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1- Atendendo ao disposto pela segunda parte do artigo 66º/1 da CRP, e tomando como ponto

de referência uma ideia de ambiente lato sensu, entende-se que existe um dever social de conduta
de proteção do ambiente, não sendo este perante os animais, mas sim nas relações entre sujeitos
jurídicos. Considerando uma noção formal de norma de direitos fundamentais, que entende que é
direito fundamental todo aquele assim denominado pelo texto constitucional, o preceito em análise
apresenta uma norma-regra de direitos fundamentais, cujo operador deôntico é o de imposição,
tendo como sujeitos direitos o Estado e todos (no sentido de pessoas singulares e coletivas): assim é
que, de acordo com Gomes Canotilho e Vital Moreira, esta norma cria deveres na esfera jurídica dos
particulares e do Estado. Assim sendo, esta norma de direitos fundamentais cria na esfera jurídica
dos referidos sujeitos vários deveres de diferentes ordens: obrigações de abstenção/não atentar
contra o ambiente, obrigações positivas e um dever de impedir danos ao ambiente.

2- O conflito entre normas de direitos fundamentais surge colocando frente a frente o


disposto pelo artigo 66º/1, primeira parte, tutelando o direito ao ambiente e à sua proteção, e o
artigo 73º que, juntamente com o artigo 78º, tutela a cultura e a tradição e património. Ambos os
preceitos em análise apresentam normas permissivas cujos sujeitos diretos são todos e o sujeito
indireto o Estado: atribui direitos aos sujeitos diretos e obrigações positivas e negativas ao Estado.
Ambas as normas são normas-princípios.
Não haveria norma de conflitos, nem relação de especialidade, hierarquia ou temporalidade.
O conflito entre estas normas é um conflito parcial-parcial, não se tratando de uma questão
do mesmo direito fundamental em conflito (vida vs vida e.g): ambos os direitos em causa têm um
campo de aplicação que, na factualidade em apreço, acabou por se cruzar e criar o conflito em
análise, não sendo essa, todavia, a situação típica.
3- De modo a resolver o conflito de normas em causa faremos uso da Teoria da fórmula do
peso, utilizando o princípio da proporcionalidade em sentido lado, constante do artigo 18º/2. No
caso concreto, com a proibição das touradas estar-se-ia a limitar o direito à cultura em detrimento
do direito ao ambiente: para tal limitação ser de acordo com o texto da constituição tem de passar
pelo crivo do artigo 18º/2, incluindo pela lei epistémica da ponderação, lei essa que determina que
“quanto maior for o grau de não realização ou de afetação de um princípio, maior deve ser a
importância da realização do princípio colidente.”.
Quanto às vertentes da adequação e da necessidade, entende-se que ambas estariam
cumpridas: a medida era adequada para a proteção do ambiente, não havendo um meio menos
oneroso para tal proteção, mas apenas nesta ameaça específica à vida animal. Quanto à
proporcionalidade stricto sensu, parece haver uma “lesão” leve do direito à cultura, atendendo que
as touradas representam apenas uma parte da cultura e tradição portuguesa. Por outro lado, tendo
em conta que a limitação ao direito à cultura apenas visa proteger uma situação muito especifica da
vida animal/ambiente, parece que a lei epistémica da ponderação não é cumprida, não existindo
uma grande realização da proteção do ambiente.
Concluindo: pelo exposto, parece que a limitação ao direito à cultura não seria a melhor
maneira de proteger o ambiente, ganhando o direito fundamental do artigo 73º este conflito.
4- A norma constante do art. 45º/2 atribui o direito de manifestação a todos (sujeitos diretos)
e tendo como sujeito indireto o Estado. O operador deôntico é o de permissão, tratando-se de uma
liberdade. Na esfera jurídica do Estado, esta norma cria uma obrigação de abstenção e,
simultaneamente, uma obrigação positiva de criação de meios para que possam haver
manifestações. Exige-se de Estado a proteção do exercício do direito à manifestação. De acordo
com Gomes Canotilho e Vital Moreira existe uma limitação a este direito imposta pelo disposto no
art. 46º/1: por maioria de razão, também são constitucionalmente proibidas manifestações armadas
e não pacíficas.
A norma constante do diploma em análise, ao exigir que seja dado aviso da manifestação,
parece limitar o exercício do direito fundamental em causa. Todavia, na linha de Gomes Canotilho e
Vital Moreira, entendemos que o direito de manifestação não é constituído por este pré-aviso,
estando ele constitucionalmente consagrado e podendo ser exercido como tal. Tal não significa,
todavia, que a norma do diploma em causa seja inconstitucional: o pré-aviso pode servir funções de
garantia da ordem pública e segurança, esta última constitucionalmente consagrada no artigo 27º/1.
A norma do Decreto-lei em análise apenas pretende regular o direito fundamental em análise.
5- No seguimento da exposição anterior, consideramos que a atuação da polícia contraria o
direito fundamental em apreço: a manifestação era pacífica e sem armas, cumprindo as limitações
constitucionalmente impostas, não sendo o pré-aviso um elemento constitutivo do direito de
manifestação. Não obstante tratar-se de uma regulamentação do direito à manifestação, parece que o
impedir do seu exercício seria algo excessivo.
Quanto à alegada proibição constitucional da associação em causa, o argumento da jovem
jurista parece não colher: o direito de associação é constitucionalmente consagrado no artigo 46º,
estando as suas limitações no número 4 deste preceito. Ora, tendo em conta que o objeto da
associação em análise em nada colide com o catálogo constante desta norma, não existe qualquer
proibição constitucional da associação Tradição Tauromáquica. A norma constante do artigo 46º/1
atribui a todos os cidadãos o direito de associação: operador deôntico de permissão; sujeitos diretos:
todos os cidadãos; sujeito indireto: Estado. Esta norma cria um direito na esfera jurídica dos
cidadãos e um dever na esfera do Estado, atribuindo-lhe obrigações positivas de promoção e defesa
do direito e negativas de abstenção/respeito. Cabe ainda referir que a limitação do artigo 46º/4 se
prende com razões históricas e de defesa do Estado de Direito Democrático e da própria dignidade
humana.

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