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FACULDADE MARIO SCHENBERG

CURSO DE DIREITO

PAULA KETHELEN SOUSA SEREGATTE

PESQUISA DE JULGADO:

SERVIDOR PÚBLICO – PERDA DO CARGO – EXCESSO DE


GASTOS DO PODER PÚBLICO – POSSIBILIDADE?

COTIA

2018
PERDA DO CARGO DO SERVIDOR PÚBLICO – EXCESSO DE GASTOS DO
PODER PÚBLICO

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo uma análise da possibilidade


legal de corte de pessoal em caso de excesso de gastos na Administração
Pública. Mesmo com a estabilidade que lhe é dada perante o cargo, o servidor
poderá perder o seu cargo em virtude da redução de despesas, em razão do
controle da despesa total com o pessoal.

Palavras-chave: Servidor Público. Perda do cargo. Excesso de gastos do


Poder Público. Possibilidade.

INTRODUÇÃO

Em seus diversos órgãos, o Estado necessita de agentes públicos para


exercer as mais variadas atividades estatais, ou seja, precisa de pessoas que
desempenham função pública para executar as suas atividades. Dentre os
agentes públicos encontram-se os chamados servidores públicos.

Servidores Públicos são aqueles devidamente aprovados em concurso


público para ocupar cargos públicos, com o regime jurídico estatutário, tendo
vinculação de natureza estatutária não contratual.

Dessa maneira, para o bom desempenho da atividade estatal, são


conferidas a estes servidores certas garantias, sendo que uma delas é a
estabilidade após se sujeitarem a um estágio probatório.

Porém, o legislador previu hipóteses de perda do cargo pelo servidor


público estável, sendo que uma delas é em razão do excesso de gastos. O
objetivo é promover formas responsáveis de estabilização financeira e
monetária.

A fim de conferir mais objetividade na destinação dos gastos públicos,


aprovou-se a Lei Complementar 101/2000, denominada Lei de
Responsabilidade Fiscal.
A Constituição Federal, no artigo 169, prevê diversas medidas rígida a
serem adotadas caso os entes da Administração ultrapassem as despesas
previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal.

O seguinte trabalho trará uma pesquisa de julgado sobre casos em que


há a perda do cargo do servidor devido à redução de despesas.

1 ANÁLISE DO ACÓRDÃO

Os servidores são selecionados por concurso público para ocupar


cargos públicos, tendo vinculação de natureza estatutária não contratual, e
adquirem estabilidade após se sujeitarem a um estágio probatório.

Devido a isso, surge uma dúvida: Pode o servidor público estável perder
o cargo em razão de excesso de gastos do Poder Público?

Com o encerramento do estágio probatório, e sendo confirmado na


carreira, o servidor público adquire direito à permanência no cargo, ficando
protegido contra exoneração ad nutum. A esse direito à permanência no cargo
dá-se o nome de estabilidade.

O servidor estável só perderá o cargo em virtude de:

 Sentença judicial transitada em julgado;


 Processo administrativo disciplinar com garantia de ampla defesa;
 Procedimento de avaliação periódica de desemprenho, assegurada
ampla defesa (art. 42, §1º, III, da CF);
 Redução de despesas (art. 169, §4º, da CF).

A possibilidade de perda do cargo para redução de receitas está prevista


no artigo 169, §4º, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 19/98, medida posteriormente regulamentada pela Lei
Complementar n. 101/2000 – a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O
objetivo dessas novas regras foi estabelecer mecanismos para diminuir as
despesas públicas com o funcionalismo.
O artigo 169, caput, da CF, diz: “A despesa com pessoal ativo e inativo
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá
exceder os limites estabelecidos em lei”.

Tal artigo objetivou de forma clara não permitir que fora dos padrões da
lei complementar haja qualquer acréscimo orçamentário para despesas com o
pessoal.

Nos termos do artigo 19, da Lei Complementar n. 101/2000 (Lei de


Responsabilidade Fiscal), a despesa total com pessoal, em cada período de
apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da
receita corrente líquida:

I. União: 50% (cinquenta por cento);


II. Estados: 60% (sessenta por cento);
III. Municípios: 60% (sessenta por cento).

Ultrapassados esses limites, torna-se obrigatória a adoção de uma série


de providências, sendo que a última delas é a exoneração de servidores
estáveis.

Assim, para que ocorra a exoneração de servidores estáveis, com o


objetivo de reduzir despesas, devem ser adotadas algumas medidas prévias,
conforme o §3º, do art. 196, CF:

I. Suspensão de todos os repasses federais ou estaduais aos Estados, ao


Distrito Federal e aos Municípios;
II. Redução em pelo menos 20% (vinte por cento) das despesas com
cargos em comissão e funções de confiança;
III. Exoneração dos servidores não estáveis.

Se as medidas adotadas não forem suficientes para assegurar a


recondução dos gastos aos patamares acima indicados, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que o ato normativo motivado de cada um dos
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa
objeto da redução de pessoal, de acordo com o §4º, do art. 169, da CF.
A motivação garante o controle por parte do servidor público e da
sociedade como um todo, sendo anulado o ato que descumprir a motivação
explicitada no ato normativo. Na maioria das despedidas de servidores não
concursados, não há enunciação dos motivos, como, por exemplo, a demissão
de um ministro de Estado. Já para o servidor estável, nitidamente, a motivação
é relevante para se justificar a medida tomada.

Segundo os §§ 5º e 6º, do art. 169, da CF, o servidor exonerado para a


redução de despesas fará jus à indenização correspondente a um mês de
remuneração por ano de serviço, sendo o cargo objeto da redução considerado
extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais
ou assemelhadas pelo prazo de 4 (quatro) anos.

Diante disto, o Tribunal de Justiça de São Paulo, Apelação nº 0163685-


14.2008.8.26.0000, nos dá diretrizes bem claras sobre o assunto:

SERVIDOR PÚBLICO. Município de Serrana. Demissão.


Sentença que julgou improcedentes os pedidos de
reintegração ao cargo e indenização por danos morais.
Legalidade da demissão, que se fundamentou em
motivação econômica relevante. Adequação dos gastos
com funcionalismo público às regras orçamentárias.
Desnecessidade de processo administrativo disciplinar,
nos termos do art. 169 da Constituição Federal. Legalidade
do decreto municipal n. 25/2001. Precedentes desta e.
Corte. Inobservância do percentual de dispensa dos
funcionários. Matéria argüida apenas em apelação.
Impossibilidade. Recurso desprovido.

(TJ-SP - APL: 01636851420088260000 SP 0163685-


14.2008.8.26.0000, Relator: Carvalho Viana, Data de
Julgamento: 27/02/2013, 8ª Câmara de Direito Público, Data
de Publicação: 27/02/2013)

De acordo com o relatório, a apelante Edilene Aparecida Paturi


Rodrigues propôs ação declaratória de cobrança e reintegração em cargo
público em face do município de Serrana, alegando que era servidora pública
concursada, e que a sua exoneração, amparada pelo decreto n. 25/2001, foi
arbitrária e abusiva, porque não observou as formalidades legais. Pretendia a
reintegração ao cargo e o pagamento de indenização por danos morais.
A recorrível sentença, reconhecendo a legalidade da demissão, que se
fundamentou em motivação econômica relevante, com amparo no art. 169 da
Constituição Federal e na lei complementar n. 101/2000, julgou improcedentes
os pedidos.

Apela a autora defendendo a nulidade da sua dispensa, porque não


observou a ordem prevista no art. 169, § 3º da Constituição Federal, e que não
respeitou as formalidades legais que conferem caráter impessoal ao ato, como
a avaliação de desempenho funcional e a instauração de processo
administrativo disciplinar, com garantia do contraditório e da ampla defesa.

Conforme o relator:

Desnecessária a instauração de processo administrativo


disciplinar, para dispensa de servidor público, com base na no
art. 169 da Constituição Federal, porque a demissão não se
fundamenta na capacidade funcional do servidor, a permitir
qualquer interferência na decisão administrativa. Trata-se de
dever constitucional da administração, regulamentado pela lei
complementar n. 101/2000, de adequar os gastos com
funcionalismo público às regras orçamentárias. A perda do
cargo de servidor, para esse fim, exige, apenas, “que o ato
normativo de cada um dos Poderes especifique a atividade
funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução
de pessoal” (CF, art. 169, § 4º), o que foi feito.1

Dessa maneira, foi negado o provimento ao recurso da apelante. Porém,


a apelante terá direito à indenização a um mês de remuneração por ano de
serviço.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, fica provado que o servidor público, mesmo sendo estatutário,
poderá perder o seu cargo, principalmente no que tange a redução de
despesas do Poder Público. A limitação das despesas com pessoal na

1
BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação nº 0163685-14.2008.8.26.0000,
da 8ª Câmara de Direito Público. Apelante: Edilene Aparecida
Paturi Rodrigues. Apelado: Prefeitura Municipal de Serrana. Relator: Carvalho Viana.
São Paulo, 27 de fevereiro de 2013. Disponível em: <https://tj-
sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113828630/apelacao-apl-1636851420088260000-
sp-0163685-1420088260000/inteiro-teor-113828641?ref=juris-tabs>. Acesso em: 20
maio. 2018.
Administração Pública é matéria Constitucional (artigo 169) regulamentada pela
Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de
2000), que estabelece os limites máximos de comprometimento da Receita
Corrente Líquida com gastos dessa natureza (artigos 19, 20, 70 e 71).

REFERÊNCIAS

BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à


Constituição do Brasil. 2 ed. 6 vol, tomo II. São Paulo: Saraiva, 2001.

BRASIL. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação nº 0163685-


14.2008.8.26.0000, da 8ª Câmara de Direito Público. Apelante: Edilene
Aparecida
Paturi Rodrigues. Apelado: Prefeitura Municipal de Serrana. Relator: Carvalho
Viana. São Paulo, 27 de fevereiro de 2013. Disponível em: <https://tj-
sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/113828630/apelacao-apl-
1636851420088260000-sp-0163685-1420088260000/inteiro-teor-
113828641?ref=juris-tabs>. Acesso em: 20 maio. 2018.

MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. 8 ed. São Paulo:


Saraiva, 2018.

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