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C O N S E L H E I R O R E L AT O R

FERNANDO AUGUSTO MELLO GUIMAR ÃES

COORDENADORA
RITA DE CÁSSIA BOMPEIXE C. MOMBELLI

EQUIPE TÉCNICA
DJALMA RIESEMBERG JR.
GILBERTO SILVA FREGATO
HÉLIO YUDI FUGOU
LUIZ ANTONIO PAR AVATO LESSA
VIVIANE DE MEDEIROS PIRES

EQUIPE DE APOIO
GUILHERME LUIZ SARTORI

PROJETO GRÁFICO
NÚCLEO DE IMAGEM | DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
RESUMO
O foco analítico deste estudo consiste na avaliação do perfil e evolução da
segurança pública no Estado do Paraná ao longo de 2012 a 2017, período que abran-
ge boa parte dos últimos dois Planos Plurianuais (PPA) do Governo Beto Richa.

Representando recursos da ordem de R$ 4,4 bilhões1 em 2017, os gas-


tos com segurança correspondem a 9% do orçamento estadual, atrás, apenas, dos
gastos classificados como Encargos Especiais (25%), que correspondem ao serviço
da dívida e às transferências constitucionais e legais a entes municipais, Educação
(22%) e Saúde (10%).

Nosso objetivo foi identificar as principais características que envolvem


ações de segurança pública, analisando a performance da aplicação dos recursos or-
çamentários e o desempenho dos indicadores que medem a violência, com a expec-
tativa de tentar verificar se as ações desenvolvidas na área de segurança durante
o período considerado (2012-2017) podem, de fato, ter contribuído à melhoria das
condições de vida da população paranaense, no quesito segurança pública.

Além disso, apresentamos breve relato sobre resultados de auditorias rea-


lizadas pelo Tribunal de Contas do Paraná, que abordaram, em períodos distintos, a
crise penitenciária enfrentada pelo Estado, e, por fim, panorama acerca das ações
desenvolvidas no âmbito da política estadual sobre drogas.

Por fim, tendo em vista deficiências encontradas, foram propostas reco-


mendações aos gestores no sentido de prover melhorias na prestação dos serviços
públicos, as quais estão compiladas no Caderno Temático “Medidas de Gestão”.

1 Valor total empenhado.


SUMÁRIO
CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................. 6

1. A SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DO PARANÁ. . .................................. 7

1.1. DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS DE SEGURANÇA......................... 11

1.2. ANÁLISE DO DESEMPENHO ORÇAMENTÁRIO.................................... 14

1.3. ANÁLISE DA ESTRUTURA DE RECURSOS............................................. 20

1.3.1. Da situação do quadro de pessoal. . .................................................... 20

1.3.2. Da estrutura física. . ............................................................................... 25

1.3.3. Da crise envolvendo coletes de proteção balística. . ........................ 29

1.3.4. Da avaliação da eficiência técnica da PMPR em 2016................... 30

1.4. ANÁLISE DOS INDICADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA.. ............... 33

2. CRISE PENITENCIÁRIA..................................................................................... 38

2.1. AUDITORIAS SOBRE SISTEMA PENITENCIÁRIO REALIZADAS PELO

TCE/PR................................................................................................................... 38

2.1.1. Auditoria de 2017.................................................................................. 38

2.1.2. Auditoria de 2004.................................................................................. 39

2.2. GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO.. ............................................... 40

3. POLÍTICA ESTADUAL SOBRE DROGAS......................................................... 42

4. ACOMPANHAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DO RELATÓRIO ANTERIOR....46

5. CONCLUSÃO....................................................................................................... 46

5.1. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO..................................................... 46

5.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS. . ......................................................................... 49


C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

CONTEXTUALIZAÇÃO

O foco analítico deste caderno buscou comparar o desempenho orçamen-


tário com o desempenho dos indicadores oficiais acerca da segurança pública do Es-
tado de 2012 a 2017, com expectativa de tentar responder à seguinte questão: As
ações desenvolvidas e o montante orçamentário dispendido ao longo dos últimos
seis anos podem ter contribuído à melhoria da segurança pública?

Em outras palavras, o objetivo foi avaliar a qualidade do gasto público, ou


seja, o resultado efetivo construído a partir de sua execução.

Frise-se, contudo, que não será possível afirmar que há nexo de causalidade
direto entre as ações implementadas no conjunto das ações ligadas à área de segu-
rança pública com a melhoria ou eventual piora nos indicadores de segurança, visto
que outros agentes (públicos e privados) podem também ter contribuído significati-
vamente para o resultado apurado.

Importante destacar, também, que os valores aqui apresentados foram reti-


rados dos Relatórios de Execução Física do Orçamento - Programa1 elaborados pelo
governo estadual, bem como do Sistema Integrado de Administração Financeira do
Estado - SIAF2, porém transformados em valores constantes ano-base 20173, de
acordo com a variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA4, permi-
tindo, desta forma, a análise comparativa da evolução real dos gastos estaduais com
segurança pública.

Frise-se, que as análises relativas ao orçamento, no que tange aos gastos


realizados, basearam-se em valores empenhados5, ou seja, valor cujo gestor público
já registrou como destinado a determinado credor e despesa específica, porém ain-
da não efetivamente pago.

1 http://www.portaldatransparencia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=9.
2 Relatórios SIA105, SIA106, SIA112E e SIA307C.
3 Valores monetários a preços constantes: “é o valor monetário real, ou valor monetário que existiria na ausência de
crescimento dos preços, ou, dito de outro modo, se os preços, a partir do ano-base, se mantivessem constantes. Daí a expressão:
“valor a preços constantes do ano X”. Tarcisio Patricio de Araújo (Professor do Departamento de Economia da UFPE).
4 IPCA apurado pelo IBGE.
5 Segundo o art. 58 da Lei Federal n° 4320/1964, empenho é o ato emanado de autoridade competente que cria
6 para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
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Também foram utilizados dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-


tatística – IBGE, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
– IPARDES, além das próprias estatísticas da Secretaria de Estado da Segurança
Pública e Administração Penitenciária - SESP6, dos respectivos órgãos oficiais dos
Estados da Federação analisados e de outros estudos nacionais e internacionais, os
quais estarão devidamente referenciados quando necessário.

Reitere-se que a análise do resultado das ações de segurança pública no Estado


passa pela verificação de indicadores relativos à violência, analisando tanto a sua evolu-
ção ao longo do tempo quanto as diferenças regionais e municipais. O principal indicador
de segurança pública utilizado internacionalmente é a taxa de homicídios dolosos, no en-
tanto, serão utilizadas algumas outras estatísticas para fins desta análise.

1. A SEGURANÇA PÚBLICA NO ESTADO DO PARANÁ

Considerando o orçamento destinado à função Segurança Pública ao longo


dos últimos anos, a princípio, pode-se concluir que a área vem ganhando destaque
no orçamento estadual, dado que as Leis Orçamentárias Anuais vêm destinando
mais recursos para a segurança pública a cada ano.

No entanto, cabe analisar a composição desse orçamento, já que, a partir de


2015, o orçamento da segurança passou a suportar também a subfunção Custódia
e Reintegração Social, com a inclusão do Departamento Penitenciário (DEPEN) na
estrutura da SESP7. (vide gráfico 1)

6 Relatórios estatísticos criminais, elaborados pela Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico - CAPE/
SESP, disponíveis em http://www.seguranca.pr.gov.br e http://www.cape.seguranca.pr.gov.br.
7 Por meio da Lei Estadual n° 18.410/2014 a então Secretaria de Estado da Segurança Pública passou a exercer
também as atividades relativas à gestão do sistema penitenciário estadual, sendo sua nomenclatura mudada para Secretaria
de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária. 7
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Gráfico 1 – EVOLUÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA - FUNÇÃO SEGURANÇA (2012 - 2017)

5,0
4,7
4,5
VALORES EMPENHADOS CONSTANTES - ANO BASE 2017

4,4
4,0 3,9

3,5 3,6
3,2

3,0
BILHÕES

2,5 2,7

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Previsto sem DEPEN Empenhado sem DEPEN

Fontes: Relatórios de Execução Física do Orçamento (2012 a 2014), Relatórios SIA 112 E (2015 a 2017), extraídos do sis-
tema SIAF.

Outra comparação importante, é o montante de recursos destinados à se-


gurança, bem como a outras “áreas fim” fundamentais ao bem-estar da população
paranaense, como Saúde e Educação.

Em 2017, levando-se em conta o orçamento atualizado, a função Segurança


Pública ocupava a quarta posição entre as funções com maior orçamento, com 9%
dos recursos, atrás de Encargos Especiais (25%), Educação (22%) e Saúde (10%).

No entanto, cabe esclarecer que a função Encargos Especiais engloba, além


das despesas relativas ao serviço da dívida, sentenças judiciais e precatórios, mon-
tante arrecadado pelo Estado do Paraná e transferido por obrigação constitucional
e/ou legal aos municípios paranaenses.

8
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Gráfico 2 – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR FUNÇÃO - PARANÁ (2017)

14,00
12,8
12,3
12,00 11,6
10,9

10,00

8,00
BILHÕES

6,00 5,2 5,2


4,7
4,4
4,00

2,00

0,00
Encargos Especiais Educação Saúde Segurança Pública

Previsto Empenhado

Fonte: Relatório SIA 112 E (2017), extraído do sistema SIAF.

Outro ponto que merece destaque é o desempenho da execução do or-


çamento, não só na área de segurança, mas também considerado seu valor global
(total do Estado).

Em 2017, partindo-se do orçamento atualizado para a área da segurança,


93% foi executado8, o que, levando-se em conta o patamar de 85% de execução re-
gistrado em 2012, demonstra significativa melhora na performance orçamentária
nesse período, representado no gráfico a seguir.

Comparando com o desempenho da execução do orçamento total do Es-


tado, percebe-se que o nível de execução foi ainda menor, na casa dos 90%, sendo
tendência que vem se repetindo desde 2012.

Noutro viés, se considerarmos valores efetivamente pagos pela administra-


ção em 2017, a performance diminui ainda mais, ficando em torno de 86% para fun-
ção segurança e 81% para o orçamento total.

8 Considerando como executado os valores empenhados no exercício. 9


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De forma geral, no período analisado, valores pagos estiveram sempre abai-


xo do que poderiam (ou do que seria desejável), tanto num como noutro caso, de-
monstrando dificuldade na realização plena dos orçamentos anuais propostos.

Gráfico 3 – EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL DE EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO DO ESTADO


E DA FUNÇÃO SEGURANÇA (2012 - 2017)

100%

91% 93%

90%
90%
85%
86%

85%
8 0% 81%

78%

70%

60%
2012 2013 2014 2015 2016 2017

O quant o foi empenhado do Orçto Total O quant o foi pago do Orçto Total
O quant o foi empenhado do Orçto Segurança O quant o foi pago do Orçto Segurança

Fonte: Relatórios SIA 112 E (2012 a 2017), extraídos do sistema SIAF.

Por outro lado, chama atenção a aparente desconexão entre o comporta-


mento do PIB9 paranaense e a evolução do orçamento estadual, particularmente em
relação à previsão de receitas nos dois últimos exercícios (2016-2017), pelo fato de
que receitas públicas, compostas basicamente pela arrecadação de tributos, tendem
a acompanhar a situação econômica do Estado, especialmente em ambiente recessi-
vo, tal qual passou nossa economia no período analisado.

De acordo com dados do IPARDES10, o PIB, após significativa alta entre


2012 e 2013, registrou tendência de queda nos anos seguintes, retomando cresci-
mento tímido em 2016 e 2017 (0,8% no acumulado).

9 Produto Interno Bruto, representando a soma de todos os bens e serviços produzidos pelo Estado em
determinado período.
10 10 Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social.
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No mesmo período, entretanto, o governo estadual projetou crescimento


de 15,4% das receitas, indicando, em rápida análise, não haver coerência com a rea-
lidade econômica. Mesmo nesse cenário, houve crescimento da arrecadação da or-
dem de 9,0% no acumulado 2016-2017, o que, de certa forma, atenuou os efeitos da
recessão nas contas públicas estaduais nesse período.

Disso tudo, é possível inferir que a performance da execução orçamentária


abaixo do esperado, decorre mais de questões de gestão do que propriamente por
restrições de arrecadação. O gráfico a seguir ilustra bem o até aqui exposto:

Gráfico 4 – EVOLUÇÃO DO PIB(*) PARANAENSE E DA PREVISÃO E EXECUÇÃO ORÇA-


MENTÁRIAS (2012 - 2017)

VALORES CONSTANTES - ANO BASE 2017

500 100

450 430 422 90


412 414 416
390
400 80

350 70

300 60
52

Bilhões
51
BILHÕES

250 47 47 50
45
43
200 45 46 40
41 43 43
38
150 30

100 20

50 10

0 0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

PIB Paraná Receita Prevista Receita Arrecadada

Fontes: Divulgação do Produto Interno Bruto do Paraná e do Brasil a Preços Correntes de Mercado, disponível em http://
www.ipardes.gov.br; Relatórios SIA 112 E e SIA 307 C (2012 a 2017), extraídos do sistema SIAF.
Nota: (*) Os resultados do Estado do Paraná para os anos de 2016 e 2017 são estimativas preliminares do IPARDES.

1.1. DOS CONSELHOS COMUNITÁRIOS DE SEGURANÇA

Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) são entidades de apoio


às forças polícias no âmbito estadual. Representam grupos de pessoas da mesma
comunidade que se reúnem para discutir, planejar, analisar, e acompanhar soluções
de seus problemas, refletindo na segurança pública local. São meios para estreitar
relações entre comunidade e órgãos responsáveis pela segurança, fazendo com que
estas cooperem entre si. 11
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Cada CONSEG realiza reuniões ordinárias mensais, normalmente no perío-


do noturno, em imóveis de uso comunitário, segundo agenda definida por período
anual. A SESP tem como representantes, em cada CONSEG, o Comandante da Polí-
cia Militar da área e o Delegado de Polícia Titular do Distrito Policial.

A ideia do Conselho Comunitário de Segurança surgiu para criar espaço


onde todos poderiam se reunir e pensar estratégias de enfrentamento dos proble-
mas de segurança da comunidade, orientados pela filosofia de polícia comunitária.

O Paraná foi o precursor de todos os Conselhos Comunitários de Segurança


no Brasil, sendo as primeiras experiências nas cidades de Londrina, em abril de 1982
e Maringá, em junho de 1983. Mas, somente em setembro de 2003, através do De-
creto nº 1790, o Governo do Estado criou os CONSEGS e, em dezembro de 2003,
promoveu sua Regulamentação11.

Segundo informações da Coordenadoria dos CONSEGs, vinculada à SESP,


atualmente estão homologados e ativos 145 CONSEGs, representando diversas re-
giões do Estado.

Por iniciativa do Conselheiro Relator das Contas de 2017, alguns CONSEG´s


da capital12 foram reunidos para expor o dia-a-dia das suas atividades, principais re-
sultados e eventuais dificuldades encontradas no desempenho de sua missão. Para
isso, foi elaborado breve questionário, encaminhado a alguns CONSEG´s ativos, con-
tendo quesitos envolvendo a atuação dos Conselhos Comunitários, da Coordenação
dos CONSEG´s, da PMPR, Polícia Civil e demais unidades da SESP.

Embora sem a esperada adesão dos CONSEG´s, e, portanto, sem amostra


ideal para representar a realidade de todo o Estado, as poucas respostas colhidas dos
CONSEG´s da capital13, trazem indicativos que merecem, ao menos, ser pontuados.

11 Por meio do Decreto nº 2332/2003.


12 CONSEG´s do Juvevê, Capão da Imbuia e Mercês-Vista Alegre.
12 13 CONSEG´s do Juvevê, Capão da Imbuia, Mercês-Vista Alegre.
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Quanto a atuação dos CONSEG´s, além das reuniões públicas mensais, as


ações, mesmo variando de acordo com a experiência e o perfil de cada CONSEG,
possuem características semelhantes, com a utilização de grupos de WhatsApp, ins-
talação de placas nas residências do tipo “Vizinho de Olho”, uso de sirenes alertando
atitudes suspeitas, promoção de medidas preventivas e educacionais, como pales-
tras em escolas e projetos sociais em parcerias com a PMPR e Guarda municipal14.

Relatam, contudo, algumas dificuldades no trabalho junto aos órgãos públi-


cos, das quais destacamos a falta de transparência e de prontidão para receber e re-
solver problemas, burocracia, e, principalmente, demandam maior participação nas
discussões e soluções em torno da segurança, inclusive nas decisões tomadas pela
SESP na aplicação dos recursos.

Quanto a atuação da Coordenação dos CONSEG´s, entendem que cum-


pre seu papel na homologação e ampliação do número de Conselhos Municipais,
entretanto, apontam necessidade de ações mais efetivas no sentido de promover
orientação e treinamento dos membros dos CONSEG´s, ou até mesmo realização de
campanhas, cursos, palestras, congressos, projetos ou ações sociais que fomentem a
cidadania e a inclusão da sociedade civil no debate sobre segurança pública. Segun-
do eles, a criação da União dos Conselhos Municipais de Segurança15, em certa me-
dida, tenta suprir essas e outras lacunas deixadas pela Coordenação dos CONSEG´s.

Quanto a atuação das Polícias Civil e Militar, percebe-se situação distinta. A


PMPR, mesmo com algumas restrições de efetivo, procura participar de quase todas
as reuniões públicas mensais, trazendo recomendações à população para que me-
lhorem sua percepção de segurança e prevenção do crime, além de agir no sentido
de atender demandas por ações ostensivas e/ou repressivas.

A Polícia Civil, por outro lado, tem pouca ou nenhuma participação junto
aos CONSEG´s, ao menos da capital, à exceção do Grupo TIGRE16, que vem fazendo
palestras em algumas reuniões públicas mensais.
14 Projeto social e cultural CECEL (Centro Esportivo Cultural Edgar Lessnau) por meio de fundamentos de futebol
para crianças de 5 a 15 anos; contando com apoio da 2ª. Cia da PM e da Guarda Municipal de Curitiba.
15 Entidade informal, formada, atualmente, pela associação de 32 CONSEG´s .
16 Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (TIGRE), criado pelo Decreto nº 7397, de 30/10/90, volta-se
às ações específicas em delitos em que haja a figura de refém, tais como seqüestro, roubo, cárcere privado, violação de
domicílio, extorsão mediante seqüestro e rapto. 13
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Por fim, entendem fundamental, para balizar ações e projetos, a disponibili-


zação de dados sobre a criminalidade de cada região (bairro, cidade), a qual, segundo
relatos, é precária ou inexistente.

1.2. ANÁLISE DO DESEMPENHO ORÇAMENTÁRIO

Importante destacar, de início, a inclusão, a partir de 2015, do Departamen-


to Penitenciário – DEPEN à estrutura orçamentária da SESP, o que, do ponto de vista
da gestão da segurança pública, trouxe impactos relevantes, os quais serão aborda-
dos pontual e oportunamente.

Os montantes previstos e executados nesses seis anos na Função Segurança


já foram representados no Gráfico 01, e, para efeitos de análise da efetividade da exe-
cução, os percentuais realizados em cada ano já foram representados no Gráfico 03.

Em se tratando do exercício de 2017, importante destacar a composição dos


gastos quanto à destinação dos recursos por unidade.

Gráfico 5 – COMPOSIÇÃO DO GASTO POR UNIDADE ORÇAMENTÁRIA (2017)

Fonte: Relatório SIA 106, extraído do sistema SIAF.

14
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Analisando-se os últimos seis anos, a distribuição do orçamento por unida-


des manteve certa estabilidade, à exceção do orçamento destinado à ao DEPEN,
que, conforme já mencionado, passou a integrar a Secretaria e a Função Segurança
somente a partir de 2015. No gráfico a seguir, apresenta-se a evolução do valor em-
penhado nas principais unidades de segurança do Estado.

Gráfico 6 – EVOLUÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR UNIDADE (2012 - 2017)

1,8 1,7
VALORES CONSTANTES - ANO BASE 2017 - BILHÕES

1,5
1,3

1,2
EMPENHADO

0,9
0,7
0,7
0,6
0,6

0,3
0,3 0,2
0,1
0,0
0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Polí cia Mi litar Polí cia Civil Polí cia Científica DEPEN Bombeiros

Fontes: Relatórios de Execução Física do Orçamento (2012 a 2014); Relatórios SIA 105 e SIA 106 (2015 a 2017), extraídos
do sistema SIAF.

Conforme demonstrado no gráfico anterior, nos últimos anos todas as prin-


cipais unidades de segurança do Estado tiveram algum incremento em seus orça-
mentos, com destaque especial para a Polícia Militar, que partiu de uma despesa em-
penhada de R$ 1,29 bilhões em 2012 para R$ 1,67 bilhões em 2017, apresentando
alta de 29%.

Outra fotografia importante de 2017, é a destinação de recursos por sub-


funções, as quais definem as áreas de atuação das unidades de segurança do estado.

15
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

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Gráfico 7 – COMPOSIÇÃO DO GASTO POR SUBFUNÇÃO ORÇAMENTÁRIA (2017)

Fonte: Relatório SIA 106, extraído do sistema SIAF.

Da mesma forma, analisando-se os últimos seis anos, a única informação


que se destaca na distribuição por subfunções é a inclusão da subfunção Custódia e
Reintegração Social, a qual engloba os recursos executados pelo DEPEN.

Gráfico 8 – EVOLUÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR SUBFUNÇÃO (2012 - 2017)

3,5 3,2
VALORES CONSTANTES - ANO BASE 2017 - BILHÕES

3,0
2,5
2,5
EMPENHADO

2,0

1,5

1,0
0,7
0,5
0,3
0,2
0,0 0,1
0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Poli ciamento Custódia e Reintegração Social Defesa Civil Demais Subfunções

Fontes: Relatórios de Execução Física do Orçamento (2012 a 2014); Relatórios SIA 105 e SIA 106 (2015 a 2017), extraídos
do sistema SIAF.

16
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Conforme demonstrado no Gráfico 08, acompanhando evolução do orça-


mento de forma geral, todas as subfunções ligadas à segurança pública tiveram in-
cremento, com destaque especial para a subfunção Policiamento, que partiu de R$
2,51 bilhões de despesa empenhada em 2012 para R$ 3,25 bilhões em 2017, alta de
29%. O incremento na subfunção Policiamento está diretamente ligado ao aumento,
demonstrado no Gráfico 06, dos recursos destinados à PMPR, bem como à Polícia
Civil, já que são suas unidades componentes.

Ainda, considerando somente o exercício de 2017, a conclusão é que os gas-


tos do período, na área de segurança pública, foram basicamente custos de manu-
tenção, principalmente despesas com folha de pagamento, representando, os inves-
timentos, apenas uma pequena parcela do recurso aplicado.

O gráfico a seguir mostra a destinação dos recursos empenhados em 2017


de acordo com a categoria econômica, subdividindo-se em Despesas Correntes17
(Pessoal e Encargos e Outras Despesas) e Despesas de Capital18 (Investimentos).

Gráfico 9 – VALOR EMPENHADO POR CATEGORIA ECONÔMICA (2017)

Fonte: Relatório SIA 106, extraído do sistema SIAF.


17 Segundo a Portaria Interministerial n° 163/2001, classificam-se como despesas correntes todas as despesas
que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, ou seja, são recursos destinados à
manutenção de serviços públicos já existentes.
18 Segundo a Portaria Interministerial n° 163/2001, classificam-se como despesas de capital aquelas que
contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, ou seja, são recursos que contribuem para o
aumento do patrimônio público, como aquisição de bens móveis e imóveis e construção de obras de engenharia. 17
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Infelizmente a falta ou a baixa execução de investimentos, não só na área de se-


gurança pública, é tendência nos últimos anos. Analisando-se os últimos seis exercícios,
percebe-se crescimento das despesas de custeio e certa manutenção dos níveis de investi-
mentos, à exceção do exercício de 2017, onde as despesas de capital apresentaram bom in-
cremento. Mais uma vez, foram consideradas as despesas empenhadas em cada exercício.

Gráfico 10 – EVOLUÇÃO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR CATEGORIA ECONÔ-


MICA (2012 - 2017)

4,5

4,0
4,0
VALORES CONSTANTES - ANO BASE 2017 - BILHÕES

3,5

3,0
2,6
EMPENHADO

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5 0,3
0,1
0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Despesas Correntes Despesas de Capital

Fontes: Relatórios de Execução Física do Orçamento (2012 a 2014); Relatórios SIA 105 e SIA 106 (2015 a 2017), extraídos
do sistema SIAF.

Importante citar que em 2017, os recursos destinados a investimentos na


área de segurança tiveram aumento considerável, conforme pode ser verificado no
Gráfico 10. Considerando o período de 2012 a 2017, os investimentos mais que tri-
plicaram. Em composição percentual, as despesas de capital partiram de 4% do valor
empenhado em 2012 para 8% da execução orçamentária de 2017.

Ressalte-se, entretanto, que a efetiva realização desses investimentos,


vale dizer, a execução física das obras, tratada em detalhes no caderno de obras19,
não ocorreu como se poderia esperar, particularmente no contexto das obras do
sistema penitenciário.

19 O conteúdo deste caderno pode ser acessado pelo link: http://www3.tce.pr.gov.br/contasdogoverno/2017/


18 pdfs/obraspublicas.pdf.
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Por fim, considerando o constante aumento na população paranaense, jul-


ga-se necessário também apresentar a proporção de recursos investidos na área de
segurança por cada habitante, ou seja, quanto o poder público tem investido para
proteger cada cidadão. O cálculo leva em consideração o montante de recursos em-
penhados em cada exercício e a projeção da população divulgada pelo IBGE20.

Gráfico 11 – GASTOS POR HABITANTE - FUNÇÃO SEGURANÇA (2012 - 2017)

400

384,60
350
VALORES CONSTANTES - ANO BASE 2017

300 320,94
256,34
250
REAIS / HAB.

200

150

100

50

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Empenhado / habitante sem DEPEN

Fontes: Relatórios de Execução Física do Orçamento (2012 a 2014); Relatórios SIA 112 e7 (2015 a 2017), extraídos do
sistema SIAF; Projeção da População, disponível em https://cidades.ibge.gov.br.

Conforme pode ser verificado no gráfico anterior, mesmo desconsiderando a


unidade DEPEN, que apenas sofreu reclassificação orçamentária em 2015, e levando
em conta a evolução da população, os recursos destinados à segurança pública tive-
ram incremento de 25% per capita, algo em torno de R$ 64,60 a mais por habitante.

A título de comparação, recursos investidos por habitante em saúde e edu-


cação, no mesmo período, tiveram alta de 19% e 22%, respectivamente.

20 Projeção da População, disponível em https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/pesquisa/53/49645. 19


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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

1.3. ANÁLISE DA ESTRUTURA DE RECURSOS

Este tópico tem por objetivo avaliar, considerando o período 2012-2017, a


dinâmica envolvendo a estrutura de recursos disponibilizados à área de segurança,
tanto no que tange a aspectos quantitativos e qualitativos do quadro de pessoal, ele-
mento crucial nas atividades policiais, quanto em relação à estrutura física que abri-
ga as principais unidades componentes da SESP.

1.3.1. Da situação do quadro de pessoal

Quanto à estrutura de pessoal, do ponto de vista quantitativo, há grande


defasagem em praticamente todos os quadros próprios da SESP. Conforme verifi-
cado no gráfico a seguir, partindo-se do efetivo estabelecido em lei, há necessidade
imediata de reposição de alguns quadros21.

Gráfico 12 – VAGAS OCUPADAS E DISPONÍVEIS POR QUADRO (2017)

100%

23%
28%
80%
43%

60% 82%

40% 77%
72%
57%

20%

18%

0%
QPPE - Agente Penitenciário QPPC - Polí cia Civil QPPO - Políci a Científica PMPR
Vagas Ocupadas Vagas Disponívei s

Fontes: Leis Estaduais n° 14.230/2003, 18.008/2014, 18.115/2014 e 18.662/2015; Informação n° 646/2018 – GRHS/
SESP. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 119.

Cabe observar que a defasagem de profissionais na área da segurança, com-


promete, de forma significativa, a prestação de serviços pelo Estado. A baixa ocu-
21 Foram desconsiderados os quadros do DETRAN e demais cargos do QPPE (Agentes de apoio, agentes de
20 execução e agente profissional), visando apresentar somente situação do efetivo de segurança pública do Estado.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

pação do QPPO22, por exemplo, pode afetar a emissão de laudos médico-legais e o


andamento de investigações científico-criminais.

Da mesma forma, a defasagem no QPPC23 pode comprometer atividades


investigativas, podendo culminar no sobrestamento de processos judiciais.

Por outro lado, se considerarmos que parte dos servidores integrantes dos
quadros específicos destinados às áreas fim da segurança pública estão desempe-
nhando rotinas administrativas, devido à falta de reposição do QPPE24, a situação é
ainda mais preocupante.

Gráfico 13 – PERCENTUAL DE SERVIDORES DESEMPENHANDO ATIVIDADES FINALÍS-


TICAS E ATIVIDADES MEIO (2017)

100%
1% 7%
10% 11%

80%

60%

99%
90% 93%
89%
40%

20%

0%
QPPE - Agente Penitenciário QPPC - Polí cia Civil QPPO - Políci a Científica PMPR
Área Fim Área Meio

Fontes: Informação n° 646/2018 – GRHS/SESP Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 119.

O momento atual reflete a constante diminuição dos quadros funcionais ao lon-


go dos últimos anos, devido, principalmente, à não realização de concursos públicos para
reposição das vacâncias de servidores, o que pode ser verificado no gráfico a seguir.

22 QPPO -Quadro Próprio de Peritos Oficiais, que atuam na Polícia Científica.


23 QPPC - Quadro Próprio da Polícia Civil.
24 QPPE - Quadro Próprio do Poder Executivo. 21
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Gráfico 14 – EVOLUÇÃO DA QUANTIDADE DE SERVIDORES POR QUADRO (2012 - 2017)

24.000

20.709
20.000
19.233

16.000
Servidores

12.000

8.000

4.299 4.156
4.000
3.081 3.169
620 940
0 326 270
2012 2013 2014 2015 2016 2017

QPPE - Agente Penitenciário QPPE Outros QPPC - Polí cia Civil


QPPO - Políci a Científica PMPR

Fonte: Informação n° 646/2018 – GRHS/SESP. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 119.

Conforme dados expostos no gráfico anterior, à exceção da PMPR, que teve


efetivo acrescido em quase de 1.500 servidores ao longo dos últimos seis anos, e do
quadro de Agentes Penitenciários, que teve incremento quase imperceptível, as de-
mais unidades integrantes da SESP sofreram diminuição em seus quadros de pessoal.

Cabe lembrar, uma vez mais, que o DEPEN, e consequentemente o cargo


de Agente Penitenciário, passou a integrar a estrutura da SESP somente a partir de
2015. Essa mudança alterou a composição de pessoal do QPPE integrante da função
Segurança, fato que, ao se analisar a evolução do quadro QPPE, pode indicar incre-
mento entre 2012 e 2017.

No entanto, o que ocorreu foi somente a migração de servidores da SEJU25


para a SESP. Dessa forma, apesar da alta entre 2014 e 2015, há queda de 2012 a
2014 e novamente de 2015 a 2017, devido à falta de reposição de pessoal.

Ressalte-se, ainda, que a falta de pessoal do QPPO, composto por peritos, mé-
dicos legistas, e auxiliares de perícia e de necropsia, que atende aos Institutos Médico
Legal (IML) e de Criminalística (IC), e também de agentes penitenciários do QPPE, para

22 25 Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania.


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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

atendimento às unidades prisionais do estado, vêm sendo supridas por sucessivas con-
tratações em regime especial de trabalho26, o que, do ponto de vista de gestão, cons-
titui ponto de extrema fragilidade, haja vista serem quadros e funções permanentes e
essenciais à atividade estatal, exercidas por servidores “temporários”, quase sempre
sem experiência anterior na área, o que pode prejudicar os serviços prestados à popu-
lação, ainda mais considerando a rotatividade destes servidores.

Ao final de 2017, para tentar suprir a carência de servidores de carreira na Polícia


Científica e no DEPEN, a SESP contava com 1.225 servidores temporários, contratados
por meio de Processo Seletivo Simplificado (PSS), conforme comprovam os dados a seguir.

Gráfico 15 – QUANTIDADES DE SERVIDORES EFETIVOS E TEMPORÁRIOS - DEPEN E


POLÍCIA CIENTÍFICA (2017)

3.500
3.169

3.000

2.500
Servidores

2.000

1.500

1.098
1.000

500
270
127

0
Agente Penitenciário (efetivos) Agente de Cadeia Pública (temporários)
Peritos e Auxiliares (efetivos) Legistas e Ajudantes (temporários)

Fonte: Informação n° 646/2018 – GRHS/SESP. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 119.

Para tentar amenizar riscos de colapso das atividades do IML e do IC, houve,
em 2017, abertura de concurso público para preenchimento de 54 das mais de 1.200
vagas em aberto do quadro de peritos oficiais que, ao fim daquele ano, conforme já
demonstrado no Gráfico 12, contava com apenas 18% do efetivo previsto em lei.

No entanto, não bastasse a quantidade exígua já prevista no edital, e também


os diversos apelos, por parte da direção da Polícia Científica, de reposição urgente de

26 Os chamados CRES (Contratos em Regime Especial de Trabalho), firmados via Processo Seletivo Simplificado – PSS. 23
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

pessoal, até o início de 2018, foi autorizada a contratação de somente 28 dos candidatos
aprovados, dos quais foram nomeados 21 até o momento27. As demais contratações não
foram autorizadas, após parecer negativo da Secretaria de Estado da Fazenda.

Enquanto isso, tem sido recorrente nos noticiários paranaenses a deficiência


no atendimento ao público por parte do IML, principalmente devido à carência de mo-
toristas para recolhimento de corpos, além da fila de objetos a serem periciados pelo
IC, que, em alguns casos, podem chegar ao absurdo tempo de 10 anos de espera.

Já para o cargo de Agente Penitenciário, carreira integrante do QPPE, a con-


tratação de servidores temporários também tem sido a regra. Em 2016, inclusive,
houve recomendação, por parte do Ministério Público do Paraná (MPPR), para que
a SESP deixasse de preencher seus quadros permanentes dessa forma28.

Referida recomendação teve por base sucessivas renovações dos contratos


temporários para auxiliares de carceragem e agentes de cadeia pública. Contudo,
pode ser aplicada a todos os quadros, cargos e funções ligados à segurança pública.

No entanto, ao contrário do recomendado pelo MPPR, e distante de qual-


quer boa prática de gestão, no início de 2018 foi lançado novo edital para contra-
tação, novamente em regime especial, de 1.156 servidores temporários, que serão
responsáveis pela segurança das carceragens das cadeias públicas estaduais.

Ainda, no caso do DEPEN, está em curso estudo acerca da viabilidade técni-


ca de projeto que visa a terceirização de serviços em regime de cogestão de unidades
penitenciárias29, modelo utilizado em algumas unidades da federação. Porém, consi-
derando a tramitação do processo para autorização das autoridades competentes,
além dos prazos legais para licitação e contratação da(s) empresa(s) terceirizada(s),
não há previsão de que esse modelo seja implementado em breve no Estado.

Registre-se, por fim, a existência de mais de 13 mil vagas dos quadros da SESP a

27 Para as 7 vagas restantes, foram nomeados os concursados, porém, até a data de fechamento deste caderno,
ainda não haviam tomado posse. Protocolo nº 14.900.652-4.
28 Por meio da Recomendação Ministerial n° 03/2016 da Promotoria de Justiça e Proteção ao Patrimônio Público,
foi recomendado à SESP que adotasse “as providências necessárias para ajustar a estrutura dos serviços disponibilizados
no âmbito da segurança pública paranaense, de modo que não sejam mantidos contratos temporários por lapso temporal
superior a 02 (dois) anos, tomando as medidas indispensáveis à regularização do quadro permanente da Pasta.
29 Comissão designada pela Resolução nº 043/2018 de 26 de fevereiro de 2018, ainda não apresentou, até o
24
fechamento deste caderno, conclusão deste estudo.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

serem preenchidas30, representando, em média, 32% do total de vagas, ou, dito de outra
forma, as ações da área da segurança pública são conduzidas por um terço a menos de ser-
vidores do que o ideal (previsto), sendo mais grave o já citado caso da Polícia Científica, que
atua com menos de um quinto do efetivo previsto em lei. Isso, sem levar em conta a neces-
sidade de reposição de pessoal do QPPE para o desempenho de rotinas administrativas.

Para consulta a outras informações e detalhamentos acerca do quadro de


pessoal, sugerimos acessar o caderno específico de gestão de pessoal, por meio do link
a seguir: http://www3.tce.pr.gov.br/contasdogoverno/2017/pdfs/gestaopessoas.pdf.

1.3.2. Da estrutura física

Do ponto de vista da estrutura física existente, observa-se incremento im-


portante, a partir de 2015, na quantidade de imóveis à disposição das unidades da
SESP, principalmente para a PMPR e DPC31, as quais detém 76% da estrutura total
de imóveis em utilização, indicando, a priori, ter havido direcionamento de recursos
no sentido de ampliar as condições de atuação dos órgãos de segurança, por meio de
locação de imóveis, conforme pode ser observado a seguir:

Gráfico 16 – QUANTIDADE DE IMÓVEIS PARA USO DA SESP

960 140

121
950 953 120
104
940 93 100
84 86 83
936
QUANTIDADE

QUANTIADDE

930 80

920 925 60

918
916 915
910 40

900 20

890 0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

IMÓVEIS LOCADOS TOTAL IMÓVEIS

Fonte: GAS/SESP; Sistema de Gestão de Bens Imóveis (GBI).

30 Assim distribuídos: 7,9 mil (PMPR), 3,1 mil (QPPC), 1,2 mil (QPPO) e 0,9 mil (Agentes Penitenciários do QPPE).
31 Departamento de Polícia Civil (DPC). 25
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Esse incremento, contudo, fez ampliar os valores anuais pagos a título de


alugueres, chegando ao montante de quase R$ 19 milhões em 2017, dos quais R$ 9,8
milhões (52%) representam gastos somente com unidades da Polícia Civil.

O quadro a seguir representa o valor gasto por cada unidade de segurança


durante o ano de 2017. Desta vez, consideramos o valor efetivamente pago, que to-
taliza R$ 18,84 milhões.

Gráfico 17 – VALOR GASTO POR UNIDADE COM ALUGUÉIS (2017)

10 9,82

6
Milhões

4
3,30 3,16
3

2
1,24
1 0,51 0,40 0,38
0,04
0
Pol. Civil Pol. Mi litar DETRAN Bombeiros SESP Pol. Científica DEPEN Casa Militar

Fonte: Relatórios SIA 010, SIA 106, SIA 108 e SIA 110 (2017), extraídos do sistema SIAF.

Especial atenção deve ser dada, dentre os imóveis locados pelo Departa-
mento da Polícia Civil, à sua sede e à do Instituto de Identificação do Paraná, locali-
zados no centro de Curitiba. O valor do aluguel de dois imóveis, R$ 200.790,00 reais
mensais, é o mais alto dentre os destinados à segurança. Significa dizer que, só em
2017, foram devidos quase R$ 2,5 milhões pelo uso dos dois prédios, que compor-
tam atividades permanentes do Estado.

Há que se ponderar, contudo, que este montante anual dispendido com alugue-
res, ainda que considerado o poder discricionário do gestor nessa questão, poderia, sob
nossa avaliação, ser direcionado de forma a, no médio e longo prazos, reduzir gradativa-
mente a dependência por imóveis de terceiros, em especial os que abrigam unidades da
26
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Polícia Civil, como delegacias e subdivisões policiais, já que comportam atividades per-
manentes do estado e presentes em quase todos os municípios paranaenses.

A título de exemplo, tomando por base o custo médio de uma Delegacia Ci-
dadã32, com esse montante seria possível construir quase 3 destas unidades por ano.
Além disso, imóveis projetados e construídos para uso policial, certamente refletem
serviços com maior conforto, rapidez e segurança, tanto à população usuária quanto
aos próprios servidores, qualidades nem sempre presentes em imóveis locados, na
sua maioria apenas adaptados às necessidades policiais.

Sobre essas e outras questões envolvendo a gestão patrimonial, sugere-se


consultar caderno específico sobre o tema, no link a seguir: http://www3.tce.pr.gov.
br/contasdogoverno/2017/pdfs/patrimonio.pdf.

Aliás, sobre Delegacias Cidadãs e demais obras e reformas, visando melho-


rar e ampliar os serviços prestados pelas unidades componentes da SESP, temos o
seguinte quadro:

Tabela 1 – QUANTIDADE DE OBRAS POR UNIDADE SESP

Valor pago
Unidade Qtd. Obras Valor Total
(2017)
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO 26 5.125.712 61.100.259
POLÍCIA CIVIL 32 7.733.888 49.106.037
CORPO DE BOMBEIROS 11 2.998.497 38.896.008
POLÍCIA CIENTÍFICA 8 10.130.118 32.729.468
POLÍCIA MILITAR 17 385.802 14.516.594
SESP 1 118.632 329.981
Total Geral 95 26.492.649 196.678.347
Fonte: Setor de Engenharia/SESP Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 121.

32 Unidade padrão II, com 1.208 m2 de área construída, considerado o custo médio das Delegacias de Fazenda Rio
Grande e Matinhos. 27
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Tabela 2 – RELAÇÃO DE OBRAS CONCLUÍDAS POR UNIDADE SESP (2017)

Valor pago
Obras por Unidade Valor Total
(2017)
POLÍCIA CIENTÍFICA 10.130.118 32.303.169
IML Curitiba 7.460.545 25.888.540
IML Londrina 2.599.847 6.325.170
Reforma IML de Campo Mourão 69.726 69.726
Reforma IML Umuarama 19.733
POLÍCIA CIVIL 5.477.199 10.782.517
Delegacia Cidadã Padrão II Fazenda Rio Grande 3.816.861 5.651.727
Delegacia Cidadã Padrão II de Matinhos 1.398.938 4.458.335
Reforma Telhado Escola Superior de Polícia Civil 72.185 257.580
Reparos Delegacia de São João do Triunfo 75.893 147.368
Construção de solário na Delegacia de Barbosa Ferraz 24.940 124.242
Carceragem 20ª SDP Toledo 32.440 53.710
Reforma calçada 8° Distrito 18.286 51.899
Reforma Emergencial na Delegacia de Paranacity 37.656 37.656
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO 1.128.070 4.343.954
Penitenciária Estadual de Cascavel - PEC - reparos pós-rebelião 196.330 1.975.261
Penitenciária Industrial de Guarapuava - PIG - reparos pós-rebelião 389.539 875.050
Shelters 11º DP - 744.718
Penitenciária Estadual de Cascavel - PEC (telas) 249.133 303.220
Penitenciária Feminina do Paraná - PFP - reparos cozinha e panificação 110.559 219.999
Casa de Custódia de Maringá - reparos, ordem judicial 101.127 138.445
Patronato de Londrina (troca de placas, toldos e janelas) 46.041 46.041
Penitenciária Estadual de Cascavel - PEC (scanner corporal) 11.121 17.000
Casa de Custódia de Curitiba - CCC (laudo muros) 14.861 14.861
Penitenciária Estadual de Londrina II - PEFL II - laudo estrutural 9.360 9.360
POLÍCIA MILITAR 304.062 664.776
Reforma Telhado BOPE 43.498 373.357
Demolição Gráfica QCG PMPR 116.999 116.999
Centro Odontológico do Quartel da PM 79.998 79.998
Reparos na Diretoria de Pessoal do Quartel da PM 30.855 61.710
Sondagem - BPFron de Marechal Cândido Rondon 32.712 32.712
CORPO DE BOMBEIROS 350.182 475.378
Reparos no Quartel Corpo de Bombeiors Pontal Pr. 300.670 300.670
Projeto - Corpo de Bombeiros de Piraquara 20.371 101.854
Projeto - Corpo de Bombeiros de Pato Branco 29.142 72.854
Total Geral 17.389.631 48.569.794
Fonte: Setor de Engenharia/SESP. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 121.

Acerca destas obras, cabem alguns apontamentos: o primeiro, refere-se à


quantidade de obras concluídas, com pouco mais de 24% do total, ou seja, 30 das 95
obras em trâmite na SESP foram entregues. Do restante, 30 estão em andamento,
21 em processo de licitação e 14 em situações diversas (paralisadas, suspensas, não
iniciadas, aguardando contrato ou a retomada da obra).

28
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Ressalte-se, ainda, que das 65 obras não entregues, quinze33, considerando


os prazos contratuais, já deveriam estar em funcionamento, algumas desde 2015 e
2016. Destas, dez são demandas do sistema penitenciário, das quais destacamos as
ampliações da Penitenciária Estadual de Piraquara II (R$ 11, 7 milhões) e da Peni-
tenciária Estadual de Foz do Iguaçu (R$ 10,9 milhões), além da construção da Cadeia
Pública de Campo Mourão (R$ 11,3 milhões). Esta situação só contribui ao agrava-
mento dos problemas estruturais do sistema.

Noutro ponto, importante notar que, exceto obras relativas aos IML34 de
Curitiba e Londrina, Delegacias Cidadãs de Fazenda Rio Grande e Matinhos que, jun-
tas, representaram 87% do investimento total, boa parte diz respeito a obras de refor-
ma e reparos, as quais não objetivam, a priori, aumento da capacidade de prestação de
serviços, tão somente a manutenção ou pequenas melhorais na estrutura existente.

Aspecto também relevante aponta para o sistema penitenciário, sempre ca-


rente de abertura de novas vagas. Pois bem, das 7390 vagas programadas para o biê-
nio 2017/2018, das quais apenas 598 para 2017, nenhuma foi entregue, sinalizando,
infelizmente, agravamento da crise que enfrenta o poder público estadual e do país, o
que motivou, inclusive, Tribunais de Contas estaduais a realizarem auditorias específi-
cas sobre o sistema penitenciário (para maiores detalhes, vide item 2 deste Caderno).

Registre-se, por fim, que outras informações adicionais e detalhes sobre obras
públicas podem ser encontradas no caderno específico a este respeito, disponível no link
a seguir: http://www3.tce.pr.gov.br/contasdogoverno/2017/pdfs/obraspublicas.pdf.

1.3.3. Da crise envolvendo coletes de proteção balística

Coletes de proteção balística são importantes artefatos para preservar a


integridade física dos agentes públicos na execução de atividades investigativas,
policiamento ostensivo, vigilância e custódia de presos. Com fabricação controlada
pelo Exército Brasileiro, periodicamente (entre 5 a 6 anos, dependendo das condi-
ções de uso) devem ser substituídos, sendo de vital importância para a segurança e
para as atividades diárias desenvolvidas por aqueles agentes.
33 Conforme resposta da SESP ao Ofício nº 16/17 – CG2017.
34 Instituto Médico Legal, unidades vinculadas à Polícia Científica. 29
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Em 2015, foi constatado que 11.240 coletes balísticos de determinado lote


de fabricação35, adquiridos entre os anos de 2010 e 2013 para uso da PMPR, não
ofereciam proteção adequada36, pois estavam em desconformidade com o modelo
aprovado junto ao Exército Brasileiro. Por conta disso, 8.129 coletes foram submeti-
dos a inadequado processo de revisão pela fabricante37, inclusive com alteração dos
seus prazos de validade38.

Por força desta situação, surgiu repentina defasagem na quantidade de co-


letes balísticos aptos ao uso, impactando as atividades da segurança pública, em es-
pecial da PMPR, até os dias atuais (vide rodízio no uso dos coletes pelos batalhões39),
tendo em conta a complexidade do processo para aquisição desse material, contro-
lado pelo Exército Brasileiro e produzido por poucos fabricantes somente por enco-
menda, não havendo, portanto, estoques para reposição.

Visando atenuar problemas advindos desse descompasso, a SESP, em 2016,


adquiriu 7.79640 coletes balísticos para atender diversas áreas da segurança pública.
Ainda assim, existe demanda de 9.377 coletes balísticos, sendo 7.954 para uso da
PMPR, 1.000 para uso do DPC e 423 para uso do DEPEN, necessidade essa que se
pretende suprida pelo Pregão Eletrônico nº 1335/2017-SEAP em andamento.

1.3.4. Da avaliação da eficiência técnica da PMPR em 2016

Em março de 2016, as Inspetorias de Controle Externo (ICE) do TCE/PR


buscaram desenvolver modelos de fiscalização baseados em programas de governo
estabelecidos no PPA, integrando análises de regularidade, processos e resultados
da gestão, dentro dos limites regimentais e normativos que definem essas unidades.

No caso específico da 3ª ICE, responsável pela fiscalização da área da segu-


rança pública, a proposta foi avaliar a eficiência técnica das Organizações Policiais Mi-
35 Lote RETEX nº 2365/08.
36 Perfuração em profundidade superior a fixada em normas internacionais.
37 Em desconformidade com os artigos 18, 34 e 49 da Portaria nº 18/2006-DLog do Exército Brasileiro, situação
que gerou a proposição da Comunicação de Irregularidade nº 203449/17 junto ao TCE/PR, transformada em processo de
Tomada de Contas Extraordinária, ainda em trâmite neste Tribunal. Por Comunicação de Irregularidade entenda-se um
procedimento administrativo instaurado junto aos Tribunais de Contas, de atos e contratos da administração que possam
resultar dano ao erário ou irregularidades causadas por agentes públicos.
38 Inquérito policial nº 279065/16, atualmente tramitando na 2ª Vara Criminal de Almirante Tamandaré sob nº
000969037.2016.8.16.0013.
39 Rodízio de coletes confirmado pela PMPR, em resposta ao ofício ODV nº 12/18-3ªICE (pg.60).
30
40 Pregão Eletrônico nº 488/2016-SEAP.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

litares – OPM (unidades de execução da PMPR), considerando os insumos de diversas


ordens (orçamentários, humanos, materiais e de informação) utilizados na entrega de
produtos mensuráveis à sociedade (apreensões, prisões, recuperação de veículos),
produzidos pelas operações policiais, no período entre janeiro e setembro de 2016.

Assim, a fiscalização procurou identificar padrões e gargalos na utilização


dos recursos e na produção dos resultados das ações policiais. Adicionalmente, fo-
ram comparados os registros de criminalidade na área de atuação das OPM, com
vistas a verificar possível correlação entre o índice de eficiência técnica e a evolução
da criminalidade entre 2015 e 2016.

Em um cenário de recursos escassos e demanda crescente por serviços na


área de segurança pública, importa perguntar “Que recursos são necessários ou fun-
damentais para a PMPR desempenhar suas atribuições finalísticas? Que processos
e métodos de planejamento garantem a otimização desses recursos? Que recursos
mais impactam na oscilação dos níveis de criminalidade? ”.

A análise do desempenho da PMPR partiu do conceito de eficiência como


alocação racional dos insumos, com vistas à: a) gerar a maior quantidade de produ-
tos com determinado recurso (maximização da produção), ou b) utilizar o mínimo de
recursos para produzir determinada quantidade de produtos.

Para a correlação das variáveis selecionadas, foi utilizada a ferramenta DEA


– (Data Envelopment Analysis) ou Análise Envoltória de Dados – método programado
que permite construir a eficiência relativa de uma DMU – Decision Making Unit -
Unidade Tomadora de Decisão, ou uma “fronteira de eficiência” a partir do cálculo
de índices individuais de ineficiência em relação aos pontos ótimos dessa fronteira.

A Unidade Tomadora de Decisão utilizada no presente estudo é a OPM, repre-


sentada, neste caso, por batalhões e companhias independentes, em número de 33. Essas
unidades empregam recursos semelhantes para a produção de determinados resultados.

Ressalva-se, desde logo, que a) as condições de operação não podem ser


consideradas uniformes, uma vez que as particularidades da segurança e as distân-
31
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

cias abrangidas pelas OPM variam fortemente, e b) os resultados produzidos pela


polícia podem ter impactos variados na realidade social, já que a criminalidade é fe-
nômeno social complexo que contempla variáveis não controláveis pela polícia.

Considerando os problemas encontrados, ações foram recomendadas em


relatório específico41, tanto ao Comando-Geral da PMPR quanto à direção da SESP,
relatório este ainda sem deliberação definitiva por parte desta Corte.

De forma resumida, as principais recomendações são as seguintes:

Ao Comando-Geral da PMPR:

a. Aperfeiçoar mecanismos de planejamento e alocação do efetivo policial


militar, direcionando o maior contingente possível para ações policiais
essenciais, priorizando as unidades de execução frente àquelas que de-
sempenham atividades de direção e apoio;
b. Incentivar a adesão e utilização, por todos os Comandos Regionais, de
sistemas corporativos, tais como o SISGCOP, que ofereçam instrumen-
tos padronizados que auxiliem o planejamento e acompanhamento das
ações policiais militares;
c. Divulgar boas práticas tanto de planejamento das ações policiais milita-
res quanto da otimização dos recursos utilizados (benchmarks) entre as
OPM e aprimorar os canais de comunicação internos;
d. Oportunizar condições de maior colaboração dos CONSEGs42 na troca de
experiência entre as OPM e na priorização das ações policiais militares;
e. Utilizar, caso entendam pertinente, a análise de eficiência técnica efe-
tuada por esta Inspetoria como ponto de partida, testando a ferramenta
de análise envoltória de dados (DEA), acrescendo outras variáveis.

À direção da SESP:

a. Elaborar outros indicadores para medição do desempenho da PMPR,


considerando as limitações técnicas do IGSP;
41 Relatório protocolado sob nº 599636/16 ainda em trâmite nesta Corte.
32 42 Conselhos Comunitários de Segurança.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

b. Fomentar a discussão acerca da necessidade de implementação dos


conceitos inerentes à contabilidade de custos no modelo de contabilida-
de pública atual;
c. Aprimorar mecanismos de gestão da frota da PMPR de forma a reduzir
significativamente o percentual de veículos não disponíveis ao atendi-
mento policial;
d. Iniciar estudos acerca da pertinência e oportunidade de conferir à PMPR
autonomia orçamentária, financeira e patrimonial;
e. Rever a atuação da PMPR no sentido de restringir ao máximo atividades
fora das suas competências originárias, que compreendem o policiamen-
to preventivo.

Além das recomendações pontuais acima, sugeriu-se determinação no sen-


tido de encaminhamento de plano de ação por parte da PMPR e da SESP, para fins de
acompanhamento das medidas necessárias à implementação das recomendações.

1.4. ANÁLISE DOS INDICADORES DE SEGURANÇA PÚBLICA

Para subsidiar análise acerca da situação da segurança pública, ou melhor,


da violência, comparamos, de partida, a evolução da taxa de homicídios dolosos por
100 mil habitantes, tendo em vista ser este indicador usualmente utilizado para este
tipo de avaliação.

Além de apresentar evolução do índice no estado, para efeitos de compara-


ção, apresenta-se também indicadores da região sul e do Brasil. Tais índices foram
extraídos das estatísticas de segurança dos estados de Santa Catarina43 e do Rio
Grande do Sul44, e, quanto à estatística nacional, do Portal G145, devido à dificuldade
quanto à obtenção de números oficiais consolidados acerca da violência no país. Fo-
ram consideradas, ainda, as projeções de população divulgadas pelo IBGE.

43 http://portal.ssp.sc.gov.br/sspestatisticas.html.
44 http://www.ssp.rs.gov.br/indicadores-criminais.
45 http://especiais.g1.globo.com/monitor-da-violencia/2018/. 33
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Gráfico 18 – TAXA DE HOMICÍDIOS POR 100 MIL HABITANTES (2012 - 2017) 46

35,0
31,4
HOMICÍDIOS POR 100 MIL/HAB.

30,0 28,2 27,9 28,5


26,6 26,9 27,1

24,2 23,8
25,0 23,2
25,0
21,5
20,0 22,1 21,8
20,7 20,8 20,2
19,4
15,0

10,0

5,0

0,0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Brasil Região Sul PARANÁ

Fontes: Relatório Estatístico Criminal / Quantitativo de Vítimas de Crimes Relativos a Mortes, elaborados e divulgados pela
CAPE/SESP (http://www.cape.seguranca.pr.gov.br); Indicadores Criminais, divulgados pela Secretaria da Segurança Pública
do Rio Grande do Sul (http://www.ssp.rs.gov.br/indicadores-criminais); Estatísticas de Mortes Violentas, divulgadas pela
Secretaria de Estado da Segurança Pública de Santa Catarina (http://portal.ssp.sc.gov.br/sspestatisticas.html); Estimativas
de População, divulgadas pelo IBGE; Portal G1 / Monitor da Violência (http://especiais.g1.globo.com/monitor-da-violência).

Como pode ser observado no gráfico, ao contrário do índice nacional e do


índice consolidado da região sul, a taxa de homicídios do Estado do Paraná vem apre-
sentando tendência de queda. Em 2012, primeiro ano analisado, a taxa de homicídios
dolosos do estado era de 31,4 homicídios/100 mil hab., número acima até mesmo do
índice nacional. Já no exercício de 2017, essa taxa atingiu 20,2 homicídios/100 mil
hab., estando, agora, abaixo do índice da região sul. No período analisado, portanto,
o indicador paranaense apresentou uma redução significativa de 35,6%.

Importante observar que as mortes violentas no nosso Estado estão também


incluídas na estatística da região Sul. Aliás, foi justamente a queda dos indicadores pa-
ranaenses que manteve a estabilidade do índice da região sul, já que dos três estados
da região, somente o Paraná reduziu o número de homicídios entre 2012 e 2017, en-
quanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentam tendência de aumento.

Apesar da tendência positiva de redução nas mortes violentas no Estado,


o índice está ainda muito acima do estipulado pela Organização Mundial da Saúde

34 46 Homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.


C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

- OMS, que considera como aceitável até 10 homicídios/100 mil hab., sendo conside-
rados, os locais com índices acima disso, áreas com epidemia de violência.

Partindo-se de estudo elaborado pela OMS, com estimativas de 2015, quan-


do o Brasil ocupava o 9º lugar no ranking mundial de mortes violentas, atrás apenas
de outros países latino-americanos, é possível comparar a situação do Paraná e do
Brasil à época com países vizinhos.

Gráfico 19 – COMPARAÇÃO DA TAXA DE HOMICÍDIOS POR 100 MIL HABITANTES


COM OUTROS PAÍSES (2015)47

Fontes: Relatório Estatístico Criminal / Quantitativo de Vítimas de Crimes Relativos a Mortes, elaborados e divulgados
pela CAPE/SESP (http://www.cape.seguranca.pr.gov.br); Estimativas de População, divulgadas pelo IBGE; World Health
Estatistics 2017, elaborado e divulgado pela OMS (www.who.int).

Além dos dados referentes a homicídios, a SESP também divulga, anualmen-


te, estatísticas referentes à violência, como crimes contra a pessoa (ameaça, lesão
corporal, violência doméstica, calúnia, violação de domicílio, maus tratos, etc.) e con-
tra o patrimônio (furto, roubo, estelionato, dano, extorsão, etc.).

No entanto, cabe mencionar que a variação dos números é afetada não só


pela variação dos crimes, mas também pelo efetivo registro dos boletins de ocorrên-
cia junto aos órgãos de segurança. Isso por que, nos casos de mortes, há sempre o
47 O índice relativo ao Brasil, divulgado pela OMS e citado no Gráfico 19, além de ser uma estimativa, leva em
consideração metodologias de cálculo próprias da Organização. Por esse motivo o valor diverge do número citado no
Gráfico 18, retirado do Portal G1, que foi utilizado como parâmetro para o índice nacional, devido à dificuldade quanto à
obtenção de números oficiais consolidados acerca da violência no país nos últimos seis anos. 35
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

registro junto ao poder público, porém, nos crimes de menor potencial ofensivo (como
ameaça, calúnia e violação de domicílio, por exemplo), nem sempre o cidadão regis-
tra a ocorrência. Dessa forma, mesmo havendo a divulgação de estatísticas pela SESP,
não é possível afirmar que tais crimes realmente variaram positiva ou negativamente.

Gráfico 20 – EVOLUÇÃO DOS CRIMES CONTRA A PESSOA E CONTRA O PATRIMÔNIO


(2012 - 2017)

350
338
QUANTIDADES REGISTRADAS DE CRIMES - MILHARES

300 286

250
253
245

200

150

100

50

0
2012 2013 2014 2015 2016 2017

Crimes Contra a Pessoa Crimes Contra o Patrimônio

Fontes: Relatório Estatístico Criminal, elaborado e divulgado pela CAPE/SESP (http://www.cape.seguranca.pr.gov.br).

Ainda, importante acrescentar que, embora estatísticas acerca do número


de homicídios por 100 mil hab. no Paraná serem coligidas pela SESP rotineiramen-
te, o PPA 2016-2019 inovou ao associar ao Programa Paraná Seguro o indicador de
desempenho intitulado “Índice de Gestão da Segurança Pública” (IGSP), defendido
como mais adequado à avaliação da gestão da segurança.

Indicadores são atributos fundamentais dos programas e devem ser capa-


zes de medir a evolução do problema social que a política pública pretende solucio-
nar ou atenuar, com clareza e credibilidade.48

O IGSP constitui média geométrica das metas previstas em 7 iniciativas do


PPA, envolvendo número de inquéritos instaurados de crimes contra a pessoa, po-

48 Conteúdo adaptado do documento “Subsídios para a Elaboração do PPA 2016-2019”, da Secretaria de Estado
do Planejamento e Coordenação Geral (SEPL).
36
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

liciais formados, operações policiais realizadas, atendimentos realizados pelos bom-


beiros, perícias médico-legal e técnico-científica realizadas e custódias realizadas.

Em que pese ser razoável a preocupação da SESP sobre a falta de reflexo de suas
ações no indicador “taxa de homicídios por 100 mil habitantes” e as dificuldades em se afir-
mar que o comportamento dessa taxa seja, de fato, consequência da ação governamental,
argumenta-se em desfavor desse indicador como instrumento capaz de medir a evolução
da segurança pública como política de estado, vez que não permite aferir quaisquer resul-
tados de suas ações (impacto/efetividade/resultado), mas, tão somente, a própria atuação
da SESP (recursos e esforço empregado), em termos exclusivamente quantitativos.

Assim, o IGSP não expressa, objetivamente, o impacto das ações de segu-


rança perante a sociedade, além de não permitir qualquer tipo de comparação com
outros entes da federação ou a correlação dos gastos realizados no setor com a efe-
tividade das ações da SESP em relação à redução dos indicadores de criminalidade,
função precípua dos órgãos de segurança pública.49

Apresenta-se o IGSP entre 2016 e 2017, conforme segue:

Gráfico 21 – EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE GESTÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA - IGSP (2016 - 2017)

18.000 17.304

15.000

12.000 11.372
10.686
9.786

9.000

6.000

3.000

0
2016 2017

Previsto Apurado

Fonte: Relatórios de Acompanhamento do Plano Plurianual 2016 - 2019 (2016 e 2017), elaborados e divulgados pela
Secretaria de Estado do Planejamento (www.sepl.pr.gov.br).

49 Análise e conclusão retirada do RELATÓRIO AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA TÉCNICA DA PMPR COM FOCO NA
GESTÃO DOS RECURSOS – 2016 (TCE/PR). 37
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

2. CRISE PENITENCIÁRIA

2.1. AUDITORIAS SOBRE SISTEMA PENITENCIÁRIO REALIZADAS


PELO TCE/PR

2.1.1. Auditoria de 2017

No exercício de 2017, o TCE/PR instituiu o Projeto PAF 201750 – Sistema


Carcerário, voltado à avaliação da gestão do sistema carcerário paranaense.

Com enfoque nas estratégias e ações para o enfrentamento da superlotação


de presos nas delegacias de polícia e cadeias públicas do Estado, em conformidade
com estudo preliminar apresentado por equipe do TCE/PR51, o trabalho foi segre-
gado em 4 (quatro) dimensões de análises: padrão de encarceramento, atuação da
Justiça, gestão operacional das vagas do sistema e políticas e ações coordenadas. Ao
final, 17 (dezessete) achados de auditoria foram compilados em relatório de audito-
ria, culminando nas propostas de recomendação a seguir expostas de forma sucinta.

Ao Tribunal de Justiça, recomendou-se a realização de audiências de custó-


dia em todos os casos de prisão em flagrante nos prazos definidos em lei, a criação
de métricas de aferição para cumprimento e controle dos prazos processuais, e o es-
tabelecimento de controles efetivos sobre o prazo das prisões provisórias e o prazo
para progressão de regime de cumprimento de pena.

À Defensoria Pública, a instituição de mecanismos de avaliação e controle


para melhoria da eficácia de suas atividades e o aumento de seu quadro de pessoal52.

Ao Poder Executivo, recomendações no sentido de a) criação de mecanismos


de análise de custo e desempenho da Advocacia Dativa53, b) estudo, juntamente com a
Defensoria Pública, para aumento de seu quadro de pessoal, c) adoção de medidas que
assegurem o cumprimento de penas em local apropriado, d) normatização precisa da
competência do DPC54 e do DEPEN55 na gestão das unidades carcerárias, e) interope-
50 Plano Anual de Fiscalização (PAF) - Portaria nº 343/2017.
51 Portaria nº 93/2017.
52 Estudo este, em conjunto com o Poder Executivo.
53 Principalmente no acompanhamento do cumprimento da pena pelos detentos.
54 Departamento de Polícia Civil do Paraná.
38 55 Departamento Penitenciário do Paraná.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

rabilidade entre o sistema informatizado da contratada para prestação de serviço de


monitoração eletrônica e o pertencente ao DEPEN, f) implementação de programas e
equipes multiprofissionais para o acompanhamento à pessoa monitorada, g) estabele-
cimento de plano de ação e política pública para o sistema carcerário, h) realização de
estudo tanto para a ampliação do número de vagas no sistema carcerário como para
subsidiar o modelo de gestão a ser adotado nestas unidades prisionais, e i) criação de
mecanismo de aferição da despesa do sistema por unidade, detento e como um todo.

Quanto às obras em andamento, apresentação de cronograma factível de


execução e apuração de eventuais prejuízos e dos responsáveis pela inadequação
de projetos e atrasos.

Por fim, ainda que não constitua achado de auditoria, recomendou-se que
o DPC disponibilize em seu sistema informações sobre as autoridades que efetuam
prisões, e que o Poder Executivo desenvolva políticas públicas nas áreas de educa-
ção, saúde e assistência social.

Para maiores informações sobre o conteúdo do relatório, sugere-se acessar


o link a seguir: http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2018/4/pdf/00326635.pdf

2.1.2. Auditoria de 2004

O sistema penitenciário nacional – e o paranaense em especial –, já se encon-


trava em crise em 2004. Com o objetivo de auxiliar o Governo no aperfeiçoamento
de suas políticas públicas, bem como dar à sociedade paranaense conhecimento de-
talhado desta realidade, a 7ª Inspetoria de Controle Externo do TCE/PR56 auditou
o sistema penitenciário do Estado, e, apesar desta auditoria ter escopo diverso da
realizada em 201757, algumas de suas considerações permanecem atuais.

À época, o sistema penitenciário possuía 7.592 presos para 6.957 vagas,


apresentando um déficit de 635 vagas, ou 9,13% de superlotação, ao passo que,
56 Atual 3ª Inspetoria de Controle Externo do TCE/PR, superintendida pelo Conselheiro Fernando Augusto Mello
Guimarães.
57 A auditoria de 2004, teve por objetivo avaliar o sistema penitenciário e os respectivos Programas de Governo
com vistas à execução das atribuições do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná - DEPEN, e a auditoria de 2017
teve por escopo “avaliar a gestão do sistema carcerário no Estado do Paraná, com enfoque nas estratégias e ações para o
enfrentamento da superlotação das carceragens de delegacias de polícia e cadeias públicas do Estado”. 39
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

atualmente, possui 19.345 presos para 17.793 vagas, apresentando um déficit de


1.552 vagas, ou 8,7% de superlotação. Todavia, esse quadro não representa me-
lhora, na medida que 10.729 condenados estão à margem do sistema penitenciário,
cumprindo pena em carceragens de delegacias e cadeias públicas58.

Naquela oportunidade, identificou-se, também, ausência de programas,


ações e políticas públicas voltadas ao sistema penitenciário59, situação que se perpe-
tua ainda nos dias de hoje60.

Por fim, o Estado do Paraná, como forma de minorar o déficit de vagas do siste-
ma e proporcionar tratamento penal adequado aos custodiados, iniciou estudos visando
novo modelo de administração prisional, onde a administração das unidades penitenciá-
rias seria compartilhada entre o poder público e a iniciativa privada, via terceirização de
serviços61, modelo que foi descontinuado em 2006, e hoje volta a ser rediscutido ante a
necessária expansão de vagas do sistema prisional pretendida pelo Estado.

2.2. GESTÃO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO

Como amplamente divulgado pela imprensa nacional, o sistema carcerário,


em todo o Brasil, vem sofrendo com superlotação de presos, rebeliões, falta de inves-
timentos e planejamento inadequado. Dados divulgados pelo último Levantamento
Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen-201662 –, demonstram que, entre
2005 e 2016, o número de presos no país elevou-se de 361,4 mil para 726,7 mil, alta
de 101% em pouco mais de uma década.

Diversa não é a situação no Estado do Paraná, onde a superlotação, ao con-


trário do que ocorre no restante do país, concentra-se mais nas carceragens de de-
legacias e cadeias públicas do que nos presídios estaduais. Conforme dados forne-

58 Relatório PAF 2017 – Sistema Carcerário, elaborado pelo TCE/PR. Disponível no link http://www1.tce.pr.gov.br/
multimidia/2018/4/pdf/00326635.pdf.
59 Carecedor de planejamento estratégico e de integração/articulação entre os Poderes Executivo e Judiciário, o
Ministério Público e a Defensoria Pública.
60 Achados de auditoria números 11,12 e 13 do Relatório PAF 2017 – Sistema Carcerário, elaborado pelo TCE/PR.
Disponível no link http://www1.tce.pr.gov.br/multimidia/2018/4/pdf/00326635.pdf.
61 O gerenciamento das unidades continuava público, posto que nas unidades terceirizadas, a gestão era realizada
por um Diretor, um Vice-Diretor e um Chefe de Segurança, indicados pelo Estado.
40 62 Relatório PAF 2017 – Sistema Carcerário, elaborado pelo TCE/PR. Disponível no link http://www1.tce.pr.gov.br/
multimidia/2018/4/pdf/00326635.pdf.
C O N TA S D O G O V E R N A D O R | E XE RCÍ CI O 2 017

G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

cidos em 10/12/2017 pelo DPC63 e pelo DEPEN64, em carceragens de delegacias e


cadeias públicas no Estado havia 10.729 presos ocupando 3.618 vagas: defasagem
de 7.111 vagas ou 196,5% de superlotação.

Na busca por minimizar os problemas advindos deste quadro, o Governo


do Estado planejou: a) ampliação da capacidade de vagas em penitenciárias e cons-
trução de novas cadeias públicas, b) adequação de delegacias de polícia por meio do
programa Paraná Seguro-BID65, e c) o aparelhamento do DEPEN66.

Quanto à ampliação da capacidade de vagas em penitenciárias, foi prevista


a execução de 15 (quinze) obras entre ampliação de presídios e construção de novas
cadeias públicas, sendo que: a) 598 novas vagas no sistema deveriam ter sido aber-
tas até dezembro de 201767, o que não ocorreu, enquanto b) a abertura de outras
6.792 novas vagas está prevista para 2018 e 201968.

Para operacionalizar estas unidades, a SESP buscou a ampliação do número


legal de vagas no quadro de agente penitenciário, dos atuais 4.13169 para 6.691, bem
como, o incremento no número de 100 servidores para áreas diversas, pleitos que
foram indeferidos pela SEFA70.

Como alternativa a situação acima relatada, foi designada comissão71 para


estudo referente à viabilidade de terceirização do serviço de carceragem, cujos re-
sultados deverão ser apresentados em 2018.

Já no tocante a gestão patrimonial para o funcionamento das novas unida-


des houve, por parte da SESP, aquisição de material permanente, como mobiliário e
equipamentos de informática, sendo que, da quantidade inicialmente prevista, 62%
foi adquirida ainda em 2017, 34% se encontra em processo de aquisição, e os restan-
tes 4% sem previsão de compra72.
63 Departamento de Polícia Civil.
64 Relatório PAF 2017 – Sistema Carcerário, elaborado pelo TCE/PR. Disponível no link http://www1.tce.pr.gov.br/
multimidia/2018/4/pdf/00326635.pdf.
65 Banco Interamericano de Desenvolvimento.
66 Os valores para tanto advêm da Portaria MJC nº 1414/17, que regulamenta a transferência obrigatória de
recursos do Fundo Penitenciário Nacional independentemente de convênio ou instrumento congênere.
67 Relativas à conclusão das obras do Centro de Integração Social de Piraquara e da Cadeia Pública de Campo Mourão.
68 Ofício SESP nº 1.045/2017 – GS. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 54.
69 Deste total 3.169 vagas de agente penitenciário estão ocupadas.
70 Informação nº 0646/2018 – GRHS/SESP Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 119.
71 Por meio da Resolução nº 043/2018-SESP. 41
72 Resposta Ofício 03-18 CG 2017 - SESP (Patrimônios) 2.xls Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 120.
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Quanto à adequação de delegacias de polícia, foi previsto para o segundo


semestre de 2017 o início das obras referentes às delegacias cidadãs, nas cidades de
Almirante Tamandaré, Araucária, Colombo e a sede da Divisão de Homicídios e Pro-
teção à Pessoa - DHPP em Curitiba73, o que não se concretizou até o final de 2017,
estando em operação somente as denominadas Delegacias Cidadãs em Matinhos e
Fazenda Rio Grande.

Por fim, quanto ao aparelhamento do DEPEN, durante o ano de 2017, hou-


ve investimento no montante total de R$ 20.605.693,02, sendo R$ 6.612.500,00
referente à aquisição de 50 caminhonetes, R$ 345.591,36 à aquisição de 72 rádios
comunicadores veiculares, R$ 3.087.601,66 referente à aquisição de 92 equipamen-
tos para lavanderia, e R$10.560.000,00 para a locação de 20 equipamentos Body
Scanner, demonstrando esforço da administração estadual, mesmo longe do ideal,
na melhoria da infraestrutura do sistema penitenciário, ainda carente de investi-
mentos capazes de suprir a demanda atual.

3. POLÍTICA ESTADUAL SOBRE DROGAS

Os eixos constitutivos das diretrizes da política pública sobre drogas no Brasil


são a) educação e prevenção, b) tratamento, recuperação e (re)inserção social, c) redu-
ção dos danos sociais e à saúde, d) redução da oferta e da demanda, bem como e) es-
tudos, pesquisas e avaliações de projetos vinculados às políticas públicas sobre drogas.

No Paraná, a execução das políticas públicas sobre drogas está a cargo do


Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas (DEPSD) que, desde final de 2014,
é unidade programática e executiva da Secretaria de Estado da Segurança Pública e
Administração Penitenciária do Paraná (SESP-PR)74.

Porém, muito antes, em meados de 2003, surge o Fundo Estadual Antidro-


gas – FEA75, e, paralelamente, o Conselho Estadual Antidrogas – CONEAD76, am-
bos vinculados à Secretaria de Estado de Justiça e da Cidadania – SEJU. Em 201277,
73 Ofício nº 1045/2O17 – GS Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 54.
74 Lei nº 18.410/2014.
75 Com o advento da Lei n° 14.264/2003.
76 Por meio do Decreto n° 2.085/2003. Atualmente nominado Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre
Drogas -CONESD.
42 77 Lei n° 17/244/2012, que institui o Fundo Estadual de Políticas sobre Drogas – FESD.
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o FEA é substituído pelo Fundo Estadual de Políticas sobre Drogas – FESD, sendo
ampliados seus objetivos e, em 201478, é criado Departamento de Políticas sobre
Drogas – DEPSD.

Apesar da criação do FEA e do CONESD em 2003, somente com a Resolu-


ção nº 001/CONESD, de 10/08/10, surge uma Política Estadual sobre Drogas (Plano
Estadual), quando delineados seus pressupostos e objetivos, cujos eixos são seme-
lhantes aos da política nacional antidrogas.

Nesta perspectiva, o DEPSD tem por finalidade alinhar as diretrizes da po-


lítica nacional e internacional estabelecida pela Organização das Nações Unidas, a
partir do planejamento, coordenação e avaliação das ações relacionadas ao combate
ao uso de drogas de qualquer natureza, possuindo, ainda, incumbência de orientar a
implementação de projetos na esfera regional e municipal acerca do planejamento
e implementação da política sobre drogas, priorizando o caráter interinstitucional
e a descentralização no Estado, agregando esforços de instâncias governamentais,
entidades privadas e da sociedade civil.

Entretanto, referido Plano Estadual, o qual deveria definir e estruturar ações


para todos os eixos basilares da política sobre drogas, não contempla detalhamento do
planejamento a ser executado, não havendo cronograma específico ou identificação de
responsáveis pelos projetos e ações a serem implementados, assim como parcerias com
entidades, órgãos e organizações privadas para consecução de atividades em conjunto.

Em consequência dessa lacuna, dentre outros fatores, não foram realizadas


ações sistemáticas e continuadas no período de 2012 a 2017, ao ponto do montante
disponível no FESD, fundo financeiro que dá suporte às políticas sobre drogas, ter
sido transferido ao tesouro estadual a título de superávit financeiro79.

Ademais, o CONESD e o DEPSD (em conjunto com o FESD) não têm atuado
de forma integrada, na medida em que o CONESD não tem proposto planos e pro-
gramas de trabalho a serem implementados pelo DEPSD e pelo FESD.
78 Decreto n° 10.714/2014.
79 Essa transferência, por ser situação irregular, gerou proposta de Comunicação de Irregularidade sob nº
353625/16, transformada em Tomadas de Contas Extraordinária, a qual, até o fechamento deste caderno, está sobrestada
até decisão definitiva no Incidente de Inconstitucionalidade n.º 997530/16. 43
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G E S TÃ O D A S E G U R A N Ç A

Isto pode ser evidenciado por meio do projeto de Plano Estadual, elaborado
pelo CONESD no período de 2014/2015, até hoje pendente de aprovação, que po-
deria ter tornado mais efetiva a atuação dos órgãos responsáveis pela implantação
das políticas sobre drogas no Estado.

Mesmo assim, no período 2015-2017, foram desenvolvidas pelo DEPSD80, den-


tre outras, as seguintes ações: renovação de Acordo de Cooperação81 para capitalização
do Fundo Nacional Antidrogas – FUNAD/SENAD/MJ, reestruturação do Departamen-
to, apoio aos Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas em todo Estado, impres-
são de material de prevenção (folders), e aquisição de bens doados pela União/SENAD82.

O FUNAD83 é gerido pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas


– SENAD, cujos recursos são constituídos de dotações orçamentárias da União,
doações, e bens de valor econômico oriundos do tráfico de drogas, destinados, em
síntese, ao desenvolvimento, à implementação e à execução de ações, programas e
atividades de repressão, de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social
de dependentes de substâncias psicoativas.

Por conta do citado acordo de cooperação, dos recursos do FUNAD, somen-


te 60% (sessenta por cento) do que é apreendido no território do Estado do Paraná
é repassado ao Poder Executivo Estadual (SESP), que, mediante convênio, assim o
distribui: a) 15% (quinze por cento) à própria SESP, para execução de atividades ou
projetos em apoio às ações de prevenção, tratamento, recuperação, reinserção so-
cial e repressão ao tráfico ilícito de drogas no âmbito estadual; b) 15% (quinze por
cento) para o CONESD; e, c) 30% (trinta por cento) às polícias civil e militar.

Não há informações precisas – o DEPSD, pela falta de controle, não dispõe


de saldos atualizados –, mas, estima-se haver aproximadamente R$ 4 milhões dis-
poníveis ao Estado do Paraná no FUNAD84, sendo utilizados, em 2017, somente R$

80 Resposta ao Ofício n° 16/17 – CG 2017. Requerimento Externo nº 792045/17 – Peça 54.


81 Acordo de Cooperação n° 04/2011/FUNAD/SENAD/MJ, celebrado entre a União, por intermédio da Secretaria
Nacional de Políticas sobre Drogas – SENAD, do Ministério da Justiça, o Estado do Paraná, o Tribunal de Justiça do Estado
do Paraná e o Ministério Público do Estado do Paraná. Firmado com base no art. 64 na Lei Federal n° 11.343/2006.
82 02 (duas) aeronaves e 102 veículos de diversas marcas e modelos.
83 Criado pela Lei Federal nº 7.560/86 e transferido para o Ministério da Justiça - MJ pelo Decreto Federal n°
7.426/2011.
84 R$ 1,5 a R$ 2 milhões brutos resultantes de bens leiloados em 2011, R$ 1,3 milhões líquidos proveniente do
44 leilão n° 001/14/SENAD/FUNAD, R$ 2 milhões brutos resultantes de leilão ocorrido em 2015, e R$ 1,6 milhões brutos
resultante de leilão ocorrido em 2017.
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261 mil85, o que, sob qualquer aspecto, é muito pouco face ao que o Estado o Paraná
dispõe e aos problemas e desafios que se impõe no combate às drogas.

Cabe, ainda, destacar que em 2014, enquanto candidato à reeleição, o en-


tão Governador Carlos Alberto Richa registrou em cartório Plano de Metas, o qual
compreendia ações, objetivos e metas para o período 2015-2018, apresentados
na campanha eleitoral, dentre os quais, constavam itens acerca da política esta-
dual sobre drogas.

Quanto ao cumprimento de metas, relatório de acompanhamento da ges-


tão, elaborado pela Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral –
SEPL, indicou os seguintes resultados: a) não cumprida a construção de Centros de
Integração Social (CIS)86; b) cumprida implantação de rede de apoio aos Municípios
para suporte aos encaminhamentos do sistema de justiça, com a criação de 37 (trinta
e sete) Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas; e, c) cumprida parcialmente
tanto a manutenção do Observatório de Políticas sobre Drogas como a manutenção
do Núcleo de Monitoramento de Presos do DEPEN.

Registre-se que, das ações implementadas, a criação dos Conselhos Municipais


de Políticas sobre Drogas e a manutenção do Observatório de Políticas sobre Drogas
tiveram impacto direto nos objetivos da Política sobre Drogas, descentralizando admi-
nistrativamente os órgãos dela encarregados, bem como fomentando a implantação de
ferramentas para facilitar e estimular o intercâmbio de experiências na área.

Contudo, apesar desta estrutura descentralizada e dos recursos postos à dis-


posição, evidencia-se que o governo estadual não tem dado a devida importância a tema
tão relevante, deixando de implementar projetos e ações de forma sistemática e conti-
nuada que possam, efetivamente, combater o uso de drogas de forma consistente.

85 R$ 136 mil para modernizar o Canil da Polícia Civil e R$ 125 mil para modernizar e equipar a Companhia de
Operações com Cães do Batalhão de Operações Especiais da PM.
86 Para implantar ações capazes de contribuir para a melhoria da segurança pública e da qualidade de vida das
pessoas, com foco em atividades de prevenção, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas. 45
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4. ACOMPANHAMENTO DAS RECOMENDAÇÕES DO


RELATÓRIO ANTERIOR

Nos últimos exercícios analisados, não houve recomendações ou determi-


nações que envolvam a área da segurança pública.

5. CONCLUSÃO

5.1. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Considerando os elementos consignados neste relatório, propõe-se a ado-


ção das seguintes medidas pelo Chefe do Poder Executivo, nos termos dos arts. 79 e
87 da Constituição Estadual:

a. Diante da ausência de publicidade, determinar que seja publicado, pe-


riodicamente, no Portal da Transparência ou outro meio que a admi-
nistração julgue adequado, o valor gasto e as ações desenvolvidas pelo
CONESD, pelo DEPSD e pelo FESD, de forma a possibilitar à sociedade
acompanhar a efetividade dos trabalhos desenvolvidos pela adminis-
tração estadual, em consonância aos termos do art. 2º, § 1º e seguin-
tes, da Lei Estadual nº 16.595/2010 e dos arts. 6º e 7º, da Lei Federal nº
12.527/2011 (item 3);
b. Diante da necessidade de promover melhorias na gestão da segurança
pública, recomendar as seguintes ações:
i. Ampliar a participação dos CONSEGs87 nas discussões e soluções em
torno da segurança, além de dar maior transparência às demandas
apresentadas e, na medida do possível, reduzir a burocracia na rela-
ção com os Conselhos (item 1.1);
ii. Prover ações mais efetivas de orientação e treinamento aos CON-
SEGs, como a realização de campanhas, cursos, palestras, congres-
sos, projetos ou ações sociais que fomentem a cidadania e a inclusão
da sociedade civil no debate sobre segurança pública (item 1.1);

46 87 Conselhos Comunitários de Segurança.


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iii. Ampliar a participação da Polícia Civil em reuniões e ações de orien-


tação aos CONSEGs (item 1.1);
iv. Disponibilizar, tempestivamente, dados sobre a criminalidade por re-
gião de atuação ou outros indicadores demandados pelos CONSEGs,
que visem aprimorar o monitoramento de suas ações (item 1.1);
v. Providenciar, prioritariamente, reposição dos quadros ligados à se-
gurança pública, visto que alguns quadros, como o QPPO e o QPPC
estão trabalhando com defasagem considerável (item 1.3.1);
vi. Providenciar, imediatamente, nomeação dos candidatos aprovados
no Concurso Público Edital 01/2017, de acordo com a necessidade
demonstrada pela Direção da Polícia Científica (item 1.3.1);
vii. Providenciar, prioritariamente, reposição e/ou aumento do QPPE
para as unidades ligadas à segurança pública, ante a necessidade
de contratação de mais agentes penitenciários já demonstrada pela
SESP, e também das demais carreiras administrativas, de forma a
impedir que servidores integrantes de quadros finalísticos desempe-
nhem atividades burocráticas (item 1.3.1);
viii. Evitar a seleção e a contratação de servidores por meio de PSS, uma vez
que as atividades desempenhadas por todas as unidades da SESP são per-
manentes e essenciais, e exigem perfil e formação específicos (item 1.3.1);
ix. Dar cumprimento à Recomendação Ministerial n° 03/2016 da Pro-
motoria de Justiça e Proteção ao Patrimônio Público, no sentido de
tomar as medidas necessárias à regularização do quadro permanente
da SESP (item 1.3.1);
x. Apurar a necessidade de utilização de imóveis locados, principalmen-
te no caso de unidades permanentes, buscando alternativas mais
econômicas ao Estado, como imóveis subutilizados de outras unida-
des da administração estadual e até mesmo parcerias com outras es-
feras da administração (item 1.3.2);
xi. No caso específico das sedes do Departamento da Polícia Civil e do
Instituto de Identificação, estudar a viabilidade de construção de se-
des próprias adequadas às suas necessidades (item 1.3.2);
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xii. Providenciar o início das obras já previstas, sem prejuízo de conclu-


são das já em andamento, de forma a evitar despesas com possíveis
danos decorrentes das paralizações, de forma a dar cumprimento ao
art. 45 da LRF (item 1.3.2);
xiii. Adotar política de substituição planejada de coletes de proteção individual,
de forma a não permitir que unidades de segurança do Estado fiquem com
quantidade insuficiente ou com equipamentos inadequados (item 1.3.3);
xiv. Dar cumprimento às recomendações do relatório de auditoria rea-
lizada em 2016 pela 3ª ICE deste Tribunal, para apurar a eficiência
técnica das Organizações Policiais Militares componentes da PMPR
(item 1.3.4);
xv. Rever a previsão do IGSP88, adequando seu patamar ao contexto
atual da segurança pública, uma vez que os resultados apurados até
o momento, estão muito aquém da meta estabelecida pela adminis-
tração estadual (item 1.4);
xvi. Promover estudos no sentido de inclusão, se possível ainda no PPA
2016-2019, de metas baseadas em indicadores notadamente utili-
zados na área de segurança pública, capazes de mensurar, de fato, a
efetividade da ação governamental89;
xvii. Dar cumprimento às recomendações do relatório de auditoria, rea-
lizada em 2017 por meio do Projeto PAF 2017 deste Tribunal, para
avaliar a gestão do sistema carcerário paranaense (item 2.1.1), em
especial, (a) cumprir a projeção de ampliar em 7.396 a capacidade de
vagas em penitenciárias e cadeias públicas, além de adequar as car-
ceragens de polícia e aparelhar o DEPEN (item 2.2) e (b) providen-
ciar a conclusão das obras de construção, ampliação e adequação de
presídios, cadeias públicas e delegacias cidadãs já em andamento, de
forma a evitar despesas com possíveis danos decorrentes das parali-
zações, de forma a dar cumprimento ao art. 45 da LRF (item 2.2)
xviii. Tomar providências para que o Conselho Estadual Antidrogas -CO-
NESD e o Departamento de Políticas Públicas sobre Drogas – DEPSD,
88 Índice de Gestão da Segurança Pública.
89 Acerca desse tema, sugere-se, caso haja interesse, acessar o caderno que trata dos instrumentos de planejamento
48 por meio do link http://www3.tce.pr.gov.br/contasdogoverno/2017/pdfs/planejamento.pdf.
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e ainda o Fundo Estadual de Políticas sobre Drogas - FESD, atuem de


forma conjunta, o que não vêm ocorrendo (item 3);
xix. Implantar Plano Estadual Antidrogas, que defina, estruture e detalhe
todas as ações a serem executadas, com cronogramas específicos,
identificação dos responsáveis, prazos, bem como parcerias com en-
tidades, órgãos e organizações privadas para consecução de ativida-
des em conjunto (item 3);
xx. Manter acompanhamento permanente quanto aos recursos em po-
der do Fundo Nacional Antidrogas - FUNAD, que podem ser destina-
dos ao Estado do Paraná (item 3).

5.2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início deste breve estudo, propomos responder, mesmo cientes de even-


tuais restrições metodológicas, à seguinte questão: “As ações desenvolvidas e o mon-
tante orçamentário dispendido ao longo dos últimos seis anos podem ter contribuído à
melhoria da segurança pública?”

Esclareça-se, uma vez mais, que qualquer avaliação dos resultados ou efei-
tos de determinada política pública, seja na saúde, educação, segurança, assistência
social ou meio ambiente, é tarefa complexa, que exige diagnóstico preciso e monito-
ramento constante do ambiente no qual se devolvem as ações propostas.

Entretanto, mesmo sabendo dos desafios, ousamos apresentar elementos


mínimos que pudessem apontar se houve melhora nos principais indicadores que
representam determinada ação pública.

Conforme abordado no tópico 1 desse trabalho, a área de segurança pública


vem ganhando cada vez mais espaço no orçamento paranaense. Em 2017, represen-
tou 9% do orçamento total atualizado, não esquecendo que, a partir de 2015, este
percentual teve colaboração da subfunção custódia e reintegração social, alocada
aos gastos com segurança pela incorporação do Departamento Penitenciário (DE-
PEN) à estrutura da SESP.
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Por outro lado, indicador de segurança mais aceito e comparável, o índice de


homicídios por 100 mil habitantes, revelou evolução positiva no período 2012-2017,
tendo caído, em 2017, ao menor patamar desde o início da apuração da estatística,
ficando em 20,2 homicídios por 100 mil habitantes.

Vale lembrar, no entanto, que o índice paranaense não pode ser integral-
mente comemorado, tendo em vista ser o dobro do aceitável pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), conforme já frisado no item 1.4 deste Caderno.

Do ponto de vista da estrutura de recursos, dentre tantas restrições, a que


mais impacta negativamente a área de segurança, sem dúvida, são as que envolvem
o quadro de pessoal. Desde a defasagem do efetivo de servidores, de aproximada-
mente 32% em média, até a contratação de servidores temporários para desempe-
nharem funções essenciais (como perícias médico-legais, científico-criminais e aten-
dimento às unidades prisionais do Estado), repercutem diariamente, não apenas na
qualidade da prestação de serviços públicos, mas, principalmente, na capacidade do
Estado em atender demanda cada vez crescente por esses serviços.

Ainda quanto à estrutura de recursos, merece atenção especial a ten-


dência de crescimento do número de imóveis locados e, consequentemente, das
despesas com alugueis ao longo dos últimos anos, especialmente nos casos que
comportam atividades permanentes do Estado e presentes em boa parte dos mu-
nicípios paranaenses.

Mesmo considerado o poder discricionário do gestor nessa questão, há


que se ponderar, como frisado anteriormente, que este montante poderia ser
direcionado de forma a, no médio e longo prazos, reduzir gradativamente a depen-
dência por imóveis de terceiros, em especial os que abrigam unidades da Polícia Ci-
vil, como delegacias e subdivisões policiais.

Quanto à crise do sistema penitenciário, em que pese os esforços até aqui


realizados pelo governo na busca por minimizar os problemas advindos deste qua-
dro, de fato, nenhuma das mais de 7 mil vagas previstas foram criadas em 2017 para
receber presos alojados em delegacias e cadeias públicas, não houve o necessário
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aumento do quadro de agentes penitenciários, não foram concluídas as demais De-


legacias Cidadãs previstas (das restantes 15, 7 ainda estão na fase de contratação
do projeto), tampouco houve conclusão das penitenciárias previstas, das quais, ao
menos 13 (treze), já deveriam estar em funcionamento desde 2015 e 2016.

Sendo assim, há elementos para concluir que a crise penitenciária está longe
da resolução adequada e definitiva que a sociedade espera, permanecendo como
um dos maiores problemas de gestão do governo estadual.

No que tange à execução da política estadual sobre drogas, mesmo com a


criação dos Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas e a manutenção do Ob-
servatório de Políticas sobre Drogas, com impacto positivo no combate às drogas, a
falta de integração entre o CONESD e o DEPSD, como já frisado, parece ser o principal
fator restritivo à implementação de projetos e ações de forma sistemática e continua-
da, que possam, efetivamente, combater o uso de drogas de maneira consistente.

Merece, também, especial atenção do gestor público a atuação dos Conse-


lhos Comunitários de Segurança (CONSEG´s), entidades que, pela abrangência terri-
torial, pelo conhecimento da realidade criminal local (sejam bairros ou cidades), e pelo
potencial de desenvolver projetos ou ações que fomentem a cidadania e a inclusão da
sociedade civil no debate sobre a segurança pública, deveriam ter maior participação
nas discussões e soluções apresentadas pelo poder público, e em decisões que envol-
vam utilização de recursos (humanos, materiais, financeiros) por parte da SESP.

Diante desse quadro, mesmo não sendo possível afirmar, tal qual ponderado
anteriormente, que recursos orçamentários destinados à função segurança trouxe-
ram, objetivamente, algum resultado efetivo, há indicativo, ao menos de alguma for-
ma, de que colaboraram na melhoria das condições de vida dos paranaenses.

Contudo, não se pode olvidar a necessidade de adoção de ações corretivas,


como as recomendadas por este TCE/PR, fundamentais ao incremento da gestão da
segurança pública como um todo.

Curitiba, 30 de maio de 2018.


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