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BREVE HISTÓRIA DA PSICOSSOMÁTICA: DA PRÉ-HISTÓRIA À ERA ROMÂNTICA

PSYCHOSOMATIC BRIEF HISTORY: FROM PREHISTORIC TO ROMANTIC ERA

JOSÉ LORENZATO DE MENDONÇA1

RESUMO Pré-história
O artigo descreve passagens históricas da construção do conhe-
cimento biológico e psicológico em busca da compreensão das Cerca de 10 milhões de anos atrás, parece ter existido
inter-relações entre mente, corpo e ambiente na saúde e na do- na Terra um ancestral comum dos chimpanzés, gorilas
ença. Sugere que esse processo vem descrevendo movimento e seres humanos, devido às grandes semelhanças anatô-
oscilatório do idealismo ao materialismo, que se anula e renasce
no materialismo da História, construindo os conceitos da psicos- micas básicas e genéticas que apresentam. Entre cinco
somática contemporânea. e oito milhões de anos, possivelmente premidos na luta
Palavras-chave: Medicina Psicossomática/história. pela sobrevivência e sujeitos às mudanças ambientais e ge-
néticas, desse tronco comum surgiram ramos evolutivos
distintos, que deram origem aos humanos e aos grandes
Introdução símios. Estudos com chimpanzés sugerem que eles seriam
capazes de criar conhecimento e tecnologia, faculdade
Desde os primórdios, a humanidade vem acumulando que se acreditava exclusiva do ser humano, ilustrando a
evidências de que a saúde é decorrente das boas condições complexidade de se precisar a origem dos mecanismos
do corpo, da alma e do ambiente. Inicialmente, partindo que possibilitaram o surgimento da alma (mente) huma-
de crenças mágico-religiosas, exímios e corajosos estudio- na no planeta. Embora existam muitas incertezas sobre a
sos foram lentamente observando e conquistando conhe- origem do homem, estima-se em quatro milhões de anos
cimentos sobre a natureza das enfermidades. Alguns estu- a capacidade de andar ereto e que os primeiros humanos
daram com profundidade um ou outro de seus aspectos, surgiram provavelmente há 2,5 milhões de anos. Eles não
isoladamente, enquanto outros tentavam compreender a tinham condições de articular palavras, falando de ma-
inter-relação dos fatores desencadeantes de forma integrada neira vagarosa e enrolada, provavelmente uma linguagem
(não-dissociada). Os conhecimentos obtidos pela ciência ao de gestos e sons muito pouco articulados. Alguns autores
longo dos séculos foram construindo três disciplinas fun- chamam a atenção para três características básicas do ho-
damentais no estudo da natureza das doenças: a Biologia, a mem, que parecem relacionadas à capacidade de falar, à
Psicologia e a Sociologia. Apesar da crença na existência de divisão do cérebro em duas metades e ao uso preferencial
inter-relações entre a mente e o corpo ser tão antiga quan- de uma das mãos, esta última presente nos diversos pri-
to a história da humanidade, a palavra psicossomática (em matas. Entretanto, se o Homo heidelbergensis dominou o
grego, psique=mente e somático=corpo) só foi surgir em fogo, o Homo sapiens sapiens dominou a palavra; o de-
18181,2. No séc. XX, embora prescinda da referência so- senvolvimento pleno da linguagem oral e com ela a inven-
cial, o termo passou a ser utilizado para designar assistência ção da escrita possibilitou o surgimento das primeiras ci-
biológica, psicológica e social da saúde e da doença, uma vilizações no planeta. Se o pensamento humano foi uma
área de estudo transdisciplinar (intersticial), onde a expres- das formas de sobrevivência encontrada por essa espécie
são “sociopsicossomática” teria sido mais adequada. animal, a doença sempre foi uma das maiores ameaças à
Veremos uma sinopse histórica do esforço humano sua existência; e a insanidade uma de suas faces.
para compreender as inter-relações entre a mente e o cor- O crescente processamento de informações no cérebro
po na saúde e na doença – a psicossomática. Portanto, desses primatas foi permitindo-lhes, gradualmente, iden-
não será abordada a dimensão social, embora sejam fei- tificar e evitar os perigos (como a fome, o raio, a sede,
tas alusões ao tema. Assim, para o estudo dos determi- a inundação, outros animais, etc.) como também buscar
nantes sociais das enfermidades, das condições materiais com mais eficiência a satisfação de suas necessidades.
de sobrevivência e bem-estar, sugerimos ao leitor buscar
os textos de sociologia ou economia que tratam da pro- 1
Professor-Assistente do Departamento de Saúde Mental
Faculdade de Medicina
dução, controle e distribuição do dinheiro no planeta, o Universidade Federal de Minas Gerais
terceiro co-determinante essencial da saúde e da doença. Endereço para correspondência:
Faculdade de Medicina / Departamento de Saúde Mental
Infelizmente, cumpre registrar aqui nossa dificuldade em Av. Alfredo Balena, 190 sala 4.050
encontrar estudos sobre o dinheiro na literatura científica 30.130-100 Belo Horizonte
Minas Gerais
de sociologia médica (Medicina social). lorenzato@medicina.br

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Embora o pensamento pareça ter surgido na seleção natu- forma de meditação em quatro estágios (jhanas): desprezo
ral das espécies como mais uma forma de sobrevivência, pelo mundo, amor a si próprio, apatia, completo vazio
trouxe também consigo uma nova fonte de sofrimento livre de emoção.
- cada humano foi se tornando, para si mesmo e para o
outro, um animal muito especial, pois sua proximida-
de freqüentemente trazia prazer ou morte. Construíam Era clássica
e eram construídos pelo surgimento da linguagem e do
pensamento, intercambiavam representações mentais e Nos grandes filósofos da Grécia antiga podem ser
bens materiais. Entre os povos primitivos, essas trocas identificadas as raízes da Psicologia, pois formulavam
de bens materiais se davam na forma de escambo (troca perguntas fundamentais sobre a vida mental: o que é a
de um produto por outro, sem utilização de moeda), que consciência? O que é o sonho? Existe o livre arbítrio? As
funcionava bem enquanto não se necessitava de ampla capacidades humanas são inatas ou adquiridas? A con-
variedade de produtos. Mas, como o pensamento amplia- cepção nativista afirmava que os seres humanos vêm ao
va cada vez mais o horizonte dos desejos, aos poucos as mundo com um suprimento inato de conhecimento e en-
pessoas começaram a aceitar certos objetos em troca de tendimento da realidade, enquanto a empirista argumen-
determinado produto, a simbolizar e convencionar obje- tava que o conhecimento é adquirido pelas experiências e
tos valorizados pelas tribos, surgindo a primeira forma de interações com o mundo.
dinheiro (peles, gado, peixe, cereais, sal, anzóis, enxadas, Homero (1000 a.C.) reconheceu a insanidade como
panelas, anéis). um castigo dos deuses e menciona Asclépio (Esculápio,
para os romanos), que mais tarde se tornou o deus da Me-
dicina, como mortal. Os seguidores de Asclépio usavam
Antiguidade o sono do templo para curar e a serpente como símbolo
do poder (um fenômeno e um símbolo que se tornarão
Na História da Psiquiatra de Alexander e Selesnick 3 , objetos de investigações futuras). Para Pitágoras (500
que utilizaremos como roteiro e fonte histórica principal, a.C.), o cérebro era o órgão do intelecto e a sede da doen-
observa-se que um dos registros mais antigos do esforço ça mental; para Sócrates (470 a.C.), o conhecimento viria
humano para compreender as inter-relações entre o cor- da indagação.
po e a mente foi escrito na Mesopotâmia, região entre os Hipócrates (460 a.C.) é considerado o pai da Medi-
rios Tigre e Eufrates (hoje correspondente ao Iraque). Ali cina por ter encarado as doenças em suas bases naturais,
viveu Hamurabi entre 1850 e 1750 a.C., um dos maiores afirmando que a epilepsia não era sagrada, mas uma do-
reis da Babilônia, que organizou o Código de Hamurabi, ença. Em Corpus Hippocraticum reuniu suas observações
uma das primeiras coleções de leis da história da humani- como o poder curativo da natureza (medicatrix naturae),
dade. O princípio geral do código era “o forte não preju- os conceitos de homeostase e de síndrome, a importância
dicará o fraco” e a causa da doença mental atribuída aos dos médicos publicarem seus insucessos e o princípio ge-
demônios, propondo o tratamento mágico-religioso para ral de nunca agravar o estado de saúde do paciente (pri-
se obter a cura das doenças. Nos Papiros de Ebers e Smith mum non nocere). Elaborou a primeira classificação das
(1550 a.C.), o tratamento mágico-religioso dos egípcios doenças mentais: epilepsia, mania, melancolia e paranóia;
incorporou a indicação de passeios, concertos, danças, dividiu as personalidades em coléricas, fleumáticas, san-
pintura e recreações para os doentes. Para os hebreus guíneas e melancólicas. Além de verificar as condições
(Talmude, 1000 a.C.), a causa da loucura era demoníaca materiais de sobrevivência do enfermo, buscava uma his-
e o tratamento deveria ser religioso, mas ali se encontram tória detalhada da sua vida e estudava a relação entre o
frases curiosas, como: os homens bons têm sonhos maus... médico e o paciente (tema central da Psicologia médica
o paciente deve falar de suas preocupações... a loucura é contemporânea).
punição pelos pecados. Para o filósofo Platão (427 a.C.), as idéias eram abso-
No livro sagrado dos persas (Zendavesta, 1000 a.C.), lutas, imutáveis e perfeitas, enquanto o mundo é mutável
também a causa da insanidade era demoníaca e o trata- e imperfeito, introduzindo, assim, a realidade psicológica
mento era religioso, onde se encontra uma sugestão sin- – a existência dentro de todos nós de uma alma racional
gular: quando os doutores da faca, das ervas e da palavra e uma alma irracional em luta. Em sua República anteci-
competem, busque o da palavra. Os Vedas (1000 a.C.) pou-se à teoria do sonho de Freud. Já o famoso filósofo
partilhavam da crença na causa demoníaca e no tratamen- Aristóteles (384 a.C.), um dos primeiros cientistas da na-
to religioso: a bondade está no cérebro, a paixão no peito, tureza, fundou várias ciências e descreveu a consciência, a
a ignorância no abdome. Cerca de 500 a.C., na região do percepção, os estados afetivos e a memória; considerava o
Nepal surgiu Buda, um príncipe hindu que desenvolveu pensamento um esforço para eliminação da dor e obten-
uma técnica “psicológica” de meditação para alcançar o ção do prazer. Cícero (106-43 a.C.), embora fosse um se-
nirvana (estado tranqüilo, sem esforço ou paixão), uma nador e filósofo, dizia não entender por que existia a arte

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médica para o tratamento do corpo e não existia uma arte zaram na luta contra os caçadores de feiticeiras: Paracelso
para o tratamento da alma. Apesar de não ser médico, (1493-1541) e Weyer (1515-1588). Para eles, muitas “fei-
declarou que as doenças corporais podiam ser resultado ticeiras” eram doentes mentais e, portanto, deveriam ser
também de fatores emocionais; por esse motivo, segundo confiadas aos médicos e não aos religiosos, para serem
Alexander e Selesnick 3, talvez mereça o título de primeiro conduzidas ao castigo ou à morte. Weyer descreveu várias
“psicossomata” da História. doenças mentais, publicou A Ilusão do Demônio, lutou
para provar que as doenças mentais não eram sobrenatu-
rais ou sagradas, tendo sido chamado de louco.
Idade Média e Renascença

Santo Agostinho (354-430) foi um dos precursores da Era da razão


fenomenologia, do existencialismo e da Psicanálise - acre-
ditava que a fonte do genuíno conhecimento psicológico A antiga celeuma entre nativismo e empirismo (atual-
era a introspecção. Com intransigente veracidade consigo mente, natureza e experiência) foi protagonizada pelo ra-
mesmo desnudou sua alma quase sem reservas; não acre- cionalista radical René Descartes (1596-1650), um nativis-
ditou na inocência angelical das crianças, chamando de ta que acreditava ser o homem composto de uma substância
hipocrisia a negação de nossas motivações inconfessáveis. pensante (alma) e uma substância extensa (matéria), que se
Rhazes (865-925) chegou a combinar métodos psicológi- conjugavam na glândula pineal. Estabeleceu uma dicoto-
cos e fisiológicos, usou o termo psicoterapia, criticou as mia entre o corpo e a alma, considerando a consciência
explicações demonológicas, tendo sido condenado a ser como maior atributo do homem e que a alma não deixaria
golpeado com seu livro na cabeça até a cegueira. Parecia de ser o que é ainda que não houvesse corpo: “penso, logo
suspeitar de alguma relação entre as doenças físicas e as existo” (cogito ergo sum). Este é um dos temas centrais
emoções. Nessa época, muitas mulheres foram culpadas da psicossomática, tendo molestado uma série de autores
da licenciosidade dos religiosos, sendo consideradas, por- ao longo da história, como recentemente Damásio4, para
tanto, transmissoras do demônio: caça às feiticeiras! Os quem o ponto de partida da ciência e da filosofia deveria
alemães Kraemer e Sprenger publicaram, em 1484, o Ma- ser anticartesiano: existo (e sinto), logo penso.
nual da Inquisição, com apoio do Papa Inocêncio VIII, A concepção empirista teve em John Locke (1632-
do rei de Roma e da Universidade de Colônia. Em 1487, 1704) seu defensor, segundo o qual a mente humana é
organizaram a caçada com o livro Malleus Maleficarum, um papel em branco (tabula rasa) onde a experiência “es-
onde propuseram a destruição sumária dos dissidentes, creve” o conhecimento à medida que o indivíduo ama-
cismáticos e doentes mentais. durece. Essa perspectiva deu origem à Psicologia asso-
Ao Período Medieval seguiu-se o renascimento do ciacionista - a mente era repleta de idéias que chegavam
respeito pelos escritos originais dos romanos e gregos, o pelos sentidos e depois se associavam umas às outras por
desprezo pelo escolasticismo medieval, mas sob o prin- similaridade e contraste5.
cípio de que a ciência não podia depender de autoridade Thomas Sydenham (1624-1689), médico inglês, intri-
como fonte de conhecimento. Enquanto os professores gado com o papel da mente na produção das doenças, foi
de Medicina preferiam assistir de cátedra as dissecações um exemplo de intransigência empírica combinada com
feitas pelos funcionários, Andréas Vesalius (1514-1564), observação clínica afinada. Notou a importância de se
que violava túmulos para estudar anatomia nos cadáveres, obter a história de cada doença, destituída de qualquer in-
demonstrou os erros de anatomia cometidos por Galeno tromissão filosófica, moral ou religiosa do médico; acredi-
(200), que se baseava na dissecação de animais, uma vez tava apenas no que podia ver à beira da cama dos pacien-
que era proibida a dissecação de corpos humanos no Im- tes e sempre desconfiou dos livros. Embora soubesse que
pério Romano. a palavra histeria em grego significasse útero, observou
A observação começava a substituir a teoria. O huma- que indivíduos do sexo masculino também sofriam dessa
nismo floresceu em busca de ajudar o homem a encontrar doença e que fatores psicológicos participavam da origem
um melhor modo de vida - todos os homens têm digni- e evolução das doenças.
dade e valor. Mirandola (1463-1494) afirmou que todo Baruch Spinoza (1632-1677), talvez o mais famoso
homem é livre para determinar seu destino, que deve ser pré-freudiano, veio trazer rudimentos epistemológicos
atingido através da educação; educação era sinônimo de para a psicossomática contemporânea - substituiu o du-
Psicologia aplicada. Para Luis Vives (1492-1540), é a expe- alismo cartesiano e o empirismo lockiano pelo parale-
riência emocional e não a razão abstrata que desempenha lismo psicofisiológico3. Afirmava que a mente e o corpo
papel primordial nos processos mentais, antecipando-se são inseparáveis porque são idênticos, que a Psicologia e a
à Psicanálise. Niccolo Maquiavel (1469-1527), primeiro Fisiologia são dois aspectos da mesma coisa (ordo rerum
psicólogo social, tentou descrever os seres humanos sem et idearum idem est). Para Spinoza, Deus é natureza, é o
julgamento moral. Nessa época, dois médicos se notabili- próprio universo, é extenso e corporal. Os acontecimen-

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tos psicológicos são determinados da mesma forma que sujeito encontrava-se em uma espécie de sono (em grego,
os acontecimentos físicos, cujo princípio fundamental é hypnos=sono), criando em 1840 o termo hipnose.
a perpetuação do ser - comparável ao princípio da estabi-
lidade (homeostase) de Fechner, Freud, Claude Bernard
e Cânon. Aproximou-se do conceito de inconsciente que Reação romântica
surgirá com Freud – a Psicanálise estava prestes a brotar.
Na literatura, Miguel Cervantes (1547-1616) e Período da redescoberta da irracionalidade da psique,
William Shakespeare (1564-1616) demonstraram, pela do reconhecimento do instinto e da paixão - a vida me-
primeira vez na história, incrível insight das profundezas lhor, prometida pelo racionalismo, é ilusória! O homem e
inconscientes da mente humana. seu mundo interior, seus casos de amor, suas amizades e
Cullen (1712-1790) foi o primeiro autor a empregar intrigas tornaram-se mais fascinantes - a psique surgia de
o termo neurose para doenças sem febre ou enfermidade novo. A psicoterapia surge como um novo instrumento
localizada. Na época, o tratamento era dieta, sangria, vo- capaz de corrigir algumas doenças corporais – os pen-
mitório, choques, coação, ameaças e camisa de força. Para samentos e as emoções podem corrigir disfunções no
Rousseau (1712), o homem nasce livre, mas em toda parte cérebro. O avanço da compreensão psicológica encontra
está acorrentado, a sociedade corrompe os homens. em Moreau de Tours (1804) significativo impulso, com
Os povos antigos já praticavam alguma forma de afirmações do tipo: a base do entendimento psicológico é
hipnose em seus rituais religiosos e as pessoas em transe a introspecção, os sonhos são a pista para o conhecimento
hipnótico eram tidas como portadoras de poderes extra- das perturbações, sonhar é a psicopatologia transitória da
ordinários emanados dos deuses. Documentos históricos pessoa normal.
mostram sacerdotes do antigo Egito induzindo um estado Em 1803, o médico alemão Johann Christian Reil
semelhante ao da hipnose numa cerimônia religiosa deno- (1759-1813) publicou o primeiro tratado sistemático de
minada sono do templo e fazendo sugestões curativas às psicoterapia, afirmando que a Psicologia podia oferecer ao
pessoas doentes em nome de seus deuses, possivelmente médico um novo recurso terapêutico capaz de influenciar
durante estados simultâneos de auto-hipnose. O poder até mesmo a evolução de doenças corporais. Para ele, a
aparente de uma pessoa sobre a outra durante a hipnose doença mental era um fenômeno psicológico, cuja cau-
foi condenado pelo Cristianismo como atividade demoní- sa exige métodos psicológicos de tratamento. Afirmou
aca e associado a bruxaria e magia negra até o séc. XIX. que existia interação entre os fenômenos psicológicos e
O médico austríaco Franz Mesmer (1734-1815) acre- fisiológicos no organismo e que era necessário entender
ditou que os corpos celestes e os corpos animados se a personalidade sadia para que a alma doente pudesse ser
achavam impregnados de um fluido universal e contínuo compreendida. Chegou a afirmar que a Psicologia era tão
capaz de transmitir influências mútuas. Desenvolveu sua fundamental à Medicina quanto a Farmacologia, porque
teoria do “magnetismo animal” (mesmerismo) segundo o homem só existe numa interação mútua entre aconte-
a qual esse fluido permitiria a uma pessoa exercer sobre cimentos psicológicos e fisiológicos. Segundo ele, o mé-
a outra uma poderosa influência “magnética”, inclusive dico pode exercer influências psíquicas sobre o paciente,
curar distúrbios nervosos. No início, usava ímãs nos tra- portanto, os sentimentos e as idéias (emoção e cognição)
tamentos, convencido de que eles concentravam o fluido podem ser os meios pelos quais algumas perturbações do
mágico, depois passou a usar qualquer objeto que entrava cérebro podem ser corrigidas. Enfim, apesar de especia-
em contato com sua pessoa, mais tarde afirmando que lista em anatomia cerebral, foi um pioneiro da psiquiatria
um gesto de suas mãos era suficiente para fazer os pa- ao propor a cura de algumas doenças mentais com a inter-
cientes receberem sua força magnética. Admirado por venção psicológica. Embora filho de ministro religioso, foi
seus pacientes, era considerado charlatão pela comissão um cientista natural, que reconheceu o papel da excitação
de inquérito composta pelo cientista Franklin, o astrô- sexual em algumas perturbações mentais e acreditou que
nomo Bailly, o botânico Jussieu, o químico Lavoisier e seria possível aplicar ao estudo dos fenômenos psíquicos o
o médico Guillotin, sendo obrigado a deixar Viena em mesmo método científico dos estudos do cérebro.
17783. Como escreveu Jussieu: sua teoria é inexata, mas Johann Christian Heinroth (1773-1843) foi um médi-
às vezes parece que cura. Logo começaram a surgir sus- co alemão que se tornou famoso pela compreensão intui-
peitas de que o magnetismo animal e os fluidos invisíveis tiva do conflito interior. Nascido na tradição luterana, es-
não existiam, mas que era a fé nos poderes que parecia crevia suas idéias sobre o assunto em linguagem religiosa,
produzir resultados (a fé - objeto de estudo da Psicologia considerava a “consciência individual” um novo princípio
cognitiva). James Braid (1795-1860), cirurgião escocês, religioso, um representante interior de Deus. Heinroth
afirmou nada haver de mágico nos estados de transe e considerou os processos psicológicos divididos em três
que eram causados simplesmente pelo cansaço, depois de níveis de funcionamento: o mais baixo, das forças instin-
prolongado período de concentração. Acreditava que o tivas e sentimentos em busca de prazer; o segundo, que
chamou de ego, que funciona sob orientação do intelecto;

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e o mais elevado nível de funcionamento mental, que cha- Embora tenham trazido mais abrangência para o
mou de consciência (supernós). Segundo ele, o objetivo conhecimento humano, os românticos renasceram o vi-
do ego é a segurança em relação ao mundo exterior e a talismo dos antigos, com a tentativa de reintroduzir na
consciência se desenvolveria por uma diferenciação den- ciência conceitos animistas da existência de uma “ener-
tro do ego. Para ele, o corpo e a psique não são senão dois gia vital”, independente das leis naturais da Química e
aspectos da mesma coisa, que aparece exteriormente no da Física. Um exemplo dessa deficiência nota-se em Karl
espaço como corpo e interiormente como psique. Sua tese Carus (1789-1869), um obstetra que toma o conceito de
principal era que esses dois aspectos do eu não seriam di- “inconsciente” como eixo central de sua filosofia, ante-
visíveis. Em 1818, o termo psicossomático foi usado pela cedendo Sigmund Freud - “a chave para a compreensão
primeira vez na literatura médica por Heinroth, ao des- da essência dos processos mentais conscientes reside na
crever um caso de insônia sem explicação orgânica apa- região do inconsciente”. Mas é um conceito equivalente a
rente. Assim, exprimiu sua convicção quanto à influência uma força vital criadora, destituído de coerência científi-
das paixões sexuais também na epilepsia, na tuberculose ca - “o inconsciente anima todos os processos fisiológicos;
e no câncer, embora sustentasse que a causa fundamental portanto, todas as doenças orgânicas estão enraizadas na
da perturbação mental era o pecado, para ele equivalente mente inconsciente”.
ao egoísmo, tema recentemente abordado por Steinberg6 O estilo romântico, que predominou nas artes ociden-
. Quiçá fosse mais famoso se não tivesse se expressado tais ao longo do séc. XIX, sobrepunha os sentimentos à
numa linguagem religioso-moralista, visto que um dos razão, valorizava a imaginação e a inspiração em vez do
conceitos centrais da Psicologia moderna estava sendo pensamento lógico e objetivo. Era uma oposição ao estilo
formulado – o de conflito interior. Talvez se tivesse em- classicista, originário da Grécia antiga, que enfatizava a
pregado a expressão “sentimento de culpa” em lugar de ordem, o equilíbrio, a simplicidade e a razão. Este con-
“pecado” teria sido mais prontamente reconhecido como fronto, que sempre esteve presente na arte e na ciência,
precursor da Psicanálise. Foi um verdadeiro filho da era ainda se expressa na evolução dos conceitos e práticas da
romântica, acreditava que a individualidade de cada pa- psicossomática contemporânea, como entre a Psicanálise
ciente devia ser o guia fundamental na escolha da terapia. e a Psicologia cognitiva.
Considerava indispensável adequar a atitude do médico No Brasil, o romantismo literário favoreceu a consci-
à personalidade singular do paciente, merecendo alguns ência da língua “brasileira”. Por exemplo, José de Alen-
mais calor e bondade e outros mais firmeza e força, em car (1829-1877), criador do romance histórico, tinha a
direção a uma psicoterapia individualizada. figura do índio como tema freqüente e uma obra voltada
Alexander Haindorf (1782-1862) tentou explicar as para a realidade do país, sua gente e suas coisas, revelan-
origens fisiológicas dos impulsos humanos e suas relações do sensibilidade e observação psicológica. O romantismo
com o raciocínio e as partes do cérebro. Friedrich Gross brasileiro esteve associado à reforma social e econômica,
(1768-1852) procurou combinar conceitos filosóficos com coincidindo com a campanha a favor da abolição da es-
reações fisiológicas e propôs que o homem é influenciado cravatura. Machado de Assis (1839-1908), um dos mais
por forças fisiológicas das quais não tem consciência, que importantes escritores brasileiros, expressou-se nos diver-
determinam também suas reações. Mais tarde, autores sos gêneros literários, principalmente contos e romances.
modernos irão afirmar que se os impulsos instintivos não Nos romances revelou apurada sensibilidade na descrição
forem adequadamente satisfeitos ou sublimados ocorrerá dos meandros da alma humana - o realismo psicológico,
uma neurose ou uma condição psicossomática. Friedrich aliado a um pessimismo e uma crítica sarcástica da con-
Beneke (1798-1854) acrescentou que as idéias podiam ser dição humana, apresentando as paixões e os costumes de
simbolizadas e expressadas em reações fisiológicas, admi- seu tempo. Na fase de maior pessimismo, seus temas pre-
tindo uma ação do pensamento na produção de doenças feridos passaram a ser a fragilidade da existência humana,
físicas. Ernst von Feuchtersleben (1806-1894) criticou o a incerteza, a angústia, a loucura e o tormento sobre a
dualismo filosófico que mantinha a dicotomia mente- fluidez do tempo e a aproximação da morte 7.
corpo e que considerava a mente e o corpo como duas Como se perfurasse o classicismo e o romantismo, sur-
realidades de naturezas distintas e interagentes. Afirma- ge o filósofo alemão Georg Friedrich Hegel (1770-1831),
va que a doença mental era resultado de perturbação da autor da frase “o real é racional e o racional real”, conside-
personalidade, que o corpo e a mente eram um único fe- rado um idealista por declarar que a consciência (a razão)
nômeno. Defendeu a importância do tratamento psico- forma a base de toda a realidade. Acreditava que as leis do
terápico para essas enfermidades – a psicoterapia como raciocínio (dialética) eram reais e não simples convenções
uma forma de segunda educação. A hipótese de que o humanas, que a verdade é irremediavelmente subjetiva,
pensamento e as emoções exercem funções importantes pois todo conhecimento é conhecimento humano. Para
no funcionamento e equilíbrio da mente e do corpo aos ele, não se pode separar uma filosofia ou um pensamento
poucos vai tomando forma. de seu contexto histórico, o espírito do mundo (a soma de
todas as manifestações humanas) progride rumo a uma

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consciência cada vez maior de si mesmo. Se os filósofos com a vida privada, a regra geral era buscar a felicidade
anteriores buscavam estabelecer critérios eternos para o na esquina mais próxima, nos pequenos acontecimentos
conhecimento, Hegel achava impossível encontrar tais da vida cotidiana. Nessa efervescência dos temas da vida
pressupostos atemporais, posto que é impossível existir privada, do pequeno burguês em seu pequeno mundo,
um conhecimento desvinculado de um tempo – o único dos indivíduos em suas aventuras cotidianas, floresceu
ponto fixo a que a filosofia pode se ater é a própria histó- um interesse renovado pela Psicologia e pela História.
ria. Assim, a história do pensamento (a razão) contém to-
dos os pensamentos formulados pelas gerações anteriores
e todos esses pensamentos determinam nossa maneira de Precursores da Neuropsiquiatria
pensar, do mesmo modo como também o fazem as con-
dições de vida do seu próprio tempo. Pode-se dizer que De certa forma iniciado com Hipócrates e Aristóteles,
ele desenvolveu um método para se entender o curso da o conceito biológico da doença encontrou milhares de im-
história. Conforme Hegel, um novo pensamento sempre portantes estudiosos ao longo dos séculos. Para o italiano
surge com base nos anteriores. Mas, uma vez formulado Giambattista Morgani (1682-1771), o pai da anatomia
um novo pensamento, ele será inevitavelmente contradito patológica, a origem das doenças estava nas perturbações
por outro, surgindo uma tensão (contradição) entre eles. localizadas nos órgãos corporais. Marie François Bichat
Essa tensão será quebrada quando um terceiro pensamen- (1771-1802), um dos fundadores da histologia, após cen-
to for formulado, dentro do qual se acomoda o que havia tenas de autópsias realizadas a olho nu, identificou dife-
de melhor nos dois pontos de vista precedentes – a evolu- renças entre os tecidos do corpo, propondo uma teoria da
ção da dialética 7. doença baseada nos tecidos. Johannes Müller (1801-1858)
Na Sociologia, surge o importante filósofo e cientista insistia para os colegas deixarem as bibliotecas e irem
social Karl Marx (1818-1883), influenciado pela filosofia ver os novos microscópios do laboratório, convencido de
de Hegel e pelas idéias do grupo dos Novos Hegelianos, que um psicólogo sempre devia ser também um biologis-
que aplicavam as idéias de Hegel contra as organizações ta. Mathias Schleiden (1804-1881) e Theodor Schwann
religiosas e a autocracia prussiana7. Em 1841, ano de sua (1810-1882) propuseram que a estrutura de toda matéria
formatura em Filosofia, foi publicado pelo filósofo Feu- viva era a célula.
erbach A essência do cristianismo, argumentando que Charles Darwin (1809-1882), naturalista britânico
Deus tinha sido inventado pelos humanos como uma famoso por suas teorias da evolução e da seleção natural,
projeção de seus próprios ideais. E mais, que o homem, acreditava, como outros cientistas antes dele, que todo
criando Deus à sua imagem e semelhança, tinha se alie- tipo de vida na Terra evoluiu (desenvolveu gradualmen-
nado de si mesmo, criando um outro ser em contraste te) em milhões de anos a partir de alguns poucos ances-
consigo mesmo, reduzindo-se a um mísero pecador ori- trais comuns. Rudolf Virchow (1821-1902) demonstrou
ginal que precisaria tanto das igrejas como dos governos que células doentes derivavam das células saudáveis de
para guiá-lo e controlá-lo. Acreditava que se as religiões tecido normal; contudo, não aceitou a teoria de Louis
fossem abolidas, a humanidade poderia reverter essa alie- Pasteur (1822-1895) de que as doenças seriam provo-
nação. Marx aplicou essa idéia de alienação à proprieda- cadas por germes. Virchow observou que as doenças se
de privada, que levaria o homem a trabalhar só para si transmitiam não entre órgãos e tecidos, mas principal-
mesmo e não para o bem da espécie. Elaborou a idéia de mente através de suas células individuais e que todas
que a alienação tinha base econômica, propondo uma as células provêm de células (omnis cellula e cellula).
sociedade comunista para dominar a desumanização Camillo Golgi (1843-1926) e Santiago Ramon y Cajal
resultante da propriedade privada. Juntamente com seu (1852-1934) receberam o Prêmio Nobel em 1906 pe-
amigo Friedrich Engels (1820-1895), desenvolve uma los trabalhos sobre a estrutura do neurônio. Em 1858,
concepção materialista da história, onde afirma que o Rudolf Virchow publicou Patologia celular baseada em
pensamento humano é determinado por forças sociais histologia fisiológica e patológica e, logo no ano seguin-
e econômicas, particularmente aquelas relacionadas aos te, Charles Darwin publicou A origem das espécies por
meios de produção. Desenvolveram um método de aná- meio da seleção natural - marcos históricos do início da
lise que chamaram de Materialismo Dialético, no qual Medicina moderna 3.
o confronto de forças históricas produz transformações
na sociedade. O Capital é considerada sua obra princi-
pal, onde expõe a visão do sistema da livre-empresa cujo Conclusões
maior defeito seria, segundo ele, a acumulação cada vez
maior de riquezas, que resultaria numa simultânea pro- Como vimos, o homem sempre suspeitou do poder
pagação da miséria humana 7. da mente na produção das doenças, representado nas
Como se pode observar, o Romantismo foi um perí- figuras de deuses e demônios. Mesmo nos períodos de
odo em que as pessoas começaram a se preocupar mais avançado racionalismo e civilização, a humanidade teve

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BREVE HISTÓRIA DA PSICOSSOMÁTICA: DA PRÉ-HISTÓRIA À ERA ROMÂNTICA

dificuldades de considerar a psique como matéria de in- SUMMARY


teresse científico. Os avanços em Medicina por vezes não
conseguiam passar das hipóteses sobre desequilíbrio dos The article describes historical passages in the cons-
humores, umidade ou aridez cerebral, falência circulató- truction of the biological, psychological and sociological
ria ou degeneração nervosa. knowledge in the search for the mind, body and environ-
Premidos pelas limitações da linguagem biológica, ment interrelationship with sickness and health. It sug-
que não se prestava para explicar fenômenos da mente e gests that this process describes an oscillating movement
do comportamento, inúmeros autores se aventuraram a from the idealism to materialism, which vanishes and
explicar a mente com uma linguagem diferente daquela turns up in the History materialism, building the con-
da Biologia. Assim, simultaneamente aos progressos das temporary psychosomatic constructs.
investigações biológicas sobre o cérebro, a psique reapa- Keywords: Psychosomatic Medicine/history
recia com toda sua estranheza e singularidade, atingindo
ápices em Platão (o mundo das idéias), Santo Agostinho
(a introspecção dos humanistas), Sydenham (hipótese psi- REFERÊNCIAS
cogênica para a histeria), Spinoza (identidade entre corpo 1. Kaplan HI, Sadock BJ. Synopsis of Psychiatry: behavioral
e alma) e Pinel (o tratamento moral). sciences / clinical psychiatry. Baltimore: Williams & Wilkins,
A secular oposição entre idealismo e materialismo 1998.
(entre alma e corpo), ainda presente nos dias atuais, pa- 2. Haynal A, Pasini W, Archinard M. Medicina Psicossomáti-
rece descrever um movimento oscilatório epistemológico. ca: abordagens psicossociais. Rio de Janeiro: Editora Médica e
Quando se toma o pensamento como matéria ou a ma- Científica, 2001.
téria como simples representação na consciência, algo se 3. Alexander FG, Selesnick ST. História da Psiquiatria. São Pau-
anula e se refaz (contradição) num movimento dialético, lo: Ibrasa, 1963.
como se o materialismo da história do paciente e do uni- 4. Damásio A. R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro
verso fosse correspondente. humano. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Em próximo artigo a ser publicado, veremos como a
5. Atkinson RL, Atkinson RC, Smith EE, Bem DJ, Nolen-Ho-
troca de informações entre Biologia, Neurobiologia, Psi- eksema S. Introdução à Psicologia de Hilgard. Porto Alegre:
cologia cognitiva, Psicanálise e Sociologia talvez favoreça Artes Médicas, 2002.
o surgimento de uma transdisciplina para a saúde – a So-
6. Steinberg H. The sin in the aetiological concept of Johann
ciopsicossomática. Christian August Heinroth (1773-1843). History of Psychia-
try 2004; 15 (3): 329-344.
7. Enciclopédia Delta Universal. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1986.

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