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o 115 — 18-5-1999
Uma estratégia que deve passar pela clarificação dos O programa integrado de cooperação e o respectivo
princípios e dos objectivos da cooperação e por uma orçamento serão, deste modo, o objecto central da acti-
mais precisa definição das prioridades, no quadro mais vidade da coordenação interministerial, por um lado,
vasto dos princípios e objectivos da política externa por- e, por outro, da actividade de controlo e avaliação que
tuguesa e atentas as novas orientações e concepções o Instituto da Cooperação Portuguesa deve passar a
teóricas no domínio específico das políticas de desen- desenvolver, designadamente, no âmbito do Secreta-
volvimento. Neste sentido, toma-se por referência a riado da Comissão Interministerial para a Cooperação.
reflexão produzida no âmbito do Comité de Ajuda ao O dispositivo da cooperacão. — Um terceiro plano de
Desenvolvimento da OCDE, em 1996, a que Portugal, reforma que tem vindo a ser considerado prende-se com
como país membro, se associou e, mais recentemente, a necessidade de dotar a política de cooperação de uma
o debate aberto pelo presidente do Banco Mundial, sem base organizativa mais sólida e eficiente, o que passa
esquecer, necessariamente, a reflexão e o diálogo que, pela clarificação das funções e competências das dife-
ao nível da União Europeia, se vem exprimindo, par- rentes instituições, designadamente o Instituto da Coo-
ticularmente, em torno da revisão da Convenção de peração Portuguesa, o Fundo para a Cooperação Eco-
Lomé. nómica e o Instituto Camões, no âmbito do Ministério
É neste contexto, de parceria global e de mais estreita dos Negócios Estrangeiros, e dos diferentes departa-
articulação com a comunidade internacional e o sistema mentos que, na orgânica dos diversos ministérios, têm
multilateral na prossecução de objectivos comuns, que competências no domínio da cooperação.
a nossa política de cooperação para o desenvolvimento O Instituto da Cooperação Portuguesa deve passar
se deve projectar, independentemente dos objectivos a desempenhar o papel de órgão central de apoio à
estratégicos próprios que a animam. definição, elaboração e execução da política de coo-
Apesar da limitação dos recursos, a cooperação por- peração, no âmbito do Ministério dos Negócios Estran-
tuguesa deve, por outro lado, ultrapassar o ciclo de rela- geiros, por um lado, o de centro de estudos, planeamento
ção quase exclusiva com os países africanos de língua e programação, por outro, e, ainda, o de centro de coor-
portuguesa, tomando cada vez mais em consideração denação e avaliação do sistema. Este reajustamento fun-
a dinâmica de integração, que todos este países hoje cional pressupõe algumas adaptações na orgânica do
conhecem no respectivo contexto regional, e tendo, Instituto.
igualmente, em atenção outros países e outras regiões, O Fundo para a Cooperação Económica é substituído
a que estamos, indelevelmente, ligados por laços pro- por uma nova instituição, a Agência Portuguesa de
fundos, em África, na Ásia e na América Latina. Apoio ao Desenvolvimento, dotada de autonomia admi-
O controlo político da cooperação. — Tem sido reco- nistrativa e financeira, alargando o âmbito de interven-
nhecido que a questão do controlo e coordenação da ção do actual Fundo, que continuará contudo a ser cen-
cooperação constitui um dos seus principais problemas, trado no incentivo ao investimento de empresas por-
atendendo à natureza horizontal da administração da tuguesas nos países destinatários da cooperação, mas,
ajuda e ao conjunto muito disperso de iniciativas. Sendo segundo uma lógica diferente da lógica da internacio-
desenvolvida na prática por todos os ministérios, a res- nalização da economia portuguesa, com instrumentos
ponsabilidade política pela sua definição e condução, específicos de promoção e apoio noutra sede.
enquanto vector da política externa portuguesa, cabe Esta nova instituição deverá, por outro lado, como
ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, sem que este se compreende pela sua designação, desenvolver uma
vocação de assistência ao desenvolvimento a todos os
possua os meios de controlo adequados, tanto ao nível
níveis, centralizando o núcleo essencial dos recursos
da afectação de recursos, como ao nível do estabele-
financeiros que permitam, efectivamente, sustentar a
cimento criterioso das prioridades.
execução da política de cooperação.
A credibilização da política de cooperação passa, O Instituto Camões deve ser orientado, em relação
assim, pela criação das condições que permitam que às suas intervenções no domínio da cooperação, para
a sua definição e orientação sejam, efectivamente, esta- uma diferenciação estratégica relativamente aos outros
belecidas no quadro do Ministério dos Negócios Estran- domínios de intervenção cultural do Instituto.
geiros, envolvendo, por outro lado, na sua gestão todos A actividade dos centros culturais, a política de ensino
os ministérios que, numa maior ou menor dimensão, da língua ou no domínio do livro e do áudio-visual não
intervêm no domínio da cooperação. podem deixar de ser equacionadas com uma perspectiva
Neste sentido foram criados, por decreto-lei, o Con- diferente quando pensamos nos países africanos de lín-
selho de Ministros para os Assuntos da Cooperação e gua portuguesa ou no Brasil. Por outro lado, deverá
o Secretariado da Comissão Interministerial para a o Instituto Camões assumir uma coordenação activa das
Cooperação. iniciativas políticas no domínio da promoção interna-
O Conselho de Ministros para os Assuntos da Coo- cional da língua portuguesa, vector estratégico funda-
peração, para além do acompanhamento sistemático da mental para a nossa afirmação cultural no mundo do
cooperação no plano político, deverá passar a aprovar, próximo século.
anualmente, a proposta de orçamento integrado da coo- Com a criação das delegações da cooperação por-
peração, em simultâneo com a aprovação da proposta tuguesa, junto das nossas missões diplomáticas com mais
de Orçamento do Estado, bem como o respectivo pro- responsabilidades na execução da política de coopera-
grama integrado. ção, pretende-se, para além do reforço dos meios, uma
O programa integrado da cooperação deve incluir renovação nos métodos de trabalho e um novo dina-
todos os projectos que os diferentes ministérios se pro- mismo na coordenação operacional das acções nos dife-
põem desenvolver, identificando com clareza as prin- rentes sectores.
cipais opções e prioridades, devendo ser submetido à O financiamento. — A questão dos recursos afectos
apreciação da Assembleia da República para debate no às políticas de cooperação é, hoje, no plano interna-
momento da discussão e aprovação do Orçamento do cional, uma questão central do debate em torno dos
Estado problemas do desenvolvimento.
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Interessará ainda dizer que despesas consideráveis Embora a ajuda pública ao desenvolvimento tenha
que Portugal tem realizado nas operações de manu- descido em 1995 e 1996, retomou um movimento ascen-
tenção de paz, bem como as relacionadas com a assis- dente em 1997. Portugal tem ocupado, nos últimos seis
tência técnica militar, não têm sido contabilizadas, inter- anos, uma posição razoável na lista dos doadores mem-
nacionalmente, como ajuda pública ao desenvolvimento bros da OCDE. Recorde-se, ainda, que, como Estado
embora, nomeadamente, a acção desenvolvida na for- membro da União Europeia (UE), Portugal faz parte
mação de forças armadas democráticas se inscreva cla- do grupo de países que é responsável por cerca de 55 %
ramente num objectivo genérico de fortalecimento das do orçamento da ONU.
instituições, impondo-se uma referência à cooperação No que respeita às agências especializadas das Nações
técnico-militar (CTM) pela sua importância enquanto Unidas, foram assinados com o PNUD (1991) e com
elemento estruturante do relacionamento bilateral entre a UNESCO (1993) acordos que se consubstanciam num
Portugal e os PALOP (do ponto de vista do interesse mecanismo de co-financiamento de projectos a serem
português) e enquanto elemento de consolidação ins-
concretizados nos PALOP, através da criação de trust
titucional do Estado (do ponto de vista do interesse
das ex-colónias). funds. Além disso, Portugal faz «contribuições volun-
Particularmente nos últimos anos, o sector da comu- tárias» a cargo, na quase totalidade, da cooperação por-
nicação social tem-se afirmado também como sector tuguesa para um conjunto de organizações multilaterais
estruturante do relacionamento entre Portugal e os das quais se destacam: o PNUD, o PAM — Programa
PALOP, servindo como veículo privilegiado para a Alimentar Mundial, o HABITAT, o FNUAP — Fundo
defesa e divulgação da língua e da cultura portuguesas. das Nações Unidas para a População, o PNUA — Pro-
As relações de cooperação estão balizadas por acordos grama das Nações Unidas para o Ambiente, o UNI-
assinados com cada um dos cinco países, devendo real- FEM — Fundo das Nações Unidas para a Agricultura,
çar-se que, durante o ano de 1997, Portugal assinou o ACNUR — Alto Comissariado das Nações Unidas
acordos adicionais de assistência técnica e de coope- para os Refugiados, a UNICEF — Fundo das Nações
ração na área da comunicação social com Angola e Unidas para a Criança, a UNCTAD (PMA) e o
Moçambique. As acções de cooperação de maior rele- UNSO — Programa das Nações Unidas para a Deser-
vância, levadas a efeito recentemente, prendem-se com tificação.
a área da formação jornalística, através de cursos pro- Ainda com o PNUD, Portugal assinou em 1993 um
porcionados pelo CENJOR e ministrados em Lisboa acordo para a contratação de JPO (junior professional
ou localmente; com a instalação local, à excepção de officers) com o fim de treinar jovens licenciados, com
Angola, de emissores para a RDP-África, o forneci- idades inferiores a 30 anos, através de formação «apren-
mento de equipamento de estúdio e emissão a cada der fazendo», envolvendo-os em projectos, quer nos
uma das rádios nacionais; e, na área da televisão, com escritórios locais, quer na sede. Os JPO são financiados
a criação da RTP-África que emite nos PALOP, à excep- pelo seu país e, no final do segundo ano de contrato,
ção de Angola, como se de uma estação local se tratasse. podem, mediante recomendação do representante resi-
A divulgação do material noticioso produzido pela dente, concorrer ao Management Training Program e,
LUSA é suportado integralmente por Portugal e chega em seguida, ingressar no quadro das Nações Unidas.
gratuitamente a cada agência local, constituindo igual- Neste momento, Portugal tem três JPO colocados, res-
mente um canal de alto valor para a divulgação da pers-
pectivamente, em Luanda, Nova lorque e Maputo.
pectiva portuguesa da realidade nacional e internacio-
nal. Como contrapartidas à instalação da RDP-África A cooperação com as instituições de Bretton-Woods
e RTP-África, Portugal tem apoiado financeiramente (Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial) no
a instalação, melhoria e alargamento das condições de quadro da ajuda pública ao desenvolvimento tem sido
produção e emissão das rádios e televisões nacionais, acompanhada pelo ICP. Existe, embora venha tentando
destacando-se neste campo a construção em Maputo melhorar-se, alguma impreparação técnica nos funcio-
da futura sede e centro de produção da TVM, para nários da cooperação para questões de elevado grau
além do fornecimento de uma estação terrena de saté- de tecnicidade, mas tanto a Direcção-Geral do Tesouro
lite, que ficaram operacionais em 1998. (em relação ao Banco Mundial) como o Banco de Por-
Impõe-se, ainda, uma referência particular à política tugal (em relação ao FMI) têm considerado, até aqui,
de bolsas, concentrada nos estudos em Portugal e que adjectiva a intervenção da cooperação portuguesa.
tem mobilizado, anualmente, quase 50 % dos recursos Sendo cada vez maior a importância da cooperação
orçamentais do ICP e aos cooperantes propondo-se a multilateral no quadro da ajuda pública ao desenvol-
revisão a curto prazo dos respectivos regimes. vimento, seja em situações de pós-conflito seja pela cria-
ção de condições de sustentação das respectivas eco-
2.2 — A cooperação multilateral nomias, um dos problemas essenciais é o do ajustamento
2.2.1 — No quadro do sistema das Nações Unidas
da cooperação bilateral aos quadros mais vastos, defi-
nidos em sede multilateral.
Até 1991, Portugal foi beneficiário da ajuda inter- A gestão da interface bilateral/multilateral é complexa
nacional, de acordo com os critérios do Programa das e, de um modo geral, é feita a nível local, o que tem
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Só posto ainda mais em evidência a debilidade das nossas
a partir de 1992, passou para a categoria de doador, missões diplomáticas no domínio da cooperação.
passando, concomitantemente, a ter maior visibilidade
internacional: membro do Conselho Executivo do 2.2.2 — No quadro da União Europeia: o FED
PNUD em 1994-1996; membro do Conselho Económico
e Social (ECOSOC); candidaturas bem sucedidas na Na sequência da adesão à Comunidade Económica
ONU e agências especializadas, como a Presidência da Europeia, Portugal passou a contribuir financeiramente
50.a Assembleia Geral das Nações Unidas e a presença para o Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED), que
no Conselho de Segurança. é o principal instrumento de financiamento das suces-
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sivas Convenções de Lomé, sendo a capacidade con- lidade, sendo, entre os agentes da cooperação descen-
tributiva dos Estados membros estabelecida de acordo tralizada, os mais dinâmicos e actuantes. Algumas delas,
com uma «chave de repartição» que, embora negociada, embora uma percentagem relativamente baixa do con-
tende a assentar no peso relativo do PNB de cada um junto, atingiram um grau apreciável de estrutura, capa-
dos Estados membros. cidade organizativa e técnica.
A ajuda financiada pelo FED pode ser programada As ONGD introduzem, na parceria com a cooperação
e não programada. A ajuda programada consiste, essen- institucional, características insubstituíveis, nomeada-
cialmente, no financiamento dos programas indicativos mente reforçam a vertente participação da cooperação
nacionais (PIN), programas indicativos regionais (PIR) através da sua actuação no terreno e da mobilização
e programas de apoio ao ajustamento estrutural, acor- das populações, facilitam a identificação de «grupos
dados entre o Estado ACP (África, Caraíbas e Pacífico) alvo» (pobres, mulheres, refugiados e deslocados, etc.)
beneficiário e a UE, nos quais se estabelecem, em gran- e reforçam e estruturam a sociedade civil dos países
des linhas, os projectos e programas de desenvolvimento receptores e as suas capacidades de auto-organização.
a executar durante a vigência de cada FED (cinco anos), O Estado Português não tem dado às ONGD o apoio
bem como o envelope financeiro a que cada ACP tem devido. Tal situação deverá ser corrigida. Note-se que
direito para o respectivo efeito. A ajuda não programada a Unidade de Ajuda Humanitária (UAH) só foi criada
é atribuída caso a caso, sob condições e para satisfazer em 1994, com a fusão do Instituto da Cooperação Eco-
necessidades ou imperativos circunstanciais. Entre os nómica com a Direcção-Geral da Cooperação, e que
mecanismos previstos na Convenção de Lomé podem o primeiro estatuto das ONGD (Lei n.o 19/94, de 24
referir-se o Stabex, o Sysmin, os capitais de risco, as de Maio) data também do mesmo ano. Finalmente, a
ajudas humanitárias, as bonificações de juros, etc. nível funcional a UAH manteve-se como divisão até
Portugal contribuiu financeiramente para o VI FED à alteração, em 1997, da Lei Orgânica do ICP, quando
(1985-1990) com 66,15 MECU (0,88 %), tendo, até passou a direcção de serviços. Note-se ainda que os
Dezembro de 1997, sido atribuídos contratos às empre- montantes de financiamento às ONGD por parte do
sas portuguesas num montante global de 99,95 MECU. ICP mantêm-se baixos, na ordem das duas centenas de
A nossa contribuição para o VII FED (1990-1995) foi milhares de contos anuais: em 1995, 180 073 contos,
de 96,14 MECU (0,88 %), tendo as empresas portugue- em 1996, 266 032 contos, e em 1997, 150 000 contos.
sas ganho contratos, até Dezembro de 1997, no mon-
Alguns passos foram, contudo, já dados:
tante global de 32,07 MECU. O envelope financeiro
para o VIII FED (1995-2000), suportado pelos 15 Esta- Em conjunto com a plataforma das ONGD foi ela-
dos membros, ascende a 13 132 MECU, cabendo a Por- borado, durante 1997, um documento que fixa
tugal uma comparticipação de 125 MECU (0,973 %). as normas para o financiamento, desembolso e
Muito embora, em termos percentuais, as adjudica- avaliação de acções e projectos das ONGD;
ções feitas às empresas portuguesas ultrapassem, sig-
O ICP passou a conceder anualmente um subsídio
nificativamente, a nossa contribuição para o Fundo,
tem-se verificado uma diminuição de atribuições do VI de funcionamento à plataforma, o que assegura
FED para o VII FED. Tal facto poderá interpretar-se, as suas funções de coordenação face à escassez
por um lado, como uma consequência normal das regras das quotizações actuais;
que foram introduzidas em Lomé IV (VII FED) para O ICP mantém contactos regulares e sistemáticos
a compra de mercadorias no âmbito dos programas de com a plataforma, apoiando ainda realizações
apoio ao ajustamento estrutural e, por outro lado, por concretas de uma ou mais ONGD.
mudança de orientações da Comissão no estabeleci-
mento das short lists, no domínio dos serviços. 2.4 — A avaliação da cooperação portuguesa pelo CAD
Valerá a pena enunciar as críticas que persistem, centagem de população com acesso a água potável subiu
começando pelas de 1993: de 35 % para 70 %, a alfabetização aumentou de metade
para dois terços da população adulta e os recursos ali-
a) O peso excessivo da cooperação financeira, ou mentares aumentaram mais 20% do que a população)
seja, dos sistemas de perdão e rescalonamento são os seguintes:
das dívidas Estado a Estado, no total da ajuda
pública ao desenvolvimento; Em termos de bem-estar económico:
b) A necessidade de um planeamento a médio
A redução para metade da população mundial
prazo, por forma a acentuar a importância da
que vive em estado de pobreza extrema
componente não financeira da ajuda;
(menos de 1 USD/dia) até 2015;
c) As dúvidas quanto ao realismo do objectivo de
0,7% do PNB para a ajuda pública ao desen-
volvimento em relação ao qual Portugal se com- Em termos de desenvolvimento social:
prometeu na Conferência do Rio, em 1992; Educação primária generalizada em 2015;
d) A fragilidade da componente multilateral da Eliminação da discriminação contra as mulhe-
ajuda pública ao desenvolvimento portuguesa, res na educação primária e secundária até
para além da que decorre automaticamente da 2005;
condição do Estado membro da UE; Redução da mortalidade infantil (abaixo de
e) A pouca importância dada nos projectos e pro- 5 anos) em dois terços e da mortalidade
gramas ao ensino primário, à educação de base à nascença em três quartos até 2015;
e aos cuidados primários de saúde; Acesso universal, através do sistema de cui-
f) A desarticulação administrativa dos projectos dados primários de saúde, à saúde genética
bilaterais e a inexistência de uma orçamentação o mais tardar até 2015;
adequada para a cooperação;
g) A ausência de serviços de planeamento eficien- Em termos de sustentação do meio ambiente e da
tes e, acima de tudo, a inexistência de uma ava- sua regeneração:
liação, minimamente rigorosa, dos resultados da
ajuda pública ao desenvolvimento; Implementação de estratégias nacionais de
h) A ineficiência da coordenação interministerial; desenvolvimento sustentado, até 2005, que
i) A falta de coerência do «produto final»; invertam as actuais tendências a nível nacio-
j) A insuficiência da colaboração com a sociedade nal e global até 2015.
civil, em geral, e com as organizações não gover-
namentais, em particular. Para este efeito, propõe-se um sistema de respon-
sabilidades mútuas dos países menos desenvolvidos e
O exame do CAD, de 1997, reconheceu alguns pro- dos doadores assente em torno dos seguintes princípios:
gressos entretanto realizados tendo em vista a moder-
nização da ajuda portuguesa, designadamente da dis- a) Responsabilidades conjuntas:
ponibilidade: Criação de condições susceptíveis de gerar
os recursos adequados para o desenvol-
Para alargar progressivamente o horizonte e os
vimento;
objectivos da ajuda para além dos seus limites Prossecussão de políticas que minimizem os
iniciais e em construir uma estratégia de coo- conflitos violentos;
peração para o desenvolvimento; Fortalecimento da protecção, nacional e
Para elaborar um orçamento e um programa inte- internacional, contra a corrupção;
grados e assegurar a sua efectiva coordenação Abertura a todas as contribuições da socie-
e avaliação; dade civil;
Para fazer intervir mais amplamente a sociedade Captação do apoio dos países de desenvol-
civil e reforçar o sector das ONG. vimento rápido e aproveitamento dos
mecanismos regionais de desenvolvimento;
3 — Novas tendências das políticas de cooperação
b) Responsabilidades dos países menos desenvol-
3.1 — O CAD: «Cooperação para o desenvolvimento vidos:
no limiar do século XXI»
Aplicar as políticas macroeconómicas apro-
O relatório do Comité de Auxílio ao Desenvolvimento vadas;
da OCDE sobre o papel da cooperação internacional Comprometer-se com os objectivos do desen-
no limiar do século XXI foi aprovado em Maio de 1996, volvimento social, participação de todos e
aquando da 34.a reunião do Comité de Alto Nível. Por- igualdade de género;
tugal, como membro da organização, está associado aos Assegurar a aplicação da lei e a responsa-
consensos que nela se formaram sobre esta matéria e bilização económico-financeira dos gover-
para os quais contribuiu. Está igualmente co-respon- nantes;
sabilizado pela prossecução dos objectivos, políticas e Fortalecer a capacidade humana e institu-
critérios de avaliação que aí se definem. cional;
Os objectivos quantificados e julgados realistas em Criar um clima favorável às empresas e à
função do passado recente (de 1950 até agora a espe- mobilização do investimento e da pou-
rança de vida aumentou de 41 para 62 anos, a per- pança local;
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tização de acordos regionais ou sub-regionais. Por saber serviços da UE responsáveis pelos programas de assis-
está ainda, neste momento, se o que na futura Con- tência.
venção vai ter mais peso é a unidade ou a diversidade, Apoiamos a promoção das experiências de integração
tudo dependendo do conteúdo (ou da ausência dele) regional dos países em desenvolvimento, designada-
que o acordo global entre a UE e os ACP vier a ter. mente no âmbito da negociação da Convenção de Lomé,
Se este acordo global envolver as três principais dimen- cujo mandato negocial ajudaremos a realizar.
sões da relação (a política, a económica, incluindo a Acompanhamos os esforços dos nossos parceiros e
comercial, e a técnico-financeira) ou o mais importante da UE na promoção da democracia, dos direitos huma-
delas, a unidade continuará a prevalecer sobre a diver- nos, dos princípios da boa governação, dos direitos das
sidade. Nada garante, no entanto, que assim seja, tanto mulheres e na afirmação da sociedade civil.
mais que algumas das alterações que se pretendem intro- Contribuiremos para o debate inadiável na procura
duzir, nomeadamente, no regime comercial, só ganham
de um novo enquadramento para a regulação e pre-
todo o seu sentido num quadro diferenciado.
Do ponto de vista político, a futura Convenção vai venção de conflitos e para o estabelecimento de con-
reforçar o chamado diálogo político (democracia, direi- dições de estabilidade política e social, indispensáveis
tos do homem, Estado de direito, boa governação, etc.), ao desenvolvimento.
reforçando-se, do mesmo passo, a condicionalidade polí- Incentivaremos a assunção pela Europa de uma res-
tica como factor de atribuição da ajuda. ponsabilidade política mais consequente no processo de
O regime comercial, actualmente caracterizado pela desenvolvimento do continente africano.
contratualidade, preferencialidade e não reciprocidade,
dificilmente vai poder manter o actual statu quo, não 3.4 — Novas tendências da ajuda pública ao desenvolvimento
apenas em virtude das reservas levantadas a este regime nos principais doadores
por vários Estados membros, mas pela sua incompa-
tibilidade com as regras da Organização Mundial do Países Baixos
Comércio (OMC). Entre a manutenção do actual
regime, que sempre pressuporia a negociação de der- 1 — O sistema holandês de cooperação, em processo
rogações junto da OMC, e o regime da reciprocidade de revisão decorrente da reforma em curso no Ministério
uniforme que aponta claramente no sentido do livre dos Negócios Estrangeiros na Haia 1, assenta num con-
cambismo, vai certamente estabelecer-se um regime junto de princípios esclarecedores da filosofia dos Países
intermédio, porventura de reciprocidade diferenciada, Baixos em matéria de relacionamento norte-sul e de
no qual os países menos avançados vão manter o essen- ajuda ao desenvolvimento:
cial do regime anterior por mais alguns anos, enquanto
outros, mais apetrechados económica e comercialmente, a) Profunda preocupação de coerência entre ajuda
vão, desde já, caminhar no sentido do comércio livre. ao desenvolvimento e políticas (e. g. comerciais)
No que respeita à cooperação financeira e técnica, ou acordos bilaterais (e. g. no sector das pescas)
a principal novidade vai, certamente, consistir no enfra- e, consequentemente, uma quase compulsiva
quecimento da contratualidade e no consequente complementaridade/concertação entre políticas
aumento da condicionalidade. externa, económica e de cooperação holandesas,
Finalmente, será dada uma grande ênfase à coope- que a recente reestruturação orgânica dos
ração regional e à cooperação descentralizada. Ministérios dos Negócios Estrangeiros e da
Cooperação bem reflecte;
3.3.2 — Uma nova agenda europeia para o desenvolvimento b) Política de cooperação com forte componente
de «prevenção de conflitos»: a cooperação não
Portugal, como membro da União Europeia, deve se deve limitar ao financiamento de actividades
acompanhar activamente o debate e as reformas em ou projectos nos países receptores, já que uma
curso, tendo em vista dotar a política de cooperação multiplicidade de factores políticos, sociais, eco-
da UE de uma maior eficácia, porque a UE é hoje nómicos, ecológicos e humanos, entre outros,
o principal doador internacional e os seus Estados mem- conferem à política de cooperação uma dimen-
bros desempenham um papel dominante na ajuda bila- são mais vasta e a possibilidade de funcionar
teral ao desenvolvimento. como factor de estabilização interna e de pro-
Uma melhor coordenação entre as políticas da UE moção da paz e do desenvolvimento sustentado;
e dos seus Estados membros é absolutamente decisiva c) Descentralização do sistema de cooperação (isto
para se conseguir um novo resultado das intervenções
é, concentração do poder de decisão nas pró-
que vão sendo feitas juntos dos países beneficiários e,
prias embaixadas — dentro das grandes linhas
assim, contribuir para a erradicação da pobreza e para
o desenvolvimento sustentado, de acordo com os prin- de orientação definidas pelo Governo, em fun-
cipais compromissos internacionalmente assumidos. ção, não de cada país beneficiário da ajuda, mas
Independentemente do reforço dos recursos a trans- de prioridades sectoriais: educação, saúde, meio
ferir para os países menos desenvolvidos, somos favo- ambiente, etc. — e da expertise necessária à con-
ráveis a um incremento da coerência entre as diferentes cretização dos objectivos);
políticas europeias que, directa ou indirectamente, con- d) Concentração de esforços e recursos em deter-
tribuem para os objectivos do desenvolvimento, e a uma minados países e em sectores considerados prio-
coordenação efectiva entre as políticas da UE, das ritários, com tendência para apoio a programas
Nações Unidas e das instituições de Bretton Woods. sectoriais específicos, em detrimento do tradi-
Somos, igualmente, favoráveis a uma renovação dos cional apoio a projectos, e com a preocupação
procedimentos e da estrutura organizativa da Comissão clara de elevar a qualidade da cooperação e
Europeia e a uma mais eficaz coordenação entre os de maximizar a eficácia da ajuda concedida;
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e) Carácter de incondicionalidade da ajuda, com 3 — Dado o novo investimento das autoridades cana-
expressão máxima, já aplicada em Cabo Verde, dianas no continente africano, assiste-se a uma mudança
no apoio directo à balança de pagamentos e das áreas de intervenção, passando do auxílio huma-
deixando ao beneficiário completa autonomia nitário para a ajuda ao desenvolvimento. A esse nível,
na gestão dos fundos disponibilizados; o continente africano beneficia de cerca de 45% da ajuda
f) Em complemento à ajuda não ligada, defesa do bilateral.
princípio de ownership como forma de promover 4 — Para além do reforço da cooperação bilateral,
a responsabilização dos governos pela condução assiste-se a um maior empenho ao nível da cooperação
das respectivas políticas; em organismos internacionais, de que foi exemplo a
g) Necessidade de coordenação de políticas e de Conferência sobre Minas Antipessoal, realizada em
tomadas de posição (valorização do common Ottawa.
political approach), a nível local entre embai- 5 — O Canadá considera que o carácter bilingue e
xadas de países doadores e, em geral, no seio multicultural da sua sociedade, assim como a ausência
de organizações internacionais, mesas-redondas de um passado colonial, constituem uma mais-valia pre-
e trust funds. ciosa para aumentar a sua influência no continente
africano.
2 — Com vasta experiência no campo da cooperação,
a Holanda parece ensaiar agora os primeiros passos de Bélgica
uma nova fórmula de ajuda ao desenvolvimento, através
da qual se procura valorizar os princípios de recipro- 1 — Foi recentemente aprovado pelo Conselho de
cidade, igualdade e participação e em que o conceito Ministros da Bélgica um plano de reforma da coope-
de desenvolvimento surge intimamente ligado à preser- ração, que veio alterar consideravelmente a política
vação dos recursos naturais e do meio ambiente 2. São belga de cooperação para o desenvolvimento.
disso exemplo os acordos de cooperação de «nova gera- Como forma de aliciar o investimento do sector pri-
ção» celebrados em 1994 com a Costa Rica, o Benim vado e a execução de projectos com recurso a concursos
e o Butão e, recentemente, ratificados pelo Senado que possam incluir outros países europeus, prevê-se a
holandês. criação de uma sociedade anónima, designada por Coo-
3 — Esta nova perspectiva, ao consagrar uma respon- peration Technique Belge (CTB), que será responsável
sabilização mútua e a igualdade das duas partes que pela gestão da cooperação bilateral directa e pela exe-
estabelecem a relação de cooperação, traduzir-se-á por cução dos projectos de cooperação.
uma reformulação qualitativa do relacionamento nor- À CTB competirá gerir uma verba de 6,5 biliões de
te-sul e poderá ser aplicável a um restrito número de BEF, que correspondem a cerca de 30% do orçamento
países, entre eles talvez Cabo Verde, como de resto da Administration Générale de la Cooperation au Déve-
os Holandeses o têm vindo a fazer. No entanto, muitos loppement (AGCD), até aqui a entidade responsável
outros países em desenvolvimento não terão atingido por toda a cooperação belga. Com a reforma, a AGCD
ainda o grau de maturidade política e de estabilidade passará a debruçar-se sobre a avaliação, controlo e refle-
interna imprescindíveis à aplicação de um modelo de xão da política de cooperação governamental, cabendo
cooperação tal como idealizado pelos Holandeses, nem à CTB a execução dos projectos.
possuirão o nível de boa governação susceptível de pos- A AGCD, que, apesar de até agora pertencer ao
sibilitar a correcta gestão dos fundos colocados à sua Ministério dos Negócios Estrangeiros, tinha adminis-
disposição ou mesmo de oferecer, numa fase posterior, tração autónoma e separada sob tutela do seu próprio
a garantia de sustentabilidade dos projectos desenvol- secretário de Estado (o qual dependia directamente do
vidos com o apoio de terceiros. primeiro-ministro), passará a estar associada ao Minis-
tério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comér-
Canadá cio Externo, por forma a dar maior coerência à política
externa belga. O novo departamento, designado de Coo-
1 — O Canadá atribui uma grande importância à polí- peração Internacional, será dotado de uma estrutura
tica que desenvolve ao nível da ajuda pública ao desen- única, composta de um secretariado-geral e seis direc-
volvimento, porque se considera beneficiário a vários ções-gerais, que se encarregarão da logística, avaliação
níveis: e controlo.
a) Promoção da prosperidade e do emprego; 2 — Quanto às acções a desenvolver no quadro da
b) Projecção da segurança canadiana num quadro nova política de cooperação belga, com vista a uma
mundial estável; maior rentabilização, foram delineados alguns princípios
c) Expansão no estrangeiro dos valores e cultura e prioridades:
canadianos; a) Luta contra a pobreza;
d) Capacidade de intervenção e visibilidade a nível b) Promoção da democracia;
de organismos internacionais. c) Direitos humanos e boa gestão;
d) Concentração geográfica.
2 — O grande factor de relacionamento canadiano
com África é o sector comercial. Em 1996, as expor- Aposta em cinco únicos sectores:
tações canadianas para a África Subsariana totalizaram
659 milhões de dólares, aumentando 22 % em relação Cuidados de saúde;
a 1994. O investimento canadiano directo em África Agricultura;
triplicou após 1989, totalizando 687 milhões de dólares Segurança alimentar;
em 1996. As sociedades canadianas participam em 50% Ensino;
de todos os novos projectos mineiros realizados em Infra-estruturas de base;
África. Consolidação da sociedade civil.
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2 — A reforma do sistema de ajuda pública ao desen- Outra experiência de coordenação com bastante
volvimento japonesa assentará nos seguintes pontos: êxito é o SPA (Special Program for Africa), lide-
rado pelo Banco Mundial, destinado a ajudar
a) A ajuda pública ao desenvolvimento deve ter países da África Subsariana de baixos rendimen-
um objectivo mais definido, que reúna o apoio tos e «dívida insustentável». Participam, além do
dos contribuintes, e ser utilizada de uma forma Banco Mundial, o FMI, o Banco Africano de
mais estratégica, enquanto instrumento diplo- Desenvolvimento, a Comissão Europeia e
mático;
17 doadores bilaterais, entre os quais Portugal.
b) A prioridade da ajuda pública ao desenvolvi-
O programa actua, no terreno, através de grupos
mento deve ser a erradicação da pobreza,
consultivos, mesas-redondas e seminários.
devendo paralelamente desencorajar a má ges-
tão por parte dos países receptores e a ajuda
bilateral, em detrimento da ajuda multilateral; 4 — Princípios e objectivos da cooperação portuguesa
c) O Japão irá preparar uma lei base da ajuda
pública ao desenvolvimento, tornando-a mais 4.1 — Fundamentos e princípios da política de cooperação
transparente e de mais fácil acesso à população;
d) O Departamento de Cooperação Económica do A cooperação para o desenvolvimento, vector essen-
Ministério dos Negócios Estrangeiros deve ser cial da política externa portuguesa, funda-se nos prin-
reorganizado segundo critérios regionais e cípios constitucionais do respeito pelos direitos do
dotado com um orçamento que possa ser uti- homem e da cooperação para o progresso da Huma-
lizado com maior flexibilidade e prontidão; nidade, que regem as relações internacionais de Por-
e) A ajuda deve centrar-se no apoio tecnológico, tugal.
destinado a resolver as deficiências em matérias No mundo em que cerca de um quarto da população
de recursos humanos, um dos maiores proble- vive abaixo do limiar da pobreza absoluta, o respeito
mas que os países em desenvolvimento enfren- pela universalidade dos direitos do homem impõe aos
tam; países mais ricos a responsabilidade de adoptar uma
f) A ajuda pública ao desenvolvimento japonesa política activa de luta pelo desenvolvimento à escala
é constituída por empréstimos, subsídios e coo- mundial. Portugal, país que só há poucos anos atingiu
peração tecnológica, que se têm mostrado efi- um nível de desenvolvimento que lhe permita integrar
cazes. O Japão deve cooperar com novos países o grupo dos países doadores, partilha esta concepção
doadores na Ásia para que estes utilizem um de responsabilidade e solidariedade internacionais.
método semelhante nas suas políticas de ajuda; O sucesso de uma tal política depende, em grande
g) O Governo deve procurar incrementar a coo- medida, da sua aceitação pelos países aos quais se dirige
peração com as ONG e procurar mais apoio e da coerência entre as políticas de cooperação dos
do sector privado evitando concorrer com este. vários países doadores e agências internacionais de ajuda
ao desenvolvimento. Por isso, é essencial que se res-
3 — É de referir ainda a decisão do Governo Japonês peitem os princípios da parceria e da concertação a
de diminuir o orçamento da ajuda pública ao desen- vários níveis: o da definição da política, o da execução
volvimento em 10 %, já a partir de Abril de 1998. e o da avaliação dos seus resultados.
A política de cooperação portuguesa para o desen-
3.5 — Novas experiências de cooperação multilateral volvimento tem em conta as opções de desenvolvimento
dos países beneficiários, o princípio da parceria e a
Como resultado de reflexões aprofundadas no seio necessidade de promoção de uma melhor coordenação
de várias organizações quanto à forma de rentabilizar internacional da ajuda ao desenvolvimento.
os recursos humanos, financeiros e técnicos postos ao O progresso que se pretende alcançar, através da coo-
serviço da cooperação para o desenvolvimento, preco- peração para o desenvolvimento, deve ser duradouro
niza-se, em primeiro lugar, um reforço da multilate- e equitativo. Por isso, a política portuguesa de coope-
rização da ajuda, pelas seguintes razões: ração rege-se por princípios de sustentabilidade e equi-
Maior concentração; dade na repartição dos benefícios. Deles decorre a rejei-
Aumento de coerência dos programas; ção de medidas que prejudiquem o ambiente e a pre-
Preferência dos receptores. servação dos recursos naturais ou que agravem as desi-
gualdades económicas e sociais e promovam a criação
de sociedades duais. A política de cooperação portu-
Como corolário desta atitude impõem-se o reforço
da coordenação, em especial no terreno, entre as ajudas guesa visa, ao invés, a eliminação de todas as formas
multilaterais e bilaterais. Assim: de discriminação existentes e a promoção da rápida dis-
tribuição dos benefícios do desenvolvimento pela popu-
As Nações Unidas optaram por designar o repre- lação em geral.
sentante local do PNUD como coordenador das Por último, a política de cooperação portuguesa
actividades executadas total ou parcialmente desenvolve-se em coerência com outras políticas nacio-
pelos organismos e agências especializadas, que nais que afectam o desenvolvimento dos países aos quais
lhe submetem um relatório anual sobre as acti- se dirige, designadamente com a política comercial.
vidades operacionais; Assim, os princípios que enformam a política de coo-
Moçambique é objecto de uma experiência piloto peração portuguesa para o desenvolvimento são, em sín-
de coordenação, tendo criado um Conselho Con- tese, os seguintes:
sultivo de Doadores que reúne periodicamente
para fazer o ponto de situação e avaliar os resul- 1) Respeito pela universalidade dos direitos do
tados dos programas e projectos; homem;
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com que os países menos desenvolvidos estão confron- peia e pelos Estados membros, o Governo Português
tados, num quadro de pressão competitiva imposta pela procurará empenhar-se mais directamente na realização
liberalização dos mercados. E este problema é ainda de experiências de «programação concertada» com
mais grave nos casos de pequenos países geografica- alguns países beneficiários que permitam, tendo em
mente distantes dos grandes centros de poder económico conta as opções definidas pelos próprios governos, apro-
e político. A cooperação e a integração regionais têm-se veitar mais eficazmente os recursos dos doadores bila-
revelado, particularmente ao longo da década de 90, terais e da UE.
como instrumento importante de resposta a este desafio.
No plano político, proporcionam o diálogo intra-re- 5 — Opções da política de cooperação
gional, regulador de tensões e de conflitos, capaz de
conferir a prazo a estabilidade política e a segurança Fixados os princípios essenciais, orientadores da
indispensáveis ao desenvolvimento humano. No plano acção política, impõe-se definir as principais opções rela-
económico, os agrupamentos sub-regionais e regionais tivamente aos países de concentração da nossa ajuda
criam mercados de dimensões mais atractivas para os e, por outro lado, aos sectores prioritários de interven-
potenciais investidores, estimulando o desenvolvimento ção, aos critérios de participação no sistema multilateral
do comércio e do investimento intrafronteiras. Em e às perspectivas financeiras de médio prazo.
ambos os casos, a cooperação e integração regionais
proporcionam aos pequenos países menos desenvolvidos 5.1 — Concentração geográfica
um peso nas relações internacionais que, isoladamente,
nunca alcançariam e que lhes permite uma melhor Como acima ficou dito, a cooperação portuguesa
defesa dos seus interesses específicos. começou, antes mesmo de se definir uma política, orien-
Por tudo isto, a cooperação portuguesa assume a pro- tando-se para a ajuda às antigas colónias portuguesas.
moção do diálogo e da integração regionais como objec- Os PALOP foram assim, ao longo de duas décadas,
tivo da sua política. quase exclusivamente os países de concentração da ajuda
5.o Promover uma parceria europeia para o desenvol- portuguesa ao desenvolvimento, compreendendo-se que
vimento humano. — A complexidade dos problemas e assim tenha sido. Tratou-se de reconstituir relações brus-
a dimensão do esforço exigido para desenvolver os países camente interrompidas com o processo de descoloni-
mais pobres do mundo evidencia as limitações da inter- zação, respondendo às enormes carências e dificuldades
venção unilateral dos Estados doadores. Em primeiro que as jovens administrações dos novos Estados de lín-
lugar, o desenvolvimento humano que se pretende alcan- gua oficial portuguesa evidenciavam.
çar pressupõe a existência de condições de paz. No caso Não existe razão para que a cooperação portuguesa
particular da África, a promoção de uma paz duradoura, não continue a concentrar os seus esforços na ajuda
à escala continental, exige um esforço concertado da ao desenvolvimento daqueles países, face às dificuldades
comunidade internacional, como se sublinha no Rela- que os mesmos ainda conhecem, por um lado, e, por
tório do Secretário-Geral das Nações Unidas de Abril outro, tendo em conta o objectivo estratégico de con-
de 1998. solidar e reforçar a Comunidade de Países de Língua
Por outro lado, a natureza e a dimensão do problema Oficial Portuguesa (CPLP) e a sua afirmação no sistema
de desenvolvimento com que nos confrontamos exige internacional.
coordenação e concertação a todos os níveis, de modo Mas também não existe nenhuma razão para que as
que se crie um quadro comum de actuação, aceite e relações de cooperação para o desenvolvimento sejam
partilhado por todos os agentes do desenvolvimento: exclusivas dos PALOP. Pelo contrário, se queremos ade-
governos locais, sector privado, sociedade civil, doadores quar a nossa intervenção neste domínio à nossa vocação
universalista, expressa numa presença cultural ainda
bilaterais, organizações regionais e internacionais. A
hoje viva em tantas outras regiões do mundo, impõe-se
coordenação favorece o melhor aproveitamento dos
alargar os horizontes da nossa política de cooperação
recursos, evitando duplicações. Através de uma progra- para o desenvolvimento, não só em África, mas também
mação concertada, permite-se, por outro lado, aos países na América Latina e na Ásia, sem ignorar as nossas
destinatários adoptar e executar, com coerência, estra- responsabilidades europeias relativamente aos países da
tégias de desenvolvimento próprias, com objectivos pre- Europa Central e de Leste que hoje procuram estreitar
cisos e realizáveis, no quadro global da ajuda pública relações com Portugal.
ao desenvolvimento. Assim, através de um sistema de intervenções ajustado
É por reconhecer que muito ainda está por fazer em às diferentes situações e à natureza dos objectivos e
matéria de coordenação e concertação da ajuda ao interesses em presença, a cooperação portuguesa deve
desenvolvimento que a cooperação portuguesa assume diversificar as suas relações e os instrumentos e tipos
o objectivo de promover a criação, a prazo, de uma de acção nas diferentes regiões que estão hoje no centro
parceria europeia para o desenvolvimento dos países das preocupações da assistência e das políticas de ajuda
mais pobres. Para tanto, o Governo reforçará a par- ao desenvolvimento da comunidade internacional.
ticipação de Portugal na preparação de uma nova agenda
da União Europeia em matéria de cooperação para o África
desenvolvimento, que reconheça o interesse comum da
ajuda ao desenvolvimento e assuma o compromisso de África Subsariana
abolir a pobreza extrema, um imperativo moral que deve
determinar as prioridades da política externa na entrada África é o continente que conhece hoje as maiores
de um novo milénio. dificuldades no arranque de um processo de desenvol-
Para além das experiências de coordenação opera- vimento sustentável, que possibilite a integração das suas
cional que têm sido desenvolvidas pela Comissão Euro- economias na economia global, facto bem evidenciado
2650 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B N.o 115 — 18-5-1999
particular a educação básica e a alfabetização) estar na tribuição de água, de energia, transportes e comuni-
primeira linha de prioridades para a criação de con- cações e, também, a promoção directa de actividades
dições de acesso ao desenvolvimento social e económico económicas no sector primário, com ênfase para os que
e de a formação, em particular a formação profissional, visem criar condições de segurança alimentar, na indús-
ser indispensável à criação de um ambiente favorável tria e nos serviços.
ao crescimento do sector privado, não se estranhará A cooperação portuguesa no domínio da actividade
que a cooperação portuguesa tenha elegido este sector produtiva visa o desenvolvimento do sector privado dos
como prioritário, nele se incluindo, não só a criação países em desenvolvimento, especialmente dos PALOP.
de infra-estruturas, como a formação de professores e Os baixos níveis de desenvolvimento geral aí prevale-
formadores e o desenvolvimento de tecnologias e mate- centes são acompanhados de fracos níveis de desen-
riais educativos, adaptados às situações concretas em volvimento do sector económico privado. Para ultra-
que se desenvolvem os programas locais de educação passar esta situação a cooperação portuguesa dirige-se
e formação. às empresas locais e conta com o efeito de demonstração
Também na área da cultura e do património é van- que a actuação no terreno de empresas portuguesas,
tajoso explorar os laços que uma presença portuguesa, de preferência associadas a empresas locais, possa
largamente disseminada pelo mundo durante séculos, proporcionar.
necessariamente criou, em benefício da promoção cul- A selecção das iniciativas a apoiar deve ter em conta
tural dos povos e da conservação do património histórico o plano de desenvolvimento do país destinatário, as
comum. Neste sector, a cooperação portuguesa extra- capacidades específicas dos promotores das iniciativas,
vasa os PALOP, estendendo-se a países do norte de a sua contribuição para a melhoria das condições eco-
África, da Ásia e ao Brasil. nómicas das populações e a satisfação de requisitos míni-
A cooperação portuguesa neste sector desenvolve-se mos em matéria de defesa ambiental.
a vários níveis. Por um lado, ao nível da cooperação Os critérios a considerar e as formas de apoio a con-
bilateral tradicional e da cooperação no seio da CPLP ceder não devem confundir-se com os adoptados pelos
e, por outro, ao nível multilateral, na medida em que sistemas de incentivos à internacionalização das empre-
a participação portuguesa no financiamento de orga- sas portuguesas. O que está em causa, segundo uma
nizações internacionais privilegia as que dirigem a sua lógica de desenvolvimento, é o crescimento das eco-
acção para o sector da educação, da formação e da nomias e das capacidades produtivas dos países bene-
cultura. Os agentes que são veículo da cooperação neste ficiários, e não a promoção dos interesses das empresas
sector são muito diversificados, envolvendo a adminis- portuguesas, que não deixam, contudo, indirectamente,
tração pública central, as autarquias locais, as ONG, de ser envolvidas neste processo.
as fundações e outras organizações privadas. 4 — Sociedade e suas instituições. — O processo de
2 — Saúde. — A natureza dos objectivos fixados em desenvolvimento necessita do estímulo de uma socie-
matéria de condições sociais impõem a concentração dade com práticas e instituições que gerem a confiança
de esforços no sector da saúde. A criação de infra-es- entre os agentes económicos e a segurança dos negócios.
truturas e serviços de saúde, incluindo, em particular, Nos países mais pobres, em que ditaduras e conflitos
a assistência materno-infantil, o planeamento familiar foram, até há pouco, uma constrangente realidade, é
e a luta contra as doenças endémicas e epidémicas e essencial estimular a modernização da sociedade civil
a promoção do acesso generalizado das populações aos e da Administração Pública. Está-se aqui perante uma
cuidados de saúde são, por isso, áreas de actuação fun- tarefa de âmbito muito vasto e que exige uma inter-
damentais nos países mais pobres aos quais se dirige venção diversificada de vários agentes da cooperação,
a cooperação portuguesa. públicos e privados.
Neste sector, a formação de quadros locais e a actua- A actuação neste domínio inclui, em primeiro lugar,
ção de agentes portugueses no terreno é fundamental. a consolidação das estruturas de poder político demo-
Uma vez mais, o factor língua comum é um instrumento crático, de que se destaca um poder judicial indepen-
muito valioso que diferencia positivamente a cooperação dente e eficaz, e o estabelecimento de um enquadra-
portuguesa nos PALOP. Um outro factor que confere mento legal e uma prática administrativa que garantam
especial aptidão à cooperação portuguesa neste sector justiça e igualdade no tratamento dos cidadãos. Engloba,
é o facto de existir em Portugal um considerável desen- ainda, o fortalecimento das organizações da sociedade
volvimento da investigação na área da medicina tropical. civil para que desempenhem o seu papel como pro-
A cooperação portuguesa no sector da saúde, tal como motores do desenvolvimento social e económico. Valo-
no da educação, regista o concurso de diversos agentes, rizam-se particularmente os programas a desenvolver
públicos e privados, destacando-se nestes últimos as nos domínios da justiça e Administração Pública.
ONG. Também aqui se verifica que são utilizados os O grande contacto que sempre se manteve entre os
canais da cooperação bilateral e multilateral, por se reco- diversos serviços da administração central portuguesa
nhecer a particular relevância de algumas organizações e os seus congéneres dos PALOP, gerador de conhe-
internacionais e a importância de certos programas por cimento recíproco de problemas e interlocutores, o facto
elas desenvolvidos. de as administrações daqueles países terem dado con-
3 — Actividade produtiva e infra-estruturas. — O tinuidade, em muitos aspectos, à administração colonial
objectivo da promoção do acesso a um mínimo de con- portuguesa e ainda a língua comum proporcionam à
dições económicas, tendo como motor principal inicia- cooperação portuguesa, neste domínio, melhor capaci-
tivas privadas, de particulares, empresas ou associações, dade de desempenho. Favorece-a, ainda, uma outra
determina a concentração do esforço da cooperação por- circunstância.
tuguesa na área das infra-estruturas económicas e da A muito recente experiência portuguesa de transição
própria actividade produtiva. Assim, está aqui incluída para um nível superior de desenvolvimento proporciona
a criação de infra-estruturas económicas indispensáveis a um grande número de profissionais, dos mais variados
ao sucesso da actividade produtiva, como sejam, dis- campos, um conhecimento vivido dos problemas da tran-
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sição e dos métodos para a realizar. Esta capacidade assumirá uma posição mais activa, tanto no plano mul-
portuguesa pode ser explorada em benefício de outros tilateral como na relação bilateral, na gestão da dívida
países, como sejam os da Europa Central e do Leste dos países de língua portuguesa e particularmente no
e da América Latina. âmbito da iniciativa HIPC (Highly Indebted Poor Coun-
A cooperação entre instituições públicas e privadas tries) do Banco Mundial.
portuguesas e as suas homólogas dos PALOP, que vise
os objectivos já definidos, deve ser fomentada alargan- 5.3 — Cooperação multilateral
do-se o leque dos agentes da cooperação a áreas ainda
pouco exploradas, como sejam as autarquias locais, as A fraca participação portuguesa nos instrumentos
ordens, as fundações, etc. Há, porém, que manter neste multilaterais de ajuda ao desenvolvimento é uma das
sector um nível de selectividade rigoroso, sob pena de críticas que lhe vem sendo apontada nos sucessivos exa-
se perderem de vista os objectivos a alcançar. Dito de mes do CAD. Por outro lado, a escolha das iniciativas
outro modo, há que evitar a tentação de reproduzir, e instituições multilaterais que beneficiam de financia-
em países muito pobres de África, um modelo de socie- mentos públicos portugueses nem sempre terá sido pau-
dade de um país bem mais desenvolvido, saltando está- tada por critérios de eficácia e racionalidade face aos
dios intermédios que, em certos casos, são inultrapas- objectivos da política portuguesa de cooperação. Em
sáveis e sem ter em conta que a sua débil base económica particular, tem sido fraca a capacidade de coordenar
não pode suportar um peso institucional igual ao de a ajuda bilateral com a ajuda multilateral.
uma sociedade mais desenvolvida. Reconhecendo-se a pertinência daquela crítica,
5 — Segurança. — Sem um ambiente de estabilidade opta-se por reforçar a componente multilateral da ajuda
política e de paz social, todo o processo de desenvol- pública portuguesa, tanto no quadro das instituições
vimento fica bloqueado. A ligação entre segurança e comunitárias, como no âmbito das agências das Nações
desenvolvimento vem por isso sendo reconhecida como Unidas, e esta opção é balizada por:
decisiva, nos últimos anos, pelo que os programas de Critérios de escolha das instituições e iniciativas
desenvolvimento atendem cada vez mais às necessidades a apoiar que levem em consideração a capaci-
crescentes de protecção dos Estados, das suas comu- dade de obtenção de resultados e a existência
nidades e populações, e à necessidade de reduzir a vio- de objectivos comuns;
lência e os conflitos dentro das comunidades, entre Procedimentos que permitam articular as inicia-
comunidades e entre países. tivas multilaterais co-financiadas por Portugal
A promoção de condições de segurança interna e da com as actividades integradas na sua ajuda bila-
cooperação regional em matéria de defesa, que asse- teral, assim evitando o desperdício de recursos
gurem a paz e estabilidade necessárias ao arranque e e a sobreposição de acções.
ao sucesso do processo de desenvolvimento, são uma
das opções da política de cooperação portuguesa. Nela Portugal assumirá deste modo, a curto prazo, um
se incluem a criação de forças de segurança e instituições papel mais activo no sistema multilateral, particular-
militares cada vez mais eficientes e empenhadas em pro- mente no sistema das Nações Unidas e da União
porcionar a todos os cidadãos um clima de segurança, Europeia.
susceptível de induzir e potenciar os efeitos do desen-
volvimento. 5.4 — Instrumentos da política de cooperação
Aproveitando a experiência que as forças de segu-
rança portuguesas e que a cooperação técnico-militar A acção da cooperação portuguesa utiliza diversos
tem adquirido após um longo período de cooperação instrumentos, escolhendo-os em função da natureza do
com as instituições de segurança e defesa dos PALOP, projecto e do objectivo visado. Os principais são:
Portugal pode dar um novo e importante contributo a) A assistência técnica, civil e militar, prestada
à definição dos sistemas de prevenção e regulação de por funcionários do Estado, por cooperantes ou
conflitos em África, iniciando um novo ciclo da nossa mediante a contratação de consultores e espe-
cooperação nestes domínios. cialistas privados;
6 — Ajuda financeira. — Para além da cooperação b) Donativos em espécie;
dirigida a sectores específicos de actividade ou da orga- c) Envio de formadores, professores, médicos e
nização social, a cooperação portuguesa actua no plano pessoal de enfermagem;
dos processos de ajustamento estrutural, conduzidos d) Concessão de bolsas de estudo e estágios;
pelo FMI e Banco Mundial, e das iniciativas de alívio e) Prestação, em Portugal, de cuidados médicos
de dívida. especializados;
Contribui, também, através do canal das contribuições f) Empréstimos Estado a Estado, doações, perdão
financeiras para fundos e organizações internacionais, e bonificação de juros;
para uma multiplicidade de acções de ajuda ao desen- g) Concessão de subsídios a ONG, autarquias e
volvimento não identificáveis em termos sectoriais. À outros promotores de projectos de cooperação;
escolha das contribuições que se fazem neste domínio h) Incentivos, créditos de ajuda e garantias de segu-
deve presidir uma cada vez maior exigência de boa admi- ros de crédito ao investimento e à exportação
nistração e eficácia na gestão dos recursos e de coor- de bens e serviços portugueses.
denação dos programas assim financiados com a ajuda
bilateral. De entre este conjunto de instrumentos destacamos
Tendo em consideração as perspectivas de um novo a assistência técnica, civil e militar, a prestar nos pró-
enquadramento internacional para a regulação da dívida ximos anos, no âmbito dos respectivos programas indi-
dos países menos desenvolvidos, que pela sua dimensão cativos, aos países de língua portuguesa que conhecem
constitui um reconhecido factor de bloqueamento dos situações mais difíceis de organização das suas admi-
esforços de desenvolvimento daqueles países, Portugal nistrações seja por funcionários do Estado, seja por
N.o 115 — 18-5-1999 DIÁRIO DA REPÚBLICA — I SÉRIE-B 2653
jovens quadros, designadamente professores, no âmbito esta política transversal com os mecanismos legais e ins-
de programas de acesso ao primeiro emprego a desen- titucionais necessários a uma melhor e mais eficaz coor-
volver com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade. denação das políticas de cooperação para o desen-
Estas novas experiências de cooperação a desenvolver volvimento.
nos próximos anos deverão ser acompanhadas da revisão Compete ainda a este órgão a apreciação dos pro-
do estatuto dos cooperantes. gramas integrados de cooperação, dos programas indi-
Destaque ainda para a reforma do regime de bolsas cativos nacionais e dos programas sectoriais, bem como
e estágios em preparação e para a renovação dos incen- da sua execução, e de outros aspectos da política de
tivos ao investimento privado, decorrentes da reforma cooperação que em cada momento se mostrem opor-
do Fundo para a Cooperação Económica, significati- tunos.
vamente alargados no âmbito da intervenção da Agência 6.1.2 — O secretariado executivo da CIC
Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento.
A Comissão Interministerial para a Cooperação
5.5 — O financiamento da cooperação (CIC) é um órgão de apoio do Ministro dos Negócios
Estrangeiros. O seu funcionamento revelou-se pouco
Portugal, considerado país doador a partir de 1992, consentâneo com as necessidades de coordenação polí-
tem tido uma participação irregular no financiamento tica e técnica que o modelo de cooperação descentra-
do esforço mundial de ajuda ao desenvolvimento. Se lizada exige.
tomarmos como indicador o rácio APD/PNB (ajuda Para agilizar este órgão, foi criado o seu secretariado
pública ao desenvolvimento em percentagem do produto executivo, órgão técnico que, reunindo com uma pe-
nacional bruto do doador), verificamos que Portugal riodicidade mensal, permitirá um melhor trabalho de
oscilou entre um máximo de 0,36 % em 1992 e um acompanhamento do planeamento e execução descen-
mínimo de 0,21 % em 1996, cifrando-se em 1997 o seu tralizada da política de cooperação. Este secretariado
valor em 0,25 %. Estas oscilações são, em grande é dirigido pelo presidente do Instituto da Cooperação
medida, explicadas pela importância relativa dos fluxos Portuguesa, que assim dispõe de um instrumento útil
associados à gestão da dívida externa dos países bene- para o desenvolvimento das suas funções de coorde-
ficiários, no total da ajuda pública ao desenvolvimento. nação, tanto no plano da programação e do planeamento
Como os processos de reescalonamento e perdão de das acções da cooperação como no acompanhamento
dívida seguem um calendário específico, não tem sido sistemático da sua execução.
possível manter o rácio APD/PNB sobre uma trajectória
estável de crescimento, que seria o desejável.
6.1.3 — O Instituto da Cooperação Portuguesa
Independentemente do seu carácter oscilatório, o
indicador mostra que o objectivo definido na Confe- O Instituto da Cooperação Portuguesa é o órgão cen-
rência do Rio, de 1992, 0,7 % está ainda bem longe tral de coordenação da política de cooperação. Dentro
das possibilidades portuguesas. desta concepção, competir-lhe-á o planeamento, o con-
Para o alcançar, o Governo Português propõe, como trolo de execução e a avaliação dos resultados da coo-
meta, que a ajuda pública ao desenvolvimento portu- peração desenvolvida pelas entidades públicas e a cen-
guesa passe, progressivamente, de 0,36 % em 2000 para tralização de informação sobre a cooperação promovida
0,7 % em 2006. por entidades privadas, com ou sem patrocínio público.
Simultaneamente, e tendo em vista a previsível dimi- Compete-lhe ainda a preparação técnica dos documen-
nuição progressiva do impacte das operações de rees- tos que balizam a cooperação portuguesa, programas
calonamentro das dívidas bilaterais, impõe-se a gradual indicativos nacionais e programas integrados anuais,
expansão dos programas de cooperação técnica.
bem como dos respectivos relatórios de execução.
6 — Organização do sistema de cooperação
6.1.4 — A Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento
6.1 — Orgânica da cooperação
O Fundo para a Cooperação Económica é extinto,
Como foi salientado, a execução da política de coo- sendo substituído pela Agência Portuguesa de Apoio
peração segue um modelo descentralizado no qual par- ao Desenvolvimento. Esta alteração corresponde ao
ticipam quase todos os departamentos públicos, autó- abandono de uma lógica de especialização dos orga-
nomos ou não, órgãos de soberania, empresas do Estado, nismos em função do tipo de entidade promotora de
entidades privadas com e sem patrocínio político ou projectos (neste caso as empresas portuguesas) e em
financeiro públicos. Ao Ministério dos Negócios Estran- favor da constituição de uma agência de apoio ao desen-
geiros cabe, essencialmente, a tarefa de conduzir esta volvimento, vocacionada para promover iniciativas de
política, coordenando a sua execução. vária natureza e com recurso a instrumentos bastante
Nestas condições, e porque tal modelo apresenta van- diversificados, como sejam a concessão de empréstimos
tagens de que se não quer prescindir, assume particular
e a prestação de garantias ou a tomada de participações
importância o reforço dos mecanismos de coordenação,
sociais. Aqui se concentrará a execução de parte sig-
controlo e avaliação. É nesta linha que se inserem as
alterações orgânicas e funcionais que em seguida se nificativa da política de cooperação portuguesa, sob a
apresentam. dupla tutela dos Ministros dos Negócios Estrangeiros
e das Finanças.
6.1.1 — O Conselho de Ministros para os Assuntos da Cooperação A criação desta Agência corresponde também a uma
necessidade de clarificação da fronteira entre a ajuda
A criação do Conselho de Ministros especializado ao desenvolvimento e a internacionalização de empre-
para os assuntos da cooperação (Decreto-Lei n.o 267/98, sas, numa altura em que os instrumentos desta segunda
de 28 de Agosto) foi a resposta encontrada pelo Governo política estão em fase de autonomização e consolidação,
para aprofundar o necessário consenso político sobre segundo uma lógica própria, ditada pelo interesse e pelos
as grandes linhas orientadoras nesta matéria e para dotar objectivos particulares das empresas mais do que pelos
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objectivos de desenvolvimento das economias dos países A programação a médio prazo é a mais adequada
beneficiários. à natureza estrutural do problema de desenvolvimento.
6.1.5 — O Instituto Camões Além disso, a existência de compromissos plurianuais
A acção do Instituto Camões, centrada que está na de ajuda pública facilita a tarefa das administrações
difusão da língua e da cultura portuguesas no estran- locais, que têm de gerir as fontes internas e externas
geiro, não se integra exclusivamente na política de coo- de financiamento dos seus próprios programas de
peração, mas tem com ela contactos significativos, desenvolvimento.
quando estão em causa os países aos quais esta se dirige. Os programas integrados de cooperação anuais ins-
Como se disse, a língua comum é um elemento fun- creverão os compromissos que em cada ano resultem
damental para o sucesso da cooperação portuguesa em da execução dos programas indicativos em vigor, de
quase todas as suas formas. Assim, todos os contributos outros projectos isolados que se assumam no âmbito
para a sua difusão, particularmente nos PALOP, são da cooperação com outros países e da cooperação mul-
tilateral. Estes programas anuais tenderão a integrar
veículo potenciador da ajuda ao desenvolvimento.
a cooperação da administração central e a dos outros
O Instituto Camões deve assumir-se decisivamente
agentes, públicos ou não, que em conjunto com ela pro-
como a instituição coordenadora da política de promo-
movem projectos de ajuda ao desenvolvimento. Preten-
ção e de expansão da língua portuguesa no mundo,
de-se, deste modo, que o documento de programação
dando particular projecção a acções de apoio à utilização
anual dê visibilidade à contribuição portuguesa para o
do português como língua de trabalho das organizações
desenvolvimento dos países mais pobres e não só ao
internacionais e ao ensino do português como língua esforço da administração central.
segunda.
6.3 — O orçamento da cooperação
6.1.6 — As delegações técnicas da cooperação
A selecção das actividades, que integram os progra-
A actual orgânica da cooperação prevê a possibilidade mas anuais de cooperação deve ser acompanhada da
de criação de delegações locais do Instituto da Coo- indicação das fontes de financiamento que garantam
peração Portuguesa nos países em desenvolvimento, fun- a sua execução. Como, na sua esmagadora maioria, tais
cionando junto das missões diplomáticas. No entanto, actividades são financiadas por fundos públicos, o orça-
esta possibilidade nunca chegou a concretizar-se. mento da cooperação pouco mais é do que uma parcela
Mais do que delegações do Instituto, importa mate- do Orçamento do Estado. Nestas circunstâncias, importa
rializar delegações locais da cooperação portuguesa, nas assegurar que a preparação do Orçamento do Estado
quais se integrarão representantes do Instituto, da Agên- tem em conta as decisões tomadas em matéria de política
cia Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento e, even- de cooperação e adopta os procedimentos técnicos mais
tualmente, do Instituto Camões. adequados a uma correcta execução das actividades de
Competir-lhes-á acompanhar no local a execução da cooperação e à sua visibilidade contabilística. Assim:
política de cooperação, avaliando os seus resultados em
estreita e frequente ligação com as autoridades do País O Conselho de Ministros para os Assuntos da Coo-
e com as agências internacionais. peração fixa, em cada ano, o volume de recursos
orçamentais a afectar à cooperação, tendo por
6.1.7 — Os departamentos sectoriais de coordenação base o valor do rácio APD/PNB que se pretenda
alcançar e as previsões macroeconómicas sub-
Assentando a execução da política de cooperação por- jacentes ao projecto de orçamento, e determina
tuguesa num modelo altamente descentralizado, em que a sua distribuição indicativa em função das
mesmo dentro de cada ministério existem vários centros opções estratégicas aprovadas;
de decisão independentes, é necessário dispor de órgãos Cada um dos departamentos do Estado inscreve,
sectoriais de coordenação que garantam a coerência das em divisão autónoma, as verbas necessárias à
políticas a esse nível. No caso dos ministérios com volu- execução das acções de assistência técnica que,
mes de ajuda ao desenvolvimento significativos, distri- respeitando os limites definidos pelo Conselho
buídos por serviços, institutos e empresas, estes órgãos de Ministros para os Assuntos da Cooperação,
são indispensáveis. É, por isso, necessário que tais órgãos lhe caiba executar;
reforcem na prática a sua actividade de controlo e que À Agência Portuguesa para o Desenvolvimento
os seus representantes tenham lugar no secretariado exe- cabe o financiamento das acções de cooperação
cutivo da CIC como forma de assegurar a continuidade que revistam a natureza de investimentos, ainda
e consistência dos seus trabalhos. que a execução das mesmas esteja a cargo de
outro departamento da Administração Pública.
6.2 — Programação
7 — O sector não governamental
A execução da política de cooperação deverá assentar
em dois tipos de documentos básicos, os programas de Decorre das características do modelo português de
indicativos de cooperação a celebrar com cada um dos cooperação a existência de um grande número de inter-
PALOP, que traduzem o resultado da concertação bila- venientes na realização de programas e acções de coo-
teral em matéria de ajuda ao desenvolvimento para o peração. Parte significativa deles está integrada na admi-
período de um triénio, e o programa integrado de coo- nistração central e a sua acção é englobada na actividade
peração anual, no qual se apresenta, para o período geral dos respectivos departamentos, mas, para além
coincidente com o do Orçamento do Estado, a pro- destes, há um conjunto de importantes agentes, reais
gramação das actividades de cooperação a desenvolver e potenciais, de cooperação que se ligam aos depar-
e as correspondentes fontes de financiamento, quer nos tamentos da administração central por forma contratual,
PALOP quer noutros países objecto de acções de para prosseguirem objectivos comuns em matéria da
cooperação. ajuda ao desenvolvimento. Destaca-se o papel das autar-
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quias locais e das ONGD, incluindo as fundações e natu- Fundação Oriente ou a Fundação Portugal-África, ou,
ralmente o sector das empresas. ainda, as Fundações Bissaia Barreto e Eugénio de
A coordenação da actividade de todos estes agentes Almeida, entre outras.
impõe de igual modo uma responsabilidade de coor- A colaboração circunstancial que tem existido entre
denação e articulação com o sistema formal da coo- as instâncias da cooperação portuguesa e as fundações
peração portuguesa, que passa necessariamente pelo pode e deve ser melhor estruturada no futuro, pelo que
estabelecimento de interlocutores adequados. se deverá intensificar o diálogo tendo em vista um maior
aproveitamento de iniciativas conjuntas.
7.1 — As autarquias locais
7.4 — As empresas
A relação privilegiada que se tem estabelecido entre
serviços com funções semelhantes em Portugal e nos A denominada cooperação empresarial tem vindo a
PALOP tem de levar em consideração as diferenças assumir progressivamente um papel cada vez mais des-
de repartição de competências entre níveis da admi- tacado na promoção do desenvolvimento dos países e
nistração nos vários países intervenientes e a sua evo- sectores em que actua, havendo, por isso, todo o inte-
lução. Em Portugal, são hoje atribuição das autarquias resse no estabelecimento de uma mais estreita articu-
locais muitas das áreas que antes estavam a cargo da lação com a cooperação estatal.
administração central e algumas dessas áreas inte- Considerando a necessidade de estruturar o apoio
gram-se em domínios fundamentais da ajuda ao desen- ao universo empresarial, será celebrado um protocolo
volvimento, como seja o caso do ensino primário, do entre a Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvi-
saneamento básico e da conservação do património. mento e, de entre as diversas associações representa-
Importa não perder o valioso contributo que o conhe- tivas, a ELO enquanto associação para o desenvolvi-
cimento vivido da resolução de problemas nestes sec- mento económico e cooperação, que deverá estabelecer
tores, aos quais as populações são tão sensíveis, pro- critérios e formas específicas de actuação que permitam
porciona às autarquias locais portuguesas. Mas também uma maior sinergia entre fluxos públicos e privados
importa não esquecer os objectivos e opções da política tendo em vista uma abordagem integrada do desenvol-
de cooperação, definida a nível central. Conciliando vimento em que a ajuda pública ao desenvolvimento
estas duas vertentes da questão, a política de cooperação e o investimento privado se complementem.
integra iniciativas das autarquias locais, apoiadas finan- A Agência Portuguesa de Apoio ao Desenvolvimento
ceiramente pelo Orçamento do Estado, numa base con- estabelece por outro lado novas modalidades de apoio
tratual que estipule os domínios dessa convergência de ao investimento privado, nomeadamente sob a forma
interesses. Dentro desta linha, foi recentemente cele- de garantias, linhas de crédito e tomadas de participação
brado um protocolo com a Associação Nacional de e de capital em sociedades de desenvolvimento.
Municípios, que estabelece algumas condições para uma 1
Reforma que levou à fusão do Ministério da Cooperação, do
contratualização em torno de um programa de coope- Ministério dos Negócios Estrangeiros e de serviços do Ministério da
ração intermunicipal a preparar e executar por um grupo Economia e que originou a criação de serviços regionais interdepar-
de missão criado para o efeito. tamentais com competência para formular e coordenar políticas rela-
tivas a países e regiões, o que, na perspectiva holandesa, garantirá
a uniformidade e a consistência dessas políticas.
7.2 — As ONGD 2
«Both North and South are on a course which is, in the long
term, not ecologically tenable [. . .] The essential contradiction bet-
Embora, em Portugal, a acção das organizações não ween the limited supply of finite natural resources on the one hand
governamentais não seja muito intensa, é internacio- and the growth of the population and world economy on the other
nalmente reconhecido o valor do seu contributo para hand is becoming increasingly clear» (The Foreign Policy of the Nether-
lands — A Review, publicação oficial, 1996).
o desenvolvimento humano em áreas muito estreita-
mente ligadas ao bem-estar das populações mais des-
favorecidas. Este contacto directo tem tido como resul-
tado a boa aceitação do trabalho destas organizações.
Esta receptividade não deve ser perdida, pois facilita MINISTÉRIO DO EQUIPAMENTO,
o sucesso das acções de cooperação. DO PLANEAMENTO
É, assim, de grande interesse o encorajamento da E DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO
acção das ONGD portuguesas, associando-as à execução
da política de cooperação em áreas de comum interesse,
particularmente no domínio da ajuda humanitária e de Portaria n.o 356/99
emergência, para as quais se tenha como garantida a de 18 de Maio
qualidade do seu desempenho e proporcionando-lhes
o co-financiamento adequado. A Assembleia Municipal de Reguengos de Monsaraz
Propõe-se o desenvolvimento de um diálogo mais aprovou, em 16 de Setembro de 1998, uma alteração
estreito e mais sistemático com o sector, através, desig- de âmbito limitado ao Plano de Urbanização de Reguen-
nadamente, de uma relação mais estruturada com a pla- gos de Monsaraz, ratificado pela Portaria n.o 159/95,
taforma das ONGD. de 25 de Fevereiro.
A alteração consiste no aperfeiçoamento do Regu-
7.3 — As fundações lamento do Plano e na alteração da planta de zona-
mento, por forma a melhorar a qualidade do meio
Muitas das fundações portuguesas têm vindo a desen- urbano, a valorizar a sua funcionalidade e a fomentar
volver uma actividade importante no domínio da coo- um desenho integrado e valorativo da sua morfologia
peração, com particular relevância para a Fundação e das tipologias habitacionais.
Calouste Gulbenkian, cujo exemplo tem vindo a ser Foi realizado o inquérito público, nos termos previstos
seguido por outras fundações mais recentes, como a no artigo 14.o do Decreto-Lei n.o 69/90, de 2 de Março,