A própria independência do Brasil foi realizada imediatamente após
recebimento de uma informação confiável, privilegiada e vinda de outro continente.
Cabe à função diplomática levar e trazer informações sobre a política internacional, como portador de notícias deve fazer uso dos recursos mais imediatistas disponíveis, completos e ágeis meios de comunicação da época vigente. Da mesma forma, a mesma notícia irá disseminar-se através de outras fontes com o tempo sem, talvez, a urgência diplomática necessária e muito menos a importantíssima confiabilidade. Daí podemos entender mais sobre a base na qual se constrói e argumenta este texto, no uso do mais imediato e eficaz veículo de informações internacionais por parte dos diplomatas em cada momento da história das relações internacionais. Dos primeiros anos da independência do Brasil, o diplomata e historiador Oliveira Lima discorre sobre os escrevinhadores diplomatas, que, segundo ele, escreviam de forma intensa e expressiva para dar conta à necessidade de transcorrer relatos completos e precisos de seus acontecimentos presentes, tornando esse método manual e cansativo, um diferencial em comparação aos dias de hoje. Em uma época na qual o material de escrita e o método de envio não eram acessíveis a qualquer pessoa, se percebe que, os diplomatas faziam uso das melhores e mais atualizadas formas de comunicação internacional presentes, já que o telégrafo veio a ser criado anos mais tarde. Saber como o mundo reagia ao este novo Brasil e mostrar aos continentes o que este país era capaz de agregar nas relações exteriores tinha seu valor teve um valor inestimável. Tal valor veio acompanhado de um momento de grandes mudanças na antiga colônia lusa, que por muitas vezes criou expectativas positivas e até negativas nos outros continentes, que também passavam por mudanças e cabia o ofício diplomático a tarefa de saber levar estas informações com uso das mais avançadas tecnologias presentes. O apreço de Oliveira Lima sobre o trabalho escrito à mão e os inúmeros documentos disponíveis do período pós-independência, embora claro, não omite o fato do diplomata ressaltar a acessibilidade à informação e fontes de disseminação destas com uso do telégrafo usado em sua época como uma vantagem. Porém, de maneira sutil e implícita, uma grande mudança. No pós-independência os diplomatas tinham a possibilidade de organizar melhor seus relatos enquanto estes eram longamente elaborados, diferentemente já de 1911, período em que se fazia uso de tecnologias e meios de comunicação muito mais avançados. que no caso acompanham inversamente proporcional a redução do tempo para oportunidade de reflexão e possível correção dos conteúdos disseminados. Hoje, quase dois séculos após a independência proclamada por Dom João I, presenciamos já uma era pós-digital, na qual, as informações são transmitidas de maneira rápida, tanto quanto são geradas, com transmissões ao vivo e de alcance internacional. A capacidade de concisão no menor espaço de tempo possível nunca foi tão exigida de um diplomata na história das relações internacionais. Por estar mais próximo aos acontecimento o diplomata pode, assim, desempenhar parte da sua função como produtor de informação privilegiada, trazendo junto à notícia, conteúdos complementares que muitas vezes motivaram tais acontecimentos. Se conclui que toda agilidade oferecida pelos meios de comunicação no decorrer do tempo tem facilitado um trabalho árduo de comunicação, porém, com suas eficácia e rapidez vieram também a necessidade de maior atenção nas informações disseminadas evitando falsas notícias, e o uso das mais completas e adequadas ferramentas de comunicação hoje representadas, sejam elas as mídias sociais ou os já tradicionais meios de comunicação. Assim, no século XXI, o papel do diplomata se torna cada vez mais importante como moderador de informações cada vez mais instantâneas e de necessidade assertiva.