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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0194.15.000596-6/001 Númeração 0005966-


Relator: Des.(a) Alberto Diniz Junior
Relator do Acordão: Des.(a) Alberto Diniz Junior
Data do Julgamento: 09/11/0016
Data da Publicação: 23/11/2016

EMENTA: AÇÃO DE COBRANÇA - ILEGITIMIDADE PASSIVA DE PESSOA


JURÍDICA EXTINTA - PROSSEGUIMENTO DO FEITO EM RELAÇÃO AO
SÓCIO - INADIMPLÊNCIA - TEORIA DA IMPREVISÃO- INAPLICABILIDADE
- HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - AÇÃO DE NATUREZA
CONDENATÓRIA - CRITÉRIOS.1. Verificando-se que o pólo passivo da
presente ação de cobrança é composto por empresa extinta, deve ser
reconhecida sua ilegitimidade, devendo o feito prosseguir apenas em relação
ao sócio da sociedade extinta.2. A aplicação da teoria da imprevisão
somente é possível na hipótese de fato extraordinário e imprevisível, com
consequências para ambas as partes contratantes, de forma a tornar a dívida
impagável pelo devedor e resultando vantagem não esperada pelo credor.3.
Nas ações de cunho eminentemente condenatório, os honorários
advocatícios devem observar o disposto nas alíneas a, b, e c do parágrafo 3º
do artigo 20 do CPC.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0194.15.000596-6/001 - COMARCA DE CORONEL


FABRICIANO - 1º APELANTE: KM LOCADORA DE VEÍCULOS E
OUTRO(A)(S), EMILIANO SOARES - 2º APELANTE: BANCO DO BRASIL
SA - APELADO(A)(S): BANCO DO BRASIL SA, EMILIANO SOARES, KM
LOCADORA DE VEÍCULOS E OUTRO(A)(S)

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 11ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em DAR PARCIAL PROVIMENTO AO PRIMEIRO RECURSO E

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DAR PROVIMENTO AO SEGUNDO.

DES. ALBERTO DINIZ JUNIOR

RELATOR.

DES. ALBERTO DINIZ JUNIOR (RELATOR)

VOTO

Cuida-se de Recursos de Apelação respectivamente interpostos por KM


Locadora de Veículos e outro e Banco do Brasil S/A, interposto nos autos da
Ação de Cobrança movida pelo último em face dos primeiros, perante o Juízo
da 1ª Vara Cível da Comarca de Coronel Fabriciano, em virtude do seu
inconformismo com a sentença (fls. 157/158) que julgou procedentes os
pedidos iniciais para condenar os réus no pagamento do saldo devedor
referente ao contrato debatido nos autos no valor de R$ 102.976,36 (cento e
dois mil, novecentos e setenta e seis reais e trinta e seis centavos), corrigido
até o efetivo pagamento, desde a data do ajuizamento da ação, com base na
Tabela da Corregedoria de Justiça e acrescido de juros de mora de 1% ao
mês, contados desde a citação.

Em razão da sucumbência, os requeridos foram condenados em


honorários advocatícios estabelecidos em R$ 1.500,00 (mil e quinhentos
reais).

Do primeiro recurso (fls. 161/176), aviado pelos réus, consta preliminar


de inexistência de personalidade jurídica da ré Km Locadora de Veículo Ltda.
Me, em razão de sua liquidação voluntária e consequente extinção de sua
personalidade.

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Pugnam, assim, seja a primeira ré excluída da presente lide.

Quanto ao mérito, tecem considerações sobre a teoria da imprevisão com


o intuito de relativizar a força dos contratos.

Para corroborar seu direito, fazem menção aos artigos 422 e 478 do
código civil e artigo 6º do CDC.

Primeiro recurso devidamente preparado, folha 177.

Em apelo de fls. 178/182, o autor insurge-se contra o montante fixado a


título de honorários advocatícios - por ela apontado como ínfimo - e requer
sua majoração.

Segundo recurso devidamente preparado, folha 184.

Contrarrazões ao primeiro recurso apresentadas às fls. 189/193.

Ausentes contrarrazões ao segundo apelo, conforme certificado à folha


201.

Em despacho de folha 210, solicitei que a primeira parte apelante


prestasse informações sobre o processo número 0006801-46.2015.8.13.

A primeira recorrente cumpriu a determinação retro, trazendo os


documentos de fls. 223/232.

É o relatório.

Conheço dos recursos, porquanto presentes os pressupostos intrínsecos


e extrínsecos de admissibilidade.

Em razão da técnica processual, a análise dos recursos será feita


conjuntamente.

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Primeiramente à análise da preliminar de ilegitimidade aviada pela


primeira parte recorrente.

PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA

A primeira parte recorrente defende a inexistência de personalidade


jurídica da ré Km Locadora de Veículo Ltda. Me, em razão de sua liquidação
voluntária e consequente extinção de sua personalidade.

Entendo que a presente insurgência encontra-se devidamente


fundamentada, conforme passarei a expor.

Noticia-se que a presente ação de cobrança foi proposta por Banco do


Brasil S/A em face de KM Locadora de Veículos Ltda. Me e Emiliano Soares.

Por ocasião da contestação (fls. 99/103), o juízo foi informado acerca


encerramento da primeira ré, por extinção voluntária, conforme certidão de
folha 106, emitida pela Receita Federal.

Considerando que a empresa que ocupa o pólo passivo extinguiu-se em


momento anterior à propositura da presente ação, inclusive com baixa na
Receita Federal, deixou de ter capacidade postulatória.

Necessário ressaltar que a credora não pode ser prejudicada pela


extinção da sociedade.

Verificando-se que a presente lide trata apenas de direitos patrimoniais,


ocorre a sucessão processual, com simples substituição da parte e
prosseguimento do feito.

Considerando que o pólo passivo da presente ação também é integrado


pelo sócio Emiliano Soares, a ação de cobrança deve prosseguir somente
contra ele - parte legítima.

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Acerca do tema, este Tribunal já se manifestou:

"AÇÃO DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C REPARAÇÃO DE DANOS -


CONTRATO SOCIAL - DISTRATO - PESSOA JURÍDICA EXTINTA,
INCLUSIVE COM BAIXA NA JUNTA COMERCIAL - AUSÊNCIA DE
CAPACIDADE POSTULATÓRIA - EX-SÓCIOS - POSTULAÇÃO EM NOME
PRÓPRIO - LEGITIMAÇÃO ATIVA - PERTINÊNCIA. - Firmado o distrato do
contrato social, a empresa extinta não tem capacidade postulatória ausente,
assim, uma das condições da ação, pelo que não há reparo a ser feito na
decisão que decretou extinção do processo sem resolução do mérito, em
relação à mesma. - A legitimidade de partes decorre de seu envolvimento no
conflito de interesses. Havendo o referido envolvimento, ou seja, a discussão
relativa a contrato celebrado por pessoa jurídica já extinta, a legitimidade dos
ex-sócios está presente." (TJMG - Ap. C. N° 1.0040.07.057316-3/001,
Relator: Des. Osmando Almeida, J. 23/02/2010).

Assim, considerando a extinção da empresa ré, deve ser reconhecida


sua ilegitimidade para figurar no pólo passivo da presente ação de cobrança,
que prosseguirá apenas em relação ao segundo réu, que figurou como sócio
da sociedade extinta.

MÉRITO

Como tese defensiva, o primeiro apelante alega exclusivamente a teoria


da imprevisão.

Sem razão, contudo.

Verifica-se dos autos que a instituição bancária autora cumpriu sua


obrigação contratual, emprestando numerário aos réus.

Todavia, a parte requerida faltou com sua obrigação de pagamento.

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Por sua vez, não há que se falar em existência de causa superveniente,


acontecimentos extraordinários e imprevisíveis que onerassem em demasia
o contrato, não se aplicando, pois, à hipótese em exame, a teoria da
imprevisão prevista no art. 478 do Código civil.

Sobre o tema, ensina Caio Mário da Silva Pereira:

"Admitindo-se que os contratantes, ao celebrarem a avença, tiveram em vista


o ambiente econômico contemporâneo, e previram razoavelmente para o
futuro, o contrato tem de ser cumprido, ainda que não proporcione às partes
o benefício esperado. Mas, se tiver ocorrido modificação profunda nas
condições objetivas coetâneas da execução, em relação às envolventes da
celebração, imprevistas e imprevisíveis em tal momento, e geradoras de
onerosidade excessiva para um dos contratantes, ao mesmo passo que para
o outro proporciona lucro desarrazoado, cabe ao prejudicado insurgir-se e
recusar a prestação. Não o justifica uma apreciação subjetiva do
desequilíbrio das prestações, porém a ocorrência de um acontecimento
extraordinário, que tenha operado a uma mutação do ambiente objetivo, em
tais termos que o cumprimento do contrato implique em si mesmo e por si só
o enriquecimento de um e empobrecimento do outro. Para que se possa
invocar a resolução por onerosidade excessiva é necessário ocorrem
requisitos de apuração certa, explicitados no art. 478 do Código Civil: a)
vigência de um contrato de execução diferida ou continuada; b) alteração
radical das condições econômicas objetivas no momento da execução, em
confronto com o ambiente objetivo no da celebração; c) onerosidade
excessiva para um dos contratantes e benefício exagerado para o outro; d)
imprevisibilidade daquela modificação." (Instituições de Direito Civil, Vol. III,
11ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004, p. 165-166)

Considerando a inexistência, nos presentes autos, de prova de que


houve benefício exagerado para a autora, e não figurando a

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inadimplência como fato extraordinário e imprevisível, não se aplica a teoria


da imprevisão.

A propósito:

"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À EXECUÇÃO - DUPLICATAS


VENCIDAS - DÍVIDA COBRADA PELO VALOR HISTÓRICO -
DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PLANILHA ATUALIZADA DO
DÉBITO - CASO FORTUITO - INOCORRÊNCIA - TEORIA DA IMPREVISÃO
- INAPLICABILIDADE - RECURSO DESPROVIDO.

(...) Segundo Caio Mário da Silva Pereira, os pressupostos para a aplicação


da teoria da imprevisão são: ""a) vigência de um contrato de execução
diferida ou continuada; b) alteração radical das condições econômicas
objetivas no momento da execução, em confronto com o ambiente objetivo
no da celebração; c) onerosidade excessiva para um dos contratantes e
benefício exagerado para o outro; d) imprevisibilidade daquela modificação".
Não restando demonstrados tais requisitos, não há se falar na aplicação
daquela teoria, no caso sub judice." (Apelação Cível 1.0702.11.019479-
3/001, Relator Des. Eduardo Mariné da Cunha, P. 02/07/2013).

Mantida, portanto, a procedência da ação.

Resta tratar do pleito de majoração de honorários advocatícios objeto do


segundo recurso.

Em sentença, os honorários advocatícios foram estabelecidos em R$


1.500,00 (mil e quinhentos reais).

Na ação aforada, de cunho eminentemente condenatório, os honorários


advocatícios devem observar o disposto nas alíneas a, b, e c do parágrafo 3º
do artigo 20 do CPC.

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Cumpre ressaltar que os honorários serão fixados consoante apreciação


eqüitativa do Juiz, nos termos da norma do §4º do art. 20 do CPC.

Em sentença condenatória o juiz condenará o vencido a pagar honorários


ao vencedor entre o mínimo de 10% e o máximo de 20% sobre o valor da
condenação.

A respeito da fixação dos honorários, Pontes de Miranda elucida que:

"O que na decisão tem o Juiz de atender é àquilo que se passou na lide e foi
por ele verificado: a falta de zelo do profissional, ou o pouco zelo que
revelou, ou o alto zelo com que atuou; o ser difícil ou fácil o lugar em que
atuou o advogado; a natureza e a importância da causa, o trabalho que tem o
advogado e o tempo que gastou (não o tempo que durou a causa, mas sim, o
tempo que foi exigido para o seu serviço)." (grifo nosso) (in Comentários ao
Código de Processo Civil, 4ª ed., tomo I, Forense, 1995, p. 396).

Assim, levando-se em consideração as peculiaridades do presente


processo, fixo os honorários advocatícios em 10% sobre o valor da
condenação.

Com tais considerações, DOU PARCIAL PROVIMENTO AO PRIMEIRO


RECURSO para reconhecer a ilegitimidade passiva da primeira requerida e
DOU PROVIMENTO AO SEGUNDO RECURSO para majorar os honorários
advocatícios, fixando-os em 10% sobre o valor da condenação.

Ante o que restou decidido na presente instância, a condenação


sentencialmente estipulada deverá recair apenas sobre o segundo réu,
Emiliano Soares.

As custas do primeiro recurso deverão ser repartidas na proporção de


80% para a parte recorrente, ficando 20% por conta do apelado.

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Custas do segundo apelo: pela parte recorrida.

DESA. SHIRLEY FENZI BERTÃO - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MARCOS LINCOLN - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO PRIMEIRO


RECURSO E DERAM PROVIMENTO AO SEGUNDO"

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