Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Diretora
Editora Executiva
Coordenadora de Produção
Conselho Editorial
EDITORA UFRJ Heloísa Buarque de Hollanda Lucia Canedo Ana Carreiro Heloísa Buarque de Hollanda (Presidente)
Carlos Lessa, Fernando Lobo Carneiro, Flora Süssekind,
Gilberto Velho, Margarida de Souza Neves.
Richard Graham
Editora UFRJ
1997
Copyright O 1990 by the Board of Tmstees of the
Leland Stanford Junior University. All rights reserved.
Translated and published by arrangement with Stanford University Press.
CDD: 981.04
ISBN 85-7108-155-7
Tradução
Celina Brandt
Editoração eletrônica
Janise Duarte
Página 1
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Apoio:
Sumário
índice de Quadros 12
Índice de Ilustrações 13
Introdução 15
PARTE UM
AS ESTRUTURAS DA POLÍTICA
PARTE DOIS
A ATUAÇÃO POLÍTICA
PARTE TRÊS
A PRÁTICA DO CLIENTELISMO70
Epílogo 339
Notas 351
Referências 495
Um livro sempre se escreve para um certo público. No presente caso, escrevi pensando no leitor norte-americano- e
Página 2
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
expliquei muitas coisas que são evidentes
a um leitor brasileiro. Não penso agora em escrever novo livro. Aqui está meramente uma tradução; quase tudo vai
como no original.
Minha pesquisa sobre o clientelismo no Império se estendeu por muitos anos. Assim mesmo, pude descobrir no
meu fichário as palavras originais de quase todas
as citações textuais que aparecem neste livro, sofrendo apenas uma atualização ortográfica. Em pouquíssimos casos - 14
de um total de 946 - não pude encontrar a
ficha original. Nestes, as notas trazem a indicação "traduzido do inglês". Mantive a grafia original apenas onde era
impossível atualizá-la, ou seja, nos títulos
das obras publicadas. Em todos os outros casos (citações, onomástica etc.) usou-se a grafia atual.
Para Sandra
Prefácio
Comecei a interessar-me pelo papel do clientelismo na vida política quando era estudante universitário e conheci,
por intermédio de Robert Walcott, meu professor
no College of Wooster [Faculdade de Wooster], as obras de Lewis Namier sobre as clientelas na Inglaterra do século
XVIII. Anos depois, estudando o papel dos ingleses
no Brasil, iniciei um levantamento sobre questões relacionadas à escravidão. Para tentar explicar a Abolição, tive que
levar em conta a realidade política no Brasil,
a atitude dos proprietários de escravos e as relações entre Estado e sociedade. Ao pesquisar a correspondência oficial e
pessoal de líderes políticos - a maior parte
da qual jamais havia sido consultada por historiadores -, percebi que sua maior e constante preocupação era o
clientelismo. Daí, este livro.
Para estudar a natureza da política brasileira no século XIX, recebi recursos da John Simon Guggenheim
Foundation e do National Endowment for the Humanities,
e atuei como Senior Fulbright-Hayes Research Fellow. A Universidade do Texas, em Austin, por meio do Instituto de
Estudos Latino-Americanos e do Departamento de
História, também contribuiu para o financiamento da viagem que precisei fazer para consulta aos arquivos brasileiros.
Particularmente, William Glade, diretor do
Instituto de Estudos Latino-Americanos, e Standish Meacham, chefe do Departamento de História, apoiaram as várias
fases dessa pesquisa.
Richard Graham
Introdução
O CLIENTELISMO constituía a trama de ligação da política no Brasil do século XIX e sustentava virtualmente todo ato
político. A vitória eleitoral dependia sobretudo
de seu uso competente. Meu objetivo aqui é investigar o modo específico como a concessão de proteção, cargos oficiais
e outros favores, em troca de lealdade política
e pessoal, funcionava para beneficiar especialmente os interesses dos ricos. Detalhar a natureza e os mecanismos das
relações patrão/cliente serve não apenas para
ampliar nossa compreensão da história política do Brasil, mas também para esclarecer o vínculo entre elites sociais e o
exercício do poder. Talvez possa também nos
ajudar a entender relações de autoridade em toda a América Latina e, talvez, no mundo mediterrâneo de um modo geral.
Página 3
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Sem dúvida, as técnicas pelas quais aqueles
que deveriam ser controlados aparentemente vieram a consentir - e talvez algumas vezes até mesmo a aprovar - o
sistema de seu próprio controle são relevantes para
outros períodos e lugares. A natureza e o significado de eleições manipuladas constituem temas de particular
importância para todo latino-americanista, como também
as questões dos partidos que se formam e reformam com programas imprecisos, a constante procura por vagas e
sinecuras e as transações que surgem dos relacionamentos
pessoais dentro de uma ordem política ostensivamente impessoal. Mas como é apenas na prática concreta do
clientelismo, dentro de determinadas instituições
Introdução 17
remotos confins, ficavam tão perturbadas por causa delas, ao ponto de arriscar suas vidas, em nome da vitória nas
urnas?
Meu argumento é que as eleições testavam e ostentavam a liderança do chefe local. Através de um sistema de
eleições indiretas de dois turnos, os votantes
escolhiam as figuras mais proeminentes do local para formar os colégios eleitorais, os quais, por sua vez, escolheriam
deputados para o Congressos. A família e a
unidade doméstica constituíam os fundamentos de uma estrutura de poder socialmente articulada, e o líder local e seus
seguidores trabalhavam para ampliar essa rede
de dependência. Numa sociedade predominantemente rural, um grande proprietário de terras contava com a lealdade dos
seus trabalhadores livres, dos sitiantes das
redondezas e dos pequenos comerciantes da vila, lealdade que seria demonstrada por várias maneiras, não menos pelo
apoio nas eleições. Uma parcela muito maior de
brasileiros do que se tem reconhecido até agora atuava nas eleições, aumentando assim o número de participantes nos
atos eleitorais, que demonstravam publicamente
a superioridade "natural" de uns sobre os outros. Alguém que desafiasse a liderança de um potentado local tinha de
arrebanhar um séquito pessoal; exibir seu poderio
levava facilmente ao uso da violência direta para derrubar o principal chefe anterior. Por conseguinte, eleições e
violência caminhavam juntas.
Em nível nacional, o resultado das eleições era quase inteiramente previsível, mas localmente, para alguns, tudo
dependia do resultado. Indicações para cargos
Página 4
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
oficiais ajudavam a ampliar o círculo de um chefe, e esse fato impelia-o a fazer pedidos às autoridades provinciais, aos
membros do Congresso nacional, a ministros
de Gabinete e até ao presidente do Conselho de Ministros. Para demonstrar seu mérito para tais indicações, tinha de
vencer nas eleições, de forma que, de uma maneira
circular, mas real, ele era uma liderança por ganhar a eleição, e ganhava por ser uma liderança. Por conseguinte, o
próprio chefe local estava enredado num sistema
que o fazia cliente de
Introdução 19
cotidianas, cujo sentido para os contemporâneos procuro entender. E muitas das características da vida política brasileira
posterior, depreciadas por observadores
brasileiros e estrangeiros, estavam tão presentes no Império como em qualquer outro período.
Os historiadores têm divergido sobre se o Estado brasileiro do século XIX servia basicamente aos interesses de
uma classe dominante de latifundiários e donos
de escravos, ou se possuía vida e objetivos inteiramente próprios. A controvérsia tem implicações não apenas para a
condição brasileira atual, mas também para a
teoria do Estado. Na década de 1930, Caio Prado Júnior sustentava, como vários historiadores que o seguiram, que o
único problema real na história brasileira era
determinar quem constituía a classe dominante - se proprietários de terra ou comerciantes; o governo refletiria
inevitavelmente suas vontades. Em seu livro Evolução
política do Brasil - que originalmente trazia o subtítulo interpretação dialética da história brasileira -,ele argumentou que
o rompimento do Brasil com Portugal,
em 1822, originou-se do desejo da classe proprietária de terras de libertar-se de uma metrópole colonial dominada por
comerciantes. Os proprietários de terra construíram
então um sistema político que pudessem controlar, e só quando uma nova e progressista burguesia de comerciantes e
banqueiros desafiou seu poder agrário o sistema
enfraqueceu, entrando em colapso em 1889. com a derrubada do Império3.
Eu também vejo os ricos usando uma estrutura de governo que eles próprios criaram para promover seus
Página 5
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
interesses. Mas não vejo esses interesses levando tão
diretamente à adoção dessa ou daquela política, como seja uma lei de impostos, regulamentação tarifária ou decretos
trabalhistas. Eu os vejo antes em sua influência
sobre os próprios conceitos do bem e da verdade, a conduta devidamente obseqüente em uma estrutura social
hierárquica, a lealdade aos patrões e o cuidado com os
clientes. Em suma, embora houvesse algumas questões políticas em torno das quais as classes convergiam ou
divergiam, entendo
Uma corrente historiográfica alternativa enfatiza os fatores culturais e a busca de status como determinantes das
características políticas brasileiras.
Nestor Duarte declarou em 1939, por exemplo, que o poder no Brasil sempre se manteve na esfera privada da família,
uma instituição que nutria profunda hostilidade
para com o Estado. Mesmo admitindo que por família se referia à da "casa-grande", isto é, à do grande proprietário
rural, ele recusou-se a focalizar os interesses
econômicos, ou a maneira como o governo os atendia. Para ele, "a casa-grande (...) é o maior índice de uma organização
social extra-estatal que ignora o Estado,
que dele prescinde e contra ele lutará"5. Oliveira Viana desenvolveu um argumento semelhante, embora de outra
perspectiva, em uma série de estudos que começaram
na década de 1920, mas tiveram sua formulação mais clara em 1949. Ele reconheceu, como reconheço, o poder dos
grandes latifundiários sobre seus dependentes, e sabia
que cada proprietário tinha relações de aliança com outros, por meio de laços familiares. Mas os via atuando sob uma
oposição determinada de um Estado que procurava
restringir sua influência, dominá-los, disciplinálos. A introdução de eleições e a aparência de democracia, dizia,
complicou e retardou grandemente esse esforço
construtivo do
Introdução 21
Estado, já que os latifundiários controlavam os votos dentro de seu feudo 6. Neste livro, os leitores encontrarão muitas
provas de eleições controladas e influência
familiar, mas rejeito a separação
implícita entre o Estado - mesmo o Estado central - e os chefes agrários. E certamente não sugiro, como ele, que
aumentar o poder de um Estado autoritário, para
ser exercido sobre um povo que de outro modo seria predestinado ü anarquia, era uma meta que deveria ser
ardentemente desejada. Mais ainda, para mim a cultura é
formada e conformada; ela própria é um
processo, não apenas um dado, e nesse processo privilegiam-se os interesses de alguns e negligenciam-se os de outros.
No Brasil do século XIX, cultura e tradição
favoreciam o lugar dos poucos,
Uma obra mais recente, e bastante influente, de Raymundo Faoro, significativamente intitulada Os donos do poder,
Página 6
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
argumenta com muita verve e força literária que toda a história luso-brasileira, desde 1385, pode ser entendida como
uma
tentativa do "estamento burocrático" de ganhar ascendência sobre o resto da sociedade: sob o imperador Pedro II, sua
luta
parecia vitoriosa, visto que o Partido Conservador em geral vencia os liberais, os quais (ele diz) representavam os donos
de
terras; a criação da República, em 1889, inverteu momentaneamente o quadro e colocou os fazendeiros no poder7.
Discordo
de Faoro em quase todos os pontos, mas sobretudo no tocante ao Estado. Não o vejo tão autônomo e livre de seu
contexto social e econômico, nem creio que políticos,
juízes e outras autoridades representassem apenas os interesses de um Estado reificado, assim que atravessassem os
portões de uma agência
governamental. Ocupantes de cargos, em diferentes níveis do governo, chocavam-se freqüentemente uns com os outros,
tanto que as autoridades centrais algumas vezes
lutavam contra os donos do poder local, mas, nos dois extremos e em todo o
sistema político, fosse qual fosse seu partido, as autoridades eram extremamente sensíveis aos interesses agrários,
quando não eram elas próprias proprietárias de
terra.
Introdução 23
mentos familiares e interpessoais construídos ao longo de muito tempo. Não o vejo como um estágio a ser substituído
pela vitória inevitável de uma burocracia "racional",
impessoal e universalista, nem penso que o clientelismo era uma circunstância patológica. O clientelismo funcionava a
favor de alguns, e não de outros, e preservou
uma estrutura que só uma revolução poderia ter destruído.
PARTE UM
Página 7
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
AS ESTRUTURAS DA POLÍTICA
UM
Antes de passarmos àquelas persistentes realidades que possibilitavam a todos os brasileiros se compreenderem uns
aos outros, precisamos reconhecer uma outra,
que provocava divisões: a força do regionalismo. Os homens sentiam-se fortemente presos ao lugar, talvez precisamente
por causa dos laços familiares e dos vínculos
de proteção, mas também, para alguns, pela propriedade da terra. As atividades agrícolas e de criação de gado,
sobretudo para exportação, definiam zonas distintas
com laços políticos, e o primeiro passo para uma interpretação da vida política brasileira é identificar os vínculos
regionais. Historiadores do Brasil novecentista
já delimitaram nitidamente suas economias regionais, cada uma concentrada num único produto. Café, açúcar e algodão
encabeçavam a lista das exportações, e a criação
de gado também era lucrativa; cada produto caracterizava uma região distinta. Suas rivalidades
muitas vezes revelavam-se problemáticas para o sistema político, contribuindo até mesmo para solapar o Império -
substituído por uma República em 1889. Assim, este
estudo começará tratando das divisões regionais nessa imensa terra, ainda que, no final das contas, elementos de
unidade tenham prevalecido.
A área de assentamento mais antigo dedicou-se durante muito tempo à produção de açúcar, com mão-de-obra
escrava, para o mercado internacional. Uma faixa
estreita de 80 a 160 quilômetros de largura, caracterizada por chuvas abundantes e solo rico, estendia-se ao longo da
costa, desde a extremidade que aponta para
o Atlântico, no Rio Grande do Norte, até o Sul, logo além da cidade de Salvador. Quase todo o açúcar exportado pelo
Brasil saía dessa região nordestina e de um pequeno
centro de cultivo de açúcar perto de Campos, na província do Rio de Janeiro. O Brasil há muito perdera a posição, que
desfrutara no século XVII, de quase monopólio
na produção mundial, mas seus fazendeiros continuaram prosperando até a década de 1870, e mesmo depois podiam
contar com um mercado interno que se expandia gradualmente1.
Página 8
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Entretanto, de 1840 em diante, os
Política e economicamente, a região cafeeira constituía o outro pólo da atividade brasileira. Por volta de 1840, o
café representava aproximadamente metade
das exportações brasileiras, e seus lucros propulsionaram um crescimento sem precedentes na riqueza e nas receitas do
Brasil. Tipos de solo, altitude e clima favoreciam
o café no Sudeste brasileiro, e a partir de 1820 seu cultivo espalhou-se rapidamente pelo vale montanhoso do rio Paraíba
do Sul, ao longo da faixa paralela à costa
que ele percorre. Por volta de 1850, o café também se tornou a principal lavoura a oeste da cidade de São Paulo, embora
essa área nova não tenha desafiado a antiga
até a década de 1880 2.
A criação de gado estabeleceu algumas regiões com certa importância política. Observadores estrangeiros
descreveram três economias pecuárias distintas, cada
uma com sua cultura própria. Nos trechos áridos do Nordeste, distantes da faixa costeira produtora de açúcar e a oeste
das áreas intermediárias de algodão, a criação
de gado era uma ocupação principal desde o século XVI. Secas ocasionais devastavam esse sertão, mas o gado e os
vaqueiros retornavam sempre com as primeiras chuvas.
Mais ao Sul, os habitantes de Minas Gerais concentravam sua economia na produção de gado de corte, com resultados
mais regulares. Dessa região de planícies ondulantes,
e cerrados, os vaqueiros conduziam seu gado para o Rio de Janeiro, onde a demanda por carne fresca aumentava
maciçamente, enquanto a cidade crescia em dimensões
e riqueza, com as crescentes exportações de café. Contudo, de todos os estancieiros do Brasil do século XIX, os do Rio
Grande do Sul emergiram como os mais prósperos
e poderosos. Os pastos suavemente ondulados e as ricas planícies da região favoreciam especialmente a pecuária, e por
volta de 1863 a província exportava aproximadamente
70% do couro brasileiro. Também produzia carne salgada ou charque para consumo dos escravos nas plantações de
açúcar e café. Nessa, a mais meridional das províncias,
uma cultura distinta e uma intensa lealdade regional desafiavam continuamente as tendências centralizadoras de
políticos no Rio de Janeiro6.
Fatores de Unidade
Além do baixo nível de urbanização, várias outras características da sociedade brasileira abrangiam todas as
regiões. Primeiro, fosse nas cidades ou nas
plantações, a maior parte do trabalho físico era feita por escravos negros. Embora praticamente todo tipo de atividade
agrícola (assim como a criação de gado) dependesse
de escravos, eles concentravam-se nas regiões produtoras de açúcar e de café do Nordeste e do Sudeste,
respectivamente. Os escravos também trabalhavam como artesãos
e criados domésticos, não apenas nas fazendas, mas nas vilas e cidades. Os 2 milhões e 500 mil escravos do Brasil
representavam entre um quarto e um terço da população
em meados do século XIX. Muitos donos tinham só um escravo ou um pequeno lote de dois ou três, e a extensa difusão
da escravidão assegurava, deste modo, um amplo
apoio entre os livres para a sobrevivência da instituição. Alguns fazendeiros, contudo, possuíam centenas, às vezes
milhares, fazendo do Brasil um lugar onde a riqueza
media-se em grande parte por seres humanos. O Congresso só aboliu a escravatura em 1888, e os escravos continuaram
trabalhando até aquela data, embora o fim efetivo
do comércio de escravos, em 1850, e a aprovação da Lei do Ventre Livre em 1871, libertando, desde então, todas as
crianças nascidas de mulheres escravas, tivessem
sinalizado que a escravidão, mesmo que tardiamente, acabaria. Após 1850, um
Página 10
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
As famílias nem sempre permaneciam unidas, mas o não fazê-lo merecia comentários. No Pará, por exemplo, "há
um grupo de homens que se odeiam de morte e nem
o parentesco próximo de alguns os contém". Na Bahia, em 1856, Manuel Pinto de Souza Dantas, jovem candidato ao
Congresso, desejava
de relacionamentos consangüíneos e, em seguida, a um número igualmente grande de ligações por meio de casamento.
Embora
um pouco mais tênues, os laços de parentesco ritual também eram importantes. Ser padrinho, afilhado, compadre ou
comadre
no Brasil, como em outras culturas ibéricas, envolvia obrigações religiosas e materiais importantes, e portanto de
influência e até mesmo de autoridade. Todos esses
laços familiares implicavam obrigações mútuas de ajuda nas eleições ou na garantia de cargos
no governo, de tal modo que, por extensão, muitas vezes alguém se referia de forma figurada a um protegido como
afilhado, e a seu protetor como padrinho.
Qualquer distinção entre família e unidade doméstica permanecia vaga na percepção dos contemporâneos. Eles
usavam com freqüência a palavra "família" para
incluir várias pessoas não relacionadas por sangue nem por casamento ou compadrio. No caso de uma fazenda, o termo
podia indicar escravos, empregados, arrendatários,
compadres, afilhados, parentes afastados e próximos. Em suma, todos os que viviam na ou da
propriedade. Deste modo, um chefe de família expandia o círculo daqueles que, como dependentes, reconheciam sua
autoridade 16. Muitas vezes os documentos descreviam
uma pessoa livre como
Controle Social
O objetivo da ação política, das eleições e das nomeações para cargos públicos originava-se das diretrizes da
organização social brasileira, duas em particular:
primeira, prática e prédica infundiam constantemente a idéia de que todas as relações sociais consistiam de uma troca de
proteção por lealdade, benefícios por
42 CLIENTELISMO E POLÍTICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
obediência, e que a recalcitrância merecia punição; segunda, toda instituição servia virtualmente para acentuar a
hierarquia social, insistindo em que para cada
indivíduo havia um lugar bem determinado, embora a mais importante distinção fosse entre os ricos e os pobres. Por
causa dos obstáculos à imposição do controle
social no Brasil - particularmente a mobilidade geográfica dos sem terra livres - ,medidas que buscassem esse controle
eram muito necessárias. Mais importante
ainda era o problema universal de que os que deviam ser controlados tinham vontade própria. A política tanto contribuía
para fortalecer essas preocupações sociais
maiores como extraía delas sua razão de ser.
O paradigma familiar orientava as relações sociais entre lideranças e liderados, e em seu interior mesclavam-se
força e benevolência28. Obediência e lealdade
compravam favores. Obediência e lealdade permitiam ao dependente escapar ao uso da força pelo patrão. Obediência e
Página 14
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
lealdade asseguravam assistência protetora e por
conseguinte criavam uma importante defesa contra a força que outros possíveis líderes empregassem. Como
conseqüência inevitável, a falta de obediência ou lealdade
submetia o indivíduo à punição do patrão e o deixava exposto, de forma vulnerável, à exploração de outros. Não havia
qualquer dicotomia entre força e benevolência:
uma extraía seu sentido da outra. Representavam apenas dois aspectos da mesma técnica para controlar os outros. Na
família figuravam os dois. Do mesmo modo que um
pai escrevia "abraça e abençoa por mim todos os nossos filhos. [Que] eles se lembrem também de mim fazendo tudo o
que devem fazer, para merecerem a minha amizade",
um ex-escravocrata também podia declarar que um fazendeiro devia "tratar do liberto como trata seus filhos: com
bondade e energia, isto é, com amor" 29. A ameaça
de punição e a promessa de benevolência descreviam as vidas de esposas e filhos, escravos, agregados, pequenos
proprietários, comerciantes de vilas e outros seguidores
do patrão, envolvendo-os numa poderosa rede de obrigações devidas e doações esperadas. Essas realidades também
tingiam todas as outras relações de poder, sobretudo
as
É preciso examinar ainda com mais detalhe a barganha tácita, uma técnica de dominação que permeava a política e
a sociedade como um todo. O senador José
Tomás Nabuco de Araújo a observou, quando se referiu aos moradores de engenhos de açúcar no Nordeste: "que desde
tempos imemoriais têm considerado aos senhores de
tais propriedades como seus sustentáculos e protetores, que sempre têm tido para com estes um justo respeito
reverencial, como para aqueles que lhes dão terras para
lavrar e caça para comer; que não pagam por isso a menor retribuição pecuniária, o menor serviço pessoal, a menor
prestação em gêneros, nem fazem o menor benefício
às terras. (...) Uniam-se aos senhores de engenho pela força do hábito, pela influência dos costumes antigos, pelos laços
de gratidão". Contudo, quando esses moradores
votaram contra os candidatos dos senhores de engenho, supostamente persuadidos pelo uso da força, "destruiu-se assim
a justa relação que existia entre os proprietários
dos engenhos e os seus moradores, alterou-[se] os costumes e só se produziu males, porque tais homens não podem
mais ficar nos engenhos que atraiçoaram de certo
modo". Também na região do café, o filho de Lacerda Werneck notou que o direito do agregado em relação à segurança
era tênue, e ele podia ser despejado ao bel-prazer
do proprietário31. Como numa família, a concessão de proteção e benevolência por parte do patrão implicava também
no direito de castigar.
A generosidade para com os pobres era constantemente louvada, pois os proprietários de terra em geral
reconheciam que tais atos legitimavam a troca implícita
e preservavam a correta estrutura da sociedade. Um padre, em um enterro, teve o cuidado de mencionar que o falecido
mantinha "a bolsa sempre aberta ao venerando
ancião". Outro orador de funeral, em 1860, enfatizou o "auxílio da esmola" que o morto generosamente garantira:
A alforria dos escravos, por exemplo, estimulava o bom comportamento, pois comprovava que a lealdade e a
obediência eram premiadas. A freqüência com que
os escravocratas outorgavam liberdade a escravos individualmente surpreendia os visitantes estrangeiros no século XIX,
e a sociedade manifestava aprovação àqueles
que o faziam. A proporção dos livres entre negros e mulatos no Brasil chegou a 74% em 1872, o que correspondia a
44% da população total-35. Mas a libertação dos
escravos dependia de sinais de que aceitavam os valores daqueles que os emancipavam. Embora incomum na sua
particularidade, o exemplo seguinte ilustra aquela regra
mais geral: quando um grupo de maçons enterrava um dos seus, numa cerimônia assistida por "muitos da mais elevada
posição social", eles libertaram "uma preta escrava
que apareceu à porta do edifício, deprecando os sentimentos maçônicos em memória do nosso irmão finado". Pode-se
ter certeza de que poucos que desafiassem os valores
de hierarquia e deferência seriam premiados com a alforria, e os senhores, logicamente, contavam que a lealdade dos
libertos continuasse, mesmo depois da alforria.
Algumas vezes, eles alforriavam um escravo sob a condição específica de que continuasse trabalhando lealmente
durante um certo número
de que [e
Como relatou um nordestino, "muitos proprietários rurais (...) querendo tirar proveito" do recrutamento, "os acolhem e
protegem, para o fim de se servirem de seu
trabalho gratuito, mediante comida e roupa". Mais tarde, quando o Congresso tentou substituir o recrutamento forçado
pelo sorteio, um membro da Sociedade Auxiliadora
da Agricultura de Pernambuco observou que "antes da lei de recrutamento por sorteio, aqueles que não trabalhavam, e
não tinham meio algum de vida, eram mandados
para o exército; tendo-se extinto esse meio de corrigir os que não trabalham, muito necessário será [agora] uma lei que
torne o trabalho obrigatório". O sorteio,
contudo, tornou-se letra morta, e o recrutamento forçado continuou
- sem dúvida com a mesma finalidade38. Obediência e lealdade significavam antes de tudo trabalho, e os que
desafiavam as regras terminavam recrutados39.
Os observadores freqüentemente descreviam os alistados como negros ou mulatos, e por isso pode-se concluir que
eram pobres. Já que, além de recorrer a um
patrão para obter proteção,
um alistado podia legalmente comprar sua isenção do serviço militar, como fez um pai para o filho em 1859, os mais
ricos safavam-se. O autor de um editorial jornalístico
manifestou-se em nome "daqueles cuja extrema pobreza impedia-os de pagar quinze mil-réis para isentar seus filho, do
recrutamento, ou daqueles cuja sorte era ser
um morador de um patrão que não pertencia ao partido governante"39. Um viajante inglês talvez tenha errado quando
supôs solidariedade racial, mas identificou
corretamente a origem de classe daqueles recrutas, ao argumentar que "se ocorresse uma insurreição de escravos, o
Página 17
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
resultado poderia provar-se desastroso, já que
a maior parte dos praças no
Os tropeiros, contudo, somente exemplificam um problema mais geral, pois as classes inferiores, apesar do
recrutamento, ou por causa dele, desfrutavam de mobilidade
geográfica considerável. A disponibilidade
de terra não ocupada, cujos direitos não se podiam reivindicar de modo definitivo e com alguma garantia, e, por isso
mesmo, nunca recebia uma
melhoria duradoura, incentivava muitos a vagarem a esmo de lugar em lugar. Os agregados eram legalmente livres para
deixar seus patrões, o que faziam quando encontravam
outro. Os proprietários de terra às vezes se queixavam da maneira como os agregados os abandonavam. "sem dar a
menor satisfação"56. Para lidar com a mobilidade dos
pobres
livres, supostamente preguiçosos e sem ambição, era preciso que os patrões prestassem uma atenção constante e
utilizassem cuidadosamente Os instrumentos de autoridade
já provados através dos tempos. Em cada localidade, os notáveis e terratenentes exigiam que os recém-chegados logo
aprendessem sua posição social.
Página 21
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
A superioridade de um senhor local tinha de ser clara e incontestavelmente afirmada. para que o deslocamento
geográfico não tendesse a enfraquecer a deferência,
ou
a permitir que alguns escapassem ao seu controle. Grande parte da ação política não tinha outra finalidade57.
QUADRO I
P1AUí
PA R N A i R
N, Sia. Ja Giaça da Painaffia 4.726 MA 1 23,1 26,1
CE 1 995 40,7
N. Sra dos Reinédios do Buriti do Lopes 3S80 MA 1.210 3
CE 1.073 27,7
PIRARURUCA
N. Sra do Carnin de Naruruca 2,945 eE 148 5,0
N. Sia. da Coneciçao de Pedro 11 4.123 MA 156 8,6
CE 154 3,7
INIV7PFNFIÉNCIA
N. Sia. do Bonfini cio Prin. Inipeãa] 8.581 MA 2.645 30,S
CF 2,3 1,1 27,3
CASA BRANCA
Sta. Rita do Passa Quatro
2.064 MG 143 6,9
FONTLs: ALMEIDA, Cândido Mendes de. Atlas elo Imperio do Brasil compreliendendo as respeclivas divisões
adntínisírativas,
ecclesiasticas, eleitoiaes e judiciarias.
Rio de Janeiro, 1868, especialmente p. 10, rnapa 1113; BRASIL, Directoria Geral de Estatistica. Recenseamento da
população
elo Imperio do Brazil ti que se procedeu
no dia 1` ele agosto de 1872- Rio de Janeiro, 1873-76.
Página 23
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Nota: as paróquias foram selecionadas arbitrariamente entre as que se encontravam ao longo de certas
fronteiras
provinciais.
Governo
As instituições políticas tinham como um de seus principais objetivos a manutenção da ordem, e isso derivava dos
imperativos da dominação de classe. Os contemporãneos
aceitavam como ponto passivo que a preservação da ordem política vinculava-se às necessidades dos ricos. Um panfleto
político reconhecia que os fazendeiros, "notáveis
pela fortuna adquirida", seriam "homens da ordem, proprietários interessados na Sua conservação"64. O desejo pela
conduta obediente no organismo político mesclava-se
às exigências de trabalhadores dóceis pelos empregadores, sendo difícil saber qual dos princípios sustentava o outro.
Manter a maior parte da população livre trabalhando,
escrevia um jornal, não só canalizava suas energias na produção mas "acostuma-os à obediência". Um industrial
concordou, argumentando que "as fábricas são em miniatura
Página 24
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
a representação do Estado. O operário está sujeito a uma disciplina rigorosa que vai inoculando em seu espírito idéias de
ordem e o hábito da obediência e respeito
aos superiores [de modo que] em sua vida de cidadão, respeita as autoridades
O foco na disciplina era uma conseqüência da convicção, por parte da classe proprietária, de que as classes
inferiores podiam facilmente ser desencaminhadas.
Uma autoridade na província do Ceará, lastimando a má conduta do "homem mais qualificado e prestigioso" de uma
determinada cidade, perguntava: "O que devemos esperar
das massas ignorantes que por ele são dirigidas?" De modo semelhante, uma outra na Bahia esbravejou contra "as
intrigas mais perigosas"" de que participava a oposição
"para excitar as paixões da multidão inexperta". Essas massas ignorantes e multidões inábeis representavam um perigo
constante para a sociedade pois, segundo uma
comissão parlamentar, eram "receptivas à voz de homens malévolos, ambiciosos, que perturbam a ordem pública".
Mesmo quando o pobre ameaçava revoltar-se, ipso era
entendido como o resultado da agitação de seus superiores, traidores de sua classe66.
Portanto, não eram apenas - nem mesmo sobretudo - as classes inferiores que ameaçavam a paz social, pois elas
meramente respondiam aos incitamentos irresponsáveis de outros. A ordem tinha de ser imposta também a
muitos dos ricos, pela causa de sua própria classe. Todos tinham de aprender a prática da deferência. Por isso, quando
um Gabinete pedia a dissolução do Congresso,
enunciava seu requerimento na linguagem da sujeição, denunciando as táticas da oposição que "tendiam (...) a
enfraquecer o princípio da autoridade". Também o imperador,
ao analisar os ataques de alguns políticos a determinado Gabinete, propôs a criação de um jornal oficial "que defenda o
princípio da autoridade que é imutável"66.
Uma vez que, em troca de lealdade, deferência e obediência, os membros da classe superior apresentavam-se como
pais atenciosos embora severos em relação
a seus escravos,
disciplina necessária
Independente dos interesses regionais, os proprietários uniram-se em torno de seu interesse em manter a ordem e a
paz social. Uma visão - amplamente compartilhada-
da sociedade como uma ordem estratificada formou uma base fundamental, a partir da qual se podia empenhar por tal
objetivo, tanto mais necessário porque, em toda
a parte, o deslocamento constante e desestabilizador dos homens ameaçava as concepções de lugar fixo. O alistamento
militar, obrigando cada indivíduo a buscar
um protetor, contribuía para incutir uma atitude de deferência entre os pobres. E a troca de obediência leal, pelo socorro
de um protetor, envolvia todas as relações, inclusive entre pais e filhos. Mesmo quando o Estado exercia
rígida disciplina sobre os
DOIS
NO INÍCIO DO SÉCULO XIX os proprietários no Brasil tinham opiniões ambivalentes sobre o governo central.
Embora este
fosse um instrumento eficaz para manter a subordinação dos pobres, também constituía uma ameaça à sua própria
autoridade
no interior. Para resolver esse dilema, finalmente, os homens de posses asseguraram que eles mesmos, ou amigos seus,
ocupassem
cargos de poder em todos os níveis do aparato governamental.
Apesar de incertezas e retrocessos, decidiram, na década de 1840, apostar no governo central sem ambigüidades. Foi
uma
escolha sábia para eles, pois de fato as várias instituições de controle que criaram comprovaram ser um poderoso
baluarte
contra a desordem. Essas duas questões - a emergência de sua crença na eficácia do governo central e as instituições
políticas
que então estabeleceram - exigem nossa maior atenção, pois as nomeações para cargos na estrutura governamental
permitiam
aos ricos fortalecer sua posição de classe e ampliar suas clientelas individuais. Eles se apropriaram do governo central,
contando
então com o clientelismo para manter localmente sua dominação.
Desde os antigos tempos coloniais, os oligarcas brasileiros haviam se acostumado a exercer um poder considerável
através do Senado da Câmara Municipal, opondo-se
às tentativas de governos distantes de interferir naquilo que consideravam
tuição às câmaras municipais para ratificação, os líderes de Pernambuco não a aceitaram; ao invés disso, revoltaram-se,
exigindo um governo republicano com autonomia
provincial. Mas os senhores de engenho, que a princípio lideravam esse movimento de oposição, logo tremeram diante
da sugestão de seus aliados urbanos - profissionais
liberais e artesãos - de que se devia abolir a escravidão. Igualmente significativo, a maioria das câmaras no resto do
Brasil já parecia preferir a nova Constituição,
com sua autoridade real firme e central, às incertezas de uma república possivelmente descentralizada. A revolta em
Pernambuco desfez-se em seis meses.
Embora o governo central forte parecesse vitorioso, os líderes regionalistas encontraram imediatamente outras
formas de se opor ao autoritarismo do imperador.
Na verdade, a própria Constituição oferecia meios legítimos para a manifestação de oposição, e faltava a Dom Pedro I o
temperamento para a luta política prolongada.
A insatisfação com seu governo intensificouse. Um ponto particularmente delicado foi que, ao nomear ministros
nascidos em Portugal, ele negligenciou a avidez que
os brasileiros tinham pelo poder, para ampliar o controle que tinham sobre o clientelismo. Em abril de 1831, líderes
políticos brasileiros, ajudados pelas manifestações
do populacho nas ruas do Rio de Janeiro, persuadiram-no a abdicar em favor do filho de cinco anos, também chamado
Página 29
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Pedro (1825-91), e partir para Portugal. Uma regência
de três escolhidos pelo Congresso e, esperava-se, mais suscetíveis aos interesses regionais, governaria durante a
minoridade do jovem Dom Pedro. O governo central
sofrera um sério golpe.
Nesse acontecimento, os vitoriosos na luta contra o imperador revelaram-se uma facção moderada de liberais
brasileiros. Embora extraíssem sua principal força
do importante segmento das classes agrárias, também desfrutavam do apoio e da competência criativa de advogados e
outros profissionais. Patrocinados por uma rede
de sociedades secretas do tipo maçônicas (Sociedades Defensoras da Liberdade e Indepen-
Em 1835, uma revolta de escravos e libertos africanos em Salvador mostrou-se muito mais ameaçadora. Já haviam
ocorrido outras rebeliões de escravos, mas
nenhuma tão organizada e tão impregnada de matizes de uma guerra racial. Planejada para coincidir com um importante
festival religioso, porém descoberta e por isso
deflagrada na véspera, a rebelião envolveu centenas de negros, liderados por africanos muçulmanos. Foi dizimada em
horas, mas o interrogatório dos prisioneiros revelou
uma união insuspeita entre os africanos, e extensas redes de comunicação
Página 33
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Quem Retinha o Poder? 81
todos os envolvidos nas revoltas regionais passadas e com isso puseram fim à guerra civil no Rio Grande do Sul.
Aprovaram uma nova lei eliminando os delegados das
mesas eleitorais. Por outro lado, contudo, fizeram poucas mudanças no sistema político (como ocorreu também nos
períodos posteriores de dominação Liberal), para
o grande desgosto dos membros mais radicais de seu partido, como Teófilo Otoni.
Em 1848, Dom Pedro II mais uma vez trocou os Liberais pelos Conservadores. A eleição que então
supervisionaram comprovou uma vitória - só se elegeu um Liberal
para o Congresso - que abriu caminho para o fortalecimento ainda maior do teor Conservador do Gabinete. Chefiado
pelo exregente Araújo Lima, então visconde e mais
tarde marquês de Olinda, logo incluiu (mais uma vez) Paulino de Souza e o cunhado de sua mulher, Rodrigues Torres.
Um outro membro era Euzébio de Queirós Coutinho
Matoso da Cãmara, que, através da família e amigos, também era estreitamente ligado a fazendeiros de café. A firme
liderança que esse Gabinete exerceu permitiu a
aprovação e a execução de vários projetos de lei, não necessariamente conservadores, que anteriormente haviam
provocado demasiada polêmica para ter êxito. Suspendeu
o comércio de escravos africanos para, finalmente, pôr fim à pressão inglesa sobre o Brasil, e simultaneamente liberar
os fazendeiros de sua dívida com os comerciantes
ilegais de escravos; aprovou uma lei sobre terras públicas (nunca realmente executada) para evitar a livre aquisição de
terra por posseiros; finalizou um código
comercial há muito tempo discutido e desejado pela comunidade mercantil; e empreendeu medidas destinadas a atrair
capital estrangeiro para a construção de ferrovias
nas regiões voltadas à exportação. Em 1850, acabou com a eleição de oficiais na Guarda Nacional, tornando esses
cargos sujeitos a nomeação. Esse governo concluiu,
portanto, a tarefa de estabelecer as instituições de um poder central firme, que se conservaram inalteradas até o fim do
Império em 1889. Joaquim Nabuco, o primeiro
historiador importante do período,
O Aparato Governamental
As instituições políticas brasileiras, da forma como foram solidamente implantadas desde 1850, resultaram da
necessidade percebida pelos homens de posses
de um sistema em que pudessem resolver suas diferenças sem solapar a ordem. Decidiram, conscientemente, elaborar
um sistema político centralizado e estável. Não
lhes foi imposto por uma elite política abstrata19. Como uma conseqüência do aparato que criaram, os detentores do
poder no Rio de Janeiro nomeavam legalmente uma
lista imensa de funcionários por todo o Brasil. E foi através do uso competente do apadrinhamento que a capital
tornou-se realmente um centro nacional.
Quando se examinam essas instituições e os cargos a serem ocupados, as ações do imperador mostram-se
visivelmente grandiosas. Dom Pedro II, ensinado desde
menino por homens escolhidos pelo Congresso, aprendera a ser mais atento que o pai à complexa interação entre poder
político e econômico no Brasil, enquanto adotava,
ao mesmo tempo, a linguagem legitimadora
Página 34
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Quem Retinha o Poder? 83
do Iluminismo para descrever as relações entre Estado e cidadão. A partir de 1850, à medida que consolidava seu estilo
próprio, passou a usar as prerrogativas que
recebeu da Constituição, com o cuidado de não ferir os economicamente poderosos; na verdade, trabalhava a favor do
domínio deles. É certo que constantemente defendia
reformas moderadas, mas os membros do Gabinete só levavam em conta sua opinião quando esta convinha aos
interesses de sua classe; nunca pôde - e raras vezes desejou
impor regras que ameaçassem os proprietários que possuíam a autoridade. Esforçou-se para nunca desacreditar seu
cargo por atos pessoais imorais ou momentos de leviandade.
Homem sóbrio, muitas vezes sombrio, Dom Pedro II dava uma torrente de instruções aos primeiros-ministros sobre as
menores questões, até mesmo revisando as instruções
deles aos subordinados. Atendo-se às minúcias do governo, contudo, não demonstrava exercer grande poder, mas
exercer muito pouco sobre qualquer problema fundamental.
No fim, quando alguns dos proprietários passaram a desejar seu afastamento, ele caiu do seu trono sem nenhuma luta20.
Ainda assim, o imperador desempenhou um papel crucial no sistema político. Quando o país mandava deputados
ao Congresso, a maioria deles invariavelmente
apoiava o Gabinete. Somente o imperador, então, ao demitir um primeiro-ministro e convocar algum rival seu, poderia
colocar um novo partido no controle da máquina
do governo e com isso conseguir uma vitória eleitoral para o que fora a oposição. Mas ele não escolhia automaticamente
o líder da oposição: quando, em 1874, os políticos
Liberais, então fora do governo, encontraram-se para planejar sua estratégia e alguns propuseram indicar um chefe
partidário para se tornar primeiro-ministro, assim
que Dom Pedro II afastasse os Conservadores, um membro mais sábio do grupo advertiu: "É preciso não esquecer que
estamos no Brasil e não na Inglaterra (...) Aqui
é chefe do Gabinete quem o imperador escolhe". O papel do imperador
O imperador nomeava os membros do Conselho de Estado, constituído de doze experientes políticos vitalícios. Ao
escolhê-los ele contava, como de hábito, com
indicações do primeiro-ministro. Por sua vez, Dom Pedro II pedia orientação ao Conselho quanto ao exercício de seu
Poder Moderador, sobretudo seu direito de nomear
e afastar o Gabinete. Além
líderes, que compartilhavam seus objetivos. Os ricos assumiam um importante papel na política, tanto em nível local
quanto nacional, e um acadêmico, baseando-se
principalmente na informação existente em dicionários biográficos, conseguiu demonstrar que, de 1840 a 1889, pelo
menos 57% dos membros do Gabinete tinham ligações
com a terra, diretas ou através da família25. O Gabinete permanecia, portanto, aliado aos oligarcas locais, mesmo que
seus membros chefiassem um vasto sistema de
clientela.
A nomeação dos presidentes provinciais era de decisiva importância, pois a lei os chamava, adequadamente, "a
primeira autoridade" das províncias. Um presidente
representava o próprio imperador e, quando chegava à capital provincial, era cerimoniosamente recebido nesse papel: se
chegasse de navio, a bandeira imperial vinha
hasteada, e uma guarda de honra davalhe as boas-vindas, enquanto ele desembarcava em meio a fogos de artifício e
música. A legislação exigia que os presidentes provinciais
executassem as diretrizes estipuladas pelo Gabinete e assegurassem o cumprimento das leis do Império. Responsáveis
pelo cumprimento da lei e pela defesa da Constituição,
os presidentes intervinham em numerosos assuntos, pequenos e grandes, vetando ou (mais tarde) suspendendo a
aplicação de leis provinciais, anulando o trabalho de
uma equipe de agrimensores que estabelecera os direitos de um posseiro, ou especificando que terras públicas deviam
ser entregues aos ex-combatentes. Os presidentes
emitiam passaportes para viagens de uma província à outra, e respondiam a petições de pescadores humildes pela
devolução de suas licenças26. Contudo, sua principal
função era gerar dividendos eleitorais a favor do Gabinete, e eles usavam o apadrinhamento como o principal
instrumento de realização dessa tarefa. Com a mesma finalidade,
para nomear partidários leais, o Gabinete dependia muito da informação política e da avaliação correta que recebia dos
presidentes.
Ou porque logo realizavam sua tarefa principal, ou para que ficassem à parte de determinadas facções provinciais,
os
dar-lhe ao mesmo tempo bons exemplos, já de estudioso, prudente, e de bons costumes, porque é uma testemunha de
vista temivel para o teu futuro, porque o Pai ha
de ser sempre um dos nossos melhores homens de Estado, e muito poderá te ajudar depois. Mas é necessário que o não
deixe a entender nunca ao teu colega, porque então
dirão que obsequiaras com 2ª tenção, e perde todo o mérito tudo quanto fizeres em favor"54. Não dispomos das cartas
que Euzébio de Queirós escreveu ao seu filho,
mas outras evidências sugerem que um pai na política certamente aconselharia seu filho a aproximar-se de um colega de
turma tão intimamente ligado a um homem da
riqueza e prestígio social de Lacerda Werneck. Por meio desses contatos na faculdade e posteriormente outros, mesmo
juízes de origem modesta podiam estabelecer alianças
com os abastados ou encontrar noivas entre as melhores famílias, e deste modo saltar para dentro da elite.
Essas ligações também podiam mostrar-se cruciais para o futuro sucesso profissional de um juiz, cuja utilidade ao
governo central dependia delas em grande
parte. Pois, paradoxalmente, embora a lealdade de juízes ao governo central fosse crucial, igualmente importante era o
estreito contato que tivessem com os líderes
locais, em praticamente todos os municípios. Essas ligações permitiam-lhes transmitir as opiniões exatas dos potentados
do interior à capital. Simultaneamente, os
poderosos locais contavam com os juízes tanto quanto o faziam os líderes nacionais, e com os mesmos objetivos. Os
juízes serviam principalmente, nas palavras do
historiador Thomas Flory, como um "fulcro escorregadio", por meio do qual se empregava o poder de influência em
ambas as direções. Os juízes urdiam contatos que
às vezes duravam uma vida inteira. Como colocou um político, referindo-se a uma determinada localidade, "onde fui
juiz, tenho alguns amigos". E, claro, embora os
juízes tivessem que tomar decisões que contrariavam os interesses de certos proprietários individualmente, raras vezes,
se é que algum dia o fizeram, contestavam
a posse da propriedade em si; nisso, refletiam o objetivo comum dos líderes políticos e econômicos.
O clientelismo forjava os vínculos essenciais. Os líderes locais precisavam de nomeações para cargos de
autoridade, a fim de estender sua clientela e avançar
na escala de poder e status. Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro dependia da influência desses homens, mesmo na
mais remota vila dos sertões, para reforçar o poder
do governo central. Por esse motivo, a competência do juiz municipal na ligação dos figurões locais com os dirigentes
do sistema político imperial era crucial à
sua própria promoção a juiz de direito ou à sua eventual entrada para uma Relação. De modo semelhante, os chefes de
Página 43
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
polícia e presidentes provinciais, de olho no
Gabinete para o futuro, certificavam-se de manter contatos estreitos com os notáveis locais. O Gabinete ponderava
cuidadosamente as vantagens de fazer nomeações
e ordenar promoções, transferir alguns, afastar outros, sempre atento aos interesses dos latifundiários. Preencher os
cargos com os clientes, amigos e parentes deles
constituía a essência mesma da política nacional. Nisso tudo, o Congresso desempenhava um papel central, pois o
Gabinete, mesmo que nomeado pelo imperador, devia
conquistar seu apoio. Com essa finalidade, era preciso que os Gabinetes vencessem as eleições.
TRÊS
Eleições e Clientelismo
Página 44
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Impulsos Contraditórios
De fato, os líderes políticos do século XIX lutavam com três impulsos conflitantes. Primeiro, sabiam que a
legitimidade do sistema político estava nos mecanismos
que possibilitavam a todos os membros da elite exercerem alguma autoridade, ou a certeza de poder fazê-lo se assim o
quisessem. Eleições honestas garantiam esse
fim. Segundo, sentiam como os alicerces do edifício social eram precários e tentavam consolidá-los, impondo
tranqüilidade pública e comportamento ordeiro. Por conseguinte,
as eleições não deveriam disseminar violência,
A Estratégia do Clientelismo
O grande esforço para o exercício do clientelismo começava, de certa forma, com o próprio imperador. Ao nomear
o Gabinete, ele ocupava um lugar no topo da
"grande pirâmide", como um jurista a chamou. O poder moderador, que ele exercia junto com o Conselho de Estado,
"nomeando e demitindo livremente os ministros de
estado", incluía o direito de dissolver a Câmara dos Deputados e convocar novas eleições. De 1840 a 1889, Dom Pedro
II, sempre aconselhado pelo Conselho de Estado,
dissolveu o Congresso onze vezes; e sete Congressos cumpriram seu mandato completo de quatro anos. Houve,
portanto, um total de dezoito eleições nacionais durante
seu reinado. Como o Gabinete que supervisionava as eleições podia, pelo uso do clientelismo, conseguir a Câmara de
Deputados que quisesse, seguia-se que, como comentou
ironicamente um político na época, "a melhor e mais pensada atribuição do poder moderador" consistia em "o direito de
eleger representantes da nação". Em 1868, o
senador Nabuco de Araújo, então Liberal,
Assim que o presidente assumia seu posto, iniciava a ação eleitoral em todos os níveis. Exercendo com energia seu
direito legal de supervisionar o apropriado
cumprimento das leis, e sempre recorrendo à sua letra, quando não ao seu espírito, ele podia demitir um juiz de paz, que
normalmente presidiria a reunião do Colégio
Eleitoral, pelo motivo de ele não residir na paróquia. Ou podia afastar o presidente de uma mesa eleitoral local porque
acumulava um outro cargo público que havia
sido declarado incompatível com tal autoridade, ou mesmo com base em que uma pessoa culpada de um crime, embora
pudesse votar, não podia presidir à mesa 25. Algumas
vezes, as mudanças necessárias não chegavam a ser feitas a tempo. Nesses casos, um presidente tinha a surpreendente
autoridade de adiar uma eleição, reprogramando-a
para um momento mais oportuno, embora legalmente dentro de, no máximo, três meses. Também podia estabelecer
normas sobre a legalidade das eleições para juízes de
paz e membros das câmaras municipais - e portanto sobre quem presidiria as mesas eleitorais das paróquias e quem
contaria os votos dos Colégios Eleitorais. Tal autoridade
podia ser crucial
direito, este disse-lhes que "não se toma protestos por ordem do governo", e supostamente ordenou ao tabelião que
emitisse declarações falsas contra a contestação
deles. Os presidentes informavam com especial cuidado a preferência política de cada juiz municipal. No Rio Grande do
Sul, um presidente Conservador, recém-nomeado,
começou o trabalho verificando imediatamente, e com cuidado, a lista dos juízes existentes e seus substitutos. Depois
pedia aos líderes partidários locais suas sugestões
para juízes municipais, delegados e subdelegados. As respostas revelaram-se previsíveis: "esses três", disse um dos
interrogados, não devem ser mantidos "porque
aqueles dois são Liberais exaltados e este é duvidoso"; outro fez uma lista de substituições potenciais, dizendo: "a
Página 51
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
qualidade de qualquer destes indivíduos é boa
e todos são Conservadores"29.
A lei, como mostrei, tentava circunscrever o direito do governo de transferir juízes e limitava severamente o poder
de demiti-los. Contudo, sobrava um espaço
enorme para manobra. Podia-se usar até mesmo uma promoção judicial para prejudicar um inimigo: "A apregoada
nomeação do Dr. Afonso de Carvalho
para uma Relação longínqua, afirma-se, [é] para que não possa ele presidir a apuração eleitoral". Um deputado alegou
que
algumas longínquas comarcas, do interior remoto, haviam sido propositalmente elevadas ao mais alto nível para que
essas transferências de juízes municipais se tornassem
legais - lugares "para degredo mais tarde dos juízes de excelentes comarcas [mas] de segunda entrância, que tenham
incorrido no desagrado do governo"30. De vez
em quando, o governo recorria a meios mais radicais: em 1862, João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu, um ministro da
Justiça Liberal num Gabinete de coalizão, impôs
a muitos juízes vitalícios aposentadorias forçadas, com salário mas sem cargo. Com propósitos eleitorais em mente, o
Gabinete Liberal em 1844 transferiu 52 dos 116
juízes de direito; em 1848,
O Poder de Coagir
Um meio ainda mais direto pelo qual o partido no poder moldava os resultados eleitorais era controlando cargos
que, embora não diretamente relacionados ao
processo eleitoral, influenciavam os votantes. Na ausência de uma cédula secreta - as cédulas consistiam de listas de
nomes depositadas na urna eleitoral à vista
de todos os espectadores - a pressão governamental era altamente efetiva. Apesar de "o mais simples campônio sabe[r]
empalmar uma cédula para deixar cair outra
meio dos votantes fracos, dependentes, que se deixam intimidar ou ameaçar, por ela ou por esses que [na verdade]
merecem tanta má vontade do governo, os potentados
das aldeias e das paróquias". Com essas palavras, o narrador também sugeria em que sentido os interesses locais e
Página 52
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
centrais entrelaçavam-se. Por outro lado, os choques
entre líderes locais, associados à imensa extensão do território nacional, significavam que as pessoas nomeadas podiam
nem sempre agir de acordo com as instruções
que recebiam. Um político observou que, nas eleições para membros das assembléias provinciais "entra muito o
interesse local, e a pressão do governo sobre o eleitorado
não é tão forte nem tão sistemática como em uma eleição de senador na
província inteira". Além disso, as eleições nas cidades mostravam-se difíceis de manipular. Os Conservadores sabiam
que a cidade do Rio de Janeiro constituía o "baluarte da dissidência". Acima de tudo, porém, o Gabinete contava com
reações favoráveis devido a nomeações cuidadosas 34.
Praticamente todo cargo público tinha, por definição, poder para exercer sanções ou conceder recompensas. Se os
ocupantes usavam rotineiramente esses poderes
para ganhar eleições é mais difícil de provar, porém os fragmentos de informação que vêm à tona indicam que os
contemporâneos viam todo cargo nomeável em termos
de possível ganho eleitoral. Alguns até se prevaleciam de seus subordinados no serviço público. Um inspetor da
alfândega, por exemplo, organizou seus funcionários
em turnos e depois, junto com os chefes Conservadores de outros departamentos, "levaram [com] 12 guardas e vigias da
Alfândega (...) os empregados (...) da Alfândega
(...) e muitos outros empregados do Tesouro, Marinha
vezes recorreram às forças armadas regulares para "manter a ordem". O presidente da província do Rio de Janeiro pediu
ao ministro da Marinha: "faça sair um navio
de guerra que vá ancorar nas proximidades da Freguesia da Ribeira e Saco de Jerumerin, e cujo comandante se entenda
com as respectivas autoridades para prestar-lhes
qualquer auxílio que se torne necessário à manutenção do sossego, caso ele seja perturbado". O presidente do Espírito
Santo foi mais cauteloso, insistindo para que
as Forças Armadas que enviara para Itapemirim agissem apenas quando as autoridades civis locais pedissem ajuda "por
escrito", e não fossem usadas para favorecer
qualquer um dos "partidos locais" contra o outro. No Ceará, como no Rio de Janeiro, o presidente provincial lançou
mão do envio de tropas de linha para vários pontos.
E no Pará, um colérico juiz de direito informou que o delegado chegara à igreja da paróquia acompanhado por "quatro
ordenanças, todos anspeçadas, segundo denotavam
as divisas bem largas e vivas que traziam nos braços", para intimidar assim os votantes 48 .
As queixas contra o papel dos militares nas eleições eram inevitáveis. Uma mesa eleitoral incluiu em suas atas o
protesto de seus membros minoritários, de
que no dia 10 de janeiro "fora colocada nas portas da Matriz uma força de linha composta de quatorze praças com
baionetas colocadas sob o comando do tenente Figueiredo
por ordem do delegado, (...) a qual dava busca rigorosa nos eleitores e suplentes que ali concorriam para a formação da
mesa paroquial; (...) com o que se espalhou
o terror e a coação da população". Trinta anos depois, o presidente de uma mesa eleitoral relatou que, quando chegou no
lugar estipulado para a eleição, encontrou-o
fechado e cercado pela "força pública atualmente destacada nesta cidade e composta de soldados de linha e de polícia,
todos eles armados de carabinas e baionetas,
estando as imediações (...) ocupadas por capangas armados". Os soldados lhe disseram que estavam ali "por ordem
superior" e o prédio permaneceu fechado o dia inteiro".
O reconhecimento de que se usavam as forças armadas não apenas
intimando-o com prisão e serviços, por ser esse votante guarda de sua companhia"51. Em 1846, os legisladores acharam
necessário especificar que a partir de dois
meses antes de qualquer eleição, e até um mês depois, não devia haver recrutamento para o Exército ou a Marinha. As
autoridades locais, contudo, muitas vezes ignoravam
ou se esquivavam da lei. Um juiz de direito relatou de São Paulo, em 1860, que o delegado usou o "recrutamento (...)
para aterrar o povo (...) para o obrigar a
votar como ele no Partido Liberal". Quando o juiz o advertiu que, segundo a lei, não se podia fazer nenhum
recrutamento em época de eleição, o delegado respondeu
que "só na ocasião da eleição se poderia realizar, porque é quando apareciam os indivíduos que estavam no rol dos
recrutáveis"52. A Guerra do Paraguai intensificava
a demanda por soldados, aumentando as oportunidades de pressão eleitoral. "A ineficiência de tal sistema de
Em alguns aspectos, o uso convencional do patronato, a concessão de cargos como prêmios e recompensas pelo
apoio eleitoral demonstravam ser até mais eficientes
que a indicação para cargos que controlassem diretamente o processo de votação ou que pudessem pressionar os
votantes. Os interesses dos chefes locais visavam esse
tipo de benefício, e portanto as colocações atraíam de forma mais imediata aqueles que sempre exerciam a autoridade
do sistema sobre os votantes e sobre todos os
demais. Os cargos mais cobiçados ampliavam a autoridade do nomeado, que, pelo simples fato da nomeação, já
angariava clientes para si. Para um protetor, a procura
de cargos e a luta eleitoral formavam dois lados de um único esforço: ampliar a clientela.
Os líderes políticos do Brasil do século XIX viam-se puxados em várias direções. A sobrevivência do sistema
político dependia da manutenção de sua legitimidade,
tanto perante os grupos permanentemente excluídos de uma efetiva participação quanto os que pertenciam à elite
política, mas que se encontravam temporariamente fora
do poder. Tal meta exigia uma crença generalizada na proposição de que o povo tinha liberdade
individual e participava de eleições honestas e imparcialmente conduzidas. Esses mesmos líderes, não obstante, temiam
que o
PARTE DOIS
A ATUAÇÃO POLÍTICA
QUATRO
AO NÍVEL LOCAL, o processo eleitoral no Brasil do século XIX patenteava um sistema social dramaticamente
estratificado e instruía as pessoas sobre sua adequação,
propriedade e valor. Desse modo, as eleições funcionavam de forma a alcançar fins
inteiramente congruentes com as necessidades e desejos dos senhores de terras, e imperceptivelmente emaranhavam-se
com a estrutura da sociedade. Em parte, o que
tornava as eleições tão importantes, para a maioria dos participantes, fossem patrões ou clientes, era a preocupação
permanente com a hierarquia social.
Satisfazendo uma necessidade quase inconsciente, as eleições funcionavam para consolidar, entre uma população
móvel, a ordem hierárquica nitidamente estratificada.
Esse é um dos empregos menos reconhecidos de eleições, e, contudo, o mais profundamente enraizado na estrutura
social brasileira. Um amplo sufrágio tornava-o possível.
A Lei
As eleições em âmbito nacional começaram no Brasil em 1821, depois que os revolucionários liberais em Portugal
reivindicaram às cortes eleitas que elaborassem
o anteprojeto de uma constituição. Assim como Portugal adotara provisoriamente a Constituição espanhola de 1812,
também retirou da Espanha as diretrizes para esse
primeiro ato eleitoral. Essas diretrizes, com comentários ou emendas adicionais, inseridas onde
Outra complicação surgiu da cláusula em que se dizia que se deveriam excluir "criados de servir". Quem eram
eles? A Constituição declarava especificamente
quem não devia ser considerado um criado: guarda-livros e "primeiros caixeiros das casas de comércio (...),
administradores de fazendas rurais e fábricas", e criados
na família imperial acima de determinado nível. Essas cláusulas deixavam implícito que todos os outros empregados
podiam ser considerados criados. Mas a primeira
lei eleitoral redigida especificamente para o Brasil e precedente à Constituição não excluía "criados de servir" como tais,
mas "todos os que recebem salários ou
soldadas sob qualquer forma". A elaborada - mas jamais promulgada - Constituição de 1823 também excluíra os
"Jornaleiros". Os juristas argumentavam razoavelmente que a omissão óbvia dessa linguagem na Constituição
significava que a exclusão de criados
não se estendia à maioria dos empregados. Esta interpretação poderia,
QUADRO 2
Norte 66,0
Amazonas 41,5
Pará 62,7
Maranhão 82,5
Piauí 57,7
Nordeste 64,1
Ceará 49,5
Rio Grande do Norte 47,5
Paraiba 73,5
Pernambuco 64,5
Alagoas 86,5
Sergipe 46,0
Bahia 68,5
Leste 38,2
Espfrito Santo 54,0
Rio de Janeiro 52,6
Minas Gerais 32,7
São Paulo e Sul 39,0
São Paulo 35,5
Paraná 40,0
Santa Catarina*
Rio Grande do Sul 43,0
Oeste 60,4
Goiás 61,5
Mato Grosso 56,0
Todo o Brasil 50,6
Fontes: BRAZIL, Ministerio do Imperio, Relatorio, 1870, Anexo Q BRAZIL, Directoria Geral de Estatistica.
Recenseamento da população do Imperio do Brazil a
que se procedeu no dia 1º de agosto de 1872. Rio de Janeiro, 1873-76.
A relação do Ministério do Império permite calcular que 48,6% foram registrados na província de Santa Catarina como
um todo; mas não desagrega os números por paróquia,
portanto é impossível calcular a mediana por paróquia. Assim sendo, os totais regional e nacional não incluem essa
província.
Teatro
Não havia qualquer dúvida de sua autoridade quando, na manhã do dia da eleição, o juiz de paz entrava a passos
largos na igreja de um vilarejo remoto e,
destemido, ocupava seu lugar "no topo da mesa", com dois membros da junta em cada lado, e "tendo à sua esquerda a
mim, escrivão". Uma vez que, como fazendeiro, estancieiro
ou homem de outras posses, ele tinha fontes adicionais de autoridade, o lugar do presidente da mesa mostrava e
afirmava a organização apropriada da sociedade, e
os outros atores assim eram instruídos sobre as posições protetoras ou deferentes próprias aos seus respectivos lugares.
Tal como testemunhada e exercida, a natureza
hierárquica da sociedade representava-se aí repetidas vezes25.
Para essa representação ter sucesso, era necessário não apenas haver muitos participantes, mas também que todas
as operações eleitorais fossem insistentemente
públicas. "Naquele tempo, uma eleição era (...) muita gente, muita animação", relembrou mais tarde um juiz. Elas
começavam aos domingos, dia em que a maioria das
pessoas podia comparecer. Realizavam-se nas igrejas paroquiais, centrais e bem conhecidas de todos. Uma referência a
uma eleição ocorrendo "a portas abertas e francas"
data da mais antiga votação no Brasil independente, e a lei de 1846 exigia, especificamente, portas abertas. A lei
também enfatizava que se anunciassem as eleições
por "editais afixados nos lugares públicos e publicados pela imprensa onde
em Minas Gerais, cogitou mas descartou a alternativa de trabalhar à noite: "E, sendo duas horas da tarde, interrompeu-se
os trabalhos da assembléia paroquial a requerimento
dos mesários a fim de irem jantar e (...) voltando à igreja, eram cinco horas
da tarde e o sol posto, e discutindo-se se poderiam fazer ao menos uma chamada, unicamente, decidiram que não". O
fato de que se podia falsificar e preparar as atas
das juntas eleitorais, até mesmo em total privacidade, não diminuía a expectativa da sociedade de que as eleições seriam
enfaticamente públicas. Somente uma realização
pública com muita visibilidade cumpriria a importante tarefa de classificar papéis sociais26.
As próprias campanhas concentravam a atenção pública.
Embora os candidatos solicitassem votos dos eleitores quase que exclusivamente por meio de cartas a eles endereçadas,
ou a outros notáveis paroquiais, cada chefe
local demonstrava sua importância estimulando os votantes, seus protegidos, a participar de ruidosas manifestações.
Grupos adversários proclamavam simultaneamente idéias comuns e
fidelidades rivais, quando "percorrendo e noite as ruas desta Villa com músicas e foguetes [dando] vivas a S. M. o
Imperador, à Religião, e a pessoas partculares
segundo as affeições de cada
grupo". Essas atividades às vezes viravam folguedos generalizados, ou degeneravam em confrontos armados, e em 1860
o presidente da província do Ceará teve de decretar
ordens proibindo "passeatas em grupos pelas ruas que só servem para provocar maior excitação dos ânimos",
acrescentando que "reuniões populares, de qualquer espécie,
Página 66
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
"abonada"; como a mesa tinha que estar de acordo e portanto discutir quem seria uma testemunha aceitável, fazia-se
então distinções mesmo entre aqueles que testemunhavam31.
Nesse momento a excitação atingia o auge. Aqui surgiam as objeções, a máscara da deferência podia desaparecer e o
trabalho ordenado descambar em explosão violenta.
Prevaleceria a autoridade da mesa eleitoral e, acima de tudo, de seu presidente? Ou um chefão rival conseguiria
enfraquecer aquela autoridade, talvez deixando escapar
momentaneamente ressentimentos reprimidos entre os
Página 67
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
154 CLIENTELISMO E POLÍTICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
votantes, apenas para voltar a impor o respeito ao status e à posição hierárquica na eleição seguinte?
À medida que cada homem votava, o presidente riscava seu nome da lista dos votantes. Depois que todos os nomes
haviam sido chamados uma vez, os nomes dos
que não estavam presentes eram chamados uma segunda vez. A essa altura, os trabalhos poderiam já ter se estendido por
um segundo ou terceiro dia; mas ocorria um
intervalo mínimo de uma noite antes de o presidente chamar os nomes dos ausentes uma terceira e última vez, como
"uma garantia do exercício do direito do votante".
Algumas vezes, um votante tinha de esperar vários dias até que seu nome fosse chamado. Cada votante depositava uma
cédula, isto é, uma lista de nomes na urna. Ele
fazia isso publicamente porque, como explicou um comentarista, só se faz escondido o que em público se sente
vergonha de fazer. Quando terminava a terceira chamada
dos nomes dos votantes, a junta abria a urna eleitoral e contava as cédulas para certificar-se de que correspondiam ao
número de votantes 32.
Enquanto a junta abria a urna eleitoral, seguiam-se mais discussões sobre qualificação - e por conseguinte de
posição social. Será que o candidato a eleitor
tinha renda duas vezes maior que a exigida do votante comum, como especificava a Constituição? Haveria alguma
possibilidade de ele ser excluído como um liberto que
podia votar, mas não ser escolhido como eleitor? Os votantes deviam indicar as ocupações dos candidatos em suas
cédulas; embora a intenção fosse a de identificar
com segurança as pessoas nas quais votavam, a cláusula sugeria que todos os eleitores tinham de ter ocupações
conhecidas, reconhecidas por todos33. Enquanto a junta
anotava essa informação, pode-se imaginar a oportunidade para perguntas impertinentes, ou risadinhas da multidão, se
algum votante identificasse um fazendeiro que
se empobrecia, por exemplo, como um sitiante. Embora preparados para aceitar a noção de hierarquia, os presentes
talvez brincassem com a especificidade da situação,
permanecendo assim fora da ideologia imposta por outros.
descendente na contagem de votos. Em caso de empate, um garotinho (com menos de sete anos) metia a mão na urna
decidindo o vencedor pela sorte. Todos os candidatos
que recebiam votos, não importa se poucos, eram listados. O presidente da junta lia então a lista para todos ouvirem e o
escrivão copiava-a no livro que mantinha
especialmente para esse fim, afixando outra lista na porta da igreja. A cota de eleitores da paróquia era preenchida pelos
homens que encabeçavam a lista e os candidatos
imediatamente seguintes
ou qualquer outra divisão adequada, entre a mesa e os votantes reunidos, para a "inspeção e fiscalização dos cidadãos",
deixando os mesários livres para trabalhar.
Contudo, uma vez que ajunta se constituísse de forma adequada, a separação entre ela e os votantes tinha de ser
removida, para permitir aos presentes
"rodear e examinar os (...) trabalhos [da] mesa". Portanto, com a distinção acentuadamente marcada, as testemunhas
legitimavam-na com sua presença".
Numa sociedade predominantemente analfabeta- apenas
Página 69
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
21% dos adultos livres sabiam ler e escrever-, a palavra escrita e os livros de atas adquiriam poder próprio. Uma cultura
forense determinava que os atos ganhavam
validade só por serem registrados em ata pública. Por isso, aqueles que podiam
CINCO
UM LÍDER MUNICIPAL LUTAVA pela vitória eleitoral não para se opor ao governo, mas para ser o governo. Se
conseguisse amealhar a maioria dos votos para si mesmo ou
seus protegidos, isto seria uma prova de sua liderança. Poderia então contar com uma nomeação para importantes cargos
locais. Além de uma patente na Guarda Nacional,
conseguiria ser designado delegado ou juiz municipal substituto, com poder para nomear clientes seus como
subdelegados, inspetores de quarteirão, tabeliães e carcereiros.
Se não chegasse a indicar quem seria o juiz municipal, como era bastante provável, sem dúvida se certificaria de que o
indivíduo indicado concordasse em não se opor
a ele. A posse desses cargos, por sua vez, ampliava a clientela do chefe e assegurava sua influência no processo eleitoral,
tornando ainda mais certa sua vitória
no pleito seguinte.
Desafiar essa liderança, portanto, exigia a formação de um grupo alternativo. Exibir a dimensão de um tal grupo
significava levantar publicamente acusações
de fraude eleitoral ou, de um modo mais imediatamente efetivo, usar diretamente a força para derrubar o ocupante do
cargo. Por esse motivo, eleições e violência
caminhavam juntas. Para se opor ao poder de um chefe, um adversário tinha de usar a força ou a ameaça de força.
Quando obtivesse algum poder, ele podia acusar o
chefe do município de atos ilegais nas eleições. Isto é, as mesas eleitorais e as autoridades locais só anotavam por
escrito as acusações de
Líderes
Tipicamente, os homens que governavam em âmbito local tinham condições de atrair uma clientela, em primeiro
lugar a partir do fato de possuírem terras, ainda
que nem todos os proprietários se envolvessem da mesma maneira na política municipal. Como expressou-se com
acuidade, em 1878, um representante dos fazendeiros,
num congresso de agricultores: "É preciso respeitar o fato social e econômico que presenciamos no país onde grande
parte da população do campo - a população preponderante
do Império - sob uma ou outra forma, está sujeita aos grandes lavradores e [que] as explorações mais produtivas
também lhes pertencem". Ninguém se envergonhava então
daquela realidade: ela era o que era e como devia ser.
Sem dúvida, nas áreas de exportações mais ricas, os fazendeiros surgiam inevitavelmente na vanguarda da política
local.
Mais que um proprietário de terra, Breves era um escravocrata. Para expandir rapidamente o número de seus pés de
café, procurou uma abundante fonte de mão-de-obra
e logo passou a proteger os traficantes de escravos. Talvez a energia que dedicou à causa da autonomia local - despontou
nas décadas de 1830 e 40 como o campeão
local dos programas liberais - decorresse de sua necessidade de fazer com que as autoridades legais fechassem os olhos
para excessos em relação
Breves exibia sua opulência com exuberância. Tinha dois pequenos barcos a vapor para embarcar seu café de
Mangaratiba para o Rio de Janeiro, mas muitas vezes
ele mesmo os navegava quando desejava comparecer a cerimônias na corte. Em 1855, pagou uma quantia substancial à
Igreja para que se permitissem rezar missas na capela
de sua fazenda, e dez anos depois construiu em sua propriedade uma deslumbrante mansão, projetada por seu genro,
diplomata italiano no Brasil. Seus contatos no Rio
de Janeiro mostraram-se úteis quando, após a morte de sua filha, ele trabalhou para impedir que aquele diplomata
levasse de volta para a Itália sua filha nascida
no Brasil. Quando os pedidos malograram, Breves ordenou o seqüestro da própria neta; diante do fato consumado, o pai
por fim concordou em deixá-la com ele, embora
só depois de o problema ter provocado uma confusão diplomática, envolvendo até mesmo o Conselho de Estado10.
Como líder político local, Breves usava pulso de ferro. Em 1840, com os Liberais temporariamente em ascendência
na capital, os juízes de paz, que eram seus
clientes, conseguiram manter os adversários permanentemente indiciados. Quando seus próprios seguidores mais tarde
foram presos, ele organizou uma invasão da cadeia,
que resultou na morte de um homem e em vários feridos. Em fins de 1841, os Conservadores assumiram o
Fraude
A fraude, ou melhor, a alegação de fraude nos documentos oficiais, tinha suas raízes na ameaça de violência. Dessa
forma, um adversário podia garantir o
direito de apresentar queixa contra uma suposta desonestidade praticada pela maioria da mesa eleitoral e uma declaração
dessas podia ser registrada em suas atas.
Ou, se a junta eleitoral já tivesse caído nas mãos dos adversários, a fraude era denunciada por aqueles que ainda se
aliavam ao chefe anteriormente dominante. Essas
atas, ao mesmo tempo, reconheciam a força significativa de cada facção, preservavam a aura de legitimidade e davam o
exemplo de comportamento adequado, passando
a decisão para as mãos das autoridades superiores, supostamente fora dos limites do conflito.
Também se denunciavam práticas desonestas aos juízes ou outras autoridades. Na gangorra do poder paroquial,
choviam cartas de delegados, juízes de paz, juízes
municipais e juízes de direito na sala do presidente, cada qual descrevendo os mesmos acontecimentos sob uma
perspectiva diferente. Não se escreviam essas cartas
só para encher papel: elas destinavam-se a chamar atenção para a existência de uma facção, para a liderança de
Força
Se a fraude malograva, os concorrentes recorriam à força. A violência local mostrava-se tão endêmica quanto sua
condenação. Um membro do Congresso referia-se
ao "emprego de força (não de força pública), mas de força vinda de fora, de homens conhecidos com a denominação de
capangas". Um dicionário do século XIX define
capanga como um "valentão que é pago para guarda-costa de alguém ou para serviços eleitorais; mas neste caso, [ele] é
mais que um galopim eleitoral, é um caceteiro,
às vezes um assassino". Uma opinião mais branda, embora irônica, descreve o capanga como "um indivíduo que se
lança nas lutas eleitorais em busca de um salário e
muito mais ainda por gosto". A definição de capanga dependia de quem assinava o documento. Do ponto de vista de
alguns, os capangas podiam ser chefiados até por
autoridades governamentais: um juiz municipal passava seu tempo "percorrendo os
para escolher os deputados nacionais, podia transcorrer de forma totalmente pacífica, já que os adversários não ousariam
organizar
mesas eleitorais alternativas para preparar atas duplicadas e enviar delegados rivais para o Colégio Eleitoral: "Não
houve duplicatas porque o muito sangue, as muitas
violências e
perseguições que sofreram (...) lhes ensinaram a abandonar o campo"38.
Violência na época da eleição revelava uma ou outra de três falhas da facção dominante: incapacidade de dominar
completamente a oposição de forma a mantê-la
quieta; incapacidade de ceder espaço bastante para apaziguar um líder rival, para manter, em suma, a aparência de
honestidade; ou o não reconhecimento de que as
Página 84
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
condições haviam mudado e ela devia aquiescer ao domínio de um novo grupo. A manipulação do processo pela facção
dominante podia ser tão ultrajante, a força da autoridade
constituída tão arbitrariamente exercida, que a violência parecia um recurso lógico e único. Como se expressou um
membro majoritário, que preparara as atas de uma
mesa eleitoral: "os turbulentos (...) sabendo-se derrotados", recorreram à violência. Ora, como já vimos, quem quer que
dominasse a mesa eleitoral vencia a eleição,
logo essa afirmação tinha de ser o reconhecimento de que não se mantivera nem mesmo a
Embora escandalosa para alguns moradores da cidade, a violência eleitoral sobrevivia, era esperada pela maioria, e
realmente não chocava. A violência era
parte necessária da luta política, pois de que outro modo poderia um aspirante a líder local chamar a atenção para sua
força em ascensão? Como as relações de poder
entre os poucos ricos locais sempre mudavam, as eleições tinham que ser realizadas freqüentemente, para que todos
tivessem a oportunidade de medir forças. Se esse
alguém fosse delegado, juiz municipal substituto ou comandante da Guarda Nacional, sua clientela automaticamente se
expandia, e ele podia garantir resultados eleitorais
subseqüentes com mais facilidade. Portanto, embora os líderes de conflitos locais pretendessem diretamente ganhar
eleições, indiretamente pretendiam ocupar as posições
de poder local - que por sua vez serviam para ganhar eleições. A rota dessas nomeações passava pela via da ação
violenta. A denúncia de fraude em documentos oficiais
já significava um certo grau da força de um aspirante a chefe, consistindo num passo intermediário rumo ao domínio
local, mas a força era a única verdadeira fonte
de poder. Os contemporâneos explicavam comumente a violência eleitoral em termos de partidos situacionista e
oposicionista: "As posições oficiais são ocupadas por
pessoas pertencentes a esta segunda parcialidade [enquanto o outro] lado [que] estava fora das posições oficiais"
formava a oposição. Ou: "um partido, o Liberal,
tinha em seu favor a delegacia de polícia e a vara municipal". Logicamente, a violência acompanhava. Embora um lugar
pudesse gozar de paz e estabilidade durante
certo período de tempo, todos os anos a luta violenta devastava alguma
SEIS
Facção e Partido
Às 4:00 h DO DIA DE ELEIÇÃO, domingo, 30 de dezembro de 1860, a casa da fazenda de José Dutra de Faria
fervilhava de atividades. Durante a semana anterior, sob a
liderança de Francisco Alves Moreira, outro fazendeiro do local, cerca de trezentos correligionários Conservadores
haviam se reunido ali, preparando-se para uma
luta armada, a fim de ajudar o juiz de paz Faria a assumir o controle da igreja matriz, da vila de Caçapava, cem
quilômetros de São Paulo. Eles achavam que um dos
vizinhos de Faria, o Liberal Venâncio Félix da Rocha, conseguira manter os Conservadores fora do poder durante
demasiado tempo, com o apoio de pistoleiros e o abuso
Página 87
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
de sua função como juiz municipal. Acusavam Rocha de ter sido ajudado nesses esquemas por seu amigo íntimo, o
delegado João Moreira da Costa, um tenente-coronel
na Guarda Nacional e irmão do chefe Liberal no importante município vizinho de Taubaté. Costa chegara mesmo,
diziam, sob vários pretextos, a prender diversos correligionários
de Faria no dia de Natal e trancá-los na cadeia da cidade para impedi-los de votar. Mas agora Faria acreditava ter
recebido autorização oficial do juiz de direito
de Taubaté, um Conservador, para "reclamar o auxílio dos cidadãos presentes, para fazer respeitar sua autoridade"; e,
deste modo, contava com o poder armado de seus
seguidores para restaurar o devido equilíbrio à vida política local1. Os inimigos de Faria, contudo, alegavam que, além
de cidadãos
Facção e Partido 1 99
sobre a vida política durante o Império é necessariamente confuso e confunde. Ter em mente a influência que o chefe
local possuía sobre o deputado esclarece o sentido
que os participantes davam aos acontecimentos políticos de seu tempo. Também indica como o império prefigurava
práticas muitas vezes associadas à Primeira República
(1889-1930) e mesmo às de hoje.
Caçapava se separara administrativamente do município de Taubaté apenas cinco anos antes dos sangrentos
acontecimentos de 1860. Embora há muito tempo essa
área ao longo do rio Paraíba fosse um terreno para engorda do gado que vinha do Sul para venda na cidade do Rio de
Janeiro, após 1830 os proprietários começaram
a plantar café na região. O número de fazendas de café no município de Taubaté (então incluindo Caçapava) subira,
entre 1836 e 1854, de 86 para 240, e o resultado
foi um salto na produção, que passou de 354 para 5.320 toneladas. A população do município de Caçapava em 1872,
doze anos depois dos acontecimentos narrados acima,
era de 8.969 habitantes. Cerca de um quinto dessas pessoas eram escravos, e só 1.423 homens livres tinham idade
suficiente para votar, dos quais 860 qualificados
Página 89
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
em 1870. Homens em ascensão, que haviam ficado ricos recentemente, lutavam para afirmar seu domínio sobre o que
devia ser uma população móvel e em crescimento. O
fluxo social impelia tanto à luta quanto à incerteza da situação políticab.
Divisões políticas acentuadas caracterizavam o município. Ao comentar a eleição de 1860, o deputado
Conservador vitorioso declarou que o "Partido Conservador
é muito grande; mas está sempre dividido e, nas eleições, os Liberais ora se reúnem a esta ou àquela parcialidade".
Contudo, Costa, o delegado, talvez tenha sido
mais honesto quando falou de "as duas parcialidades políticas [ou melhor], pessoais". O juiz de direito de Taubaté
admitiu que se podia chamar um lado de "Conservador",
enquanto outro se compunha de "uns que se dizem
Maroim: "um homem robusto, de pouco mais de quarenta anos, ativo, de presença alegre e amigo de agradar", que, por
causa de sua riqueza, encabeçava a facção provincial
chamada Camundongo. "Até o presente, o barão, qualquer que fosse o governo, procura sempre captar-lhe as boas
graças", pois "o que o barão prefere a tudo é ver os
seus parentes e amigos nas posições oficiais; o que ele não quer, de maneira alguma, é verse esbulhado (são expressões
dele) da vila de Maroim". O próprio barão
de Maroim concorreu para deputado e venceu (ou, poderse-ia dizer, elegeu-se) em 1853, tornando-se senador em 1861.
Talvez o maior constrangimento em tudo isso, tanto
para os outros deputados quanto para os administradores, fossem "os defeitos de sua educação". Em 1885, um político
Página 93
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
manifestou algum alívio, pois, em notar que,
apesar "do apoio do Maroiln, que creio valeu em tempo bastante, tem decaído um pouco ultimamente". Contudo, eles
nada tinham a temer; em toda a sua vida política,
a lealdade de Maroim ia não para o partido, mas para os ministros que lhe podiam garantir o controle local. Como o
presidente de Sergipe explicou, de um modo mais
geral, em outra carta: o apoio aos Conservadores provinha de homens de propriedade, "que têm [o] que perder, e por
isso tendem pela ordem. Mas, superior a essas
tendências, lá está o cego amor pela influência local: quando sua conservação depender da aliança com um Governo de
crença oposta, hão provavelmente de ser sacrificadas
as tendências às conveniências'". E discorreu sobre como isso funcionava em outra carta: assim que os Conservadores
assumiram o poder no Rio de Janeiro, os membros
de uma parcialidade mudaram sua legenda partidária e declararam-se Conservadores e "fizeram um livro onde se devem
alistar os Saquaremas [i.e., Conservadores] de
Sergipe (_) e declararam que tais e tais indivíduos não hão de ser Saquaremas, (...) batizando por Santa Luzias [Liberais]
os seus desafetos"21.
Quando um Gabinete enfrentava o Congresso, buscava apoio para seus atos legislativos. Se as sessões
parlamentares se
Construindo Partidos
Página 95
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Um dos motivos para deplorar o faccionalismo local provinha do fato de que, assim que um homem chegava ao
poder central, desejava linhas claras de comando.
As rivalidades entre os grupos locais tornavam seu trabalho mais árduo, mesmo quando ele próprio ascendera
explorando-as. Parte da obsessão por ordem e harmonia,
que discutimos anteriormente, podia realmente refletir o desejo pessoal do político de ter uma trajetória serena. Ele
queria apoiar um chefe municipal, um grupo
provincial, não vários30. Dessa preocupação surgiam as tentativas de formação de um partido, ou seja, de disciplinar os
membros do Congresso, estabelecer alianças
firmes e contínuas entre eles, e deste modo expandir a autoridade dos primeirosministros e Gabinetes. Na verdade, os
líderes nacionais tentavam fazer com que os
deputados devessem mais favores a eles do que aos chefes locais. Esse esforço também se fundava na idéia de nação,
reforçando-a, pois partia da premissa de que todo
o Brasil constituía um só domínio no qual se realizava a luta política. Numa nação, as incontáveis pirâmides locais de
clientelismo dariam lugar a duas maiores,
enfrentando-se entre si. Assim como o chefe de uma localidade alargava seu séquito, unindo famílias para formar uma
facção, um chefe nacional formaria seu partido
unindo as facções locais. Nem é preciso dizer que a construção desse partido não implicava elaborar um programa,
Inconstância Partidária
Quando um partido conquistava o poder, raras vezes fixava-se a seu programa pré-anunciado, para desgosto de
alguns membros do Congresso que realmente esperavam
levá-lo a cabo. Dantas teve que tranqüilizar Rui Barbosa, em 1878, dizendo-lhe que "um programa de Ministério não
pode abranger todo o programa da mesma situação".
Rui Barbosa devia prosseguir, disse Dantas, e falar, mas, embora criticasse o governo na imprensa, deveria votar com o
Gabinete: eles podiam discordar em "questões
econômicas ou administrativas; (...) saibamos, porém, cumprir o dever de políticos"42. Dever político não tinha nada a
ver com programa, mas com lealdade, e em última
instância a lealdade permanecia pessoal. O poder que o Gabinete exercia sobre um deputado estava no apadrinhamento
que dispensava ou não ao seu chefe local. O deputado,
por sua vez, tinha que pesar o apoio do chefe contra sua própria dedicação a princípios mais elevados. Com um sistema
nacional partidário tão fragmentado assim,
não é de admirar que os deputados, assim que chegavam ao Rio de Janeiro, só formassem alianças temporárias, ou que
as legendas partidárias significassem relativamente
pouco no que dizia respeito ao programa.
O sistema partidário, ou melhor, a falta de um sistema, facilitava a comunicação entre a elite política. O governo
continuava sendo um arranjo entre amigos.
Sem dividir-se com demasiada rigidez em partidos distintos, eles podiam continuar a conversar para além das fronteiras
partidárias, trazendo para
Antes de concluir este capítulo, seria útil examinar a base social dos alinhamentos partidários. Já que acabei de
mostrar os partidos como sendo inconstantes
e transitórios, talvez pareça estranho suscitar o assunto. Mas certas afirmações merecem um exame específico. O que se
coloca é que uma classe média urbana composta
por profissionais liberais, funcionários públicos, negociantes e comerciantes afluía ao Partido Liberal, um partido
presumivelmente visto como um grupo de votantes,
não de legisladores61. Como a maioria dos mitos, esse contém algum grão de verdade. Nas cidades, onde os votantes
eram menos facilmente controlados e os apelos a
programas poderiam mostrar-se mais efetivos, a classe média tinha ao mesmo tempo um maior espaço na política e
achava a ideologia dos direitos individuais mais atraente
que as pessoas no interior. Na década de 1840, por exemplo, os líderes da ala Praieira, do Partido
SETE
Página 107
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Reforma Eleitoral
O crescimento urbano e a iminente libertação dos escravos criaram a clássica tensão entre liberalismo e
democracia, levando à exclusão das massas dos locais
de votação. "Liberdade e igualdade", escreveu um comentarista, "são diametralmente opostas e só andam juntas na boca
dos demagogos ou na dos tiranos". Rui Barbosa,
jovem e enérgico jornalista, concordava, argumentando que a maior ameaça à liberdade estava na "tirania (...) exercida
pela democracia contra o indivíduo". Enfatizando
a importância da "molécula humana, o indivíduo vigoroso, educado e livre", ele salientava que a igualdade política era
relativa, dependendo da "desigualdade social
das condições" e da "desigualdade natural de aptidões'". Exigir igualdade para todos refletia "a eiva do erro socialista'".
Noventa anos depois da Revolução Francesa,
um orador no Congresso acusou-a de introduzir "o princípio da igualdade, que é o maior perigo que se encontra na
sociedade". Outro escritor acrescentou: "Deus
Legislação
Página 112
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
O governo Rio Branco, embora tenha chegado ao poder em 1871 com o objetivo expresso de realizar uma série de
outras reformas, também estudou as reformas
eleitorais. Àquela altura, vários defensores de mudanças haviam ultrapassado em muito o programa liberal de 1869, e
pediam agora eleições diretas em âmbito nacional,
tanto no campo quanto na cidade, restritas, claro, aos proprietários. Outros se mantinham mais cautelosos.
desejosos de manter o voto de analfabetos defendiam "a soberania da ignorância, mãe da miséria, mãe da subserviência,
mãe da imoralidade, mãe de todas as ruínas
sociais". Um ex-republicano, agora membro do Gabinete Liberal, perguntou retoricamente: "A ignorância, a cegueira,
porque se tornam vastas e numerosas, porque se
generalizam, adquirem o direito de governar?" E respondeu: "Se há no Império oito décimos de analfabetos, esses oito
décimos devem ser governados pelos dois décimos
que sabem ler e escrever"25. Se os proprietários achavam que esses votantes analfabetos agora representavam uma
ameaça, mas anteriormente não, pode-se concluir que
a mudança originava-se de sua compreensão de que a escravidão chegava ao fim.
Embora Sinimbu tivesse argumentado antes contra Silveira Martins que o voto restrito era uma concessão
necessária à garantia da aprovação de eleições diretas
pelo Senado, este, assim mesmo, rejeitou a medida daquele. Um poderoso senador Conservador - Cotegipe - observou
que, sem mudar o sistema existente, um Gabinete
"que mantenha a mais escrupulosa imparcialidade e moderação, durante uma eleição, pode diminuir, senão de todo
evitar", as deficiências do sistema. "Quando a tendência
geral [no mundo] é a de alargar o círculo interessado ao maior número possível na causa pública", parecia-lhe estranho
"reagir contra os princípios altamente proclamados
há mais de meio século, pela nossa Constituição, e isto quando há maior difusão de instrução, maior riqueza, maior
facilidade de comunicação, e maior conhecimento
das coisas e do homem". Além disso, a exclusão de analfabetos poderia atingir muitas pessoas importantes, protetoras
dos próprios legisladores. Um senador refletia
Página 115
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
o desprezo do fazendeiro pelo intelectual urbano, argumentando que "poderia apresentar exemplos numerosos de
homens que, não sabendo ler nem escrever, têm acumulado
fortunas avultadas; e esses homens têm certamente mais interesse pelo bem da sociedade, que outros que passam [a
vida] a ler romances e não servem para mais nada"26.
Contudo, não é difícil descobrir o verdadeiro motivo da oposição senatorial. O projeto
Do modo como afinal foi sancionada, a lei expressava claramente o viés de classe de seus criadores, nas
especificações que determinava para a comprovação
de renda. Como essas especificações são fundamentais para entender sua importância, vale a pena examiná-las em
detalhe. A lista dos documentos requeridos para comprovar
a renda era extremamente precisa:
Um conjunto de provas, por exemplo, referia-se à renda de bens imóveis. Havia apenas três provas aceitáveis: (1)
para um imóvel ocupado pelo proprietário,
a escritura com um preço de compra que, a 6%, rendesse os 200 mil-réis requisitados, ou uma avaliação judicial,
estipulando aquele valor; (2) para uma propriedade
rural arrendada a outro, um contrato de arrendamento que especificasse o valor da renda, apropriadamente registrado em
um tabelião público; e (3) para propriedades
urbanas, um certificado da Receita onde constasse que o imóvel fora avaliado em um valor de renda anual não inferior a
200 mil-réis.
Página 118
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
262 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
católicos encontravam outros motivos: em 1872, o bispo do Rio de Janeiro fez uma petição ao ministro do Império,
dizendo: "Os brasileiros são religiosos, Exmo. Sr.;
já é por demais sabido que desde muito, acham eles feio e indecoroso, que as eleições se façam em igrejas". Embora o
projeto original de Saraiva continuasse a prever
a realização de eleições em igrejas, ele logo abandonou esse ponto. Segundo a lei, finalmente aprovada em 1881, "só na
falta absoluta de outros edifícios, poderão
ser designados para esse fim [eleições] os templos religiosos"40.
As igrejas não precisavam mais servir de lugar para eleições, devido ao abandono da maioria dos rituais eleitorais.
Agora que não se intimaria mais a participação
da grande massa da população em uma encenação de hierarquia, podia-se abandonar a elaboração teatral. Como
declarava a lei sucintamente: "São dispensadas as cerimônias
religiosas". Para evitar qualquer possibilidade remanescente de empurrões e atropelos, durante toda a eleição se
colocaria no local uma balaustrada para separar
a mesa eleitoral dos eleitores, e cada eleitor só cruzaria aquela barreira quando o presidente o chamasse pelo nome. A
eleição agora seria feita num único dia, e
podia até começar às 9:OOh e terminar às 12:30h, um procedimento enxuto e eficiente. Um eleitor, em 1887, recordava
com nostalgia o antigo tumulto das igrejas abarrotadas,
que contrastavam tão acentuadamente com as eleições "que hoje nós temos, e nas quais algumas dezenas de cidadãos,
com muita dificuldade qualificados, e todos de
gravatas e meias, [votam] e sem mesmo sequer se interessarem pelo resultado da apuração, tratam logo de retirarem-se e
irem cuidar dos seus negócios"41.
A reação à lei foi generalizadamente branda, ainda que, segundo uma contagem - e isso merece ser repetido -, em
todo o Brasil apenas cerca de 150 mil eleitores
conseguiram qualificar-se sob a nova lei, em contraste com mais de um milhão de votantes registrados em 1870 42.
Mesmo alguns dos ricos viram-se excluídos do processo
eleitoral. Na primeira qualificação, vários juízes de direito perguntaram ao governo central o
Na primeira eleição realizada sob a nova lei, Saraiva insistiu em que suas cláusulas fossem observadas
escrupulosamente e fez uma genuína tentativa de evitar
a imposição da vontade governamental. Na verdade, vários candidatos do governo perderam suas cadeiras, entre eles um
membro do Gabinete. Em
1881, um político Liberal que há menos de seis meses concordara com Saraiva em que as eleições deviam por todos os
meios ser honestas, "ainda quando esta [a verdade
Página 119
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
da eleição] não fosse
Página 120
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
por mais volumosos que fossem49. Além disso, o retorno, em 1881, a distritos de um único representante deu a alguns
"coronéis" rurais maior acesso ao Congresso,
como ocorrera em 1856. Permitiu, por exemplo, a alguns cafeicultores republicanos em São Paulo concentrar suas
forças em 1884 para eleger dois republicanos para
a Câmara dos Deputados, assim como
intensificar grandemente seu poder na Assembléia Provincial de São Paulo. Ao mesmo tempo, outros republicanos mais
radicais
reclamaram que o sistema continuava a perpetuar "as condições aviltantes de dependência e protetorado" no campo,
com os
com facilidade. As eleições posteriores logo repetiram, talvez com escândalo ainda maior, as manipulações de períodos
anteriores. Um monarquista responsabilizou então o sufrágio universal pela "vitória das multidões incapazes", com o
que contrastou a saudável reforma de 1881, que
Página 121
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
"excluiu do voto as classes analfabetas e o proletariado". Os defensores da República, contudo, continuaram a afirmar
que a lei de 1881 não passara de uma "pseudo-reforma"55.
Com todas as recriminações mútuas, as duas leis eleitorais - Imperial e Republicana - apontavam na mesma
direção: a exclusão dos despossuídos das urnas.
Mudanças sociais e
econômicas por volta de 1880 levaram à procura por um sistema eleitoral diferente. Motivados pelo medo de que
escravos libertos pudessem soterrar os mecanismos do
controle eleitoral, os chefes
PARTE TRES
A PRÁTICA DO CLIENTELISMO
OITO
Padrões Clientelísticos
O MAIS ANTIGO RELATO da descoberta do Brasil, escrito como carta ao rei português por Pero Vaz de Caminha em
1500, terminava com um rogo de clemência em favor de
seu genro. Esse pedido foi a marca de nascença da política brasileira, e a troca de apadrinhamento por serviços e
lealdade continua sendo um sinal visível até nossos
dias. Os primeiros donatários na colônia receberam do rei a autorização expressa para nomear pessoas a cargos dentro
de seu domínio. Quando a corte portuguesa exilada
chegou ao Brasil, em 1808, veio com um número extraordinário de funcionários públicos, e o príncipe regente, agindo
como "um verdadeiro pai de seus vassalos", recompensou-os,
disse uma testemunha, por "tão grande sacrifício, segundo a [sua] condição, préstimo e capacidade". Ele também
estendeu sua "generosa liberalidade (...) profusamente
pelos habitantes do Brasil, (...) concedendo (...) a uns, hábitos e comendas; a outros, postos e ofícios; a estes, dignidade
e empregos; àqueles, honras e mercês;
a todos, amor e solicitude paternal". Providenciou emprego até para os artesãos portugueses que o acompanharam,
criando fábricas "reais", isto é, empresas manufatureiras,
financiadas com dinheiro público, para empregálos. A revolta de 1831, que levou Dom Pedro I a abdicar do trono,
deu-se em torno dos grandes números de portugueses
que ainda ocupavam cargos de emprego público; Dom Pedro queixou-se de que o principal objetivo dos líderes do
movimento
Quem exercesse autoridade literalmente possuía-a, e podia legitimamente concedê-la, ou parte dela, a outrem. O
cargo público tornava-se portanto um recurso
a lançar mão, como qualquer outro. Podia `pertencer' a alguém, ser concedido ou retirado. Aquele que recebesse um
cargo, recebia-o como um presente. Em 1808, um
governador admitiu que, teoricamente, a melhor burocracia era aquela na qual os empregados estavam "sujeitos a serem
expulsos logo que deixarem de cumprir suas obrigações".
"Contudo, esta observação", acrescentou significativamente, "não se dirige a restringir a generosidade do soberano". Os
brasileiros muitas vezes referiam-se a alguém
como O "proprietário" de um cargo, sobretudo na primeira metade do século, mas também pelo menos até a década de
1860. Quando alguém assumia o cargo, dizia-se que
"tomou posse" dele, locução usada até hoje; naquele momento pagava um imposto. como era usual que se fizesse ao
adquirir alguma propriedade. Em 1889, o compilador
didático de um dicionário, com uma sensibilidade apurada para a mudança nos padrões, indicou que embora a palavra
"mercê" tivesse como um de seus significados a
concessão de emprego, "tratando-se de nomeação para cargo público o termo é hoje impróprio, por não poder admitir-se
em princípio que seja concedido por favor o
que a lei prescreve seja dado ao merecimento". O uso impróprio, contudo, continuou refletindo a opinião corrente.
Assim como a autoridade podia ser subdividida, também algumas pessoas controlavam apenas seus canais de
passagem, na medida que ia passando, como que por
uma série de cascatas, do primeiro doador - o imperador - ao último recebedor - o ocupante do cargo. Considerava-se
que o poder de controlar a distribuição de favores
ficava atrás em importância somente do poder de doá-los. Ser capaz de distribuir colocações fazia automaticamente de
alguém um protetor, e facilitava enormemente
o trabalho de formar um grupo de seguidores. Pois a
Se indiquei aqui que o clientelismo fluía do rei para baixo, até o pretendente ao cargo, os capítulos anteriores
esclarecem que outra pirâmide se cruzava
com aquela num plano diferente e levava ainda mais além. A família e a unidade doméstica construíam e dependiam de
generalizadas relações de dependência e deferência.
Todo o grupo de um protetor, seus seguidores imediatos, assim como os que lhe prestavam lealdade e obediência como
empregador, senhor de terra ou emprestador de
dinheiro, procuravam-no em busca de proteção e apoio. Se os símbolos externos e os meios particulares de seu poder
estavam no controle que ele exercia sobre cargos
locais, fosse pela prerrogativa oficial de indicar candidatos, fosse pela expectativa
Mas um chefe paroquial ou municipal cobiçava cargos, o que também o tornava dependente do governo. Com tal
nomeação ele podia, por exemplo, ir além de deixar
agregados ocuparem algum pedaço de sua propriedade e começar a distribuir generosamente seus recursos políticos
particulares. Quer lutasse ele para ser reconhecido
como chefe de uma única família extensa ou como o protetor de uma grande clientela, os cargos de autoridade eram
cruciais. Presentear ou punir podia então ser um
ato com sanção oficial. Um orador num funeral elogiou um fazendeiro morto porque, "quando seu partido estava no
poder, a benéfica influência que ele exercia (...)
só servia para beneficiar e proteger a quem quer que lhe suplicasse proteção"11. Esta declaração indica a capacidade do
protetor de retirar sua proteção, a eficácia
de sua mediação, ao menos algumas vezes, e a ameaça que sua posição sofria quando seu partido caía do poder.
A estrutura formal do clientelismo encontrava um reflexo preciso na esfera informal. Nas inúmeras cartas de
recomendação enviadas por fora dos canais oficiais,
os protetores na verdade
Juízes
Obras Públicas
Profissionais Ministro da
Liberais % - Guerra
Profissionais Liberais
í _
Ministro do
Forças i Império
Armadas
Regulares ~ Presidentes
prouinciais
Pessoal
Público e
Tesouro Deputados e
SCnadJLeS
O sistema dependia dos membros do Congresso, que trabalhavam diligentemente para recomendar os pretendentes
a cargos ou outras pessoas que desejavam favores.
Como indica o quadro anexo, mais de um terço de todas as cartas recebidas vinha de deputados e senadores,
comparados a apenas 16% dos presidentes provinciais e 9%
de juízes. Com o passar do tempo, a proporção de cartas recebidas de legisladores aumentou, e a de presidentes
declinou15. Essa mudança sugere um papel cada vez
maior dos deputados na rede do clientelismo, exatamente num período, como mostrarei no próximo capítulo, em que as
considerações partidárias cresceram de importância.
Embora os jornais no Rio de Janeiro dessem muita atenção às atividades parlamentares, onde elaboradas normas
consuetudinárias
O cargo mais freqüentemente procurado era o de juiz (ver Quadro 3). Cartas pedindo juizados chegavam de todas
as regiões brasileiras. Posições de poder como
juízes de direito ou municipais eram as mais desejadas (ver Quadro 4), mas uma porção considerável de pretendentes a
cargos procurava colocações lucrativas como
juízes de órfãos. Alguns pediam para serem juízes substitutos, cargo para o qual não se exigia formação em direito, mais
sim um protetor. Um quadro de juízes substitutos
do Rio Grande do Sul lista-os por comarca ou município com os seguintes dados: na primeira coluna estão anotações
como "capitalista", "médico", "negociante rico"
e "proprietário abastado"; na segunda estão suas funções anteriores, como "vereador", "deputado provincial",
"tenente-coronel da Guarda Nacional" e "ex-suplente
de juiz municipal"; por fim, de forma cabal, a terceira indica seu padrinho: "apresentado pelo juiz de direito",
"apresentado pelo comandante [da Guarda Nacional]",
ou "apresentado pelo bacharel [tal]" 19. Da mesma forma, um juizado podia aumentar o séquito do juiz e torná-lo
protetor de outros.
Muitos homens pediam outros cargos associados à atividade judicial. Mais de 5% das 577 cartas tinham a ver com
Página 128
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
colocações como tabeliães e escrivães. O escrivão
e o tabelião desempenhavam tarefas-chave em todas as ações legais. Podiam até bloquear investigações criminais, e não
poucos redigiam a decisão dos juízes para estas20.
Deste modo, como reclamou um deputado no Rio de Janeiro ao Congresso, "se vaga um lugarzinho de partidor ou
escrivão em uma vila ou cidade, apresentam-se logo quarenta
ou cinqüenta pretendentes aqui na corte21.
Cargos Requisitados
Nota: algumas das cartas aqui examinadas recomendavam pessoas não para cargos, mas para títulos de nobreza, auxílio
em eleições ou outros favores. Estas cartas estão
incluídas na categoria "outros".
QUADRO 4
Nota: as porcentagens neste e nos quadros subseqüentes não totalizam necessariamente 100% por causa do
arredondamento.
Pouco menos de um quinto dos cargos eram requisitados para a própria burocracia. Nessa categoria, incluí
membros do secretariado de cada ministro, da equipe
dos presidentes provinciais, todas as autoridades do Tesouro e funcionários do Correio (ver Quadro 5). Todos os cargos
Página 129
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
burocráticos traziam benefícios além do salário,
ou até mesmo a oportunidade de suborno; mais importante, possibilitavam o exercício do poder
sobre outros. Uma pessoa no gabinete de um ministro ou de um presidente provincial estava em posição de selecionar
qual das petições despachar ou deixar na gaveta22.
Três dias depois da nomeação de um ministro do Império, um membro de sua equipe recebeu uma carta endereçada a
"meu caro amigo", dizendo: "É chegada poisa ocasião
de [você], pelo meu ver, auxiliar-me"; o pedinte entendia claramente o poder do burocrata. Os cargos do Tesouro
ofereciam grandes oportunidades de obter ganhos ilegais
e eram sempre atraentes. Em 1862 uma autoridade do Tesouro admitiu, em uma investigação sobre uma antiga
malversação de fundos, que na Alfândega "todo mérito consistia,
então como hoje, na importância do patrono: a aptidão e a probidade mediam-se, como ora se medem, na escala
gradativa das proteções". Um negociante no início da
República observou que, para um cargo na Alfândega, o Tesouro agora devia exigir alguém que fosse "sobretudo
honesto"; ele propôs um candidato que "foi um dos raros
que em tempos passados não defraudaram as rendas públicas"23. Em um sistema como o do Brasil, em que
Dois tipos específicos de posições conferiam autoridade sem salário: oficiais da Guarda Nacional e autoridades
policiais. Aproximadamente 7% dos pedidos
eram para esses postos. Claro, os nomes também eram apresentados da maneira normal; mas o ministro da Justiça e os
presidentes tinham o direito de nomear candidatos
que não haviam sido apresentados formalmente. As cartas que examinei consistiam de correspondência particular, não
oficial, e procuravam influenciar a decisão fora
dos canais regulares. Em 1872, o ministro da Justiça escreveu: "Tenho feito e estou fazendo algumas nomeações para
[oficiais da] Guarda Nacional na Bahia. Suponho
que nenhum ministro da Justiça de 16 de julho [ 1868] pra cá as tez em maior número, em tão pouco tempo, para essa e
outras províncias. Já me chamam de reacionário.
Ossos do ofício?"29.
Embora a maioria dos pedidos envolvesse cargos de juízes, burocratas, profissionais liberais, oficiais nas Forças
Armadas, polícia ou Guarda Nacional, muitos
tratavam com uma variedade de outros cargos e benefícios. A Igreja e o serviço diplomático ofereciam carreiras
prestigiadas. Quinze dos pretendentes a cargos eram
clérigos. O novo ministro da Marinha, o baiano Cotegipe, recebeu uma carta do ministro do Império pedindo-lhe para
conseguir que o arcebispo da Bahia agisse logo
em relação à apresentação, pelo ministro do Império, de um certo padre para uma paróquia. "Estimo o Sr. Padre (...)",
acrescentou o ministro do Império, "e por ele
se interessa um amigo meu muito prezado". Essa carta indica que os bispos nem sempre acorriam a nomear os indicados
pelo ministro, e que elos regionais e ligações
pessoais também continuavam sendo importantes nos assuntos da Igreja. Oito homens pediam colocações como
"Festa do Bonfim" entre dois concorrentes31. Esses pedidos menores, juntamente com os que solicitavam cargos na
Igreja e no serviço diplomático, seis pedindo apoio
nas eleições, e os que
pediam uma variedade de outros favores, representavam quase um quarto das cartas (ver Quadro 3).
Em sete casos, os pedidos indicavam que se queria promoções apenas visando a abertura de espaço para outros. Na
verdade,
a busca de lugares para novas nomeações provavelmente explica a maioria das demissões. Uma complexa transação na
década de 1880 envolveu o cargo de guarda-mor
da Alfândega. Um missivista em Salvador tentava ajudar o guarda-mor local a obter uma transferência para a cidade do
Rio de Janeiro. O obstáculo à transferência
era a ocupação daquele cargo, no Rio
Alguns cargos, como vimos, eram muito mais procurados que outros. A atração exercida pelos juizados está
relativamente clara segundo esses documentos. Quando
jovem, Junqueira Júnior escreveu de Salvador ao barão de Cotegipe, observando que fora juiz municipal na vizinha
Cachoeira e agora era promotor público em Salvador,
mas preferiria ser juiz municipal
Laços Regionais
A maioria dos pretendentes a cargos buscava colocações nas mesmas províncias onde moravam (ver Quadro 6). As
Lugar atual
Norte 15 13 86,7
Pernambuco 43 40 93,0
Bahia 27 26 96,3
Outros no Nordeste 38 29 76,3
Províncias
do Espírito Santo
e Rio de Janeiro 12 7 58,3
Cidade do
Rio de Janeiro 21 20 95,2
Minas Gerais 14 10 71,4
São Paulo 15 13 86,7
Sul 9 8 88,9
País estrangeiro 10 10 100,0
TOTAL 204 176 86,3
QUADRO 7
NOVE
Ligações Ansiosas
A ORDEM ESTRATIFICADA da sociedade brasileira dava forma à prática clientelista, e a mobilidade dos indivíduos
dentro desta ordem imprimia direção àquela prática.
Entre os politicamente ativos, cada participante procurava nervosamente preservar ou melhorar sua posição, assim
reafirmando, legitimando e expressando seu compromisso
com um sistema caracterizado por
relações de superioridade e inferioridade. Cada pedido, seja a favor de alguém, seja para conseguir uma posição para si
mesmo, revelava um status relativo. A maior
parte deles também sugeria certas ligações entre os indivíduos, ligações importantes para os participantes - laços
familiares, relações de clientela ou o
pistolão da lealdade partidária. Além de expressar sua crença geral no clientelismo como algo apropriado, os
argumentos dos missivistas em favor dos que buscavam
colocações acentuavam
Página 137
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
as virtudes do paternalismo e a extrema importância da posição social. A primeira parte desde capitulo explora as
ligações entre os que escreviam cartas de recomendação
e os que as recebiam,
assim como entre os que procuravam nomeações e os missivistas, fossem eles parentes, amigos ou companheiros de
partido. As variações nesses padrões esclarecem bastante
a estrutura do clientelismo. Em seguida, uma vez que os participantes na troca
de cartas estabeleciam e reiteravam constantemente sua posição relativa como patrão ou cliente, é preciso reconhecer a
profunda ansiedade que marcava toda essa correspondência.
Finalmente,
Relações
O sistema clientelista baseava-se fundamentalmente na unidade básica da sociedade - a família. Dos pedidos que
examinei, um terço esforçava-se em apontar
o parentesco entre o missivista e quem procurava a colocação. Sem dúvida, outras relações familiares não eram
declaradas. Uma vez que os contemporâneos viam a ocupação
de uma posição oficial como um importante recurso, eles logicamente defendiam os interesses de suas famílias
procurando cargos públicos para os parentes. Uma família
desejava que seus membros fossem juízes, burocratas e sobretudo representantes no Congresso, a fim de assegurar ainda
mais nomeações, patentes e sinecuras, e assim
transmitir sua posição para a geração seguinte. Em 1848, José Antônio Saraiva mobilizou de forma efetiva seus parentes
a fim de garantir o cargo de promotor para
si mesmo, como provavelmente aconteceu com a maioria daqueles que jamais se tornaram famosos o bastante para que
sua correspondência fosse guardada. Um diplomado
em direito cujo pai pertencesse à elite judiciária ou política tinha pelo menos o dobro das possibilidades de penetrar no
mesmo círculo do que um colega de turma
que não tivesse a mesma condição. Os interesses da família também se estendiam a parentes fictícios e a membros da
grande unidade doméstica. A fim de assegurar para
um afilhado um lugar como padre de paróquia em Paraíba do Sul, a poderosa família Werneck, de cafeicultores, uniu-se
para que o titular fosse afastado. A "família
(...) e seus parentes" chegaram ao ponto de recusarem comparecer à missa até conseguir seus objetivos1.
As mulheres desempenhavam um importante - embora não reconhecido - papel na política, como também o faziam
no esforço familiar de acumular outras propriedades.
Era através delas que se ligavam todos os parentes por afinidade referidos
QUADRO 8
Membro da Família
Amigo
Correligionário 38
103
82 34,6
43,5
16,0
22 4,0
199 36,6
232 42,6
Outro 3 1,3 - -
TOTAL 237 100,0 544 99,9
Página 140
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Ligações Ansiosas 307
Poderia ser colocada a hipótese de que quanto mais cedo no tempo e mais distante do centro, mais freqüentemente
os correspondentes apelariam para as relações
familiares, e quanto mais tardio no tempo e próximo ao centro - isto é, quanto mais "moderno" - mais freqüentemente
eles referir-se-iam a partido e interesses. Na
medida em que "partido" significava principalmente facção ou clientela, e não um programa, o argumento torna-se um
tanto acadêmico. No entanto, vale a pena um exame
mais preciso da freqüência relativa com a qual os contemporâneos usavam esses termos, justamente por causa da
compreensão que se pode adquirir da cultura política.
Quando consideramos essa questão, é importante distinguir entre os dois níveis do clientelismo, isto é, entre quem
pretendia o cargo e seu protetor imediato, e entre
este e o seu protetor, para quem ele escrevia. Tomando apenas o nível "inferior" do clientelismo, realmente encontramos
uma queda de 42% em 1850-69 para 31 % em
1870-89, na proporção dos que apelavam para os laços de família, e um leve incremento, de 16% para 17%, nas
menções a partidos. Contudo, de um exame de mais 127
cartas
escritas durante os primeiros vinte anos da República - a maioria para Afonso Pena -, conclui-se que as referências às
ligações partidárias então caíram substancialmente
(para 3%), enquanto as familiares subiram novamente, para 35%. Esse fato vem questionar se a mudança anterior tinha
muito a ver com a modificação do modo de vida
e dos valores. Além disso, no segundo nível do clientelismo, isto é, entre o missivista e o destinatário, ambas as
categorias - partido e família -, ainda que levemente,
declinaram em importância durante o Império. Ao mesmo tempo, as referências a amigos aumentaram
consideravelmente nos dois níveis. Esse incremento na clientela e
nos laços pessoais contradiz qualquer suposta "modernização".
Será verdade que, quanto mais distante do centro, menor a tendência dos candidatos a dar atenção a ligações
partidárias? No nível inferior da clientela,
definitivamente não. As ligações partidárias do candidato a um cargo eram mais enfatizadas nas
QUADRO 9
Membro da
17 44,7
Página 141
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
14 36,8
3 7,9
27 39,1
32 46,4
8 11,6
4 10,5 2 2,9
38 99,9 69 100,0
9 17,3
22 42,3
19 36,5
2
52
99,9
Se o que se quer dizer com maior distância em relação ao centro é o interior em oposição às capitais provinciais e
nacionais, a hipótese está novamente errada.
Lá era menos provável que se
significativas quanto à relação que enfatizavam. Para cima, os deputados mencionavam principalmente as ligações
partidárias, mas para baixo referiam-se a amigos.
Raramente mencionavam os laços partidários de seus clientes. Nenhum deles falava de
seus laços familiares com o destinatário, mas 9% admitiam ter alguma relação de parentesco com o candidato ao cargo.
Os presidentes de províncias, sendo nomeados
pelo Gabinete e compartilhando seus objetivos políticos, referiam-se tão freqüentemente ao seu coleguismo no governo
quanto às suas ligações partidárias. Eles eram
geralmente cautelosos em chamar
o membro do Gabinete de amigo, mas usavam o termo para referir-se a cerca de três entre dez pretendentes a cargos. Os
presidentes possuíam um número consideravelmente
maior de laços familiares com os pretendentes do que os deputados, mas, assim como esses, não costumavam ter
vínculos familiares com o destinatário. Cerca de um
terço das vezes (isto é, duas vezes mais que os deputados) referiam-se às ligações partidárias dos pretendentes, talvez
porque soubessem que tais lealdades seriam
vistas não apenas como uma ajuda a si mesmos, mas ao futuro político do Gabinete. Mais da metade das vezes, os
juízes, ao referirem-se aos destinatários das cartas,
chamavam-nos de amigos, mas só usavam essa palavra para referir-se àqueles que recomendavam em 8% dos casos,
embora a aliança partidária do candidato - outro tipo
de clientela - aparecesse com enorme freqüência em sua correspondência. Os clientes dos juízes
Entre os pretendentes a cargos - mais do que entre os missivistas -, o grupo mais provável de ser recomendado com
base em ligações familiares era o dos membros
das Forças Armadas (veja Quadro 11). Ao recomendar juízes, os missivistas tendiam a enfatizar mais suas ligações
partidárias do que faziam para outras categorias
de candidatos a cargos. Todos os grupos confiavam nos amigos, mas as cartas sobre profissionais liberais mencionavam
este laço mais freqüentemente.
Raramente o historiador consegue saber que ação era empreendida para atender a uma carta de recomendação. O
diário oficial não publicava os nomes de todos
os detentores de cargos públicos em um lugar. Algumas vezes, no próprio arquivo, de notas marginais ou de uma carta
subseqüente, pode-se deduzir o resultado. Consegui
fazê-lo para apenas 32 entre 577 cartas. Dessas 32, oito tiveram sucesso em suas aspirações. Se esse pequeno grupo
indica algo a respeito da tendência maior, uma
conclusão seria de que um quarto de todas essas cartas alcançou seus objetivos, embora quase todas as posições
pareçam ter sido preenchidas por intermédio do processo
de recomendações. Seis das 32 cartas não indicam a relação entre o missivista e o destinatário (a conexão para cima);
das restantes, as cartas indicando um laço
familiar tinham a maior taxa de sucesso (38%). Em apenas 19 casos conhecemos tanto a taxa de sucesso como a relação
"para baixo" entre o pretendente e o missivista.
Cinco deles conseguiram uma posição: três amigos, um parente e um adepto do partido de quem escreveu a carta.
Posição do Missivista
Relação Deputado
Profissional
Presidente Juiz Liberal
Membro da
família O,0 3,2
governo 19,9
TOTAL 100,0
(n. = 171)
0,0
52,8
47,2
43,6
Página 143
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
100,0
0,0
100,0
6,3
75,0
12,5
6,3
100,1
Membro da
família 9,1 19,0 30,8 28,6
Amigo 72,7 28,6 7,7 57,1
Correligionário 16,4 33,3 61,5 O,0
Colega do
governo 1,8 19,0 O,0 14,3
TOTAL 100,0 99,9 100,0 100,0
(n. = 55) (n. = 21) (n. = 13) (n. = 7)
Posição do Pretendente
Forças
Todos os
Membro da
família 30,4 16,7 47,1 18,2 30,8
Amigo 30,4 50,0 47,1 72,7 43,3
Correligionário 34,8 8,3 5,9 9,1 17,3
Colega no
governo 4,3 25,0 O,0 O,0 8,7
TOTAL 99,9 100,0 100,1 100,0 100,1
Ansiedade
Não importa se amigos ou parentes, pretendentes a cargos ou missivistas, todos os participantes engajavam-se em
uma (roca carregada de apreensão. Como em
qualquer relação pessoal, a correspondência entre protetor e cliente provocava complexas reações emocionais. A política
oferecia uma arena a mais para que as qualidades
do líder, do "pai de família" ou protetor, se afirmassem. O que estava em jogo era poder, auto-estima e sobrevivência
Página 144
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
familiar. Jamais duas pessoas, mesmo da mesma
"classe", colocavam-se como absolutamente iguais: uma sempre dependia da outra; uma sempre solicitava, enquanto
outra concedia ou negava. Além disso, os relacionamentos
não eram estáticos, sendo preciso testá-los regularmente. Escrever uma carta de recomendação definia o lugar relativo
de três pessoas naquele momento, indicando
as posições desiguais de cada uma. E quando se procurava obter status uma emoção predominava: a ansiedade. O
pretendente ao cargo naturalmente sofria enquanto esperava
a nomeação; mas quem havia escrito a carta em seu
pois menos de dois anos depois ele poderia exclamar com júbilo: "Estou deputado geral e a V. Exa. dou também os
emboras por semelhante resultado"12. A ansiedade
tinha sua recompensa.
Em outras ocasiões, uma atitude de autocensura camuflava a ansiedade real que permeava a relação entre cliente e
protetor. O missivista protegia-se do sentimento
de inferioridade se o pedido não fosse atendido. "Meu cunhado (...) escreveu-me que desejava ser vereador (...) Se isso
puder ser, sem o menor inconveniente nem
atrapalhação ao plano geral, V. Exa. o taça". Um jovem político, querendo o endosso do partido, dirigiu-se a dois
homens, referindo-se a cada um deles como "um dos
eminentes chefes do partido", pretextando consultá-los se ele tinha "suficientes títulos para tão elevada pretensão". Ao
sugerir que não, afirmava na verdade que
sim: mas sua necessidade de
afirmação mostra sua dúvida mais profunda13.
Às vezes pode-se perceber um tom queixoso na correspondência, revelando tanto uma aguda sensibilidade em relação
ao desequilíbrio de poder entre protetores e clientes
quanto uma crença em sua injustiça. Uma carta
de José Bento da Cunha Figueiredo, presidente de Pernambuco (1853-56) e primeiro
presidente de Alagoas (1849-53), revela tão claramente este sentimento que vale a pena citá-la em sua extensão:
Creio que hás de saber, que vai completar sete anos, que
Agora estou ainda preso ao cambão, e já ouço que, falandose no Rio de Janeiro de círculos, se diz: e o José Bento
quererá ser ainda deputado? Mas o que querem
que eu seja? Senador, não, porque isso é para beiços mais finos, e eu reconheço que sou mole. Mas nem ao menos
querem que eu seja deputado? Assim se paga o amor
com ingratidão? [Acham que ser presidente é] um mar de rosas? (...) O que é isto, João?! Então está em questão se
quererei ser deputado? Quero, sim senhor, quero;
o que não choro é por ser presidente 14.
Página 146
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Os dois níveis do clientelismo deixavam algumas vezes um jovem juiz municipal em um aperto martirizante entre
seus protetores locais e os membros do Gabinete
que o haviam nomeado. "Assim compreende V. Exa.", escreveu o jovem José Antônio Saraiva em 1849, "que me não é
possível trair o governo que tanto confia em mim,
e entretanto a oposição me há sido recomendada por amigos que deviam conhecer e se esquecem da minha posição. (...)
Como sustentarei o governo? Como servirei aos
meus amigos?"15. Sem dúvida, essas perguntas angustiadas deixavam muitos políticos, velhos e novos, sem dormir.
Um patrono tinha de ser capaz de proteger seus clientes e promover seu bem-estar; de outro modo, deixaria de ser
seu patrono. Mas, ao exercer tal proteção,
via-se forçado a tornarse cliente de outra pessoa, e assim acabava partilhando do
Se o pedido de um cliente não pudesse ser atendido, o protetor tinha que lhe dar essa informação com delicadeza,
para manter sua lealdade apesar da falha.
Nos anos 1850, um membro do Gabinete escreveu uma longa carta a Cotegipe, dizendo-lhe que não podia dar ao seu
afilhado um cargo como funcionário dos Correios, explicando
os obstáculos para a nomeação e assegurando-lhe que um cargo novo e mais bem pago logo estaria disponível em outra
repartição. Sugeriu que "seu afilhado espere".
Quase vinte anos depois, o ministro das Relações Exteriores teve de confessar a Cotegipe: "fiquei muito embaraçado
com o insistente pedido de V. Exa. em favor de
seu especial amigo o Sr. barão de Penedo. V Exa. deve acreditar que o desejo servir; e se, neste caso (-) não o puder
fazer, espero que V. Exa. não atribuirá isso
a má vontade minha, que não pode haver". Um membro do Gabinete que levou dois meses para nomear alguém
recomendado por um senador sentiu necessidade de explicar
que
"Abandonei essa carreira [política] para dedicar-me à lavoura. Prefiro atualmente ver nascer o café; é vida mais
independente"33. A verdadeira medida de protetores
e clientes estava no seu grau
de independência. Dom Pedro II, que parecia estar no topo, na verdade dependia de outros; ao sair, eles continuaram
como
antes. Contudo, cada um deles também dependia nervosamente de clientes e sofriam ansiedades coletivas que se
expressavam nos repetidos apelos à família, à clientela
e à hierarquia.
Em uma carta de recomendação, o remetente expressava atitudes que esperava compartilhar com o destinatário,
tocando
A medida de um homem não era dada por uma qualidade, mas por muitas. É verdade que as relações entre o
pretendente ao cargo e o missivista freqüentemente
pareciam suficientes para assegurar a nomeação: dizer que ele era um parente ou um amigo geralmente parecia ser a
razão para esperar que o pedido fosse atendido.
Algumas vezes, o missivista indicava outras extensões da rede de protetor-cliente como uma justificativa suficiente,
dizendo que o candidato ao cargo possuía "ligações
respeitáveis", ou havia sido recomendado por certa pessoa. O fato de que, em 121 dos 577 casos que examinei, o
missivista não adiantava qualquer argumento a favor
do pretendente, indica que ele considerava seu próprio lugar como patrão ou cliente como uma base bastante
adequadas34. Nas páginas que seguem, contudo, ignorei essas
cartas, embora tenha notado algumas outras que falavam o bastante para indicar que a autoridade do missivista consistia
em motivo suficiente para conceder o pedido.
Em outros
A lealdade de um candidato ou de sua família pesava muito. Os contemporâneos consideravam a fidelidade, tanto
política quanto pessoal, uma das virtudes mais
importantes, e de um homem que detivesse um cargo esperava-se lealdade a seus aliados. Um presidente provincial
explicou em 1860 que, embora tivesse demitido "não
poucos delegados e subdelegados de polícia" por causa de desmandos políticos, "não se pode razoavelmente esperar que
os indivíduos que ocupam [os] cargos ( ... )
[de] autoridades policiais, magistrados, e oficiais da Guarda Nacional ( ... ) quebrem ( ... ) de um momento para outro,
os seus compromissos e afeições". Os homens
bons "conservam-se fiéis à bandeira jurada". Alguns acreditavam que a vida comercial ou urbana provocava erosão de
tal virtude: "Apesar das perfídias de supostos
amigos, das traições e conspirações de partidários desleais, estou ainda em segundo lugar na lista [dos eleitos] e se o
sertão não está ainda contaminado pela hipocrisia
dos grandes centros e observa ainda as tradições de lealdade, [serei eleito]". O interior, contudo, nem sempre se
mostrava tão virtuoso: um candidato parlamentar
confessava sua exasperação em relação aos eleitores no distrito de Jacobina, lá no poeirento sertão da Bahia, onde "não
tive um só voto, apesar das reiteradas promessas
e oferecimentos de meus amigos e do juiz municipal". A lealdade política também tinha de durar: um prinieiro-ministro
respondeu a uma carta de recomendação com
a observação: "As informações do Tesouro não o abonam; o ser agora Conservador não o abona"35. Dez por cento das
razões alegadas para nomea-
Página 151
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
É verdade que um bom número das razões dadas para justificar um pedido tinha relação com o mérito particular do
pretendente. Sua atuação passada era exemplar
ou sua especialidade necessária; podia-se elogiar seu senso de responsabilidade ou enfatizar seu grau de instrução. Os
missivistas referiam-se à honestidade do postulante
com alguma freqüência. Às vezes descreviam-no como apolítico, para acentuar que as razões para a nomeação residiam
em suas qualificações. Quando recomendou um nomeado
a um ministro Conservador, um missivista reconheceu que o candidato "pode ter idéias liberais, mas posso também
assegurar que de há muito não milita e não faz política
de magistratura"36. Às vezes os missivistas afirmavam que os candidatos mereciam a nomeação por justiça, isto é, eles
haviam sido preteridos em favor de homens menos
qualificados devido ao favoritismo; agora o candidato devia ser reconduzido ao seu merecido lugar. De forma diversa,
dizia-se que outros deviam ser nomeados pela
sua antigüidade ou por seus vários anos de serviço. Como Dom Pedro II recomendou em relação aos juízes, a melhor
política era "muito escrúpulo na primeira escolha
e depois a antigüidade"37. Claro que um sistema impessoal, baseado na antigüidade, não exigiria, de forma alguma,
qualquer carta de recomendação. Podia-se também
expor motivos impessoais para apoiar um pedido muito pessoal. Um pai escreveu em favor de seu filho esperançoso de
conseguir uma posição de docente na faculdade
de direito, porque ele era um "doutor de borla e capelo, é o mais velho em idade, é o mais antigo"38.
Tentando prevenir alguns dos piores abusos do sistema clientelista, os legisladores brasileiros determinaram a
exigência de concurso para algumas funções;
mas isto não eliminava a importância de um protetor. Em 1872, por exemplo, os candidatos
Algumas bases para nomeação parecem à primeira vista referir-se a qualidades de desempenho, mas,
examinando-se mais detidamente, na verdade tratam mais da
Página 152
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
posição social do pretendente ao cargo. Cheguei a essa conclusão em parte devido ao caráter vago de alguns termos
usados e em parte pelo contexto no qual eles apareciam,
tanto nos pedidos quanto em outros documentos da época. Refiro-me a palavras como "hábil", "apto", "capaz",
"talentoso" e "competente". Em caso algum usaram-se essas
palavras para descrever habilidade, aptidão, capacidade ou competência para uma tarefa ou posição particular. Em vez
disso parecem ter-se referido às qualidades
inerentes ao tipo de pessoa que poderia ser considerada apropriada para o emprego público. Assim, além de ser parente
por afinidade do missivista, a única qualificação
de um homem que desejava ser superintendente do almoxarifado do departamento de Obras Públicas em Salvador
consistia em ser "apto", enquanto a "grande habilidade"
justificava a nomeação de um secretário, proposta ao presidente do Ceará, e "grande talento" era a única coisa que
descrevia um homem que se sugeria para administrador
de uma Escola Normal 40.
A palavra "inteligente" implicava também a origem social e as qualidades apropriadas que se enfatizavam na
educação de um bacharel: significava participar
de uma cultura retórica, ter uma fala elegante e eloqüente, e a habilidade social para conviver com pessoas educadas,
muito mais que ter um raciocínio rápido ou
a habilidade de resolver problemas. A palavra não se aplicava às camadas mais baixas da sociedade. Um dicionário do
século XIX começa sua definição de inteligência
caracterizando-a como uma "faculdade da alma": ser inteligente era ter "elevadas qualidades do espírito"41. Da mesma
forma, a partir do contexto e da comparação com
outras evidências contemporâneas, concluí que mesmo "bom caráter", "caráter puríssimo", "honradez" e "probidade"
não se referiam tanto à firmeza de princípios morais
Caráter era algo que a classe superior possuía, mas não as outras. Em contraste, "moralidade", "honestidade" e
"integridade" referiam-se a qualidades morais particularmente
necessárias para os empregos em que se manuseava dinheiro, por exemplo.
Uma quantidade de adjetivos referia-se claramente à distinção do candidato: "homem de bem", "estimável", "muito
conceituado", "honrado", "digno", "bom moço"
e as freqüentemente usadas, mas jamais especificadas, "boas qualidades". Ainda mais nitidamente relacionada à posição
social era "homem distinto", que um contemporâneo
definiu como alguém "que não é do comum; que não é do povo por nascimento, mérito ou graduação etc.; que tem
nobres qualidades de caráter42. Os que escreviam cartas
de recomendação também assinalavam os "excelentes costumes" do candidato, ou que era "polido" ou "bem-educado".
É provavelmente verdade que as referências à formação
geral do candidato também se aplicavam mais à classe que às suas habilidades específicas, mas eu não as levei em conta
assim: interpretei a formação como algo referente
a uma necessidade genuína desse cargo, mesmo que o adjetivo fosse simplesmente "formado", ou o missivista se
referisse, de um modo geral, à "ilustração" do candidato43.
Algumas cartas referiam-se especificamente à riqueza do candidato e à sua importância social ou à de sua família
("abastado", "homem importante", "família importante")
como motivos para a concessão de um favor ou um cargo. De certo a riqueza, assegurando uma independência em
relação às tentações da corrupção, podia ser considerada
uma qualificação objetiva para alguns cargos. O ministro da Fazenda recebeu o conselho de um homem de negócios
contra uma nomeação na Alfândega, porque o candidato
devia dez contos a "aproximadamente 48 credores, quase todos no comércio, lojistas etc. Como funcionário público e
empregado numa repartição fiscal em contato imediato
com o comércio, pode a sua reputação ser posta em dúvida"44. Contudo, na maioria das vezes a riqueza indicava uma
posição social apropriada, não
O fato de tantas cartas mencionarem essas qualificações sociais revela uma ansiedade generalizada. Ocorrera, e
Página 153
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
poderia ocorrer, mobilidade em demasia para
simplesmente se supor que cada pretendente a um cargo tinha a origem social certa. A importância da posição tinha de
ser reiterada para defender tanto o missivista
quanto o destinatário.
Finalmente, um conjunto de argumentos apelava para a preferência compartilhada por modos de comportamento
paternalistas. O fato de um candidato ter uma grande
família para sustentar costumava ser uma razão alegada para recomendar um candidato. Com alguma freqüência, os que
escreviam os pedidos expressavam sua preocupação
por alguém velho ou pobre, embora a pessoa também tivesse que ser humilde e leal. Um homem cuja lealdade partidária
não era muito clara devia no entanto ser mantido:
"Se para adiante for necessário colocar no lugar que ele exerce amigo nosso, combinar-se-á o meio prático de
harmonizar as conveniências partidárias com a situação
excessivamente precária do funcionário que tem família grande e tem procedido bem comigo"45. Assim, benevolência
comprava lealdade e obediência.
As referências a um pretendente a um cargo como um "bom pai de família" tinham o mesmo propósito. Por um
lado, significavam que ele sustentava sua família,
cuidava das necessidades materiais de seus dependentes e talvez mesmo fosse um pai carinhoso. Mas também queriam
dizer que exercia controle sobre sua família e responsabilizava-se
pelos membros de sua casa e suas ações. Ele cumpria as expectativas de uma cultura patriarcal. Um firme chefe de uma
casa sustentava a base da estrutura social.
Não por acaso, um protetor ligou essas qualidades de um pretendente: ele "é um cidadão prestimoso e bom pai de
família". Vários indicados foram recomendados porque
desejavam estar perto de sua família e parentes, como é o exem-
QUADRO 12
Motivos Percentual
Relação
Amigo
Família
Página 154
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
8.7
7,4
Muitos missivistas apresentavam mais de uma razão para recomendar a nomeação ou o favor.
As amplas categorias do Quadro 12 pertencem ao historiador, não aos contemporâneos. Para os missivistas, as
qualidades que identifiquei como indicando lugar
social constituíam critério tão legítimo para nomeação ou outro
Todos os quatro vice-presidentes careciam da combinação das características que João Alfredo considerava
necessárias ou até tinham qualidades que ele achava
positivamente desagradáveis. Um era um "homem honrado", mas muito velho, precisando de um assistente para
conduzi-lo em seus atos, e em ocasiões anteriores mostrara-se
fraco e fora facilmente "iludido"; na realidade, ele era "sempre cercado e apertado pelos amigos", os quais, discordando
entre si, não deixavam que ele soubesse
o que fazer. Um outro, embora "reputado pessoa honesta", também era muito maleável e ávido por agradar, "sem forças
Página 155
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
para livrar-se dos amigos". Quando atuara como
auxiliar do velho, ele "cedia mais facilmente do que (...) o bom velho". O terceiro na fila "já foi Liberal e é
presentemente odiado pelos antigos correligionários".
Além disso, vendia sua influência aos que pagassem mais, e "costuma obter favores e dinheiro (...) dos que requerem
[cargos]". Nem os amigos políticos nem os inimigos
tinham qualquer consideração por ele, a quem simplesmente faltava aquilo que era mais necessário em um presidente
provincial: "a força moral que lhe dê a boa opinião
do público". Finalmente, o quarto homem era "honrado" e cumpridor de seus deveres, mas
Página 156
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Ocorria, contudo, uma variação significativa segundo o cargo solicitado. Por exemplo: as habilidades específicas
dos candidatos a promoção nas Forças Armadas
eram mencionadas quase duas vezes mais que a média de todos os pretendentes a cargos, enquanto a classe social era
menos significativa entre eles. Em contraste,
era muito menos provável para a Guarda Nacional ou oficiais de polícia: para eles, as ligações partidárias assumiam
uma importância muito maior. Enquanto, para os
pedidos tomados como um todo, a importância de classe e mérito equivalesse, era mais provável que a posição social
dos que buscavam posições na burocracia fosse
mais notada que sua competência para a tarefa, em um coeficiente de 3:2. Essas observações confirmam aquilo que se
poderia prever para os homens das Forças Armadas,
os quais, acredita-se, não provinham das famílias de classe alta; e o que expliquei neste livro acerca do papel dos
funcionários da polícia e dos oficiais da Guarda
Nacional também faz com que a pouca importância atribuída às suas habilidades não seja surpreendente.
Alguma variação regional também aparece nessa correspondência. Por exemplo, enquanto as qualidades
específicas apropriadas à função respondiam por 25% dos
motivos mencionados para o grupo como um todo, o número sobe para 38% em São Paulo e 40% no Sul (de onde se
originava a maioria dos pretendentes a cargos militares).
Não eram os tradicionais Norte e Nordeste ou a província do Rio de Janeiro que puxavam a média para baixo: na
realidade, naquelas regiões as referências
agora não tem sido suficientemente acentuada. Preenchiam-se deliberadamente os cargos da burocracia com homens de
uma certa classe porque sua função pública era
justamente vincular tal classe ao governo e não agir independentemente dela. A esse respeito, pelo menos, é difícil ver
qualquer base para um suposto conflito entre
o Estado e as classes dominantes brasileiras.
Epílogo
A 15 DE NOVEMBRO DE 1889, oficiais militares no Rio de Janeiro derrubaram o Império brasileiro. No mesmo dia,
em
nome da República, os cafeicultores paulistas tomaram o governo de seu estado. Em outros lugares, os latifundiários
nada fizeram. alguns porque não ligavam e outros
porque culpavam o antigo regime pelo fim da escravidão em 1888. Na cidade do Rio de
Janeiro e em outras capitais, muitos demonstravam júbilo. Esses acontecimentos já foram muito estudados e suas causas
ainda são muito debatidas; não é minha intenção
aqui entrar nesse debate. Ainda assim, o reconhecimento do papel fundamental que a
formação de uma clientela tinha na política brasileira pode alargar nossa compreensão dos fatores que encorajaram a
mudança do regime. Mesmo se considerarmos os
cafeicultores paulistas, os oficiais militares ou os grupos urbanos descontentes como os principais responsáveis pela
derrubada do Império, o clientelismo era uma
de suas preocupações centrais.
Em São Paulo, à medida que as estradas de ferro começaram a espalhar-se para o interior após 1868 e os preços do
café subiram, a aquisição de terras tornou-se
crucial. Ser bemsucedido nessa tarefa dependia da força, medida pelo número de clientes que se podia reunir para a luta
concreta ou pelas posições
de autoridade legal controladas por cada família. Os fazendeiros disputavam a liderança em suas esferas locais e
perseguiam tão freneticamente o objetivo de construir
uma clientela quanto o de
Os oficiais militares também achavam que o governo imperial ignorava sua busca de cargos e colocações. Para
eles, o fim da guerra com o Paraguai, em 1870,
encerrara um período de rápidas promoções e expansão de oportunidades. O avanço profissional diminuiu para passo de
tartaruga. Os soldos permaneceram estáveis enquanto
o custo de vida subia firmemente. Sucessivos governos tentaram reduzir o tamanho do Exército e as vagas tornaram-se
raras. Com anos de ressentimento acumulado, o
descontentamento dos oficiais aumentou1. Decerto, quando o Exército conquistou o poder em 1889, dificilmente se
Epílogo 341
Página 158
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
poderia encontrar um plano consistente de governo, com uma única exceção: logo se dobrou o tamanho do Exército. É
verdade que uma retórica nacionalista e uma ideologia
positivista tingiam o pensamento dos líderes militares, mas a falência do clientelismo constituía o cerne de sua profunda
e crescente hostilidade em relação ao velho
regime.
Uma outra fonte de mal-estar no Império consistiu na sua inabilidade em expandir o número de cargos públicos
disponíveis paca bacharéis com a mesma rapidez
com que os candidatos apareciam. Na década de 1830-39, as faculdades de direito produziram somente 710 diplomados;
entre 1880-89, o número
de formados atingiu um pico de 1.9662. Uma parte do crescente excesso fora absorvida simplesmente expandindo-se o
número de jurisdições, mas esse expediente já não
era mais suficiente para lidar com a grande demanda. À medida que diminuía o ritmo de ascensão dentro das hierarquias
judicial e política, o desencanto com o Império
disseminou-se entre a geração mais
jovem de profissionais liberais. E os bacharéis foram ativos em inventar diversas justificativas intelectuais para a
abolição da
Monarquia, fosse enfatizando a democracia, o republicanismo e o federalismo, ou o progresso industrial, o avanço
cientifico e a necessidade de um governo forte,
autoritário.
Outros grupos urbanos podem ter se sentido genuinamente barrados pelo Império na luta pela afirmação de seus
interesses econômicos. Como vimos em relação
à reforma eleitoral, o crescimento das cidades impulsionou mudanças significativas. A expansão dos portos significou
uma população ainda maior de profissionais urbanos
e trabalhadores, de magnatas de estradas de ferro a funcionários de grandes armazéns, de gerentes de bancos a
comerciantes. Seus interesses certamente não eram os
mesmos dos latifundiários. Ainda assim, o clientelismo podia ser e tinha sido ampliado prontamente para proteger os
empreendimentos empresariais e financeiros de alguns, e por isso pode-se perguntar em que medida a estrutura política
do Império realmente atrapalhava os industriais
e outros homens de
Finalmente, sempre houve demandas de descentralização do poder de nomear pessoas para cargos públicos. Trazer
esse poder para a própria província seria muito
facilitado se os presidentes provinciais fossem eleitos, e não nomeados a partir do Rio de Janeiro. Esse era um desejo de
longa data de vários reformadores. O manifesto
liberal-radical de 1868 incluíra a eleição de presidentes entre as suas reivindicações. Manuel Pinto de Souza Dantas,
deplorando os supostos desmandos de um presidente
provincial da Bahia na década de 1870, perguntou a um amigo: "Não é urgente a reforma (...) autonomia, federação ou
coisa que isto seja?" Em 1887, Francisco Otaviano
de Almeida Rosa propôs que ao menos os nomes dos presidentes fossem lançados em eleições provinciais para a
eventual nomeação pelo imperador. Mesmo o grande monarquista
Afonso Celso de Assis Figueiredo, mais tarde visconde de Ouro Preto, reconheceu em 1883 a força dessa demanda de
"federalização" do clientelismo e clamou para que
a nomeação de juízes de direito e municipais se desse em âmbito provincial. Várias legislaturas provinciais expressaram
seu desejo de nomear juízes municipais, padres,
funcionários da saúde pública, secretários do chefe de polícia e carcereiros2. Com a República, tiveram seu desejo
Página 159
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
satisfeito. Um
Epílogo 343
(os primeiros atos do novo governo foi dar aos presidentes dos estados o direito de "criar empregos, provê-los, (...) e
marcar-lhes os vencimentos"5.
Embora a República invertesse a tendência de centralização das nomeações começada em 1837, ela não diminuiu o
apelo aos padrinhos. Os gastos nacionais com
pessoal permaneceram geralmente nos níveis anteriores a 1889. O presidente federal era a principal figura na
distribuição dos cargos, e assim não é surpresa saber
que as elites políticas de São Paulo e Minas Gerais - os centros então mais fortes economicamente - logo concordaram
em revezar-se para indicá-lo. Mais ainda, estados
prósperos como São Paulo agora desfrutavam de novos poderes
tributários próprios, com os quais aumentaram os recursos públicos e expandiram o emprego público. A eleição dos
presidentes dos estados e dos prefeitos intensificava
a luta eleitoral pata conseguir o poder de fazer nomeações locais, e a criação de tribunais estaduais aumentou as
oportunidades para o inchado
número dos diplomados em direito. Muitas das práticas políticas do Império logo reviveram. Assim que Quintino
Bocaiúva, importante propagandista da República, entrou
no Gabinete em
1889, transferiu seu genro de um juizado municipal no norte do Rio de Janeiro para a chefia de polícia no Distrito
Federal; e logo
o jovem conseguiu o cargo de juiz de direito e depois de juiz de órfãos. Como um político observou mais tarde: "A
República nasceu com o genrismo". Um diplomata
americano em 1890 descreveu sucintamente o novo regime como um "governo militar misturado ao nepotismo "6.
O sistema de governo daí resultante, firmemente estabelecido em 1898, foi apelidado de "coronelismo"7. O coronel
o título derivava da Guarda Nacional imperial
-,geralmente um proprietário de terras, recebia carta branca para tomar decisões locais e, assim que os resultados
eleitorais de seu município favoreciam os candidatos
da situação, podia usar mão forte contra os opositores locais. De forma semelhante, os presidentes de cada estado
desfrutavam de grande liberdade de ação, mas tinham
Epílogo 345
participantes menores, identificando para estes os grandes personagens a quem deveriam render deferência, lealdade e
Página 160
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
obediência. No entanto, como os participantes
no primeiro nível
das eleições indiretas poderiam se revelar uma multidão numerosa e violenta, e o iminente fim da escravidão ameaçava
mandar uma torrente de libertos para as urnas,
a "reforma" eleitoral de 1881 diminuiu drasticamente seu número.
Retrospectivamente, o historiador pode ficar tentado a pensar que as elites brasileiras eram paranóicas em seu
constante
medo da desordem-pois, de fato, nenhuma revolução ocorrera. Mas essa não ocorrência pode ser vista, ao invés disso,
como um
grande tributo à sua habilidade em combinar força e persuasão. Pois um movimento constante de pessoas, o repetido
questionamento do lugar de cada um e um contínuo
tremor de protestos menores contra as violações do código paternalista sacudiam a
vida social e política brasileira. Os pequenos desafios que a qualquer momento se repetiam, milhares de vezes por todo
o Brasil,
podiam muito bem deixar qualquer elite eternamente ansiosa. O sistema clientelista, ao trazer alguns benefícios para os
clientes, prevenia o acúmulo de tais tensões
e amortecia as potenciais animosidades. A ética do amigo funcionava para evitar que se estendessem as irradiações dos
conflitos menores, e se transformassem em um
terremoto.
O princípio da liderança dependia de se vencerem eleições.
Desafios políticos vindos de baixo, quando bem-sucedidos, podiam ameaçar a aceitação da hierarquia como algo
adequado e correto em cada relação. Um Gabinete sempre
garantia uma maioria em qualquer Congresso cuja eleição supervisionasse; e um líder local só perdia uma eleição
quando já estava fora do poder, que se media por
meios menos formais, porém mais
fortes. Os acontecimentos políticos, fossem na localidade rural ou na capital, só podem ser compreendidos à luz da
ideologia da desigualdade que justificava a ação
política. Ainda assim, os legalismos elaborados em função das eleições, e a repetida tentativa de legislar eleições
honestas, garantiam que os
Página 161
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Epílogo 347
alcançaram destaque, mas sem abandonar sua prática. Esse ponto exige especial atenção, porque vai contra a posição
daqueles
teóricos que vêem todas as sociedades como progredindo unilinearmente em direção a um governo "racional",
impessoal e imparcial. Alguns historiadores, por exemplo,
argumentaram
que os cafeicultores nas regiões mais antigas do Rio de Janeiro e os donos de engenhos de açúcar do Nordeste
apresentavam atitudes mais senhoriais e menos empreendedoras
que a elite agrícola paulista, e essa diferença explicaria porque os primeiros apoiaram o antiquado Império clientelista,
enquanto os fazendeiros
de São Paulo, mais modernos e com um espírito mais empresarial, apoiaram as instituições impessoais radiantemente
novas da República8. Mas o bem-sucedido
barão de Pati do Alferes, um dos cafeicultores com espírito mais empresarial, apoiou de todo o coração o Império
centralizador - com uma
perspicácia política tão afiada quanto a de seus sucessores paulistas, meio século depois. Os fazendeiros-homens de
negócios em ambos os lugares e momentos procuraram
usar os instrumentos do clientelismo para seus próprios fins, e nenhum grupo desejava estragar alavancas tão úteis. O
sistema de protetores e clientes não representa
um "estágio" na história do Brasil, a não ser no sentido de que serviu aos interesses de uma classe cuja vida se espera
não seja eterna.
Além disso, os contemporâneos sempre criticaram o sistema clientelista. Durante todo o Império, atacaram sua
"corrupção", seu favoritismo, sua sustentação
no "filhotismo" e a eterna dependência de cada um em relação às ligações pessoais. Aventaram então sua capacidade de
ficar de fora do sistema, de considerar que
o objetivo mais amplo do Estado devia consistir em servir a todas as pessoas de modo igual e impessoal. Ainda assim,
de todo o coração participaram dos pedidos e
da distribuição de favores e nomeações, sem tomar qualquer medida para combater a dependência generalizada dos
protetores que, por definição, protegiam primeiro
seus
próprios clientes. Por suas ações, sinalizaram que para eles um Estado impessoal
NOTAS
Ao citar as cartas de altos burocratas e juízes, adotei a convenção de usar hífens entre o nome abreviado do cargo
correspondente e o local de sua jurisdição.
Por isso PP-ES referese ao presidente provincial do Espírito Santo. Para cargos inferiores, não indico a jurisdição, a não
ser que eles sejam receptores de correspondência
ou texto de um lugar diferente da sede de sua jurisdição. O emprego de sobrescritos do Arquivo Nacional, no seu
sistema de catalogação, apresenta desafios especiais
aos datilógrafos e impressores, portanto usei em vez disso um hífen; assim IJJ530 é apresentado como IJJ 5-30. As
obras publicadas são citadas na íntegra, em sua
primeira ocorrência em cada capítulo e em sua forma abreviada em seguida. Para manter as notas tão compactas quanto
possível, forneço apenas a informação necessária
para ir ao encalço da obra: autor, título, local e data de publicação; as particularidades sobre a série das monografias,
número de volumes e equivalentes constam
Página 162
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
das Referências. Para facilitar a recuperação das obras, manteve-se sua ortografia no original. Usaram-se as seguintes
abreviaturas nestas notas:
Introdução
2. CARDOSO, Fernando Henrique e FALETTO, Enzo. Dependency and Development in Latin America. Berkeley
(Calif.), 1979, p. 89-91.
4. PRADO JR., Caio. Evolução Política do Brasil e outros Estudos. São Paulo, 1957. Uma relação ainda mais
mecanicista entre interesse de classe e política governamental
é
desenvolvida por SODRÉ, Nelson Werneck. História da Burguesia Brasileira. Rio de Janeiro, 1964. Embora trabalhando
a partir de premissas um pouco diferentes, Décio
Saes
chega à conclusão de que os escravocratas dominaram o Estado brasileiro durante o Império. Ver seu A Formação do
Estado Burguês no Brasil (1888-1891). Rio de Janeiro, 1985.
5. DUARTE, Nestor. A Ordem Privada e a Organização Política Nacional (contribuição à sociologia política brasileira).
São Paulo, 1939, p. 137.
7. FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro, 2ª ed., 2 v. Porto Alegre, 1975;
essa é uma versão muito ampliada da original,
publicada em 1958.
Capítulo 1
Página 164
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
1. EISENBERG, Peter L.. The Sugar Industry in Pernambuco: Modernization Without Change, 1840-1910. Berkeley
(Calif.), 1974, p. 3-62; SANT'ANA, Moacir Medeiros de.
Contribuição
à História do Açúcar em Alagoas. Recife, 1970; NORMANO, J. F. Brazil, a Study of Economic Types. Chapei Hill (N.
C.), 1935, p. 19-27.
2. TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. Pequena História do Café no Brasil (1727-1937). Rio de Janeiro, 1945;
LAERNE, C. F. van Delden. Brasil and Java: report on
coffee culture in Arnerica, Asia and Africa to H. E. the Minister of the Colonies. Londres, 1885; STEIN, Stanley J.
Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900.
Cambridge (Mass.), 1957; COSTA, Emília Viotti da. Da Senzala à Colônia. São Paulo, 1966. Sobre a substituição do
açúcar pelo café, na região central de São Paulo,
vide PETRONE, Maria Thereza Schorer. A Lavoura canavieira em São Paulo: expansão e declínio (1765-1851). São
Paulo, 1968, p. 22.
3. VERNEK. Francisco Peixoto de Lacerda, i.e., Werneck, mais tarde 2º barão de Pati do Alferes. Memória sobre a
fundação de huma fazenda na província do Rio
de Janeiro, sua administração, e épocas em que se devem fazer as plantações, suas colheitas, etc. etc. Rio de Janeiro,
1847
4. BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.. Anuário Estatístico do Brasil, 1939-40, p. 1.381;
SOARES, Sebastião Ferreira. Elementos de Estatística
comprehendendo a theoria da sciencia e a sua applicação á estatística commercial do Brasil. Rio de Janeiro, 1865, v. I,
p. 133 e v. II, p.53, 72, 116, 166 ,181,
194, 248 e 260; MEZNAR, Joan E.. Deferente and Dependente: the world of small farmers in a northeastern brazilian
community, 1850-1900. Tese de doutoramento Univ.
do Texas em Austin, 1986; CANNABRAVA, Alice P.. Desenvolvimento da Cultura do Algodão na Província de São
Paulo (1861-1875). Tese de Doutoramento, São Paulo, 1951.
5. SOARES, Sebastião Ferreira. Notas Estatísticas sobre a produção agrícola e a carestia dos generos alimentícios
no Imperio do Brasil. Rio de Janeiro, 1860,
p. 63-100, 111-20; SOARES, S. F., Elementos de Estatistica,v. I, p.10; PENNA, Domingos Soares Ferreira. A Região
Occidental da Província do Pará: resenhas estatísticas
das comarcas de Obidos e Santarem. Pará, Belém: 1869, p. 186-200; WEINSTEIN, Barbara. The Amazon Rubber
Boom, 1850-1920. Stanford (Calif.), 1983, p. 9, 38-52, 53;
SILVA, Moacir Fecury Ferreira da. O Desenvolvimen to Comercial do Pará no Período da Borracha
(1870-1914).Dissertação de Mestrado, Univ. Federal Fluminense, 1978.
6. SOARES, S. F, Elementos de Estatística, v. I p. 104, v. II, p. 99; DACANAL, José Hildebrando e GONZAGA,
Sergius (ed.), RS: Economia & Política. Porto Alegre,
1979; o relato clássico do contraste entre os vaqueiros do Sul e do Norte encontra-se em CUNHA, Euclides da.
7. SILVA, Joaquim Norberto de Souza. Investigações sobre os recenseamentos da população geral do Imperio e de
cada provincia de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje... Rio de Janeiro, 1870, p. 102; BRASIL.
Directoria Geral de Estatística. Recenseamento da população do Imperio do Brazil a que se procedeu no dia 1 ° de
Página 165
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
agosto de 1872. Rio de Janeiro, 1873-76; BRASIL.
Directoria Geral de Estatística. Synopse do Recenseamento de 31 de Dezembro de 1890. Rio de Janeiro, 1898 (pelas
sete maiores cidades, refiro-me às paróquias urbanas
do Município Neutro e aos municípios de Salvador, Recife,
Belém, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba); SÁNCHEZ-ALBORNOZ, Nicolás. The Population of Latin America: a
history. Berkeley (Calif.), 1974, p. 178-79. Nenhuma avaliação
correta da densidade urbana ou populacional
é possível, porque os recenseamentos brasileiros apresentavam números da população por paróquia nos municípios,
sem diferenciação entre áreas urbanas e rurais, e ninguém ainda calculou a área de cada paróquia ou município em
nenhum dos períodos.
8. Para a extensa literatura sobre esse assunto, ver CONRAD, Robert Edgar. Brazilian Slavery: an annotated research
bibliography. Boston, 1977. Especialmente úteis
são STEIN, S. J, Vassouras. COSTA, E. V. da, Da Senzala; DEAN,
Warren. Rio Claro: a brazilian plantation system,
9. O filho-família foi definido como "aquele que está debaixo do poder de seu pai, e isto de qualquer idade que
seja", e pode ser comparado com o pater-familias:
ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.), Codigo Philippino ou Ordenações e Leis do Reino de Portugal. Rio de Janeiro,
1870, Liv. IV, Tít. LXXXI, par. 3, Tít. XCVII, par.
17, 19; Liv. V, Tít. XXXVI, par. 1. Tít. XCV, par. 4. Um pai podia conceder permissão ao filho, vivendo com a família,
para comerciar por conta própria a partir
dos 18 anos, contanto que ele fizesse o pedido por escrito: LB, Lei 556, 25/6/ 1850, Codigo Commercial, Tít. I, Cap. I,
art. I, par. 3.
10. BRASIL. Constituição Política do Império do Brasil, art. 92, par. 2; BUENO, José Antônio Pimenta. Direito
Publico Brazileiro e Analyse da Constituição
do Imperio. Rio de Janeiro, 1857, p. 193; Pedro Autran da Matta e Albuquerque. In: BANDEIRA, Antônio Herculano de
11. SILVA, Antônio de Moraes. Diccionario da Língua Portugueza, 8ª ed. Rio de Janeiro, 1889-91. Os estudiosos
brasileiros reconhecem há muito tempo a importância da família; ver FREYRE. Gilberto. The Masters and the
Slaves (Casa-Grande & Senzala): a study in the develop
ment of brazilian civilization. Nova York, 1956; VIANA,
Página 166
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
e ZENHA, Edmundo. O Município no Brasil (1532-1700). São Paulo, 1948, p. 131-40. Ver também STEIN, S. J.,
Vassouras, p. 147-49.
14. Um jornal não identificado apud BARROS, José Antônio Nogueira de. Tributo de Gratidão à Memória do
Capitão João Pinheiro de Sousa. Rio de Janeiro, 1860,
p. 11; João José de Oliveira Junqueira (pai) a Cotegipe, Salvador, 8/12/1856, AIHGB, CC, L30, D152; Antônio José
Centeno para PP-RS, São João de Camaquã, 8/6/1872,
AN, SAP, Cx. 781, Pac. 2, Doc. 11; Manuel Pinto de Souza Dantas para José Antônio Saraiva, Rio, 29/1/1885, AIHGB,
L272, D42. Esperava-se a mesma coesão de famílias
comerciais na cidade de Salvador, negando portanto qualquer qualidade particularmente rural a essa tendência: Guaí
para Cotegipe, Salvador, 25/9/1884, AIHGB, CC,
L38, 139. Ver também NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império, 3ª ed. Rio de Janeiro, 1975, p. 67. A hostilidade
política entre uma família e outra podia durar várias
gerações; PINTO, L. A. Costa. Lutas de Famílias no Brasil: introdução ao seu estudo. São Paulo, 1949, p. 73-132;
CHANDLER, Billy Jaynes. The Feitosas and the Sertão
dos Inhamuns: the history of a family and a community in Northeast Brazil, 1700-1930. Gainesville (Fia.), 1972; PANG,
Eul-Soo. Bahia in the First Brazilian Republic:
eorónelismo and oligarchies, 1889-1934. Gainesville (Fia.), 1979, p. 40.
15. Rufino Enéas Gustavo Gaivão, visconde de Maracaju, a Cotegipe, Belém, 29/7/1883, AIHGB, CC, L25, D83;
Manuel Pinto de Souza Dantas a Cotegipe, Salvador e Santo
Amaro,
3115, 18/7/1856, ibidem, L19, D14, D19. Tio José Dantas Itapicuru também era o padrinho do candidato: Dantas a
Cotegipe, Salvador, 2/6/1856, ibidem, L19, 1317. "Tio
João" é uma referência a João Dantas dos Reis, que algumas vezes adicionava Portátil Júnior ao nome: DANTAS
JÚNIOR, C.. O Capitão-mor João d'Antas
16.Para um exemplo de como os contemporâneos descreviam suas famílias incluindo escravos, ver Actas da Mesa
Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em PP-SP
para MI, São Paulo, 25/11/1872, AN, SPE, IJJ 5-30. Tendo cortado as relações dos escravos com suas próprias famílias,
o fazendeiro esperava se tornar a pessoa mais
importante na vida deles, e deste modo um tipo de família; ver BLASSINGAME, John W.. The Slave Community:
plantation life irr the Ante-Beflum Sou1h. Nova York, 1971,
Página 167
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
especialmente cap. 3; e NISHIDA, Mieko. Negro Slavery in Brazil: master-slavc relations on the sugar plantations in the
Northeast. Manuscrito de posse do autor.
Sobre o poder de ligação de família e de lar. ver LE ROY LADURIE, Emmanuel. Montaillou, the Promised Land
of Error. Nova York, 1978, p. 49,52. Observe também estruturas similares na Hungria, relatadas por FÉL, Edit e
HOFER, Tamás. Tanyakert-s, Patron-Client Relations
and Política! Factions in Atány. American Anthropologisr, 75:3, p. 796-97.
17. Para exemplos dos membros da família como agregados, ver LB, Decisões 1848, Additamento, Aviso, 1/2/1848;
BRAZIL, Directoria de Estatística. Arrolamento
da População do Município da Corte (São Cristóvão) 1870. Manuscrito no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(Rio de Janeiro), Departamento de Documentação e Referência, dono da casa Januário [ilegível] da Silva, Casa 1,
18. WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda. Idéias sob. Colonização, Precedidas de uma Sucinta Exposição dos
Princípios que Regem a População. Rio de Janeiro, 1855, p.
36; LAERNE, C. F. van. Brazil and Java, p. 309 (nota);
WELLS, James W.. Exploring and Travelling Three Thousand Miles Through Brazil from Rio de Janeiro to Maranhão.
Londres, 1886, p. 168: discurso de SILVA, Joaquim
José Álvares dos Santos. In: CONGRESSO AGRICOLA Coleção de documentos. Rio de Janeiro, 1878, p. 156; discurso
de TORRES, Barbosa. Assembléia Legislativa. Anais,
1880, p. 593, apud SANTOS, Ana Maria dos.Agricultural Reform and the Idea of "Decadente" in the State of Rio de
Janeiro, 1870-1910. Tese de
19. FRAGOSO, João da Rocha. Relatório. In: Brasil, MF, Relatorio, 1891, v. 2, Anexo C, p. 4-5.
20. SMITH, Herbert H.. Brazil - the Amazons and the Coast. Nova York, 1879, p. 402-3; Imperial Instituto Bahiano de
Agricultura. Relatório. In: BRASIL, Ministério da Agricultura. Relatório, 1871, Appenso C, p. 7; SCHWARTZ,
Stuart B.. Elite Politics and the Growth of a Peasantry in Late Colonial Brazil. In: RUSSEL-WOOD, A. J. R. (ed.),
From Colony to Nation: essays on the Independente
of
Brazil. Baltimore (Md.), 1975, p. 144-54; ANDRADE, Manuel Correia de. A Terra e o Homem no Nordeste. São Paulo,
1963, p. 93-95. Como mostrarei abaixo, um agregado
podia trocar de patrão e mudar-se, o que lhe dava algum poder de barganha.
23. PP-BA para MJ, Salvador, 24/1011848, apud URICOECHEA, Fernando. O Minotauro Imperial: a
burocratização do Estado patrimonial brasileiro no século XIX.
São Paulo, 1978, p. 208; denúncia perante o juiz municipal, Pirassinunga, 2019/1872, cópia anexa, in PP-SP para MI,
São Paulo, 23/111873, AN, SPE, IJJ 5-30. Ver
também FLORY, T.. Judge and Jury in Imperial Brazil, 18081877: social control and political stability in the New State.
Austin (Tex.), 1981, p. 72-73.
24. Antônio José Machado ao Subdelegado, Freguesia do Monte (termo de S. Francisco da Barra do Sergipe do Conde,
Comarca de Santo Amaro), [1857], e anexos, APEB,
Presidência,
Polícia, Subdelegados, M.6231.
25. Aqui discordo dos teóricos que, apoiando-se nos elos verticais do clientelismo, defendem a ausência de
interesses de classes. A opinião deles é resumida
(e criticada) por GILSENAN, Michael. Against Patron-Client Relations. In: GELLNER, Ernest e WATERBURY, John
(ed.), Patrons and Clients in Mediterranean Societies.
Londres. 1977, p. 167-82. Ver também FLYNN, Peter. Class, Clientelism, and Coercion:somemechanism of interna!
dependency and control. Jorcrnal of Cornrnonwealth
and Comparative Politics, 12:2, julho de 1974, p. 133-56.
26. Ver, por exemplo, Câmara de Vila Viçosa para PP-BA, 1/9/1842, anexo em PP-BA para MF, 9/12/1842, AN,
27. WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda. Le Brésil. Dangers de sa situation politique et économique; moyens de
les conjacrer: Lettre à son fils... Ouvrage posthacme
revir par F. P. de Lacerda Werneck. Rio de Janeiro, 1889, p. 26-30; STEIN, S. J., Vassouras, p. 224-25.
29 Henrique Pereira de Lucena para Zília (sua mulher), Rio, 3/6/1887, APEP, Col. Lucena, 661: WERNECK, André
Peixoto de Lacerda. A Lavoura e o Governo, 2
2º Apelo aos Fazendeiros. Artigos publicados no Jornal do Comércio de 15 a 21 de junho de 1890. Rio de Janeiro, 1890,
Página 169
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
p. 6-9; STEIN, S. J., Vassouras, p. 134.
30 Compare o emprego similar do paternalismo na Inglaterra: HAY, Douglas. Property, Authority and the Criminal
Law. In: HAY, Douglas et al. (ed.), Albion's
Fatal Tree: crime and society in eighteenth-century England. Nova York, 1975, p. 52, 61-62.
33 WERNECK, F. P. de L.. Memória, p. 17; WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda, apud SILVA, E.. Barões e
Escravidão, p. 214; WERNECK, M. P. L.. O Visconde de piabas,
p. 15.
34 A literatura sobre a resistência dos escravos é relativamente extensa, e a questão controvertida; como pontos de
partida para o Brasil, ver MOURA, Clóvis.
Rebeliões da Senzala (quilombos, insurreições, guerrilhas). São Paulo, 1959; e GOULART, José Alípio. Da Fuga ao
Suicídio (aspectos da rebeldia dos escravos no Brasil).
Rio de Janeiro, 1972.
35 KOSTER, Henry. Travels in Brazil in the Years from 1809 to 1875. Filadélfia, 1817, II, p. 191-96, 215; WALSH,
Robert. Notices of Brazil in 1828 and 1829.
Londres, 1830, 11, 342, 350-51, 365-66; KIDDER, D. P. e FLETCHER, J. C.. Brazil, p. 133; WILLIAMS, Mary
Wilhelmine. The Treatment of Negro Slaves in the Brazilian
Empire: a comparison with the United States of America. Journal of Negro History, 15:3, julho 1930, p. 328-34;
TANNENBAUM, Frank. Slave and Citizen: the Negro in
the Americas. Nova York, 1947, p. 57-58; KLEIN, Herbert S.. Nineteenth-Century Brazil. In: COHEN, David W. e
GREENE, Jack F. (ed.), Neither
36 Honras funebres em memoria do... visconde de Inhaúma, Gran-Mest... do Gr' Or°, e Sup° Cons" do Brasil. Rio
de Janeiro, 1869, p. IX, XIV; MALHEIRO, Agostinho
Marques Perdigão. A Escravidão no Brasil. Ensaio histórico, jurídico, social, 3ª ed. Petrópolis, 1976, I, 132. Para a
aplicação dessa lei, ver Letter of Freedom.
23/8/1827. In: CONRAD, Robert Edgar. Children of God's Fire: a documentary history of black slavery in Brazil.
Princeton (N. J.), 1983, p. 320. A cláusula sobre
ingratidão foi revogada pela Lei do Ventre Livre (LB, Lei 2.040, 28/9/1871, art. IV, par. 9), mas a liberdade condicional
continuou legal e era algumas vezes ainda
concedida; ver Locação de Serviço, AN, SPJ, Cartório do Primeiro Ofício, Escrituras, 1871, Liv. 313, fl. 125-26, 363, e
Cartório do Segundo Ofício, Escrituras, 1880,
Liv. 245, fl. Sv-6, 71, 82v, 120. Ver também GRAHAM, Sandra Lauderdale. Slavery's Impasse: slave prostitutes,
small-time mistresses, and tlle Brazilian Law of 1871.
Comparative Studies in Society and History, 33:4, outubro de 1991, p. 669-694.
37 CP-Corte para MJ, Rio, 5/1/1855 (ver também 16/3/1855), AN, SPE, IJ 6-219; Delegado do 3° distrito, Engenho
Página 170
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
de Sta. Luísa, para CP-BA, 17/1/1855, APEB,
Presidência, Polícia, Delegados, M.6188; JM-Cachoeira para PP-BA, Cachoeira, 1/6/1840, APEB, Presidência, Juízes,
Cachoeira, M.2273; Subdelegado de Lagoa para CP-Corte,
Rio, 3/1/1872, isto é, 1873, AN, SPE, IJ 6-518.
38 Domingos de Souza Leão para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, Recife, 21/8/1865, AIHGB, L207,
D72; Sociedade Auxiliadora da Agricultura de Pernambuco.
Trabalhos do Congresso Agrícola do Recife em
39 CP-Corte, Mapa Semanal, 26/1/1859, AN, SPE, IJ 6-842, n. 4; Diário Novo, 21/1/1845, apud NARO, Nancy.
The 1848 Praieira Revolt in Brazil. Tese de doutoramento,
Univ. de Chicago, 1981, p. 49 (em 1845, 15 mil-réis valiam US$ 7,80). Mesmo a simples reunião de todos os
documentos necessários para provar isenção legal de alistamento
era onerosa para os pobres: CP-BA para Delegado-Maragogipe, Salvador, 26/7/1869, cópia, APEB, Presidência, Polícia,
Delegados, Registro, M.5802.
40 DENT, Hastings Charles. A Year in Brazil, with Notes on the Abolition of Slavery, the Finances of the Empire,
Religion, Meteorology, Natural History, etc..
Londres, 1886, p. 287.Descrições de desertores quase sempre referiam-se a um "mulato" ou a um "negro liberto"; ver,
por exemplo, CP-BA para Delegado do 1ºdistrito
da capital, Salvador, 11/12/1868, cópia, APEB, Presidência, Polícia, Delegados, Registro, M.5802.
O Tronco do Ipê. A hierarquia tem servido ao mesmo propósito em outros lugares; ver DUMONT, Louis. Homo
Hierarchicus: the caste system and its implications, ed.
revista. Chicago, 1980, p. 18. Sobre a hierarquia de cor no Brasil, ver DEGLER, Carl N.. Neither Black nor White:
slavery and race relations in Brazil and the United
States. Nova York, 1971, p. 88-112. Compare a aceitação das complexas gradações sociais no Brasil com o argumento
de OAKES, James. The Ruling Race: a history of
american slaveholders. Nova York, 1982. Segundo ele, a maioria dos escravocratas nos EUA aceitava uma ideologia de
igualdade - para os livres.
44 Ou, em certo sentido, recriada, já que nos tempos coloniais os proprietários de terra também comandavam uma
milícia: MORTON, F. W. O.. The Conservative
Revolution of Independence: economy, society and politics in Bahia, 1790-1840. Tese de doutoramento, Univ. de
Oxford, 1974, p. 80-87; KUZNESOF, Elizabeth A.. Clans,
the militia, and Territorial GoverrIment: the articulation of kinship with polity in eighteenth-century São Paulo. In:
ROBINSON, David J. (ed.), Social Fabric and
Spatial Structure in Colonial Latin America. Siracusa (N. Y.), 1979, p. 181-226.
45 CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 45. Sobre a propriedade dos oficiais, ver, por exemplo, Proposta para
as vagas dos officiaes do esquadrão n° 4, anexo,
em Comandante Superior da GN para PP-BA, Feira de Santana, 22/8/1856, APEB, Presidência, Militar, GN, M.3583; e
Comandante do 30° Batalhão de Infantaria para o Comandante
Superior Interino de Angra dos Reis e Parati [ilha Grande], 22/12/1857, apud URICOECHEA, F.. O Minotauro
Imperial, p. 212 (ver também p. 172, 185).
47 Comandante Superior da GN para VPP-RJ, [Niterói], 21/4/1866, e Coronel Chefe para VPP-RJ, Valença,
11/9/1839, ambos citados por URICOECHEA, F., O Minotauro
Imperial, p. 186, 206; CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 45; LB, Lei 602, 1919/1850, art. 12, 14; junta de
recrutamento para MJ, Rio, 26/7/1858, apud RODRIGUES,
Antônio Edmilson Martins, FALCÓN, Francisco José Calazans e NEVES, Margarida de Souza. Estudo das
Características Histórico-Sociais das Instituições Policiais
Brasileiras, Militares e Paramilitares, de suas Origens até 1930: a Guarda Nacional do Rio de Janeiro, 1831-1918. Rio
de Janeiro, 1981, p. 360-66; URICOECHEA,
F., O Minotauro Imperial, p. 168-71, 178 (nota 39).
Página 172
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
51 Arcebispo-BA para PP-BA, Salvador, 12/3/1845, APEB, Presidência, Religião, Arcepispado, M.5205 (traduzido
do inglês); O Brasil, apud FLORY, T.. Judge,
p. 169; Comandante Superior da GN para PP-RS, Rio Pardo. 3/1/1859,
apud URICOECHEA, F., O Minotauro Imperial, p. 240. Sobre a concentração de riqueza, ver GRAHAM, Richard.
Slavery and Economic Development: Brazil and
52 Rio de Janeiro, Prefeitura, Codigo de posturas da Illma. Camara Municipal do Rio de Janeiro e editaes da
mesma Camara, nova edição. Rio de Janeiro, 1870,
2ª seção, Tít. IX, par. 22; João Gonçalves dos Santos para PP-BA, Salvador, 15/11/1856, APEB, Presidência, Eleições,
M.2794; declaração da defesa, Moradores da Freguesia
de São José do Rio Preto versus Pe. Manoel Florentino Cassiano de Campos, São José do Rio Preto (município de
Paraíba do Sul), 1863, ACMRJ, Queixas contra padres,
sem núm. O padre também queixou-se das maneiras rudes dos moradores.
53 Um tropeiro que ficou riquíssimo foi Domingos Custódio de Guimarães (pai), que adquiriu várias fazendas perto
de Valença (RJ) e conquistou o título de
barão em 1867; MONBEIG, Pierre. Pionniers et Planteurs de São Paulo. Paris, 1952, p. 84.
54 MORSE, Richard M.. Some Themes of Brazilian History. South Atlantic Quarterly, 61 (primavera de 1962), p.
169; GOULART, José Alípio. Tropas e Tropeiros
na Formação do Brasil. Rio de Janeiro, 1961; ALMEIDA, Luís C.. Vida e Morte do Tropeiro. São Paulo, 1971;
SCHMIDT, Carlos Borges. Tropas e Tropeiros. São Paulo,
1932.
57 Sobre a identificação de uma população móvel com uma população vagabunda, ver WEINSTEIN, B.. Amazon,
p. 43. Sobre mobilidade geográfica, ver VANGELISTA,
Chiara. Le Braceia per Ia Fazenda: immograti e "caipiras" nella formazione del mercato del lavoro paulista (1850-1930).
Milão, 1982, p. 220.
58 Subdelegado para Delegado, Santo Amaro, 1/14/1856, cópia, e JD-Valença para Subdelegado-Santarém,
Santarém, 7/9/1857, cópia, APEB, Presidência, Polícia,
Subdelegados, M.6231; Vigário para Arcebispo-BA, Valença, 5/1/1873, anexo em Arcebispo-BA para PP-BA, Salvador,
14/1/1873, APEB, Presidência, Religião, Arcebispo,
M.5205.
59 CP-PE para PP-PE, Recife, 3/1/1852, APEP, Polícia Civil, 1852, 39; [Delegado] para PP-PE, Nazaré,
26/12/1851; SP do 2° Distrito para PP-PE, Santo Antão,
21/12/1851; Diretor Geral dos Índios para PP-PE, Lage, 24/12/1851, cópias de todas as três anexas em PP-PE para MJ,
AN, SPE, IJ 1-824; Delegado para CP-PE, Recife,
1/1/1850; CP-PE para PP-PE, Recife, 3/1/1852; Tenente-Coronel para CP-PE, Nazaré, 30/12/1851, todas as três em
APEP, Polícia Civil, 1852, 39; PP-PE para MJ, 30/12/1851,
AN, SPE, IJ 1-824; Paraíba, Presidente, Relatório, 1852, p. 3. Devo todas essas referências a Joan Meznar.
61 BARMAN, Roderick J.. The Brazilian Peasantry Reexamined: the implications of the Quebra-Quilos Revolt,
1874-75. Hispanic American Historical Review,
57:3, agosto 1977. p. 401-24; MEZNAR, J.. Deferente arzd Dependente, p. 190-243.
62 2º barão de Pati do Alferes para Bernardo Ribeiro de Carvalho, Monte Alegre. 13/2/1857 e 21/2/1857, apud
SILVA. E.. Barões e Escravidão, p. 84.
64 O Despertador, 5/8/1839, apud FLORY, T.. Judge, p. 151; Associação Industrial, Rio de Janeiro, O Trabalho
Nacional e seus Adversarios. Rio de Janeiro,
1881, p. 165-66.
65 PP-CE para JD, cópia anexa em PP-CE para MJ, Fortaleza, 14/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43; PP-BA para MI,
Salvador, 6/8/1849, ibidem, 5-25; BRAZIL, Commissão
Encarregada da Revisão da Tarifa em Vigor. Relatório... que acompanhou o projecto de tarifa apresentado pela mesma
commissão ao governo imperial. Rio de Janeiro,
1853, p. 342 (traduzido do inglês).
67 Pleiteante apud CHAGAS, Paulo Pinheiro. Teófilo Ottoni, Ministro do Povo, 2ª ed. revista. Rio de Janeiro,
1956, p. 47; PP-BA para Ml, 19/1/1850, AN, SPE,
IJJ 9-339, 1850; CAMPOS, Joaquim Pinto de [Um Pernambucano]. Os Anarquistas e a Civilização: ensaio político
sobre a situação. Rio de Janeiro, 1860, p. 83.
68 Sobre o objetivo de inculcar deferência, ver THOMPSON, E. P.. Patrician Society, Plebeian Culture. Journal of
Social History, 7:4 verão 1974, p. 387.
69 Mesa Paroquial para PP-BA, Vitória, 1919/1860, AN, SPE, IJJ 525 (traduzido do inglês); Parecer das Secções de
Justiça e Fazenda do Conselho de Estado,
9/7/1866, AIHGB, Coleção Senador Nabuco, L381, D4 (numeração
70 Discurso de Joaquim Nabuco, 10/7/1888, BCCD, Anais. 1888, III, 87; NABUCO, J.. Um Estadista do Império,
p. 83, 466 (citado), 467, 942 (citado).
Capítulo 2
1 BOXER, Charles R.. Portuguese Society in the Tropics: the municipal councils of Goa, Macao, Bahia, and
Luanda. Madison (Wis.), 1965, p. 5-6 (6), 72-109;
ZENHA, Edmundo. O Município no Brasil (1532-1700). São Paulo, 1948; RUSSELL-WOOD, A. J. R.. Local
Government in Portuguese America: a study in cultural divergence.
Comparative Studies in Society and History, 16:2, março 1974, p. 187-231; PRADO JR., Caio. The Colonial
Background of Modern Brazil. Berkeley (Calif), 1967, p. 366-73;
MORSE, Richard M. Brazil's Urban Development: Colony and Empire. In: RUSSELL-WOOD, A. J. R. (ed), From
Colony to Nation: essays on the lndependence of Brazil. Baltimore,
Página 174
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
1975, p. 158-65; KENNEDY, John N.. Bahian Elites. Hispanic American Historical Review, 53:3, agosto 1973, p.
415-39; MAXWELL, Kenneth R.. Conflicts and Conspiracies:
Brazil and Portugal, 1750-1808. Cambridge, Ingl., 1973.
2 MAXWELL, Kenneth R.. The Generation of the 1790s and the Idea of a Luso-Brazilian Empire. In: ALDEN,
Dauril (ed), Colonial Roots of Modern Brazil. Papers
of the Newberry Library Conference. Berkeley (Calif), 1973, p. 107-44; MATOSO, Kátia M. de Queirós. A Presença
Francesa no Movimento Democrático Baiano de 1798.
3 Este parágrafo e as páginas seguintes sobre os acontecimentos até 1850 foram extraídos, a não ser quando
anotados de outra maneira, de ARMITAGE, John. The
History of Brazil from the Period of the Arrival of the Braganza Family in 1808 to the Abdication of Don Pedro the First
in 1831, 2 v. Londres, 1836; LIMA, Manuel
de Oliveira. Dom João VI no Brasil, 1808-1821, 2ª ed., 3 v. Rio de Janeiro, 1945; RODRIGUES, José Honório.
Independência: revolução e contra-revolução, 5 v. Rio
de Janeiro, 1975; MANCHESTER, Alan K.. The Transfer of the Portuguese Court to Rio de Janeiro. In: KEITH, Henry
e EDWARDS, S. F. (ed.), Conflict and Continuity in
Brazilian Society. Columbia (S. C.), 1969, p. 148-83; COSTA, Emília Viotti da. The Political Emancipation of Brazil.
In: RUSSELL-WOOD, A. J. R. (ed.). Froco Colony
to Nation: essays on the Independence of Brazil. Baltimore, 1975, p. 67-70; MAGALHÃES, Basílio de. Estudos de
História do Brasil. São Paulo, 1940; BEIGUELMAN, Paula.
Formação Política do Brasil, II. São Paulo, 1967; MONTEIRO, Tobias. História do Império: a elaboração da
independência. Rio de Janeiro, 1927; MONTEIRO,
7 Posturas e orçamentos municipais preenchem a maior parte das páginas das coleções de leis provinciais; mesmo
questões como proibição de banho público durante
o dia, ou o financiamento de um asilo para mendigos no interior, constituíam assuntos para deliberação de legisladores
provinciais: por exemplo, Resolução, 25/4/1862,
Página 175
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Posturas de Canavieiras, e Lei 891, 22/5/1862, ambas na Bahia, Colleção das leis e resoluções da Assembléa Legislativa
e regulamentos do governo da Bahia, sanccionadas
e publicadas no anno de..., 1862, parte I; ver também cartas tratando de pontes, igrejas e outras questões locais em
Câmara Municipal para PP-RJ, Piraí, 1844-46,
APERJ, Col. 37, PP 2/5, 22. Membros das Assembléias Provinciais
8 É preciso observar que já se tinha retirado das Câmaras Municipais as funções judiciais que ainda lhes restavam
de acordo com o Codigo Philippino de 1603;
a lei de 1828 ainda mais enfatizava e especificava a proibição de as Câmaras Municipais deliberarem sobre questões
respectivas às áreas além das fronteiras do município
(isto é, questões de importância nacional), de tomar decisões "em nome do povo" e de interferir na autoridade de
presidentes provinciais: LB, Lei de 1/10/1828, art.
24 e 78. Uma análise detalhada do status legal das Câmaras Municipais é a de LAXE, João Batista Cortines. Regimento
das Camaras Municipais ou, Lei de 1 º de outubro
de 1828, annotada com leis, decretos...; precedida de uma introdução histórica e seguida de sete appensos... Rio de
Janeiro, Antônio Joaquim de Macedo Soares (ed.),
2ª ed. 1885. Ver também MOURÃO, João Martins de Carvalho. Os Municipios, sua Importância Politica no
Brasil-colonia e no Brasil-reino. Situação em que Ficaram no
Brasil Imperial pela Constituição de 1824 e pelo Ato Adicional. In: Primeiro Congresso de História Nacional, Anais. Rio
de Janeiro, 1916, III, p. 299-318; e LEAL,
Victor Nunes. Coronelismo: the Municipality and Representative Government in Brazil. Cambridge, Ingl., 1977, p.
32-34. Sobre a identificação do liberalismo brasileiro
com direitos antes provinciais que individuais, ver CARVALHO, José Murilo de. A Composição Social dos Partidos
Políticos
9 SOUZA, Otávio Tarquínio de. História dos Fundadores do Império do Brasil. Rio de Janeiro, 1957, p. 251.
10 Ângelo Muniz da Silva Ferraz (o promotor), apud REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: a história do
levante dos malês, 1835. São Paulo, 1985, p.
248 (ver também p. 42 sobre o medo geral da anarquia); MJ para CP-Corte, Rio, 1/11/1835, apud NEDER, Gizlene,
NARO, Nancy e SILVA, José Luís Werneck da. Estudo das
Características Histórico-Sociais das Instituições Policiais Brasileiras, Militares e Paramilitares, de suas Origens até
1930: a polícia na Corte e no Distrito Federal,
1831-1930. Rio de Janeiro, 1981, p. 191-92. Ver também MJ para PP-BA, 27/2/1835, apud FLORY, T Judge and Jury in
Imperial Brazil, 1808-1871: social control and political
stability in lhe New State. Austin (Tex.), 1981, p. 234 (nota 20) e p. 135 sobre os primeiros temores de rebeliões
escravas como conseqüência da reforma liberalizadora.
O grau em que os medos raciais provocavam uma reação conservadora é explorado por FLORY, Thomas. Race and
Social Control in Independent Brazil. Journal of Latin
American Studies, 9:2, novembro 1977, p. 199-224.
11 LEITMAN, Spencer L.. Raízes Sócio-Econômicas da Guerra dos Farrapos: um capítulo de história do Brasil no
século XIX. Rio de Janeiro, 1979. Em Pernambuco,
para cotejar, as rivalidades entre as elites podiam perturbar as relações sociais e pareciam encorajar a desobediência dos
inferiores: NABO, Nancy. The 1848 Praieira
Revolt in Brazil. Tese de doutoramento, Univ. de Chicago, 1981, p. 147, 150, 154, 156, 163, 171, 175, 188, 203.
Página 176
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
384 CLIENTELISMO E POLÍTICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
12 BRAZIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Anuário Estatístico do Brasil, 1939-40, p. 1.374.
13 O Sete de Abril, 19/11/1838, apud BETHELL, L. e CARVALHO, J. M. de. Brazil from Independence, p. 712.
14 MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. São Paulo, 1987, p. 43, 106-7. Do começo ao fim desse livro,
Mattos analisa criteriosamente as forças que
impeliram a centralização descrita neste capítulo. A tradição da lei romana, de líderes brasileiros formados em Portugal,
foi enfatizada como um elemento da unidade
imperial por CARVALHO, José Murilo de. Political Elites and State Building: the case of nineteenth-century Brazil.
Comparative Studies in Society and History, 24:3, julho 1982, p. 378-99. Havia, claro, ainda outras considerações,
sobretudo econômicas, que figuravam no desejo
das elites de um Estado forte: ALENCASTRO, Luís Felipe de. Le Traite Négrière et 1'Únité Nationale Brésilienne.
Revue Française d'Histoire d'Outre-Mer, 66:244-245
(3º-4º trimestres 1979, p. 415-16. Mas não estou convencido de que o desejo de manter um único mercado para escravos
pudesse ter sido proeminente entre esses motivos,
como argumenta SAES, Décio. A Formação do Estado Burguês no Brasil (1888-1891). Rio de Janeiro, 1985, p. 170.
15 LB, Lei 261, 3/12/1841; LB, Regulamento 120, 3/11/1842. Para um resumo útil desta legislação e seus antecedentes,
ver WILLIAMS, Lesley Ann. Prostitutes, Policemen
and Judges in Rio de Janeiro, Brazil, 1889-1910. Dissertação de Mestrado, Univ. do Texas, Austin, 1983, p. 20-52.
16 SOUZA, Joaquim Rodrigues de. Systema Eleitoral da Constituição do Imperio do Brazil. São Luís: 1863, p. 32
(citado) Traduzido do inglês; ALMEIDA, Aluísio
de [Luís Castanho de Almeida]. A Revolução Liberal de 1842. Rio de Janeiro, 1944; MARINHO, José Antônio. História
17 NABUCO, J.. Um Estadista do Império, p. 945. A opinião favorável a essa centralização obrigatória, que tanto
beneficiava a classe superior, foi perpetuada
por gerações de historiadores brasileiros. Ver, por exemplo, CALMON, Pedro. Organização Judiciária: (a) na Colônia;
(b) no Império; (c) na República. In: Livro do
Centenário dos Cursos Jurídicos. Rio de Janeiro, 1928, I, p. 95. O objetivo consciente e inconsciente dessa visão
historiográfica ainda não recebeu a atenção que
merece.
19 Compare EISENSTADT, S. N.. The Political Svstems of Empires. Nova York: 1963, p. 14. Ver também
FAORO, Raymundo. Os Donos do Poder: formação do patronato
político brasileiro, 2ª ed. Porto Alegre, 1975, I, p. 33236. Discussões úteis de questões historiográficas encontram-se em
BEIK, William. Absolutism and Society
in Seventeenth-Century France: srate power and provincial aristocracy in Languedoc. Cambridge, Ingl., 1985, p. 3-33; e
STEPAN, Alfred. The State and Society: Peru
in comparative perspective. Princeton (N. J.), 1978, p. 3-45.
21 Martinho [Álvares da Silva] Campos, 23/12/1874, Atas do Centro Liberal, 1870-76, AIHGB, L495, D6, fl. 12v;
FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis. As Finanças da Regeneração:
estudo político offerecido aos mineiros. Rio de Janeiro, 1876, p. iii; MILET, Henrique Augusto.
22 RODRIGUES, José Honório. O Conselho de Estado: o quinto poder? Brasília, 1978; TORRES. João Camilo de
Oliveira. O Conselho de Estado. Rio de Janeiro, 1956;
MATTOS, I. R. de. O Tempo Saquarema, p. 107-38; LB, Lei 1083, 2218/1860, art. 1-2; LB, Decreto 2711, 19/12/ 1860.
Para a deliberação do Conselho sobre os estatutos
de uma empresa ferroviária, ver Luís Pedreira do Couto Ferraz para Cotegipe, [Rio, abril de 1855], AIHGB, CC, L22,
D115. Sobre como o imperador escolhia os membros
do Conselho de Estado, ver NABUCO, J.. Um Estadista do Império, p. 705. 1.004.
23 Já que havia tantos "presidentes" - da província, da Câmara Municipal, da junta de qualificação de votantes, da
mesa eleitoral -, resolvi usar, na maioria
das vezes, o termo "primeiro-ministro" para referir-me ao presidente do Conselho de Ministros, apesar da diferença
jurídicoconstitucional entre os dois termos.
24 Alguns historiadores têm falado dessas Falas do Trono como se elas representassem as opiniões do próprio
imperador; existem provas abundantes de que elas
resultavam de breves declarações preparadas por cada membro do
25 CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro, 1980, p. 87. Os
dicionários biográficos brasileiros são compreensivelmente
reticentes sobre o assunto, por isso se pode presumir que a proporção dos proprietários agrários era até maior.
26 LB, Lei de 20/10/1823, art. 1-3, 24; Lei 40, 3/10/1834, art. 1, 5; Lei 207, 18/9/1841; PINTO, Caetano José de
Andrade. Attribuições dos Presidentes de
Província. Rio de Janeiro, 1865; Cotegipe para Henrique Pereira de Lucena, Rio, 3/12/1885, APEP, Col. Lucena, 564;
MA para PPBA, Rio, 5/2/1875, minuta, e MA para
PP-ES, 7/4/1875, minuta, AN, SPE, IA 6-19; vários pedidos de passaportes em APEB, Presidência, Polícia, Licenças,
M.6403; petição de Cezario Telles do Carmo, Salvador,
10/1/1855, APEB, Presidência, Agricultura, Pesca, M.4634; ver também TORRES, J. C. de. A Democracia Coroada, p.
325. Sobre a recepção de presidentes provinciais,
ver LISBOA, João Francisco. Obras, 2ª ed. Lisboa, 1901, 1, p. 82-84; SOUZA, José Antônio Soares de. A Vida do
Visconde do
27 GALVÃO, Miguel Arcanjo. Relação dos Cidadãos que Tomaram parte no Governo do Brasil no Período de Março de
1808 a 15 de Novembro de 1889, 2ª ed. Rio de Janeiro,
1969, p. 61; João Alfredo Correia de Oliveira para
Cotegipe, Belém, 3/11/1870, e Cotegipe para João Alfredo Correia de Oliveira, Rio, 23/3/1870, cópia datilografada do
rascunho, AIHGB, CC, L50, D84, D89; LB, Decreto
207, 18/9/1841. Sobre a extensão do mandato dos presidentes, ver CARVALHO, José M. de. A Construção da Ordem, p.
95. Sobre a residência local de vice-presidentes,
ver NARO, N.. The 1848 Praiera Revolt, p. 80, 118.
28 LB, Lei 261, 3/12/1841, art. 1, 4; LB, Regulamento 120, 3/11/1842; LB, Lei 2.033, 20/9/1871, art. 1, par. 13, e
art. 10, 11; VASCONCELOS, José Marcelino
Pereira de. Roteiro dos Delegados e Subdelegados de Polícia; ou, Colleção dos Actos, Atribuições e Deveres Destas
Autoridades. Rio de Janeiro, 1862; CARVALHO, Antônio
Alves de Souza. O Brasil em 1870, estudo político. Rio de Janeiro,
1870, p. 21.
29 Ver, por exemplo, Manoel José Gomes de Freitas, Lista para Piratinim, apresentada a PP-RS por J. Jacinto de
Mendonça, s.l., sal., AN, Cx. 781, Pac. 2,
Doc. 9. Direi mais sobre essa preferência em capítulos posteriores.
30 VASCONCELOS, J.. Roteiro dos Delegados, p. 55 e passim; CP-BA para Delegado,-Santo Amaro, Salvador,
10/12/1868, cópia APEB, Presidência, Polícia, Delegados,
M.5802; CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 22; Cotegipe, [Pareceres... sobre a eleição direta], 1880,
AIHGB, CC, L88, P28; WERNECK, Luís Peixoto de
Lacerda. Le Brésil. Dangers de sa situation politique et économique; moyens de les conjurer, Lettre à son fils...
31 Delegado para CP-BA, Inhambupe, 15/8/1855, e Subdelegado para CP-BA, Freguesia de Santana [Salvador], 13/
Página 179
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
8/1858, APEB, Presidência, Polícia, Delegados, 1855-56,
M.6188, M.6231. O chefe de polícia submetia relatórios diários ou semanais ao presidente, sobre ocorrências na
província, baseados em relatórios que ele recebia
dos delegados: ver, por exemplo, CP-BA para PP-BA, Salvador, 8, 9, 12/6/1857, APEB, Presidência, Polícia, Chefes,
M.2953. No Rio de Janeiro, o chefe enviava seu
relatório semanal para o ministro da Justiça: Mappa Semanal, Secretaria de Policia da Côrte, 1855, AN, SPE, IJ 6-219.
Podem-se encontrar relatórios similares para
a maioria das províncias; ver HOLLOWAY, Thomas. The Brazilian Judicial Police in Florianópolis, Santa Catarina,
1841-
1871. Journal of Social History, 20:4, verão, 1987, p. 733-56.
32 Subdelegado para CP-BA, Santo Amaro, 20/10/1857, APEB, Presidência, Polícia, Subdelegados, M.6231. Sobre
os passaportes, ver também AGCRJ, 62-I-28, fl.
336-37; e WERNECK, L. P. de L.. Le Brésil, p. 73, 76.
34 ARARIPE, Tristão de Alencar [CP-ES]. Instruções Provisorias para os Inspectores de Quarteirão dos Termos da
Província do Espirito Santo, 22/5/1857. In: VASCONCELOS,
J. M. P. de. Roteiro dos Delegados, p. 235-36; Delegado
para Inspetor de Quarteirão, Pirassinunga, 25/8/1872, anexo em PP-SP para MI, São Paulo, 23/1/1873, AN, SPE, IJJ
5-30.
39 Acto do Governo, 12/2/1862. In: Bahia, Colleção das Leis, 1862, parte II; CP-RJ para PP-RJ, Niterói, 4/8/1860,
anexo em PP-RJ para MJ, s.l., 7/8/1860,
AN, SPE, IJJ 543; VASCONCELOS, J. M. P. de. Roteiro dos Delegados, p. 22; Manuel Alves Branco, apud FLORY, T..
Judge, p. 137. Sobre o tamanho reduzido desse regimento
no Rio
40 LB, Lei de 18/8/1831, Lei 602, 19/9/1850 (a citação é do art. 1 de ambas essas leis); ver também Decreto 722,
25/10/1850; e BRAZIL, Ministério da Justiça
e Negócios Interiores. Notícia Histórica dos Serviços, Instituições e Estabelecimentos Pertencentes a esta Repartição,
Elaborada por Ordem do Respectivo Ministro,
Dr. Amaro Cavalcanti. Rio de Janeiro, 1898, cap. 6. Sobre a transferência de unidades inteiras da Guarda Nacional para
o serviço do exército, ver Comandante do 22º
batalhão de infantaria para Comandante da 3ª companhia, Valença, 17/9/1865, AN, SAP, Cód. 112, v. 6, Doc. 29. Sobre
patrulhas de cidade, ver CP-Corte para MJ, Rio,
3/2/1854, AN, SPE, IJ 1-80. Para a história e responsabilidades da Guarda Nacional, ver CASTRO. Jeanne Berrance de.
A Milícia Cidadã: a Guarda Nacional de 1831 a
1850. São Paulo, 1977; HGCB, n. 6, p. 274-98; URICOECHEA, F.. O Minotauro Imperial: a burocratização do Estado
patrimonial brasileiro rio século XIX. São Paulo,
1978, especialmente p. 130-40; e RODRIGUES, Antônio Edmilson Martins, FALCON, Francisco José Calazans e
NEVES, Margarida de Souza. Estudo das Características Histórico-Sociais
das Instituições Policiais Brasileiras, Militares e Paramilitares, de suas Origens até 1930: a Guarda Nacional no Rio de
Janeiro, 1831-1918. Rio de Janeiro, 1981,
p. 3-277.
41 SOUZA, P. Estudos Práticos. II, 179; LB, Lei 2.395, 10/9/1873. Em 1880 havia 918.017 homens da
Guarda.
42 HGCB, n. 6, p. 235-58, especialmente p. 244; MORTON, F. W. O.. Conservative Revolution, p. 70-80, 313-21.
43 PP-PB para MGuerra, s.l., 11/1/1850, PP-RN para MGuerra, Natal, 11/5/1850, AN, SAP, Cx. 823, Pac. 2, fl. 43,
273; HGCB, n. 6, p. 294.
44 Junqueira para Cotegipe, Rio, 4/2/1886, AIHGB, CC, L31, D118; Henrique Francisco de Ávila para COtegipe,
Rio, 3/9/1887, ibidem, L7, D41 (citado); DUDLEY,
William S.. Institutional Sources of Officer Discontent in the Brazilian Army, 1870-1889. HispanicAmerican Historical
Review, 55:1, fevereiro 1975, p. 44-65.
45 LB, Aviso (Império), 21/10/1843, apud SOUZA, P. J. S. de. Estudos Práticos, I, p. 180 (nota); Parecer da
Commissão. BCCD. Reforma Eleitoral: projectos
offerecidos á consideração do corpo legislativo desde o anno de 1826 até o anuo de 1875... colligidos na secretaria da
Camara dos Deputados. Rio de Janeiro, 1875,
p. 553. Sobre o lugar da igreja, ver ALMEIDA, Cândido Mendes de (comp./ed.). Direito Civil Ecclesiastico Brazileiro
Página 181
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Antigo e Moderno em suas Relações com o Direito
Canonico ou, Colleção completa... a que se addicionão notas historicas e explicativas, indicando a legislação
actualmente em vigor e que hoje constitue a jurisprudencia
civil ecclesiastica do Brasil. Rio de Janeiro, 1866, Tomo I, v. 2, especialmente p. 563-608; HAUK, João Fagundes et al..
História da Igreja no Brasil: ensaio de
interpretação a partir do povo. Segunda época: a Igreja no Brasil no século XIX. Petrópolis, 1980, p. 81-95, 200-205.
Alegouse que os clérigos fomentavam a ameaça
de violência dos camponeses contra a tentativa de implementação de um
46 BRAZIL, Ministerio da Justiça e Negocios Interiores. Noticia Historica, cap. 7, p. 46, 88; SOUZA, José A. S. de.
Vida, p. 626; NABUCO, J.. Um Estadista
do Império, p. 290; CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870. p. 29.
47 LB, Lei 261, 3/12/1841, art. 14, 117, 118; LB, Regulamento 120, 3/11/1842; LB, Decreto 559, 28/6/1850, e o
debate sobre esta legislação, primeiro em 7
e 1613 e 16, 17 e 18/4/1850. BCCD, Anais, 1850, 11, p. 77, 160, 33548, 351-63, 365-75, e depois, em 2515 e 1, 3, 4, 20
e 21/6/1850. BCS, Anais, nova ed. (1978),
sessões de maio de 1850, p. 97-100, e sessões de junho de 1850, p. 1079, 254-318; CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil
em 1870, p. 27-29. Até 1871, os juízes municipais
algumas vezes combinavam suas obrigações com aquelas do delegado; ver, por exemplo, APEB, Presidência, Polícia,
Delegados, 1855-56, M.6188; Exeqüente: Lucas Lezler
- executado: José Ribeiro Pereira Guimarães. Cachoeira. 1860, n. 9, APEB, Judiciário, M.1662. Sobre a rentabilidade de
uma vara de órfãos, ver JD para MJ, Jacobina,
10/9/1862, AN, SPE, IJ 1-922. Em 1871 mais autoridade foi delegada aos juízes de direito às custas dos juízes
municipais, mas parte da autoridade previamente exercida
por delegados foi para os juízes municipais, e um homem só não podia ocupar os dois cargos: LB, Lei 2.033, 20/9/1871.
Para um resumo dessas mudanças, ver LEAL. Aurelino.
História Judiciária do Brasil. In: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Diccionario Historico, Geographico e
Ethnographico do Brasil. Rio de Janeiro, 1922,
I, p. 1.107-1.187; e OLIVEIRA, Cândido de. A justiça. In: FIGUEIREDO.
48 BUENO, José Antônio Pimenta. Direito Publico Brazileiro e Analyse da Constituição do Imperio. Rio de Janeiro,
1857, p. 330; GALVÃO, M. A.. Relação dos Cidadãos,
p. 58. Os presidentes provinciais podiam recomendar a demissão ou rebaixar um juiz municipal, embora a decisão final
coubesse ao Conselho de Estado.
49 LB, Lei 261, 3/12/1841, art. 19 (ver também art. 13), Lei 2.033, 20/9/1871, art. 1, par. 3; JD-Taubaté para PP-SP,
Caçapava, 3/1/1861, cópia anexa em PP-SP
para MJ, 20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43: JD-Pombal para PP-PB, Vila de Patos, 20/2/1861, cópia anexa em PP-PB para
MJ, 9/3/1861, AN, SPE, IJJ 5-43; CHANDLER, Billy
Jaynes. The Feitosas and the Sertão dos Inhamuns: the history of a family and a community in Northeast Brazil,
1700-1930. Gainesville (Fla.), 1972, p. 51. Os vereadores
podiam servir ainda como juízes substitutos "de segundo grau": ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.). Codigo
Philippino; ou Ordenações e Leis do Reino de Portugal. Rio
de Janeiro, 1870, p. 372 (nota).
50 BRAZIL, MJ, Relatório, 1865, Anexo C; BRAZIL, Ministerio da Justiça e Negocios Interiores. Noticia
Historica, cap. 7, p. 88; MELLO, Afonso d'Albuquerque.
A Liberdade no Brasil: seu nascimento, vida, morte e sepultura. Recife, 1864, p. 111.
51 PANG, Eul-Soo e SECKINGER, Ron. The Mandarins of Imperial Brazil. Comparative Studies in Society and
Página 182
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
History, 14:2, março 1972, p. 215-44; BARMAN, Roderick
J. e BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil. Journal of Inter-American
Studies, 18:4, novembro 1976, p.
42-350; LEONZO,
Nanci e BARBOSA, Rita Maria Cardoso.
52Não-identificado para Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama, conde de Baependi, Saudade, 27/7/1860, AN, SAP,
Cód. 112, v. 8, Doc. 36. Para outro exemplo, ver
José
Antônio Saraiva para Henrique Garcez Pinto de Madureira, São Paulo, 15/3/1842, 13/5/1845, 5/11/1845. In: PINHO,
José Wanderley de Araújo. Política e Políticos no
Império. Rio de Janeiro, 1930, p. 12, 20, 21. Ver também BARROS, Roque Spencer Maciel de. A Ilustração brasileira e
a idéia de universidade. São Paulo, 1959, p.
203.
53 Antônio Augusto da Costa Aguiar para Pedro II, São Paulo, 30/1/1862, AMIP, CXXXI, 6422.
54 Barão de Pati do Alferes para Manoel Peixoto de Lacerda Werneck, Monte Alegre, 31/3/1854, AN, SAP, Cód.
112, v. 3, fl. 165-66.
55 FLORY, T.. Judge, p. 181-99; Junqueira para Cotegipe; Salvador, 9/7/1856, AIHGB, CC, L30, D178;
CARVALHO, J. M. de. A Construção da Ordem, p. 51-72. Observe
que, quando os proprietários começaram a discutir se se devia continuar a escravidão na década de 1880, do mesmo
modo fizeram os juízes.
57 CARVALHO, João Manuel de. Reminiscencias sobre Vultos e Factos do Imperio e da Republica. Amparo, 1894,
p. 90; MAGALHÃES JR., Raimundo. José de Alencar
e sua Época, 2ª ed. Rio de Janeiro, 1977, p. 215; HGCB, n. 7, p. 139; FIGUEIREDO JR., Afonso Celso de Assis, conde
de Afonso Celso. Oito Annos de Parlamento. Poder
pessoal de D. Pedro II. Reminiscencias e notas, ed.
58 Por exemplo, CARDOSO, Fernando Henrique e FALETTO, Enzo. Dependency and Development in Latita
America. Berkeley (Calif.), 1979, p. 66-9, 89-91.
Notas do Capítulo 3
Página 183
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
2 BUENO, José Antônio Pimenta. Direito Publico Brazileiro e Analyse da Constituição do Imperio. Rio de Janeiro,
1857, p. 389-489 (Pimenta Bueno, é claro,
sabia que não estava basicamente descrevendo uma realidade, mas defendendo um ideal). Embora escrito no
século XX, TORRES, João Camilo de Oliveira. A Democracia Coroada (Teoria política do Império do Brasil). Rio de
Janeiro, 1957, p. 245-52, apreende fielmente a opinião
de muitos brasileiros do século XIX, as quais o autor toma ao pé da letra. Ver também SCHWARZ, Roberto. Ao
vencedor as Batatas: forma literária e processo social
nos inícios do romance brasileiro. São Paulo, 1977, p. 13-25; COSTA, Emília Viotti da. The Brazilian Empire:
myths and realities. Chicago, 1985, p. 53-77; e MACEDO, Ubiratan Borges de. A Liberdade no Império. São Paulo,
1977.
4 SOUZA, Joaquim Rodrigues de. Systema Eleitoral da Constituição do Imperio do Brazil. São Luís: 1863, p.
33;
José Tomás Nabuco de Araújo, discurso de 2/5/1853, BCCD, Anais, 1853, I, p. 138.
7 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 31/5/1856, AIHGB, CC, L30, D 177. Ver também SOUZA, J. R. de. Systema
Eleitoral, p. 28, 30, 37. Sobre a manipulação de
eleições favorecidas por uma lei similar na Itália, ver LYTTLETON, N. A. O.. El Patronazgo cri Ia Italia de Giolitti
(1892-1924). Revista de Occidente, n. 127, outubro
1973, p. 112.
9 Decreto, 1860, an. 1, par. 2; a história legislativa desta lei pode ser encontrada em BCCD. Reforma Eleitoral, p.
354-67.
11 Decreto, 1881, art. 17. Tentativas de proteger os direitos da minoria finalmente conduziram a um sistema de votação
proporcional no século XX; ver LOVE, Joseph
L..
São Paulo in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif.), 1980, p. 134.
12 JM para PP-SP, Caçapava. 30/12/1860, cópia anexa em PP-SP para MJ, São Paulo, 20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43;
FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis. As Finanças da
Regeneração:
estudo político offerecido aos mineiros.
13 PP-CE para delegados e subdelegados, circular, cópia anexa em PP-CE para MI, Fortaleza, 13/8/ 1860, AN,
SPE, IJJ 5-43; Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga,
7191 1872, cópia anexa em PP-SP para MI, 25/11/1872, ibidem, IJJ 5-30.
14 PP-RJ para MJ, Niterói, 2/1/1861, ibidem, IJJ 5-43. Ver também PP-BA para MI, Salvador, 6/8/1849, ibidem, IJJ
5-25.
16 Manuel Pinto de Souza Dantas para Rui Barbosa, Salvador, 5/6/1876. In: DANTAS, Manuel Pinto de Souza.
Correspondência. Rio de Janeiro, 1962, p. 20; MELLO,
Afonso d'Albuquerque. A Liberdade no Brasil: seu nascimento, vida, morte e sepultura. Recife, 1864, p. 90.
17 José Antônio de Figueiredo. In: BANDEIRA, Antônio Herculano de Souza (ed.), Reforma Eleitoral, Eleição
Directa: colleção de diversos artigos sobre a eleição
directa dos quaes são autores os seguintes senhores... Recife, 1862, p. 202.
18 Cotegipe para Henrique Pereira de Lucena, Rio, 17/1/1886, APEP, Col. Lucena, 603.
19 BUENO, J. A. P Direito Publico, p. 256; BRAZIL, Constituição Política do Império do Brasil, art. 101, par. 5, 6;
discurso de Maninho Campos, 24/9/1875,
apud MOREI-
20 Paulino José Soares de Sousa para Firmino Rodrigues Silva, s.l., 27/12/1852, apud MASCARENHAS, Nelson
Lage. Um Jornalista do Império (Firmino Rodrigues
Silva). São Paulo, 1961, p. 172; Manuel Pinto de Souza Dantas para Zacarias de Góes e Vasconcelos, s.l., 15111 [1866],
AMIP, I-ZGV 15.1.866 Dan.c.; TAUNAY, Afonso
d'Escragnolle. Prefacio. In: TAUNAY, Alfredo d'Escragnolle. Homens e Cousas do Imperio.São Paulo, 1924, p. vü; João
Lins Vieira Cansansão de Sinimbu para Aureliano
Cândido Tavares Bastos, 1874, apud PONTES. Carlos. Tavares Bastos (Aureliano Cândido), 1839-187. São Paulo,
1939, p. 347; MILET, Henrique Augusto. Auxílio a Lavoura
e Credito Real. Recife, 1876, p. vi.
21 O Abolicionismo Perante a História ou, O Dialogo das Tres Provindas. Rio de Janeiro, 1888, p. 61; BASTOS,
Aureliano Cândido Tavares. Os Males do Presente
e as Esperanças do Futuro ([e outros] estudos brasileiros), 3ª ed. São Paulo, 1976, p. 116.
22 SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 6; Pedro II, apud NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império.
Rio de Janeiro, 1975, p. 1.004; Pedro II para Cotegipe,
Rio, 23/1/1886. In: PEDRO II, Cartas do Imperador D. Pedro II ao barão de Cotegipe. São Paulo. 1933, p. 268; Pedro II,
comentário na margem em ALMEIDA, Tito Franco
de. O Conselheiro Francisco José Furtado. Biografia e estudo da história política contemporânea, 2ª ed. São Paulo.
1944, p. 100 (nota). Ver também PEDRO II. Conselhos à Regente. Rio de Janeiro, 1958, p. 33, 60; mas compare
p. 67.
24 PP-RS para PM, Porto Alegre, 9/12/1871, minuta, AN, SAP, Cx. 781, Pac 2; PP-PA (João Alfredo Correia de
Oliveira) para MM (Cotegipe), Belém, 9/3/1870,
AIHGB, CC, L50, D89; PP-MG (Pena) para M7 (Nabuco de Araújo), Ouro Preto, 2/11/1856, AIHGB, L365, P11.
25 PP-BA para MI, Salvador, 15/11/1867, AN, SPE, IJJ 90 343, fl. 175; PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860,
ibidem, 5-43; anexos em JM para PP-PI, Mamanguape,
7/9/1860, anexo em PP-PI para MI, s.l., 11/2/1861, ibidem, 5-43. A autoridade de um presidente para agir como nesse
último caso estava em seu direito de suspender
qualquer funcionário público por não cumprimento do dever, de qualquer tipo: LB, Lei de 3/10/ 1834, art. 5, par. 8.
26 Processos de Presidentes, Bahia, 1879, AN, Cód. 954, v. 19, fl. 87; Lei, 1846, art. 111, 118; CP-BA para
DelegadoAlagoinhas, Salvador, 10/12/1868, cópia,
APEB, Presidência, Polícia, Delegados, Registro, M.5802; PP-MG para MGuerra, Ouro Preto, 5/3/1888, AIHGB, CC,
L35, D172; MI para PP-CE, Rio, 22/10/1860, cópia, AN,
SPE, IJJ 5-3, fl. 29; LEVI, Darrel E.. The Prados of São Paulo Brazil: an elite family and social change, 1840-7930.
Athens (Ga.), 1987, p. 226 (nota 15). Quando
um presidente julgava a eleição de uma câmara municipal inválida, ele restituía a câmara anterior, e aguardava-se novas
eleições: Consulta do Conselho de Estado,
Seção Justiça, 28/6/1881, AN, SPE, Cx. 558, Pac. 3.
27 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 4/4/1876, AIHGB, CC; L31, D70; PP-MG para MGuerra, Ouro Preto,
5/3/1888. ibidem, L35, D172.
29 PP-RJ para JD, [Niterói], 6/12/1860, cópia anexa em PP RJ para MI, Niterói, 31/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43;
CASTRO, José Antônio de Magalhães. Refutação da
Página 186
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Exposição Circunstanciada que Fez o Doutor Justiano Baptista de Madureira... ao Presidente da Província da Bahia,
sobre as elleições do Collegio de Villa Nova da
Rainha. Rio de Janeiro, 1857, p. 6 (citado), 8; [PP-RGS], Relação dos Juizes Municipaes da Província e seus
Supplentes... Porto Alegre, [1872]; Domingos F. dos
Santos para PP-RS, s.l., 10/2/1872; outras notas não assinadas e não datadas, todas em AN, SAP, Cx. 781, Pac. 2. Sobre
a tentativa de um juiz de assegurar um acordo,
ver PP-CE para MJ, Fortaleza, 19/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43. As apelações respectivas à qualificação dos votantes iam
para as Relações após audiências nas Juntas
de
Apelações Municipais, formados pelo juiz municipal, por aquele vereador mais votado na Câmara Municipal e pelo
eleitor mais votado na paróquia central da comarca
(Lei,
1846, art. 33-38); JM para MI, Mariana (MG), 17/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-25. Após 1875, os juízes de direito receberam
mais poder porque decidiam sobre a exclusão
de
cidadãos das listas de qualificação dos votantes, antes que esses pudessem apelar para as Relações (Decreto, 1875), art.
1, par. 14, 17, 18); também ganharam a autoridade,
anteriormente exercida apenas por presidentes provinciais, para declarar nulas e inválidas eleições de juízes de paz e
vereadores (ibidem, art. 2, par. 30-32).
30 Guaí para Cotegipe, Salvador, 8/10/1884, AIHGB, CC, L38, D13; discurso de Olegário, 15/7/1880,
BCCD,Anais, 1880, 111, p. 290.
32 José Manuel de Freitas para João Lustosa da Cunha Paranaguá, São Luís, 24/1/1878, AMIP, I-DPP, 24.1.878,
Fre-cl.4; Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe,
Salvador, 24/6/1856, AIHGB, CC, L19, D17.
34 Discurso de Maninho Campos, 24/9/1875, BCCD, Anais, 1875, V, 209; José Antônio Saraiva para Franklin
Américo de Menezes Dória, Salvador, 2/1/1887, AIHGB,
L173, D I, fl. 6; Junqueira (MGuerra) para Cotegipe, Rio, 22/8/ 1872, AIHGB, CC, L31, 030.
35 PP-RJ para PM, Niterói, 19/11/1881, AIHGB, L270, 138. Ver também Junqueira para Cotegipe, Salvador,
6/1/1884, AIHGB, CC, L31, 094.
36 PP-SP, para MJ, São Paulo, 25/3/1861, AN, SPE, IJJ 5-43; Cotegipe para Junqueira, Salvador, 26/11/1874, cópia
de minuta, AIHGB, CC, L31, 060; Guaí para
Cotegipe, Salvador, 28112, 23/11/1885, AIHGB, CC, L38, 034, 026, respectivamente.
37 Decreto, 1855, art. 1, par. 20. Um passo em favor dessas incompatibilidades fora proposto em 1845 mas
malogrado: BCCD. Reforma Eleitoral, p. 153, 156.
O princípio
aplicava-se às Câmaras Municipais desde os tempos coloniais, e no século XIX havia uma extensa lista de cargos
julgados incompatíveis com a vereação: Lei de 1/10/1828,
art. 23 em Additamentos. In: ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.), Codigo Philippino; ou, Ordenações e Leis do
39 Decreto, 1860, art. 1, par. 13-14; Decreto, 1875, art. 3; Decreto, 1881, art. 11.
40 NABUCO, Joaquim. Eleições Liberais e Eleições Conservadoras. Rio de Janeiro, 1886, p. 55; SOUZA, M. R. de.
Systema Eleitoral, p. 37; discurso de Maninho Campos,
24/9/1875, BCCD, Anais, 1875, V, 213. Ver também LYRA, Augusto Tavares de. Esboço Historico do Regimen
Eleitoral do Brasil (1821-1921). Rio de Janeiro, 1992, p.
40; e CARVALHO, José M. de. Teatro de Sombras, p. 147-53.
41 Declaração de Jequitinhonha, 18/7/1868. In: BRAZIL, Conselho de Estado, Atas. Brasília, 1978, VIII, p. 52;
[CARVALHO, Antônio Alves de Souza]. O Imperialismo
e a Reforma, Anotado por um Constitucional do Maranhão. São Luís, 1866, p. 41; Tomás Pompeu de Sousa Brasil para
José Antônio Saraiva, Fortaleza, [fins de 1880 ou
início de 1881], AIHGB, L270, D6.
42 José Antônio Saraiva para José Tomás Nabuco de Araújo. 24/12/1868, apud NABUCO, J.. Um Estadista do
Império, p. 675; JP para PP-SP, Caçapava, 1/1/1861,
cópia anexa
em PP-SP para MJ, 20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43; WERNECK, L. P. de L.. Le Brésil, p. 78; CARVALHO, A. A. de S..
O Brasil em 1870, p. 23. Ver também D
Brasil, 18/12/1848, apud FLORY, T.. Judge, p. 226, n. 40.
43 Subdelegado para PP-BA, Bom Conselho [da Amargosa] (termo de Geremoabo), 7, 13/8/1863, APEB,
Presidência, Polícia, Subdelegados, M.3005 [2005]; PP-CE para
44 Amaro Ferreira de Camargo para PP-RS, Passo Fundo, 11/5/1872, AN, Cx. 781, Pac. 2, Doc. 11.
45 Junqueira para Cotegipe, Salvador e Rio, 2/8/1868, 6171 1872, AIHGB, CC, L31, D7, D21. Os presidentes
tinham o direito de suspender os oficiais da Guarda
Nacional e nomear substituições, aguardando aprovação do ministro da Justiça; nesse meio tempo, eleições cruciais
podiam realizar-se; PP-PA para MI, Belém, 24/1/1861,
AN, SPE, IJJ 5-43; CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 40. Sobre uma proposta para que um presidente
demitisse numerosos oficiais, ver Comandante Superior
da GN para PP-RS, Cruz Alta, 7/4/1863, apud URICOECHEA, Fernando. O Minotauro Imperial: a burocratização do
estado patrimonial no século XIX. São Paulo, 1978, p.
246.
46 PP-RS para PM, Porto Alegre, 9/12/1871, minuta, AN, SAP, Cx. 781, Pac. 2; HGCB, 6, p. 251; José Mariano
Carneiro da Cunha para Afonso Pena (MGuerra), Rio.
6/4/1882, AN, SAP, Documentos de Afonso Pena, L5, 1.2.314, L:C. Para outro exemplo de um oficial conseguir que
seus subordinados votassem de determinada maneira,
ver PP-ES para PM, Vitória, 15/7/1863, AIHGB, L207, D 120.
47 HGCB, 5, p. 80; CHAGAS, Paulo Pinheiro. Teófilo Otoni, Ministro do Povo, 2ª ed. rev. Rio de Janeiro, 1956, p.
465-74; MJ para CP-Corte, Rio, 5/9/1860,
minuta, e notas respectivas à eleição de 1860, AN, SPE, IJJ 5-43. Otoni também venceu em Minas Gerais.
49 Acta da Mesa Eleitoral da Villa do Príncipe e Santa Arma de Caeteté, 15/1/1858, ibidem, 5-25; Presidente da
Mesa Eleitoral da Paróquia da Cidade para PP-BA,
Barra do Rio Grande, 21/12/1887, ibidem, 9-355. v. I, fl. 53.
50 Lei, 1846, art. 108; LB, Decreto 8.213, 13/8/1881, art. 240; SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 6.
51 SOUZA, Paulino José Soares de, visconde do Uruguai. Estudos Práticos sobre a Administração das Províncias
do Brasil... Primeira parte: Acto Addicional.
Rio de Janeiro, 1865, II, p. 179; JD para PP-PA, Macapá, 22/10/1860,
cópia anexa em PP-PA para MJ, Belém, 26/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43. Ver também PP-RS para MJ, Porto Alegre,
13/4/1860, ibidem.
52 Lei, 1846, art. 108; JD para PP-SP, Bananal, 13/9/1860, anexo em PP-SP para MJ, São Paulo, 25/9/1860, AN,
SPE, IJJ 5-43.
53 CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 14. Sobre como a guerra abriu o caminho para uma pressão
eleitoral cada vez maior, ver JP para MI, Campanha
(MG), 28/2/ 1867, AN, SPE, IJJ 5-34; e Junqueira para Cotegipe, Salvador, 29/7/1868, AIHGB, CC, L31, D6.
54 CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 44; PP ES para MJ, Vitória, 22/6/1861, AN, SPE, IJJ 5-43.
55 Comandante Superior da 9ª Legião para PP-RJ, Resende. 4/5/1849, apud URICOECHEA, F.. O Minotauro
Imperial,
56 FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis. Reforma Administrativa e Municipal: parecer e projectos. Rio de
Janeiro, 1883, p. 72-73. Discutindo o papel eleitoral
da Guarda Nacional, URICOECHEA, F.. O Minotauro Imperial, não distingue suficientemente entre o emprego da força
e a maneira como o governo usava os cargos (altamente
valiosos pela posição social que conferiam) para recompensar a lealdade eleitoral; isso leva-o contraditória mas
corretamente a dizer que a lei de 1873 ao mesmo
tempo diminuía e aumentava a importância da Guarda nas eleições: p. 244-45.
57 Guaí para Cotegipe, s.l., sal., AIHGB, CC, L37, D106; Guaí para Cotegipe, Salvador, 25/9/1884, ibidem, L38,
D9; José de Araújo Costa para José Lustosa
da Cunha Paranaguá, Teresina, 21/3/1872, AMIP, I-DPP, 21.3.872, Cos-c1.2; Dantas para Cotegipe, Salvador,
31/1/1857, AIHGB, CC, L19, D36.
58 Guaí para Cotegipe, Salvador, 6/9/1877, 19/12/1882, AIHGB, CC, L37, D144, D165; Junqueira para Cotegipe,
Rio, 16, 20/12/1885, ibidem, L31, 13110,
DI11. É
instrutivo contrastar a experiência brasileira com a dos EUA, onde os pretendentes a cargos também formavam o que
Thomas Jefferson chamava de "uma tribo numerosa
e ruidosa"; mas Jefferson fez um acordo com seus oponentes, concordando em não demitir os nomeados por eles, se ele
fosse eleito: HOFSTADTER, R.. The Idea of
a Party System, p. 127, 133-34, 154 (ver também p. 126 e 163).
60 Cotegipe (PM) para Henrique Pereira de Lucena (PP-RS), Rio, 3112, 20/11/1885, APEP, Col. Lucena, 564, 562;
Junqueira para Cotegipe, Cachoeira, 2/11/1855,
AIHGB, CC, L30, D 172.
61 Pedro II para Luís Alves de Lima e Silva, marquês de Caxias, 1856, apud VIANA, H.. D. Pedro I e D. Pedro II,
p. 145. Ver também LYRA, Heitor. História
de Dom Pedro II, 1825-7891; 2ª ed, rev. Belo Horizonte, 1977. II, p. 269.
62 O Programa do Partido Progressista. In: BRASILIENSE [de Almeida Mello], Américo (ed.), Programas dos
Partidos, p. 16-17; PM (Alves Branco) para PPs, circular,
1847, apud HGCB, 7, p. 82; discurso de Pacheco, 18/4/ 1861, BCCD, Anais, 1861, I, p. 20.
63 Lourenço de Albuquerque para Luís Felipe de Souza Leão, Engenho Velho, 1/3/1885, AIHGB, L456, D48;
Junqueira para Cotegipe, Salvador, 11/10/1884, AIHGB,
CC, L31, D99.
64 José Antônio Saraiva para José Tomás Nabuco de Araújo, 24/12/1868, apud NABUCO, J.. Um Estadista do
Império, p. 676. Pedro II disse à sua filha que ele
também desejava eleições livres, mas achava-as improváveis: PEDRO II, Conselhos à D. Isabel (1871). In: VIANA, H..
D. Pedro I e D. Pedro II, p. 241.
Capítulo 4
1 LB, Decreto, 7/3/1821, Decisão 57 (Reino), 19/6/1822, cap. 2, art. 6 (traduzido do inglês). As eleições para
vereadores, claro, eram conhecidas há muito
tempo:
ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.), Codigo PhiIippino; ou, Ordenações e Leis do Reino de Portugal. Rio de Janeiro,
1870. Liv. I, Tit. 67. Sobre a tentativa de Bonifácio
para
evitar eleições diretas, ver COSTA, Emília Viotti da. The Political Emancipation of Brazil. In: RUSSELL-WOOD, A. J.
R. (ed.), From Colony to Nation: essays on the
Independence of Brazil. Baltimore, 1975, p. 82.
2 Projecto de Constituição, art. 122-37. In: BRAZIL, Assembléia Geral Constituinte e Legislativa. Diário (1823;
fac-símile, Brasília, 1973), II, 694-95; BRAZIL,
Constituição Política do Império do Brasil, art. 90-97; LB, Decreto, 7/3/1821, Decreto 3/6/1822, Decisão 57 (Reino),
19/6/1822, Decreto 26/3/1824, Decreto 157, 4/5/1842;
RODRIGUES, José Honório. Conciliação e Reforma no Brasil. Um desafio histórico-político. Rio de Janeiro, 1965, p.
135-38. Antes de 1842, nas poucas paróquias que
tinham um juiz de fora residente, ele ocupava a função de presidente da assembléia eleitoral em vez da de vereador.
3 Lei, 1846. Uma história legislativa dessa lei encontra-se resumida em BCCD. Reforma Eleitoral: projectos offe-
4 Lei, 1846, art. 40, 92; BRAZIL, Acto Addicional [à Constituição política do Império do Brasil], art. 4; Decreto,
1855, art. 1; Decreto, 1860, art. 1; Decreto,
1875, art. 1. Quando um deputado ingressava no Gabinete, ele tinha de submeter-se à reeleição: BRAZIL, Constituição,
art. 29, 30. Antes de 1860, os suplentes de
deputados eram simplesmente aqueles que se situavam abaixo na lista na ordem dos votos recebidos: Lei, 1846, art. 89.
Ver também SOUZA, Paulino José Soares de, visconde
do Uruguai. Estudos Praticos sobre a Administração das Provincias do Brasil... Primeira parte: Acto Addicional. Rio de
Janeiro, 1865, I. 76-85. A atenção cuidadosa
Página 190
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
ao cronograma eleitoral se reflete em Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama, visconde de Baependi, para
não-identificado, Sta. Rosa, 27/1/1857, AN, SAP, Cód. 112,
v. 8, 2ª parte, fl. 28. Claro que, por negligência ou interesse, às vezes passavam-se anos sem que se elaborasse uma nova
lista: MI para PP-PE, Rio, 22/10/1860,
cópia, AN, SPE, IJJ 5-3, fl. 34. Começando em 1875, o processo de elaboração da lista de votantes qualificados era
requerido apenas de dois em dois anos.
6 Ibidem, art. 92, par. 5. A lei eleitoral acrescentou gratuitamente a frase "em prata" (Lei, 1846, art. 18), e o governo
então declarou que isso tinha de
equivaler a 200 mil-réis em dinheiro, quantia mantida até o final do Império: LB, Decreto 484, 25/11/1846.
8 Justiniano José da Rocha, apud FLORY, T.. Judge and Jury in Imperial Brazil, 1808-1871: social control and
political stability in the New State. Austin
(Tex), 1981, p. 118 (ver também p. 141); discurso de Martinho Campos, 24/9/1875, BCCD, Anais, 1875, V, 208;
discurso de Saraiva, 4/6/1880, BCCD, Anais, 1880, II,
35. Um defensor posterior do Império também dizia que a lei de 1846 realmente implicava "sufrágio universal":
[SOUZA, João Cardoso de Meneses e], barão de Paranapiacaba.
Elleições. In: FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto, et al.. A Década Republicana. Rio de
Janeiro, 1900, 111, 252.
9 LAERNE, C. F. van Delden. Brazil and Java: repor( on coffee-culture in America, Asia and Africa to H. E. the
Minister of the Colonies. Londres, 1885, p.
304. Cozinheiras podiam ganhar 300 mil-réis anualmente em 1877, e uma ama-de-leite, se amamentando, até 600, no
início de 1881: GRAHAM, Sandra Lauderdale. House
and Street: the domestic world of servants and rnasters in nineteenthcentury Rio de Janeiro. Cambridge, Ingl., 1988, p.
14; ver
10 Pedro Autran da Matta Albuquerque. In: BANDEIRA, Antônio Herculano de Souza (ed.), Reforma Eleitoral,
Eleição Directa: colleção de diversos artigos sobre
a eleição directa dos quaes são autores os seguintes senhores... Recife, 1862, p. 243; ALENCAR, J. de. Systema
Representativo, p. 92.
11 BRAZIL, Constituição, art. 92 (itálicos meus); LB, Decisão, n° 57 (Reino), 19/6/1822, cap. I, par. 8 (traduzido
do inglês); Projecto de Constituição, art.
124, par. 7. In: BRAZIL, Assembléia Geral Constituinte e Legislativa. Diário, p. 694.
Página 191
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
12 Explicitou-se a definição em Decreto, 1881, art. 3, par. 3. Sobre uma opinião similar de emprego público em outros
lugares, ver HOFSTADTER, Richard. The Idea
of
a Party System: the rise of legitimate opposition in the United States, 1780-1840. Berkeley (Calif.), 1969, p. 157.
13 José Antônio Saraiva, apud HGCB, n° 7, p. 242; BUENO, J. A. P.. Direito Publico, p. 194; SOUZA, F. B. S. de.
O Sistema Eleitoral, p. 26; BASTOS, Aureliano
Cândido Tavares. Os Males do Presente e as Esperanças do Futuro ((e outros) estudos brasileiros), 3ª ed. São Paulo,
1976, p. 143; Recurso de Qualificação, 1860,
Francisco Antônio Feiteiro recorrente, Conselho Municipal de Recurso da
14 WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda. Idéias sobre Colonização, Precedidas de uma Sucinta Exposição dos
Princípios que Regem a População. Rio de Janeiro, 1855,
p. 38; Francisco Freire Alemão, anotação de diário em 19/11/1859. In: DAMASCENO, Darcy e CUNHA. Waldyr da
(ed.), Os Manuscritos do Botânico Freire Alemão. Rio de
Janeiro, Biblioteca Nacional, Anais, v. 81 (1961), p. 293; José Pereira da Câmara para Peregrino José de América
Pinheiro, Ubá (RJ), 7/7/1863, AN, SAP, Cód. 112,
v. 8, Doc. 4; declaração de Antônio Borges Rodrigues e Antônio Lourenço Torres, discurso de Manoel Furtado da Silva
Leite, discurso de Júlio César de Morais Carneiro,
todos no Congresso Agrícola. Coleção de documentos. Rio de Janeiro, 1878, p. 32, 47, 147; ver também STEIN, S. J..
Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900.
Cambridge (Mass.), 1957, p. 57 (nota).
15 Lei, 1846, art. 2, 8-14; Decreto, 1855, art. 1, LB, Decreto 1.812, 23/8/1856, art. I-17; MELLO, Afonso
d'Albuquerque. A Liberdade no Brasil: seu nascimento, vida,
morte e sepultura. Recife, 1864, p. 111.
16 [Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama], visconde de Baependi, para João Vieira Machado da Cunha, Sta. Rosa,
8/1/1858, AN, SAP, Cód. 112, v. 8, Doc. 32.
17 Lei, 1846, art. 19, 25, 26; Recurso de Qualificação, 1860, Francisco Antônio Feiteiro recorrente, Conselho
Municipal de Recurso da Vila de Caçapava [RGS]
recorrido, AN, SPJ, Apelação, n. 1.242, Cx. 11.880 [antiga Cx. 32, Gal. C]; SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p.
26. Nunca encontrei uma instância em que
as acusações de perjúrio nesse assunto foram levadas a julgamento.
19 BRAZIL, Ministerio do Imperio. Relatorio, 1870, Anexo C; BRAZIL, Directoria Geral de Estatistica.
Recenseamento da População do Imperio do Brazil a que
se Procedeu no dia 1 ° de agosto de 1872. Rio de Janeiro, 1873-76.
20 Em relação aos de 25 anos e mais, a proporção dos qualificados seria ainda mais alta, porém como alguns
votantes de 21 anos podiam legalmente votar, e
visto que os dados do censo permitem cálculos somente para o grupo de 26 anos e mais, e como quero usar a menor
base possível para o meu argumento de ampla participação
eleitoral, decidi usar a idade mais baixa.
21 As atas das mesas eleitorais que examinei mostram que a maioria dos votantes qualificados tinha votado. Como
os manuscritos de recenseamentos muitas vezes
mostram um grande número de mulheres chefes de família no Brasil, muitas famílias inteiras não eram representadas:
RAMOS, Donald. Marriage and the Family in Colonial
Vila Rica. Hispanic American Historical Review, 55:2, maio de 1975, p. 218-23; KUZNESOF, Elizabeth. The Role of
the Female-Headed Household in Brazilian Modernization,
Página 192
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
1765-1836. Journal of Social History, 114, verão de 1980, p. 589-613.
22 A população total do Brasil de todas as idades e ambos os sexos, escrava e livre, era de 9.930.478 em 1872;
portanto, mais de 10% eram qualificados. Durante
a República, depois de 1889, sabemos que a participação dos eleitores permanecia inferior a 6% da população: LOVE,
Joseph L.. Political Participation in Brazil,
1881-1969. Luso-Brazilian Review, 7:2, dezembro 1970, p. 3-24; TOPIK, Steven. The Political Economy of the
Brazilian
23 SODRÉ, Nelson Werneck. História da Burguesia Brasileira. Rio de Janeiro, 1964, p. 102-3. A confusão
continuou, a despeito dos dados apresentados por CARVALHO,
José Murilo de. Teatro de Sombras: a política imperial. São Paulo, 1988, p. 140-43.
24 Ver, por exemplo, Recurso de Qualificação, 1860, Francisco Antônio Feiteiro recorrente, Conselho Municipal de
Recurso da Villa de Caçapava [RGS] recorrido,
AN, SPJ, Apelação, n° 1.242, Cx. 11.880 [antiga Cx. 32, Gal. C]. A lista de votantes registrados usada por MOTT, Luís
R. B.. Sergipe del Rey: população, economia
e sociedade. Maceió, 1986, p. 60, inclui raça, com o seguinte desmembramento:
25 Acta da Mesa Parochial, Freguesia de S. Sebastião dos Aflitos, Ubá, 7/9/1860, cópia anexa em PP-MG para MI,
Ouro Preto, 19/10/1860, AN, SPE, IJJ 9-482;
Ata da Mesa Eleitoral da Vila Nova do Príncipe e Santana de Caeteté, 10/1/1858, ibidem, 5-25. Para um exemplo
envolvendo a propriedade rural do presidente de uma
mesa eleitoral, ver
26 REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Rio de Janeiro, 1944, p. 124 (vale lembrar,
Rezende está falando especificamente da eleição
de 1840, mas ele a contrasta com os negócios tranqüilos e fechados que começaram só em 1881; deste modo, podemos
entender que ele está descrevendo todo o intervalo);
Acta de Recolhimento, numeração das listas, apuração dos votos, e reunião de Eleitores desta freguezia, N. Sra. do
Livramento das Minas do Rio das Contas, 26/2/1823,
AN, SPE, IJJ 5-26; Lei, 1846, art. 4, 8, 20, 21, 42 (ver também Decreto, 1860, art. 6; e Decreto, 1875, art. 2, par. 10);
Mesa Paroquial de Vitória para PP-BA, Vitória,
19/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-25; Acta da Mesa Parochial de Pirassinunga, 18/8/1872, cópia anexa em PP-SP para MI, São
Paulo, 15/2/1873, AN, SPE, IJJ 5-30; Acta da Mesa
Parochial, Freguesia de S. Sebastião dos Aflitos, Ubá, 7/9/1860, cópia anexa em PP-MG para MI, Ouro Preto,
19/10/1860, AN, SPE, IJJ 9-482. Um edital convocando os
votantes, datado de Santa Teresa (Valença), 7/8/1860, encontra-se em AN, SAP, Cód. 112, v. 8, Doc. 13.
27 Delegado para PP-PA, Breves, 27/7/1860, cópia anexa em PP-PA para MJ, Belém, 1/8/1860, AN, SPE, IJJ 5-43;
PP-CE, circular, para delegados e subdelegados
Página 193
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
da província, anexo em PP-CE para MI, 13/8/1860, ibidem, 5-43.
28 SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 34; REZENDE, F. de P. F. de. Minhas Recordações, p. 126;
Delegado para PP-CE, Sobral, 12/12/1860, cópia anexa
em PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43.
30 Lei, 1846, art. 18; LB, Decreto 6.097, 12/1/1876, art. 27. Vale comparar esses propósitos com os da Virgínia do
século XVIII: ISAAC, Rhys. The Transformation
of Virginia, 1740-1790. Chapel Hill (N. C.), 1982, p. 110-14. Sobre eleições na Virgínia do século XIX, ver JORDAN,
Daniel P_ Political Leadership in Jefferson's
Virginia. Charlottesville (Va.), 1983, p. 103-56.
32 Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa in PP-SP para MI, 25/11/1872, AN, SPE, IJJ
5-30:
JD-Muriaé para PP-MG, Ubá, 12/10/1860, anexo em PP
MG para MI, Ouro Preto, 19/10/1860, ibidem, 9-482; Ml
para PP-SE, Rio, 4/1/1858, cópia, ibidem, 5-8, fl. IV; Lei,
1846, art. 48, 49; LB, Aviso 298 (Imperio), 11/9/1856;
Alencar, J. de. Systema Representativo, p. 118.
33 Lei, 1846, art. 51; Acta da Mesa Eleitoral de São Brás do Porto de Moz, 1/11/1824, AN, SPE, IJJ 5-18.
34 Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em PP-SP para MI, 25/11/1872, ibidem, 5-30;
Acta da Mesa Eleitoral de Nazareth da Vigia
(Pará), 2/11/1824,
ibidem, 5-18; [Acta da Mesa Eleitoral da Freguezia de Inhaúma, MN], 9/11/[1852], AGCRJ, 61-4-14, fl. 133;
Lei, 1846, art. 54, 56, 115. Sobre o sorteio em um Colégio Eleitoral, ver Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama,
conde de Baependi, para Jerônimo José Teixeira Júnior, Sta. Rosa [Valença], 26/12/1860, AN, SAP, Col.
Teixeira
Júnior, AP23, Correspondência Passiva, Doc. 99.
35 Um conjunto de atas típicas e de rotina, de um Colégio Eleitoral, é a Acta da Reunião do Colegio Eleitoral da
36 De 1855 a 1875, quando as províncias incluíam vários círculos, a Câmara Municipal que encabeçava cada
círculo cumpria essa função.
37 Lei, 1846, art. 85-89. Para exemplos do trabalho das Câmaras, ver Atas de Apuração de Eleições, Arquivo
Municipal de Salvador, 12.1. Elas desempenhavam
um
papel similar na eleição de deputados provinciais: VARO, Nancy. The 1848 Praieira Revolt in Brazil. Tese de
doutoramento, Univ. de Chicago, 1981, p. 183.
38 Acta da Mesa Parochial na freguesia de S. Sebastião dos Aflitos, Ubá, 7/9/1860, cópia anexa em PP-MG para
MI, Guro Preto, 19/10/1860, AN, SPE, IJJ 9-482;
Acta da Mesa Eleitoral de Vila Nova do Príncipe e Santana de Caeteté, 10/1/1858, ibidem, 5-25; Actas da Mesa
Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em
Página 194
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
PP-SP para MI, 25/11/1872, ibidem, 5-30; Mesa Parochial de Victoria para PP-BA, Vitória, 1919/1860, ibidem, 5-25;
[Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama], visconde
de Baependi, para João Vieira Machado da Cunha, Rio, 6/6/ 1856, AN, SAP, Cód. 112, v. 8, Doc. 69; PP-BA para MI,
29/5/1867, AN, SPE, IJJ 9-343 e anexos, especialmente
fl. 63v. Ver também o inquérito sobre a legalidade de uma eleição que fora realizada numa capela, porque a igreja da
paróquia ainda não estava terminada: Domingos
Cardoso N. para Padre Manoel José Alvim, Paripe, 25/9/1852, e resposta, APEB, Presidência, Religião, Vigários,
M.5215. Sobre o uso de uma catedral, ver Acta da Mesa
Eleitoral de Santa Maria do Belém do Grão Pará, 2/11/1824, AN, SPE, IJJ 5-18.
40 Parecer da 1ª Commissão de Verificação de Poderes, 17/4/1861, BCCD, Anais, 1861, I, 14; ver também LB,
Aviso 168, 28/6/1849, art. 15.
41 Lei, 1846, art. 42-44. Sobre a construção da balaustrada, ver Joaquim Pinheiro de Campos para Presidente da
Câmara Municipal, Rio, 14/10/1847, AGCRJ, 61-4-34.
A lei
indicava que todos os outros sentariam na igreja "sem precedência", indicando ao mesmo tempo a tentativa de
democracia e a contrastante ordem normal das coisas:
Lei,
1846, art. 42.
42 PP-RN para MJ, Natal, 24/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-43; Lei, 1846, art. 15, 21, 24, 36, 43, 67; Decreto, 1881, art.
29, par. 8. Uma lista de votantes qualificados
foi devolvida pelo presidente provincial porque não tinha sido rubricada em cada página: comentário na margem, SP
para PP-BA, Sta. Ana do Catu, 8/6/1855, APEB, Presidência,
Eleições, M.2794. Os 21 % alfabetizados foram calculados segundo BRAZIL, Directoria Geral de Estatistica.
Recenseamento... 1872, e refere-se à população livre com
mais de seis anos de idade.
43 Ver, por exemplo, Comandante do Quartel do Comando do Corpo Policial em Porto Alegre para PP-RGS,
201121
44 Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em PP-SP para MI, 25/11/1872, AN, SPE, IJJ
5-30; Acta da Mesa Eleitoral de Nazareth da Vigia, Pará, 2/11/1824, ibidem, 5-18; Votantes do 3º districto da Villa
de Victoria para o Juiz de Paz, 12/9/1860, anexo em Mesa Parochial de Victoria para PP-BA, Vitória, 14/9/1860,
ibidem, 5-25; Lei, 1846, art. 22, 43, 51, 54, 70, 73, 100.
Decreto, 1855, art. 1, retirou a exigência de que os eleitores assinassem suas cédulas; por outro lado, a lei de
1875, que requeria títulos para os votantes, exigia que eles fossem assinados, e que essa assinatura fosse repetida no
ato de votar, mas também reconhecia o direito dos analfabetos de fiarem-se em declarações juramentadas de
outros: Decreto, 1875, art. 1, par. 20.
45 MI para VPP-ES, 14/6/1858, cópia, AN, SPE, IJJ 5-8, fl. 6. Ver também Manoel Caetano Ribeiro, Justificação, sal.,
anexo em PP-MG para MI, Ouro Preto, 19/10/1860,
ibidem, 9-482; e JD-Muriaé para PP-MG, Ubá, 12/10/1860, anexo em ibidem.
Página 195
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
46 [Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama], visconde de Baependi, para João Vieira Machado da Cunha, Sta.
Rosa, 28/10/1856, AN, SAP, Cód. 112, v. 8, Doc.
26; PP-SE para MI, Sergipe, 10/12/1851, AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2; PP-RJ para MJ, s.l., 17/9/1860, AN, SPE, IJJ, 5-43.
47 Lei, 1846, art. 57-59, 79; JP-Freguesia de S. José para Presidente da Câmara Municipal, Rio, 23/1/1849,
AGCRJ, 61-4-14, fl. 108. Em lugares mais prósperos,
as atas, em vez de serem copiadas à mão, eram impressas em um tipo parecido com caligrafia: Copia Authentica da Acta
da
48 LB, Decreto, 14/6/1831, art. 2 (traduzido do inglês); [Brás Carneiro Nogueira da Costa e Gama], visconde de
Baependi, para não-identificado, Sta. Rosa,
27/1/1857, AN, SAP, Cód. 112, v. 8, 2ª parte, fl. 28; Vigário para PPBA, Canavieiras, 18/1/1858, APEB, Presidência,
Religião, Vigários, M.5215. As atas de pelo menos
um Colégio Eleitoral eram guardadas por "mim, vigário, secretário": Actas da Mesa do Colegio Eleitoral do 2º Districto,
Salvador, 1/12/1858, AN, SPE, IJJ 5-25. Antes
de 1846, o pároco era por definição um membro da junta eleitoral.
49 Comandante Superior de [?] para PP-RJ, s.l., 1/2/1845, apud URICOECHEA, Fernando. O Minotauro imperial.
a burocratização do Estado patrimonial brasileiro
no século XIX. São Paulo, 1978, p. 200 (ver também p. 292); Uniformes dos Officiaes aos Commandos Superiores da
Guarda Nacional do Império, AN, S AP, Cód. 112, v.
7, fl. 1.
50 JP para MI, Rio, 31/12/1860, anexo em Acta da Mesa Parochial da Freguezia de Sant'Anna,
30/12/1860-20/1/1861, AGCRJ, 63-3-32; [CARVALHO, Antônio Alves
de Souza], O imperialismo e a Reforma, Anotado por um Constitucional do Maranhão. Maranhão [São Luís?], 1866, p.
42; REZENDE, F. de P. F. de. Minhas Recordações,
p. 126. Sobre os sapatos como "a marca de liberdade", ver GRAHAM, Maria Dundas (Lady Maria Calcou). Journal of a
Voyage to Brazil and Residente There during Part
of the Years 1821, 1822, 1823 (1824). (Nova York, 1969), p. 108.
51 Vigário para PP-BA, Canavieiras, 18/1/1858, APEB, Presidência, Religião, Vigários, M.5215; Acta da Mesa
Parochial, Freguesia de S. Sebastião dos Aflitos,
Ubá,
52 Procurador da Câmara Municipal para Presidente da Câmara Municipal, Rio, 1/6/1847, AGCRJ, 61-4-34, fl. 15; Acta
da Mesa Parochial de Pirassinunga, 18/8/1872,
cópia
anexa em PP-SP para MI, São Paulo, 15/2/1873, AN, SPE, IJJ 5-30; Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872,
cópia anexa em PP-SP para MI, São Paulo, 25/11/1872,
AN, SPE, IJJ 5-30; JM apud Mesa Parochial de Victoria para PP-BA, Vitória, 14/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-25. Sobre o
tamanho e construção da caixa-forte, ver Acta da
Mesa Eleitoral de Villa Nova do Principe e Sant'Anna de Caeteté, 15/1/1858, AN, SPE, IJJ 5-25; e notas na margem,
datadas de 19/2/1847 em Procurador da Câmara para
Presidente da Câmara, Rio, 9/2/1847, AGCRJ, 61-4-34, fl. 14.
53 Lei, 1846, art. 126, par. 7; Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em PP-SP para MI,
São Paulo, 25/11/1872, AN, SPE, IJJ 5-30. Eleitores que não apareciam para a organização da mesa eleitoral, contudo,
podiam ser multados como ato de vingança
política: Padre paroquial para PP-BA, Canavieiras, 18/11/1858, APEB, Presidência, Religião, Vigários, M. 5215.
Página 196
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
54 Acta da Mesa Eleitoral de Santa Maria de Belém do Grão Pará, 2/11/1824, AN, SPE, IJJ 5-18; Acta da Mesa
Parochial, Freguesia de S. Sebastião dos Aflitos,
Ubá, 9/9/1860, cópia anexa em PP-MG para MI, Ouro Preto, 19/10/1860, ibidem, 9-482; Acta da Mesa do Colegio
Eleitoral do 2º Districto, Salvador, 11/2/1858, ibidem,
5-25; LB, Aviso 168, 28/6/1849, art. 22; Lei, 1846, art. 59 e 78. Como a maior parte da população brasileira morava fora
das grandes cidades, concentrei minha atenção
nas eleições rurais. É claro que nas capitais realizavam-se outros teatros para reforçar a hierarquia. Quando a Câmara
1 José Tomás Nabuco de Araújo para Paes Barreto, 1855, apud NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império, [3ª
ed]. Rio de Janeiro, 1975, p. 289.
2 Mais tarde, em seu desejo de criticar a Primeira República, alguns comentaristas tenderam a ignorar esse fato.
ROMERO, Sílvio. A Bancarrota do Regime Federativo
no Brasil: ação dissolvente das oligarchias, ação indispensavel do exército. Porto, 1912, p. 14, chega ao ponto de
afirmar que o Império, exercendo o controle centralizado
através dos presidentes e juízes, "deu por terra com o caudilhismo e impossibilitou a formação de oligarquias". VIANA,
Francisco José de Oliveira. Instituições Políticas
Brasileiras. Rio de Janeiro, 1949, I, 286, revela uma melhor compreensão das origens do coronelismo do século XIX.
Sobre as práticas do século XX que reproduzem
as que descrevo aqui, ver LEAL, Victor Nunes. Coronelismo: the municipality and representative government in Brazil.
Cambridge, Ingl., 1977, p. 19. A política dos
governadores sob a Primeira República, isto é, a tendência dos presidentes da República a aceitarem como legítima
qualquer facção local ou estadual que se mostrasse
mais forte, era também prefigurada no Império.
4 STEIN, S. J.. Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900. Cambridge (Mass.), 1957, p. 16-20, 120, 159;
SWEIGART, Joseph E.. Coffee Factorage and the Emergence
of a Brazilian Capital Market, 1850-1888. Nova York, 1987, p. 86.
5 Acta da Eleição de Eleitores, Freguesia de N. Sra. da Conceição de Pati do Alferes, 9/9/1842, AN, SAP, Cód. 112,
v. 4, Doc. 110. Lacerda Werneck tornou-se
deputado provincial no ano seguinte: Actas da Camara de Nictheroy para a apuração de 36 deputados á Assembléa
Provincial, 22/12/1843, ibidem.
6 Almanak (Laemmert) Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro e indicador... Obra estatística e de
consulta. Rio de Janeiro, 1855, Suplemento,
p. 135-41. Para um exemplo mais antigo do monopólio dos cargos oficiais dessas famílias, ver FLORY, T.. Judge and
Jury in Imperial Brazil, 1808-1871: social controle
political stability in the New State. Austin (Tex.), 1981, p. 95. Laureano Correia de Castro, barão de Campo Belo,
proprietário da Fazenda do Secretário, com sua
mansão imponente, foi o primeiro comandante da Guarda Nacional em Vassouras: LAMEGO, Alberto Ribeiro. A
Aristocracia Rural do Café na Província Fluminense. Anuário
do Museu Imperial, 7, 1946, p. 88, 90.
7 DANTAS, Luís Ascendino. Esboço Biographico do dr. Joaquim José de Souza Breves. Origem das fazendas S.
Página 197
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Joaquim da Gramma e Sto. Antônio da Olaria. Subsidios para
a historia do municipio de S. João Marcos. Rio de Janeiro, 1931, p. 17-18; declaração de José [Joaquim] de Souza
Breves, 27/2/1856, APERJ, Livros Paroquiais de Registros
de Terras, n. 66, Arrozal, não-paginados, soltos,
8 Os dados sobre a produção foram extraídos dos números em SOARES, Sebastião Ferreira. Historico da Companhia
Industrial da Estrada de Mangaratiba e Analyse Critica
e Economica dos Negocios desta Companhia. Rio de Janeiro, 1861, p. 232-50.
9 FLORY, T_ Judge, p. 100; STEIN, S. J.. Vassouras, p. 208-9; Henry John Temple, visconde Palmerston, para José
Marques Lisboa, Londres, 30/9/1851, AHI, 216/2115;
TAUNAY, Afonso d'E.. História do Café, VI, 259. O biógrafo de Breves negou depois que o fazendeiro maltratasse seus
escravos: ao contrário, ele "não poupava esforços
através de conselhos, sacrifício e ajuda" para transformar os libertos de suas fazendas em "trabalhadores honestos".
DANTAS, L. A.. Esboço Biographico, p. 19, 20
(traduzido do inglês).
10 ACMR1, Visitas Pastorais, Livro 35, 1855, fl. 3; Ata de 1/8/1887. In: BRASIL, Conselho de Estado. Atas
(Brasília, 1978), VI, 363-83; DANTAS, L. A.. Esboço
Biographico, p. 6, 19. Ver também TAUNAY, Afonso. História do Café, VI, 259, 272-73.
11 FLORY, T.. Judge, p. 100, 125-26, 232 (nota 74); Leão, apud ibidem, p. 189 (e ver p. 243 nota 24); Pároco, apud
Câmara Municipal para PP-RJ, Piraí, 20/10/1844,
APERJ, Col. 37, PP 215.22; Protesto de Antônio Perier Barreto [ilegível] para a Câmara Apuradora, s.l., sal. [recebido a
19/12/1849], AGCRJ, 61-4-12, fl. 46-49v;
Breves para José Tomás Nabuco de Araújo, Fazenda São Joaquim da Gramma, 7/2/1859, apud BARMAN, Roderick J..
Brazil
12 EISENBERG, Peter L.. The Sugar Industry in Pernambuco: modernization without change, 1840-1910. Berkeley
(Calif.), 1974, p. 131-34. Sobre o controle semelhante
das famílias de senhores de engenho, ver FLORY, T.. Judge, p. 78-80.
14 CHANDLER, Billy Jaynes. The Feitosas and the Sertão dos Inhamuns: the history of a family and a community
in Northeast Brazil, 1700-1930. Gainesville (Fla.),
1972, p. 58 (e ver p. 83). FRANCO, Maria Sílvia de Carvalho. Homens Livres na Ordem Escravocrata, 2ª ed. São
Paulo, 1974, p. 154, cita vários observadores com o
mesmo fim.
15 Câmara Municipal para PP-BA, Urubu, sal. [antes de 12/7/1888], APEB, Presidência, Agricultura,
Abastecimento, M.4632 (traduzido do inglês); PP-BA para
nãoidentificado, 16/8/1848, apud URICOECHEA, Fernando. O Minotauro Imperial: a Burocratização do Estado
patrimonial brasileiro no século XIX. São Paulo, 1978, p.
273; PP-SP para MJ, São Paulo, 25/9/1860, e anexos, AN, SPE, IJJ 5-43; discurso de Saraiva, 4/6/1880, BCCD, Anais,
1880, II, 37. Para uma visão diferente sobre o
relacionamento entre governo central e facção local, ver URICOECHEA, F.. O Minotauro Imperial, p. 156; e FLORY,
Página 198
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
T.. Judge, p. 86, 103, 107.
17 PP-RN para MGuerra, Natal, 11/5/1850, AN, SAP, Cx. 823, Pac. 2, fl. 273.
18 João Alfredo Correia de Oliveira para Cotegipe. Rio, 30/6/1872 (itálicos no original; a referência é a Manuel
Joaquim de Mendonça Castelo Branco, barão
de Anadia), Belém, 9/3/1870, AIHGB, CC, L50, D98, D89 (traduzido do inglês). Ver também João Alfredo Correia de
Oliveira para Cotegipe, Belém, 8/12/1869, ibidem,
D81.
19 José Antônio Saraiva [PP-PE] para José Tomás Nabuco de Araújo [MJ], Recife, 4/3/1859, AIHGB, L386, 1314
(o coronel era José Pedro da Lage).
20 Ibidem.
21 Essas acusações eram proferidas de um lado ao outro por várias autoridades numa localidade: JP para JD,
Caçapava, 26/12/1860, JP para PP-SP, Caçapava,
1/1/1861, e JM para PP-SP, Caçapava, 30/12/1860, todas cópias anexas em PP-SP para MJ, São Paulo, 20/1/1861, AN,
SPE, IJJ
22 PP-SE para MI, Sergipe, 1/8, 3/9/1851, AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2; José Tomás Nabuco de Araújo [MJ] para
Francisco Xavier Paes Barreto, 1855, apud NABUCO, J.. Um
Estadista
do Império, p. 289.
23 MJ para CP-Corte, Rio, 28/12/1860, minuta, AN, SPE, IJJ 5-43 (itálicos meus); REZENDE, Francisco de Paula
Ferreira de. Minhas Recordações. Rio de Janeiro,
1944, p. 124; PP-RJ para MI, Niterói, 31/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43.
24 Lei, 1846, art. 2; PP-CE para MJ, Fortaleza, 14, 291121 1860, AN, SPE, IJJ 5-43. A lei de 1846 tentava corrigir
abusos como aqueles relatados em 2º JP
para PP-BA, Cachoeira, 26/11/1840, APEB, Presidência, Juizes, Cachoeira, M.2273.
25 Actas da Mesa Parochial de Pirassinunga, 7/9/1872, cópia anexa em PP-SP para MI, São Paulo, 25/11/1872, AN,
SPE, IJJ 5-30; Mesa Parochial de Victoria para PP-BA,
Vitória, 19/9/1860, ibidem, 5-25; JM para PP-SP, Pirassinunga,
sal., anexo em PP-SP para MI, 25/11/1872, ibidem, 5-30; Acta da Mesa Parochial da Freguezia de Sant'Anna, Rio de
Janeiro, 30/12/1860-22/1/1861, AGCRJ, 63-3-32; Acta
da Mesa Parochial da Freguesia de S. Sebastião dos Aflitos, Ubá, 9/9/1860, cópia anexa em PP-MG para MI, Ouro
Preto, 19/10/1860, AN, SPE, IJJ 9-482; Delegado para
PP-PA, Macapá, 6/1/1861, cópia anexa em PP-PA para MJ, Belém, 26/1/1861, AN SPE, IJJ 5-43; PP-CE para JP-Crato,
Fortaleza, 4/12/1860, cópia anexa em PPCE para MJ,
Página 199
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Fortaleza, 14/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43.
27 BCCD. Secretaria, comp. Falas do Trono desde o ano de 1823 até o ano de 1889, acompanhadas dos respectivos
votos de graça da Câmara temporária e de diferentes
informações, [2ª ed.?]. São Paulo, [1977?], p. 222.
28 LB, Decreto 2.621, 22/8/1860, art. li, 13 e Instruções anexas de 27/9/1856 (compare Lei, 1846, art. 50).
29 JD para PP-RS, São Borja, 6/1/1861, Acta da Mesa Parochial de São Francisco de São Borja, 30/12/1860, ambas
as cópias anexas em PP-RS para MJ, Porto Alegre,
13/5/ 1861, AN, SPE, IJJ 5-43; Decreto, 1881, art. 15, par. 19. A primeira lei eleitoral da República exigia que a urna
vazia fosse mostrada aos votantes antes que
o primeiro votante fosse chamado para votar, indicando por meio disso outro modo comum de vitória fraudulenta: LB,
Lei 35, 26/1/1892, art. 43, par. 8.
30 Cotegipe para Junqueira, Rio, 4/10/1884, cópia de minuta, AIHGB, CC, L31, D97; Acta da Mesa Parochial da
Freguezia de Sant'Anna, Rio de Janeiro, 30/12/1860-22/1/1861,
AGCRJ, 63-3-32; PP-RN para MJ. Natal, 24/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-43; LB. Aviso 168, 28/6/1849; Auto de Exame,
Freguesia da Conceição da Feira, Cachoeira, 2/12/1856,
cópia em [LIMA, Álvaro Tibério de Moncorvo e]. Eleição do 3º Distrito da Província da Bahia. Salvador, 1857, p. 40;
Actas do Conselho de Estado Pleno, 14/10/1858,
AN, Cód. 307, v. 3, fl. 33; CARVALHO, A. A. de S.. Imperialismo, p. 47; SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O
Sistema Eleitoral no Império (com apêndice contendo
a legislação eleitoral no período 1821-1889). Brasília, 1979, p. 33. Só em 1881 a
31 Manoel de Freitas Belo para JD, 27/8/1860, anexo em PP-MG para MI, Ouro Preto, 19/10/1860, AN, SPE,
IJJ 9-482.
32 Lei, 1846, art. 87; Antônio Moreira de Barros para Cotegipe, s.l. 21/12/1880, AIHGB, CC, L9, D42; LISBOA,
João Francisco. Obras, 2ª ed. Lisboa, 1901, I, 158; discurso de Viriato Bandeira Duarte, 15/4/1861, BCCD, Anais,
1861, I, 4.
33 SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 40; Brás Carneiro Nogueira da Gama, conde de Baependi, para
Jerônimo José Teixeira Júnior, Sta. Rosa, 26/12/1860,
AN, SAP, Col. Teixeira Júnior, AP 23, Correspondência Passiva, Doc. 99.
34 Actas do Conselho de Estado Pleno, 14/10/1858, AN, Cód. 307, v. 3, f1. 36; Junqueira para Cotegipe, Salvador,
26/9/1884, AIHGB, CC L31, D97 (itálicos no
original); OSÓRIO, Manuel Luís, marquês do Herval. Papéis Relativos a Eleições, AIHGB, L233, D7950, D7959.
35 Discurso de Antônio Gonçalves Barbosa da Cunha, 10/6/ 1861, BCCD, Anais, 1861, 11, 93; SILVA, Antônio de
Moraes. Diccionario da Lingua Portugueza, 8ª ed.
Rio de Janeiro, 1889-91 (a palavra tem origens africanas); SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 31; JP para
JD-Taubaté, Caçapava, 26/12/1860, cópia anexa
em PPSP para MJ, São Paulo, 20/1/1861, AN, SPE IJJ 5-43.
Página 200
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Notas do capítulo 5 437
Sant'Anna para MI, Rio, 31/12/1860, cópia, AGCRJ, 63-3-32 (traduzido do inglês); Junqueira para Cotegipe, Rio,
22/8/1872, AIHGB, CC, L31, D30; Delegado para PP-CE,
Sobral, 12/12/1860, cópia anexa em PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860, AN, SPE, IJJ, 5-43; MI para PP-PE,
13/8/1863, minuta, AN, SPE, IJJ, 1-316; PP-CE para MJ,
28/9/1860, CP-Corte para MJ, Rio, 30/12/1860, ambas em ibidem, 5-43.
37 PP-CE para MJ, 28/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-43; PP-BA para PM, Salvador, 19/1/1886, telegrama reproduzido na
nota do redator em PEDRO II. Cartas do Imperador
D. Pedro II ao Barão de Cotegipe. São Paulo, 1933, p. 268.
38 Delegado e JM para PP-CE, Quixeramobim, 10/12/1860, anexo em PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860, AN,
SPE, IJJ 5-43; Delegado para PP-CE, Sobral, 12/12/1860,
cópia anexa em PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860, ibidem, 5-43; discurso de Silveira Lobo, 18/4/1861, BCCD,
Anais, 1861, I, 21. Ver também CARVALHO, Antônio Alves
de Souza. O Brasil em 1870, Estudo Político. Rio de Janeiro, 1870, p. 39.
39 JP-Freguesia de Santana para MI, Rio, 31/12/1860, anexo em Acta da Mesa Parochial, 30/12/1860-22/1/1861,
AGCRJ, 63-3-32; Manoel Francisco Correia para
Cotegipe, Rio, 22/8/1872, AIHGB, CC, L17, D58; JD-Muriaé para PP-MG, Ubá, 12/10/1860, anexo em PP-MG para
MI, Ouro Preto, 19/10/1860, AN, SPE, IJJ 9-482, fl. 147
e seguintes; PP-CE para MJ, Fortaleza, 28/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-43.
40 CARVALHO, A. A. de S.. O Brasil em 1870, p. 40. Sobre os custos e benefícios do clientelismo eleitoral,
compare LYTTLETON, N. A. O.. El Patronazgo en
la Italia de Giolitti (1892-1924). Revista de Occidente, 127, outubro de 1973, p. 95, com POWELL, John Duncan.
Peasant
41 Actas do Conselho de Estado Pleno, 14/10/1858, AN, Cód. 307, v. 3, fl. 36v; Delegado suplente para JD,
Taperoa, 12/12/1856, APEB, Presidência, Eleições,
M.2794.
42 JD para PP-PB, Pombal, 26/12/1860, cópia anexa em PPPB para MJ, 9/3/1861, AN, SPE, IJJ 5-43; Afonso
Celso de Assis Figueiredo [pai] para Cotegipe, Rio,
25/1/1888, AIHGB, CC, L23, D93.
43 Anexos em PP-CE para MJ, Fortaleza, 14/12/1860, AN, SPE, IJJ 5-43.
44 PP-CE para MJ, Fortaleza, 29/12/1860, ibidem, 5-43. A mesma técnica foi usada em Sergipe dois anos antes:
Actas do Conselho de Estado Pleno, 14/10/1858,
AN. Cód. 307, v. 3, fl. 33v. Já em 1655 o Governador Geral de São Paulo resolvia as brigas interfamiliares conseguindo
que um número igual de autoridades de cada
clã trabalhasse na Câmara Municipal: Provisão que veiu do Senhor Governador Geral da Cidade da Bahia, Dom
Jeronymo de Athaide, conde de Athougia, [Salvador, 24/11/1655].
In: SÃO PAULO (cidade), Prefeitura, Arquivo Municipal. Registro Geral da Câmara da Cidade de São Paulo, 11:
1637-1660. São Paulo, 1917, p. 440-47.
45 JD para PP-BA, Caeteté, 12/12/1856, cópia, APEB, Presidência, Eleições, M.2794. Encorajar a aceitação de atas
duplicadas não era incomum. Ver também PP-BA
para MI, Salvador, 16/2/1867, AN, SPE, IJJ 9-343.
46 RIO DE JANEIRO (diocese), Bispo. Representação Dirigida ao illm. e exm, sr. Ministro e Secretario de Estado
dos Negocios do Imperio pelo bispo de S. Sebastião
do Rio de Janeiro pedindo para que as eleições politicas se
Página 201
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Notas do capítulo 5 439
fação fóra das igrejas. Rio de Janeiro, 1872, p. 3-4, 1011, 12-13. Na verdade, os estrangeiros ficaram escandalizados:
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados:
o Rio de Janeiro e a república que não foi. São Paulo, 1987, p. 175 (nota 32).
47 JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava, 3/1/1861, cópia anexa em PP-SP para MJ, 20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43;
Parecer da Commissão de Poderes, 27/5/1861, BCCD,
Anais, 1861, 1, 414.
Capítulo 6
1 JD-Taubaté para JP-Caçapava, Pindamonhangaba, 27/12/1860, cópia anexa em PP-SP para MJ, São Paulo,
20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43. A não ser quando anotado
de
outra maneira, o relato desses acontecimentos foi extraído desse relatório do presidente provincial ou dos seguintes
anexos (todos cópias): JP para JD-Taubaté, Caçapava,
26/12/1860; JM para PP-SP, Caçapava, 30/12/1860; Delegado- Caçapava para PP-SP, Taubaté, 30/12/1860; PP SP para
JD-Taubaté, São Paulo, 31/12/1860; JM-Caçapava
para PP-SP, Taubaté, 30/12/1860, 1/1/1861; JP para PP SP, Caçapava, 1/1/1861; JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava,
3/1/1861 (duas cartas dessa data); PP-SP para CP
SP, São Paulo, 5/1/1861. Vou me referir a essas cartas e outros anexos de forma resumida a partir daqui.
2 JM para PP-SP, Caçapava, 30/12/1860; Marcelino José de Carvalho apud ibidem. Sobre as terras de propriedade
desses quatro homens e os nomes de seus vizinhos,
ver Registro de Terras, AESP, n. 51: Caçapava, Reg. 4, 92, 138, 236, fl. 2v, 28v, 43, 70v, respectivamente.
6 PETRONE, Maria Teresa Schorer. Terras Devolutas, Posses, e Sesmarias no Vale do Paraíba Paulista em 1854.
Revista de História, 52, julho-setembro de 1975,
388; BRAZIL, Directoria Geral de Estatistica. Recenseamento da População do Imperio do Brazil a que se procedeu no
dia 1 ° de agosto de 1872. Rio de Janeiro, 1873-76;
BRAZIL, MI. Relatório, 1870, Anexo C, p. 48. Taubaté tinha uma população de 18.933 em 1872, incluindo 3.708
escravos.
7 Discurso de Joaquim Otávio Nebias, 7/6/1861, BCCD, Anais, 1861, II, 65; Delegado-Caçapava para PP-SP,
Taubaté, 30/12/1860, JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava,
3/1/1861; Lista dos Cidadãos Votantes e Elegiveis da Freguezia de Cassapava e seu Termo, 19/8/1842, Copia
Autentica da Acta de Qualificação, Caçapava, 18/1/1847,
6/1/1848, Acta da Revisão Qualificadora, Caçapava, 21/1/1849, Lista dos Cidadãos Votantes, Caçapava, 16/1/1853,
Acta da Apuração das Listas, Caçapava, 8/11/1856,
Copia da Lista Geral dos Cidadãos Votantes, Caçapava, 17/1/1860, todos no AESP, L47, n. 5.735. Ver também Câmara
Municipal de Caçapava para PP-SP, 8/4/1856,
AESP, Cx. 52, n. 846.
8 JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava, 3/1/1861 (primeira carta dessa data); PP-SP para MJ, São Paulo, 20/1/1861.
9 JD-Taubaté para PP-SP, Pindamonhangaba, 27/12/1860; PP-SP para JD-Taubaté, São Paulo, 31/12/1860; JD para
CP-SP, s.l., 5/1/1861; JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava,
3/1/1861; PP-SP para JD-Taubaté, São Paulo, 31/12/1860.
10 Além disso, ele tinha uma procuração bastante de vários outros donos de terras, entre eles um analfabeto que
comprara sua terra de Carvalho. Registro de
Terras, AESP, n. 43: Paraibuna, Reg. 355, 380, 381, 382, 383, 385, 387, fl. 93v, 100-120v.
Página 202
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
12 JM para PP-SP, Caçapava, 30/12/1860; JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava, 1/1/1861 (segunda carta dessa data);
JM-Caçapava para PP-SP, Taubaté, 30/12/1860
(o promotor era o genro de Joaquim Francisco de Moura). Sobre a propriedade de Moura, uma grande fazenda, ver
AESP, Registro de Terras, n. 51: Caçapava, Reg. 185,
fl. 56, 14/4/1856; e sobre o cargo de Moura como delegado em Taubaté e a importância de sua família naquele
município, ver COSTA, Emílía Viotti da. Da Senzala à
Colônia. São Paulo, 1966, p. 47.
13 Cotegipe para Junqueira, Rio, 231/1/1882, AIHGB, CC, L31, D86; comentários nas margens (por "Silva",
30/1/1861, e João Lustosa da Cunha Paranaguá, 3/2/1861),
da carta de PP-SP para MJ, 20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43. Sobre Paranaguá, ver também TOPLIN, Robert Brent. The
Abolition of Slavery in Brazil. Nova York, 1972, p.
81; e CONRAD, Robert Edgar. The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888. Berkeley (Calif.), 1972, p. 183.
14 BCCD, Anais, 1861. I, 418; Acta da Installação da Mesa para a Nomeação de Quinze Eleitores. Caçapava,
25/8/1861, AESP, L47, n. 5.735. Caçapava ainda era
considerada um local de provável desordem em época de eleição quinze anos depois: JD-Taubaté para PP-SP, Caçapava,
20/10/1876, telegrama, ibidem.
15 Venâncio Félix da Rocha para JD-Taubaté, Caçapava, 10/2/1859, AESP, Cx. 52, n. 846; ARMITAGE, John. The
History of Brazil from the Period of the Arrival
of the Braganza Family in 1808 to the Abdication of Don Pedro the First in 1831. Londres, 1836, II, 148; Herculano
Ferreira Penna (PP-MG) para José Tomás Nabuco
de Araújo (MJ), Ouro Preto, 2, 6/11/1856, AIHGB, L365, D 11. Sobre
16 João Antônio de Vasconcelos para Zacarias de Góes e Vasconcelos, Salvador, 24/11/1865, AMIP, I-ZGV,
24.11.865, Vasc.c.; Manuel Pinto de Souza Dantas para
Cotegipe, Salvador, 18/7/1856, AIHGB, CC, L19, D19. Ver também HGCB, n. 5, p. 52.
17 João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu, apud Manoel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe, Salvador, 26/9/
1856, AIHGB, CC, L19, D25; Francisco de Paula de
Negreiros Saião Lobato para João Vieira Machado da Cunha, Rio, 21/7/1863, AN, SAP, Cód. 112, v. 8, Doc. 13w;
Paulino José Soares de Souza (2°), carta repetidamente
copiada, Rio, 26/8/1872, AN, SAP, Cód. 112, v. 6, Doc. 38; Rui Barbosa para Francisco Gomes de Oliveira, Salvador,
2/8/1878, minuta, CRB, sem número. Ver também
Rui Barbosa para Antônio Coutinho de Souza, Salvador, 19/8/1878, cópia, CRB, Col. F. Nery, sem número.
18 Paulino José Soares de Souza (2º) para Francisco Belisário Soares de Souza, Cantagalo, 29/6/1863, AIHGB,
L277, D71. Referir-se à campanha como uma "romaria"
não era
Página 203
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
19 Guaí para Cotegipe, Salvador, 19/12/1885, AIHGB, CC, L38, D32 (itálicos no original). Sobre cartas de
mulheres, ver Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe,
Salvador, 18/1/1856, ibidem, L19, 139; e Ana Benigna de Sá Barreto Nabuco de Araújo para João Lustosa da Cunha
Paranaguá, visconde de Paranaguá, Santa Catarina,
19/10/1884, AMIP, 1-DPP, 19.10.884. Nab.c. Mulheres escreveram 3% dos 577 pedidos examinados no Capítulo 8;
outros 3% das cartas referiam-se aos aspirantes ao cargo
como parentes por afinidade.
21 VPP-SE para MJ, Sergipe, [1851], AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2; Guaí para Cotegipe, Salvador, 19/12/1885,
AIHGB, CC, L38, D32; PP-SE para MJ, Sergipe, sal.
[1851] e 3/2/1851, AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2 (também PPSE para MJ, Sergipe, 3/9/1851, ibidem). Sobre o lugar de
Maroim no Congresso, ver BRAZIL, Arquivo Nacional
[Jorge João Dodsworth, 2° barão de Javaril. Organizações e Programas Ministeriais. Regime parlamentar no Império, 2ª
ed. Rio de Janeiro, 1962, p. 315, 416.
22 PEDRO II. Conselhos à Regente d. Isabel (1876). In VIANA, Hélio, D. Pedro I e D. Pedro II: acréscimos ás suas
biografias. São Paulo, 1966, p. 241.
23 SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O Sistema Eleitoral no Império (com apêndice contendo a legislação
eleitoral no período 1821-1889). Brasília, 1979,
p. 6.
24 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 6/9/1881, AIHGB, CC, L31, D84; BRAZIL, Arquivo Nacional. Organizações
e Programas, p. 262, 375, 394. Cícero Dantas Martins,
barão de Geremoabo, realmente apresentou uma queixa ao Congresso: Relação da 2ª Comissão, sessão preparatória,
5/1/1882, BCCD, Anais, 1881 [i.e., 1881-821, 1, 60.
25 Cotegipe para Junqueira, Rio, 23/8, 15/9/1881, cópias datilografadas de minutas, AIHGB, CC, L31, D82, D84.
26 A ambigüidade do impulso do deputado tem de ser mantida constantemente em mente, já que as lealdades
pessoais também o ligavam aos membros do Gabinete,
e, se um Gabinete caía, ele não podia estabelecer uma aliança com o novo primeiro-ministro sem pôr em risco sua
credibilidade como político sério e homem de caráter.
Os dois planos de poder foram inadvertidamente apreendidos pela declaração de que "os deputados eleitos, em vez de
representarem a opinião do país, não representam,
na realidade, outra coisa mais que os caprichos de ministérios partidários com seus presidentes-manivelas e até mesmo
seus potentados de aldeia": SOUZA, Brás Florentino
Henriques de. Do Poder Moderador: ensaio de direito constitucional contendo a análise do título V, da Constituição
Política do Brasil, 2ª ed. (la ed. 1864). Brasília,
1978, p. 134.
27 VPP-SE para MJ, Sergipe, [1851], AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2.
28 LISBOA, João Francisco. Obras, 2ª ed. Lisboa, 1901, 1, 110, 158. A tendência continua hoje: GROSS, Daniel
R.. Factionalism and Local Leve] Politics in
Rural Brazil. Journal of Anthropological Research, 29:2 (verão 1973),
Página 204
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
30 Por exemplo, PP-SE para MI, Aracaju, [22/7/1851], AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2; Cotegipe para Junqueira, Rio,
7/8/1881, cópia datilografada de minuta, AIHGB,
CC, L31, D81.
31 Ver, sobre esse ponto, CHAMBERS, William Nisbet. Political Parties in a New Nation: the american expe-
32 Cotegipe para Junqueira, Salvador, 7/6/1872, minuta, AIHGB, CC, L31, D19; LISBOA, J. F.. Obras, I, 158;
discurso de Martin Francisco, 18/4/1861, BCCD,
Anais,
1861, I, 18.
33 Cotegipe para Junqueira, Rio, 8/4/[1856?], minuta, AIHGB, CC, L30, D166.
34 Cotegipe para Junqueira, Salvador, 7/6/1872, cópia datilografada de minuta, Junqueira para Cotegipe, Rio,
6/7/1872, Junqueira para Cotegipe, Salvador,
2/7/1881,
Cotegipe para Junqueira, Rio, 7/8/1881, cópia datilografada de minuta, todas em AIHGB, CC, L31, D19, D21, 1380,
D81.
35 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 2/7/1881, ibidem, L31, D80 (sobre seu compadrio, ver Guaí para Cotegipe,
Salvador, 24/1/1884, ibidem, L37, D178); Junqueira
para
Cotegipe, Salvador, 26/7/1881, Cotegipe para Junqueira, Rio, 7/8/1881, cópia datilografada de minuta, ambas ibidem,
L31, D81.
36 João Alfredo Correia de Oliveira para Cotegipe, Recife, 28/9/1876, Belém, 8/2, 20,8/4/1870, todas em AIHGB,
CC, L50, D109, D81, D83, D85, D91; PP-RS
para PM, Porto Alegre, 9/12/1871, minuta, AN, SAP, Cx. 781, Pac. 2; Cotegipe (PM) para Henrique Pereira de Lucena
(PPRS), Rio, 20/11/1885, APEP, Col. Lucena, 562.
Página 205
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Os diretórios dos partidos eram formados e dissolvidos incessantemente; ver, por exemplo, Domingos de Sousa Leão,
barão de Vila Bela, para Pedro de Araújo Lima,
marquês de Olinda, Recife, 28/10/1869, BN/SM, Col. Tobias Monteiro, Pasta 7.
38 Afonso Pena para as seguintes pessoas, todas em AN, Documentos de Afonso Pena, não catalogados na época
em que foram usados: José Rodrigues, Santa Bárbara
(MG), 27/6/1875; Inácio Antônio de Assis Martins, Santa Bárbara, 1/7/1875; e Cândido de Luís Maria de Oliveira,
Santa Bárbara, 2713, 15/11/1876; José Bento da Cunha
Figueiredo para Cotegipe, Recife, 16/12/1858, AIHGB, CC, L23, D143.
39 Guaí para Cotegipe, Salvador, 25/9/1884, AIHGB, CC, L38, D9; Junqueira para Cotegipe, Salvador, 11/10/1884,
ibidem, L31, D99; BRAZIL, Arquivo Nacional.
Organizações e Programas, p. 375. Ver o franco reconhecimento de nepotismo na formação de legendas partidárias em
FIGUEIREDO JR.. Oito Annos, p. 13-15.
40 Guaí para Cotegipe, Salvador, 25/9/1884, AIHGB, CC, L38, D9. Sobre a opinião de Cotegipe em relação ao
apoio de Dantas a Guaí, ver Cotegipe para Junqueira,
Rio, 9/9/1881, cópia datilografada de minuta, ibidem, L31, D83.
42 Manuel Pinto de Souza Dantas para Rui Barbosa, Petrópolis, 12/1/1879. In: DANTAS, Manuel Pinto de Souza.
Correspondência. Rio de Janeiro, 1962, p. 34.
43 Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe, Sto. Amaro, 31/3/1856, Salvador, 24/6/1856, Rio, 7/6/1884, todas
em AIHGB, CC, L19, D 14,1319, D55; Rufino
Enéas Gustavo Galvão, visconde de Maracaju (PP-PA), para Cotegipe, 20/5/1883, ibidem, L25, D82.
44 Guaí para Cotegipe, Salvador, 31/10/1883, ibidem, L37, 13173; WEINSTEIN, Barbara. The Amazon Rubber
Boom, 1850-1920. Stanford (Calif.), 1983, p. 102, 298
(nota 8).
45 Junqueira para Cotegipe, Rio, 14, 30/9/1872, AIHGB, CC, L31, D33, D35.
46 Guaí para Cotegipe, Salvador, 514, 14, 25/9/1884, AIHGB, CC, L38, D5, D8, 139.
47 João Alfredo Correia de Oliveira (PP-PA) para Cotegipe, Belém, 8/2/1870, ibidem, L50, D85.
48 Referências ao "partido" permeavam o discurso político contemporâneo, mas o que aquele termo significava
para os que o usavam não foi bem examinado; a
não ser que o foco permaneça exclusivamente nos membros ou pretensos membros do Congresso, o termo pode ser
seriamente mal-entendido, como por exemplo em FRANCO,
Afonso Arinos de Melo. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil, 2ª ed. São Paulo, 1974, p. 29-53;
CARVALHO, José Murilo de. A Composição Social dos Partidos
Página 206
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Políticos Imperiais. Universidade Federal de
49 ALENCAR, José de. Cartas de Erasmo. In: Obra Completa. Rio de Janeiro, 1960, IV, 1074 (Mary Goodwin
mostrou-me essa referência). Sobre a tendência parlamentar
de evitar as questões verdadeiras, ver SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 46; e discurso de Leopoldo Bulhões,
10/8/1882, BCCD, Anais, 1882, III, 431.
50 O material sobre os acontecimentos políticos do Império nessas páginas, a não ser quando anotados de outra
forma, é extraído de NABUCO, Joaquim. Um Estadista
do Império, [3ª ed.?]. Rio de Janeiro, 1975; CUNHA, Euclides da. À Margem da História. In Obra Completa. Rio de
Janeiro, 1966, I, 326-76; SANTOS, José Maria dos.
A Politica Geral do Brasil. São Paulo, 1930, p. 11-185; MAGALHÃES, Basílio de. Estudos de História do Brasil. São
Paulo, 1940, p. 40-68; BEIGUELMAN, Paula. Formação
Política do Brasil, v. I: Teoria e Ação no Pensamento Abolicionista. São Paulo, 1967; HGCB, n. 5-7; LYRA, Heitor.
História de Dom Pedro II, 1825-1891, 2ª ed. rev.
Belo Horizonte, 1977, li, 295-98; e CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. Rio de Janeiro, 1975, v. 2.
51 NARO, Nancy. The 1848 Praieira Revolt in Brazil. Tese de doutoramento, Univ. de Chicago, 1981, p. 105-9,
116-17, 129-36. Os Conservadores em Pernambuco
também estavam divididos: ibidem, p. 98-99.
52 O processo de acabar com o comércio de escravos é explorado por BETHELL, Leslie. The Abolition of
53 BRASILIENSE [de Almeida Mello], Américo. Os Programas dos Partidos e o 2º Imperio. Primeira parte:
Exposição de Principios. São Paulo, 1878, p. 33-57.
54 LB, Lei 2.033, 20/9/1871, Decreto 4.824, 22/11/1871, Lei 2.395, 10/9/1873; SOUZA, F. B. S. de. O Sistema
Eleitoral, p. 15 (nota); CONRAD, R. E.. Destruction
of Brazilian Slavery, p. 90-117; PARANHOS, José Maria da Silva (2º), barão do Rio Branco. O Visconde do Rio
Branco, [2ª ed.?]. Rio de Janeiro, [1943?]; BESOUCHET,
Lidia. José Ma. Paranhos, Vizconde do Río Branco. Buenos Aires, [ 1944].
55 É significativo que João Camilo de Oliveira Torres seja obrigado a incluir mesmo os chefes dos gabinetes
Liberais em seu panteão de grandes conservadores
em Os Construtores do Império: ideais e lutas do Partido Conservador brasileiro. São Paulo, 1968.
56 CONRAD, R. E.. Destruction of Brazilian Slavery, p. 217, 221, 302. A segunda votação ocorreu antes que todos
os deputados tivessem chegado no Rio e sido
credenciados.
57 OTONI, Cristiano Benedito. O Advento da República no Brasil. Rio de Janeiro, 1890, p. 44-45.
60 Discurso de João Alfredo, 5/10/1888, BCCD, Anais, 1888, VI, 122; WERNECK, L. P. L. de. Le Brésil, p. 62.
Sobre a Motivação de Paulino de Souza, ver CARVALHO,
João Manuel de. Reminiscencias sobre Vultos e Factos do Imperio e da Republica. Amparo, 1894, p. xi.
61 Um exemplo muito notável desse argumento encontra-se em SODRÉ, Nelson Werneck. História da Burguesia
Brasileira. Rio de Janeiro, 1964, p. 102, 172, 196-203.
62 [RODRIGUES, Antônio Coelho]. Manual do Subdito Fiel (pseud.) ou, Cartas de um lavrador a sua magestade o
Imperador sobre a questão do elemento servil. Rio de
Janeiro,
1884, p. 12; JP para PP-CE, Crato, 19/11/1860, cópia anexa em PP-CE para MJ, Fortaleza, 14/12/1860, AN, SPE, IJJ
5-423. FLORY, T.. Judge and Jury in Imperial Brazil,
1808-1871: social controle political stability in the New State. Austin (Tex.), 1981, p. 182-83, explora algumas dessas
questões para a primeira metade do século
XIX; CARVALHO, José M. de. A Composição Social dos Partidos, p. 18, 21, faz o mesmo para a segunda.
64 LEMOS, Miguel. A Incorporação do Proletariado Escravo. Protesto da Sociedade Positivista do Rio de Janeiro
contra o recente projecto do governo. Recife,
1883, p. 10.
65 DANTAS, Luís Ascendino. Esboço Biographico do dr. Joaquim José de Souza Breves. Origem das fazendas S.
Joaquim da Gramma e Sto. Antonio da Olaria. Subsidios
para a história do municipio de S. João Marcos. Rio de Janeiro, 1931, p. 12; SILVA, Eduardo. Barões e Escravidão: três
gerações de fazendeiros e a crise da estrutura
escravista. Rio de Janeiro, 1984, p. 99; WEINSTEIN, B.. Amazon, p. 106-7; João Vieira Machado da Cunha (2º) para
Brás Carneiro Nogueira da Gama, [Valença], 6/5/[1890],
minuta, AN, SAP, Cód. 112., v. 9, Doc. 57. Ver também LUZ, Nícia Villela. O Papel das Classes Médias Brasileiras no
Movimento Republicano. Revista de História,
28:57, janeiro-março de 1964, p. 13-27, e GRANAM,
66 CARVALHO, José Murilo de. Elite and State Building in Imperial Brazil. Tese de Doutoramento. California:
Stanford University, 1974, p. 99. Nesse trabalho,
Carvalho mostra que 75% dos senadores eram formados em Direito, com o restante sendo quase que exatamente
divididos entre os que estudaram medicina, religião, ciência
e assuntos militares. LOVE, Joseph L.. São Paulo in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif.), 1980, p.
285. Love diz mais ou menos o mesmo para um
período posterior. Compare o comentário de GENOVESE, Eugene D.. Yeoman Farmers in a Slaveholders' Democracy.
Agricultural History, 49:2, abril de 1975, p. 339, que
os políticos no Sul dos EUA eram em geral advogados, "como qualquer tolo sempre soube". Sobre Rui Barbosa, ver
GRANAM, Richard. Britain and the Onset of Modernization
in Brazil, 1850-1914. Cambridge, Ingl., 1968, p. 267-76, e as referências citadas ali. Sobre Inhomerim, ver
MAGALHÃES JR., R.. Três Panfletários, p. 126-59; e HOMEM,
Floriano Torres. Francisco de Sales Torres Homem, visconde de Inhomerim. In: 3º Congresso de História Nacional
(1938), Anais. Rio de Janeiro, 1942, VI, 85-165.
67 Alguns analistas chamariam os deputados de corretores com base em que, embora eles próprios não
controlassem os recursos, podiam colocar os que controlavam
(chefes locais e membros do Gabinete, fossem clientes ou protetores) em contato uns com os outros. Ver SALLER,
Richard P.. Personal Patronage Under the Early Empire.
Cambridge, Ingl_ 1982, p. 74; KETTERING, Sharon. Patrons, Brokers, and Clients in Seventeenth-Century France.
Nova York, 1986, p. 4-11, 40-67; e VALENZUELA, Arturo.
Political Brokers in Chile: local govern-
69 Cotegipe para João Alfredo Correia de Oliveira, Rio, 3/7/[1875?] cópia datilografada de minuta, AIHGB, CC,
L50, DIW; Junqueira para Cotegipe, Rio, 20/2/1873,
ibidem, L31, D45; Guaí para Cotegipe, [Salvador], 2/10/1883, ibidem, L37, D170; Adolfo Hasselman para Rui Barbosa,
Salvador, 23/3/1875, CRB, sem número. Sobre o
lar como local de discussão política, ver também Paulino José Soares de Souza, visconde do Uruguai, para José Maria
da Silva Paranhos (1º), Rio, 1/11/1858, AHI,
Visc. R. B., L321, M2, P1.
71 MELLO, Afonso d'Albuquerque. A Liberdade no Brasil: seu nascimento, vida, morte e sepultura. Recife, 1864,
p. 8; LISBOA, J. F.. Obras, I, 107.
Capitulo 7
1 JESUS, J. Palhano de. Rapida Noticia da Viação Ferrea do Brasil. In: Instituto Historico e Geographico Brasileiro,
Diceionario Historico, Geographico e
Ethnographico do Brasil (Commemorativo do primeiro centenario da independencia). Rio de Janeiro, 1922, 1, 736-37;
Página 209
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
BRAZIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Anuário Estatístico do Brasil, 1939-40, p. 1.381; STEIN, S. J.. The Brazilian Cotton Manufacture: textile enterprise in
an underdeveloped area, 1850-1950. Cambridge
(Mass.), 1957, p. 21, 191; CONRAD, Robert Edgar. The Destruction of Brazilian Slavery, 1850-1888. Berkeley (Calif.),
1972, p. 135. Ver também, mais geralmente, LEFF,
Nathaniel H.. Underdevelopment and Developrnent in Brazil. Volume I: Economic Structure and Change, 1822-1947.
Londres, 1982; PRADO JR., Caio. História Econômica
do Brasil, 5ª ed. São Paulo, 1959; SODRÉ; Nelson Werneck. História da Burguesia Brasileira. Rio de Janeiro, 1964; e
SINGER, Paul. Desenvolvimento Econômico e Evolução
Urbana (análise da evolução econômica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife). São Paulo,
1968.
2 Ver, por exemplo, João Alfredo Correia de Oliveira para Cotegipe, Belém, 8/4/1870, AIHGB, L50, D91.
4 José Antônio de Figueiredo. In: BANDEIRA, Antônio Herculano de Souza (ed.). Reforma Eleitoral, Eleição Directa:
colleção de diversos artigos sobre a eleição directa
dos quaes são autores os seguintes senhores... Recife, 1862, p. 146; BARBOSA, Rui. Liberdade Commercial. O partido
liberal bahiano. Discurso proferido... na Assembléa
Provincial da Bahia, na sessão de 27 de junho de 1878. Bahia, 1878, p. 8; Rui Barbosa e Francisco de Paula Belfort
Duarte, apud HGCB, n. 7, p. 219, 210, respectivamente;
CAMPOS, Joaquim Pinto de [Um Pernambucano]. Os Anarquistas e a Civilização: ensaio politico sobre a situação. Rio
de Janeiro, 1860, p. 58-59.
5 José Antônio de Figueiredo. In: BANDEIRA, A. H. de S. (ed.). Reforma Eleitoral, p. 146, 164-65; CAMPOS, J. P. de.
Os Anarquistas, p. 58; ALENCAR, José de. Systema
Representativo. Rio de Janeiro, 1868, p. 96, 103; [CARVALHO, Antônio Alves de Souza]. O Imperialismo e a Reforma,
Anotado por um Constitucional do Maranhão. Maranhão
[São Luís?], 1866, p. 57. Longe de ser uma idéia nova, as eleições diretas tinham sido defendidas por vários escritores
muito tempo antes: LYRA, Augusto Tavares
de. Esboço Historico do Regimen Eleitoral do Brasil (1821-1921). Rio de Janeiro, 1922, p. 21.
6 José Antônio de Figueiredo. In: BANDEIRA, A. H. de S. (ed.). Reforma Eleitoral, p. 143, 145, 147, 152, 159,
183; ABREU e LIMA, ibidem, p. 276.
8 SOUZA, Joaquim Rodrigues de. Systema Eleitoral da Constituição do Imperio do Brazil. São Luís, 1863, p. 19,
21, 43; ALENCAR, J. de. Systema Representativo,
p. 103; BRASILIENSE [de Almeida Mello], Américo. Os Programas dos Partidos e o 2º Imperio. Primeira parte:
Exposição de Princípios. São Paulo, 1878, p. 16.
9 Annexo n. I, art. 1-2. In: BRASILIENSE [de Almeida Mello], Américo. Os Programas dos Partidos, p. 45; José
Tomás Nabuco de Araújo para Domingos de Sousa
Leão, barão de Vila Bela, [Rio], 6/5/1869, apud NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império, [3ª ed.?]. Rio de
Janeiro, 1975, p. 677-78 (nota). LYRA, A. T. de. Esboço
Histórico, p. 22, entende corretamente o pensamento de Nabuco de Araújo como sendo que, sob as eleições diretas, os
"servos" votariam como os mandassem, enquanto
nas eleições indiretas os potentados rurais "dependeriam de uma classe intermediária", ou seja, juízes, advogados e
servidores civis, que se uniam a eles nos Colégios
Eleitorais, um ponto que LEAL, Victor Nunes. Coronelismo: the municipality and representative government in Brazil.
Página 210
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Cambridge, Ingl., 1977, p. 144 (nota 7), não
compreende corretamente.
10 BCCD. Reforma Eleitoral: projetos offerecidos á consideração do corpo legislativo desde o anno de 1826 até o
anho de 1875... colligidos na secretaria da
Camara dos Deputados. Rio de Janeiro, 1875, p. 416-20; BRAZIL. Ministerio do Imperio [Paulino José Soares de
Souza (2º)], Relatório, 1870, p. 19.
11 SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O Sistema Eleitoral no Império (com apêndice contendo a legislação
eleitoral no período 1821-1889). Brasília, 1979.
Sobre os
12 SOUZA, F. B. S. de. O Sistema Eleitoral, p. 21, 31-34, 36, 86, 116-17, 131. Para sua opinião negativa sobre a
Revolução Francesa, ver p. 127.
13 BASTOS, Aureliano Cândido Tavares. Os Males do Presente e as Esperanças do Futuro ((e outros] estudos
brasileiros), 3ª ed. São Paulo, 1976, p. 143-44.
Sobre sua formação, ver GRAHAM, Richard. Britain and the Onset of Modernization in Brazil, 1850-1914. Cambridge,
Ingl., 1968, p. 108-9. Tavares Bastos acreditava
que, dando maior peso eleitoral aos eleitores urbanos, ajudaria a causa abolicionista: Aureliano Cândido Tavares Bastos,
álbum de recortes e diário, [depois de 1873],
BN/SM, 11, 1, 29.
14 PEDRO II. Conselhos à Regente. Rio de Janeiro, 1958, p. 29-30, 57; Pedro II para José Antônio Pimenta Bueno,
visconde de São Vicente, 29/9/1870. In: NABUCO,
J.. Um Estadista do Império, p. 1.003-1.004. Para uma resposta cética à representação proporcional, ver SOUZA, F. B.
S. de. O Sistema Eleitoral, p. 15.
15 Decreto, 1875, art. 1, par. 2, 21; art. 2, par. 16. Ver título modelo anexo à LB, Decreto 6.097, 12/1/1876. Sobre a
história legislativa dessa lei desde a introdução do projeto de lei em abril de 1873, ver BCCD. Reforma Eleitoral, p.
565-90, 603-5.
17 PEDRO II. Conselhos à Regente (1876). In: VIANA, Hélio. D. Pedro I e D. Pedro II: acréscimos às suas
biografias. São Paulo, 1966, p. 241-42; Pedro II,
apud NABUCO, J.. Um Estadista do Império, p. 674 (nota). Ver também TORRES, João Camilo de Oliveira. A
Democracia Coroada (Teoria política do Império do Brasil).
Rio de Janeiro, 1957, p. 257-58.
19 CONGRESSO Agricola. Coleção de documentos. Rio de Janeiro, 1878, p. 43, 48, 49, 156, 196, 207. Ver
também p. 32, 47, 52, 147, 222. Sobre a iminência do
fim da escravatura, ver a longa declaração de um dos participantes do Congresso: ROHAN, Henrique de Beaurepaire. O
Futuro da Grande Lavoura e da Grande Propriedade
no Brazil: memoria apresentada ao Ministerio de Agricultura, Commercio e Obras Publicas. Rio de Janeiro, 1878.
20 Para o restante deste capítulo, baseei-me principalmente em HGCB, n. 7, p. 176-243. Ver também RODRIGUES,
José Honório. Conciliação e Reforma no Brasil: um desafio
histórico-político. Rio de Janeiro, 1965, p. 138-63.
Página 211
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
21 LOVE, Joseph L.. Rio Grande do Sul and Brazilian Regionalism, 1882-1930. Stanford (Calif.), 1971, p. 21-23.
22 Acta da Conferencia de 7/11/1878. BRAZIL, Conselho de Estado. Atas. Brasília, 1973. X, 137-67; citação na p.
162.
23 Projecto de Reforma da Constituição, 13/2/1879, BCCD, Anais, 1878 [sic], II, 492.
24 José Bonifácio de Andrada e Silva (o filho) e Joaquim Nabuco, apud HGCB, n. 7, p. 205, 207, 209.
25 Rui Barbosa e Lafaiete Rodrigues Pereira, apud ibidem, p. 215, 219. Ver também p. 211, 216.
26 [Cotegipe, Parecer sobre a eleição directa], 1879[?]; manuscrito, AIHGB, CC, L88, D28; discurso de João da
Silva Carrão, 28/12/1880, BCS, Anais, 1880,
Sessão Extraordinaria, 111, 293.
28 PINHO, José Wanderley de Araújo. Política e Políticos no Império. Rio de Janeiro, 1930, p. 7-11; PANG, EulSoo. O
Engenho Central do Bom Jardim na Economia Baiana.
Alguns aspectos de sua história, 1875-1891. Rio de Janeiro, 1979, p. 45.
29 Acta da Conferencia de 7/11/1878. BRAZIL, Conselho de Estado. Atas, X, 142, 144, 149-51, 159-60, 163.
30 Uma prática que seguirei daqui em diante, embora os Colégios Eleitorais não tivessem mais se reunido.
31 Discurso de Saraiva, 7/6/1880, BCCD, Anais, 1880, II, 92. A idéia básica não era nova. Francisco Gê Acaiaba de
Montezuma, visconde de Jequitinhonha, argumentara há
anos que, se a renda líquida fosse definida corretamente, poder-se-iam conduzir as eleições diretas com segurança
sem emenda constitucional; apud José Antônio de Figueiredo. In: BANDEIRA, A. H. de S. (ed.), Reforma Eleitoral, p.
226. Francisco Belisário Soares de Souza
fizera a mesma observação em seu O Sistema Eleitoral, p. 26; e, como vimos, essa era a idéia da lei de 1875, embora
essa possibilitasse muitas evasões.
32 SARAIVA, José Antônio. Bases para Projeto da Reforma Eleitoral. [março ou abril 1880], fac-símile. In:
BARBOSA, Rui. Discursos Parlamentares, Camara dos
Deputados, In: Obras Completas, 7 (1880), tomo I. Rio de Janeiro, 1945, p. 259-79. Sobre a história dessa lei, ver
ibidem, p. 283-313, 321-58; e Américo Jacobina
Lacombe, ibidem, p. 4-5. As idéias do próprio Rui Barbosa eram certamente congruentes com o impulso da lei, ainda
que algumas vezes ele se imaginasse do lado dos
trabalhadores: Rui
35 Decreto, 1881, art. 6. No século XX, essa tendência completou-se com a criação de um sistema de tribunais
separados, para tratar exclusivamente de assuntos eleitorais:
LEAL, V. N.. Coronelismo, p. 66; VIANA, Francisco José de Oliveira. Instituições Políticas Brasileiras. Rio de Janeiro,
Página 212
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
1949, p. 200-201.
37 Projeto, art. 4, par. 9, 2/7/1880. BCS, Anais, 1880, III, 30; Decreto, 1881, art. 8. Ver também LB, Decreto 8.213,
13/8/1881, art. 60; e Consultas sobre
o projecto de regulamento para execução da Lei n. 3.029 de 9 de janeiro de 1881, 11 de agosto de 1881. Manuscrito em
Consultas do Conselho de Estado, Seção do Imperio,
AN, SPE, Cx. 558, Pac. 3, D47. Embora se diga sempre que a República, declarada em 1889, tenha instituído um teste
de alfabetização para votar, isso não é inteiramente
verdade. Os que foram eleitores em 1881, mesmo os não alfabetizados, continuavam sendo qualificados para votar sob a
República, mas novos eleitores, como ocorria
desde 1882, tinham de provar sua alfabetização: LB, Decreto 200-A, 8/2/1890, art. 58, 69, Lei 35, de 26/1/1892, art. 22.
40 ALENCAR, J. de. Systema Representativo, p. 145; Rio de Janeiro (diocese), Bispo. Representação dirigida ao
illm. e exm. sr. ministro e secretario de estado
dos negocios do Imperio pelo bispo de S. Sebastião do Rio de Janeiro pedindo para que as eleições politicas se fação
fóra das igrejas. Rio de Janeiro, 1872, p. 13;
Decreto, 1881, art. 15, par. 6. O projeto de lei original colocara ainda as eleições nas igrejas: Proposta, art. 14,
BCCD,Anais, 1880, Extraordinaria, 1, 32.
41 Decreto, 1881, art. 15, par. 1, 2, 4 (eleições não mais ocorriam nos domingos, sendo realizadas no primeiro dia
útil do mês); REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de.
Minhas Recordações. Rio de Janeiro, 1944, p. 124. Um exemplo das novas e eficientes normas encontra-se em Acta...
da mesa eleitoral... parochia do Espirito Santo...
Municipio Neutro, 31/8/1889, AGCRJ, 65-2-51, 17. 1-3; ver também os lances recebidos, para a construção da
balaustrada de ferro de "sete palmos de altura": AGCRJ,
61-4-34, fl. 58-59.
42 Sobre o número de eleitores qualificados, compare SILVA, João Manuel Pereira da. Memorias do Meu Tempo.
Paris, [1896?], II, 225, de onde tirei essa estimativa
para 1881, com BRAZIL, Ministerio do Imperio. Relatório, 1870, p. 20, que mostra 1.039.659 votantes qualificados em
1870. O número de eleitores que realmente votou
em 1881 (e não daqueles qualificados) foi de 96.411: BRAZIL. Arquivo Nacional [Jorge João Dodsworth, 2º barão de
Javari]. Organizações e Programas Ministeriais.
Regime
43 Consultas do Conselho de Estado, Secção de Justiça, 10/5/1881 AN, SPE, Cx. 558, Pac. 3. Um Conselheiro
observou tentativas de escapar à lei com contratos
de venda de terra, que reverteriam automaticamente ao proprietário original após determinado período: Luís Pedreira do
Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro, Parecer,
11/8/1881, ibidem. Outras questões relativas à aplicação da lei encontram-se em Consultas de 9/8/1882, ibidem, Cx.
559, Pac. 4, D49.
Página 213
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
44 Recurso eleitoral, 30/12/1882, Antônio Alves da Rocha, recorrente, Juizado do Direito de Piraí, recorrido, AN,
SPJ, Appellação, n. 664, Cx. 11.917 [antiga Cx. 69. Gal. C]; LB, Decreto 3.133, 7110/1882. O locador em questão era
um parente próximo de Joaquim José de Souza Breves
em Piraí.
45 Martinho Álvares da Silva Campos para José Antônio Saraiva, Rio, 1/5/1880, Niterói, 19/11/1881, AIHGB,
L270, D8; José Luís de Almeida Nogueira para Martim
Francisco Ribeiro de Andrade (sobre divisas distritais), Bananal, 11/10/1880, AIHGB, L325, D15; F. Sodré para
Cupertino do Amaral, Santo Amaro (BA), 29/3/1881, AN,
SAP, Documentos de Amaro Cavalcanti (sendo renumerados na época de uso); Afonso Pena para José Antônio da Silva
Drummond. Santa Bárbara, 23/4/1881, AN, SAP Documentos
de Afonso Pena (não catalogados na época de uso); [WERNECK, Manoel Peixoto de Lacerdal. 0 Visconde de lpiabas,
Peregrino José de America Pinheiro: perfil biographico,
acompanhado do retracto do finado e
47 Guaí para Cotegipe, Salvador, 16/10/1885, AIHGB, CC, L38, D19; PP-BA para PM, Salvador, 18/2/1886, citado
na nota do editor em PEDRO II. Cartas do Imperador
D. Pedro II ao barão de Cotegipe. São Paulo, 1933, p. 273.
48 BRAZIL, Arquivo Nacional. Organizações e Programas, p. 379, 388, 398; LYRA, H.. História de Dom Pedro II,
II, 290-91. NABUCO, Joaquim. Eleições Liberaes
e Eleições Conservadoras. Rio de Janeiro, 1886, p. 51-52, ainda acusava os Conservadores da principal
responsabilidade de impedir a vontade do povo, pelo controle
das eleições.
49 LAERNE, C. F. van Delden. Brazil and Java: report on coffee-culture in America, Asia and Africa to H. E. the
minister of the colonies. Londres, 1885, p. 309 (nota).
Sobre a reunião dos documentos necessários, ver, por exemplo, Zacarias Vieira Machado da Cunha para JD-Valença,
Sta. Teresa de Valença, 17/1/1883, AN, SAP, Cód.
112, v. 9, D 130.
50 LOVE, Joseph L.. São Paulo in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif.), 1980, p. 105-6;
WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda. Le Brésil. Dangers
de sa situation politique et économique; moyens de les conjurer Lettre à son fils... Ouvrage posthume revu par F. P. de
Lacerda Werneck. Rio de Janeiro, 1889, p.
47 (citado). Raymundo Faoro engana-se, contudo, argumentando que as classes agrárias desejavam eleições diretas para
aumentar sua influência: Faoro, R.. Os Donos
do Poder: formação do patronato político brasileiro, 2ª ed. Porto Alegre, 1975, I, 374.
53 Afonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto, Parecer, Rio, 13/4/1880, AIHGB, L222, D20; A. C.
A. Figueiredo, [Programa], 7/6/1889, apud MAGALHÃES,
Basílio de. Estudos de História do Brasil. São Paulo, 1940, p. 71.
55 César Zama para Rui Barbosa, Salvador, 6/1/1890, CRB, sem número. SOUZA, João Cardoso de Meneses e.
Página 214
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
barão
de Paranapiacaba. Elleições. In: FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto et al.. A Decada
Republicana. Rio de Janeiro, 1900, v. III, p. 252, 254,
256; CUNHA. Euclides da. À Margem da História. In: Obra Completa. Rio de Janeiro, 1966, 1375. Para queixas sobre a
eleição de 1890, ver SILVA, Eduardo. Barões e
Escravidão: três gerações de fazendeiros e a crise da estrutura escravista. Rio de Janeiro, 1984, p. 105 (e sobre a de
1897, ver p. 116-17); ver também LOVE, J.
L.. São
Paulo, p. 132. Como observei, aqueles que haviam sido eleitores em 1881, mesmo os analfabetos, tiveram permissão
para votar na República, portanto Paranapiacaba
estava duas vezes errado.
Capítulo 8
1 ARROYO, Leonardo. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Ensaio de informação à procura de constantes válidas de
método, 2ª ed. São Paulo, 1976, p. 118; SANTOS,
Luís Gonçalves dos (Padre Perereca). Memórias para Servir à História do Reino do Brasil, 3ª ed. (la ed. 1825). Belo
Horizonte, 1981, I, p. 185; PEDRO I, apud HGCB,
n. 7, p. 87; FLORY, T.. Judge and Jury in Imperial Brazil, 1808-1877: social control and political stability in the New
State. Austin (Tex.), 1981, p. 163-67; BEIGUELMAN,
Paula. Formação Política do Brasil. Volume 1: Teoria e Ação no Pensamento Abolicionista. São Paulo, 1967, p. 60. Para
exemplos dos poderes dos donatários ver Carta
de Poder para o Capitão-mor Criar Tabeliães e mais Officiaes de Justiça [20/11/1530] e Carta de Doação da Capitania
de Pernambuco a Duarte Coelho (5/9/1534). In:
DIAS, Carlos Malheiro (ed.), História da Colonização Portuguesa do Brasil. Edição monumental comemorativa do
primeiro centenário da independência do Brasil. Porto,
1924, III, p. 160, 309-12. Sobre as fábricas reais, ver ANDRADE, Rõmulo Garcia de. Burocracia e Economia na
Primeira Metade do Século XIX (A Junta do Comércio e
as atividades artesanais e manufatureiras na cidade do Rio de Janeiro, 1808-1850). Dissertação de Mestrado. Univ.
Federal Fluminense, 1980. Sobre a burocracia, ver
3 Conde da Ponte para Fernando José de Portugal, Salvador. 17/5/1808 (citado), 5/9/1808, AN, SPE, IJJ 9-317;
Leonardo José Duarte Gameleiro para visconde
de Camamu (PP-BA), Salvador, 19/3/1829, APEB, M.1609; PP-SP para MJ, São Paulo, 25/3/1861, AN, SPE, IJJ 5-43;
Francisco de Paula da Silveira Lobo para Paranaguá,
Recife, 28/2/1867, AMIP, I-DPP, 9.2.867, LOB-C.; SILVA, Antônio de Moraes. Diccionario da Lingua Portugueza, 8ª
ed. Rio de Janeiro, 1889-91. No Brasil colonial,
como em outros lugares na época, alguns cargos podiam
4 NABUCO, Joaquim. Um Estadista do Império, [3ª ed.]. Rio de Janeiro, 1975, p. 938; FIALHO, Anfriso. Processo
da Monarchia Brazileira: necessidade da convocação
de uma constituinte. Rio de Janeiro, 1885, p. 5-27.
5 VASCONCELOS, José Marcelino Pereira de. Roteiro dos Delegados e Subdelegados de Policia; ou, Colleção dos
actos, atribuições e deveres destas autoridades.
Rio de Janeiro, 1862, p. 9, 18, 21; Manuel Pinto de Souza Dantas para Franklin Américo de Menezes Dória, Rio,
4/9/1880, AIHGB, L173, D1, v. 1, fl. 56; PEDRO II.
Conselhos à Regente. Rio de Janeiro, 1958, p. 33, 60; LB, Lei 40, 3/10/1834, art. 5, par. 6; PP-RS para MJ, Porto
Alegre, 30/8/1860, AN, SPE, IJJ 5-43; LB, Decreto
817, 30/8/ 1851, art. 13; LB, Regulamento 120, 31/1/1842. O padrão é conhecido dos historiadores no caso das
nomeações eclesiásticas: os bispos nomeavam como vigários
paroquiais apenas aqueles cujos nomes lhes foram apresentados por autoridades civis.
6 VASCONCELOS, J. M. P. de. Roteiro dos Delegados, p. 20; CP-BA para Delegado, Lençóis, Salvador, 9/3/1869,
cópia, APEB, Presidência, Policia, Delegados,
Registro, M.5802; LB, Regulamento 120, 3/11/1842, art., 48; discursos de Nebias e Lessa, 8/6/1861, BCCD, Anais,
1861, II, 76; CP-BA para Delegado, Santa Rita do
Rio Preto, Salvador, 11/12/1868; CP-BA para Delegado,
7 Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe, Salvador, 16/ 12/ 1865, 11/10/1856, AIHGB, CC, L 19, D51, D27,
respectivamente; CONGRESSO Agricola. Coleção
de documentos. Rio de Janeiro, 1878, p. 191.
8 FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis. As Finanças da Regeneração: estudo politico offerecido aos mineiros. Rio
de Janeiro, 1876, p. 23. O barão de Guaí usava
a mesma palavra, "empregomania": Guaí para Cotegipe, Salvador, 16/11/1885, AIHGB, CC, L38, D24, embora fosse ele
próprio um dos solicitadores mais freqüentes de
cargos para seus protegidos.
9 Cotegipe, Confidencial: Parahyba do Norte [1886], anotações, AIHGB, CC, L90, D29.
10 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 9/7/1856, ibidem, L30, D178; Cotegipe, anotações não tituladas, ibidem,
L19, D20. Ver a análise similar sobre a Espanha
em ROMEROMAURA, Joaquim. Caciquismo as a Political System. In: GELLNER, Ernest e WATERBURY, John
(ed.), Patrons and Clients in Mediterranean Societies. Londres,
1977, p. 53-62.
11 Luís Alves dos Santos, Discurso pronunciado no dia 22 de julho de 1882 pelo vigario... [WERNECK, Manoel
Peixoto de Lacerda]. O Visconde de /piabas, Peregrino
José de America Pinheiro: perfil biographico, acompanhado do retracto do finado e seguido de algumas allocuções
pronunciadas por ocasião de seus funeraes. Rio de
Janeiro, 1882, p. 34.
12 As cartas estão nos seguintes arquivos: Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Arquivo do
Museu Imperial de Petrópolis e Arquivo Nacional,
Rio de Janeiro. Olinda recebeu 82 delas, Paranaguá 308, Dória 86, e Pena
13 Afonso Pena para Olegário Herculano de Quino e Castro, Sta. Bárbara, 28/11/1884, cópia, AN, SAP, Afonso Pena,
Documentos não catalogados; MELLO, Afonso d'Albuquerque.
A Liberdade no Brasil: seu nascimento, vida, morte e sepultura. Recife, 1864, p. 106. A carta de recomendação era
também uma prática comum na Espanha e na Itália:
KENNY, Michael. Patterns of Patronage in Spain. Anthropological Quarterly, 33:1, janeiro de 1960, p. 20;
SILVERMAN, Sydel F.. Patronage and CommunityNation Relationships
in Central Italy. Ethnology, 4:2, abril de 1965, p. 187, 189 (nota 6); MARASPINI, A. L.. The Study of an ltalian Village.
Paris, 1968, p. 110-12.
14 Primeiros-ministros, claro, também tinham suas próprias pastas: Olinda preferia ser ministro do Império,
Paranaguá, ministro da Fazenda. Mas quando os
destinatários das cartas ocupavam os cargos do Império ou da Fazenda, sem ser primeiro-ministro, eles recebiam poucas
cartas. Claro, também, os primeiros-ministros
muitas vezes passavam as cartas para outros membros do Gabinete agirem: ver, por exemplo, Diogo Velho Cavalcanti
de Albuquerque, visconde de Cavalcanti (MJ) para
Cotegipe (PM), Rio, 5/5/1876, AIHGB, CC, L1, D118.
15 As cartas de deputados correspondiam a 25% do total no período de 1850-69, mas eram 44% nos 20 anos
seguintes; a proporção de cartas de presidentes caiu
de 22% para 11 % no mesmo período.
17 Ibidem, p. 106, João Alfredo (PP-PA) para Cotegipe, Belém, 8/4/1870, AIHGB, CC, L50, D91 (traduzido do
inglês).
18 José Bento da Cunha Figueiredo para Cotegipe, Recife, 16/12/1858, AIHGB, CC, L23, D143; PP-RN para M
Guerra, Natal, 11/5/1850, AN, SAP, Cx. 823, Pac. 2,
fl. 272; Manuel Buarque de Macedo para Luís Felipe de Souza Leão, [janeiro-março 1880], s.l., AIHGB, L456, D76.
Ver também Manoel Pinto de Souza Dantas (PP-BA) para
Cotegipe, Salvador, 13/12/1865, AIHGB,CC,L19, D50.
19 Quadro dos Suplentes de Juizes Municipaes nomeados de conformidade com a nova lei de reforma judiciaria,
[Porto Alegre, 1872?], AN, SAP, Cx. 781, Pac.
2, Doc. 12. Um historiador conservador, contudo, alega que durante o Império "as promoções [judiciais] (...) obedeciam
ao mais rigoroso exame de honestidade profissional
e das virtudes públicas": CALMON, Pedro. Organização Judiciária: (a) na Colônia; (b) no Império (c) na República. In:
Livro do Centenário dos Cursos Jurídicos. Rio
de Janeiro, 1928, I, 95.
20 ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.). Codigo Philippino; ou, Ordenações e leis do reino de Portugal. Rio de
Janeiro, 1870, Liv. I, Tít. 78-85, e notas; LB,
Decreto de 30/1/1834; BAHIA. Colleção das leis e resoluções da Assembléa Legislativa e regulamentos do governo da
Bahia, sanccionadas e publicadas..., Lei 723,
17/12/1858, Lei 801, 4/6/1860; JM para PP-SP, Taubaté, 1/1/1861, cópia anexa em PP-SP para MJ, São Paulo,
20/1/1861, AN, SPE, IJJ 5-43; PP-AL para MJ, Alagoas, 13/10/1868,
apud Magistratura, Registro de Fatos Notaveis, AN, SPE, IJ 4-32.
23 Leôncio de Carvalho para Cupertino do Amaral, São Paulo, 6/7/1882, AN, SAP, Documentos de Amaro
Cavalcanti, sendo recatalogados na época de uso (antiga
Cx. 998); Antônio Nicolau Tolentino, apud HGCB, n. 7, p. 89 (nota); Luís Tarquinio de Souza para Serzedelo Correia,
Salvador, [1890?], apud PINHO, Péricles Madureira
do. Luís Tarquínio, Pioneiro da Justiça Social no Brasil. Salvador, 1944, p. 71, 72.
24 BRAZIL, Ministerio do Imperio. Relatório, 1857, p. 104; Luís Pedreira do Couto Ferraz para Cotegipe, Rio,
26/11/[1853], AIHGB, CC, L22, 13101; Firmino
de Sousa Martins para João Lustosa da Cunha Paranaguá, Buritisinho, 28/3/1876, AMIP, I-Dpp, 28.3.876, MAR-C.
25 Afonso Pena para Lima Duarte, Rio, [outubro de 1883], AIHGB, CC, L21, D85; PP-BA para MI, Salvador, 4/9/
1867, AN, SPE, IJJ 9-343, fl. 149 e seguintes;
Cotegipe para Junqueira, Salvador, 26/11/1874, cópia de minuta, AIHGB, CC, L31, D60; Cincinatto Pinto da Silva para
Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, Salvador,
15/12/1862, AIHGB, L213, D 114; PENNA, Domingos Soares Ferreira. A Região Occidental da Província do Pará:
resenhas estatísticas das comarcas de Ohidos e Santarem.
Pará [Belém], 1869, p. 230. Ver também Manuel Pinto de Souza Dantas para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda,
s.l., 13/10/1862, AIHGB, L213, D113. Sobre a faculdade
de Direito do Recife como uma fonte de clientelismo, ver LEVINE, Robert M.. Pernam-
26 José Gomes de Sousa Portugal, barão do Turvo, para Jerônimo José Teixeira Jr., Dores do Piraí, 27/8/1863, AN,
SAP, Col. Teixeira Jr., AP 23, Correspondencia,
Doc. 104; Junqueira (MGuerra) para Cotegipe, Rio, 5/10/1872, AIHGB, CC, L31, D36; Ambrósio Leitão da Cunha,
barão de Mamoré, para Cotegipe, Rio, [março de 1887],
AIHGB, CC, L18, 13133; Henrique Francisco de Ávila para Cotegipe, Rio, 3/5/1886, AIHGB, CC, L7, D39; PP-BA
para MI, Salvador, 20/11/1867, AN, SPE, IJJ 9-343, 1867,
fl. 176; Guaí para Cotegipe, Salvador, 28/3-5/4/1884, AIHGB, CC, L38, D4, D5.
27 Ver, por exemplo, Joaquim Raimundo de Lamare para Franklin Américo de Menezes Dória, Rio, 19/8/1881,
AIHGB, L172, D2, v. II, fl. 110, onde pede um posto
de sargento para um protegido seu.
28 João José de Oliveira Junqueira (pai) para Cotegipe, Salvador, 6/8/1855, AIHGB, CC, L30, 13147; Junqueira
para Cotegipe, Salvador, 4/7/1855, ibidem, L30,
13169; José Mariano Carneiro da Cunha para Afonso Pena, s.l, sal., AN, Documentos de Afonso Pena, Lata 5, 1.2.338
L:C. Sobre a concentração de tropas no Rio Grande
do Sul, ver LOVE, Joseph L.. Rio Grande do Sul and Brazilian Regionalism, 1882-1930. Stanford (Calif.), p. 15-16.
29 Manuel Antônio Duarte de Azevedo para Cotegipe, Rio, 14/7/1872, AIHGB, CC, L7, D80.
30 Luís Pedreira do Couto Ferraz para Cotegipe, [Rio], 15/5/[1854 ou 1855], ibidem, L22, 13108; Guaí para
Cotegipe, Salvador, 26/5, 6/8/1874, ibidem, L37,
13108, 13113. Ver também Guaí para Cotegipe, Salvador, 26/10/1872, ibidem, L37, 13148.
Página 218
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
32 Guaí para Cotegipe, Salvador, 19/12/1882, AIHGB, CC, L37, 13165; Guaí para Cotegipe, Salvador, 19/4/1884,
ibidem, L38, 135.
33 Antônio Augusto da Costa Aguiar. A Continuação da Confissão dos meus Intimos Pensamentos, 28/9/1862,
manuscrito, AMIP, CXXI, 6.422, fl. 2; Bernardo Avelino
Gavião Peixoto para João Lustosa da Cunha Paranaguá, São Paulo, 18/1/1860, AMIP, I-DPP, 18.1.860, Pei-C1.2;
MELLO, A. d'A.. A Liberdade, p. 105. Compare KENNY, M..
Patterns of Patronage, p. 21.
34 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 11/3/1856, AIHGB, CC, L30, D 175; Manuel Pinto de Souza Dantas para
Cotegipe, Salvador, 18/2/[1857], ibidem, L19, 1337;
Junqueira para Cotegipe, Rio, 21/5/1886, ibidem, L31, 13140; Junqueira (MGuerra) para Cotegipe, Rio, 13/11/1872,
ibidem, L31, 1343.
35 Compare a opinião de João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu em Congresso Agrícola. Coleção de documentos,
p. 127. Ver também BARMAN, Roderick J. e BARMAN,
Jean. The Role of the Law Graduate in the Política! Elite of Imperial Brazil. Journal of Inter-American Studies, 18:4,
novembro de 1976, p. 423-50.
36 JAGUARIBE, Hélio. Política! Development: a general theory and a latin american case study. Nova York, 1973,
p. 480. A chegada de aristocratas empobrecidos
foi primeiro citada em 1883 por NABUCO, Joaquim. O Aboli-
37 [SOUZA, João Cardoso de Meneses e], barão de Paranapiacaba. Elleições. In: FIGUEIREDO, Afonso Celso de
Assis, visconde de Ouro Preto, et al., A Decada
Republicana. Rio de Janeiro, 1900, fII, 244 (citando STRATENPONTHOZ, Auguste van der. Le Budget du Brésil ou,
Recherches sur les ressources de cet empire dans leurs
rapports avec les intérêts européens du commerce e de L'émigration. Bruxelas, 1854); HOLLANDA, Sérgio Buarque de.
HGCB, n. 7, p. 86. Essa observação é feita também
por ROTHSTEIN, Frances. The Class Basis of Patron-Client Relations. Latin American Perspectives, 6:2, primavera
1979, p. 28.
39 BOXER, Charles R.. Portuguese Society in the Tropics: the Municipal Councils of Goa, Macao, Bahia, and Luanda.
Madison (Wis.), 1965, p. 149; LEVINE, R. M.. Pernambuco,
p. 115-16. Alguns historiadores têm expressado surpresa com o fato de que a procura por cargos atraía a atenção até de
homens ricos; ver, por exemplo, DIAS, Maria
Odila Silva. The Establishment of the Royal Court in Brazil. In: RUSSELL-WOOD, A. J. R. (ed.), From Colony to
Nation: essays on the Independence of Brazil. Baltimore,
1975, p. 102 (nota).
40 PANG, Eul-Soo e SECKINGER, Ron L.. The Mandarins of Imperial Brazil. Comparative Studies in Society and
41 Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe, Salvador, 6/7/1855, AIHGB, CC, L19, 136; Antônio Paulino
Limpo de Abreu, visconde de Abaeté, para Cotegipe,
Página 219
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Rio, 29/3/ 1859, ibidem, L1, D20. Abaeté explicou ao baiano Cotegipe que ele não precisava preocupar-se com as
nomeações ali: o "filho predileto" da Bahia, ministro
da Justiça Manuel Vieira Tosta, barão de Muritiba, "há de atender com todo o cuidado aos interesses da terra que o viu
nascer".
42 Discurso de Araújo Góes, 5/11/1888, BCCD, Anais, 1888, VII, 21; Ambrósio Leitão da Cunha, barão de
Mamoré, para Cotegipe, Rio, 9/3/1887, AIHGB, CC, L18,
D134.
43 César Zama para Rui Barbosa, Salvador, 6/1/1890, CRB, sem número. Sobre a resposta de Zama, ver
ABRANCHES [MOURA], João Dunshee de (ed.). Actas e Actos
do Governo Provisorio, 3ª ed. Rio de Janeiro, 1953, p. 374.
44 José Antônio Saraiva para Afonso Celso de Assis Figueiredo, [Salvador], 11/3/1880, AIHGB, L427, D23; Manuel
Buarque de Macedo para Luís Felipe de Souza Leão, [Rio],
9/3/1880, AIHGB, L456, D74; discurso de Afonso Celso de Assis Figueiredo Jr., 19/7/1888, BCCD, Anais, 1888, III, p.
214.
45 Junqueira para Cotegipe, Rio, 25/10, 8/11/1873, AIHGB, CC L41, D51, D52; JD para PP-BA, Caeteté,
12/12/1856, cópia, APEB, Presidência, Eleições, M.2794;
Pedro Leão Veloso para João Lustosa da Cunha Paranaguá, Salvador, 28/9/1865, AMIP, I-DPP, 30.5.865, Vel. cl-2.
47 Com a exceção de que após os 60 anos, quando o número de cartas diminuía acentuadamente, a proporção dos
homens pedindo para ir para o interior aumentava.
48 Mesa Parochial para PP-BA, Vitória, 19/9/1860, AN, SPE, IJJ 5-25; discurso de D. Manuel [de Assis
Mascarenhas], 21/3/1850, BCCD Anais, 1850 (P sessão),
II, p. 193. Ver também CARVALHO, Antônio Alves de Souza. O Brasil em 1870, Estudo Político. Rio de Janeiro, 1870,
p. 34-35.
Capitulo 9
1 José Antônio Saraiva para Henrique Garcez Pinto de Madureira, Rio, 2, 10/4/1848, apud PINHO, José Wanderley
de Araújo. Política e Políticos no Império.
Rio de Janeiro, 1930, p. 35-37; BARMAN, Roderick J. e BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the
Political Elite of Imperial Brazil. Journal of Inter-American
Studies, 18:4, novembro de 1976, p. 441, 447 (nota 16). João de Souza Werneck e seus dois filhos, Paulino de Souza
Werneck (juiz de paz) e Saturnino de Souza Werneck
(4º suplente de subdelegado), junto com Inácio Barbosa dos Santos Werneck (1º suplente de subdelegado) e José Luís de
Azevedo [Santos?] Werneck, assinaram uma petição
para o afastamento do vigário: Moradores da Freguesia de São José do Rio Preto versus Pe. Manoel Florentino Cassiano
de Campos, Município de Paraíba do Sul, 7/7/1863,
ACMRJ. Queixas contra padres, 1863.
2 Miguel Calmon du Pin e Almeida para condessa de Itapagipe, Salvador, 25/11/1833, apud CALMON, Pedro.
História de D. Pedro II. Rio de Janeiro, 1975, I, 328;
VPPSergipe para MJ, Aracaju, [1851], AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2. Um exemplo da participação de uma mulher no
processo de garantir a nomeação para membros da família
servirá: João Vicente Torres Homem, depois barão de
3 Domingos de Souza Leão para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, 21/8/1865, AIHGB, L207, D72; PPCE
para MJ, Fortaleza, 8/11/1849, apud URICOECHEA, Fernando.
O Minotauro Imperial: a burocratização do Estado patrimonial brasileiro no século XIX. São Paulo, 1978, p. 114;
Herculano Ferreira Penna (PP-MG) para José Tomás
Nabuco de Araújo (MJ), Ouro Preto, 6/11/1856, AIHGB, L365, D 1 I .
4 José Manoel de Freitas (PP-PE) para João Lustosa da Cunha Paranaguá, visconde de Paranaguá, [Recife], 15/4/
1884, AMIP, I-Dpp, 3.1.884, Fre-cl. 18; LB,
Lei de 1/10/1828, art. 23; Lei, 1846, art. 125; Guaí para Cotegipe, Salvador, 16, 31/10/1885, AIHGB, CC, L38, D19,
D21; Antônio Alves Guimarães de Azambuja para
PP-RGS, Rio Pardo, 1872, AN, SAP, Cx. 781, Pac. 2, Doc. 15. Exclusões de cargos da Câmara Municipal
estenderam-se em 1861 aos sogros e genros: LB, Aviso 386 (Império),
6/9/1861. Ver também ALMEIDA, Cândido Mendes de (ed.). Codigo Philippino; ou, Ordenações e Leis do Reino de
Portugal. Rio de Janeiro, 1870, p. 372 (nota), 373 (nota).
Nos tempos coloniais, uma Câmara Municipal exortou a que não se nomeassem brasileiros para cargos de autoridade
pública no Brasil porque "laços e amizades familiares
pervertem aquela integridade que eles devem ter": BOXER, Charles R.. Portuguese Society in the Tropics: the
Municipal Councils of Goa, Macao, Bahia, and Luanda.
Madison (Wis.), 1965, p. 88 (nota). O rei de Portugal tomou medidas elaboradas - embora inúteis -
5 A esse respeito, os brasileiros seguiam o precedente romano: SALLER, Richard P.. Personal Patronage Under the
Early Empire. Cambridge, Ingl., 1982, p. 11,
13.
6 SILVA, Antônio de Moraes. Diccionario da Lingua Portugueza, 8ª ed. Rio de Janeiro, 1889-91; PITT-RIVERS,
Julian Alfred. The People of the Sierra. Londres.
1954, p. 140; Luís Tarquínio de Souza para Serzedelo Correia, Salvador, sal., apud PINHO, Péricles Madureira do. Luís
Tarquínio, Pioneiro da Justiça Social no Brasil.
Salvador, 1944, p. 72; Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe (MM), Santo Amaro, 31/3/1856, AIHGB, CC, L19,
D14. Um missivista disse que um aspirante a cargo
era "um amigo de serviços": Domingos de Souza Leão para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, Caraúna,
9/10/1865, AIHGB, L207, D72. Lembre-se do caso visto em
um capítulo anterior, de um pai que queria que seus filhos merecessem a "amizade" dele, ou seja, seu patronato.
7 Discurso de Pedro de Calazans, 20/4/1861, BCCD, Anais, 1861, I, 39; Manuel Buarque de Macedo para Luís Felipe
de Souza Leão, [Rio], 9/3/1880, AIHGB, L456, D74; SILVA,
A. de M.. Diccionario; GALVÃO, Miguel Arcanjo. Relação dos cidadãos que tomaram parte no govêrrzo do Brasil no
período de março de 1808 a 15 de novembro de 1889,
2ª ed. Rio de Janeiro, 1969, p. 61; Cotegipe para João Alfredo Correia de Oliveira, Salvador, 21/7/1872, cópia
datilografada, AIHGB, CC, L50, D99.
9 Compare LOVE, Joseph L.. Rio Grande do Sul and Brazilian Regionalism, 1882-1930. Stanford (Calif.), 1971, p.
73, que diz que, pelo menos depois da guerra
civil de 1893-95, "família e emprego, que contavam tanto para tantos em outras partes do país, significavam
relativamente menos no Rio Grande [do Sul]".
Página 221
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
10 João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, Rio, 13/4/1863,
AIHGB, L213, D38; Olinda para Luís Carlos (seu sobrinho),
Ouro Preto, 2/2/1867, AIHGB, L211, D54. O que mais perturbava Olinda era a nomeação de um Joaquim, "o ente mais
desprezível que aqui há, pela incontestável imoralidade;
ébrio incorrigível (...) [apesar de] casado, não duvida, nas perturbações da embriaguez, prestar-se até a outros que têm o
fazer o ofício de outro sexo".
11 Junqueira para Cotegipe, Salvador, 9/7, 5/8, 23/8, 2/10/1856, 9/1, 3/2, 24/3/1857, e, de Teresina, 30/1/1858,
AIHGB, CC, L30, 13178-80, 13182, 13185, 13187, 13190,
13195.
12 Manuel Pinto de Souza Dantas para Cotegipe, Salvador, 31/5/1855, Sto. Amaro, 31/3/1856, Salvador, [início de
1857, ibidem, L19, D3, D14, D2.
13 Junqueira para Cotegipe, Rio, 30/7/1872, ibidem, L31, 1325; Afonso Augusto Moreira Pena para Francisco de
Paula da Silveira Lobo e Afonso Celso de Assis
Figueiredo (1°), Santa Bárbara, 19/3/1876, cartas separadas, ambas em AN, SAP, Documentos de Afonso Pena, não
catalogados na época do uso.
15 José Antônio Saraiva para Henrique Garcez Pinto de Madureira, Jacobina, 18/6/1849, apud PINHO. J. W. de A..
Política e Políticos, p. 45-46. Ele finalmente escolheu
ficar do lado do Gabinete: "[Eu] me saí bem na eleição, devendo estar contente o governo pela exclusão completa da
oposição": 10/12/1849, ibidem, p. 47.
16 [João Vieira Machado da Cunha (2º)] para Luís Alves Santos, s.l., [depois de 1882, minuta, AN, SAP, Cód. 112,
v. 9, Doc. 50.
17 Junqueira para Cotegipe, Rio, 5/8/1872, AIHGB, CC, L31, 1327; FIGUEIREDO JR., Afonso Celso de Assis.
Oito Annos de Parlamento. Poder pessoal de D. Pedro
II. Reminiscencias e notas. São Paulo: Melhoramentos, sal., p. 21; SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O Sistema
Eleitoral no Império (com apêndice contendo a
legislação eleitoral no período 1821-1889). Brasília, 1979, p. 44.
19 Discurso de João Lustosa da Cunha Paranaguá, 16/4/1850, BCCD, Anais, 1850, II, 336; JD para PP-CE, Icó,
19/9/1860, anexo em PP-CE para MJ, Fortaleza, 4/10/1860,
AN, SPE, IJJ 5-43.
20 PP-RN para MJ, Natal, 11/5/1850, apud URICOECHEA, F.. O Minotauro Imperial, p. 271; PP-SE para MJ,
Sergipe, 3/2/1851, AN, SAP, Cx. 783, Pac. 2.
Página 222
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
21 CARVALHO, Antônio Alves de Souza. O Brasil em 1870, Estudo Político. Rio de Janeiro, 1870, p. 62; Manuel
Buarque de Macedo para Luís Felipe de Souza Leão,
[Rio], 9/3/1880, AIHGB, L456, D74.
22 Luís Pedreira do Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro, para Cotegipe, Rio, 13/9, 2/10/[1856], AIHGB, CC,
L22, O135, D136. Sobre a riqueza do barão de Nova
Friburgo, ver SWEIGART, Joseph E.. Coffee Factorage and the Emergence of a Brazilian Capital Market, 1850-1888.
Nova York, 1987, p. 78-80.
23 MELLO, Afonso d'Albuquerque. A liberdade no Brasil: seu nascimento, vida, morte e sepultura. Recife, 1864, p.
107.
24 COTEGIPE. Circumstancias que Precederam a Retirada do Ministerio de 16 de julho. In: PINHO, J. W. de A..
Política e Políticos, p. 166-70; citações nas
páginas 166, 167. O ministro da Guerra era Manuel Vieira Tosta (1º), e o Ministro do Império, Paulino José Soares de
Souza (2º).
25 Afonso Celso de Assis Figueiredo, visconde de Ouro Preto, para José Antônio Saraiva, 17/2/1880, Rio, AIHGB,
L274, P 16.
27 Joaquim Henrique de Araújo, barão de Pirassinunga, para Bambina (sua mulher), Barbacena, 27/11/1865,
AIHGB, L210, O77; Cotegipe para Junqueira, Salvador,
25/10/ 1872, cópia de rascunho, AIHGB, CC, L31, O40. Sobre a contrastante eficácia de patronos na Inglaterra do
século XVIII, ver HAY, Douglas. Property, Authority
and the Criminal Law. In: HAY, Douglas et al. (ed.), Albion's Fatal Tree: crime and society in eighteenth-century
England. Nova York, 1975, p. 46.
28 Guaí para Cotegipe, Salvador, 19/12/1882, AIHGB, CC, L37, D 165; Cotegipe para João Alfredo Correia de
Oliveira, Rio, 14/2/1870, cópia datilografada de
minuta, ibidem, L50, 086.
29 MELLO, A. d'A.. A Liberdade, p. 114; Junqueira para Cotegipe, Rio, 6/7/1872, AIHGB, CC, L31, 021; Guaí
para Cotegipe, Salvador, 8/10/1884, 10/10/1887,
AIHGB, CC, L38, 013, 072. Um estudioso do Brasil no início do século XX concluiu similarmente que "o líder político,
embora parecesse ser o dono de tudo, passou
a ser ele mesmo propriedade de todos": Rubens do Amaral, apud
31 Junqueira (MGuerra) para Cotegipe, Rio, 31/8/1872, 24/11/1873, ibidem, L31, D32, D53.
Página 223
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
32 Luís Pedreira do Couto Ferraz, visconde do Bom Retiro, para Cotegipe, Rio, 10/1/[1854], ibidem, L22, D104;
Manuel Francisco Correia para Cotegipe, Rio,
13/8/1872, ibidem, L17, D57; Afonso Celso de Assis Figueiredo para José Antônio Saraiva, Rio, 2/2/1880, AIHGB,
L274, P16.
33 Ildefonso P. Correia para Manoel Francisco Correia, Curitiba, 11/11/1885, AIHGB, CC, L17, D60; [João Vieira
Machado da Cunha (2º)] para Dr. Brás [Carneiro
Nogueira da Gama (3º), Valençal, 6/5/[1890], minuta, AN, SAP, Cód. 112, v. 9, Doc. 57; discurso de Antônio Cesário de
Faria Alvim, em Congresso Agricola. Coleção
de documentos. Rio de Janeiro, 1878, p. 132.
34 Compare SILVERMAN, Sydel F.. Patronage and Community-Nation Relationships in Central Italy. Ethnology,
4:2, abril de 1965, p. 189 (nota 6).
37 PEDRO II. Conselhos à regente (1876). In: VIANA, Hélio. D. Pedro I e D. Pedro II.: acréscimos às suas
biografias. São Paulo, 1966, p. 245.
38 João Mendes de Almeida para Franklin Américo de Menezes Dória, barão de Loreto, Olinda, 8/6/1889, AIHGB, L
174, D2, v. 2, fl. 15.
39 APEB, Presidência, Tesouraria, Exames, M.4588; LB, Decreto 817, 30/8/ 1851, art. 13, Decreto 1.294, 16/12/
1853, art. 9; Cotegipe para Junqueira. Salvador,
26/11/ 1874, cópia de minuta, AIHGB, L31, D60. Sobre os primórdios dos concursos, ver LOPES, Tomás de Vilanova
Monteiro. A Seleção de Pessoal para o Serviço Público
Brasileiro. Revista do Serviço Público, 4:1, outubro de 1952, p. 19.
40 Franklin Américo de Menezes Dória para João Lustosa da Cunha Paranaguá, Salvador, 20/3/1868, AMIP, I-DPP,
20.3.868, Lat-c.; Francisco do Rego Barros, visconde
de Boa Vista, para Pedro de Araújo Lima, marquês de Olinda, Recife, 6/7/1863, AIHGB, L213, D122; Manuel Buarque
de Macedo para Paranaguá, s.l., 6/12/1879, AMIP,
I-DPP, 10.10.879, Mac-c.
42 Ibidem.
43 O homem ilustrado é claramente contrastado com o rude homem da roça no discurso de Otoni, 7/3/1861, BCCD,
Anais, 1861, I, 243.
Página 224
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
44 Guaí para Cotegipe, Salvador, 16/10/1885, AIHGB, CC, L38, D18.
46 Carlos Luís de Amour para João Lustosa da Cunha Paranaguá, visconde de Paranaguá, 7/11/1882, AMIP, I-DPP,
7.11.882, Amo-cl.; Cotegipe para Junqueira, Salvador,
6/3/1875, cópia de minuta, AIHGB, CC, L31, D64.
47 PP-PA para MI, Belém, 31/1/1870, cópia anexa em João Alfredo Correia de Oliveira para Cotegipe, Belém,
3/11/1870, AIHGB, CC, L50, D84.
48 E quando João Alfredo tornou-se ministro do Império, alguns meses depois, nomeou o mesmo "moço honesto",
presidente do Pará. GALVÂO, Miguel Arcanjo. Relação
dos cidadãos que tomaram parte no governo do Brasil no período de março de 1808 a 15 de novembro de 1889, 2ª ed.
Rio de Janeiro, 1969, p. 147.
Epílogo
1 DUDLEY, Wílliam S.. Institutional sources of Officer Discontent in the Brazilian Army, 1870-1889, Hispanic
American Historical Review, 55:1, fevereiro de
1975, p. 44-65. Em junho de 1889 o general Floriano Peixoto escreveu ao ministro do Império (um civil) em favor de
um amigo, só para ter seu pedido negado: Floriano
Peixoto para Franklin Américo de Menezes Dória, barão de Loreto, Rio, 13/6/1889, AIHGB, L174, D2. Sobre tais
questões talvez dependesse o futuro do Brasil: Peixoto
apoiou o golpe republicano cinco meses depois e tornou-se o primeiro vice-presidente do novo governo, conseguindo
chegar ao cargo máximo em 1891. Supõe-se que quando
ele era presidente suas cartas revelaram-se mais eficazes: Peixoto para não-identificado, Rio, 17/3/1892, BNISM, Col.
Tobias Monteiro, n. 55. Ver também HAHNER,
June E.. Civilian-Military Relations in Brazil, 1889-1898. Columbia (S. C.), 1969, p. 134 (nota 23). No período de
1853-71, 20% dos membros do Gabinete tinham sido
oficiais militares, comparados com meros 6% em 1871-1889: CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: a
elite política imperial. Rio de Janeiro, 1980, p. 79.
2 BARMAN, Roderick J. e BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil.
3 BRASILIENSE [de Almeida Mello], Américo. Os Programas dos Partidos e o 2º Imperio. Primeira parte:
Exposição de Principios. São Paulo, 1878, p. 30; Manuel
Pinto de Souza Dantas para Rui Barbosa, s.l., [entre 1875 e 1877]. In: DANTAS, Manuel Pinto de Souza,
Correspondência. Rio de Janeiro, 1962, p. 14; Francisco Otaviano
de Almeida Rosa para Afonso Celso de Assis Figueiredo, Rio, 22/12/1882, AIHGB, L427, D24.
4 FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis. Reforma Administrativa e Municipal: parecer e projetos. Rio de Janeiro,
1883, p. xxxvii, xl, 66, 78-81. A ação de várias
legislaturas provinciais é relatada em BRAZIL, Commissão Encarregada de Rever e Classificar as Rendas Geraes,
Provinciaes e Municipaes do Imperio. Relatório e projeto
de lei. Rio de Janeiro, 1883, p. 89.
6 GRAHAM, Richard. Government Expenditures and Political Change in Brazil, 1880-1899. Journal of
InterAmerican Studies, 19:3, Agosto de 1977, p. 368; LOVE,
Joseph L.. São Paulo in the Brazilian Federation 1889-1937. Stanford (Calif.), 1980, p. 302-3; CARVALHO, João
Manuel de. Reminiscencias sobre Vultos e Factos do Imperio
e da República. Amparo, 1894, p. xxiv-xxv; James Fenner Lee para [Secretário de Estado dos E.U.A., James G.] Blaine,
12/12/1890, apud HAHNER, J. E.. Civilian-Military
Página 225
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Relations, p. 35. Ver também César Zama para Rui Barbosa, Salvador, 6/1/1890, CRB, não numerado; [João
Francisco?] Barcellos para Ernesto Vieira, Niterói, 30/8/1892,
AN, SAP, Cód. 112, D70; WEINSTEIN, Barbara. The Amazon Rubber Boom, 1850-1920. Stanford (Calif), 1983, p.
247; WIRTH, John D..
7 Muitas das questões tratadas neste livro, referentes às relações entre líderes locais e nacionais, também são
calorosamente debatidas em relação ao século
XX. Para uma introdução ao debate, ver MARTINS FILHO, Amílcar. Clientelismo e Representação em Minas Gerais
Durante a Primeira República: uma crítica a Paul Carnmack.
Dados- Revista de Ciências Sociais, 27:2, 1984, p. 175-97. Também útil é CARONE, Edgard. Coronelismo: definição,
história e bibliografia. Revista de Administração
de Empresas, 11:3, julho-setembro de 1971, p. 85-92. Como as práticas de clientelismo na Europa são hoje afetadas por
estruturas governamentais antigas é um assunto
explorado por SHEFTER, Martin. Party and Patronage: Germany, England, and Italy. Politics and Society, 7:4, 1977, p.
403-51.
8 FERNANDES, Florestan. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro,
1975, p. 31-146; CANO, Wilson. Raízes da Concentração
Industrial em São Paulo. São Paulo, 1977, p. 20-87; SAES, Décio. A Formação do Estado Burguês no Brasil
(1888-1897). Rio de Janeiro, 1985. Essa opinião geral do contraste
entre as duas regiões também fundamenta o argumento básico de COSTA. Emília Viotti da. Da Senzala à Colônia. São
Paulo. 1966, p. 467.
Referências
OUTRAS FONTES
Página 226
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Referências 4197
ANDRADE, Rômulo Garcia de. Burocracia e Economia na Primeira Metade do Século XIX (A Junta do Comércio e as
atividades artesanais e manufatureiras na cidade do Rio
de Janeiro, 1808-1850). Dissertação de mestrado, Univ. Federal Fluminense, 1980.
ARMITAGE, John. The History nf Brazil from the Period of the Arrival of the Braganza Family in 1808 to the
Abdication nf Don fsicJ Pedro
Vários anos.
BANDEIRA, Antônio Herculano de Souza (ed.). Reforma Eleitoral, Eleição Directa: collecção de diversos artigos sobre
a eleição directa dos quaes são autores os seguintes
senhores:... Recife, 1862.
BARBOSA, Rui. Discursos Parlamentares, Câmara dos Deputados. In: Obras completas, v. 7, 1880, Tomo 1. Rio de
Página 227
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Janeiro, 1945.
.Liberdade Commercial. O Partido Liberal bahiano. Discurso proferido... na Assembléa Provincial da Bahia, na
sessão de 27 de junho
1988.
. The Brazilian Peasantry Reexamined: the implications of the Quebra-Quilos Revolt, 1874-1875. Hispanic
American Histnrical Review, 57:3, agosto de 1977,
p. 401-24.
BARMAN, Roderick J. e BARMAN, Jean. The Role of the Law Graduate in the Political Elite of Imperial Brazil.
Journal of Inter-American Studies, 18:4, novembro de
1976, p. 423-50.
BARRETO. [Afonso Henrique de] Lima. Triste Fim de Policarpo Quares-
Universidade. Universidade de São Paulo, Cadeira de História e Filosofia da Educação. Boletim n. 241-2. São Paulo,
1959.
498 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
BARROSO, Gustavo. História Militar do Brasil, 2' ed. São Paulo,1938. BASTOS, Aureliano Cândido Tavares. Os
Males do Presente e as Esperanças do Futuro ([e outros]
estudos brasileiros). Brasiliana, 151, 3' ed. São Paulo, 1976.
BEIGUELMAN, Paula. Formação Política do Brasil. V. 1: Teoria e Ação no Pensamento Abolicionista; v. 2:
Contribuição à Teoria da Organização Política Brasileira.
São Paulo, 1967.
BEIK, William. Absolutism and Society in Seventeenth-Century France: state power and provincial aristocracy in
Languedoc. Cambridge, Ingl., 1985.
BESOUCHET, Lidia. José M° Paranhos, Vizconde do Rio Branco. Buenos Aires, [ 1944].
Referências 499
tanciada que Fez n Doutor Justiann Baptista de Madureira ao Souza Breves. Origem da.s,fazendas S.
Jnaguirn da Gramma e Srn.
502 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Antônio da Olaria. Subsidios para a historia do municipio de S. João Marcos. Rio deJaneiro, 1931.
DANTAS, Manuel Pinto de Souza. Correspondência. Américo Jacobina Lacombe (ed.). Rio de Janeiro, 1962.
Página 230
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
DANTAS JR., J. C.. O Capitão-mor João d'Antas e sua Descendência. Revista Genealógica Brasileira, 12, 2° semestre
de 1940, p. 379-419.
DEALY, Glen C.. The Public Man: an interpretation of latin american and other catholic countries. Amherst (Mass.),
1977.
DEAN, Warren. Latifundia and Land Policy in Nineteenth-Century Brazil. Hispanic American Historical Review, 51:4,
novembro de 1971, p. 606-25.
Rio Claro: a brazilian plantation system, 1820-1920. Stanford (Calif.), 1976.
DEGLER, Carl N.. Neither Black nor White: slavery and rate relations in Brazil and the United States. New York, 1971.
DENT, Hastings Charles. A Year in Brazil, with Notes on the Abolition cif Slavery, the Finances of the Empire,
Religion, Meteorology; Natural History, Etc. Londres,
1886.
DIAS, Carios Malheiro (ed.). História da Colonização Portuguesa do Brasil. Edição monumental comemorativa do
primeiro centenário da Independência do Brasil, 3 v.
Porto, 1921-24.
DIAS, Maria Odila Silva. The Establishment of the Royal Court in Brazil. In: RUSSELL-WOOD, A. J. R. (ed.), From
Colony to nation: essays on the Independence of Brazil.
Baltimore, 1975, p. 89-108.
. Ideologia Liberal e a Construção do Estado do Brasil. Anais do Museu Paulista, 30, 1980-81, p. 211-25.
DUARTE, Nestor. A Ordem Privada e a Organização Politica Nacional (Contribuição á sociologia politica brasileira).
Brasiliana, 172. São Paulo, 1939.
DUDLEY, William S.. Institutional Sources of Officer Discontent in the Brazilian Army, 1870-1889. Hispanic American
Historical Review, 55:1, fevereiro de 1975, p.
44-65.
DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus: the Gaste system and lts implication.s. Tradução de Mark Sainsbury, Louis
Dumont e Basia Gulati. Ed. rev. Chicago, 1980.
EISENBERG, Peter L.. The Sugar Industry in Pernambuco: modernization without change, 1840-1910. Berkeley
(Calif.), 1974.
Referências 503
FÉL, Edit e HOFER, Tomás. Tanyakert-s, Patron-Client Relations and Political Factions in Atány. American
Anthropologist, 75:3, junho de
1973, p. 787-801.
FERNANDES, Florestan. A Revolução Burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. Rio de Janeiro, 1975.
FERNANDES, Heloisa Rodrigues. Política e Segurança: força pública do Estado de São Paulo. Fundamentos
histórico-sociais. São Paulo, 1974.
FIALHO, Anpriso [Anfriso]. Biographical Sketch of Dom Pedro II, Emperor of Brazil. In: Annual Report of the Board
of Regents. Washington, D. C.: Smithsonian Institution,
1877, p. 173-204.
. Processo da Monarchia Brazileira: necessidade da convocação de uma constituinte. Rio de Janeiro, 1885.
Janeiro, 1883.
FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto, et ai. A Decada Repúblicana, 8 v. Rio de Janeiro,
1899-1901.
FIGUEIREDO JR., Afonso Celso de Assis, conde de Afonso Celso. Oito Annos de Parlamento. Poder pessoal de D.
Pedro II. Reminiscencias e notas. São Paulo: Melhoramentos,
sal.
Página 231
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
FILLER, Victor M.. Liberalism in Imperial Brazil: the Regional Rebellions of 1842. Tese de doutoramento. Stanford
University, 1976.
FLORY, Thomas. Judge and Jury in Imperial Brazil, 1808-1871: .social control and polilical stability in the New State.
Latin American Monographs, 53. Austin (Tex.),
1981.
internal dependency and control. Journal of Commonwealth and Comparative Politics, 12:2, julho de 1974, p. 133-56.
FORMAN, Shepard e RIEGELHAUPT, Joyce F.. The Political Economy of Patron-Clientship, Brazil and Portugal
Compared. In: MARGOLIS, Maxine L. e CARTER, William E. (ed.),
Brazil, Anthropological
Perspectives: essays in Honor of Charles Wagley. Nova York, 1979, p. 379-400.
FRANCO, Afonso Arinos de Melo. História e Teoria dos Partidos Políticos no Brasil. Biblioteca Alfa-Ômega de
Ciências Sociais, série 1, n. 3, 2' ed. São Paulo, 1974.
FRANCO, Maria Sílvia de Carvalho. Homens Livres na Ordem Escravocrata. Ensaios, 3, 2' ed. São Paulo, 1974.
504 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
FREYRE, Gilberto. The Masters and the Slaves (Casa-Grande e Senzala). a study in the development of brazilian
civilization. Tradução de Samuel Putnam. Nova York,
1956.
GALVÃO, Miguel Arcanjo. Relação dos Cidadãos que Tomaram parte no Governo do Brasil no Período de março de
1808 a 15 de novembro de 1889, 2' ed. Rio de Janeiro,
1969.
GAMA, Manuel Jacinto Carneiro Nogueira da. Testamento. Freguesia de Santa Teresa [Valença]: Tip. de Santa Rosa,
1883. [Lugar de publicação e editor podem ser fictícios].
GENOVESE, Eugene D.. Yeomen Farmers in a Slaveholders Democracy. Agricultural History, 49:2, abril de 1975, p.
331-42.
GILSENAN, Michael. Against Patron-Client Relations. In: GELLNER, Ernest e WATERBURY, John (ed.), Patrons and
Clients in Mediterranean Societies. Londres, 1977, p.
167-82.
GOULART, José Alípio. Da Fuga ao Suicídio (aspectos da rebeldia dos escravos no Brasil). Rio de Janeiro, 1972.
. Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil. Coleção Temas Brasileiros, 4. Rio de Janeiro, 1961.
GRANAM, Lawrence S.. Civil Service Reform in Brazil: principles versus practice. Latin American Monographs, 13.
Austin (Tex.), 1968.
GRANAM, Maria Dundas (Lady Maria Calcott). Journal of a Voyage ta Brazil and Residence There During Part of the
Years of 1821, 1822, 182.3, 1824 rpt. Nova York,
1969.
GRANAM, Richard. Brazilian Slavery Re-Examined: a review arlicle. Journal qf Social History, 3:4, verão de 1970, p.
431-53.
Britain and the Onset of Modernization in Brazil, 1850-1914. Cambridge Latin American Studies, 4. Cambridge,
Ingl_ 1968.
Causes for the Abolition of Negro Slavery in Brazil: an interpretive essay. Hispanic American Historical Review,
46:2, maio de 1966, p. 123-38.
. Escravidão, Reforma e Imperialismo. Coleção Debates, 146. São Paulo, 1979.
. Government Expenditures and Political Change inB r a z i I , 18 8 O 1899. Journal of Inter-American Studies,
19:3, agosto de 1977, p. 339-67.
. Landowners and the Overthrow of the Empire. Luso -Bral-ilian Review, 7:2, dezembro de 1970, p. 44-56.
. Slavery and Economic Development: Brazil and the United States South in the Nineteenth Century. Comparative
Studies in Society and History, 23:4, outubro
de 1981, p. 620-55.
Referências 505
GRANAM, Sandra Lauderdale. House and Street: lhe domestic world of servants and masters in nineteenth-century Rio
Página 232
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
de Janeiro. Cambridge Latin American Studies, 68.
Cambridge, Ingl_ 1988.
. Slave Prostitutes and Small-Time Mistresses: the campaign of 1871 in Rio de Janeiro. (manuscrito não
publicado.)
. The Vintem Riot and Political Culture: Rio de Janeiro, 1880. Hi.spanic American Historical Review. 60:3, agosto
de 1980, p. 431-49.
GROSS, Daniel R.. Factionalism and Local Level Politics in Rural Brazil. Journal of Anthropological Research, 29:2,
verão de 1973. p. 123-44.
HAHNER, June E.. Civilian-Military Relations in Brazil. 1889-1898. Columbia (S. C.), 1969.
HAUK, João Fagundes, et al. História da Igreja no Brasil: ensaio de interpretação a partir do povo. Segunda época: A
Igreja no Brasil no século XIX. História Geral
da Igreja na América Latina, n. 1112. Petrópolis, 1980.
HAY, Douglas. Property, Authority and the Criminal Law. In: HAY Douglas et al. (ed.), Albion's Fatal Tree: crime and
society in eighteenth-centurv England. Nova
York, 1975, p. 17-63.
HOFSTADTER, Richard. The Idea of a Party System: the rise of legitimate opposition in the United States, 1780-1840.
Berkeley (Calif.), 1969.
HOLLANDA, Sérgio Buarque de (ed.). História Geral da Civilização Brasileira (HGCB). Tomo Il: O Brasil
Monárquico. V. 2 [n. 41, Dispersão e Unidade; v. 3 [n. 5],
Reações e Transações; v. 4 [n. 61, Declínio e Queda do Império; v. 5 [n. 7], Do Império à República. São Paulo,
1964-72. Citado pelos números mostrados em parênteses.
HOLLOWAY, Thomas H.. The Brazilian "Judicial Police" in Florianópolis, Santa Catarina, 1841-1871. Journal of
Social History. 20:4, verão de 1987, p. 733-56.
. Immigranls on lhe Land: coffee and society in São Paulo, 18861934. Chapel Hill (N. C.), 1980.
HOMEM, Floriano Torres. Francisco de Salles Torres Homem, visconde de Inhomerin. In: 3° Congresso de História
Nacional, 1938, Anais, 10 v. Rio de Janeiro, 1939-44,
v. 6, p. 85-165.
Honras Funebres em Memoria do... visconde de Inhaúma, Grand-Mest... do Gr°. Or°. e Sup.°. Cons.°. do Brasil. Ria de
Janeiro, 1869.
IGLESIAS, Francisco. Política Econômica do Govérno Provincial Mineiro (1835-1889). Rio de Janeiro, 1958.
ISAAC, Rhys. The Transformation of Virginia, 1740-1790. Chapel Hill (N. C.), 1982.
JAGUARIBE, Hélio. Political Development: a general theory and a latin american case studv. Nova York, 1973.
506 CLIENTELISMO E POLÍTICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
JESUS, J. Palhano de. Rapida noticia da viação ferrea do Brasil. In: Instituto Historico e Geographico Brasileiro.
Diccionario Historico, Geographico e Ethnographico
do Brasil (Commemorativo do primeiro centenario da independencia), 2 v. Rio de Janeiro, 1922, v. 1, p. 723-56.
JORDAN, Daniel P. Political Leadership in Jefferson's Vírginia. Charlottesville (Va.), 1983.
KARASCH, Mary C.. Slave Life in Rio de Janeiro, 1808-1850. Princeton (N. J.), 1987.
KENNEDY, John N.. Bahian Elites. Hispanic American Historical Review. 53:3, agosto de 1973, p. 415-39.
KENNY, Michael. Patterns of Patronage in Spain. Anthropological quartely, 33:1, janeiro de 1960, p. 14-23.
KETTERING, Sharon. Patrons, Brokers, and Clients in Seventeenth-Century France. Nova York, 1986.
KIDDER, Daniel Parish e FLETCHER, James Cooley. Brazil and the Brazilians Portrayed in Historical and Descriptive
Sketches. Filadélfia, 1857.
KLEIN, Herbert S.. Nineteenth-Century Brazil. In: COHEN, David W. e GREENE, Jack E (ed), Neither Slave nor Free:
the freedman of african descent in the slave societies
of the New World. Baltimore, 1972, p. 309-34.
KOSTER, Henry. Travels in Brazil in the Years from 1809 to 1815, 2 v. Filadélfia, 1817.
KUZNESOF, Elizabeth. Clans, the Militia, and Territorial Government: the Articulation of Kinship with Polity in
Eighteenth-Century São Paulo. In: ROBINSON, David
J. (ed), Social Fabric and Spatial Structure in Colonial Latin America. Syracuse (N. Y.), 1979, p. 181-226.
. The Role of the Female-Headed Household in Brazilian Modernization, 1765-1836. Journal of Social History,
13:4, verão de 1980, p. 589-613.
LAERNE, C. F van Delden. Brazil and Java: report on coffee-culture in
America. Asia and Africa to H. E. the Minister of the Colonies. Londres,
1885.
LAMEGO, Allberto Ribeiro. A Aristocracia Rural do Café na Provincia Fluminense. Anuário do Museu Imperial, 7,
1946, p. 53-123.
Página 233
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
LAXE, João Batista Cortines. Regimento das Câmaras municipais ou, Lei de 1 ° de outubro de 1828, annotada com leis,
Decretos...; precedida de uma introdução historica
e seguida de sete appensos. Antônio Joaquim de Macedo Soares (ed), 2' ed. Rio de Janeiro, 1885.
LEAL, Aurelino. História judiciária do Brasil. In: Instituto Histórico e Geographico Brasileiro, Diccionario Historico,
Geographico e Ethnographico do Brasil. Rio
de Janeiro, 1922, v. 1, p. 1107-1187.
Referências 507
LEAL, Victor Nunes. Coronelismo: the municipality and representative government in Brazil. Tradução de June
Henfrey. Cambridge Latin American Studies, 28. Cambridge,
Ingl., 1977.
LE ROY LADURIE, Emmanuel. Montaillou, the Promised Land nf Error. Tradução de Barbara Bray. Nova York, 1978.
LEFF, Nathaniel H.. Underdevelopment and Development in Braz il. V. I Economic Structure and Change, 1822-1947.
Londres, 1982.
LEITMAN, Spencer L.. Raizes Sácio-Econômicas da Guerra dos Farrapos: um capítulo de história do Brasil no .século
XIX. Rio de Janeiro, 1979.
LEMOS, Miguel. A Incorporação do Proletariado Escravo. Protesto da Sociedade Positivista do Rio de Janeiro contra o
recente projecto do governo. Recife, 1883.
LENHARO, Alcir. As Tropas da Moderação (o abastecimento da Corte na formação política do Brasil, 1808-1842).
Coleção Ensaio e Memória, 21. São Paulo, 1979.
LEONZO, Nanci e BARBOSA, Rita Maria Cardoso. As "virtudes" do bacharelismo. In: Sociedade Brasileira de
Pesquisa Histórica, (1 I' Reunião 1983), Anais. São Paulo,
1983, p. 125-28.
LEVI, Darrell E.. The Prados of São Paulo Braz il: an elite family and social change, 1840-1930. Athens (Ga.), 1987.
LEVINE, Robert M.. Pernambuco in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif), 1978.
LEVIN, Linda. Politics and Parentela in Paraíba: a case study of,famiiybased oligarchy in Brazil. Princeton (N. J.),
1987.
[LIMA, Álvaro Tibério de Moncorvo e]. Eleição do 3° Di.stricto da Provincia da Bahia. Salvador, 1857.
LIMA, Manuel de Oliveira. Dom João VI no Brasil, 1808-1821. Documentos Brasileiros, 49-4913, 2' ed., 3 v. Rio de
Janeiro, 1945.
LISBOA, João Francisco. Obras, 2' ed., 2 v. Lisboa, 1901.
LOPES, Tomás de Vilanova Monteiro. A Seleção de Pessoal para o Serviço Público Brasileiro. Revista do Serviço
Público, 4:1, outubro de 1952, p. 19-23.
LOVE, Joseph L.. Political Participation in Brazil, 1881-1969. LusoBrazilian Review, 7:2, dezembro de 1970, p. 3-24.
Rio Grande do Sul and Brazilian Regionalism, 1882-1930. Stanford (Calif), 1971.
São Paulo in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif), 1980.
LUZ, Nícia Villela. O Papel das Classes Médias Brasileiras no Movimento Republicano. Revista de História, 28:57.
janeiro-março de 1964, p. 13-27.
SOÓ CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
LYRA, Augusto Tavares de. Esboço Historico do Regimen Eleitoral do Brasil (1821-1921). Rio de Janeiro, 1922.
LYRA, Heitor. História de Dom Pedro II, 1825-1891. Reconquista do Brasil, 39-41, 2' ed. rev., 3 v. Belo Horizonte,
1977.
LYTTLETON, N. A. O.. El Patronazgo en Ia Italia de Giolitti (1892-1924). Revista de Occidente, 127, outubro de 1973,
p. 94-117.
MACEDO, Ubiratan Borges de. A Liberdade no Império. São Paulo, 1977.
MAGALHÃES, Basílio de. Estudos de História do Brasil. Brasiliana, 171. São Paulo, 1940.
MAGALHÃES JR., Raimundo. José de Alencar e .sua Época, 2' ed. Rio de Janeiro, 1977.
. Três Panfletários do Segundo Reinado: Francisco de Sales Torres Homem e o Libelo do Povo; Justiniano José da
Rocha e Ação; Reação; Transação; Antônio Ferreira
Viana e A Conferência dos Divinos. Brasiliana, 286. São Paulo, 1956.
MALHEIRO, Agostinho Marques Perdigão. A Escravidão no Brasil. Ensaio histórico, jurídico, social. Coleção
Dimensões do Brasil, 3-3a, 3' ed., 2 v. Petrópolis, 1976.
MANCHESTER, Alan K.. The Growth of Bureaucracy in Brazil, 18081821. Journal of Latin American Studies; 4:1,
maio de 1972, p. 77-83.
. The Transfer of the Portuguese Court to Rio de Janeiro. In: KEITH, Henry e EDWARDS, S. F. (ed.), Conflict and
Continuity in Brazilian Society. Columbia
Página 234
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
(S. C.), 1969, p. 148-83.
MARASPINI, A. L.. The Study of an ltalian Village. Publications of the Social Science Centre (Athens), 5. Paris, 1968.
MARCÍLIO, Maria Luiza. Crescimento Demográfico e Evolução Agrária Paulista, 1700-1836. Tese de Livre-Docência,
Univ. de São Paulo, 1974.
MARINHO, José Antônio. História do Movimento Político de 1842. Reconquista do Brasil, 42, 3' ed. Belo Horizonte,
1977.
. Sermão que Recitou na Capella Imperial... por occasião do baplilado da serenissima princeza a sra. D. Leopoldina
Thereza. Rio de Janeiro, 1847.
Referências 509
MOTT, Luís R. B.. Sergipe del Rey: população, economia e .sociedade. Maceió, 1986.
MOURA, Clóvis. Rebeliões da Senzala (quilombos, insurreições, guerrilhas). São Paulo, 1959.
MOURÃO, João Martins de Carvalho. Os Municipios, sua Importancia Politica no Brasil-colônia e no Brasil-reino.
Situação em que ficaram no Brasil Imperial pela Constituição
Página 235
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
de 1824 e pelo Ato Adicional. In: Primeiro Congresso de História Nacional, Anais, 5 v. Rio de Janeiro,1916, v. 3, p.
299-318.
NABUCO, Joaquim. O Abolicionismo, 12' ed.?]. Rio de Janeiro, 1938.
. Eleições Liberaes e Eleições Conservadoras. Rio de Janeiro, 1886. Um Estadista do Império, [3' ed.?]. Rio de Janeiro,
1975.
NARO, Nancy. The 1848 Praieira Revolt in Brazil. Tese de doutoramento. Univ. de Chicago, 1981.
NAZZARI, Muriel Smith. Women, the Family and Property: the decline of the dowry in São Paulo, Brazil (1600-1870).
Tese de doutoramento. Yale University, 1986.
NEDER, Gizlene, NARO, Nancy e SILVA, José Luís Werneck da. Estudo das Características Histórico-Sociais das
Instituições Policiais Brasileiras, Militares e Paramilitares,
de suas Origens até 1930: a polícia na corte e no distrito federal, 1831-1930. Série Estudos PUCIRJ, 3. Rio de Janeiro,
1981.
NEQUETE, Lenine. O Poder Judiciário no Brasil a Partir da Independência, 2 v. Porto Alegre, 1973.
NISHIDA, Mieko. Negro Slavery in Brazil: master-slave relations on the sugar plantations in the Northeast (manuscrito
não publicado).
NORMANO, J. F.. Brazil, a Study of Economic Types. Chapel Hill (N. C.), 1935.
NOVAIS, Fernando A.. Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo, 1979.
OAKES, James. The Ruling Race: a history of american slaveholder.s. Nova York, 1982.
OLIVEIRA, Cândido de. A justiça. In: FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto, et al. A Decada
Republicana, 8 v. Rio de Janeiro, 1899-1901, v. 3,
p. 7-148.
OTTONI, Cristiano Benedito. O Advento da República no Brasil. Rio de Janeiro, 1890.
PANG, Eul-Soo. Bahia in the First Brazilian Republic: coronelismo and oligarchies, 1889-1934. Latin American
Monographs, 2' série, n. 23. Gainesville (Fla.), 1979.
. O Engenho Central do Bom Jardim na Economia Baiana. Alguns aspectos de sua história, 1875-1891. Rio de
Janeiro, 1979.
Referências 511
PANG, Eul-Soo e SECKINGER, Ron L.. The Mandarins of Imperial Brazil. Camparative Studies in Society and
History, 14:2, março de 1972, p. 215-44.
PARAÍBA, Presidente. Relauírio.
PARANHOS, José Maria da Silva, 2° barão do Rio Branco. O Visconde da Rio Branco, [2' ed.?]. Renato de Mendonça
(ed.). Rio de Janeiro, [ 1943?].
PEDRO II. Cartas do Imperador D. Pedro II ao barão de Cotegipe. José Wanderley de Araújo Pinho (ed.). Brasiliana, 12.
São Paulo, 1933.
. Conselhos à Regente. Rio de Janeiro, 1958.
PENNA, Domingos Soares Ferreira. A região occidental da província do Pará: resenhas estatísticas das comarcas de
Obidos e Santarem. Pará, 1869.
PETRONE, Maria Thereza Schorer. A Lavoura Canavieira em São Paulo. Expansão e declínio (1765-1857). Corpo e
Alma do Brasil, 21. São Paulo, 1968.
. Terras Devolutas, Posses e Sesmarias no Vale do Paraíba Paulista em 1854. Revista de História, 52,
julho-setembro de 1976, p. 375-400.
PINHO, José Wanderley de Araújo. Cotegipe e seu Tempo, Primeira Fase, 1815-1867. Brasiliana, 85. São Paulo, 1937.
Página 236
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
. História Econômica do Brasil, 5' ed. São Paulo, 1959.
QUEIRÓS, Maria Isaura Pereira de. O Mandoni.smo Local na ceda Política Brasileira (da ColBnia à Primeira
República): encaro de sociologia política. Publicações do
IEB, 14. São Paulo, 1969.
512 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
RAMOS, Donald. Marriage and the Family in Colonial Vila Rica. Hispanic American Historical Review, 55;2, maio de
1975, p. 200-225.
REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil: a história do levante dos malês, 1835. São Paulo, 1986.
REZENDE, Francisco de Paula Ferreira de. Minhas Recordações. Documentos Brasileiros, 45. Rio de Janeiro, 1944.
RIDINGS, Eugene W.. Class Sector Unity in an Export Economy: the case of nineteenth-century Brazil. Hispanic
American Historical Review, 58:3, agosto de 1978, p.
432-50.
RIO DE JANEIRO (cidade), Prefeitura. Codigo de Posturas da lllma. Câmara Municipal do Rio de Janeiro e Editaes da
mesma Câmara. Nova ed. Rio de Janeiro, 1870.
. Prefeitura. Consolidação das Leis e Posturas Municipais. Rio de Janeiro, 1905.
RIO DE JANEIRO (diocese), Bispo. Representação Dirigida ao iilm°. e exm. sr. ministro e secretario de estado dos
negocios do Imperio pelo bispo de S. Sebastião do
Rio de Janeiro pedindo para que as eleições politicas se .fação ,fóra das igrejas. Rio de Janeiro, 1872.
[RODRIGUES, Antônio Coelho]. Manual do Subdito Fiel (pseud.J ou, Cartas de um lavrador a sua magestade o
Imperador sobre a questão do elemento .servil. Rio de Janeiro,
1884.
RODRIGUES, Antônio Edmilson Martins, FALCON, Francisco José Calazans e NEVES, Margarida de Souza. Estudo
das Características Histórico-sociais das Instituições Policiais
Brasileiras, Militares e Paramilitares, de suar Oigens até 1930: a guarda nacional no Rio de Janeiro, 1831-1918. Série
Estudos-PUCIRJ, 5. Rio de Janeiro: 1981.
RODRIGUES, José Honório. Conciliação e Reforma no Brasil. Um desafio histórico-político. Retratos do Brasil, 32.
Rio de Janeiro, 1965.
Referências 513
SMITH, Herbert H.. Brazil - The Amazons and the Coast. Nova York, 1879.
SOARES, Luís Carlos. A Manufatura na Formação Econômica e Social Escravista no Sudeste. Um estudo das
atividades manufatureiras na região fluminense: 1840-1880.
Dissertação de Mestrado, Univ. Federal Fluminense, 1980.
SOARES, Sebastião Ferreira. Elementos de Estatística comprehendendo a theoria da sciencia e a sua applicação á
estatistica commercial do Brasil, 2 v. Rio de Janeiro,
1865.
. Historico da Companhia Industrial da Estrada de Mangaratiba e Analyse Critica e Economica dos Negocias desta
Companhia. Rio de Janeiro, 1861.
. Notas Estatísticas Sobre a Produção Agrícola e a Carestia dos Generos Alimenticios no Império do Brasil. Rio de
Janeiro, 1860.
SOARES, Ubaldo. O Passado Heróico da Casa dos Expostos. Rio de Janeiro, 1959.
SOCIEDADE Auxiliadora da Agricultura de Pernambuco. Trabalhos do Congresso Agricola do Recife de 1878
comprehendendo os documentos relativos aos factos que o precederam.
1879, fac-símile. Recife, 1978.
Página 238
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Referências 515
SODRÉ, Nelson Werneck. História da Burguesia Brasileira. Retratos do Brasil, 22. Rio de Janeiro, 1964.
SOUZA, Brás Florentino Henriques de. Do Poder Moderador: ensaio de direito constitucional contendo a análise do
Título V, capítulo 1, da Constituição Política do
Brasil. Coleção Bernardo Pereira de Vasconcelos, 7, 2' ed. Brasília, 1978.
SOUZA, Francisco Belisário Soares de. O Sistema eleitoral no império (com apêndice contendo a legislação eleitoral na
período de 18217889). Octaciano Nogueira (ed.).
Coleção Bernardo Pereira de Vasconcelos, 18. Brasília, 1979.
[SOUZA, João Cardoso de Meneses e], barão de Paranapiacaba. Eleições. In: FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis,
visconde de Ouro Preto, et ai., A Decada Republicana,
8 v. Rio de Janeiro, 1899-1901, v. 3, p. 151-279.
SOUZA, Joaquim Rodrigues de. Systema Eleitoral da Constituição do Imperio do Brazil. São Luís, 1863.
SOUZA, José Antônio Soares de. A Vida do Visconde do Uruguai (18071866) (Paulinn José Soares de Souza).
Brasiliana, 243. São Paulo, 1944.
SOUZA, Octávio Tarquínio de. História dor Fundadores do Império do Brasil, v. 5: Bernardo Pereira de Vasconcelos. 2'
ed. Rio de Janeiro, 1957.
SOUZA, Paulino José Soares de, visconde do Uruguai. Estudos Praticas ,cobre a Administração das Provincins do
Brasil." Primeira parte: Acto Addicional, 2 v. Rio
de Janeiro, 1865.
SOUZA, Paulino José Soares de [Um Conservador]. Carta aos Fazendeiros e commerciantes,fluminen.re.s .sobre o
elemento servil ou, Refutação do parecer do Sr. Conselheiro
Christiano Benedicto Ottoni acerca do mesmo ac.rumpto. Rio de Janeiro, 1871.
STEIN, Stanley J.. The Brazilian Cotton Manufacture: textile enterpri.se in an underdeveloped area, 1850-7950.
Cambridge (Mass.), 1957.
Vassouras, a Brazilian Coffee County, 1850-1900. Harvard Historical Studies, 69. Cambridge (Mass.), 195?.
STEPAN Alfred. The State and Snciety: Peru in comparative perspective. Princeton (N. J.), 1978.
STRATEN-PONTHOZ, Auguste van der. Le Budget du Brésil ou, Recherches .rur les res.snurces de cet empine dons
leurs rapports avec le.r intérêts européens du commerce
e del'émigration, 3 v. Bruxelas, 1854.
STRICKON, Arnold e GREENFIELD, Sidney M. (ed.). Structure and Proces.s in Latin America: patronage, clientage,
and power .rystems. Albuquerque (N. M.), 1972.
SWEIGART, Joseph E.. Coffee Factorage and the Emergente of a Brazilian Capital Market, 1850-1888. Nova York,
1987.
516 CLIENTELISMO E POUTICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
TANNENBAUM, Frank. Slave and Citizen: lhe negro in the Americas. Nova York, 1947.
TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. História do Café no Brasil, 15 v. Rio de Janeiro, 1939-43.
. Pequena História do Café no Brasil (1727-1937). Rio de Janeiro, 1945.
TAUNAY, Alfredo d'Escragnolle. Homens e Cousas do Imperio. Afonso d'Escragnolle Taunay (ed.). São Paulo, 1924.
THOMPSOM, E. P.. Patrician Society, Plebeian Culture. Journal of Social History, 7:4, verão de 1974, p. 382-405.
TOPIK, Steven. The Political Economy of lhe Brazilian State, 1889-1930. Latin American Monographs, 71. Austin
(Tex.), 1987.
TOPLIN, Robert Brent. The Abolition of Slavery in Brazil. Nova York, 1972.
TORRES, João Camilo de Oliveira. O Conselho de Estado. Rio de Janeiro, 1956.
. Os Construtores do Império: Ideais e Lutas do Partido Conservador Brasileiro. Brasiliana, 340. São Paulo, 1968.
. A Democracia Coroada (Teoria política do Império do Brasil).
Referências 517
WELLS, James W.. Exploring and Travelling Three Thousand Miles Through Brazil from Rio de Janeiro to Maranhão.
Wíth an appendix containing statistics and observations
on climate, railways, central ,sugar factories, mining, commerce, and finance; lhe past, present, and future, and physical
geography of Brazil. Londres, 1886.
WERNECK, André Peixoto de Lacerda. A Lavoura e o Governo. 2° Apelo aos Fazendeiros. Artigos publicados no
Jornal do Comércio de 15 a 21 de junho de 1890. Rio de
Janeiro, 1890.
[WERNECK ou] VERNECK, Francisco Peixoto de Lacerda. Memoria sobre a fundação de huma fazenda na provincia
do Rio de Janeiro, .sua administração, e épocas em que
se devem fazer as plantações, suas colheitas, etc., etc. Rio de Janeiro, 1847.
WERNECK, Luís Peixoto de Lacerda. Le Brésil. Dangers de sa situalion politique et économique; moyens de les
conjures. Lettre à son fs... Ouvrage posthume revu par
F. P. de Lacerda Werneck (Neto). Rio de Janeiro, 1889.
. Idéias .sobre Colonização, Precedidas de uma Sucinta Exposição dos Princípios que Regem a População. Rio de
Janeiro, 1855.
[WERNECK, Manoel Peixoto de Lacerdal. O Visconde de lpiabas, Peregrino José de América Pinheiro: perfil
biographico, acompanhado do retracto do,finado e seguido
de algumas allocuções pronunciadas por ocasião de seus funeraes. Rio de Janeiro, 1882.
WILLIAMS, Lesley Ann. Prostitutes, Policemen and Judges in Rio de Janeiro, Brazil, 1889-1910. Dissertação de
mestrado, University of Texas at Austin, 1983.
WILLIAMS, Mary Wilhelmine. The Treatment of Negro Slaves in the Brazilian Empire: a comparison with the United
States of America. Journal of Negro History, 15:3,
julho de 1930, p. 315-36.
WIRTH, John D.. Minas Gerais in the Brazilian Federation, 1889-1937. Stanford (Calif.), 1977.
WOLF, Eric R.. Kinship, Friendship and Patron-Client Relations in Complex Societies. In: BANTON, Michael (ed.),
The Social Anthropology of Complex Societies. Association
of Social Anthropologists Monographs n. 4. Londres, 1966.
ZENHA, Edmundo. O Município no Brasil (1532-1700). São Paulo, 1948.
Índice de Ilustrações 13
12 Índice de Quadros
Índice Remissivo
A
Abaeté, visconde de (Antônio Paulino Limpo de Abreu), 108
Abolição da Escravatura, 33, 227-30, 237, 240-256; ver também Emancipação dos Escravos; Escravatura
Afilhado: definição, 37
Africanos Muçulmanos, 75
Agregados: definição, 38, 50, 55; como votantes, 38, 144-5, 267-8: como lutadores, 39-40, 75, 188-90; e terra, 41, 59;
protegidos do recrutamento forçado, 48-9;
mobilidade geográfica de, 55; como agentes em seu próprio interesse, 59, 188-90; e eleições, 144-5, 184, 252-3; e chefe
local, 175, 188-9, 204, 232-3, 240-
Alfabetização: quando exigida para votar, 142, 158-9, 24D-1, 243, 251, 254, 261, 266-7, 463 (nota 37); extensão
limitada da, 157-8; entre os que conduziam as eleições,158-9
Alfredo Correia de Oliveira, João, 216, 230, 235, 296, 321, 334-5
Algodão, 30
Aspirantes a cargos,
Bahia, 295
Borracha, 32
Burocratas: os principais instrumentos de execução da lei, 87-8; papel nas eleições, 121-4; voltados para a Europa, 240;
nomeações, mencionadas nas cartas de recomendação,
280, 284-5, 292, 336-7; como clientes, 322
Cacau, 31
Cachoeira, BA, 31
Câmara dos Deputados, 52, 71, 103, 113, 265; ver também Deputados
Câmaras Municipais: origens e poder, 67, 73, 79-80, 382 (nota 8); e a elaboração da Constituição, 71-2, 140-1; e juízes
municipais. 73, 79-80; membros das, eleitos
diretamente, 141; papel nas eleições para Deputados, 155-6, 159-60, 250; e classe proprietária, 171; de Caçapava, 200;
parentes próximos não podiam servir juntos
nas, 303-4
Campos, RJ, 28
Capitalismo, 105-6
Capoeira, 46-7
Página 243
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Cardoso, Fernando
Henrique, 18
522 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Castelo Branco, Manuel Joaquim de Mendonça, barão de Anadia, 433 (nota 18)
Cédulas: descrição, 120-1, 154, 159, 181-; queimadas, 163; falsas, 181-2; preparada por chefes locais, 104-5
Celso, Afonso, 131, 218, 313, 342; ver Figueiredo, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto
Celso Júnior, Afonso, ver Figueiredo Júnior, Afonso Celso de Assis, 266
Cervejarias, 240
Chapelarias, 240
Chefes locais: e eleições, 16-7, 124-5, 130-6, 150-3, 167-81, 188-9, 193-4, 244-, 259-61; e clientelismo do governo
central, 17, 87, 207-8, 221-2, 235-6, 276-7,
293; dependentes de seus próprios protegidos, 17, 188-9, 233; como protetores, 39-40, 48, 55-6, 87-8, 165, 175, 204,
240-; uso de violência pelos, 39, 177-8, 188-9,
196, 204; e juízes e oficiais de polícia, 40, 87, 94-5, 98, 293, 318; como homens ricos, 40-1, 87, 167-79, 201-2, 441
(nota 2); e Guarda (Nacional, 50, 91, 131;
Página 244
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
e instituições do governo, 68, 165; e Gabinete, 84-7, 132, 172-6, 208-9, 220, 346; e a necessidade de vitória eleitoral,
111; e Juntas de qualificação (registro
eleitoral), 146; nas pro-víncias, 167-72, 175-6, 340; e Deputados, 172-3, 205-9, 220-1, 229-31, 235, 317-23, 346; e
presidentes provinciais, 175-7, 196-7, 318; e
acontecimentos em Caçapava, 195-205; e Colégio Eleitoral, 205-7; e escravatura, 228-9; não comprometidos com
programas, leis, ou partidos, 229, 232, 235-6; e grupos
urbanos
e bacharéis, 183-4, 244-5, 318; sob a República, 343; ver também Coronel
Chichorro da Gama,
Antônio Pinto, 224
Cidades: número e tamanho, 32-3, 239-40, 359 (nota 7); eleições na, 121; tendências políticas das, 169-, 231-2; e
agregados, 233, 363 (notal7); e Deputados, 234;
e chefes locais, 240-, 244-5, 317-; e reforma eleitoral, 245-6; e lealdade política, 325-6; e a República. 341-2
Classe proprietária: desejo de ordem, 16, 60, 208; e instituições governamentais, 19-20, 40, 60-4, 75. 82-7, 167-79,
228-9, 236-7, 265-6; e sistema fundiário, 40;
e delegados, 40, 87, 167-75; e juízes, 40, 94, 99, 171: como chefes locais, 40-1, 167-79, 265; diferenciada dos pobres,
53; valores da, 61-2, 240-1; teme os escravos
e os pobres, 68-9, 74-5; e revoltas regionais, 74-5; e Pedro II, 82-5: e a Guarda Nacional, 91, 168, 171-9; e partidos,
231-2; e reforma liberal, 235; propostas
para restringir o voto para. 243-5; e reforma eleitoral, 258-60, 260-I, 262-3: e clientelismo, 344-5, 348;
Classe social. 53-4, 60-5, 76, 231-7, 366 (nota 25); ver também Pobres livres; Proprietários de terras; Comerciantes;
Classe média; Classe proprietária; Hierarquia
social
Clientela: definição, 38
Colégios Eleitorais: escolhem deputados e senadores, 17, 103; atribuições e atividades dos, 155-6; dominados por
chefes locais, 20512: reforma proposta dos, 246;
ver também Lei eleitoral; Eleitores
Comadre: definição, 37
Página 245
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Comerciantes, 20, 53. 232, 341; urbanos, 232, 240, 251, 259
Compadre: definição, 37
Concursos, 326-7
Conselho de Estado: anteprojeto da Constituição de 1824, 71; abolida e restabelecida, 73, 79-80; participação e funções,
84-5, 100; envolvido na briga da família
Breves, 170; e escravatura, 227; nas eleições, 254-63,
Coronel (coronéis) e coronelismo, 92, 131, 167, 175, 343-4; ver também Chefes locais
Corporação (Corpo) Policial provincial: estrutura e função, 91-2, 227, 241, 392 (nota 38); em Caçapava em 1860, 197;
papel nas eleições, 125, 127-30, 190
Cotegipe, barão de (João Maurício Wanderley): nas questões políticas e personagens, 109, 112, 202, 255, 320; e
clientelismo, 133, 275, 305, 321-3, 327; esforço na
construção do partido, 212-7; e Junqueira, 213-6, 221, 235, 290, 313-4, 320-3; e lealdades pessoais, 214-7, 304-5; e
Dantas, 220, 314; como chefe de Gabinete, 230;
como senhor de engenho, 235; e João Alfredo Correia de Oliveira, 235, 321; e Guaí, 235; e
Couro, 32
Dantas, Manuel Pinto de Souza: começo de carreira, 36, 120, 174, 205, 291; na política, lll, 342; demitido do governo
local, 133; e chefes locais, 174; e disciplina
partidária, 217, 220; e lealdade pessoal, 219; e Guai, 219; e Barbosa, 219, 258; e Cotegipe, 314-5; como
primeiro-ministro, 228; e emancipação dos escravos, 228-30;
demite seus inimigos, 275
Delegados e subdelegados: definições, 79-80; e chefes locais, 40; e a classe proprietária, 40, 265; e eleições, 80-2, 122,
124-5, 130, 195-204 passim, 250; e leis
de 1841, 1846, 1871, e 1881, 80-2, 87, 226-7, 259; e gabinetes, 85; e
outros ocupantes de cargos, 87, 176, 179-80, 274; substitutos de, 87; riqueza de, 87, 171-2; número e poderes de, 87-8,
96; e recrutamento forçado, 89-90; em Caça-pava,
195-204 pascim; nas cartas de recomendação, 280, 281, 288, 291, 325, 336; lealdade pessoal esperada em, 325; têm de
ser alfabetizados, 423-4 (nota 43)
Delitos menores, 46
Página 247
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Democracia, 103, 242-3
Deputados: uniformes de, 99-100; e eleitores, 103, 205-7, 317; credenciais de, 155-6; e chefes locais, 172-3, 205-9,
220-1, 229-31, 235, 317-23, 346; garantia de
nomeações, 206; educação dos, 207; e Gabinetes, 134-5, 208-10, 220, 229-30, 318, 346-7; e disciplina partidária, 218-9;
e relações de classe de, 234-5; e cartas
de recomendação, 279-82; ver também Câmara dos Deputados
Desembargadores, 94
Despotismo, 110
Dízimo, 93
Donos de armazém
(no interior), 39
Duarte, Nestor, 20
Emancipação dos Escravos, 45-6, 225-30, 256; ver também Abolição da escravatura; Escravatura
Empregomania, 275
Engenheiros, 240
Escravatura: presente em todo O Brasil, 33; e a "família", 34, 37, 44-5; abolição da, 33, 237; como uma causa política,
227-30, 232, 240; e Gabinete Saraiva, 256;
ver também Abolição da escravatura; Emancipação de escravos; Escravos
Página 249
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Escravos: seus números, 33; como criados e trabalho na agricultura, 33; fugas, 39, 68, 92; troca de obediência por
benevolência, 44; punições de, 44; resistência
de, 45; alforria e emancipação de, 45-6, 226; temidos, 68-9, 75-6; e revoltas, 74-5; e inspetores de quarteirão, 89;
pertencentes a padres e juízes, 93-4; e eleições,
142, 162; e suas cantigas, 170; e Breves, 170; ver também Escravatura
Estradas de Ferro,
81, 239, 339, 341
Exército: alistamento forçado, 46-9; condições no, 47; raça dos recrutados no, 47; e a Guarda Nacional, 48; portugueses,
71; dimensões do, 73, 80, 92, 190, 340;
promoções no, 85, 340; e chefes locais, 92; motins, 92; e a manutenção da ordem, 92, 196, 226-7; oficiais no, como
candidatos à eleição, 122; e coação nas eleições,
126, 128-9; oficiais no, como votantes, 142, 245, 251, 259; e presidente provincial, 409 (nota 48); ver também Forças
Armadas
Facção ou Partido liberal: e eleições, 21, 126-7, 266; no poder em nível nacional, 72, 79, 81, 224, 227; e Exército e
Guarda Nacional, 73, 92; e lei eleitoral, 80-2,
109, 141, 252-8, 265-7; política conservadora da, 81, 223; disciplina e organização da, 207, 217, 227-30; e Gabinete da
Conciliação, 211; nas províncias, 216-20,
224-5, 231-2; programa da, 226, 233-4, 252, 342; e a questão da escravatura, 227-30; e classe social, 232
Facções: locais, 74-5, 166, 173-4, 176-7, 191-2, 199-200, 2 I O- I , 237-8; provinciais, 221-2, 282
Fala do trono, 85
Faoro, Raymundo, 21
Faria, José Dutra de,
195-204 passim
Fatores de Unidade entre
os brasileiros, 32-41
Fazendas, capelas de,
60, 93, 170
Fazendeiros: e revolta
de 1842, 80; e Gabinete,
79-82, 225, 318; como chefes
locais, 168-72; papel nacional dos,
231-2; como emprestadores de
dinheiro e banqueiros, 233; e
grupos urbanos, 233, 241, 255;
interesses dos, 249; e lei eleitoral
de 1875, 251; no Congresso
Agrícola, 252; e vereador
provincial, 316-7; e a República,
339-40; e valores senhoriais, 347;
ver também Café; Proprietários de
terras; Classe proprietária; Açúcar;
Pequenos fazendeiros; Sitiantes;
Gado; Estancieiros
Figueiredo, Afonso Celso de Assis, visconde de Ouro Preto, 131, 218, 313, 342
Flory, Thomas, 98
Forças Armadas, 287, 292, 310, 336, 491 (nota 1); ver também Exército; Marinha
Fraude, 179-85
Página 251
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Fundições de Ferro, 240, 286
Gabinete: mulatos no, 52-3; devem ter apoio do imperador e confiança da Câmara, 71, 83-4, 103, 113, 134-5; e o
Conselho de Estado, 85; responsabilidades do, 85-6;
e interesses dos donos de terra, 86; e chefes locais, 86, 209, 220, 277, 318-9, 347; papel nas eleições, 115, 127, 132,
213; e juízes, 118-9, 316; e deputados, 134-5,
208-10, 220, 229-30, 318, 346-7; e violência local, 190-4; e facções locais, 210-2; e o exercício do clientelismo, 273-4,
319-20; balanço regional no, 295-6, 339;
nos laços de família, 319-20; de 1837, 77-8; de 1841, 79; de 1844, 224; de 1848, 81, 224-32; de 1853 (Conciliação),
103, 108, 211-2, 226; de 1868, 226; de 1871,
226, 249-50; de 1875, 250; de 1878, 227, 251-6; de 1880, 256, 296; de 1884, 227-8, 264; de maio de 1885, 228-9; de
agosto de 1885, 229-30, 265; de 1888, 296; primeiro
Republicano, 343
Genrismo, 343
Goiás, 297
Governo Colonial, 68
Guarda Nacional: e o Exército, 48; organização e estrutura da, 50-1, 73, 81, 91-2, 226; e estrutura de classe, 50-I, 91,
171-2; e Liberais e Conservadores, 73, 81;
e clientelismo, 81, 91, 207, 281, 288. 291, 336; e Gabinetes, 85, 207; e presidentes provinciais, 91; e eleições, 125-9,
131, 160-3, 250; uniformes de oficiais na,
160-1; e delegados, 176; lealdade pessoal esperada na, 324-5
Página 252
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Herval, marquês do
(Manuel Luís Osório), 126, 131
Hierarquia social: em toda insti
tuição, 42-3, 49-50, 59-60; como
forma de controle social, 49-53; e
mobilidade social, 52-3; e eleições,
139, 152-4, 156-7, 164; em cartas
de recomendação, 301, 312, 323-4,
328-9, 331-2; ameaçada por
desafios políticos, 345
Hollanda, Sérgio Buarque de, 18
Homem, Francisco de Sales Torres,
visconde de Inhomerim, 234
Iluminismo, 82-3
"Incompatibilidades", 123
Página 253
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Índios, 75
Indústrias, 240
Influência européia,
105-13, 192-3, 211, 240
Inhomerim, visconde de
Homossexualidade,
Honestidade, 326
Inspetor de alfândega, 290
Inspetores de quarteirão,
79-80, 89-90, 96, 124
Icó, Ceará, 145
Interino, 274
Jequitinhonha, visconde de
(Francisco Gê Acaiaba de
Montezuma), 462 (nota 31)
Jornaleiros, 143
Jornalismo, 234
Juiz comercial, 95
Juiz de direito: e chefes locais, 40, 171, 318; nomeação de, 73, 79, 343; c delegados, 87; mandato c promoção do, 95;
número de juízes, 96; e eleições, 118-20, 123,
180, 250, 260; e classe proprietária. 171; e presidentes provinciais, 179; funções do, 226; cargos procurados como, 283;
e Gabinete, 118-9, 316; ver também Juiz
municipal substituto; Juízes
Juiz de órfãos, 95
Página 254
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Juiz municipal: funções do, 79; mandato e promoção do. 95; número de juízes, 96; e eleições, 115, 118-20, 123, 180,
260; e presidentes provinciais, 180, 195, 200;
nos acontecimentos em Caçapava, 195, 201; e classe
Juízes, coroa, 73
Juízes de Paz, 73, 79, 141, 146, 168, 171, 180, 183, 195-204 passim
Juízes: e Gabinete, 85, 98, 119-20; educação e carreira dos, 94, 96-7, 234, 317; riqueza dos, 94, 99, 171; e chefes locais,
98, 207. 318; e eleições, 118-20, 123,
134, 250, 260; mandato e transferência dos, 119-20, 226, 250; e presidentes provinciais, 176; nas cartas de
recomendação, 280, 310; cargos procurados como, 283,
291; lealdades pessoais dos, 325: ver também Juízes de Paz; Juiz de direito; Juiz municipal; Superior Tribunal Regional
Junqueira Júnior, João José de Oliveira: e eleições, 125-6; e partido, 213-7; e Cotegipe. 213-6, 221, 235, 290, 313-4,
320-3: e lealdades pessoais. 214; começo de
carreira de, 277. 290-1, 313-4; como protetor, 291
Lar, 37-8
demonstrações de, 47, 105, 204; e ações de políticos, 205, 214-7, 219, 228-9; pessoal, 214, 219-; ao partido, 214,
222-31; valorizada, 324-5
1, 107, 141, 180, 303; de 1855, 108; de 1860, 109, 141; de 1875 (lei do terço), 109, 250; de 1881, 110, 148, 158,
256-63; sob a República, 267; ver também Eleições;
Juntas eleitorais, Colégios eleitorais,
Lima, Pedro de Araújo, marquês de Olinda, 78, 81, 225, 233, 278, 287, 294
Luto, 35
Página 256
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Magistrados, ver Juízes
Manufaturas, 240
Maranhão, 69, 71
Marinha, 46, 48, 90, 121, 128, 245; ver também Forças Armadas
Mesas eleitorais de votantes; formação das, 81, 140-1; atribuições e atividades das, 153-4; atas das, 158-63, 183-5, 200;
desqualificação do presidente das, 180;
e conselho de qualificação (registro), 419-20 (nota 25); ver também Eleições; Lei eleitoral
Mendigos, 89
Minas Gerais: e pecuária, 32; e revoltas, 68, 80, 224; ressente-se com a proximidade da corte, 69; liberais em, 72-3, 218,
224; e cartas de recomendação, 294, 337;
na República, 343
Ministro da Justiça, 91, 129, 127. 274, 279. 281, 288, 295
Página 257
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Ministro da Marinha, 287
Ministro do Império,
Nacionalismo. 341
"O fico", 70
Oliveira, João Alfredo Correia de, 216, 230, 235, 296, 321, 334-5
Orçamento, 85
Ouro Preto, visconde de (Afonso Celso de Assis Figueiredo), 131, 218, 313, 342,
Padres (sacerdotes), 90, 93, 140, 153, 157, 160, 245, 261, 342; ver também Igreja
Padrinho: definição, 37
Paraibana, 201
Paranaguá, João Lustosa da Cunha, marquês de Paranaguá, 202, 278, 295, 317, 323
Paranhos, José Maria da Silva (o pai), visconde do Rio Branco, 226-8, 247, 249-50
Partido Conservador: e Pedro II, 21, 453 (nota 59); no poder, 21, 78-, 224, 250; origens do, 77; e exército, 92; programa
e políticas do, 109-10, 222, 225, 230;
nas províncias, 116-7, 216-7; dividido, 207-8, 226; e classe proprietária, 232
Partidos: legendas para, 198, 203, 220, 222-3; formação (construção) dos, 198, 212-20, 305-6; programas dos, 203, 213,
223, 230; falta de coesão nos, 207, 220-31,
307; e facções locais e provinciais, 211-2, 221; base social dos, 231-7; e clientelismo, 305-10, 345-6
Passaportes, 86
Pati do Alferes, barão de (Francisco Peixoto de Lacerda Werneck), 30, 43-, 49, 52, 60, 97-8, 168, 233-4, 347
536 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Patrão: definição, 39
Paulino José Soares de Souza, visconde do Uruguai, 78, 79, 81, 114, 247
Pedro II: seu papel político, 18, 83; citado como protetor dos Conservadores, 21, 453 (nota 59); sucede ao trono, 72, 79;
nomeia e dissolve Gabinetes, 81, 108, 134-5,
251-2; comportamento pessoal, 823; e reformas, 82-3; e classe proprietária, 82-5; e o Conselho de Estado (Senado), 85;
e a Constituição, 84, 251-2; nas eleições,
106-7, 116, 135, 251-2; na nomeação de juízes, 326; mencionado, 16; ver também Imperador
Pernambuco, 63, 72, 172, 175, 217, 224, 225, 231-2, 294
Personalismo, 199-212
Pescadores, 86
Piauí, 295
Página 260
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Pinto, Antônio Clemente, barão de Nova Friburgo, 318
Pobres livres: no interior, 37-8; mobilidade geográfica dos, 42; controlados, 46-60, 69; diferenciados dos proprietários,
53-4; autoridade desafiada, 56-60; nas
cidades, 60-1, 341; trabalhando na indústria, 60, 240-1; atitudes para com os, 60-1, 69, 241, 244, 247, 260; como
votantes, 142-50, 241, 260, 267-8; e o Partido
Liberal, 234; ver também Agregados; Artesãos; Negros livres e mulatos; Homens livres; Jornaleiros; Criados;
Comerciantes
Portugal, 68-72
Positivismo, 341
Prefeitos, 343
Presidentes provinciais: srarus e responsabilidades dos, 73, 86-7, 90-1, 274, 409 (nota 48); e Gabinete, 86, 313-4; e a
Guarda Nacional, 91-2; e a Igreja, 93; e
uniformes, 99; e eleições, 116-7, 159, 177, 213; e chefes locais, 175-7, 196-7, 318; e juízes, 176; e delegados, 179; nos
acontecimentos em Caçapava, 197, 200-I;
e clientelismo, 222, 274, 279-82; ambição pela posição de, 290-I, 313; qualidades ideais dos, 333-6; e Exército, 409
(nota 48)
Página 261
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Primeiro-ministro (presidente do Conselho de Ministros), 85, 114, 120, 279-82; ver também Gabinete
Professores, 286-7
Professores, 122, 259, 286; ver também Faculdade de Direito; Faculdade de Medicina
Prostitutas, 89
Quilombos. 68
538 CLIENTELISMO E POLITICA NO BRASIL DO SÉCULO XIX
Página 262
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Região Nordeste, 30-, 38, 43, 59,
227-9, 292, 307, 336, 347
Registro civil, 59
Regresso, 77-82
Reinterpretação do
Ato Adicional, 78
Relação (Relações),
94, 111, 118, 176
Revolta: de 1789 em Minas Gerais (Inconfidência), 68-9; de 1820 em Portugal, 69-70, 139; de 1824 em Pernambuco,
63, 71-2; de 1831 no Rio de Janeiro, 72, 271; de
1831 em Recife, 74-5; de 1835 em Belém, 75; de 1835 em Salvador entre os Africanos, 75-6; de 1835-45 no Rio
Grande do Sul, 76, 79; de 1837 em Salvador, 76; de 1842
em São Paulo e Minas Gerais, 80, 224; de 1848 em Pernambuco (da Praia), 225; de 1850 em Pernambuco dos livres de
cor, 92; de 1874-75 no Nordeste (do Quebra-Quilos),
59; de 1880 no Rio de Janeiro (Vintém), 256; de 1889 derrotando o Império, 339; dos escravos temidos, 68-9, 77; papel
dos padres, 93; freqüência das revoltas sob
a República, 344
Página 263
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Rio de Janeiro, província, 28,
77, 80, 225, 232, 292, 336, 347
Rio Grande do Sul: e estâncias pecuárias e pequenas propriedades, 32, 253; e governo central, 32, 225; revolta no
(1835-45), 76, 79; partidos no, 116-7, 217; nomeação
de juízes municipais substitutos no, 119; Protestantes no, 253; concentração das forças armadas no, 288; cartas de
recomendação do, 288; fácil acesso, 297; e Vargas,
344
Samba. 152
Santos, 239
São Paulo, província: economia de, 29, 31, 239. 339; e governo central, 69, 339-40; e Liberais, 72-3> 224-5; revolta de,
em 1842, 80; registro de votantes em, 148;
e Revolta da Praia (Praieira), 225; e escravatura, 227; e cartas de recomendação, 286, 294-5, 308, 336; e Gabinete,
339-40; e a República, 339, 343; e os valores
modernos, 347
São Vicente, 68
Saraiva, José Antônio: na política. 135, 217-8; e chefes locais, 175-6; e a questão da escravidão, 229-30, 256; faz passar
a reforma eleitoral, 256-62; e a eleição
de 1881, 263-4; forma Gabinete (1880), 295-6; começo de carreira, 302, 316; mencionado, 320
Secularização, 261
Página 264
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Senado, 5, 103, 155-6
Sermões, 157
Servos, 143-4
Sinimbu, João Lins Vieira Cansansão de, visconde de Sinimbu, 119, 252, 253, 255, 256, 282
Sitiantes: definição, 39
Souza, Paulino José Soares de, visconde do Uruguai, 78, 79, 81, 114, 247
Souza, (2°), Paulino José Soares de, 230, 486 (nota 24)
Status, ver Hierarquia social
Suborno, 184-5
Sufrágio universal, 142,
Tabaco, 31
Tabeliães, 96, 283
Tabernas, 89
Página 265
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Termo de bem viver: definição, 39-40, 88
Tibério de Moncorvo
Lima, Álvaro, 404 (nota 23)
Título de qualificação
(de eleitor), 250, 260
Tosta, Manuel Vieira, barão de Muritiba, 479 (nota 41), 486 (nota 24)
Trabalhadores, ver Pobres livres
Trabalho em fábricas, 60
Trabalho no exterior, 288-9
Tropeiros, 54
Uruguai, visconde do
(Paulino José Soares de
Souza), 78, 79, 81, 114, 247
Vadios, 89
Vasconcelos, Bernardo
Pereira de, 78, 79
Vasconcelos, Francisco
Diogo Pereira de, 204-5
Vasconcelos, Zacarias de
Góes e, 186, 487 (nota 26)
Página 266
Clientelismo e Política no Brasil do Século XIX- Richard-Graham- Versão em word
Vigias, 96,
Violência: e benevolência, 42, 130; em eleições, 110, 123-30, 165-6, 185-93; sempre presente no nível local, 179; e
governo central, 190-4; usada na aquisição de
terras, 339; ver também Ordem
Vitorino Pereira, Manuel, 122
Votantes: qualificação para, 142-6, 256; número de, 146-50, 264; identificação dos, 153, 180-1, 250; ver também
Eleições; Conselho eleitoral; Lei eleitoral
Werneck, Francisco Peixoto de Lacerda, barão de Pati do Alferes, 30, 43-, 49, 52, 60, 97-8, 168, 233-4, 347
Página 267