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ROBERT O, PAXTON A ANATOMIA DO FASCISMO “Trauugdo: Patricia Zimbres e Paula Zimbres @ PAZ E TERRA 4 1 TNTRODUGAO, © fascismo foi a grande inovagio politica do sécul vale boa parte de sus sofrimontos. As demas grale corre cultura politica do Ocidente moderno —0 conser adorn emo ~ atingiram forma macura entre fins do séctlo = © me dos do século xix. Na 1890, contudo, « fascismo nto havia ainda imaginado. F no proficio de 1895 par. a nova ediio =e olanes na Frange, de Karl Marx, ceixa claro que areiava qi ® mpligio do cleitorado, fatalmente, traria mals woros pass cesquerdia, Se- gud afrme cvenga de Engels tanto o emo quanto os nimeros estavam ago socialsta]continuar assi rich Engel ded Jos socialistas. “Se [a crescente 20 final deste século [0 sé nos [os cialistas] teremos conquistado 1a maior parte dos estratos mé le, os pequetos burgueses € vs, transformand-nos na orga decsiva do pls” "Os Conner: “a haviam perc warts eles, Ao contririo, "nds [08 socialists}, sob ess le ‘mos misculos conservadores} nessa legalidadk ne faces rosadas, ¢ a aparéncia de vida eterna. A les [os * resta a fazer senio encontrar, cles tmbém, bree " Embora Engels previsse que 0 inimigos dx exquerta 1: Friedrich Enge! (1848-1850), em The Marne Reale. Norton, 1978, p.571 1895, preficlo 2 Karl Mare, The Clas Struggles France ‘bert C. Tucker, 2. el, NovaYerksW.W. AANATOMIA DO FASCISMO acabariam por langar um contra-ataque, ele, em 1895, no aque ese ataqueviriaa conquistar 0 apoto dis massas, Uma ditaduraanties- querdista cercada d rada que 08 fascistas conseguiriam leria esperar entusiasmo popular ~ essa foi a combinagio inespe- iar no curto espaco de uma geracio. Os vislumbres premonitdrios foram poucos. Um deles partiu de um jovem aristocrata francés de indol bora Tocqueri Estados Unidos, em 1831, preocupouse com o fato de que, numa demo- cracia, a maioria d le. Em- tiva, Alexis de Tocque tenha encontrado muito © que adnnirar em sua visita a0s a 12 6 poder de impor conformidade pela pressio 0 de uma elite social independente. tipo de opressio com o qual 10 ameagados os povos democriticos rio se parecer com nada antes visto no mundo; nosso8 contemporsneos rnio encontrarlam-em sua memoria imagem que a cle se assemelhasse. Eu ‘mesmo busco em vio uma expresso que reproduza com exatidao a idéta que ras despotism ¢ trania ndo si0 Uma outra premonigio vei heiro francés transformado em comentador soci: 1908, Sorel criticou Marx por nio ter percebido que “uma revolugio al- cangada em tempos de decadéncia” poderia “tomar como Georges Sorel. Em uma volta ao passadlo, ou até mesmo a conservagao soc A palavra faseismo tem origem no fas ‘ou mago, Em termos mais remotos, a palavra remetia ao fesces latino, um italiano, lteralmente, um feixe achadlo cercado por um feixe de varas que era levado diante dos magis trados, nas procissées pUblicas romanas, para significar a autoridade © a trad iago Press, 2000, p. 66 4vcap.6. F Georges Sorel, Reflection on lence Cambridge: Cambridge University Press 1999, p. 79-80. ROBERT O, PAXTON midade do Estado, Antes de 1914, de moclo geral, foi a esquerda que s© aprop 0 simbolo da Repit- thor Francesa foi muitas vezes retratada, no séeulo xi, portando o face para representa a forga da solidariedade repu! eroeratas e clericais.* Fascesfiguram com proeminéncia no Sheldontan “Theater da Universidade de Oxford, de autoria de Christopher Wren, ¢ também no Lincoln Memorial de Washington (1922), bem como na moeda orte-americana de um quarto de délar cunhada em 1932.! ‘Os revoluciondrios italianos usaram o termo fascia em fins do sécu- Jo 20, para evocar a solidaiedade © 0 compromisso dos militantes, Os camponeses que se insurgiram contra os senhores de terra na Sicilia, em 1895-1894, denominavam a si mesmos de os Fase! Siciliont. Quando, em fins de 1914, um grupo de nacionalistas de esquer tentou levar a It smo do fasces romano. Mariant se juntar 0 piria socialista Benito Mussolini par da Primeira Guerra Mundial do lado dos Aliados, cles es heram um m era comunicar tanto 0 fervor quanto a campanha: O Fascio Rivoluzionario d nista).” Ao fim da Prime’ Azione Interve! ucionstia de Agao Interven ‘eanhou o termo fascsmo para descrever 0 estado de a os nacionalistas ¢ de revolucionérios sit pequeno bando de ex-s0! Tistas pré-guerra® que vinha reunindo a seu redor. Mesmo entio, ele no Marlanne eu combat: Limagerie et la sybolique 1979, p. 28-9, 108-9, e Marianne au pour. Paris 1989, p.77, 83. onetta Fl Spectacle: The Aewheti of Per in Massolin's 6, 1997, p- 95-9. sara™ prep leraram os lideres fascistas, desvianclo a atengio das pessoas, dos gru- pos e das instit Necessitamos de um mo: Pete mais sutil do fascism, que examine as interagdes entre 0 Lider © 2 Nagio, ¢ entre 0 Partido ea sociedade civ ‘As imagens das malties cantando hinos alimenta a suposieio de que por natureza, predispostos a0 fascism, © es- es que lhes prestaram aux! alguns povos europeus era iasmo devide a seu carater nacional. O cor ponderam a cle com ent scendente de que o fascisio foi gerado dessa imager é uma erenga cor peas mazelas da histria de determinadas mages,” erenga esta que S© 620+ ico da cultura nacional ‘Neel Pica Philesophy. Boston: 1941; e Rohan d”Oller But Nowaark: F. P. Dutton, 1942, O principal exemplo fr 2B AANATOMIA DO FASCISMO verte num 4libi para os paises espectadores: isso jamais aconteceria aqui Para além dessas imagens familiares, num exame mais cuidadoso, a reali- dade fascsta torna-se ainda mais complexa. Por exemplo, o regime que inventou a palavra fascismo ~ a Iélia de Mussolini ~ mostrou poucos sinais de anti-semitism até ter ocupado 0 poder por dezesseis anos. Na verdade, ‘Mussolini contava com 0 apoio deus, qu inclustriaise proprietirios de ter nos primeiros tempos, Ihe forneceram ajuda financeira.”* Alguns de seus amigos mais préximos eram judeus, como o militante do Partido Fascista Aldo Finzi, e ele teve uma amante judia, a escritora Margherita Sarfatti, autora de sua primeira biografia autorizada.” Cerca de duzentos judeus participaram da Marcha sobre Roma.” Por outro lado, o governo colaboracionista francés de Vichy (1940-1944), encabesado pelo Marechal Pétain, era agressivamente anti-semita, embora, sob outros aspectos, pres- te-se mais § classificagio de autoriti que de fascsta, como veremos iva de too 0 povo al rifo-alemes, etambim que havia alguns alemdes de indo Benerolence ond Betray: Penguin, 1993, oferece exemplos interessante rmembro do Partklo Fascista(p- 22) ‘Canistraro e Brian I. Sullivan, If Dace¥ Other Homan. Nova York: Mor he Holecout Prseuton, Rescue, Su York: Basie BAS tentes (sigtjas, 05 exército, os interesses econ bilizar a opine piblica, a0 passo que os fascists rias governam por melo de Forgas conservadores preexi - organizados) e buseam desmo- wermam por meio de um partido tino e tentam gerar enfusismo piblico, Discutremos ess distingSo mais no capil 8, p. 358-362. ROBERT O. PAXTON no capitulo 8. Desse mod cexacerbado como a esséncia do fascismo. Uma & problemitico considerar o anti-semitismo - caracterfstica supostamente essencial do fascismo é seu ani- tentayam seu desprezo pelos valores burgueses e por aqueles que queriam apenas “ganhar dinheiro, dinheiro, imundo dinheiro”.** Atacavam 0 “capi- talismo financeiro internacional” com quase a mesma veemnéncia com que atacavam 08 50 de departamentos em favor de artesios patriéticos, © 0s g rios de terras em favor dos camponeses.** Quando os partidos fascistas chegaram a0 p izeram para cum com extrema € ficaz violéncia suas ameagas contra 0 socialismo, Brigas dle rua em que os fascstas disputavam territério com jovens comunistas 8 AANATOMIA DO FASCISMO constavam entre suas mais poderosas imagens de propaganda.” Ao tomar jos dos trabalhadlores e despejaram inheiro nas indlistrias armamentistas, para a imensasatisfagio dos patrdes. Diante desses conflitos entre palavras ¢ atos, no que se referia a0 capi- 10, 0s estudiosos chegaram a conclusdes opostas. Alguns, tomando vente as palavras, consideram o fascismo uma forma radical de ar vigente de distribuigio da propriedade e de Este livro adota a posigio de que o que os fascstasfizeram &, no sseram nao pod ‘mo, tZo informative quanto © que disseram. O que ignorado, ¢ claro, pois nos ajuda a entender o fascinio exercido por eles. |, contuddo, a retdrica anticapitalista do fascismo era seletiva. Ao mesmo tempo em que denunciavamn as cespeculativas internacionais (juntamente com todas as outras internacionalismo, cosmopolitismo ou de globalizagio), resp ‘Mesmo em sua forma mais radi le um jovem rafiionazista morta itindo o fata de que o motivo da briga foi uma rixa com soa senhoria, Ver Peter Longerich, Die braune Betillone: Gechiche der SA. Munique: C. H. Beck, 1989, p. 138. pritico dessa host What Revolution? oumol of Contemporary History, tado em Walter Laqueur, ed, Faia: A Readers of California Press, 1975, p. 435-67. 9, Sobre o fato de Mussolini, bem cedo, ter abandonado o termo proleta do, substituindo-o por "forgas produtivas", para designar a camada social que seria ROBERT O, PAXTON contudo, referiam-se a ser déb ualista demais para fortalecer a nagio, nio a roubar a classe trabalhadora do valor agregado por seu tra- mo nio era sua exploracio, balho. O que o fascisino mas seu materialismo, sua indiferenga para com a nagio ¢ sua incapacidadle de incitar as alas.” Em um nivel mais profundo, eles rejeitavam a idéia de cas sio o motor basico da historia. Para os fascistas, 0 ‘do entreguerras nio necessitava ser reordena- Suas mazelas poderiam ser curadas pela simples tica para a criag3o de pleno emprego ¢ produt 6 regimes fascistas confiscaram propt 0s, dos estrangeiros ¢ dos judeus. Nenhum aplicagio de vontai idade,*! Uma vez no pod revoluciondrio”, ele o era num sentido expeci acepgio que se costumava dar a essa palavra entre 1789 ¢ 1917, de uma profunda subversio da ordem social e da redistribuigio do No entanto, o fascismo no poder de fato instaurou algumas mudangas profuundas o suficiente para serem chamadas de “revolucionérias”, se nos pus ermos a dar a esse termo um outro significado, Em seu desenvoh mento miximo, redesenhou as fronteiras entre o privado e o publ 4 base da reno 179, 182, 219, Francesa, Frangois Puret, faxclsmo como 0 com: ism in abo Economics in National zim, Fscam ond the Working Clas says by 1995, p. 53-76. (Publicado pela AANATOMIA DO FASCISMO zindo drasticamente aquilo que: mou a pritica da cidadani 4 participagio em ccriménias de massa de alirmasio e conformidade. Re- formulou as relagdes entre o individuo e a coletividade, de forma a que um {duo nao tivesse qualquer direito externo ao interesse comunitirio. [Ampliou os poderes do executivo ~ do partido e do Estado na busca pelo controle total. Por fim, desencadeou emogies agressivas que, até entio, 1 era intocavelmente privado, Transfor- do gozo dos direitos e deveres constitucionais 4 Europa sé havia testemunhado em situagdes de guerra ou de revolucio social, Essas transformagdes muitas veres causaram conflito entre os fas- cistas ¢ 08 conservadores radicados nas farnflias, nas igrejas, na hierarquia social ena propriedade, Veremos adiante," ao examinarmos mais afundo a :mplexa relagio de cump! ligava os capitalistas aos fescistas no poler, que © fascisma no é apenas tuma forma mais truculenta de conser vadorismo, apesar de ter preservado de, acomodagio ¢ ocasional oposicio que ir mapa politico de direita-es- querda, Seri que mesmo os lideres dos primeiros tempos saberiam fae Icro, em margo roa San reunit seus amigos na de 1919, tigos comparheiros do Partido Socialista Italiano, 3 esquerda, ou ataci-los nio estava bem claro se pretendia competi mente a partir da dicita. Em que ponto do espectro politico italiano se encaixaria aquilo que ele, 8s vezes, ainda chamava de “nacional-sindica- lismo"?* Na verdade, o fascismo sempre manteve essa ambigiiidade 237-247. uerreiros e produtores”, mas que, mesmo Ja contea-revlugdo(p. 210, 228). Sternhell etal, Birth, p. 212, acn lesindustriaisdo norte dai ROBERT 0, PAXTON Sot , entretanto, os fascistas tinham clareza: nfo se situa- arn no Centro. Tinham um desprezo absoluto pela suavidade, pela compla- nei e peas solugdes ce compromisso co Centro (apesar de os parties favcistas, na sua luta pelo poder, terem precisado se allar As elites centristas contra 6 inimigo comurn representado pela esquerda), Seu desi pelo ral e pelo displicente individualism burgués, assim pane o tom radical dos remeédios preconizados por cles para a [raqueza © a ra p. 816, n. 22).Ver pa7as. “The Reclamat 2001, essa é a chase” para cultura lasesta, er Burson ipreension The Third Retc,p. 255, e801 seravow ma sonda em de angista existenck io para uma crise p. 390-391 351 352 A. ANATOMIA DO FASCISMO as técnicas do filme de propaganda n: tava que “esse filme (...) tem que nos dizer algo sobre @ psi realizadores, ¢ talven mais do que cles pretendiam revelar".% A partir da décadda de 1970, c cada vez mai decodificar a cultura das sociedades fascistas por um olhar antropold gico ou etnogréfico entrou na moda como estratégia intelectual. Essa decodificagio mostra de que forma fos movimentos e regimes fascistas se apresentavam a0 piblico. © grande problema com os estudos culturas ca imaginéria e da retorica fascsta& que ‘les, com freqiiéncia, no perguntam até que ponto ia sua influéncia. Essa ‘exceges importantes, como o estudo de autoria de Luisa Pas- na de Trim, na nos dias deh regra tet serini sobre a meméria popular d década de 1980, De modo geral, contudo, o estudo da cultura fascsta, em si;nio consegue explicar de que forma estes acquiriram o poder de contro- Tar a cultura, nem o grau de profundidade da penetragdo na consciéncia po- pular, em competigio com os valores religiosos, familiares ¢ comunitir preexistentes, por um lado, ¢ com a cultura popular comercial, por outro. De qualquer modo, a cultura difere to profundamente de ur am- biente nacional para outro, e de um period para outro, que é dificil en- ‘contrar um programa cultural comum a toclos 6s movimentos fascistas, ou 1a todos os estigios do fascismo. A restauragio machista de um patriarcado ameacado, por exemplo, chega perto de ser um valor fascista universal ‘mas Mussolini defendeu o sulrigio feminino em seu primeiro programa, € itler nfo mencionou questdes de género em seus 25 pontos, Uma vez.que Mus dade 1930, a0 passo que Hitler preferiaa arte convencional de tipo cartio post, & pouco provével que possamos identifica urn estilo ou uma esttica Fascista tinicos ¢ imutdveis, que se apliquem a todos os casos nactonats fascismo na cidade apreciava a arte de vanguarda, pelo menos até a dé “Emotional Engineering: Miter Youth p-31,set. 1995, Tipular Merogy: The Cultural Experience of che Tain se University Press, 1987, ade extra os elementos de uma es- G4. Bateson citado om Eric Ri Quex’em Modernism / Moder 58, Luisa Passerini fascism 1 irkng Clase, Cambridge: Cam 536. Susan Sontag fez uma interessante te ROBERT O. PAXTON cestudos cultur rovém de sua incapacidade de tragar compar inciais, ¢ revelam que alguns paises que contavam por exemplo) s6se tornaram ccom menor fre As comparagdes sio com um poxleroso preparo cultural (a Franga, conquista (nos casas em que isso aconteceu). O efeito fascistas p 1m tem que ser comparado com o da midia come propaganda tam -anitidamente maior, mestno nos paises fascistas, wood, Beale Strect e Madison Avenue tenham cri ado mais problemas 2 totalidade da oposigao tino. desses sonhos ficou tho de Muss rafia de Duke (6 geroto a uma carreira de 1937, quando Vittorio, o fl is novo, uma foto no pos-guerra, acabou levan de pianista de jazz, bastante bom, por sinal.™ s contas, nenhuma interpretagio do fascismo parece ter 1s de forma conclusiva FRONTEIRAS io conseguiremos entender bem o fascismo se nio tragarmos fron. teiras claras entre ele ¢ outras formas superficialmente assemelhadas. Essa itado, princi- & uma tarefa dificil, porque o fascismo foi amplamente palmente na década de 1930, quando «Alemanha ea Hila pareciam esta pleansando mais sucesso que as democravias. Caractersticas tomadas am em lugares distantes de seu lugar de origem européia, fascismo su como a Bo pe335,24 vee Michel H. Kater, Different Dratmes: Jaze in the Calta of Naz! Germany, Nova University Press, 1992. ‘er capitulo 7, nota 68. 353 354 AANATOMIA DO FASCISMO [A mais simples dessas fronteiras separa o fascismo da tirania cléssica. 0 socialista moderado exilado, Gaetano Salvemini, tendo abandonado sua catedra de professor de historia em Florenga ¢ se mudado para Londres, © em seguida para Harvard, por no suportar ter que ensinar sem clizer © que pensava, apontou a diferenga essencial quando se pergunto 6s italianos sentiram necessidade de se livrar de suas ‘exato momento em que deveriam estar se orgulhando delas, *podendo dar tum passo adiante em diresio a uma democracia mais avangada”.® O fascis- mo, na opinido de Salvemini, signficava deixar de lado a democracia e © ica, ao som da aclamagio vinda das ruas, devido processo legal na vida pit £ um fendmeno das democracias fracassadas, e 0 que trouxe de novo fot que, em ver de simplesmente reduzit os cidados a0 silencio, como a tra: nia elissica fazia desde datas remotas, encontrou uma teenica para canalizar suas paixées para a construgio de uma unidade doméstica compulsoria em torno de projetos de limpeza interna e de expansfo externa, Nao devemos lemocriticas. Por mais crutis usar o termo fascismo para as ditaduras p Zo do entusiasmo das massas ea ener andonar que vio lado a lado com a missio de: je, da pureza e da forga nacionais, tares, pois ambos os lp 60, Palestras de Gact ‘ME, Serie fsa seu luxuoso gabinete no Palazzo Venezia, Pierre Mi 183, 232, 252, 442. Hitler preferla ehicotes para cachorros (Kershaw Hite le 1942 disse seus considados durante oalmogo que porte ROBERT O.PAXTON 355 les, Nos anos 1930, todas as milicias eram uniformizadas (na verdad, as Ja época de eamisas coloridas), ades em frater~ fas também o eram, naquel sempre foi objetivo dos fascistas transformar as soc ‘ler, recém-empossado como chanecler da Alemanha, trajando casaco impermedvel ¢ cha~ 1934, encontrar-se com nidades armadas. cometeu 0 erro de vestirse & paisana, Veneza, em 14 de junho esplandecente em uniforme ¢ adaga””A partir iménias pablicas 0 jé veterano Musso ide entio, o Fiihrer sempre compareceu uniformizado a cer vies, vestindo umn sobretudo marrom e, mais tarde, com freqiéncia, Ima simples, No entanto, embora todos os fascismos sefam mi ints, nem todas as ditadras miltares slo fascstas. A matoria das ditad sr desencadear a excitagio yas militares atua como simples trania, sem ousa Jem, As citaduras militares si0 muito mas comuns que 0 brigatbrio com uma democracia popular do fas fascismo, pois no possuer um ¥ Fracassada, ¢ sio to antigas quanto os guerreiros. vhs fronteiras que separam fascismo co autoritarismo sio mais sutis, ; embora seja da maior importéncia compreencler essa Jaem- fH termo similar de ditadura tradicional, quand ‘ a Franca de Vichy. Essa distingaio™ culo ol preguel esse termo, ou 0 discuti a Espanha, Portugal, a Austria cra particularmente AANATOMIA DO FASCISMO ROBERT O. PAXTON regimes que na verdade eram autoritérios assumiam alguns elementos da cenografia dos regimes fascistas bem-sucedidos. Embora seja comum que iberdades civis e sejam capazes | ficada pela brutalidade da represio franquista, que pode ter matado até 200 rnil pessoas entre 1939 ¢ 1945, ¢ também pelas tentativas do regime ‘0s contatos culturais e econémicos com o mundo ext fs regimes autoritirios dlestespeitem ide brutalidade homicida, nfo compartilham da ansia fascista de reduzir a zero a esfera privada. Act 1945, offciais espanhdis compareceram a uma ceriménia alli Um més mais tarde, entretanto, 0 1m dominios de espaso privado, mal-definidos, cembora reas, para ria necessirio recolher algumas pals, os cartés eas asociagSes econdinieas, 0s corpos de ofcis, as famt- ase as igrejas, Esses grupos, ¢ ndo um partido tinico o grupos intermediarios’, como as pessoas de renome do Ja Falange! A partir de entio a Espanha de Franco, 1a autoridade sobre sho as pr cipais agéncias de controle social nos regimes autoritiios, Os autorittrios preferem deixar suas populgbes desmobilizadas e passivas, a0 passo que os 10. Os autoritérios querem um cista, erigi desproprietirios de terras eo exérito,conferindo a cles, mais que 20 Eta- cbilitada Falange, o controle da sociedade, O Estaclo do owa cada vez mi fascistas querer engajar ¢ excitar o pi Estado forte, mas limitado, Hesitam em intervir na economia, coisa que 1s fascistas esto sempre prontos a fazer, ou em criar programas de bern- estar social, Aferram-se ao stars quo, sem pretender proclamar um novo franquista intervinha pouco na economia e pouco tentava regulamentar a vida co ‘0 Estado Novo de Portugal” diferia do fascismo ainda mais pr quea Espanha de Franco. Salazar, era, de fato,ocitador de Porta onde o poder social na das pessoas, contanto que clas se mantivessem passivas unda: caminho. Nio hi davida de que 0 que liderou o exército espanhol na revolta contra a Repiblica espanhola, em julho de 1936, e se tornou ditador da Espana em 1939, tomou empres- tado de seu aliado Mussoli asi proprio de o Caudill (lider) e converteu a Falange fascista em partido linico, Durante a Segunda Guerra Mundial e a partir de entlo, os aliados pressio fol ral Francisco Franco, por exem] mitad mas preferia um pablico passivo e um Esta peeman terras, Em julho de 1934, 0 dr. Salazar s fa nas maos da Igreja, do exército e dos gran vento fascista le “levar a ju alguns aspectos de seu regime. Ele chamava a cxaltagio, ireta, de adotar da superior sempre trataram Franco como aliado do Eixo. Esa it ar as massassob um propensio a organ {fo bastante razodvel do fascism,” Jira entre autoritarismo « fasismo torna-se indistinta, po pritca, ‘o que quer. Diante de um piblica exaltado, tan Py oo aatortiris quanto os fascists podem tentar criar uma "solidaricdade orginic” a. Ver Paul Brooker, The Faces of Frterelisn: Nozi Germany, Fase Ia and ‘991. Até mesmo os fascistas podem nio ser capazes Pr Victoria De Grazia, Spoin, 1936-1945. Car targuia e sia e cultural se encaita com 3 ul Preston, Franco. NowaYork: Basic Books, 1994, faz sua Franco iativando a intenas relages of Consent; ass Organization 20, cap. "The indispensivel 1923.1977. Madison: University of W 69. Ver capitulo 6, p. 251-253. 0Ver capitulo 6 p. 252-253 CCitada em Stanley Pay ‘ve? Japan's Kahushin Right in Compar ne 2 populagio estas inst Tan Kersh, Popular Opinion and Dissent in the Third Rel 0, 277, 286, 389. 166.Ner a interessante comparagio de Javier Tu Boca etal 1 eine ascista,p. 57-92. Gomen,*Franchisme et fascismo", 3 5 8 AANATOMIA DO FASCISMO Na Franga de Vichy, o regime que veio a substituir a Repiiblica Parlay § rmentar ap6s a derrota de 1940," certamente nao era fascista ao infcio, pols rio tinha nem partido {inico nem organizagdes paralelas, Urn sistema de governo no qual o tradicionalmente seleto serviso pablico francés admix trava 0 Estado, conferindo papéis de maior relevo 0s ans téenicos especializados ¢ is se enquadra claramente na categoria de aut da Unio Soviética, em junho de 1941, ter colocado o Partido Comunista Francés em franca oposigio a0 regime, obrigando a ocupacio alemé a se tornar muito mais severa a fim de dar sustentagao & guerra total, Vichy, cont | sua politica de colaboragio com a Alemanha nazista, passou a enfrentar un | ita contra a | nos tribunals para julgamentos répidos dos para Assuntos Judes ‘Mesmo que alguns fascistas de Paris tenham recebido cargos importantes nos tiltimos dias do regime de Vichy, como vimos no capitulo 4, eles servi- ram como individuos, e nfo como chefes de um partido iiico oficial tétio, Apos a invasdo alema. antagonismo erescente. As organizagées paral Resisténcia: a Mice, ou policia suplementar;*v identes, a Pol © que £0 Fascismo? | embora que uma smo tem que ser dk ico marcada por uma p la pureza, nas quais um par em 1939, ROBERT 0, PAXTON formado por militantes nacionalistas engajados, operando em desconfortével, mas eficaz.com as el icionais, repucdia a democréticas e passa a perseguir objetivos de limpeza étnica e expansio fexterna por meio de uma violencia redentora e sem estar submetido a res tra le qualquer natureza, trigoes éticas ou le 5 pressupic escolhas, © as €xco- E claro que 0 comportamento ~ como meus crticos se apressam a afirmar — is, Hitler ¢ Mussolini, desprezando socialismo e do liberalismo, afirmavam insistentemente que cde importancia central em seus movimentos, Nao & verdade, retrucavam cusavam a conferir a eles tamanha dignidade. vou Franz Ih dias fundam J trazem de volta as muitos antifascistas, que ser A ideologia nacional-socialista muda constantemente”, obs Neumann, “Ela possui algumas crengas magicas ~ adoragio do lider, supre~ que, entretanto, nio sto formuladas numa série de macia da raga-mestra pronunciamentos dogmaticos © categdricos”.”” Quanto a esse particular este livro tende a concordar com a posicao de Neumann 359 360 AANATOMIA DO FASCISMO recem imanifestas ¢ implicitas na linguagem piiblica destes, Muitas delas pertencem mais ao dot ‘ges racionais, No capitulo 2, chamei-as de “paixdes mobilizadoras": io dos sentimentos viscerais que ao das proposi- © um senso de crise catastrifica, além do aleance das solugées tradicio- # aprimaziado grupo, pe quer direto,sejam cle dluo a esses deveres © a crenga de que o qualquer ago, cm internos quanto externos; * opavor a decadéncia do grupo sob a inf individualisa, dos con # anccessidade de un rnidade mais pura, por consentimento, se possvel, pela violénca exchudente, 6 qual todos tém deveres superiores aqual- ae ima, sentimento esse que justifiea icos ou morals, contra seus inimigos, tanto 10s de classe e das influéneas estrangeiras; integragio mais estreita no interior de uma comu ‘© a nccessidade da autoridade de chefes naturais (sempre de sexo mascu- ino), cul ¢ nacional, 0 inico capaz de encarnar 0 destino histdrico do grupo; ‘a superioridade das instintos do ‘© abeleza da violénciae a efick der sobre a rani abstrata e universal vontade, sempre que vol Exito do grupos . ito do povo eleito de dominar os demais, sem restrigbes prove nientes de qualquer tipo de lei humana ou divina, o direito sendo decidido por meio do critério tinico das proezas do grupo no interior dle uma luta darwinian inigio, ainda & visivel nos dias de ho O fascismo, segundo essa d como também 0 si 0s co1 ROBERT O. PAXTON ximo 20 fascismo clissico aleangou o Estigio 2 em algu dades que passxam por crises profendas, No entanto, ni c ponto, © avango em diego 20 po avango fascista, uma ver que seu ciclo nao ten cega, No entant maiores se compreendermos de que forma ele vei passad 361

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