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ACONSELHAMENTO PASTORAL

Por

Ivan Luiz Rodrigues Santos

Trabalho em Cumprimento às exigências da matéria de Monografia, do

Curso de Bacharel(Integralização) em Teologia.

Ministrada pela Faculdade João Calvino

FACULDADE JOÃO CALVINO

Setembro, 2011
FACULDADE JOÃO CALVINO - FJC

Disciplina: Monografia

Nome do aluno: Ivan Luiz Rodrigues Santos

Curso: Integralização Bacharel em Teologia

MONOGRAFIA

ACONSELHAMENTO PASTORAL

1
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3

JUSTIFICATIVA 4

CAPÍTULO 1: ACONSELHAMENTO 5
1.1 Definição 5
1.2 Aconselhamento diretivo e não diretivo 7
1.3 A linha tênue entre aconselhamento pastoral e comportamento psicológico 10

CAPÍTULO 2: ACONSELHAMENTO PASTORAL 11


2.1 Definição 11
2.2 Objetivos 14
2.3 Fundamentos bíblicos e teológicos do aconselhamento pastoral 14
2.4 Aconselhamento pastoral como um processo comunicativo 17
2.5 Os sujeitos do aconselhamento pastoral 18

CAPÍTULO 3: ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA FAMÍLIAS 20


3.1 A ausência de recursos espirituais 20
3.2 A recuperação dos recursos espirituais no aconselhamento pastoral familiar 20
3.3 Iniciativa pastoral 22
3.4 Aconselhamento pastoral, ecumenismo e interdisciplinaridade 23
3.4.1 Aspectos religiosos no aconselhamento pastoral 24
3.4.2 Interdisciplinaridade 24
3.5 Dimensões social, política, econômica e cultural do aconselhamento pastoral 25

CAPÍTULO 4: ACONSELHAMENTO PASTORAL POR TELEFONE/VIRTUAL:


POSSIBILIDADES E LIMITES 28
4.1 Possibilidades do uso do telefone e internet no aconselhamento pastoral 28
4.2 Características específicas da comunicação por telefone ou internet 30
4.2.1 Uma comunicação instantânea que dispensa locomoção física 31
4.2.2 Anonimato 32
4.2.3 Baixo custo financeiro 33
4.2.4 Ponte para o estabelecimento de contato face-a-face 34
4.3 Recursos humanos 35
4.3.2 Admissão, preparo e aperfeiçoamento de aconselhantes 35
4.4 A importância do aconselhamento pelo telefone para a poimênica 36
4.4.1 Modalidade de aconselhamento nova e atual 37
4.4.2 Abrange maior número de pessoas 38
4.4.3 Nova forma da Igreja de fazer presente na sociedade 39

5. CONCLUSÃO 40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

2
INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Monografia constitui-se como exigência do


processo de formação profissional para obtenção do título de Bacharel
em Teologia com dimensão elucidativa, fruto da pesquisa e estudos
apurados dentro da disciplina. Através do presente trabalho
pretendemos abordar a importância do trabalho do Aconselhamento
Pastoral e a relação do pastor ou conselheiro na vida das pessoas que o
procuram a fim de lhes ajudar nas mais variadas questões, já que em se
tratando de pastor, as pessoas de sua comunidade já vêm nele um líder
espiritual o que contribui decisivamente para um aconselhamento
pautado na confiança e consequentemente sem as reservas que o
aconselhado dispensaria a um outro conselheiro recém conhecido.
Durante a pesquisa, foi possível analisar os mais variados
conceitos sobre o tema e ao mesmo tempo relacioná-lo ao dia-a-dia das
pessoas que vivem os mais variados conflitos inclusive dentro das
comunidades religiosas. A partir daí o presente trabalho desenvolverá
elencando os mais variados tipos de aconselhamento enfocando seus
métodos, suas formas e nuances, seus objetivos, as dimensões sociais
que será possíveis alcançar; os recursos necessários que são bastante
relevantes e sobretudo a eficiência e eficácia que se deve perseguir
através do Aconselhamento Pastoral.

3
JUSTIFICATIVA

O presente trabalho justifica-se diante do cenário de muita


carência tanto para indivíduos que necessitam de aconselhamento
quanto para refutar práticas grotescas que têm sido utilizadas no
aconselhamento por pessoas despreparadas moral e teologicamente o
que tem levado muitas pessoas a cometerem verdadeiros desatinos e
sublevado alguns a um fanatismo religioso que pode ser prejudicial tanto
para o aconselhado como também para a sua família e a própria
sociedade onde vive.
O que se observa no cenário da população brasileira,
principalmente a religiosa, é uma prática de muitos líderes religiosos
visando a alienação desses indivíduos ao invés de lhes ajudarem a
descobrir seus próprios caminhos através de uma autonomia de
pensamento e de expressão.

4
CAPÍTULO 1: O ACONSELHAMENTO

1.1 Definição

Aconselhamento, segundo o Dicionário Aurélio, é uma “forma de


assistência psicológica destinada à solução de leves desajustamentos
de conduta”. Se usarmos esta definição para aconselhamento,
poderíamos definir aconselhamento cristão como uma forma de
assistência espiritual, física e psicológica destinada à solução de todos
os desajustamentos de conduta (leia-se Pecado) e os desajustamentos
de motivação. Portanto, aconselhamento cristão não é dizer a uma
pessoa: “você está em pecado e deve mudar de atitude, porque a Bíblia
diz. Caso contrário, você queimará no fogo do inferno”.
Aconselhamento cristão não é dizer a uma pessoa: “você está agindo
assim, porque no passado você não experimentou algo. Não se
preocupe a culpa não é sua, mas de outras pessoas e das
circunstâncias do passado”.
No primeiro exemplo temos um legalismo frio que supervaloriza a
culpa e anula a graça. No segundo exemplo, temos uma espécie de
determinismo psicanalítico, que nega a culpa real do ser humano diante
de Deus e destrói o evangelho de Cristo. Infelizmente, tem sido assim,
que muitos pastores e líderes têm encarado o aconselhamento cristão.
No aconselhamento, o indivíduo tem um valor em si,
independentemente do que pode realizar. Muitas vezes, a pessoa não é
consciente ou ignora seu potencial de desenvolvimento. O
aconselhamento visa ajudá-la a desenvolver sua singularidade e a
acentuar sua individualidade. Mais que uma filosofia que poderia ser
interpretada, à primeira vista, como uma forma de individualismo
selvagem, todos os grandes textos do aconselhamento fazem referência
5
à responsabilidade da pessoa diante dela mesma, do outro e do mundo
em torno dela. O individuo não é nem bom, nem ruim por natureza ou
por hereditariedade. Ele possui um potencial de evolução e de mudança.
O aconselhador deve considerar o sentido e os valores que o cliente
atribui à vida, às suas próprias atitudes e comportamentos porque
quando uma mudança se impõe no contexto de vida, isto pode se
chocar com as opções filosóficas da pessoa em questão e ser en si uma
causa de dificuldade.
Segundo Catherine Tourette-Turgis:

O princípio de coerência do aconselhamento reside


fundamentalmente no fato de que muitas situações da vida
são, elas mesmas, causas de sofrimentos psicológicos e
sociais, necessitando uma conceitualização e que dispositivos
de apoio sejam colocados à disposição das pessoas que as
vivem".

Para ela, o aconselhamento é uma forma de psicologia


situacionista, isto é, a situação é causa do sintoma e não o inverso.
Neste sentido, o aconselhamento, forma de acompanhamento
psicológico e social, designa uma situação na qual duas pessoas
estabelecem uma relação, uma fazendo explicitamente apelo à outra
através de um pedido (verbalizado) com objetivo de tratar, resolver,
assumir um ou mais problemas que lhe dizem respeito. A expressão
acompanhamento psicológico “seria insuficiente na medida em que os
campos de aplicação do aconselhamento…designam muitas vezes
realidades sociais produtoras em si mesmas de um conjunto de
distúrbios ou de dificuldades para os indivíduos".
O aconselhamento tem uma função importante desde ao
relacionamento mais simples de estudantes até à família e aos
ambientes de trabalho o que estabelece uma rede de comunicação
6
entre diversas pessoas de classes sociais as mais diversas possíveis.
Já é conhecido o ditado de que “quem não ouve conselho, ouve coitado”
entre outros ditados que já se tornaram comuns e apenas para ilustrar a
importância do aconselhamento, ele acontece de forma muitas vezes
empírica e vai aos poucos se solidificando em nossa mente e no próprio
grupo em que convivemos como algo necessário já que os seres
humanos não são independentes e foram feitos para viver em
sociedade.
Para Clinebel (1987), o aconselhamento pode ser um importante
veículo de educação, exercendo um papel didático muito importante já
que a pessoa a ser aconselhada quando ela mesma procura o
aconselhador, permanece numa posição reflexiva enquanto o outro
exerce um papel de educador-conselheiro, principalmente quando esse
aconselhamento é diretivo o que leva a pessoa aconselhada a aprender
com as reflexões do conselheiro e consequentemente se torna uma
espécie de aluno ou aluna.
Além desse benefício didático, o aconselhamento oferece ao
aconselhado a oportunidade de reproduzir o aprendizado e levá-lo à sua
família ou amigos que por sua vez se reproduzirão em grande escala
com os descendentes da família ou mesmo os amigos, e da mesma
maneira que cada um de nós lembramos dos conselhos emitidos pelos
pais ou ascendentes mais velhos, todas as pessoas aconselhadas terão
uma grande probabilidade de levar as lições aprendidas por toda vida.

1.2 Aconselhamento Diretivo e não diretivo

Há dois métodos de aconselhamento: Diretivo e Não Diretivo. No


primeiro o aconselhador assume a maior responsabilidade devido ao
7
acanhamento ou dificuldade de expressão do entrevistado, enquanto no
segundo, o entrevistador apenas analisa as colocações do entrevistado
e vai lhe facilitando a compreensão das diversas situações expressadas
por ele.
No aconselhamento diretivo o aconselhador precisa desenvolver
uma técnica mais apurada já que ele não terá inicialmente a participação
do entrevistado ou mesmo terá uma participação de forma inibida. É
justamente nesse momento que o conselheiro toma a iniciativa da
entrevista e conduz a pessoa a se situar em seu “mundo” objetivando
uma comunicação eficaz e conseqüente compreensão de seu contexto
social ou histórico.
Nesse tipo de aconselhamento também os fatos e as soluções
ficam mais claros desde que o aconselhado se mostre passivo durante
toda a entrevista. Acontece às vezes de o conselheiro iniciar a entrevista
com um método e no meio da mesma perceber que o entrevistado
assumiu o controle da situação. É importante que o conselheiro tenha o
discernimento necessário e a sensibilidade em se posicionar de acordo
com o momento do aconselhado.
Já o método não diretivo o aconselhado procura o conselheiro,
tenta passar a responsabilidade ao conselheiro (que o devolve). O
aconselhado aceita a responsabilidade de solver o problema ou foge à
situação. Se aceitar, o conselheiro explica-lhe que a situação do
aconselhamento lhe dá oportunidade de resolver o problema com
assistência. Normalmente nesse método, o conselheiro exerce mais o
papel de ouvinte e possibilita ao aconselhado uma auto-relfexão e a
busca pelas soluções contidas dentro de si mesmo mas que não foram
afloradas enquanto o mesmo vive em estado de tensão.
Para Kemp (2008), a capacidade de ser um bom ouvinte é sem
dúvida alguma, fundamental para o conselheiro para se conseguir atingir
8
o âmago da emoção de uma pessoa, já que no momento em que uma
pessoa fala a quem confia sobre os seus problemas, está se abrindo
totalmente e promovendo uma entrega que não deverá ser interrompida
a não ser para facilitar o diálogo.
Infelizmente, o ato de ouvir tem sido negligenciado por muitas
pessoas que muitas vezes ao iniciar a audição com o seu interlocutor, já
está ocupado em sua mente sobre o que vai falar e com isso demonstra
a quem está falando uma certa desatenção e somenos com a sua fala,
gerando ainda mais angústia em quem está sendo entrevistado.
Em seu livro, Jesus o maior psicólogo que já existiu, o autor Mark
W. Baker descreve a história de um homem que se refugiou num
mosteiro, mas se sentia superior a muita gente ali, e mesmo tendo
encontrado um ex-colega que era professor, ao participar de uma
palestra, foi lhe dado oportunidade de falar depois de um outro
albergado e o professor lhe pede que fale a respeito da fala de seu
companheiro antecessor; o que muito lhe desapontou porque estava
totalmente focado no que ia falar ao invés de prestar atenção no colega.
É assim que normalmente acontece. As pessoas estão muito
preocupadas em falar e menos em ouvir. A nossa fala pode ser fruto de
uma audição bem feita o que vai sem dúvida possibilitar uma
comunicação eficaz e contextualizada.
Nesse contexto, o método de aconselhamento não diretivo, tem
um papel importante o entrevistador em se comportar a contento,
visando um comportamento mais de ouvir do que de falar e além de
ouvir, se mostrar estar ouvindo e assim poder envolver o entrevistado
através dessa “arte da comunicação” e fazê-lo sentir bem e à vontade
para externar suas dúvidas e conflitos.

9
1.3 A linha tênue entre aconselhamento pastoral e
comportamento psicológico

O aconselhamento pastoral passa por muitas discussões no


campo de vista do comportamento humano. Mas sem dúvida o confronto
entre o aconselhamento pastoral e a necessidade de um
acompanhamento por parte de um profissional de psicologia, vem sendo
debatido e questionado devido a pessoas que se tornam “pastores” ou
“pastoras”, passarem a ter um acesso muito íntimo à mente das pessoas
que lhes confiam seus dramas e conflitos e sem saber entram numa
arapuca de conflitos já que nem sempre o conselheiro está preparado
para compreender que o aconselhado necessita de um facilitador e não
de alguém que tome a decisão por ele como se estivesse em seu lugar;
e mais ainda: o conselheiro deve respeitar a história de vida do
indivíduo, permitindo que o mesmo encontre em seu próprio nível de
compreensão da história pessoal uma melhor decisão a tomar.
Nesse cenário, muitos pastores (atores) se comportam como
protagonistas quando deveriam ser meros coadjuvantes ou figurantes no
palco da história de vida do aconselhado e deixar que ele protagonize a
sua cena e eleve a sua desenvoltura no palco da vida e assim encontre
pela sua performance o melhor caminho para tomas suas próprias
decisões de continuar encenando ou não.
A perspicácia ou discernimento do conselheiro é fundamental para
se evitar seqüelas no aconselhado e o respeito à ética da profissão no
que diz respeito a não entrar em uma área de outro profissional ferindo-
lhe também a ética deve ser tarefa do pastor ou conselheiro que deve
sempre prezar pelo bem estar das pessoas

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2 CAPÍTULO 2: ACONSELHAMENTO PASTORAL

2.1 Definição

Curar alma ou potencializar o seu crescimento é uma tarefa


essencial no ministério pastoral. Para Richard Baxter “o pastor não deve
ser somente um pregador público, mas deve ser conhecido também
como conselheiro de almas, assim como médico o é para o corpo”.
Eugene Peterson defende uma “reforma vocacional genuína entre os
pastores”, ou seja, é uma redescoberta do serviço pastoral da cura de
almas.
Afinal de contas, o que é trabalhar como médico da alma?
Peterson responde da seguinte forma “A cura de almas é então o
cuidado dirigido para Escrituras, cuidado em forma de oração por uma
única pessoa ou por grupos, num cenário sagrado ou profano. É uma
determinação de trabalhar no centro das coisas, de concentrar-se no
essencial”.
O pastor deve resgatar, através da cura, os sonhos e as utopias
possíveis, que foram perdidas durante a caminhada existencial. Fica
claro que a cura é possível. Os relacionamentos são possíveis. É
possível viver de forma plena e bela como fora objetivado por Deus.
Tudo isso é realizável por meio da graça e com graça. A encarnação do
verbo é a maior demonstração dessa possibilidade. O exemplo nós já
temos. É importante que, como pastores, aqueles que são, e aqueles
que agem como pastores sejam inundados pela graça, para agirem por
meio dela, exercendo um papel importante no processo de cura.
Os pastores precisam compreender mais do que nunca, que em
tempos de vazio existencial, conflitos e transtornos emocionais têm
levado pessoas até mesmo ao suicídio. A cura de almas não deve ser
11
pontual, mas constante e urgente. Quando o Senhor Jesus Cristo disse
que Pedro deveria apascentar suas ovelhas está implícito o cuidado
integral.
A busca pelo cuidado do ser humano observando-lhe o universo
completo é tarefa pouco compreendida por muitos cristãos e
conselheiros. A terapia ocupacional, a análise psicológica, a inserção
em programas sociais e na área educacional tem sido de grande valia
para os que estão engajados. Diante disso, é imprescindível que o olhar
do conselheiro seja holístico do mundo para a pessoa e da pessoa para
o mundo.

Aconselhamento pastoral é uma dimensão da “poimênica” que utiliza uma


variedade de métodos terapêuticos e espirituais de cura para ajudar as
pessoas a lidar com suas crises, conflitos e problemas numa forma que
conduz ao crescimento e a experimentar a cura do seu estado de fraqueza,
abatimento, sem energia. Para o autor, o aconselhamento pastoral tem uma
função reparadora quando o crescimento das pessoas é prejudicado ou
bloqueado devido a crises (CLINEBELL, 1976, p.25)

O apostolo Paulo nos ensina deixarmos as coisas de menino.


Podendo significar a vivência heteronômica para uma autonomia
estética, emocional e espiritual. Nesse processo o homem ou a mulher
pode se perder no labirinto da existência espaço-temporal com os outros
ou seu próprio interior. Aqui, caberá ao pastor ajudá-los a encontrar a
saída desse labirinto para uma vida abundante em Cristo Jesus. Para
tanto, poderá fazer uso de recursos psicológicos associados ao amor, a
graça e a misericórdia de Deus.
Paul Hoff em “O pastor como conselheiro”, declara que a
assistência pastoral além de enriquecer o ministério pastoral
proporciona oportunidade de se levar almas angustiadas aos pés de
Cristo. Logo, o pastor deve ser bem preparado pelos seminários. Mas

12
segundo Merval Rosa, por séculos se preocuparam mais com
discussões teológicas do que preparar os pastores para o
enfrentamento dos conflitos humanos que são tão reais quanto os
conceitos teológicos.
Imagens, histórias e metáforas bíblicas vivas são formas de
comunicar verdades profundas sobre a vida fazendo uso do "cérebro
direito". Elas são um poder sustentador na vida de muitas pessoas
socialmente desprovidas de poder que amam a Bíblia.
A Bíblia está consciente de que nossa alienação de nós mesmos e
das outras pessoas está de alguma forma, enraizada em nossa
alienação do amor de Deus, amor este que dá vida. As maneiras
engenhosas pelas quais as pessoas bloqueiam sua própria cura e
crescimento, foram chamadas resistência por Freud. “Quer a chamemos
de resistência, quer de pecado, lidar com essa realidade recalcitrante é
crucial em toda poimênica e em todo aconselhamento pastoral eficazes.”
Poimênica é, portanto, o ministério de ajuda da igreja cristã para seus
membros e outras pessoas que buscam ajuda espiritual, emocional,
relacional e de saúde.
Assim sendo, o aconselhamento pastoral não é apenas uma
conversa com um líder religioso, mas uma forma de dialogar com o
ministro, abrindo os tesouros da sua mente e coração a fim de que o
mesmo lhe ajude a aplicá-los da melhor forma objetivando uma saúde
espiritual, enriquecendo-se cada dia mais e beneficiando outras pessoas
pelas pérolas encontradas por ele mesmo dentro de sua própria casa,
dentro de sua própria vida.

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2.2 Objetivos

O que se deseja é mostrar que o conhecimento da psicologia


quando bem utilizado estará a serviço do pastor na medida em que não
se distancia dos propósitos de Deus em relação à função pastoral.
Conhecer os fatores psicológicos no processo de desenvolvimento
humano ajudará ao pastor compreender o comportamento dos
aconselhados inclusive compreender que homens e mulheres, devido a
sua estrutura bio-psico-social, reagem de forma diferente às situações.
Para Wolberg, as psicoterapias são métodos de tratamentos, que
podem se utilizados pelo pastor, para solução de problemas de natureza
emocional. Uma pessoa (pastor) bem treinada, mediante a utilização de
meios psicológicos (e teológicos) estabelece uma relação colaborativa
com a pessoa que busca ajuda do pastor, visando remover ou modificar
sintomas existentes, corrigir padrões disfuncionais de relação
interpessoal e promover o desenvolvimento da personalidade.
O objetivo de um processo psicoterapêutico é dar condições para
que a pessoa se desenvolva aprendendo sobre ela mesma através de
seus sintomas e das trocas estabelecidas neste processo. há situações
que fogem ao seu controle cabendo-lhe indicar um profissional
especializado ciente que este não lhe é uma ameaça no tocante a sua
função e autoridade frente à igreja.

2.3 Fundamentos bíblicos e teológicos do aconselhamento


pastoral

Embora a sociedade acadêmica não admita, é cada vez mais


flagrante a transformação que a igreja evangélica promove através da
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evangelização e aconselhamento de pessoas que antes tinham uma
vida desregrada vivendo à margem da sociedade e se tornaram em
cidadãos de bem sem custar um centavo para o governo e cofres
públicos.
Com o advento das abordagens psicológicas modernas, a partir de
Sigmund Freud ao final dos anos 1800, em pouco tempo a base bíblica
da Criação, Queda e Redenção do homem sofreu grande ataque por
abordagens seculares de saúde e doença mentais.
Por conta disso, muitos estudiosos entenderam ter encontrado um
meio de retirar o Deus pessoal de suas interpretações a respeito do
mundo e do homem. Pecado, salvação, vida eterna deixaram de existir
ou, no mínimo, relegados à condição de idéias repressoras dos
legítimos desejos humanos. Novas práticas psicoterapeuticas prometiam
a resolução de problemas pessoas e/ou interpessoais através do
trabalho psicoterapeutico ao alcance do homem.
Por outro lado, a Igreja, em boa parte, adaptou-se a essas
propostas. No começo do Século 20, as Escrituras continuaram a ser
pregadas, mas passaram a um segundo plano como fonte de
aconselhamento por muitos, criando uma minimização da mensagem
Redentiva das Escrituras.
No entanto, se lermos cuidadosamente e sem assombros a Bíblia
notaremos que ela se expressa como verdadeira conselheira:
diagnostica doenças emocionais, “A esperança que se retarda deixa o
coração doente, mas o anseio satisfeito é árvore de vida”
(PROVÉRBIOS 13:12), explica comportamentos e emoções, “O Senhor
deu aos seres humanos inteligência e consciência; ninguém pode se
esconder de si mesmo” (PROVÉRBIOS, 20:27), interpretação de
sofrimentos e influências externas, definições de situações funcionais
(Efésios 5-6), caráter do conselheiro (Gálatas 6:1-10), alvos do processo
15
de aconselhamento, (Filipenses 4) etc., ou seja, toda instrução
necessária tanto para o conselheiro como para o aconselhado está à
sua disposição no texto Bíblico.
Em meados do Século 20, a percepção da comunidade científica
começou a mudar como resultado da própria evolução científica. O
advento dos processos médicos de ressuscitação nas UTI’s
hospitalares, por exemplo, confrontou a ciência com a descrição de
eventos transcendentais pelos pacientes que experimentaram a
proximidade da morte. Estudos sobre a oração, particularmente a
meditação provaram a realidade de percepções desconhecidas da
ciência até então. Isso trouxe à cena, mais uma vez, o interesse pelas
Escrituras como fonte de informação e compreensão desses
fenômenos.Mais uma vez na história, as Escrituras são confirmadas
como fundação para todo pensamento adequado, diagnose e cuidado
para as pessoas e seus problemas.
A Igreja tem sido desafiada a repensar suas crenças a respeito do
por que e do para que as pessoas lutam e como ajudá-las quando
procuram o cuidado pastoral. Sem abrir mão de nossa convicção de fé
nas Escrituras e de uma visão centrada em Deus, como incluir o que
legitimamente pode ser aprendido da psicologia moderna sem contudo
desprezar os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de vivência
No meio cristão.
No final do século 20 ficou claro que a geração atual de
conselheiros bíblicos beneficiou-se das forças de seus predecessores
assim como aprenderam de suas fraquezas. Tem surgido uma geração
de conselheiros com uma sensibilidade aumentada ao sofrimento
humano, à dinâmica das motivações, à centralidade do evangelho na
vida diária do cristão, à importância do corpo de Cristo, ao mesmo
tempo em que praticam um engajamento mais articulado com a cultura
16
secular.

2.4 Aconselhamento pastoral como um processo comunicativo

A comunicação é um fator preponderante nas relações sociais.


Sendo assim, qualquer diálogo está intrinsecamente ligado a arte de se
comunicar a fim de ser entendido e receber o feedback do seu
interlocutor.
O pastor é um indivíduo que desenvolve a característica da
comunicação de uma maneira centrada e ordenada porque é através da
fala que ele consegue questionar o entrevistado e ao mesmo tempo é
através dela que o aconselhado externar o que se passa em seu mundo
de fantasias e desilusões ou mesmo um simples conflito de idéias ou de
relacionamento familiar ou social.
O diálogo é um ingrediente básico da comunicação pois tanto o
falar como o ouvir – verbal e não verbalmente estão envolvidos e são
essenciais ao processo. Hulme diz que o aconselhamento pastoral é
dialógico em sua estrutura: há ouvir e falar, dar e receber.
Aconselhamento sem diálogo é impossível.
O diálogo afirma que o processo de comunicação é uma via de
duas mãos de partilhar significados verbais e não-verbais,
caracterizados mais por simultaneidade do que por momentos
específicos de trânsito, sendo fundamental que nessa vida de duas
mãos os sujeitos sejam ativos interagindo tanto por palavras quanto por
gestos, tons e até mesmo por expressões que caracterizem um estado
do aconselhado a fim de propiciar ao entrevistador uma idéia de seu
estado emocional ou comportamental, o que levará o aconselhador a

17
definir exatamente sobre o que fazer: se aconselhar como pastor ou
encaminhar para um profissional da área de psicologia.
Howe em seu clássico “o milagre do diálogo” enxerga o diálogo
como um processo interacional e afirma a necessidade da interação
mútua:

Diálogo é aquele processo de falar e responder entre duas pessoas no qual


há um fluxo de significado entre eles, apesar de todos os obstáculos que
normalmente bloqueiam o relacionamento. É a interação entre pessoas na
qual uma procura dar-se à outra assim como é, e procura conhecer a outra
assim como ela é. Significa que não tentará impor a sua própria vontade...
Tal é o relacionamento que caracteriza o diálogo e é precondição para a
comunicação dialógica.

A comunicação, portanto é condição básica e necessária para que


haja uma compreensão e essa compreensão seja bilateral objetivando
estabelecer um diálogo produtivo entre o aconselhador e o aconselhado.

2.5 Os sujeitos do aconselhamento pastoral

O pastor é uma figura ativa no aconselhamento e deve ter em


mente como colocará o aconselhado em condições de igualdade no
momento em que o diálogo se desenvolver. Os mais variados tipos de
aconselhamento que vêm ao gabinete como noivos que querem casar-
se, homens e mulheres querendo se separar, pessoas que precisam
descobrir sua vocação ou mesmo para intermediar conflitos.
O aconselhamento visa de um modo geral a adaptação do sujeito
à situação em que vive, fazendo-o refletir sobre suas ações diante da
sua realidade existente e ao mesmo tempo lhe propiciar condições de
enfrentá-las a partir da sua própria realidade.

18
O primeiro sujeito da situação é realmente o aconselhado; porque
esse é quem procura um aconselhador a fim de desabafar e descarregar
os seus problemas. Algumas dessas pessoas se colocam e se
posicionam de forma passiva, abrindo0se somente a parte esperando
que o conselheiro seja uma espécie de vidente que descobrirá sozinho a
causa e o efeito da sua situação de vida.
Sendo assim, o aconselhado é o sujeito que deve iniciar o
processo de comunicação relatando para o conselheiro exatamente uma
radiografia de sua vida social ou familiar, facilitando assim a
compreensão do conselheiro que lhe ajudará a partir das suas próprias
revelações cotidianas e sinceras estabelecendo com o conselheiro um
papel ativo de comunicação.
Já o conselheiro precisa ser em preparado a fim de compreender
os conflitos do aconselhado sem se intrometer nos fatos, mas analisá-
los em conjunto com o mesmo visando uma ajuda de intervenção nas
causas que se fazem necessárias de intervenção assistida.

19
CAPÍTULO 3: ACONSELHAMENTO PASTORAL PARA FAMÍLIAS

3.1 A ausência de recursos espirituais

No aconselhamento pastoral é de fundamental importância que o


aconselhador, no caso o pastor; tenha um preparo e uma visão espiritual
além de dispor de recursos de inspiração divina ou mesmo intelectuais.
Nesse sentido é importante destacar que a Bíblia a Palavra de
Deus estabelece o ponto de equilíbrio da vida e do preparo espiritual
destacando a graça e o conhecimento como fieis da balança na vida
espiritual do ser humano que precisa além de compreender, estabelecer
como estilo de vida o equilíbrio espiritual a fim de conseguir transmitir
também a outros uma atitude de busca das experiências sobrenaturais
sem, contudo desprezar o conhecimento teológico que é necessário ao
que trabalha ou deseja trabalhar no ministério de aconselhamento.
Os recursos espirituais são também muito importantes na vida do
conselheiro porque desenvolve um espírito de perseverança no mesmo
o que lhe proporcionará um aconselhamento com base em verdades
vividas e não apenas estudadas; exatamente o que as pessoas buscam
no aconselhamento empírico: uma pessoa experiente. Se essa pessoa
experiente está de posse da teoria, facilitará com que o aconselhado se
sinta muito mais seguro em relação aos conselhos recebidos.

3.2 A recuperação dos recursos espirituais no aconselhamento


pastoral familiar

É impossível exercer o ministério pastoral sem "ser um médico de


almas". O médico em caráter de emergência pode atender na rua, em

20
casa, no trabalho, porém há um lugar onde ele faz as consultas de uma
forma mais criteriosa, cuidadosa, minuciosa etc. Não é diferente o
trabalho do pastor no exercício do seu ministério. O Gabinete Pastoral é
o lugar onde o ministro pode ouvir, analisar, perguntar, responder e
confrontar as pessoas com mais tempo. Sabemos que o trabalho de
assistência, apoio, aconselhamento às pessoas, sempre existiu no
ministério pastoral desde à muito tempo, porém, há uma preocupação
hoje de fazer o que sempre foi feito de uma forma mais organizada. Se
Jesus ou o apóstolo Paulo exercessem o ministério pastoral em nossos
dias, com certeza eles fariam uso de toda ferramenta disponível para
tornar seu trabalho ainda mais eficiente.
Os recursos espirituais são importantíssimos para o pastor no
momento do aconselhamento já que o mesmo deve estar preparado
para receber todo o tipo de problema familiar, espiritual ou mesmo
questões de ordem social na vida dos membros de sua igreja.
Dentre esses, os problemas espirituais sem dúvida são os que
exigem mais do conselheiro porque está no mundo das potestades e
como classifica o Apóstolo Paulo escrevendo aos Corintios, essas
potestades devem ser enfrentadas e encaradas com armas espirituais e
não apenas analisando as questões comportamentais da pessoa
aconselhada como se fosse resolver ou ajudar a resolver seus
problemas apenas lhe apontando uma solução prática e definitiva.
As pessoas que vêm a um gabinete pastoral nem sempre estão
com problemas em nível de comportamento. Muitas vezes são trazidas
até por parentes e amigos com uma carga espiritual muito grande por
parte das entidades do sincretismo religioso e esses espíritos precisam
ser expulsos; depois de serem expulsos é necessário orientar o liberto a
fim de o seu segundo estado não ser pior do que o primeiro.

21
Em relação à recuperação dos recursos espirituais na vida de um
conselheiro pastor; este sem dúvida precisará conhecer os
ensinamentos do Senhor Jesus e dos apóstolos, além de estudar as
práticas e rituais do sincretismo religioso que vem dotado de espíritos
enganadores e que objetivam ridicularizar o pastor, como fizeram aos
filhos de Ceva, se este não estiver preparado espiritualmente para esse
embate.

3.3 Iniciativa Pastoral

Apesar de o Gabinete Pastoral ser um lugar de preparação,


planejamento e de grandes decisões administrativas, todo pastor que
prioriza investimentos na saúde da igreja, precisa ver esse espaço como
o lugar ideal para ministrar cura integral na vida das pessoas. É no
Gabinete que o pastor pode ajudar as pessoas em três pontos básicos:
a se relacionarem melhor com Deus, consigo mesmas e com o próximo.
Isso tem a ver com vida abundante aqui e vida eterna no futuro. Quando
esse trabalho é feito de forma criteriosa e organizada, fica mais fácil o
ministro atender um número maior de pessoas e com mais eficiência.
Quanto maior a igreja, mais pastores envolvidos com esse ministério é
necessário, pelo contrário haverá uma sobrecarga para um só. Um
exemplo disso é o que estava acontecendo com Moisés: "Vendo, pois, o
sogro de Moisés tudo o que ele fazia ao povo, disse: Que é isto, que tu
fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante
de ti, desde a manhã até à tarde?" (Ex 18:14) Jetro, disse ao "pastor"
Moisés, não é bom o que fazes, você vai chegar à exaustão e não só
você, mas o povo também ficará prejudicado com isso. Havia a
necessidade de colocar mais pessoas para atender ao povo: "E tu
22
dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens
de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais
de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez; Para
que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo o negócio
grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a
ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e
Deus to mandar, poderás então subsistir; assim também todo este povo
em paz irá ao seu lugar". (Ex 18:21-23).

3.4 Aconselhamento pastoral, ecumenismo e interdisciplinaridade

No ambiente do aconselhamento pastoral deve se buscar o bem


estar do indivíduo a ser aconselhado. Assim sendo, sem sempre a
pessoa que buscará o conselho será necessariamente um paroquiano
do rebanho do próprio pastor. Este deve estar preparado para atender
àquele que dele precisar sem lhe observar a questão de ordem religiosa,
objetivando sempre o coração e o intelecto da pessoa humana sem
nenhum tipo de preconceito e mesmo que não aceite a religião do
aconselhado, deve sempre lhe dispensar um aconselhamento
direcionado ao seu bem estar.
A interdisciplinaridade é importantíssima no aconselhamento
pastoral. Existem muitas igrejas onde o pastor além de pastor é
psicólogo, psicanalista, assistente social ou terapeuta e isso lhe permite
identificar questões de ordem psíquica ou social, mas apesar disso o
pastor deve identificar a necessidade de trabalhar com uma equipe de
profissionais que o ajudarão a diagnosticar o problema do aconselhado.
Há muitas igrejas onde os pastores contam com uma equipe de
profissionais que trabalham em harmonia cada um na sua área de ação

23
e no todo se completam para promover o bem das pessoas que lhe
procuram.

3.4.1 Aspectos religiosos no aconselhamento pastoral

A religião ou a religiosidade poderá se constituir sem dúvida em


um obstáculo ao aconselhamento pastoral se a pessoa ou as pessoas
que vêm ao aconselhamento tiverem bitolados em sua religião. Como o
pastor se utiliza da principal regra de fé, a Bíblia Sagrada, será um
entrave muito grande se alguém questioná-lo sobre temas que
confrontam com a sua própria religião e pedir-lhe que lhe oriente a partir
delas.
Entretanto, o conselheiro pastor deve primar pela orientação e
mesmo que a pessoa aconselhada se mostre uma religiosa em extremo,
o aconselhamento deve ser no mesmo nível de compreensão da
mesma, já que no aconselhamento pastoral os sujeitos precisam
relacionar e se entenderem.

3.4.2 Interdisciplinaridade

O processo de integração recíproca entre diversas disciplinas tem


um papel muito importante quando se trata de aconselhamento pastoral.
O ser humano que é formado de corpo, alma e espírito segundo a
tricotomia, necessita não apenas de orientação para o seu
comportamento humano na sociedade e sim uma ajuda no sentido de
encontrar a direção para todos os níveis de sua vida o que lhe
proporcionará uma maior estabilidade e segurança no momento em que
se aconselhar.

24
Além disso, o aconselhador deve ter exatamente o discernimento
do seu limite de competência no processo e desenvolvimento do
aconselhamento e que precisa de outros profissionais a fim de atingir o
objetivo de aconselhar plenamente o seu cliente.
Neste início do século XXI, especialmente, no contexto da América
Latina, a Teologia Prática, subárea da Teologia, tende a desenvolver a
teoria de uma “prática interdisciplinar” de aconselhamento pastoral que
analise a sua relação com as ciências humanas como a psicologia,
psicoterapia, teoria da comunicação, sociologia, antropologia,
pedagogia, bem como com as diferentes dimensões da vida em
comunidade.
Na interdisciplinaridade, os profissionais trabalham socializando as
informações e estabelecendo uma análise da situação psicológica,
social, patológica e espiritual a fim de estabelecer um diagnóstico
embasado em dados reais em cada área da vida do sujeito entrevistado.

3.5 Dimensões sociais, políticas, econômicas e culturais do


aconselhamento pastoral

As dimensões sociais do aconselhamento pastoral são inegáveis


na sociedade porque em conjunto com as ações sociais da igreja no
sentido de recuperar o indivíduo sem ônus nenhum ao Estado, tira o
mesmo das regiões de confrontos causando uma diminuição no
submundo do crime e reduzindo consideravelmente o número de
amontoados nas cadeias do Brasil.
A revista Veja (edição 1861, 7 de julho de 2004) destacou a ação
social dos evangélicos no Brasil. De acordo com a matéria – intitulada “A
fé de resultados” –, “os templos evangélicos promovem a redução de

25
vários índices negativos na vizinhança, começando pelo total de
alcoólatras e terminando no número de ocorrências criminais”. O
sociólogo Rubem César Fernandes, diretor executivo do movimento
Viva Rio e pesquisador do Instituto de Estudos da Religião, disse à
revista que “quando uma igreja evangélica entra numa comunidade
pobre, contribui para elevar a auto-estima dos moradores e gera um
efeito disciplinador”.
A reportagem de Veja também enfatizou a redução de homicídios
em algumas favelas do Rio – à medida que vários templos evangélicos
foram sendo instalados nos locais. Segundo informações da revista, o
trabalho social dos evangélicos é reconhecido até mesmo pela polícia.
A rapidez com que agem os evangélicos e os resultados obtidos
foram lembrados pela matéria que destacou o trabalho realizado pela
Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte. A igreja mantém um
centro de recuperação para dependentes químicos e 40% destes
dependentes são recuperados. Índice que, de acordo com a reportagem,
é oito vezes melhor do que o considerado razoável pela Organização
Mundial de Saúde.
Quanto a questões relacionadas à cultura, Schneider- Harpprecht
constata que no contexto da América Latina o aconselhamento pastoral
precisa se conscientizar da diversidade cultural e religiosa de quem
oferece e procura ajuda. Existem muitas dificuldades de comunicação
devido a diferentes sistemas de educação, de valores, credos, posturas
e linguagens corporais.
Essa situação, portanto, requer do/a aconselhante pastoral uma
“sensibilidade cultural” e que ele/a assuma uma postura de interpatia.
Para o autor, A sensibilidade cultural é descrita por Schneider-
Harprecht em três aspectos: a) identificar a própria cultura,ou seja,
aprofundar e conhecer a cultura do/a aconselhante e perceber quais os
26
preconceitos que este/a tem em relação a outras culturas; b) conhecer a
cultura do/a outro/a; c) desenvolver a capacidade técnica de intervenção
do/a aconselhante após o conhecimento da sua e da cultura do outro.

27
CAPÍTULO 4: ACONSELHAMENTO PASTORAL POR
TELEFONE/VIRTUAL: POSSIBILIDADES E LIMITES

O aconselhamento pastoral além de obedecer a modelos


convencionais como é o caso do uso do gabinete pastoral onde a
pessoa aconselhada está diante do aconselhador, oferecendo ao
mesmo condições de enxergá-lo e sentir as suas emoções, respiração e
outras formas de comunicação, está também passível de ser realizada
através de meios eletrônicos encontrados nos séculos XX e XXI como é
o caso do telefone e a rede mundial de computadores também chamada
de internet.

4.1 Possibilidades do uso do telefone e internet no aconselhamento


pastoral

É perfeitamente possível a utilização do telefone como um meio de


levar um aconselhamento a outrem que por uma distância geográfica
não tem possibilidades de comparecer a um gabinete de forma
presencial.
O telefone que é um canal de comunicação que possibilita um
diálogo em tempo real além de permitir outras formas de expressão que
faz parte da comunicação, tem se constituído em um meio bastante
explorado até mesmo por pessoas que praticam o aconselhamento
como profissão ou com intenção de ganhar dinheiro explorando o estado
de vulnerabilidade das pessoas que normalmente preferem ficar ao
telefone a tentarem dormir porque se vêem totalmente sem condições
de relaxarem devido a tantas dúvidas e incertezas na sua vida diante

28
das decisões que precisam ser tomadas e diante mesmo das decisões
tomadas e que lhe causaram algum embaraço.
Após o desenvolvimento do telégrafo, surgiu um dos meios de
comunicação mais utilizados até os dias atuais e considerado um dos
mais importantes avanços do século XIX: o telefone. A palavra telefone
provém do grego “tele”, “distante”, e “phone”, o telefone é um aparelho
que transmite instantaneamente o som, tornando possível que pessoas
se falem estando distantes geograficamente, em qualquer lugar do
planeta. A partir de 1889 o telefone público também já havia sido
inventado, o que permitiu que pessoas com pouca renda ou em
circulação também pudessem telefonar.
A grande revolução no mundo da telefonia veio, porém, com os
aparelhos celulares que foram desenvolvidos por volta da década de
1970. O seu uso comercial veio a acontecer a partir do ano de 1983, na
cidade de Chicago, Estados Unidos. Em terras brasileiras a
comunicação via telefone celular teve seu início na década de 1990.
Conforme Sciarreta, editor de economia da Folha On-Line, na fase inicial
da telefonia móvel, os aparelhos que “pesavam quase um quilo e
chegavam a custar até US$ 5 mil no câmbio negro” eram “símbolo de
status e ostentação de riqueza”, mas com a privatização da Telebrás no
ano de 1988 e a venda gradual de licenças para outras operadoras de
telefonia fixa e móvel, tanto os aparelhos como as tarifas telefônicas
obtiveram redução nos custos. Contudo, o “fim da era dos monopólios
na telefonia brasileira” aconteceu no ano de 2003, quando houve uma
abertura para a concorrência entre diferentes companhias telefônicas.

29
4.2 Características específicas da comunicação por telefone ou
internet

Conforme Martinez, por meio do desenvolvimento tecnológico, nos


dias atuais os aparelhos celulares, além da transmissão de voz,
oferecem a possibilidade da transmissão de dados, imagens, músicas e
de vídeos. E o custo de um aparelho celular básico que inicialmente ia
até cinco mil dólares foi reduzido para aproximadamente cinqüenta
dólares, tornando-se um meio de comunicação cada vez mais popular.
Nos últimos anos, além da telefonia fixa e dos telefones celulares,
a telefonia via Internet, conhecida por “Voz sobre IP ou simplesmente
VOIP” tem invadido o mercado brasileiro.
Programas como, por exemplo, o Skype (americano) e o Voxfone
(brasileiro) permitem que duas pessoas que tenham computador se
falem e vejam em tempo real via Internet com custo de tarifa zero, de
qualquer lugar do mundo. Essas empresas oferecem ainda a Voice Line,
que permite ligações para qualquer lugar do mundo, com tarifa cobrada
por minuto, que tem o valor de uma tarifa local e não muda,
independente do lugar que se liga. A Voice Line, um aparelho móvel e
que funciona em qualquer lugar do mundo, é uma caixinha que, ligada a
um aparelho de telefone comum de um lado e à internet de banda larga
de outro, transforma o aparelho num telefone de internet com um
número próprio que faz e recebe ligações para qualquer tipo de
aparelho. O computador acaba se tornando dispensável.
Desde o seu surgimento e de forma acentuada nos últimos
tempos, o telefone passou a fazer parte da civilização de modo que é
praticamente impossível viver sem esse instrumento no mundo atual.
Através da telefonia se eliminou fronteiras, reduziu custos, e se trouxe
comodidade e economia de tempo.
30
Nesse sentido, também Martinez constata que especialmente a
telefonia móvel tem se convertido numa “ferramenta primordial” de
trabalho, lazer, relacionamentos, negócios e tem contribuído para que as
pessoas se sintam mais seguras e se tornem mais ágeis e produtivas.

4.2.1 Uma comunicação instantânea que dispensa locomoção física

Através da utilização da telefonia se modifica a idéia de tempo e


espaço. Se para a locomoção física, de um local para o outro, uma
pessoa necessita de uma hora, um dia, várias semanas, por meio do
telefone essa mesma pessoa pode se fazer presente por meio de sua
voz em qualquer lugar em poucos segundos, independente dela estar a
um ou vários quilômetros de distância deste local.
O telefone é um aparelho que torna possível que os ouvidos e a
voz de uma pessoa sejam transportados, sem, porém mudar o seu
corpo de lugar. Através dele, pessoas podem se comunicar sem estar
no mesmo espaço físico ou geográfico. Nesse sentido, pessoas idosas
ou com dificuldades de locomoção, bem como aquelas que tem urgência
em falar com alguém, facilmente podem se comunicar por meio do
telefone e ter acesso ao aconselhamento pastoral quando dele
necessitarem.
Conforme Habenicht:

O telefone permite uma ‘forma paradoxal’ de proximidade, justamente uma


proximidade na distância. O telefone estabelece artificialmente proximidade
e distância, é nesse sentido ambivalente’(...) Dessa forma, por exemplo, o
medo da proximidade e ao mesmo tempo o desejo por proximidade podem
se realizar por meio do contato telefônico, que de um lado estabelece uma
forte intimidade e por outro lado, tal medium preserva uma grande distância.

31
Através do telefone torna-se possível contatar pessoas que
estejam em qualquer lugar ou, do contrário, um local, no caso uma
entidade que ofereça aconselhamento pastoral, pode ser contatado por
diferentes pessoas independente de onde elas se localizem. Além da
distância geográfica, também fronteiras sociais ou barreiras de classe
podem ser vencidas com muito mais facilidade por meio de um
telefonema do que por uma visita pessoal. O telefone permite entradas
em portas e locais que em outras circunstâncias, como no caso de uma
visita pessoal, provavelmente estariam fechados ou as pessoas teriam
receio de bater e entrar.
No exemplo de um centro de aconselhamento pastoral como o
SICA, que pretende ser uma “casa de portas abertas”, estará
oferecendo uma possibilidade a mais ao disponibilizar os seus serviços
por meio do telefone. Qualquer pessoa, independente de sua posição
social, religião, estado civil, credo político, ideologia social, situação
econômica ou localização geográfica, pode telefonar e prontamente ser
atendida sem discriminação de qualquer espécie.
Habenicht também afirma que a comunicação por telefone
acontece “em canal de uma via” (einkanalig), pois o ver, o tocar e o
cheirar são excluídos. O autor afirma que “o telefone oferece a chance
de não ter que se comunicar de forma extensa”, mas em compensação,
o “canal oral-auditivo” é fortemente acentuado. Aspectos, como por
exemplo, o tom e o volume da voz, respirações pesadas e o choro
podem facilmente ser detectados numa conversa telefônica.

4.2.2 Anonimato

Essa é sem dúvida uma outra característica importante do


aconselhamento por telefone. Apenas as pessoas que se conhecem
32
identificarão pela voz quem está falando do outro lado da linha.
Conforme Habenicht, o fato de uma pessoa poder ligar para um
aconselhante pastoral sem precisar se identificar ou poder fazer uso de
um pseudônimo permite-lhe um sentimento de liberdade, que lhe
oferece uma maior chance de abertura e revelação de si mesma durante
o diálogo. Ao saber que o aconselhante não a conhece, a pessoa que
busca ajuda irá ter menos receio de externar seus sentimentos, seus
conflitos e crises e terá a oportunidade de falar sobre vivências que
jamais teve coragem de relatar para alguém que lhe fosse conhecido.
De acordo com Hoch, o fator do anonimato protege e reduz a
vergonha de quem busca aconselhamento. Hoch afirma que a decisão
de abrir-se, de expor a sua intimidade com alguém exige “uma boa dose
de superação”, pois ajuda, pois permite que a pessoa não tenha medo
de perder a auto-imagem e o respeito perante o/a aconselhante que irá
ouvi-la.

4.2.3 Baixo custo financeiro

Em diferentes países, como por exemplo, na Alemanha, o


aconselhamento por telefone é mantido pelas Igrejas Evangélica e
Católica e é uma oferta livre de taxas. O custo das ligações telefônicas
para o aconselhamento pastoral é assumido pelas companhias
telefônicas.
No Brasil, as pessoas que telefonam para o Serviço
Interconfessional de Aconselhamento não pagam taxas pelo
atendimento, pois este é prestado gratuitamente. O fato do Serviço
Interconfessional de Aconselhamento receber apoio financeiro das
quatro igrejas mantenedoras e de um grupo de “Amigos do SICA” e

33
os/as aconselhantes e recepcionistas prestarem serviços voluntários,
permite um atendimento sem ônus para quem busca ajuda.
Quem, porém, procura aconselhamento pastoral por meio do
telefone, precisa arcar com os custos da tarifa telefônica do aparelho
que utilizou para efetuar a ligação, pois o SICA ainda não dispõe da
isenção de tarifas telefônicas (0800). O custo de uma ligação telefônica,
porém, raramente excede o valor de gastos que se teria com passagens
de ônibus, trem ou táxi, bem como despesas com combustível e
estacionamento para carro.

4.2.4 Ponte para o estabelecimento de contato face-a-face

Embora o aconselhamento pastoral possa acontecer através do


telefone a curto, médio e até longo prazo, de acordo com a necessidade
e desejo estipulados pela própria pessoa que busca ajuda, o contato
telefônico também pode se constituir numa ponte para estabelecer o
contato face-a-face. O SICA, por exemplo, oferece a possibilidade da
pessoa ir até a entidade e receber um atendimento pessoal, participar
do “Grupo de Auto-aceitação” ou de ser encaminhada para profissionais
ou grupos específicos.
Conforme Stange, o aconselhante que presta ajuda pelo telefone
deve encorajar a pessoa que liga a vencer o medo de se identificar,
especialmente em situações em que esta precisa ser encaminhada para
grupos ou profissionais de ajuda. Também Hoch afirma que nem todas
as pessoas que buscam aconselhamento telefonam “no pico da crise” e
que nesses casos o aconselhante dispõe de mais tempo para
“aprofundar questões”, esclarecer o problema, “refletir com a pessoa

34
sobre possíveis alternativas de ação, animá-la a voltar a ligar” ou então
“encontrar-se pessoalmente com ela”.

4.3 Recursos humanos

O serviço de aconselhamento é geralmente realizado por um


grupo de pessoas que voluntariamente desenvolvem este trabalho. O
conselheiro é normalmente um abnegado e trabalha no aconselhamento
como um complemento ou associação à sua função principal como é o
caso do pastor ou padre ou mesmo um líder religioso. Ele está sempre
disposto a conversar, tirar dúvidas e até mesmo encaminhar o
aconselhado a uma rede de atendimentos.
Conforme Wieners, pessoas voluntárias e leigas geralmente
trazem grande entusiasmo, uma forte e ativa motivação para o serviço
que realizam. Elas costumam ter mais paciência, também em relação
com pessoas difíceis. Por outro lado, o risco de pessoas leigas
voluntárias se transformarem em “doadores de conselho” é maior do que
para profissionais. Segundo o autor, pessoas voluntárias também estão
mais propícias a se envolver demasiadamente com os problemas e se
identificar com quem busca aconselhamento e perder a distância
mínima necessária que se requer numa relação de ajuda.

4.3.2 Admissão, preparo e aperfeiçoamento de aconselhantes

É muito importante que as pessoas que estão do outro lado da


linha para um aconselhamento sejam pessoas preparadas para tal.
Apenas o voluntariado e a boa vontade de ouvir não são suficientes para
que o aconselhado seja orientado da melhor maneira e sem perigo de

35
uma direcionamento errado devido a um despreparo de quem está
aconselhando.
Quando se trata de conversar com alguém que não se sabe quem
é e nem se conhece a sua história de vida, é preciso haver do outro lado
um aconselhador com um bom nível de equilíbrio emocional e
espiritualmente preparado para lidar com cargas que não se pode prevê
ou mesmo reações estranhas.
No aconselhamento pode-se ouvir por exemplo uma história que
está relacionada a um momento vivido pelo aconselhador; pode surgir
uma situação de alguém que seja seu conhecido ou mesmo parente, e
nesse caso o conselheiro não deve se envolver emocionalmente,
quebrar o sigilo ou orientar a pessoa aconselhada de forma a direcionar
à sua conveniência.
O preparo para o aconselhamento pastoral por telefone acontece
através de um processo de aprendizado pessoal e estudos específicos
que se estende durante todo o tempo, em forma de aperfeiçoamento,
em que o/a aconselhante estiver atuando. Os pontos centrais da
formação são trabalhar a própria pessoa da aconselhante, condução de
um diálogo de ajuda, informações como questões relacionadas ao
funcionamento prático, organização e objetivos do serviço de
aconselhamento.

4.4 A importância do aconselhamento pelo telefone para a


poimênica

No ministério pastoral a prática do aconselhamento pastoral é


fundamental para que o mesmo possa conhecer as pessoas que fazem

36
parte de sua congregação, conhecer seu problemas e orientar-lhes a
uma busca de solução mais direcionada.
O ministro que não conhece os problemas das pessoas de sua
congregação corre o risco de viver em um universo sul-real achando que
as coisas vão bem quando não vão ou achando que vão mal quando
estão bem.
Essa prática de aconselhamento do pastor para com a membresia
lhe dará muito mais segurança em realizar o seu trabalho e fará com
que as pessoas lhe conheçam também e compreender que é um
homem passível de erros e que num dado momento pode até necessitar
de um conselho do próprio aconselhado. Enfim, contribui para a
humanização das relações entre pastor e ovelha.
Em relação ao aconselhamento por telefone, o envolvimento do
pastor facilitará em muitos casos a desenvoltura do aconselhado por se
tratar de uma pessoa com quem o outro já mantém um vínculo de
respeito e mesmo que não o conheça pessoalmente já o conhece
através da televisão, rádio ou outros meios de comunicação virtual.

4.4.1 Modalidade de aconselhamento nova e atual

O aconselhamento pastoral através do telefone é uma nova forma


de poimênica porque difere de outras práticas oferecidas no contexto da
Igreja. Ele tem características próprias, como anonimato, presença
constante, especialmente durante a noite, a ponto de ser chamado de “o
rosto noturno da Igreja” pelo teólogo Jörns. Além disso, essa
modalidade de aconselhamento oferece uma intervenção na crise de
forma instantânea, é um serviço ecumênico, conta com a colaboração
de pessoas leigas e voluntárias.

37
Antigamente o indivíduo estava imerso numa rede social
compacta. Esta rede tinha um elevado potencial de auto-ajuda. Havia
figuras que tinham papéis específicos de orientação; ritos; tradições. No
interior mesmo da comunidade se resolviam os problemas. O problema
individual era um problema da comunidade toda. A família tinha função
relativa não participando das decisões diretas.
Na fase moderna, no entanto, “a teia social passou a perder a sua
coesão” devido à aglomeração massiva de pessoas em centros
urbanos. Conforme Hoch (1999), perdeu-se as homogeneidades sociais,
culturais, étnicas e religiosas e diferentes tradições e classes sociais
começaram a conviver num mesmo espaço. Tornou-se impossível
“participar do todo” e a família tornou-se o “lugar de pertença principal”.
Instituições como Igreja, clube social, o próprio Estado, ainda
promoviam uma certa segurança e sustento.

4.4.2 Abrange maior número de pessoas

O alcance do aconselhamento pastoral por telefone é inegável e é


capaz de atender a demanda sem que a pessoa venha se deslocar de
sua casa o que sem dúvida possibilitará o acesso a outra pessoa logo
em seguida e daí por diante.
Em alguns casos possibilita pessoas que fazem parte de outros
grupos religiosos ouvirem mais de uma opinião a respeito de um
problema e isso em tempo real o que não lhe prejudicará em uma
tomada de decisão em curto prazo.
Com o advento dos aparelhos celulares essa comunicação ficou
ainda mais fácil e mais ágil no instante em que uma pessoa que estiver
numa fila para tomar uma decisão, poderá mesmo assim se aconselhar

38
com o pastor ou conselheiro e poder tomar sua decisão ou não de forma
mais segura e rápida.

4.4.3 Nova forma da Igreja de fazer presente na sociedade

Quando se trata de vida ou problemas espirituais a sociedade


normalmente tenta esconder suas mazelas. Assim como Nicodemos que
foi conversar com Jesus à noite com medo dos Judeus, muitas pessoas
preferem ficar no anonimato e não socializam suas dúvidas, provocando
assim uma falta de acesso a muitos aconselhamentos.
Através da oferta do aconselhamento por telefone, qualquer
pessoa pode ligar e ser prontamente atendida por um aconselhante
pastoral que está preparado/a para ouvi-la, sem correr o risco de ser
vista por outras pessoas e passar por algum tipo de constrangimento.
Dessa forma, portanto, as igrejas se fazem presente na vida de pessoas
que em outras circunstâncias não procurariam ajuda ou não seriam
alcançadas pela poimênica. Essa modalidade de aconselhamento,
conseqüentemente, é uma oportunidade das igrejas estenderem seus
ouvidos para além das atividades e possibilidades oferecidas dentro das
comunidades, tanto para membros como para não-membros.
O aconselhamento pastoral por telefone propicia também ao
aconselhado uma melhoria da qualidade de vida social para o seu dia e
por extensão àqueles que fazem parte do seu convívio diário que serão
beneficiados por uma pessoa que se estiver de bem com a vida
proporcionará um ambiente muito mais prazeroso aos colegas e amigos
d convívio diário.

39
5. CONCLUSÃO

Quando resolvem fazer uso da comunicação intermediada pelo


telefone, as igrejas e os pastores abrem um leque de possibilidades de
ajuda dentro do contexto das comunidades eclesiais e para a sociedade
como um todo. Através deste meio de comunicação, torna-se viável
estabelecer contatos imediatos, acompanhar pessoas em situações
difíceis, intervir em casos de crise.
Ao reunirem uma equipe ecumênica e interdisciplinar de
aconselhantes voluntários/as em um centro de aconselhamento pastoral
e disponibilizar esse serviço por meio do telefone, as igrejas históricas
criam a oportunidade de se fazer presentes e atuantes na vida
quotidiana de quem vive em centros urbanos.
A comunicação telefônica permite que o aconselhamento pastoral
seja realizado com economia de tempo e baixo custo financeiro. Ainda
torna possível o estabelecimento de um contato imediato e democrático
entre as pessoas que oferecem e procuram ajuda, com a opção de
permanência ou não no anonimato.
Os limites enfrentados por essa modalidade de aconselhamento
são ausência física, a falta da expressão corporal ou a linguagem não-
verbal e o anonimato.
Através desse trabalho, foi possível constatar-se que através de
revolução tecnológica nos meios de comunicação ocorrida nos últimos
tempos, as igrejas dispõem de novos meios de comunicação como o
telégrafo, o rádio, a televisão, os jornais, o telefone e a rede mundial de
computadores, para se fazer presente na vida das pessoas e irao
encontro daquelas que se encontram em situações de crise.
Especialmente o telefone pode ser muito útil para situações de

40
aconselhamento pastoral dentro do contexto das comunidades eclesiais
e para a sociedade como um todo.
A partir da comunicação telefônica que permite economia de
tempo, baixo custo financeiro, contato imediato e democrático,
possibilidade de se permanecer no anonimato, o aconselhamento
pastoral pode estender-se para um número maior de pessoas e fazer-se
presente na sua vida quotidiana de quem vive em cidades.
Concluiu-se que o aconselhamento pastoral por telefone
estabelecido de forma formal em centros de aconselhamento é uma
oportunidade das igrejas reunirem forças e prestarem esse serviço
através de uma equipe ecumênica e interdisciplinar composta por
pessoas voluntárias capacitadas. Também foi possível concluir que a
dimensão pastoral do aconselhamento por telefone é uma contribuição
específica por parte das igrejas, ou seja, um diferencial em relação às
outras formas de aconselhamento. Ao incluírem a espiritualidade no
Aconselhamento as igrejas reconhecem que existem outras
possibilidades para solucionar problemas humanos que vão além
daquelas oferecidas pelas ciências humanas. Quando as habilidades
humanas não mais encontrarem caminhos viáveis para aliviar a angústia
humana a fé pode ser fonte de sentido, esperança, compaixão e
esperança.

41
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KEMP, Jaime. Saber Falar e Saber ouvir. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2008.

Psicologia da Religião. Disponível em


http://blogs.abril.com.br/homota2/2010/04/psicologia-religiao-16.html, arquivo
consultado em 19/08/2010.
Disponível em http://oconselheirobiblico.blogspot.com/2009/12/em-artigo-anterior-
publicado-no-blog-do_23.html, arquivo consultado em 17/08/2010.

FRIESEN, Albert. Cuidando do ser: treinamento em aconselhamento pastoral.


Curitiba: Editora Esperança, 2000.

JAGNOW, Dieter Joel. O diálogo pastoral: princípios de comunicação, Concórdia


Editora Ltda,2003. Disponível em
http://www3.est.edu.br/biblioteca/btd/Textos/Mestre/Krause_r_tm135.pdf, arquivo
consultado em 08/09/2010.

Aconselhamento pastoral. Disponível em: http://www.mluther.org.br/sica/sica.htm,


arquivo consultado em 09/10/2010.

Aconselhamento Pastoral Disponível em:


http://acervomonografico.blogspot.com/2009 - arquivo consultado em 07/10/2010.

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