is denied due to invalid
credentials. You do not have permission to view this directory or page using the
credentials that you supplied.) Também não obtivemos resposta dos emails e
contato telefonônico.

Os objetivos da pesquisa eram: (1) visibilizar o quantitativo de terreiros de


Umbanda e Candomblé no estado do Rio de Janeiro para dar suporte à
construção de políticas públicas para o segmento, e (2) fortalecer a luta pela
liberdade religiosa por meio da construção de uma Cultura de Paz, criando
mecanismos na defesa contra à violação dos direitos e racismo.

5. “Mapeando o Axé – Pesquisa Socioeconômica e Cultural das


Comunidades Tradicionais de Terreiro”
Realização: MDS, UNESCO, SEPPIR e Fundação Palmares
Execução: Associação Filmes de Quintal
Ano de Realização: 2010, publicização 2011

7
Formato: digital
Endereço: http://www.mds.gov.br/sesan/terreiros/paginas/inicio.htm

A pesquisa consistiu no mapeamento das Comunidades de Terreiro em quatro


capitais e regiões metropolitanas brasileiras: Belo Horizonte, Belém, Porto
Alegre e Recife. O objetivo principal foi conhecer a realidade das regiões
pesquisadas para subsidiar políticas públicas, com ênfase na promoção da
segurança alimentar e nutricional para o setor. A metodología utilizada foi
descrita como “compartilhada”; isso é, com a participação de
membros/pesquisadores locais e preocupações com o empoderamento dos
sujeitos. Uma característica da composição das equipes de pesquisa foi
mesclar pesquisadores chamados de “protagonistas”, oriundos das
comunidades de terreiro, pesquisadores profissionais e acadêmicos.

Utilizaram-se de técnicas qualitativas e quantitativas para coleta de dados. Os


resultados foram divulgados por meio digital com a construção de um site
bastante ilustrado e interesante. A análise dos dados foi divulgada em livro de
200 páginas, entitulado “Alimento: Direito Sagrado”, e em pdf na rede, com o
mesmo tratamento cuidadoso de imagens.

O site foi dividido em: (1) Início, (2) O Projeto, (3) Terreiros, (4) Institucional e
(5) Contatos. Constam no site as informações referentes à descrição dos
objetivos, metodología e dados do mapeamento dos terreiros. O mapeamento
abre para: (1) Cidade, (2) Religião, (3) Nação, (4) Regente e (5) Ano de
Fundação.

Foram pesquisados um total de 4.045 terreiros, entre maio e agosto de 2010. A


região metropolitana de Belém respondeu por 1.089 casas; Belo Horizonte por
353; Porto Alegre por 1.342 e Recife, 1.261.

O livro “Alimento: Direito Sagrado” tem a seguinte apresentação de


conteúdos: (1) Apresentação, (2) Introdução, (3) “A economia do axé: os
terreiros de religião de matriz afro-brasileira como fonte de segurança alimentar
e rede de circuitos econômicos e comunitários”, (4) “A voz do terreiro”, (5) “Axé

8
entre as montanhas”, (6) “Religiosidade militante e pesquisa-ação”, (7) “A luta
por reconhecimento, reparação e direitos”, (8) Metodologia: “Construindo uma
pesquisa compartilhada: notas sobre a proposta metodologica”, (9) Resultados:
“Pesquisa Socioeconômica e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de
Terreiros – Síntese de Resultados”.

Foram levantados os seguintes dados, por meio de questionário: (1)


identificação e localização do terreiro/casa, (2) identificação do responsável
pelo terreiro/casa, (3) identificação e caracterização do terreiro/casa, (4)
caracterização da produção e consumo alimentar e nutricional, (5)
caracterização física, fundiária e infraestrutural do terreiro/casa, (6)
caracterização legal do terreiro/casa, (7) informações sobre o entorno.

Informações sobre: alimentação nos terreiros, avaliação das políticas públicas


de Segurança Alimentar Nutricional, constituição histórica, aspectos
socioculturais e atuação política das lideranças foram obtidas por meio de
entrevistas semi-estruturadas.

Pesquisa de difícil execução, com coordenação simultânea em quatro estados


diferentes, com diferentes atores, questionário longo (110 questões),
dificuldades de acesso ao campo, porém muito bem realizada. Metodologia
bem fundamentada e flexível o suficiente para a coleta de dados, forma de
divulgação adequada e completa. Muito boa análise de dados. Observamos
que a análise de dados (livro) poderia fazer parte do site, ou ser disponibilizada
via link.

6. “Cadastro de Terreiros de Umbanda e Candomblé do Estado de São


Paulo”
Execução: Prof. Dr. Reginaldo Prandi / FFLCH/USP-SP
Data: atualizado em 27/03/2011
Endereço: http://www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/iles.htm

O cadastro faz parte do site do Prof. Dr. Prandi na Faculdade de Sociologia da


Universidade de São Paulo. Em ordem alfabética, o cadastro é aberto e conta

9
no momento com 725 terreiros cadastrados no estado de São Paulo, atualizado
em março de 2011. As informações estão organizadas da seguinte maneira: (1)
nome completo do dirigente, (2) regente, (3) nação, (4) endereçamento
completo, incluindo telefone. Trata-se apenas de um cadastro sem maiores
informações.

A pesquisa acadêmica “Os Candomblés de São Paulo”1 (Prandi, 1991) trazem


subsídios complementares ao cadastro acima referido, porém com razoável
lapso temporal.

Foram também identificados os sites abaixo com alguns endereços de


terreiros.

1) 10 Estados - http://povodearuanda.wordpress.com/terreiros-enderecos/
(Obs: poucos endereços)

2) Associação Brasileira de Templos de Umbanda e Candomblé (sede em


São Paulo)
http://www.portal.abratu.com.br/index.php?option=com_content&view=ar
ticle&id=65&Itemid=54

3) Terreiros no estado de São Paulo – Site “Espada de Ogum”


http://flexadeoxossi.blogspot.com.br/2010/01/terreiros-no-estado-de-sao-
paulo.html

4) Terreiros na cidade de São Paulo


http://confraria.da.luz.sites.uol.com.br/enderecos.htm

5) Terreiros na cidade de São Paulo e ABC


http://amagiadosorixas.kit.net/terreirosemsp.html

C. DISPONIBILIZAÇÃO DOS ESTUDOS

1. Mapeamento São Luis do Maranhão / SEIR / SEPPIR

1
PRANDI, Reginaldo. Os candomblés de São Paulo : a velha magia na metrópole nova. São Paulo :
HUCITEC: Editora da Universidade de São Paulo, 1991.Disponível:
www.fflch.usp.br/sociologia/prandi/csplivro.doc.

10
Não localizamos o mapeamento mencionado no edital de seleção 2, referente
às comunidades de terreiro do estado do Maranhão. Apenas uma nota de
imprensa sobre a pesquisa que estaría em andamento em 05.10.2011.
Segundo essa fonte, a pesquisa havia mapeado até aquele momento 113
terreiros na região metropolitana de São Luis, sendo que 72 ainda não teriam
sido visitados pelos pesquisadores. A pesquisa é uma iniciativa da SEIR –
Secretaria de Estado de Integração Regional em parceria com o governo
federal por meio da SEPPIR. (Fonte: http://governo-
ma.jusbrasil.com.br/politica/7818893/seir-apresenta-em-brasilia-resultados-do-
mapeamento-de-terreiros).

Observação: Conseguimos contato telefônico em 15 de maio, e soubemos que


o estudo ainda não foi finalizado.

2. Levantamento Recôncavo Baiano e Baixo Sul da Bahia SEPROMI /


SEPPIR
Segundo informações da Sra. Karine Limeira / SEPROMI, em 17.05.2012, o
estudo encontra-se em fase final de elaboração, com previsão de publicação
dos resultados prevista para junho de 2012.

D. PROVIDÊNCIAS

Solicitamos o compartilhamento dos documentos resultantes das atividades


(SEPPIR) referidos abaixo:

1. Reunião no Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de julho de 2011 com o


objetivo de debater, levantar elementos, traçar estratégias e elaborar

2
Já foram identificados pela SEPPIR pelo menos cinco levantamentos: 1) Recôncavo Baiano e Baixo Sul
da Bahia, realizado pela Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia (SEPROMI) em
parceria com a SEPPIR; 2) Regiões Metropolitanas de Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém,
realizado pelo Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) em parceria com a SEPPIR, com foco em
segurança alimentar e nutricional; 3) São Luís do Maranhão, pela Secretaria de Estado da Igualdade
Racial (SEIR) com apoio institucional da SEPPIR; 4) Município do Rio de Janeiro, feito pela PUC,
com apoio da SEPPIR; e 5) Município de Salvador, realizado pelo Centro de Estudos Afro Orientais
(CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em parceria com a SEPPIR. Cabe a SEPPIR garantir
ao consultor o acesso a estes dados.

11
propostas para subsidiar as políticas públicas em âmbito nacional para
os Povos Tradicionais de Matriz Africana;

2. A realização de reunião em Brasília, no dia 04 de outubro para uma


avaliação de alguns dos mapeamentos dos territórios de matriz africana
no país, realizados e / ou em andamento.

E. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pesquisas e mapeamentos realizados foram desenvolvidos segundo


diferentes objetivos e metodologias. Serão analisadas, no próximo produto, as
possibilidades de harmonização das metodologías para levantamento de uma
base comum para análise e proposição de políticas públicas para o setor,
otimizando assim os recursos disponibilizados pelos estudos e demais
informações complementares obtidas de outras fontes secundárias.

12
PARTE 2

Análise das metodologias utilizadas em levantamentos


sociodemográficos existentes sobre comunidades de terreiro e proposta
de harmonização metodológica

A. INTRODUÇÃO

Serão analisadas as metodologias utilizadas nos levantamentos descritos no


Produto 1 desta consultoria, a saber:

1. “Inventário dos Terreiros do Distrito Federal e Entorno”


Área de pesquisa: Distrito Federal e entorno
2. “Mapeamento dos Terreiros de Salvador”
Área de pesquisa: Salvador e região metropolitana
3. “Mapeamento dos Terreiros de João Pessoa”
Área de pesquisa: João Pessoa e entorno
4. “Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Rio de
Janeiro”
Área de Pesquisa: Rio de Janeiro
5. “Mapeando o Axé – Pesquisa Socioeconômica e Cultura das
Comunidades Tradicionais de Terreiro”
Áreas de Pesquisa: Belo Horizonte, Belém, Porto Alegre, Recife e
respectivas regiões metropolitanas
6. “Cadastro de Terreiros de Umbanda e Candomblé do Estado de São
Paulo”
Área do cadastro: Estado de São Paulo.

13
B. LIMITES E POSSIBILIDADES DOS DADOS DISPONÍVEIS

Abrangência dos Dados

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE (Base:


POF 2009) analisados pela Fundação Getúlio Vargas3, a maior porcentagem
de adeptos de religiões afro-brasileiras no país por estados e ordem de
grandeza é a seguinte:

1º Rio de Janeiro
2º Rio Grande do Sul
3º São Paulo
4º Bahia
5º Mato Grosso do Sul
6º Rondônia
7º Distrito Federal
8º Maranhão
9º Pernambuco
10º Paraná

Para os fins propostos para esta consultoria, observamos que os estudos


realizados dos quais dispomos de informações e acesso são de apenas quatro
das capitais dos dez estados apontados pelo ranking do IBGE, a saber: Rio
Grande do Sul (MDS), Bahia (UFBA), Distrito Federal (IPHAN) e
Pernambuco (MDS).

Observamos que parecem existir diferenças entre os dados apresentados pela


Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF e a realidade sobre o ranking de
adeptos de religiões afro-brasileiras na distribuição nacional, a julgar pela
percepção de pessoas envolvidas com a temática. Acreditamos que há
diferenças, muito provavelmente pela auto-declaração de religião dos adeptos

3
Fonte: Novo Mapa das Religiões (2011) Org. Neri, M., baseado nas pesquisas de orçamentos familiares
2009). Em: http://www.fgv.br/cps/religiao/

14
das religiões afro-brasileiras como adeptos de outras religiões, o que provoca
distorsão nos dados apresentados em contraste com a realidade.

Não utilizaremos para o comparativo os levantamentos realizados no Rio de


Janeiro (PUC/Rio) e Maranhão (SEIR) por não dispormos dos resultados
finais. Em relação ao estudo do Rio, os dados que constam no sítio eletrônico
são insuficientes para a análise. Quanto à pesquisa no Maranhão, a mesma
ainda se encontra em estágio de tabulação, sem dados gerais. Também o
inventário do Distrito Federal e entorno (Iphan) não poderá ser utilizado no
terceiro produto, por conta da inconsistência na apresentação dos dados.

Dados mais completos sobre a cidade de São Paulo, se disponíveis, seriam de


grande valia pela representatividade no ranking nacional da pesquisa, número
de habitantes e também por diferenças que possivelmente se apresentariam
em pesquisas numa grande metrópole. Não conseguimos localizar
informações sobre levantamentos no Mato Grosso do Sul e em Rondônia.
Identificamos um Núcleo de Pesquisas Afro-brasileiras na Universidade Federal
de Dourados e encaminhamos correio eletrônico na busca de mais
informações, mas não obtivemos resposta.

Considerando-se a riqueza e importância das manifestações religiosas e


culturais do Recôncavo Baiano, poderíamos ter utilizado dados da pesquisa
em curso nesta região para confirmar tendências de outros estudos, caso
estivessem disponíveis, mas infelizmente os resultados só serão divulgados em
fase posterior ao encerramento desta consultoria. Portanto, para análise do
dados apresentados pelos estudos que comporá o terceiro produto desta
consultoria, nos limitaremos às pesquisas realizadas nas capitais e regiões
metropolitanas, que são em maior número, e permitem cruzamentos com
dados das PNDAs locais.

15
C. POSSIBILIDADES DE HARMONIZAÇÃO DE METODOLOGIAS COM
OS DADOS DISPONÍVEIS

Ainda que em alguns pontos apresentem dados básicos semelhantes, os


estudos analisados foram realizados por diferentes executores, com objetivos e
metodologias distintas e de acordo com a missão de cada uma das instituições
participantes. Sendo assim, a comparação entre eles não tem a pretensão de
julgar a qualidade técnica dos trabalhos, mas sim identificar metodologias e
instrumentos que melhor se adequem às necessidades da gestão de políticas
públicas para o setor. Neste sentido, os estudos mais completos dentre os
analisados são: o da capital baiana, Salvador, realizado pela Universidade
Federal da Bahia, e o estudo coordenado pelo MDS em quatro capitais e
regiões metropolitanas: Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém. Os
demais estudos são levantamentos cadastrais e inventários, sem análise de
dados.

Apresentaremos a seguir tabela comparativa entre os estudos, destacando


objetivos e metodologias tal como foram descritos pelos executores.
Apresentaremos também as estratégias metodológicas, que serão analisadas
na seqüência. Observamos, mais uma vez, que as informações divulgadas no
sítio eletrônico da UFRJ sobre a pesquisa realizada no Rio de Janeiro não
apresentam resultados .

16
QUADRO 1. COMPARATIVO DOS ESTUDOS E METODOLOGIAS
ÁREA PERÍODO EXECUTOR OBJETIVOS MÉTODOL./INSTRUMENTAL FORMATO DADOS NR TERREIROS
COLETADOS
IDENTIFICADOS

1.Distrito 2008 - Iphan (1) conhecer as Qualitativa Impresso (1) breve histórico; 26 Identificados
Federal e 2009 práticas culturais;
entorno
Inventário/ Survey Sem análise de (2) data de fundação; 20 entrevistados
(2) coleta dados para dados
ações Iphan Questionário (3) origem;

(3) divulgar (4) tradição religiosa;


resultados/combate
preconceito (5) calendário
litúrgico;
(4) contribuir no
combate preconceito/ (6) atividades sociais
intolerância religiosa desenvolvidas;

(6) descrição do
espaço físico

(7) situação legal do


imóvel*

(8) localização (sem


endereço completo)

2.Salvador 2006 – UFBA (1) elaboração de Quali e Quantitativa Sítio eletrônico (1) identificação e 1.408 identificados;
2007 políticas de localização (endereço
preservação e Geoprocessamento completo);

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revitalização Estudo de Campo Com análise dos (2) identificação e 1.162 cadastrados
ambiental, cultural e dados caracterização
religiosa lideranças,
Questionário
(3) caracterização
Entrevistas geral do terreiro,

(4) aspectos
religiosos e de
hierarquia,

(5) atividades
religiosas e
comunitárias,

(6) características
ambientais,

(7) características
físicas;

(8) residentes do
terreiro

(9) Conflitos

3.João não PMJP não consta Quantitativa Sítio eletrônico (1) nome de santo 111
Pessoa consta do dirigente;
Survey/Mapeamento Geoprocessamento
(2) data de fundação,
Equipe de pesquisa composta Sem análise
de Povo-do-Santo (3) endereço
completo,

(4) regente

18
(5) nação

4.Estado 2010 PUC (1) visibilizar o Quali/Quantitativa Sítio Eletrônico (1) identificação e 847
do Rio de quantitativo no estado localização (endereço
Janeiro para suporte às completo)
Survey/Mapeamento geoprocessamento
políticas públicas;
(2) Nome do dirigente
Equipe composto de campo Sem análise Obs.: sem
(2) promover composta por pessoas com Resultados serão caracterização
liberdade religiosa, afinidades no tema divulgados em livro gênero/idade/raça/cor
cultura de paz e a ser lançado pelas
combate ao racismo (3)Regência do
Formação de Comissão “Griot” pesquisadoras. terreiro

(5) atividades
comunitárias

(6) situação fundiária

(7) número
frequentadores e
adeptos

(8) conflitos

5..Belo 2010 MDS (1)mapeamento Quali /Quantitativa Sítio eletrônico e (1) identificação e Belo Horizonte: 353;
Horizonte quatro capitais: livro digital (pdf) localização do
terreiro/casa, Belém: 1.089;
Estudo de Campo/Pesquisa
Belém (2)oferecer subsídios Sócioeconômica Com análise de Porto Alegre:1.342
para construção dados (2) identificação do
Porto políticas públicas de Etnografia para responsável pelo Recife: 1.261.
Alegre segurança alimentar e complementação terreiro/casa,
nutricional Total: 4.045
Recife Questionário estruturado (3) identificação e
caracterização do

19
Entrevista em profundidade terreiro/casa,

Utilização de pré-teste (4) caracterização da


produção e consumo
Equipes de pesquisa mistas alimentar e
(coordenação e campo), com nutricional,
pesquisadores do Povo-do-
Santo (5) caracterização
física, fundiária e
Presença de comissão infraestrutural do
monitoramento e terreiro/casa,
acompanhamento mista (Povo-
do-Santo, pesquisadores e (6) caracterização
representantes governo local) legal do terreiro/casa,

(7) informações
sobre o entorno

(8) Conflitos

6.São 2011 USP/Prandi Informativo/divulgação Quantitativa Listagem digital (1)nome completo do 725 (atualização
Paulo (word) dirigente; março/2011)
(2) regente;
Cadastro
(3) nação;
(4) endereço

Total de Terreiros Pesquisados: 6.910

20
Análise Comparativa

1. IPHAN – estudo preliminar, preparatório, com poucos dados e foco na valorização do patrimônio cultural. A publicação
apresenta dados de maneira irregular e incompleta.

2. UFBA/CEAO – pesquisa bastante completa. Membros da comunidade, porém, não foram investigados. Apresentação de
resultados/análise poderia ter sido mais ampla.

3. PMJP - Geoprocessamento, com dados cadastrais apenas.

4. PUC/RIO – estudo incompleto, sem apresentação de resultados e análise, sem dados básicos – gênero, idade, cor/raça,
sem análise da comunidade – voltado à geração de dados para georeferenciamento apenas e contabilização parcial dos
terreiros.

5. MDS – estudo importante pelo universo da pesquisa, envolvendo quatro estados. Questionário muito extenso, investiga
pouco as questões referentes à comunidade. Dados referem-se aos dirigentes. Alguns resultados suscitam questionamento;
por exemplo, maior número de casas em Porto Alegre do que em Pernambuco. Publicação de resultados/análise poderia ter
sido mais completa e extensa.

ESTRATÉGIAS BEM SUCEDIDAS

1. Incorporação de membros das comunidades de terreiro para formação de comissões de monitoramento;

2. Envolvimento de gestores locais e coletivos de comunidades de terreiros (associações, federações)

3. Participação de pesquisadores com afinidade pela temática;

4. Formação de equipes mistas e transdisciplinares;

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5. Utilização de metodologias qualitativa e quantitativa;

6. Realização de pilotos.

PROBLEMAS

7. Utilização de diferentes metodologias não garante confiabilidade dos dados;

8. Pesquisas não apresentam quantitativos suficientes para planejamento de pp;

9. Ausência de monitoramento/coordenação central das pesquisas;

10. Dados não abrangem o universo das comunidades de terreiro, e sim dos dirigentes com os possiveis desvios

11. Dados básicos ausentes em alguns casos;

12. Análises de resultados incompletas.

22
D. COMPARATIVO DE ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS BEM
SUCEDIDAS UTILIZADAS:

1. Integração de membros do Povo do Santo

Observamos que três dos estudos analisados (UFBA/MDS/PMJP) utilizaram-se


integral ou totalmente de membros do povo-de-santo na execução das
atividades de pesquisa. Os mapeamentos realizados pelo MDS também
utilizaram os integrantes do universo da pesquisa na formação de uma
Comissão de Acompanhamento e Monitoramento composta por: acadêmicos,
representantes do povo-de-santo, representantes governamentais locais e
atores-chave. Esta estratégia de integrar membros do povo-de-santo na
composição das equipes de campo e coordenação, e a formação de comissão
de acompanhamento e monitoramento, propiciou resultados bastante
interessantes, tais como: (1) facilitar a articulação com atores chave, (2)
divulgar a pesquisa junto aos terreiros, (3) facilitar a entrada dos pesquisadores
para coleta de dados. (4) diminuir resistências das comunidades, (5)
empoderar os próprios membros das comunidades, (6) propiciar situações de
aprendizado aos pesquisadores e equipe.

2. Foco na elaboração de políticas públicas


O estudo realizado pela UFBA em Salvador realizou pesquisa piloto e buscou
priorizar em sua metodologia informações que contribuissem com a
elaboração de políticas públicas para o setor. Também os mapeamentos
realizados pelo MDS nas capitais e regiões metropolitanas de Recife, Belém,
Porto Alegre e Belo Horizonte tiveram como um dos seus objetivos, além de
averiguar a utilização das políticas de Segurança Alimentar e Nutricional,
levantar dados que pudessem apoiar a elaboração de políticas para as
comunidades de terreiro, investigando temáticas centrais e estruturantes das
condições socioculturais, tais como conflitos, intolerância e preconceito. Os
estudos realizados pelo MDS também se utilizaram de pesquisa etnográfica
realizada pelos coordenadores, que residiram nas cidades pesquisadas para
observação de atividades.

3. Dados levantados pelos estudos

23
MDS – Belo Horizonte / Recife / Porto Alegre / Belém

1. Número de casas ativas


2. Manifestações religiosas tradicionais
3. Características sócio-econômicas (rendimentos)
4. Preocupação que alimentos terminassem antes da próxima distribuição
5. Auto/declaração cor/raça
6. Escolaridade
7. Satisfação com estado geral das cozinhas
8. Alimentos mais preparados
9. Acesso a políticas públicas / água / esgoto
10. Participação em programas federais de segurança alimentar e nutricional
11. Atividades comunitárias desenvolvidas
12. Intolerância e Preconceito
13. Adesão de pessoas de outras religiões

UFBA - Salvador

1. Número de casas ativas


2. Distribuição na cidade
3. Tempo de existência
4. Número de terreiros por ano de fundação
5. Situação Legal
6. Documentação
7. Estrutura física e espacial das casas
8. Conflitos
9. Trânsito Religioso
10. Nação
11. Perfil das lideranças / gênero / cor / idade / origem / escolaridade /
ocupação
12. Atividades comunitárias desenvolvidas
13. Paralelismo religioso
14. Domínio de deuses

IPHAN – Distrito Federal e Entorno

1. Número de casas ativas


2. Data de fundação
3. Origem
4. Tradição religiosa
4. Calendário litúrgico
5. Atividades sociais desenvolvidas
6. Descrição do espaço físico
7. Situação legal do imóvel

24
USP - São Paulo

1. Nome do dirigente
2. Regente
3. Nação
4. Endereço

Apresentaremos abaixo tabela comparativa dos dados investigados, segundo


relatórios sobre metodologias utilizadas.

25
QUADRO 2. COMPARATIVO DE DADOS

DADOS MDS – DISTRITO JOÃO SÃO PAULO RIO


BH/REC/PA/BEL SALVADOR FEDERAL PESSOA
TERREIROS X X X X X X

Número de casas

Linha/nação X X X X X X

Tempo de existência X X X X N/C X

Regularização X X X N/C N/C X


Fundiária/Situação
legal/documentação

Atividades comunitárias X X X N/C N/C N/C


desenvolvidas

Dados Segurança X N/C N/C N/C N/C N/C


Alimentar e Nutricional

DIRIGENTES X X N/C N/C N/C N/C

Gênero

Cor/raça X X N/C N/C N/C N/C

Idade X X N/C N/C N/C N/C

26
Escolaridade X X N/C N/C N/C N/C

Ocupação X X N/C N/C N/C N/C

Rendimentos X X N/C N/C N/C N/C

Conflitos X X N/C N/C N/C X

Legenda: X – consta; N/C – não consta

27
E. ANÁLISE DO TIPO DE DADOS COLETADOS

Observamos que dos cinco estudos analisados, apenas dois trazem dados
essenciais (raça/cor/gênero) para construir estratégias de enfrentamento às
questões de fundo das comunidades de terreiro, tais como a discriminação, o
preconceito e o racismo. Também estão ausentes na maioria dos estudos
dados sobre a questão fundiária, fundamentais para a elaboração de medidas
protetivas às comunidades. Na prática, a ausência dos dados comparados fala
mais do que a presença dos mesmos. Concluimos, portanto, que será de
grande valia uma orientação geral dos órgãos envolvidos na proteção e
fortalecimento das comunidades de terreiro, e de outros grupos minoritários,
sobre uma base comum para coleta de dados em futuras investigações, o que
poderá agregar grande valor às ações futuras e em curso, tanto nas esferas
governamentais como na sociedade civil em geral.

F. PROPOSTA PARA ANÁLISE DE DADOS NA PARTE 3

Utilizaremos os dados disponibilizados via rede para análise dos dados.


Esclarecemos que apesar de terem sido coletados dados mais amplos em
alguns dos estudos acima referidos, conforme extraído dos relatórios, para a
análise que será apresentada no terceiro produto, utilizaremos os dados que
são comuns aos estudos e aos quais tivemos acesso: a saber: (1) UFBA -
Salvador e região metropolitana; (2) MDS – Recife, Belo Horizonte, Belém,
Porto Alegre e regiões metropolitanas; (3) PMJP – João Pessoa e entorno; (4)
USP – São Paulo e região metropolitana. Não poderemos incluir os dados dos
20 terreiros identificados no Distrito Federal pelo Iphan, por não apresentarem
consistência suficiente na forma em que foram divulgados (livreto).

Para que os dados sejam comparáveis, optamos por um recorte, restringindo a


mostra às capitais e regiões metropolitanas. Os dados foram extraídos dos
sítios eletrônicos e material impresso, e organizados em uma Base de Dados
Global (Excell), para prover meios de comparação e geração de tabelas e

28
gráficos para a análise. Em termos de distribuição espacial, o universo da
análise comparativa de dados abrangerá as regiões norte, nordeste, sudeste e
sul do país, com uma mostra aproximada de 6.000 terreiros.

Serão apresentadas no produto 5, indicações metodológicas para pesquisas


voltadas para o provimento de dados para as necessidades específicas da
gestão pública em relação à elaboração de políticas para as comunidades de
terreiro. Incluiremos também as boas práticas utilizadas nos estudos realizados
até o momento.

29
PARTE 3

Análise das características sociodemográficas das comunidades de


terreiro e questões de gênero, raça e etnia

APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS GLOBAIS

A. INTRODUÇÃO

Para possibilitar uma visão geral das características sociodemográficas das


comunidades de terreiro, especialmente nas questões de gênero, raça e etnia,
os dados apresentados nos estudos realizados, que foram disponibilizados
para a presente análise, foram agrupados em um banco global, com recorte
nas capitais e suas regiões metropolitanas ou entorno, reunindo um total de
seis estados, abarcando espacialmente as regiões norte, nordeste, sudeste e
sul do país, totalizando 5.928 terreiros.
O recorte nas capitais foi feito tendo em vista que as diferenças
sociodemográficas e culturais dos estados por si só já apontam diversas
especificidades. Observamos que os dados são cadastrais e, portanto, limitam
as condições de análises mais aprofundadas. Mesmo assim, agrupados
globalmente, apresentam algumas possibilidades de comparações e indicativos
para futuros levantamentos e pesquisas dirigidas às comunidades de terreiro
com dados que forneçam base para a formulação de políticas públicas para o
setor.

Foram considerados para a análise comparativa de dados do presente relatório


os estudos realizados nas capitais brasileiras e regiões metropolitanas ou
entorno pelos seguintes executores: (1) MDS nos estados de Pernambuco,
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pará; (2) UFBA na Bahia; (3) PMPJ na
Paraíba; e (4) USP em São Paulo.

Não puderam ser utilizados os inventários de Goiás, DF realizado pelo Iphan,


por conta da inconsistência na apresentação dos dados no livreto de

30
lançamento da 1ª. Fase da Pesquisa, inventariando 20 terreiros da região do
Distrito Federal e entorno. Também não foram incluídos o estudo do Rio de
Janeiro, por não estarem disponíveis ainda os resultados da pesquisa, e a
pesquisa no Maranhão, por estar em fase de tabulação de dados e sem
resultados gerais.

A análise das características sociodemográficas foi complementada com dados


parciais dos estudos do MDS e UFBA, quando não disponíveis nos outros
estudos/inventários.

Utilizaremos os dados disponibilizados via rede para análise dos dados.


Esclarecemos que apesar de terem sido coletados dados mais amplos em
alguns dos estudos acima referidos, conforme extraído dos relatórios, para a
análise que será apresentada no terceiro produto, utilizaremos os dados que
são comuns aos estudos e aos quais tivemos acesso: a saber: (1) UFBA -
Salvador e região metropolitana; (2) MDS – Recife, Belo Horizonte, Belém,
Porto Alegre e regiões metropolitanas; (3) PMJP – João Pessoa e entorno; (4)
USP – São Paulo e região metropolitana. Não poderemos incluir os dados dos
20 terreiros identificados no Distrito Federal pelo Iphan, por não apresentarem
consistência suficiente na forma em que foram divulgados (livreto).

Para que os dados sejam comparáveis, optamos por um recorte, restringindo a


mostra às capitais e regiões metropolitanas. Os dados foram extraídos dos
sítios eletrônicos e material impresso, e organizados em uma Base de Dados
Global (Excell), para prover meios de comparação e geração de tabelas e
gráficos para a análise. Em termos de distribuição espacial, o universo da
análise comparativa de dados abrangerá as regiões norte, nordeste, sudeste e
sul do país, com uma mostra aproximada de 6.000 terreiros.

B. DADOS GERAIS

Gráfico 1. Numero de Terreiros x Número de Estudos/Inventários

31
Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

O número de terreiros por inventários apresentou-se da seguinte maneira:


MDS: 3.935 casas, correspondendo a 66% de um total de 5.928 terreiros;
UFBA: 1.165, correspondendo a 20%; USP: 718, correspondendo a
12% e PMJP com 110, correspondendo a 1.8% do total de terreiros,
distribuídos em sete capitais e regiões metropolitanas (RM) de estados
brasileiros.

Gráfico 2. Distribuição de Terreiros por Estado

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

32
O maior número de terreiros das capitais e regiões metropolitanas dos estados
pesquisados encontra-se no Rio Grande do Sul, com 1.274 casas, seguido por
Pernambuco com 1.243. Na seqüência decrescente encontram-se os estados
da Bahia, com 1.165 terreiros; Pará, com 1.078; Minas Gerais com 340 e a
Paraíba com 110. Os dados apresentam a mesma correlação dos dados
apresentados pelo estudo do MDS.

Chama atenção o número elevado de casas no Rio Grande do Sul,


considerando-se que a região sul do país apresenta o menor índice de pessoas
negras ou pardas segundo dados do IBGE/2010;
Porém, os resultados apresentam alguma semelhança com o levantamento da
Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF/20094 (nota abaixo) sobre
concentração de religiões afrobrasileiras no país, onde o Rio Grande do Sul
consta como segundo estado com maior presença de adeptos, e a Bahia como
o terceiro. Já o resultado de Pernambuco não coincide com os dados da POF,
constando como o 9º estado de maior concentração de adeptos de religiões
afrobrasileiras. A diferença pode ser atribuída à distorção nos dados da POF,
pela não identificação dos adeptos de religiões afrobrasileiras como tais5, para
evitar discriminações ou preconceito.

Os percentuais também apresentam semelhança com a distribuição de bolsas


do Programa Bolsa Família - PBF por região, que aponta 22,86% do número
total de famílias beneficiadas no país na região sul, seguida da região nordeste
com 18,44% no ano de 2011, segundo Relatório de Gestão MDS6 desta política
(MDS, p. 47).

4
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística – IBGE (Base: POF 2009) analisados pela
4
Fundação Getúlio Vargas , a maior porcentagem de adeptos de religiões afro-brasileiras no país por
estados e ordem de grandeza é a seguinte: 1º Rio de Janeiro; 2º Rio Grande do Sul; 3º São Paulo; 4º
Bahia; 5º Mato Grosso do Sul; 6º Rondônia; 7º Distrito Federal; 8º Maranhão; 9º Pernambuco; 10º
Paraná.

5
Na tentativa de minimizar distorções na identificação de adeptos, foi elaborada campanha no
Maranhão, para o Censo 2010. Para maiores informações:
http://pretoneto.blogspot.com.br/2011/01/e-bom-relembrar-campanha-de-afro.httml
6
Fonte: MDS. Em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia

33
Tabela 1. Percentual e número de famílias beneficiárias pagas em conta-
corrente (por região) – PBF

Região Percentual de Número famílias Total de famílias


famílias beneficiadas beneficiadas
beneficadas
Sul 22,86% 237.228 1.037.607
Nordeste 18,44% 1.258.634 6.825.686
Centro Oeste 13,50% 96.902 717.897
Norte 13,33% 196.822 1.476.927
Sudeste 12,99% 429.157 3.303.386
Brasil 16,61% 2.218.743 13.361.503

Fonte: MDS Relatório de Gestão 2011

C. DIFERENÇA DAS LIDERANÇAS POR SEXO NOS ESTADOS

Gráfico 3 – Distribuição das Lideranças por Sexo

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

No contexto dos terreiros elencados neste estudo, observa-se que a maioria


das casas é liderada por mulheres. Este cenário apresenta uma pequena

34
diferença em quatro estados: Pernambuco, Paraíba, Minas Gerais e São Paulo.
No entanto, em todos eles, a diferença é pouco relevante.

Gráfico 4 – Distribuição das Lideranças por Sexo nos Estados

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

As maiores diferenças na liderança por sexo são apontadas nos estados da


Bahia e Rio Grande do Sul, com 60% de lideranças do sexo feminino e 40% do
sexo masculino. Paraíba e Minas Gerais apresentam uma diferença percentual
de quatro pontos, com predomínio único dentre os demais estados da liderança
masculina.

D. COR / RAÇA (UFBA/MDS)

Utilizaremos os dados dos estudos realizados pela UFBA e MDS, que são os
únicos que trabalham com essa variável. Recomenda-se que nos próximos
estudos e inventários esses dados sejam coletados, uma vez que são
fundamentais para apontar algumas tendências, e o quesito “cor/raça” um
indicador social mínimo, segundo o IBGE.

35
Tabela 2. Comparativo Dados Cor / Raça entre Bahia (UFBA) e Pará, Minas
Gerais, Porto Alegre e Pernambuco (Capitais e RM)
Bahia (UFBA) PA, MG, RS, PE (MDS)
Pretos 58,3% n/c
Pardos 30,4% n/c
Pretos ou Pardos 88,7% 72%7
Brancos 4,6% 25,3%

Fonte: UFBA / CEAO

Percebemos que nos dois estudos existe a predominância de pretos, ou pretos


e pardos, entre as lideranças dos terreiros (58,3% - UFBA e 72% - MDS).
Segundo análise do estudo realizado pela UFBA, em Salvador e região
metropolitana, a maioria das lideranças dos terreiros é de cor preta,
correspondendo a 58,3%, seguida de pardos 30,4%), brancos 4,6%, indígenas
2,8%, amarelos 0,8% e 3,1% não sabe. Somados, os percentuais pretos e
pardos correspondem a 88,7%.

Dados semelhantes foram identificados pelo estudo do MDS, quanto à


cor/raça: 72% se consideram pretos/as ou pardos/as, e 25,3% disseram ser
brancos/as. O percentual de pretos e pardos é maior na RM de Recife (82,3%,
em face de 14,8% de brancos) e menor na RM de Porto Alegre (53,5%, em
face de 44,7% de brancos).

Ainda em relação ao estudo MDS, é coincidente o elevado percentual de pretos


e pardos na RM de Recife com a mais baixa renda dentre os dirigentes de
terreiros no país. Também presente na mesma região está o maior percentual
de lideranças sem escolaridade (8.2%).

7
O percentual não foi desmembrado em pretos e pardos; somente o percentual geral pretos ou pardos
foi apresentado no estudo MDS.

36
“[...] da RM de Recife são as que têm os menores níveis de renda
(85,3% recebem até dois SM por mês)[...]”

A comparação destes dados evidencia a condição de carência socioeconômica


da população negra ou parda associada à escolaridade identificada também
pelo IBGE (PNAD/2009) . Se associarmos ainda a questão de gênero, veremos
que a maioria das lideranças é de mulheres, negras ou pardas, com percentual
baixo de escolaridade, e renda mensal não superior a dois salários mínimos.

A mesma relação aparece nos dados do estudo baiano: a liderança é de


mulheres pretas ou pardas: liderança feminina (63,7%); maioria preta (58,3%);
preta e parda (88,7%). Em relação à escolaridade, os dados não foram
desmembrados entre lideranças femininas e masculinas na divulgação dos
resultados; portanto, temos apenas o dado composto (masculino e feminino),
que é: 47,1% das lideranças negras e 47,3% das lideranças pardas possuem
escolaridade menor que o curso fundamental comparado a 34,7% dos brancos.

E. IDADE (UFBA/MDS)

Somente o estudo da UFBA traz dados sobre a idade das lideranças religiosas
na apresentação dos resultados. E, segundo o estudo, a média de idade das
lideranças é de 55 anos, sendo que as mulheres tem médias de idade bem
mais elevadas que os homens: 60 (mulheres); 46 (homens).

A maioria das lideranças dos terreiros atualmente é formada por mulheres:


(MDS - 55,1%; UFBA - 63,7%). Porém, existe uma tendência na Bahia, que
precisa ser observada no restante do País, de um possível aumento de
lideranças do sexo masculino nas novas gerações, o que afetaria as
políticas públicas de médio e longo prazo dirigidas ao setor, se focadas
na população feminina. Segundo o estudo baiano:

“o recorte etário indica que 51% das lideranças têm menos de 54


anos e com Angola (23,2%). Se observada a faixa etária até trinta
e seis anos (11,9%), surpreende a representatividade masculina,

37
pois são 96 pais-de-santo em comparação com 32 mães-de-
santo.”

O mesmo estudo identificou que as mulheres demoram mais para assumir a


liderença dos terreiros do que os homens. Podemos supor que fatores ligados
ao cuidados com os filhos e afazeres domésticos somados às atividades
profissionais atrasem as mulheres no início da liderança dos terreiros em
relação aos homens. Observamos que os dados são da Bahia, onde
atualmente a maioria dos terreiros é de candomblé, que característicamente
exige um tempo mais longo na “feitura” dos santos e demais rituais.

F. RECURSOS ECONÔMICOS (MDS apenas)

Em relação aos rendimentos médios mensais, 46,9% das lideranças recebem


mensalmente até um salário mínimo (SM) por mês; 28,9% têm rendimentos
entre um e dois SM; 16%, entre dois e quatro SM; 4,5%, entre quatro e seis SM
e apenas 3,6% têm renda superior a seis SM. As lideranças da região
metropolitana (RM) de Recife são as que têm os menores níveis de renda
(85,3% recebem até dois SM por mês), seguidas pelas da RM de Belém
(81,6% recebem até dois SM por mês). As lideranças da RM de Porto Alegre e
RM de Belo Horizonte apresentaram os maiores rendimentos.

Esse quadro é coerente com os percentuais referentes à participação em


programas de transferência de renda: 35% dos entrevistados na RM de Recife
e 27,8% na RM de Belém disseram receber benefícios do Programa Bolsa
Família, enquanto na RM de Porto Alegre e na RM de Belo Horizonte temos
12,4% e 10,9%, respectivamente.

G. ESCOLARIDADE (UFBA/MDS)

Quando observada a cor, os pais e mães-de-santo negros tem menos


escolaridade do que os brancos: 47,1% dos líderes religiosos pretos e 47,3%
das lideranças pardas possuem escolaridade menor que o curso fundamental,

38
segundo estudo UFBA; e 46,4% segundo estudo MDS. Apenas 4,3% pardos
(UFBA) e 6,4% pretos e pardos (MDS). Apenas 4,3 pardos (UFBA) tem
superior completo. O maior percentual de lideranças sem escolaridade está na
RM de Recife (8,2%) e com superior completo, na RM de Belo Horizonte
(14,1%).

H. INFRAESTRUTURA BÁSICA (MDS apenas)

Água Potável

Em relação ao atendimento pela rede geral de abastecimento, o estudo


apontou desigualdades regionais: RM de Porto Alegre - 97,7%; RM de Belém -
72%. Atendimento irregular da rede de água: RM de Porto Alegre – menos de
1%; Recife – 67,7%. Belém apresenta o maior número de terreiros que se
utilizam de água de poço ou nascente – 27,9%, sendo que em 23,3% dos
casos não há nenhuma forma de tratamento da água para consumo humano.

Saneamento e esgotamento sanitário

54,8% despejam o esgoto na rede coletora; 28,9%, em fossas sépticas e


8,3%, em fossas rudimentares. A RM de Belo Horizonte e de Porto Alegre
apresentam as maiores coberturas da rede coletora de esgoto: 79% e 79,5%,
respectivamente. Belém: 41,3% e Recife: 33,3%. A RM de Recife apresenta os
maiores percentuais de fossas rudimentares e sépticas não ligadas à rede
coleta: 17,5% e 23,4%, e despejo do esgoto em valas: 7,5%.

I. VIOLÊNCIA

Os maiores índices de conflitos por atos de intolerância foram identificados pelo


estudo do MDS: quase 50% dos terreiros pesquisados, por parte de
evangélicos. Conflitos com vizinhos foram mencionados em menos de 8,6%
dos terreiros no estudo da UFBA, demonstrando maior aceitação das religiões
afrobrasileiras na cidade de Salvador e regiões metropolitanas.

39
J. RELIGIÕES

Dentre as religiões citadas, o Candomblé ocupa a liderança com 1.200 casas,


seguido da Umbanda, com 1.031; Tambor de Mina, com 366 casas e Batuque
com 347. As práticas de duas ou mais manifestaçoes religiosas foram
excluídas da contagem. Observa-se uma ligeira predominância do Candomblé.
O estudo realizado na Bahia confirmou a mesma tendência de predominância
do Candomblé, somada à liderança feminina.

Tabela 3. Lista das Religiões Mais Citadas

Terreiros por Religião Nº

Candomblé 1200

Umbanda 1031

Tambor de Mina 366

Batuque 347

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

K. TEMPO DE EXISTÊNCIA DOS TERREIROS

A idade dos terreiros (tempo de existência) é bastante variável. Foram


encontrados desde casas com mais de 200 anos até as recentemente
fundadas, com menos de 1 ano. Os terreiros mais antigos, com mais de 150
anos, estão localizados no estado da Bahia, todos na cidade de Salvador, são
eles:

Tabela 4. Terreiros mais antigos

Terreiros com mais de 150 anos

Anos de
Nome da Casa
Existência

40
Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Terreiro da
277
Casa Branca)

Tata Maquende 206

Zogodo Bogum Male Rundó 177

Ilê Maroiá Laje Alaketu 176

Ylê Axé Oxumarê 176

Auê Te Dô 166

Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê (Terreiro do


163
Gantois)

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Os terreiros mais novos, com até 5 anos de existência, foram instalados


principalmente os estados de Pernambuco, Pará e Rio Grande do sul. Nota-se
que na Bahia nenhum terreiro foi mapeado com essa “idade”. A Bahia e Minas
Gerais são os estados que concentram os terreiros mais antigos dentre os
pesquisados.

Gráfico 5. Distribuição Geográfica dos Terreiros com até 5 anos

41
Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Gráfico 6. Distribuição Geográfica dos Terreiros nos Estados

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Pernambuco e Rio Grande do Sul são os únicos estados em que a maioria dos
terreiros não está localizada na capital. O maior número de terreiros está
localizado nas capitais, sendo que em Pernambuco e no Rio Grande do Sul
esta tendência se inverte: Há uma presença maior de terreiros nas regiões
metropolitanas. Observou-se que na Bahia e Paraíba, os terreiros se distribuem
igualmente em número na capital e regiões metropolitanas. Esta tendência é
coincidente com o processo de urbanização do país.
42
L. REGENTES

As capitais e RM dos estados do Pará e Rio Grande do Sul são as únicas que
apresentam liderança de regentes masculinos: Ogum no Pará, e Xangô no Rio
Grande do Sul. Em todos os outros estados, a regência é feminina, com
predomínio de Oxum como regente.

O Candomblé é a religião predominante8, seguida da Umbanda e Tambor de


Mina no país, segundo os dados comparados. Oxum é o regente mais
cultuado. A maioria das lideranças é feminina, com média de idade incluindo
homens e mulheres de 55 anos. Quase metade das lideranças de quatro
estados9 recebe até um salário mínimo (47%) e tem escolaridade abaixo do nível

8
A diferença apontada entre os dados globais e o estudo do MDS talvez se devam aos dados de São
Paulo, majoritariamente de terreiros de candomblé, uma vez que foram base de pesquisas de
especialista nesta linha. O estudo baiano também aponta um maior número de terreiros de candomblé.
9
Estudo MDS.

Gráfico 7. Principais Regentes dos Terreiros no Pará

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

43
No estado do Pará percebe-se uma especificidade entre as entidades
indicadas como regentes dos terreiros, que são os caboclos e caboclas,
entidades das matas, de influênciai indígena, possivelmente pela proximidade
da floresta e recursos naturais do estado.

Gráfico 8. Principais Regentes dos Terreiros na Bahia

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Na Bahia destacam-se os orixás femininos: Oxum e Iansã.

Gráfico 9. Principais Regentes em Pernambuco

44
Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Em Pernambuco, a liderança é de Oxum, uma entidade feminina, seguida por


uma masculina (Xangô).

Gráfico 10. Principais Regentes na Paraíba

Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

No estado da Paraíba, o predomínio é de Oxum, assim como em todo o


nordeste brasileiro.

Gráfico 11. Principais Regentes no Rio Grande do Sul

45
Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

No Rio Grande do Sul, a liderança é de um gerente masculino: Xangô, e um


terceiro regente masculino (Ogum) com pequena diferença para o segundo
regente feminino (Iemanjá) Observamos que o predomínio das lideranças é
feminino. Podemos talvez supor que as qualidades associadas aos Orixás
masculinos sejam mais valorizadas socialmente, em um estado com tradição
de lutas fronteiriças.

Gráfico 12. Principais Regentes em Minas Gerais

46
Fonte: FRANÇA, Banco Global (2012)

Em Minas Gerais, o predomínio é de Oxóssi, seguido de Oxum.

Regência São Paulo - não declarado.

47
SÍNTESE DOS DADOS

As condições de desigualdade social a que estão sujeitas às comunidades de


terreiro são frutos de circunstâncias históricas, culturais e econômicas. Sendo
comunidades majoritariamente negras, foram lançadas historicamente em uma
condição de pobreza e conseqüente preconceito estrutural, inicialmente
causados pela ausência de políticas públicas no período pós libertação do
imenso contigente de escravos no país à época.

A desigualdade social é ainda uma grande dificuldade no planejamento de


políticas públicas de maneira geral, por conta da escala territorial brasileira e de
diferenças locais e regionais. O acúmulo de carências é um elemento que
cristaliza um círculo vicioso de reprodução da pobreza. As próprias
desigualdades sociais acabam por gerar desigualdades de oportunidades e
acesso às políticas dirigidas aos grupos mais vulneráveis, como às
comunidades de terreiro e mesmo o acesso às políticas universais.

Sendo assim, dispor de dados confiáveis e que traduzam de forma regular e


constante as modificações nos territórios onde estão inseridas as comunidades
de terreiro são uma primeira condição para garantir a eficácia das políticas
dirigidas ao setor para diminuir as desigualdades. Quais seriam os dados
essenciais para compreender o universo dos terreiros e suas comunidades?
Apresentaremos no produto 4 proposta metodológica neste sentido.

Algumas caracteristicas são marcantes na estrutura das casas. Fortemente


influenciadas pela cultura africana, a organização dos terreiros é hierárquica,
comunitária e independente. Cada terreiro é um universo em si mesmo.
Terreiros são espaços de acolhimento, de cura, de orientação. São centros de
assistência, formação, saúde e cultura, naturalmente forjados pela herança
cultural africana e pelo abandono histórico. Portanto, qualquer política
desenhada para atender o setor deve contemplar a potencialidade expressa
pelas características intrínsicas a este tipo de organização das casas.

48
O perfil sociodemográfico das lideranças de terreiro é coincidente com os que
vivem em extrema pobreza, segundo os dados do IBGE/PNAD 2009. Também
coincidente, a maior concentração de mulheres nesta situação: negras ou
pardas, com rendimentos de menos de dois salários mínimos, em residências
onde vivem em média entre 4 e 6 pessoas, de baixa escolaridade e idade
média acima dos 55 anos. A maior concentração das piores condições está nas
regiões nordeste e norte, também de acordo com o perfil dos mais vulneráveis
segundo o IBGE.

Os estados que apresentam o maior número de terreiros são Rio Grande do


Sul, Pernambuco e Bahia. Os estados da Bahia e Minas Gerais concentram os
terreiros mais antigos. As piores condições de acesso à água potável e
saneamento básico dos terreiros encontram-se em Pernambuco e Pará. As
melhores, no Rio Grande do Sul e Minas Gerais, apontando desigualdades
regionais profundas. Menos da metade dos terreiros baianos9 tem a situação
legalizada (43,2% com escritura). Observamos a importância de coletar em
estudos futuros os dados fundiários das casas.

49
PARTE 4

Análise contendo recomendações de políticas públicas conformeas


características sociodemográficas das comunidades de terreiro e
questões de gênero, raça e etnia

A. INTRODUÇÃO

Apresentaremos neste produto primeiramente considerações sobre os


principais conceitos utilizados no texto e demais produtos. A seguir uma
faremos a análise dos instrumentos de pesquisa aos quais tivemos acesso,
utilizados nos estudos/inventários descritos nos produtos anteriores, que nos
foram encaminhados após a finalização do comparativo realizado no Produto 2.
Na seqüência serão feitas recomendações sobre tipos de dados a constar em
futuros estudos para o setor, sobre metodologias, e, por último recomendações
de políticas para as comunidades de terreiro.

B. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Abordaremos a seguir algumas questões conceituais que permeiam a análise


desenvolvida neste produto.

Existem diferentes posições, tanto academicamente quanto na atuação dos


movimentos, em relação à compreensão das manifestações religiosas de
origem africana no Brasil. Algumas argumentam a favor das raízes africanas e
outras a favor das afrobrasileiras. Esta divisão reflete-se também no campo de
pesquisa e devem ser observadas pelos pesquisadores. Esta divisão reflete-se
também no campo de pesquisa e devem ser observadas pelos pesquisadores.

No Brasil, as formas atuais de discriminação racial e étnica são menos


explícitas e mais sutis. São expressas pela afirmação de valores igualitários,
mas contraditoriamente, pela oposição à políticas igualitárias, o que é
característico do contexto atual do racismo à brasileira.

50
[...] “Assim uma política de quotas de ingresso na universidade
para minorias raciais é atacada em nome da igualdade de direitos
para todas as pessoas, independente da sua origem.”9

No contexto brasileiro, e especificamente no contexto das comunidades de


terreiro, este aspecto sociocultural nos auxilia a compreender o aumento dos
conflitos violentos produzidos pelas igrejas evangélicas contra os praticantes
das religiões afro-brasileiras. Estas novas formas de discriminação apontam
para a necessidade de utilização de metodologias diferentes das que se
apoiam na distância social e escalas tradicionais. As características próprias de
cada contexto social deverão ser analisadas, em detrimento de uma
abordagem determinada a priori para uma análise correta desta forma atual de
racismo.9

Para execução da consultoria em curso foram disponibilizados: (1) os sites das


instituições para acesso aos estudos realizados em Salvador, João Pessoa,
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Porto Alegre e Recife, encaminhados
via email em 17.04.2012, por Carla Bezerra (SEPPIR), e (2) versão impressa
do inventário no Distrito Federal realizado pelo Iphan, recebido na semana
seguinte. Recebemos em 28.05.2012, da Sra. Luana Arantes (MDS), via sedex,
o banco de dados do estudo das pesquisas realizadas pelo ministerio; e, em
11.06.2012, da SEPPIR, questionário e relatório final da pesquisa da PUC no
Rio de Janeiro. Esgotadas as possibilidades de acesso de mais dados e
instrumentos para execução do trabalho, os produtos foram elaborados com os
insumos disponibilizados.

Observamos que a chamada geral do edital da consultoria solicita


recomendações PARA políticas públicas. Pelo que foi esclarecido pelos
parceiros do Projeto Interagencial Raça e Gênero, após reunião em 03.05.2012
registrada em ata (Anexo I), compreendemos que se esperava da consultoria
contratada como produto final, uma análise comparativa das metodologias
utilizadas nos estudos e modelo básico de metodologia e recomendações

51
sobre dados e instrumentos adequados para suprir informações para
basear políticas públicas destinadas às comunidades de terreiro.

Para suprir parte da carência de insumos, um banco de dados foi elaborado a


partir dos dados disponíveis para elaboração do Produto 3, uma vez que o
descritivo demandava “descrição das características sociodemográficas da
população alvo”. O material produzido possibilitou uma visão geral dos
resultados dos vários estudos realizados.

C. ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS

Os questionários disponibilizados para análise foram os da pesquisa realizada


pelo MDS e o Mapeamento realizado pela PUC/RIO. Anexamos a informação
sobre os dados coletados do estudo a UFBA para complementar a análise.
Faremos a apresentação dos blocos de perguntas dos questionários, seguidos
de comentários.

1. Pesquisa Socioeconômica e Cultural dos Povos e Comunidades


Tradicionais de Terreiros – MDS. Pesquisa realizada em quatro
estados brasileiros.

Foi utilizado para coleta de dados, como instrumento básico de pesquisa, um


questionário de 109 questões (ou 111, se houvesse necessidade de
complementar informações), denominado de “Formulário de Campo”.

Bloco A: Identificação e localização do terreiro

No primeiro bloco, “A” foram lançadas as informações sobre identificação e


localização do terreiro pelo próprio entrevistador. Constavam endereçamento
completo (iniciando pelo estado, e incluindo telefone, email e site), com
indicação de numeração de casas vizinhas dos dois lados, coordenadas
geográficas, e meio de transporte público.

52
Comentários: bloco funciona como página de rosto, de orientação
para o entrevistador.

Bloco B: Dados de identificação do responsável do terreiro

(1) Sexo; (2) Nome completo; (3) Nome-de-santo; (4) Cargo na hierarquia da
casa; (5) Raça/cor (autodefinição); (6) Razão da autodefinição de cor – Idade;
(7) Escolaridade; (8) Naturalidade; (9) Tempo de Residência na cidade; (10)
Profissão; (11) Trabalho atual; (12) Outra ocupação; (13) Renda Mensal; (14)
Participação em programas sociais de transferência de renda; (15)
Religião; (16) Quanto tempo a pratica; (18) Quanto tempo é responsável pelo
terreiro.

Comentários: No item (4), a palavra “cargo” dentro do contexto dos


terreiros seria melhor traduzida por “função”; Item (6) Dado “idade”
consta como sub item de “Razão de autodefinição de cor”, é
recomendável que esteja destacado. Este tipo de questionamento,
logo do início do questionário, pode intimidar o entrevistado – as
razões para a autodefinição de cor podem ter origem em questões
particulares e difíceis para o entrevistado; Item (14) Participação em
programas sociais de transferência de renda; seria interessante
investigar também acesso às políticas universais.

Bloco C: Identificação e caracterização do terreiro

(19) Nome oficial do terreiro; (20) Nome fantasia; (21) Ano de fundação; (22)
Fundador(a) do terreiro; (23) Linha/nação do fundador; (24) Pai/Mãe-de-Santo
do fundador; (25) Linha/nação desta pessoa; (26) Religião do terreiro; (27)
Nação; (28) Outras nações; (29) Regência; (30) Outras regências; (31)
Periodicidade de funcionamento; (32) Número de frequentadores; (33) Três
principais festas; (34) Local das festas; (35) Total de iniciados; (36) Número de
moradores/residentes; (37) Número de residências no mesmo terreno; (38)

53
Adesões de pessoas de outras religiões (sim ou não e qual) ; (39) Migração
para outras religiões (sim ou não e qual).

Comentários: não foram investigadas ações sociais desenvolvidas;


no item (36) nº de residentes – seria interessante investigar número
de moradores fixos e agregados (fato comum nos terreiros) e
também discriminar moradores por faixa etária (um número maior
de crianças, por exemplo, é indicativo de políticas diferenciadas,
etc.). Nos itens (38 e 39) migração de/para outras religiões – seria
interessante investigar o número também. Os itens (36 e 37)
poderiam estar junto das questões fundiárias.

Bloco D. Caracterização da produção e consumo alimentar e


nutricional

(40) Existência de cozinha; (41) Características da cozinha; (42) Equipamentos


da cozinha; (43) Espaço para plantio (s/n); (44) Tamanho; (45) Cultivo; (46) Se
produção do cultivo atende necessidades do terreiro; (47) Criação de animais e
com que finalidade – consumo, ritualística; (48) Espaços fora do terreiro são
utilizados – plantio ou criação; (49) Capacidade de estocagem; (50)
Periodicidade de utilização da cozinha; (51) Quantidade de refeições; (52)
Alimentos mais frequentemente consumidos; (53) Número de responsáveis
pela cozinha; (54) Origem dos recursos para aquisição de alimentos; (55)
Distribuição de alimentos; (56) Periodicidade e tipo – lanche, almoço, etc.; (57)
Destinatários da distribuição; (58) Se quantidade atende demanda; (59)
Recebimento de doações de alimentos; (60) Origem das doações; (61)
Participação em programas/projetos de distribuição de alimentos; (62 – 69)
Avaliação da ação de distribuição de cestas de alimentos pelo governo
federal.

Comentários: Os itens desta seção dizem respeito ao


monitoramento das políticas do MDS. Item (54) o questionário
investiga a origem dos recursos do dirigente e dos recursos para

54
aquisição de alimentos, mas não a origem dos recursos gerais para
manutenção e serviços sociais do terreiro. Existe um erro de edição
após o item (61) em relação ao número das questões e numeração,
mas que não afeta o resultado.

Bloco E. Caracterização física, fundiária e infraestrutural do terreiro

(70) Tipo de imóvel; (71) Regime de propriedade; (72) Quitado; (73) Tipo de
documentação; (74) Conflitos em relação à propriedade; (75) Tributos; (76)
Área total; (77) Área construída; (78) Número de cômodos destinados a fins
religiosos; (79) Principal fonte de abastecimento de água; (80) Freqüência
abastecimento; (81) Destinação ejetos/esgoto; (82) Infraestrutura interna: rede
elétrica, telefone, internet; (83) Tipo de construção casa (alvenaria, etc); (84)
Tipo de telhado; (85) Número de banheiros; (86) Forma de tratamento da água
para beber; (87) Suficiência da estrutura física para desenvolvimento de
atividades religiosas; (88) Presença de recursos naturais no terreiro; (89)
Presença de recursos naturais no entorno; (90) Espaço para fins de
complementação de renda.

Comentários: Item (7) os subitens são confusos – existem duas


respostas que parecem iguais (1 e 2). Questões de identificação e
discriminação estão misturadas - poderiam ser agrupadas em
blocos. Por exemplo: os itens (76 e 77) dizem respeito à tamanho
do imóvel e área construída; o item (78) ao tipo de utilização; os
itens (79) a (83) dizem respeito à infraestrutura do entorno, para
voltar a questões relativas à descrição do imóvel nos itens de (83 a
85) e assim por diante. O item (73) volta a ser questionado na seção
seguinte. Seria interessante verificar neste bloco a destinação das
“entregas de trabalhos” e tratamento dado aos resíduos das
entregas, o que é feito no bloco G. Identificação do entorno.

Bloco F. Caracterização legal do terreiro

55
(91) Registro em cartório; (92) Razão social/pessoa jurídica; (93) Número
CNPJ; (94) Ano de registro; (95) Associações; (96) Títulação de utilidade
pública; (97) Data de início da titulação; (98) Tem isenção de impostos por
conta da titulação; (99) Tipo de divulgação dos trabalhos.

Comentários: A seção “F” poderia vir antes da “E” para


organização dos tipos de informação. A seção “E” termina falando
do espaço físico – faz mais sentido para o entrevistado falar sobre
o entorno depois deste tipo de pergunta, do que falar sobre
documentação (talvez até sair para buscar documentos) e depois
falar do entorno.

Bloco G. Informações sobre o entorno

(100). Acesso ao terreiro - asfaltamento, acessibilidade pessoas com


necessidades especiais; transporte público; (101) Presença e tipos de
nfraestrutura do entorno (serviços públicos); (102) Presença e tipos de
equipamentos de segurança alimentar; (103) Percepção do nível
socioeconômico – medida em escala de 1 a 10; (104) Percepção do nível de
segurança física – medida em escala de 1 a 10; (105) Percepção em
termos de acesso à alimentação – escala de 1 a 10; (106) Atividades
comunitárias desenvolvidas; (107) Utilização de espaços externos para fins
religiosos; (108) Presença de conflito com o entorno; (109) O Sr.(a) já foi vítima
de intolerância/preconceito

Comentários: as questões no item (100) poderiam ser


desmembradas por conta de sua relevância. Transporte público
poderia investigar distância do centro e tipo de transporte (ônibus,
metrô, freqüência, etc.). Este dado já é previamente investigado
pelo próprio entrevistador para a página de rosto e sua própria
referência para dirigir-se ao local. A questão (104) utiliza os termos
segurança e violência juntos – isso pode confundir o entrevistado e
distorcer a resposta. Melhor manter só um dos termos, de

56
preferência “violência”? O tipo de violência também é um dado
bastante relevador da estrutura e interessante de ser investigado.
Item. (105) Pergunta confusa, que pede uma explicação do
entrevistador. Observação: as perguntas que medem percepção
devem preferencialmente ser feitas de forma bastante clara para
evitar a indução de resposta por parte do entrevistador. Item 106 –
seria melhor perguntar sobre atividades “sociais”, uma vez que
atividades religiosas também são “comunitárias”. Os itens de (106
a 108) estão deslocados neste item – talvez para intencionamente
deixar a questão mais sensível sobre intolerância e preconceito
para o final da investigação; Item (107) – a pergunta poderia ser
mais dirigida “para entregas de trabalhos”, uma vez que a rua pode
ser utilizada para as festas do terreiro também. É interessante
perguntar sobre a destinação dos resíduos dos trabalhos, por mais
polêmica que seja a questão.

As questões sobre conflitos são tímidas, se comparadas à extensão


do questionário e investigação sobre outros temas e considerando-
se a relevância da questão. O item (108) é geral – pergunta sobre o
terreiro e no tempo presente, não investiga situações passadas. O
item (109) é individual (dirigente) e mistura as questões de raça/cor
com às de orientação sexual (homofobia). Seria melhor discriminar
e também ampliar para outros adeptos da casa. Também importante
perguntar sobre a resolução ou tentativa de resolução do conflito.
Questionário extenso demais.

2. Pesquisa de mapeamento de casas religiosas de matriz africana –


Rio de Janeiro / PUC/RIO

Comentários: O nome do mapamento limita o seu universo para


casas de matriz africana, sem considerar as possibilidades de
casas afro-brasileiras ou afro-indígenas, o que não parece ter sido a
intenção pelo que se compreende da leitura do Relatório Final.

57
O questionário compõe-se de 16 questões, subdividas em sub-campos que
totalizam 39 dados. O foco da pesquisa parece ter sido o mapeamento por
GPS e a coleta das coordenadas. Dados básicos não foram investigados,
como por exemplo, raça/cor, sexo e idade. Trata-se de um questionário com
questões dirigidas e semi-dirigidas.

Comentários: A divisão em sub-itens numéricos confunde,


embora tenha sido realizada para separar as unidades de
informação. Os dados cadastrais poderiam estar agrupados no
início, ao invés de intercalados com dados de outra natureza. O
formato do questionário, pelo fim que se destina, deveria ser
inteiramente semi-dirigido.

(1) Nome religioso da casa; (1.1) Nome jurídico; (1.2) Divindade patrona;
(1.3) Nação ou denominação; (1.4) Data de fundação da casa;

(2) Nome do respondente; (2.1) Função do respondente;

Comentários: critério de seleção de respondentes não foi


explicitado no relatório.

(3) Nome do responsável religioso da casa; (3.1) Se liderança é a mesma


da fundação; (3.2.) Nome da liderança anterior;

Comentários: faltam os dados básicos: raça/cor, idade e sexo

(4) Endereço completo da casa – (X) Ponto de referência; (4.1) Cep; (4.2)
Bairro; (4.3) Município; (4.4) email ou site; (4.5) Telefone;

(5) É o primeiro endereço desde a fundação; (5.1) Endereço anterior(es);

(6) Autoriza fotografia;

58
(7) Autoriza localização GPS;

(7.1) Nome do ponto;

Comentários: presumimos que seja o ponto de localização GPS.

7.2. Coordenadas; (X) Latitude; (X) Longitude;

8. Realiza algum trabalho social na casa? (8.1) Quais; (8.2) Tem parceria
ou ajuda para desenvolvimento dos trabalhos sociais?; (8.3) Que tipo de
ajuda;

Comentários: uma lista de atividades auxilia o entrevistado a


entender melhor a questão e dar respostas que permitam
tabulação; caso contrário, a classificação se fará segundo
critérios subjetivos. As perguntas são amplas demais – seria
melhor discriminar as parcerias ou participações. Da casa? Dos
adeptos? Programas governamentais? Projetos?

9. O terreno da casa é próprio?

Comentários: questão muito aberta - caso não o seja, existem


várias outras possibilidades que são relevantes: por exemplo, se
é de propriedade do dirigente da casa ou de algum parente,
litígio, uso capião, etc., que poderiam ter sido exploradas,
respostas que são quase uma continuidade natural da primeira
pergunta.

10. A casa é legalizada juridicamente?

11. Tem CNPJ?

59
12. Tem alvará? (12.1) Prefeitura; (12.2) Federação

Comentários: Embora não estejam obrigados por lei, em alguns


casos, a obtenção do álvara permite que as instituições
estabeleçam parcerias com órgãos públicos e recebam benefícios
em forma de isenção fiscal. As federações normalmente atuam
como mediadoras em situações nas quais a casa não possua
alvará. O “alvará religioso” não é exatamente uma licença de
funcionamento, e sim um atestado de filiação à federação ou
associação que poderá intervir e auxiliar a casa/terreiro. A pergunta
sobre formas de associação é interessante para avaliar o nível de
participação em coletivos da casa e do setor.

13. Está filiado a alguma Associação ou Federação? (13.1) Qual?

14. Quantas pessoas frequentam a casa a cada festividade/ritual? (x)


número; 14.1 Quantas pessoas são adeptos religiosos da casa? (x) número

Comentários: são duas respostas diferentes para a pergunta 14 – o


número de frequentadores habituais e o número de participantes
em festas é bem diferente. Além de perguntar sobre os adeptos, é
interessante perguntar o número de pessoas iniciadas (filhos de
santo).

15. Indica outra casa para ser incluída no mapeamento? (dados)

16. A sua casa ou algum dos seus participantes/adeptos foi alvo de alguma
forma de discriminação ou agressão por motivo religioso? Especificar.

Comentários: é interessante investigar o tipo de agressão, o autor e


a resolução/encaminhamento do conflito.

60
Análise Geral: questionário falha na investigação de dados básicos:
raça/cor, sexo e idade.

3. Análise do Relatório Final da Pesquisa realizada pela Pontifícia


Universidade Católica do Rio de Janeiro

O documento a que tivemos acesso “Relatório Final Completo”, datado de agosto de


2011, ressalta as ações de divulgação da pesquisa (24 eventos nacionais e
internacionais e 35 outras atividades com o mesmo propósito); também o número de
orientações acadêmicas realizadas (11), além de três publicações bibliográficas, no
período de maio/2009 a março/2011.
Destaca a importância da elaboração do questionário e acompanhamento da
pesquisa pelo Conselho Griot, formado de lideranças das casas. Segundo o relatório
foram contatadas 847 casas, que foram, em sua maioria, mapeadas. A análise dos
resultados, como informado no email, não consta do relatório e nem no site, pois
será divulgada no livro que está sendo preparado pelas pesquisadoras que
coordenaram o estudo. Como principais achados foram relatados: a concentração de
casas na Baixada Fluminense, a ocorrência de casos de intolerância religiosa em
metade das casas pesquisadas, a confirmação da relevância do trabalho social
realizado pelos terreiros e a tendência a uma territoriedade própria às casas.

Observamos que tanto o estudo quanto o relatório são insuficientes em relação a


dados para elaboração de politicas para o setor. Primeiramente porque maior ênfase
foi dada à divulgação da pesquisa do que à sua finalização. Os resultados da
pesquisa não foram apresentados e serão publicados em livro de autoria das
pesquisadoras que coordenaram o estudo. Em relação à metodologia, informa que a
abordagem foi qualitativa, participativa (presença do Conselho Griot), e que a equipe
de campo foi treinada e consistiu de alunos e estagiários da universidade.

4. Mapeamento dos Terreiros de Salvador – CEAO/UFBA

Observação: como não dispomos do questionário de pesquisa em Salvador,


anexamos abaixo extrato da descrição constante no site.

61
Dados coletados no questionário:
“1) identificação e localização do terreiro (nome, endereço, bairro e código do
logradouro, região administrativa, código de endereçamento postal e telefone); 2)
identificação e caracterização das lideranças religiosas (nome/como é conhecido,
sexo, idade, cor, naturalidade, condição migratória, tempo de residência na Região
Metropolitana de Salvador, tempo à frente do terreiro, escolaridade, profissão e
participação em programas governamentais; 3) caracterização geral do terreiro
(nação, nome e nação dos fundadores, descendência, registro em instituições e
associações representativas, ano de fundação, se é constituído como sociedade
civil, nome da associação, número de associados, valor das contribuições, origem
dos recursos para a manutenção do terreiro, número de pessoas e de famílias
residentes; 4) aspectos religiosos e da hierarquia (principal entidade, número de
filhos/filhas de santo, número de ogãs e tatas, número de equedes e macotas,
número de abiãs, número e origem de novos adeptos e número e destino de ex-
adeptos; 5) atividades religiosas e comunitárias (ciclo e duração dos festejos,
realização de missas e atividades comunitárias; 6) características ambientais
(existência e número de matas, fontes, lagos e árvores); 7) características físicas
(situação do terreno, regime de propriedade, documentação, número e pagamento
de IPTU, regularização da área do terreiro, área do terreiro, variação no tamanho da
área do terreiro, ocorrência de conflitos sobre a propriedade, ocorrência de conflitos
religiosos, ocorrência de conflitos com a vizinhança, número e tipo de cômodos
residenciais e unidades econômicas. Além dessas informações, acrescentamos um
anexo com dados sobre os residentes no terreiro (nome, sexo, idade, cor, posição
na família, escolaridade, profissão, tempo de moradia e renda).”

Comentários: questionário bastante completo. Acrescentaríamos


informações sobre a infraestrutura do entorno do terreiro, forma de
resolução dos conflitos, locais e formas de “entrega de trabalhos”.

62
D. CONSIDERAÇÕES SOBRE METODOLOGIA PARA FUTURAS
PESQUISAS

Antes de dar início às recomendações sobre metodologia recomendada para


pesquisas que busquem contribuir no planejamento de políticas públicas para
as Comunidades de Terreiro são necessários alguns esclarecimentos
conceituais. A maioria dos estudos realizados sobre esta população provem do
campo da antropologia. As recomendações constantes neste produto em
relação aos aspectos metodológicos tem a intenção de orientar sobre dados
importantes à gestão pública, sem a pretensão de abranger o universo
acadêmico, seus interesses e necessidades em relação ao objeto de estudo
em questão.

Entendemos metodologia como um conjunto de procedimentos e regras para


produzir conhecimento, interligada com um enquadramento teórico global.
Técnicas de investigação são os procedimentos operativos e os instrumentos
para produzir dados (questionários, histórias de vida, inquéritos, entrevistas,
etc.), que servirão para compreender os fenómenos.

1. MODELO DE PROPOSTA METODOLÓGICA

A identificação dos dados necessários à compreensão de um determinado


fenômeno social a ser pesquisado é essencial para analisar o tipo de
metodologia que será necessária para obtê-los. Não apenas os dados devem
ser considerados na escolha de uma metodologia, mas também as limitações
contextuais, os recursos disponíveis para realização da pesquisa: por exemplo,
tempo, recursos materiais, humanos, periodicidade da coleta, e outras
limitações.

Dentre as características sociodemográficas das Comunidades de Terreiro


podemos identificar uma acentuada presença de negros, e/ou
afrodescendentes, maior presença feminina e condições socioeconômicas
menos favorecidas das comunidades, sobretudo nas regiões norte e nordeste.

63
Identificam-se situações de conflitos derivados de intolerância religiosa e
possível discriminação racial somada.

Metodologia

Sendo assim, recomendamos que sejam utilizadas metodologias quantitativas


para coleta dos dados sociodemográficos, mas também qualitativas para que
possam ser coletados dados relativos às questões socioculturais que afetam
esta população. A coleta dos dados quantitativos deve também ser realizada
de modo a permitir análises das relações mais complexas.

Ao analisar as vantagens e desvantagens da utilização das metodologias


qualitativa e quantitativa, Gunther, argumenta que não são exclusivas e podem
ser utilizadas em conjunto.

“Uma distinção mais acentuada entre a pesquisa qualitativa e a


pesquisa quantitativa diz respeito à interação dinâmica entre o
pesquisador e o objeto de estudo. No caso da pesquisa
quantitativa, dificilmente se escuta o participante após a coleta de
dados. A reflexão contínua, obviamente, não é específica da
pesquisa qualitativa; deve acontecer em qualquer pesquisa
científica.”

Instrumentos de Coleta de Dados

Para que se possa montar e alimentar um banco de dados a nível nacional das
Comunidades de Terreiro é necessário a coleta de um conjunto de dados
básicos desta população específica. Para garantir a coleta sugere-se que seja
utilizado um questionário básico, que poderá ser complementado de acordo
com as necessidades específicas de cada instituição executora da pesquisa.

As questões relacionadas à situações de violência e/ou intolerância religiosa ou


racial requerem treinamento específico do entrevistador, ou mesmo a utilização
de técnicas mais elaboradas. Respostas como sim ou não podem ser obtidas,
mas não agregam elementos que propiciem uma análise satisfatória do
contexto. Seria interessante a utilização de técnicas como grupos focais ou

64
pesquisa ação, que mobilizariam mais as populações atingidas e iniciando
minimamente um processo de reflexão nas comunidades atingidas.

Estratégias

A utilização de equipes mistas de pesquisadores, integrando membros das


Comunidades de Terreiro, se mostrou em vários estudos uma estratégia
bastante indicada tanto para facilitar o acesso às casas, como para o
empoderamento dos próprios membros das comunidades.

Presença de associações, conselhos, de lideranças religiosas (coletivos) e


gestores locais formando comissões ou comitês também foi outra estratégia
muito bem sucedida por permitir a integração das comunidades com o poder
público e instrumento de facilitação e aproximação das comunidades e do
poder público.

Treinamento da Equipe de Campo

Essencial para a garantia da qualidade dos dados de qualquer pesquisa é o


treinamento da equipe de campo. No caso das Comunidades de Terreiro é
recomendável ainda a elaboração de um glossário de termos, e treinamento
específico cuidadoso para garantir o respeito aos espaços sagrados e seus
instrumentos e práticas ritualísticas.

Monitoramento da Pesquisa

Seria recomendável que pesquisas que contassem com o apoio financeiro


governamental submetessem os instrumentos para apreciação da SEPPIR,
para garantir a inclusão dos dados básicos e adequações necessárias.
Relatórios parciais poderiam ser submetidos quando da realização da
pesquisa, antes da finalização, para acompanhamento da execução.

Garantia da publicização dos resultados

65
As pesquisas que contarem com apoio governamental devem garantir nos
termos de conveniamento a publicização dos resultados e a viabilização de
dados e instrumentos quando solicitadas pelas esferas governamentais. São
apoiadas por recursos públicos e não devem ser utilizadas para outros
propósitos.

Proposta de processo para realização das pesquisas

Propomos abaixo um modelo de ação sequencial, aproveitando todas as


etapas da pesquisa para promover ações, coordenadas e integradas com a
SEPPIR e demais gestores locais, para potencializar os resultados:

1. Divulgação do Projeto de Pesquisa / Plano de Comunicação anterior à


realização da pesquisa para sensibilização das comunidades e combate
ao preconceito na população em geral (interno e externo);

2. Formação de equipes mistas: gestores locais, pesquisadores e membros


das comunidades para romper resistência e garantir a coleta (comissão),
garantir respeito e correta compreensão dos saberes locais;

3. Forma de coleta de dados: utilizar técnicas que possibilitem uma ação


formativa em relação aos temas mais sensíveis;

4. Garantir feedback da evolução e devolutiva dos resultados da pesquisa


para membros das comunidades (povo de santo) e comunidade em
geral.

E. DADOS A SEREM INVESTIGADOS EM FUTUROS ESTUDOS


DIRIGIDOS ÀS COMUNIDADES DE TERREIRO

A primeira pergunta para definição dos dados a serem investigados tem


relação com o(s) problema(s) básico(s) identificados pela população alvo.

66
Considerando-se que, como matéria social, os problemas das comunidades
modificam-se com o contexto histórico cultural, e mesmo mudanças regionais e
locais podem se apresentar. Quais são os problemas básicos que identificamos
nas comunidades de terreiro?

1. Insegurança física e patrimonial motivada pela intolerância religiosa,


racismo e preconceito;

2 Condição de invisibilidade que dificulta a representação política e


demandas por políticas específicas para o setor;

1. Falta de reconhecimento do valor como patrimônio imaterial dos


aspectos culturais das religiões afrobrasileiras9;

4. Vulnerabilidade social dos dirigentes e comunidades – causada por


carências estruturais (educação, saúde, assistência, trabalho, condições
de moradia).

Com base nos problemas identificados, consideramos que seriam úteis ao


planejamento de politicas sociais para o setor o levantamento dos seguintes
dados sóciodemográficos:

1. Dirigentes e residentes: nome, sexo, idade, raça/cor9, religião,


escolaridade, profissão, renda, tempo de moradia no terreiro;

2. Terreiro: nome, razão social, data de fundação, linha, nação, regente

2.1. Estrutura física (tipo e condição da ocupação, telefone e internet)


e fundiária (situação legal)

2.2. Características do terreno

2.3. Renda do terreiro (convênio, doações)

2.4. Participação em políticas governamentais

67
2.5. Ações comunitárias.

3. Infra-estrutura da região: presença de escolas e equipamentos de


saúde, assistência, rede de água/esgoto, transporte.

Seria altamente desejável que fosse investigado o grau de acesso das


comunidades de terreiro às políticas universais e complementares.
Podemos supor, pelas condições socioeconômicas a que estão
submetidas às comunidades, que tenham – assim como outros grupos
em condições de vulnerabilidade social – dificuldades para acessar
mesmo as políticas universais;

4. Conflitos: racismo, sexismo, discriminações de gênero e orientação


sexual.
Por serem de natureza subjetiva, nem sempre são dados fáceis de
serem enunciadas e tão pouco identificados. Recomenda-se a utilização
de técnicas mais sensíveis do que questionários para investigação
destes dados. No caso de utilização de questionários, um rapport
cuidadoso deve anteceder a questão.

F. RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DE POLÍTICAS


PÚBLICAS

Podemos dizer que o objetivo básico de uma política pública é a solução de


problemas sociais. Algumas características estão presentes nas políticas
eficazes9:

1. São focadas no problema;


2. Utilizam-se de metodologia mista9 (qualitativa e quantitativa);
3. São multidisciplinares (consideram os diversos saberes);
4. Realizam o mapeamento do contexto.

68
Ao analisarmos qual seria a relação entre as características presentes em
políticas públicas avaliadas como eficazes e as comunidades de terreiro,
teremos o seguinte paralelo:

1. Identificação do problema: condição de vulnerabilidade social a que


estão sujeitas as comunidades de terreiro. A vulnerabilidade se expressa
em várias áreas: desde a segurança física pessoal dos adeptos e
lideranças até questões resultantes de infraestrutura básica, que
resultam em riscos de agravos à saúde, acesso à políticas universais,
exercício dos direitos políticos, dentre outros.
Ou seja, qual é, ou quais são os problemas das comunidades e
Identificados por quem? Pelos próprios membros, pelo governo, por
organizações atuando no setor? Existem diferenças nas visões de cada
grupo? Como melhor aproveitar as diferentes visões dos problemas para
garantir a eficácia da política?

2. Utilização de metodologia mista (qualitativa e quantitativa): ao


identificarmos os problemas que afetam as comunidades de terreiro para
o planejamento de políticas públicas percebemos que existe a
necessidade de levantamento de dados quantitativos (um censo
nacional dos terreiros, por exemplo), e também da análise dos dados
quantitativos e relações com os aspectos culturais e históricos, onde se
inserem questões como o preconceito, o sexismo, violências de gênero
e condição socioeconômica, que demandam investigações qualitativas.

3. Multidisciplinaridade: diferentes saberes trazem a necessária


complexidade às políticas. As comunidades de terreiro possuem
características que devem ser aproveitadas na elaboração de políticas,
tais como o caráter comunal das casas, a oralidade, o respeito à
natureza e ao alimento, as relações hierárquicas; fatores que são bem
observadas pelos antropólogos e sociólogos. O conhecimento da gestão
pública e análise das possibilidades de execução de propostas são
essenciais.

69
4. Identificação do contexto: algumas características são comuns às
comunidades de terreiro de maneira geral. Mas, as diferenças regionais
e culturais de cada estado da federação sugerem que são necessárias
adaptações locais. Também existem diferenças entre as grandes
linhas/nações, que devem ser observadas, uma vez podem causar
também diferentes resultados para uma mesma política. Ressalta-se
aqui a importância do monitoramento das mesmas, observando inclusive
este item em especial.

Dados a serem levantados para o planejamento das políticas:

1. Aproveitamento dos recursos disponíveis: identificar quais são os


possíveis parceiros locais, comunidades de terreiro, conselhos,
secretarias estaduais e/ou municipais,etc. No caso das comunidades de
terreiro, os recursos são amplos e devem ser considerados no desenho
das políticas. Uma das possibilidades já utilizadas pelas políticas
públicas é o caráter de apoio social e assistencial das casas.

2. Estratégia de Comunicação: é essencial que a política seja conhecida,


bem compreendida, para que seja apropriada pelas comunidades. Mais
uma vez, os próprios membros (além dos planos de divulgação formais)
são importantes elementos para dar visibilidade e credibilidade à
política.

3. Articulação entre esferas de governo: as relações políticas são parte


essencial para um bom resultado das políticas públicas. Embora nem
sempre possível, as ações de uma política tem níveis diferenciados, e
necessidades exigidas desde planejamento adequado e monitoramento,
que só podem aconcecer com a presença dos estados e municípios.

4. Presença de políticas complementares9:

70
Observamos que existem várias possibilidades para desenvolvimento de
políticas integradas com outras áreas de governo para a SEPPIR, que
dependerão da articulação, força política da secretaria e interesse em
comum das partes para que sejam viabilizadas em benefício das
comunidades de terreiro. No momento, a principal ação, segundo a
própria secretaria, é a distribuição de cestas básicas (nota de rodapé).

O esquema gráfico abaixo apresenta a rede de relacionamento estratégico da


SEPPIR com outras secretarias do governo federal e ministérios, apresentando
principalmente os órgãos como os quais já desenvolve, ou possa vir a
desenvolver, ações relacionadas às comunidades de terreiro. Não
detalharemos as possibilidades de desenvolvimento de ações conjuntas neste
produto, porque entendemos que isto já está sendo executado por outra
consultoria. Foram destacados os programas que tem relação com a questão
étnica.

71
REDE DE RELACIONAMENTO ESTRATÉGICO – SEPPIR

PRINCIPAIS PARCEIROS

1. SPM – Secretaria de Políticas para Mulheres


Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
Prevenção e Enfrentamento da Violência contra as Mulheres
Gestão da Transversalidade de Gênero nas Políticas Públicas

2. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome


Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
Gestão da Política de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Acesso à Alimentação
Economia Solidária em Desenvolvimento

72
Transferência de Renda com Condicionalidades - Bolsa Família
Proteção Social Básica
Proteção Social Especial
Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem

3. Ministério da Cultura
Brasil, Som e Imagem
Cultura Afro-Brasileira
Cultura Viva - Arte, Educação e Cidadania
Engenho das Artes
Identidade e Diversidade Cultural- Brasil Plural

4. Ministério da Educação
Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
Garantia e Acesso a Direitos
Brasil Alfabetizado e Educação de Jovens e Adultos
Brasil Escolarizado
Desenvolvimento da Educação Profissional e Tecnológica
Engenho das Artes
Brasil Quilombola
Desenvolvimento do Ensino da Pós-Graduação e da Pesquisa Científica
Educação para a Diversidade e Cidadania
Nacional de Inclusão de Jovens - ProJovem

5. Secretaria Especial dos Direitos Humanos


Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente
Garantia e Acesso a Direitos
Educação em Direitos Humanos
Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa

6. Ministério da Saúde
Brasil Quilombola

73
Implementação Política Promoção da Saúde – Saúde da População Negra.

RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Sugerimos a estruturação do planejamento das políticas públicas dirigidas às


Comunidades de Terreiro a partir de grandes eixos básicos, que teriam como
resultantes os principais problemas identificados nesta população.
/

Grandes Eixos Básicos Resultantes

1. Legalização e regularização 1. Garantia da segurança física e


patrimonial

2. Desenvolvimento políticas de 2. Garantia direitos econômicos


sustentabilidade

3. Ação Política 3. Efetivação políticas integradas


garantia direito alimentar e
nutricional, saúde, habitação e
cultura

4. Jurídico 4. Garantia efetivação marcos


legais e proteção

74
EIXO 1

Campanha nacional de legalização fundiária dos terreiros (fortalecer e ampliar);

EIXO 2

Formações técnicas junto às Comunidades: ampliação da participação das


comunidades nas políticas já existentes e promoção de novas possibilidades
nas próprias comunidades;

EIXO 3

Fortalecimento das parcerias e ampliação da execução com ministérios e


secretarias para garantir direitos das comunidades de terreiro.

EIXO 4

Promover a implementação dos marcos legais já existentes e fortalecer e


ampliar parcerias com instituições de proteção (Defensorias Públicas e
Ministério Público) em todos os estados brasileiros.

RECOMENDAÇÕES PARA TEMAS SENSÍVEIS

Questão Ambiental

A questão ambiental é um forte argumento contra as Comunidades de Terreiro, e


incremento às situações de intolerância religiosa e preconceito. Acreditamos serem
questões merecedoras de atenção do Estado para preparar, mesmo que as futuras
gerações, para mudanças nos rituais de forma a preservar o meio ambiente e
diminuir as tensões com outros grupos da sociedade.

Propostas de preservação do meio ambiente:

1. Curto / Médio Prazo: Espaços verdes reservados no município para


entrega de trabalhos religiosos, que sejam periodicamente recolhidos
pelo serviço de Coleta Pública de Resíduos;

75
2. Médio / Longo Prazo: Utilização de materiais orgânicos e biodegradáveis
nas oferendas. Provavelmente só as novas gerações, após campanhas
educativas se mostrem abertas às inovações nas suas práticas
ritualísticas. A mesma lógica se aplica aos rituais envolvendo animais.

Valorização e preservação dos aspectos culturais

Ações de valorização dos aspectos culturais dirigidas às crianças do terreiro.


Alguns estudos em curso apontam uma rejeição das crianças de terreiro às
práticas religiosas de origem.

1. Resgate junto ás crianças das comunidades de terreiro, na tentativa de


valorizar a própria cultura religiosa, diminuir preconceito e garantir a
continuidade das tradições (Ex.: Dia do “Orgulho do Santo”);

2. Realização de festas abertas à comunidade em geral envolvendo a


participação das secretarias de turismo.

Proteção

Divulgação dos marcos legais sobre o caráter laico do Estado, garantido


constitucionalmente, dirigida a todas as instituições religiosas do País.
Orientação jurídica para Comunidades de Terreiro para buscar defesa legal
junto aos coletivos e individualmente.

RECOMENDAÇÃO DE MODELO BÁSICO DE PESQUISA, METODOLOGIA


E INSTRUMENTOS

OBJETIVOS

Geral: Levantamento nacional de comunidades de terreiro para subsidiar


planejamento de políticas públicas para o setor

76
Específicos:

Investigar

(1) número de terreiros e número da população das comunidades de


terreiros;
(2) dados sociodemográficos básicos das comunidades
(3) dados físicos e fundiários da casa
(4) questões ligadas à intolerância religiosa, racismo, sexismo e demais
discriminações de ordem cultural.

PROCESSO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

Modelo Sequencial

Propomos abaixo um modelo de ação sequencial, aproveitando todas as


etapas da pesquisa para promover ações, coordenadas e integradas com a
SEPPIR e demais gestores locais, para potencializar os resultados:

5. Divulgação do Projeto de Pesquisa / Plano de Comunicação anterior à


realização da pesquisa para sensibilização das comunidades e combate
ao preconceito na população em geral (interno e externo);

6. Formação de equipes mistas: gestores locais, pesquisadores e membros


das comunidades para romper resistências e facilitar o acesso às casas,
garantir respeito aos espaços sagrados e correta compreensão dos
saberes locais;

7. Forma de coleta de dados: utilizar técnicas que possibilitem uma ação


formativa em relação aos temas mais sensíveis;

77
8. Garantir feedback da evolução e devolutiva dos resultados da pesquisa
para membros das comunidades (povo de santo) e comunidade em
geral.

SUGESTÃO DE METODOLOGIA

Recomenda-se que sejam utilizadas metodologias quantitativa e qualitativa.


Observando que a coleta de dados quantitativos deve ser realizada de maneira
a possibilitar a análise qualitativa dos dados, inclusive. Sendo assim,
recomenda-se que os questionários sejam preenchidos durante entrevista, e
entrevista em profundidade seja realizada com o dirigente da casa.
Inicialmente, serão respondidos questionários pelos responsáveis pela unidade
básica da casa: Mãe/Pai de Santo9, Mãe/Pai Pequena(o), Ogan e Ekéde
(quando houver), e a seguir seria realizado Grupo Focal com Filhos(as) de
Santo e Iniciantes (Ebians) para investigar situações relacionadas às questões
de fundo cultural: situações de intolerância religiosa, racismo, machismo e
sexismo. Um segundo Grupo Focal também seria realizado com Mães e Pais
de Santo.

Sugerimos que seja realizado um pré-teste para afinar os instrumentos de


pesquisa.

INSTRUMENTOS/TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS

Aplicação de questionário

Pesquisa em Profundidadade

Realização de Grupos Focais

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DE CAMPO

Recomenda-se que a equipe de campo seja composta de maneira a incluir


pesquisadores que tenham afinidade com as comunidades de terreiro.

78
SUJEITOS

Unidade básica da organização da casa: dirigente (Mãe/Pai de Santo),


Mãe/Pai-Pequena(o), Ogan, Ekéde9.

Comunidade do terreiro: Além da Mãe/Pai de Santo e sua família, é bastante


comum a presença de agregados, uma população flutuante, que permanece
algum tempo no terreiro. Em algumas casas, os agregados fixam residência.

Características da organização dos terreiros:

Os terreiros afrobrasileiros são universos em si mesmos. Normalmente os


terreiros são estabelecidos nas próprias casas dos dirigentes, o que lhes
confere um espaço de autonomia e liberdade. Esta característica, porém,
dificulta as possibilidades de organização em coletivos de terreiros9
(participação em associações, federações, etc). As questões relacionadas ao
monitoramento e fiscalização externos, por exemplo, não são facilmente
aceitas. Também processos que demandem um consenso grupal são
trabalhosos, por conta destas características. Em grande parte das casas, é o
próprio dirigente quem arca com a maior parte das despesas do terreiro, o que
também limita a expansão das atividades das mesmas. As funções não são
remuneradas9 em forma de salário, como em outras organizações religiosas
(pastores, padres, etc.). As atividades são cumpridas por “dever ao santo”. São
organizações que se mantêm por vínculos de solidariedade e voluntarismo.

QUESTIONÁRIO BÁSICO:

Unidade básica: Dirigente, Mãe-Pai Pequena(o), Ogan, Ekéde (quando


houver)

1) Nome completo (caso queiram fazê-lo)

79
2) Nome de santo/iniciático
3) Origem do Santo (por quem foi feita a iniciação, quem “fez” o seu Santo)
4) Sexo
5) Idade
6) Raça/Cor (autoreferida) – obs: deixar campo para observação em caso
de discordância em relação à cor autoreferida e percepção do
entrevistador)
7) Religião: (autoreferida).
8) Escolaridade: (tabela)
9) Formação
10)Ocupação (analisar desvio de função)
11) Renda
12) Percentual da renda destinado à manutenção do terreiro – Pergunta:
“Como você ajuda na manutenção do terreiro?”
13) Tempo de Moradia no Terreiro
14) Beneficiário de políticas públicas compensatórias – quais/quanto tempo
15) Utilização de políticas universais – quais/quanto tempo

Observações: Questões comuns à Unidade Básica dos Terreiros


(questões 1 a 14) - previsão de duração média de meia-hora. A
entrevista com o dirigente seria feita por dois entrevistadores: um
deles registrando e observando e o outro fazendo as perguntas, e teria
duração aproximada de 50 a 60’.

Terreiro: (respondida apenas pelo Dirigente)

16) Nome da casa/terreiro


17) Razão social
18) Endereço completo
19) Data de fundação
20) Tempo de permanência no mesmo local
21) Linha

80
22) Nação
23) Regente
24) Estrutura física (madeira, alvenaria, outros)
25) Acesso à internet
26) Condição fundiária
27) Característica do terreno
28) Infra-estrutura da região: escolas próximas, equipamentos de saúde,
assistência, rede de água/esgoto, transporte
29) Valor médio do metro quadrado para venda na região
30) Renda do terreiro (participação em convênios e doações)
31) Número de moradores fixos e idades
32) Número de agregados (se houver) e idades
33) Número de frequentadores habituais nas giras
34) Número de iniciados - filhos(as) de santo “feitos(as)”
35) Participação em políticas governamentais
36) Participação em associações de terreiros (federação, etc)
37) Ações comunitárias oferecidas pelo terreiro
38) Festas
39) Tratamento dos materiais destinados aos trabalhos
40) Incidentes relacionados a questões de intolerância e/ou preconceitos.

Grupo Focal 1: Na seqüência, e de preferência no mesmo dia, conduzir Grupo


Focal com Iniciados (Filhos(as) de Santo ou Mediuns) e Iniciantes (Abians ou
Mediuns em desenvolvimento), com duração máxima de duas horas, para
discutir o último tópico do questionário com os participantes do grupo. Temas
relacionados à destinação dos dejetos dos trabalhos também poderiam ser
discutidos neste momento, assim como a questão polêmica da utilização de
animais nos rituais, com o propósito específico de sensibilizar para estas
questões.

Grupo Focal 2: Discutir os mesmos temas com dirigentes de diferentes casas.

81
Caso seja possível realizar as pesquisas de maneira regular para alimentar um
Banco de Dados, estes dados seriam um sinalizador importante para introduzir
políticas públicas ambientais para comunidades de terreiro.

Observamos que esta técnica exige um pesquisador com habilidades


específicas, e/ou treinamento especial. O que é buscado como resultado final
de um Grupo Focal é o consenso do grupo sobre um tema específico. O
entrevistador deve ser hábil o suficiente para manter o foco da discussão, mas
ao mesmo tempo não inibir a livre expressão dos participantes.

Roteiro de perguntas semi-dirigidas para Grupo Focal:

1. O que é intolerância religiosa para vocês?


2. Poderiam relatar casos que aconteceram com vocês ou com
conhecidos?
3. Segundo a opinião de vocês, o que provoca este tipo de
comportamento? Qual a causa básica?
4. A questão do destino das entregas dos trabalhos provoca muito
polêmica. Vocês acreditam que exista alguma alternativa que poderia
ser aceita pelos terreiros para esta questão? Quais?
5. E a questão dos sacrifícios de animais?

Recomendação de estrutura para análise dos grupos focais:

Analisar fatores de incidência sobre as questões:

 Macro-estruturais: violação de direitos9 fundamentais, sociais,


econômicos e politicos. Carência ou inadequação de políticas públicas;

 Conjunturais: ações de grupos específicos, situacionais, regionais ou


locais;

82
 Culturais, interpessoais e privados: racismo, sexismo, intolerância
religiosa, preconceitos de classe;

 Institucionais: discriminações ou constrangimentos sofridos em


ambientes institucionais (escola para as crianças, unidades de
assistência ou saúde, etc.).

23.07.2012
Maria Adelina França

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Social. Disponível em: https://www.ufmg.br/inclusaosocial/?p=59.

BOBBIO, N. Igualdade e liberdade. Tradução Carlos Nelson Coutinho, 5 ed.


Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

CAMINO, L. A Face Oculta do Racismo no Brasil: uma Análise


Psicossociológica. Disponível em:
http://www.fafich.ufmg.br/psicopol/pdfv1r1/Leoncio.pdf

GUNTHER, H. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa. Psicologia:


Teoria e Pesquisa . Universidade de Brasília. Mai-Ago 2006, Vol. 22 n. 2, pp.
201-210

IPEA. Políticas Sociais: acompanhamento e análise, Brasília, n. 16, 2008.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE Á FOME –


MDS Secretaria Nacional de Renda de Cidadania. Relatório de Gestão 2011

_____________ Alimento: Direito Sagrado, 2011. Acessível em::

NERI, M. Novo Mapa das Religiões. Fundação Getúlio Vargas. Fundação


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OLIVEIRA, F. Ser Negro no Brasi: Alcances e Limites. Artigo Scielo. Disponível:


http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142004000100006&script=sci_arttext

83
PINA et al, 2011. Relatório Final, p. 26 (Documento Interno – SEPPIR)

PEREIRO, X. Apontamentos de Antropologia Cultural. Universidade de Trás-


os-Montes e Alto Douro-UTAD.

PRANDI, R. Os candomblés de São Paulo : a velha magia na metrópole nova.


São Paulo : HUCITEC: Editora da Universidade de São Paulo, 1991.Disponível:
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ROSENBERG, F. O branco do IBGE continua branco na ação afirmativa. Artigo


Scielo. Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-

SEPPIR – Relatórios de Gestão – 2010/2011 Disponível:


http://www.seppir.gov.br/relatorios-de-gestao. Acesso: 15.06.2012

SKIDMORE, T. E. Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento.


Companhia
das Letras: São Paulo, 2012.

Sites:
www.ipea.gov.br
www.seppir.gov.br
www.ibge.gov.br
http://www.planejamento.gov.br/
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/
http://www.mec.gov.br/
http://www.mds.gov.br/

84
ANEXOS

Anexo I

Ata de Reunião - Consultoria “Mapeamento de Terreiros” – IC 0091/2012

Local: SEPPIR

Data/horário: 03.05.2012 – 10h00 / 12h00

Participantes: Prof. Silvany Euclênio Silva, Bárbara Oliveira (SEPPIR), Paulo e


Desireé (Iphan), Luis Fujiwara (Projeto Interagencial), Juliana W. B. dos Santos
(PNUD) e Maria Adelina França (consultora).

Pauta:

(1) Apresentação dos parceiros à consultora

(2) Levantamento de expectativas e necessidades dos parceiros do Projeto


Interagencial em relação ao produto final da consultoria

(3) Esclarecimento dos objetivos da consultoria

(4) apresentação de primeios esboços dos produtos 1 e 2 pela consultoria.

Tópicos discutidos:

 Foco da consultoria:
(1)analisar metodologias utilizadas nos estudos para proposição de
metodologia básica para levantamento de dados que possam dar
suporte às políticas públicas para o setor;
(2) análise crítica dos estudos/instrumentos para oferecer feed-back aos
executores.

 Características da proposta metodológica esperada:


(1)presença de núcleo central básico estrutural , mas que permita coleta
de dados para necessidades específicas de diferentes áreas de governo;

(2) ênfase nas necessidades da gestão pública para comunidades de


terreiro;

(3) valorização das possibilidades características/especificidades do


segmento estudado para potencializar políticas públicas;

85
(4) respeito às diferenças regionais e locais.

 Dificuldades apontadas pelos participantes em relação às pp


vigentes/gestão pública
(1) Transversalidade / articulação intersetorial
(2) Comunicação para setores específicos
(3) Gestão não contempla especificidades da população alvo
(4) Políticas que não contemplam necessidades ambientais
(5) Acolher demandas das bases
(6) Multiplicidade de conceitos.
 Encaminhamentos:

ENCAMINHAMENTOS:

1) Bárbara – posicionamento sobre andamento das pesquisas PUC/Rio e


São Luis do Maranhão, disponibilização base de dados estudo MDS.
2) Paulo – Possibilidades de disponibilizar base de dados Iphan.
3) Prazo: 07.05.2012.

(3) Esclarecimento dos objetivos da consultoria

(4) apresentação de primeios esboços dos produtos 1 e 2 pela consultoria.

Tópicos discutidos:

 Foco da consultoria:
(1)analisar metodologias utilizadas nos estudos para proposição de
metodologia básica para levantamento de dados que possam dar
suporte às políticas públicas para o setor;
(2) análise crítica dos estudos/instrumentos para oferecer feed-back aos
executores.

 Características da proposta metodológica esperada:


(1)presença de núcleo central básico estrutural , mas que permita coleta
de dados para necessidades específicas de diferentes áreas de governo;

(2) ênfase nas necessidades da gestão pública para comunidades de


terreiro;

(3) valorização das possibilidades características/especificidades do


segmento estudado para potencializar políticas públicas;

86
fundamental. Os atos de intolerância em sua maioria são provenientes de adeptos de
religiões evangélicas.

(4) respeito às diferenças regionais e locais.

 Dificuldades apontadas pelos participantes em relação às pp


vigentes/gestão pública
(7) Transversalidade / articulação intersetorial
(8) Comunicação para setores específicos
(9) Gestão não contempla especificidades da população alvo
(10) Políticas que não contemplam necessidades ambientais
(11) Acolher demandas das bases
(12) Multiplicidade de conceitos.
 Encaminhamentos:

ENCAMINHAMENTOS:

4) Bárbara – posicionamento sobre andamento das pesquisas PUC/Rio e


São Luis do Maranhão, disponibilização base de dados estudo MDS.
5) Paulo – Possibilidades de disponibilizar base de dados Iphan.
6) Prazo: 07.05.2012.

87

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