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Natt vat 6: FICHA CATALOGRAFICA (Preparada pelo Centro de Catslognsso-ns-Fonte, Amara Brasileisa do Livro, SP) Nova aniropotogis: © homem em tua exiténcia bilésice, social cultural; organizada por H-G. Gadamer ¢ F Votler, Sio Paulo, EPU, Ed, da Universidade de Sto Paul, 1977 Tradugio de: Neve Anthropologie, Bibliogratia, Conteido-r.1-2. Antopologis blolégica LIL-v.3. An ‘ropologa social. v.4. Antropologia cultural, -v/3. Antro pologia psiclégicav.6-7. Antropoloca flcedticn Ll 41. Autropologis 2. Antropologia filosstice 3. Antropo- lopia fice 4. ‘Etoologia 5, Emopsicelogie I. Gadancr, Hans-Georg, 1900- Il. Vodie, Paul 17. eDD390 18-301.2 17, 0 18.128 158.8 sr 33 Indices para eatdloga sistemético: 1, Antropologia 390 (17.) 301.2 (18.) 2. Antropologa bioligica "573.17. ¢ 18.) 3. Antropologa cultural 390 (17.) " 301-2 18.) 4; Antropologia Hloséfica 128-17, ¢ 18.) 5. Antropologia psicolégica 155.8 (17. 18.) 6. Antropologin social 390 (17.) 301.2 (18.) NOVA ANTROPOLOGIA Volume 6 © homem em sua existéncia biolégica, social e cultural ANTROPOLOGIA FILOSOFICA Primeira Parte Organizeds por H.-G. Gadamer ¢ P. Vogler EP.U. — Editora Pedagégica e Universitéria Ltda EDUSP — Editora da Universidade de Sio Paulo ‘Sio Paulo 1977 124 Antropologia fllosética 1 Seurten, M. — “Die Paycholotie ec so- gennanten Rentenhysterie. ud der techie Kampl gegen das Ube!" Vol. Til das Obras Compltas, Berne, Francke, 3955 Ge Ca Io, Sctopramtven, A, — Die Weit ole Wille od Vorsteling, Vol. 1. Muaigus, Mil Jer, 1912. Sciminat, W. — *Zom Problem der Frtien Motte Kind-Treanang”, Prax. Kinder pavchet, 3 (1954), 234, sem, RA, — “Hesptalisn: an inguiry im the genesis of prvhintric conditions in ear ehikthood"Prvchoanal Stud nid, 1 (948) 5344 Sema, RAL — “Anaclie depression: an ity into the geacis of prcblatie conditions in early childhood” Reyehose ral Sud Child, 2 (1946), 313 Sma, RA, — “Ober paychosomatiche Epidemic. des Kindesates”. 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Néo se pode entio falar de um povo como unidade ¢ totalidade, Pelo menos, ns nfo temos a distincia suficiente da atualidade. ‘A mocidade estudantil de agora, em sua grande maioria, poe em diivida a validade da tradisio. A minoria radical simplesmente nio a reconhece, ado- tando a atitude da revolugdo permanente do Maofsmo, sendo que ai parado- xalmente 0 tradicional respeito dos japoneses pela cultura chinesa representa tum grande papel. A juventude radical julga ser seu primeito dever eliminar a tradigaa © a forma social vigente, A velha geragdo acredita que se trata, no caso, apenas de uma afecgio do orgenismo popular bem localizada e que © povo japonés, ne conjunto, possui ainda forge sadia suticiente para debelar esse mal. Na realidade, porém, 0 ataque da juventude atinge realmente vé- rios pontos doentios, eo impeto dessa investida vé-se diariamente reforgado pelo eco da juventude radical em outros paises. Se 0 Estado e a sociedade sai- Mo dessa crise vai depender de a juventude académica conseguir 0 que até hoje nao foi possivel, a saber, ganhar para si o operatiado organizado. ‘A revolugio da juventide deve ser encarada sob outro ponto de vista ainda, Ela é também expressio do makestar geral na cultura moderna, Desse profundo descontentamento quanto ao atual modo de vids nfo se sairi, como € evidente, nem por um retorne radical, porque entio 0 Japio no conse ‘uiria viver, nem por um radical progresso téenico, que causaria maior des- contentamento, Trata-se de um niilismo que no ¢ unicamente teoria literéria, ‘Nido se exclii, porém, que a juventude acabe feconhecendo esta ainda vélida tradi¢ao, porque, dentro da moderna sociedade industrial, esta procure res- goardar a tradicional imagem japonesa do homem, # sabido que no passado o ovo japonés teve sempre forga para transformar em expressio de seu pr6- prio ser 0 que recebeu do estrangeiro. Manifestamente, esse povo possui uma especifica energia vitsl, que se realiza em formas sempre novas. Forma dessa auto-realizacio & « tradigio japonesa que chega até o presente, Dela também faz parte a filosofia anterior A Guerra, que viseva a uma sintese cultural do espirito do Oriente e do Oci- dente. A imagem do homem nessa tradigio deve ser esbogada conforme 0 seguinte esquema: 1. 0 homem na “paisagem” do ser; 2. 0 homem na ordem social estabelecida; 3, © homem na unidade de corpo e alma; 4, 0 modo de pensar desse homem. ‘Os livros citados em nossa Bibliggrafia permitem a0 leitor informar-se ‘mais detalhadamente sobre os problemas aqui tratados. O préprio estado, ‘que se segue no apresenta um repositsrio de citagdes de livros velhos ¢ novos, ‘mas um apanhado geral de 50 anos de experiéncias de vida no Japio. 126 Antropologis filosética ‘© homem na “paisagem” do ser (© homem oriental nfo te acha na “paisagem’” do ser como uum eu perante ‘6 mundo enquanto nio-eu, mas como parte modesta de um todo envelvente Nunca se desprende dela, ‘mesmo quando cultiva a ciéncia ou flosofa sobre Si mesmo. © que 0 envolve como que pelas costas nfo € uma pessoa divin, aiguma coisa ou um ente em geral. A ‘ilosafia budista chama-o de “V22i0" fou “nada”. Na filosfia de Kitano NistipA. (1943), muito divulgada antes a guerra, 6 denominado de "nada absolute” (zertai mu). B. come 0 t@o-d0 {oismo © como a grande harmnonia eatze céu, homem ¢ tert no universe. Jismo ¢ confucionismo chinés. © xintoisme japonts mio. tem nenhum termo especial para designar iso; 6 algo como a natureza eriadora, euja exeéncis fe manifesta sob mil formas como esta. ou aquela divindade (Kam). Nao tom nome, mas, consciente ow ineonscientemente, vive, indzivel e fncompre. easivel como um sentimesto sem nome e tem compreensio em todo japonés Por certo esta foi a razfo pela qual a pintura chinesa de paisagens bem ce- do se acimatou no Tapio, pois aqui o homem € apenas vim modesto fator da paisagem. Ao lado de vores, Zochas, montanhas € gus, vemos. tambert © homem caminhando sobre uma ponte ou como pescador no bare ou come ere den de Stoupans, al simples parte da pase, elo bo grande envolvente, que € represcotado pela amplidao do\céu e pela singular Yivacidade de todos 05 objeto. a Pee 'Até 0s rochedos tm sua vida propria, Nos jatdins japoneses “plantam- se" pedras naturas. O eflebre parque de pedras em Kioto ¢ um quadio abs ttato de arcin e pedras, elementos primevos da paisagem, Ao lado do. peqeno pavilhio de ché, dentro de um jardinzinho, arbustos com pedas e agus cor. Tente formam uma. paisagem em miniatura, perante a qual a cerimozia do cha representa simbolicamente um encoatro slencioso de homens na palsegern cireundante do ser. Hosptalidade € wma forma primitiva da sociedade cultural, em que se considera o estranho nfo come inimigo, mas como amigo em potencial, A re 0 entre hospede ¢ anfitigo constitai o tema da eerimdnia do chi mas ‘empregnse também na pintura chinesa para indicar as relagées matuas entre 48 partes de uma composigdo. Af 0 "héspede” pode igualmente funcionar, em relagio com outras partes do quadro, como anlitti Assim, tudo no quadro tem uma rica vide interior. __O leitor que pensa em terms de historia admirar-se-& que se misturem agui © japonés e o chinés, mat 0 xintofsmo japonés, 0 budlsmo hind e o confi: ionismo chinés conviveram intimamente 1o Japio por mais de. um Milenio, de forma a estarem unidos indissoluvelmenie no modo japonés. de ‘sent Entretano, diferentes pessoas ou grupos divergem quanto a0 modo ée pensar ¢ senti, ora mais conforme o budiemo, ora mais eonforme © xintoiame, De ‘modo gersl, para os japoneses, em questées da metafsica c da resize, nO ‘hé propriamente um saber univoco @ um conhecimento demonsttivel, Exis tem, dizem eles, muitos eaminhos pare subit e Ful Enquanto 0 crstisnismo se orienta mais para a teoria ¢ 0 dogma, poder- designar a religigo japonesa zates como’ um sentimento fundameatal ou uma disposicio do ser. O'xinfolsmo e o budismo salientam 0 nio-tlar. Os leigos deixam a teoria para o sacerdote, que tem por profssto cuidor dele. is importante © mais essencial € para cles a prétis religios, a qual brots Schinzinger: A imagem do homem na tradigéo japonese 127 de todo sentimento fundamental. Essa atitude pode, sem dificuldade, cocxistir com 0 tipo cientifico de pensamento. Caracteristicn desse Sentimento bésice 6 a supressio da fronteira entre 6 interior e 0 exterior. O mundo em que 0 homtem se encontra é vivido como realidade subjetivo-objetiva, Muitas palavras que em nossas linguas significam separadamente o sentimento interno e a coisa externa (p. ex., "estar com me- do” e “amedrontat") io empregadas em japonés nas duas acepedes (Kowai), referindo-se A realidade embebida em nosso sentimento, & realidade vivida Pestoa ¢ objeto si0 uma unidade, No Japso, a expresso verbal & essenci ‘mente lirica. No dominio metafisico, 0 absoluto ¢ tanto o que abrange tudo como o ncleo jatimo dos diversos fendmencs. O envolvente € tanto uno como mile tiplo. Os mestres do zem gostam de formulas paradoxals como: “o uno, isto 6, ‘0. miiiplo; "mundo colorido, isto é, 0 nada"; “o nirvana, ‘isto & samsara” (em japoass “sokw": “isto 6”). Encontrar ‘em todas 2s coisas 0 coragio de Buda c liberti-lo em si mesmo, eis o caminho do zen. Os bu- distas japoneses sempre acentuam que para eles © “nada” € positive © no negative. Trata-se do envolvente iitimo, que ndo nega menhum objeto, mes no é, ele mesmo, objeto algum © nunca se pode tomar objeto do coaheci- mento. Num sentido puramente budista nfo deviamos falar de uma paisagem do ser, e sim da paisagem do nada, Em filosofia, Nismipa fala de uma “Iégica do lugar”. Todo ser, tanto o material como © psiquico, & determinado por predicados © categorias. que constituem um campo. Este 6 0 “lugar” em que zlguma coisa seré determinada como ser. O ihtimo Iugar em que 0 set & determinado como ser © tem seu lugar, no ¢ propriamento um ser, mas spenas lugar, Tar, abrangente (tsutswnimono). O abrangente em si, portanto, nfo pode mais ser concebido filosoficamente definido por conceitos: seré vivido e experimentado na “7 tuigdo mistica”. Nao € senfo de fora que a filosolia pode descrever essa experigncia.religiosa. (© budismo foi introduzido no Jape sob a forma de budismo makayana. Nele a figura de Buda, sobrepondo-se a tudo que & humano, pessoal obje- tivo, torna-se algo de césmico. 0 Buda-cosmos enche todo 0 cosmos de sabe- doria, luz. e misericérdia. O coragéo de Buda é a verdadeira ess@ncia de todos ‘08 fendmenos. Na medida em que aega seu eu e realize em si o “sllencioso vacuo", 0 homem se liberta de toda dor. Isso é ijuminasao, O fim nio é conhecer Buda, mas tornar-se ele proprio um Iuminado (Buda). Nao se trata de um conhecimento de algo, mas de uma transformacéo do homem. Desse moda, © homem transformado esté na paisagem do ser, que é ma- nifestacio e desenvolvimento do nada absoluto. Todavia se acha’ sempre na natureza divina, xintoisticamente vivida, e na paisagem de sua pétria. Habi- ‘ages de camponeses, arcas xintofstas ¢ templos budistas aconchegam-se na envolvente ¢ acolhedora paisagem (fig. 1-7). Assim também o homem. Ele mes- ‘mo, como as coisas, se tornou transparente; através de tudo brilha o silén~ cioso vacuo, 0 nada absolut. © homem na ordem social estabelecida A tradigdo japonesa nfo conhece um eu isolado. Como na paisagem do set, assim 0 homem sempre esti dentro do sistema da ordem social dada. Fig, 1: Arca sintoita de Tse, (Fig. de 1 a 8: fotogratiastiadas pelo De. Kurr Brasett — Tepid Pig. 2: Arca xintoita de Teumo Fig. 4: 9 ¢ bi Area xintoiste de Isokushima 130 Aairopologia filoséfica T 7 Schinzinger: A imagem do homem na tradigio japonest 131 Fig. 6: Templo Cho-in — Kioto (visto do jardin) Fig. 5: Templo Jingo-t — Kioto Fig. 7: Templo Kiyominw-dera — Kioto 132 Antropotogia filo © individuo nao pode ser separado da familia ou da existéncia de seus ante- passados ¢ descendentes. Segundo a mitologia xintoista, todos os japoneses (ndo s6 0 imperador) séo de origem divina, pois os primeiros homens foram gerados pelo primeiro casal de deuses. Pola morte todos se tornaim de novo Geuses (kami). O culto dos antepassados remonta a um antiqlissimo temor religioso das almas dos mortos ,tendo sido aprofundado e espiritualizado pelo confucionismo. A presenga dos mortos no altar dos antepassados (10 Xinto‘s- mo, kami-dana ¢ no budismo, batsuadan) & ao mesmo tempo a presenca do sivino em si. Por meio dessa ligagdo com os doses © os. antepessados, sente-se 0 individuo como apenas um clo na cadeia da familia e do povo, Xinivisticamente falando, 0 “corpo do povo” (koku-tai) ¢ & substfincia moral de todo, onde o individuo existe apenas como onda no oceano. A. essa tio antiga concepefo veio adicionar-se entéo o confucionismo como wim sis. tema conceptual da ordem comunitaria com deveres sociais coneretos (gimn) © obrigagoes de ordem social (gir). © supremo valor do confucionismo é a piedade infantil (Ko), a vene- ragio amorosa dos pais e antepassados. Tal idéia parece muito natural para © povo japonés. Como segundo valor, acrescentou-se no Japao a fidelidade (chu) enquanto fidelidade para com 9 Imperador e para com o senhor feu. al, valor justaposto no mesmo plano ae primeiro, Do ko chu deduziramse todos os deveres socisis, © esse sistema social reinow inconteste até o fim da ltima. guerra. Ai entio, 0 sistema levado a0 absurdo pelo nacionalismo cai hum deserédito tio fundamental que com isso a consciéneia moral do. Povo {odo ficou inteiramente perturbada. Hoje subsistem juntos os mais diversos pontes de vista éticos: o sistema patriarealista da tradicio, um egoismo ulilitarista desencadeado pela desordem de pés-guerra, um humanismo liberal de cunho acidental © todas. as formas de socialismo marnista. E trégico ver como os pais apelam para um sentimento, do dever que nto existe mais sob essa forma nos filhos, a0 pasto que estes se eportam a um dever social incompreensivel sob essa forma para os pais. A confusdo do sentimento moral mostra-se no embate dos estudantes radicaliza- «dos com os professores mais velhos, criades no confucionismo, Os professores mais novos, que se inclinam a um humanismo liberal, querem servir de intermedirios entre os dois partidos, mas fracassam devido teimosia de ambos os lados. Por que os estudantes sadicais nfo conseguiram grangear as simpatias do operariado organizado? Evidentemente porque 0 procedimento violento dos estudantes ¢ sua total falta de tato © formagio (que se podia ver ¢ ouvir ‘aa televisio) contradizia o sentimento ético-social das grandes massas, nao Ihes dando, além disso, a impressso de se tratar si realmente de seu interesse. ‘No povo japonés sempre esta viva a atitude tradicional, conforme a qual 0 individuo tem que realizar o tipo do sua vocagio e descmpeahar o papel que The incumbe por sua concteta situardo social. Ora, esses estudantes do correspondem imagem que se tem de um estudante, vivendo do dinheiro Paterno ou publico, livres de outras imposiges de trabatho a fim de se dedi car 86 & ciéncia, Sempre continua de pé 0 ideal do “intelectual” confuciano, ‘que, nobre © modesto, preenche fungdo social que lhe cabe por nascimento 04 por mérito. Fis precisamente a razio de serem os trabalhadores conside~ ‘ados pelos estudantes como “atrasados”, ¢ de serem incitados a revolgdo. Operérios © empregados naturalmenie lutam por saldrios mais altos € me- Thores condicoes de trabalho, mas enquanto trabalham querem com orgulho Schinzinger: A imagem do homem na uadiglo japonesa 133 realizar 0 tipo & sum vocagio, representando bem sew papel © portando Co fimera sis méara social. Est tea profisonal € tm fator no des recivel a rapide secenséo sconomica do puis ‘Ao coniréio de mutes nagSes modenmes em desenvolvimento, o Japko progiedi, em menos de cem anor, por esforgo proprio. Naturalmente, sve Fam os japoneses 0 ensing de mstes esrangeiro, mgs let os Pageeem, © cs pagaram bem, com grandes sacrifios ¢ com orgulho. Espsta de save o'e atoaiiplin, qge se devem a milena edueagio confcana, tomar ftande Jape, ed isciping elisa profesional de tad wovagGer ainda foje ds bons reautados © socal tove senipre predominancia no Tapéo. Huse Tanne, disk pulo do filsofo Nesta, enticou seu mete orgie erin neggeaciado 0 foetal, Nistooa, cojo siieia culiina a “intiego mea" pela qual 32 Rennga s unidade do indiviguo ¢ do Absolut, inioduriv, eno, em seu Sistema, no "mundo historco” 9 social como meciaga, A “expéce” medeia he hstie atte ¢ inividyo © o Absolut, No mundo hstrico © indviduo tao se acha 3, Contino NISHIDA stisfero senimentojapones, © qual alt bul ao socal wm papel essencia. O le, p- ex, para os japonesex aparece cl Fammente no evstanism € 2 présis social que fehava no Budo. O badismo hodienso todas as novasteigiSessoent¥am, por 80, # rani soil. Tam: bea populardade do marsismo se deve a essa pogo, E ‘verdade quar 0 Pudamo desevolven wana Sica da compuindo, mas trate ins de “compando” pasiva do que de ativa pris social, O con ito intista de “coragdo puro” (makoto no Kokoro) jé genetou hé mato, omo ideal Ge simplicidage, riido ¢ versidade, no seta, socal Eco do Confucionsme, © sstema’ tradicional Gu ica’ japonese € confuciano. A Felagia pai flho #0 modelo de todas as relagoen scias,¢ na Tinguage ‘phases se relapGese ordenagdessosnis nas mliplas formulas de sosia © Inout 'A estrura patriacal fundada no confecionism trensparece ainda hoje em tod ss camatas soci 0 sistema “Oyahun-kabua” sr8 chamado agora sistema Bost e € tanto comum sos partidos politicos de dnctae de esquerds amo aot grepos de export, & economia, ace meics doy doutos © 20% dos fangsers, Ae ov estudantes revlusionrios estZo assim ongenizados, apenas Stsituindo © sotga sonsiéncia coletiva por sia nova conscienia colt. (© revero do sitmna confuciano com suas estrta formas cerimorisis © férmulas inguiscas disponveis para qualquer stuagio previsivl, € ums ten dena so foealsna barca, fem como cra egurn cn fu cs inprevisveis, paca a quais 20 se fem vmna forma ou formula, © final ‘Hone soucacao voter pra a ade do man (upto ost), iy 2 moralidade consuetudindla. 34 bem cedo se di 8 erangass "Se fzerem isso, os ovtros zombardo de vocés" Assim se cvia aguele tipo de japonés introvertdo, por deans retraito, calago e que 20 sistancia de tudo com um forse eutio, que nas cooferénsesintermecionis no desempena © papel qe compete a seu pais pela prodasio cietfien © econ6mics, Deatto da in Shine vide jsponca, postin, ess stage adbze ¢ modesta dé bons resultados. ‘Todos aprenderam’ aa escola 0 principio: "As eapigas do arfoz, ches, in- clinam-se, as vazias levantam a cabega”. 134 Antropotoeia filosotica T (© homem na unidade de corpo ¢ alma ‘A adesio & unidade fenomenolégica de corpo ¢ alma é propria da tra- digo japonesa, mas vai-se perdendo com a crescente “cientificagao” do pen samento. Nas antigas modalidades japonesas de esporte, na arte jeponesa © no budismo zen ainda constitui um momento especial da imagem do homem. Unicidade da pessoa, equilibrio © serenidade caracterizam essa iinagem do omen. Priticas espirituais © 20 mesmo tempo corporais Que os exercicios espirituais sejam ao mesmo tempo corporais, vé-se sobretudo nos exercicios da meditagko do budismo zen. A meditagio € pra ticada nos templos por monges e leigos, mas é propria de uma elite. Ta bém no tempo antigo nfo era de outro modo. Mesmo hoje, entretanto, aé ‘mogos participam, de quando em quando, de tas exercicios de meditagio pare obviar & auto-alienagdo do homem na agitacéo moderna O nome meditacio zen (za-zen) significa o sentar-se na posigio oriental como é vista j& nas estétuas de Buda. © principiante aprende primeicemente @ sentar-se direito, descansando naturalmente em si mesmo. Depois aprende 8 respirar de modo correta, controlando © sopro. Sé depois receberi uma farefa de meditagso (Koan) que, em sua formulagio paradoxal, evidentemente eve servir para levar o simples intelecto ao malogro. Apenas muito tempo. apés, se for 0 caso, segue-se a iluminagao (satori). Ela ocorre como um rio © € uma transformacéo do homem todo. Na linguagem dos budistas zen, trata-se de uma morte e um renascimento. O transformado dessa maneira serd Feconhecido pelo mestre em silenciosa comunicacao. © que é inadequado na discusso ocidental sobre o zen & a propria dis- cussio, @ atitude intelectual. Os mestres zer sorriem, unicamente, dessa dis eussio € dizem: “O principio do zen & o calar-te". Os budistas zen fazem Femontar sua tradicéo a seguinte ienda: Corte ver, estava sentado o lumi. nado (Buda) no meio dos seus disefpulos e mostroudhes em. silencio uma flor de Iétus. Na expectativa, olhavam o mestre para ouvit sua explicacao, 8 © discipulo dileto de Buda sorria. Eniéo 9 Muminedo the ofereceu a flor de létus ¢ 0 designou por gestas silenciosos como seu verdadeito sicessor. Desde entio o mestre zen reconhece sem palavras 0 iluminado pela salort Evidentemente nese reconhecimento importante também a transformagao de posigio corporal, Na tradigio chinesa zen narrase muitas vezes que 0 mestre bate no discipulo a fim de ajudé-lo para uma repentina iluminagéo. Ao zen prende-se igualmente a ceriménia do ché, celebrada de iniclo pelos monges nos mosteiros, e que, como “caminho do’ ché” (sa-do), repre gentava uma particular postura espititual-corporal, Hoje, a ceriménia ‘do ché & empregada, como cha-noyu, na educagéo das meninas, a fim de se conse- Euir uma postura perfeitamente senhora de si e, contudo, livre graciose, AS meninas aprendem a sentar-se, ficar em pé, andar ¢ usar o aparclho de chd com tranglilidade © muita graciosidade, © perfeito dominio dos movi- ‘mentos corporais significa jé uma atitude espiritual ote OS MEMES do ché esclarecem que a esséncia da ceri ‘ete apenas em tomar chi. Com isso qucrem exprimir que —- com a obser vacio das regras do preparo, oferccimento e aceitagao do chi — nto so deve Schinzinger: A imagem do homem na tradigio japonesa 135 oecer relagdo entre anftriso © héspede, E uma hora contemplativa de fncono hxmano. Otecino do eh, corn a sua ornamentalo Tefimadamente Eimpies © sublimadoramente artes, @ pequeno jardim do-cha com a Tonte Jevemente cantante, chiado da chair, ue se compara como Tudo das malin — tudo io faz recordar stugio de wn eremite gue hospeda com ¢hicem sua eabana tm caminheate, Todo corporal &expresto dese eacontro humano a patagem do ser. 'No aiolosmo ha exerckios relglosos que so a0 mesmo tempo corpo- ris, Sto ritonis de oragio em gue 0 orantefisn sob uma cachowia. tno mar, O telimento rigoso da punfeago & a0 mesmo tempo um seamen Corpora Se esa “oragto @s Agha” (mawgort) se reli no fio Go iNernO, fsoo nfo quer dizer gue se catign a carne may siguficand ents ume Pai Casio putcuanmente fica ¢ 0 enduretimenio de todo © Home ‘Nise pong iver se devesem mencionar as miles de monges qve foram encontrada no norte So Tapio. Ts em vida, estes monges, por 0 de gos exercicios do meaitagao. © uma. almentagéo especie, s0_prepsrevamn pars tor mimes, 4 fim de se tomazem, dese modey mori. Sem lror Fumiicagio. ream decompouiao, Préticas corporis ¢ a0 mesmo tempo espicituals Enquanto os esportes oeidentais sio exereicios puramente fsicos, ¢ em tod caso tequetem um espeefice epiito eportve, ay anges modaliiades de sports no Tapio, como judd, lta com espadas (Kendo) e artemesso de flexa (lyudo), sio denominadas caminho (do), sendo que esse caminho representa ma filosofia, Embora a palavra "do" provera do chinés “Yao”, tatase de tum elemento da concepeio japonesa de vida. Jud8, o “caminko suave", chams- vase antes jinjitsu, a "téenica-suave”, may hoje os mestres de jud6 sulientam © que ha de filosofico © moral nesse camino, No que se refere ao caminho da espads (Kendo) e 0 do areo (yudo), eram ainds, ha poueo mais de cere anos aes gers « meno srs, goo #0 wa ms dm < ‘bate real, © principrante aprende primetramente a coohecer, acertar prote- ger as prter do corpo Iumano, Ao aprnder oh gelpes morte, presia Jurer que somente os empregara em caso exiremo de defesa pessoal. O mesmo vale também para o jud6 © o caraté. Aprende-se 1 inflgir & morte © a rece- Béla. Sao, portanto, ao mesmo tempo, exercicios da morte. A resclutaorien- tagio para a morte educa para seriedade e dignidade, unidas nio a rigider, ras agilidace insiintivemente segure Mesmo send tio acentundd o apace fistio ¢ moral do cain, @ exereicio comporal diuturno entende-se por si, Sem a corteta postura corporal sem excels contnucs, aa te acanark.B 9 que se deve evar em Cnt ‘quando se 1é em HeRxicet. (1948) que a fiexs atinge 0 alvo enquanto o ati Tador olka em si mesmo, para dentro. Exereitow por tanto tempo que numa Suliciente concentragio (que nfo € ume simples concentragio intelectual) «quase nto pode sendo acerta. ‘Um expevalidade so 0s exereiios esportivos nas hores matinais durante 4 época mais fria do ano, Sto um endurecimento espartano de corpo © espitito. ; . A alegria pelo saudivel movimento corporal, juntamente com a slegria Pela paisagem, stages do ano © lugares histércos, levou 9 poeta Baswo 136. Antropotogia filosétiea 1 Matsvo (1644-1694) a caminhadas sempre renovadas por todo 0 puis. As wear pela poesis o vento Ihe trouxe durante » pereginagao. Ele aplicov 8 st teamne © rome Basno por Wve compurado faba da baanea (hao), yasgoda pela tempestade e pela chuvas Como a baanelza japonesa aio. da Jrotes, oPnome era tambént uma alusio irGnica 2 exisléacia.aparentemente Jnutt'do poet Sem ser ele mesmo monge,caminhava sob as Toupagens de lim, moage mendiante, a fim. de realgar que era Tive. de todes 8 laos socials: Nio portava armas, se bem que pertencese propriamente 2 casla dos SGmursis: Take genctrado profundamente no espirto do cen e queria Teall tar uma existénca verdaderamente Ivre tanto do. ponto de vista espinal omo corpora © corporal na arte Na pintura, na caligrafia e na mtsica do Tapio sempre se grifa que & indispensivel a ‘postura coreta do corpo e a correta respiragdo abdominal. ‘© pinlar ¢ o cantar devem seguir-se sem cansago a partir do centro do hhomem, a saber, do centto fisico de gravidade do corpo (tandem). Enquanto O entendimento esta fixado em algo, © canto, a pintura e a escrita tém (assim fe diz) qualquer coisa de constrangido; ainda no procedem fivremente do centre do homem. Também aqui se compreende por si o exercicio continuo. Um pintor modemno disse #0 diseipulo que Ihe mostrou um esbogo que devia fazé-lo finda cem vezes, porque enti seria bem bom, Na caligrafia, p. ex., aprende-se primeiramente a correta postura, a res- piragdo trangiiila ee mistura correta da tinta. (Pressupée-se, naturalmente, ‘© conhecimento da escrita chinesa.) Entio se segue a concentracio espiritual sobre o significado da eserita simbélica © 2 decisio por um dos estilos clis- sicos da escrita, Sé ai comegam as imimeras tentativas de eserever como se ‘© Absoluto (o “Nada”) conduzisse 0 pincel servindo-se do corpo © corporal ¢ © spiritual na religito e medicina populares Nas religides populares e na cura popular das doengas (cura proveniente da medicina chinese), © homem € traiado corporal e espiritualmente, 0 que ‘poderd talvez. acontecer separadamente. Contam-se maravilhosas curas operadas pelos sacerdotes budistas ou xin- tofstas. Ha 80 anos, peex., peregrinou pelo pats, pregando e curando, a réstica fundadora da seita Tenrikyo, gue hoje conta’ milhées de adeptos. O poder ‘de curar pela imposigio das m&os foi transmitido por ela a seus descendentes, que, por sua vez, 0 pastaram, na ordenagio, aos sacerdotes da seita. O ter ceiro patriarca, falecido hd pouco, construiu na cidadezinha de Tenri, sede Principal da scita, um hospital gigantesco, ultramoderno, no qual trabalham miédicos, conhecidos, que néo precisam ser adeptos da scita. O patriarca fesclarecen que a deenca era de fato um aviso do ebu, e os sacerdotes deviam fazer com qae os doentes compreendessem isso, mas que, uma yez entendido © aviso como tal, nada obstava 2 que se procurasse alivio do sofrimento por ‘meios humanos. Eis por que 0 tratamento medicinal do corpo podia ¢ de’ Schinzinger: A imagem do homem na tradigSo japonesa 137 andar de par com 0 religioso ¢ espisitusl. No tratamento religioso ainda sempre representa um papel a imposigdo das mos, Maitos jeponeses dfirmam que sues mios tém um poder especial para fazer sarar- Curain por meio de leve massagem, 0 que’ € wma espécie de 'No Japéo aprecia-se muito a massagem, sobretudo depois de um banho dquenie. Trata-se de uma vocagio prineipaimente para cegos, cujo to é esenvelvido de _mancira notével. Espantosa a habilidade dos cegos a acupunturs, eafiando Tongas ¢ finas agulhas através do tecido. Acertam os principais pontos do chamado sistema Keiraku (sistema do meridiano), que, conforme a arte chinesa de cura, 6 uma espécie de via vita, nfo sendo, 30 ‘que parece, idéntica & via dor nervos. ‘Os pacientes consideram também muito eficez a queima (momuseMoxa), em ezrios lugares da pele, de pus preparados com ervas medicinal. Bastante popular € 0 tatamento de criangas muito travessas (com _as ppouco traverses costuma-te ser bastante indulgenie) por meio de um sedative da velha medicina chinesa (Kampo yinku). Além disso, porém, existe um tra tamento religioso. Levase @ crianga. a0 templo ou area, onde o sacerdote rera em vor alla, © entio desenha num papel branco com tints nanguimm um Simbolo da escritura chinesa. Levado para casa e colocado no forro sabre a Caminha, esse papel tem um efeito muito tanglilizador, visto que as crian- G85 so assaz sugestionaves. Nos casos de enurese noturna das eriancas hi ainda, junlaments com os antigos remédios cases, a ida a um templo, o que deve Ser particularmente eficaz em tais casos. Em Nara, num temple, relizase, numa noite bastante fria da primavera, uma ceriménia com fachos que tém na extremidade supe- rior finas estilhas de bambu, semelhantes a Yassouras. Quando, de um palan- ‘que de madeira, se mover esses fachos em varias dizegoes por sobre «mul: tidio, cai uma ‘chava de fagulhas que, entre outras coisas, deve ser muito boa também para esse pequeno imal infant. © que nos interessa aqui nto é 0 problema da sugestio da medisina, rem a relagdo entre cigneia, 16 © supersticao, mas apenas a coincidéncia da ‘operagio corporal e espititual na tradiglo popular. Depois. destes exemplos de costumes populares, dedicamo-nes aovamente a arte. © corporat como representaco espiritual ma iconografia budista No 6 novidade que a arte religiose simboliza o espiritual pelo corporal, mas a iconografis budista vai muito mais loage que a ctisti. As diferentes ualidades espirtuais de um mesmo Buda sko expresses corporalmente em muitas diferentes figuras de Buda. Dado que ns filosofia budista nem 0 corpo nem. alma sio concebidos. como substincias, ¢ visto que o ser verdadeiro se situa além do representével, so necessérios muitos meios auxiliares (ho- ben) para coneretizar 0 irrepresentavel. As cstituas de Buda sio semethentes ‘meios auniliares, se bem que as vezes se thes atribuem poderes mégicos. ‘Propriedades espirituais do Muminado, como sabedoria, misericdrdia, do- Iinio sobre o mal, etc., sio representados 20s sentidos, corporalmente, por meio de figuras, posigdo dos dedos (mudra), multiplicasao dos bragos ‘ux liares (fig. 8) e por toda espécic de insignias do poder © magnificéncia, A pre- senga de tais imagens pode também scr valiose nos exercicios de meditagio. ig, @: Kunnon de mil bragos, no Todaigi, em Nara Quando se declara que o Budismo esotérico considera as imagens 35 como personificacio de propriedades espirituais, ao passo que o exotérico as toma como objeto de culto religioso, deixa-se de ver o ponto essencial, i., ue os dois sig ambas as coisas ao mesmo tempo. A representagio do espi- ritual inobjetivavel por uma coisa objetiva e corporal provém da mancira original da consciéncia humana que é sempre um “tomar como. ..". Jé na finguagem as palavras signiticam e representam algo; sio tomadas por alguma coisa que néo so. As palavras podem. percorter toda gama de representa- ‘980, desde a primitiva presenca de uma formula de feitigaria, até a repre- sentagdes espiritualizadas do “Nada absoluto”. Assim também as imagens rel- giosas. So conjuntamente imagens sagradas objetivas e imagens do sagrado inobjetivavel. Sao figuras mitologicas ¢ 30 mesmo tempo sinais do absorvente ue transcende todo o figurado, objetivo e pessoal, sendo ao mesmo tempo 9 meio misterioso da existéncia humana concret Schinzinger: A imagem do homem na tradigdo japonesa 139 “Contemplagio operante” Nisin eriou na filosofin 0 conceito da “contemplasio opecante”. A tota- lidade corporal e espisitual do homem mostra-e justamente no [ato de 40 existir uma contemplagao sera ago, pastiva. S6 pela atividade e operagao chega © homem a uma tatuigk, sempre mais clara, do mundo, do et e do iltimo fundamento metalisieo (do "Nada”). Agie ¢ contemplar néo sto, segundo ‘Nismps, dois atos separades ¢ casualmente ligados, mas ums unidade primor- dial, que se mostra também claramente na arte. O pintor $6 € pintor quando usa o pincel, ou seja, quando conjuntamente iniui e opera. O aftisia € artiste hha medida em que ns representagfo do mundo se exprime e intl as mesmo. ‘No mundo histérico-social, ao ver de Nisinps, o homer eo mundo cir- cundante se opGem um ao outro quanto a “expresso”, O homem quer faz2r dio mundo uma expresso de si mesmo, enquanto que © ambiente quer tornat © homem sus espresso. O mundo models o homem, e este modela 0 mundo. ‘Com sua contemplagio operante, o homem é, em si, um fator da zealidade ‘que s2 desenvolve historicamente. Nisso sempre se contrapée o mundo expres- sivameote ao homem, como se dissesse: “Assim deve continuar, porque assim foi". 0 homem, a0 fnvés, adota o ponto de vista do futuro exige que as coisas sejam diferentes. Essa luta entre passado e futuro desenvolve-se dentro ‘So prsprio homem. “A contemplago operante” é, ao mesmo tempo, um proceso interno, rsicolégico, e um acontecimento no munda exterior. O miindo histécico & Segundo Nismps, realidade subjelivo-objetiva, que se desenvolve dialetica: mente como ‘‘unidade dos opestos". ‘Ao qualificar, numa formulagio barroce, a realidade como “auto-iden- tidade absolutamente contraditéria", NIsitba exprime que o realizante da rea- lidade a energia da tensio dos’ contraditOrios. Numa imagem do Japao reconhece-se a admiravel justaposicéo do velho e do novo. Nao & uma juste Posislo estitica, mas uma oposigdo dindmiea pela qual o acontecimento his. {Srico € levado avante. O presente constitu’ justamente essa tensio entre 0 futuro desejado © 0 passado atval ‘Uina visio da T6quio moderna ensina que aqui, malgrado » influéncia americana, esté em agdo uma legitima enetgia japonesa, determinada no por tima teoria, mas pela necessidade pritica do momento, que produz cada ez uma nova’ coeisténcia, cheia do tenses, do. mal antgoc do mait ‘A hist6ria, para NistnoA, no é uma escadla sem fim na. qual se deixas- sem alrds os degraus percortidos, a fim de s6 serem considerados bhistorica- mente, mas sim ima confrontacio sempre nova do pastado e do futuro mo “eterno presente” ‘ modo de pensar do homem japonés Jé se escreveu muito sobre a peculiatidede do pensamento oriental e sobretudo japonés: AwEoo, 1970; MaaNu, 1964; Naxamura, 1968; Scrmvzr GER, 1963. Podemos, portanto, ser breves. © pensamento real do homem nao se efetua no espaco vazio da logica abstrata, mas é, para falar a linguagem de Nissi, contemplagio operante numa situagio concreia, histérica © social. 140 Antropologia fMoséfica 1 No pensamento japonts sempre se inclui o improvisivel. Dat o receio de se promunciar uma pessoa de modo decisivo sobre qualquer coisa. Predi- ‘goes a respeito do que hé de aconteser néo tém a forma: “Serd certamente Assim’, Preferis-se-d dizer: “Serd talvez assim”. A experiéneia de imprevisi- vyois catastrofes naturais liga-se, desde sempre, a idéia da natureza como un poder absolutamente sobre-humano, que se subtrai de todo & apreensio inte- Tectual do homem. Acresce a consideragio social dos desconhecidos sentimentos do outro, de maneira gue evita os enunciades explicitos © peremptsrios. Em tereeiro lugar, © modo de pensar japonés € determinado pela con- cepedo budista da realidade, que nao € um ser substancial ¢ imutével, mas apenas eterna transformacgo, $6 subsiste no mundo o insubsistente, a propria ‘mutaglo permanente. Em uma discussio radiofOnica dizia certa vez um americeno, que ou ‘uma bola esté dentro de uma mala ou néo; nao ha outra possibilidade, A isso respondeu o japonés: “Nao temos malas; mas pano (furoshiki) que is vezes formam um: embrulho maior, outras vezes um meaor. F ainda que uma bola seja hoje mals ou menos a mesma que ontem, a China de hoje néo € ade ontem’. Vé-se assim a orientagdo para um mundo que & essencialments transformagao. A ciéncia de que tudo flui leva a uma grande precaugio nas afirmagées gerais. Cumpre deixar um espago livre para © futuro comportamento, quer seja estranhe quer proprio, © qual se guiaré menos por opinides preconcebi- das que pela realidade dada no momento. A educacéo pelo zen e pelo esporte Japonés segue também a dire¢io da livre mobilidade em cada instante. © procedimento tradicional no pensar é antes um salto intuitive, em vez de uma inferéncia gradual do raciocinio, Para isso existe uma palavra especial (han), tradurida em getal por “intuigd0” ou “‘sexto sentido”. Corresponde 20 termo romintico “presseatimento”, e eu (como fiz no artigo de 1963) deno- minaria como sendo “sentimento exato”. © um sentiment muito seguto para [pessoas e siluagdes que so compreendiddos como formas integrais, Numa tal forma integral ‘pode-se também aprender, como pertencente & sua signifi: ago, algo que nao é existente. Os japoneses io mais seguros no campo artitico ¢ humano, onde podem deixar-se guiar pelo sentimento, do que no terreno cleatifico, em que predomina a légica do Taciocinio. Na ciéneia precisavam a principio wabalhar com conceitos e métodos ocidentais, penetrando assim, em outra dimensio do Pensamento, Aprenderam, ji hi muito, a pensar cientificamente no sentido ocidental,

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