Sei sulla pagina 1di 35

A Criminologia e sua importância na atividade policial

Rafaelle Jhonathas de Sousa Guimarães

Resumo: O crime é algo que inquieta e desestabiliza a paz social. O estudo e


compreensão da ciência criminológica busca agregar uma visão ampliada dos diversos
fatores desencadeadores do delito e tem sido propagada cada vez mais no processo de
formação dos servidores da segurança pública, porquanto estimula a interação da teoria
adquirida nos bancos acadêmicos para estar suficientemente preparado para o
enfrentamento da realidade prática das ruas.

Palavras-chave: Criminologia. Segurança pública. Atividade policial.

Sumário: 1. Introdução 2. Apontamentos acerca da criminologia 3. Relevância


na atividade policial 4. Conclusão

1. INTRODUÇÃO

O Estado por meio de seu sistema de justiça criminal tem fracassado em


sua missão precípua de prevenção e enfrentamento à criminalidade. As
estatísticas a cada ano mostram que a nomorreia penal, ou seja, a expansão da
tipificação penal e o recrudescimento das penas, têm se mostrado ineficazes na
prevenção delitiva. Prova disso é o aumento vertiginoso dos crimes hediondos e
do tráfico de drogas, que após a vigência da legislação específica destes crimes,
acreditava-se que haveria uma contenção, fato que não ocorreu.

O tópico Criminologia se faz presente na rotina acadêmica dos


profissionais de segurança pública, ministério público e magistratura, sendo
expandida para os melhores cursos de Direito, Psicologia e para a seara dos
concursos públicos em geral. A inserção do seu estudo denota a preocupação
de melhor entender causas e fatores que desencadeiam o fenômeno delitivo,
principalmente por parte das instituições envolvidas na justiça criminal, em
especial o policial, face o seu envolvimento direto no combate à criminalidade.
A partir da sua compreensão, é possível captar o porquê certas políticas
de enfrentamento se mostram ineficazes e inserir novos estudos que são
determinantes nas causas do fenômeno delitivo, trama que desde os primórdios
da sociedade, têm avançado e se propagado em suas diversas modalidades.
Coadjuva com outras ciências e disciplinas correlatas em razão da sua
característica interdisciplinar e integradora.

A tríade das ciências criminais, Criminologia, Direito Penal e Política


Criminal, mantêm interação, cada qual respeitando seus métodos e objetivos
diferenciados, não se distanciando do intento comum, a compreensão do crime.
Cabe à Criminologia coordenar e integrar conhecimentos a respeito do delito, do
criminoso, do controle social a outras ciências afins, como a biologia, psicologia
ou sociologia. Ao estudá-los de forma cientifica, visam a sua prevenção e
interferência no homem delinquente. Ocupa-se do crime enquanto fato.

Noutra ponta, a Política Criminal é o elo entre o direito penal e a


criminologia, trabalhando estratégias e meios de controle social, pois está
incumbida de analisar as causas do crime e os efeitos da pena, propiciando ao
poder público opções científicas pertinentes para conter a criminalidade. É,
portanto, uma disciplina que dia-a-dia aponta mecanismos de prevenção como,
por exemplo, mais policiamento ostensivo em determinado ponto estratégico,
com vistas a coibir pequenos furtos e roubos, ampliação de iluminação pública
em logradouros reduzindo a incidência de estupros etc.

O direito penal por sua vez, é a ciência normativa do "dever ser", que visa
a proteção de bens essenciais ao convívio em sociedade, não realizando uma
diagnose do fenômeno criminal. Este apenas cria normas e aplica penas,
buscando desmotivar o cometimento de comportamentos criminosos. Analisa os
fatos humanos indesejados, definindo quais devem ser crime ou contravenção e
estabelecendo a respectiva pena. Ocupa-se do crime enquanto norma e se
preocupa unicamente com a dogmática, isto é, com o crime enquanto fato
descrito na norma legal para descobrir a adequação típica.
2. APONTAMENTOS ACERCA DA CRIMINOLOGIA

Diante desse breve intróito, faz-se necessário estabelecer um conceito de


criminologia. É a ciência experimental e plural que possui como objetivo o estudo
do crime, criminoso, vítima e o controle social no comportamento delitivo. Busca
compreender a dinâmica do crime e intervir nesse processo com o intuito de
dissuadir o agente de praticar o crime. Apresenta ainda mecanismos de combate
à problemática da criminalidade, harmonizando com outras ciências
correlacionadas, no intuito de realizar troca de conhecimentos, em especial com
a Medicina Legal, a Psicologia, o Direito e a Biologia.

Entre os estudiosos do tema há vários conceitos e em diversas obras.


NUCCI, 2009. p. 60, por exemplo, enuncia que criminologia “É a ciência que se
volta ao estudo do crime, como fenômeno social, bem como do criminoso, como
agente do ato ilícito, em visão ampla e aberta”.

Sem se distanciar muito da ideia acima, o ínclito Delegado de Polícia


Nestor Sampaio explana de forma mais ampla:

“A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por


Paul Topnard e aplicada internacionalmente por Raffaele
Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. Pode-se
conceituar criminologia como a ciência empírica (baseada na
observação e experiência) e interdisciplinar que tem por objeto
de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento
delitivo, da vítima e o controle social das condutas criminosas. A
criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que
seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível
no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o
direito, que é uma ciência do “dever-ser”, portanto normativa e
valorativa”. (PENTEADO FILHO, 2013, p.21).

A interdisciplinaridade da criminologia é histórica, bastando evidenciar


que seus precursores foram o médico Lombroso, um jurista e também sociólogo
Ferri e um magistrado, o juiz Raffaele Garofalo. A interdisciplinaridade busca a
articulação de conhecimentos de várias outras ciências, inclusive não jurídicas,
sem hierarquia ou submissão, mas apenas com visões das diversas ciências e
profissionais que trabalham ladeados. Conta ainda, com o auxílio da geografia e
estatística, visto que se utilizam dos dados demográficos, taxas de natalidade,
migrações e mortalidade para sua compreensão e futuro mapeamento da
incidência delitiva.

A partir dos estudos e levantamentos de dados, possibilita informar a


sociedade, profissionais envolvidos e aos organismos estatais sobre o crime, o
criminoso, a vítima e o controle social, englobando um núcleo de conhecimentos
que permita compreender de forma científica a problemática criminal.

O delito é um fenômeno que preocupa a sociedade e está presente todos


os dias nas ruas e amplamente divulgada pela mídia sensacionalista e por vezes
tendenciosa, que incute ainda mais a sensação de vulnerabilidade aos cidadãos.

Como toda ciência, a criminologia se fundamenta em objetivos comuns e


seus estudos visam a identificação da gênese do crime, bem como a adoção de
medidas preventivas. Modernamente a Criminologia se preocupa com o delito, o
delinquente, a vítima e o controle social. No seu surgimento, os estudos
pairavam somente em relação ao crime e o criminoso. Na escola clássica,
denominada etapa pré-científica, não havia uma preocupação com a gênese
delitiva e nem na sua prevenção.

Já a escola positiva, baseada no método científico e empírico, simboliza


a passagem para a análise do mundo real e concreto. Preocupa-se com os
aspectos psicológicos e sociológicos, relacionando as investigações com auxílio
de outras ciências.

Para o direito penal, o crime está adstrito ao conceito de ação ou omissão


típica, ilícita e culpável. A sociologia o define como um desvio de conduta de
grande reprovabilidade. Por sua vez, a criminologia, vai além e não se contenta
com a definição jurídica e sociológica, sendo mais abrangente o seu
entendimento, porque o considera como um problema social e da comunidade.
O caráter comunitário se dá, já que os indivíduos envolvidos na trama criminal
advêm da mesma sociedade, devendo buscar os mecanismos causadores da
criminalidade e o seu enfrentamento.

O estudo do delinquente também se mostra objeto de interesse, pois ao


conhecer a sua personalidade e traçar características, pode-se compreender e
prevenir o comportamento delitivo. É imprescindível para combater algo
entender sua motivação, razões e de algum modo tentar modificá-los através da
cooperação entre o Direito Penal e a Criminologia.

Primitivamente a vítima ocupava um papel secundário para o direito penal.


Após o surgimento do saber criminológico o seu papel passou a ter relevância,
em especial na dosimetria da pena. A vitimologia permite estudar a criminalidade
com o viés do seu papel, pois irá colher informações das vítimas, fundamentais
para esclarecimentos de crimes cometidos com violência ou grave ameaça. A
vítima, portanto, tem um papel fundamental na estrutura do delito, em face dos
problemas de ordem moral e psicológica.

3. RELEVÂNCIA NA ATIVIDADE POLICIAL

O vulto do estudo da criminologia na formação dos agentes de segurança


pública deve ser franca e com o fim de melhor instruir, prevenir e reprimir o crime
desde sua gênese até os seus possíveis desdobramentos. Busca fornecer
informações seguras no intuito de nortear a política criminal e subsidiar as ações
pertinentes à Segurança Pública. Dessa forma, fica evidente a
imprescindibilidade de tal conhecimento aos atores desse nicho de atuação
estatal.

Sua compreensão permite implementar técnicas de investigação


baseadas em procedimentos e estabelecer uma espécie de engenharia reversa
do crime cometido, como por exemplo, na recognição visuográfica em sítios de
homicídio, que nada mais é do que a reconstituição da cena através de
fragmentos e vestígios deixados pelo agente delituoso, permitindo ao policial
elaborar o seu perfil criminológico. Marco Antonio Desgualdo elucida de forma
mais acertada sobre essa radiografia da cena delitiva:

“É a semente da futura investigação, depois de formalizada,


levando-se em consideração seu dinamismo e praticidade. Traz
em seu bojo desde o local, hora, dia do fato e da semana como
também condições climáticas então existentes, além de
acrescentar subsídios coletados junto às testemunhas e
pessoas que tenham ciência dos acontecimentos. Traz ainda à
colação minuciosa observação sobre o cadáver, identidade,
possíveis hábitos, características comportamentais sustentadas
pela vitimologia, além de croqui descritivo, resguardados os
preceitos estabelecidos no art. 6º, I, do Código de Processo
Penal”. (DESGUALDO, 1999 p.6).

Ademais, alerta e orienta que o policial conheça a comunidade no qual


está lotado além do espaço geográfico, buscando conhecer o nível
socioeconômico, a evasão escolar e dados econômicos do lugar onde ocorrem
os maiores índices de crimes, principalmente contra o patrimônio. A criminologia
permite um olhar amplo ao policial, uma vez que ao se deparar com a cena de
um delito, pode-se entender o modus operandi, desenvolver olhar apurado no
encontro dos rastros deixados pelo agente criminoso, podendo melhor
compreender as causas e traçar estratégias para coibir sua reincidência.

O agente deve se conscientizar que o discurso de que cada instituição


deve fazer a sua atribuição já não condiz com a realidade fática do momento. A
polícia é base do controle formal do crime e deve buscar entender os problemas
sociais na sua área de atuação ou circunscrição, colaborando e disseminando
políticas de educação e lazer com os jovens em situação de risco, aproximando
o poder estatal ao cidadão e, por conseguinte a comunidade que o rodeia.

“Os problemas de segurança são mais amplos do que as


questões de competência propriamente policial. Ou seja, nem
todos os problemas que afetam a Segurança Pública estão
contidos no espaço legal e legítimo de ação das polícias. Daí a
pertinência de incorporar outros atores no processo de produção
democrática da Segurança Pública. ” (MUNIZ 1999, p. 8).

Ainda quanto seu estudo, a elaboração das estatísticas criminais em


muito auxiliam na prevenção, visto que é descoberta a real incidência delitiva em
pontos específicos da cidade. A partir daí pode remanejar a alocação do
policiamento repressivo e preventivo especializados, dando maior visibilidade da
polícia para a sociedade. O crime é um fenômeno comunitário e a própria
comunidade deve estar engajada em ações propostas pela polícia.
4. CONCLUSÃO

Observa-se que somente a criação de mais normas penais e o


endurecimento de penas já não são mecanismos por si só eficazes no controle
delitivo. Todos possuem mea-culpa (União, Estados e Municípios) por terem se
mantido décadas silentes na crescente desigualdade e exclusão social,
principalmente com relação aos menos afortunados e moradores de bairros
periféricos.

Uma política penitenciária ultrapassada e que não respeita a


individualidade no tocante aos tipos de delitos, misturando pequenos punguistas
junto a traficantes e homicidas. A falta de empenho governamental na
fomentação de políticas enérgicas de segurança e a interferência política na
condução das secretarias de segurança pública, que geralmente são
encabeçadas por membros do Ministério Público, são concausas do fracasso.

No tocante à interferência política nas estruturas das secretarias de


segurança, com todas as vênias, os ilustres representantes do Ministério Público
possuem grande saber jurídico, mas pouco conhecimento da realidade policial e
administrativa de uma pasta tão estratégica.

O saber criminológico defende a implementação de uma polícia com o


viés comunitário e formação do agente de segurança pública como promotor de
mudanças na sua área de atuação, buscando práticas de inserção social e de
cidadania. A participação ativa da comunidade na busca de resolução de
conflitos e no controle informal. Neste sentido, torna-se fundamental para que o
aparato policial seja funcionalizado de forma a preservar, fomentar e assegurar
o exercício dos direitos à cidadania.

Entretanto há que se destacar que é necessária a participação de todos,


sociedade civil e estado imbuídos no controle formal e informal da criminalidade,
passando a não coadunar com pessoas que fazem do delito um modo de vida.
É notório que ainda existe ranso e desconfiança de certas camadas da
população no tocante a intervenção policial, principalmente em áreas
periféricas, dada a ausência do estado nesses núcleos sociais e daí surgirem
paradigmas distorcidos sobre a atividade repressiva, em razão de não
compreendem a forma enérgica de atuação em busca de traficantes, homicidas
e outros criminosos que aproveitam desses locais para se homiziarem. Não é
comum que criminosos prestem assistência aos moradores locais com o intuito
de criar uma falsa percepção de honestidade.

O relevo do seu estudo e compreensão na formação dos agentes de


segurança pública deve ser franca e com intuito de melhor instruir, prevenir e
reprimir o crime; Busca fornecer informações seguras no intuito de nortear a
política criminal e subsidiar as ações pertinentes à segurança pública. Dessa
forma, fica evidente a imprescindibilidade de tal conhecimento aos atores desse
nicho de atuação estatal, visto que propicia métodos científicos de técnicas
investigativas, preventivas e assistenciais visando estabelecer uma espécie de
engenharia reversa do crime, um perfil do criminoso e da vítima.

REFERÊNCIAS

DESGUALDO, Marco Antonio. Crimes contra a vida-recognição visuográfica


e a lógica na investigação. São Paulo: Acadepol, 1999.

MUNIZ, Jacqueline. Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser – Cultura e


cotidiano da PMERJ. Rio de Janeiro: IUPERJ, 1999.

NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de direito penal; parte geral e parte


especial. – 5. ed. – São Paulo;Editora Revista dos Tribunais, 2009.

PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio, Manual esquemático de criminologia. –


3 ed. – São Paulo: Saraiva, 2013.

Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-criminologia-e-sua-


importancia-na-atividade-policial,589122.html
O CRIME SEGUNDO LOMBROSO

Cesare Lombroso (1835-1909) foi um homem polifacético; médico,


psiquiatra, antropólogo e político, sua extensa obra abarca temas médicos
("Medicina Legal"), psiquiátricos ("Os avanços da Psiquiatria"), psicológicos ("O
gênio e a loucura"), demográficos ("Geografia Médica"), criminológicos
("L’Uomo delincuente).
Lombroso entende o crime como um fato real, que perpassa todas as
épocas históricas, natural e não como uma fictícia abstração jurídica. Como
fenômeno natural que é, o crime tem que ser estudado primacialmente em sua
etiologia, isto é, a identificação das suas causas como fenômeno, de modo a se
poder combatê-lo em sua própria raiz, com eficácia, com programas de
prevenção realistas e científicos.
Para Lombroso a etiologia do crime é eminentemente individual e deve
ser buscada no estudo do delinqüente. É dentro da própria natureza humana
que se pode descobrir a causa dos delitos.
Lombroso parte da idéia da idéia da completa desigualdade fundamental
dos homens honestos e criminosos. Preocupado em encontrar no organismo
humano traços diferenciais que separassem e singularizassem o criminoso,
Lombroso vai extrair da autópsia de delinqüentes uma "grande série de
anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta occipital média e uma
hipertrofia do lóbulo cerebeloso mediano (vermis) análoga a que se encontra
nos seres inferiores" .
Assim, surgiu a hipótese, sujeita a investigações posteriores, de que
haveria certas afinidades entre o criminoso, os animais e principalmente o
homem primitivo, que ele considerava diferente, psicológica e fisicamente, do
homem dos nossos tempos.
Lombroso empreende um longo estudo antropológico no seu livro
"L’Uomo delincuente" acerca da origem da criminalidade. Professando um
particular evolucionismo, Lombroso procura demonstrar que o crime, como
realidade ontológica, pode ser considerado uma característica que é comum a
todos os degraus da escala da evolução, das plantas aos animais e aos
homens; dos povos primitivos aos povos civilizados; da criança ao homem
desenvolvido. O "crime" teria como característica ser extremamente freqüente,
brutal, violento e passional nos níveis inferiores dessas escalas.
Assim Lombroso vai teorizar acerca dos equivalentes do crime nas
plantas e nos animais ("L’Homme Criminel, chapitre premier), a morte de
insetos pelas plantas carnívoras ("homicídio"), a morte para ter o comando da
tribo entre os cavalos, cervos e touros ("homicídio por ambição"), a fêmea do
crocodilo que mata seus filhotes que ainda não sabem nadar ("infanticídio"), as
raposas que se devoram entre si e algumas vezes mesmo devoram suas
progênitoras ("canibalismo e parricídio").
Entre os chamados "selvagens" ou "povos primitivos" Lombroso também
encontra a incidência generalizada do crime. O incremento excessivo da
população, comparativamente aos meios naturais de subsistência explicaria os
abortos e os infanticídios. São também comuns e frequentes segundo
Lombroso o homicídio dos velhos, das mulheres, dos doentes, os homicídios
por cólera, por capricho, de parentes por ocasião do funeral de morto
importante, por sacrifícios religiosos, os cometidos por brutalidade ou por
motivo fútil, os causados por desejo de glória etc..
São ainda comuns entre os selvagens o canibalismo, o roubo, o rapto, o
adultério e os crimes contra a autoridade (chefes, deuses ou a própria tribo).
Dentro da idéia evolucionista lombosiana (de passagem [física ou
psíquica] do organismo mais simples para o mais complexo) os germes da
loucura moral e do crime se encontram de maneira normal na infância.
Lombroso advogava a existência na infância de uma predisposição
natural para o crime. As analogias entre o imaturo e o criminoso se dariam na
fase da vida instintiva, através da qual se observa a precocidade da cólera, que
faz com que a criança bata nos circunstantes e tudo quebre, em atitudes
comparáveis ao compartamento violento criminoso. O ciúme, a vingança, a
mentira, o desejo de destruição, a maldade para com os animais e os seres
fracos, a predisposição para a obscenidade, a preguiça completa, exceto para
as atividades que produzem prazer, são, entre outros, índices que Lombroso
apontou, das tendências criminais na infância. A educação conduziria, porém, a
criança para o período de "puberdade ética", submetendo-a a profunda
metamorfose.
Identificando pois a origem da criminalidade, como ontologia, nessas
"fases primitivas" da humanidade, Lombroso entende que o criminoso é uma
subespécie ou um subtipo humano (entre os seres vivos superiores, porém
sem alcançar o nível superior do homo sapiens) que, por uma regressão
atávica a essas fases primitivas, nasceria criminoso, como outros nascem
loucos ou doentios. A herança atávica explicaria, a seu ver, a causa dos
delitos.
O criminoso seria então um delinqüente nato (nascido para o crime), um
ser degenerado, atávico, marcado pela transmissão hereditária do mal. O
atavismo (produto da regressão, não da evolução das espécies) do criminoso
seria demonstrado por uma série de "estigmas". De acordo com o seu ponto de
vista, o delinqüente padece de uma série de estigmas degenerativos,
comportamentais, psicológicos e sociais.
O criminoso nato seria caracterizado por uma cabeça sui generis, com
pronunciada assimetria craniana, fronte baixa e fugídia, orelhas em forma de
asa, zigomas, lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, maxilares
proeminentes (prognatismo), face longa e larga, apesar do crânio pequeno,
cabelos abundantes, mas barba escassa, rosto pálido.
O homem criminoso estaria assinalado por uma particular
insensibilidade, não só física como psíquica, com profundo embotamento da
receptividade dolorífica (analgesia) e do senso moral. Como anomalias
fisiológicas, ainda, o mancinismo (uso preferente da mão esquerda) ou a
ambidextria (uso indiferente das duas mãos), além da disvulnerabilidade, ou
seja uma extraordinária resistência aos golpes e ferimentos graves ou mortais,
de que os delinqüentes típicos pronta e facilmente se restabeleceriam. Seriam
ainda comuns, entre eles, certos distúrbios dos sentidos e o mau
funcionamento dos reflexos vasomotores, acarretando a ausência de
enrubescimento da face.
Consequência do enfraquecimento da sensibilidade dolorífica no
criminoso por herança seria a sua inclinação à tatuagem, acerca da qual
Lombroso realizou detidos estudos.
Os estigmas psicológicos seriam a atrofia do senso moral, a
imprevidência e a vaidade dos grandes criminosos. Assim, os desvios da
contextura psíquica e sentimental explicariam no criminoso a ausência do
temor da pena, do remorso e mesmo da emoção do homicida perante os
despojos da vítima.Absorvidos pelas paixões inferiores, nenhuma relutância
eles sentem perante a idéia dominante do crime .
As conclusões de Lombroso (L’Homme Criminel) foram construções
eminentemente empíricas baseadas em resultados de 386 autópsias de
delinqüentes e nos estudos feitos em 3939 criminosos vivos por Ferri, Bischoff,
Bonn, Corre, Biliakow, Troyski, Lacassagne e pelo próprio Lombroso .
Lombroso porém não esgota na teoria da criminalidade nata a sua
explicação para a etiologia do delito. A criminalidade nata não dá conta de
todas as categorias antropológicas de delinqüentes, nem mesmo, numa
mesma categoria, de todos os casos habituais. Ele antevê na loucura moral e
na epilepsia mais dois fatores capazes de fornecer uma elucidação biológica
para o fenômeno delito.O louco moral é aquele indivíduo que tem,
aparentemente, íntegra a sua inteligência, mas sofre de profunda falta de
senso moral. É um homem perigoso pelo seu terrível egoísmo. É capaz de
praticar um morticínio pelo mais ínfimo dos motivos.
Lombroso o diferenciava do alienado definindo-o como um "cretino do
senso moral" ou seja, uma pessoa desprovida absolutamente de senso moral.
A explicação da criminalidade do louco moral também é dada pela biologia, é
congênita, mas pode, de acordo com o meio na qual o indivíduo se desenvolve,
aflorar ou não. A epilepsia foi outra explicação aventada por Lombroso como
causa da criminalidade. A epilepsia ataca os centros nervosos em que se
elaboram os sentimentos e as emoções. Objetaram-lhe porém que se a
epilepsia, bem conhecida e perceptível, explica em certos casos o delito, em
outros não se observa haver sinal objetivo da doença em face do delito
praticado.
A essa objeção Lombroso opôs a sua teoria da epilepsia larvada, sem
manifestações facilmente visíveis, que poderia explicar a etiologia do delito. Ao
passo que a epilepsia declarada se exterioriza em meio a contrações
musculares violentíssimas, a epilepsia larvada se denuncia por fugazes
estados de inconsciência que nem todos percebem.
Lombroso não abandonou uma das explicações da etiologia do delito
pelas outras. Procurou coordená-las. Assim, por exemplo, acentuou que a
teoria do atavismo se completava e se corrigia com os estudos referentes ao
estado epilético.
A etiologia do crime para Lombroso interrelaciona portanto o atavismo, a
loucura moral e a epilepsia: o criminoso nato é um ser inferior, atávico, que não
evolucionou, igual a uma criança ou a um louco moral, que ainda necessita de
uma abertura ao mundo dos valores; é um indivíduo que, ademais, sofre
alguma forma de epilepsia, com suas correspondentes lesões cerebrais .
Lombroso, baseado em suas observações, encarava o seu tipo
primordial de criminoso, o criminoso nato, como compondo 40 % do total da
população criminosa, restando as demais àquelas outras formas de crime que
tinham por fontes a loucura, a ocasião, o alcolismo e a paixão. Para Lombroso
essas formas eram ligadas mais estreitamente a suas causas ocasionais e
portanto, não forneceriam uma base possível para uma etiologia desses
delitos.

MAURICIO JORGE PEREIRA DA MOTA - Trabalho de conclusão de curso


apresentado na disciplina de Direito Penal do Mestrado em Direito da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro

Disponível em: https://criminologiafla.files.wordpress.com/2007/08/o-crime-segundo-


lombroso-texto-complementar.doc
A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA: Visão psicossocial do
desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.

Diego José Dias Mendes


Orientador / Prof. Esp. / Faculdade Sete de Setembro
diegojdmendes@gmail.com

Jayane Veríssimo Ibraim


Graduanda em Direito / Faculdade Sete de Setembro
jayaneverissimo@hotmail.com

RESUMO

A presente pesquisa traz em seu escopo a compreensão das características gerais


do positivismo criminológico e a caracterização da escola positivista italiana,
contrapondo as teorias biológicas atuais com o positivismo italiano, cotejando
as teorias psicológicas contemporâneas com a psicologia criminal de Garófalo
e comparando as teorias sociológicas atuais com o positivismo de Enrico Ferri.
A criminologia, enquanto ciência empírica e interdisciplinar, tem como objeto
o estudo da conduta criminosa, da pessoa do infrator, da vítima e do controle
social, e trata de subministrar uma informação válida para sua eficaz prevenção
e para avaliação crítica dos diversos sistemas de resposta do delito . A ação de-
lituosa é considerada a parte mais elevada de um processo gradativo desenvol-
vido como reação ou resposta a determinados estímulos, operando em diversas
direções. A criminalidade aparece em todas as sociedades e civilizações. Mas de
onde ela vem? Qual a motivação de alguém ao envolver-se em um ato delituoso?
Questões como estas serão abordadas. O comportamento do indivíduo é desen-
volvido por contextos que serão apresentados, e estes trazem grande peso para a
formação da personalidade e caráter do homem.

Palavras-chave: Criminologia. Etiologia. Predisposição. Genética. Visão psi-


cossocial.

ABSTRACT

The present research presents the comprehension of general characteristics of


criminological positivism and the characterization of Italian positivist school
countering the current biological theories, comparing the contemporary psycho-
logical theories with the criminal psychology of Garofalo, also comparing the
current sociological theories with the Enrico Ferri’s positivism. Criminology, as
an empiric and interdisciplinary science, has as objective the study of criminal
conduct, the offender person, the victim and the social control, and also supplies
a valid information to an effective prevention and a critic evaluation of the syste-

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 111


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
ms of response to crimes. The criminal action is considered the biggest part of a
gradual process that is developed as a reaction or response to some stimulus, that
operate in many directions. Criminality appears in every society and civilization,
but where does it come from? What is the motivation that makes someone get
involved in a criminal act? Questions such as these will be approached in this
work. The individual’s behavior is developed through contexts that will be pre-
sented, and they are of great importance for the formation of man’s personality.

Keywords: Criminology. Etiology. Predisposition. Genetics. Psychosocial vision.

INTRODUÇÃO

No eixo do paradigma etiológico, a Criminologia positivista é definida como uma Ciência cau-
sal-explicativa da criminalidade. Sob este ponto de vista, a criminalidade é concebida como um
fenômeno natural, causalmente determinado.A Criminologia deve explicar as causas do crime
segundo o método científico ou experimental e o auxílio das estatísticas criminais oficiais, sen-
do capaz de prever os remédios para combatê-la, tendo assim, papel de defesa da sociedade.

De acordo com Lola Aniyar de Castro, representante latino-americana da criminologia crítica,


a criminologia se classifica como a

atividade intelectual que estuda os processos de criação das normas penais e das normas sociais que
estão relacionadas com o comportamento desviante dessas normas; e a reação social, formalizada
ou não, que aquelas infrações ou desvios tenham provocado o seu processo de criação, a sua forma
e os seus efeitos(1983, p 27).

As teorias chamadas de bioantropológicas consideram o crime como algo pertencente a ou ca-


racterísticos do organismo e não do seu ambiente.

Lombroso imputou à criminologia o fator antropológico, Ferri por sua vez atribuiu a criminologia
as condições sociológicas do criminoso, enquanto Garófalo atribuiu a criminologia o fator psico-
lógico. Esta é a tríade da Escola Positivista, que veio a influenciar o Escola Moderna de Direito
Penal, a Escola da Defesa Social, etc e cuja repercussão no direito penal se observa até hoje. Como
se pode ver, os três trouxeram ideias criminológicas. Entretanto, é interessante ressaltar que cada
um deles estudou a criminologia sob um olhar díspar. Porém, investigações como as realizadas
por Lombroso não ficaram inteiramente no passado. Contemporaneamente, pesquisas atribuem o
Revista Científica da FASETE 2017.1 | 112
A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
crime a genética e, afirmar que alguém “nasce ruim”, acaba sendo uma conclusão exorbitante.
É certo que analisar algo etiologicamente não é tarefa fácil, visto que pontos essenciais como
cultura, ação e estrutura social são constantemente alterados, tornando assim mais dificultosa
a identificação de relações causais. No entanto, ainda que diante desta dificuldade, é possível
detectar fundamentos de pessoas violentas nas realidades sociais comuns na contemporanei-
dade. O desenvolvimento moral não pode se desmembrar do bem-estar social. A criminologia
positivista é definida como uma ciência causal-explicativa da criminalidade. Sob este ponto de
vista, a criminalidade é concebida como um fenômeno natural, causalmente determinado. Para
a etiologia criminológica, é seu papel explicar as causas do crime, segundo o método científico
ou experimental, sendo capaz de subsidiar informações para a escolha de melhores meios de
prevenção. A pesquisa proposta, realizada mediante revisão de literatura, tem a importância de
retirar a criminologia etiológica contemporânea do desconhecimento e propiciar para a socie-
dade condições mais favoráveis para que possa decidir adequadamente sobre como deve reagir
ao delito. Além disso, busca resguardar que o positivismo criminológico contemporâneo não
constitui mera reprodução dos postulados da Escola Italiana, pois assimilou contribuições da
criminologia crítica comodesconfiança em relação a estatísticas oficiais, o caráter político dos
processos de criminalização e a influência de questões sociais sobre a etiologia do delito.

2 O POSITIVISMO DA ESCOLA ITALIANA

O século XIX foi marcado por um período intenso e conturbado no tocante ao clima político-
intelectual do estudo do crime, que havia se transformado profundamente. As expectativas em
relação as reformas penais eram frustrantes e a criminalidade se destacava alcançando uma
enorme dimensão. Dada a falência dos ideais do Iluminismo diante do crescente aumento da
criminalidade e diversidade de crimes que se criaram pelas altas taxas de reincidência, a cha-
mada Escola Positiva tem seu início, influenciada no campo das ideias pelos princípios desen-
volvidos por meio dos fisiocratas e iluministas no século anterior.

2.1 Cesare Lombroso

Nascido em 6 de novembro de 1835, em Verona, Cesare Lombroso (1835-1909) tornou-se


mundialmente conhecido por seus estudos e teorias no campo da caracterologia. Foi o primeiro
a aplicar a ciência para o estudo do crime. Defensor da fisiognomia (Leitura facial também co-

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 113


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
nhecida como Psicofisiognomonia, Personologia, Morfopsicologia) ele propôs um vasto estudo
das características físicas de criminosos, prostitutas, loucos e “pessoas normais”. Cesare Lom-
broso foi médico, psiquiatra, antropólogo e político, sua profunda e larga obra abarca temas
médicos, psiquiátricos, psicológicos, demográficos e criminológicos.

De acordo com a sua concepção, o crime é um fato real, que perpassa todas as épocas históricas
e natural, não sendo uma fictícia abstração jurídica. Dessa forma, como fenômeno natural, pre-
cisa ser estudado primacialmente em sua etiologia, isto é, a identificação das suas causas como
fenômeno, de modo a se poder combatê-lo em sua própria raiz. A abordagem de Lombroso é
oriunda da frenologia (estudo que relaciona as características da personalidade e grau de crimi-
nalidade pela forma da cabeça), criada pelo filosofo alemão Franz Joseph Gall. Lombroso tinha
em mente chamar a atenção para a importância dos estudos científicos da mente criminosa, um
campo que se tornou conhecido como Antropologia Criminal.

Publicou a obra “O homem delinquente”, em 1876, e teve em seu trabalho teve grande influên-
cia da obra de Charles Darwin, “A origem das espécies”. Iniciou suas investigações antropoló-
gicas a partir do que supôs encontrar ao examinar crânios. Segundo ele havia “uma grande série
de anomalias atávicas, sobretudo uma enorme fosseta occipital média e uma hipertrofia do ló-
bulo cerebelo mediano (vermis), análoga a que se encontra nos vertebrados inferiores”. Baseou
o “atavismo” ou caráter regressivo do tipo criminoso no exame do comportamento de plantas e
animais, tribos primitivas e selvagens de civilizações indígenas e, inclusive, em certas atitudes
da patologia infantil. De acordo com o seu ponto de vista, o delinquente padece uma série de
estigmas degenerativos comportamentais, psicológicos e sociais (fronte esquiva e baixa, grande
desenvolvimento dos arcos supraciliais, assimetrias cranianas, fusão dos ossos atlas e occipital,
tubérculo de Darwin, uso frequente de tatuagens, notável insensibilidade a dor, instabilidade
afetiva, uso frequente de um determinado jargão, altos índices de reincidência etc. Há então
uma relação entre o atavismo, a loucura moral e a epilepsia. Dentro da ideia evolucionista lom-
bosiana (de passagem [física ou psíquica] do organismo mais simples para o mais complexo) os
germes da loucura moral e do crime se encontram de maneira normal na infância.

Suas ideias não deram origem a uma teoria moderna, elas sistematizaram conhecimentos es-
parsos e os reuniu de forma articulada. Foi classificado como o pai da Antropologia criminal.
Dados como estrutura torácica, estatura, peso, tipo de cabelo, comprimento de mãos e pernas
foram analisados com detalhes.

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 114


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
Os estudos científicos de Lombroso assumiram feição multidisciplinar, pois emprestaram informes
da psiquiatria, com a análise da degeneração dos loucos morais, bem como lançaram mão de dados
antropológicos para retirar o conceito de atavismo e de não evolução, desenvolvendo o conceito de
criminoso nato. Para ele, não havia delito que não deitasse raiz em múltiplas causas, incluindo-se aí
variáveis ambientais e sociais, por exemplo, o clima, o abuso de álcool, a educação, o trabalho etc.
(p. 49 – 2. ed. 2012.).

2.2 Rafaelle Garofalo

Raffaele Garofalo (Nápoles, 18 de novembro de 1851 -. ib, 18 abril de 1934 ) foi um advogado
e criminologista italiano. Foi o grande responsável pela divulgação da nova ciência através da
publicação, em 1885, da obra Criminologia. Ele lecionou na Universidade de Nápoles e Sena-
dor. Inventado em 1885 , o termo criminologia , em seu livro “ Criminologia: um estudo sobre
a criminalidade, suas causas e da teoria da repressão”, ressalta a periculosidade, perversidade
permanente e ativa no criminoso que tem anomalia moral.

Garófalo vem com o objetivo de aplicar as descobertas de Lombroso ao Direito. Ele analisa
as brigas no mundo animal e conclui que a tendência para o crime é algo natural. O criminoso
também é alguém que não evolui, desprovido de piedade e probidade.

De acordo com sua ideologia, os positivistas, preocupavam-se mais em descrever as caracterís-


ticas do delinquente, em lugar de definir o próprio conceito de “crime” como objeto específico
da nova disciplina (Criminologia). Por isso, ele pretendeu criar uma categoria, exclusiva da Cri-
minologia, que permitisse, segundo seu juízo, delimitar autonomamente o seu objeto mais além
da exclusiva referência ao sujeito ou ás definições legais. Referida categoria consiste no “delito
natural”, com o qual se distingue uma série de condutas nocivas per se, em qualquer sociedade
e em qualquer momento, com independência inclusive das próprias valorações mutantes.

Garófalo enquadra os criminosos em quarto categorias, a saber: a) assassinos; b) violentos ou


enérgicos; c) ladrões ou neurastênicos; d) cínicos. Nos violentos, ou enérgicos, falta a com-
paixão, a ponto de, facilmente, permitir-lhes a prática criminosa sob pretexto de falsa ideia,
de exagerado amor próprio ou e preconceitos sociais, religiosos ou políticos. Dos criminosos
violentos se destaca um subgrupo, os impulsivos, ou seja, os que cedem a cólera ou a excitação
nervosa exacerbada. Eles não têm a fisionomia peculiar ou característica dos violentos e neles
poucas vezes se percebem as assimetrias e hemiatropias do crânio ou da face, correspondentes
ou desequilibro funcional das faculdades. Nos ladrões falta o instinto de probidade, que pode
Revista Científica da FASETE 2017.1 | 115
A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
ser diretamente hereditário e, num pequeno número de casos, atávico; de ordinário, a herança
direta juntam-se os exemplos do ambiente imediato. Nos ladrões notam-se frequentissimamen-
te, diz Garófalo, anomalias cranianas atípicas, tais como “submicrocefalia”, a “oxicefalia”, a
“scaphocephalia”, a “trococephalia”. Os cínicos são os criminosos que praticam crimes contra
os costumes, como por exemplo os crimes sexuais, principalmente quando forem crimes sexu-
ais ligados a menores.

Garófalo propugnava pela pena de morte sem nenhuma comiseração e, referentemente a expulsão,
considerava que esta deveria se revestir de abandono total do indivíduo. Garófalo afirmou que “os
sentimentos de piedade e probidade devem ser vistos relativamente ao móvel que os guia”.

2.3 Enrico Ferri

Ferri (1856-1929), tomou para si a incumbência de estar na frente da difícil reação dos clássicos.
Precursor da chamada sociologia criminal, contrariando Lombroso, voltou seu enfoque a análise
das ciências sociais, com uma compreensão mais ampla da criminalidade, fugindo ao máximo das
ideias iniciantes da escola positivista italiana. Dividiu o fenómeno complexo da criminalidade em
fatores antropológicos, físicos e sociais, superando os pensamentos anteriores.

Sua teoria tem como centro a preponderância dos fatores sociais e em sua tese doutoral, La
negazione del libero arbitrio e la teoria delia imputabilitd, critica o livre-arbítrio como funda-
mento da imputabilidade, devendo a responsabilidade moral ser substituída pela responsabili-
dade social, já que o livre-arbítrio seria mera ficção.

Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Ferri negou com
veemência o livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade; entendeu que a responsabili-
dade moral deveria ser substituída pela responsabilidade social e que a razão de punir é a defesa so-
cial (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão). Afirmou que o crime estava no homem e que
se revelava como degeneração deste; criou o conceito de temibilidade ou periculosidade, que seria o
propulsor do delinquente e a porção de maldade que deve se temer em face deste; fixou, por derra-
deiro, a necessidade de conceber outra forma de intervenção (Penteado Filho, Nestor, pg.52-53)

Enrico Ferri abre o leque, identifica causas do crime externas ao criminoso, mas não abre mão
de classifica-lo, o que fez a partir das seguintes definições: criminoso louco, criminoso nato,
criminoso habitual,criminoso passional e criminoso ocasional ou acidental.

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 116


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
Seriam tais teorias obsoletas em pleno século XXI e diante do avanço do estudo do crime? Nada
obstante estarem superadas, algumas de suas ideias continuam em estudo por parte de especia-
listas, o que torna suas discussões válidas.

3 A RETOMADA DOS ESTUDOS DAS TEORIAS DETERMINISTAS E A CRIMINO-


LOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA

A teoria determinista tem como base a ideia de que as escolhas e ações humanas se originam
através de relações de causalidade, afirmando que qualquer acontecimento ocorre de forma co-
nexa a outros de uma maneira já fixada, seja por um plano sobrenatural ou pelas leis da natureza,
e isso a torna objeto de inúmeras críticas. Segundo seus precursores, todos os acontecimentos
ocorrem devido ao decurso natural, por uma causa específica, e devem de fato acontecer. Desta
forma, os acontecimentos atuais tornam possíveis previsões de acontecimentos futuros, uma
vez que todos os fenômenos estão interligados e que tudo está predeterminado. São leis neces-
sárias e imutáveis, concluindo que as ações e o comportamento humano estão predeterminados
pela natureza, e que a liberdade é uma ilusão subjetiva.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), realizou uma pesquisa nos anos 60 com aproxima-
damente 1.800 crianças, em Maurícia, ilha no Oceano Índico. A ideia partia da utilização de
dados para pressupor, se uma criança cresceria e se tornaria um criminoso. A conclusão de tal
pesquisa declarou:

As crianças estudadas que apresentavam batimentos cardíacos mais lentos e que não apresentavam
respostas de pele (como arrepios) quando eram incomodados com sons altos ou questões desafia-
doras, tendiam a ter antecedentes criminais na adolescência ou na fase adulta. Segundo a teoria,
os criminosos são insensíveis ao medo. Um barulho alto aumenta a frequência cardíaca e coloca o
corpo de uma pessoa normal em estado de alerta, logo a pele já reage com arrepios. Mas as crianças
com tendências criminosas são se tornavam alarmados com as tentativas, além disso, não reagiam à
punição quando eles se comportavam mal.

Uma nova pesquisa realizada pelo neurologista Adrian Raine, da Universidade de Southern
Califórnia, em Los Angeles, analisou imagens computadorizadas de cérebros de sociopatas e
sugeriu que “eles apresentam algumas alterações no córtex frontal, a parte do cérebro que fica
logo abaixo da testa e que é considerada responsável por nossa capacidade de sentir emoções”
(RAINE, 2013). Este pesquisador britânico estuda quais são os fatores neurológicos, com ori-
gens ambientais ou genéticas, por trás do comportamento violento, através de novas tecnologias
Revista Científica da FASETE 2017.1 | 117
A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
como genética, técnicas de imagem cerebral, neuroquímica, psicofisiologia e neurocognição. O
cientista acredita que um dia será possível prever quem tem maiores chances de cometer um cri-
me apenas por meio de imagens de seu cérebro. Em 2015, Adrian lançou seu livro: A Anatomia
da Violência -As Raízes Biológicas da Criminalidade. Ele apresenta um conjunto de evidências
que mostram como a genética pode contribuir para gerar um cérebro criminoso.

A Revista Correio Brasiliense, em um artigo postado em 07/12/2014 da autora Isabela de Oli-


veira, anuncia: “Componente do mal: propensão para o crime pode ser genética, aponta estudo
- Pesquisadores alertam que a biologia é apenas um dos fatores que moldam o homem, também
fortemente influenciado pela psicologia e pela criação”. De acordo com a pesquisa, dirigida por
meio do Instituto Karolinska, localizado na Suécia, os genes MAOA e CDH13 estão presentes
em até 10% dos criminosos violentos e podem ampliar 13 vezes os riscos de uma pessoa ser
violenta. Segundo os pesquisadores, esse genótipo, entretanto, “não é tão frequente nos conde-
nados por infrações de menor potencial e muito menos na população em geral”.

Outro artigo, este da The New York Times, intitulado “Genetic basis for crime: a new look” ,
(Base genética para o crime: uma nova visão)por Patrícia Cohen em Junho de 2011, salienta
que pesquisadores estimam que pelo menos 100 estudos já demonstraram que os genes desem-
penham um papel importante no comportamento criminoso. Mas os especialistas enfatizam que
os genes são regidos pelo meio-ambiente, que pode estancar ou agravar impulsos violentos.
Muitas pessoas com a mesma tendência genética para a agressividade nunca darão um soco
sequer, enquanto outros podem se tornar criminosos de carreira.

O que se pode ver diante de tais estudos é que, como supracitado, ao contrário do que muitos pen-
sam, as afirmações deterministas não se esgotaram. Há fortes indicações à análise da chamada “
biologia da maldade”. A atitude de um criminoso é responsabilidade social? Uma criança criada
em uma família estruturada que se torna delinquente teria alguma disposição genética? Estes são
os questionamentos mais comuns entre aqueles que defendem a teoria de que a biologia criminal
é uma tendência capaz de desvendar a lei codificada no DNA do agressor. Numa era marcada pela
liberdade, pelas escolhas, crer no princípio determinista que interliga causas e efeitos ou defender a
previsão ou propensão ao crime, torna-se inviável atribuir a razões meramente biológicas questões
tão discutidas pela sociologia, antropologia, pelo Direito e outras ciências em relação ao crime e aos
criminosos. Ver a criminalidade como fruto da genética ou descartar que o destino do ser humano
não está regido pormomentos, memórias, experiências, vivência, ou até a autonomia, é contestável.

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 118


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
4 A VISÃO PSICOSSOCIAL DO DESENVOLVIMENTO PARA O CRIME

Uma das grandes reflexões está no questionamento “ A ocasião faz o ladrão?’ Erick H. Eri-
kson (Alemanha, 1902 – EUA, 1994) considera que as influências sociais concorrem para o
amadurecimento físico e psicológico, do nascimento até a morte. Em um ‘mútuo ajuste entre o
indivíduo e o ambiente“ (ERIKSON, apud CAMPBELL; HALL; LINDZEY, 2000, p. 166). Em
1950, publicou Infância e Sociedade (revisado em 1963), de grande impacto.

Donald Winnicott (Inglaterra, 1896-1971), pediatra psicanalista, imprime um olhar lúcido ao


desenvolvimento psíquico, consistente com sua infância feliz em Cambridge. Para ele, a depen-
dência é o principal aspecto da infância e o deenvolvimento do lactente é facilitado pelo ‘Cui-
dado materno suficientemente bom“ (WINNICOTT, 1990, p. 53). Destaque-se que Winnucott
não descarta a importância da função paterna. Ele considera o amor ( ‘há mais para se ganhar
no amor do que da educação’, WINNICOTT, 1990, p. 64) como uma necessidade da criança em
desenvolvimento, a qual precisa ser tratada como criança que é, e não como um adulto.

Não é errônea a afirmação de que é extremamente difícil apontar causa única ou fator predomi-
nante responsável por desencadear uma maior propensão à realização de determinada conduta
criminosa. Inúmeras circunstâncias podem ser apontadas, algumas relevantes, outras coadju-
vantes de uma realidade que só ganha força. O que ainda se pode assegurar é que as causas que
levam à criminalidade são variadas, no entanto todas elas estão diretamente relacionadas com o
indivíduo e a sua formação. A ação delituosa advém de um processo desenvolvido como reação
a determinados estímulos, operando em diversas direções.

A teoria de aprendizagem de B. Frederick Skinner (EUA, 1904-1990) provocou ‘ impacto im-


pressionante, em alcance e magnitude’ (KAPLAN; SA-DOCK, 1993, p. 205) nos EUA. Para
Skinner, o comportamento resulta da interação entre o indivíduo e o ambiente; apenas ele pode
ser estudado, por ser passível de percepção, descrição e mensuração por meio de instrumentos,
não existe a mente como tal, apenas um cérebro que aprende, afetado por estímulos no ambiente
interno e externo. ( FADIMAN; FRAGER, 1986, p.205).

O cinema brasileiro nos desperta para uma grande reflexão social. O drama Cidade de Deus,
lançado em 2002, com direção de Fernando Meirelles, tornou-se um clássico do cinema bra-
sileiro, superpremiado internacionalmente e o primeiro filme feito no Brasil a ser indicado em

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 119


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
quatro categorias do Oscar: melhor filme, roteiro, fotografia e direção. Ele apresenta o Brasil
visto por meio do mundo da favela: em breve sinopse, Buscapé, jovem negro, fotógrafo do
Jornal do Brasil, morador da favela Cidade de Deus, narra a evolução desta favela do Rio de
Janeiro, através da trajetória de Dadinho, depois Zé Pequeno e seus comparsas. Das origens na
década de 1960, com o surgimento da primeira gangue de assaltantes, até primórdios dos anos
de 1980, onde o grande negócio é manter uma boca de fumo (tráfico de drogas), acompanha-se
o desenvolvimento da marginalidade da favela Cidade de Deus. Os moradores da Cidade de
Deus crescem num ambiente cercado pelo crime. Familiares, vizinhança e amigos possuem o
título de “bandidos e assassinos”. A história central, que conduz o enredo, é a de dois amigos:
um que cresce para ser fotógrafo e o outro, traficante – o que de fato vêm a se tornar (ou são
tornados), o que ilustra bem a hipótese deste trabalho.

Albert Bandura (Canadá, 1925) desenvolveu a teoria cognitivo-social da aprendizagem, cujo


ponto de partida é a observação de um modelo. Pais, irmãos, professores, amigos, colegas, artis-
tas de cinema, esportistas, políticos, supervisores, gerentes etc. desempenham esse papel, para
acrescentar, inibir ou facilitar a emissão de comportamentos (HUFFMAN; VERNOY, 2002, p.
21). Bandura percebe profunda interação entre fatores individuais e sociais na formação dos
comportamentos; ele concebe um indivíduo pensante, capaz de autorregulação (CAMPBELL;
HALL; LINDZEY, 200, p. 460).

Analise-se a situação de Guguinha. Seu desempenho perante o “time” de amigos e admiradores


traz-lhe grandes compensações (Skinner chamaria de “reforços positivos”). Guguinha sente-se ple-
namente capaz de superar os desafios que os confrontos na rua e em outros lugares impõem, Não
havendo alternativas mais satisfatórias, persistirá nesses comportamentos. Afinal, “o prazer da fama
futura é um prazer presente – a fama é que é futura”. Em algum momento, alguém foi o modelo para
Guguinha. Possivelmente, um outro rapaz bem-sucedido, igualmente veloz, cujo comportamento
foi imitado com a esperança de obter os mesmos benefícios, O jovem copia indumentária, estilo,
procedimentos e ousadia, para experimentar as mesmas emoções. (PESSOA, 2006, p. 163).

Modelos influenciam diretamente os comportamentos e ideias por eles difundidos. Milhões de


jovens imitaram os Beatles, milhares de psicanalistas imitam Freud, milhões se baseiam em
grandes figuras da mídia, políticas e religiosas.

Os valores são ancorados ou derivados de crenças professadas pelo indivíduo, são ideias ou
conjunto de ideias que orientam ações e decisões. Aprendidos desde a infância, fazem parte
dos critérios de decisão de cada um; nem sempre se alinham com os valores mais aceitos como

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 120


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
válidos pela sociedade. Compreendem mensagens do tipo: obedecer às leis, respeitar os mais
velhos, fazer o bem, revidar toda ofensa, retirar dos mais poderosos, levar vantagem em tudo,
roubar desde que não seja descoberto etc. E muitas vezes justificam condutas injustificáveis
(técnicas de neutralização).

Outro exemplo relevante são os crimes de colarinho branco. A discussão a respeito deles foi
realizada pela primeira vez no âmbito da criminologia pelo sociólogo norte-americano, Edwin
Hardin Sutherland, em um artigo denominado White collar criminality, publicado na American
Sociological Review, em 1940. Sutherland elaborou o termo white collar para destacar a po-
sição social elevada dos criminosos (fator determinante do tratamento diferenciado), e trouxe
para o campo científico o estudo do comportamento de empresários, homens de negócios, e
políticos, como autores de crimes profissionais e econômicos, o que antes não ocorria.

Em seu trabalho, impulsionou-se as pesquisas sobre os crimes do colarinho branco e elemen-


tos suplementares foram trazidos para as discussões sobre as causas do crime como um todo.
Buscou-se a verdadeira raiz da criminalidade nos valores de todo o sistema social, saindo do
limitado universo das áreas de pobreza e de seus moradores. Segundo ele, o crime do colarinho
branco pode ser definido aproximadamente pelo crime cometido por uma pessoa respeitável e
de elevada condição social no curso de sua ocupação.

A associação diferencial emerge, então, como produto de socialização no qual o criminoso


e o conformista são orientados por muitos princípios idênticos. As variáveis da frequência,
duração, prioridade e intensidade da associação determinam o que é aprendido, sendo que, se
são suficientes e as associações, criminosas, a pessoa aprende as técnicas de cometimento de
delitos, além dos impulsos, atitudes, justificativas e racionalizações que integram o conjunto de
pré-condições para o comportamento criminoso, significando que o desenvolvimento de uma
predisposição favorável aos estilos de vida delinquentes é desencadeado pela aprendizagem
dessa congérie de instrumentais. Esclarecem Lyman e Potter (1999, p. 75) que a propensão para
o comportamento inovador (criminoso) depende da força das associações com outras pessoas.

O vetor causal habita nas relações sociais e interpessoais, ora associadas com a pobreza, ora com
a riqueza, ora com ambas. O crime de colarinho branco, a título exemplificativo, não pode ser jus-
tificado pelo fator pobreza, nem tampouco por qualquer das patologias sociais ou pessoais que a
acompanham. Mais ainda, o argumento é de que as pessoas situadas nos estratos socioeconômicos
superiores se envolvem em muito comportamento criminoso, não sendo este, por conseguinte, um
fenômeno determinado pelo fator classe, nem mais nem menos associado às classes inferiores; e de

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 121


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
que a diferença entre o comportamento criminoso nos primeiros e aquele peculiar às últimas está
sobretudo nos procedimentos administrativos empregados no tratamento dos transgressores.

A moderna teoria da aprendizagem social proposta por Akers parte da de Sutherland e trata de
completá-la e melhorá-la. Para isso, recorreu aos mais recentes avanços em matéria de aprendi-
zagem, avanços aos quais Sutherland não teve acesso. A fonte principal a que recorre a renova-
ção da teoria da aprendizagem é o condutismo, ou a versão que Akers prefere denominar “con-
dutismo débil”. Esta corrente coloca especial ênfase em que o comportamento é uma resposta a
estímulos, estímulos que podem proceder do próprio indivíduo ou de seu meio.

Uma pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis à violação da lei su-
peram as desfavoráveis, isto é, quando por seus contatos diferenciais aprendeu mais modelos
criminais que modelos respeitosos ao Direito.

Contatos duradouros e frequentes devem ter maior influência pedagógica, mais que outros fugazes
ou ocasionais, do mesmo modo que o impacto que exerce qualquer modelo nos primeiros anos da
vida do homem costuma ser mais significativo que o que tem lugar em etapas posteriores; o modelo
é tanto mais convincente para o indivíduo quanto maior seja o prestígio que este atribui à pessoa
ou grupos cujas definições e exemplos aprende. Precisamente porque o crime se aprende, não se
imita. O processo de aprendizagem do comportamento criminal mediante o contato diferencial do
indivíduo com modelos delitivos e não delitivos implica a aprendizagem de todos os mecanismos
inerentes a qualquer processo deste tipo.

A teoria do aprendizado social ou da associação diferencial traça um modelo teórico generaliza-


dor, capaz de explicar também a criminalidade das classes médias e privilegiadas.

Diante de tantas hipóteses, autores buscaram em suas teorias a melhor resposta, com o intuito de
encontrar uma solução para que as possíveis causas que levam alguém a cometer um delito fossem
amenizadas, a exemplo também da teoria da anomia, queexplica por que os membros das classes
menos favorecidas cometem a maioria das infrações penais, e crimes de motivação política e da
teoria da subcultura, que pode ser caracterizada de acordo com os modelos coletivos identificados
em palavras, condutas, e transmitidos de geração para geração e dotados de certa durabilidade.

Embora a Escola Positiva tenha suas colaborações na construção e evolução do Direito atual,
deve-se considerar, a partir da extensa análise da influência dos fatores sociais nas escolhas do
homem, quão relevante é a interação entre o sujeito e os fatores exteriores. O conceito de ho-
mem criminoso é sobretudo um conceito social e político.

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 122


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
O “homem criminoso” não existe como “categoria do ser”. Não há indivíduos aos quais po-
demos apontar e dizer: “este é um homem criminoso”. Ninguém “é” criminoso. Como muitos
juristas afirmam, “criminoso” é um carimbo, uma etiqueta, ou um rótulo que se coloca em de-
terminada pessoa ou grupos de pessoas, influenciado por determinado momento histórico e em
determinado local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalhoviabilizoutestificar as teorias psicossociais do desenvolvimento para o crime, re-


forçando tudo que exerce inegável e poderosa influência sobre as pessoas e confrontando as
teorias biológicas-criminais de acordo com estudos psicossociais. Avaliar algo etiologicamente
não é tarefa fácil, visto que pontos essenciais como cultura, ação e estrutura social são cons-
tantemente alterados, tornando assim mais dificultosa a identificação de relações causais. No
entanto, mesmo diante desta dificuldade, é possível detectar fundamentos de pessoas violentas
nas realidades sociais comuns na contemporaneidade. O desenvolvimento moral não pode se
desmembrar do bem estar social. No Brasil, a criminologia etiológica tem sido vista com maus
olhos, principalmente no meio jurídico. A pesquisa proposta visou retirar a criminologia etioló-
gica contemporânea do desconhecimento e com isso propiciar para a sociedade condições mais
favoráveis para que possa decidir adequadamente sobre como deve reagir ao delito.Assim, ao
invés de se afirmar que há “homem criminoso”, é mais apropriado refletir sobre o termo “ho-
mem que assumiu a criminalização”.

REFERÊNCIAS

CATTANI, Carlos Frederico Manica Rizzi; CATTANI, Patricia Zandomeneghi Chies.


Psicologia criminal: o criminoso e o ambiente. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862,
Teresina, ano 18, n. 3508, 7 fev. 2013. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/23671>.
Acesso em: 19 abr. 2017.

CRIMINOLOGIA – 8ª ed. Autor: Antonio Garcia-Pablos de Molina ... ª Edição. Nota do


Autor à 6.ªEdição.

DIAS, Jorge de Figueiredo; ANDRADE, Manuel da Costa. Criminologia, o Homem


delinquente e a Sociedade Criminógena. 2ª reimpressão. Coimbra. Coimbra Editora.

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 123


A CRIMINOLOGIA ETIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA:
Visão psicossocial do desenvolvimento para o crime versus a predisposição genética para a delinquência.
Diego José Dias Mendes | Jayane Veríssimo Ibraim
FERRI, Enrico. Sociologia criminale. p. 223-224.

LOMBROSO, Cesare, 1885-1909. O homem delinquente;

LYRA, Roberto & ARAÚJO JÚNIOR, João Marcello de. Criminologia, 3.ed. Rio de Janeiro,
1902.

MAÍLLO, Alfonso Serrano - Introdução à criminologia; tradução de Luiz Regis Prado 2. ed.
espanhola. -- Imprenta: São Paulo, Revista dos Tribunais, 2007.

PENTEADO FILHO, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor


Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 5. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
http://www.estudopratico.com.br/determinismo/ Acesso em 02/05/2017

VEJA, CIÊNCIA - Por dentro da mente dos criminosos - Guilherme Rosa, 2013; Guilherme
Rosa, em 14/07/2013. Acessado em: 02/05/2017

http://diariodebiologia.com/2015/11/biologia-criminal. Acesso em 02/05/2017

www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/10/141028_cientistas_genes_violencia_rm. Acesso
em 02/05/2017

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e saude/2014/12/07/interna_ciencia_
saude,460960/componente-do-mal-propensao-para-o-crime-pode-ser-genetica-aponta-estudo.
Acesso em 02/05/2017

http://opiniaoenoticia.com.br/vida/ciencia/cientistas-voltam-a-estudar-elo-entre-genetica-e-
crime/. Acesso em 02/05/2017

Revista Científica da FASETE 2017.1 | 124


Estatística Criminal: Fonte de Informação da Inteligência Policial na Busca
da Redução da Criminalidade

Ozael Félix de Siqueira


Luciana Neves

RESUMO: É incontestável o fato de que a Segurança Pública apresenta enormes


problemas, de tal forma que a expressão “caos” é frequentemente utilizada. Sendo
assim, o planejamento das atividades policiais se coloca como uma importante questão
no debate sobre a redução da criminalidade. Dessa forma, as estatísticas criminais
situam-se como considerável instrumento neste processo. Diante dessas
circunstâncias, este trabalho científico busca promover uma reflexão sobre o uso das
estatísticas criminais pelos profissionais de segurança pública como uma fonte de
informação para o planejamento de suas ações, observando assim a necessidade de
se criar uma estrutura policial marcada pela prevenção à criminalidade e setores de
inteligência na efetiva investigação do crime.

PALAVRAS-CHAVE: Criminalidade. Estatística Criminal. Informação. Inteligência.


Segurança Pública.

INTRODUÇÃO

A utilização da informação no planejamento da atividade policial é


instrumento de grande importância, pois está relacionada à prevenção do crime
e a formação da inteligência policial.

Além disso, a complexidade que envolve a tarefa de conduzir a


investigação criminológica para dar maior credibilidade cientifica, as técnicas
utilizadas na de coleta de informações, com a responsabilidade e cautela de tirar
conclusões importantes para o mundo da ciência e o efetivo trabalho policial
sempre levam em consideração as estruturas sociais e culturais.

É necessário reconhecer que a análise criminal pode englobar


informações de diversas naturezas, como as sigilosas provenientes do “Disque
Denúncia”, de informantes e dos boletins de ocorrência confeccionados nas
Delegacias de Polícia. Contudo, acredita-se que as estatísticas criminais situam-
se como um dos instrumentos de grande importância nesse processo de redução
da criminalidade, razão pela qual constituem objeto de discussão do presente
texto.

METODOLOGIA

Esse estudo quanto aos procedimentos técnicos, classifica-se através de


levantamento de pesquisa bibliográfica e suscita a reflexão sobre o tema. A
produção desse conhecimento destina-se a solução de problemas específicos,
de ordem prática, buscando a produção do conhecimento no sentido de
estruturar a atuação dos órgãos de segurança pública no combate à
criminalidade de forma mais eficaz.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Como bem assevera o emérito professor e Delegado de Polícia Civil


CELSO FERRO (2006):

"A sobrevivência das organizações contemporâneas


depende cada vez mais da capacidade de se construir um
modelo de gestão do conhecimento, com estratégia,
estrutura, decisão e identidade, apto a responder a um
contexto cada vez mais complexo e instável da sociedade."

A análise de estatísticas criminais em prol da segurança pública é um


processo sistemático de produção de conhecimento, realizado a partir do
estabelecimento de correlações entre fatos delituosos ocorridos (constantes de
boletins de ocorrências policiais) e padrões e tendências da criminalidade num
determinado tempo e lugar. E através dessa análise a Segurança Pública pode
coordenar com eficácia seus recursos, com o propósito de controlar e neutralizar,
manifestações da criminalidade e da violência.

O tratamento científico da estatística criminal ocorreu nas primeiras


décadas do século XIX com o estudioso Adolphe Quetelet (1976-1974),
matemático belga e professor de astronomia em Bruxelas. O seu
posicionamento destacou a relação do fato criminoso com outros
acontecimentos sociais como o casamento, o divórcio, o suicídio, o nascimento
e a morte.

Se por um lado, os dados da estatística criminal são importantes para o


aspecto preventivo essencialmente, por que revela os pontos de maior incidência
criminal e o tipo de crime em determinada área, que serve de dados para o
planejamento ostensivo e para atuação policial; de outro lado, com todas as
informações que são coletadas e posteriormente transformadas em gráficos e
tabelas, serve para investigação policial de determinado crime até então sem
autoria. Como é caso, por exemplo, de uma sequência de estupros, em que os
dados coletados como data, horário, modus operandi, características do autor e
da vítima são importantíssimos para o início dos trabalhos de investigação e ao
mesmo tempo no planejamento de trabalhos preventivos.

A "inteligência policial" é a compreensão geral das condições passadas,


presentes e projetadas para o futuro de uma sociedade, (incluindo, na visão
policial) problemas potenciais e atividades ilícitas".

Brito (2010, p. 149), em sua tese de doutoramento na Universidade de


Brasília, sintetiza a função da inteligência policial, defendendo que deva atuar na
“prevenção, obstrução, identificação e neutralização das ações criminosas, com
vistas à investigação policial e ao fornecimento de subsídios ao Poder Judiciário
e ao Ministério Público nos processos judiciais. ” Tal autor atribui, somente,
caráter instrumental a atividade de inteligência policial numa perspectiva jurídico-
processual de organização estatal. Este autor reconhece o caráter consultivo da
inteligência policial para, “elaboração e adoção de medidas ou políticas de
prevenção e combate à criminalidade. ” (BRITO, 2010, p. 152).

A atividade de inteligência das polícias é muito antiga e (Ferro 2006) cita


com bastante sabedoria dois fatos que ilustram perfeitamente a necessidade de
informação para tomada de decisão, a saber: no primeiro, cronologicamente, a
Bíblia Sagrada, em seu antigo Testamento, narra que Moisés, no episódio em
que os espiões foram enviados à terra de Canaã (Bíblia Sagrada, Livro dos
Números – Cap. 13, Versículos 17-20), orienta quanto o levantamento das
informações pertinentes para a conquista da Terra Prometida. E segundo Tzu
(1983), autor do clássico A Arte da Guerra, 500 anos antes de Cristo, afirmava a
necessidade da Atividade de Inteligência: Os espiões são os elementos mais
importantes de uma guerra [...] Se você conhece o inimigo e conhece a si
mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas (Tzu 1983, p.111).

Como se observa, a informação passa a ser um elemento central na


construção de políticas de segurança pública, razão pela qual as instituições
policiais devem incorporar em profundidade uma efetiva mudança nos padrões
de policiamento com a utilização da informação.

José Braz esclarece que investigação criminal realizada pelos setores de


inteligência “constitui uma área do conhecimento especializado que tem por
objeto de análise o crime e o criminoso e, por objetivo, a descoberta e
reconstituição da verdade material de fatos penalmente relevantes e a
demonstração da sua autoria.” (BRAZ, 2010, p. 19). Podemos notar na definição
acima existe elementos semelhantes vistos na inteligência, com acentuado
cunho operacional e metodológico que visam transformar parte de uma realidade
em conhecimento útil para uma finalidade social, como sói acontecer em muitas
ciências sociais.

A prática policial baseada na inteligência obtida a partir da análise das


estatísticas criminais é parte do cotidiano de diversas polícias no mundo. Um
estudo realizado sobre a cidade de Memphis, nos Estados Unidos, aponta sua
importância na redução da criminalidade.

O levantamento de dados para elaboração da estatística criminal deve


partir de um planejamento organizado e metodológico, pois, as estatísticas
criminais é parte importante das atividades da polícia.

O registro do crime permite uma análise de sua incidência a partir


daqueles eventos relatados. Apesar disso, a diferença entre a taxa real e os
crimes conhecidos pode ser denominada" cifra negra do crime ", ou no original
em inglês" dark figure of crime ".

Gomes Dias ensina que a “investigação criminal descobre, recolhe,


conserva, examina e interpreta as provas reais. Localiza, contacta e apresenta
as provas pessoais” (GOMES DIAS, 1992, p. 65). Noutra passagem Gomes Dias
acresce que a “investigação criminal utiliza métodos adequados (táctica de
investigação) e processos apropriados de atuação técnica (técnica de
investigação) cada vez mais especializados” (GOMES DIAS, 1992, p. 64), para
o controle da criminalidade.

Portanto, reserva-se a inteligência fornecer instrumentos para ampliar o


conhecimento e repressão à criminalidade assim como para fornecer subsídios
à gestão administrativa/policial, possibilitando a melhor distribuição de meios
humanos e materiais nos trabalhos de investigação criminal com objetivo de
redução da criminalidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a estatística criminal, tem representado um papel


imprescindível na investigação criminológica, apesar de estar claro que sua
elaboração não obedece regras básicas que regulamentam trabalhos científicos.
Além disso, percebe-se claramente que todo trabalho realizado sobre dados
numéricos coletados na estatística criminal tem que necessariamente ser
observado com cautela em razão da elaboração de uma política de prevenção e
de investigação para controle e diminuição do crime.

A contribuição observada a partir destas abordagens é a de que para um


policiamento preventivo, que busque a diminuição dos crimes, baseado em
sistemas de informações que realmente auxiliem a trazer resultados mais
positivos para o planejamento da atividade policial, é necessário que os
profissionais de segurança pública, sobretudo os próprios policiais, estejam
dispostos a serem mais flexíveis na sua visão sobre análise criminal. Do mesmo
modo, os policiais devem estar capacitados para enfocar a criminalidade com
uma perspectiva de prevenção.

A questão é que não adianta simplesmente afirmar que as estatísticas


podem ser usadas, mas é preciso que se esteja informado de qual uso irá se
fazer para o planejamento da atividade policial. Também é preciso estar ciente
de que está se falando de um processo em que todas as etapas devem estar
articuladas e incorporadas pelos profissionais de segurança pública envolvidos.

A atividade criminosa passou a ser informada e organizada de modo a


requerer a contrapartida equivalente da polícia, sob pena de esta restar
inoperante. A Inteligência é, portanto, com o uso da estatística criminal, e de todo
sistema de informação, a ferramenta indicada para atuar preventivamente,
coletando os dados no seio da própria organização criminosa e no banco de
dados de todos os órgãos de Segurança pública.

É preciso salientar que não se pretende com a análise da estatística


criminal medir qual é a quantidade de crimes que ocorrem, o que, aliás, é
impossível, pode-se apenas estimar a subnotificação dos crimes que varia em
função do seu tipo. O que a análise da estatística criminal deve contribuir é no
fornecimento de subsídios para ações do Estado, seja na dimensão
tático/operacional, para que os policiais possam realizar melhor as investigações
e o patrulhamento, sejam na dimensão estratégica, de modo que os gestores e
formuladores das políticas possam realizar projeção de cenários.

Por último, a análise das estatísticas criminais não é um fim em si mesmo,


mas apenas a uma das muitas etapas para o desenvolvimento de políticas
públicas e para a profissionalização das polícias, restando ainda muito trabalho
a ser feito.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. A. A. A Ciência da Informação como Ciência Social, Ciência da


Informação, Brasília, v.32, n.3, set./dez. 2003
BRAGA, G. M. Informação, Ciência da Informação: breve reflexão em três
tempos. Ciência da Informação, v.24, n.1, 1995.

BRAZ, José. Investigação Criminal: a Organização, o Método e a prova. Os


Desafios da Nova Criminalidade. 2ª ed., Coimbra: Almedina, 2010.

BRITO, Vladimir de Paula. O papel informacional dos serviços secretos.


Dissertação (mestrado). Orientadora: Marta Macedo Kerr Pinheiro. Belo
Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Ciência da
Informação. Disponível em:
http:// www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ECIC-
8H2J2B/1/o_papel_pdf. Acessado em 10 de outubro de 2015

FERRO, Alexandre Lima. Inteligência de Segurança Pública. Revista


Brasileira de Inteligência, Brasília: Abin, v. 2, n. 2, abr. 2006, disponível em,
Acessado em 10 de outubro de 2015.

GRACIOSO, L. De S. Disseminação de informações estatísticas no Brasil:


práticas e políticas das agências estaduais de estatística, Ciência da Informação,
Brasília, v.32, n.2, mai./ago. 2003.

GOMES DIAS, Teresa Pizarro Beleza e Frederico ISASCA. Direito Processual


Penal - Textos, Lisboa: AAFDL, 1992, pp. 63-68.

HITCHCOCK, Roswell D. Bíblia de estudo em concordância. Traduzida por


Bruno Destefani. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2005.

JANNUZZI, P. De M. Indicadores Sociais no Brasil: conceitos, fontes de dados


e aplicações. Campinas: Editora Alínea, 2001.

LAURINDO, F. J. B. Tecnologia da Informação, estratégias e organizações.


in: LAURINDO F. J. B.; ROTONDARO, R. G. (Org.). Gestão Integrada de
Processos e da Tecnologia de Informação. São Paulo: Atlas, 2008.

KUHN, Thomas S. A função do dogma na investigação científica. In: Deus,


Jorge Dias de. (org.) A crítica da ciência. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.

MUSUMECI, L. Estatísticas de Segurança: para que servem e como usá-las.


IN: RAMOS, S.; PAIVA, A. (Org.). Mídia e Violência: tendências na cobertura de
criminalidade e segurança no Brasil. Rio de Janeiro: IUPERJ, 2007.
SOUZA, E. Explorando novos desafios na polícia: o papel do analista, o
policiamento orientado para o problema e a metodologia IARA. In: PINTO, A. S.
E RIBEIRO, L. M. L. (Org.). A análise criminal e o planejamento operacional. Rio
de Janeiro: Coleção Instituto de Segurança Pública. Série Análise Criminal, v. 1,
2008.

TZU, Sun. A Arte da Guerra. Adaptação de James Clavell, Rio de Janeiro:


Record, 1983.

Disponível em: https://ozaelfelix.jusbrasil.com.br/artigos/407085023/estatistica-


criminal-fonte-de-informacao-da-inteligencia-policial-na-busca-da-reducao-da-
criminalidade

Potrebbero piacerti anche