José Saramago afirma que a tolerância não é suficientemente eficaz para
estabelecer-se uma relação de igualdade, pois o ato de tolerar é proveniente de uma relação de superioridade de um sobre o outro. Descreve também a intolerância como alvo de inúmeras reflexões, declarando-a como péssima ou pior ainda que a tolerância em si, e por último o entrevistado conclui que a tolerância parece boa, porém, não é. Vamos ao longo do presente texto avaliar a possibilidade da tolerância ser positiva em momentos oportunos e negativa em situações específicas com base nas palavras de José Saramago. Tendo como exemplo as relações interpessoais, analisar-se-á o fato de que o ser humano, por si só, não goza de perfeição, e aqui tal palavra se refere tanto ao agente que tolera, quanto à situações emergentes na vida de um indivíduo. Com esta premissa, indubitavelmente não há como prever cada situação que ocorrerá no dia-a-dia, sendo o ser humano, distinto em opiniões e atitudes. Então, lidar com situações e atitudes adversas pode ser difícil, principalmente se não usar-se da tolerância, e aqui se discorre apenas de situações inusitadas e divergentes que possam partir de indivíduos à indivíduos, para amenizar e prevenir conflitos. Então, como ponto de partida, a tolerância pode ser muito útil, evitando neste sentido, equívocos maiores, sendo um caminho para aceitação dessa nova diferença presenciada. Porém, a tolerância não seria uma ferramenta positiva em situações e diferenças já vividas no cotidiano pessoal, pois para estas, como José Saramago afirma que a tolerância não é suficiente. Quando o assunto é religião ou Estado, existem detalhes que diferem de uma relação interpessoal, pois há, de fato um grupo de pessoas responsáveis pela formação da opinião social e capazes de reunir-se para analisar suas atitudes, opiniões e princípios regados na plena aceitação das diferenças, sejam elas religiosas, políticas ou de qualquer outra classe. As religiões devem ser construídas com base na aceitação do cidadão, mesmo possuindo ele a mais eclética divergência, e assim como os princípios cristãos, judaicos, hinduístas entre outros, têm como seus mestres, líderes religiosos instados a promover a prática da aceitação e amor ao ser humano, do mesmo modo a posição do Estado é constituída sob o preceito da dignidade humana e possui a vantagem de se organizar perante cada situação para tomar medidas e posições mais dignas que a simples tolerância. O Estado têm suas ações programadas e amplamente organizadas para reagir e agira à qualquer incidente ou fato, seja ele político ou social, trazendo assim a responsabilidade e oportunidade de instruir aqueles que fazem parte de sua nação. Conclui-se que a tolerância realmente não é suficientemente uma base ideológica aceitável para solução da indiferença, pois ela não atinge o foco deste problema social. Porém a tolerância pode ser utilizada como ponto de partida por parte de indivíduos que vivenciem situações inusitadas para evitar conflitos e iniciar, assim, o início de uma reflexão acerca de situações inerentes à sua nova realidade e tomar posse de uma plena aceitação da diferença até então desconhecida.