Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Ijuí/RS
2011
ÂNGELA MARIA FERREIRA FERNANDES
Ijuí/RS
2011
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 7
1. O USO DA AGUA NO ESPAÇO GEOGRÁFICO ................................................... 9
1.1. Água no meio rural................................................................................................ 9
1.2. Captação de água em poços .............................................................................. 10
1.3. Sistema público de abastecimento ..................................................................... 12
1.4. Tratamento da água ........................................................................................... 13
2. A GEOGRAFIA E A PAISAGEM RURAL............................................................. 17
2.1. Transformação da paisagem: vulnerabilidade na qualidade da água ................ 17
2.2. Atividades rurais x Impactos ambientais ............................................................ 21
2.3. Qualidade da água no meio rural ....................................................................... 26
3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA ÁGUA .......................................................... 29
3.1. Parâmetros da qualidade da água: Ministério da Saúde, Ministério do Meio
Ambiente.................................................................................................................... 29
3.2. Classificação e qualidade das águas ................................................................. 35
4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 37
4.1. Metodologia da pesquisa .................................................................................... 37
4.2. Caracterização da área de estudo...................................................................... 38
4.3. Metodologia de Coleta e Transporte .................................................................. 42
4.4. Os parâmetros selecionados .............................................................................. 43
4.5. Análise de dados ................................................................................................ 44
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 45
5.1. Análise Microbiológica ........................................................................................ 45
5.2. Análise Físico-Química ....................................................................................... 47
5.2.1. pH, Turbidez, Cor, Condutividade, Dureza, Alcalinidade Total ............................ 47
5.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)............................................................................... 49
5.2.3 Turbidez................................................................................................................. 49
5.2.4 Cor......................................................................................................................... 50
5.2.5 Condutividade elétrica ........................................................................................... 52
5.2.6 Dureza ................................................................................................................... 52
5.2.7 Alcalinidade Total .................................................................................................. 53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 54
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 56
1. INTRODUÇÃO
por vários autores sobre a disponibilidade de água potável com qualidade e sua
relação com paisagem rural geralmente afetada pelas atividades desenvolvidas no
espaço rural. Para ampliar a discussão sobre a potabilidade da água, o capítulo III –
Legislação Ambiental para água aborda os parâmetros da qualidade da água
apresentados pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 518/2004 e pelo
Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), na Resolução N° 357/2005. O método deduti vo foi utilizado na pesquisa
de campo através do estudo de caso realizado em uma propriedade rural com a
proposta de avaliar a qualidade da água utilizada relacionando com os parâmetros
apresentados pela Legislação e discutidos no capítulo IV – Análise e Discussão dos
resultados.
A pesquisa objetivou analisar a qualidade higiênico-sanitária da água, verificar
fontes de contaminação dos recursos hídricos presentes na propriedade e
diagnosticar as condições socioambientais em que se encontram a propriedade em
estudo, lembrando que as atividades agrícolas desenvolvidas e a mordenização são
algumas das principais ameaças de contaminação dos mananciais superficiais e
subterrâneos.
Após avaliação dos resultados obtidos nas análises, é necessário considerar
que a água utilizada na propriedade rural é um fator de risco à saúde dos que a
utilizam. É possível que o desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental
para os residentes nessa propriedade com a adoção de medidas preventivas que
visam à preservação das fontes de água e o tratamento da água já comprometida,
aliados à implantação de boas práticas ambientais são ferramentas essenciais para
minimizar o máximo a ocorrência de enfermidades que poderão ser transmitidas pela
veiculação hídrica.
9
- poços e furos devem ser cobertos com uma plataforma com, pelo menos,
um metro de largura, a qual deve apresentar um ligeiro declive para uma valeta, de
modo a efetuar-se a drenagem de águas superficiais;
A água não deve ser retirada do interior dos poços com vasilhame, mas
através de bombagem manual ou mecânica, a fim de evitar possível contaminação.
Quando a bombagem não for possível, pode utilizar-se um sistema de roldana com
manivela, devendo adotar-se cuidados especiais de higiene e limpeza para evitar a
contaminação do balde ou da corda.
O uso de águas subterrâneas está aumentando cada vez mais, devido ao
comprometimento da qualidade das águas superficiais, ao desenvolvimento de
12
Porém nas áreas rurais, ainda há localidades que não têm um processo
de abastecimento público de água e assim as propriedades rurais utilizam de águas
subterrâneas o que nem sempre está relacionado com padrão de água potável.
filtração: consiste em fazer passar a água por um leito filtrante constituído por
saibro, areia com granulometria variável, ou outras matérias porosas. Nesta fase,
a água passa por várias camadas filtrantes onde ocorre a retenção dos flocos
menores que não ficaram na decantação. A água então fica livre das impurezas.
Estas três etapas: floculação, decantação e filtração recebem o nome de
clarificação. Nesta fase, todas as partículas de impurezas são removidas
deixando a água límpida. O processo de filtração pode ser lento, por ação da
gravidade, ou rápido, se efetuado sob pressão.
Embora não possa ser considerada como único agente responsável pela
perda da qualidade da água, a agricultura contribui para a degradação dos
mananciais hídricos. As aplicações de defensivos, de fertilizantes e de resíduos
derivados da criação intensiva de animais são consideradas como as principais
atividades relacionadas à perda da qualidade da água nas áreas rurais, ocasionando
a contaminação dos corpos d’água por substâncias orgânicas ou inorgânicas,
naturais ou sintéticas e, ainda, por agentes biológicos.
Assim, pode-se salientar que existem, basicamente, dois tipos de
contaminação, a pontual e a difusa. A primeira refere-se à contaminação com aterros
sanitários, lixões, acidentes ambientais e deposição de efluentes industriais, mais
fáceis de serem localizados. Na contaminação de maneira difusa, pode ser citado o
saneamento urbano sem rede de esgoto e atividades relacionadas com o cultivo dos
solos. (BRAILE, 1971),
As fontes difusas de poluição, especialmente a agricultura, têm sido
objeto de atenção em muitos países devido à dificuldade de se estabelecer
procedimentos de avaliação de impactos ambientais e de adotar padrões aceitáveis,
22
como outrora ocorreu com as fontes pontuais (PARRY, 1998; SIMS et al., 1998).
Embora alguns autores enfatizem a complexidade das fontes difusas no mecanismo
de transporte de fósforo em microbacias agrícolas, uma abordagem mais ampla que
envolva outras variáveis de qualidade de água deve ser considerada.
Nas propriedades rurais, a qualidade da água é totalmente comprometida
em decorrência de vários tipos de poluição e os riscos de acometimento de doenças
transmitidas pelo consumo da água imprópria é muito comum em virtude da
contaminação da água geralmente captada em poços rasos.
Em função da possibilidade de contaminação bacteriana de águas que
muitas vezes são captadas em poços velhos, inadequadamente vedados e próximos
de fontes de contaminação há um grande risco de ocorrência de surtos de doenças
de veiculação hídrica.
De forma genérica, a poluição das águas decorre da adição de
substâncias ou de formas de energia que, diretamente ou indiretamente, alteram as
características físicas e químicas do corpo d’água de uma maneira tal, que
prejudique a utilização das suas águas para usos benéficos (CASALI, 2008).
No meio rural, as principais fontes de abastecimento de água são os
poços rasos e nascentes, sendo considerado alvo fácil de contaminação. No Reino
Unido, após analisar-se amostras de água de fontes privadas, verificou-se que 100%
das amostras dos poços e 63% das nascentes estavam fora dos padrões de
potabilidade, representando um risco considerável a saúde dos consumidores
(FEWTRELL et al., 1998). Tal fato torna-se preocupante, pois em trabalho realizado
no estado de São Paulo, relatou-se que a água utilizada nas propriedades rurais foi
considerada um importante fator de risco à saúde dos seres humanos que a utilizam.
As fontes de água superficiais, tais como rios, lagos, represas e açudes,
podem receber grandes quantidades de nutrientes, principalmente em regiões que
praticam cultivo sob solo desprotegido. Juntamente com as partículas de solo e
outros materiais que são arrastadas pela água, durante o escorrimento superficial,
os nutrientes são perdidos das áreas agrícolas e podem atuar como contaminantes
da água, trazendo inúmeras conseqüências negativas ao ambiente e à saúde dos
seres vivos.
Parte dos problemas de qualidade de água deve-se à contaminação dos
mananciais por nutrientes, em especial, pelo nitrogênio em forma de nitrato, sendo a
agricultura uma importante fonte poluidora. Sob determinadas condições de solo e
23
1
O ciclo da água (ciclo hidrológico) é o percurso que a água faz na sua viagem a partir da terra até às
nuvens e o correspondente percurso inverso (precipitação). Extraído de O CICLO DA ÁGUA.
Disponível em http://www.portais.ws/?page=art_det&ida=4418. Acesso em: 13 Nov. 2011.
24
pode ser comprometida, de maneira tal que o homem ainda não dispõe de meios
para reversão do problema. Assim sendo, a alternativa técnica e econômica parece
ser o controle efetivo dos fatores e processos que levam à contaminação da água.
A agricultura moderna, fundamentada por conceitos de alta tecnologia
com produtividades elevadas e economicamente viáveis, substitui ecossistemas
naturais de grande diversidade e complexidade. Mesmo quando realizada de
maneira racional, esta interferência provoca desequilíbrios nas cadeias biológicas
estabelecidas em determinada região desde há muito tempo. De acordo com
Fawcett (1997), as mudanças que ocorrem no ambiente em função do uso agrícola
da terra têm na qualidade da água um forte sistema sinalizador dos desequilíbrios
em seu entorno.
As atividades relacionadas à agricultura mesmo que de modo racional
provocam desequilíbrios nas cadeias biológicas já estabelecidas e a qualidade da
água fica comprometida em função do uso agrícola, ocasionando índices de
poluição.
A poluição ambiental atualmente é tratada por profissionais no mundo
todo, como um grande desafio. Especialistas na área apresentam estudos, que
apontam o comprometimento de diferentes ecossistemas, alguns em níveis bastante
elevados em virtude de atividades agrícolas. Há uma grande variedade de agentes
poluentes em contato com esses ecossistemas comprometendo a qualidade da
água.
Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 2,0 UT(2) em 95% das amostras
NOTAS:
(1) Valor máximo permitido.
(2) Unidade de turbidez.
FONTE: Ministério da Saúde, Portaria nº 518/2004.
Art. 13. Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro
residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo,
0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição, recomendando-se
que a cloração seja realizada em Ph inferior a 8,0 e tempo de contato
mínimo de 30 minutos.
4. MATERIAL E MÉTODOS
2
Lugar onde se recolhe os suínos.
40
Localização do açude
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3
Utilizado para tratamento doméstico. O proprietário utiliza 50ml de 20 em 20 dias. Essa quantidade
é adicionada no poço e no reservatório.
48
19.8 10
20
8 7.4 7.3 VMP
14.6 6.6
T u r d id e z ( U T )
15
11.1 6
pH
10
4
VMP
5 2
0 0
1
Poço 2
Reservatório 3
Torneira 1
Poço 2
Reservatório 3
Torneira
15 VMP VMP
15 500
12
D u r e z a ( m g /L )
400
9.5
Cor ( uH )
9 300
6.6
6 200
130
100
3 100 55
0 0
1
Poço 2
Reservatório 3
Torneira 1
Poço 2
Reservatório 3
Torneira
Figura 9: Valores observados e VMP de Turbidez, pH, Cor e Dureza na análise físico-química
realizada nas amostras de água coletadas nos três pontos na propriedade rural.
49
Em relação à cor, a água coletada no poço raso está com o VMP (15 uH). Os
demais pontos de coleta apresentam a cor abaixo do VMP. Nos três pontos de
coleta de água apresentam valores de pH na faixa adequada (pH entre 6,0 e 9,5) e
de Dureza abaixo do VMP (500 mg/l).
5.2.3 Turbidez
5.2.4 Cor
15 y = 0.9726x - 4.3845
2
R = 0.9958
12
COR ( uH )
3
9 12 15 18 21
TURBIDEZ ( UT )
Figura 10: Relação entre os valores de Turbidez e Cor observada nas análises físico-
química realizada nas amostras de água coletadas nos três pontos na propriedade
rural.
5.2.6 Dureza
A dureza é a soma de cálcio (Ca 2+) e magnésio (Mg2+) e é tida como uma
medida da capacidade da água de precipitar sabão. Em concentrações elevadas
consomem muito sabão na limpeza em geral, deixam resíduos insolúveis e causam
corrosão e incrustações nas tubulações, tradicionalmente, a dureza exprime a
capacidade de a água reagir com sabões (GUARIROBA, 2011).
O parâmetro para Dureza de acordo com a Portaria 518/2004, o valor
estabelecido é de 500mg/L e os três pontos de coletas apresentaram valores de 130
4
Informação cedida pelo Proprietário da Propriedade em estudo – nome não citado por solicitação do
mesmo, em setembro de 2011.
53
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Há que se atentar para o uso desta água como fonte para consumo
humano em virtude dos índices apresentados nos resultados dos três pontos de
coletas, principalmente quanto às análises microbiológicas no que se refere à
presença de Coliformes Totais e Mesófilos Heterotróficos. Os resultados das
análises físico-química para o parâmetro turbidez apresentam índices que não
atendem aos VMP da Portaria 518/2004 nos três pontos de coletas. Para o
parâmetro cor, o mais crítico é o ponto de coleta 1 (reservatório), isso pode estar
relacionado com a localização do poço, situado numa área em declive e próximo ao
açude, o que provavelmente acarreta processo de infiltração.
O presente trabalho apresentou um panorama a partir de um diagnóstico
elaborado na propriedade rural que requer a adoção urgente de práticas ambientais
e deve-se lembrar que a qualidade da água pode variar, intensamente, no tempo e
no espaço. Considerando as impurezas na água e o seu efeito na saúde, cabe
avaliar a qualidade da água consumida do manancial subterrâneo. Dessa forma,
torna-se de fundamental importância compor um histórico da qualidade da água que
permita avaliar suas características dentro dos parâmetros adotados.
Com base nos VMP da Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde e
Resolução 357/2005 do CONAMA, a água não atende ao padrão de potabilidade. O
consumo humano desta água é fator de risco à saúde, considerando que a
determinação da concentração dos coliformes assume importância como parâmetro
indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos,
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre
tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera.
Acredita-se que os resultados destas análises estão relacionados com as
práticas de lançamento de dejetos de animais na natureza, à localização do poço
subterrâneo aliado ao tempo de construção, à ausência de limpeza periódica dos
reservatórios, e, consequentemente a ineficiência do tratamento da água que é
realizado de forma caseira.
Verifica-se, portanto, que um trabalho intensivo deve ser realizado no
sentido de efetuar a vigilância da qualidade da água utilizada nesta propriedade e
implementar ações que visem ao esclarecimento das pessoas que nela residem, a
55
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FEWTRELL, L.; KAY, D.; GODFREE, A. The microbiological qualite of private water
supplies. J Ciwen 98-100, 1998.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
ISHERWOOD, K. F. Fertilizer use and the environment. Paris: IFA, 2000. 51p.