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Livro do Professor

Ensino Médio

Livro de Revisão 1
Língua Portuguesa
Leitura

©Shutterstock/VLADGRIN
Linguagem
Toda atividade comunicativa, pela qual os indi-
víduos interagem entre si e com o mundo, acon-
tece em virtude das linguagens, sistemas de signos
convencionados.

Linguagem não verbal


É constituída por todas as formas de interação
que não envolvem a palavra, escrita ou falada. Para
se comunicar, o ser humano utiliza, além das pala-
vras, diversas linguagens: gestual, corporal, visual,
entre outras.

Linguagem verbal
Envolve o emprego da palavra, falada e/ou escrita. Não há uma hierarquia entre essas duas modalidades da linguagem
verbal, ou seja, uma não é superior ou melhor do que a outra, pois cada uma tem suas características e está relacionada a
práticas sociais específicas.
Quanto ao nível de formalidade da linguagem, tanto a falada quanto a escrita podem ser formais ou informais, depen-
dendo da situação comunicativa. É comum associar os atos de fala ao uso de uma linguagem menos monitorada, isto é,
mais informal, espontânea e menos planejada, como ocorre em conversas telefônicas e em bate-papos com os amigos. O
texto oral, porém, pode ser mais monitorado, planejado e formal, como no caso de discursos e palestras. Já o texto escrito,
comumente relacionado a uma linguagem mais monitorada, planejada e formal, também pode apresentar características
de informalidade, como no caso de um bilhete destinado a um colega.

São textos constituídos por linguagem verbal


• escrita: relatórios, entrevistas impressas, poemas, piadas, etc.
• falada: bate-papos, debates, seminários, podcasts, etc.

Linguagem mista
Constitui-se da junção da linguagem verbal e da não verbal e é bastante utilizada, por exemplo, em textos de caráter
didático, em que imagens (fotos e ilustrações) explicitam ou complementam conteúdos verbais. Também ocorre em his-
tórias em quadrinhos, panfletos, anúncios publicitários, entre outros.

Multimodalidade é a combinação de múltiplos recursos em um mesmo texto, tanto na fala (gestos, entonação, expres-
sões faciais) quanto na escrita (uso de destaques, como negrito, itálico, sublinhado; de emoticons; de imagens).

2 Livro de Revisão 1
1. (FUVEST – SP) c) Segundo o autor, qual é o “essencial proveito” do
ensino da língua?
Tem-se discutido muito sobre as funções essen-
ciais da linguagem humana e a hierarquia natural De acordo com o texto, o essencial proveito do ensino da
que há entre elas. É fácil observar, por exemplo, língua é aperfeiçoar a “capacidade de pensar”.
que é pela posse e pelo uso da linguagem, fa-
lando oralmente ao próximo ou mentalmente a
nós mesmos, que conseguimos organizar o nosso
pensamento e torná-lo articulado, concatenado e
nítido; é assim que, nas crianças, a partir do mo- 2. (INSPER – SP)
mento em que, rigorosamente, adquirem o mane-
jo da língua dos adultos e deixam para trás o bal-
bucio e a expressão fragmentada e difusa, surge
um novo e repentino vigor de raciocínio, que não
só decorre do desenvolvimento do cérebro, mas
também da circunstância de que o indivíduo dis-
põe agora da língua materna, a serviço de todo
o seu trabalho de atividade mental. Se se inicia
e desenvolve o estudo metódico dos caracteres e
aplicações desse novo e preciso instrumento, vai,
concomitantemente, aperfeiçoando-se a capaci-
dade de pensar, da mesma sorte que se aperfeiçoa
(<http://semioticas1.blogspot.com.br/2012/07/genesis-por-
o operário com o domínio e o conhecimento se- sebastiao-salgado.html>)
guro das ferramentas da sua profissão. E é este, e
não outro, antes de tudo, o essencial proveito de A imagem acima, do aclamado fotógrafo brasileiro
tal ensino. Sebastião Salgado, mostra que as fotografias, da mesma
forma que os textos, podem ser lidas e interpretadas.
J. Mattoso Câmara Jr., Manual de expressão oral e escrita. Adaptado.
A opção de colocar, no primeiro plano, figuras humanas
a) Transcreva o trecho em que o autor trata da relação provoca no espectador uma atitude de
da linguagem com o pensamento. a) questionamento sobre a hostilidade da natureza.
A relação da linguagem com o pensamento é tratada em b) admiração pela beleza do cenário.
“... é pela posse e pelo uso da linguagem, [...], que c) surpresa pelo jogo de luz e sombra.

conseguimos organizar o nosso pensamento e torná-lo d) mobilização para combater as injustiças sociais.
X e) reflexão sobre desamparo e fragilidade.
articulado, concatenado e nítido”.
3. (UERJ)

b) Transcreva o trecho em que o autor trata da relação


da linguagem com a fisiologia.
22º. Anuário
“... surge um novo e repentino vigor de raciocínio, que não só de Criação da
Cidade de São
decorre do desenvolvimento do cérebro.” Paulo (INFANTE,
Ulisses. Curso
de gramática:
aplicada aos
textos. São Paulo:
Scipione, 2001.)

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O anúncio, concebido para uma campanha contra dro- d) manifestação característica da fala regional
gas, utiliza pouco a linguagem verbal. Entretanto, o ele- nordestina.
mento verbal utilizado nesse anúncio ganha força pela
e) recurso enfatizador da informação mais relevante da
seguinte razão:
narrativa.
a) explora o campo sonoro da língua, desvinculando a
5. (FUVEST – SP) Leia este texto:
imagem do som.
X b) é ambivalente, evocando a designação de uma droga A correção da língua é um artificialismo, con-
e as consequências de seu uso. tinuei episcopalmente. O natural é a incorreção.
Note que a gramática só se atreve a meter o bico
c) constitui um neologismo, levando ao estranhamento quando escrevemos. Quando falamos, afasta-se
do receptor e à aversão às drogas. para longe, de orelhas murchas.
d) apresenta clareza, evidenciando as marcas do desola- Monteiro Lobato, Prefácios e entrevistas.
mento e da solidão no rosto da pessoa retratada.
Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se con-
4. (ENEM)
cluir corretamente que a língua falada é desprovida de
eu acho um fato interessante... né... foi como regras? Explique sucintamente.
meu pai e minha mãe vieram se conhecer... né... O autor fala sobre a gramática normativa, que costuma nortear a
que... minha mãe morava no Piauí com toda fa-
mília... né... meu... meu avô... materno no caso... produção de textos escritos mais monitorados. Porém, não é
era maquinista... ele sofreu um acidente... infeliz-
correto afirmar que a língua falada seja desprovida de regras, ela
mente morreu... minha mãe tinha cinco anos...
né... e o irmão mais velho dela... meu padrinho... apenas, em situações de menos monitoramento, não obedece
tinha dezessete e ele foi obrigado a trabalhar... foi
trabalhar no banco... e... ele foi... o banco... no aos preceitos da norma culta, admitindo o uso de regras de
caso... estava... com um número de funcionários
variedades mais informais da língua.
cheio e ele teve que ir para outro local e pediu
transferência prum local mais perto de Parnaíba
que era a cidade onde eles moravam e por en-
gano o... o... escrivão entendeu Paraíba... né... 6. (ENEM)
e meu... e minha família veio parar em Mossoró
E: Diva ... tem algumas ... alguma experiência
que era exatamente o local mais perto onde tinha
pessoal que você passou e que você poderia me
vaga pra funcionário do Banco do Brasil e... ela
contar ... alguma coisa que marcou você? Uma ex-
foi parar na rua do meu pai... né... e começaram
periência ... você poderia contar agora ...
a se conhecer... namoraram onze anos... né... pa-
raram algum tempo... brigaram... é lógico... por- I: É ... tem uma que eu vivi quando eu estudava
que todo relacionamento tem uma briga... né... e o terceiro ano científico lá no Atheneu… né… é::
eu achei esse fato muito interessante porque foi gostava muito do laboratório de química ... eu ...
uma coincidência incrível... né... como vieram a eu ia ajudar os professores a limpar aquele ma-
se conhecer... namoraram e hoje... e até hoje estão terial todo ... aqueles vidros ... eu achava aquilo
juntos... dezessete anos de casados… fantástico ... aquele monte de coisa ... né ... então
... todos os dias eu ia ... quando terminavam as
CUNHA, M. A. F. (Org.). Corpus discurso & gramática: a língua falada
e escrita na cidade do Natal. Natal: EdUFRN, 1998. aulas eu ajudava o professor a limpar o laborató-
rio ... nesse dia não houve aula e o professor me
Na transcrição de fala, há um breve relato de experiên- chamou pra fazer uma limpeza geral no laborató-
cia pessoal, no qual se observa a frequente repetição de rio ... chegando lá ... ele me fez uma experiência
“né”. Essa repetição é um(a) ... ele me mostrou uma coisa bem interessante
a) índice de baixa escolaridade do falante. que ... pegou um béquer com meio d’água e co-
locou um pouquinho de cloreto de sódio pastoso
X b) estratégia típica de manutenção da interação oral. ... então foi aquele fogaréu desfilando ... aquele
c) marca de conexão lógica entre conteúdos na fala. fogaréu ... quando o professor saiu ... eu chamei

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umas duas colegas minhas pra mostrar a expe- Nessa mesma direção, coloca-se o “império
riência que eu tinha achado fantástico ... só que ... do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se
eu achei o seguinte ... se o professor colocou um o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio
pouquinho ... foi aquele desfile ... imagine se eu como linguagem e perde-se sua especificida-
colocasse mais ... peguei o mesmo béquer ... colo- de, enquanto matéria significante distinta da
quei uma colher ... uma colher de cloreto de sódio linguagem.
... foi um fogaréu tão grande ... foi uma explosão (Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
... quebrou todo o material que estava exposto em
cima da mesa… eu branca… eu fiquei… olha… Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na comu-
eu pensei que eu fosse morrer sabe ... quando ... nicação social, a autora enfatiza que
o colégio inteiro correu pro laboratório pra ver o a) a exigência da comunicação implica o fim do silêncio.
que tinha sido ...
X b) a essência do silêncio se perde, quando ele é tradu-
CUNHA, M. A. F. (Org.). Corpus discurso & gramática: a língua falada
e escrita na cidade de Natal. Natal: EdUFRN, 1998. zido pelas palavras.

Na transcrição de fala, especialmente, no trecho “eu c) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e das
branca… eu fiquei… olha… eu pensei que eu fosse palavras.
morrer sabe”, há uma estrutura fragmentada embora d) as palavras recuperam satisfatoriamente os sentidos
facilmente interpretável. Sua presença na fala revela silenciados.
a) distração e poucos anos de escolaridade. e) a comunicação pelo silêncio é, de fato, irrealizável.
b) falta de coesão e coerência na apresentação das ideias. 8. (ENEM)
c) afeto e amizade entre os participantes da conversação.
d) desconhecimento das regras de sintaxe da norma-padrão.
X e) característica do planejamento e execução simultânea
desse discurso.
7. (UNIFESP)
O silêncio é a matéria significante por excelên-
cia, um continuum significante. O real da comu-
nicação é o silêncio. E como o nosso objeto de
reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afir-
mação que sucede a essa: o silêncio é o real do CABRAL, I. Disponível em: <www.ivancabral.com>. Acesso em: 30 jul.
2012.
discurso.
O homem está “condenado” a significar. Com A palavra inglesa “involution” traduz-se como involu-
ou sem palavras, diante do mundo, há uma injun- ção ou regressão. A construção da imagem com base
ção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido na combinação do verbal com o não verbal revela a
(qualquer que ele seja). O homem está irreme- intenção de
diavelmente constituído pela sua relação com o
a) denunciar o retrocesso da humanidade.
simbólico.
Numa certa perspectiva, a dominante nos estu- X b) criticar o consumo de bebida alcoólica pelos humanos.
dos dos signos, se produz uma sobreposição entre c) satirizar a caracterização dos humanos como
linguagem (verbal e não verbal) e significação. primatas.
Disso decorreu um recobrimento dessas duas d) elogiar a teoria da evolução humana pela seleção
noções, resultando uma redução pela qual qual- natural.
quer matéria significante fala, isto é, é remetida à
linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja e) fazer um trocadilho com as palavras inovação e
atribuído sentido. involução.

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9. (INSPER – SP) Considerando-se os elementos verbais e visuais da tirinha, é correto afirmar que o que contribui de modo
mais decisivo para o efeito de humor é

(Folha de S. Paulo, 22/08/2012)

a) a ingenuidade dos personagens em acreditarem na existência de poderes sobrenaturais.


b) o contraste entre os personagens que representam diferentes classes sociais.
c) o duplo sentido do substantivo “super-herói”, no contexto do 1.º quadrinho.
d) a tentativa fracassada do personagem ao fazer um discurso panfletário.
X e) a quebra de expectativa produzida, no último quadrinho, pelo termo “invisibilidade”.

Texto, gênero e tipologia textual


A noção de texto
k/MJgraphics

Textos são unidades de sentido que se constituem por linguagem


©Shutterstoc

verbal e/ou não verbal. Nessa definição mais abrangente, uma foto e
uma pintura, por exemplo, também são consideradas como textos que
podem ser lidos, isto é, analisados, interpretados.
Para atribuir sentido a um texto, é necessário levar em consideração
os contextos de
• produção: quem é o autor e em quais circunstâncias o texto foi
produzido?
• circulação: em que suporte ele é publicado e qual é o âmbito desse suporte?
• recepção: em que condições se dá a leitura desse texto?

Os sentidos de um texto não são dados, mas, sim, construídos na interação autor-texto-leitor. Pela leitura, o leitor
realiza uma atividade de compreensão e construção dos sentidos do texto, levando em conta seus conhecimentos pré-
vios sobre o assunto. Nessa atividade, são empregadas diversas estratégias, como seleção das informações principais,
antecipação do conteúdo e inferenciação de sentidos implícitos.

Gênero textual
A comunicação se materializa por meio de textos, que são agrupados em gêneros de acordo com sua função, estru-
tura composicional e conteúdo temático. Segundo o linguista Luiz Antônio Marcuschi, gêneros textuais são os “textos
que encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões sociocomunicativos característicos, definidos por

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elementos relacionados ao seu conteúdo temático (assunto), estilo (modo próprio de dizer) e construção composicio-
nal (estrutura)”.

Denomina-se hibridização ou intertextualidade intergêneros o fenômeno de mistura de gêneros em um mesmo


texto. Por exemplo, um anúncio publicitário escrito no formato de uma carta.

Gêneros e domínios discursivos


Domínios discursivos dizem respeito a áreas em que os gêneros podem ser agrupados para organizar as práticas
comunicativas.
No quadro a seguir, estão elencados alguns domínios discursivos e exemplos de gêneros que eles abrangem.

Domínios discursivos Gêneros textuais


Jornalístico Notícia, editorial, artigo de opinião, anúncio classificado, carta de leitor, resumo de novela

Comercial Carta empresarial, nota fiscal, fatura, nota promissória, memorando

Jurídico Lei, regimento, estatuto, contrato, aviso de licitação, alvará de prisão, sentença de condenação

Literário Conto, novela, romance, poema, peça teatral

Cotidiano Bilhete, lista de compra, conversa

Tipologia textual
Enquanto os gêneros textuais são os textos materializados pelos quais a comunicação ocorre, as tipologias textuais
dizem respeito à composição desses textos. No gênero receita culinária, por exemplo, há a tipologia injuntiva, pois sua
composição linguística apresenta instruções com o predomínio de verbos no imperativo afirmativo (separe, mexa, misture,
etc.) ou de formas verbais no infinitivo (separar, mexer, misturar, etc.).

Tipologias textuais
• Descritiva: consiste na apresentação de traços ou características de seres, objetos, ambientes ou cenas. Nesse tipo
textual, destacam-se os verbos de situação, com frequência no presente ou no pretérito imperfeito do indicativo, e
também as expressões qualificativas.
• Narrativa: centra-se na enunciação de fatos que envolvem ações de personagens encadeadas no tempo. Caracteriza-
-se pela organização temporal e apresenta predominância de verbos de ação, geralmente nos tempos do pretérito.
• Argumentativa ou dissertativa: caracteriza-se pela progressão lógica de ideias, organizadas com a finalidade de
defender uma opinião e convencer/persuadir o interlocutor a concordar com ela.
• Dialogal ou conversacional: consiste no discurso produzido pelos interlocutores em situação de interação direta. Nos
textos escritos, geralmente os turnos da fala são marcados por travessões.
• Expositiva ou explicativa: objetiva conceituar e transmitir informações ou conhecimentos de modo objetivo e impes-
soal. Consequentemente, predomina a função referencial da linguagem.
• Injuntiva ou instrucional: consiste no encadeamento de ideias com a finalidade de orientar, passo a passo, a realização
de algum procedimento ou de persuadir o destinatário a praticar atos ou ter atitudes. Caracteriza-se pelo emprego de
formas verbais no imperativo ou no infinitivo.

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Há autores que fazem referência à tipologia preditiva: aquela que visa informar sobre o futuro, antecipando ou pre-
vendo eventos que vão ou poderão acontecer. Na composição dessa tipologia, predomina o uso de tempos verbais no
futuro, como ocorre, por exemplo, no modo como são escritas previsões de tempo ou horóscopos.

Em um mesmo gênero textual, é possível haver mais de uma sequência tipológica, com a predominância de uma
delas. Por exemplo, um artigo de opinião tem como tipologia predominante a argumentativa, contudo, em sua composi-
ção, pode haver trechos narrativos, contribuindo, de alguma forma, para a argumentação do texto.

10. (UNIFOR – CE) Leia o texto a seguir. Segundo Ingedore V. Koch, há uma concepção interacio-
nal do texto, segundo a qual ocorre neste uma cadeia de
“O jantar foi muito bom, mas agitado pela notí- sujeitos – também chamados de interlocutores, que se
cia telegráfica de haverem sido roubadas as joias de revezam como produtores e receptores, na construção e
S.M. a Imperatriz do Brasil. Nem posso supor que na produção de sentidos. Baseando-se nessa concepção
semelhante coisa possa ser possível. Estou morta interacional, conclui-se que a construção e produção de
por saber isso o que foi. Talvez descuido no dia 14 sentido, no texto acima, ocorre através
de março, não é assim? Quem seria o ladrão?”.
X a) do leitor da edição de quinta-feira cuja opinião enviada
O texto acima foi escrito em 1882 pela Condessa de Barral ao jornal é abordada no e-mail publicado na seção
ao Imperador D. Pedro II. No ano de 2015, a qual tipo tex- ‘Opinião’, como resposta.
tual provavelmente a Condessa recorreria, considerando-
b) dos anunciantes do jornal, graças aos quais os artigos
-se o objetivo imediato que teve em vista com seu texto?
de teor político e social podem ser publicados sem
a) Carta X c) Texto no d) Telegrama censura ou cortes.
WhatsApp
b) Resenha e) E-mail c) do repórter político que elegeu o comentário do e-mail
11. (UEMG) e que abona as opiniões dos políticos e governantes
referidos no texto.
BRASIL d) do produtor do e-mail que contesta as opiniões do
Sobre a opinião do leitor de Belo Horizonte, na leitor da edição de quinta-feira e censura a linha ideo-
edição de quinta-feira, ele está certo! A corrup- lógica do jornal.
ção, a torpeza e a certeza de impunidade abriram
12. (PUCPR) Os gêneros textuais estão vinculados à nossa
as defesas do organismo social para a invasão da
vida social e organizam nossas atividades comunicativas.
imoralidade que se alastra numa metástase cor-
Todo texto pertence a um gênero, como o que segue:
rosiva na dignidade das instituições. O que mais
revolta os cidadãos que têm consciência do mal Escritores jovens para jovens leitores
que a indiferença da grande maioria prepara para
as próximas gerações é o fato de parte significativa Fábulas para o Ano 2000 (Rodrigo Lacerda e
da sociedade se acomodar em protestos sem uma Gustavo Martins; Ilustrações de Paulo Batista; 80 p.;
proposta de impacto para mudar o sistema que Lemos Editorial; 0800-177899; 10 reais)
permite esse estado de corrosão moral. É necessá-
Novos autores sempre surgem, mas autores no-
rio parar de atirar pedras e fazer algo para impedir
víssimos são bem mais raros. Gustavo Martins tem
que as aves de rapina nos roubem, impunemente,
apenas 15 anos e, antes que você se espante com
a cidadania.
isso, é bom lembrar que ele publicou seu primeiro
Geraldo H. Por e-mail. Hoje em Dia, Belo Horizonte, Opinião, 31 de livro aos 8 anos, o que lhe valeu uma menção no
jul. 2009, p. 5.
Guinness, o livro dos recordes. Rodrigo Lacerda,

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de 29 anos, convenhamos, também é um jovem preciosa é palavra dita na hora certa. Isso ajuda
autor se comparado, por exemplo, aos meda- também na vida amorosa, que será testada. Melhor
lhões da Academia de Letras. Mas o que interessa conter as expectativas e ter calma, avaliando as pró-
mesmo é que ambos fazem ótima literatura. Estas prias carências de modo maduro. Sentirá vontade de
fábulas são a melhor prova disso. Com talento e olhar além das questões materiais – sua confiança
bom humor, eles adaptaram histórias tradicionais, virá da intimidade com os assuntos da alma.
como A Princesa e o Sapo ou Os Três Porquinhos, aos Revista Cláudia. N.º 7, ano 48, jul. 2009.
tempos modernos. O resultado foi uma espécie de
cyber-conto-de-fadas, onde uma rã transforma-se O reconhecimento dos diferentes gêneros textuais,
em princesa e casa-se com um metaleiro ou três seu contexto de uso, sua função social específica, seu
porquinhos sem-terra encaram um lobo latifun- objetivo comunicativo e seu formato mais comum rela-
diário. Para manter o espírito edificante, os auto- cionam-se aos conhecimentos construídos sociocultural-
res não abriram mão da famosa “moral da história” mente. A análise dos elementos constitutivos desse texto
no final de cada conto. Um exemplo: “Os Powers demonstra que sua função é
Rangers podem até vencer o monstrão, desde que a) vender um produto anunciado.
ele não tenha um bom advogado”. Moderníssimo.
b) informar sobre astronomia.
Disponível em: <http://galileu.globo.com/edic/91/cultura>. Acesso
em: 30 de out. 2014. c) ensinar os cuidados com a saúde.
Assinale a alternativa que CORRETAMENTE classifica o d) expor a opinião de leitores em um jornal.
gênero do texto lido. X e) aconselhar sobre amor, família, saúde, trabalho.
a) Sinopse porque é um tipo de resumo, comum em jor- 14. (ENEM)
nais e revistas, que apresenta um comentário breve
de um produto cultural, em períodos sintéticos. A diva
b) Resumo porque apresenta o conteúdo de um livro de Vamos ao teatro, Maria José?
forma sintética, destacando as informações essen- Quem me dera,
ciais, sem apresentar valoração crítica.
desmanchei em rosca quinze kilos de farinha,
c) Relatório porque é um documento que expõe resulta- tou podre. Outro dia a gente vamos.
dos de uma atividade de pesquisa, de um experimento,
Falou meio triste, culpada, e um pouco alegre por
de um evento, de uma visita, de um projeto etc.
recusar com orgulho.
d) Sumário porque é a enumeração das principais divi- TEATRO! Disse no espelho.
sões, seções e outras partes de um documento, na
TEATRO! Mais alto, desgrenhada.
mesma ordem em que a matéria nele se sucede.
TEATRO! E os cacos voaram
X e) Resenha porque apresenta uma descrição resumida e
sem nenhum aplauso.
uma valoração crítica a respeito de um produto cultu-
ral, no caso um livro. Perfeita.
PRADO, A. Oráculos de maio. São Paulo: Siciliano, 1999.
13. (ENEM)
Os diferentes gêneros textuais desempenham funções
Câncer 21/06 a 21/07 sociais diversas, reconhecidas pelo leitor com base em
O eclipse em seu signo vai desencadear mudanças suas características específicas, bem como na situação
na sua autoestima e no seu modo de agir. O corpo comunicativa em que ele é produzido. Assim, o texto A diva
indicará onde você falha – se anda engolindo sapos, a) narra um fato real vivido por Maria José.
a área gástrica se ressentirá. O que ficou guardado
virá à tona para ser transformado, pois este novo X b) surpreende o leitor pelo seu efeito poético.
ciclo exige uma “desintoxicação”. Seja comedida c) relata uma experiência teatral profissional.
em suas ações, já que precisará de energia para se
d) descreve uma ação típica de uma mulher sonhadora.
recompor. Há preocupação com a família, e a comu-
nicação entre os irmãos trava. Lembre-se: palavra e) defende um ponto de vista relativo ao exercício teatral.

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15. (UEPG – PR) – É um texto de escritor, necessariamente de es-
critor, não de jornalista, que a imprensa usa para
Ah, esses garotos... pôr um pouco de lirismo, de leveza e de emoção
Em “Life with boys”, a garota Tess Foster, de no meio daquelas páginas e páginas de dados obje-
14 anos, precisa ter muito jogo de cintura para tivos, informações, gráficos, notícias... É coisa efê-
lidar com as questões do mundo adolescente e mera: jornal dura um dia, revista dura uma semana.
viver sob o mesmo teto que seu pai solteiro e Já se prepara para escrever a dedicatória e ela
superprotetor e mais três irmãos. Embora a ga- volta a perguntar:
rota ame ter quatro importantes homens em sua – E o livro de crônicas, então?
vida, nem sempre é legal ter de lidar com quatro
Ele olha a fila, constrangido. Escreve algo bre-
opiniões e comportamentos diferentes o tempo
víssimo, assina e devolve o livro à leitora [...].
todo. Além disso, a ausência de outra figura fe-
Ela recebe o volume e não se vai, esperando a
minina em casa acaba fazendo falta quando o as-
resposta. Ele abrevia, irônico:
sunto é pedir bons conselhos. A série traz uma
visão cômica sobre diversos problemas típicos – É a crônica tentando escapar da reciclagem
dessa fase. do papel. Ela fica com ambição de estante, pre-
tensiosa, quer status literário. Ou então preten-
Adaptado de: Guia Net, junho de 2012. Número 53, p.23.
sioso é o autor, que acha que ela merece ser salva
O contexto de uso, a função social, o objetivo comuni- e promovida. [...]
cativo e o formato caracterizam os diferentes gêneros – Mais respeito. A crônica é a nossa última re-
textuais que circulam entre nós. Ao analisar os elemen- serva de estilo.
tos constitutivos do texto, assinale o que for correto com (Veja São Paulo, São Paulo, 25/07/2012, p. 170.)
relação à sua função.
A certa altura do diálogo, a leitora pergunta ao escritor
X 01) Fazer uma sinopse sobre a série cujo tema básico é que dava autógrafos:
a adolescência.
“– E o livro de crônicas, então?”
02) Vender um produto que seja “objeto de desejo” dos
jovens. A pergunta da leitora incide sobre uma das caracte-
rísticas do gênero crônica mencionadas pelo escritor.
X 04) Resumir o enredo da série a ser assistida. Explique que característica é esta.
08) Discorrer sobre a importância de ter irmãos para os A leitora questiona o autor a respeito da efemeridade ou
adolescentes.
transitoriedade da crônica, pois é um texto em geral publicado
Somatório: 05 (01 + 04)

16. (UNICAMP – SP) em suportes descartáveis, como jornal e revista.

Noite de autógrafos 17. (UEL – PR)

Ivan Ângelo As condições de bem-estar e de comodidade


A leitora, vistosa, usando óculos escuros num nos grandes centros urbanos são reconhecida-
ambiente em que não eram necessários, se posta mente precárias por causa, sobretudo, da densa
diante do autor sentado do outro lado da mesa concentração de habitantes num espaço que não
de autógrafos e estende-lhe o livro, junto com foi planejado para alojá-los. Com isso, pratica-
uma pergunta: mente todos os polos das estruturas urbanas ficam
afetados: o trânsito é lento; os transportes coleti-
– O que é crônica?
vos, insuficientes; os estabelecimentos de presta-
O escritor considera responder com a célebre ção de serviços, ineficazes. Um exemplo disso é
tirada de Rubem Braga, “se não é aguda, é crôni- São Paulo, às sete da noite. O trânsito caminha
ca”, mas se contém, temendo que ela não goste lento e nervoso. Nas ruas, pedestres apressados
da brincadeira. [...] Responde com aquele jeito se atropelam. Nos bares, bocas cansadas conver-
de quem falou disso algumas vezes: sam, mastigam e bebem em volta de mesas. Luzes

10 Livro de Revisão 1
de tons pálidos incidem sobre o cinza dos pré- normalmente ativados como resposta a uma
dios. De repente, uma escuridão total cai sobre ação ou à observação de uma ação. Eles esta-
todos como uma espessa lona opaca de um gran- riam presentes em diversas áreas do cérebro,
de circo. Os veículos acendem os faróis altos, in- incluindo o córtex somatossensorial, que per-
suficientes para substituir a iluminação anterior. mite ao observador sentir o que outro sente. O
Em pouco tempo, as ruas ficam desertas, o medo cérebro passou, assim, a ser visto menos como
paira no ar... um computador, em que memória e proces-
samento ocupam áreas distintas, e mais como
Com base nos conhecimentos sobre o tema, é correto um sistema aberto, no qual as informações que
afirmar que o texto é predominantemente chegam ao corpo constantemente perturbam o
a) injuntivo, pois apresenta inicialmente um argumento estoque de reações. Por esse motivo, a neurolo-
baseado no consenso e máximas aceitas como gia se aproximou cada vez mais de outras áreas
verdadeiras. do conhecimento.
Adaptado de Daniel Piza
b) narrativo, uma vez que busca fazer um relato a res-
peito da vida na grande capital, São Paulo. Assinale a alternativa correta.
X c) dissertativo, pois expõe ideias gerais, seguidas da a) O texto apresenta estrutura narrativa, em que se apre-
apresentação de argumentos que as comprovam. senta logo na abertura um enredo que se conclui no
d) preditivo, pois é desenvolvido para permitir que o lei- final.
tor preveja sobre o que tratará o texto. b) Pode-se definir o texto como uma descrição de natu-
e) descritivo, pois recria o ambiente, ou seja, o espaço, reza literária, uma vez que um sentimento em relação
apresentando as suas características. a um tema é exposto em tom subjetivo e expressivo.
18. (MACKENZIE – SP) c) O tom formal do texto está ancorado em um vocabulá-
rio de natureza rebuscada e literária, conferindo à uni-
Os anos de 1990 foram batizados como a “dé- dade textual a característica típica dos textos épicos.
cada do cérebro”, mas de 2001 a 2010 o avan-
X d) O texto é de natureza expositiva, pois em tom jorna-
ço da neurologia não foi menos surpreendente.
lístico apresenta informações a respeito de um tema
O período todo confirmou uma descoberta da
que são associadas ao ponto de vista do autor.
maior importância: o cérebro humano é bem
mais plástico – mais maleável e mutável – do e) Em uma narrativa de base ficcional, o autor explora
que se imaginava. Em qualquer idade, responde uma particularidade pouco conhecida de um episódio,
intensamente a estímulos externos e cria novas visto em perspectiva crítica.
conexões. A complexidade do circuito neuronal 19. (UFTM – MG)
humano é resultado de uma ação evolutiva na
qual o processamento de informações vindas Tinha virado rotina. Os moradores de Karnataka,
do ambiente social desempenhou papel funda- estado da Índia, sabiam a dor de cabeça que dava
mental. Muitos estudos da última década se de- oficializar a compra ou a venda de um terreno. O
dicaram a entender, por exemplo, como alguns registro dependia sempre de um contador público
eventos alimentares modificaram a história do – e também de um suborno. O “agradinho” variava
cérebro humano, como o desenvolvimento da entre o equivalente a R$ 4 e R$ 400, de acordo com
agricultura (que marcou diferença em relação a necessidade do morador. (Vale lembrar: 75% da
ao nomadismo dos primeiros humanos) e a in- população indiana vive com menos de R$ 4 por
gestão de carnes (cuja proteína teria impulsio- mês.) Era assim até o fim dos anos 90, quando o
nado o aumento da massa encefálica) e outros governo informatizou o processo. Quiosques ele-
nutrientes cozidos. Outra descoberta anterior trônicos foram instalados nas vilas, e é por eles que
que foi expandida ao longo da década é a dos os moradores agora registram seus pedidos. Os su-
neurônios espelho, confirmada por imagens de bornos acabaram. Tudo o que o pessoal paga são
ressonância magnética funcional. São os neurô- cerca de R$ 0,60 pelo registro eletrônico. E a fila
nios responsáveis pela imitação e pela empatia, anda como deveria.

Língua Portuguesa 11
O que os indianos descobriram não é nada de surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que
outro mundo: a tecnologia é capaz de sufocar a solta de lá da sala do jogo o parceiro que acaba de
corrupção. E com só dois golpes: transparência e ganhar sua partida no écarté, mesmo na ocasião
desburocratização. em que a moça se espicha completamente, desa-
É fácil entender por quê. Basta lembrar de um finando um sustenido; daí a pouco vão outras,
escândalo legitimamente brasileiro. Certo político pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala
influente mexeu seus pauzinhos e descolou um e marchando em seu passeio, mais a compasso
emprego público pra parentes – graças a nomea- que qualquer de nossos batalhões da Guarda Na-
ções secretas. Atos como esses, selados e mantidos cional, ao mesmo tempo que conversam sempre
a portas fechadas, são o habitat natural da corrup- sobre objetos inocentes que movem olhaduras e
ção. “Quanto mais informações sobre a gestão ti- risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma
vermos, menor o nível de práticas corruptas”, diz gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia ban-
Daniel Kaufmann, ex-diretor do Instituto Banco deja de doces que veio para o chá, e que ela leva
Mundial e especialista no assunto. Ou seja: em aos pequenos que, diz, lhe ficaram em casa. Ali
uma gestão aberta, fica mais fácil tirar do jogo po- vê-se um ataviado dandy que dirige mil finezas a
líticos que assim agem. uma senhora idosa, tendo os olhos pregados na
(Eduardo Szklarz, SUPER Interessante, outubro de 2009. Adaptado)
sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau
não é essencial ter cabeça nem boca, porque, para
Assinale a alternativa correta. alguns é regra, durante ele, pensar pelos pés e
a) O primeiro parágrafo é de caráter predominantemente falar pelos olhos.
dissertativo e contém a tese que será defendida nos E o mais é que nós estamos num sarau. Inúme-
demais. ros batéis conduziram da corte para a ilha de...
senhoras e senhores, recomendáveis por caráter
b) O segundo parágrafo é predominantemente narra-
e qualidades; alegre, numerosa e escolhida so-
tivo e dedica-se à exposição da hipótese que o autor
ciedade enche a grande casa, que brilha e mos-
deseja demonstrar.
tra em toda a parte borbulhar o prazer e o bom
X c) O primeiro e o terceiro parágrafos expõem argumen- gosto.
tos baseados em exemplos e em testemunho espe- Entre todas essas elegantes e agradáveis moças,
cializado, para sustentar as teses do texto. que com aturado empenho se esforçam para ver
d) O elemento temático que vincula os três parágrafos é qual delas vence em graças, encantos e donaires,
a falta de habilidade política para lidar com escânda- certo sobrepuja a travessa Moreninha, princesa
los e burocracia. daquela festa.
e) O terceiro parágrafo é de natureza eminentemente (Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
descritiva, apontando as consequências de fatos nar-
A forma como se dá a construção do texto revela que ele
rados nos parágrafos anteriores.
é predominantemente
20. (UNIFESP)
a) dissertativo, com o objetivo de analisar criticamente o
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, que é um sarau.
de telhado abaixo. Em um sarau todo o mundo b) descritivo, com o objetivo de mostrar o sarau como
tem que fazer. O diplomata ajusta, com um copo uma festa fútil e sem atrativos.
de champagne na mão, os mais intrincados negó-
cios; todos murmuram, e não há quem deixe de c) narrativo, com o objetivo de contar fatos inusitados
ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes ocorridos em um sarau.
e das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos X d) descritivo, com o objetivo de apresentar as caracterís-
os regalos da sua época; as moças são no sarau ticas de um sarau.
como as estrelas no céu; estão no seu elemento:
aqui uma, cantando suave cavatina, eleva-se vai- e) dissertativo, com o objetivo de relatar as experiências
dosa nas asas dos aplausos, por entre os quais humanas em um sarau.

12 Livro de Revisão 1
21. (UERJ)

A educação pela seda O conto contrasta dois tipos de texto em sua estru-
Vestidos muito justos são vulgares. Revelar for- tura. Enquanto o segundo parágrafo se configura
mas é vulgar. Toda revelação é de uma vulgarida- como narrativo, o primeiro parágrafo se aproxima da
de abominável. seguinte tipologia:
Os conceitos a vestiram como uma segunda a) injuntivo
pele, e pode-se adivinhar a norma que lhe rege a
b) descritivo
vida ao primeiro olhar.
c) dramático
Rosa Amanda Strausz. Mínimo múltiplo comum: contos. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1990. X d) argumentativo

Coesão e coerência textuais

al
k/Olivier Le Mo
O texto é uma unidade formal, que se materializa em palavras e

©Shutterstoc
cumpre uma função social, em um contexto comunicativo. Para que
tenha unidade formal, é preciso haver coesão e coerência.
A coesão é percebida nos elementos linguísticos, ou seja, há mar-
cas no texto (uso de pronomes, repetição de palavras, emprego de
hiperonímia e sinonímia, por exemplo) que ajudam a identificá-la.

Hiperonímia consiste no emprego de palavra com sentido mais genérico do que outra presente no texto. Hiponímia,
por sua vez, consiste no emprego de palavra com sentido mais específico do que outra já presente no texto. Por exemplo:
planeta é hiperônimo de Terra. Terra, por sua vez, é hipônimo de planeta.

Já a coerência é responsável pela sequência lógica do texto, que precisa ser construída pelo interlocutor durante a
leitura.
Para ser coerente e coeso, o texto deve apresentar os elementos identificados a seguir.
• Continuidade – Refere-se à retomada de elementos no decorrer do discurso. Em relação à coerência, isso se dá
pela retomada de conceitos e ideias. No plano da coesão, pelo uso de palavras que retomam termos anteriores,
dando continuidade à trama textual.
• Progressão – Diz respeito à apresentação de novas informações. Quanto à coerência, percebe-se a progressão pelo
acréscimo de novas ideias. Quanto à coesão, pode-se avançar, por exemplo, por meio do uso de palavras e expres-
sões que apontem para algo que ainda será apresentado. Algumas expressões indicam essa progressão: quanto a,
a respeito de, no que se refere a, etc.
• Não contradição – Consiste em se verificar se não há contradição (não intencional), o que poderia tornar o texto
incoerente.
• Articulação – Refere-se à ligação entre as ideias no texto, por meio de elementos coesivos que estabeleçam rela-
ções de sentido entre elas, como conjunções e pronomes.

Língua Portuguesa 13
22. (ENEM) 23. (UEPG – PR)
Há qualquer coisa de especial nisso de botar A nova cara da família brasileira
a cara na janela em crônica de jornal – eu não
A família da auxiliar de limpeza Gilvanete Maria
fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia
de Souza, de 49 anos, e seu marido, o metalúrgico
em poesia e ficção. Crônica algumas vezes tam-
aposentado Reginaldo Alves de Souza, de 57 anos,
bém é feita, intencionalmente, para provocar.
tem a cara do novo Brasil. Ela fez o magistério, ele
Além do mais, em certos dias mesmo o escritor
parou de estudar na 5ª. série. Agora, os dois têm or-
mais escolado não está lá grande coisa. Tem os
gulho dos dois filhos, Rafaele e Rafael, que concluí-
que mostram sua cara escrevendo para reclamar:
ram a faculdade. O casal saiu do interior de Per-
moderna demais, antiquada demais. Alguns
nambuco em 1985, trabalhou duro para viver na
discorrem sobre o assunto, e é gostoso compar-
periferia de São Paulo e, dez anos atrás, mudou-se
tilhar ideias. Há os textos que parecem passar
para o interior do Estado. No trajeto, compraram
despercebidos, outros rendem um montão de
bens antes inacessíveis, acumularam conquistas
recados: “Você escreveu exatamente o que eu
pessoais e, literalmente, mudaram de classe social.
sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus
Assim, como eles, cerca de 40 milhões de brasi-
pacientes”, “É isso que digo para meus pais”,
leiros deixaram a pobreza para ingressar na classe
“Comentei com minha namorada”. Os estímu-
média na última década. Esse grupo, hoje a maioria
los são valiosos pra quem nesses tempos andava
da população brasileira, forma um exército de 105
meio assim: é como me botarem no colo – tam-
milhões de consumidores. Ele está transformando
bém eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta
o país ao transformar sua própria vida – e seu su-
no colo por leitores como na janela do jornal.
cesso testemunha, além do crescimento econômi-
De modo que está sendo ótima, essa brincadeira
co do Brasil, a esperada queda da desigualdade.
séria, com alguns textos que iam acabar neste
livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo Adaptado de: Revista Época, 4 de junho 2012, n.º 733, p. 43.
a sério ser sério… mesmo quando parece que
Entre as estratégias de construção de um texto, a
estou brincando: essa é uma das maravilhas de
referenciação é um dos recursos mais importantes.
escrever. Como escrevi há muitos anos e conti-
Sobre essa questão, assinale o que for correto.
nua sendo a minha verdade: palavras são meu
jeito mais secreto de calar. 01) Os pronomes sua e seu (em “sua própria vida” e “seu
sucesso”, respectivamente) referem-se ao metalúr-
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.
gico aposentado Reginaldo Alves de Souza.
Os textos fazem uso constante de recursos que permi- 02) “No trajeto” é uma expressão que faz referência à
tem a articulação entre suas partes. Quanto à construção “periferia de São Paulo”.
do fragmento, o elemento
X 04) “Os dois”, “o casal” e “eles” (em “Assim, como
X a) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela eles,...”) são formas utilizadas que retomam os per-
em crônica de jornal”. sonagens Gilvanete e Reginaldo, apresentados ini-
b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no cialmente no texto.
colo”. X 08) “Esse grupo” retoma os “cerca de 40 milhões de
c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. brasileiros” que “deixaram a pobreza para ingressar
na classe média”, da frase anterior.
d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para
meus pais”. Somatório: 12 (04 + 08)

e) “essa” recupera a informação anterior “janela do


jornal”. referenciação: procedimento coesivo que consiste em fazer referência,
remissão, a algo já mencionado ou que ainda será dito.

14 Livro de Revisão 1
24. (UEMG) 1995 pelo sociólogo americano Robert Putnam.
E provavelmente está errada. Uma pesquisa feita
Como ler bem pela Universidade de Toronto constatou que a In-
O bom repórter deve ser imparcial, diz a lição ternet faz você ter mais amigos – dentro e fora da
número 1 do jornalismo. Mas o bom leitor tam- rede. Durante a década passada, período de sur-
bém tem sua regra de ouro. Ele deve sempre, sem- gimento e ascensão dos sites de rede social, o nú-
pre, manter a cabeça aberta. O bom leitor sabe mero médio de amizades das pessoas cresceu. E
se distanciar das paixões. Está sempre disposto os chamados heavy users, que passam mais tempo
a ouvir uma ideia nova – ainda que ela coloque na Internet, foram os que ganharam mais amigos
abaixo suas ideias antigas. Posto assim, ler bem no mundo real — 38% mais. Já quem não usava a
parece um desafio fácil. Não é, como também não Internet ampliou suas amizades em apenas 4,6%.
é simples ser imparcial. Como a Internet está mudando a amizade.
SUPERINTERESSANTE, ed. n.º 269, ano 23, n.º 9 – Seção ESCUTA – Superinteressante, n. 288, fev./ 2011 (com adaptações)
texto adaptado
No texto, o trecho entre parênteses foi suprimido.
Constatando a presença dos elementos de COESÃO Assinale a opção que contém uma frase que completa
como fatores da construção de sentido no texto acima, coerentemente o período em que o trecho omitido estava
só NÃO está correta a afirmação de que inserido.
a) o articulador mas, na 2ª. linha, relaciona-se semanti- X a) A Internet é a ferramenta mais poderosa já inventada
camente com o articulador também, na mesma linha, no que diz respeito à amizade
introduzindo, respectivamente, ideias de contraste e
inclusão, no sentido do texto. b) A Internet garante que as diferenças de caráter ou as
dificuldades interpessoais sejam “obscurecidas” pelo
b) o termo posto assim, na 7ª. linha, refere-se às atitudes anonimato e pela cumplicidade recíproca
recomendadas ao bom leitor, anteriormente indicadas.
c) A Internet faz com que você “consiga desacelerar
X c) a repetição do termo sempre, na 3ª. linha, reforça o processo, mas não salva as relações”, acredita o
a ideia de contradição entre a “lição número 1” do antropólogo Robin Dunbar
repórter e a “regra de ouro” do leitor.
d) A Internet raramente cria amizades do zero – na
d) o articulador representado por ainda que, na 6ª. linha, maior parte dos casos, ela funciona como potencia-
introduz o sentido de concessão, conectando as lizadora de relações que já haviam se insinuado na
expressões “ideia nova” e “ideias antigas”. vida real
25. (ENADE) e) A Internet inova (e é uma enorme inovação, diga-se de
Qual é a primeira coisa que você faz quando passagem) quando torna realidade a “cauda longa”,
entra na Internet? Checa seu e-mail, dá uma olha- que é a capacidade de elevar ao infinito as possibili-
dinha no Twitter, confere as atualizações dos seus dades de interação
contatos no Orkut ou no Facebook? Há diversos 26. (ENEM)
estudos comprovando que interagir com outras
pessoas, principalmente com amigos, é o que mais Em junho de 1913, embarquei para a Europa a
fazemos na Internet. Só o Facebook já tem mais fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o
de 500 milhões de usuários, que, juntos, passam de Clavadel, perto de Davos-Platz, porque a res-
700 bilhões de minutos por mês conectados ao peito dele me falara João Luso, que ali passara um
site — que chegou a superar o Google em número inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber
de acessos diários. (...) e está transformando nos- que antes de existir no lugar um sanatório, lá es-
sas relações: tornou muito mais fácil manter con- tivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair
tato com os amigos e conhecer gente nova. Mas das folhas”, um de seus mais belos sonetos, talvez
será que as amizades online não fazem com que o meu predileto, está datado de “Clavadel, outu-
as pessoas acabem se isolando e tenham menos bro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914.
amigos offline, “de verdade”? Essa tese, geralmente BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
citada nos debates sobre o assunto, foi criada em 1985.

Língua Portuguesa 15
No relato de memórias do autor, entre os recursos usa- Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, comprei
dos para organizar a sequência dos eventos narrados, um livro e uma lâmpada elétrica de tamanho des-
destaca-se a medido. Fui para o parque Halfeld com o butim de
minha pirataria. Joguei o troco num bueiro. Como
a) construção de frases curtas a fim de conferir dinami-
ainda não soubesse ler, rasguei o livro e atirei seus
cidade ao texto.
restos em um tanque. A lâmpada, enorme, esfrega-
b) presença de advérbios de lugar para indicar a pro- da, não fez aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer
gressão dos fatos. de mais esse cadáver na escada da Igreja de São Se-
X c) alternância de tempos do pretérito para ordenar os bastião. Lá a estourei, tendo a impressão de ouvir
acontecimentos. os trovões e o morro do Imperador desabando nas
minhas costas. Depois dessa série de atos gratuitos e
d) inclusão de enunciados com comentários e avaliações delitos inúteis, voltei para casa. Raskólnikov. O mais
pessoais. estranho é que houve crime, e não castigo. Crime
e) alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do perfeito. Ninguém desconfiou. Minha avó não deu
escritor. por falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das Fú-
rias de um remorso, que me perseguiu toda a in-
27. (UECE) O texto I é um excerto de Baú de Ossos (volume fância, veio comigo pela vida afora, com a terrível
1), do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se impressão de que eu poderia reincidir porque vocês
essa obra no gênero memorialístico, que é predominan- sabem, cesteiro que faz um cesto... Só me tranquili-
temente narrativo. Nesse gênero, são contados episódios zei anos depois, já médico, quando li num livro de
verídicos ou baseadas em fatos reais, que ficaram na Psicologia que só se deve considerar roubo o que a
memória do autor. Isso o distingue da biografia, que se criança faz com proveito e dolo. O furto inútil é fi-
propõe contar a história de uma pessoa específica. siológico e psicologicamente normal. Graças a Deus!
O meu amigo Rodrigo Melo Franco de Andrade Fiquei absolvido do meu ato gratuito...
é autor do conto “Quando minha avó morreu”. Sei (Pedro Nava. Baú de ossos. Memórias 1. p. 308 a 310.)
por ele que é uma história autobiográfica. Aí Rodri-
Sinônimo é um vocábulo que, em determinado texto,
go confessa ter passado, aos 11 anos, por fase da
apresenta significado semelhante ao de outro e que pode,
vida em que se sentia profundamente corrupto. Vio-
em alguns contextos, ser usado no lugar desse outro
lava as promessas feitas de noite a Nossa Senhora;
sem alterar o sentido da sentença. Hiperônimo é um
mentia desabridamente; faltava às aulas para tomar
vocábulo ou um sintagma de sentido mais genérico em
banho no rio e pescar na Barroca com companhei-
relação a outro. Ele abarca vocábulos de sentidos menos
ros vadios; furtava pratinhas de dois mil-réis... Ai! de
genéricos ou mais específicos. Hipônimo é um vocábulo
mim que mais cedo que o amigo também abracei a
menos geral ou mais específico, cujo sentido é abarcado
senda do crime e enveredei pela do furto... Amante
pelo sentido do hiperônimo. Considere a ordem em que
das artes plásticas desde cedo, educado no culto do
foram distribuídos os vocábulos do excerto transcrito a
belo, eu não pude me conter. Eram duas coleções
seguir e assinale a opção correta: “abracei a senda do
de postais pertencentes a minha prima Maria Luísa
crime e enveredei pela do furto...” (linhas 10-11).
Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – do
idílio infantil ao navio desmantelado na procela. a) Os vocábulos roubo e furto são sinônimos e um pode
Pobre Virgínia, dos cabelos esvoaçantes! Noutra, a substituir o outro, indistintamente, em qualquer contexto.
de Joana d’Arc, desde os tempos de pastora e das X b) Crime é hiperônimo de furto. Isso significa que o sen-
vozes ao da morte. Pobre Joana dos cabelos em tido do vocábulo crime é mais genérico do que o sen-
chama! Não resisti. Furtei, escondi e depois de lon- tido do vocábulo furto.
gos êxtases, com medo, joguei tudo fora. Terceiro
roubo, terceira coleção de postais – a que um car- c) Nesse contexto, a inversão da posição dos vocábu-
camano, chamado Adriano Merlo, escrevia a uma los crime e furto seria aceitável: “abracei a senda do
de minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas furto e enveredei pela do crime”.
contemplações solitárias e piquei tudo de latrina d) Sendo vereda um caminho estreito e enveredar, seguir
abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma nota por uma vereda, seria lógico dizer “abracei a vereda do
de cinco mil-réis, do patrimônio da própria Inhá crime e enveredei pelo caminho do furto”.

16 Livro de Revisão 1
28. (UNIFOR – CE) Leia a seguir os fragmentos de um texto. 4. Mona Lisa é uma das mais populares pinturas
do artista renascentista Leonardo da Vinci.
5. Poderia ser uma imagem idealizada de mu-
lher, pintada pelo artista. Outra hipótese é
que seria um autorretrato de Leonardo da
Vinci, vestido de mulher.
6. Mona Lisa destaca-se pela estética, técnicas e
recursos artísticos utilizados. O sorriso enig-
mático e a expressão serena são as caracterís-
ticas mais marcantes da pintura.
7. Conhecida como Gioconda, foi retratada por
Da Vinci entre os anos de 1503 e 1506.
Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/leonardo/mona_lisa.
htm>. Acesso em: 27/9/2015.

1. Porém, a hipótese mais aceita no momento, Assinale a ordem em que os fragmentos acima devem
defende que Mona Lisa era Lisa Del Giocondo, ser dispostos para se obter um texto com coesão, coe-
esposa do rico comerciante italiano Francesco rência e correta progressão de ideias.
del Giocondo.
2. É uma pintura em óleo sobre madeira de a) 2 – 1 – 3 – 5 – 4 – 6 – 7.
álamo e está exposta no Museu do Louvre b) 4 – 1 – 7 – 5 – 2 – 3 – 6.
em Paris.
3. Existe um grande mistério, mesmo entre a c) 1 – 4 – 3 – 7 – 6 – 2 – 5.
comunidade que estuda a História da Arte, X d) 4 – 7 – 2 – 3 – 5 – 1 – 6.
sobre quem foi a mulher retratada nesta pin-
tura. Existem algumas hipóteses. e) 2 – 4 – 7 – 1 – 6 – 3 – 5.

Anúncio publicitário
A publicidade permeia toda a sociedade. Seu principal
©Shutterstock/Allen.G

objetivo é divulgar um produto, uma marca ou um serviço


levando o público a considerá-los como adequados e neces-
sários, por isso a importância de uma linguagem que visa per-
suadir, convencer.
Anúncio publicitário, portanto, é um gênero textual de
caráter persuasivo, que recorre a mecanismos de convenci-
mento para vender um produto ou divulgar serviço (anúncio
comercial).
Um tipo específico de anúncio é o institucional, também
com caráter persuasivo, visa divulgar ideias, informar, educar
e motivar o leitor sobre questões de interesse público, como
campanhas de vacinação ou orientações sobre a prevenção de
doenças.

Língua Portuguesa 17
Estrutura do anúncio
• Título: conciso e atraente ao leitor.
• Imagem: elemento de fundamental importância por seu caráter atrativo e persuasivo. 
• Corpo do texto: com vocabulário sugestivo e adequado ao público-alvo.
• Identificação do produto ou marca: assinatura do anunciante, geralmente composta de logotipo e texto verbal.
• Slogan: frase curta que define o produto anunciado.

Características
• Utilização de linguagem verbal e não verbal (imagem e textos verbais aliados).
• Uso conotativo da linguagem (exploração criativa da linguagem).
• Emprego de linguagem polissêmica (palavras ou expressões que apresentam mais de um sentido).
• Presença de verbos no imperativo (persuasão do público leitor).
• Emprego de intertextualidade (relações com outros textos).

29. (ENEM) 30. (FUVEST – SP) Leia o seguinte texto, que faz parte de um
anúncio de um produto alimentício:
MOSTRE QUE SUA MEMÓRIA É MELHOR
DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ
ESTA CONDIÇÃO: 12X SEM JUROS. TRABALHAMOS COM O MELHOR DA
Revista Época. N.° 424, 03 jul. 2006.
NATUREZA
Selecionamos só o que a natureza tem de me-
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
lhor para levar até a sua casa. Porque faz parte
práticas de linguagem, assumindo funções específicas,
da natureza dos nossos consumidores querer
formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que
circula o texto publicitário, seu objetivo básico é produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo,
confiáveis.
a) definir regras de comportamento social pautadas no
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.
combate ao consumismo exagerado.
X b) influenciar o comportamento do leitor, por meio de Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor
apelos que visam à adesão ao consumo. a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
c) defender a importância do conhecimento de informá- b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
tica pela população de baixo poder aquisitivo.
X c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) facilitar o uso de equipamentos de informática pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas. d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) questionar o fato de o homem ser mais inteligente que e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos
a máquina, mesmo a mais moderna. contrários.

18 Livro de Revisão 1
31. (INSPER – SP) O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estra-
tégias persuasivas para influenciar o comportamento de
seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados
pelo autor para obter a adesão do público à campanha,
destaca-se nesse texto
a) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um
ideário populista para o anúncio.
b) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que
suaviza a seriedade do problema.
c) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a
atenção da população do apelo financeiro.
d) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, res-
ponsável pela supervalorização das condições dos
necessitados.
X e) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que
relativiza o problema do leitor em relação ao dos
necessitados.
33. (INSPER – SP) Considere a imagem a seguir:
Disponível em: <http://imagens.us/marcas/bombril/bombril%
20(1).jpg>. Acesso: 30 set. 2015.

O slogan dessa propaganda explora, por meio do


emprego do pronome “ele”,
a) algumas das semelhanças entre o trabalho religioso e
o ato de limpar a casa.
X b) a dupla referenciação do pronome, que pode remeter
ao papa e ao produto.
c) um descompasso intencional entre os elementos ver-
bais e não verbais do anúncio.
(Adaptado: <http://olharcriativo.wordpress.com/2012/01/11/
d) uma ambiguidade que coloca “Deus” e a palha de aço slogans-sinceros-e-criativos/>)
no mesmo nível de importância.
A fim de propor uma campanha publicitária às avessas,
e) a polissemia da marca, que, por metonímia, costuma a charge emprega os seguintes recursos, exceto
indicar todas as palhas de aço.
a) exige a leitura de texto verbal e não verbal para ser
32. (ENEM) perfeitamente compreendida.
SE NO INVERNO É DIFÍCIL X b) menciona uma qualidade atribuída à marca por meio
ACORDAR, IMAGINE DORMIR. da publicidade oficial.
Com a chegada do inverno, muitas pessoas c) associa contextos diferentes em cada período: o
perdem o sono. São milhões de necessitados que bíblico, no primeiro e o contemporâneo, no segundo.
lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta
batalha, eles precisam de você. Deposite qual- d) usa maçã como um símbolo de “erro” cometido por
quer quantia. Você ajuda milhares de pessoas a Adão e Eva e também pelo consumidor.
terem uma boa noite e dorme com a consciência e) utiliza “pagar caro” em sentido conotativo no pri-
tranquila. meiro período e denotativo no segundo, quando fica
subentendido.

Língua Portuguesa 19
Notícia

eida
r Alm
Texto que informa o leitor sobre fatos e acontecimentos recentes de

elde
relevância social, que despertam o interesse do público ao qual o jornal se

ck/H
rsto
destina. Gênero textual tipicamente jornalístico, é veiculado em jornais,

utte
©Sh
escritos e falados, em revistas e na internet.

A ideologia na notícia
Embora a notícia tenha a pretensão de informar o leitor sobre um fato de maneira imparcial, sabe-se que nenhum
texto é neutro, ou seja, isento de avaliação pessoal. As escolhas das palavras e a maneira como a informação é transmitida
geram efeitos de sentido no leitor. Portanto, ainda que não haja um posicionamento explícito a respeito do fato narrado,
nenhuma notícia é imparcial. Cabe ao leitor crítico perceber a ideologia presente no texto.

Características
• Apresenta linguagem geralmente impessoal, clara, precisa, objetiva, direta e de acordo com a variedade padrão da língua.
• Preferência pela ordem direta na construção das frases.
• Predomínio da função referencial da linguagem, isto é, aquela que se volta para o referente da mensagem, objeti-
vando transmitir informações precisas, sem avaliações pessoais.

Estrutura
• Título: resume o fato noticiado.
• Linha-fina: texto curto (formado por uma ou duas frases) que destaca a informação mais relevante.
• Lide: parágrafo inicial que contém as principais informações sobre o fato noticiado. Em geral, responde às seguin-
tes perguntas: O que aconteceu? Quando? Onde? Como? Quem estava envolvido nesse acontecimento? Por que
isso aconteceu?
• Corpo: demais parágrafos que compõem a notícia e que trazem os desdobramentos (mais informações) do fato.

A estrutura do texto da notícia é chamada de pirâmide invertida, pois condensa em sua parte inicial (título, linha-
-fina e lide) as principais informações sobre o fato ou acontecimento. No corpo do texto, as informações apresentadas
são secundárias.

34. (IFF – RS) A discussão sobre a objetividade jornalística traz à tona características típicas desse gênero textual, como a utiliza-
ção de verbos impessoais, prevalência da terceira pessoa e ordem direta na construção dos enunciados. No entanto, sabe-se
que tais recursos atenuam o posicionamento subjetivo explícito, sem eliminar totalmente alguns fatores textuais que podem
influenciar a opinião do leitor. A escolha das palavras, a ordem de apresentação dos fatos, a seleção de informações, ou,
ainda, a presença de vozes de autoridade sobre o assunto sugerem o ponto de vista de quem escreve. Analise o fragmento
jornalístico, tendo em vista essas características e possibilidades do gênero e responda às questões a seguir.

20 Livro de Revisão 1
35. (ENEM)
Após auxílio-moradia, juízes agora
querem adicional por tempo de serviço Anfíbio com formato de cobra é
Carlos Madeiro
descoberto no Rio Madeira (RO)
Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro
Do UOL, em Maceió de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio
10/11/2014 18h53 Goeldi, no Pará
Depois do auxílio-moradia, de R$ 4.377,73, os O trabalho de um grupo de biólogos no cantei-
magistrados estabeleceram o próximo alvo para ro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio,
engordar seus vencimentos: o pagamento de um no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na des-
adicional por tempo de serviço, que pode elevar coberta de um anfíbio de formato parecido com
os salários em até 35%. Com isso, salários de pro- uma cobra. Atretochoana eiselti é o nome científi-
fissionais em fim de carreira – hoje em R$ 29 mil co do animal raro descoberto em Rondônia. Até
– podem receber salários de R$ 39 mil. então, só havia registro do anfíbio no Museu de
História Natural de Viena e na Universidade de
Disponível em: <noticias.uol.com.br>. Acesso em: 10 nov. 2014. Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de
a) Apesar de adotar a variedade padrão da língua, a notí- localidade, apenas “América do Sul”. A descober-
cia pode aproximar-se do universo vocabular do lei- ta ocorreu em dezembro do ano passado, mas
tor, ao utilizar expressões mais coloquiais. Identifique apenas agora foi divulgada.
essa ocorrência no trecho analisado. Pode-se inferir XIMENES, M. Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 1.º
ago. 2012.
que esse termo contribui para um posicionamento?
Justifique sua resposta. A notícia é um gênero textual em que predomina a fun-
Observa-se a presença da expressão coloquial “engordar seus ção referencial da linguagem. No texto, essa predomi-
nância evidencia-se pelo(a)
vencimentos”, cujo caráter pejorativo presente na palavra
a) recorrência de verbos no presente para convencer o
“engordar” indica uma crítica ao aumento dos vencimentos leitor.

dos magistrados. X b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade


da informação.
c) questionamento do código linguístico na construção
da notícia.
d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o
b) A seleção e a combinação de palavras num enunciado canal de comunicação com o leitor.
marcam uma intenção comunicativa. Manchetes e
títulos jornalísticos costumam valorizar esse processo e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as
a fim de despertar a atenção do leitor e sugerir um emoções do autor.
ponto de vista. O título do texto de Carlos Madeiro 36. (UNIFOR – CE)
se inicia com um adjunto adverbial, deslocado de sua
posição original. Comente essa estrutura gramatical e Dissertação no Enem deve propor
semântica como recurso comunicativo. solução
(Adaptado)
O adjunto adverbial deslocado que inicia o título é “Após
A redação é considerada o ponto alto do Exame
auxílio-moradia”. Seu emprego enfatiza o fato de os Nacional do Ensino Médio (Enem). Dissertativo,
o texto aborda sempre um tema nacional: um
magistrados terem obtido benefícios anteriormente. problema para exigir do candidato uma propos-
ta de solução, a chamada intervenção. “O Enem
promove uma prova de cidadania, e a redação é
como um fórum anual de debates em que os alu-
nos são convocados”, compara Maria Aparecida
Custódio, professora do Laboratório de Redação

Língua Portuguesa 21
do Curso e Colégio Objetivo. É nessa parte que 37. (UEPG – PR)
o exame nacional requer um segundo posicio-
namento do estudante. “Além de apresentar seu 6 mil imigrantes estão à deriva na Ásia,
ponto de vista com base na discussão do tema diz ONU
e de defendê-lo por argumentos coerentes, será Pescadores resgataram ontem cerca de 800
preciso apontar um caminho que atenue aspectos pessoas que estavam à deriva em barcos perto da
negativos e que promova melhoria social”, explica Indonésia. Elas foram levadas para terra firme
Davi Fazzolari, professor e coordenador de Lín- na Indonésia, mas outras embarcações, repletas
gua Portuguesa e de Produção de Texto do ensino
de imigrantes, foram enviadas de volta para o
médio no Colégio Visconde de Porto Seguro.
mar, apesar de um apelo da ONU pelo resgate
Apesar de temida, a intervenção não tem segre- de milhares de imigrantes à deriva nas águas do
do, de acordo com os professores ouvidos pelo sudeste asiático.
jornal O Estado de S. Paulo. O importante é focar
A ONU estima que cerca de 6 mil imigrantes
no tema, que já carrega um problema para discus-
bengalis e rohingyas continuam à deriva no mar.
são, indica Simone Ferreira Gonçalves da Motta,
professora e coordenadora de Português do Grupo A entidade criticou que a Malásia, Indonésia e
Etapa. “O tema, sempre ligado a questões sociais Tailândia tenham iniciado “uma política de devo-
e de direitos humanos, já favorece a proposta de lução” ao mar de embarcações com imigrantes. O
intervenção”. A ideia de solução deve vir no fim alto comissário da ONU para os direitos huma-
do texto, diz Simone, porque depende da organi- nos, Zeid Raad Al Hussein, pediu aos governos
zação do raciocínio e dos problemas levantados desses três países que “atuem rapidamente para
ao longo da dissertação. E deve ser factível, envol- proteger as vidas dos imigrantes”.
vendo ao menos três agentes. “A solução nunca Ele qualificou como “incompreensível e desu-
deve partir só do governo. Também deve passar mana” a ação da Marinha Tailandesa de distribuir
pela sociedade e pela família, ou por outras insti- água e comida em um barco no qual se encon-
tuições, como a escola e ONGs, dependendo do tram centenas de pessoas “em condições abjetas”,
assunto”, esclarece Maria Aparecida, do Objetivo. além de combustível para que saiam de suas águas
UOL. Adaptado. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/noticias/ territoriais. A ONU também criticou as ameaças
agencia-estado/2015/09/28/dissertacao-no-enem-deve-propor- feitas por países da região de criminalizar soli-
solucao.htm>. Acesso em: 29/9/2015.
citantes de asilo. Estima-se que no ano passado
Analise as afirmativas sobre o texto. cerca de 53 mil imigrantes partiram por mar de
Bangladesh e Mianmar, onde a minoria rohingya
I. A lógica do texto está concentrada em uma narrativa
sequencial, numa ordem temporal, com personagens é perseguida e vive em condição de apátrida.
facilmente identificados por suas descrições. Adaptado de: Gazeta do Povo, 16/05/2015, p. 20.

II. O texto visa principalmente informar o leitor, apresen- Quanto ao conteúdo do texto, assinale o que for correto.
tando fatos do cotidiano.
X 01) Em relação à ONU, constrói-se, durante toda a notí-
III. O texto mobiliza o humor do leitor na medida em que cia, uma posição de sujeito agente positivo, a julgar
aborda um tema lúdico. pelas ações a ela atribuídas: fez um apelo, uma esti-
IV. O texto foi publicado na internet, o que faz com que mativa, uma crítica, um pedido, uma avaliação, e,
menos pessoas o leiam. novamente, uma crítica.
V. Observa-se no texto o uso de vocábulos próprios do X 02) Em relação aos imigrantes, constrói-se na notícia,
meio digital. de modo geral, uma posição de sujeitos pacientes:
É correto apenas o que se afirma em: alguns foram resgatados e muitos devolvidos ao
X a) II. d) III e IV. mar; estão à deriva; sofreram uma “política de devo-
lução” ao mar; foram vítimas de uma ação “incom-
b) IV. e) III e V. preensível e desumana”; vivenciaram “condições
c) I e II. abjetas”; foram criminalizados ao solicitar asilo; são
perseguidos e vivem em condições apátridas.

22 Livro de Revisão 1
X 04) Em relação aos países Malásia, Indonésia e Tailândia, enviar malwares para o aparelho. Então não im-
constrói-se, durante a notícia, uma posição de porta se o usuário faz uso desse software específi-
sujeito agente negativo, uma vez que a maioria de co, já que os pedidos por atualizações são feitos
suas ações relatadas prejudica ainda mais a posição ao servidor de forma automática.
já delicada dos imigrantes. A falha é confirmada nos modelos Samsung
X 08) A partir de um fato e do valor (positivo, negativo e Galaxy S6, S6 e Galaxy S4 Mini – porém, pode
paciente) das posições ocupadas pelos diferentes estar ativa em outros telefones Galaxy. A Samsung
sujeitos envolvidos é que foi construída a notícia. afirmou que já lançou a atualização para as ope-
radoras de telefonia móvel – e elas devem corrigir
Somatório: 15 (01 + 02 + 04 + 08)
o problema. Mas ainda não sabemos se alguma
38. (PUCPR) Leia o texto, analise as afirmações feitas e es- operadora já o fez. Já a SwiftKey, fabricante do
colha a opção CORRETA. software de teclado, afirmou que o problema não
afeta a versão do app disponível para download
Hackers podem acessar mensagens na Google Play ou na App Store. A falha existiria
de 600 milhões de smartphones da apenas na versão já instalada nos Galaxys.
Samsung Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/
noticia/2015/06/hackers-podem-acessar-mensagens-de-600-milhoes-
Foi descoberta uma vulnerabilidade no software dos gadgets desmartphones-da-samsung.html>. Acesso em: Junho de 2015.
Se você tem um Galaxy é bom ficar longe de
a) Os telefones Samsung pedem atualizações auto-
conexões abertas de wi-fi. Foi descoberta uma
máticas que autorizam hackers a acessarem seu
vulnerabilidade no software dos smartphones
fornecedor.
que permite que hackers acessem a câmera do
celular, ouçam o microfone, leiam mensagens X b) Samsung enfrenta hacking por meio de conexões
enviadas ou recebidas e instalem apps. E, além wi-fi, devido à versão nova do SwiftKey.
de ficar fora de redes que não sejam protegidas c) Todos os smartphones da Samsung estão sendo atin-
(o que ainda não garante proteção completa), há gidos por hackers por meio de conexões wi-fi.
pouco que os usuários podem fazer.
d) Nenhuma operadora corrigiu o problema, permitindo o
O hack funciona a partir de uma falha no siste-
acesso de hackers.
ma IME de teclado, uma versão nova do SwiftKey
que a Samsung inclui nos telefones. Esse software e) Os smartphones Galaxy, por meio de conexões wi-fi,
pede por atualizações periódicas para um servi- não fizeram as atualizações necessárias para que o
dor, mas hackers podem ‘fingir’ ser o servidor e problema fosse corrigido.

Crônica
Gênero textual produzido para ser publicado em jornais e em revistas (impressos ou digitais). Sua função é comentar
fatos corriqueiros do dia a dia, revelando uma perspectiva particular sobre a realidade.
Em geral, os cronistas têm uma coluna periódica (semanal, quinzenal, mensal) em veículos de comunicação. Por conta
dessa periodicidade, com o passar do tempo, os leitores frequentes dessas colunas criam uma familiaridade com o autor.

Características
• Encontra-se entre o jornalismo (pela referência a fatos atuais) e a ficção.
• Veiculada principalmente em periódicos (jornais e revistas), o que lhe confere um caráter efêmero. Muitas crônicas
de autores renomados são reunidas em antologias e publicadas no formato de livros.
• Tem curta extensão e aborda temas da atualidade.
• Apresenta humor e ironia como traços marcantes.

Língua Portuguesa 23
39. (UNESP – SP) Para responder à questão a seguir, leia o em Belém, da Judeia, vai nascer o Salvador, e
seguinte verbete do Dicionário de comunicação de Car- tá falado. Os três magrinhos se mandaram. Mas
los Alberto Rabaça e Gustavo Barbosa: deram o maior fora, Em vez de irem direto para
Belém, como mandava o catálogo, resolveram
Crônica dar uma incerta no velho Herodes, em Jerusa-
Texto jornalístico desenvolvido de forma livre lém, Pra quê! Chegaram lá de boca aberta e en-
e pessoal, a partir de fatos e acontecimentos da tregaram toda a trama. Perguntaram: Onde está
atualidade, com teor literário, político, esporti- o rei que acaba de nascer? Vimos sua estrela no
vo, artístico, de amenidades etc. Segundo Muniz Oriente e viemos adorá-lo. Quer dizer, pegou mal.
Sodré e Maria Helena Ferrari, a crônica é um Muito mal. O velho Herodes, que era um oligão,
meio-termo entre o jornalismo e a literatura: “do ficou grilado. Que rei era aquele? Ele é que era
primeiro, aproveita o interesse pela atualidade in- o dono da praça. Mas comeu em boca e disse:
formativa, da segunda imita o projeto de ultrapas- Joia. Onde é que esse guri vai se apresentar? Em
sar os simples fatos”. O ponto comum entre a crô- que canal? Quem é o empresário? Tem baixo elétri-
nica e a notícia ou a reportagem é que o cronista, co? Quero saber tudo. Os magrinhos disseram que
assim como o repórter, não prescinde do aconte- iam flagrar o Guri e na volta dicavam tudo para
cimento. Mas, ao contrário deste, ele “paira” sobre o coroa.
os fatos, “fazendo com que se destaque no texto VERISSIMO, L. F. O nariz e outras crônicas. São Paulo: Ática, 1994.
o enfoque pessoal (onde entram juízos implícitos
e explícitos) do autor”. Por outro lado, o editorial Na crônica de Veríssimo, a estratégia para gerar o efeito
difere da crônica, pelo fato de que, nesta, o juízo de humor decorre do(a)
de valor se confunde com os próprios fatos ex- a) linguagem rebuscada utilizada pelo narrador no trata-
postos, sem o dogmatismo do editorial, no qual mento do assunto.
a opinião do autor (representando a opinião da
empresa jornalística) constitui o eixo do texto. b) inserção de perguntas diretas acerca do aconteci-
mento narrado.
(Dicionário de comunicação, 1978)
c) caracterização dos lugares onde se passa a história.
Segundo o verbete, uma característica comum à crônica
d) emprego de termos bíblicos de forma
e à reportagem é
descontextualizada.
X a) a relação direta com o acontecimento.
X e) contraste entre o tema abordado e a linguagem
b) a interpretação do acontecimento. utilizada.
c) a necessidade de noticiar de acordo com a filosofia do 41. (FATEC – PR)
jornal.
O labirinto dos manuais
d) o desejo de informar realisticamente sobre o ocorrido.
Há alguns meses, troquei meu celular. Um mo-
e) o objetivo de questionar as causas sociais dos fatos.
delo lindo, pequeno, prático. Segundo a vendedo-
40. (ENEM) ra, era capaz de tudo e mais um pouco. Fotogra-
fava, fazia vídeos, recebia e-mails e até servia para
A História, mais ou menos telefonar. Abri o manual, entusiasmado. “Agora
Negócio seguinte. Três reis magrinhos ouviram eu aprendo”, decidi, folheando as 49 páginas.
um piá de que tinha nascido um Guri. Viram Já na primeira, tentei executar as funções. Duas
o cometa no Oriente e tal e se flagraram que o horas depois, eu estava prestes a roer o aparelho.
Guri tinha pintado por lá. Os profetas, que não O manual tentava prever todas as possibilidades.
eram de dar cascata, já tinham dicado o troço: Virou um labirinto de instruções!

24 Livro de Revisão 1
Na semana seguinte, tentei baixar o som da X c) o emprego de linguagem acessível ao leitor e a abor-
campainha. Só aumentava. Buscava o vibracall, dagem de fatos do cotidiano.
não achava. Era só alguém me chamar e todo
d) a existência de trechos cômicos e a narrativa restrita
mundo em torno saía correndo, pensando que era
ao passado do autor.
o alarme de incêndio! Quem me salvou foi um
motorista de táxi. e) a ausência de reflexões de cunho pessoal e o emprego
– Manual só confunde – disse didaticamente. – de linguagem em prosa poética.
Dá uma de curioso. 42. (INSPER – SP)
Insisti e finalmente descobri que estava no vi-
bracall há meses! O único problema é que agora
Demorou, já é
não consigo botar a campainha de volta! Do Rio de Janeiro gosto de muitas coisas: da
Atualmente, estou de computador novo. Fiz o malabarística eficiência das casas de suco, do or-
que toda pessoa minuciosa faria. Comprei um gulho aristocrático dos garçons, das árvores alie-
livro. Na capa, a promessa: “Rápido e fácil” – um nígenas do Aterro, dos luminosos dos armarinhos
guia prático, simples e colorido! Resolvi: “Vou se- em Copacabana, da língua: essa língua tão pare-
guir cada instrução, página por página. Do que cida com a falada pelos paulistanos e, ao mesmo
adianta ter um supercomputador se não sei usá- tempo, tão diferente.
-lo?”. Quando cheguei à página 20, minha cabe- Veja o “demorou!”, por exemplo. Lembro bem
ça latejava. O livro tem 342! Cada vez que olho, da primeira vez que ouvi um amigo carioca usar
dá vontade de chorar! Não seria melhor gastar o a expressão, anos atrás. Acabávamos de nos sen-
tempo relendo Guerra e Paz*? tar num bar, numa rua pacata do Leblon, ajeitei
Tudo foi criado para simplificar. Mas até o micro- minha cadeira e propus: “Vamos pedir umas em-
-ondas ficou difícil. A não ser que eu queira fazer padas?”. “Demorou!”. “Como? A gente acabou de
pipoca, que possui sua tecla própria. Mas não chegar!”. “Então, pede aí, demorou!”. “Ué, se tá
posso me alimentar só de pipoca! Ainda se ema- achando que eu demorei, porque cê não pediu
grecesse... E o fax com secretária eletrônica? O an- antes da gente sentar?”. A conversa seguiu trun-
terior era simples. Eu apertava um botão e apaga- cada por mais algum tempo, até que este obtuso
va as mensagens. O atual exige que eu toque em paulista compreendesse, admirado, que o “demo-
um, depois em outro para confirmar, e de novo rou!” não era uma reclamação, mas uma manifes-
no primeiro! Outro dia, a luzinha estava piscan- tação de júbilo.
do. Tentei ouvir a mensagem. A secretária dispa- O “demorou!” é um sim turbinado. Mais do que
rou todas as mensagens, desde o início do ano! isso, é uma proposta de parceria. Eu digo que
Eu sei que para a garotada que está aí tudo pare- quero empadas: meu amigo, ao responder “de-
ce muito simples. Mas o mundo é para todos, não morou!”, indica não só que também as quer como
é? Talvez alguém dê aulas para entender manuais! que já as queria antes, de modo que estamos atra-
Ou o jeito seria aprender só aquilo de que tenho sados. As empadas, agora, são uma confirmação
realmente necessidade, e não usar todas as fun- de nossas afinidades e um urgente (míni) proje-
ções. É o que a maioria das pessoas acaba fazendo! to coletivo, que me enche de uma alegria infan-
til. É como se ele se juntasse a mim no gira-gira,
Walcyr Carrasco, Veja SP, 19.09.2007. (Adaptado)
*Livro do escritor russo Liev Tolstói. Com mais de mil páginas e dando impulso, como se corrêssemos para saltar
centenas de personagens, é considerada uma das maiores obras da de bombinha na piscina – o último que chegar é
história da literatura.
mulher do padre.
Entre as características que definem uma crônica, estão Por anos, acreditei que o “demorou!” fosse o
presentes no texto de Walcyr Carrasco: apogeu do “sim”; até que surgiu o “já é!”. Incrí-
vel, mas, diante do “já é!”, o “demorou!” parece
a) a narração em 3ª. pessoa e o uso expressivo da
até blasé. O “já é!” leva a concordância à beira da
pontuação.
esquizofrenia. “Vamos pedir umas empadas?”, “Já
b) a criação de imagens hiperbólicas e o predomínio do é!” – e não estamos mais atrasados na satisfação,
discurso direto. estamos em pleno gozo, já comemos as empadas

Língua Portuguesa 25
assim que manifestamos nosso desejo de pedi-las, modesta pena de cronista não é capaz de desdar
caímos na piscina no mesmo momento em que o nó. Quem sabe um dia desses o grande José Mi-
pulamos. guel Wisnik, estudioso da linha tênue e tenaz que
Se o “demorou!” é um acelerador apertado no amarra nossas glórias e fracassos, não se anima e
caminho da satisfação, o “já é!” é como a barrinha escreve algo a respeito? Demorou! Já é!
na gaiola do rato, que, acionada, faz serem des-
pejadas no sangue algumas gotas de serotonina Antonio Prata, Folha de S. Paulo, 22/08/2012

– ou empadas de camarão –, é o seio descendo


A crônica é um gênero textual em que se usa um fato do
dos céus em direção à boca do bebê, é o Nirvana
se apoderando da mesa do bar. Se um é a super- cotidiano como mote para tecer reflexões mais amplas
concordância, o outro é o superpresente: não só sobre aspectos da sociedade. Em “Demorou, já é”,
“é” como “já é!”. É como se o desejo fosse capaz, infere-se que o objetivo central do cronista é
tal qual a luz, de dobrar o tempo, criando o “mais a) discutir a rivalidade entre paulistanos e cariocas, por
do que agora”, esta estreita faixa entre o mar e as
meio da comparação das variantes linguísticas regionais.
montanhas onde nossas vontades são realizadas
no instante em que surgem. b) analisar, de forma objetiva e imparcial, os diferentes
O paulistano ranzinza verá no “demorou!” e no graus de satisfação que uma pessoa pode atingir.
“já é!” traços de nossa eterna cordialidade, som-
X c) propor uma análise metalinguística, seguida de consi-
bras de uma hipocrisia mui brasileira que, se nos
abriga no frescor do acolhimento, também nos derações sobre o comportamento dos brasileiros.
impede de instituir a seca racionalidade, necessá- d) constatar que o uso da função fática de linguagem é
ria para o pleno desenvolvimento da civilização. capaz de promover discussões filosóficas.
Pode ser, mas vejo agora o outro lado, esta in-
controlável propensão para o prazer, esta alegria e) revelar que a comunicação oral, mesmo em situações
infinita nas parcerias, mesmo (ou, talvez, princi- banais como pedir empadas, é imprescindível para a
palmente) nas mais desimportantes. Sei lá, minha construção de projetos coletivos.
el Ignatov

Carta do leitor
©Shutterstock/Pav

Por meio desse gênero textual, o leitor, depois de ler um texto publicado em jornal
ou revista, pode se dirigir ao editor do periódico, ou ao autor do texto, manifestando suas
considerações e expressando opiniões sobre o que leu. Assim, trata-se de um gênero
pertencente ao grupo dos textos jornalísticos argumentativos.
Embora possa ter um destinatário específico – o editor ou o autor de determinado artigo –, a carta do leitor, se publi-
cada, pode ser lida por todos os leitores da publicação à qual foi enviada. Por isso, a linguagem usada varia conforme o
perfil do jornal ou revista e também de seu público leitor. Por exemplo, no caso de uma revista voltada para o público
adolescente, a linguagem apresentará traços de informalidade; caso seja uma publicação destinada à informação, tenderá
a ser mais formal.

Estrutura
• Corpo da carta: revela a intenção do leitor, que é apresentar suas considerações e opinião sobre um texto já publi-
cado ou a respeito da publicação de forma geral.
• Assinatura: registro do nome completo. No caso de um especialista, a função profissional pode acompanhar essa
assinatura.
• Local: geralmente, ao lado da assinatura, consta a identificação da cidade em que o leitor está.

26 Livro de Revisão 1
Além desses elementos, a carta do leitor pode apresentar
• data: em e-mails, é desnecessária no corpo da mensagem, pois toda mensagem eletrônica tem o registro da data
e do horário em que foi enviada.
• saudação: em geral, é formal, com o tratamento “Prezado Senhor” ou “Caro Senhor”, mas pode ser informal, depen-
dendo do tipo de publicação.
• despedida: ao final da carta, o autor pode incluir uma despedida: “Atenciosamente”, em publicações mais formais;
“Abraços”, em publicações mais informais.

As cartas dos leitores, se forem publicadas, são editadas, isto é, o texto original é reformulado para se garantir clareza
e correção ortográfica e gramatical e para ficar condensado em poucas linhas.

43. (IESAM – PA) Na semana seguinte à publicação do texto: a Olimpíada, aliados aos preparativos para a Copa
“Brasileiro pode faturar com Copa e Olimpíada”, na re- do Mundo de 2014, movimentarão e aquecerão a
vista VEJA, alguns leitores enviaram à edição sua opinião economia do nosso país. Vamos avançar, Brasil.
sobre o tema, conforme segue: Recessão nunca mais.
É hora de arregaçar as mangas e deixar de ser (Paulo Cesar Bastos, Salvador, BA)

o eterno país do futuro. O Brasil, e não apenas o Fonte: <http://veja.abril.com.br/141009/leitor.shtml>


Rio, tem a grande chance de mostrar ao mundo
que já é um país de respeito e não pode deixar Para se posicionar, os leitores fizeram uso de um gênero
mais este bonde passar. Nosso país tem a chance textual específico, publicado na mídia impressa, que é a
única de sediar e organizar os dois maiores even- carta do leitor. Para atender a esta necessidade espe-
tos esportivos do mundo num prazo relativamen- cífica de comunicação, pode-se afirmar que o referido
te curto. Jamais um país teve ou terá tanta visi- gênero textual:
bilidade durante tanto tempo. Serão seis anos de X a) trata de um tema específico, na forma de parágrafo,
holofotes por toda a mídia mundial, mostrando com as ideias e opiniões de locutores que interagem
tudo de que o Brasil e os brasileiros são capazes. diretamente com o veículo de comunicação.
Vamos parar de romancear a malandragem e o jei-
tinho brasileiro. Eles não têm mais espaço neste b) apresenta linguagem formal, em estrutura de pará-
mundo. grafo, com opinião do colunista sobre um fato impor-
tante ocorrido recentemente.
(Renzo Grosso, São Paulo, SP)
c) usa linguagem simples e direta, de maneira concisa e
A escolha do Rio, do Brasil, para sede dos Jogos com estilo descontraído, para expressar um fato polí-
Olímpicos de 2016 vai muito além do horizonte tico publicado na mídia.
esportivo. As demandas da infraestrutura neces-
d) analisa um assunto de forma valorativa, marcado pela
sária serão fatores importantes para sustentar um
ponderação e adjetivação, a partir do ponto de vista
novo tempo de crescimento, de desenvolvimen-
da empresa jornalística.
to. Chegou a hora de a engenharia brasileira mais
uma vez mostrar o seu valor. A engenharia é a e) expõe argumentos convincentes, transcrevendo infor-
força indutora do desenvolvimento e o ímã do mações de uma notícia publicada na mídia impressa
progresso. As obras e os projetos necessários para ou eletrônica.

Língua Portuguesa 27
44. (UNICAMP – SP) A carta abaixo reproduzida foi publicada impactam nosso dia a dia. Porém, o papel adi-
em outubro de 2007, após declaração sobre a legali- cional que a televisão pode exercer de contribuir
zação do aborto feita por Sérgio Cabral, governador do para a formação das pessoas em momentos como
Estado do Rio de Janeiro. este não pode ser esquecido.
Fiquei com a sensação de que, refém dos índi-
Sobre a declaração do governador fluminen-
ces de audiência, a televisão acaba se deixando do-
se, Sérgio Cabral, de que “as mães faveladas são
minar por notícias dessa natureza. Em quase sua
uma fábrica de produzir marginais”, cabe indagar:
totalidade, o noticiário concentrou-se na exibição
essas mães produzem marginais apenas quando
e no relato de detalhes que atraem uma certa curio-
dão à luz ou também quando votam?
sidade mórbida dos espectadores, sem buscar no
(Juarez R. Venitez, Sacramento-MG, seção Painel do Leitor, Folha de bojo das tragédias as profundas lições que deixam
São Paulo, 29/10/2007.)
e que servem para educar para a vida as novas ge-
Há uma forte ironia produzida no texto da carta. rações. Na cobertura jornalística dos dois fatos o
Destaque a parte do texto em que se expressa essa iro- tratamento tem sido semelhante ao que é dado aos
nia. Justifique. espetáculos, quando, em minha opinião, deveria
ser aproveitada a oportunidade para reflexão, aná-
A parte do texto em que há ironia é “também quando votam”.
lise e investigação serena e cuidadosa das causas
Para rebater a fala do governador de que as mães faveladas que resultam em episódios tão dramáticos.
No caso do goleiro Bruno, por exemplo, muitos
seriam uma fábrica de marginais, o leitor pergunta se essas
aspectos poderiam ser aprofundados pelas repor-
mães, além de produzirem marginais quando dão à luz (como se tagens das TVs. No Brasil, olhamos com um certo
descompromisso para jovens como ele, que, de
refere o governador), não o fariam ao votar. Desse modo, sugere repente, sem o menor preparo pessoal ou social,
se deparam com o sucesso e a riqueza. Transfor-
que os políticos são marginais, incluindo-se o governador, que foi
mam-se em ídolos, fazem opinião, são imitados,
eleito também com votos da população pobre. mas perdem a noção dos limites e acabam vítimas
trágicas das próprias escolhas – porque não rece-
45.(PUCSP) beram na hora certa amparo e orientação.
Texto 1 É desejável, portanto, que a televisão mude o
enfoque ao contar essas histórias, de modo a re-
Lições para não esquecer tirar de cada uma delas lições que sirvam à cons-
Em uma noite de semanas atrás, surpreso com trução de uma sociedade melhor. Ter a audiência
a avalanche de notícias sobre dois casos policiais como a única referência da quantidade e da quali-
(o assassinato de uma jovem advogada em São dade da abordagem é visão de curto prazo – por-
Paulo e o suposto envolvimento do goleiro Bruno que, dessa forma, as emissoras não criarão teles-
do Flamengo em episódio ainda não esclarecido pectadores mais críticos e mais preparados para
pela polícia), decidi cronometrar o espaço que assistir programas melhores no futuro. Perdem
lhes seria dedicado nos jornais de TVs abertas e elas próprias, perde a sociedade, perde o Brasil.
a cabo: foi nada menos do que 57% do tempo Emílio Odebrecht

daqueles que pude assistir. In: Folha de S. Paulo. Opinião, 01/08/2010


Mas o que me chamou a atenção não foi ape-
Texto 2
nas a quantidade de tempo usada com os dois
assuntos durante vários dias, mas principalmente PAINEL DO LEITOR
a abordagem da cobertura jornalística, marcada Audiência
aparentemente pelo compromisso exclusivo com
os índices de audiência. É de grande valor o artigo “Lições para não es-
quecer” (Opinião, 1.º/8), de Emílio Odebrecht.
Não tenho dúvidas de que são acontecimentos Quando nosso noticiário e as grades da TV são
que mexem com a opinião pública e que cabe inundados com reportagens de casos policiais, o
à imprensa selecionar e noticiar os fatos que fundamental propósito de informar e esclarecer a

28 Livro de Revisão 1
população perde-se na ansiedade de buscar a tão Texto 2: [a] artigo de opinião; [b] o autor acredita que
desejada audiência. os noticiários da TV estejam inundados de reporta-
Alexandre Zakir, apresentador do programa “Operação de Risco”, da
gens policiais com o fim único de atrair a audiência.
Rede TV, e corregedor da Secretaria de Estado da Saúde (São Paulo,
SP) In: Folha de S. Paulo. Opinião, 02/08/2010
e) Texto 1: [a] artigo de opinião; [b] o autor faz uma crí-
tica aos programas de TV que não usam as tragé-
Em relação a cada um dos dois textos, indique: [a] o gêne- dias como lições para educar para a vida as futuras
ro a que pertencem e [b] o seu propósito comunicativo: gerações.
a) Texto 1: [a] notícia; [b] o autor fala sobre dois casos Texto 2: [a] carta ao leitor; [b] o apresentador con-
policiais e analisa a multiplicação da violência no país. corda com o fato de que o propósito jornalístico deve
Texto 2: [a] carta de leitor; [b] o autor concorda com o ser o de informar e esclarecer a população.
fato de que há excesso de reportagens policiais na TV. 46. (PUCSP) Pela leitura dos textos, NÃO é possível afirmar que
b) Texto 1: [a] reportagem; [b] o autor debate a escas- a) o que motivou o autor do texto 1 a escrevê-lo foi o fato
sez de bons programas jornalísticos na televisão de ter ficado perplexo com a abordagem dada, pelos
brasileira. jornais da TV, a dois casos policiais.
Texto 2: [a] carta ao leitor; [b] o autor concorda com o b) a proposta de intervenção apresentada pelo autor do
fato de que os programas jornalísticos da TV brasileira texto 1 é a mudança do enfoque dado pela TV ao noti-
deixam a desejar. ciar o fato ocorrido, de maneira que se possam tirar
X c) Texto 1: [a] artigo de opinião; [b] o autor critica a abor- algumas lições para a construção de uma sociedade
dagem sensacionalista, em busca de audiência, dada melhor.
pelos jornais televisivos a casos que mexem com a c) o texto 2 foi baseado na leitura do texto do articulista,
opinião pública. publicado um dia antes, com a intenção de manifestar
Texto 2: [a] carta de leitor; [b] o apresentador con- concordância com ele.
corda com o fato de que a busca pela audiência a d) o título do texto 1 está diretamente relacionado à pro-
qualquer custo desvirtua o propósito jornalístico. posta feita pelo autor apresentada no último parágrafo
do texto.
d) Texto 1: [a] carta ao leitor; [b] o autor destaca a falta
de preparo pessoal e social de jovens, como o goleiro X e) o autor do texto 1 critica o fato de alguns jovens brasi-
Bruno, que, de repente, têm de lidar com o sucesso e leiros ganharem muito dinheiro, transformarem-se em
a riqueza. ídolos e em formadores de opinião.

Editorial
Gênero textual da esfera jornalística em que se exprime o ponto de vista do jornal a respeito de um tema polêmico ou
de um acontecimento de relevância social. Por não refletir a opinião de apenas um indivíduo, é publicado sem assinatura.
Nesse texto, os editorialistas são responsáveis por, em contato com a direção do jornal, expressar uma opinião sobre o
tema abordado que esteja de acordo com a linha editorial do veículo de comunicação.
Os temas discutidos nos editoriais do jornal costumam surgir da leitura das notícias do dia e podem tratar de variados
assuntos.
O editorial tem em vista um leitor ideal, para quem se dirige, que serve de referência para a construção do texto, o que
fica evidenciado pela escolha das palavras, pelas referências históricas (antigas ou recentes), pelas citações, pelos dados
apresentados, etc. Como todo texto argumentativo, seu objetivo é convencer o leitor a aderir ao posicionamento exposto
e defendido.

Língua Portuguesa 29
Tese e argumentação
Todo texto argumentativo parte de uma tese, que é a proposição do autor, mostrando seu posicionamento acerca de
um tema. Para convencer o interlocutor a concordar com seu ponto de vista, o autor deve apresentar argumentos que
defendam a tese apresentada. As principais estratégias argumentativas estão elencadas a seguir.
• Exemplificação: relatar um fato que comprove, legitime ou demonstre o posicionamento defendido.
• Apresentação de dados estatísticos e/ou científicos: citar as conclusões de uma pesquisa importante ou apre-
sentar dados estatísticos que reforçam a ideia defendida, de modo que a argumentação seja mais consistente.
• Raciocínio lógico: apresentar relações lógicas entre causa e consequência, explicação, ou justificativa, e conclusão.
• Argumentação baseada em fatos históricos: apresentar fatos históricos e relacioná-los a situações atuais.
• Comparação: estabelecer uma relação de semelhança entre um fato e outro já ocorrido, procurando identificar
relações entre as consequências geradas em ambos os casos.
• Perguntas retóricas: apresentar questões que serão respondidas no decorrer do texto. O objetivo é despertar o
interesse do leitor pelo assunto, mantê-lo atento, aguardando que as questões sejam discutidas na sequência.
• Citação de autoridade: citar especialistas no assunto, para dar credibilidade ao texto. A citação deve ser apresen-
tada entre aspas e é preciso indicar qual relação o especialista tem com o assunto. Não basta apenas fazer referência
ao seu nome.

47. (ENEM) Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia
veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das
A última edição deste periódico apresenta mais funções sociais desse gênero textual, que é
uma vez tema relacionado ao tratamento dado ao
lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo pró-
A informação agora passa pelo problema do mate- prio veículo.
rial jogado na estrada vicinal que liga o município b) chamar a atenção do leitor para temas raramente
de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no abordados no jornal.
local em questão, a reportagem encontrou mais
c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos
uma forma errada de destinação do lixo: material argumentos apresentados.
atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal.
Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de X d) interpretar criticamente fatos noticiados e considera-
suas residências e, em vez de um destino correto, dos relevantes para a opinião pública.
procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma si- e) trabalhar uma informação previamente apresentada
tuação no mínimo incômoda. Se você sai de casa com base no ponto de vista do autor da notícia.
para jogar o lixo em outra localidade, por que não o
48. (PUCPR)
fazer no local ideal? É muita falta de educação achar
que aquilo que não é correto para sua região possa O peso da palavra
ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um
Quem nunca pensou em dizer o que pensa sem
passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo
precisar se responsabilizar pelo conteúdo das
que passamos aos mais jovens! Quem aprende erra-
afirmações? O aplicativo para dispositivos mó-
do coloca em prática o errado. Um perigo!
veis Secret tornou esse desejo uma realidade. O
Disponível em: <http://jornaldacidade.uol.com.br>. Acesso em: 10 problema é que a ferramenta – criada, de acordo
ago. 2012 (adaptado).

30 Livro de Revisão 1
com seus desenvolvedores, para funcionar como em Bodrum, na Turquia. Aylan Shenu, o refugia-
um ambiente de desafio – se tornou uma arma do sírio de 3 anos, parecia adormecido, em uma
para que qualquer pessoa pudesse falar mal ou daquelas imagens de desconcertante inocência
até mesmo imputar crimes a pessoas sem que pu- que só uma criança subitamente vencida pelo
desse ser penalizada pelas falsas afirmações. cansaço é capaz de produzir. A sensação boa dura
Não demorou muito para que quem se sentisse pouco. Logo se percebe que Aylan está morto.
ferido por alegações ali feitas (há o caso de um Seu corpo inerte foi jogado na areia pelas ondas
rapaz que teve fotos em que aparece nu sendo do Mediterrâneo. A legenda da foto informa que
apontado como portador do vírus HIV, por exem- Aylan morreu afogado com a mãe, Rehan, e o
plo) acionasse o Poder Judiciário brasileiro, que, irmão de 5 anos, Galip, quando o barco precário
de forma célere, determinou a proibição da venda que os transportava afundou. Só Abdullah, o pai
do aplicativo nas lojas virtuais. do menino, sobreviveu. Como dezenas de milha-
res de outros sírios vêm fazendo em desespero, os
A liberdade de expressão é sim um direito
Shenu lançaram-se ao mar para fugir da guerra
fundamental previsto no art. 5.º da Constituição
civil insana que arrasa o seu país.
Federal, todavia, quem se manifesta deve ser res-
ponsabilizado pelo que diz, o que torna a proibi- As cenas do corpo de Aylan na areia – e, em
ção ao anonimato (salvo em alguns casos, como outra foto, carregado nos braços por um poli-
no exercício da atividade profissional) algo com- cial turco – foram fortes demais mesmo para um
preensível e bem visto. [...] mundo anestesiado por desgraças que chegam
sem parar a bilhões de pessoas instantaneamente
Gazeta do povo, Carta editorial do caderno Justiça & Direito, p. 2,
29/08/2014. pela internet. A mente humana só tem a fé e a
arte para não perder a razão diante de imagens
Considerando o texto lido, avalie as duas asserções, bem como as de Aylan. Santo Agostinho, um portento
como a relação proposta entre elas, depois assinale a da inteligência cristã, nunca conseguiu conciliar
alternativa CORRETA. a ideia de um Deus onipotente, soberanamente
Os cidadãos podem manifestar livremente seu pensamento, bom, com a existência do mal no mundo. Sua in-
pois esse é um direito previsto na Constituição Federal. dagação em latim “Unde malum” (“De onde vem
o mal?”) atravessa os séculos sem resposta intei-
PORTANTO, ramente satisfatória. No poema com esse título, o
a decisão do Poder Judiciário em proibir a venda do polonês Czeslaw Milosz, ganhador do Nobel de
aplicativo Secret, no Brasil, é considerada, no texto, uma literatura em 1980, responde que o bem e o mal
medida que fere a liberdade de expressão do povo. só existem no homem – e se a espécie humana
deixar de existir eles também desaparecerão.
a) As duas proposições são falsas.
“El pie del niño aún no sabe que es pie” – assim o
b) As duas proposições são verdadeiras. poeta chileno Pablo Neruda descreveu sua perple-
c) A primeira proposição é falsa e a segunda é uma con- xidade metafísica ante os mistérios da caminhada
clusão verdadeira. humana. O escritor americano Ernest Hemingway
famosamente venceu os amigos em uma disputa
d) As duas proposições são verdadeiras, mas o problema literária para ver quem conseguiria comover os
está no emprego do conectivo portanto; em seu lugar demais com a história mais curta: “Vendo sapati-
deveria ter sido usado “onde”. nho de bebê. Nunca usado”. Pendendo solto dos
X e) A primeira proposição é verdadeira e a segunda é braços do policial turco em Bodrum, os pezinhos
uma falsa conclusão. de Aylan, dentro dos sapatos sem serventia, ainda
não sabiam que eram pés. Isso é que mais dói.
49.(UECE)
Carta ao Leitor. Veja. 9/09/2015. p. 12
Texto 1
O texto inicia-se com uma sequência descritiva, que
“Unde Malum” vai da linha 01 à linha 07 (“produzir”). Assinale o que
Os sapatinhos sem meias, a roupa encharcada, está incorreto no que se diz a respeito desse trecho
o rosto suavemente deitado sobre a areia da praia do texto.

Língua Portuguesa 31
a) O enunciador descreve o garoto Aylan Shenu partindo c) No mundo atual, a banalização do mal se dá com mais
de uma impressão e não de uma constatação. Esse rapidez.
tipo de descrição sugere um enunciador que observa X d) O mal e o bem existem no mundo independentemente
o quadro de relativa distância. da ação do homem.
b) Ao empregar o verbo parecer, “parecia” (linha 04), o 51. (UECE) “Vendo sapatinho de bebê. Nunca usado” (linhas
locutor manifesta ao leitor que não assume como cer- 42-43). Essa pequena história comoveu os amigos do
teza o que disse. escritor americano Ernest Hemingway, e o autor desta
c) O enunciador demonstra – por meio de certos vocá- carta ao leitor ilustrou o seu texto com essa pequena his-
bulos ou expressões – simpatia e compaixão pelo tória. Atente ao que se diz sobre essa pequena narrativa.
menino Aylan. I. O primeiro enunciado da historinha de Hemingway –
X d) Relendo trechos como estes – “A legenda da foto “Vendo sapatinho de bebê” expressa uma atividade
informa que Aylan morreu afogado” (linhas 10-11) e normal, desenvolvida por muitas pessoas: vender sa-
“As cenas do corpo de Aylan na areia – e, em outra patinho de bebê.
foto, carregado nos braços por um policial turco – II. O segundo enunciado – “Nunca usado” – causa es-
foram fortes demais” (linhas 18-20), fica-se sabendo tranhamento, uma vez que não se costuma vender
que, nesse ato de comunicação, as fotos são mais sapatinhos de bebê usados. Sendo isso verdade, não
importantes do que a estrutura linguística. haveria necessidade de fazer essa observação.
50. (UECE) Quando o enunciador fala de “um mundo aneste- III. O acréscimo da informação “Nunca usado” abre para
siado por desgraças que chegam sem parar a bilhões de o leitor a expectativa de que algo de mau, ou pelo
pessoas instantaneamente pela internet” (linhas 20-23), menos desagradável, aconteceu à criança.
pode-se chegar a algumas conclusões. Dentre as con- Está correto o que se diz em
clusões a seguir, assinale a que NÃO é autorizada pelo
texto. X a) I, II e III.

a) A recorrência do mal insensibiliza as pessoas. b) I e II somente.

b) A compaixão diminui à proporção que cresce e repete- c) II e III somente.


-se o mal. d) I e III somente.

Língua portuguesa

Acentuação gráfica
Todas as palavras são formadas por sílaba(s) constituída(s) de um ou mais fonemas (a(s) menor(es) unidade(s) sonora(s)
de uma palavra) emitido(s) em uma única expiração. De acordo com a quantidade de sílabas, as palavras são classificadas em
• monossílabas – uma sílaba • trissílabas – três sílabas
• dissílabas – duas sílabas • polissílabas – mais de três sílabas
Com exceção dos monossílabos átonos, todas as palavras apresentam uma sílaba
tônica: aquela que é pronunciada com mais intensidade. Conforme a posição da São considerados átonos os monossílabos
pertencentes à classe dos(as): artigos, pre-
sílaba tônica, as palavras com mais de uma sílaba se classificam em
posições, conjunções e alguns pronomes.
• oxítonas – última sílaba tônica
Ex.: manacá, papel, aqui, retrós, azul.

32 Livro de Revisão 1
• paroxítonas – penúltima sílaba tônica • proparoxítonas – antepenúltima sílaba tônica
Ex.: parede, elefante, automóvel, transparência. Ex.: rígido, esplêndido, árvore, rápido.
A base de uma sílaba é um (1) fonema vocálico. No entanto, em uma palavra pode haver encontros vocálicos, isto é,
agrupamentos de fonema(s) vocálico(s) e semivocálico(s). São encontros vocálicos o:
ditongo – encontro de vogal e semivogal na mesma sílaba. É classificado conforme a:
a) posição do fonema vocálico – crescente (semivogal + vogal) e decrescente (vogal + semivogal).
b) sonoridade do fonema vocálico – oral e nasal.
pão água pátio
Ditongo nasal decrescente Ditongo oral crescente Ditongo oral crescente

hiato – encontro de duas vogais em sílabas diferentes.


Raul saída freguesia Observe que a diferença entre
tritongo – sequência de semivogal, vogal e semivogal na mesma sílaba. ditongo e hiato está essencialmente
na separação silábica. Enquanto
O tritongo pode ser oral ou nasal.
naquele as vogais permanecem jun-
tas na sílaba, neste elas se separam
iguais saguão
Tritongo oral Tritongo nasal
com a divisão das sílabas.

As palavras também podem apresentar encontros consonantais, ou seja, sequência de consoantes. Tais encontros são
classificados em perfeitos (os fonemas consonantais pertencem à mesma sílaba) e imperfeitos (os fonemas consonantais
pertencem a sílabas diferentes). Cuidado para não confundi-los com dígrafos, sequência de 2 letras que representam
apenas 1 fonema.
Dígrafo Dígrafo
↑ ↑
jornalismo quadrinhos anterior
↓ ↓ ↓
Encontro consonantal imperfeito Encontro consonantal perfeito

Dígrafos consonantais: rr, ss, sc, sç, xc, nh, lh, ch, gu e qu (quando o u não é pronunciado).
Dígrafos vocálicos: vogal seguida de m ou n na mesma sílaba, com exceção de -am e -em em final de palavra.
Lembre os alunos de que essas sequências (am/em em final de palavra) correspondem a ditongos nasais decrescentes.

Regras de acentuação
As regras de acentuação gráfica consideram a posição da sílaba tônica e a terminação das Sílaba pronunciada com
mais intensidade.
palavras.
Recebem acento gráfico as palavras proparoxítonas e
terminadas em Exemplos
monossílabos tônicos -a(s), -e(s), -o(s) lá, pé, só
oxítonos -a(s), -e(s), -o(s), -em/-ens Amapá, acarajés, cipó, amém, parabéns
paroxítonos -r, -x, -n, -l, -ps, -i(s), -us, -um/uns, -ã(s), ditongo repórter, dúplex, íon, reciclável, bíceps, júri, bônus, fórum,
(seguido ou não de s) ímã, diário, órgãos

Língua Portuguesa 33
Há palavras, porém, que são acentuadas por outras razões a despeito de sua terminação, como os casos apresentados
a seguir.
• São acentuados os ditongos abertos -éu, éi, -ói, em sílaba tônica, se a palavra não for paroxítona.
Ex.: chapéu, réis, anzóis.
• Hiato: são acentuadas as letras i e u, quando forem a segunda vogal do hiato, sozinhas ou acompanhadas de s na
sílaba tônica, não precedidas de ditongo nem seguidas de nh.
Ex.: saúde, faísca, baú.
• Verbos ter e vir na 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo. As formas derivadas desses verbos, quando
conjugadas no presente do indicativo, recebem acento agudo na 3.ª pessoa do singular e acento circunflexo na 3.ª
pessoa do plural.
Ex.: Ele tem, eles têm; ele retém, eles retêm.
• Acento diferencial: a 3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder (pôde) é acentuada
a fim de diferenciar-se da 3.ª pessoa do singular do presente do indicativo (pode); assim como é acentuado o infi-
nitivo verbal pôr para diferenciar-se da preposição por.

1. (FGV) Assinale a alternativa verdadeira.


X a) Nas palavras HISTÓRIA, ENQUANTO e TRANQUILO, encontramos ditongos crescentes.
b) É correta a separação silábica de BA-LEI-A, EX-CUR-SÃO, TRANS-A-MA-ZÔ-NI-CA.
c) As palavras PSEUDÔNIMO e FOTOGRAFIA têm, respectivamente, dígrafo e encontro consonantal.
d) As palavras ENIGMA e SUBLINGUAL são polissílabas.
e) As palavras CHAPEUZINHO e CRISTÃMENTE são proparoxítonas.
2. (UFSM – RS) Assinale a alternativa que contém a resposta correta em relação à grafia e aos fonemas dos quadrinhos 3 e 4.

a) A palavra “aqui” tem um ditongo crescente, quatro letras e três fonemas.


b) No terceiro quadrinho, a letra “s” representa um só fonema.
c) Nas palavras “acho” e “questão”, há dois dígrafos e dois ditongos decrescentes.
X d) “Sempre” e “pegadinha” têm o número de sílabas diferente, mas, quanto à tonicidade, recebem a mesma classificação.
e) Na separação silábica das palavras do quarto quadrinho, as letras que representam os dígrafos ficam juntas
na mesma sílaba.

34 Livro de Revisão 1
3. (EsPCEx – SP) Nas palavras gratuito, vácuo, frear e minguam, há, respectivamente,
a) ditongo crescente, ditongo decrescente, hiato e tritongo.
b) hiato, ditongo crescente, hiato e tritongo.
c) hiato, ditongo decrescente, hiato e ditongo crescente.
X d) ditongo decrescente, ditongo crescente, hiato e tritongo.
e) ditongo decrescente, ditongo crescente, hiato e ditongo crescente.
4. (IFSC) Em relação à acentuação gráfica, leia e analise as seguintes afirmações:
I. As palavras notícias, relógio, ânsia e contrário são acentuadas por serem paroxítonas e terminarem em ditongo.
II. Os vocábulos pé, lá, aí e já recebem acento tônico por serem monossílabos tônicos.
III. As palavras veículo, módulo, ímpeto e ônibus recebem acento gráfico por serem proparoxítonas.
Assinale a alternativa CORRETA.
X a) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras.
b) Apenas a afirmação II é verdadeira.
c) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
d) Apenas as afirmações II e III são verdadeiras.
e) Todas as afirmações são verdadeiras.
5. (IFRS) Na oração “O lápis ficou sobre a cômoda, pertinho da saída”, os três vocábulos destacados recebem acento grá-
fico, respectivamente, pela mesma regra que
X a) júri – árvore – faísca d) biquíni – xícara – açúcar
b) elétron – paralelepípedo – café e) tráfego – sério – difícil
c) bíceps – história – saúde
6. (UFSC) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01) Os acentos gráficos em CORRUPIÃO, LÁ e BALDEAÇÃO são justificados pela mesma regra.
X 02) São classificadas como oxítonas: CORRUPIÃO, PODER e CONDUZI-LO.
X 04) As palavras BEIRA, AÉREA E TÉDIO possuem a mesma classificação quanto à posição da sílaba tônica.
X 08) Os acentos gráficos dos vocábulos VOCÊ, PROTEGÊ-LOS e CONTÉM seguem as regras de acentuação das oxítonas.
16) Em IDADE, AINDA e FLUIDO temos três palavras com o mesmo número de sílabas.
X 32) As palavras GRATUITO, DEBAIXO e IMPLICOU são trissílabas.
Somatório: 46 (02 + 04 + 08 + 32)

7. (UNEAL) O Novo Acordo Ortográfico faz a seguinte distinção: são acentuados os ditongos abertos em palavras oxítonas,
mas não nas paroxítonas. Exemplificam tal distinção e estão corretamente acentuadas as palavras:
a) herói e colméia.
b) ínterim e hifens.
X c) papéis e jiboia.
d) rapé e praia.
e) vaia e traíra.

Língua Portuguesa 35
8. (UNIFESP) O Museu da Língua Portuguesa foi inaugurado acento gráfico por haver um i tônico, formando hiato, sozinho
em São Paulo, em março de 2006. Na ocasião, houve um
na sílaba (ra-í-zes) e não seguido de -nh.
erro num painel, conforme a imagem:

9. (UNEAL) Em “Ao contrário de gerações passadas, eles


encontram confiança e segurança em casa e têm na
família sua maior fonte de alegria.”, o termo destacado
recebeu acento
a) porque todos os verbos conjugados na terceira pes-
soa do plural recebem acento diferencial.
b) por estabelecer relação de concordância com a
Sobre isso, Pasquale Cipro Neto escreveu: expressão “gerações passadas”.

“Na última segunda-feira, foi inaugurado o X c) por estabelecer relação de concordância com o sujeito
Museu da Língua Portuguesa. Na terça, a impren- da oração “eles”.
sa deu destaque a um erro de acentuação presente d) por estabelecer relação de concordância com a
num dos painéis do museu (grafou-se ‘raiz’ com expressão “em casa”.
acento agudo no ‘i’). Vamos ao que conta (e que
e) por estabelecer relação de concordância com o sujeito
foi objeto das mensagens de muitos leitores): por
composto “confiança e segurança”.
que se acentua ‘raízes’, mas não se acentua ‘raiz’?”
(<www2.uol.com.br/linguaportuguesa/artigos>.)
10. (UFAM)

a) Considerando o contexto social, cultural e ideológico, Durante o processo, realizado no tribunal da rua
por que o erro do painel teve grande repercussão? Turiaçu, a cada depoente o escrivão recomendava:
– Assine aqui no final e, nas demais folhas,
Pelo fato de o erro estar presente em um dos painéis do
ponha sua rubrica.
Museu da Língua Portuguesa. Para cúmulo do azar, o pior estava por vir, com
o incêndio criminoso que aconteceria dias depois.
– O vento norte traz sempre azar, como um flui-
do maligno – disse Lituma, sem explicar o que
fenômenos da natureza têm a ver com a esfera dos
interesses humanos.
– Não se apoquente, vá se cuidar para não rece-
ber um cateter na veia – respondi. – E vamos por
panos quentes em cima deste assunto.
Assinale a alternativa de que consta palavra que deveria
estar acentuada:
a) Turiaçu
b) rubrica
b) Responda à pergunta que foi enviada ao professor
c) cateter
Pasquale por seus leitores.
d) fluido
Não se acentua a palavra “raiz” por ser uma oxítona
X e) por
terminada em z (ra-iz). No caso da palavra “raízes”, ocorre o

36 Livro de Revisão 1
Variação linguística
As línguas não são estáticas, elas se modificam ao longo do tempo, assimilam influências de outras línguas. As varia-
ções linguísticas são mostras da riqueza cultural e da diversidade de um idioma. Basicamente, há quatro tipos de variação:
• variação histórica ou diacrônica – refere-se às alterações que a língua sofre ao longo do tempo.

É evidente, neste anúncio publicado em 1937, que a língua portuguesa


sofreu mudanças com o passar do tempo

• variação geográfica ou diatópica – refere-se às diferenças regionais, que podem ser percebidas tanto na pronún-
cia quanto no léxico. Um exemplo é o sentido do verbo arriar-se. Enquanto o Dicionário Aurélio apresenta como
“cair ou vergar sob peso”, para o Dicionário de “gauchês” é “fazer deboche”.
• variação sociocultural ou diastrática – refere-se à variação de linguagem dos diferentes grupos sociais.

É notório tanto que o uso do jargão é uma necessidade insuperável dos profissionais de certas áreas quan-
to que toda a profissão tem seus próprios termos técnicos.
Quem atua em determinado campo do conhecimento lida com um tipo de linguagem a ele pertinente e
que pretende “encurtar caminho”, dizer e esclarecer com um termo aquilo para o qual, sem o termo técni-
co, necessitaríamos de uma frase inteira.
FEIJÓ, Rogério. A linguagem jurídica como escudo: os exageros do mundo do Direito são exemplos de quando a linguagem é usada para prejudicar o
entendimento. Disponível em: <http://conhecimentopratico.uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica-ortografia/19/artigo159583-1.asp>. Acesso em:
5 fev. 2015.

• variação estilística ou diafásica – refere-se à adequação da linguagem a determinado interlocutor, ao contexto, ao


ambiente e ao assunto de que se trata.
©Orlandeli

Nesse tipo de variação, em razão dessas adequações, a linguagem pode variar de formal a informal. São os chamados
níveis de registro da língua. A linguagem formal engloba a linguagem culta (normas urbanas de prestígio e a norma-
-padrão). Já o nível coloquial engloba as outras variedades linguísticas e as gírias.

Língua Portuguesa 37
11. (ACAFE – SC) A língua não é usada de modo homogêneo Que eu aqui de novo cantando
por todos os seus falantes. O uso de uma língua varia Que eu aqui de novo xaxando
de época para época, de região para região, de classe Óia eu aqui de novo mostrando
social para classe social, e assim por diante. Nem indi-
Como se deve xaxar
vidualmente podemos afirmar que o uso seja uniforme.
Dependendo da situação, uma mesma pessoa pode usar Vem cá morena linda
diferentes variedades de uma só forma da língua. Nesse
Vestida de chita
sentido, correlacione as colunas a seguir.
Você é a mais bonita
( 1 ) variação social Desse meu lugar
( 2 ) variação regional Vai, chama Maria, chama Luzia
( 3 ) variação de contato com a língua italiana Vai, chama Zabé, chama Raque
( 4 ) registro formal Diz que eu tou aqui com alegria
BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: <www.
( 5 ) registro informal luizluagonzaga.mus.br>. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).
( ) Eu queria ver ele, porque ele queria me ver. Então o
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspec-
que me marcou, na minha vida aí, foi isso aí. Esse aí
tos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso
marcou muito.
que singulariza uma forma característica do falar popular
( ) Quanto me custa a musculaçon!? regional é:
( ) Dirijo-me a V. Sa. para solicitar auxílio-doença nos a) “Isso é um desaforo”.
termos da lei.
b) “Diz que eu tou aqui com alegria”.
( ) Vinha descendo a rua principal, de uma feita, com
a cabeça cheia de “veneno” que se compra nos X c) “Vou mostrar pr’esses cabras”.
balcões de bolicho, em copitos de fundo grosso. d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”.
Parecendo, pelo andar balanceado, que totalmente
borracho (Silva Rillo). e) “Vem cá morena linda, vestida de chita”.

( ) Ocê já viu uma prantação de tumati? 13. (ENEM)

A sequência correta, de cima para baixo, é: – Não, mãe. Perde a graça. Este ano, a senhora
vai ver. Compro um barato.
a) 3 – 5 – 1 – 2 – 4
– Barato? Admito que você compre uma lem-
b) 4 – 2 – 5 – 1 – 3 brancinha barata, mas não diga isso a sua mãe. É
X c) 5–3–4–2–1 fazer pouco de mim.
d) 2 – 4 – 3 – 1 – 5 – Ih, mãe, a senhora está por fora mil anos. Não
sabe que barato é o melhor que tem, é um barato!
12. (ENEM)
– Deixe eu escolher, deixe...
Óia eu aqui de novo xaxando – Mãe é ruim de escolha. Olha aquele blazer
Óia eu aqui de novo para xaxar furado que a senhora me deu no Natal!
– Seu porcaria, tem coragem de dizer que sua
Vou mostrar pr’esses cabras
mãe lhe deu um blazer furado?
Que eu ainda dou no couro
– Viu? Não sabe nem o que é furado. Aquela cor
Isso é um desaforo
já era, mãe, já era!
Que eu não posso levar
ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.

38 Livro de Revisão 1
O modo como o filho qualifica os presentes é incom- b) A professora Eliana afirma que censurar ou debochar
preendido pela mãe, e essas escolhas lexicais revelam de quem faz uso de formas não-padrão é discrimina-
diferenças entre os interlocutores, que estão relacionadas ção linguística. Todavia, em sua fala, pode-se entrever
a) à linguagem infantilizada. certa discriminação linguística. Transcreva o trecho
em que isso ocorre e explique por quê.
b) ao grau de escolaridade.
Em “Quem tem obrigação de saber o português formal, falar
c) à dicotomia de gêneros.
e escrever de acordo com as regras são os professores, os
X d) às especificidades de cada faixa etária.
e) à quebra de regras da hierarquia familiar. jornalistas, os acadêmicos”, percebe-se certa discriminação

14. (UNIFESP) linguística por estabelecer quem deve ou não utilizar a norma

O ‘pobrema’ é nosso culta.

Segundo Eliana Marquez Fonseca Fernandes, 15. (ENEM)


professora de Língua Portuguesa da Faculdade de
Letras da Universidade Federal de Goiás, em se tra- Mudança linguística
tando de linguagem, não se pode falar em erro ou Ataliba de Castilho, professor de língua portu-
acerto, mas desvios à norma padrão. “O importan- guesa da USP, explica que o internetês é parte da
te é estabelecer a comunicação. Para isso, usamos metamorfose natural da língua.
a língua em vários níveis, desde o supercuidado ou − Com a internet, a linguagem segue o caminho
formal até o não-cuidado ou não-formal.” dos fenômenos da mudança, como o que ocorreu
“A gramática tradicional diz que, quando se com “você”, que se tornou o pronome oblíquo
fala ‘nóis vai, nóis foi’, isso não é português. Mas átono “cê”. Agora, o interneteiro pode ajudar a
é sim. Em outro nível. Estudos mais recentes reduzir os excessos da ortografia, e bem sabemos
na área dizem que tais formas de expressão são que são muitos. Por que o acento gráfico é tão im-
corretas. Censurar ou debochar de quem faz uso portante assim para a escrita? Já tivemos no Brasil
delas é discriminação linguística.” momentos até mais exacerbados por acentos e dis-
Para a professora, o domínio da norma culta pensamos muitos deles. Como toda palavra é con-
não deve ser exigido da população de modo geral, textualizada pelo falante, podemos dispensar ainda
principalmente de pessoas que têm baixo grau de muitos outros. O interneteiro mostra um caminho,
escolaridade. “Quem tem obrigação de saber o pois faz um casamento curioso entre oralidade e
português formal, falar e escrever de acordo com escrituralidade. O internetês pode, no futuro, até
as regras são os professores, os jornalistas, os aca- tornar a comunicação mais eficiente. Ou evoluir
para um jargão complexo, que, em vez de aproxi-
dêmicos”, diz.
mar as pessoas em menor tempo, estimule o isola-
(Diário da Manhã, Goiânia, 05.05.04. Adaptado.) mento dos iniciados e a exclusão dos leigos.
O texto expõe pontos de vista diferentes sobre a concep- Para Castilho, no entanto, não será uma refor-
ção de língua e de seu uso. ma ortográfica que fará a mudança de que preci-
samos na língua. Será a internet. O jeito eh tc e
a) Explique o ponto de vista da professora Eliana e da esperar pra ver?
gramática tradicional, conforme apresentados.
Disponível em: <http://revistalingua.com.br>. Acesso em: 3 jun. 2015
Segundo a professora, “em se tratando de linguagem, não se (adaptado).

pode falar em erro ou acerto, mas desvios à norma padrão”. Na entrevista, o fragmento “O jeito eh tc e esperar pra
ver?” tem por objetivo
De acordo com a gramática tradicional, “quando se fala ‘nóis
X a) ilustrar a linguagem de usuários da internet que
vai, nóis foi’, isso não é português”. poderá promover alterações de grafias.
b) mostrar os perigos da linguagem da internet como
potencializadora de dificuldades de escrita.

Língua Portuguesa 39
c) evidenciar uma forma de exclusão social para as pes- depois, elas caíram em desuso sendo completa-
soas com baixa proficiência escrita. mente esquecidas, como, por exemplo, os termos
gatinha, mina e broto para designarem garotas.
d) explicar que se trata de um erro linguístico por destoar
Legal para dizer que uma coisa era boa. Pô para
do padrão formal apresentado ao longo do texto.
expressar mais fortemente um argumento. E bicho
e) exemplificar dificuldades de escrita de interneteiros para falar com aquele amigo. Como? Gatinha,
que desconhecem as estruturas da norma padrão. mina e broto são usados até hoje, quase meio sé-
16. (IFSP) As variedades linguísticas brasileiras são diversas culo depois! Pô, bicho! Legal!
à medida da extensão territorial do País. Considere o tex- Adaptado de: Piadas para morrer de rir. Número 10, EAN
to seguinte, que apresenta uma dessas variedades, para 789.776345.264. Editora Gênero. s/d.

responder à questão. 17. Sobre as gírias, assinale a alternativa correta.


– Vancê já sabe, nha Lainha, que eu ‘tou na X a) As gírias são expressões usadas por um grupo de
mente de lhe pedir; alguém já lhe havéra de ter pessoas e servem para marcar a identidade de quem
contado. as utiliza.
Ela avermelhou toda: b) As gírias mostram que os grupos que as usam não
– É: eu sube mesmo. têm escolaridade e que, na maioria das vezes, são
– Agora vancê me diga, p’r o seu mesmo dizer, marginais.
si d’aqui por diante eu fico no direito de falar p’r’o c) Usar gírias é restrito a uma classe de pessoas estig-
seu véio no negócio, e também si já não é tempo matizadas socialmente e, por isso, devem ser evitadas.
de ir comprando a roupinha, a louça, a trastaria
dûa casa. d) Normalmente o uso de gírias acontece na língua
escrita, o que acaba sendo um recurso de formalidade
– Isso ‘ta no seu querer.
do texto.
– Mas vancê casa antão comigo de tuda a sua
vontade, não tem nem um no pensamento? e) As gírias mostram que falta criatividade às pessoas no
uso da linguagem.
– Não tenho, nho Vicente. Eu não incubro a
ideia de casar c’o Réimundo, e ele também queria 18. Com relação à última frase do texto “Pô, bicho! Legal!”,
casar comigo. Agora, dêsque ele faltou c’a pro- assinale a alternativa correta.
messa, eu não tenho prisão por ninguém.
X a) A frase é usada apenas para exemplificar o uso das
Silveira, Valdomiro. Constância. In: Os caboclos: conto. Rio de Janeiro; gírias dos tempos da Jovem Guarda.
Brasília: Civilização Brasileira; INL, 1975. Adaptado.
b) É uma frase que interage com o leitor do texto e
Como pudemos notar, há, no texto, a tentativa de repre- demonstra que algumas gírias podem persistir no uso
sentação da língua cabocla. Assinale a alternativa em que por mais tempo.
estão apresentadas três palavras típicas dessa variedade
linguística, seguidas de sua grafia correta, conforme a c) É uma frase que tem o objetivo de mostrar o uso do
norma culta, nos parênteses. vocativo de época.

a) vancê (cê), si (si), dêsque (desde que). d) É uma frase que demonstra que o uso do “Pô” está
vinculado a um tempo específico da história cultural
X b) véio (velho), dûa (de uma), c’o (com o). brasileira.
c) nha (mocinha), louça (loiça), nem um (nem um). e) É uma frase que serve para mostrar que a palavra
d) ‘tou (esto), antão (então), ninguém (ninguém). “Legal” tem muitos significados.
e) sube (subi), trastaria (trasteria), incubro (incubro). 19. (UEMG) Em muitos casos, a mudança do registro da lín-
gua causa problemas na compreensão da mensagem a
(UEPG – PR) Texto para as questões 17 e 18. ser transmitida, gerando situações embaraçosas ou, até
Vocabulário da Jovem Guarda mesmo, o não entendimento do que foi dito.

Com o movimento Jovem Guarda surgiram Com base nisso, analise os seguintes trechos, retirados
gírias, expressões e nova moda. Quase 50 anos da obra O velho que acordou menino, de Rubem Alves.

40 Livro de Revisão 1
I. “‘Então, o senhor abate suínos!’ Tibúrcio perdeu a IV. “Quando por algum acidente, alguém ficava ofendido,
fala. Ficou gelado. Não sabia o que era ‘abate’ nem dizia-se que ‘deu cavaco’. De uma pessoa que ficava
‘suíno’. Com certeza o meritíssimo o pegara em al- ofendida à toa dizia-se que era ‘cavaquice’. Não me
guma infração fora da lei. O jeito era negar o crime. perguntem sobre as origens dessa expressão. Ignoro
Gaguejou. ‘Não, senhor, não senhor... Eu só mato por- se esse ‘cavaco’ refere-se a uma lasca de lenha ou a
co...’” (p. 56) um cavaquinho, instrumento musical.” (p. 166)

II. “‘O senhor não sabe que é contra a lei defecar em V. É curioso como as famílias criam o seu próprio léxico,
expressões que só elas entendem. Como é o caso da
público?’, esbravejou o juiz. Sem saber o que era ‘de-
expressão ‘vou dar o coque’, compreendida apenas
fecar’, o roceiro entendeu a mensagem, e sem sair da
pelos membros mais velhos da minha família.’ ‘Co-
sua posição deu uma lição de Filosofia do Direito ao que’ é uma pancada na cabeça de alguém, especial-
juiz presunçoso: ‘Seu dotô, há necessidades que são mente das crianças, com a articulação dos dedos da
mais fortes do que a lei...’” (p. 57) mão fechada.” (p. 166)
III. “Dizer que a mulher estava grávida era uma obsceni- São exemplos da afirmação feita na introdução desta
dade, uma grosseria. As mulheres não ficavam grá- questão os itens
vidas. Ficavam em ‘estado interessante’. Tenho uma
X a) I, III, IV e V. c) III, IV e V.
curiosidade imensa acerca do nascedouro das pala-
vras. Nascem para dizer o quê?” (p. 63) b) II e IV. d) I e II.

Estrutura das palavras


As palavras são constituídas de morfemas. Cada morfema de uma palavra tem participação na construção do seu
sentido. Vejamos o caso do vocábulo infelizmente. Segundo o dicionário, se algo infelizmente aconteceu, é porque acon-
teceu de maneira não feliz. Como esse sentido foi construído devido aos morfemas que compõem esse advérbio?
in + feliz + mente
prefixo sufixo
Significado: não Significado: de modo ou maneira
RADICAL

Radical: principal morfema, pois concentra o significado básico da palavra. Uma palavra pode ser formada apenas
pelo radical (flor) ou pelo radical acrescido de outros morfemas (florista). Palavras que têm um mesmo radical são
chamadas de cognatas, como flor, floração, reflorestamento, etc.
Em uma palavra, pode haver mais de um radical; nesse caso, ela recebe o nome de composta: beija-flor, girassol, etc.
Afixos: morfemas que se anexam ao radical para formar outras palavras. Dependendo da posição em relação ao
radical, os afixos podem ser
• prefixos – antecedem o radical. Geralmente, acrescentam outro sentido ao radical, como se vê na palavra autor-
retrato. O prefixo auto-, cujo significado é “próprio”, se junta ao radical retrat-, formando uma palavra que sig-
nifica “retrato próprio, de si mesmo”. Outros exemplos de palavras formadas pelo acréscimo de prefixo ao radical
são: desleal, hipertensão, hipotermia, semicírculo, anticárie, etc.
• sufixos – são pospostos ao radical. Sufixos acrescentam sentido, como na palavra asteroide, em que aster é
radical (astro) e -oide é sufixo que significa “semelhante a”. Portanto, asteroide significa “semelhante a um astro”.
Os sufixos também podem formar
– adjetivos a partir de verbos (-ável, -ível): louvar → louvável

Língua Portuguesa 41
– substantivos a partir de adjetivos (-idade): capaz → capacidade
– advérbios a partir de adjetivos (-mente): legal → legalmente
– o grau aumentativo ou diminutivo de substantivo (-ão, -orra, -inho, -ota): carro → carrão; cabeça → cabeçorra;
dedo → dedinho; ilha → ilhota
Desinência: morfema final da palavra, o qual indica a flexão de verbos e de nomes. Classifica-se em
• verbal – indica o modo e o tempo de verbos (desinência modo-temporal) e o número e a pessoa (desinência
número-pessoal). Ex.: trabalháva mos
desinência verbal desinência verbal
modo-temporal número-pessoal

• nominal – indica o gênero (masculino/feminino) e o número (singular/plural) de nomes. Ex.: gatas


desinência desinência
nominal de nominal de
gênero número

Vogal temática: esse morfema se agrega ao radical de uma palavra para que ela possa receber outros morfemas. Nos
verbos, tem a função de indicar sua conjugação (1ª., 2ª. ou 3ª.).
Ex.: andávamos; cascas
vogal temática vogal temática
verbal: indica nominal:
que esse é um não indica
verbo da 1ª. feminino
conjugação

Vogal ou consoante de ligação: morfemas secundários cuja função é facilitar a pronúncia da palavra ou torná-la
mais agradável, o que chamamos de eufonia.
Por exemplo, chamamos de frutífera a árvore que dá frutos. Essa palavra é formada pelos morfemas frut (radical de
fruto) + fer (que produz) + a (indica que a palavra é feminina). Eles são responsáveis pelo sentido de frutífero, mas
veja como a palavra seria pronunciada: frutfera. Percebeu o porquê da vogal de ligação?

20. (UFRGS – RS) Abaixo, na coluna da esquerda, estão listadas cinco palavras compostas com dois radicais eruditos; na da
direita, os sentidos possíveis dos radicais finais de três dessas palavras. Associe adequadamente a coluna da direita à da
esquerda.
1. Ególatra ( ) aquele que cultua
2. Enófilo ( ) aquele que tem aversão a
3. Enófobo ( ) aquele que descreve
4. Filantropo
5. Geógrafo

42 Livro de Revisão 1
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, c) privação, privação, negação.
de cima para baixo, é
d) negação, negação, privação.
a) 1 – 2 – 3 d) 2 – 4 – 5
X e) privação, negação, abundância.
X b) 1–3–5 e) 3 – 4 – 5
25. (URCA – CE) “Esperando a noitinha, D. Eufrásia?”
c) 2 – 3 – 4
Quanto à análise dos elementos mórficos que compõem
21. (UEL – PR) Assinale a alternativa em que todas as pala- o termo em destaque, a alternativa INCORRETA é:
vras são formadas por prefixos com significação seme-
a) Radical “noit”
lhante.
b) Vogal temática “e”
a) adjunto, antebraço, assobio
c) Tema “noite”
X b) incômodo, ilegal, impróprio
d) Sufixo “inh”
c) ingerir, ilógico, imigrar
X e) Desinência de gênero “a”
d) afônico, adestrar, amável
26. (UERJ) Considere a formação da palavra “Desencontrá-
e) desfavorável, desabrochar, despedir
rios”, título do poema de Paulo Leminski.
22. (EsPCEx – SP) Responda, na sequência, os vocábulos
cujos prefixos ou sufixos correspondem aos seguintes Desencontrários
significados: QUASE; ATRAVÉS; EM TORNO DE; FORA; Mandei a palavra rimar,
SIMULTANEIDADE ela não me obedeceu.
a) hemisfério; trasladar; justapor; epiderme; parasita Falou em mar, em céu, em rosa,
b) semicírculo; metamorfose; retrocesso; ultrapassar; em grego, em silêncio, em prosa.
circum-navegação Parecia fora de si,
X c) penumbra; diálogo; periscópio; exogamia; sintaxe a sílaba silenciosa.
d) visconde; ultrapassar; unifamiliar; programa;
multinacional Mandei a frase sonhar,
e) pressupor; posteridade; companhia; abdicar; e ela se foi num labirinto.
ambivalente Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
23. (EsPCEx – SP) Assinale a alternativa que contém um gru- Dar ordens a um exército,
po de palavras cujos prefixos possuem o mesmo signifi- para conquistar um império extinto.
cado. PAULO LEMINSKI GÓES, F.; MARINS, A. (orgs.). Melhores poemas de
Paulo Leminski. São Paulo: Global, 2001.
X a) compartilhar – sincronizar
Separe seus elementos mórficos. Em seguida, nomeie
b) hemiciclo – endocarpo
o primeiro morfema que a compõe e indique seu
c) infeliz – encéfalo significado.
d) transparente – adjunto Des + en + contr + ário + s (prefixo + prefixo + radical +

e) benevolente – diáfano sufixo + desinência nominal de número, respectivamente) ou


24. (UEL – PR) Assinale a alternativa que expressa o signifi-
Des + en + contr + ari + o + s (prefixo + prefixo + radical +
cado de cada um dos segmentos grifados em: disfunção,
imprevisíveis, poderoso. sufixo + desinência nominal de gênero + desinência nominal de
a) privação, abundância, negação. número, respectivamente).
b) negação, abundância, privação.
O primeiro elemento é um prefixo que indica negação.

Língua Portuguesa 43
Processos de formação de palavras
O léxico de uma língua vai sendo enriquecido com formações novas, as quais, na maioria das vezes, decorrem de pala-
vras previamente existentes.

Derivação
Na derivação, formam-se novas palavras a partir de um radical ao qual, geralmente, se somam afixos.

Tipos de derivação
• Derivação prefixal ou prefixação: a nova palavra se forma pelo acréscimo de prefixo a um radical.
Ex.: supermercado (super + mercado); imoral (i + moral).
• Derivação sufixal ou sufixação: a nova palavra se forma pelo acréscimo de sufixo a um radical.
Ex.: ricaço (ric + aço); moralidade (moral + idade).
• Derivação prefixal e sufixal: a nova palavra se forma pelo acréscimo não simultâneo de prefixo e sufixo.
Ex.: imoralidade (i + moral + idade).
• Derivação parassintética ou parassíntese: a nova palavra se forma pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo.
Ex.: repatriar (re + pátria + r).
Atenção: a palavra somente é formada por parassíntese se, ao tirarmos o prefixo ou o sufixo, ela deixar de ter sentido.
Não existe, por exemplo, patriar. Se, tirando o prefixo ou sufixo, a palavra continuar com sentido (infelizmente = infeliz e
felizmente), ela foi formada por derivação prefixal e sufixal.
• Derivação regressiva: nesse caso, um verbo dá origem a um substantivo. Retira-se a terminação verbal e faz-se o
acréscimo das vogais temáticas nominais -a, -e, -o ao radical do verbo. 
Ex.: resgate (tem origem em resgatar); luta (tem origem em lutar).
• Derivação imprópria: a nova palavra se forma pela alteração de sua classe gramatical. Por exemplo: na frase “Andei
observando e constatei – nem tudo é mel na vida das abelhas”, de Millôr Fernandes, a palavra “mel” está qualifi-
cando a vida das abelhas, e não nomeando o produto por elas produzido. Nesse contexto, a palavra exerce função
de adjetivo, embora sua classe original seja a dos substantivos.

Composição
No processo de composição, uma nova palavra é formada a partir de dois ou mais radicais. Esse tipo de formação pode
ocorrer por justaposição ou por aglutinação.
• Justaposição: os radicais, ao serem unidos, não sofrem alteração gráfica ou fonética, é preservada, portanto, a
individualidade desses morfemas.
Ex.: couve-flor, pontapé, girassol.
• Aglutinação: os radicais, ao serem unidos, sofrem alteração gráfica e fonética. Havendo maior integração entre
esses morfemas, perde-se a delimitação vocabular.
Ex.: pernilongo (perna + longa); embora (em + boa + hora); lobisomem (lobo + homem).

44 Livro de Revisão 1
Processos secundários: redução, onomatopeia,
hibridismo
A redução ou abreviação consiste em reduzir a palavra.
Ex.: micro[computador], moto[cicleta].
Uma palavra é formada por hibridismo quando composta por elementos de línguas diferentes.
Ex.: burocracia (buro – francês/cracia – grego), endovenoso (endo – grego/venoso – latim).
A onomatopeia é o processo de formação de palavras que buscam reproduzir ruídos ou sons.
Ex.: reco-reco, trovejar, miar.

27. (EsPCEx – SP) São palavras primitivas: Palavras simples Em: “– Esteja sempre aberto ao aprendizado e troca de
a) época – engarrafamento – peito que não resultam experiências”, os vocábulos destacados são formados,
– suor de outra dentro da respectivamente, a partir de processos de
língua portuguesa.
b) sala – quadro – prato – brasileiro a) derivação sufixal e derivação imprópria.
c) quarto – chuvoso – dia – hora b) composição por aglutinação e derivação prefixal.
X d) casa – pedra – flor – feliz c) derivação sufixal e composição por justaposição.
e) temporada – narcotráfico – televisão – passatempo X d) derivação sufixal e derivação regressiva.
28. (UFAL) e) derivação prefixal e derivação regressiva.
Qual a minha relevância para os 29. (EsPCEx – SP) Ao se alistar, não imaginava que o com-
negócios? bate pudesse se realizar em tão curto prazo, embora o
Diariamente, precisamos nos esforçar para dar ribombar dos canhões já se fizesse ouvir ao longe.
contribuições que agreguem valor ao sistema,
Quanto ao processo de formação das palavras sublinhadas,
tornar produtivos os pontos fortes da organiza-
é correto afirmar que sejam, respectivamente, casos de
ção e concentrar esforços para atingir os resul-
tados. Para você continuar tendo destaque em a) prefixação, sufixação, prefixação, aglutinação e
suas atividades e manter sua relevância, listamos onomatopeia.
algumas orientações: – Conheça os processos da
empresa e suas interações; – Domine os proces- X b) parassíntese, derivação regressiva, sufixação, agluti-
sos com os quais você está envolvido; – Tenha nação e onomatopeia.
clareza na conduta e cobre isso de seus pares e c) parassíntese, prefixação, prefixação, sufixação e deri-
subordinados; – Desenvolva habilidades de co-
vação imprópria.
municação; – Esteja sempre aberto ao aprendi-
zado e troca de experiências. Lembre-se: Quem d) derivação regressiva, derivação imprópria, sufixação,
não se desenvolve e não contribui é eliminado. justaposição e onomatopeia.
Boa sorte.
e) parassíntese, aglutinação, derivação regressiva, justa-
Disponível em: http://www.administradores.com.br/05 jun. 2012.
Acessado em: 2012-07-03. posição e onomatopeia.

Língua Portuguesa 45
30. (FEI – SP) Identificar a alternativa que indica corretamen- b) Os processos de formação de palavras envolvidos
te os processos de formação das palavras destacadas no vocábulo “desintermediação” não ocorrem simul-
taneamente. Tendo isso em mente, descreva como
I. Ao ANOITECER, o PLANALTO fica deserto.
ocorre a formação da palavra “desintermediação”.
II. O raio ultravioleta provocou um ATAQUE danoso ao
Para formar a palavra intermediação, inicialmente se faz o
material.
a) derivação sufixal, justaposição, aglutinação acréscimo do sufixo -ação ao radical medi. Depois, inclui-se

X b) parassíntese, aglutinação, derivação regressiva o prefixo inter- à mediação. Depois, deve ocorrer uma nova

c) derivação prefixal, aglutinação, justaposição prefixação (com o prefixo des-): des + inter + medi + ação.
d) derivação prefixal e sufixal, justaposição, parassíntese
e) parassíntese, justaposição, derivação regressiva
31. (UNICAMP – SP)
A sobrevivência dos meios de comunicação
tradicionais demanda foco absoluto na qualida-
de de seu conteúdo. A internet é um fenômeno
de desintermediação. E que futuro aguardam os
meios de comunicação, assim como os partidos 32. (ENEM)
políticos e os sindicatos, num mundo desinter-
mediado? Só nos resta uma saída: produzir in- TEXTO I
formação de alta qualidade técnica e ética. Ou Um ato de criatividade pode contudo gerar um
fazemos jornalismo de verdade, fiel à verdade modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a pa-
dos fatos, verdadeiramente fiscalizador dos po- lavra sambódromo, criativamente formada com
deres públicos e com excelência na prestação de a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura
serviços, ou seremos descartados por um consu- em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas
midor cada vez mais fascinado pelo aparente au- que designam itens culturais da alta burguesia.
tocontrole da informação na plataforma virtual. Não demoraram a circular, a partir de então, for-
Carlos Alberto di Franco, Democracia demanda
mas populares como rangódromo, beijódromo,
jornalismo independente. camelódromo.
(O Estado de São Paulo, São Paulo, 14/10/2013, p. A2.) AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. São Paulo:
Publifolha, 2008.
a) “Desintermediação” é um termo técnico do campo
TEXTO II
da comunicação. Ele se refere ao fato de que os
meios de comunicação tradicionais não mais detêm o Existe coisa mais descabida do que chamar de
monopólio da produção e distribuição de mensagens. sambódromo uma passarela para desfile de esco-
Considerando esse “mundo desintermediado”, iden- las de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação
tifique duas críticas ao jornalismo atual formuladas de correr, lugar de corrida”, daí as palavras autó-
pelo autor. dromo e hipódromo. É certo que, às vezes, du-
Depreende-se, pelo texto, que o jornalismo atual não produz rante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a
correr para não perder pontos, mas não se desloca
informação de alta qualidade técnica e ética; é falho na com a velocidade de um cavalo ou de um carro de
Fórmula 1.
prestação de serviços; não é suficientemente comprometido
GULLAR, F. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 3
com a veracidade dos fatos e com a fiscalização do poder ago. 2012.

público. Há nas línguas mecanismos geradores de palavras.


Embora o Texto II apresente um julgamento de valor
sobre a formação da palavra sambódromo, o processo
de formação dessa palavra reflete

46 Livro de Revisão 1
X a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras.
b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras.
c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos.
d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos.
e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego.
33. (UNICAMP – SP)
“A intenção é salvar o Brasil.”
Ana Paula Logulho, professora e entusiasta da segunda “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que
pede uma intervenção militar no país e pretendeu reeditar, no sábado, a passeata de 19 de março de 1964, na
capital paulista, contra o governo do Presidente João Goulart.
“Será um evento esculhambativo em homenagem ao outro de São Paulo.” José Caldas, organizador da
“Marcha com Deus e o Diabo na Terra do Sol”, convocada pelo Facebook para o mesmo dia, no Rio de Janeiro.
(O Estado de São Paulo, 23/03/2014, Caderno Aliás, E4. Negritos presentes no original.)

a) Descreva o processo de formação de palavras envolvido em “esculhambativo”, apontando o tipo de transformação


ocorrida no vocábulo.
A palavra “esculhambativo” foi formada por derivação sufixal, pois, ao radical, somou-se o sufixo -(t)ivo, cuja função é criar adjetivo a

partir de verbo.

b) Discorra sobre a diferença entre as expressões “evento esculhambado” e “evento esculhambativo”, considerando as
relações de sentido existentes entre os dois textos acima.
A expressão evento esculhambado passa apenas a ideia de um evento desorganizado. Mas, quando se usa a expressão “evento

esculhambativo”, no caso, referindo-se à Marcha com Deus e o Diabo na Terra do Sol, passa a haver uma ideia de zombaria, de

ridicularização do outro evento citado no texto – a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

34. (UFSM – RS) Observe o quadro com alguns processos de formação de palavras.

1 prefixal
A – DERIVAÇÃO 2 sufixal

1 justaposição
B – COMPOSIÇÃO
2 aglutinação

As palavras “chatíssimo” e “socialista” correspondem, respectivamente, às seguintes combinações:


a) A1, B1 X b) A2, A2 c) B1, B2 d) A2, B2 e) B1, A1
35. (INSPER – SP) Leia a tirinha a seguir.

(Folha de São Paulo, 11/06/2011)

Língua Portuguesa 47
Os mesmos processos de formação dos termos em desenvolvidos robôs experimentais com conside-
negrito aparecem, respectivamente, em rável sofisticação.
a) anoitecer, votação, inútil, violação e tristemente. Muitos cientistas já se convenceram de que essa
tecnologia não é apenas possível, mas inevitável.
b) retenção, suavidade, desmatamento, infelizmente e Hoje em dia, a “era dos robôs” continua situada
firmamento. em algum lugar do futuro, mas está cada dia mais
c) enlatado, ajuda, remissão, dignidade e abolição. próxima. Sendo assim, daqui a alguns anos, não
pegaremos numa vassoura que não seja através
d) reação, geração, abstenção, lição e afrontamento. de um robô.
X e) magreza, medidor, firmamento, dignidade e violação. Como dizia o escritor Oscar Wilde, a civilização
36. (UFAM) precisa de escravos. Que os escravos sejam, então,
as máquinas. Por isso, esses robôs têm que ser
Há muito tempo, o homem sonha construir construídos, para que tenhamos um novo ama-
máquinas que possam livrá-lo das tarefas ente- nhecer em nossa vida, com um enlace entre ho-
diantes do dia a dia. Durante todo o século XX, mens e máquinas.
os escritores de ficção científica estavam preocu- BALCH, Tucher. “As Maravilhosas máquinas inteligentes do futuro”.
pados em criar histórias sobre robôs que serviam Texto adaptado.
seus mestres em tudo, sem reclamar e sem se
Assinale a alternativa em que aquilo que se afirma de
cansar. Essa era uma visão tentadora, mas, do palavra tirada do texto NÃO está correto:
ponto de vista tecnológico, até o final do sécu-
lo XX continuava a ser um sonho remoto, sim- a) “incansavelmente” possui os seguintes elementos
plesmente porque não houve meios de construir mórficos: in (prefixo); cans (radical); ável (sufixo nomi-
essas máquinas. Que atrasados ainda somos! E, nal); mente (sufixo adverbial).
apesar da rejeição de muitos, essa perspectiva b) “estavam” possui os seguintes elementos mórficos:
tem um quê de atraente. est (radical); a (vogal temática); va (desinência modo-
Alguns pesquisadores dos Estados Unidos, da -temporal); m (desinência número-pessoal).
Europa e do Japão continuam a perseguir, incan- X c) “trabalho” é palavra formada por derivação imprópria.
savelmente, o sonho de criar servidores robóticos
multifuncionais, que possam fazer o trabalho pe- d) “amanhecer” é vocábulo formado por derivação
sado. A busca tem sido difícil e os progressos, len- parassintética.
tos. No entanto, a partir do ano 2000, vêm sendo e) “enlace” é vocábulo formado por derivação regressiva.

Classes gramaticais
No português, estima-se que haja cerca de 500 mil palavras, as quais, quando combinadas, permitem aos falantes
produzir, de acordo com suas necessidades comunicativas, textos claros, coesos, coerentes, etc. Cada palavra desempenha
determinada função no enunciado e, dessa forma, contribui para a comunicação se efetivar. De acordo com a função
desempenhada, podemos agrupar as palavras nas chamadas classes gramaticais.
A parte da gramática que se ocupa da observação, descrição e análise dessas classes e das palavras que as constituem
é a morfologia.

As classes gramaticais, e as respectivas funções, são


substantivos: dão nomes a seres, lugares, sentimentos, percepções, etc.
adjetivos: caracterizam substantivos, atribuindo-lhes qualidade ou estado.
artigos: antecedem o substantivo para individualizá-lo ou generalizá-lo.

48 Livro de Revisão 1
pronomes: acompanham ou substituem os substantivos.
verbos: expressam ações, estados e fenômenos da natureza.
numerais: indicam quantidade, posição em uma sequência, aumento ou diminuição proporcional de quantidade ou,
ainda, designam um conjunto formado por uma quantidade exata de seres.
advérbios: modificam verbos, adjetivos e outros advérbios, indicando diferentes circunstâncias.
preposições: relacionam palavras, estabelecendo conexões entre elas.
conjunções: relacionam orações, estabelecendo relações de sentido entre elas.
interjeições: exprimem emoções, estados de espírito, sensações.

Substantivo
Já se viu anteriormente que são consideradas substantivos as palavras cuja função é denominar. Se tudo (pessoas,
coisas, lugares, sentimentos...) tem um nome, essa é uma classe de palavras-chave para a comunicação. Os substantivos,
como os verbos, são elementos fundamentais em torno dos quais se organizam os períodos.
Por ser uma classe numerosa, os substantivos são divididos observando-se traços comuns.
Critério o substantivo pode ser Exemplos
Quanto ao ser nomeado, comum: nomeia o ser de forma generalizada país, crianças
próprio: nomeia o ser de maneira específica Itália, Manuela
Quanto à existência do ser, concreto: designa ser de existência independente gelo, mãezinha, remédio
abstrato: designa ser de existência dependente, beijo,
como ações, qualidades e estados saúde
Quanto ao número de radicais, simples: é formado por apenas um radical sol, leão
composto: é formado por dois ou mais radicais girassol, boca-de-leão
Quanto à origem, primitivo: dá origem a outras palavras forno, papel, folha
derivado: tem origem em outra(s) palavra(s) fornalha, papelaria, folhagem
Quanto à designação de grupos de seres, coletivo clientela, elenco, colmeia, flora

Os substantivos são considerados palavras variáveis, visto que mudam de forma de acordo com gênero, número e grau.

Gênero
No português, há dois gêneros – masculino e feminino – e todo substantivo se encaixa em um ou outro grupo. São
masculinos aqueles que aceitam artigo o, e femininos aqueles que aceitam artigo a.
Quanto ao gênero, os substantivos que designam pessoas e animais admitem flexão e podem ser
biformes: formas distintas para os gêneros feminino e masculino.
Ex.: filho/filha, pai/mãe (nesse caso, em que o radical dos substantivos é diferente, diz-se que são heterônimos).
uniformes: uma só forma para o masculino e o feminino. Os substantivos uniformes dividem-se em
• comum de dois gêneros: a distinção entre masculino e feminino é feita por um determinante do substantivo
(artigo, numeral ou adjetivo).
Ex.: o/a jornalista, dois/duas artistas, simpático/simpática estudante, aquele/aquela doente.

Língua Portuguesa 49
• sobrecomum: a distinção entre feminino e masculino se dá pelo contexto.
Ex.: Juliana é muito estudiosa, é uma criança que vai muito bem na escola.
• epiceno: nomeia animais e plantas. A distinção se dá pela presença das palavras “macho” ou “fêmea” .
Ex.: baleia macho/baleia fêmea, mamoeiro macho/mamoeiro fêmea.

Na flexão dos substantivos, convém estar atento à mudança semântica de acordo com a flexão de gênero.
Ex.: o rádio/a rádio.

Número
A flexão de número compreende o singular e o plural. No português, o plural é, geralmente, marcado pela presença da
desinência -s e o singular, por sua ausência.
Convém estar atento aos seguintes casos:
• metafonia – muitas vezes, ocorre a passagem do fonema /o/ (fechado) para o fonema / / (aberto), quando a pala-
vra é flexionada no plural.
Ex.: ovo → ovos.
• deslocamento de sílaba tônica – há palavras cuja sílaba tônica muda quando flexionadas no plural.
Ex.: caráter → caracteres.
• variações semânticas – algumas palavras mudam de significado quando flexionadas em número.
Ex.: costa (litoral) → costas (parte posterior do tronco humano).
• palavras só utilizadas no plural – há palavras que não têm forma singular. Mas, atenção, para não confundir com
palavras cuja flexão se dá no determinante (principalmente artigo) que acompanha o substantivo, como ocorre em
o(s) ônibus.
Ex.: belas-artes, trevas, núpcias.
• plural de palavras no diminutivo – nesse caso, flexiona-se o substantivo e, posteriormente, adiciona-se o sufixo
de diminutivo.
Ex.: jornalzinho → jornais + zinho → jornaizinhos.
• plural de substantivos compostos
Regra geral flexionam-se os elementos separadamente altos-relevos, beija-flores
Palavras repetidas ou onomatopeias apenas o último elemento se flexiona quero-queros
Elementos ligados por preposição apenas o primeiro elemento se flexiona canas-de-açúcar
O segundo elemento indica tipo ou espécie apenas o primeiro elemento se flexiona papéis-moeda

Diminutivo e aumentativo
Os substantivos podem apresentar sufixos, ou serem acompanhados de adjetivos, que indiquem significação aumen-
tada ou diminuída. Os dois processos de formação de aumentativo e diminutivo estão descritos a seguir.

sintético consiste no acréscimo de um sufixo caderninho; cabelão


analítico consiste no emprego de um adjetivo caderno pequeno; cabelo comprido

50 Livro de Revisão 1
Convém ter atenção a estes casos:
• há formas diminutiva e aumentativa que não traduzem tamanho, e sim avaliação positiva (evidenciando carinho)
ou negativa (evidenciando desprezo).
Ex.: golaço (forma afetiva), jogadorzinho (forma pejorativa).
• mudança semântica – algumas palavras mudam de sentido quando no diminutivo/aumentativo sintético.
Ex.: portão ≠ porta grande, cavalete ≠ cavalo pequeno.

37. (FUVEST – SP) A enumeração de substantivos expressa c) substantivo, assume o sentido de “identidade pátria”,
gradação ascendente em: tal como ocorre com o sufixo “ês” nas palavras “por-
tuguês” e “francês”.
a) “menino mais gracioso, inventivo e travesso”.
d) adjetivo, assume o sentido de “identidade pátria”, tal
b) “trazia-o animado, asseado, enfeitado”.
como ocorre com o sufixo “ense” nas palavras “cana-
c) “gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou per- dense” e “israelense”.
seguir lagartixas”.
39. (UFGD – MS) Leia o texto a seguir.
d) “papel de rei, ministro, general”.
Novo vice, velho vício
X e) “tinha garbo [...], e gravidade, certa magnificência”.
Para muitos de seus eleitores, a candidatura de
38. (UNIEVANGÉLICA – GO) Marina Silva há de expressar a aspiração por uma
Economês – A Folha combate o economês, um “nova política”, tal como se fez nas manifestações
vício de estilo comum em jornalismo econômico, de junho de 2013.
como se vê no seguinte exemplo: A autoridade A militante ambientalista por certo preserva a
monetária está praticando uma política contra- aura de respeitabilidade pessoal e firmeza de com-
cionista de elevação de juros reais com o obje- promissos que marcou sua carreira, sobretudo, por
tivo de tentar conter o crescimento dos índices ocasião de seu rompimento com o governo Lula.
inflacionários. Todos os termos técnicos e jargões Não constitui sinal de inovação, porém, o re-
devem ser evitados ou explicados em linguagem sultado dos entendimentos que, após a morte
compreensível para qualquer leitor. de Eduardo Campos, no último dia 13, de-
MANUAL de Redação da Folha de S. Paulo. São Paulo: Publifolha, terminaram a nova chapa do PSB nas eleições
2010. p. 66. (Adaptado). presidenciais.
A palavra “economês”, conforme usada no Manual de Tendo Marina assumido, como é natural, o
Redação da Folha de S. Paulo, constitui um neologismo posto de Campos, coube ao PSB indicar o can-
formado a partir de um processo morfológico, no qual o didato a vice. Trata-se do deputado federal Beto
sufixo “ês”, que dá origem a um Albuquerque, do Rio Grande do Sul. O escolhi-
do terá, sem dúvida, todas as credenciais ideo-
a) adjetivo, assume o sentido de “sistema idiomático”, tal lógicas necessárias para representar seu partido
como ocorre com o sufixo “ano” nas palavras“peruano” – o qual não se destaca por extrema rigidez nesse
e “nigeriano”. quesito.
X b) substantivo, assume o sentido de “sistema idiomá- É fora de questão, entretanto, que seus com-
tico”, tal como ocorre com o sufixo “ano” nas palavras promissos em muito divergem do ideário “ma-
“coreano” e “italiano”. rineiro”. No governo Lula, do qual foi vice-líder

Língua Portuguesa 51
na Câmara, Beto Albuquerque teve papel de im- c) “Nada que essas maquininhas onipresentes possam
portância na liberação da soja transgênica. registrar, elas que jamais entenderiam a fina ironia de
[...] Fernando Pessoa no Poema em linha reta...”
Diga-se, em favor de Beto Albuquerque, que d) “Ele, que procurava a poesia nos pequenos gestos, no
também propôs leis proibindo o financiamento cotidiano que se desdobrava em surpresas, nos refle-
público a agricultores que não tenham saldado xos impensados, jamais empilharia a coleção de sorrisi-
dívidas por multas ambientais; sua atuação tem nhos forçados que caracteriza a obsessão pelos clics.”
procurado conciliar, ademais, os interesses do
agronegócio com o estímulo à agricultura familiar. e) “Não é que um cidadão saca seu iPad e passa um
[...] tempão checando os e-mails, dedinhos nervosos para
cima e para baixo, com a tela iluminando a penumbra
Reproduz-se, sob o signo da pressa – mas tam-
indispensável para a fruição plena do espetáculo?”
bém do cálculo –, a disparidade que caracterizou
as dobradinhas Fernando Collor e Itamar Fran- 41. (IFMG) Considere o trecho abaixo:
co, em 1989, ou Luiz Inácio Lula da Silva e José
Alencar, em 2002 e 2006. Do que ficou dito até aqui, sabe-se que a finali-
dade do advérbio é servir ao verbo, acrescentan-
Novidade, clareza e coerência? Talvez isso
fique para depois. do a ele uma circunstância qualquer. Sabe-se, no
entanto, que o advérbio é cedido do mundo dos
O autor do texto criou o neologismo “marineiro”. Em rela- acontecimentos ao mundo dos nomes, para au-
ção a esse neologismo, pode-se afirmar: xiliar o adjetivo – no grau superlativo absoluto
I. É formado por derivação sufixal a partir do substantivo analítico – a intensificar ao máximo a qualidade
primitivo “Marina”. atribuída a um substantivo.
II. É formado por analogia a “marinheiro”. Disponível em: <http://linguaportuguesa.uol.com.br/
linguaportuguesa/gramatica-ortografia/49/classesde- palavras-velhas-
III. Explica-se o uso das aspas em “marineiro” por se tra- formas-novas-funcoes-327748-1.asp>. Acesso em: 22 nov. 2014.
tar de um neologismo.
O “mundo dos acontecimentos” e o “mundo dos nomes”
IV. Trata-se de um substantivo comum que significa “re- citados no texto apresentam, respectivamente, como
lativo a Marina Silva”. classes gramaticais principais:
V. Trata-se de um adjetivo que significa “relativo a Mari- a) o adjetivo e o substantivo.
na Silva”.
X b) o verbo e o substantivo.
VI. Trata-se de um substantivo próprio que significa “rela-
tivo a Marina Silva”. c) o verbo e o advérbio.
São verdadeiras as afirmações: d) o adjetivo e o verbo.
X a) I, II, III, V. 42. (CESGRANRIO – RJ) Na formação do plural dos substan-
tivos compostos, quando os elementos componentes são
b) I, III, V.
ligados por hífen, podem variar todos ou apenas algum
c) I, III, IV. deles.
d) I, III, VI. A mesma formação do plural de “marca-passo” é encon-
e) II, IV, VI. trada em
40. (CEFET – MG) O emprego do diminutivo nos termos em a) amor-perfeito, vaga-lume, tique-taque
destaque NÃO tem valor irônico em: b) guarda-louça, ano-luz, cachorro-quente
a) “O mundinho virtual exige estado de êxtase
c) mesa-redonda, má-fé, sem-razão.
permanente.”
X d) porta-relógio, beija-flor, quebra-mar
X b) “Os quadrinhos exploraram o assunto também na
série do Mundo bizarro, do Super-Homem.” e) vice-diretor, terça-feira, primeiro-ministro

52 Livro de Revisão 1
Determinantes do substantivo
São determinantes do substantivo os artigos, os adjetivos, os numerais e os pronomes adjetivos. Eles acompanham
o substantivo e concordam com este em gênero e número.

Artigo
Os artigos são palavras que antecedem o substantivo, especificando-o (artigos definidos) ou generalizando-o (artigos
indefinidos).
• Artigos definidos: o(s), a(s) • Artigos indefinidos: um(uns), uma(s)
Convém ter atenção a algumas situações de uso do artigo.
1. Substantivação: se um artigo for anteposto a uma palavra qualquer, esta assumirá função, naquele contexto, de
substantivo.
O bater das asas da borboleta online.
8 DE ABRIL DE 2013, 12:43 TAGS
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GALASTRI, Luciana. O bater das asas da borboleta online.


Disponível em: <http://colunas.revistagalileu.globo.com/
colunistas/2013/04/08/o-bater-das-asas-da-borboleta-online/>.
Acesso em: 11 fev. 2016.

2. Artigo é facultativo antes de:


• pronomes possessivos.
Ex.: Meus parentes virão nos visitar. / Os meus parentes virão nos visitar.
• nomes de pessoas.
Ex.: Anita é minha amiga de infância. / A Anita é minha amiga de infância.
3. Não se usa artigo:
• depois de pronomes cujo(s), cuja(s).
Ex.: É enorme a árvore cujas folhas caíram.
• com as palavras casa (designando residência) e terra (em oposição a mar).
Ex.: Vinha apressado de casa.
Estavam a bordo ansiosos por descer a terra. Tanto a palavra terra quanto bordo dispensam artigo.
O a que as antecede é preposição exigida pela regência.
4. Palavra todo:
• todo + singular = generalização
Ex.: Toda criança menor de 5 anos deve ser vacinada.
Equivale a “qualquer criança”.

• todo + artigo + singular/plural = totalidade


Ex.: Todo o bairro será revitalizado.
Equivale ao “bairro inteiro”.
Todas as casas foram inspecionadas.

Língua Portuguesa 53
• Se seguido de numeral, só há artigo se houver substantivo.
Ex.: Todos os cinco competidores receberão menção honrosa. / Todos cinco receberão menção honrosa.
5. Topônimos: de forma geral, não se usam artigos diante de nomes de cidades, estados, países, etc. No entanto, deve-
-se considerar caso a caso, pois há várias exceções.
Ex.: Visite Belo Horizonte. Viajei ao Rio de Janeiro a trabalho.

Se o topônimo estiver especificado, usa-se artigo. Ex.: Visite a acolhedora Belo Horizonte.

Numeral
A classe dos numerais é constituída por palavras que indicam, principalmente, quantidade (um, dois, três...). Nesse caso,
são chamados cardinais. Mas, os numerais podem indicar ainda
• posição em uma ordem ou sequência (primeiro, segundo, terceiro...), recebendo o nome de ordinais;
• aumento proporcional (dobro, triplo...) e chamam-se multiplicativos;
• diminuição proporcional (metade, um terço...), recebendo o nome de fracionários;
• quantidade exata de seres em um grupo (dúzia, semana, década...), chamados de coletivos.

Adjetivo
Os adjetivos qualificam os substantivos, imprimindo uma avaliação ou juízo de valor referente ao ser nomeado. Acom-
panhando o substantivo, também variam em gênero e número.
A mesma função pode ser realizada por uma locução adjetiva, isto é, uma expressão formada por preposição +
substantivo. adjetivo

Ex.: atendimento de graça = atendimento gratuito


locução adjetiva
Gênero
Os adjetivos devem concordar com o substantivo em gênero e podem ser
• uniformes: alimento saudável/alimentação saudável.
• biformes: o menino esperto/a menina esperta.
Sobre o gênero, convém observar os casos a seguir.
• Os adjetivos biformes simples fazem o feminino segundo as mesmas regras dos substantivos. Nos adjetivos com-
postos, flexiona-se apenas o último elemento (convênio franco-brasileiro/associação franco-brasileira), com exce-
ção de surdo-mudo, cujo feminino é surda-muda.
• Metafonia – muitas vezes, ocorre a passagem do fonema /o/ (fechado) para o fonema / / (aberto), quando a pala-
vra é flexionada no feminino.
Ex.: trabalhoso → trabalhosa.

54 Livro de Revisão 1
Número
Também em número, o adjetivo pode ser uniforme – moço(a) hábil – ou biforme e, nesse último caso, deve concordar
com o substantivo que acompanha (freguês antigo – fregueses antigos).
Nos adjetivos compostos, flexiona-se apenas o último elemento (convênios franco-brasileiros). São exceções à regra os
adjetivos surdo-mudo (surdos-mudos) e azul-marinho e azul-celeste, que são invariáveis.

Grau
Um adjetivo pode sofrer flexão de grau segundo duas possibilidades: comparativo e superlativo.
Grau comparativo
No grau comparativo, comparam-se seres que apresentam a mesma característica ou duas características em um
mesmo ser, estabelecendo relação de
• igualdade: O jasmim é tão cheiroso quanto o lírio [é cheiroso].
• superioridade: O jasmim é mais cheiroso do que bonito.
• inferioridade: O cultivo de jasmim é menos trabalhoso do que o de orquídea.
Grau superlativo
Indica a máxima intensidade de uma característica.
• Absoluto: a característica é intensificada sem que se estabeleçam relações com outros seres. O superlativo absoluto
pode assumir a forma sintética (Jairo é altíssimo.) ou analítica (Jairo é muito alto.). Na língua coloquial, o mesmo efeito
é alcançado pela repetição do adjetivo (Jairo é alto, alto.) ou da palavra intensificadora (Jairo é muito, muito alto.).
• Relativo: ressalta-se uma característica do ser em relação a outros seres. Pode ser de superioridade (Jairo é o mais
alto dos primos.) ou de inferioridade (Jairo é o menos alto dos primos.).

Atenção aos adjetivos bom, mal, pequeno e grande.

Comparativo de Superlativo
superioridade absoluto sintético
bom melhor ótimo o melhor
mau pior péssimo o pior
pequeno menor mínimo o menor
grande maior máximo o maior

Pronome
Os pronomes são palavras que substituem (pronome substantivo) ou acompanham (pronome adjetivo) o substantivo.

Tenho uma filha que tem 13 anos. Como fazer seu dinheiro render mais?
Quanto à função específica que desempenham, os pronomes podem ser:

Língua Portuguesa 55
1. pessoais – representam as três pessoas do discurso e podem ser retos, oblíquos e de tratamento. Os pronomes do
caso reto exercem função sintática de sujeito; os oblíquos, de complemento verbal, isto é, objeto.

Pronome reto Pronome oblíquo (função de objeto)


Pessoa do
(função de
discurso Átono (não preposicionado) Tônico (preposicionado)
sujeito)
1.ª eu me mim
Singular

2.ª tu te ti
3.ª ele(a) o(a), lhe, se ele(a), si
1.ª nós nos nós
Plural

2.ª vós vos vós


3.ª eles(as) os(as), lhes, se eles(as), si

Os pronomes pessoais de tratamento são considerados pronomes de 3.ª pessoa.


2. possessivos – indicam a que pessoa do discurso algo pertence. Flexionam-se em gênero e número, concordando
com o nome que acompanha.
Ex.: Agradeço suas palavras.

Pessoa do discurso Pronome possessivo


1.ª meu(s), minha(s)
Singular

2.ª teu(s), tua(s)


3.ª seu(s), sua(s)
1.ª nosso(s), nossa(s)
Plural

2.ª vosso(s), vossa(s)


3.ª seu(s), sua(s)

3. demonstrativos – flexionam-se, concordando com o nome a que se relacionam, e indicam posição em relação às
pessoas do discurso, no
• espaço
Este (e variações) indica que o ser pertence ou está próximo a quem fala.
Ex.: Este anel em meu dedo é lindo!
Esse (e variações) indica que o ser pertence ou está próximo à pessoa com quem se fala.
Ex.: Esse anel em seu dedo é lindo!
Aquele (e variações) indica distanciamento.
Ex.: Aquele anel na vitrine é lindo!
• tempo
Este (e variações) indica tempo presente ou futuro próximo.
Ex.: Nesta semana, estou muito ocupado.
Esse (e variações) indica passado próximo.
Ex.: Nesses dias, estávamos muito ocupados.
Aquele (e variações) indica passado distante.
Ex.: Lembra-se daquele seu aniversário?

56 Livro de Revisão 1
• texto
Este (e variações) faz referência à informação posterior (catáfora).
Ex.: Só isto me preocupa: não conseguir viajar.
Esse (e variações) faz referência à informação anterior (anáfora).
Ex.: Não consegui viajar, e isso me preocupou.
Aquele (e variações) é utilizado justamente com este (e variações) quando há dois referentes: o pronome este
refere-se ao elemento mais próximo e o pronome aquele, ao mais distante.

Ex.: Ana e Dora vieram à festa de aniversário; aquela me trouxe um jogo e esta, um vaso de flores.

É pronome demonstrativo o (e variações) se seguido de que ou de.


Ex.: Nunca vi algo como o que aconteceu. (= Nunca vi algo como aquilo que aconteceu.)
4. indefinidos – indicam, de modo impreciso, a 3.ª pessoa do discurso. Podem ser variáveis ou invariáveis.
Ex.: Todos já foram atendidos? Alguém precisa de ajuda?

Convém estar atento a alguns casos:


• posição do pronome algum (e variações) – antes do substantivo tem valor positivo; depois, tem valor negativo.
Ex.: Algumas respostas estão ilegíveis.
Justificativa alguma me convencerá. (equivale a “nenhuma”)
• certo é pronome se anteposto a substantivo; é adjetivo se posposto.
Ex.: Certas respostas são interessantes. (pronome, equivale a “algumas”)
Esta resposta está certa. (adjetivo, equivale a “correta”)
5. relativos – relacionam orações, evitando a repetição desnecessária de um termo, considerado antecedente. Podem
ser variáveis ou invariáveis.

antecedente: pessoas, coisas, lugares, objetos, etc.


que
Não pode ser usado com preposições com duas ou mais sílabas.
antecedente: pessoas.
quem
Sempre preposicionado.
antecedente: pessoas, coisas, lugares, objetos, etc.
o qual (e variações)
É utilizado principalmente para evitar ambiguidade.
cujo (e variações) Estabelece relação de posse.
onde antecedente: topônimo (lugar).
quanto antecedente: pronome indefinido.

Havendo preposição acompanhando o verbo da oração iniciada pelo relativo, esta deve ser posicionada antes do pro-
nome. Ex.: Comprei o livro. Eu gosto do livro. → Comprei o livro do qual eu gosto.
• interrogativos – são os pronomes que, quem, qual, quanto (e variações) empregados em frases interrogativas
diretas ou indiretas.
Ex.: Quem resolveu o teste? / Quero saber quem resolveu o teste.

Língua Portuguesa 57
43. (UNEAL) Em “Isso reflete a preocupação de cada um com X d) novo modelo.
o que atinge diretamente o próprio corpo”, o termo des-
e) homem algum.
tacado é
46. (IFSP) Esse texto do século XVI reflete um momento
a) uma preposição.
de expansão portuguesa por vias marítimas, o que de-
b) um artigo definido. mandava a apropriação de alguns gêneros discursivos,
c) uma conjunção integrante. dentre os quais a carta. Um exemplo dessa produção é
a Carta de Caminha a D. Manuel. Considere a seguinte
X d) um pronome demonstrativo. parte dessa carta:
e) um artigo indefinido.
Nela [na terra] até agora não pudemos saber que
44. (EsPCEx – SP) Assinale a única opção em que a palavra haja ouro nem prata... porém a terra em si é de
“a” é artigo. muito bons ares assim frios e temperados como
a) Hoje, ele veio a falar comigo. os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e
infindas. E em tal maneira é graciosa que queren-
b) Essa caneta não é a que te emprestei. do-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das
c) Convenci-a com poucas palavras. águas que tem, porém o melhor fruto que nela se
pode fazer me parece que será salvar esta gente e
d) Obrigou-me a arcar com mais despesas.
esta deve ser a principal semente que vossa alteza
X e) Marquei-te a fronte, mísero poeta. em ela deve lançar.
45. (INSPER – SP) O trecho apresentado é preponderantemente descritivo.
A classe de palavras que aparece associada a esse tipo
[...]
textual é o adjetivo. São exemplos de palavras dessa
O segundo exemplo é de conhecimento de mui- classe, no texto, as seguintes:
tos: uma peça publicitária que, para enaltecer as
qualidades de um carro, compara dois atores, um a) ...porém a terra em si é de muito bons ares...
considerado um grande ator e o outro, um ator X b) Águas são muitas e infindas.
grande. Nesse comercial, é um brasileiro que se
c) ...dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem...
presta a ocupar o lugar de ator grande (com atua-
ção considerada muito ruim em sua profissão). d) ...o melhor fruto que nela se pode fazer me parece
Foi dessa maneira que ele saiu do ostracismo e que será salvar esta gente
voltou a ser “famoso”. e) ...esta deve ser a principal semente que vossa alteza
Muitos jovens enalteceram a coragem do moço, em ela deve lançar.
sua beleza e o dinheiro que ele ganhou para fazer 47. (EsPCEx – SP) Assinale a alternativa em que o trecho
parte dessa campanha. [...]
sublinhado pode ser substituído por “lhe”, sem modificar
SAYÃO, Rosely. Folha de São Paulo, 13/09/2011 o sentido original.
No excerto acima, ao fazer um jogo de palavras com X a) A governanta batia no menino constantemente.
“ator grande” e “grande ator”, a autora produz diferentes b) A moça aspirou com gosto o suave perfume.
efeitos de sentido. A alteração da ordem das palavras só
NÃO produz mudanças de sentido em: c) Como o auxiliar via o fiscal de campo, Armando agiu
com calma.
a) pobre homem.
d) Ainda pensou em chamar o atendente.
b) estrela esportista.
e) Faltou informar o homem sobre o horário de visitas.
c) poesia simples.

58 Livro de Revisão 1
48. (UEPG – PR)

Vocabulário da Jovem Guarda


Com o movimento Jovem Guarda surgiram gírias, expressões e nova moda. Quase 50 anos depois, elas
caíram em desuso sendo completamente esquecidas, como, por exemplo, os termos gatinha, mina e broto
para designarem garotas. Legal para dizer que uma coisa era boa. Pô para expressar mais fortemente um
argumento. E bicho para falar com aquele amigo. Como? Gatinha, mina e broto são usados até hoje, quase
meio século depois! Pô, bicho! Legal!
Adaptado de: Piadas para morrer de rir. Número 10, EAN 789.776345.264. Editora Gênero. s/d.

Assinale a alternativa correta quanto à função do pronome elas em “... elas caíram em desuso, sendo completamente
esquecidas...”.
a) O pronome pessoal elas faz referência aos termos “gatinha, mina e broto”.
b) É usado para se referir às pessoas dos tempos da Jovem Guarda.
X c) Faz referência às palavras “gírias, expressões e nova moda”.
d) Liga-se à palavra “garotas”, usada logo após.
e) Liga-se à expressão “nova moda”, afinal foram muitas as novidades nessa época.
49. (UEMG) Leia a tira abaixo para responder ao que se pede.

Disponível em: <HTTP: tirinhasdografield.bogspot.com.br>.

O pronome demonstrativo usado por uma das personagens, no segundo quadrinho, é um elemento de coesão textual que
se refere
a) à expressão substantiva “dia dos namorados”.
X b) ao presente dado no dia dos namorados.
c) ao substantivo esposa, no primeiro quadrinho.
d) aos substantivos listados no terceiro quadrinho.
50. (UEPG – PR) As normas estabelecidas pela gramática normativa nem sempre são obedecidas na linguagem coloquial.
Com relação aos pronomes, podemos observar, no dia a dia, vários usos que não estão de acordo com a linguagem pa-
drão, mas já se incorporaram ao falar dos brasileiros. Assinale a única opção que está de acordo com a linguagem padrão.
a) Te contei que viajei pra Campinas na semana passada?
b) A gente precisa descobrir aonde tem livro e gibi de monte.
X c) Levei-a para assistir ao filme mais comentado do ano.
d) Você num acredita na tua namorada?
e) Carregava ela pra tudo que é lado, que nem um cachorrinho...

Língua Portuguesa 59
51. (EsPCEx – SP) Assinale a alternativa em que o uso dos pronomes relativos está em acordo com a norma culta da Língua
Portuguesa.
a) Busca-se uma vida por onde a tolerância seja, de fato, alcançada.
b) Precisa-se de funcionários com cujo caráter não pairem dúvidas.
c) São pessoas com quem depositamos toda a confiança.
d) Há situações de onde tiramos forças para prosseguir.
X e) José é um candidato de cuja palavra não se deve duvidar.
52. (UNIFESP)

Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar o pronome na fala da personagem – Maneiro encontrar tu! –
também ocorre em:
a) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha sido de nosso avô e de nosso pai.
b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela seria bastante difícil mesmo.
c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim o primeiro pedaço de bolo.
X d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali ele com a namorada nova.
e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem mais rancores nem tristezas.
53. (UFAM)
Escolhi a mesinha que estava na calçada e pedi um suco de frutas naturais mas sabendo que viria um
suco com sabor de frutas artificiais, as frutas de laboratório, os bebês de laboratório – mas onde estamos?
Enfim, já anunciaram que temos usinas nucleares, um dia vai chegar um sergipano (ou um paulistano, não
tenho preconceito de região) e vai apertar distraidamente o botão errado. Pronto. O Brasil vira memória.
E as pessoas tão inconscientes ouvindo uma musiquinha na porta da loja de discos. Também vejo um
homem engraxando o sapato. E, no prédio em frente, passam um filme certamente desinteressante: noto
que apenas um casal está na fila do cinema. Vejo também um velho com o netinho jogando migalhas para
os pombos. Chovem propagandas de produtos comerciais, poluindo a paisagem. Era bom antes, lembra?
Quando as paisagens eram limpas. Mas agora é tarde. É tarde no planeta.
(“É tarde no planeta”, de Lygia Fagundes Telles, no livro “A Disciplina do Amor”. Texto adaptado.)

Assinale a opção em que o vocábulo UM funciona como numeral e não como artigo:
a) “as pessoas tão inconscientes ouvindo uma musiquinha”
b) “pedi um suco de frutas naturais”
X c) “um casal está na fila do cinema”
d) “um velho com o netinho jogando migalhas para os pombos”
e) “um dia vai chegar um sergipano e vai apertar o botão errado”

60 Livro de Revisão 1
(UFSM – RS) Para responder às questões 54 e 55, leia o texto Menino na sinaleira, de Luiz Coronel, publicado na edição
de 17/12/05 do jornal Correio do Povo.

Menino na sinaleira
Há um menino
na sinaleira.

A idade se conta
nos dedos das mãos.

5 (E sobram dedos
para apontar os culpados.)

O menino
tem um tribunal às costas
e um shopping à frente.

10 Noite alta
o pisca-pisca amarelo
libera o menino.

Teríamos prantos
de lavar o para-brisa
15 fosse um só menino
na sinaleira

Em todas as sinaleiras
há um menino.

O coração petrifica-se.

20 O menino quer comprar


pão,
leite
e cola para cheirar.

Passam doutos
25 e preclaros*

Telefonia celular
e som digital.

E todos sabem
que não há sinal verde
30 para este país
enquanto houver
um menino na sinaleira.
* preclaros: notáveis, ilustres, distintos

Língua Portuguesa 61
54. Os pronomes indefinidos e o artigo indefinido um servem o significado de escritor famoso, erudito; a pos-
para expressar noções de indeterminação e de genera- posição dele indica a estatura do homem, pois
lização. Ao contrário, o numeral um destaca a noção de ele media um metro e meio. A significação é al-
quantidade determinada. terada, como com o adjetivo bom/boa, em “bom
professor” (competente) × “professor bom”
Levando essas informações em consideração, julgue se é
(bondoso) e “boa mulher” (bondosa) × “mulher
verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma sobre o uso e o
boa” (atraente) – esta se tornou bordão no hu-
funcionamento dessas três classes gramaticais no texto.
morístico Zorra Total, com Maria Clara Gueiros:
( ) A lógica do emprego de um como artigo é a seguinte: “Ô mulher boa!”.
uma vez que o texto trata os meninos nas sinaleiras WAGNER, L. R., CUNHA, D. S. W. Um adjetivo para Fina Estampa.
como problema social, o segmento um menino, no Língua Portuguesa. Segmento. São Paulo: março de 2012, n.º 77,
p. 22-23. (Texto adaptado)
início e no final do texto, reforça a ideia de qualquer
um dos inúmeros meninos de rua, sem referência a Texto II
uma criança específica.
( ) Nas linhas 13 a 18, expressa-se uma oposição entre
Mobilidade urbana
uma situação hipotética de o problema se restringir Sexta-feira, Marcelo Perrupato, secretário de
a uma única criança e a real situação dos meninos política nacional do Ministério dos Transpor-
nas sinaleiras. Assim, usa-se um, na linha 15, como tes, virá a BH especialmente para presidir o Se-
artigo indefinido e, na linha 18, como numeral. minário Mobilidade Urbana: Desafios e Priori-
dades, no auditório da Associação Comercial de
( ) No fechamento do texto, a palavra todos destaca
Minas. Evento promovido pela entidade e pela
que uma parcela dos brasileiros ainda não tem co-
Sociedade Mineira de Engenheiros. Assunto da
nhecimento do problema tratado.
mais alta importância, pois a maioria das gran-
A sequência correta é des cidades brasileiras caminha rapidamente
X a) V–F–F d) F – F – F para o caos. Ruas, viadutos e recursos viários
não suportam a avalanche desvairada de veícu-
b) F – V – V e) V – V – V los. Há absoluta necessidade de ampliação dos
c) V – V – F serviços de metrô e dos trens metropolitanos.
Situação terrível.
55. A presença de artigo ajuda a perceber a mudança de
Estado de Minas, caderno Em Cultura, 29 de julho de 2012, p. 3.
classe de palavras, que permanecem com a mesma for- (Texto adaptado)
ma. Em qual dos segmentos sublinhados há um exemplo
de substantivação? Assinale a alternativa que comenta CORRETAMENTE os
textos I e II:
Há um menino (a)
a) A verificação do comportamento sintático-semântico
na sinaleira. (b)
de todos os adjetivos do texto II confirma a tese do
A idade (c) se conta texto I: a anteposição ou posposição de adjetivos aos
nos dedos das mãos. (d) substantivos implica mudança de significado.
(E sobram dedos b) Os adjetivos viários e metropolitanos, das expressões
recursos viários e trens metropolitanos, poderiam vir
para apontar os culpados.) (e) X antepostos aos substantivos recursos e trens, respecti-
56. (UEMG) Leia atentamente os textos I e II para responder vamente, o que não causaria nenhum estranhamento.
à questão. X c) Poderia ser alterada a posição dos adjetivos grandes,
Texto I desvairada, absoluta e terrível, em relação aos subs-
tantivos cidades, avalanche, necessidade e situação,
A anteposição ou posposição de adjetivos aos respectivamente, sem alteração de significado.
substantivos implica mudança de significado. É d) Quando têm caráter apreciativo, isto é, quando
conhecida nas escolas a frase: “Rui Barbosa foi expressam a opinião do enunciador do texto, os adje-
um grande homem, mas não um homem gran- tivos devem sempre vir antepostos aos substantivos,
de”. A anteposição do adjetivo “grande” expressa como na expressão assunto da mais alta importância.

62 Livro de Revisão 1
57. (UFRN) Está bem. Tomo o meu café com pão dormido,
que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café
“As obras que a República manda editar para a vou me lembrando de um homem modesto que
propaganda de suas riquezas e excelências, logo conheci antigamente. Quando vinha deixar o
que são impressas completamente, distribuem- pão à porta do apartamento ele apertava a cam-
-se a mancheias(1) por quem as queira. Todos painha, mas, para não incomodar os moradores,
as aceitam e logo passam adiante, por meio de avisava gritando:
venda. Não julgue o meu correspondente que
– Não é ninguém, é o padeiro!
os “sebos” as aceitem. São tão mofinas, tão es-
candalosamente mentirosas, tão infladas de um Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de
otimismo de encomenda que ninguém as com- gritar aquilo?
pra, por sabê-las falsas e destituídas de toda e “Então você não é ninguém?”
qualquer honestidade informativa, de forma a Ele abriu um sorriso largo. Explicou que
não oferecer nenhum lucro aos revendedores de aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe
livros, por falta de compradores. acontecera bater a campainha de uma casa e ser
Onde o meu leitor poderá encontrá-las, se quer atendido por uma empregada ou outra pessoa
ter informações mais ou menos transbordantes de qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de den-
entusiasmo pago, é nas lojas de merceeiros(2), nos tro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que
açougues, nas quitandas, assim mesmo em frag- o atendera dizer para dentro: “não é ninguém,
mentos, pois todos as pedem nas repartições pú- não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo
blicas para vendê-las a peso aos retalhistas de carne que não era ninguém...
verde, aos vendeiros e aos vendedores de couves. Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se
Contudo, a fim de que o meu delicado missi- despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo
vista não fique fazendo mau juízo a meu respeito, para explicar que estava falando com um cole-
vou dar-lhe algumas informações sobre o podero- ga, ainda que menos importante. Naquele tempo
so e rico país da Bruzundanga.” eu também, como os padeiros, fazia o trabalho
noturno. Era pela madrugada que deixava a re-
LIMA BARRETO, Afonso Henriques de. Os Bruzundangas. Rio – São
Paulo – Fortaleza: ABC Editora, 2005. p. 33. dação de jornal, quase sempre depois de uma
(1)
em abundância (2) donos de mercearia passagem pela oficina – e muitas vezes saía já
levando na mão um dos primeiros exemplares
O pronome lhe (linha 23) está relacionado rodados, o jornal ainda quentinho da máquina,
X a) à pessoa que escreveu para o narrador. como pão saído do forno.
b) a um funcionário público. Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo!
E às vezes me julgava importante porque no jor-
c) à pessoa que chamou o narrador de desajuizado. nal que levava para casa, além de reportagens
d) a um revendedor de livros. ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma
crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e
58. (IFSC) o pão estariam bem cedinho na porta de cada
O padeiro lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição
de humildade daquele homem entre todos útil e
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro!”
chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do
E assobiava pelas escadas.
apartamento – mas não encontro o pão costumei-
ro. No mesmo instante me lembro de ter lido al- BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de;
SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes; BRAGA, Rubem. Para
guma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve gostar de ler: v. 1. Crônicas. 12ª. ed. São Paulo: Ática, 1982. p. 63-64.
do pão dormido”. De resto não é bem uma greve,
é um lock-out, greve dos patrões, que suspende- Quanto à classe gramatical das palavras do texto, é cor-
ram o trabalho noturno; acham que obrigando o reto afirmar que:
povo a tomar seu café da manhã com pão dormi- a) em “Ele me contou isso sem mágoa nenhuma”, a
do conseguirão não sei bem o que do governo. palavra “mágoa” é um pronome.

Língua Portuguesa 63
b) em “recebi a lição de humildade”, a palavra “humil- quase morreu ainda está vivo, quem quase amou
dade” é um advérbio. não amou. Basta pensar nas oportunidades que
c) em “ainda que menos importante”, a palavra “menos” escaparam pelos dedos, nas chances que se per-
é um numeral. dem por medo, nas ideias que nunca sairão do
papel por essa maldita mania de viver no outono.
X d) em “não encontro o pão costumeiro”, a palavra “cos-
tumeiro” é um adjetivo. Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher
uma vida morna; ou melhor, não me pergunto,
e) em “Muitas vezes lhe acontecera”, a palavras “mui- contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada
tas” é um verbo. na distância e frieza dos sorrisos na frouxidão dos
59. (UFAM) Assinale a frase em que o pronome pessoal está abraços, na indiferença dos “Bom Dia” quase que
empregado corretamente: sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até
a) Entre eu e tu, não existe mais a antiga e sólida para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouque-
amizade. ce, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos
para decidir entre a alegria e a dor, mas não são.
b) Os problemas surgidos na empresa têm de ser resol-
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o
vidos por eu e você.
mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o
c) Quando tornei a si, não percebi de imediato onde arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina,
estava. não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia
d) A palestra de abertura do ano letivo era para mim o vazio que cada um traz dentro de si.
proferir. Não é que fé mova montanhas, nem que todas
X e) Para mim, entrar num elevador é um martírio, pois as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que
sofro de claustrofobia. não podem ser mudadas resta-nos somente pa-
ciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida
60. (UEMA) Leia os versos a seguir, extraídos do poema “Pa-
da vitória é desperdiçar a oportunidade de mere-
pai Noel às Avessas”, de Carlos Drummond de Andrade.
cer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance;
“Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos, pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta
achou um queijo e comeu. cercar um coração vazio ou economizar alma. Um
romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é
Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender. romance. Não deixe que a saudade sufoque, que
Teve medo, talvez de pegar fogo nas barbas postiças” a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste
A coesão sintático-semântico no texto garante a com-
preensão das ideias nele apresentadas. Considerando mais horas realizando que sonhando, fazendo
as relações de sentido no poema, identifique o termo que planejando, vivendo que esperando porque,
retomado pelo pronome que. Explique sua resposta, com embora quem quase morre esteja vivo, quem
base na leitura e na compreensão dos versos. quase vive já morreu.
Disp. em: <www.pensador.uol.com.br>. Acesso em: 29 abr 2014.
Como pronome relativo, que retoma o antecedente, nesse caso,

“cigarro”.
No título do texto, a palavra “quase” aparece precedida
do artigo “O”. Nesse contexto, o artigo tem a função de:
61. (IME – RJ) a) particularizar um substantivo.
O QUASE b) atribuir intensidade à palavra “quase”.
(Sarah Westphal Batista da Silva) c) mudar a classe sintática da palavra “quase” de adjunto
Ainda pior que a convicção do não, e a incer- adnominal para adjunto adverbial.
teza do talvez, é a desilusão de um quase. É o
X d) mudar a classe gramatical da palavra “quase” de
quase que me incomoda, que me entristece, que
me mata trazendo tudo que poderia ter sido e advérbio para substantivo.
não foi. Quem quase passou ainda estuda, quem e) mudar o campo semântico da palavra “quase”.

64 Livro de Revisão 1

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