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Ética Pastoral, a Prática do Ministério Pastoral

FACULDADE DE TEOLOGIA DO CEARÁ – FATECE

CURSO DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA DAS


ASSEMBLÉIAS DE DEUS - CETAD

ÉTICA PASTORAL – A PRÁTICA DO


MINISTÉRIO PASTORAL

FORTALEZA – 2003
Curso de Educação Teológica das Assembléias de Deus – CETAD
Ética Pastoral, a Prática do Ministério Pastoral

Curso de Educação Teológica das Assembléias de Deus – CETAD


Ética Pastoral, a Prática do Ministério Pastoral

SUMÁRIO

1. QUALIFICAÇÃO DO PASTOR......................................................
2. CARACTERÍSTICAS DO PASTOR................................................
3. O PASTOR E SUA VIDA PARTICULAR........................................
4. A VIDA PESSOAL...........................................................................
5. A VIDA EMOCIONAL.....................................................................
6. A VIDA FAMILIAR.........................................................................
7. O PASTOR E SEUS ESTUDOS.......................................................
8. O PASTOR E O REBANHO............................................................
9. CLÍNICA PASTORAL......................................................................
10. O PASTOR COMO ADMINISTRADOR.........................................
11. O PASTOR COMO LÍDER..............................................................
12. CÓDIGO DE ÉTICA PASTORAL...................................................
13. BIBLIOGRAFIA...............................................................................

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1. QUALIFICAÇÕES DO PASTOR

A recomendação de Jesus aos discípulos foi de que orassem ao


Senhor da seara para que enviasse obreiros (Mt 9.38), e de modo algum a
escolha do ministério por parte daquele que o almeja, jamais deve resultar
do desejo de um ganho pessoa, ou de uma disponibilidade maior de tempo
para gozo pessoal, ou mesmo da vaidade de exercer um maior controle
sobre as pessoas.
O pastor deve ser convicto de que foi chamado por Deus, como
Paulo, por exemplo, que declarou que a sua escolha não fora resultado de
motivação humana, “mas por Jesus Cristo, e por seu Pai, que o ressuscitou
dos mortos” (Gl 1.1; At 9.15). Deus, quando chama o homem para cumprir
o seu propósito universal, lhe confere qualidades de dons e talentos que
serão úteis ao seu ministério, a fim de produzira unidade, a maturidade e a
perfeição da Igreja. O próprio Senhor Jesus Cristo determina,
providencialmente, lugares de serviço na Igreja desses homens “dotados”
(At 11.22-26), ou mesmo através do Espírito Santo (At 13.1,2 e 16.6,7).
Nada escapou ao cuidado de Deus para que a união de Cristo com a sua
Igreja fosse consumada:
1o – Inicialmente Cristo foi dado à Igreja para ser sua cabeça (Ef
1.22,23);
2o – Depois, foi dado o Espírito Santo, para que residisse na Igreja
e executasse a missão de Cristo (Ef 2.21,22; II Co 3.18; At 2.4);
3o – Através do Espírito Santo dá homens dotados à Igreja, com o
fim de vê-la crescer espiritualmente e atingir a plenitude de Cristo (Ef
1.23). Assim, o ministro é qualificado para exercer a função espiritual,
como vem acontecendo desde o passado:
 A sabedoria de Moisés foi insuficiente para libertar Israel da
escravidão, e se tornou fracasso e fuga (Ex 2.11-14; At 7.22-29);
 Após a morte do rei do Egito, teve Moisés um encontro com Deus
no Monte Horebe (Ex 3.1-6), e recebeu do alto, poder e autoridade, para
fazer maravilhas com a vara que trazia em sua mão (Ex 4.2);

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 Deus, com mão forte, tirou o povo de Israel da terra do Egito (Ex
12.37; 13.8; 14.8; 15.6);
 Elias, Eliseu, Davi e tantos outros forma usados de maneira
poderosa e cheios do Espírito;
 O próprio Senhor Jesus Cristo foi ungido para libertar os homens
(Lc 3.22; At 10.38), porque Deus era com Ele. Essa é razão por que os
milagres e maravilhas acompanharam o seu ministério (Mt 4.23-25; 11.4-
6; Jo 5.36; 10.25,38; 14.10,11). Tanto os discípulos quanto aqueles que são
chamados para o ministério são exortados a buscar o poder do Espírito
Santo (Lc 24.49; At 1,4,5,8) e os acompanharão grandes sinais (Mc
16.17,18).

1.1 Vocação divina


“E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por
Deus, como Arão” (Hb 5.4).
“Ser ministro cristão é uma honra que Deus dá a um ser humano e
requer, por isto mesmo, da parte do candidato, Vocação e Chamada, ambas
dependentes de Deus e manifesta pelo Espírito Santo.” Assim, ser servo de
Jesus é estar a serviço dos seus servos. É necessário ao vocacionado que
tenha a disposição de servir, caso contrário, lhe sobrevirá um sentimento
de recalque oposto à sua própria ocupação. O ministro vocacionado pelo
Senhor coloca o ministério acima de tudo e cuida em ser a obra mais
importante na face da terra (At 13.2; Rm 1.1). Deve ter uma experiência
pessoal de sua própria redenção, pois é uma testemunha do poder e da
graça de Deus, e não pode se escusar de falar das coisas que tem ouvido e
que lhe tocam o coração. O pastor, além de lembrar-se frequentemente de
sua redenção pessoal, deve esforçar-se também para enriquecer a sua vida
cristã de novas experiências da graça de Deus por todos os meios ao seu
alcance.
A vocação divina inclui o profundo desejo de obedecer à voz do
Bom Pastor na sua consciência, com a exigência, muitas vezes, de
sacrifício e sofrimentos. O apóstolo Paulo declara que “se anuncio o

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Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa


obrigação” (I Co. 9.16).

1.2. Conduta pessoal


O maior pastor que a Bíblia nos apresenta é Jesus Cristo. Ele é o
modelo por excelência . E é dele que devemos tirar as características para
o perfeito desempenho ministerial.

2. CARACTERÍSTICAS DO PASTOR
 Ter cuidado de si mesmo e da doutrina (I Tm 4.16), porque assim
fazendo, salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem. Se
negligenciarmos este princípio, sofreremos as terríveis consequências.
 Ser irrepreensível, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para
ensinar, não ser cobiçoso, ser de torpe ganância, e não ser avarento (I Tm
3.2,3).
 Obediente, humilde e sábio, como Epafrodito, companheiro de
Paulo (Fp 2.25), homem com três qualidades essenciais para o bom
ministro: fraternidade, espírito de cooperação e espírito de
companheirismo.
 Governar bem a sua própria casa, e ter os seus filhos em sujeição,
com toda modéstia (1o Tm 3.4).
 Ter bom testemunho dos que estão de fora. Onésimo era “um irmão
fiel” (Cl 4.9).
 Ter uma grande capacidade de perdoar. O pastor conhece as
fraquezas de suas ovelhas e sabe perdoá-las (Jo 4 e 8).
 Ter uma grande capacidade de autodomínio. No exercício do seu
ministério, deve o pastor dominar-se a si mesmo para merecer grande
confiança e ilimitado respeito da comunidade.
 Ter uma grande capacidade de formar obreiros. O evangelista funda
igrejas. O mestre edifica vidas através do ensino. O pastor forma obreiros.
Não apenas isto, mas também isto. Jesus preparou doze, depois preparou
mais setenta, depois continuou preparando. O pastor deve preparar os seus
auxiliares, os seus cooperadores, o seu substituto. (At 16.3a).
 O bom ministro:
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a) ama (I Co 11.11);
b) trabalha (I Co 9.16; II Tm 4.2);
c) dá sua vida pela obra (II Tm 4.6-8);
d) é cheio do Espírito Santo (At 4.31);
e) fala o que convém a sã doutrina (Tt 2.1);
f) ser estudioso;
g) ser sincero e bondoso;
h) ter boas relações com Deus;
i) entusiasta;
j) intensamente humano;
k) ser de oração.

 Enfim, nem todo brilhante pregador ou mestre é bom pastor; e


também nem todo evangelista poderá tornar-se pastor. Há diversidade de
dons. Não é o caso de se menosprezar um ministério por causa de outro, e
sim o de se perceber que cada ministério requer o seu próprio Dom, que só
Deus pode conceder.

2.1. Desafios modernos


Extrema corrupção nos últimos dias (II Tm 8.1-4). Estes são alguns
dos inimigos e obstáculos que o pregador do Evangelho tem de enfrentar
nos últimos dias. Temos a certeza de que se agora as coisas estão ruins,
com as heresias que se enfrentam, elas não se tornarão mais fáceis para os
pastores, segundo a lembrança de Paulo. O materialismo vem destruindo
tudo o que de verdadeiro possui a religião Cristã e a fé em Cristo Jesus.
Paralelamente ao materialismo, agiganta-se o secularismo, influenciando
inconscientemente pastores descuidados da sutileza do inimigo.

2.2. Recursos do pastor


O pregador moderno dispõe das verdades do Evangelho para
proclamar as insondáveis riquezas de Cristo, dominado pelo poder do
Espírito Santo para ser testemunha, tanto em Jerusalém, como em toda a
Judéia e Samaria, e até nos confins da terra (At 1.8). O pregador tem o
mesmo Evangelho dos apóstolos, mas, paradoxalmente, só tem as riquezas
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deste Evangelho à medida que as possui no seu espírito, à medida que as


apropria da fé, amando o Senhor de todo o seu coração, de toda a sua alma,
com todas as suas forças e com todo o seu entendimento. Em avançada
idade, Paulo escreve a Timóteo (I Tm 4.1:3): “Persiste em ler, exortar e
ensinar.”

2.2.1. Persistir em ler


A expressão correspondente a “persistir em”, no original grego,
pode também ser traduzida por “preocupa-te com”, “aplica-te a”, ou
“dedica-te a”. Qualquer destes sentidos demonstra que é dever do pastor
dedicar-se ou aplicar-se à leitura. A Bíblia é o grande recurso do pastor; ela
não somente deve estar à sua mão, como também em seu coração; deve ter
diligência ao estudá-la (II Tm 2.15), trazendo à memória as coisas
estudadas, como para gozar de novo a sua doçura, pois isto enriquece a
compreensão das lições (I Tm 4.13,15). A Bíblia é o manual do pastor; ela
descreve tudo quanto lhe é indispensável para servir bem a Deus, como
também é de vital importância ao rebanho sobre o qual Deus o constituiu
bispo (At 20.28). o pastor que não se atualiza, de forma alguma poderá
defender o seu rebanho contra os perniciosos ensinamentos heréticos que
surgem a todo momento. Estudando e pesquisando, seus conhecimentos
teológicos irão se firmando cada vez mais e lhe darão segurança em suas
afirmações.

2.2.2. Persistir em exortar


O verbo exortar, na língua grega, deriva-se do substantivo
“Paracleto”, que é o título atribuído por Jesus ao Espírito Santo, e
significa, principalmente, o Consolador. Talvez este sentido pareça
estranho àqueles que consideram a exortação com compreensão ou
correção com palavras duras. Todavia, nada mais é do que persuadir com a
verdade, avisar quanto ao perigo iminente, e admoestar com a sã doutrina.

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2.2.3. – Aplicar-se ao ensino


Como se pode ensinar sem que haja aprendido? (Jo 14.26). O
ensino da doutrina é uma das responsabilidades mais importantes do
pastor, “pois ela é o alimento de que se nutrem as ovelhas” (Sl 23.2,5). O
pastor deve receber a mensagem diretamente de Deus, amassando o pão
nos próprios joelhos e servindo-o quente à Igreja. Esta verdade está
expressa em Atos 20.26,27: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que
estou limpo do sangue de todos, porque nunca deixei de vos anunciar todo
o conselho de Deus.” Para enfrentar os desafios modernos, o pastor precisa
continuar voltado para o estudo profundo das Escrituras Sagradas, possuir
uma cultura adequada para entender com simpatia a mentalidade do povo,
e apresentar os ensinos da Bíblia como orientação segura de vida.

3. O PASTOR E SUA VIDA PARTICULAR

3.1. A vida espiritual


Em sua vida, o pastor precisa conservar-se santificado para o
desempenho de seu papel aqui no mundo. Analisemos duas partes
importantes de sua vida:
 Santidade:
Deus é Santo. E porque Ele é Santo, exige de seus seguidores a
santidade, como diz o apóstolo Pedro: “Mas, como é santo aquele que vos
chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver”. (I Pe
1.16).
 Somos templo do Espírito Santo:
Qualquer crente a que permanece o Espírito Santo de Deus torna-se
sua habitação (I Co 3.16; Rm 8.9). o vocábulo grego traduzido é “naos”, o
recinto sagrado, o lugar santíssimo, em contraste com “hieron”, o restante
do templo em seus diversos compartimentos. Entretanto, essas duas
palavras, no original grego, podiam ser usadas como sinônimos. Por
semelhante modo, o crente é o lugar santíssimo onde habita o Espírito
Santo de Deus. Desta forma, o pastor é chamado para uma santa vocação

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(II Tm 1.9), isto é, ele é separado com um propósito santo. Deve ser santo,
vivendo em paz com os seus irmãos na fé (Hb 12.14).
 Deus exige santidade:
Exigiu Deus, no princípio, de Abraão, mesmo com a idade de
noventa e nove anos (Gn 17.1); de Israel, quando fez o povo subir da terra
do Egito, foi uma exigência (I Pe 1.15,16). E, por estar a palavra
“santificação” ligada às palavras “pureza”, “sem mancha”,
“irrepreensível”, “sem ruga”, é que o pastor precisa de uma santificação
geral:
a) Do espírito, da alma e do corpo (I Ts 5.23);
b) Do coração (Mt 5.8; Sl 24.4);
c) Do pensamento (Fp 4.8; Cl 3.1,2)
d) Dos lábios (Cl 3,8,9; Sl 141.3; Ef 5.4);
e) Dos olhos (I Jo 2.15-17; Mt 5.28);
f) Das mãos (Sl 24.4; Hb 12.12; I Tm 2.8);
g) Dos pés (Ef 6.15; Ec 5.1);
h) Dos ouvidos (Dt 28.62; Pv 21.13; Is 50.4,5);
i) Outras referências: Sl 93.5; II Co 7.1; Ef 1.7; 4.24; I Ts 3.13;
4.3,4; I Tm 2.5; Hb 12.14; II Ts 2.13; I Pe 1.15.
Sendo santificado, o pastor produzirá aqueles aspectos
transcendentais do fruto espiritual, nascido por atuação do princípio
divino, isto é, o fruto do Espírito: amor, gozo, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, temperança, humildade, misericórdia, fidelidade e
paciência.
“Para que o homem de Deus seja perfeito...” (II Tm 3.17). Para
servir no Evangelho com pureza espiritual, como os sacerdotes da antiga
aliança, o pastor não pode apresentar nenhuma deformidade, está descrito
em Lv. 21.18-20.
Estas imperfeições são caracterizadas espiritualmente:
3.2. Pecados da Língua
Tiago, irmão de Jesus Cristo, dedicou quase que um capítulo inteiro
de sua epístola (cap. 3) ao domínio da língua. Reconhece a verdade de que
“todo tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o

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tal varão é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tg
3.2).
Vejamos mais alguns tropeços que o pastor pode incorrer ao longo
de seu ministério, utilizando-se da língua:

3.2.1. Conversação torpe


É da abundância do coração que a boca fala (Lc 6.45; Mt 15.18). A
fala é a faculdade que distingue os homens dos animais; é o sinal de sua
personalidade. O pensamento é impossível sem palavras. “O pensamento
antecede à ação, como o relâmpago antecede ao trovão.” O caráter de uma
pessoa é revelado pela própria maneira de falar e se expressar. Por isso é
que Paulo, ao usar o termo “...despojai-vos também de tudo... das palavras
torpes da vossa boca” (Cl 3.8), estava se referindo à linguagem obscena do
falar, do “abuso de boca suja”, pois o termo grego “aischros” significa
“feio”, “vergonhoso”, “vil”, “aviltante” e retém a idéia tanto de profanação
como a de obscenidade, juntamente com a idéia de abuso. Ele ainda
condena veementemente essa prática, que é oposta à santidade cristã,
dizendo que, a não ser a que for boa para promover a edificação, nenhuma
palavra deve sair de nossa boca; nem a prostituição (profanação,
aviltamento); impureza ou avareza (mesquinhez, esganação); nem torpezas
(procedimento ignóbil; impudicícia); nem parvoíces (tolices); nem
chocarrice (gracejo atrevido) mas antes ações de graça (Ef 4.29; 5.3,4).
Isto quer dizer que deve o pastor fazer uso da fala com ações de graças,
apropriando-se dessa faculdade, e bendizer e louvar a Deus, visando ao
real proveito em suas conversas com o próximo, beneficiando-o com
palavras dignas e edificadoras, em contraste com a linguagem dos
incrédulos.
Ao ministro não convém reunir-se com seus amigos e incorrer no
Salmo 1.1, estando certo de que “de toda a palavra ociosa que os homens
disserem, hão de dar contas no dia do juízo” (Mt 12.36); e o uso frequente
da palavra torpe, que também significa “podre”, “decadente”, usada para
indicar peixe, carne ou vida vegetal estragados, ou seja, “mau”,
“corrupto”, “imoral”, acostumará o ministro a não dar ouvidos a Deus.
Assim cada encontro de um homem com seu próximo lhe apresenta uma
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ocasião de transmitir graça àqueles que o ouvem. Essa deve ser a atitude
do pastor sempre que entrar no campo da conversação.

3.2.2. Crítica
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes
medido vos hão de medir a vós” (Mt 7.1,2). As palavras do Senhor Jesus
não se traduzem em tolerância para o mal, mas que é nosso dever sondar
sempre os erros de nossa própria vida. A crítica tem duas facetas:
a) Faculdade de julgar com conhecimento; e
b) Condenação ou censura desfavorável.
Biblicamente, isto é traduzido pelo apóstolo Paulo como “pecado
da malícia” (I Pe 2.1), e que denominamos suavemente “crítica”. Existe a
crítica construtiva e a destrutiva, que esboçam grandes diferenças entre si.
Pastores há que usam a “vara” para ajudar a ovelha, sem machucá-la,
sendo isto prova de cuidado, assim como o pai, que com amor critica seu
filho, sem que cesse sua afeição por ele. Outros, porém, são tão críticos
que deixam marcas profundas de desgosto em suas ovelhas, e os pais em
seus filhos, matando a afeição que sentem.
Quando o ministro deixa o espírito de crítica apossar-se de si, é
porque oculta-se em seu interior a “podridão dos ossos”, proverbialmente
traduzida por “inveja” (Pv 14.30). O cristão verdadeiro e humilde,
revestido de submissão, de brandura, de mansidão, de docilidade, de
espírito e de procedimento. Não enche a sua boca de linguagem imunda
contra os filhos de Deus “ sob a capa de santidade”, mas tem modo e
comportamento terno e afável, como recomenda Paulo: “Revesti-vos, pois,
como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia,
de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade” (Cl 3.12).
Carlos R. Padilha apresenta vinte princípios importantes que, se aplicados
adequadamente, ajudarão o pastor a controlar o seu ímpeto crítico,
tornando saudável suas observações:

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 Críticas negativas não, positivas sim


a) orar;
b) ser direto (Mt 18.15);
c) fazê-lo em particular (Mt 18.15,16);
d) verificar os motivos;
e) ser honesto;
f) falar a verdade em amor;
g) ganhar o direito de ser escutado;
h) ser objetivo e específico;
i) sugerir alternativas;
j) orientar-se por perguntas positivas.

 Princípios para receber crítica negativa:


a) orar;
b) não ficar na defensiva;
c) permitir que o outro complete sua crítica;
d) pedir a evidência sobre a qual se baseia a crítica;
e) perguntar a si mesmo;
f) decidir se o crítico está expressando alguma necessidade
pessoal através de sua crítica;
g) decidir por que o crítico expressou sua crítica;
h) decidir qual é o verdadeiro problema;
i) decidir cuidadosamente como responder;
j) falar acerca disso.

3.2.3. Cólera / Ira / Ódio


A cólera pode ser extravasada em toda parte em toda sorte de
palavras ofensivas, e tem variedade de sentidos:
a) indignação;
b) irritação;
c) impaciência;
d) vexação;
e) amargura;
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f) exasperação;
g) ressentimento;
h) paixão;
i) mau gênio;
j) ira;
k) ódio;
l) raiva;
m) fúria;

Quando Paulo diz “irai-vos e não pequeis” (Ef 4.26), não está nos
autorizando a que nós nos iremos, e também não quis dizer que, , se nos
irarmos, de modo algum cometeremos pecado, contanto que abafemos
nossa ira antes do cair da noite. A Bíblia está cheia de advertência contra a
ira, e muitos pastores têm atribuído o seu mau gênio aos nervos,
transformando com isso uma falta grave em simples enfermidade. É muito
melhor admitir a falta, arrepender-se e confessá-la, abandonando-a e
pedindo humildemente perdão por ela. Deus pode conceder-nos vitórias ao
longo das linhas das nossas maiores derrotas. Podemos transformar, pelo
domínio próprio, o mau gênio; torná-lo gênio bom não importa na ausência
de têmpera. Uma pessoa que saiba dominar o seu temperamento pode
alcançar muito mais do que um indivíduo sem qualquer reserva de espírito.
Vejamos como a Bíblia nos fala a esse espírito:
Sl 37.8: “Deixa a ira, e abandona o furor; não te indignes para fazer
o mal.”
Pv. 15.1: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura
suscita a ira.”
Pv. 19.11: “O entendimento do homem retém a sua ira, e sua glória
é passar sobre a transgressão.”
Pv. 19.19: “Homem de grande ira tem de sofrer o dano.”
Pv. 21.19: “Melhor é morar numa terra deserta do que com a
mulher rixosa e iracunda.”
Pv. 22.24: “Não te acompanhes com o iracundo, nem andes com o
homem colérico.”
Pv. 27.4: “Cruel é o furor e a ira é impetuosa.”
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Outras referências: Lv 19.17,18; Pv 11.4; 14.17,29; 29.22; Mt 5.22;


Gl 5.20; Ef 2.3; 4.26,31; 6.4; Cl 2.8; I Tm 2.8; Tg 1.19,20.
Segundo o profeta Amós ele foi inspirado a ordenar ao povo de
Israel a “odiar o que é mau e amar o que é bom” (Am 5.15). Então, amor e
ódio são qualidades opostas e quem pode agradar a Deus, apenas quando
Ele nos separar da transgressão, como por exemplo, quando a esposa do
senhor de José do Egito tentou, suplicou e até mesmo agarrou-o para fins
imorais, ele não precisou parar para refletir o que devia fazer:
simplesmente correu (Gn 39.12). O seu ódio ao que era mau (Sl 97.10;
139.22) protegeu sua consciência perante Deus.
Se amaramos as coisas que Deus ama, odiarmos as coisas que Deus
odeia, isto nos protegerá contra as práticas iníquas deste mundo. E há seis
coisas que aborrecem ao Senhor, a sétima a sua alma abomina (Lv 21,18-
24):
 O que aborrece ao Senhor:
a) olhos altivos;
b) língua mentirosa;
c) mãos que derramam sangue inocente;
d) coração que maquina pensamentos viciosos;
e) pés que se apressam a correr para o mal;
f) testemunha falsa que profere mentiras;

 O que abomina o Senhor


a) O que semeia contendas entre irmãos.

 Existem muitas maneiras diferentes de expressarmos


verbalmente a nossa ira, como por exemplo:
a) movimentando as mãos;
b) levando o polegar à ponta do nariz do agredido;
c) executando gestos sexuais insultuosos;
d) jogando a cabeça para trás;
e) dando um piparote debaixo do queixo;
f) batendo com o polegar nos dentes superiores;
g) executando expressões faciais; etc.
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A medida que tomamos mais consciência da nossa própria


linguagem corporal e da linguagem dos outros, começamos a ver mais
claramente nossa própria ira. O remédio para a fraqueza de temperamento..
Deus tem um plano emocionante para vencer todas as fraquezas de
temperamento, até mesmo ira. Em Ef 5.18, Deus designa esse plano como
sendo continuamente cheios do Espírito. A plenitude do Espírito Santo
produz três grandes características emocionais:
1) um cântico no coração (Ef 5.19)
2) uma atitude mental de ação de graças (Ef 5.20);
3) um espírito submisso (Ef 5.21).
É impossível ficar com raiva quando estas três emoções estão
presentes. A plenitude do espírito é, portanto, o remédio óbvio é apropriar-
se das qualidades do amor, delineadas pormenorizadamente pelo apóstolo
Paulo sob a inspiração de Deus, em I Co 13.4-8:
a) o amor é sofredor e benigno;
b) o amor não é invejoso;
c) o amor não trata com leviandade (julgamento precipitado);
d) o amor não se ensoberbece;
e) o amor não se porta com indecência;
f) o amor não busca seus interesses;
g) o amor não se irrita;
h) o amor não suspeita mal;
i) o amor não folga com a injustiça;
j) o amor não folga com a verdade;
k) o amor tudo sofre;
l) o amor tudo crê;
m) o amor tudo espera;
n) o amor tudo suporta;
o) o amor nunca falha.

3.2.4. Irreverência ou profanação


profanação é tudo aquilo que vem desvirtuar as coisas de Deus, isto
é, aquilo que dá má aplicação às coisas de Deus, que trata com irreverência
o que é de Deus, e viola a sua santidade, quer seja através de palavras, que
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seja através de ações. Aquele que é profano não demonstra o mínimo de


santidade, e nem os que apoiam a profanação. Malaquias mostra como o
altar do Senhor fora profanado, e alguém contribuiu para isso, dizendo:
“Não faz mal” (Ml 1.8). Em Lv 22.20-22, Deus avisa para que as coisas
sagradas não sejam profanadas.

 Profanação do falar:
Em Êxodo 20.7, o Senhor Deus adverte: “Não tomarás o nome do
Senhor teu Deus em vão...”. o homem espiritual, aquele que nasceu de
novo, pode perfeitamente eliminar de seu coração a linguagem pesada e
profana, evitando assim, a aparência do mal. “Não saia da vossa boca
nenhuma palavra torpe, e, sim, unicamente a que for boa para edificação,
para que dê graça aos que a ouvem”, Ef. 4.29, é a generalização de Paulo
para os santos do Senhor. O pastor que se dá à vulgaridade, ao sacrilégio, à
blasfêmia ou ao juramento enganoso (Mt 5.34-37) estará revelando mau
caráter, e contaminando a atmosfera em que vive, causando desgosto
profundo às pessoas de bons sentimentos e ofendendo a Deus. Quando o
ministro não consegue dominar a sua própria língua (Tg 3.8,10; 1.26), não
conseguirá também dominar toda a sua personalidade, e ela o fará
imiscuir-se às rodas do escárnio, das piadas blasfemas, do vocabulário
tolo, dos trocadilhos dúbios ou ambíguos. Isto lhe fará cair na linha do
descrédito perante a Igreja, que colocará em dúvida sua própria chamada.

 Profanação da doutrina:
A recomendação de Paulo a Timóteo para ter cuidado de si mesmo
e da doutrina (I Tm 4.16) incluía, entre outras coisas, condenar as coisas
do mundo que estavam entrando na Igreja, bem como exercer autoridade e
zelar pela doutrina, para que a sua má explicação não viesse a se tornar
uma profanação ao Senhor. Eis aí a razão porque disse Tiago: “Meus
irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais
duro juízo” (Tg 3.1). Muitos obreiros querem ensinar hoje em dia sem se
preocuparem em estudar sistematicamente a Palavra de Deus, seja como
autodidata ou em instituições de ensino teológico. O desastre se faz sentir
logo adiante: erros grosseiros de interpretação doutrinária e que conduzem
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à profanação da doutrina. O que ensina, que exerça com dedicação e


fidelidade esse ministério (Rm 12.8). “Tu, pois, que ensina a outro, não te
ensinas a ti mesmo? ” (Rm 2.21a.) por falta de consonância na aplicação
da doutrina é que têm acontecido tantas divisões no meio eclesistico.
Professores ou ensinadores são muitos, mas os observadores da palavra
são poucos. É muito mais fácil ensinar do que praticar, e, se ensinamos e
não praticamos aquilo que ensinamos, nos tornamos hipócritas e
consequentemente, estamos profanando a doutrina.

 Leviandade
O leviano procede sem seriedade, irrefletidamente, com
precipitação e com imprudência. Paulo traduz nas palavras de Ef 5.4 a
conversação torpe, as chocarrices e palavras vãs como leviandade. O
gracejo ou a chocarrice sempre são inconvenientes, pois consistem num
riso a custa de outro. Muitos têm caído neste pecado condenado pela
Palavra de Deus, e ao contrário do bom humor que pode exercer uma
influência benéfica numa reunião cristã, a tolice põe uma reunião em
debandada.

 Mentira
Jesus caracterizou o Diabo como mentiroso, porque “quando ele
profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da
mentira” (Jo 8.44). A queda do homem foi consequência de uma mentira
bem formulada pela serpente. Deus ordenou a Moisés e aos filhos de Israel
diretamente: “Não mentireis nem usareis de falsidade cada um com o seu
próximo” (Lv 19.11). Paulo, em Colossenses 3.9, reafirma este
ensinamento “Não mintais uns aos outros...’e, “pelo que, deixai a mentira e
falai cada um a verdade com o seu próximo” (Ef 4,25). A mentira é um
pecado muito sério, e é reprovada nos Salmos e nos Provérbios; os
profetas e os apóstolos fizeram sérias advertências contra esse pecado (Sl
5.6; Pv 15.5,9; 13.5; Jo 2.21; I Tm 4.2; Ap 21.27).
Quando o ministro se entrega à mentira, é prenúncio de que parte
de sua vida já pertence a Satanás, e torna-se seu aliado, não sendo digno de
crédito (Jo 8.44), e passa a ser inimigo de Deus, porque é verdade, e nEle
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não há mentira (1o Jo 2.21; Ap 22.15). A mentira nos torna semelhantes ao


diabo, que é seu pai, e além disso é uma das características principais da
imagem do diabo em nossas almas. Eis algumas referências à mentira que
podem ajudar a repugná-la:
a) É proibida (Lv 19.11; Cl 3.9);
b) É abominável a Deus e contra Deus (Pv 6.16-19; 12.22);
c) É um obstáculo à oração (Is 59.2,3).
d) É originada pelo diabo (Jo 8.44);
e) Os santos devem repelir a mentira (Sl 119.29);
f) Os santos devem evitar essa maldade (Is 63.8);
g) Os santos devem orar para serem preservados dela (Sl 119.29);
h) Os hipócritas são dados à mentira (Is 57.4);
i) Os hipócritas causam a mentira (Is 57.4);
j) Os ímpios a mantêm desde a infância (Sl 58.3);
k) Os ímpios amam a mentira (Sl 62.3);
l) Os ímpios buscam a mentira (Sl 4.2);
m) A mentira é uma das características dos apóstatas (2 o Te 2.9; 1o
Tm 4.2);

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n) A mentira é um vício que exclui o indivíduo dos céus (Ap


21.27;22.15);
o) O diabo exemplifica a mentira (Gn 3.4).

 Murmuração
É um outro pecado da língua, e se constitui um hábito que trai uma
condição espiritual. Aos filipenses, Paulo exortou: “Fazei todas as coisas
sem murmurações nem contendas” (Fp 2.14), e, Pedro, em sua primeira
epístola, aconselha-nos a deixar toda malícia, todo o engano, todo o
fingimento, toda a inveja, e todas as murmurações (I Pe 2.1). Moisés,
quando conduziu o povo de Israel através do deserto, sofreu muito por
causa desse problema: “Tendo ouvido as murmurações dos filhos de
Israel”, disse o Senhor (Nm 14.27). A murmuração é falar mal de alguém
ou alguma coisa; são as queixas de pessoas descontentes, e, portanto, é
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pecado, e muitos obreiros têm perdido a graça de Deus porque


constantemente ocupam o tempo precioso de que dispõem para falar mal
dos ungidos do Senhor (Tg 4.11), às vezes retendo pessoas ao telefone com
palestras infindáveis, escrevendo para outras de muita ocupação, exigindo
respostas, “ou fazendo perguntas indiscretas que forçam confidências”, em
vez de se ocuparem em cuidar do rebanho como disse o sábio Salomão:
“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre o teu
gado” (Pv 27.23). O obreiro que vive murmurando dos membros de sua
própria Igreja e de seus colegas está em rebelião contra Deus, e precisa
alcançar a cura através da oração e do louvor para que seu coração se
encha de amor, de regozijo e de paz.

3.3. TENTAÇÕES DO PASTOR


Poderia ter Jesus caído em tentação? Ele poderia pecar? Isto é uma
velha questão que sempre aparece, e temos de pensar que Jesus também
foi homem, e devemos nos lembrar de que, se a sua tentação foi
verdadeira, a sua vitória também a foi. A ocasião da tentação de Jesus (Mt
4.1-10; Lc 4.1-12) precisa ser bastante observada pelo caráter de seriedade
que se reveste: não foi simplesmente uma solicitação de Satanás para
induzi-lo ao erro, mas as três tentações, juntamente, tinham por finalidade
oferecer a Jesus o cumprimento de sua missão messiânica, de forma
imediata, mas sob condições ditadas por ele, Satanás.
O que tentação? Existem três conceitos que não são propriamente
sinônimos:
1) Prova;
2) Sedução; e,
3) Tentação
A prova tem um sentido mais positivo, e está ligada à idéia de
purificação:
a) Deus prova o homem: Sl 7.9;66.10; Pv 17.3; Gn 22.1 (Tentou
Deus a Abraão no sentido de provar); Êx 16.4, Dt 4.34 (com provas); I Pe
1.7 (prova da fé), Hb 11.17 (provado).
b) O homem prova a Deus: Ml 3.10, Ex 17.2; Sl 95.8; Rm 12.2
(experimenteis); At 15.10).
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c) O homem prova o homem: Gn 42.15; I Jo 10.1; 4.1; I Co 13.5


(Examinai-vos).
A sedução tem sentido negativo e traz a idéia de ser praticada por um
inimigo que quer nos arrastar para o mal, como:
a) O Diabo seduz o homem. Gn 3.13 (enganou); Ap 2.10
(tentados); Ap 12.9 (engana);
b) O Diabo tentou seduzir Jesus: (Mt 4.3);
c) O homem seduz o homem: Ex 22.16(enganar); II Jo 7
d) O homem tenta seduzir a Deus: At 15.10.

A tentação representa a tensão espiritual provocada em todo ser


humano pelas provas e seduções enquanto ele viver. Dois chamados
contrários ressoam simultaneamente na alma do tentado e compelem-no a
uma decisão num sentido ou noutro.
Citemos um exemplo
a) Eva e Adão, entre o mandamento de Deus (Gn 2.16) e a
sedução do diabo (Gn 3.5);
b) Abraão, entre a aliança (Gn 21.12) e a ordem divina para o
sacrifício de Isaque (Gn 22.1-11); o cristão entre Deus e o maligno (Mt
6.13);
c) Jó, entre o seu Deus (Jó 2.10) e Satanás, dissimulado na sua
mulher (Jó 2.9).
Disso tudo concluímos que a tentação pode provir de Deus e de
Satanás, mas com intenções completamente opostas: Deus tenta, prova, e
seduz, tendo em vista o nosso bem ou um fim benéfico e positivo. O diabo
só tenta e seduz (mas nunca prova), visando ao nosso mal ou a um fim
maléfico e negativo. Perigos que rondam a vida do pastor.

3.3.1. Dinheiro
O pastor deve ser um ganhador de almas por excelência (Mt 4.19),
mas, lidando com aquilo que é material, deve fazê-lo com muita prudência.
A Palavra de Deus diz que as riquezas vêm de Deus (I Cr 29.12), e a Ele
pertence o ouro e a prata e tudo quanto existe na terra (Ag 2.8). Se o pastor
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é o mordomo do tesouro da casa do Senhor, ele precisa saber manobrar


com esses valores e não deixar-se enredar por ele. O servo do Senhor que
lida com finanças deve ser o senhor do dinheiro, e não escravo dele. (I Tm
6.9,10). Alguns têm sido enlaçados pelo diabo com tentações, como:
a) canalizar os recursos para a construção de suntuosas
propriedades particulares, enquanto a própria igreja necessita de reparos ou
mesmo de uma nova construção, de novas congregações, e equipamentos;
b) adquirir carros do ano com o dinheiro do suor das ovelhas, para
sua comodidade e de sua família, enquanto os obreiros do campo não
dispõem de nenhuma bicicleta para atender à obra do Senhor;
c) aplicar o dinheiro da igreja e subtrair para si os dividendos que
renderam durante o tempo da aplicação, enquanto as ovelhas passam fome
e ficam sem a assistência que lhes garanta sobrevivência;
d) emprestar dinheiro a juros (condenado pela Bíblia) dos
polpudos dízimos dos mais abastados, a ponto de ser conhecido na cidade
como “agiota”, enquanto os cofres da igreja permanecem vazios para
atender suas mínimas necessidades materiais;
e) desviar dinheiro da igreja para suas necessidades pessoais e de
sua família;
f) levantar fundos, em grandes campanhas, dizendo ser para
compra de terreno e para a construção de uma sede, sem no entanto ser
para o fim proposto e sem fazer o devido esclarecimento à igreja;
g) endividar a igreja na aquisição de materiais de construção ou de
equipamentos a ponto de estrangular as suas finanças, obrigado-a a ônus
de juros insuportáveis e, consequentemente, ao sacrifício de seus
membros. Por esse erro, muitos veêm suas obras paradas, tendo que
negociar o imóvel para saldar os compromissos assumidos e não
liquidados. Jesus ensinou sobre a construção e quando e como se deve
colocar as bases para construir (Lc 14.28-30).
Infelizmente, muitos destes estão como os israelitas nos dias de
Ageu, “Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto
esta casa fica desolada?” (Ag 1.4), em casas forradas, montando usinas,
engenhos, situando fazendas, amontoando prata e ouro, enquanto a Casa
do Senhor fica deserta. A mensagem do Senhor a Ageu deve ser lembrada:
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“Considerai os vossos caminhos. Tendes semeado muito, e recolhido


pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vesti-vos,
mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para o meter num
saco furado. Assim diz o Senhor dos exércitos: considerai os vossos
caminhos esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco,
quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que
causa? Diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em
ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua própria casa.” (Ag 1.5,9) e
das palavras de Jesus: “Louco, nesta noite exigirão a tua alma; e o que
ajuntaste para quem ficará?” (Lc 12.20).
Uma das condições indispensáveis para se ser ministro é aborrecer
a avareza (I Tm 3.3, Tt 1.7), e o avarento é colocado em pé de igualdade
com o idólatra, o ladrão (1o Co 6.10). Ora, sendo semelhante à feitiçaria,
claramente se infere que não há distinção entre o avarento, o idólatra e o
feiticeiro, e sua parte será no “lago que arde com fogo e enxofre” (Ap
21.8). Mas a tentação do metal precioso tem levado outros a viverem além
de seus recursos materiais e a se descuidarem das obrigações financeiras,
causando, com isso, grande prejuízo para sua administração pastoral. Que
o pastor faça um orçamento de seu salário, aja com prudência e equilibre
seus gastos. Paulo, em suas exortações e conselhos a Timóteo, diz: “Mas
os que querem ser ricos caem em tentação e em laço, em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição
e ruína. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a
piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão” (I Tm 6.9,11).

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3.3.2. Egoísmo
O egoísmo é uma das doenças ligadas ao ego. É uma inclinação
humana que se tem feito sentir em todas as coisas, e que domina o palco
das atividades hodiernas. Refere-se ao apego excessivo a si mesmo e ao
que se faz em detrimento dos interesses dos outros e nos incomoda quando
a posição que ocupamos é ameaçado pelo surgimento de alguém que
procura ombrear-se conosco. O perigo do egoísmo pode florescer bem
cedo no coração do pastor, pois, na luta pela sobrevivência e pelo
desenvolvimento, sempre são galardoados os mais esforçados e os mais
capazes. A solução para o pastor que se vê diante desse problema é o
desenvolvimento do espírito de compreensão e de solidariedade. Talvez
alguns, pelos anos de ministério que têm, esqueceram-se de que a
humildade é uma qualificação daquele que conseguiu galgar as escadas do
sucesso, e hoje, infelizmente, estão doentes com enfermidades ligadas ao
ego, como:
 egocentrismo; É a tendência a monopolizar a atenção para a sua
própria personalidade, desprezando as opiniões alheias. Só ele está certo.
 Egolatria; É a adoração ao próprio eu, o culto do eu. É o clímax de
todas as doenças. É o caso do homem do pecado (II Ts 2.4).

3.3.3. Falsidade

“Abomino e aborreço a falsidade; mas amo a tua lei” (Sl 119.163).


Deus exortou o povo de Israel, dizendo: “De palavras de falsidade te
afastarás...” (Êx 23.7), porque quem usa de falsidade patrocinada a
injustiça, e nunca será justificada, porque Deus o conside00ra ímpio.
De vez em quando alguém sussurra em algum ouvido: “Fulano é
uma boa pessoa, até gosto dele.” Mas, cuidado, porque ele é o verdadeiro
tipo do hipócrita, já está planejando ir à casa de outro, para aumentar a
corrente de traição contra você. Não te assentes, pastor, à mesa com o
homem falso, porque, se ele “maquina o mal na sua cama” (Sl 36.4) e
“maquina o mal contra o justo” (Sl 37.12), facilmente “encherá o teu prato
com hortaliça, a sobremesa com doces, encherá a tua boca com saliva de
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elogios, mas, quando chegares em casa, as tuas orelhas estarão quentes”,


porque a língua falsa é forte e rápida como o deslizar de uma cachoeira
para derramar ódio contra o próximo, difamando-o ocultamente.

3.3.4. Imoralidade
Deve o pastor resguardar-se de cair na imoralidade, cujas
consequências são a vergonha para a sua família e para a Igreja de nosso
Senhor Jesus Cristo. O seu modo de vida irá definir o sucesso de seu
ministério e assim como Cristo a si mesmo se entregou pela Igreja (Ef
5.25), o despenseiro deverá achar-se fiel ao Senhor e à sua companheira, e
com ela conviver em harmonia, providenciando o seu bem-estar e
dignificando-a. A promessa de Deus ao homem que teme ao Senhor é ser
abençoado (Sl 128), pois “comerá do trabalho de suas mãos, feliz será e
lhe irá bem”. Mas como os demais crentes, o pastor precisa lembrar-se de
que tem suas próprias tentações e não estará livre delas a não ser quando
passar para a eternidade, salvo. A mais poderosa arma do inimigo é
destruir, escandalizar e envergonhar a autoridade dos filhos de Deus. E
muitos obreiros estão caindo no pecado da prostituição, seja ela mental
(Mt 5.28), carnal (Ex 20.14) ou espiritual (Tg 4.4), desonrando o nome de
Jesus.

3.3.5. Inveja
“O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja porém, é a
podridão dos ossos.”(Pv 14.30). A pessoa invejosa não sabe amar, sabe
apenas dominar, possuir. A inveja fez com que o “sumo sacerdote e todos
os que estavam com ele” lançassem os apóstolos na prisão (At 5.17),
também, “os patriarcas, movidos de inveja, venderam a José para o Egito”.
Caim assassinou seu irmão movido de inveja profunda, descaindo-lhe o
semblante (Gn 4.6).
“O coração alegre serve de remédio...” (Pv 17.22a), mas a inveja,
pela depressão moral que determina, acarreta uma lenta deterioração física.
A inveja oculta-se, por vezes, atrás de uma tela de boa vontade. Reveste-se
de palavras, como: “Sim, ele fez bem, mas...,” e a chama irrompe. “Não
gosto de dizer isto dele, mas...,” e nova chama irada surge. A inveja é
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própria de imaturidade. É maligna, diabólica e destruidora. Procede do


próprio Satanás, que no princípio foi chamado de “Lúcifer” (filho da
manhã). Ele é o nosso adversário, o enganador, e devemos nos precaver
contra as investidas que faz, tentando corromper nossa moral e nosso
caráter. A inveja é a mãe do diabo, e ninguém está livre de ser ferido por
suas terríveis garras. A diferença entre ciúme e inveja é que o primeiro nos
faz ter medo de perder aquilo que possuímos, enquanto que a inveja nos
provoca tristeza pelo tato de os outros possuírem aquilo que não temos.

 A inveja dos ímpios


Sl 37.1,2: “Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas
inveja dos que obram a iniquidade. Porque cedo serão ceifados como a
erva, e murcharão como a verdura.”
Pv. 3.31,32: “Não tenhas inveja do homem violento nem escolhas
nenhum de seus caminhos, porque o perverso é abominação para o Senhor,
mas com os sinceros está o seu segredo.”
Pv 23.17,18: “Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes
sê no temor do Senhor todo o dia. Porque deveras há fim bom; não será
lograda a tua esperança.”

 A inveja religiosa
Gn 4.3-5: “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto
da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das
suas ovelhas, e da sua gordura, e atentou o Senhor para Abel e para a sua
oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim
fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.”
Sl 106.16: “E tiveram inveja de Moisés no acampamento, e de
Arão, o Santo do Senhor.” (Nm 16.1-50).
Mc 15.10: “Porque, ele, bem sabia que por inveja os principais dos
sacerdotes o tinham entregado.”
At 5,17,18: “E levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que
estavam com ele, encheram-se de inveja, e lançaram mão dos apóstolos, e
os puseram na prisão pública.”

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At 13.45: “Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de


inveja; e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia.”
At 17.5: “Mas os judeus desobedientes, movidos de inveja,
tomaram consigo alguns homens perversos, dentre os vadios, e ajuntando o
povo, alvoroçaram a cidade, e, assaltando a casa de Jason, procuraram tirá-
los para junto do povo.” “Verdade é que também pregam a Cristo por
inveja e porfia, mas outros de boa mente.”
Que cada pastor procure imitar a Cristo, “deixando, pois toda a
malícia, e todo engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações”
(I Pe 2.1), e assim nunca será atingido por esse verme da inveja, e sua vida
será um espelho para o rebanho do Senhor.

3.3.6 Orgulho
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”
(Pv 16.18). o orgulho pode se manifestar na vida do obreiro de várias
formas, e por ser uma condenável exaltação do ego, o qual se delicia com
o pensamento de ser superior a todos os seus semelhantes, torna-se
“abominação ao Senhor” (Pv 16.5). As formas de orgulho são:
a) o espiritual;
b) o intelectual;
c) o material;
d) o social.
Todas essas formas de pecado têm procedência mundana, e não do
Pai (1o Jo 2.16). a soberba ou orgulho busca apenas a glorificação própria,
o culto ao próprio “eu”, que emana do coração onde se fixa uma
desvairada paixão egoísta de viver superior aos outros, com lazer e
conforto excessivos, ostentando melhores vestimentas, olhando altivo,
levando uma vida social regalada ou uma vida de vanglória, de presunção,
de desejo pelo louvor e pela deferência, pelo deleite de ser considerado
importante, de exercer autoridade sobre outros, de estar em primeiro plano;
possui as vaidades vazias da moda e dos costumes, dos títulos e ofícios;
dos uniformes e posição, das pequenas imposturas esnobes, nas quais
coisas os homens caem, não lhes importando que perante Deus nada disso

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tenha qualquer valor. Infeliz é o homem chamado por Deus, vocacionado,


à frente de um rebanho, e que se entrega ao:
 Orgulho espiritual
Foi por esse pecado que Lúcifer recebeu a sentença de Deus: “E
contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo abismo” (Is 14.15). e
“Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em
grande espanto e tornaste, e nunca mais serás para sempre” (Ez 28.19). A
soberba teve início na sua “perfeição e formosura”, estava “estabelecido”.
“Perfeito era nos seus caminhos desde o dia em que foi criado,... até que
achou iniquidade nele” (Ez 28.12-15). Foi o “eu” que o levou a confiar
mais em suas virtudes do que no próprio Criador que o estabeleceu (ICo
7.20,24), como diziam em seu coração:
a) “... eu subirei ao céu...” (Is 14.13);
b) “...exaltarei o meu trono...” (Is 14.13);
c) “... da congregação me assentarei...” (Is 14.13);
d) “... subirei acima...” (Is 14.14);
e) “... e serei semelhante ao Altíssimo.” (Is 14.14).
Nós, como este que se tornou o “Diabo”, quando começamos a nos
sentir auto-suficientes, é hora de acordamos e nos lembrarmos de que o
terreno que estamos pisando é movediço, e poderá nos tragar. A sua
ambição não lhe levou a ocupar a posição almejada, antes caiu na
profundeza do mundo subterrâneo, foi envergonhado e desonrado em sua
morte. E muitos têm entrado por esse mesmo caminho.
O orgulho pastoral tem levado muitos a entrarem em negociatas,
gastando o precioso tempo em reuniões de “conchavos” para
estabelecerem suas posições, e da história da humanidade extraímos que
não há nada que corrompa mais o homem que o poder sobre o seu
semelhante. O orgulho leva o homem a desprezar o seu próximo, e ser
desprezível aos olhos deste. Ele diz, fazendo coro com o antigo repulsivo
fariseu: “Graças te dou, ó Deus, porque não sou como os demais
homens...” (Lc 18.11). só ele tem razão.
 Orgulho Intelectual
“Ser sábio aos próprios olhos” (Rm 12.16). é a qualidade de
orgulho que se manifesta em forma de arrogância perante as pessoas
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menos letradas e perante os oprimidos. Não foi assim com Jesus Cristo,
“que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus”
(Fp 2.6). Que sentimento! Antes, aniquilou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (v. 7). Aquele que
estava com o Arquiteto do universo, quando este era projetado (Pv 8.22-
31), não se jactava de seus feitos na presença dos oprimidos (Mt 8.4),
porque a soberba é inimiga do Evangelho. Sua confiança estava em Deus
(Jo 11.41). o sábio intelectual estriba-se no seu próprio entendimento (Pv
8.5), e o pastor que é “sábio aos seus próprios olhos” esquece-se de que
sua capacidade de entendimento e saber vêm de Deus (I Rs 3.12; Tg 1.5).
 Orgulho Material
A soberba proveniente dos bens materiais pode levar o homem a
esquecer-se de Deus, à ruína e à perdição, como disse Paulo a Timóteo:
“Os que querem tornar-se ricos, caem em tentação e em laço, e em muitos
desejos insensatos e nocivos, os quais arrastam os homens à ruína e à
perdição” (I Tm 6.9). Mas o perigo não está em ser rico neste mundo:
Abraão, Jó, Salomão e muitos outros o foram, mas em colocar o coração
na riqueza (Mt 8.21; Lc 12.20). O verdadeiro sentimento de ser rico é
“possuindo tudo, como nada tendo,” “como pobres, mas enriquecendo a
muitos” (II Co 6.10), porque na soberba trazido por bens materiais,
entroniza-se o ego em vez de Deus ,as coisas secundárias são exaltadas a
um lugar de primeira importância, e a vida se desequilibra. Então,
concentra-se naquilo que tem e não naquilo que é, aos olhos de Deus. A
soberba material tende a levar o homem para a cobiça.

3.3.7. Preguiça
A recomendação do apóstolo Paulo ao jovem Timóteo foi para que
ele procurasse apresentar-se a Deus como “obreiro aprovado” (II Tm 2.15)
e aos romanos, que apresentassem seus corpos “em sacrifício vivo” (Rm
12.1), pois a felicidade do ministério, em grande parte, é determinada pelo
que o pastor faz com o seu corpo e o seu intelecto. A preguiça, como um
dos pecados capitais, destrói a oportunidade e mata a alma, pois significa
aversão ao trabalho, indolência, vadiagem, negligência, ociosidade,
descuido.
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Quando o pastor entrega-se à indolência, negligencia a leitura da


Bíblia, torna-se um preguiçoso mental e, consequentemente, suas
mensagens passam a não convencer; ele perde a visão, as convicções, a
energia e o poder, e, com isso, o seu trabalho não rende, não podendo
recolher os frutos de sua atividade precária. Muito embora sendo “digno de
seu salário” (I Tm 5.18), passa a fazer parte da galeria dos necessitados e a
sofrer os efeitos da fome, visto que a pouca quantidade de membros de sua
Igreja não pode oferecer o suficiente para a sua sobrevivência. Com isso,
arvora o pretexto de estar passando “provação” de Deus. É preciso que se
note que há diferença entre a preguiça e a situação de necessitado, porque
“a preguiça faz cair em sono profundo, e o ocioso vem a padecer fome”
(Pv 19.15), e o necessitado, que não tem de onde tirar, precisa ser ajudado
(I Jo 3.17). Não estamos querendo dizer que Deus não possa provar o
homem, pois, em muitos casos, a necessidade tem origem numa prova que
Deus impõe, pois, do contrário iríamos atribuir preguiça a todos os casos
de provações vindas do céu.

Consequências da preguiça

1) O servo inútil deixou de negociar o talento recebido: “foi e


cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor” (Mt 25.18). o seu
pecado de nada fazer custou-lhe a sentença: “Mau e negligente servo...
tirai-lhe pois o talento... lançai o servo inútil nas trevas exteriores” (Mt
25,26,28,30).
2) “Em verdade vos digo que vos não conheço” (Mt 25,12), foi a
sentença para as cinco virgens loucas que não levaram azeite consigo,
descuidaram de se preparar para esperar o novo (Ef 5.14).
3) Uma vida fria, sem alegria, sem entusiasmo, especialmente
quando se negligencia a oração (I Ts 5.17). pelo fato de sermos
preguiçosos e indolentes, negligenciamos a oração, e, assim, secam-se os
nossos mananciais espirituais.
4) O constante “deixar para amanhã” vai acumulando seus
afazeres, chegando a um ponto tal, crítico, incapaz de ser levado adiante.
5) Há pastores que negligenciam também (Rm 12.11), como:
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a) no seu modo de conversar;


b) no seu modo de vestir;
c) no seu modo de pagar seus dízimos e ofertas (Ml 3.10);
d) nos seus próprios hábitos;
e) no asseio e na limpeza pessoal;
f) no amor para com próximo;
g) no exame das Escrituras Sagradas (Sl 1.2);
h) na oração.

4. A VIDA PESSOAL

É difícil exagerar o valor da saúde para o ministro de Evangelho.


Devemos nos lembrar, todavia, de que alguns pastores de corpo fraco ou
de saúde abalada tiveram recursos intelectuais e espirituais para triunfar
sobre as suas fraquezas físicas e exercer o seu ministério com eficiência,
com prestígio e com poder. Não devemos enganar a nós mesmos quanto
aos meios de conservar a saúde ou quanto às forças que ameaçam destruí-
la. Alimentando adequadamente o corpo e observando períodos de
recreação e descanso, bem como as horas regulares de comer e de dormir,
o pastor pode trabalhar ardentemente, ficar interessado nos problemas.

4.1. O CORPO

O homem é constituído de uma trilogia, isto é, espírito, alma e


corpo. A ética nos ensina que o homem, para cumprir sua missão aqui na
terra, precisa reconhecer os seus deveres tanto para com o corpo como
para com o espírito. Jamais atingirá o seu alvo, o seu desiderato, se
desprezar os deveres relativos ao corpo; condenar-se-á ao mais completo
fracasso na vida se também desprezar os deveres relacionados com o
espírito. Dessa forma, se constitui de corpo e espírito, logo trem o
compromisso de conservar tanto os dons corporais como os espirituais, a
fim de cumprir com a gloriosa missão moral dada por Deus.
Diferentemente do animal, cuja existência justifica-se pela lei da
preservação, o homem não apenas come e bebe para satisfazer o seu
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apetite ou saciar a sua sede, mas come, bebe e vive para o cumprimento de
sua missão neste mundo. É necessário, ainda, que o pastor tome o devido
cuidado com o corpo, a fim de que tenha boas condições de saúde e,
consequentemente, a disposição espiritual no desempenhar de sua missão.
O corpo merece o maior cuidado na sua preservação, devendo ser
mantido nas melhores condições possíveis para o desempenho de sua
missão, mesmo porque ele “é o templo do Espírito Santo, que habita em
nós proveniente de Deus” (I Co 6.19).

4.1.1. Cuidados com o Corpo


 O ar
A função do ar é queimar os resíduos que não podem ser
aproveitados pelo corpo, fornecendo-lhe renovação do calor. Assim como
o corpo necessita de uma boa alimentação, também os pulmões necessitam
de ar, ar puro, e deve o homem fornecê-lo ao seu organismo. Ar impuro
muitas vezes tem sido a causa de moléstias.

 A limpeza
A pele exerce função de alta importância no corpo. O banho diário
é imprescindível, pois os poros precisam ficar desimpedidos e em bom
funcionamento. A negligência a esse princípio, isto é, a falta de higiene,
pode acarretar o surgimento de algumas moléstias, e, por isto mesmo,
insiste a ética no banho diário, essencial à limpeza e ao bom
funcionamento do corpo.

 Exercício físico
Sem o exercício físico, o corpo pode perder o calor e a abundância
de vida tão necessária ao homem no cumprimento do seu dever. O corpo é
uma máquina que se enferruja quando não é usada. Enfraquecido por falta
de exercício, ele se torna cada dia mais susceptível às doenças, e muita
vezes morre, não tanto pela própria moléstia, mas pela sua condição física.
A impossibilidade do pastor na prática de exercícios diários, face à sua
condição física, ambiental ou mesmo funcional, deve levá-lo a evitar a

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vida sedentária, e a esforçar-se em caminhar o máximo possível, a fim de


manter a forma e o equilíbrio orgânico, para que possa cumprir sua missão.

 O Descanso
O corpo tem certos limites que precisam ser respeitados, o trabalho
esgota-lhe as energias, e o repouso é o que faz com que os danos causados
pelas horas de trabalho sejam reparados. Um automóvel nunca pode ser
consertado quando em movimento: é preciso que esteja parado.
Os reparos no corpo são feitos quando este está parado. As férias
são necessárias para o ministro, que, após um ano de constante agitação,
deve gozá-las. O pastor que não se afasta da igreja com receio de que seus
auxiliares venham a ocupar o seu lugar não deve estar muito seguro de que
a posição que ocupa tem aprovação divina. Feliz é o obreiro que sabe
preparar o seu substituto e desfruta da confiança de toda a igreja. Esta
reconhecerá o seu merecido descanso.

 O Sono
O sono insuficiente é um dos fatores de perturbação da saúde. As
consequencias da falta de sono nem sempre se fazem sentir imediatamente,
mas é certo que aparecerão, mais cedo ou mais tarde.
Uns têm necessidade de mais horas de sono que outros, e,
geralmente, oito horas são suficientes para os adultos. Para se ter um bom
sono, as condições ambientais devem ser bem agradáveis, como uma cama
asseada e confortável, num local arejado, isto é, deve haver entrada para o
ar fresco e escoamento para o ar viciado. Uma fresta de janela em cada um
dos extremos do quarto é o bastante. As constantes e exaustivas viagens
empreendidas pelo pastor no exercício do ministério, e as noites de
vigílias, seja com o grupo de oração ou seja na tentativa de sair incólume
dos grandes problemas que lhe subtraem as horas de sono exigidas pelo
seu corpo, devem ser compensadas, a fim de que isto não contribua para o
seu desequilíbrio emocional com consequências para o rebanho que cuida.

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 A insônia
As principais causas da ausência de sono são a instabilidade, a
insegurança, a tensão e a ansiedade no homem moderno. Essas vítimas
travam, durante a noite, verdadeiras batalhas na hora de dormir. Existe a
insônia ocasional, que ataca em épocas particularmente difíceis, de
excepcional tensão, como a preocupação com dívidas a pagar,
aborrecimentos e problemas ou sérias dificuldades, viagens ou outras
situações. Isto é apenas um acontecimento extra na vida da pessoa,
cessando o motivo de suas preocupações, cessa também a insônia, e o sono
volta a ser tranqüilo.
Já a insônia crônica, aquela que ataca sistematicamente o indivíduo,
pode derivar-se de um grave problema emocional ou mesmo pode ter
origem física (disfunção do sistema nervoso), tornando-se um constante
incômodo na vida da pessoa. O uso de soníferos não deve ocorrer, de
forma alguma, sem receita médica.
Tipos de insônia:
a) de tensão: O sujeito vira e revira antes de cair no sono profundo;
b) de fadiga: O indivíduo adormece logo após a refeição, para acordar
pouco depois e passar o resto da noite em claro;
c) de aflição física: o sujeito não dorme devido a dores de cansaço;
d) flutuante: O sujeito dorme e acorda, flutuando entre os dois estados.

4.2. A ALIMENTAÇÃO
Embora o trabalho ministerial seja fatigante, não deve o ministro
deixar-se dominar pelo seu apetite, e tem de considerar a fome como um
meio e não um fim. A falta de restrição do apetite produz dois vícios
inteiramente opostos:
a) leva o homem a apetecer somente iguarias finas, muito
especiais;
b) leva-o a comer demais e de tudo.

Muitos pastores, também, correm contra o tempo para se dividirem


em grandes banquetes, não observando as restrições dietéticas, muito
menos as recomendações médicas. As facilidades que têm de receber
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convites para festas, sejam de membros da igreja ou de organizações,


põem-no em contato desregrado com guloseimas. Mas uma das regras
mais importantes para manter-se em forma é não sobrecarregar o
organismo, antes, deve-se comer com moderação, regularmente, de modo
que se mantenha o peso normal, o qual deverá ser controlado. A bebida
também influi sobre a saúde. O nosso corpo é constituído de 60% de água,
e, por isso, a água é por demais necessária ao seu funcionamento.

5. A VIDA EMOCIONAL
A psicologia define a emoção como um estado psíquico cuja
principal característica é o forte grau de sentimento por uma atividade
motora quase sempre intensa, e se constitui como uma das fundamentais
experiências do ser humano.

A emoção é um caminho longo e de difícil acesso, que precisa ser


percorrido pelos que abraçaram o ministério. Mesmo o próprio psicólogo-
mor, Jesus Cristo, não foi poupado dessa percepção, quando expressou-se:
“A minha alma está cheia de tristeza até à morte” (Mt 26.38; Mc 14.34; Jo
12.37; Lc 22.15; Jo 17.18, etc). o melhor remédio para o ministro que vive
uma vida de intensas emoções é identificar em que situações sues
descontroles emocionais ocorrem e, a partir desse ponto, executar um
trabalho preventivo e de reeducação de suas emoções. Esses fatores
psicológicos, orgânicos e sociais que o envolvem precisam ser detectados,
e não tem sido tarefa fácil para a Psicologia. Classificar as emoções, que, à
vista disso, as tem separado em grupos:

5.1. Emoções Primárias


São emoções ligadas a atividades provocadas e dirigidas para um
objetivo, como:
a) o medo: É uma emoção de afastamento, e envolve uma fuga do
perigo. Ele pode estar relacionado à nossa imaginação (dúvidas, suspeitas,
fantasias, etc.), ou resultar de desvios de educação moral e espiritual.
Quando os espias israelitas forma enviados a espiar a terra de
Canaã, manifestaram medo no excesso da imaginação (transformaram
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homens comuns em gigantes) Nm 13.16-33. Os discípulos de Jesus


assustaram-se, quando O viram caminhando sobre o mar (Mt 14.22-36; Mc
6.45,46; Jo 6.15-21), e gritaram com medo: “É um fantasma”. Isto foi um
excesso da imaginação, que gerou falta de fé, e a incredulidade transforma
a coragem em covardia e medo. O medo deve ser evitado, pois traz o
fracasso e perturbações à personalidade do indivíduo. Além do mais, o
pastor inseguro está transmitindo o medo e a insegurança ao rebanho do
Senhor, contrariamente ao que a Bíblia ensina através do próprio Cristo,
seus apóstolos e tantos outros mártires cheios de fé e de confiança, que não
amaram as suas vidas, antes as “crucificaram com Cristo” (Gl 2.20). o
medo causa preocupação. A preocupação nos torna tensos e nervosos,
afetando o estômago e causando, verdadeiramente, modificações nas
secreções gástricas, que passam a ser anormais e conduzem, muitas vezes,
a úlceras de estômago.
b) a cólera acontece quando surgem barreiras que se opõem à
realização de objetivos, especialmente se essa realização foi continuamente
frustrada. Pode ter início num leve sentimento de irritação.
c) a tristeza: está ligada à perda de valores ou e pessoas.
d) a alegria: na alegria, o ponto convergente é a busca e a obtenção
de um objetivo, e o nível de tensão criado determina a intensidade da
emoção. Quanto mais importante for o objetivo, maior será a tensão, e
muito maior será a alegria, quando esse objetivo é alcançado.

5.1.1. Emoções ligadas à estimulação sensorial


O sentimento emocional, que resulta de uma estimulação sensorial
(sensação), tende a ser dirigido para o objetivo positivo ou negativo.
a) a dor física;
b) a repugnância;
c) os desprazeres; e,
d) os prazeres.

5.1.2. Emoções ligadas à auto-estima

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Estão ligadas à percepção que a pessoa tem do seu comportamento


com relação à vários padrões de comportamento, como:
a) amor (desde uma suave emoção até um sentimento mais
profundo);
b) ciúme (às vezes de intensidade desproporcional à situação);
c) inveja (emoção negativa do eu, ver na posse de outro o que
achamos que devia ser o nosso); e,
d) ódio (o núcleo essencial da emoção de ódio é o desejo de
destruir o objeto odiado).
e) Paulo, na sua antevisão, deixou registrado o que sobreviria nos
últimos dias, isto é, tempos trabalhosos, homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e a
mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, mais amigos dos deleites do
que amigos de Deus (II Tm 3.1-4). Aliado a isso tudo, temos a crise
econômica, a instabilidade política, a mudança dos padrões de vida, a
confusão do quadro institucional instável, a descrença no futuro, a
apostasia, as preocupações, a ansiedade, a frustração, a infelicidade e o
temor, que são formas comuns de distúrbios emocionais despertados pelas
dificuldades da vida moderna. Esse quadro corrobora com o que disse
Jesus em Mateus 24, mas enfatiza: “...olhai não vos assusteis..., mas ainda
não é o fim” (vs. 6). E o pastor que se aperceber desse famigerado
espetáculo e não exerce um esforço sobre-humano para se controlar,
certamente amargará suas tensões nervosas, que culminarão com o
estresse.

5.1.3. Reação às emoções


Uma vida saudável e alicerçada na Palavra de Deus fará com que o
ministro saiba superar tempos em que se defronte com situações
semelhantes em sua igreja. Saiba, portanto, portar-se emocionalmente
diante de:

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a) Ansiedade
É um estado que desterra a alegria de viver e implanta a tristeza e a
depressão, que consequentemente pode gerar a ira, o medo e a revolta. E
qualquer pessoa que se permitir viver na angústia ou na aflição logo
admitirá que isso é a vontade de Deus para a sua vida. Não há problema
tão grave que mereça a complacência do Senhor. O salmista exortou
“Descansa no Senhor, e espera nele” (Sl 37.7) e, se temos um advogado
para com o Pai, as nossas causas passam a ser dele; porém, quando nos
expectamos pela falta de fé e assumimos a defesa, retirando o “processo”
de suas mãos, sentimos a angústia habitual saturando a alma, o que passa
para o físico, produzindo estados emocionais desagradáveis. A ansiedade
no corpo produz dor de cabeça, dores abdominais e estomacais, úlceras,
erupções na pele, alergia, males do coração, asma, vômitos, diarréia, prisão
de ventre, dispnéia, etc., o que pode deixar o angustiante paralisado. E isto
é satânico e não provém de Deus.

b) Estresse
Este tipo de tensão indica sempre angústia e ansiedade diante de
uma ameaça. Fisicamente, essa situação provoca uma libertação de
substância, como a adrenalina, acima do normal. Elas aumentam os
batimentos cardíacos e a transpiração, preparando o corpo para enfrentar
um perigo. Emocionalmente, a situação de ameaça vem acompanhada de
irritação e de um estado de desconforto intenso. Assim, o estresse é tensão
mental, física e emocional que, perdurando, pode chegar ao esgotamento.
E não são poucos os pastores que evidenciam marcas de estresse em seu
corpo, sem se aperceberem disso. Alguns sinais, de sentidos, podem
revelar que a “máquina” precisa ser “reparada”, ou seja: depressão; dor
persistente; fadiga; falta de habilidade para dizer não às pessoas, mesmo
sabendo cumprir o prometido é quase impossível; perda das opções, isto é,
não há alternativas para soluções de problemas.
Se o estresse é um processo acumulativo, o que se deve fazer é
manter baixo o seu nível através de alguma providência cabível e
frequente, como descansar com frequencia, manter uma atitude positiva
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acerca de nós mesmos e de outras pessoas, enfim, mantermo-nos física e


mentalmente sadios, através de uma alimentação e de um estilo de vida
adequados. Só quem pode baixar o seu próprio potencial de estresse é você
mesmo, pastor.

c) Fadiga
O estado de fadiga tem uma consequencia comum, ou seja, uma
diminuição da capacidade funcional. O ritmo humano, a pressão subjetiva,
a perseguição, a irritação, a pressa, o ruído, as aglomerações e os hábitos
sedentários da vida humana coadjuvam com a aparição da fadiga, e
esgotam a reserva de energia nervosa. A fadiga funcional torna-se crônica
porque se baseia em atitudes mentais de constante ansiedade.. esta destrói
o interesse e o entusiasmo, sem os quais existe pouca inclinação para o
trabalho.
Os distúrbios de caráter também comum, isto é, monotonia, são
bons indicadores da fadiga e, às vezes, são acompanhados de crises
nervosas e a depressão nervosa geram a hipersensibilidade e intolerância
aos ruídos. Em definitivo, assim como a fadiga pode atingir na sociedade
moderna o simples trabalhador e o executivo, muito mais poderá atingir o
que está operando o rebanho do Senhor Jesus.

d) Meditação
O pastor que, na sua agitação, não encontra reservas para estar a
sós com Deus, acabará por certo sendo dirigido pela razão e por suas
próprias conclusões, uma vez que o diálogo entre ele e Deus deixará de
existir. Descansar, orar, meditar e também cultivar a presença de Deus são
maneiras poderosas do ministro conservar-se forte para o desempenho de
sua missão. Feliz é o pastor que tem um recanto onde poder ver, de Deus, o
máximo para a sua vida de observação, que cavando a terra, plantando,
cultivando, quem na contemplação da natureza. Nesses momentos, muitas
respostas vêm dos céus ao inquieto coração ávido de resoluções na obra de
Deus. A meditação deve ser acompanhada do espírito de contrição e
reconhecimento da soberana vontade de Deus para a nossa vida e, nunca
no transe de nossos sucessos espirituais, do que fizemos ou do que somos.
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Muitos pastores preferem viver do passado, olhar para trás a olhar para a
frente, pelo simples fato de se lembrarem de onde já estiveram, em vez de
imaginarem o lugar onde Deus os deseja colocar à frente.

e) Velhice
A velhice é um processo fisiológico lento. Estudos têm
comprovado que o funcionamento ótimo dos órgãos do corpo é alcançado
entre os 20 e os 25 anos de idade sendo possível se estabilizar nesse nível
por longo tempo. Com o passar dos anos, esse funcionamento começa a
apresentar um acentuado declínio. Em alguns casos, pessoas com 70 anos
de idade ainda podem estar de posse de suas faculdades e ter os órgãos
funcionando como aos 30 anos, enquanto outros requerem cuidados
especiais constantes devido às doenças que atacam as pessoas idosas. Em
muitos casos, um regime alimentar inadequado e a falta de exercícios são
causas que fornecem as doenças associadas à velhice.

f) Evitando a Solidão
Os seres humanos têm a tendência de tornarem-se irritadiços com o
decorrer dos anos. Essa irritação os torna ranzinzas e mal-humorados, a tal
ponto que ninguém gosta de se aproximar deles. O pastor, mesmo no
exercício do seu ministério, será bem sucedido se conseguir controlar seus
nervos e consequentemente, manter sua calma na maioria dos casos. Mas
aquele pastor que planejou sabiamente a sua velhice será muito mais feliz
no outono da vida, e a sua vida intelectual e espiritual será mais rica e
preciosa, especialmente quando estiver examinando a sua Bíblia ou outros
livros, o que em tempos anteriores não pôde fazer.

 Frutos na velhice
A principal função da vara da videira é dar fruto, e não produzir
madeira. Jesus deixou bem claro isto: que ele é a verdadeira videira e nós,
as varas (Jo 15.5). florescemos como a palmeira e crescemos como cedro
do Líbano. A palmeira é a concretização da graciosidade ereta; o cedro, da
força e da majestade. Floresce o justo, não como o ímpio, que “brota como
a erva para ser destruído para sempre” (Sl 92,7); mas para ocupar um lugar
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de honra, de estabilidade e de dignidade nos “átrios do nosso Deus”. O dar


fruto na velhice, ser viçoso e florescente, está na promessa de Isaías 40.31:
“Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças...”, pois é através da
vitalidade que se deve cantar louvores a Deus (Sl 92.2) com os lábios, e,
também, no fim da vida, “ser para louvor da sua glória” (Ef 1.12). De
Moisés se disse: “Não se lhe escureceram os olhos, nem se lhe abateu o
vigor” (Dt 34,7). “Sua sabedoria era madura, e sua memória rica além de
todo o cálculo.
Mas, em se tratando do crente como ramo da videira, vamos
encontrar umas varas mais “novas”, outras mais “velhas”; umas mais
“fracas”, outras mais “fortes”. Excluindo a metáfora, Paulo se achava no
contexto dos que precisavam de ajuda: era o “velho” (Fm 9), era vara mais
“fraca”. Portanto, aos velhos, especialmente aos investidos de autoridade
ministerial, requer-se o ser bem equilibrado; respeitosos; nobre; digno;
prudente; moderado; sadio com a doutrina (I Tm 1.10; II Tm 4.3; Tt 1.9),
com a mente (II Tm 1.7), com as palavras (II Tm 1.13), com a linguagem
(Tt 2.8); sadio na mais elevada de todas as virtudes – o amor (Gl 5.22) e
também constante.
 Prevenção à velhice
No estado atual dos nossos conhecimentos, a prevenção é o único
meio de retardar o envelhecimento biológico e as doenças relacionadas
com a terceira idade, e de assegurar uma velhice ativa e produtiva. As
possibilidades de ação preventiva são as seguintes:
1) diagnóstico precoce de doenças frequentes entre os idosos e
tratamento eficaz e oportuno. Deste modo, chega-se à velhice em boas
condições físicas e intelectuais;
2) preparação para a aposentadoria: visa a preservar o bem-estar
físico e intelectual e atenuar o choque psicológico causado por essa
retirada da vida ativa. Esta preparação deveria começar por volta dos 50
anos, idade em que a personalidade é ainda flexível e adaptável;
3) quanto às pessoas idosas é importante um modo de vida
saudável, exercícios físicos, alimentação equilibrada e um ritmo de vida
diário. Nas atividades cotidianas, deverá dedicar um tempo razoável ao
descanso adequado. É necessário atentar para o fato de que os idosos não
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tenham um desgaste físico excessivo, favorecendo as atividades que não


lhes causem fadiga.
Devemos, assim, estar preparados para a velhice, como também ser
bastante realistas quanto ao fatídico inesperado, sabendo que a qualquer
momento o dono de novas vidas pode nos tomar para si, como Enoque,
que andou com Deus ,e “não se viu mais porquanto Deus para Si o tomou”
(Gn 5.24). E também, “se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se
desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos,
eterna, nos céus” (II Co 4.2), que faça tudo “conforme as suas forças,
porque na sepultura não há obra, nem indústria, nem ciência, nem
sabedoria alguma” (Ec 9.10).

6. A VIDA FAMILIAR

6.1. O LAR
O lar foi instituído por Deus: “Portanto, deixará o homem o seu pai
e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne”. (Gn
2.24). Desta forma o casamento remonta ao Éden, e Deus o instituiu como
guardião do amor. É o casamento que protege o amor, o não o amor que
protege o casamento. Com Eva e Adão, foi Deus mesmo que ensinou a
significação do casamento. Assim, o casamento vem a ser um
compromisso definido de amar a pessoa com quem casamos. Esse
primeiro casamento foi contraído por um casal perfeito. Adão não tinha
cometido pecado quando Deus lhe deu uma esposa.
O Éden foi, então um lar recém saído das mãos de Deus, e o centro
de todo o tempo e o símbolo da eternidade. Ele surgiu com o próprio
homem. Tem o lar prioridade sobre o Estado, sobre a escola, sobre a Igreja
ou sobre qualquer outra instituição. O lar tem tido, naturalmente, os seus
dias sombrios. Os seus avessos. Os séculos revelam mudanças em suas
atitudes e relações, mas tem sempre existido esta procriação,
desenvolvimento e amor. E o plano de Deus para aqueles que Ele criou.
Participar na ereção de um lar cristão é estar em sociedade com Deus, e ter
uma oportunidade de colaboração com as forças do seu universo.

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De todas as influências que ajudem ou que prejudiquem a vida


profissional do pastor, talvez a do seu lar seja a mais poderosa. Certamente
a influência da família é inseparável do seu serviço pastoral. Se fracassar
como marido ou como pai, é impossível que seja eficiente como pastor,
embora tenha os dons naturais e o melhor treinamento para a sua profissão.

6.2. A ESPOSA
Convém lembrar que, quando Deus criou o homem, Ele se
preocupou com a solidão no Jardim do Éden e logo providenciou-lhe uma
companheira, cirando-a com as suas próprias mãos: “Não é bom que
homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.”
(Gn 2.18). para o homem que Deus criou, não havia, entre todos os
animais, um que lhe servisse de companhia. Por meio de um processo que
a ciência chamaria “anestesia”, e que a Bíblia chama “sono”, pôde Deus
tirar um costela do homem e formar Eva. E bom notar que o ato de Adão
dar nome à sua mulher implica na sua autoridade sobre ela. Esse é um
ponto de vista essencialmente bíblico: “o marido é a cabeça da mulher” (Ef
5.23). O varão é a cabeça da mulher. Em I Coríntios 11.3, existe certa
ordem decrescente de autoridade; cada ser tem o seu “cabeça”. O cabeça,
como diretor do corpo, representa autoridade. Assim, de todas as famílias
do Céu e da Terra, Deus é a cabeça. O Filho estabeleceu o exemplo: Ele
declarou que o Pai é maior do que Ele mesmo (Jo 14.28), e foi em
obediência ao Pai que Ele cumpriu e está cumprindo a sua missão. Embora
haja igualdade entre as pessoas da Trindade, o Filho dá honra ao Pai.
Assim, apesar de o homem e a mulher serem seres iguais, deve a mulher
obedecer ao marido, deve dar-lhe honra, aceitando-o como cabeça nos
moldes da Palavra de Deus. O homem não é independente, porquanto nem
ao menos é o Senhor de seu próprio destino. A mulher nesta esfera terrena.
Feliz é o pastor que encontra no seu lar um abrigo e a plena cooperação de
uma boa companheira. Mesmo cabendo ao marido a responsabilidade de
direção do lar, há, entretanto, uma igualdade entre os dois perante Deus,
como veremos a seguir:

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6.2.1. Responsabilidades conjugais

a) Submissão:
A mulher foi dada ao homem por ajudadora. Ela só era inferior a
Adão por ser derivada dele; em tudo mais era-lhe igual. A mulher nunca
deve procurar ser a mentora do homem. A verdadeira mulher não é a que
governa o marido, mas a que o ajuda. O verdadeiro marido não é o que
tem uma esposa só para a cozinha, mas para ser associada a ele em todos
os seus negócios, prazeres, tristezas, vitórias e derrotas.
Um velho pastor, já falecido, dizia: “A natureza vos fez mulheres, a
eleição vos fez esposas, mas só a graça vos fará submissas.” A submissão
que a Bíblia preconiza é o encorajamento da mulher na missão do marido,
é a aceitação da liderança dele como cabeça do casal, em obediência a
Deus, na certeza de que o Senhor sabe o que faz e de que, quando
atendemos à sua direção, Ele assume a responsabilidade integral pelas
consequencias. (Ef. 5.22-25; I Pedro 2.1,5,6). A Bíblia exige da mulher o
respeito ao marido (Ef 5.32) e do marido o amor à esposa.

 maneiras de submissão:
a) não ensinando o marido (I Tm 2.12a );
b) não tendo autoridade sobre o marido (I Tm 2.12b);
c) aprendendo em silêncio (I Tm 2.12c);
d) obedecendo ao seu marido (Ef 5.22,24; I Pe 3.1);
e) não se separando do marido (I Co 7,10,11,13);
f) respeitando o marido (Ef 5.33);
g) esperando em Deus (I Pe 3.5); e,
h) aprendendo (Tt 2.2-5).

b) Amor:
Os laços de amor que unem o marido e a esposa são símbolos da
união entre Cristo e a Igreja. Ao marido cabe amar, como Cristo, quer sua
mulher seja submissa ou não, e o melhor que ele pode fazer para induzi-la
à submissão é ama-la intensamente. A mulher deve submeter-se ao marido
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mesmo que ele não a ame como Cristo ordena, ainda que ele seja
caprichoso e inconsequente.

c) Perdão:
A amargura é uma das barreiras para a comunicação entre um casal.
É mister que, como pessoas, o pastor e sua esposa tenham divergências em
sua vida. Os gênios de ambos podem levá-los à agressividade e
consequentemente ao caos matrimonial. Por temperamento, certos pastores
não conseguem dominar-se quando ficam irritados. Qualquer pequena
coisa os irrita, e despejam sua ira com impropérios sobre a esposa e sobre
os filhos. A mulher sábia, com brandura, aguardará que a “tempestade
passe”, pois, se reagir, o desrespeito vai se acentuando e as duras palavra s
proferidas deixarão profundas cicatrizes no coração de ambos, que não se
apagarão no futuro. Em outros casos há esposas de pastores muito
briguentas, e, mesmo que se esforcem, não conseguem disfarçar a zanga,
que é uma fraqueza de caráter, é má lapidação do temperamento, é falta de
maturidade espiritual, carnalidade e falta do controle do Espírito Santo.
Mas perdoar significa que podemos ter o mesmo relacionamento com a
pessoa, mesmo depois que ela nos ofenda. Quando a pessoa ofendida
perdoa o ofensor, não querendo desforrar-lhe e retribuir a ofensa, a dor
diminuirá à medida que a sua sensibilidade para com o ofensor aumenta.
A cura se dá quando a pessoa reconhece aquela situação como uma
experiência que Deus permitiu em sua vida para crescer espiritualmente,
vencendo alguma dificuldade íntima que possuía que pode ter sido o
orgulho, a falta de sensibilidade para com os outros ou o julgamento
precipitado. Enfim, se se perdoarem mutuamente, essas crises serão
superadas e o respeito mútuo voltará a reinar no lar, e o amor cristão fluirá
em todas as relações sociais do casal.

6.2.2. Infidelidade conjugal


A infidelidade pode ser desastrosa para o futuro de qualquer
casamento. Inevitavelmente ela causa sofrimento ao outro cônjuge. A
suspeita da existência de uma terceira pessoa tornará infeliz um dos
cônjuges. A infidelidade encobre o verdadeiro problema e tende a destruir
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a personalidade, pois o cônjuge infiel pensa que mantendo seus casos


secretos, estará protegendo o outro e salvaguardando o seu casamento.
Ilude-se a si mesmo.
O mentiroso pode ter ciência do preço que paga por mentir aos
outros. Há sentimentos de culpa atormentando sua consciência, além do
receio de ser desmascarado e humilhado. Ainda há um preço biológico
exigido pela auto-sugestão. Quando sentimos que temos de mentir a
alguém que confia em nós e de quem gostamos, ficamos presos naquilo
que os psicólogos chamam de “dilema duplo”. O mentiroso é presa de uma
perturbação aguda, não só por se sentir separado da pessoa que ama, mas
também por s sentir separado de si mesmo. Tendo mentido, não pode falar
do fundo do seu coração. Em vez disso, tem de censurar todos os seus
pensamentos antes de exprimi-los, com receio de que um lapso de
memória o desmascare.
O declínio dos padrões morais ao nosso redor tem um núcleo
maligno, e ele reside em nossa obsessão pelo sexo, no seu uso errado.
Todos os qualificativos de malignidade estão descritos pelo apóstolo
Paulo. Sua visão dava-lhe condições de aconselhar aos coríntios: “Mas por
causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada um tenha
o seu próprio marido” (I Co 7.2). A pureza do casamento deve ser
conservada “enquanto ambos viverem”, e o “leito sem mácula” (Hb 13.4).
A Palavra de Deus nos exorta: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg
4,7). Esta palavra tanto é para o pastor e para sua esposa como para
qualquer outra pessoa. É como diz J.C. de Ferriere: “Você deve começar a
resistir quando o diabo começa a tentação. Não fique a princípio
namorando o pecado – você só descobrirá muito mais tarde que sua
reputação e o seu caráter imaculado já desapareceram. O pecado é uma
serpente que morde quando a gente menos espera! Se, portanto, você, em
qualquer momento sentir que está sendo atraído ilicitamente por alguém,
leve imediatamente tais sentimentos ao Senhor Jesus em oração, e não se
detenha até a ter certeza de que está perfeitamente liberto da cilada do
diabo”.

6.2.3. Críticas à esposa do pastor


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Certo artigo, de autor desconhecido, enumera algumas das


dificuldades pelas quais passa a esposa do pastor, alvo constante do crivo
de observação dos membros da igreja, e que, justiça seja feita, se ela ama a
Deus de todo o seu coração, procurando ser inteiramente dedicada ao seu
serviço, na medida do possível, e sendo sinceramente desejosa de fazer sua
vontade, mesmo que não seja capaz de agradar a todos que a conhecem
como esposa do pastor, ela um dia ouvirá do seu Senhor o seguinte: “Bem
está boa e fiel serva, entra no gozo do teu Senhor!”
a) Se ela é uma mulher asseada e procura mostrar-se apresentável,
é ostentadora de vaidades;.
b) Se dá pouca atenção à sua aparência pessoal, é considerada um
prejuízo ao ministério de seu marido por não saber apresentar-se;
c) Se ela se veste bem e usa roupas bonitas, é extravagante,
vaidosa e dissipadora do dinheiro que Deus ao marido para a subsistência
familiar;
d) Se assiste ao seu marido no ministério da pregação, é uma
usurpadora da sua autoridade e usa de um direito que não possui;
e) Se ela se escusa de cooperar na pregação, está eximindo-se da
chamada de Deus e falhando em sua responsabilidade de tomar mais leve a
carga de seu marido;
f) Se toca piano ou órgão, ou canta solos nos cultos públicos, está
roubando a chance de outros membros da igreja que desejam cooperar com
seus talentos musicais;
g) Se não procura usar seus talentos musicais ou ensinar na Escola
Dominical , está falhando muito em não cooperar eficientemente como
esposa do pastor;
h) Se ela tem prazer em seu lar e é uma meticulosa dona de casa, é
acusada de idolatrar a família e de não dar lugar, em primeiro plano, ao
trabalho do Senhor em seu coração;
i) Se gasta muito tempo em várias atividades da igreja, é uma
dona de casa relapsa, que vive só para o trabalho espiritual , esquecida dos
deveres domésticos;
j) Se visita os membros da igreja em companhia do marido, é
ciumenta e não confia em seu caráter;
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l) Se não visita com o marido, é anti-social e indiferente aos


deveres que lhe impõem as atividades eclesiáticas;
m) Se é assídua aos cultos e não dispõe de uma ajudante para
ocupar-se dos filhinhos menores e os leva à igreja, assentando-se nos
últimos bancos do templo para que perturbem menos a assistência, ela é
acusada de prejudicar as crianças e os crentes. Para tais pessoas seria
melhor que a esposa do pastor ficasse em casa com a prole;
n) Se permanece em casa parte do tempo, não é uma mulher
espiritual , mas fria na fé;
o) Se ela saúda os visitantes, aconselha os que têm problemas e
ora pelos enfermos e fracos, é obviamente, indiferente aos deveres
maternos e intrometida em assuntos que não lhe dizem respeito;
p) Se trabalha fora do lar, a fim de suplementar, com o salário que
recebe, o pequeno salário ganho pelo marido, que não lhes é bastante à
plena manutenção do lar, e, por isto, não pode estar em todas as reuniões
do Círculo de Oração, é uma mulher gananciosa, incrédula, indiferente às
coisas de Deus e não sente gozo espiritual.

6.2.4. Os Filhos
Palavra de Deus, então continua verdadeira porque a vara que
castiga, ao mesmo tempo ama. “Porque o Senhor corrige o que ama, e
açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb 12.6). Foi a correção com a
vara que gerou um amor de filho, refletido no caminho dos que lhe
trouxeram à vida.
Assim como os filhos insensatos desprezam seus pais (Pv 15.20) e
representam “grande miséria” para eles (Pv 19.13), muitos pais podem vir
a tornar-se os responsáveis pela insensatez dos filho! Muitos ministros do
Evangelho, ocupados demasiadamente com seus negócios, com viagens,
com a igreja e com o complexo eclesiástico, insensivelmente vão
permitindo que seus filhos vão ao cinema, à bailes, fumem e se enturmem
com grupos jovens ou mesmo mantenham um namoro impróprio sem lhes
cobrar horário deixando-os entregues a tudo.
Não raras vezes os filhos vão procurar na rua, entre amigos ímpios,
a conversa ou a distração que a casa paterna não lhe proporciona. Não são
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poucos os casos de filhos expulsos de casa, mesmo em lares crentes e de


homens de ministério que, estribados no excessivo zelo da obra,
esqueceram-se de que “a glória dos filhos São seus pais” (Pv 17.6). O
preço a pagar no futuro é muito alto!
Feliz é pastor que pode contar irrestritamente com a ajuda da
esposa na educação de seus filhos! “toda mulher sábia edifica a sua casa...”
(Pv 14.1). “mas a tola derruba-a com as suas mãos”, e Salomão acrescenta
que “grande miséria é para o pai o filho insensato e num gotejar contínuo
as contenções da mulher” (Pv. 19.13). Aquela que é sábia, na ausência do
esposo ocupado com a obra de Deus, saberá suprir a educação disciplinar
dos filhos que, com paciência e jeito, cria em casa um ambiente que
favorece o bem e desanima todo mal. A primeira condição para criá-lo é
ser leal ao marido e dedica aos filhos.
A responsabilidade principal da educação dos filhos cabe ao pai de
família, e Deus não terá por inocente, o homem que despreza a liderança
do lar. Aquele que se queixa do seu próprio filho está confessando a
própria culpa. Despreza a mulher, não procede em casa como homem, isto
é, como pessoa correta e digna, agrava a sua responsabilidade. A tirania
paterna trem como resultado o afastamento ou da mulher ou dos filhos,
quase sempre de ambos.
Na administração do lar, o ministro deve procurar um perfeito
relacionamento com a esposa, pois o amor do casal proporcionará a
segurança de que tanto os filhos precisam. Além disso, deve dedicar um
tempo em companhia da família, demonstrar a confiança que tem nos
filhos, interessando-se por suas realizações, após lhe darem tarefas em casa
ou mesmo em seu próprio trabalho e na Igreja.

7. O Pastor e Seus Estudos


Falar é a única habilidade do homem para a comunicação, porque
as palavras expressam o pensamento. O pastor como líder, mais do que
ninguém, necessita aprender a se comunicar, não só com os que estão ao
seu redor, mas com a igreja e com as massas.
O sábio Salomão disse que “as palavras dos sábios são como
aguilhões, e como pregos bem fixados pelos mestres das congregações,
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que nos foram dados pelo único Pastor” (Ec. 12.12). Ele considerava a
sabedoria acima de qualquer outra coisa, como “pregos bem fixados”.
A ferramenta do pastor é a Bíblia Sagrada, têm fraquejado no
ministério da pregação bíblica, por negligenciarem o estudo sistemático da
Palavra de Deus, estribando-se na falsa idéia de que a sua inspiração os
levará suficientemente à orientação do rebanho.
Triste engano! As profundas verdades incursas na Bíblia são
descobertas e entendidas quando os nossos conhecimentos abrangem
geografia, psicologia, história, sociologia, outras línguas e até mesmo os
nossos anseios espirituais. Ademais, o Espírito Santo de Deus nos “faria
lembrar...”, princípio que depreende de uma aprendizagem anterior.
Observando-se que a capacidade humana pode representar
conhecimento de todas as áreas, vemos que as bibliotecas não mais
comportam os volumes da sabedoria das mentes”. Na Europa, hoje, a
maior biblioteca do mundo, por exemplo, contém mais de vinte milhões de
livros. Em 1517, ela continha apenas mil livros. Na atualidade, milhares de
livros são impressos diariamente, e a forma total de conhecimentos triplica
a cada década. A velocidade de mudança está acelerada, cem vezes maior
que a precedente. E o que temos feito para acompanhar essa aceleração?
Quais são os nossos conhecimentos do mundo atual? Nossas pregações são
superficiais como um rio em época de seca ou são cheias de riquezas com
as águas profundas dos mares? E o que dizer de muitos de nossos pastores
que estagnaram no tempo e no espaço?... contentam-se apenas com a
simples leitura, sem reflexão, de alguns versículos bíblicos (quando o
tempo lhes permite), para extrair algum alimento para o rebanho do
Senhor! Além das Escrituras Sagradas, nossa única regra de fé, sem dúvida
alguma outros livros deveriam ser lidos por mês. Ao final do ano, nossa
gama de conhecimentos seria recompensada com os resultados de nossos
ensinamentos.
Reconhecemos, entretanto, que homens espirituais e iletrados,
porém consagrados e cheios do Espírito Santo, admiravelmente têm
sucesso na pregação do Evangelho de Jesus Cristo. O auxílio destes vem
quando há uma perfeita comunhão com Deus, e homens simples fizeram
parte do quadro de apóstolos de Jesus Cristo. Mas a incapacidade
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intelectual destes não significa autoridade sobre o nosso despreparo


voluntário. O pastor que tem o seu diploma do seminário certamente está
mais bem preparado para continuar os seus estudos bíblicos e teológicos.
Se pensar que não precisa estudar mais, vai-se esquecendo muito do que já
aprendeu, perdendo gradativamente uma parte do cabedal de sua cultura,
enquanto o pastor que não teve a vantagem de todos estes cursos vai
comprando bons livros e estudando assiduamente, tornando-se finalmente
mais eficiente no ministério do que o colega diplomado.

7.1. REMINDO O TEMPO


Em considerações anteriores abordamos o uso do tempo de que
dispõe o pastor para ministrar a sua mordomia. A falta de disciplina
própria induz muitos pastores ao pecado de omissão, isto é, deixar de
“fazer” de “dizer” ou de “escrever”. Essa indisciplina é manifestada na
alegação da falta de tempo, argumento que tem justificado o insucesso de
inúmeros deles.
O termo remir significa “pechinchar” , ou “aproveitar as
oportunidades”. Isto nos mostra que o tempo é m muito precioso e valioso,
e que não pode ser desperdiçado como alguma coisa sem valor. Por ser o
tempo irreversível, se o perdemos, o perdemos.
A “parousia” (volta de Jesus) era encarnada nos cristãos primitivos
como se ela pudesse ocorrer a qualquer momento, e isso anulava a
esperança de uma prolongada dispensação da graça. Motivados por isso,
cada momento lhes era precioso e precisava ser apropriadamente
empregado, ou seja, muito tinha a ser feito no desenvolvimento espiritual
do povo para aguardar o segundo advento de Jesus Cristo. Os dias eram
maus e, por isso, aguardar o segundo advento de Jesus Cristo. Os dias
eram maus e, por isso, era preciso “remir” o tempo.
Se há dois mil anos essa esperança ardia nos corações dos cristãos
primitivos, como em Jerusalém, cujos crentes “perseveraram unânimes
todos os dia no templo...” (At 2.46), muito mais as oportunidades do
presente deveriam ser utilizadas de tal maneira que todo o nosso tempo em
prol da obra fosse preenchido. É bem verdade que a indolência espiritual
tem caracterizado muitos pastores no cumprimento de seu ministério,
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deixando-se levar pela preguiça e pela sonolência espiritual. Este é o sono


de que fala Paulo aos romanos: “E isto digo, conhecendo o tempo, que é já
hora de despertarmos do sono...” (Rm 13.11. Isto nos dá a entender um
estado de estupor ou de indiferença para com as realidades espirituais,
“atividades errôneas essas que caracterizam até mesmo muitos crentes”.
Provérbios já nos adverte: “Um pouco de sono, adormecendo um pouco,
encruzando as mãos outro pouco, para estar deitado...” (Pv 24.33). Este é
um perfeito processo de indolência, lento e seguro, mas que traz como
consequência a pobreza. “Se reconhecermos que o nosso tempo, com tudo
o que temos, pertence ao Senhor, compreenderemos que lhe furtamos as
horas desperdiçadas” em coisas fúteis e não nas que permanecem
eternamente.
Devemos compreender que o “tempo” é a nossa principal
mercadoria, e é exatamente com ela que devemos negociar, comprá-la toda
e usar cada porção adequadamente. “O tempo é aquilo que depende da
eternidade; dentro do tempo é que nos convém obter preparação para o
reino de Deus. Se não obtivermos tal preparação em tempo, a nossa ruína
será inevitável.” (Adam Clarke).
Reenfatizamos o que Paulo disse, que devemos conhecer o
“tempo”. São as unidades que medem o tempo, isto é, os segundos, os
minutos, as horas, os dias, etc., e a essência do próprio tempo é a divisão
que Paulo nos quer ensinar, e vem a se tornar muito importante. Na nossa
vida, o tempo é representado pela duração de um evento a outro, e como
seres humanos estamos limitados ao tempo: nascemos, vivemos e
morremos dentro do tempo. Não nascemos no século XVIII e não
viveremos no século XXII. Se estivermos num estado de sono, o tempo
não existe. Se não tivermos mente, não teremos tempo. Entretanto, se
estivermos acordados, estaremos despertados.
E quanto ao passado, aquilo que deixamos de fazer? Agostinho
disse que ele já se foi e apenas se encontra em nossa memória, em nossa
lembrança. Se tivermos amnésia, o passado será apagado, não haverá
lembrança dele. Como o passado, disse Agostinho, o “futuro também não
existe”, porque se não veio, como existe? Ele é o tempo que ainda não
chegou e existe somente na nossa esperança e no nosso desejo.
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Para existir o futuro, temos de ter um planejamento, e o


planejamento está no presente, isto é, nos acontecimentos que estão se
passando; devemos conhecer a importância do tempo físico e sentir a
urgência da hora e do planejamento de nossa vida, usando “cada porção”
adequadamente.
Nosso Senhor Jesus Cristo, em três anos de tempo, fez a vida mais
produtiva de todos os tempos. Na declaração de João, o apóstolo do amor,
vê-se essa verdade expressa: “...se cada uma das quais fosse escrita, cuido
que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se
escrevessem...” (Jo 21.25). E se nos conscientizarmos que a nossa vida é
finita, certamente produziremos muito mais.
Mas de tipo de planos nós temos ou quais têm sido nossos objetivos
nos dias de hoje? Passamos o nosso tempo a nos lembrar do que fizemos
no passado e nos esquecemos que ainda por um pouco de tempo temos que
planejar o futuro? Segundo Paulo devemos estar despertados para o tempo
e fazer alguma coisa. Desperta, então, tu que dormes, do sono da
negligência do teu próprio preparo intelectual e espiritual, e acorda porque
o tempo, que já não é mais, passou!
Nós passamos, o tempo passa e torna a nos chegar. Mas há alguma
coisa no mundo que jamais envelhece: a Palavra de Deus. Nenhuma
concepção humana jamais tornará velha a Bíblia para aqueles que estão
interessados na cura das almas, porque Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje
e eternamente (Hb 13.8).
A Palavra de Deus nos serve de estímulo diariamente, se a
conhecermos, porque aquele que através dela opera faz-se presente
sempre, e a expectação “breve” de sua volta nos leva a um sentimento de
permanecer puros (I Jo 3.2,8), de remir o tempo (Ef 5.16), de instar a
tempo e fora de tempo (II Tm 4.2) e olhar para Jesus, autor e consumador
da nossa fé (Hb 12.2).
Todo ministro devia dizer: “Jesus Cristo, sempre que duvido da
vida penso em ti... para mim, tu nunca envelheces. O século passado é
velho, o ano passado é velho, a passada estação tem um aspecto obsoleto;
porém, tu não és obsoleto. Estás emparelhado com todos os séculos, ou

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antes, vais adiante deles, como a estrela. Eu nunca te alcancei, por


moderno que seja.”
Sendo, então, viva e eficaz a Palavra de Deus (Hb 4.12) é nova
cada manhã (Lm 3.23). Ela só poderia tornar-se velha se “as experiências
espirituais e as necessidades do gênero humano mudassem tanto, que não
mais se encontrassem refletidas no Livro Sagrado, e nem fossem satisfeitas
pelo Evangelho. E esse dia está a muitas milhas de distância”.
Se a Bíblia é a nossa ferramenta; se é ela que deve ser bem
manejada (II Tm 2.15b; 4,2); se devemos conhecer o tempo (Rm 1.3.11) e
se os nossos tempos estão nas mãos de Deus (Sl 31.15), sentiremos,
certamente, a urgência da hora e do planejamento de nossa vida.
Já a nossa era é uma era de expectação, e as pessoas não estão
olhando introspectivamente, mas sempre ao redor, buscando receber dos
outros. Mas o pastor, que é líder, precisa ser dirigido para dentro de si
mesmo e produzir, dentro de si, algo novo. Só as Escrituras Sagradas
podem produzir esses padrões de “novidades de vida”. Conhecendo a
Palavra de Deus, ele será um bom ministro e um grande líder (Mc
10.43,44) não para dominar as pessoas, mas para servi-las, e apontar ao
povo a direção de Deus. E é o pastor quem pode ensinar, redarguir, instruir
as pessoas em toda boa obra.

7.2. A BIBLIOTECA
É muito natural àquele que se dedica ao ministério ser amante de
livros. Aquele que soube, desde a sua chamada, formar uma biblioteca,
hoje, como a quem cabe a responsabilidade de dar substância sólida ao
rebanho do Senhor, estará em vantagem infinitamente maior ao que
negligenciou, voluntariamente ou por falta de condições, a formação de
material de estudo.
A biblioteca é uma bênção na vida do pastor, pois ela reflete a
personalidade daquele que a cria. Uma biblioteca em desordem e sem uso
não tem valor. Uma biblioteca desorganizada, quanto maior, menos serviço
prestará. Deve ser um local de ordem, pois ali o pastor, seus familiares e
outras pessoas autorizadas passarão parte do seu tempo em meditação e
estudo. Se é uma biblioteca de predominância evangélica, então é também
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lugar de meditação e de comunhão com Deus e com Sua Palavra, e com os


santos de todos os tempos que escreveram as obras que lá estão.
Sempre tenho aconselhado os meus alunos de seminários
evangélicos a iniciarem imediatamente a formação de sua biblioteca,
adquirindo obras que possam atender ao seu próprio trabalho na igreja.
Muitos, de recursos limitados, esforçam-se em economias para empregá-
las, cuidadosamente, no custeio de obras que lhe ajudem nas disciplinas do
Seminário.
Por ser a Bíblia a Palavra de Deus dada aos homens de maneira
impressa é que as suas várias versões não podem faltar na mesa de estudo
do pastor. Além destas, deverá contar com dicionários bíblicos,
enciclopédias, concordância da Bíblia, comentários teológicos ou dos
livros da Bíblia, livros devocionais, didáticos e outros seculares.
Desde a minha conversão tive o cuidado de comprar livros, mesmo
que isso significasse a frustração de não lê-los integralmente. O hábito de
certificar-me de seu conteúdo, ainda que ligeiramente, durante estes anos,
foi fundamental para formação teológica que tenho hoje. Mas uma
biblioteca não s compõe unicamente de livros. Os jornais e revistas
evangélicas e seculares, mas diversos, recortes, artigos religiosos,
científicos e seculares, discursos, filmes, slides, fitas, estudos, sermões,
desenhos, etc., também enriquecem. A classificação desse material, por
assunto, e a sua disposição em fichários e arquivos facilitará o pastor nas
consultas imediatas para suas pregações ou para sues estudos.
O local da biblioteca que deverá ser um ambiente o mais
agradável, silencioso e confortável possível, precisa estar também
devidamente equipado com todo o material de escritório à mão, o que lhe
facilitará um maior desempenho. Muitos livros ensinam como organizar
uma biblioteca, assunto que não precisa ser discorrido neste capítulo, e que
o pastor poderá adquirir e executar a montagem de sua biblioteca como
melhor lhe convier.

8. O PASTOR E O REBANHO

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Os pastores orientais andavam sempre armados com um cajado


chamado “Nabbutch” e com ele defendiam as ovelhas de quaisquer
ataques, quer fossem de animais ferozes, quer fossem de salteadores; ou
defendiam a si próprios ( Sl 23.4 ). No Antigo Testamento, o cuidar das
ovelhas era considerado uma ocupação muito servil, e, hoje, ser pastor é
ofício do ministério cristão mais conhecido entre nós. O pastor é o
guardador de ovelhas, é o apascentador, o guia, o protetor ( Is 40.11 ).
Quando Jesus, O Sumo Pastor, disse a Pedro: “Apascenta as
minhas ovelhas” (Jo 21.17 ), estava querendo lhe dizer que o seu rebanho
deveria ser doutrinado e levado ao bom caminho através de um bom
“pasto”, isto é, encontrar a erva verdejante e a água nos tempos de seca.
Em seu ofício pastoral, muitas são as atribuições do pastor, especialmente
a de lidar com almas e, a de se apresentar como um homem que governa
bem a Igreja de Deus. Aqueles que guardavam o rebanho nos campos,
como Amós ( cuidava de gado quando Deus o chamou. Am 7.l4, l5); como
Moisés (era pastor de ovelhas, Ex 3.1); como Davi (bem jovem, cuidava
das ovelhas de seu pai, I Sm 16.11-13) aprenderam grandes lições de suas
vidas diárias, que lhes serviram para o desempenho de seus ministérios,
quer fossem de profetas, de rei ou de líder. No estudo deste capítulo,
veremos o pastor no desempenho de algumas funções.

8.1 NO PÚLPITO
No passado, quando Deus queria falar ao povo, usava os profetas
em algum lugar, e nem sempre isso era feito dentro de templo. Não havia
um púlpito, pois o serviço da Palavra não era incluído no culto oficial.
Mais tarde, com a Reforma Protestante, vemos o culto “visivo” ser
substituido pelo “auditivo” , com o desaparecimento dos altares, dando
lugar ao púlpito de sentido atual central, onde os pastores cumprem o seu
dever com dedicação e esforço. É interessante notar que Jesus não teve um
púlpito para pregar suas mensagens de ensino, de exortação e de salvação.
No seu primeiro sermão, na sinagoga de Nazaré,”segundo o seu
costume,levantou-se para ler”(Lc 4.16), e “...assentou-se”. Depois de
cerrar o livro (v.20). Não há menção da existência de um púlpito. O que se
lê a respeito de suas andanças é que usava um barco, assentado;
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aproveitava o cume de um monte ou certos pontos estratégicos para atingir


o público com sua mensagem. Seu último púlpito aqui na terra foi a cruz
do calvário.
Mas o certo é que o púlpito não faz o bom pastor, por mais
artisticamente ornamentado que seja. Nem tampouco os majestosos
paramentos clássicos, ou mesmo sua arte de retórica. Há púlpitos que
consistem, nada mais, nada menos, em uma vulgar mesinha de tábuas
de pinho, dentro de um pequeno templo, modesto, oculto numa rua lateral
da cidade, onde o pastor em seu traje comum está pregando com toda a
simplicidade e sinceridade, mas com a autoridade divina, o evangelho da
salvação para a remissão dos pecadores. E assim contribuindo para a
edificação do reino de Deus e para a expansão de sua glória.

8.1.1 A Postura no Púlpito

O pastor não deve, de modo algum, abusar do púlpito, esteja ele na


igreja, num estúdio de rádio ou de televisão; o púlpito não é lugar para se
censurar os defeitos de terceiros, defender-se de seus adversários, ou
mesmo contra-atacar com indiretas aqueles com quem se mantém
diferença.
Agraciar seus amigos ou salientar certos benfeitores, seus ou da
igreja, do púlpito, para incentivar outros, pode ser perigoso e até contra
producente. O púlpito também não é lugar para queixas contra a carestia
geral ou contra a insuficiência de remuneração particular. Se os membros
da Igreja, o que lastimavelmente ocorre com frequência, se dividirem em
dois ou mais grupos ou partidos, o púlpito nunca deverá ser usado para
favorecer um e combater o outro, mas só para uni-los a todos
Em época de eleições, quando os ânimos do povo, e também dos
irmãos, estão bastante exaltados, o pastor deve ter todo o cuidado para não
manifestar no púlpito, proposital ou impensadamente, sua cor partidária.
Poderia perder a simpatia e a confiança de muitos irmãos, inutilmente.
Além destas coisas, o pastor deve cultivar elegantemente a sua
postura no púlpito de uma igreja. Paulo recomendou a Timóteo: “Para que
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saibas como convém andar na Casa de Deus” (I Tm 3.15), e não se pode


“oferecer sobre o altar pão imundo”(Mt. 6.7), como muitos fazem ao
proferir gracejos, anedotas e um vocabulário vulgar, procurando distrair as
pessoas em lugar de proclamar a verdadeira mensagem do Evangelho de
Jesus Cristo.
Cada vez que o ministro sobe ao púlpito, os olhares que se lhe
voltam passam em revista, não só às suas palavras mas à sua voz, à sua
expressão, à sua movimentação, não ficando indiferente todo o seu modo
de vestir. Sendo o pregador o próprio sermão, ele pode tornar ineficiente a
mensagem nele contida, se não observar algumas regras e atitudes próprias
que a ética nos ensina na conduta do mensageiro no púlpito, como:
a)Pregar gritando o tempo todo, sem se aperceber que está diante
de um microfone;
b) Bater o pé no chão com força repetidamente e dar
murros no púlpito com estardalhaço;
c) Gesticular demasiadamente, insinuando, às vezes, gírias
ou imoralidade, e pular, sem se dar conta disso; o corpo deve ser
naturalmente dosado por gestos conforme a dinâmica do sermão;
d) Falar de olhos fechados ou arregalados, bem como olhar
de modo fixo para cima ou para o piso como se tivesse perdido algo, e com
medo de encarar o auditório. O certo é que os olhos devem acompanhar o
que se fala, pois às vezes falam mais claro que as palavras, e ajudam o
pregador a sentir o efeito da mensagem;
e) Molhar o dedo na língua para virar as páginas da Bíblia,
ou soprá-las com a mesma finalidade;
f) Coçar-se de modo inconveniente e limpar as narinas,
quando no púlpito, ou mesmo fazer cacoetes ou tiques mímicos;
g) Fazer a leitura bíblica que anunciou e não mais voltar a
ela;
h) Não conversar no púlpito, senão o estritamente
necessário, e não despachar o expediente no horário do culto;
i) O pastor deve chegar cedo à casa do Senhor Deus,
porque, assim fazendo, dará bom exemplo ao rebanho e não contemplará
o semblante do povo com sinais de impaciência e cansaço;
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8.1.2 A direção do culto

A primeira coisa a ser feita, ao se iniciar o culto a Deus , é uma


breve oração, numa demonstração de que a direção deve ser do Senhor
sobre as vidas daquelas que compareceram à igreja. O cântico dos hinos
congregacionais antecedem a leitura da palavra de Deus. E os hinos devem
ser selecionados e nunca de improvisação, não sendo aconselhável pedir-se
à congregação que os escolha. Alguns pastores, quando não há convidados
para pregar, costumam fazer dessa leitura inicial da Palavra de Deus o
texto de sua mensagem, isto variando de igreja para igreja.
A Bíblia de púlpito não deveria ser desprezada nesse ato inicial,
pois ela é mais dona do púlpito do que o próprio pastor; porém há aqueles
que já se acostumaram com as anotações e o manuseio constante de sua
Bíblia, que se tornam inseparáveis dela. A leitura deve ser bem inspirada,
baseando-se principalmente nos Salmos ou nos Evangelhos.
Se não há pequena exposição sobre o texto lido, segue-se a oração
intercessora, com assuntos bem definidos, como pela igreja, pelos
problemas de seus membros, pela direção do culto, pela mensagem, e
demais necessidades. As apresentações dos visitantes, bem como os
anúncios, é natural que se façam do início do culto, seguindo-se o
levantamento das ofertas e dízimos, enquanto a congregação canta um
hino. É comum em nossas igrejas dar-se a palavra para a saudação a um
dos visitantes, e o tempo restante é ocupado com a mensagem da Palavra
de Deus. Essa mensagem não é propriamente sua, mas de Deus. Falará
daquilo que recebeu da parte do Senhor e não externará a sua opinião
sobre a Palavra, mas demonstrará a verdade certa de um texto certo para
uma situação certa de uma pessoa certa.
Após o apelo, sem que se oprima o pecador para aceitar a Cristo
como Salvador de sua alma, o pastor impetrará a bênção apostólica para o
encerramento do culto. Convém deixar registrado que muitos
companheiros ordenados ao Santo Mistério desconhecem essa boa praxe
de despedir o povo com uma bênção divina. A bênção que dava o
sacerdote, de mãos estendidas, vinha de Deus, e o mesmo se dá hoje em
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dia: é o Senhor que abençoa, quem guarda, quem tem misericórdia e quem
dá paz ( Nm 6.24 – 26 ). A primeira bênção, araônica , foi ordenada por
Deus, no Antigo Testamento e, a Segunda, no Novo Testamento, é usada
ao final de alguns escritos: “ A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” (II Co
13.13 ) .

8.2 COM O CONSELHEIRO


O aconselhamento pastoral está entre as tarefas mais sensíveis do
ministro de Deus. Desenvolve seu trabalho essencialmente com os
membros da igreja, especialmente em se tratando de problemas conjugais .
As tensões interpessoais, aliadas aos problemas sexuais dos jovens e casais
da igreja, o desemprego, as finanças, a pobreza e educação e tantos outros
são também parte de sua vida de conselheiro e que dificilmente lhe será
impossível evitar. Indubitavelmente o seu serviço será ajudar as pessoas a
crescerem para realizarem suas possibilidades, levando-as a “ diminuírem
as barreiras íntimas que as impedem de se relacionar com os outros ”.
Deve o pastor respeitar a integridade de sua igreja, que em sua
simplicidade buscam o socorro de seu orientador. Nem todos, certamente,
precisarão de aconselhamento pastoral numa igreja, mas os que buscam,
deverão ser animados e fortalecidos em sua fé em Cristo Jesus.
A maturidade espiritual do pastor far-lhe-á escutar com grande
sensibilidade os problemas dos aflitos, porque o seu papel é o de ouvir,
orientar, informar e transmitir ânimo ao aconselhado. Deve dar condições
para que a pessoa possa se expressar, pois, deste modo, perceberá o
aconselhado que o ministro está interessado em ajudá-lo. “ Ouvir mais e
falar pouco não significa ficar impassível. Deve-se, de vez em quando,
fazer alguma pergunta, ou mesmo oferecer alguma resposta que dê ao
aconselhado a confiança do seu conselheiro, o pastor. A oração é essencial
no aconselhamento.
O pastor espiritual aplicará sempre a Palavra de Deus em seus
diálogos, e se utilizará de outros recursos, com os quais deverá estar
afinado, a fim de poder ajudar aqueles que o procuram. Precisa-se entender
a mentalidade das pessoas que carecem de conselho. Se o pastor não puder
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determinar a causa e a natureza do nervosismo, ele não pode dar a melhor


orientação. Entendimento é essencial em todas as relações pastorais,
especialmente em relações próximas com pessoas aflitas e perturbadas.
Conhecendo a sua Bíblia, o pastor deve saber que nem todas as pessoas
são igualmente culpadas pelas suas fraquezas e faltas. Muitas fraquezas
pessoais têm a sua origem nas influências do ambiente, da família e da
sociedade, que contribuem para a formação da mentalidade. A graça de
Deus pode operar uma grande transformação na personalidade, e o
ambiente da igreja pode contribuir para o desenvolvimento do caráter
cristão. Muitos cristãos, não se podem ambientar na vida da igreja sem o
auxílio do pastor. Até crentes fortes e bem ambientados, vitimados por
circunstâncias, podem fracassar se não receberem o socorro oportuno.

8.3 COM A MOCIDADE


A mocidade compõem-se de uma faixa de idade no seio da igreja
que deve merecer a atenção pastoral. Alguns importantes atividades da
igreja alcançam vários grupos existentes no seio da comunidade. Temos a
Escola Dominical, trabalhos infantis, corais e conjuntos musicais, Círculo
de Oração e tantos outros. Há também as atividades juvenis que
contribuem eficazmente para o crescimento da igreja. Por tanto uma
organização de jovens na igreja local não é nenhum corpo estranho, nem
uma sociedade separada da vida da casa do Senhor.

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8.3.1 A Mocidade no contexto da igreja


A mocidade é a igreja viva, expressa no corpo de Cristo. O corpo é
um só, mas possui muitos membros. Cada membro desempenha uma
função distinta, e nem por isso se separa do corpo. É, portanto,
perfeitamente concebível um trabalho de jovens no seio da igreja, desde
que devidamente orientado pelo pastor. Não há nenhuma justificativa
teológica que condene uma organização de mocidade, mas esta
organização terá de obedecer aos princípios administrativos da igreja, sob
a liderança do pastor.
A mocidade é uma força vital, e a Bíblia confirma esse fato nas
palavras do apóstolo João: “ Jovens, sois fortes ” ( I Jo 2.14 ). Essa força
vital deve ser aproveitada e canalizada para o crescimento da igreja na
obra da evangelização. Lembremo-nos de que, na guerra, são os jovens
que vão para o “ front ” e se expõem aos perigos. Os mais velhos ficam na
retaguarda dirigindo, orientando e treinando os mais jovens.

8.3.2 O pastor no contexto da mocidade


A mocidade conforme já dissemos, é uma força poderosa na igreja,
se não for aproveitada, perder-se-á. O pastor deve ter ampla visão dos
valores, das necessidades e dos problemas da mocidade. As várias faixas
de idade têm suas características e problemas próprios. Entendemos que o
Evangelho é o mesmo para toda a igreja, porém, a sua apresentação deve
ser feita de acordo com a necessidade e com a capacidade de assimilação
de cada grupo existente na igreja. Portanto, o pastor local tem grande
responsabilidade com cada grupo. Algumas características essenciais
devem nortear as atividades pastorais de um ministro no seu
relacionamento com os vários grupos, especialmente com a mocidade.
 Conhecimento
Não se trata de um conhecimento teórico, e sim pessoal dos
membros da igreja . Jesus dá o exemplo pastoral quando diz: “ Eu conheço
as minhas ovelhas, e delas sou conhecido ” (Jo 10.14). significa que Ele
conhece individualmente suas ovelhas. Esse conhecimento implica
comunicação e cuidado individual de cada ovelha. Há um perfeito
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relacionamento entre ambos. Há um conhecimento mútuo entre pastor e as


ovelhas. Esse conhecimento significa uma perfeita afinidade espiritual
entre os dois. O pastor deve se interessar e procurar conhecer, mui
especialmente, as ovelhas jovens que gostam de ver o mundo fora do
aprisco. Os jovens precisam da amizade, da compreensão e da orientação
do seu pastor. Eles precisam do cajado (a Palavra de Deus) e da vara
(correção) do pastor.
 Simpatia
Envolve um estado de espírito da parte do pastor para com os
problemas que os jovens enfrentam. Lamentavelmente, muitos jovens se
perdem e se afastam da igreja por falta de ajuda, de amor, de perdão. Ter
simpatia significa demonstrar um profundo amor para com os
necessitados. As decepções, os traumas, as angústias interiores provocam
uma grande carência nos jovens. O pastor é o homem certo para atender-
lhes espiritualmente, demonstrando simpatia para com seus problemas.
 Simplicidade
O pastor é um conselheiro e, como tal, ele deve ter uma atitude
modesta no seu relacionamento com as pessoas. O fato de ser um pastor
não dá o direito de colocar-se numa posição de soberba, com ares de
superioridade. A simplicidade, como virtude do pastor, significa a sua
dependência na unção e na direção do Espírito Santo, para ajudar qualquer
pessoa. Simplicidade não deve ser confundida com a perda da dignidade
de sua posição pastoral, nem com o excesso de familiaridade com a vida
particular das pessoas que o procuram. Ser simples significa ser capaz de
ouvir, de orientar espiritualmente a pessoa necessitada. Em outras palavras,
o pastor deve ajudar o jovem confiando na ajuda do Espírito Santo. Ele
carece de uma palavra amiga que lhe direcione o caminho a seguir.
 Tato
Cada pessoa tem o seu modo de ser. Cada pessoa é dona do seu
problema. O pastor precisa usar de toda a habilidade no tratamento com os
jovens. O tato diz respeito à maneira hábil de fazer ou de dizer o que é
certo, sem ofender a pessoa com quem está tratando. É aquela apreciação
intuitiva que se tem quanto ao que é viável no momento certo. Às vezes, a

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falta de tato produz maiores danos à pessoa necessitada. O jovem é uma


planta nova, e por isso, é sensível. É preciso cuidado no trato com ela.
 Imparcialidade
Paulo advertiu a Timóteo contra a parcialidade (I Tm 5.21). A igreja
é uma comunidade composta de pessoas diferentes, com os mais variados
tipos de problemas. É um grupo realmente heterogêneo de pessoas ricas,
pobres, cultas, analfabetas, delicadas, rudes, deprimentes, entusiastas,
afáveis, descorteses, etc. portanto, o pastor tem de estar preparado para
relacionar-se com todos esses tipos. Normalmente muito sensível, o jovem
não aceita a idéia de favoritismo ou de desdém para com algumas pessoa.
8.3.3 A mocidade no contexto pastoral
É imprescindível que o pastor local tenha um conhecimento
mínimo acerca do jovem, principalmente o adolescente, para que possa
ajudá-lo positivamente. É neste período da vida do jovem adolescente que
a insegurança, a grande sensibilidade, o idealismo e a vontade de vencer o
expõem a perigos. A vontade de ser, de fazer e de vencer colocam-no
diante de um mundo complicado, que desafia sua capacidade de enfrentá-
lo. Dada a grande sensibilidade que se desenvolve dentro dele, sua mente
se torna um campo aberto para a experiência espiritual. É o período ideal
para conduzir o jovem ao encontro com Cristo. Os problemas de ordem
moral afetam sua consciência, porque despertam no adolescente sua
energia sexual. A falta de orientação nessa fase pode ser o caminho aberto
para o aconselhamento pastoral.
Passada a fase mais contundente da vida do jovem na adolescência,
os desafios passam a ser outros. O futuro desponta à sua frente, e o seu
idealismo o faz lutar. O futuro o desafia com interrogações sem fim: Que
profissão escolherei? Com quem me casarei? É nessa fase que o jovem se
conscientiza de que sua vida futura depende de profundas e responsáveis
decisões. Como tomá-las implica, às vezes, em conflitos sérios dentro de
sim. Entretanto, o jovem crente pode ter a ajuda pastoral. O
relacionamento entre o pastor e o jovem deve se revestir de características
especiais que consolidem vidas para o cumprimento dos propósitos divinos
neste mundo. Assim:

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1) O pastor precisa ter uma visão positiva da mocidade. Muitos


descarregam seus sermões em cima da mocidade, porque vêem apenas os
aspectos negativos, sem avaliarem as causas. Precisamos muito mais ver
na mocidade o seu potencial. Na pode haver bom relacionamento entre a
mocidade e a igreja quando se permite apenas acusá-la. Sempre houve
choques de gerações, porém, quando a igreja é conscientizada dos valores
dos jovens, das suas necessidades, esse choque é abrandado pela
compreensão e pelo amor. Essa conscientização tem de partir do pastor.
Ele precisa entender, conhecer e ajudar os jovens que pastoreia. É preciso
ver a mocidade numa perspectiva positiva, ao invés de olhar apenas para
os seus defeitos. Quando o pastor tem uma visão positiva do potencial da
mocidade, sem dúvida, ela será uma alavanca de força para o crescimento
da igreja.
2) O pastor deve racionalizar suas atitudes para com a mocidade.
Para que haja perfeita harmonia nas relações da mocidade com o pastor e
com a igrejas, é preciso uma boa dose de paciência. Às vezes, os jovens
têm atitudes que irritam os adultos. São atitudes causadas por problemas
íntimos que extravasam negativamente. A reação contra essas atitudes dos
jovens, quando não é racionalizada, surge na forma de humilhações, com
reprovações sarcásticas e atos irônicos. Ao invés de corrigir positivamente,
aumenta, ainda mais, o conflito interior no jovem. Portanto, a razão deve
prevalecer sobre as imposições.
Lamentavelmente não tem havido racionalidade nas atitudes
pastorais de muitos dos nossos ministros. O pastor deve primar pela
compreensão, sem precisar comprometer o zelo e o cuidado pela doutrina
da Bíblia, não é possível admitir-se que, por caprichos próprios e sem
apoio bíblico, um pastor abuse da autoridade pastoral, impondo regras
próprias que satisfaçam apenas o seu “ego”. As atitudes devem ser
racionalizadas dentro das recomendações bíblicas. As imposições
provocam dissabores e rebeldia. Os conselhos sadios e os atos
disciplinares feitos com amor e respeito promovem o temor de Deus no
coração do jovem.
3) O pastor deve ser um orientador para as grandes decisões dos
jovens. o jovem deve ver no pastor a imagem de um pai, amigo e
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conselheiro. Um bom relacionamento entre o pastor e a mocidade no seio


da igreja proporciona ao pastor o respeito devido a um líder espiritual, e
inspira nos jovens a confiança para procurá-lo nas grandes decisões da
vida.
8.4. A ÉTICA PASTORAL
Entendemos por ética, em sentido cristão, com aplicação à vida e a
atividades pastorais, a ciência que nos ensina a descobrir, classificar,
explicar e aplicar as regras da pura moralidade cristã à vida humana no
presente; e, por este motivo, ela nos põe diretamente em contato com os
deveres e com a missão do homem como pastor de almas vivas, racionais,
espirituais cristãs.
Referindo-se ao sacerdócio da antiga aliança, seus deveres e
privilégios, a Epístola aos Hebreus 5.4, diz-nos: “Ninguém, pois, toma esta
honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu
com Arão”, e, referindo-se ao ministério cristão, o apóstolo Paulo escreveu
a Timóteo: “Participa comigo dos sofrimentos do Evangelho, segundo o
poder de Deus, que no salvo e nos chamou com santa vocação” (II Tm
1.8,9).
Com base nestes ensinos apostólicos, sabemos e cremos que o
homem salvo, chamado e vocacionado por Deus ao exercício do ministério
cristão tem sobre si um conjunto de deveres expressos em ordens
PESSOAL, HORIZONTAL E VERTICAL, a que se deve dedicar com o
máximo cuidado, porque do seu eficiente desempenho advirá frutos
preciosos para Deus, para o próximo e para si mesmo, no presente e no
futuro.
Ao nos referirmos à ética pastoral, não é um manual qualquer
escrito a seu respeito que devemos nos referir, a fim de conhecermos as
suas regras, e sim, diretamente, à Palavra de Deus, que é viva e eficaz e
permanece para sempre. Nela, a saber, nos vultos inconfundíveis, cujos
feitos estão nela descritos, é que devemos buscar os modelos que, por nós
imitados, nos farão também modelos a serem imitados por outros.

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8.4.1. Deveres Pessoais


Entre os muito encontrados na Bíblia, tomemos como exemplo a
imitar aquele que nos repta veementemente, dizendo-nos: “Sede meus
imitadores como eu sou de Cristo” (I Co 11.1) Como padrão de ética
pastoral, Paulo, na prática e no ensino, sobrepõe-se, de fato, como modelo
a nós pastores nos dias hoje.
No cuidado pessoal, como indivíduo, quanto ao ensino e à prática,
o apóstolo nos diz, escrevendo a Timóteo: “Tu, porém, tens seguido de
perto o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor,
perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me
aconteceram em Antioquia, em Icônio, em Listra, que varias perseguições
tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. Ora, todos
quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (II
Tm 3.10-12).
Observe-se que Paulo se apresenta a seu discípulo como modelo a
ser imitado. Com sinceridade que ressalta à vista, ele enumera num
crescente admirável nada menos do que oito características de sua
personalidade marcante de pastor para findar acrescentando: “Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de
quem o aprendeste”. (II Tm 3.14).
No cuidado do rebanho sobre o qual o Espírito Santo o constituirá
bispo, ele se dirige aos Coríntios, dizendo-lhes: “Quisera eu me
suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois, porque
zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos
apresentar como virgem pura a um só marido, que é Cristo. Mas receio
que, assim como a serpente enganou Eva, com a sua astúcia assim também
sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e
pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém pregar outro Jesus
que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes
recebido, ou evangelho diferente que não tendes abraçado, a esses de boa
mente o tolerais. Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais
apóstolos. E, embora seja faltoso no falar, não o sou no conhecimento; mas
em tudo e por todos os modos vos tenho feito conhecer isto” (II Co
11,28,29).
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Resumindo seu trato pessoal como pastor, ele atinge a extremos só


ultrapassados por Cristo: “Porque, sendo livre de todos fiz-me escravo de
todos, a fim de ganhar o maior número possível. Procedi, para com os
judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para com os que vivem sob
o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que
vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei,
como se eu mesmo o fosse, não estando na lei para com Deus mas debaixo
da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me
fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para
com todos, com o fim de, por todos os modos salvar alguns. Tudo faço por
causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele. Não
sabeis vós que os que correm no estádio, todos na verdade correm, mas um
só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis” (I Co 9.19-24).
Sinceramente, convenhamos, Paulo, ao assim proceder, atingia as raias do
sobrenatural, isto é, chegava ao sublime, só possível àqueles que se
consagram a Cristo sem reservas! Que me diz a consciência quanto a isto?
Temos, como pastor que somos, seguido sem vacilação os passos firmes do
apóstolo?
Quando lemos sua enfática declaração: “Todo atleta em tudo se
domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, a
incorruptível. Assim corro também eu, nós, porém, não como desferindo
golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão para que,
tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado” (I Co
9.25-27); quase sempre estremecemos, porque, às vezes, o nosso eu, a
nossa conveniência pessoal, está se sobrepondo aos interesses do
evangelho; e, “ai de mim se não pregar o evangelho”, como algo que está
acima de toda humana imaginação de modo a poder agradar àquele que me
qualificou! (II Tm 2.1-7).
No cuidado com a Igreja, Paulo era, de fato o pastor ideal que dela
cuidava e a alimentava com desvelo: “E, quando se encontraram com ele,
disse-lhes: “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo
tempo desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com
toda a humanidade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me
sobrevieram; jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa, e
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de vô-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando


tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em
nosso Senhor Jesus Cristo. E agora, constrangido em meu espírito, vou
para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito
Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e
tribulações. Porém, em nada tenho a mina vida por preciosa para mim
mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi
do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. agora eu
sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o
meu rosto, portanto eu vos protesto no dia de hoje, que estou limpo do
sangue de todos” (At 20.17-27). Assim procedendo, ele podia afirmar sem
receio de ser contraditado: “Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom
ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa
doutrina que tens seguido”. (I Tm 4.6), e concluir exortando-o: “ Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres, porque,
fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (I Tm
4.6).
No trato com os colegas de mistério, ele foi o maior exemplo para
nós, tanto para seus auxiliares diretos, imediatos, aos quais, às vezes,
chamava de filhos, como para com todos com quem privou com o
exercício do ministério pastoral. “Tu pois, filho meu, fortifica-te na graça
que está em Cristo Jesus. E o que da minha parte ouviste, através de muitas
testemunhas, isso transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir
a outros. Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Jesus
Cristo” (II Tm 2.0-3). Com este sentimento, ele chegará às vezes a se
impacientar, a se perturbar com a ausência de alguns deles: “ Ora, quando
cheguei à Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e uma porta se me
abriu no Senhor, não tive contudo tranqüilidade no meu espírito, porque
não encontrei o meu irmão Tito; por isso, despedindo-me deles, parti para
Macedônia” (II Co 2.12,13). Como andam as minhas relações fraternais
com meus auxiliares? Como anda o meu trato para com eles? Estou
guiando-me pelo exemplo de Paulo?
Às vezes, temos auxiliares remotos, algo indireto. Paulo os tinha
também, e no trato com eles, igualmente nos serve de exemplo: “
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Encaminha com diligência a Zenas, o intérprete da lei, e a Apolo, a fim de


que não lhes falte coisa alguma” (Tt 8.13). Há, porém, aqueles que nos são
iguais em encargos administrativos: à nossa semelhança, eles são pastores
de igrejas administrativamente autônomas, o que ocorreu também com
Paulo; e, portanto, dele podemos receber ensinamento precioso no trato
com os nossos iguais: “ Catorze anos depois, subi outra vez a Jerusalém
com Barnabé, levando também a Tito. Subi em obediência a uma
revelação; e eles expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em
particular aos que pareciam de maior influência, para de algum modo não
correr, ou ter corrido em vão... e, quando conheceram a graça que mi foi
dada, Tiago, Cefas e João, que eram reputados colunas, me estenderam, a
mim e a Barnabé, a destra da comunhão, a fim de que nós fôssemos para
os gentios e eles para a circuncisão; recomendando-nos somente que nos
lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl
2.1,2,9,10). Sim, ele não era um autonomista discriminativo, ao contrário,
nem era sim um igual, conforme previa a profecia messiânica: “ Mas és tu,
homem meu igual, meu companheiro, e meu ‘intimo amigo” (S1 55.13).
Não admira que de homem assim previsse vitória tão acentuada quanto
aquela da igreja privativa!
8.4.2 Deveres horizontais
 Com a Sociedade
Na ética pastoral, queira ou não, há a parte social a que o pastor
deve dar a devida e cuidadosa atenção, a fim de evitar reclamações que
poderão ser-lhe fatais. Reconhecemos que o pastor, embora seja um
indivíduo, é, ao mesmo tempo, um ser associativo e portador de um
ministério de caráter social. Deste modo, ele tem o dever de tratar, em seu
pastorado, com as autoridades do lugar em que está sediada a a igreja a
que serve. Paulo ensina-nos o modo ideal para esse trato, quando diz: “
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores, porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram
por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação.
Porque os magistrados não são para temor quando se faz o bem, e, sim,
quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem, e
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terás louvor dela; visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem.
Entretanto, se faz mal, teme; porque não e sem motivo que ela traz a
espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o
mal. É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor
da punição, mas também por dever de consciência. Por este motivo
também pagais tributos: porque são ministros de Deus, atendendo
constantemente a este serviço. Pagais a todos o que lhes é devido: a quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a
quem honra, honra” (Rm 13.11-7). Procedendo deste modo, cada um de
nós será sempre e sempre honrado pelas autoridades.
Com os Idosos
Outra classe social que o pastor terá pela frente é a velhice dentro e
fora da igreja. Como tratá-la? Paulo o diz claramente ao recomendar-nos: “
Não repreendas ao homem idoso, antes exorta-o como a pai; aos moços
como irmãos; às mulheres idosas como mães; às moças como irmãs, com
toda a pureza” (I Tm 5.1,2). A pessoa idosa, em qualquer lugar, merece um
tratamento honroso. Sabemos que a Bíblia recomenda isto tanto no Novo
quanto no Antigo Testamento.
 Com os Jovens
O pastor, entretanto, diante de si a juventude, que requer muita
compreensão para poder ser útil na própria esfera do seu labor diuturno! O
jovem é uma rosa em botão, não pode ser forçado a desabrochar antes do
devido tempo, porque se o for, perecerá! Neste caso, devemos
compreendê-lo como jovem, imaturo, às vezes impetuoso e barulhento em
demasia. Porém, devidamente encaminhado o seu potencial exuberante,
ele poderá tornar-se um valor maravilhoso à igreja, como o foram Timóteo
e Tito. Diz-nos Paulo com respeito ao nosso trato com o jovem: “ Ninguém
despreze a tua mocidade: pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis na
palavra, no procedimento, no amor , na fé, na pureza" (I Tm 4.12). Como
poderá o jovem exibir tais virtudes quando é tratado como um objeto mais
do que como um ser humano? Como poderá ele exibir estas virtudes,
repetimos, quando não se lhe dá oportunidades para provar de quanto é
capaz? Daí ser necessário ao pastor compreendê-lo como jovem, e dar-lhe

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as oportunidades freqüentes, a fim de que possa provar que aquilo que a


igreja lhe confirmou será realizado segundo a vontade de Deus.
 Com o Sexo Oposto
Nenhum pastor pode evitar, na vida cotidiana, o convívio com as
pessoas do sexo oposto, e, convenhamos, ele foi, é, e será sempre em todos
os lugares uma prova de fogo para o pastor.
No trato com o sexo oposto, Paulo nos diz algumas coisas
verdadeiramente úteis quanto às viúvas: “Honra as viúvas verdadeiramente
viúvas. Mas se alguma viúva tem filhos ou netos, aprendam, primeiro a
exercer piedade para com sua própria casa, e a recompensar a seus
progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. Aquela, porém, que é
verdadeiramente viúva e não tem amparo, espera em Deus e persevera em
súplicas e orações, noite e dia” (I Tm 5.3-7). As viúvas constituem classe
tão importante na igreja que Tiago as relaciona diretamente com a prática
da verdadeira religião, dizendo: “A religião pura e sem mácula para com o
nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações,
e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1.27).
No seu trabalho, nas suas viagens ou em seu gabinete, o pastor
deve manter integridade moral, observando sempre que os deslizes morais
são protagonistas da desgraça de muitos lares, do escândalo para o
Evangelho de Jesus Cristo, cuja pregação passa pelo caminho do
descrédito, e a própria igreja, se vê privada de seu crescimento
quantitativo, e, consequentemente, privada do atendimento social quando o
desenvolve.
Reconhecemos que todo cuidado é pouco da parte do pastor no
trato com o sexo oposto, porque desde os primórdios da criação, sempre o
sexo foi uma atração natural ao homem e em muitas oportunidades foi a
sua desgraça!

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8.4.3 Deveres verticais


O terceiro aspecto da ética pastoral diz respeito aos deveres
verticais, à sua consagração a Deus e à sua comunhão com Ele;
convenhamos que, para o pastor como cristão este é o aspecto
absolutamente indispensável da ética pastoral; porque ele poderá perder o
céu como pastor, porque podemos distinguir entre ser pastor e ser filho de
Deus.
É ainda neste terreno que Paulo nos serve de importante exemplo:
ele era um homem definitivo e decidido, com uma linha de conduta
irrepreensível a toda prova. No que respeita ao seu compromisso espiritual
para com Cristo, ele nos afirma, interrogando: “Porventura procuro eu
agora o favor dos homens, ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens?
Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (G1 1.10). Nisto
não vai qualquer exaltação pessoal nem orgulho humano divisionista, e
sim um comprometimento iniludível e firme, para consigo mesmo e para
com Deus, porque para ele o viver era viver para Cristo (Fp 1.21), e,
portanto, o “ser achado nele” (Fp 3.9) era seu único objetivo pessoal;
porque, por Cristo, ele havia deixado tudo na vida presente (Fp 3.7,8),
fazendo, por este motivo, do trabalho de Cristo, a sua única razão de existir
no mundo: “E agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém,
não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de
cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tubulações.
Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que
complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para
testemunhar o Evangelho da graça de Deus” (At 20.22-24).
Para Paulo, tudo o que interessava acima de todas as coisas era
manter a comunhão com Deus em Cristo, mediante uma obediência sem
reservas à sua vontade. O caminho a seguir para atingir este alvo era
completamente indiferente com o Senhor Jesus, a quem queria satisfazer a
todo custo! Podemos afirmar sem reservas que a consagração de Paulo a
Deus era a razão de sua existência! Sem Cristo na vida, ele era
simplesmente nada! Reconhecemos, sem dificuldades, haver sido Cristo a

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razão de seu grande êxito na vida espiritual e no exercício do ministério


pastoral.
Que diremos nós a nosso próprio respeito? Como anda
verticalmente a nossa ética pastoral? É Cristo a razão de ser de nossa
existência como pastores? Estaremos entregando-lhe sempre e sem
reservas o espírito, a alma e o corpo? Estamos nos deixando consumir de
zelo santo por Cristo? Por que somos pastores? Por que estamos exercendo
o pastorado de sua igreja cristã? Oxalá possamos responder a cada uma
desta perguntas e a muitas outras que poderíamos acrescentar a esta lista
de um mundo convicto, positivo; o que será a nossa completa felicidade e
vitória. Finalmente reconhecemos que seguido o sistema de ética pastoral
exemplificada por Paulo, nenhum pastor falhará em seu ministério
pastoral, pelo contrário, aquele que fizer isto será mais do que vencedor
por aquele que o amou, vocacionou e chamou ao seu serviço.

9 – CLÍNICA PASTORAL
Clínica é um termo moderno, porém sua aplicação é tão antiga
quanto o próprio cristianismo, sendo Jesus o modelo por excelência
àqueles que queriam usá-la na prática com proveito positivo. Jesus foi
pregador (Mt 4.23) e um terapeuta (Lc 4.18,19) e, para dar continuidade ao
seu ministério aqui na terra, chamou e vocacionou homens a quem deu o
nome de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11 ; Jo
17,18;20.21 ; Lc 9.1,2).
Não será diferente para o pastor hoje estar às voltas com as três
facetas do ministério de Jesus: pregar, ensinar e curar (Mt 4.23). Porém,
muitos ministros modernos seguem o estilo dos oradores retóricos dentre
os filósofos dos tempos passados, que se localizam na maioria dos casos
num lugar, entre quatro paredes, tendo um púlpito como local de suas
atividades e um discurso engatilhado para proferir a um auditório
comodamente sentado para ouvi-lo. Jesus não era deste tipo de pregador,
Ele era o tipo do arauto, que corresponde melhor ao “kerigma” do Novo
Testamento, isto é, Ele era daqueles que não tinham púlpitos nem templos,
e que saíam proclamando as boas-novas a tempo e fora de tempo pelas

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ruas, pelas praças, pelos mercados, à beira-mar, onde quer que estivessem
os ouvintes.
E, deste modo, eles tinham apenas um alvo: pregar a Palavra,
pregar o Evangelho, pregar a Cristo, o Salvador, apresentar o Mestre, o
Médico por excelência aos seus ouvintes. Esquecidos de si mesmos, eles
só se preocupam com o ministério recebido de Cristo, e em testemunho de
Cristo: “De testemunhar o evangelho da graça de Deus”. Não é para
admirar o êxito por eles obtido em seu tempo, quando, em apenas seis
meses de atividades, já haviam enchido conforme Jerusalém de sua
doutrina! Quando a Igreja crescia cotidianamente, e mesmo através de
perseguições cruéis, em apenas trinta anos, conforme o testemunho da
Epístola aos Colossenses, eles já haviam evangelizado todo o mundo então
conhecido. E não era para menos, porque eles não eram pregadores que
ficavam esperando as portas se abrirem, ao contrário, eles forçavam as
portas, considerando que elas foram abertas por Cristo e ninguém tinha
força para fechá-las!
Quão diferentes deles somos nós da atualidade que, ao invés de
pregarmos a Palavra, com exclusividade, usamos pregar a nós mesmos, as
nossas vitórias, nossas virtudes, nossos feitos notáveis, e de modo muito
enfático, a nossa vida passada de completa desgraça espiritual, como
exemplo ao modo miraculoso como fomos salvos...
Às vezes, estes relatos humanos são vazados em eloquência que
arrancam lágrimas àquelas que têm vocação para carpidores; mas, jamais
trazem alma e consciências cativas aos pés de Cristo para salvação! Talvez
o pastor pense que pregar não é exercer a clínica pastoral! Mas é, e no
verdadeiro estilo cristão! Quantos ébrios inveterados têm sido libertados
da embriaguez! Quantos toxicómanos têm sido transformados e
plenamente libertados pelo poder da pregação do evangelho! Quantos
corruptos, desajustados socialmente e mesmo enfermos, sofrendo de
doenças infecto-contagiosa têm sido curados pelo simples contato com o
Salvador, mediante a pregação de sua Palavra, que é espírito e vida!
Além de pregar, Jesus também ensinava, como parte de sua clínica
pastoral. Quantas vezes um toxicómano se chega a nós, carente apenas de
instrução diferente daquela a que tem estado afeito, e, depois de conduzido
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a Cristo, mediante o ensino verdadeiro de sua Palavra, se une a Jesus,


liberto completamente de suas mazelas físicas e morais, e torna-se um ser
sadio física, moral e socialmente!
O pastor nunca deve se esquecer de que na clínica pastoral existe o
valor poderoso da Palavra de Deus e da oração. Nunca deve se esquecer de
que é a verdade que liberta a pobre a humana das garras aduncas do mais
que mentiroso! Nessa prática, fatalmente encontraremos toda sorte de
enfermos, vítimas, às vezes, inconscientes da verdadeira chaga satânica, na
maioria, dos casos, vítimas diretas do próprio Diabo! Nem sempre a
enfermidade física é o resultado de obsessão satânica; isto cremos e
ensinamos. Mas, se o pastor receber de Deus o Dom de discernir os
espíritos, definitivamente, vai encontrar mais frequentemente do que
espera, a operação direta do Diabo em muitas enfermidades aparentemente
físicas.
Quando falta discernimento no pastor, pode dar-se uma distorção
tão perigosa nos seus conhecimentos dos casos, que ele passa a ver em
cada enfermidade um demônio operando, quando isto é absolutamente
falso! Haja vista, por exemplo, o paralítico de Cafarnaum, curado por
Jesus, conforme narrado nos Evangelhos Sinópticos: antes de curá-lo da
paralisia, Jesus perdoou os seus pecados. Por que? Logicamente a origem
de sua enfermidade não estava no demônio e sim em sua natureza
pecaminosa, o que às vezes acontece em nosso ministério.
Cremos que a maioria das enfermidades sofridas pela humanidade
tem esta origem e não outra! Daí, a carência do discernimento em cada
pastor, e da ausência de julgamento precipitado das origens das
enfermidades, a fim de evitarmos escândalos e até descrédito ao pastor e
ao Evangelho, e, o pior: impropério ao nome de Cristo! Na clínica
pastoral, pode ocorrer com regularidade a aparição das vítimas sociais,
religiosas e até trabalhistas, e não apenas exclusivamente espirituais. E
então, por não sermos assistentes sociais ou profissionais diretamente
afeitos a tais problemas, vamos encaminhar aqueles que nos procuram aos
ímpios especializados nesses conhecimentos?! Absolutamente não! É
nosso dever lidar com eles do mesmo modo como lidaríamos com
problemas de ordem espiritual puramente dito. Do contrário, como ficará à
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nossa responsabilidade! Saibamos que Aquele que encaminhou a nós casos


como esses está conosco, e interessado na solução dos problemas, do
mesmo modo como na vigência da lei, o leproso não era encaminhado ao
médico e, sim, ao sacerdote.
Que diríamos de Jesus, se Ele houvesse mandado Zaqueu aos
fariseus e aos escribas judeus com os seus problemas? teriam eles
resolvido o problemas sócio-religioso-político do rico publicano de Jericó?
Ao contrário, eles o teriam agravado ainda mais! Eles o teriam repelido e o
sepultado no ostracismo, mediante o excesso de extremismo farisaico de
que viviam complexados! Jesus convidou Zaqueu a descer do sicômoro,
prontificou-se pousar em sua casa, e dignou-se a ouvir o rico publicano, e
tudo isso somado resultou na salvação daquele filho de Abraão.
Na clínica pastoral, jamais um pastor deverá rejeitar os casos que
lhe pareçam insolúveis: cada um de nós deve sempre lembrar que não são
impossíveis para Deus! às vezes, nos surge um complexo de suficiência
religiosa, semelhante àquele que foi levado a Jesus pelo “moço rico”, que
noutro Evangelho é denominado de “príncipe”. Aquele homem, com o
propósito de justificar-se a si mesmo, apresentou-se a Jesus declarando-se
homem irrepreensível desde a sua mocidade, visto que sempre havia
observado todos os mandamentos e tudo o que lhe interessava era que lhe
faltava para se constituir herdeiro da vida eterna. Porém, ao ser-lhe dito
por Jesus a única coisa que lhe faltava fazer, ele se retirou triste porque não
se sentia disposto a fazer por si mesmo aquela coisa que ninguém poderia
fazer por ele.
Observe-se que este é o único caso em que a clínica pastoral de
Jesus aparentemente falhou porque aquele homem retirou-se triste de sua
presença. Mas nunca devemos esquecer a lei que afirma “ninguém pode
ajudar a quem não quer ajudar-se a si mesmo”. Foi o que aconteceu. Mas
isto significa haver falhado a clínica pastoral de Jesus, ao contrário, aquele
incidente deu-lhe a oportunidade de ministrar profunda lição aos seus
apóstolos, que ainda instrui a nós na atualidade.
Diferente do caso daquele príncipe judeu, é aquele ocorrido com os
apóstolos de Jesus, que eram vítimas do falso ensino farisaico, de que
todas as enfermidades são congênitas, a saber, são herdadas dos pais, em
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razão de seus pecados, como ensinavam, são consequências de hipotéticos


pecados praticados pelos seres humanos antes de nascerem. Eivados deste
falso ensino, perguntaram os apóstolos a Jesus sobre o cego de nascença:
“Senhor quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” ao que
Jesus lhes disse em resposta curativa: “Nem este nem seus pais pecou, mas
isto é para que se manifeste nele as obras de Deus.” Com este ensino
verdadeiro e positivo, eles ficaram curados da distorção farisaica cansada
pelo meio ambiente em que viviam e de que estavam inteirados.
A clínica pastoral é para ser aplicada na prática onde quer que
esteja o pastor e surja um caso de consulta a ele. Mas, de certo modo mais
positivo, é interessante que se estabeleçam locais específicos a seu
exercício. O gabinete pastoral, por exemplo, é o lugar ideal à sua ação. É
ali, à parte com o Senhor, num ambiente a sós, que o cliente e o pastor se
podem colocar nas mãos de Deus Todo-Poderoso, e buscarem juntos a
solução para qualquer problema. Melhor será se o gabinete for localizado
longe da igreja a que serve o pastor, porque ali, outras pessoas, que não
sendo membros da igreja, poderão desfrutar dos conselhos pastorais e ter a
sua oportunidade de encontrar, sem complexos eclesiásticos, a ajuda de
Deus na solução dos problemas que as afligem e, quiçá, serem levadas a
Cristo.
Mas o templo da igreja local é outro lugar oportuno ao exercício da
clínica pastoral, mormente destinado aos membros de sua ou de outra
igreja que careçam da ajuda do pastor na solução de seus problemas (At
3.1-6). Também em suas próprias casas, os membros da igreja, ou outros
necessitados, poderão recorrer aos serviços pastorais a qualquer hora do
dia, visto que o pastor é obreiro de tempo integral.
Seguindo o exemplo de Jesus no exercício da clínica pastoral,
nenhum de nós pastores, novos e velhos, jamais teremos por que recear
fracasso! Jesus, nosso modelo, jamais fracassou, e jamais fracassarão
aqueles que o imitarem de boa fé, no exercício do ministério.

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10. O PASTOR COMO ADMINISTRADOR


Ás vezes perguntamos por que certas igrejas têm tantos problemas
inesperados e inúmeras surpresas desagradáveis? Como pastores que
somos, por que nos apanham desprevenidos com tanta frequência? Não
seria muito difícil responder a estas perguntas quando reconhecemos que
isto acontece porque em nossa avidez para iniciar um programa de
trabalho na igreja, não preparamos adequadamente as pessoas que nos
ajudam para executarem as tarefas.
A experiência nos adverte que não basta ao pastor ser um excelente
pregador ou ensinador da Palavra, mas que seja apto para administrar o
rebanho do Senhor, porque aquele que não sabe conduzir
convenientemente o seu próprio lar (I Tm 3.4,5) por conseguinte não terá
sucesso à frente da família espiritual da igreja.
O pastor como administrador deve lembrar-se de que as tarefas de
uma igreja não podem ser executas unicamente por ele. As pessoas
constituem-se n o maior trunfo daquele que administra, e o seu êxito será
medido segundo sua habilidade em dirigir, em motivar e em criar um meio
ambiente estimulante para os membros da igreja. E quando a igreja estiver
operando mal, o problemas quase sempre pode ser atribuído à má
orientação dos que administram.
A habilidade do pastor em administrar implica em estabelecer uma
atmosfera na qual os membros da igreja serão entusiásticos e atuarão com
boa vontade no desenvolvimento da obra do Senhor. Para que esse espírito
os domine, é necessário que os membros confiem na habilidade do pastor,
reconheçam e se convençam da sinceridade de seus objetivos, e que é do
interesse deles executar a obra.
Administrar, portanto, não é executar um sem-fim de coisas, não é
realizar todas as tarefas, mas fazer com que todos participem do trabalho.
Nosso Senhor Jesus Cristo sempre se utilizou de princípios fundamentais
da administração, como podemos observar nos exemplos citados nos
Evangelhos; quer seja na escolha dos doze apóstolos para o ajudarem (Mt
10.1-4), que seja no envio dos setenta (Lc 10.1), ou mesmo quando
alimentou as cinco mil pessoas (Jo 6.1-14).

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O pastor bem preparado observará algumas regras práticas de


administração, determinando os alvos a serem estabelecidos. Para isso é
preciso que planeje, estipulando os objetivos e as prioridades. O
planejamento o levará ao roteiro das atividades do seu agitado dia. Além
disso, deve:
a) desenvolver suas qualidades de liderança, conhecendo o seu
próprio trabalho e o daqueles que trabalham com ele;
b) tomar decisões rápidas, demonstrando integridade e justiça;
c) demonstrar entusiasmo e perseverança para observar os
horários, manter o orçamento e alcançar outros objetivos;
d) demonstrar, através do planejamento, que sabe aonde está indo
e o que alcançará o alvo;
e) manter uma atitude agradável e deixar que os irmãos participem
do planejamento e da tomada de decisões, envolvendo-os;
f) delegar responsabilidades e dividir a responsabilidade pelos
erros. Ao desenvolver sua equipe, o pastor deve explicar com
toda a clareza o trabalho a ser feito, treinar o pessoal e
supervisionar o trabalho. Na delegação, deve ter consciência de
que o irmão pode executar melhor o trabalho, em menor tempo,
com menos gasto e que se constituirá em seu próprio
desenvolvimento espiritual;
g) fazer uma ação corretiva quando o planejamento se
descontrolar, reconhecendo, porém, publicamente, as façanhas
dos que trabalham com ele, criticando-os construtivamente em
particular;
h) impor disciplina e ao mesmo tempo mostrar um interesse ativo
pelos que o ajudam a alcançar os objetivos estabelecidos;
i) coordenar as atividades para poder obter bons resultados,
deixando que as pessoas saibam das mudanças ou dos
desenvolvimentos que as afetará, antes que aconteçam;
j) ser um bom ouvinte, aceitando de bom grado as sugestões para
melhorias, avaliando honestamente cada sugestão;
k) receber as reclamações tratando-as de maneira positiva,
verificando se são ou não um sintoma geral;
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l) colocar pessoas capazes à sua volta, ajudando-as a evoluir, e


nunca se interpor no caminho daqueles que procuram progredir
em sua vida espiritual.

10.1. MUDANÇA DE PASTORADO


Aqueles que assumem o pastorado de uma igreja devem lembrar-se
de que uma mudança brusca nos planos e na organização da igreja pode se
tornar uma experiência traumática para os membros conservadores,
aqueles que já se acostumaram com os hábitos e costumes do antecessor
levantarão dúvidas a respeito das mudanças repentinas, suscitando
discussões com o grupo, e fatalmente resistirão às modificações “que
consideram desnecessárias e prejudiciais” para os melhores interesses da
igreja.
Se o pastor ficar sentido, pensando que estes membros não querem
cooperar com a igreja, e insistir na necessidade imperiosa dos seus planos
por fraquezas da igreja, as discussões podem resultar no desenvolvimento
de um plano que visa ao afastamento do pastor.
Diz-nos Crabtree que um sábio pastor, com muitos anos de
experiência, deu o seguinte conselho a um jovem pastor que acabara de
aceitar o pastorado de uma boa igreja: “Não faça mudanças nos planos e
na organização da igreja no primeiro ano do seu serviço pastoral. Dedique-
se à pregação e à atividades pastorais. Depois de inflamar o espírito do seu
povo com o fervor das suas exposições das Escrituras, e quando a igreja
chegar a conhecê-lo e confiar na sua orientação, pode sugerir novos
planos, como meios de aumentar a eficiência e o serviço da igreja.”
Completa, dizendo que embora seja um bom princípio, não é aconselhável
praticá-lo em todos os casos, pois existem igrejas instáveis e perturbadas
que carecem de estudo e de modificação sem demora, para preservar e
manter a sua integridade e melhorar o seu serviço.
Outros jovens pastores mais afoitos, egressos de um seminário,
ainda com a impetuosidade própria da juventude e daqueles que desejam
pôr em prática tudo o que aprenderam nos bancos do seminário, ensaiam
imediatamente uma demonstração de suas qualificações superiores, e

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iniciam mudanças imediatas como se a igreja tivesse sido mal orientada


pelo seu antecessor.
A impaciência os torna ríspidos e desagradáveis, e não fazem
questão de serem simpáticos, exalando ares de pedantismo espiritual. Os
seus colegas pastores os têm em grande conta, com as suas linguagens
eivadas de termos bem empregados. Cheios de normas, raramente pedem a
opinião de quem quer que seja para elaborarem suas mudanças. Por se
considerarem os dono da verdade, as suas palavras sempre são as últimas e
as únicas capazes de salvar a igreja de sua derrocada final. Enganam-se,
porque isto significa falta de segurança gerada pela pouca vivência dos
problemas de administração, especialmente no trato com valores
espirituais.
Antes de o pastor operar qualquer modificação, deve estudar com
extremo cuidado as características e as peculiaridades da igreja,
considerando os hábitos e os costumes tradicionais, descobrindo as
potencialidades dos membros da igreja, aplicando um processo corretivo
cauteloso, e difundido o espírito de harmonia e amor fraternal no seio da
congregação. Deve, ainda, integrar-se aos movimentos internos e conhecer
a formação histórica da igreja para melhor orientar o rebanho em novos
empreendimentos.

10.2. TOMADA DE DECISÕES


este é um ponto alto das tarefas do pastor na administração da
igreja. Cabe a ele decidir o que deve ou não ser feito. É exatamente em
função das decisões tomadas que o pastor costuma ser julgado; e estas irão
influir, de modo marcante, em toda a sua vida ministerial. Embora a arte de
tomar decisões seja quase sempre um “dom natural”, deve-se levar em
conta que existe uma série de fatores que devem e podem ser aprendidos.
Também, aquele que administra os bens do seu Senhor não pode
conviver com a indecisão. Saber agir com precisão e rapidez é, sem
dúvida, muito importante no desempenho de seu trabalho; mas muitos
erros podem ser cometidos porque a pessoa não meditou profundamente
sobre o assunto, deixando-se influenciar pelo impacto do momento.

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A lentidão ao tomar decisões, muitas vezes é uma qualidade oculta,


pois possibilita meditar sobre cada favor, o que proporciona maior margem
de segurança quanto ao êxito da medida tomada.
A fim de não ser traído na decisão que tomar, estribe-se unicamente
no conhecimento dos fatos de uma questão. Para ajudar o pastor,
apresentamos uma sequência lógica nos seguintes passos:
1o) defina claramente a situação que requer a decisão;
2o) enuncie o objetivo;
3o) reuna todos os dados que forem pertinentes;
4o) estude todos os cursos possíveis para ação;
5o) considere todas as consequências negativas e as positivas que
possam advir de sua decisão;
6o) escolha o caminho onde esteja envolvido o menor número de
consequências negativas e que tenha condições de levar mais perto da
realização do objetivo;
7o) tome a decisão e cuide para que seja executada.

Mas quando a ação se torna necessária, uma ausência de decisão


poderá se constituir numa grave omissão, pois o tempo não irá resolver a
situação. É preferível uma decisão errada do que nenhuma, porque já
desencadeou um processo, o qual poderá ser corrigido mais adiante.
Muitas decisões ainda são tomadas fora da ordem, pois não são
inteiramente independentes, exigindo que outras subdecisões as
acompanhem. Dificilmente se oferecem de uma vez todos os elementos
necessários para se tomar uma decisão, e as informações adicionais são
muito valiosas na maioria das vezes. Além disso, uma tomada de decisões,
um descuido com relações a alguns fatores, poderá resultar numa decisão
pouco firme. Às vezes, é melhor se extinguir um cargo na igreja, com a
demissão de seu ocupante, do que preenchê-lo com outra pessoa. O líder
deve, também, pedir a opinião de várias pessoas, numa tentativa de dividir
a responsabilidade das decisões, especialmente em reuniões, seja com o
seu pessoal ou seja com colegas de ministério.
Assim, tomar uma decisão não significa terminar o trabalho, mas
desejar que se produzam os resultados esperados. E a comunicação das
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decisões aos seus subordinados é muito importante, para que não surjam
mal-entendidos e se crie um ambiente desagradável no próprio seio da
igreja.

10.3 - ADMINISTRANDO O TEMPO


O homem é um ser que se comunica com seus semelhantes, mas do
que qualquer outro animal: ele fala, lê, conversa, escreve, gesticula e
transmite idéias e, segundo especialistas, mais de oitenta por cento das
atividades humanas são de comunicação. E quem abraça o ministério
deverá saber conciliar essas formas com seu próprio tempo.
O tempo do pastor nas atividades da igreja é preciso e será mais
ampliado se souber administrá-lo, Moisés, no deserto, estava desfalecido
(Ex 18.14) pela sobrecarga de trabalho sem delegação de poderes e pela
falta de administração de seu próprio tempo. Com a ajuda de boa
organização o rendimento do trabalho do pastor será melhor. O segredo é
dispender de seu expediente, um mínimo de esforço, adotando algumas
medidas como:
1º Atender as pessoas cujos problemas transcedam a competência
dos pastores auxiliares;
2º Estabelecer horários de atendimento pastoral e não permitir que
ninguém entre na sala sem ser anunciado;
3º Contar com os auxiliares no encaminhamento das pessoas às
áreas competentes, evitando que o pastor atue como elementos de triagem;
4º Não permitir ser constantemente interrompido na sala durante
atendimentos às pessoas;
5º Dispor de um ramal para atendimentos telefônicos, restrito ao
seu uso das pessoas que não podem ser atendidas nos horários
estabelecidos;
6º Evitar tratar, concomitantemente, de mais de um assunto;
7º Programar reuniões periódicas, com agenda divulgada aos
participantes, verificando se os assuntos a serem discutidos realmente
devem ser objeto de discussão em grupos;

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Ética Pastoral, a Prática do Ministério Pastoral

8º Não permite interrupções nas reuniões por chamadas telefônicas,


solicitando aos assistentes o uso do bilhete, para que o pastor decida sobre
o atendimento;
9º Adotar o uso de agenda que estabeleça prioridades, planejamento
e controle dos trabalhos;
10º Instalar um intercomunicador para contatar seus auxiliares,
evitando deslocamentos desnecessários;
11º Planejar a divisão de seu tempo diário a seu arbítrio;
12º Liberar-se para funções mais nobres, delegando as que o
sobrecarregam.

11 – O PASTOR COMO LÍDER


11.1 O QUE É LIDERANÇA?
Segundo os mais renomados dicionários, “Liderança” é a forma de
denominação baseada no prestígio pessoal do líder e aceita pelos liderados.
Vem a ser a ascendência e a autoridade de um indivíduo sobre o grupo. O
surgimento de um líder é de fato natural, pois as pessoas têm necessidade
de ter alguém que as represente, e comumente ele é apresentado como
aquele que “conhece o caminho” “mostra o caminho” ou segue o
caminho”.
Liderança é, pois, um comportamento, e nunca um fato isolado. Os
líderes são aqueles que maximizam suas recônditas potencialidades.
William James diz que “o indivíduo comum não desenvolve nem 10% do
seu potencial inato. Se puder um homem maximizar o potencial de sua
memória, poderá dominar quarenta línguas diferentes”. O líder cristão é
aquele que aceita suas responsabilidades, mesmo que signifiquem um
fardo demasiado pesado, mas está disposto a servir à causa, sabendo que a
sua auto confiança se origina de uma fé profunda em Deus, que o chamou
para cumprir seu desígnio em sua igreja aqui na terra.

11.2 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE A LIDERANÇA DA IGREJA


Desde o princípio, foi impossível a um homem só carregar a carga de
todo o rebanho e alimentá-lo adequadamente (At 6.1), e hoje, muito
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menos, poderá fazê-lo, pois ficará altamente “desprotegido quanto aos


ataques da soberba, da inflexibilidade do coração e dos extremismo que
perseguem o rebanho”.
O pastor Renato Cobra, em um de seus trabalhos, descreve alguns
conceitos básicos sobre a liderança da igreja, excluindo as conveniências e
tradições religiosas, atendo-se unicamente à Bíblia Sagrada, nossa única
regra de fé.

11.2.1 A Pluralidade da Liderança


1) É ensinada em Ex.18.13-36, quando Jetro instruiu seu genro,
Moisés; num dos exemplos mais notáveis do Antigo Testamento. Em At
11.30; 15.4 e 20.17 vemos um ministério colegiado.
2) Sendo a Igreja, de Jesus Cristo, Ele exerce, como cabeça, o
governo através de homens que Ele mesmo capacita e que são
reconhecidos pela igreja como líderes espirituais e cheios do Espírito
Santo (At 20.28; I Pe 5.1-4).
3) A pluralidade é irrefutável no Novo Testamento. Nele
encontramos vários exemplos de pluralidade na liderança na liderança da
igreja, pois ela é o princípio fundamental para sustentar o equilíbrio, a
harmonia e crescimento da igreja local:
a) Antioquia (At 13.1,2; 14,21,23)
b) Creta (Tt 1.5)
c) Derbe (At 14.21,23)
d) Diáspora (I Pe 1.1; 5.1)
e) Éfeso (Ef. 4.11)
f) Filipos (Fp 1.1)
g) Hebreus (Hb 18.7,17)
h) Icónio (At 14.21,23)
i) Jerusalém (At 11.30; 15.4,6,22)
j) Listra (At 14.21,23)

11.2.2 A unanimidade da liderança


Assim como a multiplicidade de membros de nosso corpo forma uma
unidade, o mesmo sucede com o corpo de Cristo: não há acepção de
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pessoas. O Espírito Santo encaixou-os todos juntos num só corpo (I Co


12.12-27). E como um corpo, embora de muitos membros, não podemos
agir com base em divisões entre maiorias e minorias.
O Novo Testamento descreve a Igreja como a “A Assembléia de Deus”,
convocada por Jesus Cristo, para cumprir seu propósito aqui na terra e
comprometida com um procedimento caracterizado pela:
1) unidade do Espírito (Ef. 4.3);
2) mutualidade no serviço (um membro servir a outro usando os dons do
Espírito Santo (I Co 12.24-27; I Pe 4.10);
3) unanimidade em:
a) coração e alma (At 4.32)
b) orar (At 1.14; 4.24)
c) reunir (At 2.46)
d) sentir (Rm 15.5,6; 12.26)
e) pensar (Fp 2.2; 4.2~; 2.15; I Pe 4.1)
f) falar (I Co 1.10)
g) decidir (At 1.26; Tt 1.5; At 13.1-3)

11.2.3. Estilos de liderança


O termo liderança tornou-se tão desgastado e confuso que vem
sendo usado como qualquer tipo de influência de um indivíduo sobre
outro, podendo ir desde a persuasão lógica até a mais brutal dominação
física. Atualmente, surge uma nova interpretação de liderança, os teóricos
da administração tentem visualizá-la em termos de estilo. Ao usarem uma
expressão tão ampla, com certeza buscam descrever a maneira como a
pessoa opera e não o quer ela é.
Não tem cabimento, então, falar-se de líder “nato” ou “qualidade de
líder”, uma vez que tão-somente a circunstância dirá que membro do
grupo, naquela ocasião, é o mais indicado para assumir a liderança. Estilo,
assim, vem a ser o somatório do tipo de ação desenvolvida pelo líder no
cumprimento de sua liderança, e a maneira como o percebem os que ele
procura liderar, ou os que podem estar observando de fora.
Dentro da organização, podemos ter os seguintes estilos desenvolvidos
pelo líder:
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1) Autocrático: Esse estilo desestimula inovações, pois o autocrático vê-


se a si próprio como indispensável e deixa que o grupo vá se debilitando
através de debates sobre questões sem importância, porém, as decisões
importantes são tomadas por ele.
2) Burocrático: Esse estilo pressupõe que qualquer dificuldade pode ser
afastada quando todos acatam os regulamentos, e o líder é uma espécie de
negociador entre as partes e a tomada de decisão resulta de um critério
parlamentar.
3) Democrático: Nesse tipo de ambiente o líder pede e leva em
consideração as opiniões do grupo antes de tomar decisões; a
responsabilidade é compartilhada pelo grupo, o líder dar explicações e
aceita críticas. Os membros do grupo têm liberdade para o trabalho e a
escolha dos subgrupos e coordenadores respectivos.
4) Laissez-faire; Não chega este a se constituir propriamente um estilo,
pois a função do líder restringe-se apenas na tarefa de manutenção. Por
exemplo, um pastor estará sujeito a exercer uma autoridade apenas
nominal à medida que a liderança mostrar-se interessada somente em sua
negação, enquanto que os pormenores de que depende a organização são
deixados para outros executarem.
5) Paternalista; Nesse estilo, o líder é cordial e amável, é muito adotado
nas igrejas e, por isso mesmo, produz indivíduos imaturos depois de certo
tempo, porque desenvolve o crescimento apenas dos líderes e não dos
elementos do grupo.
6) Participativo; Na estrutura participativa há um grau elevado de
relações interpessoais saudáveis, e os membros demonstram grande
identificação com o grupo. Há mais amizade, maior conhecimento dos
antecedentes, habilidades e interesse dos demais membros, motivação mais
intensa pelo trabalho e os subgrupos espontâneos são em maior número.
Nesse caso o problema é a demora da ação de crise.

11.2.4. Diretrizes para uma excelente liderança


Se o líder não tem confiança em si mesmo, ninguém mais nele
confiará, a confiança tem de permear o grupo e tem de partir primeiro dos
líderes. Em todas as fases tem de haver uma segurança bem sólida, uma
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convicção de competência baseada na preparação e numa acumulação


gradual de experiência e de talento. E se o líder não se sente pessoalmente
capaz de superar um trabalho superior ao seu, não conseguirá convencer os
outros de sua habilidade.
Em sua vida ministerial, o pastor lidará exclusivamente com
problemas e pessoas, e, por isso mesmo, não poderá deixar rastros
confusos ou enganadores, pois será interpretado através de suas ações de
seu caráter. Assim, os membros da igreja sentir-se-ão seguros, quando o
pastor revelar coerência de motivos e apresentar caráter íntegro e
imparcialidade nos juramentos.
 Tratando das causas pessoais
a) O pastor deve ser acessível e estar sempre disponível para
atender os membros da igreja;
b) Deve mostrar-se simpático com a pessoa ouvida, mesmo
descordando do que estar a ouvir;
c) Não atuar de modo precipitado enquanto não estiver de posse
de todos os fatos, para fazer um julgamento justo;
d) Deve deixar transparecer interesse e amor cristão, orando com
as pessoas com quem trabalha;
e) Deve estar preparado para agir de maneira corajosa;
f) Deve ser prudente nas resoluções dos problemas;
g) Deve interrogar a pessoa interessada sobre o que ela pensa do
seu problema;
h) Deve cumprir com a palavra empenhada na resolução dos
problemas dos membros da igreja.
 Tratando das causas coletivas
a) Mantenha sua igreja informada, para não ser criticada após
saberem dos fatos depois de consumados;
b) Deixe que o pessoal com quem trabalha perceba que você sabe
que haverá problemas, assim não se surpreenderão quando surgirem;
c) Pesquise formas de antecipar e interceptar o curso dos
problemas;
d) Permita que as pessoas apresentem as suas idéias e enfrentem
coletivamente as áreas do problema.
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Além de tudo isso, o pastor deve aprender a tirar vantagem dos


próprios erros; isto evitará que cometa o mesmo erro mais de uma vez.
Entre outras coisas, deve o pastor:
a) Ser humilde para admitir que está errado, e corrigir-se;
b) Falar bem das outras pessoas;
c) Ficar calado quando não puder dizer nada de bom de outrem;
d) Não passar adiante dos boatos, para não incriminar o inocente;
e) Fazer uma apreciação honesta e sincera, dando o devido crédito
a quem merece;
f) Respeitar sempre o direito dos outros, o que sentem, o que
pensam e o que expressam;
g) Ser um bom ouvinte;
h) Procurar compreender e sentir o que a outra pessoa sente no
momento, e aceitá-la plenamente;

1) Nunca forçar uma relação, pois a condição de líder pode deixar


as pessoas pouco à vontade.

11.2.5. O preço da liderança


Toda liderança tem o seu preço, pois quando maior for a conquista,
maior será o preço a pagar. Belo exemplo, vemos na história de Moisés,
que, revoltado com a brutalidade dos egípcios e a triste sorte de seu povo,
compreendeu que algum dia seria obrigado a defender a justiça a despeito
de quaisquer sacrifícios pessoais que isso envolvesse. Preferiu liderar um
povo pelo deserto do que ser chamado filho da filha de Faraó, porque tinha
em vista a recompensa (Hb 11.24-20).
Vejamos alguns aspectos considerados de curso elevado para que
ostentam uma liderança, especialmente os que se dispõem ao exercício do
ministério:
 Abuso do poder
Em qualquer organização, até mesmo nos grupos cristãos, quando
uma pessoa recebe autoridade, é colocada numa posição legítima para
exercer controle e eficiência. Para muitas pessoas, entretanto, isso é uma
exaltação do ego e leva à autocracia. O pastor, na sua condição de líder, é
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um condutor de almas, e não “dono” delas. Herodes, o grande, subiu ao


trono e o conservou por meio de crimes brutais; matou a esposa e dois
filhos para não lhe sucederem. Matou também os meninos de Belém.
Muitos, em posição de mando, estão a tratar as pessoas como objetos que
podem ser manipulados de um lado para outro, a fim de satisfazer seus
instintos de supremacia. Isto é um perigo, e há de se pagar o preço para se
evitar cair nessa insidiosa tentação.
 Crítica
Se alguém não pode suportar a crítica, ainda está emocionalmente
imaturo. Esse defeito virá à tona mais cedo ou mais tarde, e impedirá o
progresso do líder e do grupo em direção ao alvo comum. O líder
amadurecido é capaz de aceitar a crítica e fazer as necessárias correções.
 Competição
Há um preço a pagar quando o líder sofre de uma “ansiedade de
competição”, e assume a forma de fracasso ou de medo do êxito.
 Fadiga
O cuidado adequado com a saúde, o descanso e o equilíbrio
ajudarão o líder a manter a sua capacidade de resistência. Deve o líder
buscar o equilíbrio, a fim de reduzir o estresse em sua vida, tão prejudicial
à continuação de seu desígnio.
 Identificação
Deve permanecer à frente do grupo e, ao mesmo tempo, caminhar
com o povo que lidera. A linha divisória e tênue. Deve haver alguma
distância entre o líder e seus seguidores. Isso significa que ele deve desejar
ser humano, aberto e honesto, e não ser visto como um autômato, com
receio de que o seu verdadeiro ego apareça. Precisa identificar-se com o
povo, gastar tempo em conhecê-lo, compartilhar suas emoções, suas
vitórias e seus defeitos.
 Orgulho e Inveja
Estes são irmãos gêmeos. A popularidade pode afetar o
desempenho da liderança, sentimentos de infalibilidade pode corroer sua
eficiência. O orgulho se torna egoísmo quando enaltecemos a nós mesmos.
O líder orgulhoso aceita facilmente a racionalização de que está menos
sujeito a cometer erros do que os outros.
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 Rejeição
É preciso que o líder tenha uma forte personalidade para ser capaz
de enfrentar a rejeição. Sempre há forte possibilidade de alguém ser
caluniado por sua fé. Também, às vezes, o pastor precisa ser capaz de
resistir ao louvor. As pessoas normais e ajustadas querem ser amadas. Seu
caminho pode tornar-se difícil de ser palmilhado, se o pastor sentir a
indiferença dos membros de sua igreja ou a falta de afeição. Muitas
pessoas rejeitadas só têm o reconhecimento de sua força depois de ter
deixado o cargo ou depois de ter morrido (Lc 4.16-29).
 Solidão
O pastor deve ser capaz de aceitar amizades, mas deve ser suficientemente
amadurecido e ter bastante força interior para estar só, mesmo ante a
grande oposição (Mt 27.46).
 Tempo para Pensar
Muitos estão ocupados (Lc 10.41) sem tempo para pensar. Um tempo deve
ser dedicado à meditação e ao pensamento criativo.
 Tomar Decisões Agradáveis
O líder cristão muitas vezes tem problemas nessa questão, porque são
naturalmente relutantes em ferir as pessoas. Todos os líderes devem estar
bem dispostos a pagar este preço para o bem da igreja, mesmo frente ao
procedimento de disciplina do membro.

 Utilização do Tempo
Há um preço a ser pago no uso de nosso tempo, porque parece que
nós, seres humanos, nascemos com preguiça congênita. Administrar o
nosso tempo significa administrar a nós mesmos. Deve existir um tempo
para estar a sós com Deus, para orar, para estudar a Palavra de Deus, para
examinar-se a si mesmo, para tomar decisões e para reanimar-se.

11.2.6. As qualificações necessárias a um líder


1) Fé (aceita os desafios do momento);
2) Coragem (não cede aos derrotistas);
3) Amor (deve ser imparcial para produzir confiança mútua em
seus seguidores);
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4) Determinação (toma decisões quando outros vacilam);


5) Humildade (admite seus erros, uma virtude que resulta do
sentimento de nossa submissão);
6) Paciência (Lc 21.19; II Co 6.4; Hb 10.36);
7) Entusiasmo (inclui o otimismo e a esperança);
8) Benignidade (aplicação do amor fraternal);
9) Competência (exige de si elevados padrões de desempenho
pessoal);
10) Confiança (Sl 40.4);
11) Disciplina (é capaz de dirigir outros porque disciplinou-se a si
mesmo);
12) Integridade (transparente em suas atitudes relações);
13) Espírito de servo e capacidade administrativa;
14) Persistência;
15) Objetividade (não se interessa somente por atividades , mas
procura atingir os objetivos);
16) Treinamento (a igreja de Jesus Cristo precisa de líderes sadios,
sábios e objetivos);
17) Persuasão (Persuade seus liderados a se dedicarem);
18) Tolerância (O líder deve ter como meta mudar os demais);
19) Lealdade (pode destruir a igreja);
20) Humor;
21) Disciplina própria (Pv 16.32);
22) Prudência (evita os perigos);
23) Temperança (moderação, sobriedade, economia);
24) Justiça (dar a cada um o que lhe corresponde);
25) Reconhecimento (méritos de terceiros);
26) Controle emocional (não extravasa).

11.2.7. Aperfeiçoando o líder


Apresentamos, a seguir, alguns itens que devem ser desenvolvidos
na vida do líder, para que ele se torne padrão de boas obras (Tt 2.7) e
cumpra de forma irrepreensível o seu ministério:

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1) ter o propósito de servir, e não de ser servido (vida e palavras


do líder);
2) procurar sempre a glória de Deus e nunca a sua própria glória
(Jo 5.44);
3) ter como base de relacionamento o amor;
4) conhecer as maneiras de motivar o grupo, a fim de que este
possa desempenhar o seu papel no plano de Deus aqui na terra;
5) ser cortês, para respeitar os direitos, as opiniões e os
sentimentos das outras pessoas;
6) ser sincero (nada de oportunismo);
7) apresentar um bom senso de humor, sorrir quando necessário e
expressar amor, confiança e compreensão no tom da voz e na
expressão facial;
8) tratar os irmãos com candura, diplomacia e tato, não perdendo o
controle da voz ou falando fora de turno;
9) ter controle emocional, revelado no fruto do espírito: não pode
transmitir medo, ódio, inveja, avareza, desconfiança, ira, etc.
10) expressar-se afetivamente em público;
11) ser hábil em incentivar e inspirar outros a executarem o seu
trabalho;
12) tomar interesse sinceros nos detalhes da vida de seus
superiores, seus pares e seus cooperadores.

12. CÓDIGO DE ÉTICA PASTORAL


A Ética nos ensina que, sendo a veracidade a base do bom
intercurso entre os homens, a lei de conservação social exige de todo
homem obediência estrita a esta lei, em todas as relações com os seus
semelhantes. O colega de ministério é nosso irmão e também nosso
próximo (Lv 19.18; Lv 10.29) e, como tal devemo-lhe respeito à
conservação e seu caráter e reputação, para uma pura e tranquila
consciência com Deus (Rm 13.7).
No trato com os colegas de ministério, as epístolas pastorais nos
dariam um verdadeiro código de ética, justapondo-se Êx. 10.1-17 e
Mt.5.7).
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E como o pastor é um vocacionado por Deus, ele recebe dons


espirituais, a fim de produzir a unidade, a maturidade e a perfeição da
igreja. O pastor é um presente de Deus à igreja, e a Sua vontade é o
“aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo” (Ef 4.12).
Dessa forma, como aquele que é dotado de conhecimentos, com a
faculdade de consolação e entendido em governar, movido pelo sentimento
de compartir as alegrias ou tristezas de outrem e outras qualidades
imanentes à sua chamada, o pastor deve ficar no firme propósito de que
tudo o que fizer deve ser voltado para que a igreja possa crescer
espiritualmente, executando a missão de Jesus Cristo (Ef 2.21,22), pois
Deus a ele constituiu, sobre todas as coisas, como cabeça da Igreja (Ef
1.17-23).
A glória e a honra do sucesso ministerial são só do Senhor Jesus,
porque todas as coisas procedem dele (Rm 12.4-8); 11.35; Gl 2.6; 6.3; II
Tm 6.17b), e “a Ele seja a glória e o poderio para todo o sempre” (I Pe
5.11; Ap 1.6), porque há de aniquilar a morte, o nosso último inimigo, e se
há de sujeitar àquele que a Ele, sujeitou todas as coisas (I Co 15.26-28).
Sendo o ministro homem separado para cumprir o propósito de Deus na
Igreja, porém sujeito às paixões da carne (Rm 7.15-28), deverá
vigilantemente observar alguns princípios de ética, condensados neste
pequeno código, que lhe farão exemplo dos fiéis.

12.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS


a) O pastor deve estar consciente de que seu ministério é uma
vocação divina, e que o alcançou não por seus próprios méritos, mas
através da convicção de sua chamada por Deus (Ef 3.7, Hb 5.4; II Co
3.5,6; Gl 1.15,16; Mt 4.21; I Tm 1.12);
b) O pastor, apesar da posição elevada que exerce, deve sempre
lembrar-se de que está na condição de servo do Senhor Jesus Cristo (Tt
1.1; Fp 1.1; 2.7; Ap 22.3; At 9.15,16);
c) O pastor, como mordomo de seu tempo, deve administrá-lo
exercendo pleno domínio sobre o seu uso, e com denodada sabedoria (Gn
24.2; 39.4-6; Lc 12.42-44; Ef 5.15,17);
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d) Como o único que pode manchar o seu próprio caráter, deve o


pastor “ garantir, por sua conduta, a melhor reputação possível do
ministério pastoral” (Jo 1.47; II Pe 3.14 II Tm 3, 2, 7 Cl 1.22; Fp 2,15);
e) Por ser a atividade pastoral estritamente de cunho espiritual, a sua
mensuração deve ser qualitativa e serviçal, e nunca voltada para o lucro
financeiro (Jo 4.34; 6.27 At 5.3, 4; 8.20).

12.2 A ÉTICA DA VIDA DO PASTOR


12.2.1 Pessoal
1) O pastor deve conservar-se fisicamente saudável e viver no
equilíbrio do sentimento, porque o corpo é o templo do Espírito Santo para
que possa cumprir a gloriosa missão que lhe foi confiada por Deus nesta
vida (I Co 6.19; II Cr 20.32; II Tm 4.7; Rm 12.1).
2) O pastor deve cultivar seu crescimento espiritual diário, orando,
estudando, meditando e possuindo um coração cheio do fruto e dos dons
do Espírito Santo de Deus, e consagrar toda sua vida ao trabalho do
Evangelho (Jo 21.15-17; II Co 5.7 Hb 12.14; I Ts5.14; Gl 5.22; I Co 12.1-
11,30,31; 13.1-9).
3) O pastor deve abster-se dos costumes rudimentares adquiridos
que prejudicam a eficácia de seu ministério ou na sua influência pessoal
(Hb 5.12; 6.1; Gl 4.9).
4) O pastor deve esforçar-se para viver dentro dos limites de seu
orçamento e com honestidade saldar integralmente seus compromissos
financeiros (II Co 8.20,21, 12.14; Mt 22.21; Rm 13.8).
5) O pastor deve ter o coração cheio de confiança na providência
paterna de Deus, em todas as circunstâncias, sabendo que esta é a vontade
dEle para sua vida (1ª Co 1.8-10 Dn 3,17,18 Mt 6,30; I Ts 5,18).
6) O pastor tem o dever fundamental de certificar-se de que suas
relações familiares são justas e que se constituem exemplo de viver
piedoso para toda a comunidade (I Tm 3.4-7; Lc 1.6; Ef 5.28).
7) O pastor deve considerar a Bíblia como a Palavra de Deus, a
única regra de fé e prática, e usá-la como a substância de seu ministério
docente e profético, bem como zelar pelo Ministério (II Tm 2.15;4.1-5;
Rm 11.13;I Co 4.1).
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12.2.2 Familiar
1) O pastor deve buscar no matrimônio uma esposa apta para
auxiliá-la no ministério, considerando a ação permanente de Deus na vida
do lar (I Tm 2.1,2;Gn 24.1-4; Ef 5.23-28; I Tm 2.11).
2) O pastor deve agir honesta e corretamente com sua família,
dando-lhe o sustento adequado, o vestuário, a educação, a assistência
médica e espiritual, bem como o tempo que esta merece (I Tm 3.4,5; Tt
1.6,7; Lc 11.11-13; I Pe 3.7; Cl 3.19).
3) O pastor deve abster-se de tratar dos problemas eclesiásticos
diante dos filhos, mormente os de menor idade e nunca citar nomes de
pessoas envolvidas (I Tm 3.4; I Pe 5.7,8).
4) O pastor deve usar sempre uma linguagem sã, para com os
seus, nunca xingar seus filhos ou discutir com a esposa perante eles,
principalmente no que diz respeito a sua disciplina (I Tm 3,4; 2,11-15; I Pe
3.10 ; Tg 3.3; Ef 6.4b).
12.3 A ÉTICA NAS RELAÇÕES ECLESIÁSTICAS
12.3.1 Em Relação à Denominação
1) Uma vez que tendo abraçado a denominação a que pertence,
deve o pastor manter-se leal a ela ou cortar relações, se em boa consciência
nela não puder permanecer (Rm 14.22).
2) O pastor jamais deve criticar publicamente a sua denominação,
e, se assim desejar fazê-lo, usar a tribuna convencional e nunca ir a juízo
contra qualquer irmão (I Co 6.1-9).
3) O pastor deve esforçar-se por promover o desenvolvimento de
sua denominação, honrado-a com o seu próprio testemunho e auxiliando-a
nas grandes realizações (At 2.41-47).
4) O pastor deve conhecer a História de sua denominação, sua
origem não somente no Brasil, como também no exterior, e manter-se
informado como funciona, e extrair lições dos que fizeram a história.

12.3.2 EM RELAÇÃO Á CONVENÇÃO

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1) O pastor deve ser filiado à Convenção do Estado onde reside,


de sua preferência, sujeitando-se às normas regimentais estabelecidas, bem
como conhecer a origem e a história de sua Convenção.
2) O pastor deve estender as “ tendas” de sua congregação no
campo que trabalha, sem que isto signifique contenda entre irmãos, mas
dentro do espírito de entendimento cristão (Rm 15.20,21; Gn 13.6-12; I Pe
5.22,28).
3) O pastor deve, ao participar de assembléias convencionais, usar
a linguagem cristã ao referir-se aos demais companheiros, respeitando
sempre seus pontos de vista, embora, aos seus olhos, limitados (Rm
15.1,2 ;Ff 4.2; Cl 3.13).
4) O pastor não deve confiar na soberana vontade de Deus na
indicação de seu nome para exercer uma função de comando na
Convenção, sem que isto represente manobras políticas e sectaristas para
obter posição ou manter-se no cargo denominacional (I Co 10.28;8.9).
5) Deve o pastor, ao apresentar um ou mais candidatos à
Convenção para serem ordenados ao Santo Ministério, considerar os
seguintes relevantes na escolha dos futuros ministros:
a) que o candidato tenha tido conversão inequívoca e não seja
neófito (At 9.15-22; Jo 3.3,6; I Tm 3.6);
b) que o candidato seja batizado com o Espírito Santo (At 2.4; 4.8-
13; Mt 3.11; I Co 14.2);
c) que o candidato seja, preferentemente, casado, governe bem a
sua casa, e tenha os filhos em sujeição, e tenha uma vida irrepreensível no
trabalho e na sociedade (I Tm 8.2,4,7; Cl 4.5; I Ts 4.12);
d) que o candidato seja vocacionado para a obra do ministério,
porque a função não habilita o homem, mas o homem é quem deve ser
habilitado para a função (At 9.15; II Tm 2.9; 3.10,11,14);
e) que o candidato não pertença a nenhuma sociedade secreta;
f) que o candidato, se necessário, esteja disposto a viver do
Evangelho (I Co 9.13,14);
g) que o candidato não considere o ministério como algo
hereditário, por conveniência econômica, política ou oligárquica, muito

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embora muitos filhos tenham condições de dar continuidade ao ministério


iniciado por seus pais (I Rs 2.10-12);
h) que o candidato não seja apresentado como recompensa, ou sob
o aspecto protecionista, ou pela aparência, ou pela riqueza, sem que seja
vocacionado para o exercício da função;
i) que o candidato não necessite ter galgado escala hierárquica,
iniciada como diácono e encerrada como pastor;
j) que o candidato não seja indicado apenas pelas mordomias que
à igreja possa oferecer, em detrimento dos realmente vocacionais; não
devendo, o pastor, tratar o ministério como uma profissão, anulando os
conceitos bíblicos da vocação.
k) que o candidato não seja imaturo, desequilibrado mental,
aposentado, deficiente ou reformado das Forças Armadas por motivos de
insanidade mental, o que traria sérios problemas para dentro da igreja;
l) em resumo, deve o ordenado, tendo consciência da vocação
divina, na convenção a que pertence, assinar, com a ajuda de Deus, o
seguinte:

TERMO DE COMPROMISSO

1o Honrar em tudo, na minha vida pessoal, sob a direção do


Espírito Santo, os sagrados compromissos do MINISTÉRIO que
concedido, tendo sempre presente as minhas responsabilidades perante a
igreja e perante o mundo.
2o Promover a paz e o desenvolvimento espiritual, mortal e
patrimonial da Igreja a que sirvo, sendo o exemplo da doutrina,
fortalecendo o espírito e a prática da fraternidade através da cooperação
das instituições, dos obreiros e dos membros que tiverem sob minha
direção, resultando na boa ordem dos serviços eclesiásticos e na comunhão
espiritual do povo de Deus.
3o Ser fiel no zelo e nas atribuições a mim conferidas pela Igreja ou
por delegação pastoral.
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4o Ter em elevada conta o espírito e a prática da comunhão e a


lealdade em relação aos meus companheiros de ministério, orando em seu
favor, amando-os com amor de Cristo, aconselhando-os e sendo
aconselhado, e zelando de todos os modos pela pureza do ministério
perante o mundo e a Igreja.
5o Obedecer aos estatutos e ao Regimento Interno da Igreja e da
Convenção, bem como acatar com humildade as observações e as
restrições disciplinares da Igreja, do Ministério Geral a que estou sujeito,
e das Convenções criadas (Estadual e Geral).
6o Em casos de objeções de consciência, de divergências
doutrinárias ou por qualquer outro motivo que me leve a desligar-me ou
ser desligado da Igreja, processar normal e pacificamente esse
desligamento, não provocando sob qualquer pretexto, perturbações, cismas
no meio da Igreja e da entidade a qual estou jurisdicionado ou estou
dirigindo, não levantando questões jurídicas contra a igreja ou contra a
Convenção, em qualquer circunstância, e
7o Honrar com soluções honestas, os compromissos assumidos para
com a Igreja, com a Convenção, com a Sociedade e com o indivíduo.

12.3.3. EM RELAÇÃO A IGREJA


1) Sendo a Igreja, e Cristo sua cabeça, o pastor, como membro em
particular e portador de um dom especial, deve tratá-la com grande estima
(Ef 5.23; I Co 12.27; I Pe 5.2; Ef 4.8-11.)
2) O pastor deve dedicar tempo integral a igreja, se por ela for
sustentado e ter o seu consentimento, se desejar aplicar-se a outra atividade
material. (I Co 9.14; I Tm 5.17,18; 6.9-11).
3) O pastor deve, por princípio, ser absolutamente imparcial no
seu trabalho pastoral, não se deixando levar por indivíduos ou facções bem
como não pretender levar a igreja a fazer tão-somente a sua vontade (I Pe
5.1-3).
4) O pastor deve ter prudência ao desejar acumular, a convite, o
pastorado de outra, a fim de que não venha descumprir compromissos com
a a própria igreja e venham a lhe exigir esforço além de seus limites; antes
deve buscar a direção de Deus (At 13.2).
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5) O pastor deve reconhecer o momento certo de se afastar da


igreja, quando perceber que seu ministério está findo e não insistir em
permanecer retardando o processo de crescimento da Igreja. Deve, antes,
solicitar a sua honrosa jubilação (II Tm 4.7).
6) O pastor não deve fazer ou aprovar qualquer manobra política
para se manter em seu cargo ou para obter qualquer posição
denominacional; deve antes, colocar–se e exclusivamente nas mãos de
Deus para fazer o que a Ele aprouner (I Co 10.23,31).
7) O pastor deve ser o primeiro a acatar as deliberações da igreja,
procurando sempre esclarecer ao rebanho do Senhor as tomadas de
decisões acertadas (I Pe 5.2,3).
8) O pastor deve ser cuidadoso em referência ao modo de
cumprimentar e ao relacionamento com as pessoas do sexo feminino, e
revelar aos seus gestos a pureza do seu serviço ministerial (Ec 9.8; I Tm
4.12; II Co 6.6; Ef 5.3; Tg 4.5).
9) O pastor deve manter respeito para com os membros de sua
igreja, e reservando quanto às confidências dos que se aconselham em
momentos de aflições ou com problemas pessoais (Tg 3.2,8).
10) O pastor deve suprir gastos de viagens de seus pregadores
convidados, de forma a mais discreta possível (I Co 9.14).
11) O pastor não deve assumir compromissos financeiros de
montante considerável sem o prévio consentimento da igreja, nem usurpar
o dinheiro da igreja para fins pessoais, mas, antes, prestar-lhe contas de
todos os seus gastos (Lc 16.10; 19.17; Mt 25.21).
12.3.3 Em relação ao seu trabalho
1) O pastor, ao citar frases ou material de fonte alheia, em seus
sermões ou em obras literárias, deverá citar a origem, e nunca plagiar (Fp
4.8; Rm 12.17; II Co 8.21; Rm 12.7).
2) O pastor deve ser fiel a Deus em todo o seu trabalho, pois está
é a condição exigida para o ministério, porque a sublimidade do reino não
comporta duas escolhas (Ap 2.11; I Co 4.2; Lc 19.17; Mt 6.24; I Jo 5.20; I
Rs 18.21).

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3) O pastor deve evitar, o quanto possível, entendimentos


freqüentes com os membros da igreja em seus locais de trabalho, a fim de
não trazer-lhes constrangimento junto aos seus superiores (Ec 2.19
4) O pastor, no ministério da visitação, deve portar-se com
dignidade cristã para com as pessoas do lar visitado, e nunca ficar a sós
com um cônjuge cujo esposo esteja ausente (I Tm 5.1-15).
5) O pastor, em sua discrição, não deve comentar com familiares
e nem mesmo com a esposa, assuntos confidenciais cuja divulgação seja
maléfica para a obra do Senhor (I Tm 3.1-5).
6) O pastor deve zelar pelo decoro do púlpito e por seu próprio
preparo e fidelidade na comunicação da mensagem divina ao rebanho do
Senho (II Tm 2.15).
7) O pastor deve acatar orientações e projetos de terceiros para o
bem da obra de Deus. E a humanidade deve ser uma das características que
o acompanham como líder (Tg 4.6).

12.4 A ÉTICA NAS ATIVIDADES MINISTERIAIS


12.4.1 Em relação ao antecessor
1) O pastor que deixa o pastorado da Igreja, por motivos cristãos,
deve ser alvo de honra e de crédito para seu sucessor.
2) O pastor que assume o pastorado de uma igreja deve ser
prudente nas mudanças do estilo deixado pelo seu antecessor.
3) Sempre que possível, o sucessor de um pastorado da igreja
deve dar continuidade aos projetos iniciados pelo seu antecessor,
4) O pastor que assume o pastorado da igreja não deve desprezar o
seu antecessor, nem tampouco a sua família, mormente se recebeu da
igreja a sua jubilação.
5) O pastor que assume o pastorado da igreja jamais deverá fazer
comentários desairosos do seu antecessor e do seu trabalho durante o
período em que serviu a igreja.
6) O sucessor no pastorado de uma igreja deverá amparar a viúva
de seu antecessor caso este não tenho deixado recursos para a sua
companheira (At 6.1; I Tm 5.3,5,16).
12.4.2 Em relação ao sucessor
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1) O pastor deve cuidar para que a passagem do pastorado da


igreja ao seu sucessor, seja feita com lisura e a mais transparência.
2) O pastor que deixa o pastorado deve entregar todos os bens da
Igreja, através de relatório completo, ao seu sucessor, bem como dar-lhe
ciência do que existe em andamento (Mt 25.14,15).
3) O pastor que deixa o pastorado evidenciará sua humanidade em
Cristo assistindo ao culto de posse de seu sucessor, ocasião em que
receberá as justas homenagens. Excetuam-se os casos em que o
afastamento deveu-se por pecado.
4) O sucessor no pastorado de uma igreja jamais deverá se portar
enciumado com as visitas, espontâneas ou a convite de seu antecessor.
12.4.3 Em relação aos colegas
1) Zelar pela reputação dos seus colegas quando ela se baseia num
caráter bom, por ser uma coisa mais preciosas que se possui, e não permitir
comentários desabonadores a seu respeito (Jo 15.17; I Ts 4,9).
2) Falar a verdade a respeito do mau caráter de um colega que tem
granjeado boa reputação junto à sociedade, sem calunias, pois este possui
algo a que não tem direito (Mt 18 15-17).
3) Zelar pela natureza, pela moral, pela dignidade e pela
espiritualidade do Ministério Evangélico, tomando, para isso, as
providências que a ética cristã lhe indicar (I Tm 5.19-21).
4) Na conversação, não suscitar dúvidas no coração de seus
colegas sobre o conceito que fazem de coisas sérias importantes (Ef 4.81;
Sl 10.7).
5) Ser o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no
espírito, na fé na pureza, porque o mau exemplo enfraquece o poder de
resistência de nosso colega (I Tm 4.12).
6) Ficar à parte das questões que surjam nas igrejas de seus
colegas, e não aproveitar-se da ocasião para arrebanhar os descontentes,
salvo quando for convidado por aquele ou pela Convenção a que estiver
filiado.(Pv 26,17; Mt 7.12).
7) Só aceitar convite para pregar em outra igreja quando
formulado pelo pastor ou por seu substituto legal, respeitando os princípios
éticos e bíblicos.
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8) Cultivar, junto aos colegas, o hábito de franqueza, de bondade,


de lealdade e de cooperação (Rm 12.9,17; I Co 3.9; I Ts 1.3).
9) Não desmerecer o trabalho realizado por um colega, mui
especialmente quando o tenha sucedido no pastorado da igreja (I Ts 1.3).
10) Não interferir nos assuntos da igreja de um colega ou exercer o
proselitismo entre seus membros e muito menos abrir trabalhos nas áreas
imediatas à sua igreja, lembrando-se de que o campo é o mundo e não as
igrejas dos outros (Rm 15.20).
11) Não aceitar membros disciplinados biblicamente por outras
igrejas, salvo na impossibilidade de prévia reabilitação pelo
desaparecimento da sua igreja de origem, ou quando reconciliado pela
igreja que o disciplinou.
12) Não aceitar convites para realizar casamento ou outra cerimônia
na igreja do colega, ou de membros de sua igreja, sem seu prévio
assentimento, ressalvados os casos especiais.
13) Em nenhuma hipótese, subestimar seus colegas, avocando
preconceito racial, porque Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34).
14) Ter um alto sentimento de consideração, de honra, de estima e
de respeito pelos colegas mais idosos ou jubilados, especialmente para
com os que fizeram e fazem a história da denominação (Rm 12,10; 13.7;
Fp. 2.29; I Co 12.23; Fm. 9).
15) Não prestar falso testemunho contra o companheiro, o que é
uma abominação ao Senhor e uma flagrante violação do dever de
conservação social (Pv. 6.19; 19.5,9; II Co 11.26; Gl 2.4).
16) Ao deixar o pastorado de uma igreja, deve evitar, tanto quanto
possível, participar de seus trabalhos, a fim de não constranger o seu
substituto e não impedi-lo de tomar as providências indispensáveis ao
desenvolvimento da obra (I Co 3.6,7).
17) Não se prestar ao uso de expressões ambíguas, em Assembléias
ou em particular, com o fim de no seu equívoco intencional, enganar e
iludir os companheiros, antes, sua linguagem deve ser clara e inteligível.
18) Não ter inveja do colega que é reconhecidamente melhor do
que nós, nem ter inveja do seu sucesso ministerial, antes, deve dedicar-se a

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auxiliá-lo em oração para que cumpra até o fim, com fidelidade, sua
missão (Pv 14.20; Mc 15.10; At 5.17,18; I Ts 5.12,13).
19) O ministro não deve aceitar convites de interessados ou se
oferecer como candidato à vacância do pastorado de uma igreja, por
falecimento ou exclusão de seu titular, mas esperar o convite de quem de
direito (I Co 7.20; II Pe 1.10; I Co 1.26).
20) Quando criticar, voltar-se sempre para a ação do colega
criticado, sem ira, não em público, sem precipitação e quando tiver pleno
conhecimento da situação, que geralmente tem duas facetas.
21) Restituir, quando prejudicar o colega, não somente os bens
materiais como também os bens morais e os bens espirituais, como o bom
nome que desfruta na sociedade e na sua boa reputação no seio da igreja.
22) Perdoar o colega ofensor, mesmo que lhe seja de direito exigir
justificação daquele que o ofende, eliminando o ressentimento resultante
da ofensa e reatando as relações fraternais que existiam antes do ato
ofensivo (Mt 6.12; Ef 4.32; Mc 11.25,26; Cl 2.13; 3.13; Pv 18.19).
23) Não entrar em juízo contra um colega de ministério nem
contender com ele em Convenção, induzindo outros a uma acirrada
represália, quando o sentimento da própria dignidade foi atingido ou
desejar evidenciar o prazer da supremacia (I Co 6.1-5).

BIBLIOGRAFIA

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Ética Pastoral, a Prática do Ministério Pastoral

1. CÂMARA, Samuel, Kessler, Nemuel. Administração


Eclesiástica, Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 1987,
256p.
2. CRABTREE, A. R. A Doutrina Bíblica do Ministério, Junta de
Educação Religiosa e Publicação, 1981, 2a ed. 148p.
3. OLIVEIRA, Raimundo F. Teologia do Obreiro, Escola de
Educação Teológica das Assembléias de Deus, 2a ed, 205p.
4. OLIVEIRA, Temóteo Ramos de. Manual de Cerimônia, Casa
Publicadora das Assembléias de Deus, 1985, 104p.
5. PEALMAN, Myer. Manual do Ministro, Editora Vida, 1990, 9 a
ed. 96p.
6. RICHARDE, Lawrence O. e Martin, Gib. Teologia do
Ministério Pessoal, Edições Vida Nova, 1984, 233p.
7. RIGGS, Ralph M. O Guia do Pastor, Editora Vida, 1980, 3a ed.
268p.
8. TURNER, Donad T. A Prática do Pastorado, Imprensa Batista
Regular, 1983, 336p.
9. KESSLER, Nemuel. Ética Pastoral, Casa Publicadora das
Assembléias de Deus, 1988, 3a ed 182p.
10. __________________. O Culto e Suas Formas, Editora
Pentecostal do Brasil, 1996, 224p.
11. WILDER, John B. O Jovem Pastor, Junta de Educação
Religiosa e Publicação, 1983, 112p.

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