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Posto isto, a posição crítica dos autores vai no sentido de considerar que o
trabalho temporário ao longo das últimas décadas afetou principalmente os jovens com
idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos em todos os países da União Europeia,
fazendo um particular destaque a Portugal que, entre 1995 e 2005 aumentou cerca de
20% neste campo (1995, 25% para 2005, 45%). Observaram também que, os jovens
com trabalho temporário tendem a ter habilitações diversificadas, no entanto,
verificaram que a sua grande maioria detinha o ensino secundário. Dos dados analisados
depreenderam que a realidade Europeia é muito variável devido às diferentes práticas
sociais existentes pois, existem países que incentivam a procura do trabalho temporário
conciliando com a formação ou educação enquanto que noutros países verifica-se o
oposto, detendo apenas este tipo de trabalho por não se encontrar um trabalho
permanente.
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Iniciando a nossa reflexão sobre o artigo, podemos referir inicialmente que, a
heterogeneidade de significados relativamente aos mesmos conceitos no seio da União
Europeia cria uma dificuldade linguística e também em termos de compreensão das
diferentes realidades existentes nos países. Para além desse facto, a tentativa de análise
dos dados em termos comparativos entre todos os países da União Europeia sobre o
trabalho temporário, relativamente a grupos geracionais pode ser falaciosa, uma vez
que, são comparadas realidades que, em termos de práticas sociais são muito diversas,
podendo criar uma percepção que não é de todo a correta.
Os autores, ao analisar os dados dos vários países concluíram que, estas taxas de
emprego temporário tendem a aumentar significativamente de geração para geração.
Concordamos com esta conclusão e consideramos que, relativamente a Portugal isto
pode dever-se em grande medida ao aumento da escolaridade obrigatória para nove anos
em 1986 e a fixação de 15 anos como idade mínima de acesso ao emprego. Para nós,
estas medidas contribuíram para que, entre os jovens, houvesse um prolongamento da
frequência escolar e uma diminuição da taxa de atividade, levando a um decréscimo de
população empregada entre os 15 e os 24 anos, no período de 1988 a 2007.
Consideramos também que, ao compararmos o nível de habilitações dos jovens que têm
trabalho temporário nos vários países, devido às diferentes realidades sociais existentes,
as razões invocadas, mesmo sendo as mesmas, podem ser incorretas. Na União
Europeia, existem países que promovem a autonomia económica dos jovens desde
muito cedo, com políticas direcionadas para a juventude como sendo rendas
compatíveis com o rendimento económico ou um subsídio mensal de subsistência, ao
invés de outros que não perpetram estas políticas, sendo contudo, visto em termos
estatísticos, que a grande taxa de trabalho temporário tem com base as mesmas razões,
como se tratando de realidades iguais. Centrando-nos na realidade Portuguesa, sendo
marcado pela rigidez no mercado de trabalho, o aumento do trabalho precário gera
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algumas consequências, designadamente uma gestão mais cautelosa do rendimento
auferido, uma vez que há incerteza em relação ao futuro e não há perspetiva de
segurança no emprego.
Referências Bibliográficas
Oliveira, L., & Carvalho, H., Veloso, L. (2011), “Formas Atípicas De Emprego
Juvenil Na União Europeia”, Revista Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 66, pp. 27-
48.
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Parente, C., & Neto, H. V., Ramos, M., Cruz, S. A., Marcos, V. (2014), “Os
Jovens Pouco Escolarizados No Mercado De Trabalho Português”, Análise Social, 210,
xlix (1º), issn online 2182-2999.