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QUINTA-FEIRA, 4 DE ABRIL, 2019

SUPLEMENTO COMERCIAL
Não pode ser vendido separadamente

OS NOVOS
FORMATOS E
OPÇÕES DA
HABITAÇÃO
Passamos uma parte importante da nossa vida em casa,
onde queremos o máximo de tranquilidade e qualidade,
mas também de real adaptação às nossas necessidades. A
habitação está a mudar, não só em termos da casa em si,
mas também na forma como esta pode ser contratualizada.
Existem novos formatos e opções
P02 a 15

©iStockPhoto

Adaptação Precisamos de Co-living: Jovens Tecnologia


da casa ao novos formatos necessidade cria para para uma vida
longo da vida habitacionais oportunidades Sempre autónoma
Helena Roseta, Soraia Teles,
Transformar habitação para Pres. da Assembleia Novas formas de fazer Arq. José Manuel Pedreirinho, Membro do projeto
desfrutar em várias idades Municipal de Lisboa imobiliário e de criar paixão do esquiço à obra ;†uor;†1ঞˆ;7ˆb1;
P04 P08 e 09 espaços P10 P13 P15

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2 | EDITORIAL | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

A nossa casa A nova lei das rendas

Editorial de habitação, aos novos modelos de A conturbada discussão do contrato não imputável ao
Duarte de
família, criando soluções adequadas aos parlamentar sobre as leis do arrendatário, não implica a
Athayde / Filipe
A nossa casa é provavelmente o nosso novos tempos. “Uma casa é um sonho. Os arrendamento, que ecoou na E
ťACť
ť‡ĭ 
Pereira Duarte
bem material mais importante. Mais sonhos que são fornecidos às pessoas são opinião pública, culminou no regime aplicável aos contratos
Abreu Advogados
  EEwť
Ŧ EvM ʡ  E    ?M ŧ ʠŧť dia 12 de fevereiro de 2019 com de arrendamento habitacionais
espelho do nosso universo, onde os sonhos. Outras formas. Porque se não a publicação de dois diplomas, celebrados com arrendatários
coabitam o nosso espaço físico, houver os novos modelos, as pessoas que implementaram alterações com mais de 65 anos ou grau
emocional e psicológico. É neste local, não são capazes de lá chegar. Têm
 
ťť ʠŧťť ŧ   ť ʠŧUŧť
a que chamamos de lar, que somos nós sempre a sensação que não é bem aplicáveis ao arrendamento igual ou superior a 60%.
mesmos, representando a nossa base aquilo que querem, mas se ninguém EŦť >Mť>ɪ58{845=?
e a nossa estrutura. A nossa casa é a lhe propuser uma real alternativa, de 12 de fevereiro, que Poder público desonera-se
nossa identidade. não sabem formular o que querem. proíbe e pune o assédio no de responsabilidades
Não admira, portanto, que com o Esse é o trabalho dos criadores.” arrendamento urbano, outra Da análise às alterações
passar dos anos e ao tornarmo-nos A propósito de “criadores”, estivemos Mť>ɪ56{844=?58 promovidas, são evidentes
mais conscientes disto, nos queiramos à conversa com o presidente da Ordem fevereiro, que aprova medidas as restrições dos direitos dos
ťw ťŧťťv Ÿ  dos Arquitetos, José Manuel Pedreirinho, destinadas a corrigir situações senhorios em contraposição
de tempo possível. De acordo com a ťť Ewť ťĤ   de desequilíbrio, reforça a com o fortalecimento dos
Comissão Europeia, 90% das pessoas pela arquitetura” continuam a ser a segurança e estabilidade do direitos dos arrendatários. Na
deseja envelhecer em casa, com “gasolina”. “Para mim ver, fazer, viver arrendamento urbano e protege verdade, com estas alterações
qualidade de vida. É mais do que a arquitetura é como respirar. Tenho arrendatários em situações de legislativas e com o objetivo de
estarmos no espaço que dominamos e Eť ť ťĤ  
ťť EEť? especial fragilidade. assegurar o direito à habitação
conhecemos, onde nos sentimos seguros. adoro projetar”. Como principais como direito fundamental e a
A pergunta que se coloca, e que Para perceber o impacto da mudança, alterações nos contratos de inerente realização da justiça
abordaremos nesta edição, é se fomos recebidos por um morador de uma arrendamento, destacam- social, o poder público está a
precisamos mesmo deste espaço para residência assistida. Volvidos já 14 anos se, resumidamente: i) a desonerar-se, parcialmente,
sermos saudáveis mais tempo? Isto é, da opção de passagem para este formato,  ʠŧť‡Ĥ   ť  das suas responsabilidades,
se “a nossa” casa também contribui para relatou-nos como tinha sido a tomada duração mínima obrigatória obrigando os particulares
um envelhecimento ativo e positivo? de decisão e como é o seu dia-a-dia, do contrato, para um ano, com a assumirem aquelas que
Está assim lançado o mote desta com os seus quase 94 anos, vividos com ŧ‡Ĥ  ŧ ť  ťť seriam as incumbências do
edição “A habitação – novos formatos independência e autonomia. Escutámos habitação não permanente ou Estado, limitando os direitos
e opções” que, como sempre, procura ŧ ť‡Ĥ ťťŦť ť Uŧť ťťʠ ŧťťī A dos proprietários de prédios
ser um contributo para quem se quer e reproduzimos aqui os seus conselhos ii) salvo estipulação das partes arrendados. Obviamente,
manter a par de todas as novidades para quem pondera esta opção. em contrário, o contrato que medidas desta natureza
acerca do tema do envelhecimento Agradecemos a estes e a todos os renova-se por períodos desincentivam o investimento
ativo, concretamente quanto ao sítio especialistas o contributo dado nesta mínimos de três anos, não dos particulares no mercado
onde queremos viver. edição do Impulso+, demonstrando a se aplicando aos contratos de arrendamento, com a
Visitámos soluções para a habitação, grande importância da habitação e de ŧ ť ťʠť
ť consequente degradação
que passam por um misto de autonomia estarmos bem no local que escolhemos ť
ĩťť AC    dos imóveis, promovendo
e acompanhamento. Modelos para viver. E que essa opção, seja sempre apenas poderá opor-se à ainda fenómenos associados
intergeracionais e multigeracionais, “a nossa casa”! primeira renovação do contrato ao arrendamento de curta
espaços de co-living e residências Fica já marcado encontro para a ťťʠťŦťŧ ť? duração, muitas vezes
assistidas com serviços e cuidados em īť ť Eťyťť ? decorridos três anos do início dissimulado, bem como, o
função da evolução e do ciclo de vida de onde vos traremos um novo tema: do mesmo, salvo se precisar do “incentivo” aos planos
cada um. Espaços que procuram recriar O Coração – sempre a tempo de bater imóvel para habitação própria E ťŵ Ŧ ť‡ĭʠŧť>
ťʠ
 ĩ
wť ťŧťťv> maisis forte. ou dos seus descendentes em . Eĩ    ?
Fomos conhecer tecnologias que primeiro grau, e nos contratos independentemente dos juízos
quando aplicadas à habitação promovem ťťʠĤ ťŦťŧ ť de valor, mais à esquerda
“casas inteligentes”. Acompanham e decorridos cinco anos do início ou à direita, que se possam
monitorizam uma série de parâmetros   AC ŧ ť  fazer sobre estas medidas
ʠ
ī ŧ B 
 EUŧť de duração indeterminada, implementadas, pede-se uma
cardíaca), passando pelos movimentos o senhorio apenas pode maior estabilidade da legislação
B Eť E ťCťMťŦť denunciar o contrato com uma aplicável ao arrendamento
B ťEť? ť ť
 
 ť { antecedência mínima de cinco urbano, visto que, os
desligados). “Gadgets” que promovem anos, e, nos casos de demolição investidores imobiliários,
a autonomia e permitem assim a ou realização de obras de principalmente os estrangeiros,
manutenção em “nossa casa” por mais remodelação ou restauro que podem optar facilmente
tempo, com um benefício para todos.  E Bť
ť‡ĭť  por investir noutros países, são
Entrevistámos Helena Roseta, RJOPA), desde que as alterações avessos à incerteza legislativa,
vereadora da Câmara Municipal não permitam a manutenção o que se compreende. E não se
de Lisboa no pelouro da habitação,  ťť ACE‡Ĥ  pode esquecer que o mercado
ŧ Eť UŧťEťĤ  da indemnização devida pelo ťť ī?
inspiradora e que nos chama a atenção "oC-
"oC-Ѵ2-7- arrendatário ao senhorio em pelo menos em funcionamento
para uma serie de questões relacionadas Direto
Diretora caso de mora, para 20% dos saudável, se
com a evolução da sociedade. execu
executiva  ťĩťAC os proprietários conseguirem
A necessidade de adaptar os formatos Impul
Impulso+ inobservância da forma escrita   ʠťŧ >
Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | TEMA DE CAPA | 3

Radar, o projeto que aproxima todos

Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pativos de animação sociocultural, litar de forma autónoma e partici-
ao favorecer a continuação do diag- pativa o cumprimento do plano de
nóstico técnico participativo, a con- ação inerente à implementação do

A
metodologia do Projeto Ra- ceção partilhada de respostas, de Projeto Radar. Como? Fornecendo
dar implica a partilha de di- soluções e de projetos de mudan- informação e orientações gerais pa-
versas atividades e o com- ça, bem como a deʠnição partilha- ra a implementação do modelo de
promisso assumido enquanto es- da do plano de atuação e das ativi- intervenção comunitária e de de-
tratégia para a cidade de Lisboa, dades integradas do Projeto Radar. senvolvimento local proposto.
nomeadamente no que respeita às Seguindo as linhas orientadoras do
respostas que se venham a veriʠ- guia prático, pretende-se criar uma Radar, um novo paradigma
car necessárias entre os diversos linha de atuação comum para o fu- O Projeto Radar enquadra-se dentro
parceiros, assim como o conjunto turo, permitindo o fortalecimento de um novo paradigma, que con-
de ações e de procedimentos que se e/ou o desenvolvimento de compe- templa a diversiʠcação das meto-
realizarão para alcançar os obje- tências de facilitação e de acompa- dologias de resposta, a estimulação
tivos propostos e as várias etapas nhamento nas equipas de rua (en- da própria inovação institucional,
do processo. trevistadores), nos técnicos e nas bem como a participação cívica das
Neste sentido, a adoção de um organizações aderentes ao Proje- populações desses territórios ao pro-
modelo de intervenção comunitária to Radar para a implementação de mover a apropriação e o sentimen-
e de desenvolvimento local baseado recursos que visem o envolvimen- to de pertença à comunidade e ao
na abordagem à metodologia de in- to direto e participado da comuni- fomentar a criatividade na mobi-
vestigação-ação participativa, apre- dade (voluntários/as, famílias, vi- lização de recursos. Tendo em con-
senta ser o que melhor privilegia o zinhos/as e comércio local) no pro- sideração os motivos referidos an-
bem-estar, a valorização das com- cesso de integração. teriormente, veriʠca-se a urgência
petências, das capacidades e das po- O guia prático tem sido distri- de um alargamento da rede de iden-
tencialidades das pessoas, dos gru- buído pelos técnicos do Projeto Ra- tiʠcação e de vigilância de pessoas
pos e das comunidades, assumin- dar junto da população, mas pode de idade avançada em situação de
do-os como protagonistas no seu igualmente ser consultado no sítio solidão e de isolamento social, as-
próprio processo social de constru- da Santa Casa e, além de descrever sim como a otimização dos recur-
ção, com vista à promoção do pro- o projeto em si, explica a metodolo- sos dos diversos parceiros. Deste
cesso contínuo de autonomia. gia de trabalho, as etapas do proces- modo, a criação de instrumentos
so técnico, os desaʠos e constran- de diagnóstico e de procedimentos
Um guia que aproxima todos gimentos para o seu sucesso, o seu de acompanhamento comuns per-
A implementação do Projeto Radar valor comunitário e as formas de mitirá promover intervenções mais
envolve um esforço concertado en- atuação, contendo ainda materiais competentes e em conciliação com
tre parceiros e comunidades, ten- de apoio ao seu desenvolvimento. as reais circunstâncias deste gru-
do, por isso, sido criada uma ferra- No fundo, este guia pretende faci- po populacional.
menta técnico-educativa que ajude Com o Projeto Radar pretende-
a compreender e a assimilar os pas- -se o seguinte: otimização e gestão
sos que devem ser dados e os objeti- de informação; promoção da arti-
vos que se pretendem alcançar. Tra- culação entre parceiros; acompa-
ta-se de um autêntico guia prático, “A teoria sem nhamento continuado das pessoas, vê-se o levantamento de 30 mil pes- gital facilitará a comunicação e a
que serve de referência a todas as
entidades e pessoas que estão envol-
a rr࢙ঞ1a ˆira atendendo às especiʠcidades de ca-
da situação; resposta às privações,
soas desconhecidas das várias enti-
dades. Deste modo, o Projeto Radar
articulação com todos os sistemas
de informação considerados rele-
vidas na concretização deste impor- ļˆerbalismoĽ, às expetativas e às potencialidades exige o envolvimento das entidades vantes, na medida em que a geor-
tante projeto. Esta medida de opera- da população 65+, com a criação de que na cidade de Lisboa têm um pa- referenciação dos dados possibilita-
cionalização foi construída a partir assim 1omo a soluções mais próximas da comu- pel fundamental nas respostas dis- rá identiʠcar recursos de proximi-
da estreita articulação com os ob-
jetivos do Programa Lisboa, Cidade rr࢙ঞ1a sem teoria, nidade; consolidação da construção
da estrutura organizativa do Centro
ponibilizadas à população 65+. Aten-
dendo à génese do Programa Lisboa,
dade e permitirá editar, consultar,
analisar, e exportar a informação,
de Todas as Idades, e como resposta
integrada para promover a imple-
ˆira aঞˆismoĺ Local de Informação e Coordenação
(CLIC), constituída por Focal Points
Cidade de Todas as Idades, que visa
contrariar o paradigma da institu-
de acordo com os perʠs de acesso
de cada representante ou parceiro.
mentação de um modelo de funcio- No entanto, (representantes do Núcleo Executi- cionalização, é importante desen- Neste quadro de atuação, e numa
namento especíʠco, articulado e de vo e dos Parceiros Chave, mais con- volver uma resposta integrada em primeira fase, a Plataforma Digi-
proximidade que permita assumir quando se une cretamente da CML, do ISS, da ARS, estreita articulação com o Plano de tal Projeto Radar deverá ser capaz
a responsabilidade social na cida-
de de Lisboa.
a rr࢙ঞ1a 1om a da PSP, das juntas de freguesia e da
Rede Social de Lisboa), que permi-
Desenvolvimento Social.
O Projeto Radar vem formalizar e
de assumir os seguintes princípios:
levantamento; avaliação e enca-
Pretende sensibilizar as equipas
de rua (entrevistadores), os rada-
teoria tem-se tirão a consolidação e a sustentabi-
lidade dos esforços desenvolvidos.
fortalecer o trabalho desenvolvido
com este grupo populacional, atra-
minhamento; acompanhamento;
e monitorização.
res (voluntários individuais), o co- a práxis, a ação Importa sublinhar que o Projeto vés da criação de uma plataforma
mércio local (voluntários coletivos), Radar se dirige a todas as pessoas de apoio digital, designada por Pla-
entre outros técnicos e coordenado- 1riadora e interessadas (comunidade em ge- taforma Digital Projeto Radar, que
res da rede de parceiros sobre como
implementar a metodologia, expli-
modiC1adora ral), com especial enfoque na po-
pulação 65+ que viva sozinha ou
possibilitará uma maior articula-
ção entre parceiros, como também
citando o seu valor acrescentado. da realidade” acompanhada por outra pessoa do favorecerá o rápido acesso e a cen-
Para além disso, poderá ser aplica- mesmo escalão etário. Dentro deste tralização/otimização da informa-
do no âmbito de processos partici- Paulo Freire universo na cidade de Lisboa, pre- ção. De facto, esta Plataforma Di-
4 | TEMA DE CAPA | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

Adaptação da casa ao longo da vida

©iStockPhoto

Texto de Ana Pita Barros


Arquiteta
‡ĭ Ŧ
ťĩŧť?-
sa situação já não implica redução Ter habitações adaptabilidade das nossas casas,
às diferentes necessidades sentidas
das casas antigas observarem to-
das as normas. Considerando que
de qualidade de vida ou até mesmo
abandono de residência. Os espaços
com capacidade  ŧ ťť> ťʠťť
ťĩť ťť ť?ŧ -
a maioria da população atinge a
ťťŸť ;4Ù? ťťŦ-

A de adaptação
vivência da nossa casa, a for- são reformulados, adaptados, por redores, espaços de manobra, aces- tações, localizadas em zonas cen-
ma como habitamos, a utili- forma a garantir condições de mo- sos verticais. A observância destas trais, vocacionadas para jovens não
zação que damos aos espa- bilidade e segurança. Removem-se ࣐]-u-mঞ-7; normas técnicas foi implementa- faz sentido.
ços, altera-se consoante as neces- paredes, portas, mobiliário, substi- da gradualmente ao longo de vários O surgimento no mercado de so-
sidades sentidas em cada fase da tui-se a banheira por base de duche, que poderemos anos, permitindo a projetistas e ci- luções de mobilidade vertical ino-
nossa vida. Cada vez mais a con-
ceção dos espaços de habitação é
instalam-se apoios, rampas, pavi-
mentos antiderrapantes. No entan- desfrutar da dadãos assimilarem a necessidade
do seu cumprimento, tendo-se co-
vadoras, adaptadas às restrições
das antigas construções, e a cres-
pensada de maneira que os mes-
 ťʡĩ?ťŧ

to, o maior impedimento à adap-
tação das casas prende-se com a
nossa casa mo objetivo um parque habitacio-
nal concebido para ser resiliente.
cente oferta de novas tecnologias
para o interior das casas facilita a
transformáveis A compartimenta-
‡Ĥ ťŧťť Eŧ -
dimensão dos compartimentos e
disposição dos elementos estrutu-
por um longo Atenção à idade maioritária
sua vivência. Assim, mesmo quan-
do não se consegue cumprir todas
derada imutável, adotando-se solu- rais, condição criada no momento período de ) Mťť ťťŦť‡ĭ- as normas de mobilidade, a reabi-
ções que permitem a transforma- da sua conceção, em projeto.  ʠŧťťŵť ť
ť‡Ĥ  ʠŧť Ÿ ť
ção do interior das habitações sem Em virtude desta realidade, a le- tempo, com novas regras e a ausência de al- 
 ť  >(-
ťŧťťťŧE‡Ĥ  ŦťE- gislação aplicável às construções, Eŧĩ ŧ  ť- tência de áreas habitacionais inter-
to onerosas. Os espaços são reinter- foi alterada em 2006, implementan- qualidade ços frequentemente corresponde à geracionais é inclusiva, cria estru-
pretados com recurso a soluções e
materiais inovadores.
do-se a obrigatoriedade de cumpri-
mento de normas técnicas de aces- de vida impossibilidade de adaptação da
nossa casa. Os recentes incentivos
Eťť  ť
Ŧĩŧ 
sociais. Ter habitações com capa-
Quando há alterações das condi- sibilidade para pessoas com mobi- às atuações de reabilitação urba- cidade de adaptação é garantia de
ções de como podemos viver no es- lidade condicionada em todas as ťŧŧ ťť ŧE   que poderemos desfrutar da nossa
paço onde habitamos, consequên- construções, incluindo as habita- das normas técnicas de acessibili- ŧťť E
  ĩ  -
cia do nosso envelhecimento ou de ções, pretendendo-se acautelar a dade, em razão da impossibilidade po, com qualidade de vida.
uma nova imagem,
os valores de sempre

e o melhor
atendimento*.
Estudo CSI Marktest
Líder na satisfação do
serviço prestado ao balcão
bancomontepio.pt Apareça.
PUB | MAR | 2019

O estudo é da exclusiva responsabilidade


p da entidade que
q o produziu.
p Estudo índice de Satisfação
ç do Cliente Marktest – 2ª Vaga
g 2018. A satisfação
ç do cliente é concebida em
7 dimensões: Comunicação; Word of Mouth; Imagem; Expectativas; Qualidade de Produtos e Serviços; Valor Apercebido e Satisfação. A recolha da informação decorre entre
fevereiro e jjunho ((1ª vaga
g do estudo)) e entre julho
j e novembro (2ª
( vaga
g do estudo)) e os resultados são apresentados
p duas vezes por
p ano: em julho
j e dezembro. O universo é
constituído por indivíduos bancarizados, com 15 ou mais anos, residentes em Portugal, que identificam como canal de contacto com o banco principal, o balcão.
CAIXA ECONÓMICA MONTEPIO GERAL - caixa económica bancária,, S.A. | Sede: Rua Castilho,, 5,, 1250-066 Lisboa | Capital Social : 2.420.000.000 Euros Matriculada na
Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o número único de matrícula e identificação fiscal 500792615
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Pestana Tróia, onde se vive


a sustentabilidade
Refúgio na natureza
Descubra o seu refúgio na
natureza no Eco-Village,
uma área exclusiva de Beach
Villas e Pine Villas com
acesso a clubhouse e beach
1Ѵ†0rubˆ-ঞˆovķt†;1omvঞ|†b
-িѴঞl-orou|†mb7-7;7;
encontrar o seu lugar no
Pestana Tróia Eco-Resort,
em plena Reserva Natural e
Botânica delimitada por dois
t†bѴॕl;|uov7;ru-b-v7;v;u|-vĺ
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ut†b|;|ov
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Modular System
> Tipologias T2 e T3 com áreas
entre 129 e 139,50 m2
> Entre 550 000 e 600 000€
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‰‰‰ĺr;v|-m-|uob-ĺ1ol
+351 934 409 283
r;v|-m-ĺ|uob-Šr;v|-m-ĺ1ol
©Grupo Pestana

S
ustentabilidade é uma palavra ʠŧ ťť?ťťť
ť‡Ĥ  Modelo a replicar
que faz parte de quase tudo o ŧʠŧť‡Ĥ  ťŦŧ Eĩ- O grupo Pestana considera cons-
que é folheto de muitos produ- do que procure a sustentabilidade. truir mais unidades hoteleiras ou
tos. Claro que, hoje, há mais cuidado residenciais com base nestes mes-
ambiental em todas as áreas, mas Cuidado ao pormenor   ŧĩ  ?wťťť ť ť 
nem sempre a realidade é tão apro- As casas foram todas concebidas e mercado e tipo de hotel”, segun-
fundada como é prometido. ŧ Eĩť?ŧ ťť
- do Inês Tavares. Nos hotéis resort
As casas do Pestana Tróia Eco vada qualidade, sem recurso a tijo- “será mais fácil implementar me-
Resort & Residences são um exem- lo ou cimento, que favorecem a inte- ťťĩ
 ŧť
ťŦť
v?
plo onde essa promessa é cumpri- gração na paisagem e na vegetação tendo em conta que é um produ-
da. Nos 100 hectares de terreno que nativa promovendo a conservação to que tem maior número de ser-
compõem todo o projeto do Pesta- dos habitats naturais da fauna e da viços e infraestruturas. Os clien-
na Tróia Eco Resort, 50% são reser- ʡ ť> ť?ť
M ?
ťťť tes vão, por norma, uma semana
va ecológica, 45% de área verde pro- cerca de duas mil árvores e mais de de férias e vão ser mais exigen-
tegida e apenas 5% de construção. 75 mil novas plantas autóctones. tes no que diz respeito a toda a ex-
“É portanto, um projeto único, com Mas há mais. As águas residuais periência na estadia. Já nos ho-
a menor densidade de construção são tratadas e encaminhadas para o O Pestana Tróia Eco Resort & Residences é um exemplo téis de cidade, em que os clien-
de toda a costa”, defende Inês Tava- sistema de rega do empreendimen- onde a promessa ambiental é cumprida tes optam por estadias curtas de
res, coordenadora de marketing &   ťť E ʠ EĤ ť três noites, toda esta reinvenção,
vendas do Pestana Tróia Eco Resort água potável. embora igualmente indispensá-
& Residences. Houve, igualmente, um uso racio- Mercado valoriza vendas do Pestana Tróia Eco Re- vel, “não será tão determinante”,
Este cuidado ambiental foi, de nal da água em função das opções O mercado valoriza a sustentabi- sort & Residences informa que a co- dado que os clientes já vão com
resto, reconhecido por vários orga- de paisagismo. O resultado é que por lidade e o resultado é que a maio- mercialização do Pestana Tróia Eco uma programação muito clara do
nismos. O Pestana Tróia Eco Resort cada casa/jardim são gastos menos ria das habitações do Pestana Tróia Resort & Residences arrancou há se- que pretendem fazer e visitar, não
foi pontuado com um “Muito Bom” 500 m3 por ano do que uma solução Eco Resort & Residences já foram co- te anos e foi pensada para ser de- usufruindo tanto do hotel e das
na avaliação BREEAM – Building convencional, a que se junta uma mercializada. “Estamos com 80% de senvolvida ao longo de cinco fases, suas infraestruturas.
Research Establishment Environ- utilização intensa de energia solar. vendas realizadas na primeira fase ao longo de dez anos, mas está a Em todo o caso, de acordo com a
mental Assessment Method, um ŧ Eĩ ťťEŧ - do Eco-Village, uma área que inclui “queimar” etapas. “Na realidade, da- coordenadora de marketing & ven-
processo sistemático que visa ava- dor de proteção acústica ao longo 112 Beach Villas projetadas pela ar- das as condições atuais do merca- das do Pestana Tróia Eco Resort &
liar o desempenho ambiental de um da via longitudinal de Tróia, única quitetura/dueto Jaime Morais/Mo- do, e a excelente relação de quali- Residences, “deverá haver uma li-
empreendimento imobiliário. Obte- fonte de ruido com interesse de in- dular System e 38 Pine Villas da au- dade/preço das unidades em causa, nha condutora transversal a todos
ve, também, a nota A no LiderA, de- tervenção, sendo aplicadas soluções toria do arquiteto Miguel Passos de ʠŧť  Eťŧ ŧť
ť‡Ĥ  os hotéis do grupo, que se baseie
signação de um sistema português acústicas otimizadas nas unidades Almeida”, indica Inês Tavares. ťťʠŧťŸŧ ŧťť    ŧĩ  E-
que tem em vista efetuar, de forma de alojamento. A coordenadora de marketing & menos tempo”, prevê. tabilidade”.
Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | TEMA DE CAPA | 7

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ˆb7-7ovl-bvˆ;Ѵ_ovŊoloˆbˆ;ul;Ѵ_ou

©SCML

$;Š|o7; 7†-u7--roѴ;࢛o  Ÿʠŧ ?Mŧť


 Eťť- encontram-se no Bairro Padre Cruz,
;;Ѵ;m--m|o†1-v bitação a construir, a reabilitar ou na Quinta das Flores e no Centro Co-
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa adaptar, tenha por base esta reali- munitário de Telheiras. Nestes es-
dade, assegurando que os seus utili- paços coabitam diversas valências,
zadores possam manter a sua auto- que permitem a centralização de

À
medida que o ser humano nomia e autodeterminação ao lon- serviços comuns e a interação en-
envelhece, a sua qualidade go do tempo. tre os diversos utilizadores.
de vida é determinada, em Há alguns anos que existem di- O Bairro Padre Cruz, por exemplo,
grande parte, pela sua capacidade versas tipologias de habitação para é um caso de sucesso, ao integrar
para manter a autonomia e a inde- seniores independentes, com maior num mesmo edifício as valências
pendência. Tal constatação fez sur- incidência nos países anglo-saxó- de residências assistidas (30 apar-
gir o conceito de esperança de vida nicos e nórdicos. Exemplo disso tamentos de tipologia T0), centro de
saudável, que se traduz em medir o são as Homeshare, Lifetimes Home, dia/espaço interage (com zona de re-
tempo que as pessoas podem espe- Cohousing, Sheltered e Extra Care feições e salas de atividades), apoio
rar viver sem incapacidades. Home. Com estas tipologias, cuja domiciliário e uma creche para
#Eť? ťʠ Ĥ Mwŧ  - maioria não oferece cuidados mé- 33 crianças.
ťv?ťwŧ  - dicos ou de enfermagem, pretende- O projeto global para a Quin-
lhor”. O objetivo é melhorar a quali- -se encontrar um equilíbrio entre ta Alegre também foi estruturado
dade de vida através de estratégias independência, privacidade, intera- sobre o princípio da vivência in-
que promovam a redução dos fa- ção social e capacidade económica. tergeracional e da mobilidade e é
tores de risco, permitindo um en- As tipologias Sheltered e Extra Care composto por três unidades fun-
velhecer saudável e produtivo, ge- Home são as que implicam alguma cionais complementares: Unidade
rando menor utilização dos recur- assistência social e de saúde na vida Social, Unidade Assistida e Unidade
sos sociais e de saúde. Assim, as diária, enquanto que as restantes Residencial.
abordagens para alcançar uma vi- acarretam uma vivência em comu- A Unidade Social, com diversos
da emocional e social saudável, de- nidade, com a oferta de serviços e espaços lúdicos (biblioteca, sa-
 ťť 
ť ʠŧť‡Ĥ  - atividades que incentivam o relacio- la de jogos, salas multiusos, cozi-
tilo de vida, reduzindo o sedenta- namento e a participação em ativi- nha e equipamentos de manuten-
rismo, controlando a alimentação dades comunitárias, tais como ate- ção geriátrica) permite a realização
e, no que diz respeito à sua habi- liers de costura, aulas de ginástica, de múltiplas atividades, servindo
tação, torná-la adequada e acessí- de dança, natação, passeios e férias. de apoio à Unidade Assistida, que é
vel às necessidades da idade maior. Tal como acontece com a habitação constituída por uma Estrutura Re- bitação a diferentes gerações, como A Santa Casa da Misericordia
É imprescindível criar alternati- regular, o custo destas habitações sidencial para Idosos (ERPI), e à fu- também criar condições físicas efe- de Lisboa está a desenvolver ou-
vas para que a dimensão física, psí- depende da localização, da dimen- tura Unidade Residencial. Esta úl- tivas para elas interagirem. tros projetos que apostam numa
quica, intelectual, espiritual, emo- são do apartamento e dos serviços tima, que será construída de raiz e É importante esclarecer que criar intervenção onde a autonomia,
cional, cultural e social da vida de disponíveis. que ainda está em fase de projeto, um espaço intergeracional ou um a humanização intergeracional
cada indivíduo possam por ele ser Inserida nesta problemática, a pretende criar habitação autónoma espaço multigeracional não é a e a mobilidade detêm um papel
desenvolvidas sem limitações dos Santa Casa da Misericórdia de Lis- para pessoas de todas as idades. Os mesma coisa. O último termo refe- primordial.
seus direitos fundamentais, como boa tem desenvolvido, nos últimos apartamentos têm um conceito de re-se ao design de ambientes físicos
o são a identidade e a autonomia. anos, um conjunto de projetos com base inclusivo de arquitetura para capazes de responder às necessida-
A arquitetura e o urbanismo têm conceitos alternativos de habitação todos, e tanto podem ser utilizados des de pessoas de todas as idades e,
EťʡEUŧťťť para os mais velhos, tendo por ba- por estudantes, como por casais jo- na perspetiva intergeracional, o ob-
qualidade de vida das populações, se os princípios da intergeraciona- vens ou seniores que pretendam vi- jetivo é não só instalar as diferentes
com particular destaque para as lidade e da mobilidade. ver na sua habitação. gerações, mas criar condições físi-
mais vulneráveis ou mais depen- Estas estruturas residenciais, de- O objetivo destes projetos é não cas para elas interagirem no espa-
dentes. Considerando os dados de- nominadas residências assistidas, só permitir a possibilidade de ha- ço e no tempo.
8 | ENTREVISTA | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

Tem de haver abertura para


moˆ-vঞroѴo]b-v_-0b|-1bom-bv
nibilidade para colaborar, pensar, ťEť ī ť  ťť Sim, é quase um armazém e não
gerir. Essa gente pode, deve e quer ou empregado para fazer tudo, po- pode ser. Há muitos graus. Há as
ter a possibilidade de lançar inicia- dendo contar com alguma colabo- pessoas que têm a sua autono-
tivas muito interessantes no tercei- ração de terceiros. Penso que este mia, e essas não têm razões para
ro setor, por exemplo, ou nas acade- modelo não existe em Portugal e é ťŦť‡ĭ ŧĩʠŧť?ťĤ 
mias seniores, temos muitas uni- interessante, pois há uma popula- ser os sistemas colaborativos, e há
versidades senior em Lisboa. ção disponível para viver de acordo as pessoas que estão na perspeti-
Há, com efeito, aqui um potencial com esse conceito. Este permite ter va de crescente perda de autono-
de conhecimento, de experiência e uma casa mais pequena, com me- mia. Aí implica, por um lado, ca-
de tempo disponível que é riquíssi- nos encargos e problemas, mas sa- sas adaptadas à menor mobilidade
mo e que não é, muitas vezes, se- ber que, se precisar de alguma coi- e, por outro, possibilidade de apoio
quer reconhecido. Temos, eviden- sa, alguém fará. domiciliário. O que em Lisboa co-
temente, uma [franja da] popula- meçámos a fazer, com a Santa Ca-
ção envelhecida carenciada, com A habitação é o investimento ťť,ŧīť? ť ť
 Ŧ
ťťĢʠťŧ > mais importante que uma os chamados lares e os centros de
Mas temos, também, o outro lado. família portuguesa faz ao dia – que também são um pouco
Temos quadros fantásticos, pessoas longo da vida e, no fundo,  ī   ťĤ M 
que terminaram a sua vida ativa, também deveria funcionar que se pretende – e procurar-se fa-
mas que estão disponíveis para da- como uma reserva de valor zer centros de atividade intergera-
rem o seu contributo e que querem para ter maior conforto num cionais. Isto é, procurar misturar
continuar a fazer coisas. E sabem determinado momento… várias gerações. É muito importan-
fazer coisas. )ŧ
ī ŧťŧE
Eť
ťť te, porque uns puxam pelos outros.
funciona como uma reserva de va- E aqui não estamos, claro, a falar
Essas pessoas, muitas vezes, lor. Na prática, não é bem assim, īťťŦť‡Ĥ ?ť ťť
ť?
vivem em boas habitações porque, depois, as pessoas têm di- também, nas atividades diárias. Os
©DR

de que, eventualmente, já ʠŧE


ťŧ ťť
ť- Ģ  ŧťťī-
“Temos uma percentagem de pessoas do escalão etário mais não precisam. Como é que ť>) ť ?ťŧťŦť ʠŧťw -   E Ĥ ť ťī
elevado muito qualificada”, afirma Helena Roseta conseguimos ser inventivos sas” a uma solução habitacional precisam de ter netos mesmo que
em questões de habitação que que não já corresponde ao que gos- os não tenham. Há esta relação que
deem conforto às pessoas? tariam, mas também já não têm se pode recuperar por aí. Depois,
m|u;ˆbv|--;Ѵ;m-!ov;|- Temos cidades que têm como Hoje em dia está a ser lançado um  ť Eŧť ťŧťʠťŧť em termos de residências, prova-
Deputada pelo PS e presidente da primeiro alvo a população de movimento – quem está muito en- para dar, de novo, a volta a esta si- velmente poderemos ter pessoas
Assembleia Municipal de Lisboa escalões etários superiores. volvido é o ex-presidente da Câma- tuação. É, por isso, preciso, aqui, mais velhas e mais novas. Por que
As casas onde vivem não ra Municipal do Porto Nuno Cardoso viabilizar alternativas. não, por exemplo, associar uma re-
foram pensadas para pessoas – em Portugal de um conceito que sidência com uma creche? Em su-

A
sociedade, em termos habi- com essa idade E   ťĩīŧ ?  Em termos de política pública, ma, tem de criar-se cenários em
tacionais, coloca “sempre o Nem as casas, nem os equipamen- cohousing. Trata-se de uma solu- nomeadamente municipal, que há mais mistura de gerações.
problema como se não hou- tos, nem, muitas vezes, o espaço ção de habitação muito colaborati- muitas vezes a solução de O pior que se pode fazer é separar
vesse soluções ao contrário”. A opi- público. Daí a Câmara Municipal va. Porque as necessidades habita- habitação para as pessoas de as gerações cada qual no seu gueto.
nião é de Helena Roseta, arquiteta e de Lisboa estar a fazer um esforço cionais são diferentes das de uma escalões etários mais elevados Isso é negativo para todos.
uma das maiores especialistas em enorme – isso foi um trabalho do jovem família, que está a pensar é quase “arrumar” as pessoas. Como temos a geração do meio
habitação do país. A deputada pelo ex-vereador, o arquiteto João Afonso crescer. Nesta fase, as necessida- Como é que podemos humanizar ainda ativa a resolver o problema
PS e presidente da Assembleia Mu- – de avançar com o Plano de Aces- des habitacionais são outras. Pro- estas soluções? dos mais novos e dos mais velhos
nicipal de Lisboa indica, em entre- sibilidade Pedonal. Somos uma ci- vavelmente, há interesse em ter sem ter tempo nem para uns nem
vista, que “tem de haver um pou- dade de descidas e subidas e de uma rede de vizinhança colabora- para outros, gera-se aqui um des-
co mais de abertura – e o merca- calçada à portuguesa de que todos tiva, muitos tinham vizinhos nos perdício enorme. Há crianças com
do também procurará isso, embora
nem sempre o saiba formular – para
gostamos muito, mas que é extre-
mamente perigosa, com acidentes
bairros em que viviam, mas essas
redes desarticularam-se com a cri-
Há pessoas que excesso de tempo livre e não sabem
o que hão-de fazer, há pessoas mais
novas formas de habitação e novas
tipologias habitacionais”. Conceitos
sobre acidentes, com danos físicos.
A acessibilidade pedonal e dentro
se e, muitas vezes, não têm família
ť  ť  Ÿʠŧť>) -
têm demasiado velhas com excesso de tempo livre
e não sabem o que hão-de fazer e
como o cohousing, mas também de- dos edifícios é, por isso, uma ques- tanto, há aqui um conjunto de cir- tempo livre e uma geração ativa no meio que tem
ʠ‡ĭť Eīŧť tão central. Por outro lado, temos cunstâncias que fazem com que se- de cuidar das duas partes e não tem
para melhor adaptação àquilo de de ter em consideração que Lisboa ja necessário repensar modelos de não sabem o que tempo. Portanto, há uma má gestão
que as pessoas, de facto, precisam tem dos índices de envelhecimen- habitação adaptados às necessida- coletiva do tempo. Temos de geri-
são algumas das possibilidades le- to mais altos do país. É compará- des e, até, vontades de uma popu- hão-de fazer e -lo melhor. Há pessoas que têm de-
vantadas.
Quanto à casa onde vive, além de
vel ao das aldeias de Trás-os-Mon-
tes. No entanto, a nossa população
lação com idade mais avançada…
deprimem, e há masiado tempo livre e não sabem o
que hão-de fazer e deprimem, e há
não poder “ter uma casa demasiado
pequena por causa dos livros”, Hele-
ŧť
Ĥ Ÿ Mť Eť
ʠ-
cada. Portanto, considero os 65+ de
Sem o estigma de um lar
Não tem de ser um lar. Podem ser
os que deprimem os que deprimem porque não têm
tempo para nada. Não pode ser. Es-
na Roseta não é muito exigente. “Pa-
ra mim, uma casa tem de ter uma
Lisboa um recurso e não um pro-
blema. Temos uma percentagem de
residências partilhadas, concei-
tos intermédios entre um hotel e
porque não têm tá desarticulado.

cozinha, uma lareira e uma boa bi- pessoas do escalão etário mais ele- uma casa, mas em que uma par- tempo para nada. Muito do projeto arquitetónico e
blioteca. Com isto, vivo em qualquer ť E  Eť
ʠŧťť?Ÿ
Ŧť te dos serviços está garantida ou é do produto imobiliário que faze-
sítio”, conta. em termos de horários, com dispo- repartida entre todos. A pessoa não Não pode ser mos e criamos não pensa nisso.
Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | ENTREVISTA | 9

Os sonhos que
são fornecidos
às pessoas
são sempre
os mesmos,
é preciso
diˆersiCcar os
sonhos. Outras
formas. Porque
se não houver
os novos
modelos, as
pessoas não
são capazes
de lá chegar

©DR

É pensado para a família-tipo e não Sim, seguramente, mais ʡexível. O lá chegar. Têm sempre a sensação
há família-tipo, cada vez há menos. RGEU é uma lei dos anos 50 do sé- que não é bem aquilo que querem,
Nos anos 50 do século passado ain- culo passado, teve um papel fun- mas se ninguém lhe propuser uma
da se podia falar da família nuclear damental, foi a primeira grande lei real alternativa, não sabem formu-
como tipo@ pai, mãe, dois ou trUs ʠ- “higienista” em Portugal para esta- lar o que querem. Esse é o trabalho
lhos. Havia o T1, o T2, o T3, consoan- belecer mínimos. Antes, os espaços dos criadores.
te o nĢmero de ʠlhosʢ eram muito mais pequenos, as con-
dições de salubridade muito más e Uma última questão, mais
De acordo com os últimos Censos, o RGEU foi um passo importantís- pessoal. Em que casa vive e em
57% das habitações são ocupadas simo na altura e já tinha aconteci- que casa gostaria de viver?
por uma ou duas pessoas. do em países como a França ou a In- Vivo numa casa que pertence a
Lá está. Portanto, a família-tipo glaterra 50 anos antes. Contudo, ho- uma ʠlha minha e sinto-me lá
mudou. Mudou por duas razões, je limita. Às vezes limita para bem, muito bem. É muito agradável,
as famílias são mais pequenas e porque quer-se voltar a coisas que não preciso de viver noutro sítio.
as pessoas têm menos dinheiro e são abaixo do mínimo que se deve Não posso ter uma casa demasia-
não conseguem pagar o que hoje é propor e o RGEU é um mínimo em do pequena por causa dos livros,
pedido. É, por isso, possível que ha- termos de salubridade. Há muitos tenho muita “tralha”. Para mim,
ja, também, aqui um desacerto en- estudos que apontam para riscos de uma casa tem de ter uma cozinha,
tre a necessidade de espaço e o pre- problemas psicológicos com espa- uma lareira e uma boa bibliote-
ço. Há, além disso, um outro pro- ços muito pequenos. É o chamado ca. Com isto, vivo em qualquer sí-
©DR
blema, que é o inverso das famílias limiar patológico, que ronda os no- tio. Não me ajeito muito a ler os
numerosas, os ʠlhos de pais nume- ve metros quadrados por pessoa. Há livros no computador, gosto do fí-
rosos. São as famílias recompos- daqui não saímos”. É um pouco is- jovens que viva num determinado experiências feitas com animais em sico, gosto do papel. Portanto, não
tas, em que vários têm ʠlhos e em to, colocamos sempre o problema prédio, se calhar é muito mais fácil que se diminui o espaço onde estão consigo adotar o conceito da es-
que ambas as partes têm de ʠcar como se não houvesse soluções ao que haja uma sala grande comum e a partir de certa altura agridem- pecialista Marie Kondo de redu-
com guarda alternada de miúdos contrário. Isto para dizer-lhe que onde possam dar festas e depois as -se e matam-se. Portanto, há limi- zir a biblioteca a 20 livros para não
que não são os seus, mas também tem de haver um pouco mais de áreas privadas serem mais peque- tes físicos e biológicos. ocupar espaço. Ainda não cheguei
são os seus. Portanto, necessaria- abertura – e o mercado também nas. Também alguns serviços po- É verdade, repito, que tem de ha- a esse ponto. Também não abro
mente, obriga a duplicar o espaço procurará isso, embora nem sem- dem estar em espaços comuns. Ou ver mais abertura [no RGEU]. Po- mão de uma cozinha com uma
para os mais novos. Ninguém pen- pre o saiba formular – para novas seja, há aqui lugar e abertura para rém, o mercado e os projetistas mesa grande, porque gosto de co-
sa nisto. As famílias dos pais nu- formas de habitação e novas tipo- alguma experimentação. também podem abrir espaço. Uma zinhar e para muita gente. Se pu-
merosos são uma questão impor- logias habitacionais. casa é um sonho. Os sonhos que der ter uma lareira, fantástico.
tante. Aliás, havia um ʠlme fran- Por exemplo, é frequente, hoje, Tem é de haver, provavelmente, são fornecidos às pessoas são sem- Não é por frio, é por razões psico-
cês [“Mas que Família é Esta?”, de os jovens juntarem-se em habita- um RGEU [Regulamento Geral pre os mesmos, é preciso diversiʠ- lógicas, meramente. Ver o fogo re-
Gabriel Julien-Laferrière] em que ções, durante as fases em que estu- ŤʘŦŤ‡ĭťŤŤ~ car os sonhos. Outras formas. Por- mete-nos para uma condição hu-
os miúdos todos se “revoltavam” dam, e não só, e também não está novo que permita fazer um que se não houver os novos mode- mana muito antiga, acho que é is-
contra os pais: “Circulem vocês, nós previsto. Um conjunto de famílias licenciamento, certo? los, as pessoas não são capazes de so que nos atrai no fogo.
10 | TEMA DE CAPA | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

Co-living boom

©b"|o1h_o|o

Texto de Hugo Santos Ferreira


(b1;Ŋru;vb7;m|;;Š;1†ঞˆo7-
várias razões que estiveram por
trás do nascimento destas formas
A necessidade com a óbvia disponibilização a pre-
‡ ťŦť >
? ťťʠŧť>,ťť?ŧ -
ť  EťŦMť Eť U-
—vvo1b-2࢛oou|†]†;v- alternativas em cidades como No-
va Iorque, Londres, ou Berlim, onde
vai criar a Outro problema que estes con-
ceitos pretendem resolver é o fac-
cias são já muito maiores, é natu-
ral que tenhamos a entrar no nosso
7;uolo|ou;v;mˆ;vঞ7ou;v
lo0bѴb࢙ubov já não são vistas como tendências,
mas sim como realidade de uma
oportunidade to das necessidades dos novos ha-
bitantes das cidades serem outras.
mercado alguns projetos com uma
mistura de conceitos e ofertas, co-
sociedade em mudança e, mais do (já está a criar) Há um novo estilo de vida e de tra- mo os projetos que combinam tra-

O
mundo está a meio de uma que isso como uma necessidade do balhar. Não é só a busca de preços balho, lazer e vida em comunidade,
evolução alucinante, com presente, que vai perdurar e desen- e os problemas ťŦť  E ťť  ŧEť como os hostels para digital nomads,
ʡ Ÿť-
tes tecnológicas e até sociais. Fa-
volver-se no futuro. Testemunhan-
do esse facto, um estudo recente da existem para ser por estas formas alternativas, mas
sim uma maior apetência pela vida
ou os edifícios que combinam har-
moniosamente co-living com espa-

ť ? 
?   -
ferente como as novas gerações
consultora PwC refere que a procu-
ra para investimento neste tipo de
resolvidos. Assim ŧ Eť?Ŧʠŧť  
conhecimentos e aprendizagens do
ços de co-working.

ŧťťťť  ť
?  ʠ -
nal e em comunidade. Os novos re-
conceitos alternativos mais do que
duplicou entre 2015 e 2019.
as enঞdades coletivo. Estamos a falar dos habi-
tantes do futuro. Se atentarmos nos
Regulamentação precisa-se
Entraves? Há e ainda representam
sidentes das cidades são hoje os públicas se 

ť
? 
?Ĥ  - um grande obstáculo. O mais sig-
millennials, os digital nomads, os Resposta a dupla questão vens do mundo, que necessitam de ʠŧť Mť E
ťť‡Ĥ B -
ʪʫ ʪʙ5ʪʫ  ou os expats, Estas formas alternativas de imo- juntem aos  ť‡ ʡĩ?ŧ   - meadamente camarária) aplicável
com diferentes tipos de vivências, biliário residencial têm na base a dos, onde a palavra partilha ganha aos novos modelos. Depois, o pró-
ŧť Uŧť> superação de dois problemas que privados na uma nova dimensão. prio conceito jurídico-legal: Habita-
A indústria do imobiliário não
ʠŧťť
ťťťť -
são comuns a quase todas as ci-
dades desenvolvidas do mundo.
criação das As próprias noções de um traba-
lho para a vida num mesmo local
cional? Serviços? Na área do turis-
 o? ʠ?ťŧť-
mação, tendo de estar atenta e co-
nhecer as novas formas de fazer
Um é a falta de oferta habitacio-
nal nos centros urbanos, especial-
cidades são conceitos do passado. Hoje as
empresas e os trabalhadores privi-
nos ou edifícios que se enquadrem
neste tipo de ativos imobiliários,
imobiliário e de criar espaços. Es-
tão, nomeadamente, em causa as
mente perto dos locais de trabalho,
e consequente escalada dos preços.
do futuro legiam a mobilidade e o conheci-
 ŵŧť
ť
Ŧť
>(ŧ Ĥ 
com bons preços e localizações.
Concluindo, a necessidade vai,
formas alternativas ao segmento O co-living é uma das ferramentas as relações empresariais são agora ŧť?ŧťť EťBŸ
residencial: co-living, student para resolver tais problemas porque feitas em rede, não carecendo haver ŸťŧťC   Ŧ
ť
housing, senior housing, assisted áreas privadas mais pequenas per- um contacto pessoal tão frequente. para ser resolvidos. Assim as enti-
living, micro-housing, etc… mitem uma maior alocação de uti- E, portanto, o próprio co-working é dades públicas se juntem aos priva-
Interessa, por isso, conhecer as lizadores por edifício, otimizando-o, uma realidade que veio, igualmen- dos na criação das cidades do futuro.
Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | TEMA DE CAPA | 11

-uঞѴ_-u-;Šr;ub࣑m1b-ĺĺĺ;-v-Ѵ-
$;Š|o7;"†v-m--uˆ࢛o Johnson, embaixador da Co-Liv
Jornalista em Portugal numa conferência
que houve recentemente em Lisboa.
Matthias Hollwich, arquiteto da

O
mundo mudou. “Quem ca- Hollwich Kushner, acredita que o
sa, quer casa”. Ainda vale, conceito de co-living faz tanto sen-
mas não tardará muito pa- tido para jovens como para os mais
ra que este ditado passe a ser ape- velhos, e “pode fazer uma grande
nas um apontamento histórico. Ho- diferença nos boomers”. Isto por-
je, com a volatilidade e globalização que podem evitar a “segregação”
do mercado de trabalho, com a ten- dos atuais lares ou casas de saúde,
dência para as formações e pós-for- e contribuir para que “se goste de
mações a serem, pelo menos par- envelhecer”. “As pessoas têm de ser
cialmente, realizadas no estrangei- Ŧť ťť Eť ʠť?
ro, ser proprietário de uma casa já e é a comunidade que deve fazer
foi um dado mais adquirido do que isso. Toda a gente tem de ser inte-
atualmente. Mesmo, ao contrário grada, e é importante que tenham
do que poderíamos pensar, na ca- sempre atividades e convivência”.
mada populacional dos 55+. E as Um co-living sénior pode ter os
razões parecem ser várias. E‡  ŧĩʠŧ ?
ŧť ť-
Até aos 50 anos é fácil entender ra fazer exercício, áreas comuns, de
as razões pela qual não queremos saúde, cozinhas ou zonas de refei-
comprar uma casa. Formações e a ção. “É tudo o que já conhecemos
possibilidade de progredir na car- do co-living para millennials”. E es-
reira “saltando” para o mercado in- ta pode ser uma solução para al-
ternacional fazem hoje parte do dia guém que tem uma casa que já é
a dia de milhares de trabalhadores demasiado grande para as suas ne-
que começam a olhar para a solu- cessidades.
ção do arrendamento de uma for-
ma mais “séria”, nomeadamente bro|;1-bmˆ;uv-
no denominado arrendamento de A hipoteca inversa é outra das fer-
longa duração. ©iStockPhoto ramentas disponíveis e que pode
A IAD Portugal, uma rede de me- ser hipótese. É, basicamente, um
diadores independentes, por exem-
plo, admite que em 2019 este tipo
ativas, com projetos, com ideias a
concretizar”, explicou-nos o psicó- Além das tos desconhecidos, Miguel Queirós
Aguiar admite que, pela sua expe-
empréstimo bancário hipotecário
em que, ao invés do habitual, é o
de arrendamento de longa duração
conquiste algum interesse, graças
logo Daniel Marinho. Daí que as no-
vas soluções de habitação comecem
pensões já riência, acima dos 60 anos quem
opta por esta solução já conhece as
banco que tem a obrigação de dis-
ponibilizar mensalmente o mon-
aos incentivos dados a este merca-
do, o que irá contribuir para o di-
a ganhar relevo. Entre elas estão
conceitos como o co-living ou a hi-
não serem o pessoas com quem vai partilhar
a habitação.
tante acordado ao mutuário, sem
que este tenha o dever de o amorti-
namismo de mercados periféricos poteca inversa. que eram, os Daniel Marinho corrobora a ex- zar. O montante das prestações de-
das grandes cidades e às cidades de periência de Miguel Queirós Aguiar. vidas pelo banco depende, essen-
média dimensão, onde a procura de &l7;v-Cor-u--v1b7-7;v reformados “É mais do que normal a partir de cialmente, do valor do imóvel a hi-
arrendamento é mais importante,
nomeadamente em cidade como
O co-living é uma das principais
tendências do mercado e, mais do são, hoje, certa idade já não estarmos dispos-
tos a partilhar uma casa a tempo
potecar e do prazo do crédito ou da
idade do mutuário, no caso de ope-
Braga, Coimbra, Aveiro ou Évora.
Aliás, esta tendência para o alu-
EE ?Eťʠ ťE  ť-
ra o futuro. Terá surgido no pro-
r;vvo-v-ঞˆ-vķ inteiro. Queremos o nosso espa-
ço”. No entanto, também admi-
rações vitalícias.
O problema é que o crédito inver-
guer tem vindo a ter fortes reper-
cussões no mercado imobiliário,
longamento das residências estu-
dantis, mas com “mais qualida-
com projetos, te – e porque Daniel Marinho tem
experiência clínica em Londres –
 ME  E ʠťŧ ťť
pouco conhecido em Portugal e não
EŸʠŧE
ťťť
resposta habitacional que era ne-
de”, explicou-nos Miguel Queirós
Aguiar, CEO da consultora KW. Ou
com ideias a que lá fora essa atitude é mais co-
mum. “Reforço que hoje os refor-
parece querer ser muito comuni-
cado. O crédito inverso é a versão
cessária, como de resto tem vindo seja, neste conceito – transversal 1om1u;ঞŒ-uĺ mados são jovens de espírito. A so- portuguesa de produtos de gran-
a alertar a APEMIP – Associação dos a todas as faixas etárias – o espa- lução de co-living é cada vez mais de expressão nos Estados Unidos
) ʠ ť ť,ť- ço íntimo, composto habitualmen- Daí que as utilizada lá fora como uma solu- (Reverse Mortgage) e de alguns paí-
ção Imobiliária de Portugal. te pelo quarto, quarto de banho e
muitas vezes um pequeno espa- moˆ-vvoѴ†2ॗ;v ção confortável e prática de man-
ter a privacidade sem nos sentir-
ses da Europa, como a Espanha,
países escandinavos e o Reino Uni-
As novas soluções de habitação
A partir dos 60 anos, a “cantiga” co-
ço de sala/escritório, é individual,
sendo depois as restantes áreas de
7;_-0b|-2࢛o  
ť >#ʠ
 ťŦť
ť
cada vez mais longe e esta é uma
do (Equity Release).
Em suma, a forma como habita-
meça a mudar de tom. “É uma da-
quelas alturas da vida em que fa-
serviços, como cozinha, lavanda-
ria e sala comum aos ocupantes
comecem a excelente solução”. mos mudou. Trabalhamos cada vez
até mais tarde – em horas e idade!
zemos um balanço e projetamos o do espaço. “Acabam por ser uma ]-m_-uu;Ѵ;ˆo ov|-u7;;mˆ;Ѵ_;1;u – somos tendencialmente mais nó-
futuro. Muitas pessoas – cada vez solução curiosa porque quem op- “Em 2050, cerca de 70% da popula- madas e menos dados a possuir coi-
mais – ainda trabalham aos 60 ta por esta solução tem a garan- ‡Ĥ ťŧť? ʠŧť sas, a sermos proprietários. Os mo-
anos, mas já começam a planear tia da sua privacidade, ao mesmo que temos de encontrar casa para delos “como um serviço” ganham
a sua reforma. E, hoje, as reformas tempo que consegue partilhar a ex- três biliões de pessoas e a inovação adeptos em todos quadrantes da so-
já não são o que eram antes. Não há periência de habitação com tercei- no setor da habitação vai ser abso- ciedade e o que queremos são expe-
cá o ‘sentar e esperar’ que o tempo ros”. E se enquanto jovens os ocu- lutamente necessária. O co-living riências também na forma de com-
passe. Os reformados são pessoas pantes da casa podem ser perfei- é parte da solução”, disse Williams prar, alugar ou partilhar casa.
12 | TEMA DE CAPA | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

Ser independente e dar independência


Relato de um morador numa
!;vb7࣑m1b-vvbvঞ7-

Q
uando escolheu ir viver
para a atual Residência
Montepio (ex-CUF Residên-
cias), do Parque das Nações, fê-lo
em detrimento de ir para a casa de
E  Eť ʠ
 ? E ŧŦ-
ťŦť‡ ťŦ >.ť
ť E
“quis ser independente e dar-lhes,
ť ʠ
 ? Uŧťv>
É com este espírito livre que
António (nome fictício, pois pe-
E ťťĤ ʠŧť C?-
genheiro prestes a completar 94
anos, está há 14 anos na Residência
Montepio da Expo, onde vive num
apartamento que lhe oferece, indi-
ŧť? ťťŧ ‡ĭŧ   >
“Vivia há mais de 50 anos numa ca-
ťŧ  ĭ>"
Ÿ Eť-
 ʠ
 ťťťEťť
ť
E ? ťť?ťŦM
ť  Eʠ
 >(ŧťťť
E  ť>)ťť EU E Eť
uma casa daquele tamanho, difí-
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ť Eŧov E ť>w( E? ©iStockPhoto
verão ou de inverno, estou sempre
ŧ 88 E86 ťEv>
O edifício divide-se em duas par-
A prova da ťŸ >w   )ĢŦ
-
ŧ ? E Ÿ v>w$Eť 
A prova da atividade de António
M E Eťť Eť
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Ŧ ť>w! ť EĤ 
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?ʠŧ ŧ ť ťuŧ -
>#   Eť ťť -ঞˆb7-7;࣐t†;  ťťť EťťťŦ- ť  ĢŦ
ŧ ť ť ťťtv>.?ťťŧ E 
são ocupados por pessoas com mo- Ŧ
 ŧťťťťť>   onde mora para chegar ao centro E ŧť>
Ŧ
ťEť ŧŧ E - v;t†;bŠ-7- nós moradores que preenchemos
 ? ťť >
“Quando decidi vir para aqui, o t†-Ѵb7-7;7ov os espaços com livros que hoje com-
ĭťŦŦ
 ŧť ť
ť-
edifício nem sequer estava concluí-
 >"    ť
ĩŧ ť-
transportes  īv?
ŧť>(
M-
so, há um terraço e um ginásio, que
"࣐ঞl-u;vb7࣑m1b-ru;v|;v--0ubu

Ŧť‡Ĥ  Eť

ťť 
que custaria uma casa desta tipo-
públicos. “No dia (ī Eť>w%  ťťť
na rua, mas se estiver mau tempo,
As Residências Montepio
vão contar, em breve, com
de saúde das Residências
om|;rboo0;m;C1b࢙ubo;m|u-

ťť Eť v?ŧ ť> ;lt†;m࢛oঞˆ;u vou lá para cima, tenho lá a passa- †l-v࣐ঞl-†mb7-7;ķ1ol- -†|ol-ঞ1-l;m|;r-u-†l-
(
M  ťŦť‡Ĥ ? ť>(
M ?  - inauguração de uma segunda lista de espera prioritária
o fornecimento de eletricidade e -†|olॕˆ;ѴķC1o  ťťŦŧŧ
ť  ? estrutura em Lisboa, juntando- Ő-;m|u-7-m࢛o࣐]-u-mঞ7-robv
Ÿ EťB EťC>E
T- Eť ťť Eť  Ÿ- se à já existente na capital, no depende sempre do número
neo, António inscreveu-se nos ser- com as pernas  ťŧĩŧ ť Ŧť‡ ? E Parque das Nações. As restantes de vagas disponível). Não
‡ >w&ťť?ť EEť
  ťťťťŧťť?
 ť  ‘cortadas’”. Ĥ ť‡ ťŦŧŧ
ťv>
 ť ME 
cinco Residências Montepio
existentes localizam-se no Porto
existe jóia de entrada. A única
condição é o pagamento de
Eť Ŧť ?
 ťťŧ ť
 ŧŸ Eť -
Sim, ainda ť ŧť  
ť ť >w(
M 
ť
ťťŦ?ťŦŧŧ
ťť-
(Breiner), em Vila Nova de Gaia
(Quinta de Cravel), em Coimbra
uma caução equivalente a duas
mensalidades, que é devolvida
ťťťť
 ť ť
>(
M-
so, tenho direito a 30 refeições por
conduz sempre ŦM     E
ĩŦ ?  E
dá jeito e permite-me continuar su-
(Quinta da Romeira), em Cascais
Ő-u;7;őķmoomঞfo;;l
no momento da saída da
Residência, qualquer que seja
U ī v> t†;ru;1bv- ŦŧŧťťťEť Lisboa (Parque das Nações). oloঞˆoĺ
Os moradores contam ainda com ŧ Ĥ v> Toda e qualquer pessoa, Para além das unidades
o apoio, nos dias úteis, de uma fun- Para ajudar a manter a invejá- independentemente de ser ou residenciais, existem
cionária que dá resposta a questões vel forma física que tem para os não cliente Montepio poderá outros dois serviços: o
Ÿŧťŧ  ťť ŧ ť seus praticamente 94 anos, vai à usufruir dos serviços e produtos Apoio Domiciliário e a Tele-
ŧ ť EŧŦ ŧ  >Ÿ? ou com a televisão desligada ou li- hidroginástica, fora da Residência 7;v|-v!;vb7࣑m1b-vķ;Šbvঞm7o Assistência. Estes proporcionam
ťŦM?Eťť
ť ťť ŧťť
 E E>,ťť ,   ?Eť ťť> 0;m;ࣱ1bovr-u-ov1Ѵb;m|;vo† cuidados médicos, mas no
junto das camas e um serviço de  Uŧťv?ť
ť> Juntar a atividade física à cul- associados Montepio. conforto do lar.
ť ʠ ť ť> Eť
M ť - Estes espaços disponibilizam Caso pretenda inscrever-se
Um conselho que o entrevistado Š;lrѴo7;-ঞˆb7-7; tado conta com o orgulho que foi os programas – VITALidade+ deve marcar uma visita a uma
dá a quem pretender passar a mo- #E
ť ťUŧťU ao um dos recentes sete concertos e Tele-VITALidade – que dão das Residências ou preencher
ťEťUŧťťťM ao dispor uma sala comum, onde E Ģŧ (M*EE o acesso a uma diversidade de o formulário disponível no site
sempre uma sala para poderem es-  ŧŦ  ť?ŧť Ĥ  (
ŧ(ť>w. EEĤ? ť
- vantagens e descontos sendo oC1b-Ѵ7-v!;vb7࣑m1b-vr-u-
ť  >w(  ťEť EťťUy
ŧťť?EťŦ- E&+&
ť  ťť que ao aderir a um dos cartões solicitar uma reserva.
sala para estar independente, a ler Ŧ
 ŧť?ŧ  ťŸ - ť) E ť
 ťť  ŸŧE
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Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | JOVENS PARA SEMPRE | 13

Paixão do esquiço à obra


“Mesmo no ro arquitetura. Acho que mesmo no
deserto estou à procura da arquite-

deserto estou tura, para perceber como a arquite-


tura ali se poderia fazer ou que ali

à procura da há arquitetura, o que pode trazer à


arquitetura. Estou formatado para
arquitetura, essa procura”.
Nascido em Lisboa e com raízes
para perceber na capital e no Algarve, José Manuel
Pedreirinho tem descendência, mas
como a  ʠ
 ťʠ
ť Eť
seguir arquitetura e os quatros netos
arquitetura ali ainda não estão em fase desse tipo
de opção. “Não faço a mínima ideia
se poderia fazer se quererão seguir ou não arquite-
tura. Só espero é que consigam ser
ou que ali há felizes. Foi isso que pus como pro-
ťťť ťť Eʠ
 ?
arquitetura” espero que seja o programa para os
meus netos”.
#ʠ
   ?ťťŦM
os alunos dos tempos em que deu
ideia de que se vivia toda a vida na aulas na faculdade são fundamen-
mesma casa (comprada) e que isso tais para o presidente da OA poder
“pressupunha uma convivência de manter algo que considera muito
gerações”, com retaguarda familiar. importante: as relações com as ge-
Hoje, porém, “as famílias são mui- rações mais novas. “Essa relação é
to mais móveis na sua constituição fundamental para nós não envelhe-
e muito mais móveis na sua locali- cermos no sentido negativo do ter-
zação”, pelo que aquela “retaguarda mo, isto é, atrasarmos o ‘arterios-
praticamente acabou”. José Manuel clerosamento’ mental. Sempre tive
Pedreirinho considera que Portugal contacto com gerações mais novas
se atrasou na procura de novas solu- e com as perguntas mais absurdas
©DR
ções e que essa é uma área na qual e inesperadas, mas que me obriga-
A base da “corrida” de José Manuel Pedreirinho é a paixão de sempre pela arquitetura
só agora se está a trabalhar. vam a pensar e a tentar transmi-
Uma das “ajudas preciosas” nessa tir o meu pensamento. Esse desa-
adaptação da habitação e das cida- ʠ ťMy ť ?ť
ť?
Entrevista a José Manuel fazer, viver a arquitetura é como res- Pedreirinho salienta, ainda assim, des à realidade das pessoas é a Inter- curiosos e com essa capacidade de
Pedreirinho pirar. Tenho uma grande paixão pe- que “há muito boas obras de arquite- net das Coisas. Otimização energé- transmitir. Por outro lado, esse de-
Presidente da Ordem dos Arquitetos la arquitetura, adoro projetar, embo- tura e houve, ao longo, sobretudo, da tica, mobilidade ou apoio a pessoas ťʠ ťMy ťŦMŧť ť-
ra hoje o faça menos, porque o meu segunda metade do século XX, um que estão sozinhas são algumas das zes de entendermos quais as suas
tempo é muito ocupado pela OA”. Ģ  ʠŧť ť E  áreas em que a tecnologia pode ser angústias e a sua forma de pensar

T
em 68 anos e trabalha ao “me- A opção pela arquitetura foi fei- que realizou uma série de obras de importante. “Agora, também é pre- e ver o mundo”, considera.
lhor ritmo” de sempre. Além ta aos 15 anos, “por um acumular grande qualidade”. ciso termos noção que o apoio hu- Paixão volta a ser a base do dis-
de ter atelier em nome próprio, de aspetos” omnipresentes. “Tenho A realidade com que os arquitetos mano continua a ser insubstituível”, curso de José Manuel Pedreirinho
o arquiteto José Manuel Pedreirinho ʠŧE
ť Eť    trabalham em termos de projeto es- frisa o arquiteto. quando o tema é procurar um en-
é presidente da Ordem dos Arquite- momento em que comecei a pensar tá, também a mudar. O presidente velhecimento ativo e positivo. “Um
tos (OA) desde janeiro de 2017. A ba- na arquitetura. Surgiu de uma mul- da OA indica que foi construído um Projetos para 100 anos dos problemas com que nos depara-
se da sua “corrida” é paixão pela ar- tiplicidade de aspetos: de interes- modelo de sociedade com base na Voltando à esfera pessoal, não fal- mos é as pessoas, por casualidades
quitetura. ses, de visitas que pude fazer, de sí- tam objetivos futuros a José Manuel da vida, não fazerem o que gostam
A organização é um dos segredos tios que me interessaram, de sentir. ) >w  Ģ Eʠ- ao longo da vida. Depois, chegam a
para conseguir conciliar todos os fa- Depois, há uma série de brincadei- ciente de projetos para perceber que uma certa altura e decidem fazer o
tores da sua vida. “Sei [hoje] que há
um tempo limite, o que me obriga
ras, que não sei se têm propriamen-
te uma relação direta, das coisas que “É uma paixão. ou andava aqui mais 100 anos ou
não faço metade deles”, diz.
que gostam, mas depois não sabem
muito bem do que, de facto, gostam,
a uma seleção do que vou fazer. Is-
so prende-se com esse correr me-
gostava de fazer, os desenhos e as
construções com as mãos”, conta.
Não sei fazer Os planos, tanto de projeto como
de escrita, têm a ver com a arquite-
porque entretanto passaram déca-
das a fazer algo que não lhes agrada”.
lhor”, explica.
“A paixão e o interesse pela ar- País com escola de arquitetura
mais nada. Não tura. “É uma paixão. Não sei fazer
mais nada. Não sei se sei fazer ar-
Este prazer está presente na ativi-
ť  ʠ ť
?ťťŦM
quitetura” continuam, portanto,
a ser a “gasolina” de José Manuel
Portugal é um país com “escola de
arquitetura” e “teve gerações de
sei se sei fazer quitetura, mas sei que não sei fazer
mais nada, isso sei”.
outras vertentes. “É bom que saiba-
mos reagir e tirar partido da vida.
Pedreirinho. “Sempre achei que
o que vale a pena na vida é a pai-
muito bons arquitetos”. Isso não obs-
tante de continuar a “ter um cená-
arquitetura, mas Claro que gosta imenso de viajar e
de conhecer coisas. “Mas também aí
Eu gosto imenso de andar de moto
e quase todos os dias é esse o meu
xão, fazer o que gostamos. Nunca
me imaginei a fazer algo de que não
rio em que uma grande percenta-
 ʠŧťťťť EEť E
sei que não sei há a arquitetura como pano de fun-
do. Nos dois últimos anos, passei fé-
meio de circulação. Enquanto puder,
assim continuará. Andar de moto é
gostasse, não obstante de todos ter- se faz se calhar nem sequer é ar- fazer mais nada, rias na Grécia, em ilhas com pouca racional em termos de tempo, mas
mos, por vezes, de fazer coisas de quitetura, é outra coisa, é constru- arquitetura histórica, mas mesmo é também um prazer”, indica o pre-
que gostamos menos. Para mim ver, ção, outro tipo de coisa”. José Manuel isso sei” num território como aquele, procu- sidente da OA.
14 | TEMA DE CAPA / OPINIÃO | A HABITAÇÃO — NOVAS OPÇÕES | impulso+ | Quinta-feira, 4 de Abril, 2019

“Há uma enorme lacuna O envelhecimento


7;u;vrov|-vr-u--ঞˆov em casa
dos escalões etários
l-bv-ˆ-m2-7ovĿ O tema do envelhecimento
é, nos dias de hoje, objeto de
ť ťʠ
ťť ŧ ŧ 
e o interesse da pessoa em
©DR
investigação nas várias áreas permanecer na habitação atual.
da ciência. Se por um lado é  ťʠť 
ť ť 

um motivo de preocupação, por na manutenção da independência


E ťŧťŦť ťťʠ  funcional e da atividade social,
positivos à sociedade, fazendo- sendo este o cenário elegido para
Filipa Breia nos repensar na solução de a prestação de serviços médicos
da Fonseca determinados problemas da de apoio.
NOVA School população de mais idade. Vantagens e desvantagens
of Business Dados recentes do INE mostram emergem do facto de as pessoas
and Economics que no horizonte temporal de 2010 envelhecerem em casa e menos
(NOVA SBE) a 2050, o total de pessoas com em instituições.
mais de 60 anos irá aumentar Menos tempos de espera e
mais de 40%, ultrapassando menor adversidade na transição
assim os três milhões. Já a das tarefas são exemplos de
população com mais de 75 vantagens. Há, no entanto,
m|u;ˆbv|--†mo-u7ovo com espírito comunitário (porventura ami- anos sofrerá um acréscimo que necessidade de novas formas
presidente da Hac.Ora Portugal gos ou conhecidos). rondará os 80%. de comunicação e informação
";bouo_o†vbm]vvo1b-ঞom O grupo reúne e vai construindo a ideia de A expressão “envelhecimento    ʠ ť
   E ťťť
ť?ʠ  
- em casa” (aging in place) tem de saúde, no sentido de evitar
cal, as tipologias e dimensões da habitação (es- cada vez mais importância. Esta erros que podem surgir neste

C
onceito ainda recente em Portugal, mui- paço privado e íntimo), os espaços comuns (cozi- expressão focaliza a discussão contexto. Para a sua prevenção,
to mais se aplicado à população dos es- nha comunitária, salas de estar para refeições, na compreensão das mudanças terá de haver ajustamentos
calões etários superiores, o cohousing, para convívio, ver televisão e cinema, bibliote- que ocorrem no envelhecimento nas habitações que possam
cenário colaborativo em que se vive em habi- ŧť? Ÿ ?ť
ťť‡Ĥ ? ʠŧť?ť
 e no seu ambiente envolvente, minimizar tudo isso, como por
tações independentes, mas em que há serviços de costura, atelier de bricolage, etc.) os espa- elegendo a manutenção da pessoa exemplo, cada casa ter um tablet
de apoio, pode ser uma solução a ter em conta ços verdes (jardins, estufas, lagos, fontes, etc.). no seu meio natural como meio E
E ťʠ ? ť  ť
para muitos 65+ (ou até mais novos). Foi com o “Este processo de gestação do projeto pode preferencial de vida. Alguns com idade avançada poderá
objetivo de promover esta modalidade de ha- demorar algum tempo, pois convém ser bem estudos revelam que, com o inserir a informação e a mesma
bitação que surgiu a Hac.Ora Portugal Senior debatido e consensualizado. Claro que o so- avançar da idade, é cada vez ser transmitida eletronicamente
Cohousing Association. É presidida por Nuno nho tem de ser matizado com a realidade dos ťť   ʠ ťťĢ E
Cardoso, ex-presidente da Câmara Municipal custos das soluções e a capacidade de investi- para o centro de saúde da área de
do Porto, que considera que “há uma enorme    E ť ʠťŧť- residência.
lacuna de respostas para os ativos dos esca- to que se consigam mobilizar para o projeto”, Será ainda necessário serem
lões etários mais avançados”. ťʠť!E "ť  > desenvolvidos modelos integrados
A mesma fonte indica que, na maioria dos O antigo autarca da Invicta salienta que “as de intervenção no terreno que
ŧť ?ť  ťʠŧťť ť economias de viver numa habitação colabora- facilitem o envelhecimento no
“enquanto resistem e conseguem” viver auto- tiva são inúmeras”, desde as energéticas às dos domicílio. Importará dar resposta
nomamente. “É certo que existe a resposta do equipamentos de que se pode usufruir por se- ťťťʠŧE
ť

O aging in
apoio domiciliário, mas isso é muito pouco pa- rem coletivos, às poupanças na alimentação, nomeadamente: saber como
ra resgatar as pessoas do isolamento e solidão”. se a opção for fazer algumas das refeições em colmatar a elevada percentagem

place elege a
O presidente da Hac.Ora Portugal conside- regime coletivo. “Direi que as poupanças exis- de pessoas dos escalões etários
ra que esse grupo de pessoas, “hoje muito tem sempre, podendo ser mais ou menos ex- superiores em condições de

manutenção da
ameaçadas”, poderá ter numa vida em co- ploradas consoante o compromisso do grupo habitações precárias (um
housing a sua qualidade de vida e o seu bem- no projeto colaborativo”. obstáculo à sua independência

pessoa no seu
-estar muito melhorados. “Estudos realiza- e autonomia); e perceber como
dos na Suécia, onde o cohousing existe há Projetos na forja se poderá garantir a continuidade

meio natural
mais de 40 anos, concluem que as pessoas Não se conhece ainda nenhum projeto em cur- da pessoa no seu domicílio em
vivendo em ambientes colaborativos veem so no nosso país, mas há já interesse, de acordo situações dependência física

como meio
a sua esperança de vida aumentada em dez com o presidente da Hac.Ora Portugal. Em Es- (ou como se pode aprender com
anos”, salienta. panha o conceito também é novo, mas estão já os benchmarks europeus).

preferencial
80 projetos em curso (com alguns já realizados). )ťť ťťʠ M
“Inúmeras poupanças” Por cá, as melhores aproximações que a necessário que exista uma agenda

de vida
O cohousing é uma solução habitacional au- associação conhece são a Aldeia de S. José de conjunta por parte dos agentes
topromovida e autogerida, exigindo dos seus Alcalar, na Mexilhoeira Grande (Portimão), a nacionais e locais.
moradores uma atividade sadia na organiza- Unidade Residencial Madre Maria Clara, em
ção da vida do equipamento. Numa solução Oeiras, e a Aldeia Sénior de Os Pioneiros, em
genuína de cohousing (há muitas cambian- Águeda. “Além disso, a Santa Casa da Miseri-
tes e todas as formas são possíveis desde que córdia do Porto, com quem estamos a estabe- Com apoio:
devidamente acordadas pelos moradores/pro- lecer um protocolo, tem um projeto-piloto pa-
motores), o processo começa com a criação de ra este escalão etário que será em breve abor-
um grupo de pessoas interessadas em viver dado”, adianta.
Quinta-feira, 4 de Abril, 2019 | impulso+ | OPINIÃO | 15

$;1moѴo]b-1oloˆ;झ1†Ѵo Habitação, espaço de


7;l-bou-†|omolb- -Cul-2࢛o7;-†|omolb-

O envelhecimento populacional bioquímicos e sinais vitais; A habitação é um elemento habitacional, com mais
é um dos fenómenos sociais robótica que gere a ingestão de essencial para garantir a facilidade podemos adotar uma
 ʠŧť  MŧE
22> alimentos ou medicamentos, autonomia e a preservação dos solução de apoio domiciliário no
Tem implicações para a maioria entre muitas outras. As soluções direitos de cada um de nós. futuro. Enquanto residirmos no
dos setores da sociedade, AAL são já uma parte importante Mas também se pode tornar nosso espaço, podemos preservar
designadamente para as da “Silver economy”, isto é, das uma prisão e um território de a intimidade, o controlo do
estruturas familiares, mercados atividades económicas destinadas violência e de exclusão. quotidiano e a manutenção das
Soraia Teles ťŦť
 ʠťŧ ? ť{ aos 50+, estimada globalmente Paula Guimarães Planear o envelhecimento e as relações de vizinhança.
mˆ;vঞ]-7ou- procura por bens e serviços de em 15 biliões de dólares. Soluções Jurista fases tardias da vida engloba, Quando compramos uma
mo;m|uo7; saúde, proteção social, transporte destinadas à prevenção e deteção necessariamente, pensar casa, que demoraremos 30
mˆ;vঞ]-2࢛o;l e habitação. de incidentes no ambiente nessa dimensão. Todavia, as anos a pagar, temos de pensar
$;1moѴo]b-v Em 2030, uma em cada seis doméstico, popularizadas no circunstâncias nem sempre nestes aspetos. Mesmo se
;";uˆb2ov7; pessoas no mundo terá mais contexto das casas inteligentes, permitem estar atento aos  E ʠ
īťť?
"-ি7;Ő$ ""ő de 60 anos. As Nações Unidas estão entre as que mais detalhes ou assegurar a escolha cada vez que mudarmos de
;momvঞ|†|o estimaram que, entre 2015 e 2030, interessam às pessoas com mais de uma habitação adequada às habitação devemos estar
7;b࣑m1b-v a população com 60 ou mais anos idade e cuidadores. diversas fases da vida. atentos à possibilidade de
bol࣐7b1-v0;Ѵ aumente em 56%. No ranking As questões da acessibilidade, uma incapacidade temporária
"-Ѵ-Œ-u7- dos países mais envelhecidos, Casas inteligentes da inclusão no contexto Eʠť>“?  ?
&mbˆ;uvb7-7;7o Portugal ocupava o quarto lugar As casas inteligentes são comunitário, da existência importante ter o cuidado de
ou|oŐ"ķ&őĺ em 2017, projetando-se que receba equipadas com sensores de serviços de proximidade semear relações de entreajuda,
;l0uo7o a medalha de bronze em 2050. ťŦťʠ
ī ŧ ? são fundamentais para que cultivar uma participação ativa
ruof;|o †uor;† +ťĤ  ʠŧťŧ E  dispositivos e sistemas de possamos manter-nos na nossa no bairro e na freguesia.
1ঞˆ;7ˆb1; viver bem. Hoje, os portugueses comunicação que assistem casa até ao mais tarde possível. A habitação é um espaço de
Ő_‚rvĹņņruof;1|ĺ-1 podem esperar viver em média 20 quem nelas reside, monitorizam Se assegurarmos essa recolhimento e proteção mas
ঞˆ;-7ˆb1;ĺ;†ņő anos após os 65. Todavia, diz-nos o ambiente doméstico (por ʡŦ
ť    ť‡  é, igualmente, um centro de
a OCDE, apenas seis desses anos exemplo a temperatura ou 
ť‡ĭ ‡ť>“? ?
serão vividos sem incapacidade. se os eletrodomésticos estão fundamental para a nossa
O discurso político tem 
 ť C? ťʠ
ī ŧ  cidadania mantermo-nos
encorajado o envelhecimento (como a frequência cardíaca) ou atentos à vida coletiva e ativos na

A habitação é
na comunidade. Diz-nos a atividade (movimentos, por ex) do preservação do espaço comum.
Organização Mundial de Saúde morador. A análise de parâmetros

um espaço de
que envelhecer na comunidade ŧ   ʠŧť Cuidados com soluções
ťŦʠŧťťťĢ?ť alterações em rotinas, ou prevenir “milagrosas”

recolhimento e
social e emocional da pessoa, e detetar emergências como Por isso devemos ser
e reduz a despesa pública com quedas ou incidentes domésticos. cuidadosos ao analisar soluções

proteção, mas
os cuidados. De acordo com Não é invulgar que a pretensamente inovadoras
a Comissão Europeia, é esse institucionalização da pessoa que nos oferecem soluções

é, igualmente,
o desejo de 90% das pessoas: em idade mais avançada 
ť  ť ťť ʠťť?
envelhecer em casa, com seja motivada pelo medo da como as recentes habitações

um centro de
qualidade de vida. A inovação ocorrência de incidentes em casa. colaborativas para os mais
tecnológica pode contribuir para A monitorização remota com velhos. Estas podem ser uma

relações e de
a sua concretização, facilitando soluções AAL pode contribuir boa solução para algumas
a criação de habitações e cidades para a permanência da pessoa pessoas, mas promovem o

pertença. É, pois,
“amigas” dos cidadãos com idade no seu espaço. idadismo, esbatendo a saudável
mais avançada e de todos. Os sistemas das casas intergeracionalidade.

fundamental
inteligentes são cada vez mais Por outro lado, quem adere
Soluções inovadoras ajudam “amigos” do utilizador: versáteis, ainda autónomo a estas

para a nossa
As tecnologias de assistência à discretos e não-invasivos. soluções com a ilusão que as
autonomia no domicílio (AAL, Contudo, existe ainda um hiato últimas décadas da sua vida

cidadania
na sigla em inglês de “ambient entre o investimento nas casas serão passadas com amigos em
assisted living”) são um exemplo inteligentes e nas soluções alegre confraternização, não

mantermo-nos
de soluções inovadoras para AAL e a adesão às mesmas deve esquecer que nem todos
apoiar a pessoa com idade mais pelo utilizador, relacionada envelhecerão da mesma forma.

atentos à vida
avançada a manter-se ativa, com a facilidade de utilização Pensar a habitação ao longo
independente e socialmente e os custos. Ainda assim, com da vida é pensar e tangibilizar

1oѲ;ࢼˆ-;-ࢼˆov
conectada, e aumentar o custo- uma receita global estimada um direito constitucionalmente
ʠŧŸŧť‡  ť  em 58,68 mil milhões de reconhecido, do qual depende

na preservação
a esta população. Combinam dólares, a aceitação das casas verdadeiramente a nossa
as novas tecnologias com o inteligentes tem crescido felicidade e independência.

do espaço
ambiente social dos indivíduos pelo que, em conjunto com Deve merecer a nossa atenção
e incluem um largo espectro de outras soluções AAL, podem ʡĤ  ŧ ť‡ĭ

comum
soluções como casas inteligentes; vir a ser instrumentais para o cada um deve poder escolher, em
sensores que medem parâmetros envelhecimento bem-sucedido. liberdade, a solução certa para si.
EXCELENTE SERVIÇO
A convicção de uma empresa familiar com longa tradição

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