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1.

REFERENCIAL TEÓRICO

A presença universal do risco é necessariamente sentida, ainda que apenas


implicitamente, em quaisquer contratos que requerem cumprimento no futuro (Arrow,
1971). Neste contexto, Arrow (1971) aponta que a realocação de riscos é a essência dos
seguros. Segundo ele:

Seguro não é um bem material; embora seja comumente classificado como um serviço, seu
valor para o comprador é claramente diferente do tipo de satisfação dos desejos dos
consumidores por tratamento médico ou transporte. De fato, diferente de bens ou serviços,
transações que envolvem seguros são uma troca de dinheiro por dinheiro, não dinheiro por
algo que diretamente atenda necessidades. A analogia mais próxima na teoria econômica
comum para uma apólice de seguro é uma obrigação ou ordem de pagamento, uma troca de
dinheiro agora por dinheiro mais tarde. Mas um seguro é um tipo mais sutil de contrato; é a
troca de dinheiro agora por contingente pagável de dinheiro na ocorrência de certos
eventos. (ARROW, 1971, p.1)

Ainda segundo este autor, é lucrativo para todos os envolvidos que os riscos
sejam realocados para a agência mais preparada para suportá-los, através de sua riqueza
e habilidade de difundir riscos, função que é assumida pelo governo diversas vezes. Esta
realocação de riscos permite que indivíduos se envolvam em atividades arriscadas, nas
quais não se envolveriam de outra maneira. Assim, cada investidor pode estar
razoavelmente certo do resultado positivo, e a sociedade será melhor devido à maior
produção.

Uma das principais contribuições de Arrow (1971) diz respeito ao cosseguro.


Como conclusão de seu artigo ele aponta que se a completa ausência da realocação de
riscos é ruim porque inibe o empreendedorismo de empresas com alto risco, e se a total
realocação é ruim porque reduz os incentivos para seu sucesso, então considera ser
razoável que a realocação parcial de riscos deve ser a melhor opção, o cosseguro.

Rothschild e Stiglitz (1976) caracterizam a oferta e a demanda de seguros, em


que os participantes do mercado são divididos em indivíduos que compram seguros e
empresas que os vendem. De acordo com eles, do lado da demanda, um indivíduo
adquire um seguro para alterar seu padrão de renda através de estados de natureza. Já
pela ótica da oferta, as seguradoras têm recursos financeiros capazes de vender qualquer
montante de contratos que eles julguem gerar lucro; fazendo deste um mercado
competitivo, de maneira que a entrada de novas empresas é livre. Assim, essas
suposições juntas garantem que qualquer contrato demandado que se espere ser
lucrativo será coberto.
Sobre informações de probabilidades de acidentes Rothschild e Stiglitz (1976)
escrevem ainda:

[...] indivíduos conhecem suas probabilidades de acidentes, enquanto seguradoras não. Uma
vez que compradores de seguros são idênticos em todas as circunstâncias, exceto em sua
propensão a sofrer acidentes, a força dessa suposição é que as seguradoras não podem
discriminar dentre os seus potenciais clientes com base em suas características. A empresa
pode usar o comportamento dos consumidores no mercado para inferir sobre sua
probabilidade de acidentes. (ROTHSCHILD, STIGLITZ, 1976, p.4)

Os próprios autores ressalvam que este pode não ser um meio rentável de
descobrir as características do consumidor, e esclarecem que é possível forçar
indiretamente os consumidores a fazerem escolhas de maneira que eles revelem suas
características.

Raviv (1979) busca em seu trabalho projetar uma apólice de seguro ótima,
através do desenvolvimento dos trabalhos pioneiros de Arrow e Borch. Ele define a
apólice como o prêmio pago pelo segurado e a cobertura específica do segurador para
cada perda possível. De acordo com Raviv (1979):

Uma vez que o prêmio pago pelo indivíduo está diretamente relacionado aos recursos
escolhidos, a cobertura ótima do seguro envolve balancear os efeitos de prêmios adicionais
contra os efeitos de cobertura adicional. Nesta abordagem os termos da apólice são
assumidos como exogenamente especificados e impostos sobre o comprador do seguro.
(RAVIV, 1979, p.1)

2. REVISÃO DE LITERATURA
As contribuições brasileiras de maior relevância no campo do seguro agrícola
são de Vitor Ozaki. Ozaki (2008) define o seguro como um mecanismo que permite
reduzir o risco sem grandes oscilações no retorno esperado, situação em que o indivíduo
transfere uma despesa futura e incerta, de valor elevado, por uma despesa antecipada e
certa de valor relativamente menor.

Ozaki (2008) relaciona as estratégias na gestão do risco com o trade off risco-
retorno, em que o indivíduo, ao buscar maximizar o retorno, se expõe a certo nível de
risco, e ao minimizar o risco associado, minimiza também seu retorno.

A agricultura difere de outras atividades em seu nível de risco uma vez que está
amplamente atrelada aos riscos climáticos, além dos riscos de mercado, comuns a outros
setores. Quando catastróficos, os fenômenos climáticos podem causar efeitos
econômicos devastadores, implicando não apenas em gastos adicionais, mas também
em perda de safras inteiras.

Acerca dos efeitos das perdas na agricultura, Ozaki (2007) escreve que:

Juntamente ao efeito espacial da perda existe o efeito multiplicador setorial e o efeito


temporal do prejuízo. O primeiro ocorre, pois, ao afetar o setor agrícola os prejuízos
causados pela seca atingem também, indiretamente, outros setores da economia, como
comércio e indústria. O segundo se refere ao fato da persistência do efeito por alguns anos
após a ocorrência do efeito danoso. Nesse caso pode-se considerar a estiagem como um
choque que será absorvido pela economia nos anos subsequentes. (OZAKI, 2007, p. 77)

Em relação ao seguro agrícola Ozaki (2008) enumera alguns entraves e


pressupostos. Entre os entraves destacam-se as falhas de mercado relativas à assimetria
de informações – risco moral e seleção adversa, ausência de metodologias adequadas de
precificação e a falta de séries históricas que reflitam a estrutura de riscos dos
produtores; e os principais pressupostos, por sua vez, são de que o indivíduo é avesso ao
risco, a competição é perfeita, e existem apenas estados de natureza com e sem risco.

Dentre as condições de segurabilidade, Ozaki (2007) escreve que:

[...] 1) a perda esperada deve ser calculável, 2) as circunstâncias de uma perda devem ser
bem definidas, não intencionais e acidentais, 3) deve haver um grande número de unidades
expostas, homogêneas e independentes, 4) o prêmio deve ser economicamente viável, e 5)
não haja perda catastrófica. Entretanto, em função de sua natureza, no seguro agrícola todas
as condições são, em menor ou maior grau, violadas. (OZAKI, 2007, p.79)

Assim, a agricultura em sua natureza cria dificuldades para a operacionalização


do seguro no setor, visto que a mensuração das perdas está relacionada a reduções na
produtividade, que são variáveis e difíceis de serem calculadas; também em virtude de
que o real motivo e extensão da perda talvez não sejam perceptíveis á seguradora,
passando pela análise subjetiva dos técnicos; bem como a proximidade entre as
propriedades, gerando riscos correlacionados, que estão intimamente ligados aos riscos
de eventos generalizados ou sistêmicos, em caso de catástrofes.

A violação dessas condições de segurabilidade tornam a implementação do


seguro agrícola relativamente complicada, e geram entraves ao desenvolvimento deste
mecanismo. Segundo Ozaki (2007), configuram entraves: 1) o risco moral, uma vez que
a seguradora não é capaz de identificar se o produtor utilizou adequadamente os fatores
de produção, 2) a severa antisseletividade, visto que na seleção adversa as pessoas mais
suscetíveis a danos cobertos pelo seguro são mais propensas a demanda-lo e que os
produtores com maior risco são menos sensíveis a elevações do prêmio do que aqueles
com menor nível de risco, 3) a alta exposição catastrófica, 4) a elevada taxa de prêmio,
5) a inexperiência e falta de profissionais especializados no ramo, 6) abrangência
restrita, 7) alto custo de fiscalização e peritagem, 8) demora nos resgates do Fundo de
Estabilidade do Seguro Rural (FESR), 9) o monopólio do mercado de resseguros, 10)
falta de um órgão central e efetiva participação do governo, 11) legislação arcaica, 12)
escassez de dados estatísticos, 13) complexa precificação, 14) o Proagro e sua
contrapropaganda, 15) pouca divulgação do seguro agrícola, 16) outras opções de
gestão de risco, 17) falta de produtos inovadores, 18) ausência da cultura do seguro, e
19) as políticas de desenvolvimento ao setor.

Apesar das citadas limitações, os benefícios, tanto para o governo quanto para
os agricultores, de um seguro abrangente e economicamente sustentável seriam vários.
Dentre estes benefícios, Ozaki (2007) pontua quatro para o governo e quatro para os
produtores. Para o governo, seria benéfico transferir ao mercado segurador o ônus das
dívidas do crédito rural e da perda de renda, bem como desonerar o Estado de boa parte
dos recursos necessários ao financiamento da safra, também o estabelecimento de uma
política agrícola anticíclica e a manutenção das boas condições macroeconômicas do
Estado, decorrente da manutenção da atividade agrícola, seriam positivas ao governo.
Em relação aos produtores, os benefícios permitiriam que ingressassem no mercado de
capitais, facilitando o acesso e barateando o crédito, que tivessem estabilidade de renda,
que se recapitalizassem em caso de perda, tornando-os adimplentes em safras futuras, e
finalmente que aumentassem o investimento e o uso de tecnologia.

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