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 Teoria do Valor do Trabalho.

Esta diz que o valor da mercadoria pode ser avaliado pela


quantidade média de horas que esta leva a ser produzida, independentemente dos
materiais necessários para a sua confecção. Se, por exemplo, um par de sapatos levar
o dobro do tempo a confeccionar que um par de calças, os mesmos tem deste modo, o
dobro do valor das calças.
 Teoria da Força de Trabalho. Esta define-se pela capacidade de um operário produzir
serviços e bens. Marx explica que este valor depende do número de horas que a
sociedade leva em média para criar condições para um trabalhador, de modo a que
este possa produzir diariamente.

Ideologia em Marx

 a ideologia tratava-se do meio pelo qual as ideias da classe dominante pareciam reais
e naturais aos olhos do povo. (IDEOLOGIA >>> VALORES BURGUESES NATURALIZADOS
E, POR CONTA DISTO, VISTO COMO UNIVERSAIS)
 Marx dizia que a classe trabalhadora era levada a entender-se como classe, por classes
com interesses económicos, políticos e sociais que lhes eram activamente impostos,
ou seja, num estado de falsa consciência subentendida como natural, embora não o
fosse. O Homem não consegue sair das suas condições materiais de vida, por isso não
tem uma consciência real das suas necessidades. Trata-se de uma falsa consciência,
consciência do mundo material, tal como uma imagem distorcida. (IDEOLOGIA >>>
falsa consciência subentendida como natural)
 Foi nos escritos de 1845-1846 que constituíram a obra A ideologia alemã que Marx e
Engels desenvolveram seu conceito de ideologia, embora seja justo dizer que os
autores não escreveram uma teoria das ideologias, mas uma crítica delas (BUEY, 2009,
p. 131). Essa crítica de Marx e Engels era dirigida, como se sabe, aos “ideólogos
alemães”, ou seja, os principais representantes da filosofia alemã pós-hegeliana (M.
Hess, B. Bauer, M. Stirner, entre outros). (CRÍTICA À IDEOLOGIA ALEMÃ)
 Para os autores d’A ideologia alemã, o grande problema destes idealistas é que, ao
teorizarem, relegam a segundo plano a realidade material e, ao invés de partir da
realidade posta e chegar às ideias, partem das ideias para chegar à realidade. Óbvio
que, nesse processo, o íntimo entrelaçamento entre a produção de ideias e a atividade
material da vida é completamente obscurecido e, desse modo, a consciência aparece
não só como algo apartado da vida social e da história, mas também como a origem e
fundamento delas. (PROBLEMA DA CRÍTICA REALIZADA PELO IDEALISMO ALEMÃO
>>>> partem das ideias para chegar à realidade)
 Os problemas com que os homens se deparam não podem ser resolvidos apenas pelas
ideias, pois estas ideias são apenas consequências de contradições reais, e só pela
atividade prática de demolição destas é que aquelas podem ser eliminadas – afinal,
“não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”.
(COMO COMBATER A IDEOLOGIA: só pela atividade prática de demolição das
contradições é que as ideias distorcidas da realidade (ideologia) podem ser eliminadas
 Muitas vezes se caracteriza a ideologia como “a expressão da incapacidade de cotejar
as ideias com o uso histórico delas, com sua inserção prática no movimento da
sociedade” (KONDER, 2002, p. 40).
 A ideologia, na sua conceituação de 1845-1846, configura, então, como é comum que
se diga, uma falsa consciência, uma representação invertida da realidade. Não é,
contudo, um processo que se passa somente na cabeça dos pensadores: há razões de
cunho social para que seja possível que a consciência dos homens se engane em
relação a si mesma, e estas razões não são ignoradas por Marx. Para ele, o
fundamento principal que abre as portas para a mistificação ideológica é a divisão
social do trabalho e a cisão da sociedade em classes antagônicas. (CAUSAS DA
IDEOLOGIA: a divisão social do trabalho e a cisão da sociedade em classes
antagônicas.)
 Uma vez que o trabalho intelectual é autonomizado em relação ao material, também a
consciência pode se imaginar autônoma e desvinculada da história. É a divisão social
do trabalho, ou, o que é sinônimo, a existência da propriedade privada, que, ao cindir
a comunidade humana, ocasiona a inversão ideológica.
 Os homens não se enxergam como produtores das suas próprias condições de
existência, mas, ao invés disso, se veem como produtos desta existência, e tudo aquilo
que é humanamente produzido aparenta ter uma essência exterior ao homem.
(CONSEQUÊNCIA DA IDEOLOGIA >>> Os homens não se enxergam como produtores
das suas próprias condições de existência)
 “Até o momento, os homens sempre fizeram representações falsas de si mesmos,
daquilo que eles são ou devem ser. Eles organizaram suas relações de acordo com suas
representações de Deus, do homem normal e assim por diante. Os produtos de sua
cabeça tornaram-se independentes. Eles, os criadores, curvaram-se diante de suas
criaturas. Libertemo-los de suas quimeras, das ideias, dos dogmas, dos seres
imaginários, sob o jugo dos quais eles definham. Rebelemo-nos contra esse império
dos pensamentos.” (MARX; ENGELS, p. 523)
 ideologia é, fundamentalmente, um conceito crítico-negativo, que indica uma falsa
representação, um conhecimento invertido da realidade que tem por consequência a
justificação de relações de dominação e poder.
 Se, por um lado, seu alvo de investigação era especificamente a ideologia alemã, cuja
característica central era o idealismo – e ali foi circunscrita circunstancialmente a
noção de ideologia –, por outro, nada o impediu também de, ao longo dos anos,
perceber e denunciar criticamente as ilusões ideológicas de diversos intelectuais que
se encontravam a grande distância do idealismo.
 nos parecem corretas as considerações de Jorge Larrain quando anota que o
significado de ideologia de 1845-1846 é negativo e restrito: “negativo porque
compreende uma distorção, uma representação errônea das contradições” e “restrito
porque não abrange todos os tipos de erros e distorções” (2001, p. 186). (IDEOLOGIA
>>> CONCEITO NEGATIVO E RESTRITO)
 A ideologia não é caracterizada por ideias isoladas, mas por uma certa problemática,
um certo horizonte intelectual (LÖWY, 2007, p. 101), que estabelece os limites da
compreensão do real (ou seja, o que marca o pensamento ideológico não é tanto
aquilo que ele vê, mas aquilo que ele deixa de ver).
 a crítica de Marx e Engels procura mostrar a existência de um elo necessário entre
formas “invertidas” de consciência e a existência material dos homens. É essa relação
que o conceito de ideologia expressa, referindo-se a uma distorção do pensamento
que nasce das contradições sociais (ver CONTRADIÇÃO) e as oculta. Em consequência
disso, desde o início, a noção de ideologia apresenta uma clara conotação negativa e
crítica. (IDEOLOGIA >>> SURGE DAS CONTRADIÇÕES SOCIAIS E AS OCULTA)
(IDEOLOGIA >> CONOTAÇÃO NEGATIVA E CRÍTICA)
 a fonte da inversão ideológica é uma inversão da própria realidade.
 Marx compreende que essa crítica depende das próprias premissas hegelianas, pois os
jovens hegelianos acreditam que a tarefa é libertar o homem das ideias errôneas.
“Mas eles esquecem – diz Marx – que a essas frases estão apenas opondo-se outras
frases e não estão, de modo algum, combatendo o mundo real que de fato existe.” (A
ideologia alemã, vol.I, I). Assim, a inversão que Marx passa a chamar de ideologia
subsume tanto os velhos como os jovens hegelianos e consiste em partir da
consciência em vez de partir da realidade material. Marx afirma, pelo contrário, que os
verdadeiros problemas da humanidade não são as ideias errôneas, mas as
contradições sociais reais e que aquelas são consequência destas. (MARX CONTRA
HEGEL E OS JOVENS HEGELIANOS)
 enquanto os homens, por força de seu limitado modo material de atividade, são
incapazes de resolver essas contradições na prática, tendem a projetá-las nas formas
ideológicas de consciência, isto é, em soluções puramente espirituais ou discursivas
que ocultam efetivamente, ou disfarçam, a existência e o caráter dessas contradições.
Ocultando-as, a distorção ideológica contribui para a sua reprodução e, portanto,
serve aos interesses da classe dominante. Portanto, a ideologia surge como um
conceito negativo e restrito. É negativo porque compreende uma distorção, uma
representação errônea das contradições. É restrito porque não abrange todos os tipos
de erros e distorções. A relação entre as ideias ideológicas e não ideológicas não pode
ser interpretada como a relação geral entre erro e verdade. As distorções ideológicas
não podem ser superadas pela crítica, só podem desaparecer quando as contradições
que lhes deram origem forem resolvidas na prática. (IDEOLOGIA >>> CONCEITO
NEGATIVO E RESTRITO) (IDEOLOGIA >>> SERVE AO INTERESSE DAS CLASSES
DOMINANTES) (IDEOLOGIA É NEGATIVA >>> REPRESENTAÇÃO ERRÔNEA DAS
CONTRADIÇÕES) (IDEOLOGIA É RESTRITA >>>> NÃO ABRANGE TODOS OS TIPOS DE
ERROS E DISTORÇÕES)
 Marx já havia chegado à conclusão de que, se algumas ideias deformavam ou
“invertiam” a realidade, era porque a própria realidade estava de cabeça para baixo.
Mas essa relação aparecia de maneira direta, não mediada. A análise específica das
relações sociais capitalistas leva-o à conclusão mais avançada de que a conexão entre
“consciência invertida” e “realidade invertida” é mediada por um nível de aparências
que é constitutivo da própria realidade. (REALIDADE INVERTIDA >>> CONSCIÊNCIA
INVERTIDA)
 a ideologia oculta o caráter contraditório do padrão essencial oculto, concentrando o
foco na maneira pela qual as relações econômicas aparecem supercialmente. Esse
mundo de aparências constituído pela esfera de circulação não só gera formas
econômicas de ideologia, como também é “um verdadeiro Éden dos direitos inatos do
homem, onde reinam a Liberdade, a Igualdade, e Propriedade e Bentham”. (O Capital,
I, cap.VI). Sob esse aspecto, o mercado é também a fonte da ideologia política
burguesa: “a igualdade e a liberdade são, assim, não apenas aperfeiçoadas na troca
baseada em valores de troca, como também a troca dos valores de troca é a base
produtiva real de toda igualdade e liberdade.” (Grundrisse, Capítulo sobre o capital).
Mas é claro que a ideologia burguesa da liberdade e da igualdade oculta o que ocorre
sob o processo superficial de troca, em que “essa aparente igualdade e liberdade
individuais desaparecem” e “revelam-se como desigualdade e falta de liberdade”
(ibid.)
 A ideia de uma dupla inversão, na consciência e na realidade, é conservada em todos
os momentos, embora no fim se torne mais complexa, graças à distinção de um duplo
aspecto da realidade o modo de produção capitalista. A ideologia, portanto, conserva
sempre a sua conotação crítica e negativa, mas o conceito só se aplica às distorções
relacionadas com o ocultamento de uma realidade contraditória e invertida. Nesse
sentido, a definição, tão frequente, de ideologia como falsa consciência não é
adequada na medida em que não especifica o tipo de distorção criticada, abrindo
dessa forma caminho a uma confusão de ideologia com todos os tipos de erro. (DUPLA
INVERSÃO/ O conceito só se aplica às distorções relacionadas com o ocultamento de
uma realidade contraditória e invertida.)

 Não há dúvida de que Hegel enxergava as tensões existentes na relação entre a


"sociedade civil burguesa]" (a bürgerliche Gesellschaft”) e o Estado. Marx elogiou-o
por sua competência na identificação das contradições. No entanto, aos olhos do
filósofo comunista, a perspectiva hegeliana não era suficientemente ampÌa para
observar o movimento geral dessa relação contraditória e encaminhar criticamente o
pensamento na direção da superação do quadro constituido. Os horizontes de Hegel
permaneciam estrangulados pela ótica da propriedade privada. O ângulo do qual
Hegel conseguia olhar para o Estado, afinal, era o ânguÌo do qual o próprio Estado se
via. (SOBRE HEGEL)
 A filosofia que não supera os limites da perspectiva da burguesia se perde num círculo
vicioso. Para sair dele, de acordo com Marx, era imprescindível que os filósofos
aprofundassern sua crítica e a radicalízassem. (SOBRE A FILOSOFIA)
 Marx estava convencido de que a crítica do céu precisava se converter em crítica da
terra e não podia ficar no plano especulativo. Estava decidido a ir aÌém de Fcuerbach.
Sabia que a arma da crítica não podia sr.rbstituir a crítica feita através das armas,
porém tinha consciência de que a teoria, com seu potencial crítico, precisava
desempenhar um papel decisivo;e para isso precisava dispor de portadores materiais,
quer dizer, precisava sensibilizar setores da sociedade dispostos a acolhê-la,
desenvolvê-la na ação, traduzila na prática. (CRÍTICA DA TERRA/VALOR DA TEORIA E
IMPORTÂNCIA DA AÇÃO)
 O proletariado tem sido excluído do sistema da propriedade privada. A burguesia tem
monopolizado todas as formas econonricamente mais importantes da propriedade e
tem impedido que a massa dos trabaÌhadores participe da posse dos grandes meios de
procluçâo. Os maÌes do sistemâ, então, pesam radicalmente sobre os ombros da cÌasse
operária. E ela se vê desafiada a insurgir-se contra o sistema como um todo, de
maneira radical. (SOBRE O PROLETARIADO)
 Tal como a filosofia encontra no proletâriado suas armas materìais, o prolelariado
encontra na filosofia suas armas espirituais” (MARX) (RELAÇÃO DIALÉTICA ENTRE
FILOSOFIA E PROLETARIADO) (IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A LIBERTAÇÃO)
 Marx estava convencido de que, sem ir à raiz da aiienação, era impossíveì encaminhar
eficazmente a luta para superá-la. Com o movimento operário se tornava possível pâra
o pensamento fundar uma postura revolucionária nova e viabilizar a construção de
uma alternativa à sociedade hegemonizada pela burguesia. Pela sua inserção na nova
ação histórica transformadora, o pensamento podia alcançar uma compreensão da
realidade que reagiria às distorçÕes ideológicas e fortaÌeceria as ações desaÌienadoras
no mundo alienado. (NECESSIDADE DE IR ATÉ A RAIZ DA ALIENAÇÃO PARA SUPERÁ-LA)
 O trabaÌho é a primeira atividade do ser humano como ser humano. É pelo trabaÌho
que passa a existir a contraposição sujeito/obieto. Por sua própria natureza, o trabalho
humano se distingue da atividade dos animais. Os animais também produzem, mas o
que os guia é o instinto, são âs necessidades naturais mais imediatas; os homens,
contudo, podem produzir mesmo em condições nas quais não estão pressionados por
necessidades físicas imediatas (e, de fato, assegura Marx, só produzem humanamente
guando estão liberados dessas pressões). (SOBRE O TRABALHO) (TRABALHO >>>
CONSTITUTIVO DA DISTINÇÃO SUJEITO/OBJETO)
 O trabaÌho é a atividacle pela qual o ser humano se criou a si mesmo: pelo trabâlho ele
transforma o mundo e se transforma. Nos Manuscritos econômico-filosóficos de 1844,
Marx escreveu: "Toda a chamada história universaÌ é apenas a produção do ser
humano pelo trabalho humano” (SOBRE O TRABALHO)
 "O único
 trabalho que Hegel conhece e reconhece é o trabalho abstratâmente intelectual'l E
mais: "EÌe só vê o Ìado positivo, não o negativo do
 trabalho. As limitações ideológicas de Hegel, então, não estavam essencialmente no
que ele enxergou (Marx sabia que o autor da Fenomenologia do espíríto havïa
enxergado coisas importantíssimas). As limitações estavam, sobretudo, no que Hegel
nao enxergou. (HEGEL E O TRABALHO).
 O modo de produção capitalista, correspondente aos interesses vitais da burguesia,
reduzia a força de trabalho dos seres humanos à condição de mera mercadoria.
(MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA >>> OBJETIFICAÇÃO DO TRABALHO >>>
DOMINAÇÃO)
 o dinheiro é um elemento essencial no funcionamento do "mundo invertido"
(verkehrte Welt) que embaralha a nossa consciência, trocando vaÌores
intrinsecamente qualitativos - valores absolutos, fundamentais para as convicções
duradouras que nos permiiem orientar nossas vidas - por valoÍes quantificados,
sempre reìativos e coniunturais. (SOBRE O DINHEIRO E SUA PARTICIPAÇÃO NO
“MUNDO INVERTIDO”)
 Á ideología alemã. Nesse novo voìume, os autores insistiam na crítica a Bruno Bauer,
mas também voltavam suas baterias contra Max Stirner e Ludwig Feuerbach. Ë iá nas
primeiras linhas esclareciam um de seus pressupostos essenciais na abordagem dos
fenômenos ideológicos: a convicção de que "os seres humanos elaboraram até agora
falsas representações a respeito deles mesmos, do que são ou deveriam ser". (A
IDEOLOGIA ALEMÃ >>> CONTRA, SOBRETUDO, BRUNO BAUER, MAX STIRNER E
LUDWIG FEUERBACH).
 Os autores de Á ideología alemã ilustram sua crítica às distorções ideológicas da
tradição idealista subjetiva, que supervalorização poder das representâções, com um
exempÌo sarcástico: o de um sujeito que insiste em convencer os outros de que os
homens só se afogam porque, ao caírem na água, ficam presos à idéia de que são mais
pesados que a água. Caso venham a se libertar do pensamento do peso, conseguirão
flutuar. (CONTRA AS DISTORÇÕES IDEOLÓGICAS DA TRADIÇÃO IDEALISTA SUBJETIVA)
 Marx deixava claro que, para eÌe, a ideologia - no essencial - era a expressão da
incapacidade de cotejar as idéias com o uso histórico delas, com a sua inserção prática
no movimento da sociedade. E se dava conta de que essa incapacidade também
precisava ser compreendida historicamente. (O QUE É IDEOLOGIA E SUA RELAÇÃO
COM A HISTÓRIA) (IDEOLOGIA POSSUI CAUSAS HISTÓRICAS)
 “Quando, em toda ideologia, os seres humanos e suas relações aparecem de cabeça
para baixo, como numa “câmara escura” esse fenômeno também ocorre em função do
processo histórico da vida, tal como a inversão dos objetos no negativo das fotografias
decorre imediatamente de razoes fisicas.” (MARX)
 A origem remota da ideologia, então, estaria na divisão social do trabalho, ou, o que é
a mesma coisa, na propriedade privada. Marx é explícito nessa equiparação: "Divisão
do trabalho e propriedade privada são expressões idênticas; o que uma diz sobre a
atividade é o que a outra diz sobre o produto da atividade" (ORIGEM REMOTA DA
IDEOLOGIA >>> DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO OU PROPRIEDADE PRIVADA)
 A distorção ideológica derivaria, assim, da fragmentação da comunidade humana, do
fato de os homens não atuarem juntos. A atividade do homem "se torna para ele um
poder estranho, que se contrapõe a ele e o subjuga, em vez de ser por ele dominado"
(rr.tew, ttt, p. 33)- Os seres humanos não podem se reconhecer coletivamente, de
maneira imediata, no que fazem. E é a partir desse "estranhamento" que o Estado se
estrutura como “figura independente” e assume o caráter de uma “comunidade
ilusória”. (DISTORÇÃO IDEOLÓGICA >>> DERIVA DA FRAGMENTAÇÃO DA
COMUNIDADE HUMANA)
 “As idéias da classe dominante - sustentava o filósofo - são, em cada época, as idéias
dominantes. Quer dizer: a classe que possui o poder material na sociedade possuì ao
mesmo tempo o poder espiritual. A classe que dispõe dos meios da produção material
também dispôe dos meios da produção espiritual.” (MARX) (EXPLICAÇÃO DO PORQUE
OS VALORES BURGUESES ADQUIRIRAM UM CARÁTER “UNIVERSAL”.) ( MEIOS DE
PRODUÇÃO MATERIAL >>> MEIOS DE PRODUÇÃO ESPIRITUAL)
 Para Marx, então, a distorção ideológica não se reduzìa a uma racionalização cínica,
grosseira, tosca, bisonha ou canhestra dos interesses de uma determinada classe ou
de um determinado grupo. Muitas vezes ela falseia as proporções na visão do conjunto
ou deforma o sentido global do movimento de uma totalidade, no entanto respeita a
riqueza dos fenômenos que aparecem nos pormenores. (A DISTORÇÃO IDEOLÓGICA...)
 "A ideologia é um processo que o chamado pensador executa certamente com
consciência, mas com uma falsa consciência. As verdadeiras forças motrizes que o
motivam permanecem ignoradas; de outra forma, não se trataria de um processo
ideológico”. (ENGELS) (Ideologia como falsa consciência)
 observamos que a ideologia é um processo e reconhecemos que quem o executa é um
sujeito movido por uma falsa consciência, porém não Podemos deixar de levar em
conta, também, que o processo da ideologia é maior do que a falsa consciência, que
ele não se reduz à falsa consciência, já que incorpora necessariamente em seu
movimento conhecimentos verdadeiros. (IDEOLOGIA É MAIS DO QUE FALSA
CONSCIÊNCIA >>> INCORPORA EM SEU MOVIMENTO CONHECIMENTOS
VERDADEIROS)

Ideologia em Adorno

 A ideia de maior impacto veiculada pela Dialética do esclarecimento é a de que, na


nossa época, no século XX, a ideologia dominante e a sua capacidade de impingir às
pessoas uma "ilusão de harmonia" adquiriram um poder muito superior àquele que
Marx poderia ter imaginado no século XIX, graças à criação da indústria cultural.
(IDEOLOGIA >>>>>> ILUSÃO DE HARMONIA >>> INDÚSTRIA CULTURAL)
 Meios de comunicação de massa e a indústria do entretenimento: não só assegurou a
sobrevivência do capitalismo como continua exercendo função essencial em sua
preservação, reprodução e renovação.
 Para viabilizar-se, contudo, ela precisava de certa padronização, de certa limitação
imposta à diversificação das expressões culturais: por isso, investiu também na
formação de um vasto público consumidor de comportamento passivo e, tanto quanto
possível, desprovido de espírito crítico. "O espectador não deve ter necessidade de
nenhum pensamento próprio" (Adorno & Horkheimer, 1985, p. i 28) (INDÚSTRIA
CULTURAL >>> PASSIVIDADE DO CONSUMIDOR >>> ELIMINAÇÃO DO ESPÍRITO
CRÍTICO).
 Para disputar um espaço sempre maior no mercado, os produtos são naturalmente
levados a cultivar a preguiça e o comodismo dos consumidores, desencorajando-os de
quaisquer esforços de inquietação consequente ou questionamento ousado.
Desenvolve-se uma produção que, no conjunto, evita estimular a reflexão de seus
destinatários, produzindo-lhes na sensibilidade impactos anestesiadores e atrofiando-
lhes a imaginação. (EFEITOS DA INDÚSTRIA CULTURAL >>>> COLONIZAÇÃO DOS
SENTIDOS)
 Na época do capitalismo liberal, os trabalhadores eram brutalmente explorados nas
fábricas e tinham pouco tempo para a diversão e para a cultura. Sob o capitalismo
tardio, o tempo para a cultura e a diversão pode ter aumentado, porém passou a
sofrer uma interferência cada vez maior por parte da lógica do sistema. (Capitalismo
liberal e capitalismo tardio)
 ADORNO: Os costumes se tornam mais cruamente utilitários, as pessoas dispensam as
delicadezas no trato de umas com as outras. “A objetividade nas relações humanas,
que acaba com toda ornamentação ideológica entre os homens, tornou-se ela própria
uma ideologia para tratar os homens como coisas" (Adorno, 1992, p. 35). (IDEOLOGIA
>>> REIFICAÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS)
 A convicção de Adorno é sempre a de que a falsidade da ideologia passa a ser
perversamente mais importante à medida que ela, a ideologia, alimenta a pretensão
de corresponder à realidade. E essa pretensão se fortalece ao máximo quando o
sujeito é induzido a crer que alcançou uma visão global satisfatória, um conhecimento
confiável do todo, do conjunto articulado das coisas compreendidas. (FALSIDADE DA
IDEOLOGIA >>> SUJEITO É ILUDIDO, ELE PASSAR A CRER QUE ALCANÇOU UMA VISÃO
GLOBAL SATISFATÓRIA)
 A indústria cultural conferiu poderes avassaladores à capacidade que a ideologia
dominante possui de induzir o pensamento, a atenção e mesmo o olhar, a percepção,
para os pontos por ela iluminados. A indústria cultural possibilitou, no século XX, a
criação e o funcionamento de sociedades totalmente administradas, que já não
precisam se empenhar em justificar suas prescrições e imposições: a massa dos
consumidores tende a aceitá-las passivamente, considerando-as normais, legitimadas
pelo simples fato de existirem. Num dos ensaios de Prismas, em 1951, Adorno
escreveu: “A ideologia, a aparência socialmente necessária, é hoje a própria sociedade
real" (Adorno, 1962) (INDÚSTRIA CULTURAL >> IDEOLOGIA >>> PASSIVIDADE DOS
CONSUMIDORES >>> ELIMINAÇÃO DA CRÍTICA).
 ADORNO: O filósofo afirma que nas condições atuais desapareceu a velha distinção
entre episteme e doxa, isto é, entre conhecimento e opinião. Para a ideologia
dominante, tudo é opinião, mas algumas opiniões são falsas e outras são corretas. O
poder de persuadir os indivíduos das opiniões corretas está ligado à capacidade da
ideologia dominante de se apoiar em todo um vasto sistema educativo, em toda uma
organização da formação cultural corrompida que é proporcionada ao amplo público
consumidor. (IDEOLOGIA >>> ELIMINAÇÃO DA DISTINÇÃO ENTRE EPISTEME E DOXA
>>> TUDO É OPINIÃO >>> FORMAÇÃO CULTURAL CORROMPIDA)
 ADORNO: Todas as expressões humanas são ideológicas, todas - inclusive as obras de
arte- são desqualificadas como formas de uma falsa consciência. E Adorno concluía:
"Se a ideologia é consciência socialmente falsa, a simples lógica permite concluir que
nem todas as formas de consciência são ideológicas". (NEM TODAS AS FORMAS DE
CONSCIÊNCIA SÃO IDEOLÓGICAS).
 Em Dialética negativa, o filósofo reassume seu ponto de vista segundo o qual é pela
negação que o pensamento pode pretender – sem garantias! – escapar à ideologia.
(FUGA DA IDEOLOGIA: NEGAÇÃO DO PENSAMENTO)
 Adorno vê o mundo atual como um cenário de pesadelo, uma enorme prisão ao ar
livre, algo que se aproxima cada vez mais da percepção da realidade por parte de um
sujeito posto numa situação de crise, num caso de paranóia. (PESSIMISMO DE
ADORNO)
 A ideologia dominante é obrigada a insistir na positividade exatamente porque está
empenhada em evitar que, pela negação, as pessoas tomem consciência de quanto o
quadro da realidade constituída é negativo. "Se a ideologia hoje, mais do que nunca,
incita o pensamento à positividade, é precisamente porque sabe que ele não encontra
no real razões para ser positivo e percebe, maliciosamente, que ele precisa ser
estimulado pela autoridade a se adaptar à positividade" (Adorno, 1972,vr,p. 30). (A
IDEOLOGIA DOMINANTE É OBRIGADA A INSISTIR NA POSITIVIDADE >>> FINALIDADE:
EVITAR QUE AS PESSOAS TOMEM CONSCIÊNCIA).
 A esperança está numa negação que preserve o poder questionador da vida espiritual
e que impeça a consciência de se satisfazer, ingenuamente, consigo mesma. Sempre
que a razão se fixar em seus produtos, em suas construções abstratas, ela estará
contrariando o sentido do pensar e estará se tornando irracional. O próprio conceito
de identidade é considerado o ponto de partida das distorções ideológicas: "A
identidade é a forma originária (die Urform) de ideologia" (ibidem, vr, p.132).
(ESPERANÇA >>> NEGAÇÃO QUE PRESERVE O PODER QUESTIONADOR DA VIDA
ESPIRITUAL) (“A IDENTIDADE É A FORMA ORIGINÁRIA DE IDEOLOGIA”)

 Adorno: ideologia >> propagada pelas campanhas publicitárias e pelos bens culturais
de consumo massivo, lentamente é introjetada pelos seus receptores e propicia que
eles tenham como verdadeiros e inabaláveis os valores que recebem passiva e
subliminarmente sem notar que eles pertencem a uma estrutura psicológica
maliciosamente projetada para mantê-los em tal estado de submissão.
 Causa e efeito da ideologia: exerce uma opressão psicológica, uma dominação a partir
de dentro, o que descamba em um esvaziamento da subjetividade e elimina com ela
qualquer possibilidade de atitude crítica que possa barrar ou amenizar este processo
de coisificação do mundo e das relações humanas e avaliação de todo o existente a
partir do ponto de vista da quantificação monetária e da possibilidade de lucro ou de
expansão de mercado consumidor. (IDEOLOGIA >>> OPRESSÃO PSICOLÓGICA >>>
ESVAZIAMENTO DA SUBJETIVIDADE >> IMPOSSIBILIDADE DE CRÍTICA
 IDEOLOGIA >>> empobrecimento das relações humanas que não vai permitir
considerar o outro enquanto tal, e sim como um mero instrumento ao sabor de sua
vontade. Isto ocasiona, na esfera das relações interpessoais, um enfraquecimento
infame da lealdade e da sinceridade, pois ensina a todos, ao longo de toda a vida, em
cada dia um pouco e a cada dia mais, que é necessário saber mentir, fingir e manipular
para poder ter o sucesso propagandeado pela ideologia de consumo. (IDEOLOGIA >>>
INCONSISTÊNCIA DAS RELAÇÕES HUMANAS)
 Através de um mecanismo psicológico que prefere uma mentira bem arquitetada a
uma verdade contundente, a indústria cultural forma as verdades convenientes
através dos meios de comunicação em massa e propaga a ideologia e o conjunto de
valores que mais lhe interessa. A verdade, então transformada em um exercício de
poder, serve com sua inverdade à dominação social mediante a propagação da
ideologia, que é tão opressiva quanto os antigos sistemas despóticos e transforma em
trabalho de Sísifo qualquer tentativa de uma verdade que se oponha a isso, pois ela
porta consigo tanto o ‘caráter do inverossímil como é, além disso, pobre demais para
entrar em concorrência com o aparato de divulgação altamente concentrado’
 o produto espiritual imbuído de ideologia serve, antes de tudo, como instrumento de
dominação de seus idealizadores sobre os seus consumidores e destinatários. A
ideologia é, portanto, um preconceito que passa a ter o status de verdade. ‘Com
efeito, a ideologia é justificação.’ (ADORNO, 1973, p. 191.) (IDEOLOGIA >>>
INSTRUMENTO DE DOMINAÇÃO)
 Um aspecto importante da ideologia é o psicológico. (ADORNO, 1973, p. 201 et seq.)
Assim, não cabe analisar especificamente o conteúdo da ideologia, pois este é vazio,
carece de bases argumentativas sólidas para serem atacadas e prescindem totalmente
de uma lógica, pois a ideologia age sobre a emoção humana. (IDEOLOGIA >>>
EMOÇÃO HUMANA >>> COLONIZAÇÃO DOS AFETOS)
 O estudo da ideologia está, portanto, não nos conteúdos dela, que nunca tiveram a
pretensão de ser argumentos justificáveis senão como um arremedo, e sim o contexto
e o processo nos quais se desenvolve, as necessidades que finge satisfazer e os
objetivos que almeja. (ESTUDO DA IDEOLOGIA >>> CONTEXTO, PROCESSO,
NECESSIDADES QUE FINGE SATISFAZER E QUAIS OBJETIVOS ALMEJA)
 IDEOLOGIA >>> APARÊNCIA SOCIALMENTE NECESSÁRIA

Benjamin

 BENJAMIN: manifestava um espírito cujas afinidades com o de Marx eram mais fortes
do que as da postura cultivada por Adorno.
 O conceito precisa ter disponibilidade para se comprometer com as diferenças
inesgotáveis que se manifestam na proliferação sempre perturbadora dos fenômenos
empíricos, grandes ou pequenos. Nenhum pormenor, nenhuma singularidade,
nenhum fragmento podem ser desperdiçados ou dissolvidos numa visão de conjunto
(que se tornaria, no caso, uma síntese harmonizadora, isto é, uma distorção ideológica
muito grave). Para Benjamin, o conceito precisa se aproximar da imagem. E, de certo
modo, a imagem dialética - que cristaliza o movimento de uma contradição, extraindo-
a do fluxo em que pode se dissolver e nos escapar - promove o encontro necessário
entre o conceito e a imagem.
 O trabalho do conhecimento nem sempre pode ser equilibrado e sereno: ele depende
de aventuras espirituais apaixonadas e apaixonantes, capazes de proporcionar
"iluminações profanas", capazes de romper a carapaça da ideologia, que de algum
modo aprisiona a consciência a uma esmagadora supremacia da continuidade sobre a
descontinuidade, na compreensão do movimento do real. (RELAÇÃO ENTRE
CONHECIMENTO E IDEOLOGIA) (IDEOLOGIA >> APRISIONA A CONSCIÊNCIA)
 As pessoas são induzidas a adotar critérios que implicam conivência com uma certa
percepção do tempo como algo linear, mecânico, homogêneo, vazio, anulador da
subjetividade, perfeitamente adequado à medida que os relógios lhe prescrevem. Os
indivíduos isolados pela competição desenfreada, típica da sociedade burguesa, não
dispõem mais de condições para digerir suas experiências, à luz de uma sabedoria
acumulada pela comunidade, como faziam os homens de antigamente: são
bombardeados por choques que precisam ser imediatamente assimilados.
(IDEOLOGIA, EXPERIÊNCIAS SUBJETIVAS E TEMPO)
 A aura que existia em torno das obras de arte originais (como manifestação de uma
realidade distante, mesmo quando próxima) tende a desaparecer. No lugar dela,
cresce o "valor de exposição", ligado à possibilidade de que as criações artísticas
reproduzidas em ampla escala sejam postas imediatamente ao alcance de um número
enorme de pessoas. (IDEOLOGIA E ARTE)
 Nas condições atuais, o capitalismo aproveita a "reprodutibilidade técnica" da
produção artística para fins de lucro, impondo-lhe critérios utilitários, imediatistas, que
resultam na sua banalização. (REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA >> CAPITALISMO >>>
BANALIZAÇÃO DA ARTE)
 A dimensão histórica - absolutamente essencial à possível vitória do conhecimento
sobre a ideologia - é sacrificada pela distorção ideológica típica do chamado
historicismo: as pessoas que olham para o passado são levadas a se identificar, por
empatia, com os vencedores, quer dizer, com aqueles que têm levado a melhor nos
conflitos. Em outras palavras: são levadas a se identificar com os privilegiados, com os
opressores. A interrupção dessa má continuidade - segundo Benjamin - depende da
nossa disposição para "escovar a história a contrapelo" (Benjamin, GS I, 2).
(DISTORÇÃO IDEOLÓGICA >>> HISTORICISMO >>> AS PESSOAS SÃO LEVADAS A SE
IDENTIFICAR COM OS OPRESSORES)
 Benjamin é, decididamente, um pensador da ruptura, hostil a qualquer determinismo,
a qualquer evolucionismo. Para ele, as noções de progresso e desenvolvimento são
ideológicas. A história se baseia num tempo incompleto, inacabado, que em si mesmo
é uma exigência de mudança. O passado jamais se entrega imediatamente a nós, por
isso devemos considerar ideológica a pretensão de estabelecer "o que efetivamente
aconteceu". Nosso ponto de partida é o tempo-de-agora (Jetztzeit); é nele que
tomamos consciência da nossa temporalidade e é com base nele que podemos nos
relacionar em termos novos com o passado. (IDEOLOGIA E HISTÓRIA) (IDEOLOGIA >>
NOÇOES DE PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO)
 Na rememoração, o que é rememorado é dito, isto é, se expressa na linguagem. A
História, segundo Benjamin, depende da rememoração, o que significa que ela
depende da linguagem. Mas a rememoração, em si mesma, e a linguagem - por
essenciais que sejam - não bastam para transformar o mundo A emancipação humana,
a saída do inferno do capitalismo, depende de uma intervenção política, de uma ação
material. O capitalismo, advertia o filósofo, não vai morrer de morte natural: cabe aos
homens que o combatem a iniciativa de liquidá-lo (REMEMORAÇÃO >>> LINGUAGEM
>>> HISTÓRIA >>> NECESSIDADE DE PRÁXIS)
 Para tomarem a imprescindível iniciativa e se lançarem à práxis, os homens precisam
possuir uma forte convicção e precisam estar possuídos por ela. Deve ser, portanto,
uma convicção grande, capaz de canalizar para a ação todas as energias libertárias
disponíveis. Deve ser um movimento suficientemente vigoroso para recuperar
simbolicamente tudo que foi dito e feito, tudo que foi desejado e pressentido pelos
rebeldes do passado, pelos que se revoltaram contra a injustiça e buscaram justiça.
Um movimento que alcança uma dimensão na qual é possível à revolução honrar seus
prenunciadores e vingar o que se passou com eles. (PRÁXIS >>> CONVICÇÃO >>
ENERGIAS LIBERTÁRIAS >>> REBELDES DO PASSADO >>> REVOLUÇÃO)
 IDEOLOGIA EM BENJAMIN >>> Agravamento da situação dos consumidores da
produção cultural no século XX, denunciando as novas e poderosas formas de
distorção ideológica de que esses consumidores eram vítimas.
 Apesar da denúncia da gravidade das novas formas de distorção ideológica, Benjamin
realizou um imenso esforço no sentido de discernir elementos pelos quais o
conhecimento podia avançar. Em sua abordagem da questão da ideologia, ele
procurava tanto reconhecer a ideologia infiltrada no conhecimento como discernir
elementos importantes de conhecimento lutando para abrir caminho no próprio
campo da ideologia. (IDEOLOGIA E ELEMENTOS DO CONHECIMENTO)

Habermas

 Para o autor de A técnica e a ciência como "ideologia", o trabalho, analisado com


perspicácia por Marx, é uma atividade essencial para a sobrevivência do gênero
humano: é uma atividade instrumental, que obedece a regras técnicas, fundadas sobre
um saber empírico. Desenvolve-se no âmbito da relação sujeito/objeto. A interação,
entretanto, é uma atividade de comunicação entre sujeitos, mediatizada por símbolos.
(CONCEPÇÃO DE TRABALHO DE HABERMAS)
 A intervenção do Estado se apresenta como resultante de uma demanda da sociedade.
O discurso tecnocrático se apresenta como constatação óbvia de uma lógica evidente.
As massas se deixam despolitizar, as pessoas se autocoisificam voluntariamente. A
ideologia não precisa se impor de cima para baixo, porque funciona como se estivesse
implícita na consciência da população despolitizada. (IDEOLOGIA E DISCURSO
TECNOCRÁTICO)
 Os antagonismos de classe não são suprimidos, porém são mantidos latentes, quer
dizer, não tendem a explodir. O sistema neutraliza a oposição das massas através de
compensações gratificantes e inviabiliza a canalização das revoltas e protestos de
grupos em um processo revolucionário de transformação global da sociedade.
(SISTEMA NEUTRALIZA OS CONFLITOS)
 Cria-se uma nova forma de legitimação diferente da forma da antiga ideologia, em
sentido restrito: é uma forma de legitimação que dispensa o recurso à ilusão de
proporcionar a todos uma ilusão romântica de satisfação de seus desejos e interesses.
Sua função continua sendo a de - como a antiga ideologia - impedir que sejam
efetivamente questionados os fundamentos da sociedade. No entanto, os meios de
que se serve são outros: com um discurso franco e sóbrio, ela mobiliza a técnica e a
ciência para atender às necessidades dos seres humanos como indivíduos privados
(induzindo-os, paralelamente, a um comportamento puramente adaptativo) e os
convoca a se acumpliciarem - por omissão, em geral, porém às vezes fazendo
pequenos sacrifícios - com a direção da política econômica que está sendo adotada.
(NO QUE O CONCEITO DE IDEOLOGIA DE HABERMAS DIFERENCIA-SE E MANTÉM-SE
FIEL AO CONCEITO ORIGINAL)
 Com esse predomínio da consciência tecnocrática, segundo o autor de A técnica e a
ciência como " ideologia", temos uma forma de legitimação do existente que "é mais
irresistível e vai muito mais longe do que as ideologias do tipo antigo" (ibidem, p. 55).
De certo modo, ela é ideologia, mas de fato já não é mais apenas ideologia. Por isso,
no título do livro, a palavra ideologia aparece entre aspas. (CONSCIÊNCIA
TECNOCRÁTICA >>> VAI ALÉM DO CONCEITO DE IDEOLOGIA CLÁSSICO).
 Núcleo ideológico da consciência tecnocrática hegemônica: Habermas sustenta que
esse núcleo consiste na "eliminação da diferença entre a prática e a técnica" (ibidem,
p.58). Todas as formas de prática - inclusive as ações morais e as que se realizam na
esfera da ação comunicativa - tendem a ser reduzidas a técnicas. A ciência deixa de ter
virtudes éticas e educativas e se tecniciza. Passa a ser uma ciência que não se dispõe
mais a refletir criticamente sobre si mesma. (NÚCLEO IDEOLÓGICO >> ELIMINAÇÃO DA
DIFERENÇA ENTRE A PRÁTICA E A TÉCNICA) (CIÊNCIA PERDE TODA SUA DIMENSÃO
CRÍTICA E SE TECNICIZA)
 Entre os novos conceitos, Habermas propôs o de "mundo da vida”. Em sua história, os
seres humanos têm precisado organizar as atividades produtivas que lhes asseguram a
sobrevivência, e também têm precisado organizar a sociedade, as instituições e os
conhecimentos. Essa organização constitui o sistema. O mundo da vida é a realidade
inesgotável das vivências humanas, uma realidade que não cabe no sistema.
(CONCEITO HABERMAS: MUNDO DA VIDA)
 A razão instrumental se desenvolve em função das necessidades do sistema, porém
somente a razão comunicativa pode se abrir para a inesgotabilidade do mundo da
vida. (RAZÃO INSTRUMENTAL E RAZÃO COMUNICATIVA)
 A ideologia embutida na consciência tecnocrática dominante conseguiu promover um
esgotamento das energias utópicas, e o sistema consegue legitimar formas
constrangedoramente antidemocráticas de desigualdade e de dominação. (IDEOLOGIA
E ESTADO >>>> LEGITIMAÇÃO DE DESIGUALDADE E DOMINAÇÃO) (IDEOLOGIA >>
ESGOTAMENTO DAS ENERGIAS UTÓPICAS)
 Na origem desse fenômeno, segundo Habermas, está o paradigma da "filosofia do
sujeito", um modo de pensar que desde Hegel se apoia numa enfática valorização da
subjetividade como princípio ("o Absoluto é sujeito"). (ORIGEM DO FENÔMENO:
HEGEL E O SUJEITO ABSOLUTA >>> ENFÁTICA VALORIZAÇÃO DA SUBJETIVIDADE COMO
PRINCÍPIO)
 "O paradigma do conhecimento de objetos tem de ser substituído pelo paradigma da
compreensão mútua entre sujeitos capazes de falar e agir" (idem'p'276). Se a reflexão
insistir em tomar como seu ponto de partida a subjetividade, e não a
intersubjetividade, a interação linguisticamente mediada, então ela, a reflexão, não
conseguirá contribuir para a efetiva emancipação dos seres humanos, no âmbito do
mundo da vida. (RAZÃO COMUNICATIVA >>> INTERSUBJETIVIDADE >>>
COMPREENSÃO MÚTUA >>> REFLEXÃO PARA EMANCIPAÇÃO NO ÂMBITO DO MUNDO
DA VIDA)
 Nas atuais circunstâncias, a ideologia constituída pelo predomínio da consciência
tecnocrática facilita a invasão constante e violenta da esfera da comunicação entre
sujeitos por motivações ligadas exclusivamente à razão instrumental. Com isso, ela
vem não só causando graves danos à institucionalização dos avanços das liberdades e
sérios prejuízos ao encaminhamento das aspirações à igualdade, como também vem
acarretando profundas destruições na própria esfera da linguagem. Habermas se
caracteriza, politicamente, como um reformista radical. Ele sustenta a ideia de que o
pensamento crítico precisa se ligar ao inconformismo, orientando-o no sentido da
busca de uma situação de comunicação (intersubjetividade) "isenta de dominação",
como seria a "situação ideal de fala", na qual os falantes, sem se cercearem uns aos
outros, poderiam assegurar condições livres de expressão para todos, porque cada um
teria interesse em ser mais bem compreendido e em compreender melhor os demais.
(IDEOLOGIA >>> FACILITA A INVASÃO CONSTANTE E VIOLENTA DA ESFERA DA
COMUNICAÇÃO ENTRE SUJEITOS POR MOTIVAÇÕES LIGADAS EXCLUSIVAMENTE À
RAZÃO INSTRUMENTAL.)
 Como descendente da tradição hegeliano-marxista, preserva a crítica das ideologias,
adotando-a como modelo de uma "hermenêutica da suspeita”.

Érico

 Ideologia do vencedor
 Loser: Trata-se de pessoas que não são mais capazes de agirem por si, se
determinarem e estão, por conseguinte, resignadas a seguirem os outros. São pessoas
que se anonimatizam. Elas continuam acreditando no autocontrole, cumprem a função
ideológica de propagar o ideal liberal, materializada no sistema capitalista, mas não se
reconhecem como capazes de dar conta desse tipo de investimento. No limite perdem
a sua própria condição de cidadão para serem a antítese do que socialmente se deseja.
 O loser não é, insisto, um desempregado, mas uma categoria que nucleia diversos
afetos ligados, sobretudo, a uma forma de melancolia em virtude da qual os
indivíduos, quando entram em colapso quanto ao seu florescimento, afundam numa
mesmidade sem fim. O loser é quem perde o domínio de si e, por conseguinte, do
tempo e passa a se subjetivar como alguém que não pode mais constituir uma
identidade própria e capaz de determinar-se por si só; capacidade de ser autônomo. O
óbice à construção de identidade é a perda da autonomia e mais radicalmente a perda
do desejo pela autonomia. O loser perde a identidade para assumir a forma de um
impessoal.

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