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2) Siglas utilizadas:
MP (concursos do Ministério Público); M ou TJPR (concursos da Magistratura); BL (base legal,
etc).
Art. 1º QUALQUER CIDADÃO SERÁ PARTE LEGÍTIMA [obs.: é o único legitimado] para
pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do
Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de
economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de
instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas
incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de
quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. (PGESE-2005)
(TJPI-2007) (TJMG-2008) (PGECE-2008) (TCEAP-2010) (TJDFT-2011) (MPF-2011) (TCEPR-2011)
(MPTO-2012) (MPMS-2013) (TRF5-2013) (TCEAM-2013) (Cartórios/TJRR-2013) (MPSC-2014)
(DPEMS-2014) (Anal. Legisl.-Câm. Deputados/2014) (DPERN-2015) (Anal. Judic./TJPI-2015)
(Anal. Judic./TRT11-2017) (Anal. Judic./TJPE-2017) (MPMG-2018)
##Atenção: A ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão (nacional no gozo dos
direitos políticos) com o objetivo de anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
ônus de sucumbência.
##Atenção: Como requisito para a propositura é ser cidadão (art. 5º, LXXIII da CF), e
formalmente isso significa ter título de eleitor, aquele que, a partir dos 16 anos estiver munido
deste documento, poderá ajuizar ação popular.
##Atenção: ##TRF5-2013: ##CESPE: Seguindo o modelo das ações civis públicas, pode-se
afirmar que na ação popular a lei outorgou a possibilidade de um legitimado atuar
isoladamente em defesa de interesses de uma coletividade, como adequado portador de suas
aspirações. Trata-se de “representatividade adequada” definida ope legis: a lei e a CF/88
outorgaram a qualquer cidadão a condição de portador adequado dos interesses
metaindividuais da integridade do patrimônio público, da moralidade administrativa e do
meio ambiente ecologicamente hígido, legitimando-o a defendê-los judicialmente quando
atacados por atos de alguma das entidades previstas no art. 1.º da LAP. Portanto, tal como
ocorre nas ACP’s, não se admite o controle da representatividade adequada em cada caso
concreto, segundo o modelo ope judicis. Uma vez provada a condição de eleitor ou cidadão
português equiparado, sua legitimidade não poderá ser recusada pelo Judiciário. (Fonte:
Landolfo Andrade, Interesses Difusos e Coletivos, 2014, 4ª Ed. p. 287).
##Atenção: ##DPERN-2015: ##CESPE: Segundo o STJ, “a Ação Popular não é servil à defesa
dos consumidores, porquanto instrumento flagrantemente inadequado mercê de evidente
ilegitimatio ad causam (art. 1º, da Lei 4717/65 c/c art. 5º, LXXIII, da CF/88) do autor popular, o qual
não pode atuar em prol da coletividade nessas hipóteses. A ilegitimidade do autor popular, in
casu, coadjuvada pela inadequação da via eleita ab origine, porquanto a ação popular é instrumento
de defesa dos interesses da coletividade, utilizável por qualquer de seus membros, revela-se
inequívoca, por isso que não é servil ao amparo de direitos individuais próprios, como sóem ser os
direitos dos consumidores, que, consoante cediço, dispõem de meio processual adequado à sua defesa,
mediante a propositura de ação civil pública, com supedâneo nos arts. 81 e 82 do CDC. (....)” (REsp
818725/SP, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, j. 13/05/2008).
##Atenção: ##DPERN-2015: ##CESPE: Nos casos de ação popular movida contra o Presidente
da República, a competência originária para o seu julgamento não é do STF, pois não há
previsão no art. 102 da CF/88, que conta com rol taxativo (regime de direito estrito). Nesse
sentido, a jurisprudência do STF: “A competência para julgar ação popular contra ato de
qualquer autoridade, até mesmo do Presidente da República, é, via de regra, do juízo
competente de primeiro grau. Precedentes. Julgado o feito na 1ª instância, se ficar configurado
o impedimento de mais da metade dos desembargadores para apreciar o recurso voluntário
ou a remessa obrigatória, ocorrerá a competência do STF, com base na letra “n” do inciso I,
segunda parte, do art. 102 da CF” (AO 859-QO, j. 2001 e relatado pelo Min. Maurício Corrêa).
##Atenção: O MP NÃO possui legitimidade para intentar ação popular. Todavia, se o autor
desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e
condições do art. 7º, II, ficando assegurado a qualquer cidadão bem como ao representante do
MP, dentro de 90 dias da última publicação, promover o prosseguimento da ação. De forma
simples, o MP atuará de quatro formas:
a) Como parte pública autônoma, velando pela regularidade do processo e pela correta
aplicação da lei, podendo opinar pela procedência ou improcedência da ação. Nesse caso,
exerce o papel de fiscal da lei, ou “custos legis”.
b) Como órgão ativador da produção de prova e auxiliar do autor popular. Todavia, a função
de auxiliar do autor da ação popular não implica em uma atividade secundária do Parquet.
Ele não é um mero ajudante do autor da ação; ao contrário, possui uma atividade autônoma.
c) Como substituto do autor. Aqui, tem-se a palavra substituto empregada em sentido vulgar,
como algum que age no caso da omissão de outrem. Ocorre quando o autor da ação popular
(cidadão) ainda é parte no processo, mas é uma parte omissa. O Ministério Público, então,
age em seu lugar, cumprindo ônus processuais imputados ao autor, que não os realizou.
d) Como sucessor do autor. Ocorre, em regra, quando o autor da ação desiste desta, quando,
então, o Ministério Público tem a faculdade de prosseguir com a ação popular, quando
houver interesse público. Nesse caso, é vedado ao Ministério Público desistir da ação
popular. Seu poder de escolha refere-se ao impulso inicial (suceder ou não o autor). Depois
disso, não pode mais voltar atrás.
##Atenção: ##CESPE: O STJ entende pacificamente que cabe julgamento antecipado da lide
em ação popular. Consoante jurisprudência do STJ, não há cerceamento do direito de defesa
quando o juiz tem o poder-dever de julgar a lide antecipadamente, dispensando a realização
de audiência para a produção de provas ao constatar que o acervo documental é suficiente
para nortear e instruir seu entendimento (AgRg no AREsp 431.164/RJ, Rel. Min. Humberto
Martins, 2ª Turma, j. 11/3/14).
(TCERN-2015-CESPE): A ação popular e a ação civil pública diferem no que se refere à
legitimidade ativa; quanto ao objeto, ambas tutelam interesses similares. BL: art. 1º, da LAP e
art. 5º, inciso LXXIII, CF e art. 5º, LACP.
OBS: De forma bem simples, a ação popular tem como legitimado ativo o CIDADÃO em
pleno gozo dos direitos políticos; Já a ação civil pública tem um rol mais amplo de legitimados
ativos como, por exemplo, o MP e a Defensoria Pública. Ambos tutelam direitos coletivos.
OBS: A ação popular e a ação de improbidade são consideradas ações concorrentes, isto é,
ações que embora variando quanto a causa de pedir ou aos seus legitimados ativos, prestam-
se a atingir o mesmo resultado. Enquanto a primeira anula e determina o ressarcimento do
dano, a segunda apura as irregularidades (dimensão do dano) e visa aplicar sanção quanto ao
ato praticado. Assim, uma não impede a propositura da outra, na verdade, se completam.
(MPMG-2012): Em matéria de ação popular, é correto afirmar: A invalidez dos atos lesivos de
empresas privadas subvencionadas por verbas públicas será limitada a repercussão que eles
causarem sobre as contribuições dos cofres públicos. BL: art. 1º, §2º, LAP.
(TJMG-2005): Em relação à Ação Popular, prevista na CF/1988, é correto afirmar que está
posta à disposição de qualquer cidadão e visa à obtenção da invalidação de atos ou contratos
administrativos ou a estes equiparados, ilegais e lesivos ao patrimônio público nas esferas
federal, estadual ou municipal, ou de suas autarquias, entidades paraestatais e, igualmente,
pessoas jurídicas subvencionadas com dinheiro do cofre público. BL: art. 1º e §2º da LAP.
(MPMS-2013): Tratando-se de Ação Popular de que trata a Lei 4.717/65, assinale a alternativa
correta: Reconhece a Constituição Federal a legitimidade ativa do cidadão, sendo que a Lei
4.717/65 apenas define como prova da cidadania para esse fim ser eleitor, mostrando-se
desinfluente para os fins da ação popular o domicílio eleitoral do autor da ação. BL: art. 5º,
inciso LXXIII, CF e art. 1º, §3º da LAP e jurisprudência do STJ. (Atenção: Caiu também:
DPERN-2015 e MPSP-2017)
OBS: Vejamos o seguinte trecho do julgado do STJ: “(...) A Constituição da República vigente, em
seu art. 5º, inc. LXXIII, inserindo no âmbito de uma democracia de cunho representativo eminentemente
indireto um instituto próprio de democracias representativas diretas, prevê que qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular (...) Note-se que a legitimidade ativa é deferida a cidadão. A
afirmativa é importante porque, ao contrário do que pretende o recorrente, a legitimidade ativa não é
do eleitor, mas do cidadão. (...) O que ocorre é que a Lei n. 4717/65, por seu art. 1º, § 3º, define que
a cidadania será provada por título de eleitor. (...) Vê-se, portanto, que a condição de eleitor não
é condição de legitimidade ativa, mas apenas e tão-só meio de prova documental da
cidadania, daí porque pouco importa qual o domicílio eleitoral do autor da ação popular. (...)
O art. 42, p. único, do Código Eleitoral estipula um requisito para o exercício da cidadania ativa em
determinada circunscrição eleitoral, nada tendo a ver com prova da cidadania. Aliás, a redação é clara
no sentido de que aquela disposição é apenas para efeitos de inscrição eleitoral, de alistamento
eleitoral, e nada mais. (...) Aquele que não é eleitor em certa circunscrição eleitoral não
necessariamente deixa de ser eleitor, podendo apenas exercer sua cidadania em outra circunscrição. Se
for eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento de ação popular. (...) O indivíduo não é cidadão
de tal ou qual Município, é "apenas" cidadão, bastando, para tanto, ser eleitor. (...) Não custa
mesmo asseverar que o instituto do "domicílio eleitoral" não guarda tanta sintonia com o exercício da
cidadania, e sim com a necessidade de organização e fiscalização eleitorais.” (REsp 1242800/MS, Rel.
Min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, j. 7/6/11).
(TJMG-2014): Além da ação civil pública, também a ação popular constitui instrumento de
tutela do patrimônio ambiental. Todavia, a legitimidade ativa para a sua propositura é
concedida apenas àquele que ostente a condição de cidadão, ou seja, a pessoa física no gozo de
seus direitos políticos. BL: art. 1º, §3º da LAP e art. 5º, LXXIII, CF.
(TJMG-2008): Bola Sete Ltda. ajuizou ação popular contra o Município de Belo Horizonte para
pleitear a anulação de ato lesivo ao patrimônio municipal consistente em deferir à empresa
“Dona da Bola”, mediante decreto, a exploração de todos os bares e restaurantes existentes nos
parques municipais, sem, entretanto, promover a necessária licitação. O juiz indeferiu a inicial.
Recorreu a autora, alegando: 1) que o ato administrativo é claramente ilegal e praticado com
desvio de finalidade; 2) que o Município não observou a forma legal para a edição do decreto;
e 3) que não lhe pode ser tolhido o direito de disputar, em licitação regular, a prestação dos
referidos serviços. Segundo os fatos acima relatados, assinale a alternativa que representa o
resultado a que chegou o Tribunal: confirmou a decisão de origem. BL: art. 1º, §3º da LAP e
Súmula 365 do STF.
OBS: No caso, a ação popular foi proposta por pessoa jurídica ("Bola Sete Ltda"). Portanto, está
correto o indeferimento da inicial, extinguindo o processo sem resolução do mérito. Segundo
a Súmula 365 do STF, "Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular."
Art. 2º SÃO NULOS os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de: (MPSC-2010)
a) incompetência;
b) vício de forma;
(MPMG-2018): De acordo com a Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, são nulos os atos lesivos
ao patrimônio, nos casos de incompetência, vício de forma, ilegalidade do objeto, inexistência
dos motivos e desvio de finalidade. Segundo a referida Lei, a incompetência fica caracterizada
quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou; o vício de forma
consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis
à existência ou seriedade do ato; a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato
importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo; a inexistência dos motivos se
verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido; e o desvio de finalidade se
verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência. BL: art. 1º e §2º da LAP.
Art. 3º Os atos lesivos ao patrimônio das pessoas de direito público ou privado, ou das
entidades mencionadas no art. 1º, cujos vícios não se compreendam nas especificações do artigo
anterior, serão anuláveis, segundo as prescrições legais, enquanto compatíveis com a natureza
deles.
b) o valor real do bem dado em hipoteca ou penhor FOR inferior ao constante de escritura,
contrato ou avaliação.
(MPMG-2012): Em matéria de ação popular, é correto afirmar: É nulo o ato jurídico cujo valor
real do bem dado em hipoteca ou penhor for inferior ao constante de escritura, contrato ou
avaliação. BL: art. 4º, II, “b”, LAP.
V - A compra e venda de bens móveis ou imóveis, nos casos em que não cabível concorrência
pública ou administrativa, quando:
b) o preço de compra dos bens for superior ao corrente no mercado, na época da operação;
c) o preço de venda dos bens for inferior ao corrente no mercado, na época da operação.
VII - A operação de redesconto quando sob qualquer aspecto, inclusive o limite de valor,
desobedecer a normas legais, regulamentares ou constantes de instruções gerais.
b) o valor dos bens dados em garantia, na época da operação, for inferior ao da avaliação.
(TCDF-2012-CESPE): De acordo com a jurisprudência do STJ, a ação popular será cabível para
a proteção da moralidade administrativa, mesmo quando não houver dano material ao
patrimônio público. BL: art. 4º, da LAP e art. 5º, inciso LXXIII, CF e jurisprudência do STJ.
(Atenção: Caiu também na prova MPPI-2012)
DA COMPETÊNCIA
OBS: Desde a Lei 6.513/77, é cabível liminar em ação popular, que acabou com a polêmica,
inserindo o §4º no art. 5º da Lei de Ação Popular.
OBS: Segundo o STJ, em se tratando de ação popular, que tem por objeto a desconstituição de
ato jurídico, por força da disposição legal (art. 6º da Lei 4.717/65), estabelece-se o
listisconsorcio necessário, mas não unitário, porquanto, visando a ação a desconstituição de
ato administrativo, poder-se-á mostrar prescindível a presença no polo passivo do agente que,
embora tenha se beneficiado do ato impugnado, não participou de sua elaboração.(...) (STJ,
Resp 258122/PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ 05/06/2007).
OBS: “O litisconsórcio passivo decorrente do art. 6.º é facultativo ou necessário, unitário ou simples?
Para análise de tal questão, é imperioso perscrutar a natureza dos pedidos e dos respectivos capítulos da
sentença ligados a cada um deles pelo princípio da congruência. Também é mister examinar o art. 11 da
LAP, que proclama que “a sentença que, julgando procedente a ação popular, decretar a invalidade do
ato impugnado condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os
beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando
incorrerem em culpa” (destacamos). Em toda ação popular, sempre haverá um pedido de invalidação do
ato, visando a um provimento de natureza desconstitutiva ou declaratória negativa. E, nos casos em que
houver necessidade, seja para reparar o dano, seja para afastar o risco de dano, haverá também pedido
visando a um provimento de natureza condenatória. Para que a ação seja viável em relação ao pedido de
invalidação, será necessário incluir no polo passivo todos os que atuaram na formação do ato impugnado,
até porque sua invalidação produzirá como efeito a recondução ao statu quo ante de todas as partes que
nele figuraram. Assim, nesse ponto, haverá litisconsórcio necessário e unitário. No tocante ao capítulo
condenatório, o litisconsórcio não será necessário. Ora, como se trata de responsabilidade por ato ilícito,
haverá solidariedade entre os responsáveis, de modo que o autor poderá optar por incluir como réus
apenas os responsáveis ou beneficiários com melhores condições econômicas para arcar com os custos da
reparação do dano, até para limitar o número de réus, facilitando o andamento processual. De outro lado,
o próprio art. 11 ressalva àqueles que forem responsabilizados na ação popular o direito de se voltarem
em ações de regresso contra funcionários com culpa (aqui em sentido lato, incluindo o dolo). Logo, a
própria lei acena com a facultatividade da inclusão de todos os responsáveis no polo passivo da ação
popular. Além de facultativo, o litisconsórcio no capítulo condenatório será simples, uma vez que a
sentença não necessariamente será idêntica em relação a todos os réus, podendo vir a condenar alguns, e
a outros não. Aliás, tratando-se de ato lesivo ao erário, a entidade lesada, mesmo havendo figurado como
ré, jamais poderá ser condenada à reparação do dano: afinal, seria logicamente impossível que ela
reparasse seu prejuízo econômico por meio de seus próprios recursos financeiros. Nesse caso, os demais
responsáveis e os beneficiários diretos, pessoas físicas ou jurídicas, é que serão condenados a repará-lo. É
importante ressaltar, porém, que o litisconsórcio passivo (seja o necessário, seja o facultativo)
inicialmente formado poderá, eventualmente, não perdurar. É que a entidade de direito público ou
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, uma vez citada, poderá preferir atuar ao lado do autor, desde
que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente (§ 3.º
do art. 6.º da LAP). Feita essa opção, a entidade deixará o polo passivo, e passará a ser assistente do
autor.” (Fonte: Interesses difusos e coletivos esquematizado; Adriano Andrade, Cleber Masson,
Landolfo Andrade – 5. Ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 290/291).
OBS: Sabe-se que o litisconsórcio é considerado necessário quando a presença de mais de uma
parte no polo passivo da ação é essencial para que o processo se desenvolva validamente em
direção ao provimento final de mérito, podendo a essencialidade decorrer da própria natureza
da relação jurídica ou de exigência legal, como ocorre no caso em tela (art. 6º, Lei nº. 4.717/65).
Devendo ser citada para a ação tanto a autoridade responsável pela prática do ato quanto a
pessoa jurídica a que esteja vinculada, devem ser citados para compor o polo passivo da ação
o presidente da assembleia legislativa e o Estado cujo poder legislativo compõe, haja vista a
natureza de órgão público da própria assembleia, despido de personalidade jurídica. Não
tendo sido uma das partes citada, deve a sentença ser anulada pois, sendo matéria de ordem
pública, deve ser conhecida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, não se
sujeitando à preclusão. Além disso, de acordo com o STJ (REsp 1095370 / SP) "doutrina e
jurisprudência consideram ser impositiva, em sede de ação popular, a formação de litisconsórcio
necessário entre a autoridade que tenha provocado a suposta lesão ao patrimônio público e a pessoa
jurídica que pertence o respectivo órgão".
§ 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for
inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades
referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma.
##Atenção: ##CESPE: ##DPU-2015: A teor do que dispõe o art. 6º, §3º da LAP, não há um
prazo certo para que a pessoa cujo ato foi impugnado requeira a sua migração para o polo
ativo da ação, mas, tão somente, abre oportunidade para que o faça.
##Atenção: ##CESPE: ##DPU-2015 ##TRF5-2013: O STJ admite a migração da pessoa
jurídica de direito público do polo passivo para o ativo, mesmo após o oferecimento de
contestação: "O deslocamento de pessoa jurídica de Direito Público do polo passivo para o
ativo na Ação Popular é possível, desde que útil ao interesse público, a juízo do representante
legal ou do dirigente, nos moldes do art. 6º, § 3º, da Lei 4.717/65. 3. Não há falar em preclusão do
direito, pois, além de a mencionada lei não trazer limitação quanto ao momento em que deve
ser realizada a migração, o seu art. 17 preceitua que a entidade pode, ainda que tenha contestado
a ação, proceder à execução da sentença na parte que lhe caiba, ficando evidente a viabilidade
de composição do pólo ativo a qualquer tempo. Precedentes do STJ." (REsp 945238/SP, 2ª T. Rel.
Min. Herman Benjamin, unânime, DJe 20/04/2009). Vejamos, agora, julgado do STJ mais
recente sobre o tema: “ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. NÃO HÁ PRECLUSÃO
NA MIGRAÇÃO DE POLO DA AÇÃO PELO ENTE PÚBLICO QUE INICIALMENTE HAVIA
APRESENTADO CONTESTAÇÃO. 2. No tocante à migração de polo da ação do Ente Público,
efetivamente, se trata de inovação recursal. Por outro lado, a jurisprudência desta Corte é firme de que
não se opera a preclusão, devendo se levar em conta, todavia, o interesse público a
fundamentar a postura prevista no art. 6º, § 3º da Lei 4.717/65. (STJ, AgRg no REsp
1162049/SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma, j. 1/3/16).
(TRF5-2013-CESPE): Segundo o STJ, no âmbito da ação popular, é possível que a entidade
pública, mesmo após ter contestado ou ter se mantido inerte, se retrate do posicionamento
anteriormente tomado e passe a atuar como assistente do autor, ainda que já saneado o feito.
(MPSC-2010): A pessoa jurídica de direito público, cujo ato seja objeto da ação popular, citada,
pode atuar ao lado do autor, aderindo à inicial, caso se afigure útil ao interesse público. BL:
art. 6º, §3º, LAP.
(MPBA-2018): De acordo com a Lei 4.717/65, é correto afirmar que o MP acompanhará a ação
popular, cabendo-lhe promover a responsabilidade civil ou criminal dos que nela incidirem,
sendo-lhe vedado assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores. BL: art. 6º, §4º,
LAP.
##Atenção: O art. 6º, §5º da LAP não fixa marco temporal para a formação do litisconsórcio.
Além disso, não precisa de concordância do autor da ação.
(MPSP-2017): Com relação à ação popular em defesa do patrimônio público, é correto afirmar
que qualquer cidadão pode habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação
popular. BL: art. 6º, §5º, LAP.
DO PROCESSO
(MPPR-2019): Nos termos da Lei da Ação Popular, assinale a alternativa correta: Ao despachar
a inicial, o juiz deverá ordenar a intimação do representante do MP. BL: art. 7º, I, “a”, LAP.
b) a requisição, às entidades indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido
referidos pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao
esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento.
II - Quando o autor o preferir, a citação dos beneficiários far-se-á por edital com o prazo de
30 (trinta) dias, afixado na sede do juízo e publicado três vezes no jornal oficial do Distrito Federal,
ou da Capital do Estado ou Território em que seja ajuizada a ação. A publicação será gratuita e
deverá iniciar-se no máximo 3 (três) dias após a entrega, na repartição competente, sob protocolo,
de uma via autenticada do mandado.
III - Qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado, CUJA existência
ou identidade SE TORNE CONHECIDA NO CURSO DO PROCESSO e ANTES DE
PROFERIDA A SENTENÇA FINAL de primeira instância, DEVERÁ SER CITADA para a
integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para contestação e produção de provas,
Salvo, quanto a beneficiário, se a citação se houver feito na forma do inciso anterior. (TJPI-2012)
(MPSP-2017)
OBS: Segundo Leonardo Carneiro da Cunha, o prazo para contestar na ação popular é de 20
dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), sendo comum a todos os interessados. Sendo o prazo
comum, não se aplica o prazo em dobro para a Fazenda Pública. (Fonte: A Fazenda Pública
em Juízo - Leonardo Carneiro da Cunha - 2016, p. 47). (PGM-Fortaleza/CE-2017)
OBS: Na ação popular, em regra, a produção de prova testemunhal poderá ser requerida até o
despacho saneador (art. 7º, V, Lei 4.717/65), momento anterior ao início da instrução
probatória. O saneamento do processo, no regime do CPC revogado era feito por ato judicial
que a doutrina denominou despacho saneador; na verdade não era despacho, mas decisão
interlocutória. O atual CPC, no art. 357, caput, denominou este ato do juiz de decisão de
saneamento e organização do processo, que consiste num juízo positivo de admissibilidade
relativamente à ação e a um juízo positivo no que tange à validade do processo (Elpídio
Donizetti, Curso Didático de Direito Processual Civil, 20ª Ed., Atlas, 2017, p. 634).
Art. 8º Ficará sujeita à pena de desobediência, salvo motivo justo devidamente comprovado,
a autoridade, o administrador ou o dirigente, que deixar de fornecer, no prazo fixado no art. 1º,
§ 5º, ou naquele que tiver sido estipulado pelo juiz (art. 7º, n. I, letra "b"), informações e certidão
ou fotocópia de documento necessários à instrução da causa.
Parágrafo único. O prazo contar-se-á do dia em que entregue, sob recibo, o requerimento do
interessado ou o ofício de requisição (art. 1º, § 5º, e art. 7º, n. I, letra "b").
(MPPR-2019): Nos termos da Lei da Ação Popular, assinale a alternativa correta: Se o autor
desistir da ação, serão publicados editais nos prazos e condições legais, sendo assegurado ao
representante do MP, dentro do prazo de 90 dias da última publicação feita, promover o
prosseguimento da ação. BL: art. 9º, LAP.
(TRF2-2014): Em ação popular por ato lesivo ao patrimônio público federal, ocorrendo a
situação de abandono do processo (art. 9º da Lei 4.717/65), após intimação pessoal do cidadão
autor, o juiz deverá adotar a seguinte providência: Determinar a publicação de editais na forma
prevista na legislação da ação popular, a permitir que qualquer cidadão ou o MP assuma a
ação no prazo legal. Na eventualidade de não haver qualquer manifestação no sentido de
assumir a ação, caberá ao magistrado extinguir o processo sem resolução de mérito. BL: art.
9º, LAP.
(MPDFT-2011): Na ação popular, verificada a desistência do autor sem que nenhum eleitor
responda aos editais e habilite-se na causa, o MP poderá promover o prosseguimento da ação,
não se vinculando, contudo, ao pedido, podendo oficiar no sentido de sua improcedência. BL:
art. 9º, LAP e doutrina.
OBS: José Afonso da Silva explica que, por defender o interesse da sociedade de uma maneira
global, o MP pode voltar-se contra o autor popular, “nas hipóteses em que sob a capa de
defensor da comunidade, pratique atos danosos ao patrimônio jurídico-legal da comunidade”
SILVA, José Afonso da. O Ministério Público nos processos oriundos do exercício da ação
popular. Revista dos Tribunais. São Paulo, vol. 366, ano 55, 1966, p.13). Do mesmo modo, Ruy
Armando Gessinger, citado por Mancuso, refere que “o MP deve atuar na ação popular como
o requer o interesse público, não a versão do autor. Não lhe cabe a automática obrigação de defender
interesse de quem o processo demonstre, afinal, não ter direito. É ele órgão da lei por determinação
constitucional”. (Apud. MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação Popular: proteção do erário
público, do patrimônio cultural e do meio ambiente. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003, p. 229).
(MPAM-2007-CESPE): Em ação popular iniciada por cidadão, além do dever legal de oficiar
no processo, cabe ao MP promover o prosseguimento do feito caso o autor desista da ação. Por
isso, é obrigatória a sua intimação pessoal em todas as fases do processo, inclusive quando a
ação é extinta sem resolução do mérito, por inépcia da inicial. BL: art. 9º, LAP.
Art. 11. A sentença que, julgando procedente a AÇÃO POPULAR, DECRETAR a invalidade
do ato impugnado, CONDENARÁ ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua
prática e os beneficiários dele, RESSALVADA a AÇÃO REGRESSIVA contra os funcionários
causadores de dano, quando INCORREREM em CULPA. (MPAM-2007) (PFN-2007) (MPSC-
2012) (MPDFT-2013) (DPECE-2014) (DPEMS-2014) (TCESC-2016)
Art. 14. Se o valor da lesão ficar provado no curso da causa, será indicado na sentença; se
depender de avaliação ou perícia, será apurado na execução.
§ 3º Quando o réu condenado perceber dos cofres públicos, a execução far-se-á por desconto
em folha até o integral ressarcimento do dano causado, se assim mais convier ao interesse público.
§ 4º A parte condenada a restituir bens ou valores ficará sujeita a seqüestro e penhora, desde
a prolação da sentença condenatória.
Art. 15. Se, no curso da ação, ficar provada a infringência da lei penal ou a prática de falta
disciplinar a que a lei comine a pena de demissão ou a de rescisão de contrato de trabalho, o juiz,
"ex-officio", DETERMINARÁ a remessa de cópia autenticada das peças necessárias às
autoridades ou aos administradores a quem COMPETIR APLICAR a SANÇÃO. (PGEPR-2011)
(MPPB-2010): Não promovida pelo autor ou terceiro, no prazo legal, a execução da sentença
condenatória transitada em julgado em ação popular, o MP, revestido de legitimidade
extraordinária autônoma concorrente, promoverá a execução devida no prazo de trinta dias.
BL: art. 16, LAP.
Art. 17. É SEMPRE PERMITIDA às pessoas ou entidades referidas no art. 1º, ainda que
HAJAM CONTESTADO a ação, PROMOVER, EM QUALQUER TEMPO, e no que as
beneficiar a EXECUÇÃO DA SENTENÇA contra os demais réus. (PGEPR-2011)
Art. 18. A sentença TERÁ eficácia de coisa julgada OPONÍVEL "ERGA OMNES", EXCETO
no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso,
qualquer cidadão PODERÁ INTENTAR outra ação com idêntico fundamento, VALENDO-SE
de nova prova. (TCEMG-2005) (PGESE-2005) (PGECE-2008) (DPEAL-2009) (DPEMA-2011)
(MPMT-2012) (TRT2-2012) (Cartórios/TJAC-2012) (MPMS-2013) (DPEPE-2013) (MPT-2013)
(Anal. Judic./TRT10-2013) (TJRJ-2014) (DPECE-2014) (Cartórios/TJDFT-2014) (Anal./PGERO-
2015)
(TRT2-2012): A sentença que julga improcedente a ação popular por deficiência de provas não
faz coisa julgada. BL: art. 18, LAP.
(MPMS-2011): e os mesmos fatos investigados no inquérito civil foram objeto de ação popular
julgada improcedente pelo mérito e não por falta de provas, o caso é de arquivamento do
procedimento instaurado. BL: art. 18, LAP.
OBS: A ação popular tem por objeto o pedido de anulação de ato lesivo ao patrimônio público,
meio ambiente, moralidade, patrimônio histórico e cultural (art. 5º, LXXIII, CF). Assim, se a
ação popular for julgada improcedente ante o reconhecimento da validade do ato impugnado
(e não por mera falta de provas), é possível homologar o arquivamento de procedimento
investigatório que tenha por objeto justamente verificar a validade/legalidade desse ato (arts.
18 da Lei 4.717/65; Pt. n.º 32.600/93). O enunciado da questão exigiu o conhecimento do teor
da Súmula 01 do Conselho Superior do MPSP: "Se os mesmos fatos investigados no inquérito civil
foram objeto de ação popular julgada improcedente pelo mérito e não por falta de provas, o caso é de
arquivamento do procedimento instaurado."
(MPSP-2005): Ante os termos da Lei n.º 4.717/65, se a ação popular for julgada improcedente
por falta de provas, qualquer cidadão poderá intentar outra ação, inclusive com o mesmo
fundamento, desde que se valha de prova nova. BL: art. 18, LAP.
Art. 19. A sentença que concluir pela CARÊNCIA ou pela IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO
ESTÁ SUJEITA ao DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, NÃO PRODUZINDO efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente CABERÁ APELAÇÃO,
com efeito suspensivo. (Redação dada pela Lei nº 6.014, de 1973) (PGESE-2005) (PGECE-2008)
(PGESP-2009) (MPDFT-2009) (MPPB-2010/2011) (TJPI-2012) (TCEAP-2012) (MPMT-2012/2014)
(MPMG-2014) (DPECE-2014) (Anal./PGERO-2015) (Proc. Legisl.-Cotia/SP-2017)
Dica:
Da ação julgada improcedente = sujeita ao duplo grau de jurisdição (reexame
necessário)
Da ação julgada procedente = cabe apelação com efeito suspensivo
(MPCE-2009-FCC): A sentença que concluir pela procedência de ação popular, em que o
Município figura, juntamente com o prefeito, como réus, não está sujeita ao duplo grau de
jurisdição obrigatório. BL: art. 19, LAP.
§ 1º Das decisões interlocutórias CABE agravo de instrumento. (Redação dada pela Lei nº
6.014, de 1973) (MPCE-2009) (Anal./PGERO-2015)
(MPPR-2019): Nos termos da Lei da Ação Popular, assinale a alternativa correta: O MP, bem
como qualquer cidadão, poderá recorrer das sentenças e decisões proferidas contra o autor da
ação e suscetíveis de recurso. BL: art. 19, §2º, LAP.
DISPOSIÇÕES GERAIS
c) as entidades de direito público ou privado a que a lei tiver atribuído competência para
receber e aplicar contribuições parafiscais.
Art. 21. A ação prevista nesta lei PRESCREVE em 5 (cinco) anos. (MPSC-2010) (MPMG-
2011) (MPAL-2012) (TJRJ-2014) (TCEGO-2014) (TRF3-2016) (Anal. Judic./TRT11-2017)
Art. 22. APLICAM-SE à ação popular as regras do Código de Processo Civil, naquilo em
que não contrariem os dispositivos desta lei, nem a natureza específica da ação. (PFN-2007)
(MPDFT-2015)
H. Castello Branco
Milton Soares Campos
Este texto não substitui o publicado no DOU de 5.7.1965 e republicado no DOU de 8.4.1974
Súmulas Importantes:
STF:
SÚMULA Nº 365: PESSOA JURÍDICA NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA PROPOR AÇÃO
POPULAR. (TJBA-2012)