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Luísa Oliveira, Helena Carvalho e Luísa Veloso, FORMAS ATÍPICAS DE

EMPREGO JUVENIL NA UNIÃO EUROPEIA, Revista Sociologia, Problemas e


Práticas, n.º 66, 2011, 22 pp.,

Recenção Crítica elaborada por Yodercy Encarnação, Economia do Trabalho, Instituto


Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Lisboa, Portugal.

Ao longo das últimas décadas, os países da União Europeia têm vivenciado um


crescente aumento da precariedade laboral relativamente aos jovens, tornando-se
importante a elaboração de estudos no sentido de compreender as razões para tal
acréscimo, assim como entender se esse fenómeno tende a estagnar ou continuar o seu
crescimento nos diversos países. Tendo em conta essa realidade, o artigo científico
Formas Atípicas de Emprego Juvenil na União Europeia, propõe um estudo sobre a
precariedade do emprego Juvenil na União Europeia, numa análise comparativa entre os
países, de forma a depreender em que condições é que os jovens se inserem no mercado
de trabalho. Relatam a existência de dois objetivos centrais neste artigo, sendo eles, por
um lado, a extensão da precariedade juvenil a outros grupos etários, de forma
compreender se estas são caraterísticas específicas do ciclo de vida ou se é comum a
todos os trabalhadores, e, por outro, compreender em que medida se alteram as
condições de inserção dos jovens no mercado de trabalho ao longo dos anos, tendo
como resposta o nível de habilitações e as razões proferidas pelos jovens para terem
empregos precários com base nos dados do Eurostat que permite a comparação entre
países da União Europeia (pp. 27-28). Ao longo do artigo, deparamo-nos com uma
heterogeneidade de modalidades de emprego e de conceitos que dificultam esta análise
comparativa entre os países, sendo explicado “por os mercados de trabalho estarem
organizados e terem modos de regulação diferenciados nos vários países Europeus”
(Grazer, 2005). Destarte e, assumindo grande importância na discussão, temos o tema
do emprego standard (insiders) ou não standard (outsiders) que distancia a realidade dos
trabalhadores com direitos, perspetivas de futuro e progressão de carreira daqueles que
estão regulados por contratos a prazo e que vivem em insegurança relativamente ao seu
futuro (p. 29). Selecionado o indicador de trabalho temporário como base do estudo,
verificou-se que, através dos dados disponibilizados pelo Eurostat, a taxa de emprego
temporário entre os jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos tem
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aumentado gradualmente, tendo sido apresentadas como principais razões o estar em
educação/ formação, o estar em estágio ou o não conseguir trabalho permanente (p. 33).

Os autores chegaram à conclusão que, na União Europeia há uma grande divisão


em termos de realidades vividas. Se, por um lado os países nórdicos têm uma grande
taxa de emprego parcial nos jovens com baixas habilitações, isso deve-se às próprias
práticas sociais que vão no sentido dos jovens adquirirem a sua autonomia em tenra
idade, em que não existe pressão para os jovens conluírem os estudos. Por outro lado,
nos países do Sul da Europa, a taxa de emprego parcial nos jovens é explicada pela
dissociação entre a vida escolar e o mercado de trabalho ser mais acentuada, havendo
uma pressão para que os jovens terminem a vida escolar no tempo previsto (pp. 38-39).
Verificaram também que, relacionadas as razões referidas para ter um trabalho
temporário e o nível de habilitações dos mesmos, a Europa podia ser vista numa
disposição triangular. Nos países do Centro da Europa verificou-se que os jovens com
trabalho temporário detinham, na sua maioria, habilitações até ao 3º ciclo, sendo a
principal razão apresentada o estarem a estudar ou em formação. Por sua vez,
relativamente aos países do Leste Europeu, as taxas mais elevadas de jovens com
trabalho temporário encontravam-se entre os que detinham ensino secundário e pós-
secundário, apresentando como razões o não conseguir trabalho permanente e o estar
em estágio. Por fim, os países do Sul da Europa detinham uma taxa mais elevada de
jovens com habilitações de nível superior em situação de trabalho temporário por não
conseguirem trabalho permanente (pp. 40-41).

Posto isto, a posição crítica dos autores vai no sentido de considerar que o
trabalho temporário ao longo das últimas décadas afetou principalmente os jovens com
idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos em todos os países da União Europeia,
fazendo um particular destaque a Portugal que, entre 1995 e 2005 aumentou cerca de
20% neste campo (1995, 25% para 2005, 45%). Observaram também que, os jovens
com trabalho temporário tendem a ter habilitações diversificadas, no entanto,
verificaram que a sua grande maioria detinha o ensino secundário. Dos dados analisados
depreenderam que a realidade Europeia é muito variável devido às diferentes práticas
sociais existentes pois, existem países que incentivam a procura do trabalho temporário
conciliando com a formação ou educação enquanto que noutros países verifica-se o
oposto, detendo apenas este tipo de trabalho por não se encontrar um trabalho
permanente.

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Iniciando a nossa reflexão sobre o artigo, podemos referir inicialmente que, a
heterogeneidade de significados relativamente aos mesmos conceitos no seio da União
Europeia cria uma dificuldade linguística e também em termos de compreensão das
diferentes realidades existentes nos países. Para além desse facto, a tentativa de análise
dos dados em termos comparativos entre todos os países da União Europeia sobre o
trabalho temporário, relativamente a grupos geracionais pode ser falaciosa, uma vez
que, são comparadas realidades que, em termos de práticas sociais são muito diversas,
podendo criar uma percepção que não é de todo a correta.

No geral e captando o sentido, as reflexões e as conclusões dos autores referentes


ao artigo, estamos de acordo com estes, considerando no entanto que, pelo facto de se
tratar de uma análise de dados disponibilizados pelo Eurostat, em países tão
diversificados como a Europa dos 27 países, com realidades sociais e políticas distintas,
pode haver uma má interpretação desses mesmos dados que leve a uma análise incorreta
contudo e, após uma análise mais aprofundada sobre os mesmos, seguimos as opiniões e
conclusões retiradas pelos autores.

Os autores, ao analisar os dados dos vários países concluíram que, estas taxas de
emprego temporário tendem a aumentar significativamente de geração para geração.
Concordamos com esta conclusão e consideramos que, relativamente a Portugal isto
pode dever-se em grande medida ao aumento da escolaridade obrigatória para nove anos
em 1986 e a fixação de 15 anos como idade mínima de acesso ao emprego. Para nós,
estas medidas contribuíram para que, entre os jovens, houvesse um prolongamento da
frequência escolar e uma diminuição da taxa de atividade, levando a um decréscimo de
população empregada entre os 15 e os 24 anos, no período de 1988 a 2007.
Consideramos também que, ao compararmos o nível de habilitações dos jovens que têm
trabalho temporário nos vários países, devido às diferentes realidades sociais existentes,
as razões invocadas, mesmo sendo as mesmas, podem ser incorretas. Na União
Europeia, existem países que promovem a autonomia económica dos jovens desde
muito cedo, com políticas direcionadas para a juventude como sendo rendas
compatíveis com o rendimento económico ou um subsídio mensal de subsistência, ao
invés de outros que não perpetram estas políticas, sendo contudo, visto em termos
estatísticos, que a grande taxa de trabalho temporário tem com base as mesmas razões,
como se tratando de realidades iguais. Centrando-nos na realidade Portuguesa, sendo
marcado pela rigidez no mercado de trabalho, o aumento do trabalho precário gera

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algumas consequências, designadamente uma gestão mais cautelosa do rendimento
auferido, uma vez que há incerteza em relação ao futuro e não há perspetiva de
segurança no emprego.

Ao fazermos uma comparação entre o nível de habilitações e as razões apresentadas


para os jovens terem um emprego temporário, deparamo-nos com várias realidades que
retratam as diferenças existentes nos vários países da União Europeia. No estudo do
presente artigo, concluimos que, no Sul da Europa, há uma grande percentagem de
jovens com habilitações de nível superior sem conseguirem trabalho permanente,
podendo depreender que, relativamente aos dados estudados, ter qualificações de ensino
superior já não é uma garantia de entrada no mercado de trabalho, sendo estes jovens
mais penalizados do que os outros por não conseguirem um emprego estável, uma vez
que investiram nesse sentido. Ao invés, nos países Nórdicos, a taxa mais elevada de
jovens com trabalho temporário tem habilitações até ao 3º ciclo, uma vez que, sendo
prática social os apoios no sentido da autonomia dos jovens, estes desde muito cedo
adquirem essa autonomia, não investindo na sua formação. Com estas duas realidades
tão diferentes, podemos depreender que a Europa congrega realidades muitos distintas
que não deveriam ser conjugadas de igual forma pois, em termos estatísticos, só são
vistas as realidades em termos quantitativos, sendo difícil de criar um estudo correto
quanto às causas desta realidade existente atualmente quanto ao trabalho precário
jovem. Para além destas razões apresentadas, referimos, em modo de conclusão que,
perante as diferentes realidades vividas na Europa, deveria ser feita uma adequação das
políticas, de forma a que, num curto espaço de tempo, a realidade do emprego precário
diminuisse na Europa.

Referências Bibliográficas

Brandão, T., & Saraiva, L., Matos, P. M. (2012), “O Prolongamento Da


Transição Para A Idade Adulta E O Conceito De Adultez Emergente: Especificidades
Do Contexto Português E Brasileiro”, Análise Psicológica, XXX (3): 301-313,
Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.

Oliveira, L., & Carvalho, H., Veloso, L. (2011), “Formas Atípicas De Emprego
Juvenil Na União Europeia”, Revista Sociologia, Problemas e Práticas, n.º 66, pp. 27-
48.

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Parente, C., & Neto, H. V., Ramos, M., Cruz, S. A., Marcos, V. (2014), “Os
Jovens Pouco Escolarizados No Mercado De Trabalho Português”, Análise Social, 210,
xlix (1º), issn online 2182-2999.

Sá, V. C. N., (2014) “O Desemprego Jovem em Portugal”, FEUC –


Universidade de Coimbra.

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