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Fabio Milman
§1.o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depó-
sito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar
do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com
aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
§2.o Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa, repu-
tar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depo-
sitada.
§4.o Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito,
podendo levantá-lo o depositante.
Motivação da demanda
A causa eficiente da ação de consignação em pagamento, em regra, é a
denominada mora creditoris, vale dizer, a negativa do credor em receber, na
forma e prazo pactuados, a quantia em dinheiro ou a coisa devida.
Procedimentos Especiais
Requisitos
Dentre os requisitos para a modalidade, a constatação da recusa do credor
em receber; também, por evidente, a existência de uma obrigação líquida e certa
vencida e impaga; a lei cogita, ainda, a possibilidade da consignação judicial se
ocorrente justa dúvida quanto a quem deva legitimamente receber.
Legitimação
A legitimação ativa para interpor a espécie é, em primeiro plano, do próprio
devedor que necessite obter quitação da obrigação. Entretanto, pelo instituto da
sub-rogação, previsto na Lei Civil1, pode um terceiro pagar em nome do devedor
a dívida deste, nessa condição assumindo seus direitos tanto materiais quanto
processuais dentre os quais, expressamente refere o antes reproduzido artigo 890
do CPC, o de propor, em nome próprio, a ação de consignação.
O polo passivo da demanda ora tratada será ocupado pelo credor recusante do
pagamento, ou por aqueles que, no caso de dúvida quanto a quem pagar, possam
efetivamente ostentar e demonstrar sua condição de credores do que ofertado.
O banco escolhido fará cientificar o credor, por meio de carta com aviso de
recebimento, de que houve o depósito e que a quantia ofertada está à sua dispo-
sição. O consignado extrajudicial, a partir da ciência do depósito, terá o prazo de
10 (dez) dias para manifestar expressamente por escrito sua recusa em receber a
oferta; não o fazendo, será o devedor considerado liberado de sua obrigação. De
outro modo, comparecendo o credor à agência bancária, receberá o que foi depo-
sitado, servindo o recibo como comprovante de quitação da obrigação.
1
Código Civil (CC), artigos 346 até 351.
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Ação de consignação em pagamento e ação de prestação de contas
Vindo no decêndio legal recusa escrita, ter-se-á por ineficaz a tentativa extra-
judicial, liberando-se a quantia em favor do próprio devedor que poderá utilizar,
como a seguir considerado, a prova do depósito bancário para o procedimento
judicial.
Competência
É regra que o órgão jurisdicional competente para receber, processar e decidir
a ação de consignação em pagamento seja o do lugar onde deva a obrigação ser
cumprida.2 Em se tratando de coisa (corpo, objeto), poderá a demanda ser distri-
buída no foro onde aquela se encontra.3
2
Art. 891. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, tanto que se efetue o depósito, os
juros e os riscos, salvo se for julgada improcedente.
3
Art. 891. [...]
Parágrafo único. Quando a coisa devida for corpo que deva ser entregue no lugar em que está, poderá o devedor requerer a
consignação no foro em que ela se encontra.
4
Art. 893. O autor, na petição inicial, requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a
hipótese do §3.º do art. 890;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta.
5
Conforme segunda parte do antes reproduzido artigo 891 do Código.
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Procedimentos Especiais
Deferido, deverá o depósito liminar ser realizado no prazo de até 5 (cinco) dias
da ciência da parte autora, intimada para tanto sobre a concessão da medida.
Também é indispensável constar da petição inicial o pedido citatório do réu para,
no prazo legal de 15 (quinze) dias6, levantar o depósito que foi ofertado ou rece-
ber a coisa pretendida a entregar.
A segunda tese da resposta (CPC, art. 896, II) poderá fundar-se no fato de ter
sido justa a recusa – por exemplo, quando procurado para que recebesse e desse
a quitação, ainda não se encontrava vencida a obrigação ou não cumprida, até
aquele momento, determinada condição do negócio. Também dedutível, em
6
Aplicação combinada do parágrafo único do artigo 272 e do artigo 297, ambos do CPC.
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Ação de consignação em pagamento e ação de prestação de contas
Nesta última situação (depósito não integral), a lei autoriza ao autor devedor
a complementação da quantia faltante no prazo de 10 (dez) dias (CPC, art. 899).
A hipótese de complementação, todavia, não será viável se o montante faltante
corresponder a uma prestação essencial, a uma parcela do contrato que, impaga,
por si só acarretaria rescisão do contrato.
Quantia incontroversa
Conforme redação do parágrafo 1.º do artigo 899 do CPC, em que pese discus-
são sobre corresponder ou não a quantia depositada ao que realmente é devido,
a porção incontroversa ofertada poderá, desde logo, ser levantada pelo credor,
seguindo o processo pelas eventuais diferenças. Apuradas tais diferenças como
devidas, a sentença trará declarada tal circunstância e, mais do que declarar, con-
denará o devedor ao pagamento, em favor do credor, dos montantes faltantes,
constituindo título executivo judicial.
7
CPC, art. 895.
8
CPC, art. 898, primeira parte.
9
CPC, art. 898, segunda parte.
10
CPC, art. 898, terceira parte.
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Procedimentos Especiais
Objetivo
Procedimento especial de jurisdição voluntária regulado pelos artigos 914 até
919 do CPC, o tema destas linhas tem por objeto o cumprimento de uma obriga-
ção de prestar contas.
Legitimação
Pode propor ação de prestação de contas tanto aquele que está obrigado a
prestá-las ou o que tem direito a recebê-las; no polo passivo estarão, no primeiro
caso, os que têm direito às contas e, no segundo, aquele que está a recusá-las.
Requisitos
Do acima exposto, decorre serem requisitos para espécie procedimental a
negativa em prestar contas, quando existente obrigação de fazê-lo, ou a negativa
em receber contas, quando alguém estiver obrigado perante aquele que as está
objetando.
11
CPC, art. 915, caput.
12
CPC, art. 915, §1.º.
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Ação de consignação em pagamento e ação de prestação de contas
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Procedimentos Especiais
Efeitos da sentença
A sentença que julgar as contas declarará sua qualidade, isto é, se foram elas
adequadamente ou não prestadas. Existente saldo em favor de qualquer das
partes, essa porção sentencial terá força condenatória posto que gerará título
executivo judicial exigível em sede de cumprimento de sentença13, na forma do
artigo 475-J e seguintes do diploma instrumental civil.
13
CPC, art. 918.
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