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COACHING SEMANAL

RESUMO DE DIREITO CIVIL


(D. de Personalidade até D.
Possessório)

Raphael Haidar
Apostila de Direito Civil

Capacidade Civil

Incapacidade

Diz respeito a capacidade do indivíduo realizar atos da vida civil, constituir obrigações,
demandas judiciais, e principalmente a celebração de negócios jurídicos contratuais, já que o
direito civil deriva-se do ramo do direito privado.

O ordenamento jurídico brasileiro faz menção a dois tipos de capacidade:

a. Absolutamente incapaz – Menor de 16 anos (impúbere), do qual só poderá realizar


atos da vida civil por meio da representação legal de seus pais, conforme dispõe o
direito de família. A incapacidade aqui tratada não necessita de qualquer processo
de interdição ou nomeação de um curador. (Art. 3º, CC);

b. Relativamente incapazes – Maior de 16 e menor de 18, ébrios habituais e viciados


em tóxicos, aqueles que por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade e os pródigos. (Art. 4º, CC). Neste caso, alguns atos a vida civil
poderão ser realizados independente de representação.

Cuidado: Os pródigos em especial, em relação ao direito patrimonial, o mesmo


deverá obrigatoriamente ter um curador para poder alienar bem, emprestar
dinheiro, dar quitação, transigir, ou seja, qualquer ato que possa comprometer
seu patrimônio. (Art. 1.782, CC).

Por conta da Lei 13.146/2015 (Estatuto do Deficiente), os deficientes não têm sua
capacidade plena afetada pela sua enfermidade, logo, poderão sem representação casar,
exercer direitos sexuais e reprodutivos, planejamento familiar, etc.

O índio está a cuidados da lei especial n. 6.001/ 1973, conforme o parágrafo único do
art 4º, CC.

O direito de personalidade tem início com o nascimento com vida do indivíduo e se


extingue com a morte. (Art. 6º, CC).

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Negócio Jurídico do Incapaz

A representação quanto aos absolutamente incapazes é compulsória, ou seja, caso o


absolutamente incapaz realize um negócio jurídico sem a devida representação, o mesmo
poderá ser nulo. (Art. 1.66, I, CC).

Os relativamente incapazes que por sua vez realizarem negócio jurídico que dependa de
representação, porém o realizou independente de ser representado, o mesmo poderá ser
anulado. (Art. 171, I, CC).

Adendo: A nulidade pode ser alegada a qualquer tempo, de ofício pelo juiz, requerida
pelo MP ou pelas partes, seu efeito é “ex tunc”, ou seja, os efeitos da decisão de nulidade
retroagem até a data de sua celebração.

Exceção: Ato de compra e venda de um bem de consumo, se realizado de boa fé entre


os envolvidos, poderá ser reputado válido pelo juiz. (Enunciado n. 138, STJ - III Jornada de
Direito Civil).

A anulabilidade, em contraste, deve ser requerida pelas partes, não pode ser decidida
de oficio pelo magistrado, possui prazo decadencial de 4 anos (art. 178, CC) e os efeitos da
decisão são “ex nunc”, ou seja, não retroagem, a parte é submetida a suportar eventual prejuízo.

Cuidado: O ausente não é considerado absolutamente incapaz, é uma situação do


indivíduo que poderá significar morte presumida após o devido procedimento judicial.

Emancipação

Ato jurídico que antecipa os efeitos da aquisição da maioridade e da capacidade civil


plena, para fins civis. O emancipado não deixa de ser menor, pois sua idade continua a mesma,
entretanto, passa a ter capacidade.

Atenção: A emancipação por si só não afasta a aplicabilidade do ECA, logo, o


emancipado terá capacidade para exercer atos civis e privados, apenas. (Enunciado n. 530,
STJ, VI Jornada de Direito Civil).

Os incisos do parágrafo único do art. 5º, CC, trazem as seguintes modalidades de


emancipação:

a. Voluntária Paternal – Feita de forma extrajudicial, através de instrumento público


junto ao Cartório de Registro Civil e Pessoas Naturais, é feita através da concessão

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pelos pais, ou apenas um na falta do outro. O menor deve ter no mínimo 16 anos
completos;
b. Judicial – Mediante sentença judicial, nos casos em que há discordância entre os
pais do menor, neste caso, a sentença deverá ser registrada em Cartório para que
os seus efeitos sejam “erga omnes”;
c. Legal Matrimonial – Realizada pelo casamento entre os menores núbeis (16 anos
completos), mediante autorização dos pais ou representantes. (Art. 1.517, CC).
Cuidado: O divórcio ou viuvez não implica no retorno à incapacidade;
d. Legal Emprego Público Efetivo – Segundo a doutrina, tanto faz se for cargo ou
emprego público, desde que haja sua nomeação de forma definitiva.
Atenção: Exclui-se deste rol os serviços temporários ou cargos comissionados;
e. Legal por Colação de Grau em Curso Superior – Praticamente extinta na vida prática,
somente é válida para cursos superiores reconhecidos, ou seja, aqueles antigos
chamados “normais” referentes a magistério não são válidos para fins
emancipatórios;
f. Legal por Estabelecimento Civil ou Comercial – Vale também para relação de
emprego, cujo menor possui economias próprias visando a sua subsistência, desde
que tenha 16 anos completos.

Domicilio

É caracterizado pelo local onde a pessoa pode ser sujeita de direito e deveres, ou pratica
habitualmente seus ato e negócios jurídicos.

Legalmente falando o domicílio é por regra o local da residência da pessoa (art. 70, CC),
havendo dois ou mais locais de residência, vivendo alternativamente, seu domicílio é
considerado qualquer um destes locais. (Art. 71, CC). O local e trabalho, segundo o art. 72, CC,
também é considerado domicílio.

A moradia, por outro lado, é apenas uma situação de fato, não há o “animus” de
permanência naquele local, neste caso, para que a pessoa tenha seu domicílio, será o local onde
ocasionalmente for encontrada. (Art. 73, CC).

Atenção, os requisitos objetivo e subjetivo para a consideração do domicílio é


respectivamente a residência e o “animus” da pessoa em viver ali definitivamente, a mudança

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de domicilio é caracterizada por diretrizes que de certa forma altera a municipalidade do
indivíduo, como um novo IPTU ou a mudança de domicílio eleitoral. (Art. 74, CC).

Hipóteses de domicílio:

a. Voluntário – É fixado pelo “animus” da parte;


b. Legal – Imposto pela lei, conforme art. 76, CC, sendo eles: Do incapaz (casa dos seus
representantes), do servidor público (local que exerce suas funções em caráter
permanente), do militar (no quartel ou onde se encontrar subordinado), do
marinheiro (onde o navio estiver matriculado), do preso (onde cumpre sua pena);
c. Contratual – Local onde os contratantes especificarem onde se exercitam e
cumpram as cláusulas contratuais. (Art. 78, CC);
Atenção: O domicílio contratual está estritamente ligado a cláusula de eleição de
foto, onde será discriminado o foro competente para resolução judicial de
eventual conflito. (Art. 63, CPC).

Morte

A morte caracteriza o fim da personalidade da pessoa natural, entretanto, não ao fim de


seu direito de personalidade, vez que a legislação trás diversas normas de proteção a imagem,
bem como ao corpo do morto. (Arts. 12, parágrafo único e 20, parágrafo único, CC).

Tipos de morte:

a. Morte Real – Quando há término da atividade cerebral do indivíduo, sendo


necessário a elaboração de um atestado de óbito a ser registrado no Cartório de
Registro Civil de Pessoas Naturais. (Art. 9º, Lei n. 6.015/ 73).
Cuidado! O sepultamento só pode ser feito sem a certidão do oficial de registro do
lugar do falecimento, devendo certas pessoas obrigadas a fazer a declaração de
óbito (Pai e mãe de seus filhos ou agregados; cônjuge em relação ao outro; filho a
respeito dos pais; irmão a respeito dos outros irmãos; policial para pessoas
encontradas mortas; na falta de competente, quem assistiu os últimos momentos
do falecido). (Art. 79, da Lei n. 6.015/73);
b. Morte Presumida Simples – É aplicável principalmente nos casos de desastre,
acidentes e catástrofes, quando há o desaparecimento do corpo da pessoa, sendo
extremamente provável a sua morte onde estava em perigo de vida; ou o

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desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou feito prisioneiro,
não sendo encontrado ate dois anos após o término da guerra. (Art. 7º, CC).
Atenção! A declaração de morte presumida só poderá ser feita após esgotada
todas as formas de averiguação e buscas do indivíduo, presumindo-se também a
data de sua morte. (Art. 7º, parágrafo único, CC);
c. Morte Presumida (Dec. de Ausência) – A morte presumida neste caso, decorre da
ausência do indivíduo, que ocorre quando o mesmo desaparece sem deixar corpo
presente (morte real), não sabendo-se também de seu paradeiro ou razões de seu
desaparecimento.

Ausência e Morte Presumida

Com o desaparecimento da pessoa, sem que se encontre o seu corpo, seu paradeiro ou
descubra os motivos do desaparecimento, instaurar-se-á uma ação específica de ausência,
promovida pelo Ministério Público ou pelos sucessores do ausente (Art. 22, CC e 744, CPC).

O juiz nomeará um curador para zelar os bens do ausente, sendo o representante, ou


na ausência ou recusa deste, outra pessoa a escolha do julgador, fixando ainda seus poderes e
obrigações.

Atenção! O cônjuge, desde que não separado de fato ou judicialmente por mais de 2
anos, é curador legítimo. (Art. 25, CC).

1 ano após a arrecadação dos bens ao curador, poderá ser feita a sucessão provisória
dos mesmos, pelo mencionados no art. 27, CC, entretanto, havendo um representante do
ausente, como por exemplo, um mandatário, o prazo será de 3 anos. (Art. 26, CC). O Ministério
Público só poderá requerer a sucessão provisória, findo o prazo mencionado, e não havendo
interessados à herança.

Cuidado! A sentença da sucessão provisória só surtirá efeitos após decorridos 180 dias
de publicada na imprensa. Após o trânsito em julgado, eventual testamento deixado poderá
ser aberto, e feita a partilha dos bens deixados, sendo que só se dará a posse aos bens do
ausente para aqueles que prestarem garantia ao juízo equivalente ao quinhão que receberá,
dispensados desta tarefa os ascendentes e descendentes que provarem a qualidade de
herdeiro. (Arts. 29 a 30, CC).

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Os frutos percebidos dos bens em posse do descendente, ascendente ou cônjuge, estes
ficarão para si em sua totalidade, porém, colhidos por demais sucessores, estes só ficarão com
metade e terão de prestar contas ao juízo. Retornando voluntariamente o ausente, ele perderá
aqueles frutos percebidos pelos sucessores, mas reaverá os seus bens (Art. 33, CC).

Atenção! Provando-se a data da morte durante a posse provisória dos bens pelos
sucessores, considerar-se-á esta data, a da abertura da sucessão em favor dos herdeiros. (Art.
35, CC).

A sucessão definitiva só poderá ser requerida após 10 anos do trânsito em julgado da


sentença que se deu a sucessão provisória. (Art. 37, CC).

Atenção! A sucessão definitiva poderá ser requerida de plano ao ausente que na época
do desaparecimento tinha 80 anos de idade, desde que esteja desaparecida há 5 anos. (Art.
38, CC).

Regressando o Ausente ou seus herdeiros, nos 10 anos seguintes à abertura da sucessão


e requerendo ao juízo os bens, serão citados para contestar os sucessores provisórios ou
definitivos, o Ministério Público e um representante da Fazenda Pública, tomando-se o
procedimento comum. (Art. 745, parágrafo 4º, CPC). Não havendo o regresso do ausente no
prazo mencionado, a sucessão se dará de forma definitiva.

Atenção! A morte, seja ela qual for, põe fim ao casamento.

Bens

Primeiramente, é importante esclarecer que bem é tudo aquilo que se pode atribuir
valor econômico e interesse jurídico.

Classificam-se na seguinte forma:

a. Corpóreos (tangíveis) – Existência material, podem ser tocados, podendo ser um


carro, uma casa, etc;
b. Incorpóreos (Intangíveis) – Imateriais, intocáveis, são abstratos, como por exemplo,
propriedade industrial, patente, direitos do autor;
c. Imóveis – Não podem ser removidos ou transportados sem a sua destruição ou
perecimento, podem ser solos (terrenos), subsolo, plantações, edificações, direito
real sobre imóvel (hipoteca), conforme art. 80, CC.

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Cuidado! Não perdem caráter de imóvel as edificações que, separadas do solo,
mas conservando sua unidade, forem transportados para outro local, bem como
os materiais que provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. (Arts. 79 e 81, CC);
d. Móveis – Podem ser transportados, sem deterioração por força própria ou alheia,
como por exemplo um carro ou um animal (semovente), podem ser considerados
móveis também a colheita de uma plantação e até mesmo uma garantia real sobre
bem imóvel, como o penhor. (Arts. 82 a 84, CC).
Cuidado! Navios e aeronaves são bens “sui generis”, são móveis, porém tratados
pela legislação como imóveis, motivo pelo qual podem sofrer hipoteca (garantia
real de bem imóvel).
e. Infungíveis – Insubstituíveis por outros da mesa espécie, quantidade e qualidade,
como obras de arte, animais e imóveis, por conta de seu registro;
f. Fungíveis – Podem ser substituídos, emprestado, e na grande maioria das vezes são
bens móveis;
g. Divisíveis – Podem ser fracionados sem que sua essência seja afetada, como sacas
de cereais, café, etc;
h. Indivisíveis – Não há como se fracionar sem altear a sua essência, como um imóvel
(pois altera seu valor), animal (morre), herança (universalidade de bens), etc.

Atenção! Bem Principal existe de forma autônoma, independente e não dependem de


outra coisa para exercerem a sua função. (Art. 92, CC), já o Bem Acessório depende do
principal para existirem e terem uma finalidade, sendo regra absoluta do direito que os bens
acessórios seguem sempre os principais.

São bens acessórios os frutos, pertenças, produtos, e benfeitorias, logo, um fruto que
cai de uma árvore, pertence logicamente a árvore, já que aquele é um bem acessório e esta o
principal, ou o aluguel de um imóvel.

Negócio Jurídico

Para que o negócio jurídico seja pleno e perfeito, deverá obedecer o tríplice pilar de
sustentação, caracterizados pela doutrina como requisitos, sendo eles:

a. Existência – Agente, vontade, objeto e forma;

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b. Validade – Capacidade do agente, consentimento (liberdade na vontade), licitude,
possibilidade e determinabilidade (do objeto) e adequação (formas previstas ou não
em lei), conforme art. 104, CC.
Atenção! A inobservância desse item poderá acarretar a nulidade ou a
anulabilidade do negócio jurídico;

c. Eficácia – Condição, termo, consequências (eventuais descumprimentos) e outros


elementos.

Sabendo-se, portanto, que o negócio jurídico pode ser inválido dependendo das causas
de nulidade ou anulabilidade, pode-se ressaltar que o mesmo pode ser inválido de forma parcial,
logo, apenas uma cláusula pode ser retirada do mesmo, permanecendo o negócio válido nas
suas demais cláusulas. (Art. 184, CC).

Condição x Termo

Quanto aos efeitos do negócio jurídico, os mesmos podem ser vinculados a condição ou
a termo, sendo que:

a. Condição – Evento futuro e incerto, logo, o negocio jurídico só poderá surtir efeitos
após o acontecimento do evento descrito em suas cláusulas.
Pode suspender ou resolver os efeitos do negócio praticado.
Exemplo: Pessoa empresta a casa para outra pessoa repousar, entretanto, esclarece
que quando o morador voltar de viagem, a pessoa terá que sair do imóvel;
b. Termo – Diz respeito ao prazo em que o negócio jurídico ficará vigorante, ou seja, é
um evento futuro e certo.
Pode suspender ou resolver os efeitos do negócio praticado.
Exemplo: Uma pessoa empreste o terreno com plantações a outra, porém há
cláusula dizendo que a colheita só poderá ser realizada em 22 de setembro até 21
de dezembro (período da primavera);

Cuidado! Existe ainda o “Encargo”, na qual consiste em um ônus a ser cumprido por
uma das partes do negócio jurídico, sob pena de revogação do mesmo. Exemplo é quando
uma pessoa doa a outra um terreno, para que seja construído em parte dele um asilo. Não
construído, o negócio se desfaz.

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Vícios do Negócio Jurídico

Erro e Ignorância

Primeiramente, trata-se de vício que gera a anulabilidade do negócio jurídico. (Art. 138,
CC).

O erro é uma falsa impressão que a pessoa tem sob determinada coisa, que influencia a
tomada de sua decisão, eis que se soubesse de tal vício, não celebraria o negócio jurídico.

Atenção! O Enunciado 12, STJ, I Jornada de Direito Civil, tornou irrelevante o fator
“escusável” para a formação do vício erro (escusável é o erro ser capaz de confundir qualquer
pessoa com diligência normal).

Erro substancial é aquele que atinge a essência do negócio jurídico, podendo recair
sobre (art. 139, CC):

a. Essência do negócio jurídico em si, ou seja, a pessoa acha que está vendendo uma
casa e a outra recebe o imóvel a título de doação, logo, há um erro no próprio ato
do negócio jurídico;
b. Essência do objeto, o erro está contido no objeto do negócio jurídico, como por
exemplo, uma pessoa acha que está comprando um relógio de prata, porém o
mesmo é de aço;
c. Essência da pessoa, o erro se reverta ao agente, a própria pessoa da celebração do
negócio jurídico, como por exemplo, uma pessoa casa com uma mulher, entretanto,
descobre que a mesma é um travesti;
d. Essência do direito, diz respeito á uma equivocada interpretação da lei, quando por
exemplo, certa pessoa se declara perante a Receita Federal devedor de determinado
tributo, mas que a mesma sequer deve o mesmo.

Exceção: Erro acidental se refere a condições secundárias de objeto ou pessoa, não


interferindo a manifestação da vontade do agente, portanto, não gera anulabilidade. Como
por exemplo, uma pessoa gosta muito de outra, e assim, celebra um legado, deixando um
objeto para a mesma, entretanto, descobre que ela sempre foi casada, ou seja, o erro não é
essencial, é de certa forma aleatório e alheio ao negócio jurídico. (Art. 142, CC).

Exceção 2: Erros relacionados a cálculos (peso, medida ou quantidade), não gera


anulabilidade, apenas a retificação do mesmo.

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Quando ocorre um erro, mas a pessoa tem sua manifestação da vontade originária
executada pelo outro agente, não se dará a anulabilidade do negócio jurídico. (Art. 144, CC).
Sendo assim, uma pessoa que compra um terreno no lote. 4, número “x”, mas na verdade
adquiriu o terreno no lote. 4, número “y”, não terá direito a anulabilidade do negócio, caso o
vendedor, após acionado (extrajudicialmente), o entrega o terreno de número “x”.

Dolo

É artifício empregado por uma pessoa, para que outrem celebre negócio jurídico de
forma enganosa, para que aquele tenha benefício próprio. É vício que gera a anulabilidade do
negócio jurídico. (Art. 145, CC).

O dolo só pode ser decretado quando preenchido os requisitos:

a. Intenção de enganar do agente a lesar a vítima;


b. Artifícios maliciosos, indicando fatos falsos, alterar verdades, ou silenciar sobre algo
relevante;
c. Seja causa determinante, ou seja, sabendo-se do vício, o negócio jurídico não seria
celebrado.

Exceção: Dolo acidental não gera a anulabilidade do negócio jurídico, apenas o pleito
por perdas e danos ou redução da prestação convencionada, já que o negócio jurídico seria
ainda celebrado, porém de forma diferente. (Art. 146, CC). Um exemplo é uma pessoa vender
um trator a outra, dizendo que o mesmo faz função “x” e “y”, porém só faz “x”, então poderá
a vítima reaver a diferença do valor dado pelo trator correspondente a esta função falsa.

Para fins de entendimento, dolo positivo é aquele praticado por uma ação, como por
exemplo, uma inverdade dita, já o dolo negativo é praticado por uma omissão, o agente sabe
que a vítima está sendo enganada, porém não faz o alerta, deixa que o negócio jurídico assim
seja celebrado. (Art. 147, CC).

Atenção! Em relação ao dolo cometido por terceiro, só poderá o negócio jurídico ser
anulado se esta terceira pessoa participou como cumplice, ou se um dos contraentes sabia dos
artifícios enganosos aplicados, mas nada fez. (Art. 148, CC). Em qualquer outra hipótese, o
terceiro deverá indenizar por perdas e danos, mas o negócio jurídico persistirá.

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Cuidado! Dolo de representante legal não é considerado como dolo de terceiro, eis
que o representante age na forma da pessoa a que representa, devendo ser responsabilizado
apenas por aquilo que obteve vantagem extra. (Art. 149, CC).

O dolo mútuo não gera anulação ou indenização. (Art. 150, CC).

Coação

É pressão física ou moral, de forma irresistível que obriga uma pessoa a celebrar negócio
jurídico contra a sua vontade. (Art. 151, CC).

A coação física gera nulidade de pleno direito, conforme corrente majoritária da


doutrina civilística, sendo anulável apenas a coação moral.

Atenção! Há de estar presentes um dano iminente ou fundado temor, envolvendo a


família da vítima, ou de seus bens. Pessoas foras do circulo familiar dependerá de apreciação
do juiz para configuração da coação. (Art. 151, parágrafo único, CC).

A coação exercida por terceiro só irá gerar a anulabilidade do negócio celebrado, caso
um dos agentes tenha conhecimento, porém, se o beneficiado pela coação de terceiro nada
souber, o negócio ficará vigente, devendo o coator indenizar a vítima. (Art. 154, CC).

Cuidado! O mero temor reverencial não é motivo de coação. (Art. 153, CC).

Estado de Perigo

Trata-se da hipótese em que o negociante, ou pessoa de sua família está em estado de


perigo iminente, e a outra parte, conhecedor do acontecimento, celebra um negócio jurídico
como premissa de livrar a pessoa do perigo iminente. (Art. 156, CC).

Quando a pessoa não for familiar, assim como na coação, o juiz analisará o caso para
conceder ou não a anulabilidade do negócio jurídico celebrado. (Art. 156, parágrafo único, CC).

Atenção! Atentar-se aos requisitos, quais sejam o perigo iminente, bem como a
onerosidade excessiva.

Um exemplo claro é a hipótese de uma pessoa estar gravemente acidentada, o médico


se aproveitando dessa situação, cobra de seu pai o valor de R$ 20.000,00, como condição da

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realização de cirurgias capazes de salvar a vida em perigo, celebrando-se presumidamente, um
contrato de prestação de serviço, o qual, será anulado.

Lesão

Ocorre quando uma pessoa sob necessidade ou inexperiência, se obriga a prestação


desproporcional ao valor da prestação oposta, ou seja, ela paga excessivamente mais por algo.
(Art. 157, CC).

Atenção! Os requisitos da inexperiência e da onerosidade excessiva devem estar


presentes. Não se pode confundir com o erro ou ignorância, pois a lesão afeta a onerosidade
da contraprestação, e não o objeto do negócio jurídico em si.

Simulação

É negocial que gera a nulidade do negócio jurídico. Trata-se de simulação de um negócio


jurídico para se beneficiar onerosamente, ou através de outra forma de direito advinda do
negócio viciado. Exemplificando, tem-se a hipótese de um pai doando para o filho um imóvel,
entretanto, permanece exercendo as funções de proprietário e possuidor do mesmo, sua
intenção foi tirar de seu nome o imóvel a fim de prejudicar terceiros credores.

Atenção! Quando a simulação é feita sem a intenção de prejudicar terceiros, em que


sua aparência se refere a determinado negócio jurídico, mas em sua essência tem-se outro
celebrado, o negócio jurídico “escondido” se preenchidos os requisitos legais, permanece
válido. (Art. 167, CC). Um exemplo claro, é uma pessoa formando um contrato de comodato
com outra, cedendo um imóvel, entretanto, por “debaixo dos panos” cobra aluguel, tendo-se
na verdade, um contrato de locação.

Fraude Contra Credores

Atuação maliciosa de um devedor, em estado de insolvência (dívida) ou na iminência de


tornar-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o seu patrimônio, para afastar a sua
responsabilidade em responder com seus bens a dívida.

É necessário se atentar a ação Pauliana ou a Revocatória, proposta pelos credores contra


o devedor insolvente, podendo também ser promovida contra pessoa que celebrou o negócio

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jurídico com o fraudador. Se tratando de terceiros fraudadores, a ação pauliana só é admitida
com a comprovação da má-fé.

Atenção! A sentença da ação pauliana é anulatória e tem natureza constitutiva


negativa. E o litisconsórcio é obrigatório.

Os requisitos para a fraude contra credores são o conluio (cumplicidade) fraudulento


entre devedor e adquirente do bem, e o prejuízo do credor.

Serão igualmente anuláveis os negócios jurídicos onerosos celebrados pelo devedor


insolvente, quando a insolvência for notória (conhecimento nacional ou de grande proporção),
ou haver motivo para ser conhecida pelo outro contratante (muitos títulos protestados).

As garantias feitas pelo devedor insolvente a um credor, para poder garantir a dívida,
será considerada fraudulenta na hipótese de existir mais de um credor. (Art. 163, CC). Isto
porque gera uma relação desigual entre eles.

Nulidade do Neg. Jurídico

Consequência prevista em lei, na hipótese em que não estão preenchidos os requisitos


básicos para a existência de um ato negocial, aqueles contidos no art. 104, CC, dessa forma, o
art. 166, CC, nos traz as causa de nulidade, a saber:

a. Negócio celebrado por absolutamente incapaz, sem da devida representação;


b. Objeto do negócio for impossível, indeterminado ou indeterminável;
c. Motivo determinante para a celebração do negócio jurídico for ilícito;
d. Quando não obedecer à forma ou solenidade prescrita em lei;
e. Quando a lei expressamente o declarar nulo ou proibir-lhe a prática, como o caso
da simulação.

Atenção! A ação declaratória de nulidade é imprescritível, não está sujeita a prescrição


ou decadência. (Art. 169, CC).

O negócio jurídico nulo pode sofrer uma conversão, tornando-se válido, desde que este
não seja feito na forma de sua pretensão, mas em outro que caracterizar mediante o
cumprimento dos requisitos previstos em lei. (Art. 170, CC). O contrato nulo de compra e venda,
poderá ser transformado em promessa de compra e venda, se as partes assim concordarem e
preenchidos os seus requisitos.

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Por fim, cabe ressaltar que a matéria de nulidade pode ser decretada de ofício pelo juiz,
a requerimento das partes, e por se tratar de ordem pública, cabe a intervenção do Ministério
Público. (Art. 168, CC). Os efeitos da sentença são “ex tunc”, devendo restituir as partes
prejudicadas ao estado em que estavam antes da celebração do negócio jurídico, ou se
impossível, caberá indenização equivalente. (Art. 182, CC).

Anulabilidade do Neg. Jurídico

Envolve exclusivamente de ordem privada, a doutrina também a reconhece como


nulidade relativa.

Conforme art. 171, CC, a anulabilidade corre:

a. Negócio celebrado por relativamente incapaz, sem a devida assistência;


b. Existência de vícios no negócio jurídico, com exceção a simulação e a coação física.

O reconhecimento da anulabilidade é feito através da ação anulatória, pelo


procedimento comum, sendo importante destacar que seu prazo decadencial, conforme art.
178, CC é de 4 anos:

a. Da data em que a coação cessar;


b. Do dia em que se realizou o negócio jurídico manchado por erro, dolo, fraude contra
credores, estado de perigo ou lesão;
c. Dos atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Cuidado! A omissão legal de ato anulável quanto ao seu tempo prescricional,


acarretará a aplicabilidade do prazo de 2 anos, a contar da data da conclusão do ato. (Art. 179,
CC).

Os casos de anulabilidade JAMAIS poderão ser decretados de ofício pelo juiz, sempre a
requerimento das partes, nem tampouco permite a intervenção do Ministério Público. A
sentença tem efeitos “ex tunc”.

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Prescrição

A prescrição surge a partir da violação de um direito, sendo um determinado prazo


estabelecido para que o sujeito possa requerer e reaver esse direito em juízo, logo, trata-se de
um direito de pretensão do direito. Findo o determinado prazo, o direito material por mais que
continue existindo, não poderá ser pleiteado judicialmente. (Art. 189, CC).

Atenção! A prescrição pode ser renunciada, expressa ou tacitamente, desde que já


esteja consumada. (Art. 191, CC). Exemplo é o pagamento de uma já prescrita.

A transmissão da prescrição é possível, desde que já iniciada a contar para uma pessoa,
desse modo, caso vier a falecer, o prazo prescricional continua a correr contra seus sucessores.
(Art. 196, CC).

Causas que impedem a prescrição, conforme art. 197, CC:

a. Entre cônjuges, na constância do casamento, ou união estável;


b. Entre ascendentes e descendentes durante a poder familiar;
c. Na constância da tutela ou curatela, entre as partes envolvidas.

Também não corre a prescrição (art. 198, CC):

a. Absolutamente incapazes;
b. Ausentes do país em serviço público de qualquer esfera federativa;
c. Aos que estão servindo as Forças Armadas, em tempo de guerra.

A prescrição tem contagem específica nos arts. 205 e 206, CC.

Decadência

É a perda do próprio direito material, por falta de uso ou pela sua não formalização em
tempo hábil estabelecido em lei.

A decadência estabelecida em lei não pode ser renunciada pelas partes, sob pena de
nulidade, e deverá ser reconhecida pelo juiz de ofício, independente de requerimento das
partes. (Arts. 209 e 210, CC).

Atenção! A decadência não corre para os incapazes, e não pode ser suspensa ou
interrompida nesses casos. (Art. 208, CC).

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Cuidado! A decadência convencional (estabelecida entre as partes em negócios
jurídicos de caráter privado) não podem ser reconhecidas de ofício pelo Juiz, e podem ser
renunciadas após a consumação. (Art. 211, CC).

Obrigações

Obrigação consiste na relação jurídica e transitória (pois tem fim), estabelecida entre
um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (devedor), cujo objeto consiste em uma prestação,
positiva ou negativa, e que, havendo descumprimento, o credor poderá satisfazer o débito com
o patrimônio do devedor.

O ordenamento jurídico traz alguns tipos de obrigações, quais sejam:

a. Obrigação de dar – Consiste na obrigação adquirida pelo devedor, em que este


deverá dar ao credor coisa certa ou incerta.
Na obrigação de dar coisa certa, o devedor deverá entregar coisa individualizada,
cujas característica foram previamente combinadas entre as partes, não sendo
obrigado o credor a receber outra coisa, ainda que mais valiosa. (Art. 313, CC).
Situações hipotéticas:
1. Havendo obrigação de dar coisa certa, e a coisa desaparece ou é destruída sem
culpa do devedor, antes da tradição, o pagamento feito deverá ser devolvido ao
credor da obrigação. (Art. 234, CC);
2. Havendo obrigação de dar coisa certa, e a coisa se destrói ou desaparece por
culpa do devedor, o mesmo deverá devolver ao credor o valor pago, com a
devida indenização de perdas e danos ou lucros cessantes. (Art. 234, CC);
3. Havendo obrigação de dar coisa certa, e a coisa sofre avarias sem culpa do
devedor, poderá o credor ficar com a coisa abatendo o preço pela avaria, ou
exigir a quantia paga. (Art. 235, CC);
4. Havendo obrigação de dar coisa certa, entretanto, a depreciação da coisa se dá
por culpa do devedor, poderá o credor exigir o valor equivalente a coisa
avariada, ou ficar com ela como está, nos dois casos acrescida de indenização
por perdas e danos. (Art. 236, CC);
5. Havendo obrigação de restituir coisa certa, ocorre a perda da coisa sem a culpa
do devedor, deverá o credor suportar o prejuízo, porém, podendo exigir
eventuais contraprestações vencidas. (Art. 238);

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6. Havendo a obrigação de restituir coisa certa, mas a sua destruição advém de
culpa do devedor, o credor poderá pleitear o valor correspondente a coisa, mais
perdas e danos. (Art. 239, CC);
7. No mesmo caso da restituição, havendo pequenas avarias sem culpa do
devedor, o credor deverá pegar a coisa no estado em que está apenas. (Art. 240,
CC);
8. Havendo deterioração da coisa por culpa do devedor, poderá o credor pleitear
por valor equivalente a coisa, ou ficar com a coisa no estado em que está, porém
ambas as hipóteses acrescidas de perdas e danos. (Art. 240, CC).

Cuidado! Frutos colhidos pelo devedor, antes da tradição da coisa, pertencerá


a ele, entretanto, os futuros que virão após a tradição, pertencerão ao credor.

Na obrigação de dar coisa incerta, há pelo menos a indicação de gênero, quantidade,


devendo ser o objeto determinável. (Art. 104, II, CC). A qualidade, em regra, cabe ao
devedor, que após ter sido cientificada pelo credor, a obrigação se torna específica.
Assim aplicam-se as regras da obrigação de dar coisa certa.
b. Obrigação de fazer – Consiste na prestação de uma tarefa por parte do devedor,
como por exemplo, uma obra de arte. Neste caso, só quando o quadro estiver
pronto, haverá uma obrigação de dar. Nesse contexto, há duas modalidades, a
obrigação de fazer infungível (apenas uma pessoa pode realizar, é personalíssima),
e fungível (pode ser realizada por outra pessoa, que não seja a inicialmente
contratada), conforme as seguintes hipóteses:
1. Havendo inadimplemento da obrigação infungível, ou seja, a não realização
completa da tarefa, poderá o credor exigir o cumprimento forçado
judicialmente, com a possibilidade de multa (art. 497, CPC), ou não interessado
mais na obrigação pleitear por perdas e danos (art. 247, CC);
2. Havendo inadimplemento da obrigação fungível, poderá o credor pleitear
judicialmente pelo cumprimento forçado com possibilidade de multa (Art. 497,
CPC); poderá pedir para terceiro cumprir a obrigação, custeada pelo devedor
originário (art. 249, CC e arts. 633 e 634, CPC); por fim, requerer perdas e danos,
desistindo do cumprimento da obrigação (art. 248, CC).
Atenção! Não havendo culpa do devedor, a obrigação não poderá ser
convertida em perdas e danos, como por exemplo, a morte do contratado.

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c. Obrigação de não fazer – Incumbe a vedação de determinado ato, podendo ser
classificada como uma obrigação negativa. O inadimplemento se dá quando o ato
vedado de ser praticado é feito. No caso de inadimplemento:
1. Poderá o credor forçar o cumprimento na obrigação judicialmente, com a
possibilidade de multa (art. 497, CPC); ou não interessado mais na obrigação,
exigir perdas e danos (art. 251, CC).
Atenção! Em caso de urgência, poderá o credor mandar outra pessoa desfazer
ou ele mesmo desfazer, independente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.
Não sendo culpa do devedor a impossibilidade do cumprimento da obrigação,
nada ocorrerá. (Art. 250, CC).

Solidariedade Ativa na Obrigação Divisível

Havendo solidariedade ativa, o credor poderá cobrar a dívida do devedor por inteiro ou
outro valor, assim como poderá o devedor pagar da forma que quiser a qualquer um dos
credores, entretanto, na via judicial, o devedor só poderá pagar a quem o demandou. (Arts. 267
e 268, CC).

Atenção! O pagamento efetuado extingue a dívida no valor do montante pago,


podendo os credores exigir o pagamento do restante, inclusive, aquele que recebeu parte do
débito. (Art. 269, CC).

No caso de falecimento de um dos credores, os seus herdeiros terão direito a exigir e


receber a quota do crédito correspondente ao falecido, salvo se a obrigação for indivisível. (Art.
270, CC).

Atenção! Aquele credor que perdoou a divida ou recebeu o pagamento integral,


responderá aos outros credores pela parte que lhes cabia. (Art. 272, CC).

O julgamento a desfavor de um dos credores solidários, não atinge o demais. (Art. 1.068,
CPC).

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Solidariedade Passiva na Obrigação Divisível

Implica na solidariedade de devedores perante a obrigação.

Assim, o credor tem o direito de exigir de um ou demais devedores o pagamento integral


ou parcial da obrigação, sendo feito parcial, continuarão os demais devedores obrigados ao
resto. (Art. 275, CC).

Atenção! O pagamento pelo devedor da dívida não o exime de ser cobrado pelo
credor. (Art. 275, parágrafo único, CC).

Assim como ocorre na solidariedade ativa, caso um dos devedores morram, a sua quota
parte será descontada do montante da herança, ou no limite dos quinhões recebidos por cada
sucessor. (Art. 276, CC).

Tanto o pagamento efetuado por um dos devedores, quanto o perdão (remissão) obtido
por um deles, não abrangerá os demais. (Art. 277, CC).

Cuidado! Apenas o devedor que teve culpa pela impossibilidade do cumprimento da


obrigação irá arcar com as perdas e danos, os demais apenas pagarão o equivalente do
prejuízo.

A renúncia da dívida pelo credor concedida a um dos devedores, não abrangerá os


demais, logo, a renúncia se deu a cota parte que este devedor pagaria, sendo o restante ainda
solidários. (Art. 282, CC).

Atenção! A legislação atribuiu ao devedor que arcou sozinho com a dívida, regressar
judicialmente contra os demais devedores solidários. (Art. 283, CC).

Solidariedade na Obrigação Indivisível

Havendo um ou mais devedores, cada um eles serão os obrigados pela dívida toda, e o
devedor que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos demais devedores.
(Art. 259, CC).

Havendo mais de um credor, estes poderão exigir a obrigação por inteiro, porém, o
devedor ou devedores somente se desoneram pagando a todos conjuntamente ou a um deles,
dando este caução de ratificação dos outros credores. Exemplificando, um touro valendo
30.000,00 poderá ser entregue a um credor, e aos demais o valor de 10.000,00 e 10.000,00
(havendo 3 credores). (Art. 261, CC).

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Caso um dos credores concedam a remissão da dívida, os outros ainda terão direito a
sua quota parte correspondente da dívida total. (Art. 262, CC).

Havendo a impossibilidade pelo cumprimento da dívida por culpa de todos os


devedores, todos eles responderão pelo valor em frações iguais, entretanto, sendo apenas a
culpa de um deles, ele arcará sozinho com a perdas e danos. (Art. 263, parágrafos 1º e 2º, CC).

Complementos da Obrigação e Formas Híbridas

Melhorias na Coisa

Quando se tratar de obrigação de dar coisa certa, as melhorias eventualmente feitas


pelo devedor na coisa antes da tradição, a ele pertence, deste modo, poderá aumentar o preço
do bem melhorado, não sendo obrigado a entregado, e o credor não concordando, o devedor
extingue a obrigação. (Art. 237, CC).

Os frutos percebidos oriundos da coisa, antes da tradição, pertence ao devedor,


entretanto, aqueles que vierem a ser percebidos após a tradição, pertencerá ao credor. (Art.
237, parágrafo único, CC).

Cuidado! Nas obrigações de restituição (devolução da coisa), como no comodato,


depósito ou locação, as melhorias feitas no imóvel sem despesa ou trabalho do devedor serão
do credor, sem direito a qualquer restituição ou abatimento da contraprestação o devedor.
(Art. 241, CC).

Exceção: Havendo, entretanto, trabalho e despesas para o devedor no melhoramento


da coisa, presumir-se-á que farão parte da esfera de benfeitorias, neste caso, será aplicada as
regras que se tratam da benfeitoria aos possuidores de boa-fé ou de má-fé. (Art. 242, CC).

Deste modo, o devedor terá de ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis,
podendo reter a coisa se o credor não quiser pagar, já as benfeitorias voluptuárias, poderá
levantá-las e levar consigo após a restituição da coisa. (Art. 1.219, CC).

Atenção! Estando o devedor de má-fé, este só terá direito a indenização pelas


benfeitorias necessárias.

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Obrigação Alternativa

Ocorre sempre que o para resolver (extinguir) a obrigação, poderão ser entregues pelo
devedor duas coisas, entretanto, ou uma ou outra. Assim vejamos, na falta ou na destruição de
um determinado objeto, poderá o devedor entregar o outro.

Cabe ressaltar que a escolha do objeto, caso não tenha nada expresso em contrato,
caberá ao devedor.

Obrigação “propter rem”

Ela recaí sobre uma pessoa por força do direito real, ou seja, não importa quem esteja
na propriedade do imóvel, se ele é alienado ou não, pois essa obrigação sempre o seguirá. Como
por exemplo, a taxa condominial. (Art. 1.277, CC).

Deste modo, deverá o alienante atentar-se sempre antes de adquirir um imóvel,


pesquisando sempre pelas certidões negativas de débito do imóvel se há dívidas ou não, para
que assim não saia prejudicado ao adquirir o bem, e ainda ter que se submeter a pagamento de
dívidas já vencidas.

Cuidado! Aqui o devedor (novo proprietário) responde ilimitadamente com seu


patrimônio.

Contratos em Espécie

Contrato de Compra e Venda

Contrato pelo qual uma das partes se obriga a entregar determinada coisa, e a outra a
pagar-lhe certo preço em dinheiro. (Art. 481, CC).

O contrato se aperfeiçoa com a tradição, ou seja, a entrega do bem móvel, ou pelo


registro imobiliário do bem imóvel.

Cuidado! Se tratando de objetos que ultrapassam 30 vezes o salário mínimo, como a


compra de um carro ou um imóvel, o contrato deverá ser escrito ou por instrumento público
conforme indica a lei.

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A venda feita mediante um modelo ou protótipo cria a obrigatoriedade do vendedor ter
o objeto com as mesmas qualidades ou equivalentes daquela apresentada, sob pena de perdas
e danos. (Art. 484, CC).

Atenção! É nulo o contrato de compra e venda em que o preço da coisa é estipulado


de forma arbitrária. (Art. 489, CC).

Salvo estipulação em contrário, ficará a cargo do comprador os encargos da escritura e


registro, em contrapartida, ficará sob a responsabilidade do vendedor as custas para a tradição
(entrega). (Art. 490, CC).

Não sendo a venda a crédito (cartão ou dividida), o vendedor não está obrigado a
entregar a coisa antes de receber o pagamento. (Art. 491, CC).

Atenção! Até a tradição, o vendedor corre os riscos da coisa, sendo assim, o vendedor
está obrigado a entregar a coisa no estado do eu tempo de venda. (Art. 492, CC). A tradição
ocorrerá no local em que se deu o contrato, salvo estipulação diversa, entretanto, se for
entregue em local distinto, por ordem do comprador, por sua conta correrão os riscos, salvo
se das instruções dele se afastar o vendedor. (Arts. 493 e 494, CC).

Caso haja o atraso do pagamento pelo comprador, poderá o vendedor forrar-se da coisa
como garantia, até que o comprador lh preste caução, para posteriormente pagar o valor
acordado. (Art. 495, CC).

É anulável a compra e venda de ascendente para descendente, salvo se os outros


descendentes, e o cônjuge expressamente consentiram para tal. (Art. 496, CC).

Exceção: Dispensa-se o consentimento do cônjuge, se o regime de bens for o da


separação obrigatória. (Art. 496, parágrafo único, CC).

Atenção! A compra e venda é lícita o casal, desde que o bem esteja excluído da
comunhão. (Art. 499, CC).

Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, nem por hasta pública (art. 497, CC):

a. Pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua


guarda ou administração;
b. Pelos juízes, peritos, secretários, árbitros e outros serventuários ou auxiliares da
justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, no lugar onde trabalham
ou que se estenda a sua autoridade;
c. Pelos leiloeiros e prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados.

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O vendedor é responsável pelos débitos da coisa, até o momento da tradição, salvo
estipulação em contrário, assim, o comprador deverá sempre verificar, antes de adquirir a coisa,
se a mesma possui gravames. (Art. 502, CC).

Cuidado! Se várias coisas forem vendidas em conjunto, o defeito oculta de uma delas
não autoriza a rejeição de todas. (Art. 503, CC).

É vedada a venda de coisa indivisível em condomínio sem o consentimento de outro


condômino, eis que há este possui direito de preferência sobre a coisa e pode querer adquiri-la.
Caso a venda ocorra sem este saber do ato, poderá no prazo de 180 dias, mediante depósito
judicial, haver a coisa para si. (Art. 504, CC).

Atenção! Aplica-se este dispositivo à herança, enquanto não partilhada.

Cláusulas Especiais (Pactos Adjetos) da Compra e Venda

Retrovenda

Direito do vendedor de readquirir imóvel, dentro do prazo decadencial máximo de três


anos (não se suspende nem se interrompe), restituindo o preço recebido, mas despesas feitas
pelo comprador, inclusive as despesas de sua autorização e benfeitorias necessárias. (Art. 505,
CC).

Atenção! A recusa do comprador em receber a quantia que faz jus, abre precedente
para que o valor total seja depositado judicialmente. (Art. 506, CC).

É condição resolutiva, que deve estar expressa no contrato. Se não for estipulado prazo
ou este for superior a três anos, serão considerados apenas três anos. Vencido o prazo e não
exercido o direito, a venda se torna irretratável.

Havendo mais de um vendedor, e apenas um só retratar a venda, o comprador poderá


intimar os demais, para que assim todos concordem, prevalecendo o pacto em favor de quem
tenha depositado o valor. (Art. 508, CC).

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Preempção, Preferência ou Prelação

O comprador, caso for vender a coisa (móvel ou imóvel) a terceiro, se obriga a oferecê-
la ao vendedor, para exercer o direito de preferência em igualdade de condições. É direito
personalíssimo e intransmissível. (Art. 513, CC).

Atenção! Poderá o comprador intimar ao vendedor para que ele saiba que a coisa será
vendida novamente (prelação). (Art. 514, CC).

Quanto ao prazo, sendo móvel, não pode exceder 180 dias; sendo imóvel, dois anos.
Não fixado prazo, o direito caduca em três dias, se móvel, ou 60, se imóvel, após notificação.
(Art. 513, parágrafo único, CC).

Exceção: Não havendo prazo estipulado, passará a ser o prazo de 3 dias para bem
móvel e 60 dias para bens imóveis, após a notificação recebida. (Art. 516, CC).

Se o comprador alienar a coisa sem dar ciência ao vendedor do preço e das vantagens
que por ela lhe ofereceram, responderá por perdas e danos, sem direito de reaver o bem. Se o
adquirente estiver de má-fé, responderá solidariamente. (Art. 518, CC).

Cuidado! Trata-se de direito personalíssimo, logo, não se transmite através de cessão,


nem tampouco por morte aos sucessores. (Art. 520, CC).

Troca ou Permuta

Esta modalidade de contrato é caracterizada pelo escambo, ou seja, uma pessoa se


obriga a entregar certa coisa a outra, trocando-se por outro objeto, não sendo dinheiro.

O objeto de troca pode compreender coisas distintas, como um imóvel por bem móvel,
móvel por móvel, etc.

Atenção! Sabendo-se da burocracia envolvendo bens imóveis, como sua inscrição e


transmissão da propriedade junto ao Cartório de Registro de Imóveis, o contrato de permuta
deverá ser por escrito. (Art. 108, CC).

A troca pode ser realizada acompanhada de determinado valor em dinheiro, entretanto,


sendo este valor superior a metade do valor do bem trocado, converter-se-á o contrato em
compra e venda.

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É anulável a troca feita entre ascendente e descendentes, de forma desigual, sem o
consentimento dos demais descendentes. (Art. 533, CC).

Se tratando de vício oculto, a única forma de solução é a resolução do contrato,


devolução dos objetos trocados.

Comodato

É o contrato pelo qual, uma pessoa entrega a outra coisa não fungível para que a eu
graciosamente, e depois a restitua. (Art. 579, CC).

Atenção! O empréstimo aqui feito é para fins de uso, pois o contrato de mútuo trata-
se de empréstimo para consumo.

A características principais aqui são a gratuidade, o objeto infungível e a tradição da


coisa.

Cuidado! Se o objeto do comodato for um imóvel, obviamente ficará responsável pelas


despesas da coisa enquanto a estiver usando.

A infungibilidade diz respeito a entrega da mesma coisa recebida em empréstimo, eis


que a mesma é insubstituível.

O contrato de comodato é por tempo determinado, entretanto, se o comodatário vier a


falecer, transferirá o contrato aos herdeiros, dentro do prazo estipulado, não podendo o
comodante reclamar pela devolução da coisa. (Art. 581, CC).

Atenção! Tutores, curadores e em geral os administradores não poderão dar em


comodato os bens que estão sujeitos ao seu zelo e administração, sem autorização especial.
(Art. 580, CC).

O comodatário deve zelar e cuidar da coisa como e fosse sua, não podendo aluga-la a
outrem, entretanto, despesas extraordinárias deverão ser autorizadas pelo comodante ou
comunicadas para que ele mesmo o faça. (Arts. 582 e 584, CC).

As regras da benfeitoria não se aplicam a este contrato. (Entendimento jurisprudencial).

Em caso de correr perigo, mesmo que em caso fortuito ou força maior, o comodatário
tenha que abandonar os bens do contrato, para que salve seu patrimônio próprio, deverá
responder pelo dano causado ao comodante. (Art. 583, CC).

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Na hipótese do comodatário usar os bens fora das cláusulas contratuais, responderá por
perdas e danos. (Art. 582, CC).

Em razão da transferência da posse da coisa pelo contrato de comodato, o comodatário


que não entregar a coisa ao fim do prazo estabelecido, estará cometendo esbulho, podendo
sofrer uma ação de reintegração de posse, além de incidir “aluguel” arbitrado pelo tempo de
atraso e os juros de mora. (Art. 582, parágrafo único, CC).

Mútuo

Trata-se de empréstimo de coisa fungível, devendo o mutuário restituir coisa de mesmo


gênero, quantidade e qualidade ao mutuante, ou seja, a restituição não é da mesma coisa
emprestada, uma vez que o bem destinado a consumo e aqui se transfere a propriedade. (Art.
586, CC).

As despesas e riscos oriundos da tradição ficam por conta do mutuário (quem receberá
a coisa). (Art. 587, CC).

O contrato de mútuo pode ser destinado a empréstimo de dinheiro, presumindo a


presença de juros que não poderão ser superiores a taxa anual, permitida em lei. (Art. 591, CC).

Atenção! Apesar de ser um contrato não solene, por não haver exigibilidade de forma
prescrita em lei, recomenda-se a fazê-lo por escrito, para fins probatórios em caso de conflito
na esfera judicial.

É por tempo determinado, para não se configurar doação, e caso não seja
convencionado pelas partes, o prazo será, conforme o art. 592, CC:

a. Se for de produtos agrícolas, até a próxima colheita;


b. Se for de dinheiro, por 30 dias;
c. Se for coisa fungível, pelo tempo em que declarar o mutuante.

Atenção! Havendo notória mudança na situação econômica do mutuário, poderá o


mutuante exigir uma garantia de restituição, antes do vencimento do contrato, e se recusada
a prestação da garantia, poderá incidir os juros estipulados no contrato de forma antecipada.
(Art. 590, CC). Essa mudança econômica, deve ser capaz de tornar duvidosa o cumprimento da
restituição contratual, e ser e forma que todos tenham conhecimento e não necessite de
prova, como por exemplo, títulos protestados e várias execuções judiciais sofridas. (Arts. 477
e 333, III, CC).

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Doação

É o contrato escrito cujo indivíduo, querendo e por livre espontânea vontade, transfere
a outrem bem ou direito de seu próprio patrimônio. (Art. 538, CC).

Exceção: Poderá ser verbal quando se tratar de bens móveis, ou cuja coisa tem valor
irrisório. (Art. 541, parágrafo único, CC).

Necessário se faz destacar as características deste contrato, sendo o “animus donandi”


do agente (sua intenção de praticar o ato), bem como a própria coisa a ser transferida.

A aceitação do donatário é essencial para o aperfeiçoamento do contrato, podendo


aquele aceitar de forma expressa, ficta ou tácita. Lembrando que a aceitação ficta é destinada
ao absolutamente incapaz, desde que a doação seja pura, assim, dispensa-se a sua aceitação.
(Art. 543, CC).

Atenção! Não há restrição quanto a doação de ascendente para descendente, mesmo


que não haja anuência dos demais, tendo em vista que isso denomina-se adiantamento da
legítima. (Art. 544, CC).

Exceção: A doação feita de cônjuge adultero para sua amante é proibida, podendo ser
anulada pelo outro cônjuge. (Art. 550, CC).

O menor quando vai casar, só poderá doar coisa a sua noiva (o), no pacto antinupcial e
com a aprovação de seu representante legal. (Art. 1.654, CC).

O doador não corre o risco da evicção ou consequências do vicio redibitório, vez que já
fez liberalidade de seu patrimônio, salvo se for doação para casamento com certa e determinada
pessoa. (Art. 552, CC).

Tipos de doação:

a. Pura – Não há encargo, restrição ou subordinação. É pura mesmo que tenha reserva
de usufruto;
b. Onerosa (modal) – Impõe encargo, onerosidade, etc. Logo, o donatário precisa
cumprir o encargo imposto. Se tratando de causa suspensiva (evento futuro ou
incerto), o donatário só receberá o bem quando acontecer o pactuado.
Cuidado! Sendo o objeto da doação destinado e com finalidade específica ilícita,
como a doação de um imóvel para que funcione casa de prostituição, o ato será
invalidado. (Art. 137, CC).

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c. Remuneratória – É feita com o intuito de pagamento a um serviço prestado, como
por exemplo, doar uma casa a um médico que tantas vezes salvou a sua vida.
Atenção! Não pode ser pago a título de dívida ou porque estava devendo, assim
se caracterizará mero pagamento.

Restrições quanto a doação:

a. É vedada a doação pelo devedor insolvente, para tentar livrar seu patrimônio da
dívida ou diminuir seus encargos, desta forma, é caracterizado fraude contra
credores e combatida através da ação pauliana;
b. É vedada e anulável a doação inoficiosa, feita de tal forma que exceda a parte que o
indivíduo tem de direito para dispor, respeitando-se a legítima (art. 549, CC);
c. É vedada e anulável a doação de todo o patrimônio (art. 548, CC);
d. Doação de cônjuge adultero para amante.

Cuidado! Nos itens b e c, a lei seca faz menção a “nulidade”, entretanto, a doação só
pode ser anulável.

Revogação (anulação) da doação:

a. Descumprimento de encargo – Torna-se anulável toda a doação, caso o donatário


não cumpra o encargo no prazo estabelecido, assim desde o seu vencimento, inere-
se a mora, salvo se por força maior.
Não estabelecendo prazo, devera ser fixado prazo razoável para o cumprimento do
encargo. (Arts. 397, 540, CC);
b. Ingratidão do donatário – É um rol taxativo, somente aceita se for na doação pura.
Se dará na hipótese de atendado do donatário contra a vida do doador ou crime de
homicídio doloso; ofensa física consumada e com dolo ao doador; injúria grave e
calúnia. (Art. 557, CC).
Atenção! Pode haver anulação quando o ofendido for cônjuge, ascendente ou
descendente, ainda que adotivo e irmão do doador. (Art. 558, CC).

Atenção! A ação para a anulação nas hipóteses do rol taxativo dos arts. 557 e 558, CC,
possui prazo decadencial de 1 ano, a partir do conhecimento do doador, ou do acontecimento
de algum fato do rol. A legitimidade da ação é do doador, contra o donatário, entretanto, caso
o doador morra com a ação já em trâmite, poderão os seus herdeiros continua-la. (Art. 560,
CC).

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Exceção: A doação feita diretamente para causa de casamento, torna vedada a
revogação por ingratidão do donatário, mesmo que este cometa os atos do rol taxativo
contra o doador. (Art. 564, VI, CC).

Transporte

Contrato pelo qual uma pessoa se obriga a transportar outra pessoa ou coisa, mediante
retribuição, de um lugar para o outro. (Art. 730, CC).

Atenção! A translação se refere o caminho a ser percorrido, não importando a


distância, basta a locomoção e a mudança de local.

A pessoa responsável pelo transporte não consegue simplesmente eximir a sua culpa,
caso a pessoa ou a coisa não cheguem intactas ao seu destino, devendo assim provar que a culpa
foi exclusivamente da vítima, força maior ou fato exclusivo de terceiro.

O transporte de coisas é acessório ao transporte de pessoa, vez que o passageiro quem


compra a passagem e adere ao contrato de transporte, levando assim a sua bagagem.

Cuidado! Esta modalidade contratual não se aplica ao transporte clandestino.

A responsabilidade do transportador é objetiva quanto as pessoas e suas bagagens,


proibindo qualquer cláusula de não indenização. (Art. 734, CC). Assim, em caso de acidente,
deverá o transportador primeiro indenizar a vítima, e depois em ação de regresso, discutir
contra quem causou o acidente, mesmo sendo fato exclusivo de terceiro.

Atenção! A indenização será reduzida na proporção em que a vítima contribuiu com o


acidente, uma vez que não obedeceu totalmente às normas de segurança do transportador.
(Art. 738, CC).

Assim, os objetos que estão sendo levados devem ser identificados ao máximo possível,
com seu valor, material, natureza, etc, para fins de cálculo de indenização e cuidados pelo
transportador. (Art. 743 e 744, CC). Pois a responsabilidade do transportador é limitada ao valor
constante do conhecimento. (Art. 750, CC).

No ato da entrega da coisa, caso o dono não seja entregue, poderá depositar em juízo,
ou mesmo se houver dúvida sobre o destinatário. (Art. 755, CC).

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Pode o remetente desistir do transporte enquanto a coisa não for entregue, devendo
arcar com custos que acrescerem a mudança de trajeto, mais perda e danos que houver. (Art.
748, CC).

Cuidado! Em caso de perda parcial ou avaria imperceptível, deverá quem recebeu o


produto denunciar em 10 dias os danos a contar da entrega, sendo prazo decadencial para o
ajuizamento da ação. (Art. 754, parágrafo único, CC).

Caso se torne impossível a entrega, por defeitos mecânicos no veículo, deverá o


transportador depositar a coisa em juízo por sua conta e risco, ou se perecível a coisa, vende-la,
obviamente, sendo o remetente informado de qualquer uma dessa ações. (Art. 753, CC).

Atenção! O transporte gratuito, feito de cortesia e amizade não se submete a


legislação do contrato de transporte, salvo e o transportador auferir vantagens indiretas.

Exceção: Se por dolo ou culpa grave o transportador causa dano a vitima, este será
responsável a indenizá-la. (Súmula 145, STJ).

Depósito

Contrato em que o depositário recebe coisa móvel para guardar e zelar, por tempo
estipulado com o depositante ou se reclamada por teste, devendo a referida coisa ser restituída.
(Art. 627, CC). O contrato só se aperfeiçoa com a entrega da coisa pelo depositante ao
depositário.

A coisa será entregue com seus frutos e acrescidos, assim que exigida. (Art. 629,
parágrafo único, CC).

Poderá o depositário reter a coisa até que o depositante lhe pague o devido pelo
“serviço”, salvo se for ajustado de forma gratuita. (Art. 644, CC).

Atenção! Sem autorização expressa do depositante, o depositário não poderá usar a


coisa por ele guardada. (Art. 640, CC).

Espécies:

a. Depósito Voluntário – Resulta de acordo de vontade entre as partes, e livremente


ajustada por elas.

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Atenção! Os relativamente incapazes, desde que autorizados pelos seus
representantes legais, podem efetuar o contrato de depósito em agências
bancárias.
Caso seja necessário gastar dinheiro para conservar a coisa, de forma necessária
como a alimentação de animal, ou se autorizada pelo depositante, o depositário
será ressarcido.
Será ainda indenizado, caso tenha seu próprio patrimônio prejudicado por “culpa”
do objeto depositado.
Poderá o depositário reter a coisa como forma de coerção ao depositante lhe pagar
o devido, exigindo-lhe caução, ou na sua falta, remoção da coisa para deposito
público. (Art. 644, CC).
O depositante terá indenização por perdas e danos, na hipótese do depositário sem
autorização usar a coisa ou dar em depósito a terceiro. (Art. 640, CC).
O depositário responde por culpa ou dolo pela deterioração ou avarias na coisa
depositada, até mesmo se o objeto estiver fechado e for entregue aberto. (Art. 630,
CC).
b. Depósito Necessário – Far-se-á por situações forçadas, que fazem com que o
depositante entregue a coisa ao depositário sem que ele queira, sendo na hipótese
de imposição legal, ou calamidades naturais (depósito miserável). (Art. 647, CC).
c. Depósito Irregular – Caracterizado por ser coisa fungível (substituível), ou seja, o
depositante entrega uma coisa, e o depositário entregará outro, mas com a mesma
espécie, quantidade e qualidade.

Empreitada

Contrato pelo qual o empreiteiro se compromete, mediante remuneração, a cumprir


determinada obra, pessoalmente ou por terceiros, com as instruções passada pelo dono da
obra.

A fiscalização da execução do contrato é responsabilidade da própria empreitada, no


passo que a mesma também assume os riscos do empreendimento.

Atenção! A obrigação consiste na entrega da obra pronta, independente se fora do


prazo estipulado, ou antes do mesmo se findar, em qualquer um dos casos, perceberá pela
remuneração integral estipulada.

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Tipos de empreitada:

a. Lavor – A empreitada se encarrega pela mão de obra, cabendo o proprietário


fornecer os materiais para a execução da obra.
Atenção! Se a coisa perece, antes da entrega da obra pronta, o responsável é o
proprietário da obra. (Art. 612, CC).
Cuidado! Se a obra perecer antes da entrega, sem culpa do dono e da empreitada,
esta última perderá a retribuição, salvo se provar que a perda resultou da falta de
qualidade dos materiais fornecidos. (Art. 613, CC).
Na hipótese de inutilizar os materiais recebidos, quebra-los ou perde-los por
negligência ou imperícia, deverá a empreitada pagar os materiais ou repô-los. (Art.
617, CC);
b. Mista – A empreitada se encarrega pela mão de obra, bem como pelo fornecimento
de materiais para a execução da obra.
Atenção! A empreiteira corre os riscos do empreendimento até a entrega da obra,
salvo se o dono estiver em mora de receber. (Art. 611, CC).

Terminada a obra, o dono é obrigado a recebe-la, porém poderá rejeitar caso o


empreiteiro tenha fugido de suas instruções, ou requerer o abatimento do preço. (Arts. 615 e
616, CC).

A obra só terá aumento de preço e acréscimos, caso o dono da obra expressamente


requerer e instruir, deste modo, independente se estipulado por escrito ou não, o proprietário
será obrigado a pagar tais acréscimos por ele solicitado. (Art. 619, CC).

Iniciada a obra, o proprietário pode suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as


despesas e lucros relativo ao tempo que foi suspensa a obra e pelos serviços já feitos, mais uma
indenização razoável. (Art. 623, CC).

Poderá também o empreiteiro suspender a obra, desde que seja por motivo que
realmente fez necessitar a suspensão, pelo contrário, responderá o empreiteiro por perdas e
danos. (Art. 624, CC).

A suspensão por “justa causa” da obra por parte do empreiteiro se dará pelas hipóteses
inauguradas pelo art. 625, CC, sendo elas:

a. Culpa do dono da obra ou força maior;

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b. Quando decorrer de serviços complexos demais, imprevisíveis, resultantes de causa
geológica, hídricas ou outras semelhantes, e que torne a obra onerosamente
excessiva, necessitando uma rediscussão do preço;
c. Se as modificações da obra por parte do proprietário forem desproporcionais ao
projeto inicial e já planejado, ainda que o dono disponha a arcar com o acréscimo
do preço.

Atenção! O contrato não se extingue com a morte de uma das partes, salvo se
convencionado deste modo. (Art. 626, CC).

Prestação de Serviços

Contrato em que o prestador se compromete a realizar determinado trabalho material


ou imaterial, mediante retribuição. (Art. 594, CC). É normal algumas retribuições serem pagas
como moradia, alimentos, vestuários, etc.

Normalmente a retribuição é paga após a realização do serviço, salvo estipulação em


contrário para pagar antes ou em partes. (Art. 597, CC).

Atenção! O contrato tem a duração máxima de 4 anos, porém, ao fim deste, poderá
ser celebrado um novo contrato. (Art. 598, CC). Não conta como tempo de serviço os períodos
que por culpa do prestador, não pôde comparecer. (Art. 600, CC).

No contrato por tempo certo ou tarefa determinada, o prestador que imotivadamente


se ausentar ou se despedir sozinho, terá direito a perceber as verbas vencidas, porém
responderá por perdas e danos. (Art. 602, CC).

Caso o prestador seja dispensado sem justa causa, deverá perceber a remuneração
integral vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato, ou seja,
receberá pela metade a quantia correspondente ao tempo que faltaria para o contrato se findar.
(Art. 603, CC).

Esta modalidade de contrato é personalíssima, portanto, se finda com a morte de uma


das partes, além de se findar com a feitura do serviço, ou pelo tempo estipulado em contrato,
se findará ainda pela rescisão, inadimplemento ou pela impossibilidade de sua continuação por
força maior. (Art. 607, CC).

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Posse

Aquele que se encontra no exercício de fato do uso, gozo do bem, entretanto, não é
dono “proprietário”. (Art. 1.196, CC).

A violência ou clandestinidade não são considerados pose, senão após a sua cessação,
deste modo, será considerada posse injusta após a cessão dos ilícitos. (Art. 1.208, CC).

Fâmulos da posse é a pessoa que exerce de fato o uso e o gozo da coisa, em nome do
possuidor, mediante um acordo, contrato ou situação econômica, como por exemplo um
caseiro.

Espécies de posse:

a. Posse Direta – É aquela exercida por quem esteja no exercício de fato do uso e gozo
do bem;
Atenção! O possuidor direto não pode ter a propriedade da coisa por meio de
usucapião, tendo em vista que lhe falta o ânimo de dono da coisa (referente a
propriedade);
b. Posse Indireta – O proprietário, eis que embora tenha o domínio da coisa, não está
no exercício do uso e gozo da mesma;
Atenção! A posse direta não aula a posse indireta, podendo o possuidor indireto
se defender de eventual esbulho ou turbação do possuidor indireto. (Art. 1.197,
CC);
c. Posse Exclusiva – Exercida apenas por uma pessoa;
d. Composse – Aquela exercida por mais de uma pessoa, como por exemplo, uma
república estudantil, ou condomínio. (Art. 1.199, CC).
Atenção! Qualquer um dos copossuidores poderá contra o outro exercer o
interdito possessório (ação de manutenção da posse) ou legítima defesa, no caso
de um deles querer exercer a posse de forma exclusiva. (Art. 1.199, CC);
e. Posse Justa – Posse adquirida sem o emprego de violência ou clandestinidade, ou
seja, não há vícios;
f. Posse Injusta – Evidenciada de vícios, como violência (tomada a posse a força bruta
física ou moral), clandestina (feita de forma oculta, escondida), ou precária (negação
á restituição da coisa, findo um contrato, assim, originalmente a posse é justa, mas
se torna injusta). (Art. 1.200, CC).
Atenção! A posse injusta será injusta em face de novos invasores. (Art. 1.208, CC).

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Após cessada a violência e a clandestinidade, ao passar o prazo de 1 ano e dia, a
posse torna-se “útil”, abrindo os precedentes para a usucapião, e inclusive os
interditos, se manterá também na posse até que seja convencionado pelo
proprietário por meios ordinários. (Arts. 1.210 e 1.211, CC);
g. Posse de Boa-Fé – O indivíduo ignora os obstáculos (vícios) para a aquisição do bem,
pois acha que está fazendo de forma legitima. (Art. 1.201, CC);
h. Posse de Má-Fé – O indivíduo sabe dos vícios ou obstáculos, e mesmo ainda comete
atos para que se consiga a posse do imóvel. (Art. 1.202, CC);
i. Posse Nova – É aquela que possui menos de 1 ano e dia;
j. Posse Velha – Ultrapassa 1 ano e dia, deste modo, a posse violente e clandestina
passa a não ser mais injusta, tornando-se útil;
k. Posse “Ad Interdicta” – A posse que pode ser defendida pelos meios interditos, isto
é, pelas ações possessórias, mas não conduz a usucapião, deste modo, a posse
deverá ser de boa-fé e justa, não contendo clandestinidade, violência ou
precariedade, salvo se mesmo havendo estes vícios, a defesa da posse seja em face
de terceiro;
l. Posse “Ad Usucapionem” - Posse que abre precedentes a usucapião, sendo ela de
boa-fé, e presentes os requisitos exigidos por lei para tal aquisição. Desta forma, ela
deverá ser justa, mansa, ininterrupta e com ânimo de domínio.
m. Pro Diviso – Trata-se da divisão do bem, perante os co-possuidores, para decidirem
quando vão usar determinada parte do bem e de forma pacífica, ou seja, há uma
divisão de fato, assim cada um fica em determinada fração do imóvel;
n. Pro Indiviso – Todos os copossuidores usam todo o bem, ao mesmo tempo.

Os principais efeitos da posse são a legítima defesa e autotutela, que consiste no próprio
possuidor livrar-se de um esbulho ou turbação com suas próprias mãos, claro que sem excesso;
outro efeito é poder agir mediante interditos possessórios (ações de manutenção da posse,
reintegração e interdito proibitório).

Cuidado! Esbulho é a perda total da posse, devendo ser usada a legítima defesa, já a
turbação que é a perda parcial do imóvel, deverá ser o desforço imediato (autotutela), ambas
devendo ser feitas logo, sempre que ocorrer o fato. (Art. 1.210, CC).

Ocorrências para cada interdito possessório:

a. Turbação – manutenção da posse;


b. Esbulho – reintegração da posse.

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Para qualquer uma dessas ações judiciais, a liminar só pode ser concedida dentro do
prazo decadencial de 1 ano e dia do fato ocorrido. (Art. 558, CPC).

Atenção! O interdito proibitório trata-se de ação preventiva, ou seja, cabível quando


o possuidor sofrer ameaças de turbação ou esbulho, cominando ao Réu uma pena pecuniária
caso cometa um desses atos. (Art. 567, CPC).

Frutos da Posse e sua Restituição

Frutos é diferente de produtos, já que este último retira-se do objeto principal,


diminuindo o seu valor (pedras e metais retirados do solo, o degradando como consequência),
já os frutos também derivados de uma coisa principal, mas não a destroem, como por exemplo,
a fruta de uma árvore (nasce, cai e renasce).

Assim, o possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, os frutos percebidos. (Art.
1.214, CC).

O possuidor de má-fé deverá responder por todos os frutos colhidos e percebidos, bem
como por aqueles que por sua culpa, deixou de perceber desde o inicio de sua má-fé, porém
tem direito as despesas da produção e custeio. (Art. 1.216, CC).

Responsabilidade pela Deterioração da Coisa

O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, caso não
tenha dado causa, entretanto, agindo por culpa ou dolo, deverá responder. (Art. 1.217, CC).

O possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa, mesmo que de


forma acidental, salvo se comprovar que isto aconteceria de qualquer modo, na posse de
qualquer um. (Art. 1.218, CC).

Benfeitorias e sua Indenização

As benfeitorias necessárias têm por fim, conservar o imóvel, impedir a sua depreciação,
as úteis são aquelas que facilitam o uso do bem e, por fim as voluptuárias, com o fim de dar luxo,
mero deleite. (Art. 96, CC).

O possuidor de boa-fé tem direito a indenização quanto as benfeitorias necessárias e


úteis, caso não sendo pago pelo valor delas, poderá exercer o direito de retenção. Quanto as

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voluptuárias, poderá o possuidor levantá-las, salvo se não degradar a coisa principal, neste caso,
deverá receber o valor da benfeitoria. (Art. 1.219, CC).

O possuidor de má-fé só terá direito a indenização quanto a benfeitoria necessária,


entretanto, não poderá exercer direito de retenção caso não for pago. (Art. 1.220, CC).

Atenção! A indenização para o possuidor de má-fé será escolhida pelo reivindicante


entre o seu valor atual ou seu custo, já para o possuidor de boa-fé, apenas o valor atual da
benfeitoria. (Art. 1.222, CC).

Usucapião

Forma de aquisição da propriedade, desde que o possuidor esteja de boa fé e


initerruptamente no bem, atendendo os requisitos de cada uma das espécies, sendo elas:

a. Usucapião Extraordinária – Posse de 15 anos (10 se for moradia habitual ou ter feito
obras produtivas), exercida com animo de dono, de forma contínua mansa e
pacifica. (Art. 1.238, CC);
b. Usucapião Ordinária – Posse de 10 anos, exercida com o animo de dono, de forma
contínua, mansa e pacífica, além de necessitar de justo título e boa-fé. Será de 5
anos, caso adquirido onerosamente, depois o título registrado cancelado, desde que
os possuidores habitualmente residem o local, ou realizados investimentos de
interesse social e econômico;
c. Usucapião Rural – Não sendo proprietário rural ou urbano, exercer a posse e 5 anos
ininterruptos, sem oposição, área rural não excedente a 50 hectares, e a houver
tornado produtiva com seu trabalho ou ter nela sua moradia familiar.
d. Usucapião Urbana – Área urbana, cuja área seja de até 250m quadrados, posse de
5 anos ininterruptos e sem oposição, utilizando o imóvel para sua moradia ou de sua
família, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural;
Cuidado! Pode ser feita a usucapião urbana apenas uma vez, sendo vedada em
bens públicos (qualquer usucapião).
e. Usucapião Familiar – Posse por 2 anos ininterrupta, sem oposição, direta e com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m quadrados, cuja propriedade
dividida com ex-cônjuge que abandonou o lar, e este foi utilizado para moradia ou
de sua família, não podendo ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

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Reconhecimento dos Filhos

Esta ação decorre do casamento, ou seja, estando casados, e por desídia ou outra razão,
não providencia o registro do filho, assegura-se a ação de prova de filiação. (Art. 1.606, CC).

Quanto aos filhos havidos fora do casamento, tem-se a ação de reconhecimento de


paternidade, uma vez que a prova de filiação é destinada a quem possui vínculo jurídico de
parentesco, o que não ocorrem neste caso, há apenas vínculo biológico.

Atenção! Não sendo casada, a mãe não pode solicitar a inclusão do nome do pai no
registro do filho, salvo se tiver com procuração com poderes específicos para tal fim. (Art. 59,
LRP).

Exceção: Não há essa restrição para o registro do nome da mãe, pois segundo a lei
considera-se certa a maternidade.

O reconhecimento do filho pode ser voluntário, ou judicial, entretanto, qualquer uma


delas possui caráter declaratório, pois não cria paternidade, apenas declara sua realidade fática.

Atenção! O menor púbere pode fazer o reconhecimento por testamento sem


assistente, já o menor impúbere pode fazer perante escritura publica, porém com assistência
de seu representante legal. (Art. 1.860, CC).

O menor tem o prazo decadencial de 4 anos, a contar da sua maioridade para impugnar
o seu reconhecimento. (Art. 1.609, CC).

O reconhecimento, seja qual for a sua modalidade, é irrevogável, salvo a impugnação


do filho reconhecido ou se evidenciado vícios no negócio jurídico celebrado. (Art. 1.610, CC).

Cuidado! O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento. (Art.
1.614, CC).

Reconhecimento Judicial

O filho não reconhecido voluntariamente, poderá ingressar contra o suposto pai com
ação de investigação de paternidade, cuja natureza é declaratória e imprescritível. (Art. 27, ECA).

É legítimo o filho adotivo ajuizar a ação em discussão para o reconhecimento de seu pai
biológico.

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Para não ser prejudicado em âmbito patrimonial, a petição de herança para este filho só
começa a partir do seu reconhecimento, tendo um prazo decadencial de 10 anos. (Sumula 149,
STF).

A legitimidade da ação é do filho, sendo este menor, representado pela mãe, que será
em face do suposto pai, ou em face de mais pessoas, caso á época a mãe tenha se relacionado
com mais de um homem. Poderá ser contra os avós ou qualquer ascendente superior, caso os
pais estejam mortos, pois não se pode acionar o espólio nesse caso. (Enunciado 521, V Jornada
de Direito Civil).

Atenção! Com a morte do filho, antes de ter se iniciado a ação, a mesma não é
transmitida aos herdeiros, salvo se ele for menor e incapaz. (Art. 1.606, CC).

Exceção: Se a ação já estiver em curso, poderão os herdeiros ou sucessores continua-


la estando a critério do juiz a extinção ou não do processo. (Art. 1.606, parágrafo único, CC).

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