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PROCESSO: 48500.

001354/2012-17

INTERESSADOS: Líder Comércio de Baterias Ltda. e Companhia Piratininga de Força e Luz - CPFL
Piratininga.

RELATOR: Diretor André Pepitone da Nóbrega.

RESPONSÁVEL: COMISSÃO TÉCNICA DE AVALIAÇÃO DE PROCESSOS E DIRETORIA.

ASSUNTO: Recurso interposto pela empresa Líder Comércio de Baterias Ltda. contra decisão proferida pela
Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo - ARSESP, referente à cobrança por
consumo de energia elétrica não faturada efetuada pela Companhia Piratininga de Força e Luz - CPFL
Piratininga.

I-RELATÓRIO

Trata-se de processo administrativo originado na Agência Reguladora de Saneamento e


Energia do Estado de São Paulo - ARSESP, em 29 de setembro de 2011, tendo como partes a empresa Líder
Comércio de Baterias Ltda. e Companhia Piratininga de Força e Luz - CPFL Piratininga..

2. Em 7 de janeiro de 2011 a CPFL Piratininga realizou inspeção na unidade consumidora de


titularidade da Líder Comércio de Baterias e constatou ”[...] medidor estava com lacres de uso, contudo com
as bobinas de potencial de duas fases interrompida devido a carga de corrente contínua injetada de forma
intencional no ramal de ligação sem o rompimento dos devidos lacres”, conforme descrito no Termo de
Ocorrência de Irregularidade - TOI.

3. No Relatório de Avaliação Técnica do medidor, efetuado em 16 de agosto de 2011, foi


observado “[...] medidor com lacres intactos; bobinas de potencial danificadas, comprometendo o
funcionamento do medidor”.

4. A CPFL Piratininga cobrou, com base no inciso V do artigo 130 da Resolução no 414, de
2010, utilizando o consumo base mensal de 2.358 kWh, registrado no mês de fevereiro de 2012, o montante
de 10.375 kWh, equivalente às diferenças entre os valores apurados e faturados, acrescidas de 30% a título
de custo administrativo (art. 73 da Resolução no 456, de 2000), pelo período de agosto de 2010 a janeiro de
2011, totalizando o valor de R$ 5.227,19.
5. Em 14 de abril de 2011 o Consumidor encaminhou reclamação à Ouvidoria da ARSESP,
requerendo: (i) a realização de perícia técnica pelo IPEM, a fim de esclarecer se as bobinas de potencial
estão realmente queimadas, e de que forma ocorreu a queima; (ii) ser informado da data da realização da
avaliação do medidor; (iii) o cancelamento do custo administrativo; e (iv) o cancelamento da cobrança em
vista da não comprovação de fraude no medidor.

6. A ARSESP, em 3 de novembro de 2011, julgou improcedente a manifestação do reclamante


acerca da invalidação do TOI lavrado pela CPFL Piratininga.

7. Em 3 de janeiro de 2012 o Reclamante interpôs recurso administrativo junto à ARSESP, por


meio do qual solicitou a invalidação da cobrança.

8. Em 31 de janeiro de 2012, a ARSESP manteve a sua decisão no âmbito do juízo de


reconsideração e encaminhou o expediente à Diretoria da ANEEL para análise e deliberação.

9. A Comissão Técnica de Avaliação de Processos, instituída pela Portaria no 524, de 2007,


após o reexame das análises técnicas e jurídicas do caso, em consenso, instruiu 1 o processo para
deliberação e decisão desta Diretoria.

II – F U N D A M E N T A Ç Ã O

10. A unidade consumidora em questão é atendida pela CPFL Piratininga em tensão secundária
com ligação trifásica, classificada como comercial, tendo como titular a empresa Líder Comércio de Baterias.

11. Quando da inspeção na unidade consumidora e consequente lavratura do TOI, a


Concessionária constatou que tanto a caixa de medição como o medidor estavam lacrados, no entanto
verificou que a bobina de potencial de duas fases estava queimada, supostamente pela injeção intencional de
uma fonte de corrente contínua nos bornes do medidor.

12. Com vistas a verificar se a queima das bobinas de potencial se deu devido ao uso intencional
de artifícios irregulares ou devido simplesmente a um defeito intrínseco no medidor, a Concessionária
providenciou o Laudo de Verificação do medidor. O Laudo concluiu que os dois lacres de aferição do medidor

1 Despacho no 89/2012, de 26 de junho de 2012.


estavam intactos, e que o medidor apresentava a bobina de potencial danificada, sem, no entanto, apontar
como se deu a referida queima.

13. Nesse contexto, dado que todos os lacres (aferição, bornes e caixa de medição) estavam
intactos e que no Laudo ficou evidente que a queima se deu de modo intencional, não se pode inferir a
existência de um procedimento irregular no medidor, nos termos do art. 129 da Resolução no 414, de 2010, já
em vigência quando da lavratura do TOI.

14. Adicionalmente, destaca-se que, quando da realização do Laudo de Verificação do medidor


em 16 de agosto de 2011, a Concessionária já deveria observar o § 7o do art. 129 da Resolução no 414, de
2010, o qual estipula que a distribuidora deve comunicar ao consumidor, por escrito, mediante comprovação,
com pelo menos dez dias de antecedência, o local, data e hora da realização da avaliação técnica, para que
ele possa, caso deseje, acompanhá-la pessoalmente ou por meio de representante nomeado.

15. Mesmo com a solicitação expressa do Consumidor para que fosse informado sobre a data
que seria realizada a avaliação do medidor, em 14 de abril de 2011 a Concessionária efetuou o Laudo sem
prestar a informação ao Consumidor.

16. Assim, conclui-se que o conjunto probatório apresentado pela Concessionária não é
suficiente para caracterizar procedimento irregular e permitir recuperação de receita nos termos dos arts. 129
e 130 da Resolução no 414, de 2010.

17. Não obstante, visto que não foi constatada a violação do medidor, a observação no TOI de
que a bobina de potencial estava queimada em conjunto com a análise do histórico de consumos são
suficientes para caracterizar a deficiência na medição, nos moldes do art. 115 da Resolução no 414, de 2010.

Art. 115. Comprovada deficiência no medidor ou em demais equipamentos de medição, a


distribuidora deve proceder à compensação do faturamento de consumo de energia elétrica
e de demanda de potência ativa e reativa excedentes com base nos seguintes critérios:

I – aplicar o fator de correção, determinado por meio de avaliação técnica em laboratório,


do erro de medição;
II – na impossibilidade de determinar os montantes faturáveis pelo critério anterior, utilizar
as respectivas médias aritméticas dos valores faturados nos 12 (doze) últimos ciclos de
faturamento de medição normal, proporcionalizados em 30 (trinta) dias, observado o
disposto no § 1o do art. 89; ou
III – no caso de inviabilidade de ambos os critérios, utilizar o faturamento imediatamente
posterior à regularização da medição, observada a aplicação do custo de disponibilidade,
conforme disposto no art. 98.
§ 1º O período de duração, para fins de cobrança ou devolução, deve ser determinado
tecnicamente ou pela análise do histórico dos consumos de energia elétrica e demandas de
potência.
§ 2º Os prazos máximos para fins de cobrança ou devolução devem observar o disposto no
art. 113.
[...]
§ 6º A distribuidora deve parcelar o pagamento em número de parcelas igual ao dobro do
período apurado ou, por solicitação do consumidor, em número menor de parcelas,
incluindo as parcelas nas faturas de energia elétrica subsequentes.

18. Para proceder à compensação do faturamento de consumo de energia elétrica no presente


caso, não se pode aplicar o fator de correção previsto no Inciso I do art. 115, visto que ao consumidor não foi
oportunizado presenciar a aferição do medidor. O Inciso II desse art. também não se mostra viável, pois o
consumo de energia praticamente dobrou após a troca do medidor.

19. Diante da impossibilidade de utilizar os critérios anteriores, a Concessionária deve utilizar o


critério estabelecido no Inciso III. Desta forma, a compensação do faturamento adotando o critério do Inciso III
do art. 115, da Resolução no 414, de 2010, utilizando como base o consumo de 2.358 kWh registrado no mês
de fevereiro/2011, limitando-se a cobrança a apenas três ciclos de faturamento, conforme estipula o § 2o do
art. 115, estima-se o consumo devido de 7.074 kWh. Deduzindo-se os consumos já faturados no período (100
+ 1.365 + 1.273 = 2.738 kWh), resulta em um total de 4.336 kWh de consumo a ser recuperado.

20. Portanto, acompanho a recomendação da Comissão Técnica de Avaliação de Processos, por


meio do Despacho no 89/2012, para: (i) conhecer e dar provimento parcial ao recurso interposto pela Líder
Comércio de Baterias Ltda.; (ii) reformar a decisão exarada pela ARSESP no sentido de: (a) determinar que a
CPFL Piratininga cancele a cobrança da diferença de consumo de 10.375 kWh, em decorrência da não fiel
caracterização da mesma; e (b) permitir que a CPFL Piratininga proceda à compensação de faturamento
devido à deficiência constatada no medidor da diferença de consumo de 4.336 kWh, com base no Inciso III do
art. 115 da Resolução no 414, de 2010, devendo parcelar o pagamento em 6 (seis) parcelas ou, por
solicitação do consumidor, em número menor de parcelas, incluindo as parcelas nas faturas de energia
elétrica subsequentes, conforme o § 6o do art. 115 da Resolução no 414, de 2010.

III – D I R E I T O

21. A legalidade do assunto em análise encontra amparo nas seguintes normas:


a) Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal;
b) Resolução no 273, de 10 de julho de 2007, que substitui a Resolução no 233, de 14 de
julho de 1998, e que aprova a Norma de Organização ANEEL – 001; e
c) Resolução no 414, de 15 de setembro de 2010, que estabelece as Condições Gerais de
Fornecimento de Energia Elétrica.

IV – D I S P O S I T I V O

22. Diante dessa análise, considerando o que consta do Processo no 48500.001354/2012-17,


voto por: (i) conhecer e dar provimento parcial ao recurso interposto pela Líder Comércio de Baterias Ltda.; (ii)
reformar a decisão exarada pela ARSESP no sentido de: (a) determinar que a CPFL Piratininga cancele a
cobrança da diferença de consumo de 10.375 kWh, em decorrência da não fiel caracterização da mesma; e
(b) permitir que a CPFL Piratininga proceda à compensação de faturamento devido à deficiência constatada
no medidor da diferença de consumo de 4.336 kWh, com base no Inciso III do art. 115 da Resolução no 414,
de 2010, devendo parcelar o pagamento em 6 (seis) parcelas ou, por solicitação do consumidor, em número
menor de parcelas, incluindo as parcelas nas faturas de energia elétrica subsequentes, conforme o § 6o do
art. 115 da Resolução no 414, de 2010.

Brasília, 10 de julho de 2012.

ANDRÉ PEPITONE DA NÓBREGA


Diretor
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL

DESPACHO Nº , DE DE JULHO DE 2012

O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA –


ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, com fulcro no art. 42 do anexo à Resolução
Normativa no 273, de 10 de julho de 2007, em conformidade com deliberação da Diretoria e o que
consta no Processo no 48500.001354/2012-17, resolve: (i) conhecer e dar provimento parcial ao
recurso interposto pela Líder Comércio de Baterias Ltda.; (ii) reformar a decisão exarada pela
ARSESP no sentido de: (a) determinar que a CPFL Piratininga cancele a cobrança da diferença de
consumo de 10.375 kWh, em decorrência da não fiel caracterização da mesma; e (b) permitir que a
CPFL Piratininga proceda à compensação de faturamento devido à deficiência constatada no
medidor da diferença de consumo de 4.336 kWh, com base no Inciso III do art. 115 da Resolução no
414, de 2010, devendo parcelar o pagamento em 6 (seis) parcelas ou, por solicitação do
consumidor, em número menor de parcelas, incluindo as parcelas nas faturas de energia elétrica
subsequentes, conforme o § 6o do art. 115 da Resolução no 414, de 2010..

NELSON JOSÉ HUBNER MOREIRA

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