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BRASIL
Resumo
Este artigo tem como objeto a invenção histórica da escola e objetiva conceituar histórica e
socialmente o processo de escolarização. Para tanto, fez-se uma retomada dos contextos
econômicos, sócias e intelectuais que circundam o momento em que nosso atual modelo de
escola se constituiu. Com isso se buscou uma genealogia da instituição escolar a partir das
condições sociais, econômicas e culturais que contribuíram para sua criação. Inicia-se fazendo
uma breve retomada histórica, mostrando a ruptura entre a escola na Idade Média para a
escola moderna, com o intuito de entender as condições de possibilidade para a constituição e
consolidação do processo de escolarização moderno. Reconstituímos também aspectos
fundamentais da história da escola no Brasil. Para tanto, transitou-se, inicialmente, por
acontecimentos históricos como o Renascimento, a Reforma Protestante, o Iluminismo, o
desenvolvimento e industrialização das cidades. Sobre a escola no Brasil, iniciou-se com a
vinda da Família Real, tendo como segundo marco relevante o processo de Independência e a
Proclamação da República. No último século merecem destaques a Reforma da década de
1930, os governos autoritários, a redemocratização e suas imbricações no que tange às
contribuições quanto à constituição da escola contemporânea. A constituição de uma
genealogia da escola permite compreender das bases do processo de escolarização brasileira,
nos modos como ele ocorre ainda em nossos dias.
1
Bacharel e Licenciada em História (FURB), especialista em Metadisciplinaridade em docência do ensino
fundamental, médio e superior (CELER) e Mestranda do programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado
em Educação FURB – Universidade Regional de Blumenau.
2
Graduado em filosofia, mestre em Educação, doutor em filosofia e professor do Programa de Pós Graduação
em Educação - Mestrado em Educação- FURB – Universidade Regional de Blumenau.
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Introdução
Escola no Brasil
Com relação aos cuidados com a formação das crianças, destaca-se, no Brasil, a
Escola Ateneu, criada no final do século XIX. No modelo de internato, destinado às elites, as
crianças, além dos cuidados referentes à transmissão, atentavam aos cuidados corporais.
O livro Ateneu, de Raul de Pompéia (1971), ilustra os ‘cuidados’/controle que as
escolas passaram a exercer sobre as crianças. Estendem-se sobre as crianças as técnicas de
controle individualizantes, a partir da distribuição e supervisão dos corpos dos alunos, da
padronização das roupas e ‘o poder do olhar’.
Tais técnicas são descritas por Foucault como dispositivo disciplinar de poder na
constituição do homem moderno. Elas consistem no cuidado minucioso sobre o corpo, a partir
de cuidados relacionados ao espaço e ao tempo, que se relaciona a docilidade-utilidade do
corpo. (FOUCAULT, 2012)
A introdução das concepções mais tecnicista e profissionalizante de educação escolar
foi trazida pela primeira vez após a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil.
A partir do momento que o Brasil passa a ser a sede do governo português, sentiu-se a
necessidade formar profissionais técnicos nas mais diversas áreas, como por exemplo,
economia, agricultura e indústria. A formação de caráter técnico vai, finalmente, representar
uma ruptura com o sistema de ensino dos jesuítas, pois, o ensino primário continua primando
pelo aprendizado da leitura e da escrita, assim como nas instituições jesuíticas. (RIBEIRO,
1994a)
A evolução da escola no Brasil sofre um forte incremento na reestruturação
econômica, ocasionada pelo processo de industrialização iniciado na segunda metade dos
anos de 1920 e a instauração de uma nova ordem política caracterizada pelo rompimento com
acordos que sustentavam as elites no poder. Tais acontecimentos marcam o início da Segunda
República. Saliente-se que as mudanças educacionais, desta vez, são geridas por educadores.
O descontentamento dos educadores frente à omissão dos governantes frente aos temas
ligados à educação, neste mesmo período, é o impulso básico para o “Manifesto dos Pioneiros
da Educação” de 1932. (GHIRALDELLI, 1994, RIBEIRO, 1994a)
O grupo participante deste movimento prezava pela existência de escola pública
gratuitas, laica e obrigatória e adaptada a vida industrial e urbana. Vargas, o então presidente,
embora tivesse se mantido um tanto imparcial no que tange às questões educacionais,
simpatizou com dos ideais educacionais do “Manifesto”. Entendeu as propostas como
complementares à sua política governamental, pois era favorável à criação de escolas técnico-
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No Brasil, tais aspectos estavam ainda muito ausentes da educação escolar. A imensa
maioria da população não tinha acesso à escola e era analfabeta. Um dos momentos de maior
expressão da educação de caráter nacionalista, em nosso país, ocorre com a instituição da
Ditadura do Estado Novo, em 1937. Principalmente as leis que regiam o Ensino secundário,
que era de caráter parafascista e elitista.
Sem dúvidas, o ensino secundário era exigente, seu currículo tinha um caráter
enciclopédico e um sistema de provas e exames em excesso. Além disso, aliados a
rigidez, estavam presentes dispositivos para mantê-lo alinhado com a ideologia
autoritária do regime. (GHIRALDELLI, 1994, p. 86-87)
sistema de ensino em educação básica – composta pela educação infantil, ensino fundamental
(8 anos) e ensino médio (9 anos) – e em ensino superior.
Considerações Finais
Desde a invenção da escola, a noção de sujeito que transita por ela é a de sujeito
universal. Conflitando com isso, as teorias educacionais, parecem levar em conta a existência
de sujeitos históricos.
Mas na escola que se efetiva em nossa modernidade, desconsiderando os pressupostos
dos teóricos, os dispositivos que permeiam a escolarização amparam-se na noção de um
sujeito universal e exercem o controle individualizante. Esses dispositivos se fazem presentes
desde a existência de currículos pré-estabelecidos, existência de mecanismos como provas e
exames que são utilizados como instrumento de verificação de aprendizagem dos alunos (o
professor como detentor do conhecimento). Também se verificam na organização espacial da
sala de aula, a distribuição dos corpos, na rotinização das atividades, na sujeição dos
educandos, enfim, os dispositivos da escolarização amparam-se na padronização e na norma.
A escolarização contemporânea parece realizar a ascese sobre os educandos, afinal o
trabalho do professor consiste em “guiá-los” para a suposta universalidade do sujeito.
Por um lado, os discursos dos textos teóricos e dos textos legais exaltam uma
concepção crítica, dinâmica e atualizada de escola. Entretanto, nos moldes em que o processo
de escolarização é realizado ele, muitas vezes, se mostra repetitivo, massante, excludente,
longe da preconizada emancipação crítica. Quando se leva em conta o ponto de vista do
aluno, tais aspectos são ainda mais explícitos.
A não necessidade da escolarização, nas terras brasileiras, foi o modelo de educação
que vigorou entre os mais diferentes grupos humanos, ao longo de muitos séculos, no período
que antecedeu ao descobrimento e nos primeiros três séculos após o descobrimento,
estendendo-se até a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808.
A preocupação educacional do século XX foi a de superar o ensino tradicional,
livresco, teórico e intelectualístico dos séculos anteriores. Desta forma, a ação autoritária do
professor com relação ao aluno, a memorização e os castigos físicos foram práticas criticadas
pelos pensadores da educação deste período. Também se investiu para direcionar a educação
para o trabalho. (FRANCISCO FILHO, 2003, LUZURIAGA, 1969)
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REFERÊNCIAS
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