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RESUMO
O presente estudo teve como objetivo dimensionar, através de dados econômicos, um período de
transição geoestratégico-comercial do setor agropecuário e a inserção do sistema cooperativo
neste, no Brasil e na Itália. Da percepção do desenvolvimento histórico do setor e dos elementos
que constituíram a estrutura do sistema cooperativo, nesses dois países, constatou-se diferenças
em virtude das condições geográficas, sociais, administrativas e econômicas, peculiares a cada
uma delas.
PALAVRAS-CHAVE
1. Introdução
Hoje, o Brasil se projeta como grande exportador mundial agropecuário, enquanto que a Itália
vem conseguindo desenvolver sua economia, no setor de agroindústria, adicionando a seus
produtos primários um alto valor agregado. As razões da escolha do sistema cooperativo se
devem, primeiro, ao fato de o ideal cooperativo reforçar o desenvolvimento de associação de
pessoas, o que pode vir ao encontro das políticas governamentais, melhorando a economia do
país e ajudando na solução de alguns problemas sociais mais graves. Para isto, alguns governos
atribuem a concessão de incentivos fiscais, a fim de que o sistema cooperativo se implemente e se
multiplique. O enfoque sobre as cooperativas agropecuárias se deve ao fato de que estas são
responsáveis, em grande parte, pelos excelentes resultados obtidos do setor agropecuário, em
ambos países. O contato com a realidade direta, envolvendo pessoas e instituições, que fazem do
ideal cooperativista a sua própria razão de existir foi propiciado pela participação no Seminário
“O Novo Cooperativismo no Brasil” (realizado nos dias 10 e 11/07/2003). Ali foi sentida a
preocupação que os cooperados tinham com alguns setores do cooperativismo, o empenho por
soluções, através de iniciativas que alavancassem o cooperativismo de crédito, por exemplo, e o
orgulho demonstrado pela boa atuação do setor agropecuário; a visita à Cooperativa Regional de
Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) permitiu notar o gigantismo da empresa, produtora de café,
que conta com grande número de associados, investe em tecnologia, participa de concursos,
possui laboratório próprio, mas ainda tem certa dificuldade em implantar, na idéia de alguns
cooperados, formas mais produtivas para a sua plantação.
Seu conteúdo multidisciplinar, que envolve ciência política, economia, administração, história,
geografia, comércio exterior, direito, sociologia... proporcionam a dimensão necessária para
análise da complexidade de um tema específico num mundo globalizado. O protecionismo, a
liberalização dos mercados, o avanço tecnológico, o aumento no índice de desemprego fazem
com que as empresas busquem alternativas inovadoras, para sobreviverem num mercado cada vez
mais competitivo.
2. Problema de pesquisa e objetivo
O presente trabalho se constitui de um esforço no sentido de pontuar aspectos históricos e
estruturais do setor agropecuário no sistema cooperativo, no Brasil e na Itália, destacando alguns
dados numéricos que permitam um dimensionamento aproximado da realidade, que envolve
esses dois segmentos, em cada um desses países. A intenção é de apresentar o tema de forma
objetiva, evitando interferências de cunho ideológico e de caráter pessoal. A escolha de Brasil e
Itália se deve ao fato de que o Brasil é um grande produtor rural e a Itália possui um sistema
cooperativo avançado com influências diferenciadas no desenvolvimento do sistema. O objetivo
deste trabalho é o de proporcionar uma visão dos setores agropecuário e do sistema cooperativo
agropecuário no Brasil e na Itália, de modo que se possa avaliar ambas as realidades,
reconhecendo o que nelas há de semelhanças e de diferenças.
3. Revisão bibliográfica
A história das cooperativas agropecuárias se insere na do cooperativismo como um todo, cuja
origem se deu na Inglaterra, no final do século XVIII, quando teve início a revolução industrial.
O movimento cooperativista surgiu como uma reação contra os abusos da concorrência do
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desemprego e do aumento do custo de vida. Ainda que fenômenos econômicos semelhantes aos
de outros países tenham atingido a indústria italiana do século XIX; o desenrolar de experiências
cooperativistas, nesse país, se deram de maneira mais lenta e em dimensões menores, até 1861,
ano em que a Itália buscava a sua unificação, completada em 1870. O impulso democrático e as
primeiras experiências de associação de operários fez florescer novas sociedades de mútua ajuda.
Na década de 1850 foi constituída a primeira cooperativa agrícola: “Lago di Garda”. Quanto ao
desenvolvimento de cooperativas agropecuárias, este se deu em função da crise dos anos 1880-
90. Para minimizá-la surgiram cooperativas de compra e venda. Estas permitiam a compra, a
preços mais baratos, de defensivos agrícolas e adubos (insumos), bem como uma melhor
racionalização das técnicas produtivas e ainda a eliminação de intermediários.
Segundo dados da Associação Nacional Cooperativa Agroalimentar (Ancalega), a soma de
circunstâncias favoráveis determinaram um impetuoso desenvolvimento do cooperativismo
agrário. De 1883 a l894, se constituíram 525 sociedades, destacando-se a região norte do país
(ASSOCIAZIONE NAZIONALE COOPERATIVE AGROALIMENTARE, ca.1999: 07). As
duas primeiras décadas do século XX foram marcadas por um desenvolvimento muito expressivo
do cooperativismo italiano. O sistema cooperativo, com o advento da I Guerra Mundial, foi visto
como propício para alavancar a economia, entendendo que as dificuldades geradas com a guerra
(contradições no corpo social do país, desmobilização de milhões de soldados, ...) poderiam
servir de oportunidade para uma nova reorganização deste. Esse período foi marcado pela busca
de soluções para a questão agrária, entendida como de fundamental importância para o
desenvolvimento da Itália. As opiniões dividiam-se entre aqueles que consideravam admissível e
proponível a cooperação pela condução individual da terra, subdividida em cotas e aqueles que se
opunham a esse tipo de divisão, marcadamente os latifundiários. Delineava-se o caminho para
uma futura reforma agrária. A efervecência de idéias marxistas junto às camadas populares e o
confronto dessas idéias com a estrutura agrária, sistema herdado dos antigos senhores feudais
ligados à nobreza, se constituiu como centro dessas discussões. Ao crescimento quantitativo e
qualitativo das cooperativas, acompanhou o esforço de aprofundamento de seu sentido e do
alcance de sua importância, nos diversos contextos, a dedicação de várias instituições e pessoas
que devotaram tempo e inteligência a estes estudos específicos. Em 1925, pelo decreto real
número 1.764, foi fundado o Instituto Italiano de Estudos Cooperativos.
O advento do fascismo, num período marcado pelas influências do pós primeira guerra, no qual
as cooperativas pareciam mais prosperar, fez ressaltar o surgimento de campanhas difamatórias,
que visavam obstruir esse progresso, atacando tanto as cooperativas “vermelhas”, como as
“brancas” (aquelas de inspiração social-cristãs). O jogo de interesses levou a críticas que
acusavam as cooperativas de promover como que “a sangria do Estado”; tendo em vista os
incentivos que, na época, estas obtinham do governo. Em 1921, a Itália, apresentava um número
em torno de vinte mil cooperativas. Em vinte anos de fascismo o movimento cooperativo
enfraqueceu. No ano de 1943 esse número decresceu para pouco mais de onze mil cooperativas,
com um número reduzido de sócios e um escasso capital social. Destas, a maior parte
encontravam-se no norte do país. No centro achavam-se em menor número. No sul, o
desenvolvimento de organizações desse tipo, iniciadas depois do primeiro pós-guerra, sofreram
bloqueio em sua expansão, reduzindo-se a poucas numericamente e com características
marcantes da política fascista. Dentro da filosofia do movimento cooperativista sempre esteve
presente o objetivo do desenvolvimento integral das pessoas nele envolvidas. Por esta razão, na
medida em que o sistema teve a possibilidade de crescer, dentro dos princípios que a norteavam,
em todos os níveis e das mais diversas formas, surgiram iniciativas que implementavam esse
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latifundiários ainda conseguiu conter a expansão de uma reforma agrária como pretendiam os
mais idealistas. Terminada a guerra, com a volta de muitos ex-combatentes e com a implantação
do regime fascista, a situação geral mudou de figura, o cooperativismo, na Itália, sofreu uma
retração e um desvio de seus rumos, que influenciaram decisivamente em seu desenvolvimento.
No Brasil, essa guerra teve efeitos mais indiretos do que diretos. As condições de dependência do
país às grandes potências mundiais influenciavam governantes e povo a conterem seus ideais de
expansão e democráticos. No período entre guerras, o Brasil também viveu febres de intenso
nacionalismo, que fizeram surgir aqui governos totalitários, sendo ditador Getúlio Vargas, como
acontecia na Europa e em outros continentes. O desenvolvimento do sistema cooperativo foi se
estruturando num ritmo lento e gradativo, como pode ser percebido no relato histórico que foi
apresentado. A formulação mais clara com relação às cooperativas se encontra na Constituição
Italiana de 1942. No Brasil, uma lei semelhante, que define mais claramente o sistema
cooperativista só veio em 197l, quase 30 anos depois. Das comparações entre cooperativismo no
Brasil e na Itália, observa-se que: quanto ao número mínimo de associados, na Itália é de 9
enquanto que, no Brasil, é de 20; Na Itália existem 4 centrais cooperativas, enquanto que no
Brasil existe apenas 1. Como o cooperativismo, na Itália, está mais desenvolvido e atingindo um
número maior de cooperativas e associados, a legislação se mostra bem mais detalhada, trazendo
mais especificações. No Brasil, tendo em vista o dimensionamento menor do sistema, a
necessidade de maior controle, por causa da vastidão do território nacional, a organização da
estrutura e o ritmo de seu desenvolvimento se dão num outro compasso. Na Itália, a quantidade
menor de terra desperta para o seu valor e importância. A consciência da necessidade de cuidar e
de protegê-la contra desgastes, deu origem a muitas cooperativas de reflorestamento. No Brasil,
durante muitos anos, por causa das grandes dimensões territoriais, os cuidados com a preservação
das terras não mereceram grandes atenções. Hoje, com a conscientização ecológica de
preservação da natureza, principalmente através dos grandes meios de comunicação de massa,
essa preocupação vem crescendo mais rapidamente.
Da observação das estruturas dos sistemas cooperativos na Itália e no Brasil, pode-se ter um
retrato de como elas se inserem em seus contextos. De como delas se irradiam forças de
influências e como elas ficam expostas às forças externas, do próprio país e de fora deste. O setor
agropecuário, na Itália, se volta mais para o mercado interno. Já o setor agropecuário, no Brasil,
se volta, prevalentemente, para o atendimento da demanda do mercado externo, o que faz uma
grande diferença, influindo nas decisões quanto aos procedimentos a serem tomados numa e
noutra dessas realidades. Além disso, a agricultura italiana incorpora maior valor agregado que a
brasileira, o que faz diferença no tocante ao PIB de cada um desses países. A contribuição da
agropecuária no Produto Interno Bruto brasileiro - PIB foi a maior entre todos os setores. Nos
últimos 10 anos, o agronegócio cresceu 70%, movimentando R$424 bilhões, 29%do PIB
(SOARES, Julho de 2003: 30). 25% da economia agrícola do país gravitam em torno (RIVERA,
2002, p. 17) das cooperativas agropecuárias, com um faturamento de R$35bilhões (BRANDÃO,
Julho de 2003: 40). Em 2.002 a área plantada de grãos, fibras e oleaginosas, no Brasil, foi de
aproximadamente 42.000.000 ha. Quanto à produção, esta alcançou, naquele ano, 112,4 milhões
de toneladas de grãos. Chama a atenção o fato de, na Itália, a área total plantada ser de
14.740.000 ha. e no Brasil de 42.000.000 ha. apenas aquela destinada ao plantio de grãos, fibras e
oleaginosas, o que ressalta a grande diferença entre esses dois contextos, palcos onde as
cooperativas desempenham seus papéis.
Segundo dados de 2.001, a superfície territorial da Itália é de 301.329 km², enquanto que a
superfície agrícola utilizada é de 43,9%. (De acordo com um dado de 1.994, transformados em
9
hectare, a dimensão agrícola utilizada nesse ano era de 14.740.000 ha.). Com relação à
população, o seu número era de 51.306.000 habitantes. A densidade é de 187 hab./km². Quanto à
força de trabalho, é de 23.781.000 trabalhadores. Finalmente, a população, por superfície
agrícola, é de 6,09 hab./ha. Quatro são as Associações Nacionais reconhecidas por Lei, na Itália:
a Liga Nacional das Cooperativas (Legacoop), a Confederação Cooperativa Italiana
(Confcooperative), a Associação Geral Cooperativa Italiana (AGCI) e a União Nacional
Cooperativa Italiana (UNCI). Os números e os tipos de produções agrícolas, permitem
comparações quanto às diferenças que caracterizam cada uma das Associações Nacionais de
Cooperativas. Segundo dados de 1995, a Federagroalimentare, com 5.924 cooperativas, 714.000
sócios, possuía um faturamento de 11.212.000 ecu; a ANCA com 2.324 cooperativas, 359.548
sócios, faturava 3.865.000 ecu; a AGCI com 602 cooperativas, 51.352 sócios, tinha um
faturamento de1.396.000 ecu (BEKKUM, Et al, 1998: 90). Totaliza-se 8.850 cooperativas,
1.124.900 sócios. Essas três Associações, juntas, faturavam 16.473 milhões ecu. A soma total do
número de cooperativas agropecuárias, existentes nas 4 associações nacionais era de 9.500
(BEKKUM, Et al, 1998: 95). Com esta informação, pode-se chegar à conclusão que a União
Nacional Cooperativa Italiana/ ASCAT agregava 650 cooperativas agropecuárias. Para se avaliar
as dimensões desse tipo de cooperativa é necessário considerar as 7.000 cooperativas que não
eram filiadas a nenhuma Associação Nacional (BEKKUM, et al., 1998: 89).
A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) é o órgão representativo oficial do sistema
cooperativo no Brasil. Como tal, presta ao governo papel técnico-consultivo, sendo obrigada a ter
a mesma configuração das Organizações das Cooperativas Estaduais (OCE). Para formar uma
cooperativa é necessário pelo menos 20 pessoas. Estas podem ser ou não filiadas à OCB.
Existem, porém, aquelas que se subordinam a sindicatos ou ao MST, por discordarem da
representatividade da OCB. Em 2.002 a OCB contava com 1.624 cooperativas associadas. O
número de associados somava 865.494. Mesmo exigindo apenas 9 cooperados, a Itália conseguiu
agregar números maiores do que esse de cooperados, atingindo quantidades expressivas, o que
parece se dever a fatores culturais mais favoráveis a esse tipo de organização. “O que pode
representar mais vantagem: ter-se um menor número de cooperativas para se ter um maior
número de cooperados (o que a tornaria mais forte) ou um menor número de cooperados com um
maior número de cooperativas?” Quanto à participação no PIB, dados da Itália, do ano de 2.001
indicam que a participação do complexo agroalimentar no PIB foi de 15,6%. Quanto ao PIB
agrícola, foi de 2,7%. O PIB total, que engloba todos os setores da economia, foi de 1.030.910
Euros. Para confrontar com os números acima, dados do Brasil de 2.002, indicam que o
agronegócio contribuiu com 29% do PIB naquele ano, somando R$105 bilhões. No conjunto do
sistema cooperativo, 25% da economia agrícola do país gravitam em torno das cooperativas
agropecuárias. O que é necessário levar em conta é que o Brasil é um grande exportador de
produtos agrícolas, o que justifica números tão elevados em comparação com aos da Itália, que
não adota o mesmo tipo de política com relação à sua produção agrícola. Segundo informação do
consulado da Itália, em 1.995, 7,8% do emprego nacional deste país, naquele ano, foi originário
do setor agrícola. No Brasil, em 2.001 o índice de empregos que o setor agrícola ofereceu,
representou 21% do total oferecido pelos outros setores.
Com relação ao crédito rural, constata-se que os investimentos, num e noutro país, variam de ano
para ano. As características diferenciadas de Brasil e Itália demonstram como as necessidades
obrigam a investimentos direcionados a setores também diferenciados. Embora no Brasil e na
Itália os maiores investimentos girem em torno de renovação e aperfeiçoamento de máquinas
para a plantação e o cultivo, observa-se que na União Européia vem ocorrendo o incentivo não
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apenas a fusões entre as cooperativas internas de cada país, mas, também, entre as cooperativas
de nações diferentes, fazendo parte da integração regional. Aqui, verbas são destinadas para
incentivo de fusões entre cooperativas para o seu fortalecimento, como um reforço à boa
administração. Lá as distâncias são menores, as estradas já possuem uma infra-estrutura básica, a
tradição de plantio e de cuidados remonta a longo tempo, a estrutura agrária já possui uma
organização menos concentradora de terras, sendo o número de pequenas propriedades mais
pulverizado, espalhando-se pelo país inteiro. Quanto ao Brasil, a realidade é bem diferente, a
começar pela vastidão do território, pelas desigualdades nos tamanhos das propriedades, pela
variação das qualidades dos solos e das condições climáticas, pela insipiência dos métodos
utilizados, pelo fato de grande parte da produção se destinar à exportação e, finalmente, pelo
domínio exercido pelos grandes produtores, detentores do latifúndio e que possuem mais poder
de influência junto aos poderes públicos e facilidade de obtenção de créditos bancários. O
número de propriedades de acordo com a superfície que ocupam, na Itália, revela que
propriedades com menos de 1 ha. representam 45%. No Brasil, representam 10, 54%. De 1 a 100
ha., na Itália representam 51,8%, enquanto que no Brasil, 78,33. De 100 ha. e outras representam
0,5. No Brasil existem propriedades com mais de 100.000 ha., retrato de uma realidade que se
deve não só às diferentes dimensões dos dois territórios, mas a fatores culturais de cada um deles.
Entre tantas heranças deixadas pelo regime fascista, na Itália, está a substituição das cooperativas
por uma articulação em centenas de corporações separadas, gestadas através do controle das
grandes e das médias propriedades, em forma burocrática, do poder estatal: uma pirâmide que o
Estado republicano buscou e busca, até os dias de hoje, com muito esforço para desmantelar
também os grandes e médios proprietários, aos quais foram confiadas as grandes organizações
dos cultivadores autônomos. Quanto ao fenômeno do êxodo rural, na Itália, de 1.970 a 1.994, a
superfície agrícola utilizada diminuiu 16%. No Brasil, 400.000 propriedades rurais foram
fechadas no período de 5 anos. Com a globalização e a diminuição da oferta de emprego na
indústria e em setores em que a mão de obra vem sendo substituída por meios tecnológicos, a
opção pela volta ao campo e o aumento de oportunidades de trabalho em pequenas propriedades
de cunho familiar tem sido vista como caminho de solução para o problema do desemprego.
6. Conclusão
O momento atual de transição pode ser comparado àquele que ocorreu com a economia nos
primórdios da revolução industrial e que deu origem à formação das primeiras cooperativas na
Europa e em países de outros continentes, nos séculos XIX e XX. A partir da história, pode-se
visualizar a trajetória do homem como construtor do mundo. Nesse processo, ele se encontra num
estágio em que os meios de comunicação romperam a barreira do tempo, possibilitando-lhe, em
tempo real, a transmissão de suas comunicações de qualquer lugar em que esteja. A facilidade de
utilização de meios de transportes rápidos, que atendem a um número quase absoluto de
necessidades e aprimoramento de técnicas gerenciais tornam os produtos mais baratos e
competitivos. Estas e outras características marcam todo o processo de desenvolvimento das
estruturas econômicas hoje, imprimindo-lhes um dinamismo nunca visto antes.
A tendência atual de países formarem blocos econômicos, é observada em empresas e em
cooperativas. Com isso, atendem a certas necessidades do mercado em sua evolução e ritmo de
progressão. Em matéria publicada na Revista Globo Rural, o presidente da OCB, Márcio Lopes
de Freitas, diz que “cooperativismo não é mais uma via alternativa entre capitalismo e
socialismo. Ele tem a missão de inserir o pequeno produtor no mercado globalizado”
(BRANDÃO, Julho de 2.003: 40). Na verdade, isto vem acontecendo; porém sem conseguir
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