O DEUS QUE SUPRE AS NOSSAS NECESSIDADES

Ev. Rodrigo Gonçalez

Texto base: ​2 Reis 4.1-7

Introdução

Eram tempos muito difíceis em Israel. Talvez um dos mais duros da

história dessa nação idólatra. O perverso Rei Acabe governava sob os
desvarios de sua louca esposa Jezabel, a mesma que havia enfrentado Elias e
mandado matar os profetas do Deus Altíssimo. A nação passava por crise
moral, ética e econômica. Havia fome e corrupção por todos os lados. Após a
morte de Acabe, o seu filho Jorão começava a reinar, mas fez somente o que
era mau aos olhos do Senhor (2 Rs 3.1-3).

Nesse contexto complexo de desesperança, encontramos esses dois

poderosos homens de Deus: Elias e Eliseu; íntegros, santos, poderosos em
sinais e prodígios; homens corajosos que desafiaram os reis para defender a
Verdade de Deus; não se calaram diante da injustiça, nem se acovardaram na
presença desses ímpios governadores. Antes defenderam de forma corajosa a
Palavra do Senhor, e por meio deles Deus preservou a sua glória em meio a
uma nação idólatra, ingrata e profana.

Eliseu é reconhecidamente um dos mais notórios personagens bíblicos.

Um homem simples, chamado por Deus mediante a convocação do profeta
Elias (1 Reis 19.19-21). Abandonou o seu trabalho, a sua casa e o seu passado
de modo que agora dedica-se a servir ao Senhor, seguindo e aprendendo com
Elias.

Portanto, este homem, antes de ser tornar aquele que teria a porção
dobrada do espírito de Elias - que nada mais é do que a unção poderosa do
Deus Espírito Santo ​-, que realizou o dobro de milagres de seu mestre, foi um
humilde e sedento aluno. Nós nunca seremos usados por Deus se não formos
pessoas submissas e humildes, dispostas sempre a aprender e a crescer na
graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Para isso,
precisamos deixar para trás o nosso passado e caminhar tendo os olhos fixos
no alvo da nossa soberana e gloriosa vocação, decretada por Deus desde antes
dos tempos eternos.

1. NÃO É PORQUE SOMOS SERVOS DE DEUS QUE NÃO

SOFREREMOS NESTE MUNDO.

O versículo 1 nos diz que uma mulher, “​das mulheres dos discípulos dos
profetas”​ , estava em grande necessidade com sua família. O marido, então
aprendiz de profeta, havia morrido. Este era fiel ao Senhor, pois ele o temia,
conforme nos informa o sagrado texto. Provavelmente este homem era
aprendiz de Elias ou Eliseu, daí ela mencionar quem era ele. Naquele tempo, o
homem era o principal - senão o único - mantenedor do seu lar. A morte do
marido trazia sempre graves consequências econômicas para a família. Uma
mulher nessa situação não tinha condições de sustentar o seu lar. Ou ela se
casava novamente, ou passava por graves apuros. Era o que estava
acontecendo. Naquele tempo havia uma lei que permitia aos credores
cobrarem as dívidas impagáveis levando as os filhos como servos ao seu
senhor, até o sétimo ano. Mas, como a corrupção era generalizada, havia
muitos abusos dessa lei. Nesse contexto, ela estava dizendo que perderia os
seus filhos para sempre. Essa pobre mulher, além de ter perdido o seu esposo,
agora corria o sério risco de perder também os seus filhos. Uma dor
incalculável. Possivelmente, ou ela se tornaria uma mendiga ou prostituta,
pois na situação dela era muito difícil um outro homem aceitar se casar com
ela.
Aplicação: Esse texto nos mostra que mesmo os servos fiéis do Senhor
enfrentam grandes dificuldades. Um homem temente a Deus havia morrido, e
sua família estava aparentemente abandonada à sua própria sorte. Dívidas,
desemprego e a vergonha haviam adentrado as portas desse lar sem bater nas
portas e ter pedido licença. A situação era bastante grave, e aquela mulher não
tinha a quem recorrer senão a Deus, o Senhor. Assim também lembramo-nos
da mulher do fluxo de sangue, que tocou na orla das vestes de Cristo e fora
curada. O problema mais grave que podemos enfrentar não é a ausência de
saúde ou a crise financeira. Provavelmente a mulher do fluxo de sangue tinha
muito dinheiro, e por doze anos tentou resolver a situação com seus recursos
e seus próprios métodos. Porém, existem momentos que os recursos se
esgotam, a tentativas falham, e os credores batem à porta, repetidas vezes. É
verdade, meus irmãos, que o cristão se acidenta, enfrenta graves
enfermidades e fica desempregado e endividado.

A diferença é que temos um Deus tão poderoso, amoroso e

misericordioso, que Ele pessoalmente cuida de nós. Ele nos ajuda em nossas
necessidades e acolhe as nossas súplicas. Seus ouvidos estão sempre atentos
às nossas orações e súplicas, pronto para responder, sempre, à Sua sábia
maneira, o nosso clamor.

2. A FALTA DE RECURSOS NÃO É O PROBLEMA. DEUS USA DA

INSIGNIFICÂNCIA DOS NOSSOS RECURSOS PARA
DEMONSTRAR A FORÇA DO SEU PODER.

Aquela mulher, de tão pobre, não tinha nada senão uma botija de azeite,
o suficiente para Deus sustentá-la de forma plena. Muitas vezes nos
encontrarmos exatamente nessa situação: olhamos para a nossa realidade e
enxergamos apenas a deficiência, imposta por nossas próprias limitações. Ela
via a botija de azeite como uma limitação. O homem de Deus como uma
oportunidade.

A pergunta do profeta reflete a sua percepção bíblica de uma

oportunidade de Deus realizar um milagre na vida daquela humilde senhora.
Onde enxergamos problemas, Deus vê oportunidades. Que nós possamos ter a
sensibilidade espiritual de sempre enxergarmos as circunstâncias à nossa
volta como oportunidades de Deus realizar verdadeiros milagres em nossas
vidas. Aquela mulher via o seu problema como o seu fim. Mas Eliseu conhecia
o poder de Deus, e sabia muito bem que se fosse da sua vontade algo
sobrenatural poderia ocorrer. E foi exatamente o que se passou.

Geralmente o Senhor nos abençoa com os seus poderosos feitos com

aquilo que temos em mãos para fazer, geralmente o que Ele mesmo nos
serviu. Muitas vezes estamos ansiosos por grandes oportunidades “fora” de
nossas realidades presentes. Deus pode até levar você até chegar a esse lugar
posteriormente, mas faça o que está em suas mãos para fazer e seja fiel com o
pouco que ele lhe confiou.

3. AO PRECEDER O MILAGRE, FAÇA O QUE LHE CABE: SEJA

OBEDIENTE E CREIA.

Enxergando a grande oportunidade, Eliseu pede à mulher que solicite

quantas vasilhas emprestadas conseguir com os seus vizinhos. Detalhe: todas
elas deveriam estar vazias, pois quem iria enchê-las era o Senhor. Deus não
queria que ela pedisse azeite emprestado, mas que as vasilhas emprestadas se
tornassem recipientes da multiplicação do milagre. Sem explicação dos reais
motivos, aquela mulher precisa somente obedecer e crer.

Um detalhe importante que devemos notar: o milagre ocorreria no

secreto do seu lar. Sem alardes, sem demonstrações públicas de poder. Assim
como o Senhor Jesus nos ensinou a quando formos orar entrarmos em nosso
aposento secreto e orar, desfrutando da presença poderosa de nosso Deus em
secreto, da mesma maneira essa mulher precisava contemplar o cuidado de
Deus primeiro de forma secreta, com suas portas fechadas.

Aplicação: Hoje nós desejamos logo postar tudo nas Redes Sociais. Um
passeio, uma diversão, uma festa. Um milagre então, nem se fala. Porém,
estamos nos esquecendo da solidão das portas fechadas, daquele aposento
secreto, do quarto de oração. A publicidade é natural quando o verdadeiro
milagre ocorre às portas fechadas. frequentemente o Senhor Jesus chamava
àqueles que ele curaria à parte da multidão. Devemos aprender a valorizar
esses momentos ocultos, que pensamos ser tão insignificantes. Não pensemos
assim! Pois o Pai, que vê em secreto, nos recompensará! - são as palavras do
próprio Senhor Jesus.

Muitas pessoas interpretam esse texto como se a quantidade de vasilhas

fosse o tamanho de sua fé. Porém, enxergando por uma outra ótica, podemos
entender que ela pediu todas as vasilhas que conseguiu em sua vizinhança, o
máximo que pode, em obediência à voz do profeta de Deus. Vamos aqui uma
atitude de uma mulher obediente, que se esforçou para obedecer e esperou
em Deus o resultado do seu esforço. Infelizmente, muitos de nós somos
preguiçosos e displicentes, deixando de receber do Senhor ainda mais por
causa de nossas próprias limitações.

4. DEUS SUPRE AS NOSSAS NECESSIDADES MOMENTÂNEAS.

O azeite parou (v. 6b). O azeite parou porque a quantidade multiplicada

seria suficiente para suprir as necessidades daquela família por longos anos,
até os meninos crescerem e começarem a trabalhar. Deus cuida de nós e supre
todas as nossas necessidades. Não devemos ficar demasiadamente
preocupados com o que havemos de comer, beber ou vestir uma vez que Ele
cuida de nós nos mínimos detalhes.

Segundo a instrução de Eliseu, ela deveria vender o azeite, pagar a

dívida e viver do que sobrasse. A viúva que clamava pela vida de seus filhos,
foi atendida para muito além do que pediu ou pensou. Ela desejava pagar as
suas dívidas. O Senhor a abençoou de forma que agora ela seria sustentada
também, de forma mais abundante.

CONCLUSÃO

1. Mesmo sendo servos fiéis do Senhor, enfrentaremos tempestades, escassez

e dificuldades em nossa caminhada. Não estamos imunes aos problemas e às
dificuldades que ocorrem a todos, enquanto vivermos nessa terra.

2. O Senhor usa dos nossos poucos e escassos recursos para produzir o

milagre em nossas vidas. O que você tem em suas mãos? O que você pode
fazer? Busque soluções, amplie possibilidades.

3. Crer é obedecer. Obedecer é crer. Obedece e creia na Palavra de Deus para

o sucesso dos seus empreendimentos em Cristo.

4. Busque ao Senhor no secreto. A maioria dos milagres de nossas vidas

ocorre no secreto dos nossos aposentos fechados. A publicidade do ilre é para
a glória de Deus. Geralmente Deus não marca horário nem lugar para realizar
suas obras poderosas.

5. Creia que o Senhor suprirá suas necessidades e você viverá com muito além
daquilo que sua própria limitação é capaz de produzir. “​O Senhor é o meu
pastor, e nada me faltará​”.

Soli Deo Gloria!