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O mundo no qual estamos inseridos apresenta valores que muitas vezes são contrários àqueles
que encontramos nas Sagradas Escrituras. Razão, porque, como crentes em Cristo Jesus,
devemos rejeitá-los sempre que estiverem em desarmonia com Texto Sagrado. Isto dito,
devemos observar que no sistema organizacional proposto pela sociedade, a regra é: “se você é
bom em algo; se você se destaca e se tem habilidades que se sobressaem; então você deve
assumir um papel de liderança; deve ser o primeiro exercendo autoridade”. Não obstante, as
Sagradas Escrituras, nos mostram que o caminho a ser percorrido pelo cristão deve ser
exatamente o oposto, pois quanto mais habilidades temos, tanto mais devemos servir.
Para uma melhor compreensão do conceito supracitado, devemos olhar para o ensino de Jesus
aos discípulos, quando estes discutiam entre si, sobre quem era o maior no reino de Deus
(Mateus 18.1-6). Perceba que no conceito de Jesus, o maior é aquele que se faz menor, isto é,
que se faz servo. Em outra oportunidade Jesus ressalta: “Mas o maior dentre vós será vosso
servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será
exaltado” (Mateus 23.11-12). Contudo, é preciso salientar que a ideia de serviço ou o servir uns
aos outros, não está restrita ao Novo Testamento e/ou aos ensinamentos diretos de Jesus (cf.
Romanos 15.25; Hebreus 6.10; I Pedro 4.10). No Antigo Testamento, o verbo hebraico ַעעבבד
(abad) aparece mais de duzentas vezes, com os seguintes significados: lavrar; trabalhar;
cultivar; ser escravizado; sujeitar a si mesmo e servir. Neste último caso, o termo é aplicado
tanto no serviço a Deus, quanto aos homens.
Diante do exposto, devemos considerar que o serviço é sempre a melhor opção. Assim, como
vosso conservo, rogo a Deus, que este seja um tempo de aprendizado mútuo, redundando na
Sua glória e na edificação dos eleitos.
O OFÍCIO DIACONAL
“Segundo o pensamento grego, serviço (διακονία – diakonía) era considerado incompatível
com a dignidade de um homem livre”.¹ Não obstante, Jesus quebra paradigmas ao afirmar que
veio para servir (διακονησαι – diakonésai; Marcos 10.45). E deu exemplo de serviço
(διακονεω – diakoneo) ao curar os enfermos, ressuscitar mortos, libertar pessoas possessas e
ao lavar os pés dos discípulos; mas seu maior exemplo de serviço, foi oferecer a si mesmo como
sacrifício perfeito a Deus, em favor dos eleitos. Razão porque o apóstolo Paulo afirma com
propriedade, que “Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus,
para confirmar as promessas feitas aos nossos pais” (Romanos 15.8). É importante perceber
que o termo grego, mediante o qual, Paulo se refere a Cristo como ministro
é διακονον (diakonon), uma variação de διακονος (diakonos), que significa servo, atendente,
ministro, alguém que executa os pedidos de outro.
Em certo sentido todos os crentes são diáconos, pois todos são chamados ao serviço.
Entretanto, há pessoas especialmente separadas por Deus e eleitas pela igreja para servir de
forma mais específica. Esse foi o caso de sete homens eleitos pela igreja de Jerusalém para
cuidar dos necessitados que haviam entre eles (cf. Atos 6.1-7). Ao comentar o referido texto,
Simon J. Kistemaker, ressalta que:
“Em vista de suas muitas responsabilidades, os apóstolos não podiam fazer justiça
no tocante ao cuidado das necessidades financeiras de todas as viúvas. A evidência
demonstra que eles estão muito ocupados. Assim, a situação lembra a de Moisés
julgando o povo de Israel. Jetro, o sogro deste, aconselhou-o a escolher homens
capazes e a colocá-los como juízes para o povo (Êx 18.17-26). Isso aliviou o fardo de
Moisés. Assim também os apóstolos tentam resolver o problema do cuidado aos
necessitados”.²
A questão é que a causa dos males sociais, assim como toda espécie de males, tem uma
mesma raiz: o pecado. O pecado não é algo meramente conceitual, tendo, portanto, sério
impacto na vida do homem, inclusive na sua vida socioeconômica. A realidade deste mal tem-se
dado a conhecer ao longo do tempo, distorcendo os sentimentos e motivações dos homens,
tornando-os, ambiciosos e egoístas. Assim, como afirma Jim Witteveen:
Embora, não tenha conseguido implementar em Genebra (Suíça), seus conceitos acerca da
diaconia, o pensamento econômico-social de Calvino é de fundamental importância para uma
compreensão contemporânea do assunto, pois o reformador genebrino, demonstrou profunda
preocupação com os necessitados. Uma preocupação tal, que o levou a exigir das autoridades
de Genebra que fossem estabelecidos quatro ofícios na igreja da referida cidade: “pastores,
doutores, presbíteros e diáconos, os quais correspondiam às áreas de doutrina, educação,
disciplina e ação social”.⁴