Vitória de Cunha aumento risco de reduções de direitos dos
trabalhadores Para diretor do Diap, a pauta da Câmara deverá privilegiar matérias de interesse dos empresários, como o projeto de terceirização.
A eleição do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da
Câmara pode agravar a redução de direitos dos trabalhadores, que já iniciaram o ano sofrendo com as medidas anunciadas pelo novo governo da presidenta Dilma Rousseff que restringem o acesso ao seguro desemprego, à pensão do INSS, ao abono salarial e ao auxílio defeso.
De acordo com o diretor de documentação do Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, a proximidade do recém-eleito presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o setor empresarial deve se traduzir na elaboração de uma pauta legislativa que atenda exclusivamente aos interesses do mercado.
“Eduardo Cunha é o tipo de político altamente comprometido com os patrões e
que não terá nenhum constrangimento em colocar em votação matérias contrárias aos interesses dos trabalhadores. Inclusive matérias que outros presidentes anteriores não tiveram a coragem de pautar, como é o caso do projeto de terceirização”, alerta o analista político.
Segundo ele, para resistir a ofensiva que virá do parlamento, os trabalhadores
terão que contar com uma posição firme do governo em defesa dos direitos trabalhistas e, principalmente, se valer de muita mobilização social e pressão sobre o parlamento.
“É um cenário muito preocupante. O governo terá que se posicionar
claramente no sentido de defender medidas que preservam os direitos e os movimentos sociais e sindicais devem aumentar a pressão e a fiscalização do Congresso, porque a tendência é que as matérias contrárias aos trabalhadores entrem em pauta”, avalia.
Para Queiroz, preocupa, ainda, o fato de que a atual formação do Congresso é
ainda mais conservadora e mais comprometida com os interesses do mercado do que a anterior. Ele lembra que a bancada empresarial possui 217 congressistas e a ruralista tem 153, enquanto a sindical foi reduzida para 51.
Além disso, acrescenta que a crise econômica associada à ausência de
margem fiscal do governo para continuar dando subsídios ao setor privado, como ocorria durante o primeiro mandato do governo Dilma, levará os empresários a aumentarem a pressão sobre o parlamento. “Eles sabem que o presidente da casa é um aliado das pautas que prejudicam os trabalhadores”, acrescenta.
Redução de direitos via executivo
2015 já começou difícil para os trabalhadores. De acordo com o diretor do
Diap, a presidenta Dilma rompeu seu compromisso de campanha de não retirar direitos dos trabalhadores ao anunciar as mudanças no seguro- desemprego, Pensão do INSS, abono salarial e seguro defeso.
“São medidas muito preocupantes, porque a presidenta disse de forma
explícita que não reduziria benefícios. E o que, houve, obviamente, foi isso”, ressalta.
Conforme Queiroz, se um trabalhador que recebia anualmente um abono de
um salário mínimo passa a receber um doze avos desse valor, não há como contestar a redução de direitos. E, o que é mais grave, direitos que beneficiam a parcela mais vulnerável da população.
Para ele, o discurso do governo de que as medidas visam apenas corrigir
distorções não se sustenta. “Todo mundo está de acordo com o combate às fraudes, com que haja regras que favoreçam a legalidade. Agora, suprimir direitos em nome do combate às fraudes é inaceitável, e as entidades têm que reagir com todo vigor a essas medidas”, defende.
O analista político acredita que as negociações entre governo e centrais
sindicais até podem amenizar os efeitos da redução do seguro-desemprego, tido como ponto central da pauta trabalhista. Mas alerta que os maiores prejuízos aos trabalhadores estão é no corte do abono e do pagamento das pensões do INSS.
“Reduzir as pensões pela metade e ainda delimitá-las no tempo é uma
pancada muito grande. Porque o pensionista, dependendo da sua idade, pode acabar recebendo um valor muito pequeno, cerca de 60% do que teria direito sem a alteração na regra, e por apenas três anos. Uma pensionista com expectativa de sobrevida de 35 anos, por exemplo, só receberá a pensão por três anos, e com o valor cortado pela metade”, observa.
A Exclusão Do Benefício Previdenciário de Valor Mínimo para Efeito de Concessão de Benefício Assistencial - Necessidade de Exame Do Caso Concreto em de - IEPREV