Sei sulla pagina 1di 4

Contexto

Publicado inicialmente em 1995, a obra mostra o caos que se chega quando um dos sentidos falta a uma
grande parcela da população. Evidencia uma epidemia de cegueira que atinge toda a população.
Intitulada Ensaio, a obra de Saramago critica os valores sociais, mostrando-os frágeis, pois onde ninguém vê,
teoricamente nada aparece, elucidando que os valores, sejam morais ou materiais, são atribuições que homem
faz. Neste contexto, a obra mostra desde aventuras sexuais, o pudor, que já não existe porque não é visto, até à
imundície que se instala por toda a cidade.

Resumo
O Ensaio sobre a cegueira é uma crítica aos valores sociais, expondo o caos a que se chega quando a maioria
da população cega. Revela traços da sociedade portuguesa contemporânea, vislumbrando a maneira como as
pessoas vivem através de suas descrições das casas, dos utensílios, das roupas. As personagens não têm
nomes, sendo descritas por características próprias – o primeiro cego, o médico, a mulher do primeiro cego, a
rapariga de óculos, entre tantos outros que aparecem no desenrolar da narrativa, onde uma epidemia se alastra
a partir de um homem que cega esperando o semáforo abrir.
Inexplicável é a imunidade da mulher do médico, parecendo que sua bondade, sua preocupação com o
marido, mesmo convivendo entre os cegos sem medo de cegar, a impede de contrair a moléstia. Mas a
solidariedade da mulher do médico estende-se, ainda, àqueles de convívio mais estrito, sendo verdadeiro anjo
de guarda dos que dividem com ela a enfermaria do hospício abandonado em que são confinados os primeiros
a contrair o mal.
De característica onisciente, a narrativa leva-nos a refletir sobre a moral, os costumes, a ética e o preconceito,
pois faz com que a mulher do médico se depare com situações inadmissíveis às pessoas em condições
normais. Exposta à sujeira, a uma existência miserável em todos os sentidos, ela mata para preservar a si e aos
demais, e se depara com a morte de maneira bizarra após a saída do hospício: os cadáveres se espalham pelas
ruas, o fogo fátuo aparece debaixo das portas do armazém onde, dias antes, ela buscou víveres.
A igreja com os santos de olhos vendados pode ser caracterizada como um dos momentos poéticos da obra: se
os céus não vêem, que ninguém veja, numa alusão velada às idéias do filósofo Friderich Nietzshe, "se deus
está morto, então tudo posso".
Saramago ainda brinca com a imaginação do leitor nas últimas linhas, deixando implícita a cegueira daquela
que foi a única que viu em meio à treva branca, justamente no momento em que todos recuperam, aos poucos,
a visão.

Estilo
Pode-se afirmar que a obra é difícil de ser lida não apenas pelo seu contexto filosófico, mas pelo estilo de
José Saramago: as falas entre vírgulas forçam o leitor a um verdadeiro mergulho em suas idéias, pois é
impossível parar em meio às idéias do autor. A desconstrução do tempo linear em suas idas e vindas nas
memórias das personagens, as características únicas, a mesquinhez presente evocam a reflexão sobre os
valores que cada um de nós tem da vida, da moral, dos costumes e até mesmo do que nos é caro: onde está a
mãe do menino estrábico? Cegou, morreu? A rapariga de óculos que, em princípio, parece não ter valores,
mostra-se filha amorosa, amiga e uma mulher capaz de amar, não pela beleza física, mas pela ternura que as
situações a levam.

Personagens
Como exposto anteriormente, as personagens não caracterizadas por seus nomes, mas por particularidades.
Podemos destacar como personagens principais os ocupantes da camarata onde estavam o médico, o primeiro
cego, a mulher do primeiro cego, a rapariga de óculos e o velho com a venda num dos olhos.
Como personagens secundários ou coadjuvantes, os cegos que promovem o levante para a redistribuição da
comida, aqueles que encontram-se na camarata do cego que tem uma arma, o cego que escreve em braile, a
mulher que estava com o cego que tem a arma no momento em que este é assassinado pela mulher do médico,
o ladrão, os soldados, entre tantos outros.
Resumo do Livro:

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."


Palavras de José Saramago, na apresentação pública do seu romance Ensaio sobre a Cegueira.
"Este é um livro francamente terrível com o qual eu quero que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo.
Nele se descreve uma longa tortura. É um livro brutal e violento e é simultaneamente uma das experiências
mais dolorosas da minha vida. São 300 páginas de constante aflição. Através da escrita, tentei dizer que não
somos bons e que é preciso que tenhamos coragem para reconhecer isso."
Resumo da Obra
Um dia normal na cidade. Os carros parados numa esquinas esperam o sinal mudar. A luz verde acende-se,
mas um dos carros não se move. Em meio às buzinas enfurecidas e à gente que bate nos vidros, percebe-se o
movimento da boca do motorista, formando duas palavras: "Estou cego".
O homem dentro do carro esbraceja, grita, mas não consegue escapar da cegueira branca que inunda seus
olhos. É uma cegueira diferente, luminosa, como se ele tivesse mergulhado de olhos abertos num "mar de
leite". Apesar disso, seus olhos tem uma aparência normal.
As pessoas o ajudam a sair do carro e ele, entre lágrimas, implora que alguém o leve para casa. Um homem
oferece-se para ir dirigindo seu carro. Como não havia local disponível para estacionar na rua da cada do
cego, ele desceu do carro e ficou esperando o homem, que estacionou numa rua transversal. Subiram até o
apartamento, que ficava no 3º andar. O homem quis aguardar até que a mulher do cego chegasse, mas este,
com medo daquele estranho, preferiu recusar a oferta.
Quando a mulher chega e o marido lhe conta que está cego, ela custa a acreditar, depois desespera-se e liga
para o primeiro oftalmologista que encontra na lista telefônica, marcando uma consulta urgente.
O cego aguarda em frente ao prédio enquanto sua mulher vai buscar o carro na rua em que ele disse estar
estacionado, com sua própria chave, pois o homem que levou-o para casa não entregou-lhe a chave. Ela volta
com um táxi , pois aquela "boa alma" roubou-lhes o carro.
Na sala de espera do consultório estavam um velho com uma venda preta, um rapazinho estrábico e sua mãe,
uma rapariga de óculos escuros e mais duas pessoas. Passaram o cego na frente dos outros pacientes e, depois
de examiná-lo minuciosamente por duas vezes, o médico conclui que não há nada de errado com seus olhos;
estavam aparentemente perfeitos. Pediu alguns exames mais detalhados e, quando saíram, ficou pensativo,
nunca vira coisa parecida em toda sua vida.
O sentimento de culpa foi tomando conta do ladrão do carro. Quando se ofereceu para ajudar o cego, ainda
não tinha o roubo em mente; a idéia só lhe apareceu quando estava em direção à casa do cego. Sentia-se mal
estando sentado no mesmo lugar onde um homem sadio acabara de cegar. Nervoso, o ladrão redobrou a
atenção e começou a controlar o carro para que nunca tivesse que parar num sinal vermelho. Estava à beira de
um ataque de nervos e o barracão para onde costumava levar os carros roubados ficava longe dali. Então,
parou o carro, desceu para tomar um pouco de ar, andou um pouco e, de repente, cegou. Foi encontrado por
um policial que o levou para casa, desta vez não por ter roubado, o policial não sabia disto, mas sim por não
ser capaz de orientar-se sozinho.
O caso da rapariga dos óculos escuros era simples, apenas uma conjuntivite. Quando saiu do consultório, já à
noite, chamou um táxi, passou na farmácia e comprou o colírio que o médico lhe receitara. A bela rapariga
dos óculos escuros era uma prostituta e tinha um encontro marcado num hotel aquela noite. Depois do
explosivo encontro amoroso, ainda via tudo branco, mas não era por causa do êxtase que sentia, ela também
cegara. Nua e aos gritos, a rapariga foi vestida às pressas e colocada para fora do hotel. Um policial
extremamente grosseiro levou-a para a casa dos pais num táxi.
Depois de atender todos os pacientes, o médico ligou para um amigo e falou sobre o caso. A princípio
suspeitaram de uma agnosia ou amaurose, mesmo sabendo que ambas as doenças tratavam-se de cegueira
negra, o oposto do que descrevia o cego. Resolveram marcar uma nova consulta para examinarem juntos o
paciente. Chegando em casa, o médico ficou até altas horas pesquisando sobre o assunto em seus livros.
Quando resolveu guardá-los para ir se deitar, o médico cegou. Deitou-se devagar para que a mulher não
notasse e passou a noite toda em claro, pensando que, como oftalmologista, deveria avisar as autoridades
competentes sobre a "treva branca" altamente contagiosa que estava a se espalhar. Quando, na manhã
seguinte, contou à sua mulher que estava cego, ela abraçou-o com força, apesar de ele ter tentado afastá-la por
medo do contágio, preparou o café e ajudou-o a telefonar para as autoridades. Diante da grosseria com que
fora tratado, resolveu avisar diretamente o diretor clínico de onde trabalhava e este se encarregaria de fazer os
outros contatos. A essa altura, já tinham notícia da cegueira do rapazinho estrábico, da rapariga dos óculos
escuros e do ladrão. O ministério pediu que ele arrumasse as malas, pois mandariam uma ambulância para
buscá-lo, mas não avisaram para onde ele seria levado. Quando a ambulância chegou, a mulher ajudou o
marido a acomodar-se, guardou as malas e sentou-se ao seu lado. O motorista da ambulância informou que só
poderia levar o médico, mas a mulher disse que também teria que ser levada, pois acabara de cegar.
O ministro teve a "brilhante idéia" de deixar todos os cegos e as pessoas que tiveram contato com eles de
quarentena, uma quarentena diferente das outras, pois esta ninguém sabia o quanto poderia durar.
O local escolhido foi um manicômio desativado. Havia duas alas: uma seria ocupada pelos cegos, e a outra,
pelas pessoas que tiveram contato com eles. Conforme as pessoas da última ala fossem cegando,
atravessariam o corredor e se instalariam na outra ala.
Os primeiros a chegar no manicômio foram o médico e a mulher. Havia uma corda esticada do portão à porta
do prédio, a qual serviria para orientar os cegos. Subiram as escadas, a mulher guiou o marido até o fundo da
camarata mais próxima e deixou-o lá sentado, enquanto ia conhecer melhor o local.
As camaratas eram compridas, com duas filas de camas pintadas de cinza e roupas de cama da mesma cor.
Havia várias camaratas, corredores estreitos e longos, gabinetes, banheiros, uma cozinha, um refeitório, três
salas acolchoadas e forradas com cortiça; do lado externo, uma cerca e algumas árvores mal cuidadas. Havia
lixo por todos os lados e camisas-de-força dentro dos armários.
Só quando a mulher retorna e conta para o marido que o local onde estão é um manicômio, é que ele percebe
que ela não está cega. A mulher do médico fingiu estar cega para poder ficar junto com o marido e ajudá-lo.
Os outros cegos chegaram juntos: o primeiro cego, o ladrão, a rapariga dos óculos escuros e o rapazinho
estrábico, sem a mãe. Sentaram-se na primeira cama com a qual tropeçaram. Nesse momento, ouve-se uma
voz forte e seca no auto-falante fixado em cima da porta:
Atenção! Atenção! Atenção!O Governo lamenta ter sido forçado a exercer energicamente o que considera ser
seu direito e seu dever, proteger por todos os meios as populações na crise que estamos a atravessar, quando
parece verificar-se algo de semelhante a um surto epidêmico de cegueira, provisoriamente designado por mal-
branco, e desejaria poder contar com o civismo e a colaboração de todos os cidadãos para estancar a
propagação do contágio, supondo que de um contágio se trata, supondo que não estaremos apenas perante
uma série de coincidências por enquanto inexplicáveis. A decisão de reunir num mesmo local as pessoas
afetadas, e, em local próximo, mas separado, as que com elas tiveram algum tipo de contato, não foi tomada
sem séria ponderação.

O Governo está perfeitamente consciente das suas responsabilidades e espera que aqueles a quem esta
mensagem se dirige assumam também, como cumpridores cidadãos que devem ser, as responsabilidades que
lhes competem, pensando que o isolamento em que agora se encontram representará, acima de quaisquer
outras considerações pessoais, um ato de solidariedade para com o resto da comunidade nacional. Dito isto,
pedimos a atenção de todos para as instruções que se seguem, primeiro, as luzes manter-se-ão sempre acesas,
será inútil qualquer tentativa de manipular os interruptores, não funcionam, segundo, abandonar o edifício
sem autorização significará morte imediata, terceiro, em cada camarata existe um telefone que só poderá ser
utilizado para requisitar ao exterior a reposição de produtos de higiene e limpeza, quarto, os internados
lavarão manualmente as suas roupas, quinto, recomenda-se a eleição de responsáveis de camarata, trata-se de
uma recomendação, não de uma ordem, os internados organizar-se-ão como melhor entenderem, desde que
cumpram as regras anteriores e as que seguidamente continuamos a enunciar, sexto, três vezes ao dia serão
depositadas caixas de comida na porta de entrada, à direita e à esquerda, destinadas, respectivamente, aos
pacientes e aos suspeitos de contágio, sétimo, todos os restos deverão ser queimados, considerando-se restos,
para este efeito, além de qualquer comida sobrante, as caixas, os pratos e os talheres, que estão fabricados de
materiais combustíveis, oitavo, a queima deverá ser efetuada nos pátios interiores do edifício ou na cerca,
nono, os internados são responsáveis por todas as conseqüências negativas dessas queimas, décimo, em caso
de incêndio, seja ele fortuito ou intencional, os bombeiros não intervirão, décimo primeiro, igualmente não
deverão os internados contar com nenhum tipo de intervenção do exterior na hipótese de virem a verificar-se
doenças entre eles, assim como a ocorrência de desordens ou agressões, décimo segundo, em caso de morte,
seja qual for a causa, os internados enterrarão sem formalidades o cadáver na cerca, décimo terceiro, a
comunicação entre a ala dos pacientes e a ala dos suspeitos de contágio far-se-á pelo corpo central do edifício,
o mesmo por onde entraram, décimo quarto, os suspeitos de contágio que vierem a cegar transitarão
imediatamente para a ala dos que já estão cegos, décimo quinto, esta comunicação será repetida todos os dias,
a esta mesma hora, para conhecimento dos novos ingressados. O Governo e a Nação esperam que cada um
cumpra o seu dever. Boas noites.
Após o silêncio, o ladrão levanta-se e acusa o primeiro cego de ser o culpado da tragédia, diz que se não o
tivesse ajudado a ir para casa, não teria cegado. Agora o primeiro cego percebe que o outro homem é o ladrão
que roubou seu carro e começam a discutir. O ladrão avança sobre ele e rolam por entre as camas, até que o
médico e sua mulher conseguem separá-los.
O rapazinho estrábico pede para fazer xixi e, ouvindo isso, surge em todos uma grande vontade de urinar.
Decidem ir todos juntos à procura do banheiro. Na fila vão: a mulher do médico, a rapariga segurando o
rapazinho pela mão, o ladrão, o médico e, por fim, o primeiro cego.
O ladrão, aproveitando-se da situação, começou a acariciar a nuca e os seios da rapariga. Esta deu-lhe um
coice e o salto de seu sapato fincou-se na coxa do homem. O sangue corria pela perna e a mulher do médico,
vendo o aspecto ruim da ferida, levou-o à cozinha, com a ajuda do marido, lavou o ferimento e amarrou a
camisola do ladrão ao redor.
Voltaram para procurar o banheiro, mas o rapazinho já havia feito xixi nas calças. Depois de satisfazerem suas
necessidades, voltaram para a camarata, e contaram as camas para ficar mais fácil de encontrá-las depois. O
rapazinho tinha fome, mas teria que esperar até o dia seguinte. Deitaram-se e dormiram.
A mulher do médico foi a primeira a acordar. Observando os cegos dormindo e a sujeira ao redor, a mulher do
médico desejou com todas as suas forças estar cega também.
Nesse momento, ouve-se uma gritaria vinda do corredor. Cinco pessoas da outra ala cegaram e foram
empurradas para a ala dos cegos. Eram eles: o policial, que encontrou o ladrão na rua a gritar; o motorista de
táxi, que levou o primeiro cego ao médico; o ajudante de farmácia, que vendeu o colírio à rapariga dos óculos
escuros; a criada de hotel, que socorreu a rapariga quando esta cegou; e a empregada de escritório, que é a
mulher do primeiro cego.
O auto-falante avisou que a comida podia ser recolhida. O cego e sua mulher saíram para pegar a comida e
aproveitaram para pedir aos guardas os medicamentos para o ferido, mas estes tinham ordens expressas de
não deixar entrar nada além de comida.
À tarde chegaram mais três cegos: a empregada do consultório médico, o homem que estivera com a rapariga
no hotel e o policial grosseiro que a levou para a casa dos pais. Mal se instalaram e um rebanho de cegos
entrou na camarata. Todas as camas foram ocupadas.
Na madrugada, o ladrão resolveu ir ele próprio pedir ajuda aos guardas, imaginando que estes sentiriam pena
ao vê-lo naquele estado lamentável. Rastejou, cheio de dores, até o portão. Ao ouvir os ruídos, o soldado foi
verificar o que estava acontecendo, assustou-se com o cego e deu-lhe um tiro no meio da cara. O sargento,
acordado com o barulho da rajada, ordenou que quatro cegos viessem recolher o corpo.

Potrebbero piacerti anche