I CINGEN- Conferência Internacional em Gestão de Negócios 2015

Cascavel, PR, Brasil, 16 a 18 de novembro de 2015

UNIOESTE-Universidade Estadual do Oeste do Paraná
CCSA-Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Análise de conformidade do termo de referência de licitações

realizadas por um hospital de ensino do Paraná

Karine Daniele Byhain de Souza (UNIOESTE) karine.compras.huop@gmail.com

Priscila Conde Bogo (UNIOESTE) pribogo@gmail.com
Esmilda Elizabeth Estigarribia de Mello (UNIOESTE) elizabeth.compras.huop@gmail.com
Elaine Cristina Oliveira dos Santos (UNIOESTE) elainecris.huop@gmail.com
Leticia Gomes Pasa (UNIOESTE) leticia.huop@gmail.com

Resumo
Este artigo teve como foco analisar processos licitatórios e seus termos de referência.
Para tanto, o objetivo foi verificar a implantação da ferramenta de Procedimento Operacional
Padrão (POP), especificamente no que tange ao Termo de Referência (TR), sendo avaliada a
conformidade dos quesitos mínimos que compõe o TR. A metodologia adotada foi a
verificação da distribuição de frequência, relacionando-se os percentuais de ocorrência para
todos os processos em relação aos quesitos analisados, de uma amostra de 26 processos e
1.365 itens. Após análise dos dados verificou-se que a ferramenta POP apresenta subsídios de
resolutividade dos problemas diagnosticados com relação à elaboração do termo de referência
junto aos gestores de contrato, pois houve a adoção do documento que fornece aporte para
aquisições bem sucedidas. Entretanto, há muito que se trabalhar com os responsáveis pelos
contratos, tendo em vista que a porcentagem de não conformidades ainda é considerável.

Palavras-chave: Termo de referência. Qualidade em processos. Licitação.

Área Temática: 9- Áreas Afins das Ciências Sociais Aplicadas

1 Introdução

Entre os principais objetivos de uma empresa, seja ela pública ou privada, está o
atendimento das expectativas e necessidades do seu cliente. Para tanto, se faz necessário uma

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organização composta por processos, que por sua vez são estruturados por vários
procedimentos, os quais devem ser de conhecimento das pessoas que tem a incumbência de
colocá-las em prática.
A efetivação destes processos requer o entendimento de seu fluxo, para que sejam
realizados todos os passos necessários à sua adequada execução. Bem como, é indispensável o
conhecimento da legislação que rege o assunto, de modo que seja atendido o princípio da
legalidade, no qual o servidor público só pode fazer o que a lei determina. Além disso, faz-se
pertinente a adoção de estratégias que valorizem a qualidade destas atividades, e prezem pela
eficiência dos processos e otimização dos recursos disponíveis.
Diante deste contexto, este trabalho foi sugerido pelo Projeto de Desenvolvimento dos
Agentes Universitários (PDA) de uma universidade do Paraná, cuja primeira fase consistiu na
busca do aperfeiçoamento da fase interna do processo licitatório, e para o qual foi aplicado
questionário aos gestores de contrato da instituição a respeito dos procedimentos realizados
para aquisição de produtos e serviços por meio de licitações. Na análise das repostas foi
identificado que grande parte dos gestores desconhece o trâmite do processo e não possuem
compreensão acerca de suas responsabilidades na execução da licitação. Para minimizar este
problema foi adotada a sugestão contida na etapa inicial do trabalho que consistiu na
elaboração de POP’s para a orientação do processo licitatório na fase interna, quais sejam:
abertura processo licitatório, termo de referência, atuação equipe técnica durante o certame e
qualificação técnica de produtos (SOUZA; CAMPOS; SILVA; MELLO; BOGO, 2014).
Em função da necessidade de melhoria do processo, este artigo tem como objetivo
verificar a implantação da ferramenta de Procedimento Operacional Padrão (POP),
especificamente no que tange ao Termo de Referência (TR), sendo avaliadas a conformidade
dos quesitos mínimos que compõe o TR.
Assim, perante a proposta do POP, a ferramenta apresenta subsídios de resolutividade
dos problemas diagnosticados com relação à elaboração do termo de referência junto aos
gestores de contrato?
O estudo está estruturado em cinco seções: introdução; referencial teórico contendo
abordagem sobre qualidade nos processos administrativos, gestão por processos, licitação e
termo de referência; metodologia; análise dos resultados e considerações finais.

2 Referencial Teórico
2.1 Qualidade nos processos administrativos

A otimização de processos está alinhada à eficiência, ou seja, fazer mais e melhor com
menos recursos. Otimizar processos consiste em reconfigurá-los e a consequente alteração de
regras e procedimentos, com a utilização de novas tecnologias e promovendo sua integração
(MARTINS; MARINI, 2010).
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Nas instituições públicas, a gestão de processos gera valor ao beneficiário, possibilita a

integração entre as unidades organizacionais, viabiliza a racionalização de recursos nas mais
diversas áreas: humana, financeira e material. Assim, a gestão de processos deve promover a
eficiência, a conformidade e consistência do processo, atenuar o gerenciamento de riscos,
integrar e automatizar processos e promover ações de melhoria organizacional (MARTINS;
MARINI, 2010).
Neste sentido, gestores públicos buscam a qualidade nos processos ao agregar menor
custo, maior rapidez e flexibilização das compras e contratações públicas, com o propósito do
uso eficiente dos recursos públicos que tem representatividade orçamentária importante.
Deve-se considerar que a gestão adequada dos recursos constitui uma alternativa
complementar para melhor eficiência na utilização dos gastos públicos e para alavancar o
desempenho das instituições públicas (BATISTA; MALDONADO, 2008).

2.2 Gestão por processos

Na gestão por processos, um processo pode ser entendido como um fluxo de trabalho
no qual há insumos, produtos e serviços com definição precisa e atividades que possuem uma
sequência lógica e dependente, num curso claro que delimita início e fim e que gera
resultados para o público interno e externo (BRASIL, 2013).
É importante ressaltar que os processos devem ser implementados e padronizados no
intuito de resultarem em melhorias para as instituições. Neste sentido, a Norma ISO 9001
descreve que para uma organização funcionar de maneira eficaz, ela tem que identificar e
gerenciar diversas atividades interligadas. Uma atividade que usa recursos, os quais são
gerenciados de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas, pode ser
considerada um processo (ABNT, 2001).
Para Davenport (1994) um processo caracteriza-se como um conjunto de atividades
estruturadas e medidas, cujo resultado consiste em um produto específico para um
determinado cliente ou mercado, contudo, precisam de executores claramente definidos, que
sejam responsáveis pelo projeto e efetivação e que façam com que as necessidades dos
clientes sejam satisfeitas.
Corrobora Project Management Institute (2004), para o qual o processo é um conjunto
estruturado e mensurável de atividades projetadas para produzir uma saída específica para um
consumidor. Sendo assim, a realização de melhorias nos processos deve ser cada vez mais
representativa para o resultado, e o foco da visão do negócio não deve ser mais por função ou
departamentos, e sim, por processos-chave, os quais devem ser replanejados do início ao fim
(DAVENPORT, 1994).
Há que se salientar a necessidade de revisar constantemente os processos nas
empresas. Para a execução de uma reengenharia de processos, é importante que os processos

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da organização sejam mapeados, e assim possibilite a compreensão das reais necessidades do

negócio, seus principais objetivos e envolvidos. (GALLINA, et al., 2006).
A proposta de solução aos problemas de gestão, trazida pela técnica de Gerenciamento
de Processos de Negócio, do inglês Business Process Manegement (BPM), imprime estrutura
às organizações. “Não importa se a organização tem ou não, fins lucrativos sejam pública ou
privada, de micro, pequeno, médio ou grande porte, pois o propósito principal de uma
organização é gerar valor para o cliente por meio de seus produtos e/ou serviços” (ABPMP,
2013, p. 45).
No âmbito das organizações públicas, a Licitação é um destes processos em que se
deve promover ações de busca pela melhoria contínua do desempenho, visando sempre a
eficácia nas contratações.

2.3 Licitação e termo de referência

O artigo 37 da Constituição Federal, ressalvada as exceções previstas na legislação,

dispõe que as compras, serviços e obras de engenharia serão contratados mediante processo
de licitação pública. A administração pública, pautada pelos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, salvo os casos expressos em lei não tem
permissão para contratar de outra forma que não seja através de licitação pública (BRASIL,
1988).
Licitação é o procedimento administrativo realizado para selecionar, de acordo com
critérios objetivos e previamente definidos, a proposta mais vantajosa para a Administração e
para promoção do desenvolvimento nacional sustentável, garantindo ampla participação dos
interessados e o tratamento igualitário, observando os requisitos legais exigidos (JUSTEN
FILHO, 2014).
A Lei Federal 8.666/1993 regulamenta as aquisições por meio de licitação pública e
elenca suas modalidades, conforme demonstra o Quadro 1.

Quadro 1 – Modalidades de licitação, características, prazos e valores

Prazo de
Modalidade Características publicaçã Limites de valores
o
30 dias ou Acima de R$ 1.500.000,00
Estão aptos a participar quaisquer 45 (técnica para obras e serviços de
Concorrência interessados que comprovem possuir os e preço ou engenharia; Acima de R$
requisitos mínimos de qualificação exigidos melhor 650.000,00 para compras e
para execução de seu objeto. técnica) serviços.

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Para escolha de trabalho técnico, científico ou

Concurso artístico, mediante a concessão de prêmios ou 45 dias Não se aplica
remuneração.
Empresas do ramo pertinente ao seu objeto, Até R$ 150.000,00 para obras
cadastrados ou não, escolhidos e convidados e serviços de engenharia;
Convite 5 dias úteis
em número mínimo de 3 (três) pela unidade Até R$ 80.000,00 para
gestora ou administrativa. compras e serviços.
Venda de bens móveis inservíveis para a
Administração, de produtos legalmente
apreendidos ou penhorados e para alienação
Leilão Não se aplica
de bens imóveis. Alienação: transferência do 15 dias
domínio de bens públicos a terceiros (venda
de um bem público).
Até R$ 1.500.000,00 para
Interessados devidamente cadastrados ou que obras e serviços de
Tomada de
atendam a todas as exigências para 15 dias engenharia; Até R$
Preços
cadastramento até o terceiro dia anterior à 650.000,00 para compras e
data de recebimento das propostas. serviços.
Fonte: Adaptado de Souza, Leismann e Bogo (2015 apud BRASIL, 1993).

A Lei Federal nº 8.666/1993 dispõe sobre normas gerais para a realização de licitação
pública, sendo que as unidades da Federação tem a prerrogativa de legislar de forma
complementar sobre o tema. O Estado do Paraná publicou a Lei Estadual nº 15.608/2007,
legislando sobre a matéria, porém respeitando as normas gerais expedidas pela União. O
Estado do Paraná legislou em uma única lei sobre temas como dispensa de licitação,
contratação direta, pregão presencial, pregão eletrônico dentre outras modalidades, uma vez
que algumas destas modalidades de licitação pública não existiam quando foi publicada a Lei
Federal nº 8.666/1993, pois foram criadas posteriormente por meio de legislação esparsa
(PARANÁ, 2007).
A Lei Federal nº 10.520/2002 criou uma nova modalidade de licitação inexistente até o
ano de 2002. Esta nova modalidade de licitação denominada pregão volta-se a aquisição de
bens e serviços comuns tendo em vista a dinâmica e celeridade inerente ao processo, além da
ampliação da concorrência viabilizada pela forma eletrônica (BRASIL, 2002).
Para realização do processo licitatório, por meio das modalidades já elencadas há duas
fases a interna e a externa. Na fase interna são realizados os procedimentos que antecedem a
contratação, dos quais podem ser citados a identificação da necessidade do bem ou serviço, a
confecção do termo de referência ou projeto básico, verificação dos valores envolvidos na
futura contratação e fixação das condições necessárias à execução do objeto. Já a fase externa
inicia com a publicação do edital e finaliza com a aquisição do bem, prestação do serviço ou
execução da obra (BRASIL, 2010).
Para que o processo licitatório ocorra de maneira satisfatória é fundamental que se
observe todos os critérios legais que o norteiam. A Lei Federal 8.666/1993, por meio do
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projeto básico, já doutrinava sobre a necessidade de detalhamento na especificação do objeto

da licitação, especialmente para obras e serviços de engenharia. Com a instituição do
documento denominado “termo de referência” pelo Decreto Federal 3.555/2000 essa
necessidade de detalhamento foi ajustada de modo a atender outros tipos de contratação,
como bens e serviços comuns (BRASIL, 1993; BRASIL, 2000).
Segundo o mesmo decreto, Art. 8º I e II, entende-se que:

Art. 8º A fase preparatória do pregão observará as seguintes regras:

I - a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e clara, vedadas
especificações que, por excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, limitem
ou frustrem a competição ou a realização do fornecimento, devendo estar
refletida no termo de referência;
II - o termo de referência é o documento que deverá conter elementos
capazes de propiciar a avaliação do custo pela Administração, diante de
orçamento detalhado, considerando os preços praticados no mercado, a
definição dos métodos, a estratégia de suprimento e o prazo de execução do
contrato (BRASIL, 2000);

Em complemento, o Decreto nº 5.450/2005, art. 9º, § 2º define que o termo de

referência deve conter informações que possibilitem que a administração analise o custo
envolvido na futura contratação por meio de orçamento detalhado, além de delimitar os
métodos e a tática de suprimento, bem como o cronograma físico-financeiro, regras de
aceitação do objeto, obrigações do contratante e do contratado, formas de fiscalização e
gerenciamento do contrato, bem como as sanções a serem aplicadas em caso de
descumprimento contratual.
O Termo de Referência é, portanto, aquele documento que expressa as informações
levantadas em torno do objeto ou do serviço, e que servirá de fonte para guiar a aquisição de
matérias ou a contratação dos serviços sendo primordial na construção e desenvolvimento das
licitações.

3 Metodologia

A abordagem de pesquisa foi caraterizada como quantitativa. Para tanto, foi realizada
análise de processos licitatórios efetuados pelo hospital no período de janeiro a junho de 2015,
período este selecionado por ser posterior à implantação dos POP’s. Foram excluídos da
amostra processos não homologados e que não estivessem arquivados na unidade de licitação
do hospital, impossibilitando a verificação in loco do mesmo.
A análise dos dados ocorreu de julho a setembro de 2015. Inicialmente foi realizada
pesquisa documental e bibliográfica; as informações foram obtidas por meio da verificação in

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loco dos processos e coleta de informações complementares no software de gerenciamento

hospitalar em uso na instituição.
A partir da seleção dos processos, foi determinada a amostra de itens por processo, que
ocorreu da seguinte forma: processos com até 100 itens foi realizado censo, e para processos
com mais de 100 itens, se adotou o cálculo da amostragem probabilística, com erro amostral
de 5% e nível de confiança de 95%, sendo que para seleção dos itens para análise se utilizou a
ferramenta de geração de números aleatórios do Excel®. Para avaliação dos quesitos foi
adotado o padrão: 0 - avaliação não conforme, 1 - avaliação conforme, de acordo com o
preconizado no POP.
No que tange aos objetivos caracteriza-se como pesquisa explicativa, sendo que para
análise estatística dos dados, foi utilizada a distribuição de frequência, relacionando-se os
percentuais de ocorrência dos quesitos analisados em cada processo, quais sejam (documento
foi enviado, informou objeto, informou prazo de entrega/realização do serviço, informou
documentação técnica, informou gestor do contrato, informou responsável pela avaliação
técnica, informou vigência da ata de registro de preços, termo de referência atende aos itens
que serão licitados). Esta análise também foi realizada por grupo de produtos/serviços
licitados.

4 Análise dos Dados

Compuseram a amostra da pesquisa 26 processos licitatórios, dentre deles processos

das modalidades de Pregão Presencial, Pregão Eletrônico e Tomada de Preços, e um universo
de 1365 itens, dos quais após aplicação dos critérios de seleção, extraiu-se amostra de 1.115
itens para análise, conforme demonstrado no Quadro 2.

Quadro 2 - Caracterização da amostra de processos analisados

Modalidade Nº de processos Nº de itens em processo Nº de itens analisados

Pregão eletrônico 09 156 135

Pregão presencial 16 1206 977

Tomada de preço 1 3 3
Totais 26 1365 1115
Fonte: elaborado pelos autores.

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A amostra traduz a realidade experienciada na distribuição dos processos licitatórios

realizados pela instituição com supremacia dos processos na modalidade pregão presencial,
seguido pelos pregões do tipo eletrônico e por fim, as demais modalidades como a tomada de
preço. A prevalência do pregão presencial ocorre pela maior agilidade na execução e
homologação neste tipo de processo, considerando a imprescindibilidade dos itens adquiridos,
em sua maioria, materiais e insumos de apoio médico-assistencial.
Sobre a conformidade dos processos analisados no que compete o apensamento do TR
para abertura dos processos licitatórios, verificou-se que 19 (73%) processos possuíam o
documento e atendem ao disposto no POP, em contrapartida para 07 (17%) deles o
documento não foi enviado.

Quadro 3 – Conformidade no envio do TR para abertura do processo licitatório por

modalidade
Modalidade Nº de processos com TR Nº de processos sem TR Nº de processos
na abertura do processo na abertura do processo analisados

Pregão eletrônico 8 (89,9%) 01 (11,1%) 09 (100%)

Pregão presencial 11 (68,5%) 05 (31,5%) 16 (100%)

Tomada de preço 00 (0%) 01 (100%) 1 (100%)

Totais 19 (73%) 07 (27%) 26 (100%)

Fonte: elaborado pelos autores.

A produção do projeto básico e do termo de referência de forma clara e precisa

contribui para uma contratação bem sucedida. Contudo, muitas vezes, os servidores
responsáveis por esta etapa, que serão os gestores da futura contratação, desvalorizam a
importância desta fase, realizando solicitações genéricas e superficiais, o que acaba por
comprometer o sucesso do processo (BOTELHO, 2013). Indaga-se ainda sobre o real
entendimento dos envolvidos na elaboração do TR no tocante as responsabilidades e
implicações para a desenvolvimento do processo.
Observou-se que, proporcionalmente, a modalidade de tomada de preço foi a que
apresentou maior frequência de não conformidade com relação ao apensamento do TR, com
100% (01 processo) dos processos sem a indicação do documento na abertura da licitação,
seguido pela modalidade de pregão presencial (05 processos - 31,5%) e pregão eletrônico (01
processo – 11,11%).
A mesma análise, agora por grupo de produtos/serviços licitados, identificou que os
processos envolvendo Combustível, Gêneros alimentícios e Utensílios e materiais de cozinha

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são os mais críticos, uma vez que em nenhum (0%) dos processos desses gêneros foi
verificado a inclusão do TR para abertura do processo licitatório. Em outros, como no
Material médico-hospitalar, a conformidade ficou em 80%, enquanto para Medicamentos,
Materiais laboratoriais, Gases medicinais, Equipamentos, Material de expediente, Prestação
de serviços alcançou-se a conformidade ideal (100%).
Verifica-se que o maior nível de não conformidade se apresenta em produtos de maior
familiaridade, considerados “menos complexos”, contrapondo com aqueles que são de maior
complexidade e por si só delimitam a oferta. Entretanto, entende-se que justamente por tratar-
se de produtos com maior oferta no mercado é que se deve definir critérios de fornecimento e
controle de qualidade, de modo que se garanta o pleno atendimento da necessidade da
instituição.
Com relação à conformidade e pertinência das informações presentes no TR, nos 19
(73%) processos em que foi verificada sua inclusão, a análise do documento demonstrou que
13 (68,4%) dos TR apensados estavam em conformidade com o preconizado pelo POP,
enquanto 06 (31,56%) apresentavam algum tipo de não-conformidade.

Quadro 4 – Conformidade das informações que compõem o TR por modalidade

Modalidade TR conforme TR parcialmente conforme

Pregão eletrônico 05 (26,31%) 03 (15,79%)

Pregão presencial 08 (42,11%) 03 (15,79%)

Tomada de preço 00 (0%) 00 (0%)

Total de processos 13 (68,42%) 06 (31,58%)

Fonte: elaborado pelos autores.

Entre as principais não conformidades verificadas tem-se problemas em informar o

objeto licitado (17%), informar prazos de entrega e execução dos serviços (17%) e informar a
vigência do contrato (15%), entre outros.

Quadro 6 - Distribuição das conformidades e não conformidades por tipo de

ocorrência

Componentes do TR Conformidades Não Conformidades

N (%) N (%)

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Informou objeto 17 (65,4%) 09 (34,6%)

Informou prazos 17 (65,4%) 09 (34,6%)

Informou doc. técnica 20 (76,3%) 06 (23,7%)

Informou gestor 19 (73%) 07 (17%)

Informou avaliador 19 (73%) 07 (17%)

Informou vigência do contrato 18 (69,2%) 08 (30,8%)

TR atende aos itens licitados 19 (73%) 07 (17%)

Total 129 (70.9%) 53 (29,1%)

Fonte: elaborado pelos autores.

A ausência ou incoerência nas informações prestadas no TR podem conduzir a

ineficiência dos processos de licitação, com aquisição de produtos e serviços dissonantes da
realidade e necessidade institucional.
Com relação a distribuição das não conformidades por grupo de materiais em
aquisição, dos 10 grupos que compõe os processos, 7 (70%) grupos estão em não-
conformidade com um termo de referência ideal, e apenas 3 (30%) enquadram-se em processo
com possibilidade de obter sucesso na contratação por terem um TR com pleno atendimento
ao seu propósito.

Quadro 5 – Conformidade das informações que compõem o TR por grupo de

produtos/serviços licitados.

TR
Inform Inform
Inform atende Total
Inform Inform a Inform a prazo
Grupo de produtos/ a aos de
a a docum. a do
serviços licitados. avaliad itens confor
objeto prazos Técnic gestor contrat
or licitado midade
a o
s
Combustível 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Medicamentos 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Material médico-hospitalar 60% 70% 90% 80% 90% 80% 70% 78%
Material de expediente 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Prestação de serviços 100% 100% 100% 100% 50% 100% 100% 93,7%

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Utensílios e materiais de
cozinha 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Materiais laboratoriais 100% 0% 100% 100% 100% 100% 0% 75%
Gêneros alimentícios 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
Gases medicinais 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Equipamentos 100% 100% 100% 100% 100% 0% 100% 87,5%
Fonte: elaborado pelos autores.

Acredita-se que há um cumprimento na determinação do envio do termo de

referência, mas não há o pleno entendimento da sua construção, pois, verifica-se a inclusão de
informações equivocadas em alguns tópicos, reflexo do desconhecimento do que este abrange
e constitui.

5 Considerações finais

A função de comprar está intrinsecamente ligada a todos os departamentos da

instituição. É necessário o envolvimento dos diversos usuários de produtos e serviços,
ponderando-se opiniões, sugestões e solicitações, pois elas podem contribuir e motivar os
atores envolvidos, além de aperfeiçoar os aspectos técnicos, favorecendo uma melhor compra
por agregar um produto com as características descritas, a melhor qualidade e o melhor preço
(BATISTA; MALDONADO, 2008).
A administração pública deve estabelecer procedimentos, dentro do que a legislação
permite, para minimizar os problemas que envolvem os processos licitatórios e,
consequentemente, resultar na possibilidade de compra de bons produtos, na quantidade e
tempo necessários à instituição (BATISTA; MALDONADO, 2008).
Assim, perante a proposta do POP, verificou-se que a ferramenta apresenta subsídios
de resolutividade dos problemas diagnosticados com relação à elaboração do termo de
referência, junto aos gestores de contrato, pois houve a adoção do documento que fornece
aporte para aquisições bem sucedidas. Entretanto, há muito que se trabalhar com os
responsáveis pelos contratos, tendo em vista que a porcentagem de não conformidades ainda é
considerável.
É sabido que a melhoria contínua dos processos está atrelada ao redesenho destes e a
capacitação permanente dos executores e gestores. Além disso, faz-se imperativa a
conscientização dos envolvidos, inclusive dos membros da alta gestão, sobre a importância do
cumprimento das etapas dos processos, da identificação e correção das falhas promovendo
assim o gerenciamento de riscos efetivo nas compras públicas.

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Cabe ressaltar que este trabalho apresenta apenas o resultado de um dos POP’s que
tratam da fase interna da licitação, aplicados na instituição. Há ainda outros dados coletados
que serão avaliados em trabalhos futuros, que também tem grande importância e influência no
resultado final do processo licitatório e que estão intimamente ligados ao gestor do produto.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9001/2000: Sistemas

de Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro, 2001.

ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANGEMENT PROFESSIONALS (ABPMP).

Guia para o gerenciamento de processos de negócio: corpo comum de conhecimento
ABPMP BPM CBOK V3.0. 1ª ed., Brasil: ABPMP, 2013.

BATISTA, M. A. C.; MALDONADO, J. M. S. V. O papel do comprador no processo de

compras em instituições públicas de ciência e tecnologia em saúde (C&T/S). Rev. Adm.
Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n. 4, p. 681-699, Jul./Ago. 2008 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
76122008000400003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 Out. 2015.

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