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SUMÁRIO
03 DIREITO PENAL
Profa. Nádia Saab
56 DIREITO CIVIL
Profa. Mariana Rubini
97 DIREITO ELEITORAL
Profa. Mariana Rubini
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DIREITO PENAL
PROF. NÁDIA SAAB
1 - QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
III - contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio,
quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.
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artigo 7º, inciso II do Código Penal, de forma que, estão sujeitos à lei brasileira, embora praticados
em território estrangeiro, os crimes:
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena e;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável .
a) negativa de extradição e;
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respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
2 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Dessa forma, o crime de prevaricação tipificado no artigo 319 do Código Penal, assim
como os demais delitos funcionais, são normas penais em branco homovitelíneas, porquanto
integram a mesma estrutura normativa do conceito de funcionário público previsto no artigo
327 do Código Penal.
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homovitelínea.
3 – QUESTÃO
Acerca do conceito de conduta para fins penais, assinale a opção correta, considerando a
diversidade de teorias existentes sobre o tema.
a) Para a concepção clássica, representada pela teoria causal-naturalista, a ação típica deve
ser concebida como um ato de vontade, dirigido a uma finalidade determinada.
b) Para a teoria causal-valorativa, permanece intacta a concepção clássica de conduta, porém,
ao contrário da teoria causal-naturalista, a tipicidade não constitui elemento autônomo em
relação à antijuridicidade, pois toda ação é tipicamente antijurídica.
c) Para a teoria finalista, o conceito de conduta corresponde ao movimento corporal
voluntário que produz uma modificação no mundo exterior, eis que a finalidade visada pela
ação constitui elemento da culpabilidade.
d) De acordo com a concepção funcionalista de Jakobs, conduta é o comportamento humano
voluntário, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado.
e) De acordo o funcionalismo teleológico, idealizado por Roxin, conduta é o comportamento
humano voluntário, violador do sistema, frustrando as expectativas normativas mínimas.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
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desenvolvida por Von Liszt e Beling no final do século XIX (apogeu do positivismo científico),
a ação humana consiste no movimento corporal voluntário que produz uma modificação no
mundo exterior. A vontade é despida de conteúdo (finalidade visada pela ação), que figura na
culpabilidade. Assim, o tipo penal é composto apenas por elementos objetivos, de forma que os
aspectos subjetivos se encontram na culpabilidade.
4 - QUESTÃO
a) Com intenção de matar, “A” ministra veneno na refeição de “B”, porém, antes de produzir
o efeito letal, “B” morre em virtude de um colapso cardíaco. “A” responderá por homicídio
consumado.
b) Com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B” (portador de hemofilia), que vem a
falecer em consequência dos ferimentos, aliados ao seu estado de saúde. “A” responderá por
tentativa de homicídio.
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c) Com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B”, ferindo-o na região abdominal. Um
terceiro impede que “A” prossiga na execução e “B” é levado até o hospital, onde vem
a falecer em virtude de ter contraído broncopneumonia durante o tratamento, por força
do seu precário estado de saúde, decorrente dos ferimentos produzidos pela conduta do
agente. “A” responderá por homicídio consumado.
d) Com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B”, ferindo-o na região abdominal. Um
terceiro impede que “A” prossiga na execução e “B” é levado até o hospital, onde vem a falecer
em virtude dos ferimentos decorrentes de um desabamento. “A” responderá por homicídio
consumado.
e) Com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B”, ferindo-o na região abdominal. Um
terceiro impede que “A” prossiga na execução e “B” é socorrido por uma ambulância. No
trajeto para o hospital, o veículo se envolve em um acidente de trânsito, em virtude do qual
“B” sofre graves ferimentos na cabeça que, por si só, causam a sua morte. “A” responderá por
homicídio consumado.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
Portanto, se com intenção de matar, “A” ministra veneno na refeição de “B”, porém,
antes de produzir o efeito letal, “B” morre em virtude de um colapso cardíaco. “A” responderá por
tentativa de homicídio, pois o evento morte decorre de causa superveniente absolutamente
independente em relação à conduta do agente (colapso cardíaco), que rompe o nexo causal e
resulta apenas na imputação dos atos efetivamente praticados.
Assim, se com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B” (portador de hemofilia),
que vem a falecer em consequência dos ferimentos, aliados ao seu estado de saúde. “A”
responderá por homicídio consumado, pois a morte da vítima resulta de causa preexistente
relativamente independente em relação à conduta do agente (hemofilia).
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Alternativa C: Conforme se infere do disposto no artigo 13, § 1º do Código Penal,
quando a causa superveniente relativamente independente não produz, por si só, o resultado,
este será imputado ao agente, pois está na mesma linha de desdobramento natural da sua
conduta.
Dessa forma, se com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B”, ferindo-o na região
abdominal; um terceiro impede que “A” prossiga na execução e “B” é levado até o hospital, onde
vem a falecer em virtude de ter contraído broncopneumonia durante o tratamento, por força do
seu precário estado de saúde, decorrente dos ferimentos produzidos pela conduta do agente.
“A” responderá por homicídio consumado, pois a enfermidade contraída pela vítima constitui
causa preexistente relativamente independente em relação à conduta do agente que não
produz, por si só, o resultado.
Assim, se com intenção de matar, “A” desfere facadas em “B”, ferindo-o na região
abdominal; um terceiro impede que “A” prossiga na execução e “B” é levado até o hospital, onde
vem a falecer em virtude dos ferimentos decorrentes de um desabamento. “A” responderá por
tentativa de homicídio, pois os ferimentos decorrentes do desabamento constituem causa
superveniente relativamente independente que, por si só, produziu o resultado morte; porém o
agente responderá pelos atos anteriormente praticados, eis que o homicídio não se consumou
por circunstâncias alheias à sua vontade.
5 - QUESTÃO
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da norma penal está condicionada ao início dos atos executórios.
b) Considerando que o Código Penal adotou a teoria da acessoriedade limitada no tocante
à natureza jurídica da participação, a desistência voluntária não se comunica ao partícipe.
c) O crime falho é compatível com os delitos formais e unissubsistentes.
d) Por força da teoria subjetiva, os delitos de atentando ou empreendimento não admitem
tentativa.
e) O crime impossível por absoluta impropriedade do objeto configura delito putativo por
erro de tipo.
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
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executório.
Porém, na verdade tais delitos admitem tentativa, tanto que o próprio legislador
prevê na descrição da conduta típica a forma tentada. O que não admitem, pois, é a incidência
da causa de diminuição de pena comum à tentativa, pois representam uma exceção à teoria
objetiva.
6 - QUESTÃO
a) Por força da teoria da ratio essendi, adotada pelo Código Penal, a dúvida fundada acerca
de causa excludente da ilicitude enseja a absolvição do réu.
b) O consentimento do ofendido ou do seu representante legal exclui a ilicitude de crime
voltado à tutela de bem jurídico disponível.
c) A prática de crime permanente ou habitual em situação justificante caracteriza estado de
necessidade.
d) Denomina-se legítima defesa sucessiva a reação do agressor contra a repulsa excessiva da
vítima.
e) A instalação de ofendículos caracteriza estado de necessidade e, quando acionados,
legítima defesa preordenada.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
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de causa excludente da ilicitude. Assim, a dúvida enseja a condenação do réu, exceto se fundada,
quando configura fundamento para a absolvição, nos termos do artigo 386, inciso VI do Código
de Processo Penal.
Não se confunde, todavia, com a legítima defesa sucessiva que consiste na reação do
agressor contra a repulsa excessiva da vítima. Em outras palavras, o inicial agressor passa a ser o
agredido, uma vez que a repulsa excessiva caracteriza agressão injusta.
Por outro lado, para a teoria da tipicidade conglobante desenvolvida por Zaffaroni,
enquanto não acionado, o mecanismo constitui fato atípico. A mesma conclusão decorre
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da teoria da imputação objetiva, pois, para Roxin, a instalação de ofendículos não cria riscos
proibidos, mas permitidos pelo ordenamento jurídico.
7 – QUESTÃO
a) De acordo com a teoria limitada da culpabilidade o erro que recai sobre os pressupostos
fáticos de uma descriminante configura erro de proibição.
b) O conhecimento do agente acerca do caráter ilícito do fato é aferido a partir do critério do
homem médio.
c) O erro de proibição inescusável constitui causa excludente da culpabilidade.
d) O erro de subsunção configura erro de tipo e, portanto, causa excludente da tipicidade.
e) De acordo com a teoria normativa pura somente o erro de proibição inevitável constitui
causa excludente da culpabilidade.
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Ou seja, não se exige que o agente tenha conhecimento da norma penal, mas apenas
discernimento entre o certo e o errado, de acordo com a sua capacidade de compreensão.
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acerca da ilicitude do fato, cuja consciência depende tão somente do esforço da inteligência ou
da experiência comum. Trata-se, nos termos do artigo 21, parágrafo único do Código Penal, de
causa de diminuição de pena.
O erro de proibição escusável (inevitável), por sua vez, ocorre quando o agente, em
virtude das circunstâncias, não tem consciência do caráter ilícito do fato nem pode obtê-la.
Portanto, apenas esta modalidade constitui causa excludente da culpabilidade porque isenta o
agente de pena.
Por outro lado, para a teoria normativa pura, de inspiração finalista, o dolo (natural)
e a culpa integram o fato típico e a culpabilidade remanesce com os seguintes elementos: a)
imputabilidade; b) potencial consciência da ilicitude e; c) exigibilidade de conduta diversa.
Portanto, considerando que a consciência da ilicitude é potencial, somente o erro de proibição
inevitável constitui causa excludente da culpabilidade.
8 - QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa B
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COMENTÁRIOS:
Nesse contexto, diverge a doutrina quanto à solução penal para o caso: a) cada um
dos autores responde pelo resultado final, na forma do artigo 13 do Código Penal; b) cada
concorrente responde pela conduta praticada, nos limites do risco criado e não pelo resultado
final e; c) haverá crime impossível para todos os agentes.
As contribuições socialmente neutras, por sua vez, afastam a tipicidade, pois não há
criação de um risco proibido, mas tão somente o exercício de atividade lícita que não determina
a produção do resultado. A título de exemplo, o padeiro que vende pão para o marido envenenar
a sua esposa, mesmo ciente desta finalidade, não responderá pelo crime de homicídio, nem
mesmo na condição de partícipe, se não contribuir de outra forma para a consumação do delito.
Por outro lado, considera-se autor mediato aquele que utiliza pessoa não culpável
ou que atua sem dolo, como instrumento para a execução do fato criminoso. Portanto, a Teoria
do Domínio da Organização não representa propriamente uma hipótese de autoria mediata,
porquanto o executor neste caso é igualmente culpável.
Alternativa E: Autor intelectual é aquele que planeja a ação delituosa, ainda que
não pratique nenhum ato de execução dos delitos planejados. Trata-se, pois, do sujeito que
promove e organiza a cooperação no crime, ou dirige a atividade dos demais agentes (artigo
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62, inciso I do Código Penal).
Logo, para a teoria objetivo-formal adotada pelo Código Penal, o autor intelectual
figura como partícipe na empreitada criminosa, pois não pratica nenhum comportamento
típico. Ao contrário, de acordo com a teoria do domínio do fato, o autor intelectual detém o
controle da ação delitiva e, por tal razão, responde como coautor do delito executado pelos
demais agentes.
9 – QUESTÃO
a) Cinco anos após o cumprimento ou a extinção da pena, a condenação não prevalece para
fins de reincidência ou maus antecedentes, por força do sistema da temporariedade.
b) Havendo concurso entre a agravante genérica da reincidência e a atenuante da confissão
espontânea, prevalece a primeira porque preponderante.
c) Compensam-se a agravante genérica da violência doméstica e familiar contra a mulher
com a atenuante da confissão espontânea, pois ambas são preponderantes.
d) É admitida a aplicação de pena e medida de segurança ao semi imputável pela prática do
mesmo crime.
e) É vedada a aplicação de pena e medida de segurança pela prática de crimes distintos,
quando verificada a inimputabilidade do réu no momento da prática do segundo crime.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
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do HC 119.200, no sentido de que se a condenação anterior não tem efeito de reincidência
em virtude do transcurso do lapso temporal previsto em lei, também não prevalecerá para fins
de maus antecedentes, com fundamento no direito ao esquecimento, corolário da dignidade
humana (artigo, 3º, inciso I da CF).
Com fundamento neste dispositivo legal, para o STJ, é possível a compensação entre
a agravante genérica da reincidência e a atenuante da confissão espontânea, pois ambas são
preponderantes, eis que a confissão revela traço da personalidade do agente, indicando o seu
arrependimento (REsp 1.341.370).
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cumprimento da pena privativa de liberdade remanescente. No caso, não há violação ao sistema
unitário, pois tratam-se de sanções aplicadas em virtude da prática de delitos diferentes.
10 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
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Todavia, nada impede, a execução da decisão no juízo cível para fins de reparação dos danos
causados pela prática da infração penal.
11 - QUESTÃO
Considere a seguinte situação hipotética: João, pai de Clarice, menor de 14 anos de idade,
grávida do namorado, conduz sua filha até o médico e autoriza a realização do aborto, em
concordância com a gestante. O fato narrado constitui:
a) Aborto humanitário.
b) Aborto terapêutico.
c) Crime de autoaborto.
d) Crime de aborto sem o consentimento da gestante.
e) Crime de aborto com o consentimento da gestante.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
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constitui fato atípico.
12 - QUESTÃO
No tocante aos crimes contra o patrimônio, assinale a opção correta, de acordo com a
jurisprudência dos Tribunais Superiores.
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Assim, em princípio, coisas de uso comum não são passíveis de subtração. Todavia,
quando objeto de exploração econômica por terceira pessoa, a subtração constitui crime de
furto, tal como ocorre, a título de exemplo, com o desvio de água encanada pertencente à
concessionária de serviço público.
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Alternativa B: Prevalece na doutrina e na jurisprudência que a majorante do repouso
noturno aplica-se às formas qualificadas do crime de furto, pois são circunstâncias diversas, que
incidem em momentos diferentes de aplicação da pena (STJ, HC 306450).
Dessa forma, a destruição do bem roubado não é imputada ao agente, pois constitui
fato posterior à consumação do delito de roubo, não punível em razão da objetividade jurídica
comum e da identidade de sujeito passivo.
13 - QUESTÃO
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a) Corrupção passiva.
b) Concussão.
c) Peculato eletrônico.
d) Excesso de exação.
e) Prevaricação.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
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subjetivo específico está diretamente relacionado à pessoa do funcionário público, razão pela
qual a exclusão desta elementar, outrossim, resulta na atipicidade do fato.
14 – QUESTÃO
Considerando os crimes previstos na Lei de Drogas, assinale a opção correta, de acordo com
a jurisprudência do STJ.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
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Alternativa B: A tipificação do delito previsto no artigo 35 da Lei de Drogas pressupõe
a associação estável e permanente, de no mínimo 2 (duas) pessoas, para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, delitos relacionados ao tráfico de entorpecentes. Dentre os associados,
é comum a presença de um agente menor de idade ou não identificado, o que, todavia, não
impede a punição dos demais membros do grupo.
Nesse contexto, de acordo com o entendimento do STJ, ainda que o réu comprove
o exercício de atividade profissional lícita, se, de forma concomitante, se dedicava a atividades
criminosas, não terá direito à causa especial de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º da
Lei de Drogas. Isso porque, o dispositivo legal não exige que a dedicação ao crime seja exclusiva
(REsp 1.380.741).
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15 – QUESTÃO
No tocante aos crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro, assinale a opção correta,
considerando, inclusive, a jurisprudência dos Tribunais Superiores sobre o tema.
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Portanto, o crime de racha, seja pela pena máxima em abstrato, seja pelo disposto no
dispositivo legal em análise não constitui, em nenhuma hipótese, infração de menor potencial
ofensivo.
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configuração dos crimes culposos. Portanto, na primeira de dosimetria da pena, tal circunstância
não pode ser considerada para aferir a culpabilidade do agente que pratica crime de lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor, sob pena de bis in idem (AgRg no HC 153549).
Com efeito, a pena do crime de homicídio culposo será majorada se o agente não
possui Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação (artigo 302, § 1º, inciso I do CTB). Todavia,
tal circunstância não compreende a hipótese em que o condutor possui habilitação vencida.
Portanto, entendimento em sentido contrário, resultaria em ofensa ao princípio da taxatividade
e aplicação da analogia in malam partem (HC 226.128).
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal,
à vítima do acidente;
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROF. NÁDIA SAAB
16 - QUESTÃO
Acerca do inquérito policial, assinale a opção correta, conforme a jurisprudência dos Tribunais
Superiores.
a) Nos crimes de ação penal pública, a autoridade policial pode promover a instauração de
inquérito policial com fundamento em delação apócrifa.
b) A autoridade policial pode indeferir requerimentos patrocinados pelo indiciado ou
pela vítima, exceto a realização do exame de corpo de delito para fins de comprovação da
materialidade de crime transeunte.
c) O inquérito policial instaurado para apurar crimes previstos na Lei de Drogas deve
ser concluído no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias, no caso de acusado preso, e 60
(sessenta) dias, quando solto.
d) Eventuais irregularidades do inquérito policial não ensejam a nulidade da ação penal,
exceto se negado ao advogado o direito de participar do depoimento prestado pelo
investigado.
e) O arquivamento do inquérito policial em virtude do reconhecimento de causa extintiva
da punibilidade faz coisa julgada material, inclusive quando fundado em certidão de óbito
falsa.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
Nos crimes de ação penal pública, o inquérito policial pode ser iniciado de ofício,
mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
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ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo (artigo 5º, incisos I e II do CPP).
Delação apócrifa é sinônimo de denúncia anônima que, por si só, não autoriza a
instauração de inquérito policial. Portanto, de acordo com o entendimento do STF, a autoridade
policial deve realizar investigações preliminares e, somente se confirmada a credibilidade das
informações, proceder à instauração formal do procedimento investigatório (HC 108.147).
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Todavia, de acordo com o entendimento dos Tribunais Superiores, a decisão que
determina o arquivamento do inquérito policial fará coisa julgada material se proferida com
fundamento na atipicidade do fato, em causa excludente da ilicitude, da culpabilidade ou
extintiva da punibilidade, salvo, neste último caso, quando fundada em certidão de óbito falsa
(STF, HC 79.359).
17 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Alternativa A: Para definir o juízo competente para processar e julgar crimes praticados
contra agência dos Correios, é preciso diferenciar agência própria, franqueada e comunitária.
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os Correios e assumem todos os riscos da atividade.
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órgão federal.
18 - QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
Questão prejudicial não devolutiva é aquela que deve ser apreciada no próprio
juízo criminal. Corresponde, pois, às questões prejudiciais homogêneas. A questão prejudicial
devolutiva, por sua vez, subdivide-se em: a) absoluta: obrigatoriamente deve ser analisada por
um juízo extrapenal, porquanto relacionada ao estado civil das pessoas (artigo 92 do CPP) e; b)
relativa: eventualmente podem ser apreciadas por um juízo extrapenal, pois relativa à matéria
diversa do estado civil das pessoas (artigo 93 do CPP).
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Nesse contexto, dispõe o artigo 93 do Código de Processo Penal:
Por tal razão, o despacho que denega a suspensão do processo penal para resolução
de questão prejudicial devolutiva relativa é irrecorrível (artigo 93, § 2º do CPP). Ao contrário,
quando determinada a paralisação do feito para tal finalidade é cabível a interposição de recurso
em sentido estrito (artigo 581, inciso XVI do CPP).
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do CPP).
19 - QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa B
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COMENTÁRIOS:
20 - QUESTÃO
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imprescindível para as investigações.
c) Será admitida a decretação da prisão preventiva para fins de identificação criminal, se
imputada ao acusado a prática de crime doloso, cuja pena máxima privativa de liberdade
seja superior a 4 (quatro) anos.
d) A prisão domiciliar, como medida substitutiva da prisão preventiva, pode ser deferida em
favor de acusado indispensável aos cuidados de filho menor de 12 (doze) anos de idade.
e) Não é cabível a aplicação do benefício da detração penal, em processos distintos, quando
o delito pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido praticado antes da segregação
cautelar.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
Com efeito, considerando que a prática do crime previsto no artigo 28 da Lei de Drogas
não resulta na aplicação de pena privativa de liberdade, o usuário apreendido em flagrante
não poderá ser recolhido ao cárcere. Pelo mesmo motivo, afigura-se inviável a incidência das
medidas cautelares diversas da prisão previstas no Código de Processo Penal, cuja aplicação
pressupõe, essencialmente, a cominação de pena privativa de liberdade ao delito (artigo 283, §
1º do CPP).
Como o próprio nome sugere, a prisão temporária tem prazo determinado de duração,
qual seja, 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada
necessidade (artigo 2º da Lei 7960/89). Contudo, tratando-se de crimes hediondos e equiparados,
tal como o delito de epidemia com resultado morte, a segregação cautelar pode perdurar por
até 30 (trinta) dias, igualmente prorrogáveis por igual período, quando imprescindível para as
investigações artigo 2º, § 4º da Lei 8072/90).
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Alternativa C: A prisão preventiva constitui espécie de prisão cautelar, decretada de
ofício pelo juiz, se no curso da ação penal, ou mediante representação da autoridade policial ou
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, sempre que presentes os
requisitos legais do artigo 313 e os pressupostos do artigo 312, ambos do Código de Processo
Penal, e desde que inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (artigo
319 do CPP).
De acordo com o disposto no artigo 313, parágrafo único do Código de Processo Penal,
é admitida a decretação da prisão preventiva para fins de identificação criminal do investigado.
Nesta hipótese, o legislador não faz qualquer referência à quantidade de pena cominada ao
delito, de sorte que é cabível a segregação cautelar do acusado, ainda que a pena máxima do
crime não seja superior a 4 (quatro) anos.
Referido dispositivo legal foi alterado pelo Estatuto da Primeira Infância (Lei 13257/16),
para incluir mais duas hipóteses, além daquelas previstas originariamente pelo legislador.
Portanto, de acordo com a atual redação, a prisão domiciliar, como medida substitutiva da
prisão preventiva, pode ser deferida em favor de acusado indispensável aos cuidados de filho
menor de 12 (doze) anos de idade.
21 – QUESTÃO
a) A instrução preliminar deve ser concluída no prazo de 120 (cento e vinte) dias.
b) A decisão de impronúncia é uma decisão interlocutória mista terminativa que não faz
coisa julgada material, de sorte que, enquanto não extinta a punibilidade, o Ministério
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Público pode oferecer nova denúncia com fundamento em prova inédita.
c) Determinado o desaforamento, o processo será remetido para a comarca mais próxima
da mesma região, admitido o reaforamento, se superadas as razões que ensejaram o
deslocamento da competência.
d) Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade, não serão
considerados para a constituição do número legal necessário para a realização da sessão.
e) Ao proferir sentença, o juiz presidente poderá considerar todas as circunstâncias agravantes
ou atenuantes relacionadas ao fato, ainda que não alegadas nos debates.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
O procedimento especial dos crimes dolosos contra a vida deve ser analisado a
partir da visão estrutural de procedimento bifásico. A primeira fase, denominada juízo de
admissibilidade (judicium accusationis), destina-se à formação de lastro probatório suficiente
acerca da autoria e materialidade do delito. A segunda fase, por sua vez, denominada juízo de
mérito (judicium causae), consiste no julgamento do acusado pronunciado pelo Conselho de
Sentença, composto por juízes leigos, sob a presidência do juiz togado.
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Processo Penal, nada impede que, enquanto não extinta a punibilidade, o Ministério Público
ofereça nova denúncia com fundamento em prova inédita, ante a ausência de coisa julgada
material.
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22 - QUESTÃO
a) No âmbito do Tribunal do Júri, caso o julgamento seja anulado em sede de recurso exclusivo
da defesa, a proibição de reformatio in pejus vincula a decisão do Conselho de Sentença.
b) Não há reformatio in pejus quando o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, desclassifica
delito contra o patrimônio para crime contra a Administração Pública.
c) O instituto da mutatio libelli pode ser invocado pelo órgão jurisdicional de segunda
instância, no exercício de competência recursal, para atribuir nova definição jurídica ao fato
criminoso.
d) Decisão monocrática proferida pelo Ministro Relator no âmbito dos Tribunais Superiores,
em recursos ou ações originárias que versem sobre matéria penal ou processual penal, é
recorrível mediante a interposição de agravo interno, no prazo de 15 (quinze) dias.
e) São cabíveis embargos infringentes e de nulidade, no âmbito do processo penal, em face
de decisões não unânimes proferidas no julgamento de apelação ou recurso em sentido
estrito, quando for o acusado sucumbente no tocante à matéria objeto da divergência.
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
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meramente patrimoniais, a progressão de regime está condicionada à reparação do dano
causado, o que resulta na imposição de uma condição mais gravosa ao réu (HC 121.089).
Por outro lado, o instituto da mutatio libelli não pode ser invocado pelo órgão
jurisdicional de segunda instância, no exercício de competência recursal, para atribuir nova
definição jurídica ao fato criminoso, sob pena de supressão de instância e violação ao princípio
do duplo grau de jurisdição.
Todavia, o artigo 1070, inserido nas disposições finais e transitórias do Novo Código
de Processo Civil, estabelece que qualquer recurso de agravo previsto em lei ou em regimento
interno de tribunal, contra decisão do relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal,
deve ser interposto no prazo de 15 (quinze) dias.
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23 - QUESTÃO
Considere a seguinte situação hipotética: Juarez foi condenado a uma pena de 12 anos de
reclusão, em regime fechado, pelo crime de latrocínio. Após o trânsito em julgado da sentença
condenatória, o entendimento jurisprudencial dos Tribunais Superiores foi modificado no
tocante à matéria que poderia resultar no abrandamento da sanção imposta ao réu. Por
essa razão, Juarez, pessoalmente, ao invés de ajuizar ação de revisão criminal, impetrou
habeas corpus pugnando pela aplicação do novo entendimento. O Ministério Público, ao se
manifestar, concordou com o pleito do condenado. Diante do exposto, assinale a alternativa
correta, de acordo com a jurisprudência do STF e do STJ.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
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Todavia, apesar da omissão legislativa, o Ministério Público tem legitimidade para
ajuizar ação de revisão criminal em favor do réu, na qualidade de fiscal da ordem jurídica,
sobretudo em vista da vocação constitucional do órgão ministerial, ditada pelo artigo 127 da
Constituição Federal.
Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador
legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão.
Portanto, tal como o habeas corpus, o ajuizamento da revisão criminal não requer
capacidade postulatória, de sorte que a peça não precisa ser subscrita por advogado
regularmente constituído nos autos. Ao contrário, pode ser postulada pelo próprio réu ou seus
parentes, na ordem estabelecida no aludido dispositivo legal.
Nesse contexto, consoante o entendimento exarado pelo STJ, o julgamento pelo STF
de habeas corpus impetrado contra decisão proferida em sede de recurso especial não afasta,
por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior revisão criminal (RvCr 2.877).
24 - QUESTÃO
42
a) A punição por falta grave prescreve no prazo de 3 (três anos) e pressupõe o trânsito em
julgado da condenação pelo crime doloso praticado.
b) O inadimplemento da pena de multa não obsta a progressão de regime ou a extinção da
punibilidade, se cumprida a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos aplicada
cumulativamente.
c) É admissível a remissão da pena pela leitura, mas não em razão da prática de atividade
laborativa extramuros.
d) Compete à Fazenda Pública promover a execução da pena de multa, mas o Ministério
Público tem legitimidade para promover medidas cautelares que assegurem o cumprimento
da sanção penal.
e) Não é possível a execução provisória de pena imposta em acórdão condenatório proferido
em ação penal de competência originária do Tribunal.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
Ao lado das hipóteses previstas no artigo 51 da lei 7210/84 (LEP), a prática de fato
previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou
disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao
regime disciplinar diferenciado.
43
regime, qual seja, o pagamento integral da pena de multa, salvo comprovada impossibilidade
econômica do condenado, tendo em vista que os pressupostos previstos no artigo 11 da
Lei de Execução Penal não tem caráter exaustivo, de forma que outros elementos devem ser
considerados pelo julgador, atento às finalidades da pena e ao merecimento do apenado.
Vejamos as conclusões extraídas deste interessante julgado:
44
Tal interpretação é reforçada pelo que dispõe o art. 36, § 2º, do Código
Penal e o art. 118, § 1º, da Lei de Execução Penal, que estabelecem a
regressão de regime para o condenado que “não pagar, podendo, a
multa cumulativamente imposta” (EP 12 ProgReg-AgR).
Destarte, a partir do advento da Lei 9268/96, a multa não pode ser convertida em
pena privativa de liberdade, na hipótese de inadimplemento voluntário do acusado, o que,
todavia, não lhe retira o caráter de sanção penal. Por essa razão, o Ministério Público, enquanto
titular ação penal e interessado no cumprimento da pena pecuniária imposta na sentença, pode
promover medidas cautelares que assegurem o pagamento da multa.
45
“A execução da pena na pendência de recursos de natureza
extraordinária não compromete o núcleo essencial do pressuposto
da não culpabilidade, na medida em que o acusado foi tratado como
inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados
os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as
regras probatórias e o modelo acusatório atual. Não é incompatível
com a garantia constitucional autorizar, a partir daí, ainda que cabíveis
ou pendentes de julgamento de recursos extraordinários, a produção
dos efeitos próprios da responsabilização criminal reconhecida pelas
instâncias ordinárias”.
Na esteira deste entendimento, com base nos mesmos fundamentos, o STJ decidiu
que é possível a execução provisória de pena imposta em acórdão condenatório proferido em
ação penal de competência originária de tribunal (EDcl no REsp 1.484.415).
25 - QUESTÃO
a) Aos crimes previstos no Estatuto do Idoso, cuja pena máxima não seja superior a 2 (dois)
anos, cumulada ou não com multa, são aplicáveis os institutos despenalizadores previstos
na Lei 9099/95.
b) A sentença que homologa a transação penal impõe ao autor do fato a obrigação de
indenizar os danos causados pela prática da infração penal, bem como acarreta a perda, em
favor da União, dos instrumentos, produto ou proveito do crime.
c) Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, a composição civil dos danos acarreta a
renúncia ao direito de queixa, e, por conseguinte, a extinção da punibilidade de todos os
coautores e partícipes, desde que presentes na audiência preliminar.
d) A sentença penal condenatória é recorrível mediante a interposição de recurso inominado,
acompanhado das razões recursais, no prazo de 10 (dez) dias.
e) Os Juizados Especiais Criminais não detém competência para executar as penas impostas
na sentença condenatória, independentemente da natureza da sanção penal.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
46
Recentemente, o STF concluiu o julgamento da ADI 3.096, ajuizada pelo Procurador-
Geral da República em face do citado artigo 94, no sentido de que referido dispositivo legal
deve ser interpretado em favor do seu específico destinatário – o próprio idoso – e não de quem
lhe viole os direitos.
Assim, aos crimes previstos no Estatuto do Idoso, cuja pena máxima não seja superior
a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa, são aplicáveis os institutos despenalizadores
previstos na Lei 9099/95. Todavia, para os delitos, cuja pena máxima seja superior a 2 (dois) e
inferior a 4 (quatro) anos, aplicam-se somente as normas correspondentes ao procedimento
sumaríssimo, a fim de imprimir celeridade ao feito, em benefício do idoso.
Sendo assim, não tem incidência os efeitos previstos no artigo 91 do Código Penal,
próprios das sentenças condenatórias, de forma que a homologação da transação penal não
impõe ao autor do fato a obrigação de indenizar os danos causados pela prática da infração
penal, tampouco acarreta a perda, em favor da União, dos instrumentos, produto ou proveito
do crime.
Alternativa C: De acordo com o disposto no artigo 74, parágrafo único da lei 9099/95,
tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à
representação, a composição civil dos danos acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação, e a consequente extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, inciso V do
Código Penal.
Não se trata, pois, de recurso inominado, tal como nos Juizados Especiais Cíveis.
Destarte, a sentença penal condenatória é recorrível mediante a interposição de apelação, no
prazo de 10 (dez) dias, acompanhada das razões recursais (artigo 82, § 1º da Lei 9099/95), ao
contrário da sistemática prevista no Código de Processo Penal.
47
Alternativa E: Nos termos do artigo 84 da Lei 9099/95, quando aplicada isoladamente,
seja em virtude de transação penal, seja por força de condenação definitiva, a pena de multa
deve ser cumprida mediante pagamento na própria Secretaria do Juizado Especial Criminal.
26 – QUESTÃO
a) O acordo de colaboração premiada não pode ser impugnado por terceiro, ainda que se
trate de pessoa citada na delação, tendo em vista o seu caráter personalíssimo.
b) A personalidade do colaborador ou o fato de ele já ter descumprido um acordo anterior
de colaboração premiada têm o condão de invalidar a delação atual.
c) O sigilo do acordo de colaboração premiada pode ser desconstituído em favor de Comissão
Parlamentar de Inquérito, inclusive antes do recebimento da denúncia.
d) A referência ao nome de investigado com foro por prerrogativa de função em depoimento
de réu colaborador, durante a instrução em 1ª instância, caracteriza ato de investigação a
ensejar o desmembramento do processo.
e) Viola enunciado vinculante do STF, a decisão do juiz que nega ao réu denunciado com
base em um acordo de colaboração premiada, o acesso a todos os termos da delação, ainda
que não digam respeito aos fatos pelos quais está sendo acusado.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
48
com os órgãos responsáveis pela persecução criminal fornecendo informações privilegiadas
e eficazes acerca da identidade dos sujeitos do crime e à materialidade das infrações penais
praticadas.
49
Parlamentar de Inquérito.
Por essa razão, a simples referência ao nome de investigado com foro por prerrogativa
de função em depoimento de réu colaborador, durante a instrução em 1ª instância, não
caracteriza ato de investigação, ainda mais quando houve prévio desmembramento. Vejamos
interessante precedente nesse sentido:
Diante da previsão legal, o STF entendeu que não viola enunciado vinculante do
STF, a decisão do juiz que nega ao réu denunciado com base em um acordo de colaboração
premiada, o acesso aos termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele
está sendo acusado, especialmente se tais informações ainda estão sendo investigadas, situação
50
na qual existe previsão de sigilo, no interesse das investigações e da preservação da identidade
e integridade física do colaborador (Rcl 22009 AgR).
27 – QUESTÃO
a) A gravação telefônica ou ambiental será maculada pela ilicitude quando realizada sem
autorização judicial, ou com violação de sigilo profissional protegido penalmente.
b) É admitida a interceptação de qualquer forma de comunicação, seja por meio da palavra
falada ou por símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer
natureza, transmitidos, emitidos ou recepcionados por meio de aplicativos de smartphones
(Whatsapp, Messenger, e-mail, etc), observada a cláusula de reserva de jurisdição.
c) A simples referência ao nome de autoridade detentora de foro por prerrogativa de função,
em conversas captadas mediante interceptação telefônica, determina o desmembramento
do processo e a remessa dos autos à superior instância.
d) A interceptação das conversas mantidas entre o investigado e seu advogado constitui
razão suficiente para a anulação de todo o processo e da condenação imposta ao réu.
e) É inadmissível a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado
constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção, ainda que conexa com
outros delitos puníveis com reclusão.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
51
“a gravação ambiental, realizada por um dos interlocutores, com o
objetivo de preservar-se diante de atuação desvirtuada da legalidade,
prescinde de autorização judicial” (RHC 31.356).
Por outro lado, a gravação clandestina será maculada pela ilicitude quando realizada
com violação de confiança decorrente de relações interpessoais (amizade, casamento, etc) ou
profissionais (advogado e cliente, psiquiatra e paciente, etc), em virtude da privacidade alheia,
tutelada constitucionalmente. Nesse sentido, vejamos interessante precedente do STF:
52
para o uso da Internet no Brasil, prevê, em seu artigo 7º, III, dentre os
direitos assegurados aos usuários da rede mundial, “a inviolabilidade
e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por
ordem judicial”. No caso concreto, as autoridades policiais acessaram
fotos, imagens e conversas existentes em aplicativo de mensagens
instantâneas (whatsapp) extraídas do aparelho celular do recorrente.
Não se trata, portanto, de verificação de registros das últimas ligações
realizadas/recebidas ou de nomes existentes em agenda telefônica,
informações tipicamente encontradas nos aparelhos antigos – como
nos mencionados casos examinados pelo Supremo Tribunal Federal
(HC 91867) e pelo Tribunal Supremo espanhol (Sentencia 115/2013 ,
de 9 de maio de 2013) –, mas de acesso a dados mais profundamente
vinculados à intimidade, somente passíveis de armazenamento nos
modernos aparelhos multifuncionais. Não descarto, de forma absoluta,
que, a depender do caso concreto, caso a demora na obtenção de um
mandado judicial pudesse trazer prejuízos concretos à investigação ou
especialmente à vítima do delito, mostre-se possível admitir a validade
da prova colhida através do acesso imediato aos dados do aparelho
celular. Imagine-se, por exemplo, um caso de extorsão mediante
sequestro, em que a polícia encontre aparelhos celulares em um cativeiro
recém-abandonado: o acesso incontinenti aos dados ali mantidos pode
ser decisivo para a libertação do seqüestrado” (RHC 51.531).
53
Inclusive, no citado HC nº. 51.531, o Ministro Schietti citou o precedente Riley v.
California, no qual a Suprema Corte norte-americana concluiu ser necessário um mandado
judicial para permitir o acesso ao telefone celular de um cidadão durante uma prisão em
flagrante, haja vista que:
54
conversas mantidas entre o investigado e seu advogado são protegidas pelo sigilo profissional e,
portanto, não podem ser objeto de interceptação telefônica, salvo se houver indícios concretos
de que este profissional também está participando da prática dos crimes em conjunto com seu
cliente.
55
DIREITO CIVIL
PROF.ª MARIANA RUBINI
28 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
56
qual “salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada”.
Em primeiro lugar porque, se a Lei n. XXXX/2017 sofrer correções em seu texto depois
de entrar em vigor, deve-se considerar lei nova, nos termos do artigo 1º, §4º: “as correções a
texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
O item III não corresponde ao que estabelece o artigo 4º da LINDB, in verbis: “quando
a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito”.
A afirmativa traz que, se a Lei n. XXXX/2017 for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, a equidade, os costumes e os princípios gerais de direito. Verifique que, em caso
de lacuna na lei, o magistrado não poderá decidir valendo-se da equidade. Os instrumentos de
integração previstos expressamente na LINDB são apenas a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.
Interessante ressaltar aqui que pode acontecer de a lei ser omissa e, portanto,
apresentar lacunas. Todavia, o direito não admite lacunas. É por isso que existem ferramentas
colocadas à disposição dos operadores do direito a fim de integrar o direito quando a lei, por si,
não for suficiente.
57
O item IV trata da extraterritorialidade da lei brasileira, ou seja, quando sua aplicação
for admitida em Estado estrangeiro. Nessa hipótese, o período de vacância é de três meses.
Contudo, a contagem desse prazo inicia-se após a publicação oficial da lei (e não a
partir da promulgação), nos termos do artigo 1, §1º: «nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade
da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada».
29 – QUESTÃO
a) Uma fundação pode ser criada por ato inter vivos, sendo que nesse caso independe de
escritura pública, ou por testamento, declarando o instituidor, se quiser, os fins a que ela se
destina.
b) O órgão do Ministério Público pode promover a extinção de fundação cuja finalidade se
torne ilícita, impossível ou inútil, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se
proponha a fim igual ou semelhante.
c) Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. No caso de fundação
que funcione no Distrito Federal ou de fundação cujas atividades se estendam por mais de
um Estado, caberá o encargo ao Ministério Público Federal.
d) O estatuto da fundação só poderá ser alterado se houver aprovação do órgão do Ministério
Público, sendo que o Código Civil não prevê prazo para isso.
e) A fundação pode ser constituída para fins de segurança alimentar e nutricional, atividades
religiosas, promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e
habitação de interesse social.
RESPOSTA: Alternativa B.
COMENTÁRIOS:
Alternativa A: As fundações podem ser criadas por ato inter vivos ou por testamento.
No primeiro caso, depende sim de escritura pública.
Ademais, ao criar uma fundação, o instituidor deve especificar o fim a que se destina,
podendo declarar, se quiser, também a maneira de administrá-la.
É o que dispõe o artigo 62 do Código Civil: “para criar uma fundação, o seu instituidor
58
fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a
que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”.
Cuidado, porém, com a segunda parte: no caso de fundação que funcione no Distrito
Federal (ou em Território), o encargo caberá ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT).
A redação original do artigo 66, §1º, do Código Civil previa que o encargo caberia ao
Ministério Público Federal (MPF), o que era um equívoco (inclusive, esse era o entendimento
do STF, que no julgamento da ADI 2794-8 declarou a inconstitucionalidade daquela redação,
conferindo interpretação conforme a fim de esclarecer que a expressão “Ministério Público
Federal” deveria ser entendida como “Ministério Público do Distrito Federal e Territórios”).
Alternativa D: Nos termos do artigo 67 do Código Civil, para que se possa alterar o
estatuto da fundação, é mister que a reforma seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no
59
prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a
denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Ou seja, existe sim um prazo previsto pelo Código Civil para que o Ministério Público
aprove a mudança no estatuto. Atenção porque esse prazo de 45 dias foi inserido apenas em
2015, ante a redação dada pela Lei n. 13.151/2015.
Tal lei ampliou o rol de fins que justificam a criação de fundações, de modo que
atualmente o parágrafo único do referido artigo conta com nove incisos.
Reza o dispositivo legal que a fundação somente poderá constituir-se para fins de:
assistência social; cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; educação;
saúde; segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e
promoção do desenvolvimento sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos
direitos humanos; atividades religiosas.
Ocorre que o inciso X foi vetado. Ele previa que a fundação poderia ser instituída para
fins de “X - habitação de interesse social”.
Esse inciso X foi vetado pela Presidente da República sob o seguinte argumento:
Verifica-se então não ser possível criar fundação para fins de habitação de interesse
social.
60
30 –QUESTÃO
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n. 13.146/2015) fez várias alterações no Código
Civil, especialmente no Capítulo da personalidade e capacidade das pessoas naturais. Sobre
o assunto, assinale a alternativa incorreta.
RESPOSTA: Alternativa A.
COMENTÁRIOS:
Ademais, com relação àqueles que, por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade, a assertiva não está 100% correta. Isso porque, hoje, não apenas aqueles que não
podem exprimir sua vontade por causa transitória, mas também por causa permanente, são
relativamente incapazes.
61
que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
Alternativa C: Esta alternativa está correta, conforme artigo 4º, parágrafo único, do
Código Civil.
Alternativa D: Cuidado com essa alternativa: de fato, atualmente, aqueles que, mesmo
por causa permanente, não puderem exprimir sua vontade, são considerados relativamente
incapazes. Eles, inclusive, estão sujeitos a curatela (artigo 1.767, I, do Código Civil).
Alternativa E: A assertiva está de acordo com o artigo 6º, caput, da Lei n. 11.146/2015.
31 – QUESTÃO
a) Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Também
é assegurado o nome social, que consiste designação pela qual a pessoa travesti ou transexual
se identifica e é socialmente reconhecida, cujo objetivo é evitar o constrangimento dessas
pessoas, em consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana.
b) Sempre que demonstrada a ocorrência de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana,
dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento para configuração de dano moral. Trata-se
de dano moral in re ipsa (dano moral presumido).
c) Segundo entendimento do STJ, a conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto
contra uma criança ou adolescente, não configura elemento caracterizador da espécie do
dano moral in re ipsa.
d) Existe dispositivo na Lei de Registros Públicos prevendo que o enteado ou a enteada,
havendo motivo ponderável, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de
nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde
que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.
e) Com relação ao nome, aplica-se o princípio da imutabilidade relativa, de modo que o
nome se reveste de definitividade, admitindo-se sua modificação, excepcionalmente, nas
62
hipóteses expressamente previstas em lei ou reconhecidas como excepcionais por decisão
judicial.
RESPOSTA: Alternativa C.
COMENTÁRIOS:
Já a segunda parte versa sobre o nome social. Trata-se do nome pelo qual a pessoa
é conhecida e identificada na comunidade na qual está inserida. Consiste no apelido público
e notório pelo qual um transexual/ travesti/transgênero é identificado em seu meio familiar e
social correspondente à sua identidade de gênero, cuja adoção visa a garantir o respeito à sua
dignidade, evitando constrangimento psicológico.
Em 2016 foi editado o decreto presidencial n. 8.727, o qual dispõe sobre o uso do
nome social e o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas travestis e transexuais no
âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional.
O artigo 1º traz um breve conceito de nome social, que foi justamente aquele utilizado
na questão. Vejamos:
63
demonstração da dor, traduzindo-se, pois, em consequência in re ipsa,
intrínseca à própria conduta que injustamente atinja a dignidade do ser
humano. Aliás, cumpre ressaltar que essas sensações (dor e sofrimento),
que costumeiramente estão atreladas à experiência das vítimas de
danos morais, não se traduzem no próprio dano, mas têm nele sua
causa direta. REsp 1.292.141-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
4/12/2012.
64
a Constituição Brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente
introduziram na nossa cultura jurídica uma nova percepção, inspirada
pela concepção da criança e do adolescente como sujeitos de direitos
e cuidados especiais. Nesse sentido, os arts. 227 da CF/88 e 17 da Lei
n. 8.069/90, asseguram a primazia do interesse das crianças e dos
adolescentes, com a proteção integral dos seus direitos. Sob outro viés,
a sensibilidade ético-social do homem comum na hipótese, permite
concluir que os sentimentos de inferioridade, dor e submissão, sofridos
por quem é agredido injustamente, verbal ou fisicamente, são elementos
caracterizadores da espécie do dano moral in re ipsa. Logo, a injustiça
da conduta da agressão, verbal ou física, de um adulto contra uma
criança ou adolescente, independe de prova e caracteriza atentado à
dignidade dos menores”. (REsp 1.642.318-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi,
por unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 13/2/2017).
A alternativa C, desse modo, está incorreta e, por isso, deve ser assinalada.
65
§ 8º, LRP); alteração para proteção de testemunha (art. 58, parágrafo único, LRP). Nesse último
caso a mudança ocorre por decisão judicial.
32 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa E.
COMENTÁRIOS:
Alternativa C: Esse tema foi objeto de ampla discussão nos âmbitos doutrinário e
66
jurisprudencial, sendo que o Supremo Tribunal Federal já se debruçou sobre o assunto e pôs
fim à discussão.
No mesmo sentido, o STJ editou a Súmula 549, in verbis: “É válida a penhora de bem
de família pertencente a fiador de contrato de locação”.
Alternativa E: Assertiva de acordo com o disposto no artigo 3º, III, da Lei n. 8.009/90,
com a redação dada pela Lei nº 13.144 de 2015.
67
33 – QUESTÃO
I – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
II - o adotado com o filho do adotante;
III - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio
contra o seu consorte;
IV - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;
V- a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez
meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
Muita atenção aqui com o disposto nos artigos 1.521 e 1.523, ambos do Código Civil.
O primeiro dispositivo legal prevê as hipóteses nas quais as pessoas “não podem
casar”. Trata-se das causas impeditivas para o casamento.
Já o segundo dispositivo legal traz um rol de hipóteses nas quais as pessoas “não
devem casar”. Trata-se das causas suspensivas para o casamento.
Por outro lado, celebrado casamento com infringência a alguma causa suspensiva,
ele será considerado válido. Contudo, será imposto o regime patrimonial correspondente à
separação obrigatória de bens (artigo 1.641, I, do Código Civil).
68
(“não devem casar”).
34 - QUESTÃO
Muitos casais não são capazes de separar a relação conjugal da relação filial, transportando
para os filhos suas frustrações. Sobre a alienação parental, assinale a alternativa incorreta:
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
69
Muito cuidado aqui, pois muitos alunos acham que ato de alienação parental só pode ser
promovido ou induzido por um genitor em detrimento do outro, o que não é verdade. Também
podem praticá-lo os avós ou qualquer que tenha a criança ou o adolescente sob a sua autoridade,
guarda ou vigilância.
Importante observar que a lei não fala em perda do poder familiar, prevendo, no
máximo, a suspensão da autoridade parental.
Não obstante exista doutrina defendendo a perda do poder familiar para o genitor
que pratique ato de alienação parental, valendo-se de uma interpretação sistemática em
conjunto com o Código Civil, o texto da Lei n. 12.318/2010 não traz essa possibilidade de
maneira expressa.
35 – QUESTÃO
70
que melhor atender aos interesses do detentor da guarda.
d) Estabelecimento público ou privado só é obrigado a prestar informações ao genitor
que detiver a guarda do filho, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00
(quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação.
e) O direito de visita não se estende aos avós.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
Alternativa B: Essa alternativa trata de ponto bastante polêmico. Está correta porque
corresponde ao disposto no artigo 1.584, § 2º, do Código Civil, com a redação dada pela Lei n.
13.058/2014.
Ocorre que, antes mesmo de essa lei ser sancionada, o projeto de lei já recebeu críticas
de diversos doutrinadores. Isso porque ela praticamente impõe aos pais algo que, na prática,
não funciona se não for consensual.
71
Na guarda compartilhada muito pouco adianta que tais cláusulas sejam impostas pelo
juiz porque o Poder Judiciário não terá condições de acompanhar, na prática, o cumprimento
de tais medidas e a sua efetividade será mínima se não houver disposição e compromisso dos
pais em respeitá-las.
Enfim, apesar de a guarda compartilhada ser a espécie ideal, ela tem que ser
conquistada com a conscientização e nunca pela imposição, o que gerará um efeito inverso
e talvez acirre o relacionamento já desgastado dos pais da criança. (Fonte: http://www.
dizerodireito.com.br/2014/12/lei-130582014-determina-que-quando-nao.html)
Portanto, por mais estranho que possa parecer, mesmo sem acordo entre os pais, o
juiz deve aplicar a guarda compartilhada, o que apenas não será feito se um dos genitores não
estiver apto a exercer o poder familiar ou se um deles declarar ao magistrado que não deseja a
guarda do menor.
Pode soar estranho num primeiro momento, pois logo se pensa que o local de
moradia dos filhos deve ser compatível com os interesses do detentor da guarda, já que o pai
ou a mãe precisa residir onde tem trabalho, por exemplo.
Mas o texto da lei é claro e dá preferência ao local que melhor atende aos interesses
dos filhos.
Alternativa D: Incorreta, pois mesmo o genitor que não detém a guarda do filho ainda
tem o poder familiar, o que lhe confere o direito de buscar informações em estabelecimento
público ou privado.
Reza o artigo 1.584, § 6º, do Código Civil, que «qualquer estabelecimento público ou
privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob
pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não
atendimento da solicitação”.
72
parágrafo único, do Código Civil, segundo o qual “o direito de visita estende-se a qualquer dos
avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do adolescente”.
36 – QUESTÃO
a) O STF declarou inconstitucional o artigo 1.790 do Código Civil, que estabelece diferenças
entre a participação do companheiro e do cônjuge na sucessão dos bens.
b) O STF decidiu pela equiparação entre cônjuge e companheiro para fins de sucessão,
entendimento esse que não se estende para as uniões homoafetivas.
c) O companheiro não tem direito real de habitação.
d) Sucessão por cabeça ocorre quando são chamados herdeiros de graus diferentes.
e) Sucessão por estirpe ocorre quando todos os herdeiros pertencem ao mesmo grau de
determinada classe.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
A conclusão do STF foi de que não existe elemento de discriminação que justifique
o tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro estabelecido pelo Código Civil,
estendendo esses efeitos independentemente de orientação sexual.
73
Alternativa C: O direito real de habitação é previsto no Código Civil nos seguintes
termos:
O direito real de habitação tem por objetivo garantir o direito fundamental à moradia
(art. 6º, caput, da CF/88) e o postulado da dignidade da pessoa humana (art. art. 1º, III).
Desse modo, o direto real de habitação contido no art. 1.831 do Código Civil deve ser
aplicado também ao companheiro sobrevivente.
De qualquer modo, seja por uma razão, seja por outra, o certo é que o direito real de
habitação é extensível ao companheiro supérstite (sobrevivente).
74
Alternativa D: Sucessão por cabeça ocorre quando a herança se defere na classe e no
grau de parentesco em que se acha o herdeiro, o qual herda por direito próprio.
A herança será dividida em partes iguais entre os herdeiros de grau mais próximo.
Exemplo: Pedro morre e deixa dois filhos. Cada filho irá herdar por direito próprio e
por cabeça 50% do patrimônio do pai, por serem seus parentes mais próximos.
Alternativa E: Sucessão por estirpe ocorre quando são chamados herdeiros de graus
diferentes. Isso se dá em virtude do direito de representação, o qual ocorre em 3 casos: pré-
morte, indignidade e deserdação.
Exemplo: Pedro morre e tem um filho pré-morto que deixou dois filhos (netos do de
cujus). Então seu filho vivo vai herdar 50% do patrimônio, enquanto cada um de seus netos vai
herdar por direito de representação e por estirpe 25% do patrimônio do avô.
37 – QUESTÃO
I - Presunção de fé pública;
II - Prioridade;
III - Especialidade;
IV - Legalidade;
V - Continuidade.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
75
I - Princípio da presunção de fé pública: a fé pública é inerente ao registro e a
presunção de domínio estão diretamente ligadas à validade do negócio jurídico.
É cediço que o título só será registrado se atender aos requisitos legais, donde
presume-se que é perfeitamente válido o negócio jurídico que originou o título registrado,
conferindo a seu titular uma presunção juris tantum de domínio, ou seja, presunção relativa que
pode ser contestada por terceiros em ação própria, cabendo ao contestante o ônus da prova.
Neste sentido nos ensina o artigo 1.231 do Código Civil, quando diz que a propriedade
presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
Quando um imóvel é vendido pela mesma pessoa duas vezes, temos um caso de
direito real contraditório incompatível, sendo registrado o título que primeiro ingressar no
protocolo e devolvido o outro com os motivos da recusa, pois os títulos são contraditórios no
seu conteúdo, colidentes entre si.
Já, os direitos reais contraditórios compatíveis são aqueles atribuídos pelo mesmo
transmitente, a titulares diversos ou não, incidentes sobre o mesmo imóvel, como verifica-se no
caso da hipoteca, onde os direitos não se anulam reciprocamente, apenas se graduam.
IV - Princípio da legalidade: tem como objetivo impedir que sejam registrados títulos
inválidos, ineficazes ou imperfeitos.
76
Então, a validade do registro de um título diz respeito à validade do negócio jurídico
causal. Nulo o negócio, nulo será o registro. Anulado o negócio, anulado será o registro.
Identifica-se a obediência a este princípio nos artigos 195, 222 e 237 da Lei Federal nº
6.015/73, determinando o imprescindível encadeamento entre assentos pertinentes a um dado
imóvel e as pessoas neles constantes, formando uma continuidade ininterrupta das titularidades
jurídicas de um imóvel. Baseado neste princípio, não poderá vender ou gravar de ônus, quem
não figurar como proprietário no registro imobiliário.
Fonte:http://www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/cartorios/principios-
norteadores-dos-registros-publicos
Portanto, todos os itens estão corretos, de modo que a alternativa A deve ser
assinalada.
77
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF.ª MARIANA RUBINI
38 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
78
Ademais, diante do princípio da indeclinabilidade da jurisdição, em regra não se
faz necessário o prévio esgotamento das vias administrativas para exercitar o direito de ação.
Todavia, a própria Carta Magna traz exceção a esse princípio: as ações relativas à disciplina e às
competições desportivas só serão admitidas pelo Judiciário após se esgotarem as instâncias da
justiça desportiva, regulada em lei (artigo 217, § 1º, da Constituição Federal).
Reza o artigo 6º do CPC que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.
O dever de auxílio (ou adequação) tem por objetivo reduzir as desigualdades materiais.
O juiz então deveria ajudar as partes, retirando os obstáculos que dificultem ou impeçam que
elas exerçam suas faculdades processuais.
Esse dever é objeto de polêmica porque parte da doutrina entende que o magistrado
não poderia ajudar as partes, sob pena de quebra da sua imparcialidade. Nesse sentido, entendem
que o auxílio deveria ser propiciado por outros sujeitos processuais, como o Ministério Público,
por exemplo.
79
O dever de esclarecimento consiste na atuação do magistrado para questionar
as partes quanto a eventuais obscuridades em suas petições, pedindo que esclareçam ou
especifiquem requerimentos feitos em termos mais genéricos e assim por diante.
Alternativa C: Reza o artigo 4º do CPC que “as partes têm o direito de obter em prazo
razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa”. Eis, portanto, a consagração
explícita do princípio da primazia das decisões de mérito.
Significa afirmar que o magistrado deve somar seus esforços aos das partes a fim de
evitar que o processo se extinga de forma anômala. Através do dever de consulta e diálogo, o
juiz tem de estimular a correção de defeitos processuais sanáveis para, então, debruçar-se sobre
o objeto litigioso do processo.
Importante lembrar que esse princípio tem aplicação em todas as fases em todos os
tipos de procedimento, inclusive em incidentes processuais e na instância recursal, impondo ao
órgão jurisdicional viabilizar o saneamento de vícios para examinar o mérito, sempre que seja
possível a sua correção (enunciado 372 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).
80
Alternativa E: As decisões por emboscada, também conhecidas como decisões-
surpresa, são proibidas à luz do CPC/15. O juiz passa a ser inserido como sujeito do contraditório,
criando uma relação de diálogo entre ele e as partes do processo. O contraditório passa então a
englobar o direito de ser informado, de reagir e de influenciar, fundado justamente no conceito
de cooperação.
Nesse sentido, aduz o artigo 10 do CPC que “o juiz não pode decidir, em grau algum
de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.
39 – QUESTÃO
a) A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja
parte.
b) A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma revogada.
c) Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas, administrativos ou
penais, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
d) O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as
exceções previstas em lei.
e) É permitida a arbitragem, na forma da lei.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
81
Alternativa A: Correta, pois corresponde à literalidade do artigo 13 do CPC.
Por exemplo: o prazo do Poder Público para oferecer contestação no novo CPC é
em dobro, sendo que o CPC revogado previa prazo em quádruplo. Desse modo, se o prazo já
começou a correr, o Poder Público ainda tem direito ao prazo em quádruplo para contestar, pois
há uma situação consolidada.
Alternativa C: O artigo 15 do CPC dispõe que “na ausência de normas que regulem
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão
aplicadas supletiva e subsidiariamente”.
Note que o dispositivo legal restringe a aplicação supletiva e subsidiária apenas aos
processos eleitorais, trabalhistas e administrativos, não fazendo referência a processos penais.
É importante dizer, porém, que grande parte da doutrina entende ser possível a
aplicação subsidiária do CPC nos casos de ausência de regulamentação pelo CPP, como por
exemplo o Prof. Renato Brasileiro.
Sendo assim, defende-se que o artigo 15 do CPC disse menos do que deveria, razão
pela qual deve ser objeto de interpretação extensiva. Não há motivo razoável para vedar a
aplicação subsidiária do CPC ao processo penal, até porque este a autoriza.
Nesse sentido, o artigo 3º do CPP prevê que “a lei processual penal admitirá
interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
de direito”.
Não se pode permitir que, a título de analogia, o CPC tenha o condão de revogar
82
dispositivos do CPP.
Conclui-se então que o emprego da analogia permitido pelo art. 3º do CPP pressupõe
a inexistência de lei disciplinando matéria específica, constatando-se, pois, a lacuna involuntária
da lei. Por ser a analogia recurso de autointegração, e não instrumento de derrogação de texto
ou procedimento legal, o emprego da analogia só pode ser admitido quando a lei for omissa.
Por outro lado, o artigo 219 do CPC, que estabelece a contagem dos prazos em dias
úteis, não pode ser aplicado ao processo penal. Isso porque o CPP não é omisso, tratando do
tema de maneira expressa no artigo 798.
40 – QUESTÃO
Um dos princípios processuais basilares é o contraditório, de modo que o juiz não proferirá
decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Contudo, existem
exceções a essa regra, previstas no CPC. Considerando o exposto, o juiz poderá decidir sem
ouvir previamente as partes quando:
83
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
d) reconhecer prescrição e decadência nas hipóteses de improcedência liminar do pedido;
e) todas as alternativas anteriores estão corretas.
RESPOSTA: Alternativa E.
COMENTÁRIOS:
Em outras palavras, autoriza-se o juiz a proferir decisão contra uma das partes mesmo
sem que ela tenha sido previamente ouvida.
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e
III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Alternativa D: Correta, pois de acordo com o artigo 487, parágrafo único, do CPC.
41 – QUESTÃO
a) Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de
pedir.
b) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação
84
de decisões conflitantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mas desde que
haja conexão entre eles.
c) Quando houver continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no
processo relativo à ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito, caso
contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
d) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles
já houver sido sentenciado.
e) Dá-se a continência entre duas ou mais ações quando houver identidade quanto às partes
e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.
RESPOSTA: Alternativa B
COMENTÁRIOS:
Alternativa A: A ação é formada por três elementos: partes, pedido e causa de pedir,
quando há identidade total de elementos em mais de uma ação, temos a litispendência, que
é causa de extinção do processo sem resolução de mérito. Contudo, há casos em que se tem a
identidade parcial dos elementos da ação, são os casos que dão origem a conexão e continência.
A alternativa está correta, pois corresponde à literalidade do artigo 55, caput, do CPC.
85
na solução da outra, há conexão.
Fonte:https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/05/info-559-stj.pdf
Com vistas a essas circunstâncias, o CPC prevê no artigo 57 que, quando houver
continência e a ação continente tiver sido proposta anteriormente, no processo relativo à
ação contida será proferida sentença sem resolução de mérito; caso contrário, as ações serão
necessariamente reunidas.
Pode acontecer, porém, de o pedido formulado na primeira ação ser mais amplo
que o formulado na segunda, mas esta traga causa de pedir diferente. Nessa situação (que não
configura litispendência parcial), não haveria extinção da segunda ação, mas sim reunião com a
primeira, de modo que elas possam ser julgadas simultaneamente, a fim de garantir a harmonia
dos julgamentos.
Alternativa D: Correta, pois está de acordo com o artigo 55, §1º, do CPC. Se uma
das ações já tiver sido julgada, torna-se desnecessária a reunião, pois não será mais possível o
julgamento conjunto.
86
42 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
Nada impede também que, além de existir determinação legal para que haja
litisconsórcio necessário, a relação jurídica seja una e incindível. Mesmo que não existisse lei
nesse sentido, o litisconsórcio ainda seria necessário, em função da natureza da relação jurídica
discutida. É o caso da ação que tenha por objeto a desconstituição de um casamento promovido
pelo Ministério Público. Nela, a lei exige a participação de ambos os cônjuges, mas, mesmo que
87
não exigisse, haveria necessidade de citação deles, pois seria impossível desfazer a sociedade
conjugal para um e não para o outro.
Dessa forma, conclui-se que o litisconsórcio necessário por força legal pode ser
simples (ações de partilha e de usucapião) ou unitário (ação de desconstituição de sociedade
conjugal promovida pelo MP).
A segunda hipótese que o CPC prevê, para que haja litisconsórcio necessário, é
quando a natureza da relação jurídica discutida em juízo é una e indivisível. Nessa situação, esse
tipo de litisconsórcio necessário será sempre unitário, porque é impossível para o juiz decidir
de forma não uniforme para os litigantes que discutem uma mesma relação jurídica incindível.
É o caso da ação proposta por acionistas de uma pessoa jurídica para anular uma determinada
assembleia.
Em apertada síntese, o litisconsórcio necessário por força da lei poderá ser simples
ou unitário. Contudo, quando for necessário por força da incindibilidade da relação jurídica
será unitário, salvo quando a lei expressamente admitir a legitimação concorrente - (art. 103
da CF) (art. 5º da LACP) (art. 1314 do CC) -, caso em que será facultativo e unitário.
43 – QUESTÃO
88
polo passivo da ação.
c) É forma espontânea de intervenção de terceiros apenas a assistência.
d) São formas provocadas de intervenção de terceiros a denunciação à lide, o chamamento
ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae.
e) Com o CPC/15, a oposição deixou de ter uma intervenção de terceiros típica, passando a
ser considerada um procedimento especial.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
O autor terá o prazo de 15 dias para se manifestar, podendo concordar com a indicação
ou optar por incluir o novo legitimado como litisconsorte.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser
o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15
(quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as
despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que
serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo
este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º.
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar
o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver
conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de
89
indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze)
dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-
se, ainda, o parágrafo único do art. 338.
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição
inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo
réu.
90
44 – QUESTÃO
RESPOSTA: Alternativa E
COMENTÁRIOS:
Alternativa A: Reza o artigo 138, §1º, do CPC que a intervenção de amicus curiae não
implica alteração de competência.
Alternativa B: Reza o artigo 138, §1º, do CPC que a intervenção de amicus curiae
não autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e
a interposição de recurso em face da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas.
Alternativa C: O artigo 138, caput, do CPC prevê que o juiz ou o relator, poderá, por
decisão irrecorrível, admitir a participação de amicus curiae.
91
A alternativa C, portanto, está incorreta.
Alternativa D: O artigo 138, caput, do CPC estabelece que o juiz ou o relator, poderá,
por decisão irrecorrível, admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada.
Alternativa E: Dispõe o artigo 138, caput, do CPC que o juiz ou o relator, considerando
a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da
controvérsia, poderá admitir a participação de amicus curiae.
45 – QUESTÃO
a) O Ministério Público continua tendo prazo em quádruplo para contestar e em dobro para
recorrer.
b) Compete ao Ministério Público intervir nas causas concernentes ao estado da pessoa.
c) O Ministério Público será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá qualidade
de parte naqueles que suscitar.
d) É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar
o feito em que deva intervir, mas a nulidade só pode ser decretada após a intimação do
Parquet para se manifestar sobre a existência ou inexistência de prejuízo.
e) O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao advogado dativo, ao curador
especial e ao órgão do Ministério Público.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
92
causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento,
declaração de ausência e disposição de última vontade” (artigo 82, II, CPC/73).
Hoje, essa atuação deverá ocorrer nos casos em que mantidas as previsões de atuação
por norma ou lei específica, como ocorre em inventário, havendo herdeiros incapazes (artigos
616, VII, 626); nas ações de família (artigos 698); no caso de alteração do regime de bens do
matrimônio (artigo 734, § 1º); entre outros.
Isso significa dizer que o ônus da impugnação especificada dos fatos passou a ser
93
aplicado ao Ministério Público.
46 – QUESTÃO
a) O juiz apreciará a prova constante dos autos de acordo com o sujeito que a tiver promovido,
razão pela qual não adota o princípio da aquisição processual da prova.
b) As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente
legítimos, desde que especificados neste Código.
c) A prova emprestada é considerada meio atípico de prova, pois apesar de admitida pela
doutrina e pela jurisprudência não goza de previsão legal expressa.
d) A existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a
requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião.
e) Para a utilização da prova emprestada, faz-se necessária a observância do contraditório
no processo de origem, mas não é necessária no processo de destino.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
Alternativa A: O artigo 371 do CPC estabelece que “o juiz apreciará a prova constante
dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as
razões da formação de seu convencimento”.
Alternativa B: O artigo 369 do CPC prevê que “as partes têm o direito de empregar
todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados
neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir
eficazmente na convicção do juiz”.
É correto afirmar que o nosso sistema consagra a atipicidade dos meios de prova:
as provas podem ser produzidas por qualquer meio típico ou atípico. Ou seja, as partes podem
se valer de todos os meios de prova legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não
estejam especificados no CPC.
94
A alternativa B, portanto, está incorreta.
Alternativa C: De fato, antes do CPC atual, tratava-se de meio de prova atípico, pois
não obstante fosse admitido tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, a lei processual
civil não o previa expressamente.
Diz o artigo 372 do CPC que “o juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em
outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório”.
47 – QUESTÃO
95
e) Apenas os itens I e III estão corretos.
RESPOSTA: Alternativa A
COMENTÁRIOS:
Estável: as questões pacificadas não podem ser mudadas toda hora. A simples
mudança de composição dos tribunais não pode ser suficiente para alterar sua jurisprudência.
O item III corresponde à literalidade do artigo 927, §2º e, portanto, está correto.
Considerando que todos os itens estão corretos, a alternativa A deve ser assinalada.
96
DIREITO ELEITORAL
PROF.ª MARIANA RUBINI
48 - QUESTÃO
a) A Justiça Eleitoral é considerada uma Justiça Especializada, havendo uma carreira específica
da Magistratura e do Ministério Público.
b) Os Tribunais Regionais Eleitorais, assim como os Tribunais Regionais Federais e Tribunais
Regionais do Trabalho são divididos em regiões, de modo que um mesmo TRE pode abranger
mais de um Estado.
c) Enquanto a Justiça Comum Estadual é dividida em comarcas, a Justiça Eleitoral é dividida
em zonas eleitorais, as quais sempre coincidem com o território de um município.
d) As Juntas Eleitorais são órgãos da Justiça Eleitoral e os seus integrantes, no exercício das
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
e) Pode-se considerar que o Tribunal Superior Eleitoral tem uma composição plural, pois
abrange Ministros do STF e do STJ, advogados de notável saber jurídico e cidadãos de
conduta ilibada.
RESPOSTA: Alternativa D
COMENTÁRIOS:
97
Trabalho são divididos em regiões, de modo que um mesmo TRF ou TRT pode abranger mais de
um Estado.
A zona eleitoral pode ser composta por mais de um município, ou apenas por parte
dele. Normalmente segue a divisão de comarcas da Justiça Estadual – limite territorial de
competência de cada juízo.
Alternativa D: De acordo com o art. 118 da Constituição Federal, são órgãos da Justiça
Eleitoral: o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais, os Juízes Eleitorais e as
Juntas Eleitorais.
Ademais, o artigo 121, § 1º, da Carta Magna dispõe expressamente que os membros
dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
98
do Tribunal Superior Eleitoral. Considerando a relevância desse dispositivo constitucional e a
frequência com que é cobrado em provas de primeira fase, peço licença para transcrevê-lo:
49 - QUESTÃO
I – O princípio da anterioridade eleitoral prevê que a lei que alterar o processo eleitoral só
terá vigência e eficácia depois de um ano da data de sua publicação, quando então poderá
ser aplicada às próximas eleições.
II - O princípio da anterioridade eleitoral, ou anualidade, previsto no artigo 16 da Constituição
Federal, é considerado cláusula pétrea pelo Supremo Tribunal Federal.
III – Toda e qualquer alteração no processo eleitoral deve respeitar o princípio da anterioridade
eleitoral, não podendo ser aplicada à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
RESPOSTA: Alternativa B
99
COMENTÁRIOS:
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da
data de sua vigência.
Pelo art. 16 da CF/88, a lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data
de sua publicação; porém, não surtirá efeito na eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência.
Assim, toda lei que alterar o processo eleitoral tem vigência (ou aplicação) imediata
à data de sua publicação, leia-se, ingressa imediatamente no ordenamento jurídico pátrio e,
portanto, não se aplica a vacatio legis.
Contudo, terá apenas eficácia imediata (efeitos já aplicados) se publicada um ano
antes da eleição em trâmite, pois, do contrário, terá vigência imediata, mas eficácia contida
(para as próximas eleições).
O art. 16 da CF/88 foi considerado como cláusula pétrea pelo STF, na ADI 3.685, por
representar expressão de “segurança jurídica” do art. 5º, caput, da CF/88; logo, vedada mera
deliberação contrária (art. 60, § 4º, IV, da CF/88), inclusive por “emenda constitucional”.
100
3.345 e 3.741, alterou a diferenciação primária, para entender que “processo eleitoral” é muito
mais que “direito processual”, ou seja, houve uma interpretação histórica, evolutiva, adaptativa
ou progressiva do comando do art. 16 da CF/88, considerando “processo eleitoral” tudo aquilo
que provocar:
Nesse sentido, é errado afirmar que toda e qualquer alteração no processo eleitoral
deve respeitar o princípio da anterioridade eleitoral, mas sua observância é exigível apenas em
relação às mudanças que provocarem pelo menos um dos efeitos elencados acima.
50 –QUESTÃO
a) Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público, que adquirem personalidade
jurídica, na forma da lei civil, com o registro de seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
b) No Brasil, adota-se a verticalização das candidaturas, tendo em vista a obrigatoriedade de
vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal.
c) É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, desde que tenham
caráter nacional, proibido o recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes e observando-se o funcionamento parlamentar de
acordo com a lei.
d) É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua estrutura interna, organização
e funcionamento, podendo inclusive ministrar instrução militar ou paramilitar, utilizar-se de
organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus membros.
e) Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional,
considerando-se como tal aquele que comprove o apoiamento de eleitores não filiados a
101
partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco décimos por cento) dos votos
dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em
branco e os nulos, distribuídos por 1/3 (um terço), ou mais, dos Estados, com um mínimo de
0,1% (um décimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles.
RESPOSTA: Alternativa C
COMENTÁRIOS:
O primeiro deles consiste na natureza jurídica dos partidos políticos. Eles são pessoas
jurídicas de direito privado, de acordo com o disposto no artigo 1º da Lei dos Partidos Políticos
(Lei n. 9.096/95) e no artigo 44, V, do Código Civil.
O segundo erro é muito sutil, então fique atento! Os partidos políticos adquirem
personalidade jurídica a partir do seu registro no Cartório competente do Registro Civil das
Pessoas Jurídicas da Capital Federal, de acordo com a previsão contida no artigo 8º, caput, da
Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/95).
Desse modo, a partir de então, não há mais que se falar em verticalização das
candidaturas.
102
A alternativa B, portanto, está incorreta.
Alternativa C: A afirmativa está perfeita, pois reproduz o disposto no artigo 17, caput,
da Constituição Federal.
Da leitura do dispositivo, verifica-se que a sua primeira parte traz a regra da liberdade
de organização partidária, tendo em vista ser livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos
partidos políticos.
Contudo, atente-se, não se trata de liberdade partidária absoluta, uma vez que
deverão ser resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: caráter nacional;
proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes; prestação de contas à Justiça Eleitoral; funcionamento parlamentar de
acordo com a lei.
Sobre o caráter nacional dos partidos políticos, ressalte-se que poderá ser verificado
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através do apoiamento mínimo para a sua criação, tema que será aprofundado nos comentários
relativos à alternativa E.
Todavia, está incorreto afirmar que o partido político pode ministrar instrução militar
ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar uniforme para seus
membros.
A vedação está estabelecida no artigo 6º da Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/95),
bem como no artigo 17, § 4º, da Carta Magna, segundo o qual «é vedada a utilização pelos
partidos políticos de organização paramilitar».
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