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DIDÁTICA E TEORIAS DE
APRENDIZAGEM
Circulação Interna
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Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução.
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Objetivos
• Compreender as contribuições da psicologia educacional à educação;
• Caracterizar as correntes teóricas de aprendizagem.
• Construir uma visão crítico-reflexiva das teorias da aprendizagem, buscando
compreender o processo de aprendizagem.
• Diferenciar as teorias da aprendizagem.
• Reconhecer as possibilidades de aplicação dessas teorias no contexto escolar.
Metodologia: Será conduta de trabalho aplicar questões teóricas à prática, bem como
resgatar a experiência educacional dos alunos na atuação na Educação Infantil. Além
disso, será possibilitado ao aluno o contato com teóricos que defendem o trabalho
pedagógico para a Educação Infantil, de modo a romper com a visão assistencialista
para a escola infantil. Serão propostos textos para leitura e discussão, vídeos sobre as
temáticas; pesquisa de campo e/ou bibliográfica e a resolução de exercícios ao final de
cada unidade e ao final do livro.
Bibliografia Básica
COLL, C.; MARCHESI, Á.; PALÁCIOS, J. (org.) Desenvolvimento psicológico e
educação. 2. ed. 2. vol. Porto Alegre: Artmed, 2008.
CASTORINA, J. A. et al. Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. 6. ed.
São Paulo: Ática, 2010.
GALVÃO, I. Henry Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil.
Petrópolis: Vozes, 1999.
Bibliografia Complementar
MOREIRA, M. A. Teorias da aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
COLL, C. (org.). O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001.
GARDNER, H. Inteligências Múltiplas - A teoria na prática. Porto Alegre: Ed. Artes
Médicas, 1995.
LA TAILLE, I., OLIVEIRA, M. K. & DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias
psicogenéticas em discussão, São Paulo: ed. Summus, 1992.
PIAGET, J. A equilibração das estruturas cognitivas - Problema central do
desenvolvimento. Trad. Marion Merlone dos Santos Penna. Zahar Editores, Rio de
Janeiro, 1975. Ciências da Educação.
PIAGET. J. A epistemologia genética: Sabedoria e ilusões d filosofia ; Problemas de
psicologia genética; traduções de Nathaniel C. Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Célia E.
A. Di Piero. - São Paulo : Abril Cultural. 1978. (Os Pensadores)
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. [tradução Jeferson Luiz Camargo;
revisão técnica José Cipolla Neto]. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1993.
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UNIDADE 1
PROCESSO DE APRENDIZAGEM PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS E
IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS - UMA BREVE ANÁLISE DAS TEORIAS DA
APRENDIZAGEM - INATISMO, AMBIENTALISMO E SÓCIO-
INTERACIONISMO.
discutiremos na unidade 1.
OU NATIVISTA
Tal abordagem tem seus fundamentos teóricos e filosóficos inspirados nas premissas da
para o aprendizado.
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Quanto aos aspectos pedagógicos, na educação escolar pouco ou quase nada altera as
seguir:
professor;
Tal postura filosófica pode trazer consequências ao desempenho das crianças na escola
que deixa de ser responsabilidade do sistema educacional. Nesta proposta terá sucesso a
criança que tiver algumas qualidades e aptidões básicas, que implicará na garantia de
na relação com o contexto social mais amplo, nem na própria dinâmica interna da
escola.
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precisam ter nenhuma relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as
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dificuldades";
associações entre estímulos e respostas corretas, pois o erro deve ser evitado;
que vive. As dificuldades na escola são atribuídas aos fatores do universo social, tais
Exercício de reflexão:
Pense em sua sala de aula ou na realidade educacional em que você atua. De quais
maneiras você percebe que os pressupostos teóricos e filosóficos das teorias inatista e
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Interacionista.
Este teórico defende sua teoria e seus fundamentos filosóficos, inspirado nos princípios
homem constitui-se como tal através de suas interações sociais, portanto, é visto como
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cultura. É por isso que seu pensamento costuma ser chamado de sócio-interacionismo.
o somatório entre fatores inatos e adquiridos e sim uma interação dialética que se dá,
desde o nascimento, entre o ser humano e o meio social e cultural que se insere. O
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Para Vygotsky, o fato do indivíduo não ter acesso à escola significa um impedimento da
daquilo que foi elaborado por seu grupo cultural. O acesso a esse saber dependerá, entre
Nesse sentido, o pensamento de Vygotsky traz outra implicação: contribui para suscitar
a necessidade de uma avaliação mais criteriosa de como essa agência educativa vem
desempenhando sua tão relevante função. Vygotsky afirma que o bom ensino é aquele
atuação pedagógica.
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A escola desempenhará bem seu papel, na medida em que, partindo daquilo que a
criança já sabe (o conhecimento que ela trás do seu cotidiano, suas idéias a respeito dos
objetos, fatos e fenômenos, suas "teorias" a cerca do que observa do mundo), ela for
internos que acabaram por se efetivar: passando a constituir a base que possibilitará
novas aprendizagens.
Vygotsky afirma que a escola deve ser capaz de desenvolver nos alunos capacidades
quer dizer que ela não deve se restringir a transmissão de conteúdos, mas
sua vida. Essa é, segundo ele, a tarefa principal da escola contemporânea frente às
professor deixa de ser visto como agente exclusivo de informação e formação dos
alunos, uma vez que as interações estabelecidas entre as crianças também têm um papel
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desenvolvimento infantil;
alunos é necessário que conheça o nível efetivo das crianças, ou melhor, suas
mundo circundante. Este deve ser considerado o "ponto de partida". Para tanto, é
preciso que, no cotidiano o professor estabeleça uma relação de diálogo com seus
alunos e crie situações em que eles possam expressar aquilo que já sabem. Enfim, é
curiosidade das crianças, que possibilitem a troca de informações entre os alunos e que
dúvidas e dificuldades, interesses, como brincam etc) pode ser uma fonte preciosa para
quer alcançar.
Exercício reflexivo: ao final desta sessão, assista ao vídeo sobre a vida e a obra do
psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky. O programa apresentado pelo vídeo mostra como
linguagem.
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Todos nós já ouvimos ou dissemos coisas como: "Ele ainda não tem
maturidade para aprender a ler"; "Meu filho tem uma aptidão incrível para a
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recebe de seus pais. Todos sabemos que traços como, por exemplo, a cor dos olhos e do
órgãos, etc. acontecem de acordo com uma sequência predeterminada, que, a princípio,
Você pode estar se perguntando o que essa história de cor dos olhos ou do
desenvolvimento do feto tem a ver com uma abordagem psicológica da maturidade, das
aptidões e da inteligência.
que, do mesmo modo que a cor dos olhos, aptidões individuais e inteligência são
quando a criança nasce. Ou então que, à maneira do crescimento das partes do corpo, o
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Interessados em saber por que uma pessoa é diferente da outra - quanto a traços de
Eles constataram, então, que pessoas com uma aptidão especial (um artista, por
Ou, ainda, que gêmeos idênticos apresentavam aptidões e nível intelectual com um grau
de semelhança maior do que o encontrado entre irmãos não gêmeos. Por outro lado,
Essas constatações foram interpretadas como indicadoras de que os fatores inatos são
mais poderosos na determinação das aptidões individuais e do grau em que estas podem
segundo essa perspectiva inatista, se restringe a impedir ou a permitir que essas aptidões
se manifestem.
inclinação e facilidade para aprender música porque herdou de seus familiares a aptidão,
o “dom” para aprender música porque foi educada num ambiente em que,
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Binet concebia a inteligência como uma aptidão geral que não depende das
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não se confunde com os conhecimentos adquiridos pelo individuo durante sua vida.
Habitualmente, consideramos como muito inteligente uma pessoa que demonstra ter um
vasto conhecimento; ou seja, dizemos que os mais inteligentes (entre nossos colegas,
raciocinar. Essa capacidade, segundo Binet, não pode ser aprendida, mas ao contrário,
individuo fixado pela hereditariedade e, com tal, variável de uma pessoa para outra.
Mas, se as pessoas são diferentes umas das outras nas suas aptidões, traços
maioria dos bebes, por exemplo, torna-se capaz de se sentar antes que possa se arrastar,
engatinhar e depois andar. Do mesmo modo, quando começa a falar, a criança primeira
diz apenas palavras isoladas, e só depois juntas duas ou mais palavras, formando frases.
Ou, então, antes de desenhar casas, animais ou carros, a criança rabisca traços e
círculos.
fato tem chamado a atenção de muitos pesquisadores desde as primeiras décadas deste
século. Um dos primeiros psicólogos a se interessarem por essa questão foi Arnold
nascimento aos 16 anos, e estudou as formas que seu comportamento vai tomando no
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dão maior ênfase ao papel da maturação: Desde muito cedo; logo que
trabalho como professor em uma escola primária. Alguns anos depois, decidiu-se por
fazer ó curso de Medicina e assim que o concluiu foi nomeado professor de Higiene da
Criança na Escola de Medicina de Yale, cargo que ocupou até a sua aposentadoria.
de livros e artigos.
Pode-se dizer que Gesell foi o primeiro teórico da maturação, uma vez que
comportamento da criança.
formas de pensar tornam-se mais complexos à medida que ela cresce que seu sistema
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Por exemplo, uma criança que raramente é tirada do berço e deixada à vontade no chão,
inteligência das pessoas. Mas, se podemos medir a altura ou o tamanho do dedo de uma
criança simplesmente usando uma fita métrica, medir a inteligência é bem mais
complicado. Enquanto aptidão geral do indivíduo, a inteligência não pode ser medida
diretamente, mas apenas através de algumas de suas realizações. Por isso, para construir
um teste de inteligência, Binet precisava conhecer o que crianças são capazes de fazer
em cada idade.
aqueles que eram esperados, ou considerados "normais", para sua faixa etária.
de desenvolvimento?
Essa é uma pergunta importante, porque sua resposta nos mostra um pouco
dedicaram-se a pesquisas.
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seguinte critério: se um teste era resolvido satisfatoriamente por 60% a 90% das
crianças de determinada idade estudadas, ele era considerado adequado para aquela
idade.
de comparar dois pesos, essa tarefa era considerada muito fácil para essa idade; se 60%
a 90% das crianças de 5 anos estudadas resolvessem o problema de maneira correta, ele
era aceito como adequado para essa faixa etária. Do mesmo modo, se quase nenhuma
das crianças de 4 anos estudadas conseguisse copiar um quadrado, essa tarefa era
tarefas, em ordem crescente de dificuldade, para cada idade. Assim, o seu teste de
inteligência geral, destinado a avaliar pessoas dos anos até a idade adulta, era composto
tarefas. O número de testes que a criança consegue resolver determina a sua idade
mental ou o seu quociente de inteligência (QI). Se ela conseguir resolver todos os testes
propostos para a sua idade, sua inteligência será considerada normal. Se ela também
resolver corretamente alguns dos testes propostos para crianças mais velhas, seu QI
estará acima da media. E se, ao contrário, ela acertar apenas questões propostas para
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consegue resolver corretamente. Por exemplo, se ela acerta todas as tarefas atribuídas
ao grupo de 10 anos, diz-se que ela tem idade mental de 10 anos, seja qual for sua
idade cronológica.
O QI é obtido quando se divide a idade mental de uma criança pela sua idade
problemas propostos para a idade de 10 anos, mas nada além desse nível. Diremos que
sua idade mental é de 10 anos e, para calcular o seu QI, dividiremos 10 por 8, o que dá
um resultado de 1,25. Por convenção, esse resultado é multiplicado por 100, para que o
QI possa ser expresso em números inteiros. Isso significa que, em nosso exemplo, a
idade cronológica
sempre 100. Se a idade mental for inferior à idade cronológica, os resultados serão
idade mental for superior à idade cronológica, o QI será sempre superior a 100, ou
acima da média.
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descobrir o que são capazes de fazer em cada idade – as câm eras rodavam, registrando
comportamentos considerados típicos de cada faixa etária, é esse ritmo e essa seqüência
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Primeiras 4
Semanas de vida: o dorso do
bebê é uniformemente
arredondado, havendo falta de
controle da cabeça.
Entre 4 e 6
semanas o bebê
tem dorso
arredondado e a
cabeça é erguida
Por alguns
momentos
Entre 8 e 12
semanas o dorso
ainda é
arredondado e a
cabeça já se levanta
mais, porem o bebê
ainda tende a
pender o corpo
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da criança. A evolução ou o
de fatores externos ou do contexto social em que as crianças vivem. Desse modo, não
possibilidades educacionais a que tenha acesso: a criança "normal" deve apresentar tais
comportamentos.
apresentados pela maioria das crianças que eles estudaram, e foi a partir daí que se
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maturacionismo na escola
Essa concepção tem tido bastante influência na escola, desde sua elaboração.
inteligência de Binet e Simon foi resultado de uma necessidade e4mergente nos meios
consideradas desadaptadas.
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visuais, auditivas, etc.), e foi através deles que se introduziram no país os primeiros
gênero humano produz ou justifica a crença de que caberia à educação fazer aflorar
em destaque noções como prontidão, maturidade, aptidão, Mas, ao mesmo tempo que
desenvolvido determinadas capacidades, Isso acaba gerando a idéia de que existe uma
idade bem precisa para aprender certos conteúdos, Ou, ainda, que o proveito que a
maturidade.
É fato bem conhecido que testes de prontidão (para a leitura, por exemplo) e
idade escolar, penalizando muitas delas, Os resultados de tais testes têm, historicamente,
nos exercícios preparatórios, às vezes um ano inteiro, porque "não estão prontas" para
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aprender a ler e escrever; outras são enviadas às classes especiais porque "não têm
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UNIDADE 2
DESENVOLVIMENTO E À APRENDIZAGEM
e filosóficos desta vertente. Discutiremos sobre Jean Piaget, Lev Vigotsky e Henri
Introdução
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Ele já foi até chamado de Einstein da Psicologia. Não é exagerado dizer que os dois
maiores autores da Psicologia são Freud, por um lado, e Piaget, por outro. A
Inteligência. Por outro lado, a importância de Piaget vem também do volume de sua
obra: são por volta de setenta livros, inúmeros artigos, inúmeros temas relacionados à
inteligência, que foram abordados por ele. Então, digamos, o volume da obra de Piaget,
a consistência de sua obra também faz com que ela seja extremamente importante. E,
finalmente, diria que a obra de Piaget é essencial porque sendo a inteligência um tema
consistente em relação a este tema, acaba se utilizando Piaget não apenas na perspectiva
evidentemente, educação.
Genética.
Por que epistemologia? Porque epistemologia é filosofia da ciência, a parte que estuda o
Então, a obra dele chama-se Epistemologia Genética e visa responder a uma pergunta
básica: como é que os homens constroem conhecimento? Isto é, com.o é que passam de
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Como a criança é o ser que mais evidentemente constrói conhecimento, ele fez,
essencialmente, pesquisa com crianças. Mas sua pergunta não é uma pergunta não é da
sozinhos ou em conjunto, constroem conhecimentos? Por que processos? Por que etapas
conseguem fazer isto? Por isto que a obra dele é essencialmente baseada na inteligência
e na construção de conhecimento.
Para Piaget, inteligência deve ser definida como função, enquanto estrutura. Enquanto
assimilação.
explicitar alguns, que são centrais. Começaria pelo conceito de assimilação. Piaget
que quando uma pessoa vai entrar em contato com o meio, com o objeto de
conhecimento, ela retira desse objeto algumas informações e essas informações, retidas,
e são essas e não outras, porque existe uma organização mental. Então, na verdade,
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outras de lado.
organização que a pessoa tem para conhecer o mundo - é capazes de se modificar para
acomodação, vamos ter que conhecer o objeto é assimilá-lo, mas como esse objeto
Equilibração: vem como seu nome indica de equilíbrio, ou seja: o sujeito que entra em
contato com um objeto novo, pode ficar em conflito com esse objeto, desequilibrado. Na
verdade, equilibração serve aqui de metáfora. Quer dizer, o objeto não se deixa conhecer
desequilibrado. Para conhecer este objeto, ele tem que se acomodar modificar-se para
dar conta desse objeto. E esse processo, digamos, é a busca do equilíbrio. Então, o
processo dinâmico. Por isso Piaget gosta da palavra equilibração e não equilíbrio.
dinâmico.
Abastrações empíricas e reflexivas: Mais dois conceitos, acho, embora não tão
retiro do meu objeto do conhecimento. Então, por exemplo, olho um quadro e abstraio
desse quadro, ou desse pêndulo, dessa câmera, abstraio algumas informações. É uma
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sobre minha maneira de me relacionar com esse objeto de conhecimento. Ou seja, com
As abstrações reflexivas são as informações que retiro, não do objeto, mas de minha
ação sobre o objeto. Por exemplo, se pego um livro e o sopeso, ou o comparo com outro
mais pesado ou menos pesado, tenho uma abstração empírica que é o peso dos livros.
Mas tenho uma abstração reflexiva que é estar comparando. Pensar sobre o meu agir.
criança pensar sobre o mundo e pensar sobre sua ação sobre o mundo. Ao que se chama
de abstração reflexiva.
necessariamente passam por estes estágios e nenhum deles pode ser pulado.
complexidade que quisermos dar àquela questão, mas os grandes estágios que Piaget
um outro estágio que se chama pré-operatório (2 a 7 anos); após este segundo estágio,
estágio operatório, Piaget fez uma divisão entre operatório concreto (7 a 12 anos) e
anos, não apresentava nada de muito interessante do ponto de vista da inteligência e que
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a inteligência começava apenas com a linguagem. Essa é uma idéia que era muito forte e
O que Piaget demonstrou, numa clareza muito bonita, é que esta fase de zero a dois anos
muito antes da linguagem. Portanto, nestes dois anos de vida, uma série de conquistas,
praticamente cotidianas, são feitas, uma série de pequenos passos são dados, pequenos
que Piaget afirma é que quando a criança começava a falar, por volta dos dois anos de
idade, ela só tem sobre o que falar, sobre o mundo, porque ela construiu este mundo
antes. Se ela começasse a falar, sem antes ter construído este universo, ela não poderia
falar, porque não teria sobre o quê falar, não teria essa organização.
importante, que é decorrência de tudo o que acabamos de falar, de que existe uma
linguagem, sem comunicação verbal com o outro, portanto, uma fase sui generis da
período, que vai de zero a dois anos de idade, e também às vezes é chamado de
inteligência prática.
que a criança não emprega a linguagem, mas apenas suas ações e percepções. Ações
vêm daí a palavra motor; e percepções, daí a palavra sensória: sensório-motor. Então, é
uma inteligência prática, uma inteligência em ação, ou seja, ainda não-verbal, ainda não
representativa. Para Piaget, esses dois primeiros anos de vida são absolutamente
inimaginável. Para dar conta desta idéia, alguns conceitos são essenciais, notadamente o
conceito de objeto.
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Objeto: Tudo leva a crer, segundo os conceitos de Piaget, que quando a criança nasce
ela não tem clareza de que no universo no qual ela se encontra há objetos e que ela,
inclusive, é um objeto entre esses objetos. Por isso, ela precisa construir a noção de
objeto. Nesta construção existe uma fase essencial que se chama objeto permanente.
O que é objeto permanente? É aquele que, embora eu não veja, sei que de ainda existe.
perceptivo. Isso a criança constrói por volta dos nove meses de idade.
criança acreditasse que só existem as coisas que ela vê, que ela é o centro do universo,
de certa forma, e que o mundo existe em função de sua percepção e ela vai, pouco-a-
pouco, entendendo que o universo tem uma objetividade própria, e que independe da
sua percepção. Daí a compreensão de que, embora esse objeto não seja visto, ainda
existe e, portanto, posso procurá-lo. Outro conceito essencial para se entender esta fase
mundo -, que esses objetos interagem entre si e causam efeitos entre si. A tendência da
criança até um ano, um ano e pouco, é a tendência que se chama de mágica. Ou seja, a
tendência a pensar que o objeto se move dependendo de suas próprias ações - da criança
- ou dos seus desejos. Fato que também Freud tinha reparado e chamado de onipotência
infantil. Então, a criança imagina, num primeiro momento, que ela tem as rédeas do
mundo e, pouco-a-pouco, ela vai entendendo que não, que existem leis de causalidade.
O universo tem leis, o universo tem algumas regras que são seguidas e estas se aplicam
à própria criança.
tempo e do espaço, que se dá nestes dois anos de vida, faz com que a criança consiga,
num primeiro momento, ter uma objetividade do universo. Essa objetividade depois será
construção do universo, construção do real, lidando com este real apenas através das
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Meios e fins: Uma das conquistas importantes, por volta dos nove meses, aliás, na
Imagine a seguinte situação: você mostra uma bola para a criança, ela quer pegar esta
bola, mas você a coloca atrás de um anteparo, portanto ela não pode pegar a bola
diretamente. Vejam que interessante. Essa criança que tem de cinco a seis meses sabe
bem pegar uma almofada, digamos que seja este o anteparo, e pegar a bola. Mas não lhe
ocorre à sequência que qualquer um de nós faria e que ela fará quando tiver nove ou dez
'meses: tirar a almofada da frente para pegar a bola que está atrás. Isto é que se chama
diferenciação entre meios e fins, Ou seja, retirar a almofada é o meio, cujo fim é pegar a
bola.
O que falta, então, à criança de cinco ou seis meses? Não é saber pegar a almofada, isso
ela já sabe; não é saber pegar a bola, isso ela também já sabe; mas é saber hierarquizar
estas duas condutas, associá-las. Por isso é que falamos que inteligência é organização.
A conquista da criança, quando ela vai descobrir a possibilidade de meios e fins, vai ser
uma nova organização da inteligência. Como se ela dissesse: posso pegar isto, para
depois pegar aquilo. Não é a habilidade que faltava, mas a compreensão para servir de
Portanto, essa passagem que se dá entre os nove, dez meses, é muito importante para o
espacial, é, por exemplo, a criança perceber que um determinado objeto tem três
dimensões. Exemplo: quando a criança é bem pequena, por volta de dois, três meses, ela
sabe reconhecer uma mamadeira, ela já está acostumada a ela, Mas se você apresentar a
mamadeira pelo avesso, o fundo da mamadeira, não lhe ocorre virá-Ia, é como se ela
não a reconhecesse. E por volta de um ano de idade, embora ela veja a mamadeira
apresentada a ela pelo avesso, ela a reconhece e com um gesto a desvira. Ou seja, com
um gesto ela conseguiu situar o objeto dentro do espaço, ver que, dependendo da
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berço, com três, quatro meses, ela mexe alguma coisa e, por acaso, acende a luz,
totalmente por acaso, acende a luz, totalmente por aças. Ela tende a achar que foi sua
ação que fez com que a luz se acendesse e então ela irá repetir esta ação até cansar. A
criança pequena tende a achar que são suas ações que promovem que causam as
transformações do universo. Aos poucos ela irá entender que não, que esse universo é
regido por leis objetivas e ela vai situar-se, objetivamente, naquilo que ela realmente
Estágio pré-operatório: Com dois anos de idade há mudança de estágio. Como dito
representação.
outro objeto. Por exemplo. Se eu falo a palavra casa, estou utilizando este som - casa -,
para remeter a algo que não é este som, evidentemente, mas que é o objeto casa. Isto é o
de um seu substituto.
Outro exemplo deste comportamento que aparece por volta de um ano e meio, dois anos
meio de idade. Um exemplo que Piaget não pesquisou, mas que é totalmente coerente
para entendê-lo: o reconhecimento no espelho, Uma criança por volta de um ano gosta
de se olhar no espelho, fica na frente dele, mas seus comportamentos nos levam a crer
que ela não se reconhece no espelho. Ela olha, ela vê uma imagem, que é a sua, como se
fosse uma imagem de uma outra criança, uma imagem que não diga respeito a ela
mesma. Tanto é verdade que se você fizer uma mancha de tinta na testa da criança, não
Por volta de um ano e meio, dois anos, justamente na passagem do sensório-motor, para
reconhecer-se no espelho implica em pensar que esta imagem que vejo sou eu e não sou
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eu, ao mesmo tempo. Sou eu, porque me representa, mas não sou eu, porque estou aqui
e não ali. Então, na verdade, estou duplificado, se assim podemos dizer. Estou aqui e
estou em imagem.
Isso é que é representação. Conseguir pensar o mundo através de imagens deste mundo.
A criança, por volta de dois anos, entra neste mundo da representação, cujos
espelho, a imitação.
A imitação que se chama imitação de Ferilo, você vê algo e o imita 24 horas depois, o
que mostra bem que aquilo ficou em imagem. A prova mais elaborada disso é a
inteligência que antes era limitada às ações agora vai, ainda em ação, mas agora uma
significa que a criança trabalha com representações, mas terá todo um trabalho de
insistindo, sobretudo, em sua obra, sobre as lacunas e as dificuldades dessa fase, que
como diz Piaget. Piaget atribui à socialização muito pouca eficiência no período
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fase que a criança entra no mundo dos valores, das regras, das virtudes, do certo, do
moral de uma criança de zero a dois anos, até três, mas, por volta dos quatro anos a
egocentrismo não significa que a criança está como se fosse altista, totalmente
centrada nela, mas significa que a criança tem dificuldade de perceber o ponto de
vista do outro. Ela vê o ponto de vista do outro centrado em seu ponto de vista, daí a
palavra ego+ centrismo. Exemplo: você pede a uma criança de cinco anos, a quem
você acabou de contar uma história nova, que ela conte esta história para uma outra
criança. Você verificará que a criança conta como se a outra criança já soubesse a
história.
Um exemplo caseiro. É freqüente você ver uma criança de três, quatro anos, chegar para
o pai ou para a mãe e dizer: cadê o meu carrinho? Ela tem quinhentos carrinhos, vários,
pelo menos dois, mas ela diz: cadê o meu carrinho? Para ela está claro de que carrinho
ela está falando. Mas como ela sabe de que carrinho que ela está falando, ela imagina
Enquanto uma criança um pouco mais velha não dirá cadê o meu carrinho, mas cadê o
meu carrinho amarelo, ou, estou procurando um carrinho, aquele que você me deu
aquele dia... Estes são exemplos de egocentrismo. São dificuldades de sair do próprio
ponto de vista e colocar-se num outro ponto de vista, no ponto de vista de uma outra
Estágio Operatório: o que é interessante na teoria de Piaget é que ele vai chamar uma
central. E, como dito, Piaget vai ver na fase pré-operatória essencialmente o que falta
para a criança ser operatória. Por isto temos que definir o conceito de operação.
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significa manipular o mundo, trabalhar e agir sobre o mundo. A ação existe desde o
significa? Agora vou mexer no mundo, mas através da representação deste mundo. Uma
coisa é pegar a câmera e colocar em outro lugar, isto é ação. Ação interiorizada será
imaginar colocar esta câmera em outro lugar, mas não colocar. É estar imaginando isto
anulação. Reversível significa: posso pensar o que fiz e voltar exatamente ao ponto de
Uma criança no pré-operatório não consegue isso. Exemplo. Você pergunta para uma
criança de cinco anos de idade: daqui até Campinas tem quantos quilômetros?
Imaginando que ela saiba a resposta, ela diz, cem quilômetros. Ela não está indo até
Campinas, ela está parada pensando: de São Paulo a Campinas há cem quilômetros. Aí
Agora vamos pensar de Campinas até São Paulo. Evidentemente, em boa lógica, se de
São Paulo até Campinas são cem quilômetros, de Campinas até São Paulo também
haverá cem quilômetros. Nada mais do que fazer a volta. Só que a criança pequena dirá:
não sei.
Outro exemplo clássico da teoria de Piaget é a questão da parte do todo. Uma criança
pequena poderá entender que ela mora num bairro, digamos, Butantã; ela sabe que mora
em São Paulo, mas terá muita dificuldade em entender que Butantã é dentro de São
Paulo. Quando ela está pensando em Butantã é Butantã, quando está pensando em São
Nesta mesma linha. Se você pergunta para uma criança: tem mais rosas ou tem mais
margaridas? Digamos que tenham essas flores na frente dela e que tenha mais rosas. Ela
irá dizer, porque a percepção basta para isso, ela verá que têm mais rosas que
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margaridas. Mas aí você faz a seguinte pergunta para ela: o que tem mais, flores,
margaridas e rosas, ou rosas? Você está pedindo a ela para comparar o todo, que é juntar
margaridas e rosas, com a parte, que é separar margaridas e rosas e ficar apenas com as
rosas. A criança não sabe responder, ou então responde frequentemente, tem mais rosas.
Quer dizer, o pré-operatório é, sintetizando, ação interiorizada, mas ainda não reversiva.
de necessidade. Vamos dar um exemplo. Uma criança pode até aprender, decorar, que
se daqui a Campinas dá cem quilômetros, que de Campinas até aqui também dá cem
alguém disser para ela que não acha que seja cem quilômetros... Talvez não seja... Ela
tem a resposta correta, pensa a resposta corretamente, mas para ela isto não é uma
certeza. Mas, em compensação, esta mesma criança, quando estiver na fase operatória, a
partir de sete, oito anos de idade, aquilo será necessário para ela.
Você pode até "enrolar" uma criança sobre coisas lógicas quando ela tem cinco ou seis
anos, mas não mais quando ela tem sete ou oito. Se você disser que daqui até Campinas
tem cem quilômetros e que de lá para cá tem menos, ela dirá: tem truque nisso.
Estágio operatório concreto e formal: Piaget diz que a criança, com seus seis, sete
pensamento através da lógica. Mas Piaget diz também que este estágio operatório é
dividido em dois: operatório concreto, operatório formal. Portanto tudo não está
acabado ainda por volta dos sete, oito anos de idade. A diferença entre operatório
concreto e operatório formal. Os dois são operatórios, os dois têm ação interiorizada
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reversiva. Só que no operatório concreto a criança faz uso dessa capacidade operatória,
apenas em cima de objetos que ela possa manipular e de situações que ela possa
com puras hipóteses. Ou seja, ela agora será capaz de aplicar sua lógica com objetos,
grau de abstração.
conclusão de que todos os planetas são redondos, a Terra é um planeta, logo a Terra é
redonda. E ela sabe, inclusive, que a Terra é redonda. Mas se você coloca para ela o
hipótese, a Terra é quadrada, mas como ela sabe que a Terra não é quadrada, ela tem
muita dificuldade em aceitar, porque ela ainda está muito relacionada ao seu concreto, à
sua vivência.
esta.
Aqui no colégio tem uma tradução clara. Os problemas de Matemática que são
colocados às crianças de primeira à quarta série costumam ser complexos, mas sempre
concretos. É a criança que compra a banana, num preço x, num preço y. Ou seja, é a
Matemática aplicada em cima de objetos. Mas é preciso esperar a quinta séria, por volta
·de onze, doze anos, para que no colégio se introduza a Álgebra, a ideia de variável. O
que é variável? Variável é pura forma, o x, o y, é pura forma, isto é típico do operatório
formal.
desenvolvimento da inteligência. Portanto, uma criança por volta de doze, treze anos
constrói este pensamento operatório formal que é o dos adultos. Claro, mais elaborado,
com mais conteúdo. Quer dizer, a criança de doze, treze anos é capaz de pensar, sem
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juízo moral na criança", ele fez uma obra fundamental. As pesquisas e teorias deste
livro são até hoje atuais e deram base para uma série de pesquisas, notadamente nos
Estados Unidos. E um livro fonte de uma série de pesquisas e teorias. Neste livro Piaget
diz uma coisa nova para a época: assim como a inteligência, assim como conhecimento
Por que isso é importante? Antes se pensava que a moral era uma mera interiorização
dos valores e das regras que estavam colocadas fora, quando os pais e professores
diziam faça isso, faça aquilo, os valores são esses, e a criança, pouco-a-pouco, os
heterônoma depois é superada por uma fase chamada autonomia, onde a legitimação da
moral não se dá mais pelo respeito pela autoridade ou pela obediência, mas sim pelo
Então, a importância desse livro foi mostrar que também a moral evolui e que existe
Vamos dar um exemplo. Você pergunta para uma criança de cinco a sei anos: quem é
mais culpado, alguém que quebrou dez copos sem querer, ou alguém que quebrou um
copo querendo. O que está em jogo aqui? O tamanho do dano material - dez copos
versus um copo -, e a intencionalidade - quem quebrou dez não tinha intenção, fez sem
querer, mas quem quebrou um, tinha a intenção de quebrar. Pergunta-se à criança: os
dois são culpados? A criança heterônima dirá sim, já que houve um dano material
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pelo autor da quebra dos dez copos, porque dez copos é mais que um copo. Ou seja, ela
também com a mentira. Quanto maior a mentira é pior, não é a intenção da mentira, mas
Como sempre em Piaget, há autonomia, portanto o estágio posterior será uma superação
do estágio anterior, em todos os exemplos que dei, a criança autônoma dirá: os dois não
são culpados, apenas é culpado aquele que teve a intenção de quebrar e quebrou um
copo. Ou seja, o fato de haver dez copos quebrados absolutamente não conta mais,
como na mentira o que vai contar não é o tamanho da mentira, mas a intenção enganar.
Piaget e a Educação
Às vezes acontece uma confusão, pensar que Piaget foi um educador, ou que Piaget
tenha uma obra pedagógica. E essa é uma confusão muito grave, porque pode fazer as
Piaget se preocupou com Pedagogia como qualquer pensador, mas sua obra não é de
outro sobre Pedagogia, dizendo claramente para os professores que seu texto
Por que Piaget é tão lido, tão estudado, na educação? Diria que há duas razões para isto.
A primeira é clássica. Assim como na Medicina é uma técnica ler Biologia, para saber o
que fazer e encontrar novas técnicas, a Pedagogia lê as teorias que tratam de seu aluno.
Portanto, todas as teorias que falam das crianças, notadamente as que tratam do
como Piaget tem uma obra muito consistente, muito vasta sobre o desenvolvimento da
traduza.
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A segunda razão pela qual Piaget é bastante lido na Pedagogia é de outro nível. Na
verdade, Piaget acaba sendo o autor em Psicologia que dá base teórica para movimentos
encontram em Piaget uma teoria que, no fundo, lhes dá razão. Então, a Teoria
Piagetiana é uma teoria que se adapta a certa corrente pedagógica, notadamente aquela
Então são por essas duas razões, o fato de estudar a criança e ter idéias sobre elas que
Construtivismo
Piaget utiliza a palavra construção. Tem até um livro seu que se chama Construção do
Real. E ele diz que sua Psicologia e Epistemologia são construtivistas. Piaget cunha e se
piagetianos. Só que a palavra construção é também uma metáfora. Em Piaget ela tem
uma definição muito clara, mas ela pode ser utilizada como metáfora. Tanto é verdade
que, hoje, há muitas perspectivas construtivistas, que não são muito claramente
palavra construtivismo acabou ficando muito mais ampla que especificamente na teoria
piagetiana.
Então, hoje, você tem dentro da educação teorias construtivistas, que utilizam Piaget,
pode utilizar Wallon, pode utilizar Vygotsky, ou subáreas tipo Emilia Ferreiro etc.
Embora a palavra construtivismo tenha sido cunhada por Piaget, não é, necessariamente,
essa mesma definição de construtivismo que se vai encontrar nas escolas hoje.
Mitos
Como toda teoria complexa, algumas incompreensões acontecem. Só que, infelizmente,
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teoria de Piaget. Mitos, no sentido de que são interpretações erradas da teoria de Piaget.
O primeiro mito seria o do maturacionismo. Como Piaget diz como sua definição de
dão de natureza interna, sem nenhuma relação com o contexto, sem nenhuma relação
com atividade. Isto é um erro grave. Piaget diz, textualmente, que as construções
portanto não se dão de maneira puramente isolada, e sobre as demandas do meio, com
que é verdade que Piaget não fez estudos, não aprofundou esta. Questão. Então,
Mas, veja bem, não aprofundar e não fazer pesquisas sobre um tema não é negar sua
importância. Piaget tinha 24 horas por dia, ele tinha que fazer determinadas opções. Na
teoria de Piaget a interação social tem um lugar bem claro, embora não aprofundado e
não pesquisado. E esse lugar diz claramente: se não houver interação social, se não
cognitivo. Então, é um mito pensar que Piaget negava â importância do social, como é
um mito pensar que Piaget pensasse que a maturação, por si só, explicava o
desenvolvimento.
O método de pesquisa
Quanto ao método de Piaget, é basicamente um só. Ele cria situações-problemas,
situações que devem ser resolvidas. Ele coloca essas situações-problema a crianças de
várias faixas etárias, em geral de seis a doze, treze anos de idade, e verifica, por um
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lado, se as crianças conseguem resolver o problema, e, por outro, mais importante ainda,
quais são as dificuldades que elas encontram para resolver este problema. Diria que
Ele também fez alguns estudos com seus próprios filhos, mas apenas com seus próprios
filhos, de zero a dois anos de idade, aí com observação. Portanto seria um erro pensar
que Piaget baseou toda a sua teoria na observação de seus próprios filhos, isso não é
verdade. Na verdade ele fez essas observações, mas todo o resto da sua obra, diria que
90%, com soluções, a procura de como as crianças resolvem os problema que ele lhes
Indicação de leitura
É uma teoria extremamente rica, extremamente importante, que inclusive nos permite
entender melhor filhos e alunos em geral. Portanto, acho que o professor tem muito a
ganhar estudando Piaget. É uma obra enorme: setenta livros. Que livros ler? É uma
opção pessoal. Mas diria que, para ler Piaget é preciso ir com paciência, não é um texto
Sugeriria que o primeiro livro que se lesse sobre Piaget fosse O nascimento da
inteligência na criança, que fala do período sensório-motor, mas mesmo para alguém
que não se interessa, porque seu trabalho não é com crianças dessa faixa etária, é um
livro onde Piaget explicita muito claramente o seu construtivismo. Este seria o melhor
livro para se começar a ler Piaget. Após esse, diria dois outros, que formam a trilogia do
conhecimento nesta faixa etária e as idéias básicas de Piaget estão lá, e A formação do
Piaget.
Além disso, indicaria a leitura de um livro árido, mas que também coloca muito
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de pesquisa, onde justamente ele verá como as crianças de cinco a doze anos resolvem,
Não poderia deixar de indicar também O juízo moral na criança, um livro extremamente
rico, como disse, único na obra de Piaget, porque a moral não é seu tema, mas
um livro muito simpático, muito simples, que em geral é de iniciação a Piaget, que é
Seis estudos de Psicologia. Existem muitos outros, mas esta lista é bem razoável.
Acho que a teoria de Piaget, notadamente para quem lida com criança, pode ser pai,
coisas que poderia até desprezar, mas, tendo lido Piaget, será muito interessante.
Instrumentaliza para você entender a criança, não apenas do ponto de vista de sua
moral, personalidade. Acho que é uma teoria que, de fato, instrumentaliza para que você
Ao final desta sessão, escreva a seguir os principais conceitos da teoria piagetiana e suas
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Introdução
Na área da Psicologia da Educação Piaget tem sido nossa principal referência
Piaget não é um autor que se preocupe particularmente com a escola, com o professor,
porque é um autor que fala da escola, fala do professor e valoriza a ação pedagógica e a
sujeito que passa pela escola, tem na escola uma instituição fundamental para sua
Biografia
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Nasceu em 1896, na Bielo-Rússia, país que fez parte da extinta União Soviética, e morri
em 1934, de tuberculose, aos 37 anos. Era membro de uma família com uma situação
econômica bastante confortável e uma das mais cultas da cidade. Formei-me em Direito,
Embora minha produção não tenha sido um sistema explicativo completo, ela foi vasta.
Escrevi cerca de duzentos trabalhos científicos que foram pontos de partida para
educação.
não está pronto previamente, não é inato, não nasce com as pessoas, mas também não é
recebido pelas pessoas como um pacote pronto do meio ambiente. Então, Vygotsky é
um autor, como outros, como Piaget, Wallon, que é chamado de interacionista, porque
ele leva em conta coisas que vêm de dentro do sujeito vêm do ambiente. Mas a
Genéticos de Desenvolvimento que ele postula, porque ele fala em quatro entradas de
humano.
microscópico do desenvolvimento.
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Filogênese
A Filogênese diz respeito à história de uma espécie animal. Todas as espécies animais
têm uma história própria e essa história da espécie define limites e possibilidades de
funcionamento psicológico. Então, têm coisas que somos capazes de fazer e outras que
Por exemplo, somos bípedes, temos as mãos liberadas para outros tipos de atividades,
tem uma determinada conformação da mão, que permite movimentos finos, em pinça,
por exemplo, que é uma coisa particular da espécie humana, muito importante. Temos a
visão por dois olhos, que é a visão binocular. Então, temos uma série de características
psicológico depois.
Como dito, tem coisas que fazemos e outras que não fazemos. Andamos, mas não
muitas circunstâncias diferentes. E isto está ligado ao fato de que nossa espécie é a
menos pronta ao nascer, quer dizer, o membro da espécie humana é o menos pronto ao
nascer. Então, porque temos uma parte do desenvolvimento tão em aberto é que temos
O segundo plano genético de que Vygotsky fala é o chamado ontogênese, que significa
desenvolvimento, com certa seqüência etc. e este plano genético da ontogênese está
muito ligado à filogênese, porque os dois são de natureza muito biológica, dizem
espécie e, por ser membro desta determinada espécie, passa por certo percurso de
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nasce e só fica deitada, depois ela aprende a sentar, engatinhar, andar, por exemplo,
nesta sequência, e assim por diante. Então, tem várias coisas que são determinadas pela
Sociogênese
O terceiro plano genético postulado pelo Vygotsky é o chamado sociogênese, ou
história cultural, que é a história da cultura onde o sujeito está inserido, mas não a
Então, essa questão da significação pela cultura tem dois aspectos. Um que a cultura
anda, mas não voa, agora voa porque criou o avião. E um outro aspecto da história
passagem pelas fases do desenvolvimento é relida também, lida e relida pelas diferentes
Hoje ela é muito mais entendida que há trinta anos atrás. Hoje uma menina de nove
anos, embora esteja já preocupada em se arrumar, em ter namorado, pode morar com os
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para ela, tem atividades especiais, tem instituições que cuidam disso, e que é consumido
assim, é uma categoria claramente cultural. Ela não diz respeito ao envelhecimento do
corpo, ela diz respeito como a cultura olha o idoso.
Microgênese
A microgênese diz respeito ao fato de que cada fenômeno psicológico tem sua própria
história. Por isto é micro, no sentido, não necessariamente de pequeno, mas com foco
classe média em São Paulo, uma coisa maior... A micro é, entre saber uma coisa e não
saber, por exemplo, uma criança primeiro não sabe amarrar o sapato, depois ela sabe
amarrar o sapato. Ou seja, entre o saber e o não-saber algo, um tempo passou. Então
O que é bem interessante a respeito da microgênese, é que ela é a porta aberta dentro da
da sua espécie, do seu momento, do seu desenvolvimento como ser daquela espécie etc.
Na sociogênese tem certa tinta determinista em termos culturais, a cultura está definindo
por onde você pode se desenvolver, está dando também limites e possibilidades
históricas de desenvolvimento.
A microgênese faz com que olhemos como cada pequeno fenômeno tem a sua história,
e como ninguém tem uma história igual ao do outro, é aí que vai aparecer a construção
dizer, não encontramos duas coisas iguais, mesmo coisas que podem parecer ser tão
Temos duas crianças da sala de aula, as duas têm sete anos, as duas são de família de
classe média, as duas têm pais com ensino médio, as duas estão naquela escola, naquela
sala, moram naquele bairro, tudo tão parecido!, mas as crianças não são iguais. Por quê?
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Porque elas têm experiências diferentes, uma tem mais irmãos, outra menos; uma assiste
muita televisão, a outra não assiste; uma foi para a pré-escola, à outra não foi... Quer
dizer, tem fatos na história de cada um que vão definir a singularidade a cada momento
da vida do sujeito.
Mediação simbólica
A invenção e o uso dos símbolos como meios auxiliares para solucionar um dado
mediação é a ideia mesmo de intermediação: ter uma coisa interposta entre uma e outra
coisa. No caso do ser humano, a ideia básica do Vygotsky é que a relação do homem
com o mundo não é uma relação direta, mas é uma relação mediada. A mediação pode
A mediação por instrumentos é o fato de que nos relacionamos com as coisas do mundo
pão, uso uma faca; se vou cortar uma árvore, usa um machado, uma moto-serra. Então,
esses instrumentos da tecnologia estão fazendo uma mediação entre minha ação
Os signos são formas posteriores de mediação, que fazem uma mediação de natureza
forma que não é concreta, como fazemos com os instrumentos, mas de uma forma
simbólica.
Tem uma primeira forma de signos que ainda tem uma existência concreta. Por
para homem e uma sombrinha para a mulher. Isso é um signo. Uma coisa que representa
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dizer, os usuários do sistema sabem que aquilo quer dizer homem, que aquilo que dizer
O fato de eu mudar o anel de dedo para lembrar que tenho que telefonar para alguém,
por exemplo, não é o próprio ato de telefonar, não está ligado ao ato de telefonar, mas é
uma informação de natureza simbólica que está interposta entre a intenção de fazer
alguma coisa e a própria ação. Então ainda é concreto, ainda está visível por outros, está
simbólica, no sentido de que não age concretamente sobre as coisas, mas age no plano
simbólico.
as coisas são postas para dentro do sistema psicológico e funcionam como mediadores,
semióticos, ou simbólicos, dentro do nosso sistema psicológico. Para isso, aparece uma
Então, por exemplo, quando encontramos pela frente uma mesa, quando a vemos, não
estamos nos relacionando com ela de uma forma não mediada, direta, só a sentimos
perceptualmente, damos-lhe uma trombada, ou nos encostamos a ela e sentimos que ela
tem uma aresta pontuda, ou apoiamos coisas sobre ela, fisicamente só. Olhamos para
aquele objeto e vemos uma mesa, ela nos remete a uma coisa unicamente simbólica, que
está em nossa cabeça, que é o conceito de mesa, a ideia de mesa, a palavra de mesa, a
na mente, mas seja qual for a forma, tem uma forma de representação das coisas do
mundo que está dentro de nós, que não são o próprio mundo, são representações do
mundo. E isso é uma coisa típica e exclusivamente humana, que permite o trânsito do
ser humano por dimensões do simbólico. Podemos transitar por dimensões de tempo,
pensar em coisas que já nos aconteceram, podemos antecipar coisas futuras, pensar
coisas que estão em outro espaço, tudo por meio desse trânsito simbólico desses
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O ato de por o dedo na chama da vela e sentir dor, é o ato de relação direta com o
mundo, não mediada: tem o fogo, meu dedo, ponho o dedo no fogo e queima, pronto.
Não mediado. Numa segunda vez, numa próxima experiência, a criança pode ver a vela,
chegar com o dedo perto e tirar, antes de queimar, só por sentir o calor. A ação dela,
então, estará sendo mediada pela lembrança da experiência passada com a dor, ou pela
lembrança da mera visão da vela, ou quando ela começar a sentir o calor, ela vai
lembrar da dor e tirar o dedo. Na primeira vez, é uma relação direta: vela, criança. Na
segunda vez, é uma relação mediada, mediada pela experiência anterior.
A mãe que chega e fala: "não põe a mão na vela, porque queima". E a criança não põe,
obedecendo a mãe, ela tem uma relação mediada entre ela e a chama da vela, mas não
foi mediada pela própria experiência, pela dor sentida efetivamente, mas pela
informação que ela recebeu de uma outra pessoa. Isso é uma coisa que, em termos
Quer dizer, grande parte da ação do homem no mundo é mediada pela experiência dos
outros, não precisamos viver tudo em primeira mão. Isso é essencial para os processos
tudo do zero.
Pensamento e linguagem
Na ausência de um sistema de signos, Linguísticos ou não, somente o tipo de
pressentindo subitamente algum perigo, ao alertar o bando inteiro com seus gritos, não
está informando aos outros aquilo que viu, mas, antes, contagiando-os com seu medo.
Signos
Os signos são construídos culturalmente. Quer dizer, não é que o sujeito inventa signos
cultura que lhe fornece material para que desenvolva esse campo do simbólico. O
principal lugar cultural onde isso acontece é na língua. Todos os outros humanos têm
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humanos dispõem.
linguagem, o termo melhor seria língua, porque não é de qualquer linguagem que ele
está falando, não é a linguagem da dança, a linguagem do gesto, a linguagem facial, mas
Como todos os grupos humanos têm uma língua, esta língua é um objeto de atenção
primordial do Vygotsky, vai ser muito importante para ele pensar o desenvolvimento do
pensamento.
para resolverem problemas de comunicação. Esse aspecto da língua está presente nos
animais. Os animais também se comunicam por algum tipo de linguagem, que é gestual,
espécie. É assim que, também para o ser humano a linguagem nasce. Quer dizer, ela
nasce como forma de comunicação. Então, o bebê, a primeira coisa que ele faz é chorar,
é o primeiro ato de língua dele. Isso tem uma função comunicativa, e!e não tem uma
Uma segunda função da linguagem, que irá aparecer mais tarde no desenvolvimento, é o
cachorro, o estamos colocando numa classe de objetos do mundo que são agrupáveis
com ele, todos os cachorros seriam colocáveis naquela mesma categoria, para a qual
posso usar o rótulo cachorro e, ao mesmo tempo, estamos distinguindo esta categoria de
todas as outras, um cachorro não é um gato, não é um girafa, não é um sapato, não é
uma cadeira. Então, se tivermos uma palavra, ela já serve para classificar o mundo em
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duas grandes categorias. Se tivermos a palavra copo, já tenho tudo o que é copo e tudo o
que é não-copo. O ato de nomear é o ato de classificar. Isto é uma coisa extremamente
regras, e, tal como a língua, que nenhuma outra espécie animal tem.
Para Vygotsky a relação entre pensamento e linguagem, ele vai postular como sendo
muito forte, muito tipicamente humana e muito importante para a definição do que é o
funcionamento do psicológico humano. Mas esta relação, que ele postula como tão
forte, não nasce com o sujeito, ela não aparece pronta, ela é uma coisa que se
Então, na filogênese, para começar por ela, primeiro há linguagem, existe linguagem, e
existem pensamentos separados. Então existe linguagem, com aquela função primeira
chimpanzé, que é a espécie mais próxima do humano, onde podemos olhar melhor para
coisas que pertencem à história humana. Quer dizer, olhando os chimpanzés podemos
filogenético.
ela só tem aquela primeira função, de intercâmbio social. Tem comunicação ali, têm
gestos, têm expressões faciais, têm sons etc., só a linguagem separada. E tem alguma
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mundo concreto de uma forma. Já inteligente, no sentido de que ele atua sobre o
ambiente, ele resolve problemas, ele busca soluções, mas de uma forma inserida num
chimpanzé é capaz de empilhar alguns caixotes, para alcançar algumas bananas que ele
não alcança só com seu corpo, é capaz de pegar uma vara e puxar uma fruta que está
fora da jaula, com ajuda da vara. Quer dizer, ele está usando instrumento, está agindo
ativamente sobre o ambiente para solucionar um problema, então ele está usando uma
inteligência prática, que é assim chamada porque não tem nenhum componente
visual ele já não resolve o problema, ele não é capaz de imaginar que ele precisa, para
alcançar aquela banana, mais do que o próprio corpo, e ele vai à busca de uma solução.
Ele não é capaz de fazer isto. Isso é um indicador de que ele não está agindo num plano
intercâmbio social, através de choro, gestual, outros tipos de sons, expressões faciais, e
linguísitica, antes da aquisição da linguagem, tem uma ação no mundo parecida com a
que o chimpanzé tem Ela é capaz de pegar um banquinho para alcançar um brinquedo
que ela não alcança sozinha, ela é capaz de procurar uma bola que caiu atrás do sofá, de
usar uma coisa para puxar a outra. Quer dizer, ela age inteligentemente no ambiente,
resolvendo problemas, usando instrumentos e tal, num plano concreto, sem mediação
simbólica.
existe linguagem com esta função primeira, de intercâmbio social, e existe pensamento,
daí pensamento e linguagem se atrelam e não se desatrelam mais e vão representar uma
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a espécie humana. Claro que espalhado ao longo de milhares de anos, mas o homem
inteligência dele passa a ser abstrata, podendo funcionar em planos simbólicos, como
falamos antes. Passa a ser capaz de circular por momentos e espaços ausentes do espaço
atual, perceptual presente, ele pode ser capaz de imaginar. Inventar, criar, recuperar
coisas que aconteceram no passado. Ele tem uma inteligência, ele passa a ter uma
generalizante, mas também por várias outras características da linguagem, que podemos
imaginar. Por exemplo, o fato de termos verbos do presente, passado, futuro, permitindo
que transitemos pelo tempo em termos simbólicos. O fato de possuirmos termos para
zero, o nenhum, porque a língua permite isso. Na ausência da língua seria muito difícil
A língua é uma coisa que está fora da pessoa inicialmente. Quer dizer, quando a criança
nasce, ela nasce num meio falante, que já tem uma língua e que ela vai se apropriar
desta língua ao longo do seu desenvolvimento. Esse é um movimento que vai acontecer
de fora para dentro. Então, para Vygotsky, o primeiro uso da linguagem é o que ele
chama de fala socializada. Quer dizer, é a fala da criança com os outros, para os outros,
só do lado de fora dela, só com essa função comunicativa inicial. É na interface dela
com o outro que a língua aparece primeiro. E o ponto de chegada da língua, o mais
esse plano simbólico do funcionamento psicológico com o suporte da língua, mas ele
está lá dentro de nós. Então, não precisamos falar alto. É como se nosso pensamento
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acontecesse, em grande medida, apoiado nas palavras, nos conceitos, certamente, mas
não precisamos externalizar isto, funciona dentro da nossa cabeça. Então, pensamos
sozinhos, com o suporte das palavras, com o modo de pensar de nossa língua, com as
possibilidades de trânsito pelo mundo do simbólico que a língua nos dá, mas tudo isso
internalizadas.
O Vygotsky propõe que, entre uma coisa e outra, entre o que acontece lá fora e o que
egocêntrica. Que é - quem tem contato com criança sabe disto -, a fase da criança por
volta dos três, quatro anos, fala sozinha. Ela fala alto, mas está falando para ela mesma,
não precisa do interlocutor. Ela pode estar sozinha no ambiente e ela fala também. Este
fenômeno foi identificado pelo Piaget e o Vygotsky se apropria da idéia do Piaget para
discutir essa idéia. Mas eles a usam com concepções bem diferentes, justamente porque
o Vygotsky está trabalhando as coisas de fora para dentro e o Piaget de dentro para fora.
Então, para o Piaget existe fala egocêntrica, mas ela é um indicador de que o
exatamente o oposto. A existência da rala egocêntrica indica que a rala está sendo posta
para dentro. Aquela comunicação que era entre as pessoas vai estar sendo internalizada
pelo sujeito, para se tornar um instrumento dele, interno. Então, essa fala egocêntrica,
esse ralar sozinho da criança, é como se ele estivesse usando um formato ainda
socializado da língua, que é falar alto, mas com uma função do discurso interior, que é a
"fala para mim". Quando a criança está fazendo uma tarefa, dizer: "ah, agora.0 vou
pegar o lápis azul... ah, vou pegar um brinquedo, mas não alcanço, então preciso de um
banquinho ... " É como se ela ficasse falando para ela mesma, explicitando para ela
linguagem egocêntrica aparece muito mais quando a criança está posta em situação de
pensamento. Então ela a está usando como suporte, usa a língua para ajudá-la a resolver
um problema.
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Desenvolvimento e aprendizagem
As relações entre desenvolvimento e aprendizagem são aspectos bem importantes da
teoria do Vygotsky, porque ele trabalha muito nesta área da Psicologia ligada à
em volta dele. A idéia de que o desenvolvimento se dá de fora para dentro para ele,
portanto a aprendizagem aparece como uma coisa extremamente importante para ele na
mundo que fazem com que ele aprenda é que ele se desenvolve. É como se
medida, vai definir por onde o sujeito vai e também a especificidade de cada sujeito vai
É interessante pensarmos que esse é um ponto bem forte de contra ponto entre Vygotsky
e Piaget. Para Piaget, como o desenvolvimento se dá mais de dentro para fora, o motor
desenvolver-se é que o sujeito pode aprender. Ele aprende porque está em determinado
estágio de desenvolvimento.
Para Vygotsky é mais o contrário, ele se desenvolve porque ele aprende. Uma atividade
papéis, a criança está, ao mesmo tempo, transitando pelo mundo do imaginário - ela é a
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professora, é claro não é uma professora de verdade, ela está brincando de ser
professora, então é imaginário -, mas ao mesmo tempo está regido por regras. Se ela vai
brincar de escolinha, ela está restrita pelas regras de funcionamento de uma escola, seja
uma escola verdadeira ou uma escola imaginária da criança, mas tem regras, não pode
justamente como os jogos de papéis, jogos simbólicos, jogos de faz-de-conta. Ele é uma
mímica das atividades do mundo adulto, ele traz para dentro do mundo da criança as
se a criança fosse puxada para adiante daquilo que ela é capaz de fazer como criança no
momento da brincadeira. Quer dizer, ela se aproxima do papel de mãe sem ser mãe em
No brinquedo, a criança se relaciona com o significado das coisas e não com os próprios
objetos. Por exemplo, ela pode pegar um toquinho de madeira e fingir que é um
carrinho. Então, ela está se relacionando com o significado de carro e não com o objeto
imediato e faz com que ela se relacione com o mundo do significado, o que também a
ajuda a entrar neste trânsito do mundo simbólico, das representações, da língua e das
desenvolvimento num caminho tipicamente humano, definido por um percurso que está
atrelado à cultura.
linguagem escrita das crianças. Os educadores devem organizar todas essas ações e todo
acompanhar este processo através de seus momentos críticos. Até o ponto da descoberta
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a idéia dele de que o desenvolvimento deve ser olhado de uma maneira prospectiva e
não retrospectiva. Isto é, deve ser olhado para frente, aquilo que ainda não aconteceu.
perguntamos: "seu filho já sabe amarrar sapato?, o bebê já senta?, essa criança já
aprendeu a ler e a escrever?". Então, nos referimos ao já, àquilo que já está consolidado,
Mas aquilo que está em processo, que está por acontecer, é ali que vai acontecer a
compreendido pelo estudioso do desenvolvimento. Então, para esta questão, esta idéia
básica do Vygotsky toma corpo, num conceito que é típico da teoria dele, que é muito
explicar esta zona ele trabalha com dois outros conceitos, ele fala em nível de
que é o tal do desenvolvimento passado, ou o olhar retrospectivo, ou seja, aquilo que ela
já tem. Na outra ponta teríamos aquilo que ele chama de nível de desenvolvimento
potencial, que é aquilo que a criança ainda não tem, mas que podemos imaginar que está
próximo de acontecer, que está num horizonte próximo, não muito longínquo.
Geralmente sabemos que está próximo, porque a criança consegue se relacionar com
aqueles objetos de conhecimento e de ação não autonomamente ainda, mas com ajuda,
com instrução do outro, com intervenção de um parceiro mais experiente. O fato de que
ela não faz sozinha, mas faz com ajuda, identifica que aquilo pertence a um plano de
desenvolvimento que está próximo de se consolidar. E daí, entre aquilo que já está
pronto e aquilo que está presente em semente, é que o Vygotsky localiza esta chamada
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Uma coisa que é bem importante de falar sobre isso é que esse conceito de Vygotsky é
um conceito que tem um valor explicativo dentro da teoria, mas ele não é um conceito
instrumental.
Não podemos pegar o conceito de zona proximal, entrar em uma sala de aula e querer
medir a zona proximal dos alunos, identificar as zonas proximais e tal, porque ele é um
conceito muito flexível e muito complexo, ele não é visível na prática. Quer dizer, ele
nos ajuda a entender o desenvolvimento, mas não é visível na prática, pois para cada
zona. Então, se entramos numa sala de aula com quarenta alunos e vamos trabalhar
adição com reserva hoje, temos quarenta zonas proximais em movimento, porque cada
vez que falamos alguma coisa estou alterando a zona de cada criança, ou de uma parte
Intervenção pedagógica
Um aspecto muito peculiar da teoria do Vygotsky, muito central nas concepções dele
Aqui entra uma coisa bem importante para Vygotsky, que é a importância deste mundo
humano, desta cultura, do outro social, mas não em termos de um ambiente onde o
sujeito está simplesmente imerso, não é como se fosse um caldo onde tivéssemos posto
posição muito ativa, primeiro para o próprio sujeito, quer dizer ele está se relacionando
tal, onde ele também age, ele não é um ser passivo, que recebe passivamente a
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informação do mundo, mas a cada momento de sua história ele é um sujeito pleno, que
retroage, que age sobre o ambiente, que dialoga, que impõe significados, que traz sua
subjetividade, seu modo de ver o mundo, sua própria história, naquela relação de
E, além disto, a influência do ambiente também não está se dando de uma forma só por
ele absorve informações de um ambiente que está estruturado pela cultura. Por exemplo,
um bebê brincando sozinho no berço, está brincando num ambiente cultural, estruturado
pela cultura, porque é dentro de um berço, não é numa esteira no chão, porque é com
aqueles brinquedos e não com outros, porque é sozinho e não acompanhado, porque é
O Vygotsky ainda fala sobre um outro aspecto que extremamente importante que é o da
intervenção ativa das outras pessoas na definição dos rumos do desenvolvimento. Então,
rumos que aquela cultura supõe como os rumos adequados para o desenvolvimento.
Uma das originalidades dessa teoria, principalmente para a época em que foi feita, é
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E de fato nos parece que, hoje em dia, a complexidade dos processos educativos,
inteligência.
Vygotsky à Educação.
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Introdução
O projeto teórico de WaIlon, em sua vertente de psicólogo, é a psicogênese da pessoa,
isto é, estudar a gênese dos processos que constituem o psiquismo humano. Por meio do
estudo da criança, concentrou seus estudos nas fases iniciais da infância, a intenção é
fatores que constitui o psiquismo humano, tendo ressalvado seu limite, que é estudar o
delinear quatro campos, que são chamados campos funcionais, sobre os quais a teoria
Biografia
Henri WaIlon nasceu na França, em 1879. Viveu toda a sua vida em Paris. Antes de
chegar a Psicologia e à Educação, passou pela Filosofia e pela Medicina. WaIlon viveu
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questões para investigação. A Psicologia, por sua vez, ao construir conhecimentos sobre
O Movimento
O movimento que é o primeiro sinal de vida psíquica que dá a criança ao nascer, e que é
uma dimensão que vai permear todas as idades e todos os campos. E é interessante
movimento. Uma, é dimensão mais expressiva, que é o movimento que não significa
deslocamento necessariamente, mas que é a expressão que está na base das emoções. E
a outra dimensão do movimento que ele irá estudar, é a dimensão instrumental, isto é, é
um movimento mais comum ente estudado, que é de ação direta sobre o meio físico, o
meio concreto.
A Inteligência
Na teoria de Wallon tem vários elementos interessantes também para compreender o
abrangente, ele vai destacar aquilo que ele chama inteligência discursiva: a inteligência
que se expressa e que se constitui por meio da linguagem, por meio da fala:
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Pessoa
O quarto campo é o campo que ele nomeia pessoa, que é, ao mesmo tempo, aquilo que
articula todos os demais, mas também é um campo independente? Ele vai mostrar,
inteligência e pessoa, nem sempre são de harmonia. É uma relação também, que está
muito marcada pelo conflito, pelos antagonismos, embora cada um desses campos seja
inseparável um do outro.
Além de tentar ver a criança de forma integrada, esse olhar teórico vai buscar enfocá-la
de modo contextualizado. A pessoa inserido nos seus meios, nos seus contextos de
sentido de uma conduta, em função dos contextos dos quais essa conduta está inserido.
como uma fase de preparação para a vida adulta, e como uma fase que tem um sentido
olharmos a criança somente como vir a ser. Ou seja, a infância só com uma fase de
preparação, que não tem um valor em si. Quando se olha assim à infância, tem-se muita
um ser inacabado. Ou, então, vê lá só em seu estado atual, não levando em conta o fato
Perceberemos que só justificar as práticas, conteúdos etc., pelo futuro, não se sustenta,
porque temos que olhar a criança também no que ela é hoje, em suas demandas atuais, e
História
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Mas é evidente que a escola também não pode anular uma terceira dimensão temporal
que é historia da criança. Isto é, como trabalhar a criança como o que ela é hoje, com
perspectiva de vir, mas, ao mesmo tempo, sabendo que cada criança tem uma história
peculiar e única. Nenhuma criança chega na escola como uma tabula rasa. Cada uma
chega com uma bagagem, um repertório, que é o ponto de partida. Que é algo sobre o
qual a escola tem que buscar se articular. Então, é um desafio enorme esse de tentar
articular esse três tempos: a história da criança, suas demandas atuais e as perspectivas.
As Emoções
Wallon vai destacar um tipo específico de manifestação afetiva para estudar mais a
fundo, que são as emoções. Por que ele vai estudar as emoções? Justamente por serem
que se constituem na criança. Vai mostrar como as emoções são um fator fundamental
Quando ele fala em estudo das emoções, está se referindo a um tipo específico de
afetividade. São várias as peculiaridades das emoções, dentre elas serem manifestações
afetivas que se expressam, que são visíveis para o outro e que são mais claramente
identificáveis pelo próprio sujeito e têm uma variabilidade intensa e que com freqüência
Ele é desprovido de capacidades que lhe possibilitem a agir diretamente sobre o meio
físico. Ele está no estado de imperícia, porque ainda não consegue pegar a mamadeira
sozinho etc.
Ao mesmo tempo, que ele tem essa imperícia, do ponto de vista das condutas, que
possibilitariam a ele agir diretamente sobre o meio físico. Ele é dotado de uma enorme
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desintegrada, desarticulada, que parece sem sentido. O próprio choro, como uma
manifestação emocional de uma força intensa, tem uma expressividade muito grande.
Nesse sentido vemos como o bebê é eficaz, porque ele é capaz de mobilizar toda uma
família, com o seu choro, por exemplo. E essa mobilização dos outros que decorre
Olhando a emoção, nesses seus primórdios, ele vai perceber que a função das emoções é
com o meio social. E, nesse sentido, o primeiro meio com o qual interage a criança não
Então essa ligação profunda da criança pequena com as pessoas, com quem ela convive,
sobretudo com as pessoas das quais ela depende. Isto é: a relação de dependência da
criança com os parceiros mais experientes, mãe, pai, ou outro responsável, compõe
também este quadro em que essas manifestações expressivas têm essa função de
Às emoções, portanto, são o primeiro recurso de interação da criança com o meio social,
por isso elas têm um papel fundamental. E o que permite ao recém nascido da espécie
humana se imergir no meio social e, desta forma, imerso, ter, por exemplo, acesso à
de construção de si.
continuam como um tipo de manifestação muito presente e ainda muito fundamental nas
interações sociais. Porque, como disse no início, as emoções têm uma característica
fica muito claro nessas situações de dinâmica de grupo, por exemplo. Quantas situações
em sala de aula não podem ser melhor compreendidas e a gente ver esse fator? Darei
dois exemplos.
Primeiras situações de turbulência, situações de alvoroço, que muitas vezes têm motivos
muitos concretos para ocorrerem. Motivos concretos e que estão nas bases das práticas
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educativas, que têm que ser ajustadas. Mas outras vezes, essa situação de turbulência e
alvoroço parecem não ter motivo concreto. Mas, ligado à organização da atividade,
podemos entendê-las melhor recorrendo a essa idéia das emoções. Então, muitas vezes,
Mas essa mesma "contagiosidade" das emoções também está presente nas dinâmicas de
grupo de um modo muito positivo. Que é, por exemplo, aquilo que permite que o
professor, quando está entusiasmado com a sua atividade, entusiasmado com aquele
conhecimento, que ele quer partilhar com as crianças, consiga, por meio do seu
entusiasmo, que vai refletir no tom da voz, na expressão dos olhos, na postura de seu
sentido de podermos atentar mais como educadores para a "concretude" da criança, suas
posturas corporais, gestos, que nos sinalizam questões importantes que fazem parte da
Muitas vezes consideramos o movimento como algo que atrapalha. Quer dizer, é
comum, em sala de aula, acharmos que para a criança aprender ela tem que estar
imóvel, tem que estar paradinha, sentada etc. Se formos integrar essas questões mais
movimento, veremos que é o contrário, muitas vezes é graças a essa dimensão mais
movimentar, ao invés de favorecer que ela aprenda, pode impedir que ela aprenda.
O pensamento da criança, num primeiro momento, é muito sustentado no movimento.
Ela precisa se mexer de vários modos, para construir o fluxo do pensamento. Wallon vai
destrinchar o complexo processo pelo qual vai se construindo na criança a capacidade
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de controlar seu próprio movimento. Vai mostrar como isto é difícil, como é custoso e
gradual.
Aspectos fundamentais
Alguns aspectos têm que ficar bem claros.
Primeiro aspecto é essa dimensão mais expressiva do movimento como algo a ser
olhado pelo educador. O educador não compreende a criança só por meio da sua
produção escrita, mas também por meio de sua mobilidade, sua postura corporal, seu
motor. Por exemplo, para a ilustrarmos isto, podemos nos lembrar dos primeiros faz de
Então, esse gesto que representa uma idéia, ilustra o quanto à representação mental está
nós pensarmos o quanto movemos as mãos para falar, ou o quanto pensamos, melhor ou
Sincretismo
Teremos um primeiro momento da inteligência infantil, que é caracterizado pelo
sincretismo. Isto é, a inteligência, ela tem uma característica que o Wallon vai definir
como central, como principal, que é esta de misturar muitas coisas. Sincretismo evoca
qualidade da coisa. Por exemplo, uma situação que a criança tem dificuldade de aceitar.
Uma criança de dois ou três anos que briga com uma outra porque ela descobre que a
Nesta situação em que o menino briga com o outro que diz "minha mãe chama
Eliana”... “E o primeiro menino diz: "minha mãe também chama Eliana!"... "E não
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admite que a mãe do segundo possa ter o mesmo nome que a dele. Vemos um exemplo
de sincretismo, porque é como se o nome Eliana fosse colado à figura da mãe dele,
São várias as misturas que o pensamento sincrético faz e que está muito relacionada ao
próprio estado de fusão e de sincretismo em que ele encontra essa criança, a pessoa da
Pensamento categorial
Então, a direção do desenvolvimento da inteligência é de um estado de total
pensamento categorial.
O pensamento categorial que nada mais é do que a possibilidade de pensar o real por
a cultura - no sentido dos conceitos, dos valores, dos conhecimentos construiu dos pelas
diferenciações. E é por meio da interação da criança com os produtos da cultura que ela
também vai incorporando muitas dessas diferenciações e articulando isso com o seu
modo próprio de pensar. Portanto, a primeira infância é muito marcada ainda pelo
sincretismo.
final para o desenvolvimento da inteligência. Na verdade, ele não vai definir esse
estágio final, ele vai dizer que as diferenciações vão ser tão mais finas conforme as
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adulto. É o pensamento categorial, mas que permite variedades muito grandes entre
Neste sentido, fica mais claro entendermos isso, se pensamos, hoje em dia, por exemplo,
o acesso precoce que as crianças têm a um tipo de linguagem que no século passado
ainda não existia - quando Wallon fez a teoria não existia -, que é a informática, o
pensamento sincrético. Temos poucos estudos, é precoce sabermos qual o efeito disso.
Mas é de se supor que terá efeito, e assim como a nossa época tem este elemento, outras
Neste sentido é uma teoria prudente e está aberta as transformações da própria cultura.
criança, onde vários planos se misturam, onde qualidade e coisa aparecem coladas, onde
muitas vezes temos a idéia de uma confusão, este tipo de pensamento é fundamental e
É fundamental, por exemplo, para as novas invenções, quer dizer, muitas vezes, essas
Então sincretismo é algo há não ser eliminado totalmente, é algo que pode ser cultivado
e que pode ser compreendido neste contexto como algo importante para as criações e
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luz da teoria do Wallon, no que diz respeito à inteligência, dá para dizermos que o
Indivíduo
A pessoa é como se fosse a unidade na qual se articulam movimento, afetividade,
inteligência, mas é ao mesmo tempo uma unidade em si. Isto é, Wallon vai estudar
como se constrói na criança a consciência de si, a idéia de uma unidade subjetiva. Idéia
que não é dada deste o nascimento, porque no início, a criança, é dado que, inserido
neste contexto de fusão emocional, ela não se percebe como uma unidade diferenciada
do outro. Ela se percebe como que fundida, diluída, colada ao outro - quando dizemos
outro, falamos tanto das pessoas significativas, como das próprias condições mais
concretas onde ela está inserido -, e esta consciência de si, vai se construir gradualmente
criança vai tendo que se diferenciar do outro para poder construir-se como uma unidade,
aspecto fundamental.
A conduta de imitação que é algo muito presente na criança em várias fases da vida e
que se vê que a imitação é dirigido às pessoas que lhe são significativas. Nesta imitação,
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o que vemos? A criança incorporar o outro e; por meio desta incorporação, é como se
oposição, que é quando a criança nega o outro, em suas propostas, em seus convites, em
sentido de favorecer a diferenciação, mas uma conduta que vai aparecer em algumas
São duas fases nas quais a oposição ao outro aparece de modo concentrado. Uma fase
no início da infância, que WaIlon situará por volta dos três anos, e que é a fase do
posse de objetos e afirma muito fortemente a independência do seu eu. E outra fase,
sistemática do adolescente ao adulto, por exemplo, é algo que revela essa direção de se
adolescente estar dizendo sim as suas próprias posições, atitudes, convicções e por esse
diferenciação também nunca é total, isto é, o outro é sempre uma dimensão presente
situação. Quer dizer, isso vai ser interessante, WaIlon mostrar que mesmo no adulto há
situações em que o próprio adulto se mistura mais ao outro perdendo a nitidez dos
enamoramento.
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Muitas vezes o adulto diante de oposições das crianças - estamos pensando o adulto o
educador, professor -, que são os alunos, sente se muito incomodado, muitas vezes
desafiado, desrespeitado etc. É claro que por trás das oposições das crianças, múltiplos
são os significados possíveis, e temos que olhar caso por caso, mas como mais um
O papel da escola
A criança não é o resultado linear do meio no qual ela vive. Primeiro, porque Wallon
vai enfatizar a idéia de que a criança vive em vários meios, meios muitas vezes
conflitantes entre si. E que a sua construção vai se dar justamente na relação com esses
vários meios e relação de escolha e priorização que vão definir a construção do sujeito.
Quando falamos vários meios, estamos falando, por exemplo, do meio familiar, que é o
primeiro contexto social com o qual a criança interage; do meio escolar, que é um outro
também de meios não tão concretos, como, por exemplo, o meio dos valores que podem
ser diversos. A criança pode ter acesso aos valores da família, aos valores de uma outra
Essa idéia e importante porque quebra uma idéia muito fortemente presente na escola,
de que a criança é um resultado linear do seu meio familiar. Essa idéia está presente, por
por uma suposta família desestruturada na qual a criança estaria inserida. Esta fala,
torna-se completamente descabida se pensamos neste princípio. Por quê? É evidente que
fortemente cursando a sua historia de vida, das suas relações familiares. No entanto, a
criar outras relações para a criança que diferencie o tipo de relação que ela tem na
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família. E a criança, nas suas diferentes idades, logo aprende que agir diferente em
função de contexto. Vemos isso mesmo na família, que muitas vezes à criança se dirige
ao pai de um jeito e à mãe de outro jeito. Quer dizer, na escola é. A mesma coisa! A
escola pode muito bem construir relações com as crianças que tenha a ver com aquele
contexto e não só imaginar que a criança vai reproduzir na escola relações que ela tem
na família. É claro que ela traz isso, mas ela não se limita a isso! Porque faz parte dos
quais se insere.
Logo, isso quebra a suposição da escola de que para ter êxito em sua escalada educativa,
ela precisa ter uma total sintonia com a educação familiar. Não, muitas vezes justamente
a escola pode ser uma alternativa à educação familiar, e a criança lidar com isso! É claro
que estamos falando de modo generalizado, têm casos de mais dificuldades. Mas como
possibilitar que a criança ocupe lugares diferentes dos lugares que ela ocupa na situação
familiar.
Por exemplo, na família, determinada criança é o segundo filho. E um segundo filho que
tem um determinado tipo de relação com o pai, com a mãe, com os irmãos. Na escola,
essa mesma criança pode ser boa em matemática, pode ser ruim em português, pode
gostar' de ficar com determinados amigos numa situação x, estar com outros amigos
ocupar.
E este potencial da escola é algo muito rico! É comum na escola também colocar a
Diante de uma teoria tão complexa, apenas pincelamos alguns aspectos que apontam
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teórico com preocupações muito atuais, que é como fazermos uma educação para todos
origem social, lugar de nascimento etc. e, ao mesmo tempo, uma educação para cada
um. Que dizer, que a escola consiga dar conta de uma educação que responda a um
direito social, portanto a uma demanda social de uma sociedade que se quer mais
democrática, mais justa e, ao mesmo tempo, uma educação escolar que faça sentido para
Exercício reflexivo: assista ao vídeo sobre a vida e a obra de Henri Wallon pelo link
http://www.youtube.com/watch?v=5yBj9H3FFgI&feature=related
Após os estudos desta sessão e assistir ao vídeo escreva um texto dissertativo sobre o
tema:
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UNIDADE 3
Biografia
Burrhus Frederic Skinner nasceu na Pensilvânia, em 1904, onde viveu uma infância
estável e plena de afeto, porém com rigorosa disciplina. Após uma frustrada carreira
abordagens da Psicologia.
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como "Caixas de Skinner", onde observava os animais de laboratório e suas reações aos
necessidade à ação.
Foi autor de trabalhos controversos, nos quais defende o uso de técnicas psicológicas
homem mais feliz. Skinner morreu em 1990. Publicou sua última obra, chamada
Grega. Uma obra de um homem que começa em 1938, com ratos, e termina com
linguagem, com amor, corp utopia, não pode ser reduzida ao que ele publicou em 38.
Introdução
Skinner, na verdade, traz uma concepção de homem, uma concepção de mundo, que
quase inverte com a lógica tradicional da Psicologia até o momento em que ele se
apresenta. Skinner foi um dos três pensadores mais citados do Século XX, ao lado Freud
e Piaget. Uma das razões pelas quais ele é bastante citado é porque ele foi bastante mal
compreendido. Ele foi muito confundido com Watson. E Watson já teve um grande
impacto, porque ele propunha um estudo científico do homem. Enquanto o homem era
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E Skinner pega este gancho de Watson. Então ele é, erroneamente, confundido com
Watson. O grande erro de confusão é que Watson, ao propor este estudo científico, diz
que só estudará o que for observável, não se interessando por mais nada que não fosse
observável. Então, ele reduziu o homem e criou a "Psicologia SR". Watson, estímulo-
resposta.
Então aquela imagem de que Skinner propunha um modelo de homem autômato, que só
reage aos estímulos do ambiente, que só responde ao ambiente, que é a Psicologia SR,
Watson, que é estudar cientificamente o homem, mas concebe um homem como um ser
em constante construção de sua história, um ser único que não reage ao mundo, mas age
O grande erro, a grande rejeição a Skinner, embora ele seja o psicólogo mais citado do
Século XX, ele é muito mal compreendido, porque as pessoas, num primeiro momento,
o identificam com Watson, com a "Psicologia SR", com a "Psicologia dos Ratos", com
homem é como um rato, e não leem todo o resto e esquecem de ver a "virada de mesa"
que Skinner faz em relação a Watson. Ele diz que o homem não é - o que Watson
propõe -, como um ser que reage aos estímulos do meio ambiente e só nas partes
observáveis. Ele diz que o homem modifica o mundo e é por ele modificado, porque ele
é um ser em constante construção, ele é um ser único. Ele não reage só ao mundo, ele
mundo modificado.
Um dos problemas, que temos que reconhecer, é que ele começou estudando um ser
"muito querido" chamado rato, muito inferior ao ser humano., Mas, por quê? Porque ele
tinha uma preocupação, tal como Watson, de fazer um estudo cientifico do homem. E,
para isso, usou o raciocínio da analogia. Tentou verificar, através de um ser muito
inferior, que princípios de comportamento este ser, infra-humano, poderia ser sensíveis,
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demonstrados com um ser pequeno, podem ser uma amostra, podem ser um modelo do
que ocorre com alguns comportamentos do homem. Foi aí que Skinner, seguindo uma
tradição de estudos científicos, fez estudos de laboratório com rato, onde ele descobre o
Reforçamento positivo
Um princípio que é importante que seja bem entendido e bem explicado, que é aplicável
não só ao homem, mas a qualquer ser vivente no planeta terra. Nós somos, enquanto
seres vivos, sensíveis ao reforçamento. O que quer dizer isto? Nós somos sensíveis às
De onde Skinner tirou isto? Obviamente não foi do rato. Obviamente ele já tinha várias
inúmeros princípios, durante vinte a trinta anos. Foi quando as pesquisas com os seres
com o homem.
uma perspectiva Darwinista. Uma perspectiva de que eu, ser humano, sou de alguma
forma continuidade de outros seres inferiores. Houve uma rejeição quase que religiosa
somos divinos. E Skinner desmistifica isso. Ele não diz que o ser humano é um rato,
muito pelo contrário, o ser humano tem uma complexidade ímpar, reitera isto inúmeras
vezes, o ser humano é único, em constante construção da sua história. Ele tem um livro,
que é o seu favorito, que é um livro sobre linguagem, que se chama "Comportamento
Verbal", onde ele diz que este comportamento é eminentemente humano. Aí ele vai
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do romancear, e isso você não encontra em nenhum outro ser a não ser o homem.
no sentido que não somos seres alienígenas e que têm princípios de comportamentos
O ser humano
Para Skinner o ser humano é produto de três histórias. A história Filogenética, que é a
história da sua espécie. Portanto, muito do que faz é determinado pela Filogênese, pela
espécie a que pertence. A Ontogenética, que é a história de vida individual, de cada um.
Ninguém pode acusar Skinner de ser reducionista, porque ele está o tempo inteiro,
falando que somos seres complexos, que aquilo que fazemos hoje é determinado por
nossa Filogênese, o que somos enquanto espécie. Somos incapazes de voar, por mais
que nosso professor, nosso educador, nos ensine a voar, literal ou subjetivamente,
chamais teremos asas, quer dizer, não-somos ave. A Ontogênese, que é como
construímos nossas vidas, nossas relações com nossos pais e mães, com os professores,
A Cultura envolve nossas práticas culturais, que nos são transmitidas através do
como essas histórias são construídas. Aí ele cria o "modelo de seleção pelas
“O que fazemos é selecionado pelas consequências de nossa ação”. Como mostrou isto?
Começa nos estudos de laboratório, depois evolui do Behaviorismo para o estudo com
crianças, com crianças com atraso de desenvolvimento, com adultos normais, enfim,
"É uma consequência específica que aumenta a probabilidade futura da ação que a
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precedeu". Por exemplo, se pedimos água para alguém e a pessoa lhe dá água, e
estávamos privados de água, a tomamos e ela mata nossa sede, tenderemos, no futuro, a
pedirmos água de novo para alguém da sua cultura, porque o nosso comportamento foi
reforçado positivamente. Ou seja, ele teve uma consequência que nos foi, de alguma
forma, agradável, que atendeu às nossas necessidades orgânicas - de acordo com nosso
exemplo, e isto aumenta a probabilidade futura de que assim nos comportemos, Aqui
Podemos, por exemplo, trabalhar feitos loucos para recebermos nosso salário no final do
mês, ainda que nosso trabalho seja desagradável. A ciência de Skinner, que é chamada
sua ação que foi a descoberta, mas: como fazer? O que é reforçador positivo para um
pode não ser para outro. A descoberta de que o ser humano é um ser individual que tem
seus próprios ritmos, suas próprias características. Então, embora tenhamos descoberto
Por exemplo, apertarmos a bochecha de uma criança e dizermos "ai que lindo!",
podemos estar sobre a hipótese de que aquilo é agradável para a criança, que aquilo vai
aumentar a probabilidade de que ela se dirija a nós, ou que de nós se aproxime, mas não
necessariamente. O que é reforçador positivo para um pode ser aversivo para o outro,
pode ser punitivo para o outro. Agora, a grande "sacada" é que somos sensíveis a um
Dito numa linguagem leiga, Skinner descobriu que o homem é movido pela satisfação,
pelo prazer e pelas consequências de suas ações. Se elas forem punitivas, ele pára de
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fazer o que estava fazendo, até chegar numa supressão, que chamamos "Supressão do
Uma criança que nunca mais vai à escola, quando analisamos o que aconteceu, ela teve
repertório comportamental dela, a ponto dele chegar a zero e ela dizer que nunca mais
voltaria àquela escola. Uma criança que se mantém indo à escola, que sorri quando está
lá, que brinca e faz perguntas para um professor, isto indica que aquela escola tem, no
estas ações tiveram e estas díades - o responder e as conseqüências - não ocorrem num
vazio. Mas num contexto. Então, o Behaviorista Skinneriano olha para o contexto, que
são os estímulos antecedentes, para o responder - é um termo técnico - que são as ações,
Skinnerianos - sempre olha para o mundo a partir dessa lente, das contingências de
reforçamento.
Aprender
A aprendizagem é o grande foco do Behaviorismo Skinneriano. Ele tem um grande
livro, chamado "Tecnologia do Ensino", onde diz que uma das grandes descobertas da
comportamento que podem explicar o aprender. O que ele vai dizer é que, dadas as
condições adequadas, todo ser aprende. Não há aluno problema, não há professor
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O objeto de estudo de Skinner é relacional. Ele diz que o aprender não é o aprender “do
aluno, é um aprender que está relacionado com as condições de ensino e com o manejo
Diz, por exemplo, que um ser para aprender a ler vai precisar de condições contextuais,
que são as condições facilitadoras, para que este ler ocorra e possa ser reforçado
Aqui há algo importantíssimo, é um grande aspecto. "O ideal do aprender é que o ser
alfabetizados, quando lemos uma poesia e temos um imenso prazer em lê-la em voz alta
e imaginamos o que lemos, dissemos que temos uma habilidade cuja conseqüência é
Como o professor faz isto? Essa é a grande contribuição? Como professor, propicia
sucessivas ao comportamento final desejado. Por exemplo, queremos que uma criança
leia uma poesia de Carlos Drumonnd de Andrade, sem silabar, com compreensão e
prazer. Esse é meu objetivo final. Mas, para que comecemos isso, o que precisamos
fazer? Arranjar estímulos, que são os códigos adequados da língua, as letras, as sílabas,
as sentenças, as frases, de um modo gradual, para que, diante de cada etapa, o responder
possa ocorrer sem grandes dificuldades. Têm pesquisas em nossa área demonstrando
Errar
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O errar, ao contrário do que outras abordagens defendem, pode ser importante para o
educador, porque na hora que o aluno erra, o educador está percebendo o que ele não
aprendeu e o que ele, educador, precisa reiterar. Mas para o aluno, para o aprendiz, errar
é extremamente punitivo, aversivo. E o ensino com muitos erros, com muita tentativa e
porque há muitas escolas, hoje, de São Paulo, que, ao entrarmos, lemos: "Pelo caminho
das pedras é que se atinge o estrelato". Novamente, nossa tradição judaica cristã
valoriza o sacrifício, a dor, a penalidade, como algo que tenha mérito. Skinner inverte
Skinner diz que "o aprender tem que ser suave, gostoso, agradável e gradual". Se
quisermos que um ser aprenda a ler, no exemplo que estamos usando, vamos
gradualmente, como se fosse uma brincadeira. Uma criança que é um ser que tem
condições de começar a ler, em torno de seus cinco, seis anos, no momento em que ela
está se expondo aos códigos arbitrários da língua, O que precisamos levar em conta?
Que aquele código arbitrário, por exemplo, a letra a, que só tem sentido para nós, que
somos alfabetizados, mas não para aquela criança, qual é a função disso na vida dela?
Na hora que ela decifra aquele código, ela terá acesso a inúmeras informações que ela
não tem hoje. Isso é relevante para ela? Essa é uma das grandes perguntas que um
Benaviorista faz: "O que quero ensinar é relevante para meu aluno?" Se é relevante para
a cultura, para que ele sobreviva, qual a forma de fazer? Gradual, que obtenha sempre
O que, tecnicamente, tem sido descoberto? Que há alguns caminhos que são mais fáceis
que outros que produzem consequências reforçadoras positivas e alguns que produzem
ritmo?" Quem define é o aluno. Propomos a ele uma atividade inicial, experimentamos.
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Skinner tem uma grande frase que diz: "Nunca tenha verdades eternas. Experimente
sempre". Esta é uma de suas frases famosas. Ele é um pesquisador extremamente aberto
O que não pode, e aqui fazemos um parêntese, é concebermos que este aprender
Ele diz que a concepção de que o ser que aprende é o único responsável por seu
aprender, que ele tem uma estrutura que o responsabiliza, é um conceito rejeitado e
denominado por ele como "Rejeição ao Mentalismo", que é uma concepção clássica na
Psicologia, que diz que temos uma estrutura de mente que é a responsável por aquilo
que fazemos. Skinner vai inverter esta concepção e dizer que somos seres que têm uma
professor, pela escola. Se essas condições forem inadequadas, no sentido de que elas
não são graduais, de que elas propiciam consequências aversivas, este ser não
aprenderá. E não aprenderá não porque ele seja incapaz, mas porque as condições são
inadequadas.
Avaliação
A avaliação assumiu um caráter em nossa escola eminentemente punitivo. Para o
que pensamos que ensinamos, ensinamos de fato. É simplesmente isto. É mais uma
etapa. E, na concepção do ser que aprende, naquela concepção de que o ser que aprende
Quem disse que o aprender se dá em anos, que temos um ano para aprender a ler, outro
foram códigos arbitrários das culturas. Skinner, junto com o professor Fred Keller,
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Porque o ensino individualizado pode ser favorecido pelo computador. Então, quando
isto não é avaliação, estamos no calor do ensino, e, logo em seguida, damos uma
Então, a avaliação nada mais é para o Behaviorismo do que uma etapa do processo de
ensinar e de aprender, onde verificamos do modo mais natural possível, do modo menos
aversivo possível, se aquilo que achamos ter ensinado de fato o aluno aprendeu.
A palavra escola, a origem do termo é “o lugar onde se conversa”. Skinner diz que as
escolas do futuro serão muito diferentes do que elas são hoje. Ao invés de lugares
cinzentos, sombrios, serão lugares agradáveis, com um cheiro bom, onde terão coisas
bonitas, como uma loja, como lugares bonitos que visitamos. Serão lugares onde as
pessoas não serão avaliadas, porque as pessoas não gostam de conversar quando estão
sendo avaliadas. Ele retira da educação aquela avaliação com conotação aversiva, e com
a conotação de que nós estamos julgando o outro. Retira todo esse status de onipotência
coloca como um momento técnico, que podemos, ou não, precisar de uma forma mais
formal. Se tivermos uma condição de ensino e uma infra-estrutura para que possamos
sozinho, sem o nosso feedback imediato, este ocorrerá depois, para dizer-lhe se ele
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momento que retiramos isso para testarmos como ele é sozinho. É só isto, mais uma
etapa.
aprender tem que ser numa atmosfera extremamente agradável, como esse local que
problema que temos é: como medimos qual o nosso acesso? Como professores, diante
de vinte, trinta, quarenta alunos é difícil percebermos que o nosso aluno "Alfredo", os
justamente no dia em que o colocamos numa situação de teste está tenso e choroso. Se
aspectos, uma vez que tivemos algum recurso observável - as duas lágrimas caindo,
Um analista sempre pergunta a um aprendiz: "Você errou esta questão, não errou? O
que você pensou quando respondeu isto?" Onde o Behaviorista está indo agora? Está
indo para um evento interno, que é pensamento. Isto importa para um analista de
Ele diz: "Não, Skinner só estuda o observável e o ser humano é muito mais do que o
observável. Quero estudar este ser complexo". Ele acha que Skinner não se propõe a
isto.
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Um bom analista de comportamento quando vai avaliar um aluno, diz o seguinte para o
puder. Não pegue só o escrito, mas o oral. Não pegue só o escrito e oral, mas as tarefas.
que usa em sala de aula, as ideias, concepções, escritas espontâneas". A escola é muito
Achamos, então, que, basicamente há uma "virada de mesa", onde podemos dizer que
progressista. Diríamos que ele foi um sábio trinta anos na frente do nosso tempo.
Sistema individualizado
Uma das grandes contribuições de Skinner, junto com seu grande companheiro Fred
Keller, foi a proposta de que as melhores condições de ensino são aquelas que respeitam
tem algumas importantes características a nosso ver, porque são coadunastes com todos
os princípios Skinnerianos.
Primeira, a questão de que cada aluno tem em seu aprendizado no seu próprio ritmo.
Segunda característica: divida o curso em pequenas unidades, das mais simples às mais
complexas. Só deixe que o aluno passe para a seguinte na medida em que ele atingir
ensino é o 100%. Se o aluno ainda não atingiu o objetivo, não tem porque ele passar
adiante. E essa passagem é natural. Atingiu 100% na pequena primeira unidade, ele
passa para a seguinte. Então, divida o curso em pequenas unidades; o aluno passa para a
A questão da nota. Se o aluno passou, ele tem 10. Um princípio que está por trás disto é:
dê nota 10 a todos os seus alunos, porque nosso objetivo como professores não é separar
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Se ensinamos um pouco, é porque o aluno ainda não atingiu o objetivo, então ele fica.
Dê nota 10 a todos os seus alunos. Outra característica: diga aos alunos o que se espera
diretor da escola sabe. o objetivo não é uma coisa que tenha uma importância
expositiva é uma das piores condições de ensino. É uma situação em que o professor se
expõe. É um show, uma palestra, mas não temos a menor garantia de que o aluno está
individualizados via computador, ou via livros, ensina muito mais do que um professor
quando. Não exija freqüência, os alunos podem optar por se preparar melhor para uma
outra atividade. Dê aulas expositivas, divirta-se, mas não espere uma grande platéia.
Isso é uma inversão total do que temos em relação à escola, que é o professor num
tablado, falando para trinta ou quarenta alunos, a maior parte do tempo. Na concepção
aquilo. Ao contrário daquele professor que rapidamente prepara o seu "roteirinho", vai
lá, dá um show de cinqüenta minutos e o aluno depois tem que se virar sozinho para
É uma inversão total. Uma inversão baseada em quê? Na descoberta dos princípios.
Sabe-se que se aprende melhor quando fazemos, quando pensamos, quando escrevemos,
ensino individualizado as aulas expositivas são raras, mas sabemos que o aluno gosta de
ouvir o professor, que ele precisa deste momento o professor é o maestro. Outra
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todos os dias de aula estejamos ali, nós e nossos monitores, porque os alunos podem
Porque o ser humano é um ser social e gosta de aprender ao lado do outro, e gosta de
aprender ao lado daquele que está preparado para ensinar. O ensino individualizado foi
criado na década de 70, teve um boom, foi aplicado no mundo todo. No Brasil,
Mas há um grande perigo. O perigo de se entender que não se precisa mais do professor,
que basta um aluno e uma tela de computador. Não é isto. No ensino individualizado,
A escola ideal
Para Skinner, a escola ideal é aquela em que o aluno é atraído por ela não por receio e
medo de ficar longe dela, mas porque nela ele encontra as mais fortes razões para se
Para Skinner, a educação é a chave de uma sociedade, porque é ela que vai fazer com
consciente e autônomo.
Uma grande contribuição de Skinner foi a concepção da forca que a educação tem. Ele
concebe que nós, educadores, podemos compor o que ele Chama de “Quarto Poder”,
“Quarta Força", ou "Quarto Estado". Porque ele considera que os três existentes, que
seria a Religião, a Economia e a Política têm interesses que dizem respeito à sua
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humano, por conhecerem o que move este ser humano, é que serão capazes de trabalhar
princípios behavioristas?
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Num dado momento, há uma festa na escola e o pessoal, do quarto ano, do antigo quarto
ano primário, então a quinta série, resolveu fazer uma música para a escola. Nesse
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tinha cedido. A letra nos surpreende, ela traduzia muito da abordagem. E foi assim, eles
foram escrevendo juntos, foi um produto do grupo. Era uma coisa assim:
"Essa escola é tão pequena, mas parece tão grande, de tanto que a
gente pode fazer tanta coisa que a gente pode fazer. Aqui as
professoras explicam mais de vinte vezes sem fazer 'cara'. Quando tem
que ralar que está errado, rala mesmo, mas também a gente pode falar
quando elas estão erradas, pode conversar. Quando a gente acaba a
lição antes, vai ao Clubinho da Criatividade e pode bolar um monte de
coisas. Um não fica cutucando o outro. Esta escola deixou uma marca
em mim, a gente quer deixar uma marca para ela: o nosso hino."
Conversando, posteriormente, com ele, relatamos que tínhamos uma preocupação muito
grande se estávamos fazendo certo. E ele disse que nunca havia trabalhado com criança
pequena e que tínhamos era uma influencia dele. Sentimos, então, que não se é
rogeriano, não se é igual ao outro nunca, mas são das influências que construímos uma
Biografia
Carl Ransom Rogers nasceu em Oak Park, Illinois, em 1902. Faleceu em La Jolla, na
da Psicologia Clínica, área em que atuou por mais de trinta anos. Um desses princípios é
clarificação dos sentimentos, buscando uma atitude de maior aceitação dos sentimentos
humanista em educação. Concebe o ser humano como sendo bom e curioso, e que
direto com as ideias comportamentalistas de Skinner. É nessa década que Rogers dirige
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centrada no aluno. Acredita que os alunos aprendem melhor, são mais criativos e mais
humano e de facilitação.
descobrir a aprendizagem e poder refletir para o professor o que está sentindo, para
encontrar novos caminhos. Ou seja, a aula deixa de ser padronizada, idêntica para todo
mundo, há uma entrada do aluno nela, há uma participação ativa e real, onde a liberdade
Os insides, os grandes momentos de descoberta não são guardados para si, são
colocados no grupo e o professor tem que estar muito preparado, para acompanhar.
Escuta sensível
O professor, para trabalhar nesta abordagem, precisa desenvolver uma escuta sensível.
compromisso com essa escuta. A escuta sensível é a escuta sem julgamento. É a escuta
capaz até, se for o caso de uma brincadeira, de uma falta de atenção, colocar o limite,
mas primeiro ouvir. Isso é extremamente importante, essa escuta que vai se fazendo
sensível ao ato de aprender e ao significado que essa aprendizagem vai ter na construção
dessa pessoa, Para Rogers, é uma pessoa em construção, não um aluno construindo
"Quando alguém exprime um sentimento, uma atitude ou uma opinião, nossa tendência
é quase de, imediatamente, sentir, 'está certo', 'que besteira', ou 'não é normal,
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pára nunca, Então, não tem fim aprender a ser pessoa, estar aberto às transformações, a
tudo o que está acontecendo ao redor e no interior de si mesmo. E isso precisa ser
trabalhado na escola, porque senão luta-se para se defender contra as coisas que vão
pessoa. A escola recebe uma pessoa inteira, com todas as suas nuances e as suas
Facilitação
A facilitação significa uma situação em sala de aula em que o professor se coloca,
porque ele tem uma escuta sensível ao aluno como individuo e ao grupo como um todo
e, pela empatia, vai fazendo com que a aprendizagem seja conduzida de uma maneira
em que ele funcione não como aquele que ensina que cobra, que enche o pote do aluno
de conteúdo, para depois ele poder cobrar, mas é aquele que vai ensinado e vai
o significado, criar sentido, buscar sentido para aquilo que é novo para ele, fazendo uma
A facilitação parece uma coisa muito difícil. Quando falamos com o professor, fica
lá na frente, conduzia o Workshop, varias vezes sai para tomar aspirina, porque tinha
muita dor. Mesmo o pessoal que estava no pequeno grupo não percebia, achava que
tinha ido tomar água. E, de repente, numa de minhas saídas, Carl Rogers sai por outra
porta e me encontra tomando água, e me pergunta: ‘ O que há? Porque você tem um
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olhar e uma postura de dor’. Eu era praticamente uma estranha num grupo de oitenta e,
da frente, ele pode distinguir a dor que deveria estar visível em todos os meus gestos, E
eu estava de aluna super aplicada, tentando aproveitar ao máximo aquela situação. (Ana
Aceitação
"Quando tento ouvir-me e estar atento ao que experimento no meu íntimo, quanto mais
procuro ampliar esta minha atitude de escutar os outros, mais respeito sinto pelos
complexos aspectos da vida. Sinto-me muito mais feliz simplesmente por ser eu mesmo
e por deixar os outros serem eles mesmos. Mas, paradoxalmente, na medida que cada
um aceita ser ele mesmo, descobre que não apenas muda, mas que as pessoas com quem
Aceitar não é concordar, ela vem antes de tudo. Aceitar que as pessoas são diferentes.
Aceitar que as pessoas têm momentos que não estão idênticos aos nossos. O professor
está. Dando aula, ele tem certeza que está dando o máximo, mas o comportamento de
alguns alunos fere, porque os alunos não estão reconhecendo isso. Como é essa história
pessoas estão com seus outros conteúdos, dialogar aceitando o outro, olhando para o
outro, é diferente de concordar. Concordar pode ser um lavar as mãos: "Vocês não
Até podemos dizer para o aluno: “Entendo o que você está passando, mas não concordo
com a forma como você está manifestando. Isso deve ser muito difícil, isso deve ser
muito difícil para você, mas esse seu jeito de manifestar não posso concordar. Você não
O professor
Concordamos que a profissão fique cada vez mais interessante e mais cheia de vida,
problema é que o professor precisa se preparar para um outro paradigma. Não de que o
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conversar para aprender, precisam entender discutir, outros rabiscam, enfim, são
inúmeras formas de aprender que estão naquela sala com muitas pessoas.
Estamos usando uma fala comum: passar o conteúdo. Esse conteúdo não é para ser
absorvido tal como foi passado, é para ter um sentido, senão não vale a pena estar lá,
nem para o professor, nem para o aluno. Na medida em que o professor perde o medo
de errar, perde o medo de não saber o que o aluno perguntou, ele é real e verdadeiro
ganha mais força. É essa questão que permeia essa construção do humano, até porque o
aluno também vai compreender o que é aprender, porque o professor está em situação
de aprendizagem. A hora que tem um ser que não está em situação de aprendizagem
mais, deu-se o ponto definitivo – é assim, e acabou. Não é, sabemos que não é assim. O
Poder pessoal
Um menino com uma dificuldade muito grande afetiva, uma criança muito complicada,
com muita dificuldade, então de conviver e de aprender. “Isso mostra que essas coisas
andam juntas: conviver e aprender”. Aos poucos, fomos trabalhando com ele, com a
mãe. Ele era um menino submetido a castigos muito grande, ajoelhar no milho, um
menino que não trabalhava muito bom as emoções, não chorava, não ria, sempre muito
fechado. Num trabalho dele junto com a mãe, conversando juntos, ela disse que
começaria a fazer o que fazíamos na escola, dialogar, colocar limites, e não ia mais
bater, se comprometeu. Ele teve uma atitude, pela primeira vez, de uma emoção forte,
de entender o que estava se passando com ele, de expressar. Com isto essa barreira foi
caindo, foi se aproximando e fazendo parte cada vez mais daquele grupo, daquela vida,
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Depois ele foi para o primeiro grau. Um dia ele apareceu com a professora dele e a
apresentou: “Essa é a minha professora de agora, conta para ela como é que faz para dar
O poder pessoal é o poder que é só nosso, por isso é pessoal. É nos colocarmos no
mundo e dizer estamos aqui, precisamos disso, queremos isso. Não é um poder
ditatorial, não é hierárquico, não é atribuído pelo outro, dado, ele é conquistado, é um
direito, até. Ele é bom, é o poder do bem, o poder da pessoa. Da pessoa que é capaz de
lutar para se construir, para se descobrir, para fazer alguma coisa por ela mesma, sem o
aprender, ele foi lutar por ele, da forma como ele viu seus professores anteriores
funcionando.
vezes, é tanto não, tanto corte, tanta punição em sala de aula, que ele só se manifesta na
Congruência
O professor ser congruente faz parte de sua característica de facilitador. Não podemos
ser facilitadores se não nos conhecemos, se nossa atitude não é congruente com o que
Em relação à criança pequena, na pré-escola, existe uma fala que não corresponde de
disto: “Olha, vou ficar triste se...”, há muita condição imposta. “Não gosto quando..”
“Só vai sair se...” O que nos assustava era a criança dizendo: “Eu sou quietinho, né? .
“Estou quietinho, né?” “Você gosta de mim...”. “Eu to quietinho, eu tava bonzinho...”
Parte da conversa, do diálogo, sob condições, colocando o aluno sob uma condição para
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ser aceito, para ser amado, para ter um lugar ali. Isso ensina, de alguma forma, a criança
a não ser verdadeira, nem congruente, porque o professor não está sendo. Na verdade,
ele pode dizer tranquilamente: “João, entendo que você esteja chateado, mas jogar o
livro do outro no chão, não pode”. “Pessoal, vamos parar de fazer barulho, com essa
bagunça eu não consigo trabalhar”. Ele pode dizer: “Eu não consigo trabalhar legal com
vocês neste meio, preciso de silêncio para trabalhar”. É ele que precisa de silencio, não
a turma.
Elas recebiam pratos feitos, todos iguaizinhos. Pedimos, então, que fosse dado a elas o
direito, a liberdade de escolher como montar este prato. A idéia é que eles fariam muita
como eles gostavam que o prato fosse feito. Isso lhes deu uma alegria. Aquela coisa
confusa da hora do almoço, eles falavam que as crianças estavam ranhetas, criando
situações de birra, isso foi melhorando, porque eles não estavam comendo da maneira
que imaginavam que era melhor para eles, do jeito que gostavam, experimentando tudo
o que era novo. Sem problema nenhum. É um exercício pequeno, mas poderoso, de
respeito e de uma escolha que é tão simples, e que não faz diferença nenhuma. Um
pouco mais de trabalho? Pode ser. Mas não é muito trabalho para se construir uma
pessoa.
"Aprendi nas minhas relações com as pessoas que não ajuda, a longo
prazo, agir como se eu fosse alguma coisa que eu não sou. A
aprendizagem pode ser facilitada se o professor for congruente, se ele
for a pessoa que verdadeiramente é e se tiver consciência plena de
suas atitudes."
O Grupo
Inicialmente, Rogers, como terapeuta, começou a discutir a partir do indivíduo. Até se
falava muito que era uma abordagem que não dava conta do grupo, depois não, depois
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Fiquei um pouco mais além do tempo do curso com ele, para conversar sobre nosso
trabalho, que era minha dissertação de mestrado sobre pré-escola, "A pré-escola
para um fato que lhe deixava impressionado: a escola não gerar uma comunidade do
aprender. Isso me marcou muito e, no meu trabalho com as crianças, tive uma
presente, até que os pais as buscassem. Ela viam os professores reunidos conversando
sobre o que acontecia no dia a dia e pediram uma vez à mesa para fazerem uma reunião
– que eles chamaram até de “runião”. Foi uma coisa muito interessante, porque nos
surpreendeu, aceitamos e ficamos, como elas, por ali – talvez do mesmo jeito deles,
curiosos. Elas discutiam com uma das crianças que não podia bater e chorar, porque o
menino batia e já chorava. Sempre parecia que ele era a vítima. E eles diziam que isso ia
acabar.
Outra situação, que me marcou demais, e foi também inesperada. Estavam a auxiliar, a
grupo de vez em quando, e, nesse dia, uma das cri ancas teve diarréia, um dos meninos,
no grupo e não deu tempo de ele sair. Ele se sujou todo e ficou constrangido. A auxiliar
o tirou, saiu com ele para trocar a roupa, e um dos meninos do grupo começou a chorar.
Aquele detalhe da escuta sensível, do olhar sensível: “Por que você está chorando?”. E
o menino disse: "Estou sentido uma coisa, porque ele ficou 'cagado' e ninguém riu dele!
Achei isso bom". Porque na expressão chula da criança, que repeti, fiz questão de
reproduzir exatamente sua fala, ele percebeu uma dimensão do respeito do grupo para
com o colega e que isso era diferente do que ele tinha vivido até então. Estava
percebendo isto: a situação foi colocada no grupo novamente, uma criança de cinco,
certo em uma pode não dar em outra, a maior parte das vezes não dá. Acho que uma
contribuição muito grande que Rogers traz nesta questão de grupo é: "Que grupo é esse?
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Que vida é essa? Quais são as bases de construção dele? Qual é a ameaça que temem e
qual é o tamanho da ameaça que geram quando estão juntos?". (Ana Gracinda Queluz
Garcia)
Limites
O limite não é podar a pessoa, impedir, mas é aquele momento em que há uma parada
tendência à ausência de limites. Uma falsa idéia de poder que os pais acabam dando e
Então, pode tudo e não pode nada. Pode tudo “desde que” entrar em contato com o que
esta se passando na cabeça das crianças. Ou então não pode nada, o que não é um limite.
senhora, tem um botão que desliga, é o mesmo que liga. Se foi ligada, é possível ser
Uma vez, fiquei tão preocupada, a escola ficou tão preocupada, com as reclamações,
com os problemas em relação à alimentação, que fizemos uma mesa com tudo o que os
tomarem um lanche e fizemos uma observação, depois pedimos que eles dissessem
como haviam comido. A maioria havia comido desordenadamente, não obedeceu àquela
ordem que queriam. Possivelmente, não havia coerência, nem consistência na fala deles
Conteúdos
“Por aprendizagem significativa eu entendo aquela que é mais do que uma acumulação
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Uma preocupação que existe em relação a esta abordagem, é ela ficar muito mais no
os alunos tenham acesso às carreiras etc. Mas isso não é verdade. É uma condução de
apenas não deixa Que ele dite as normas”. E se ele não tem significado, é esquecido. Às
vezes o aluno diz uma coisa assim: “Você perguntou uma coisa do bimestre passado, eu
errei”. Ora, mas um bimestre e já errou? Ele quer saber se não vai cair a matéria do
outro bimestre, que ele já devolveu, que é a famosa “Educação Bancária”, do Paulo
Freire, que ele recebeu, já devolveu e já ficou vazio novamente, com vagas lembranças.
Isso não é uma educação de qualidade. Uma educação de qualidade é levar a pessoa
também a buscar na sua liberdade de aprender mais elementos para construir aquilo que
Nunca se falou tanto que a sociedade muda rapidamente e não tem mais um lugar no
futuro para ele predeterminado. É esse conteúdo que põe o aluno lá.
Falava com um educador que me disse que fez as melhores escolas, mas não sabia que
ia lidar com anorexia, drogas, violência, nesse nível, dentro da escola. "A escola é uma
surpresa também para os próprios educadores". Tem-se que encontrar caminhos. Não
digo que este é o caminho certo, mas que é preciso se definir caminhos, sim.
Como podemos ter certeza que o mercado receberá uma pessoa, porque tem
determinado conteúdo?
Acho que se ela tiver: - tolerância; - capacidade de lidar com frustração; - interesse em
pessoas, que contatos precisa ter com gente da profissão que lhe interessa, ou da sua
carreira - relacionar-se; como lida com suas emoções e principalmente com suas
frustrações, o que pode criar; - como ela se aglutina a um grupo, como pertencer ao
Taxativamente: “Venho aqui para pegar o conteúdo e levar lá na empresa e isso tem que
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dar certo”. Perguntei-lhe: “Se você mudar de empresa?”. Ela respondeu: “Aí,
complica”."Um professor que tive dizia, não seja um vagão de munições, seja uma
espingarda. Julgo que a maior parte dos educadores partilharia da opinião de que o
Quando saí de La Jolla, da Universidade de San Diego, ele me deu de presente um texto
dele e disse: "Olha, é um livro que vai sair e está ainda com minhas correções à tinta, a
lápis, mas acho que será útil para você neste momento em que você está escrevendo”.
Aquela confiança básica, ele tinha mesmo. Muitos autores não fariam isso, não
Exercício reflexivo: após os estudos desta sessão sobre o pensamento de Carl Rogers
• Aprendizagem significativa
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3.3.Howard Gardner
Biografia
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inteligência teriam repercussão entre seus pares, mas o que ocorreu foi que sua teoria
uma das coisas mais essenciais é entender porque Gardner não chamou essas
inteligências de talentos. Ele opta não chamar de talentos, porque, disse, que achava
potencial biológico, mas mais do que isto, para Gardner a inteligência está associada à
capacidade de resolver problemas, ter projetos, desenvolver coisas, projetos que sejam
socialmente, úteis e, mais do que sonhar, ir atrás de realizar esses projetos. Aí ele diz
uma coisa interessante, que para criar alguma coisa socialmente útil não temos uma
forma só de criação. Temos a criação na arte, na música, uma criação voltada para sua
profissão. Então, o que ele percebe estudando pacientes com danos cerebrais, estudando
diferentes pessoas, olhando para os alunos, é que temos múltiplas inteligências. E que
diferentes do cérebro. É quando todas as pesquisas dele se juntam e ele diz, é quase nas
vésperas de publicar "Frames of Mind", não é para chamar de talentos é para chamar de
Gardner sempre foi interessado pela arte e música, em particular. Tendo sido, inclusive,
pianista e professor de piano. Por que a arte raramente aparece nas pesquisas sobre o
funcionamento da mente humana? Aí está o início dos estudos que o levaram a teoria
pesquisas são feitas a partir de pessoas que sofreram danos cerebrais e perderam parte
de uma faculdade. Então se pergunta: será que há um lugar especial no cérebro para as
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artes, ou para a linguagem, ou para questões que envolvam a lógica? Ao final de vinte
anos de estudos, Gardner tem um trabalho pronto a ser publicado, quando é procurado
pela Fundação Européia Bernard Van Leer, com um desafio: como essas pesquisas
sobre cognição podem auxiliar na educação? Após ampliar muito seus trabalhos,
publica seu livro "Frames of Mind" - Estruturas da Mente -, com as bases da teoria das
Inteligências Múltiplas.
Inteligências
A primeira versão da teoria das Inteligências Múltiplas tem setes Inteligências. Por que
sete? Número mágico! Não. Porque naquele momento eram as capacidades que Gardner
tinha identificado. Ele dizia que duas já estavam amplamente estudadas: a lógica
pessoas que escrevem e que falam, que lidam, criam, resolvem problemas, através de
têm uma grande capacidade de olhar de forma lógica para os problemas que têm para
Além dessas duas, que o Gardner dizia terem sido amplamente estudadas, exatamente
Também temos duas inteligências mais pessoais, no seguinte sentido, elas estão ligadas,
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entender o outro, captar o outro na sua essência, presente muitas vezes nos vendedores e
legítimo outro.
ao autocontrole.
A inteligência musical, que é aquela inteligência que nos permite criar. Óbvio que o
capacidade musical, que é a sensibilidade a sons, a ritmos, a música como uma das sete
inteligências.
primeira, é que Gardner já disse que infinitas não são. Porque depois de um tempo,
todas as inteligências - oito, nove -, que você conseguir mapear, elas serão suficientes
Mas ele diz também que não são só sete, eram sete naquele momento, de lá pra cá já são
inteligência naturalista.
ambientalistas, nos estudiosos do ambiente, ou nos paisagistas. Pessoas que são capazes
de perceber no ambiente, mas o ambiente pensado como meio em que se vive e não
necessariamente todo o espaço, coisas que outras pessoas não percebem. Podemos
passar perto de uma árvore e ela ser só uma árvore. Mas, um naturalista, ele olha para
aquela árvore, diz: "essa folha é uma folha diferente, será que essa folha tem relação
Existe outra inteligência, que Gardner diz que, por enquanto, ele prefere chamar de meia
inteligência, embora tenha uma briga bastante interessante aí. Que é a inteligência
espiritualista para alguns, ou existencialistas para outros. Essa é a inteligência que seria
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Gardner diz que há comprovações neurológicas que a fé interfere, por exemplo, muito
na cura de doenças, na sua própria ajuda, a fé religiosa. Mas ele ainda não consegue
Ele diz que, por enquanto, ele nem refuta, mas ele também não diz que é.
Aqui no Brasil, alguns pesquisadores trouxeram uma outra possibilidade, que foi a
inteligência pictórica. Essa inteligência vem sendo estudada desde, mais ou menos,
pictórica, do desenho. Isso também está em estudo, ela é muito validada aqui no Brasil,
Se, são sete inteligências, dez inteligências, nove inteligências, oito inteligências, não
são fundamentais.
múltiplas. Por que isso é fundamental? Porque isso marca a diferença entre as pessoas.
As inteligências são múltiplas, são originais na sua forma de agir para cada pessoa,
como uma impressão digital. A teoria das inteligências múltiplas tem a sua importância
quando assumimos que todos os alunos são diferentes, que a aprendem de formas
diferentes e que, por isso, precisam ser considerados nas suas diferenças.
Inteligência fundamental
A inteligência fundamental é aquela que, na hora da criação ou da resolução do
problema, se manifesta para nós como inteligência que puxa a outra, numa combinação
Mas veja, uma hora isso pode acontecer com a lingüística, outra hora pode ser espacial,
outra hora pode ser pictórica, outra hora a naturalista, vai depender do problema que
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com uma jogadora de vôlei, e perguntamos-lhe: "como é que você explica as jogadas?".
E quando ela começou a explicar as jogadas foi interessantíssimo, porque ela diz assim:
"olha, quando estou na quadra, começo a olhar para quem está lá do outro lado. Então
começo ler os sinais: descubro quem está nervoso, descubro quem está desatento, leio
os sinais. E, aí, quando a bola vem para mim, elaboro o arremesso com a intenção de
fazer esse arremesso chegar àquela pessoa". Ao longo de toda a vida, as inteligências se
Os potenciais de cada um
Todas as pessoas têm potencial para se desenvolver em todas as inteligências. O
problemas que tivermos que resolver durante a vida, exigirem uma a mais, outra
amenos, teremos um perfil final diferente. Mas elas se desenvolvem ao longo de toda a
vida, e se desenvolvem para todo mundo. Então, a teoria das Inteligências Múltiplas
Aliás, Piaget e Vygotsky são dois autores muitíssimo utilizados e estudados por
E Piaget, Gardner faz uma única critica, que na verdade não é uma critica, é uma
observação entre teóricos, nem todo mundo concordou com Piaget, o próprio Vygotsky
se deu esse direito, de fazer uma única observação: ele diz que ninguém no mundo
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Emoção
Afinal de contas, a emoção é ou não é uma inteligência? Gardner tem posicionamentos
muito claros. Ele dirá que, assim como a moral, as emoções são produtos das
Críticas
É preciso dizer que teoria das Inteligências Múltiplas não é exatamente uma
unanimidade, veremos que ela é importante para nós que somos educadores, porque ela
Uma das críticas que as pessoas fazem ao Gardner é que não se trata de uma teoria, por
Eles costumam dizer, e a resposta é sim. É uma teoria empírica. O que significa isso?
Significa que ela foi feita com bases em observações, em leituras de indícios, em
leituras de sinais. Gardner e sua equipe tomaram todas as providências para que ela
efetivamente fosse uma teoria. Criaram oito critérios para definir se uma inteligência
pode ou não ser considerada assim; fizeram pesquisas com populações muito diferentes
- quando dizemos populações, estamos dizendo sujeitos que foram objetos de pesquisa;
fizeram à teoria.
E Gardner diz que a vantagem dela é que ela é empírica. Por quê? Porque ela tem uma
base sólida, um núcleo sólido, que é a multiplicidade da inteligência e a partir daí ela
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Como é que colocamos o que seria um talento como uma inteligência?, uma habilidade
como uma inteligência? É interessante, porque Gardner diferencia, diz: "é muito
diferente uma criança chutar uma bola, do que um atleta chutar uma bola".
Por quê? Porque a criança, quando chuta uma bola; pode não estar querendo nada, a não
ser chutar a bola, mas o atleta, quando ele arremessa uma bola, ou quando ele chuta uma
bola, ele tem uma intenção. Ele quer criar uma jogada com uma finalidade bastante
definida, ele tem um problema a resolver e por isso ele faz o arremesso. Ele não faz
o.arremesso a esmo. Ele não chuta de qualquer jeito. Ele faz com uma intencionalidarle,
do corpo, para resolver aquela questão, para criar aquilo que naquele momento é
socialmente útil. Em crianças bem pequenas notamos que elas, às vezes, nem controlam,
elas não andam, mas colocamos uma música e elas balançam. Balançam por quê?
Porque o potencial biológico para a música está lá, o cérebro responde a isso. Isso é
bonito de uma teoria empírica, como essa teoria das Inteligências Múltiplas. Hoje,
tinha razão. Então essa crítica é refutada exatamente por uma outra crítica, que vira uma
Autocrítica
Atualmente, ele mesmo diz que uma crítica que faria à própria teoria é que, quando ela
foi lançada, ele dava muito mais importância à localização rígida das inteligências no
cérebro. Hoje sabe que isso é um pouco mais maleável, não deixa de existir, mas
problemas e necessidades, ele hoje já "relativiza" essa posição fixa das inteligências no
cérebro.
Metodologia
A verdade é que não se transpõe uma teoria para a prática de forma imediata. Os
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para questões de sala de aula. Mas Gardner não fez uma metodologia, ele fez uma teoria
sobre cognição.
Então, se a teoria das Inteligências Múltiplas não tem uma pedagogia associada a ela; se
não é, necessariamente, uma forma pedagógica de conduzir a escola; se não fala sobre
tempo, se não diz sobre currículo, se não diz se é melhor ter mais aulas dessa disciplina
Embora não seja um receituário pedagógico; embora a teoria das Inteligências Múltiplas
desenvolvimento do cérebro; ela tem muitas pistas para a educação. Como diz Gardner,
prática da escola. O cerne da questão, diríamos, a coisa mais importante que esta teoria
Educação personalizada
Isso é o foco. Quer dizer, não significa que devemos ter um professor para cada aluno,
ou uma aula diferente para cada aluno, não vamos entender assim a educação
significa olhar a iodos e a cada um ao mesmo tempo. Significa que, a todo o momento,
vamos nos preocupar tanto com aqueles que avançam sozinhos, pensando o que
podemos fazer para que eles avancem ainda mais, e com aqueles que ficam para trás.
Aliás, segundo a teoria das Inteligências Múltiplas, ninguém deveria ficar para trás,
formas diferentes. Não temos como dizer que com uma boa aula todos aprenderão
simultaneamente, por isso a educação personalizada na escola nos remete a uma outra
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O que é o trabalho diversificado na escola? Bom, ele pode ser entendido de varias
formas diferentes. Uma primeira forma, é termos algumas aulas, ou algum tempo, nas
quais os alunos estão em sala, todos juntos, mas fazendo coisas diferentes, atividades
atividades de livre escolha – momentos ricos esses de livre escolha, porque o professor
pode perceber quais são as forças, quais são as necessidades, o que interessa mais a um
aluno ou a outro. E, depois, o que não interessa, que dificuldades eles têm. Quem é que
consegue levar um projeto sozinho, quem é que precisa de ajuda, que tipo de ajuda.
atenta do educador, uma anotação sobre cada aluno, ele contribui para a educação
personalizada, ele contribui para que o professor possa planejar melhor a suas aulas de
Outro ponto desse trabalho diversificado são momentos em que a escola reúne alunos de
aprenderem uns com os outros. Passamos a ter um olhar menos classificatório, menos
das Inteligências Múltiplas, ela é uma lente para ajudar o professor a ensinar e o aluno a
aprender. Para ajudar o professor a entender porque que o seu aluno não aprende. E
acreditando que todos são capazes, buscar rotas alternativas, caminhos para fazer com
Gardner diz que inteligência múltipla não se testa, em hipótese alguma, se observa, por
isso que é uma teoria empírica. E essa é a grande crítica. E ele diz assim, não estou
discordando que, para efeito de estudos, possa se dizer que tenha um fator geral de
inteligência, que estudamos uma capacidade que todo mundo poderia ter de forma
parecida, mas ela não é única. E, por isso, para Gardner todas as pesquisas que são
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corporal sinestésica. Minto. Não necessariamente. Por quê? Porque uma inteligência
não é a mesma coisa que uma disciplina. Uma inteligência é um potencial biológico,
psicológico, que está relacionado à nossa espécie humana. Uma disciplina é uma
Embora, para aprendermos uma disciplina, nós precisemos de uma inteligência, para
professor que dá uma aula de qualquer disciplina onde o aluno não é colocado, ou
nunca, ou dificilmente é colocado como alguém que pensa, que cria, que resolve
problemas, não pode nunca achar que porque dá aula daquela disciplina tem uma
inteligência sendo desenvolvida naturalmente. Não funciona assim, porque são duas
ensinando tabuada. Dizemos, espera aí, temos que desenvolver a inteligência musical.
Então vamos cantar uma música de tabuada. Isso não é desenvolver inteligência
musical, isso é uma falsa aplicação da teoria das Inteligências Múltiplas. A melhor
aplicação, em que se tratando de atividades genéricas, é aquela que põe o aluno frente à
escola no máximo pode fornecer situações para que o jovem, a criança, o aluno, enfim,
aprender Ciências, aprender Historia aprender Física, não necessariamente para ter aula
sobre inteligência múltipla. Tem um caso interessante de uma escola que anunciava que
se organizava pela teoria das Inteligências Múltiplas. Então, uma, ou duas vezes por
ano, os alunos visitavam a faculdade de música local. Bom, eles podem visitar! Vai ser
Por quê? Repetimos sempre o foco: o que é inteligência para Gardner: resolver
tratando da escola a questão é: o que a escola pretende, como é que ela pretende ensinar,
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como é que ela pretende fazer com que todos os alunos aprendam. Qual é o projeto que
ela tem para cada aluno que está ali. E, o que ela espera, como ela trabalha as
diferenças?
Experimentem fazer isso com seus alunos, perguntem a eles ao final de uma aula: "o
que vocês aprenderam?". E eles não conseguem dizer, só conseguem dizer o que foi que
fizeram. Isso não é uma escola que tenha a teoria das Inteligências Múltiplas como um
dos seus fundamentos. Porque a escola que tem a teoria nos seus fundamentos, é a
escola do pensar, não é a escola do fazer. Às vezes as escolas anunciam: teoria das
inteligências múltiplas no nosso currículo, eles tem aula de judô, balé, natação, aula de
jogos, enfim... Uma criança pode ter feito muitas dessas coisas e não ter movido nada
também são múltiplas. Então, precisamos, ao planejar um tema de estudo, pensar quais
são os veículos que farão aquele tema chegar até os alunos. Será um vídeo? Será um
problema? Será um texto? Será um debate? Será chamar alguém para falar? Será qual
desafio? Qual é a porta de entrada para esse conhecimento? Qual é a porta de entrada
para toda a diversidade de aprendizagem que temos na sala, considerando que cada
Múltiplas quando colocamos o aluno frente a questões que são desafiadoras, quando não
fugimos dos das dificuldades, quando não fugimos das questões difíceis. Escola é lugar
para pensar coisa diferentes, para ter opiniões diferentes, para vencer desafios, para
Por exemplo, há um tempo atrás fazendo um trabalho em uma escola vimos um caderno
de uma criança, e nesse caderno estava escrito exatamente assim: Separe as "sila bas to
ni cas e cla ssifique as palavras". E aí, paramos e pensamos, alguma coisa está errada.
Primeiro que se o aluno está estudando sílaba tônica como é que ele pode escrever
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"sílaba"? Segundo, se ele vai ter que separar as sílabas, com é que ele pode escrever
classifique: "cla, tracinho, ssi fique", nas outras duas linhas? Entendeu? Ele não estava
compreendendo nada! Ele tinha copiado uma atividade que precisava classificar a
Vamos ver outro exemplo!? Escravidão será que vale a pena trabalhar com nossos
com a Lei Áurea, publicada pela princesa Isabel? Será que isso significa que eles vão
imigrantes no nosso país, nas nossas cidades. O que é educar para a compreensão? E
fazer o aluno perceber que quando ele aprende sobre escravidão, ele muda a forma de
pensar, quando ele aprende sobre a terra, ele não tem a visão ingênua de que no Brasil a
Uma vez, em uma conversa, ele disse assim: "Se alguém me perguntasse professor
Gardner, em que escola você colocaria seus filhos? Eu responderia. Numa escola que
isso uma escola adequada seria aquela que ajudasse o aluno a aprender com
compreensão".
Exercício reflexivo: após os estudos desta sessão “teste” suas inteligências múltiplas.
Leia o exercício que se segue e identifique quais das inteligências propostas por
by Howard Gardner
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2º-Você percebe rapidamente quando alguém que está com você, está preocupado com
algo.
começou?”
5º-As pessoas acham que você tem movimentos corporais elegantes, ou tem um bom
ritmo ao dançar.
6º-Você consegue cantar com facilidade, lembrando-se das musicas e das letras.
7º-Você lê com regularidade nos jornais ou revistas artigos sobre ciência e tecnologia.
8º-Você percebe rapidamente erros gramaticais ou de palavras das pessoas que falam
com você.
10º-Você consegue imaginar rapidamente como outras pessoas agem com seu filtro
11º-Você consegue lembrar-se com detalhes, das paisagens e das características dos
15º-Você organiza bem as coisas do seu escritório, cozinha, banheiro, de acordo com
padrões e categorias.
16º-Você tem confiança de interpretar o que as outras pessoas fazem em função do que
elas sentem.
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19º-Quando você conhece pessoas novas, você geralmente estabelece associações entre
20º-Você tem consciência do que você consegue e do que não consegue fazer.
1, 8 e 17 = Intel. Lingüística
6, 12 e 18 = Intel. Musical
3, 7 e 15 = Intel. Lógica-Matemática
4, 11 e 13 = Intel. Espacial
5, 9 e 14 = Intel. Cinestésico-Corporal
10, 16 e 20 = Intel. Intrapessoal
2, 10 e 19 = Intel. Interpessoal
Fonte: http://mscamp.wordpress.com/paginas-escritas/inteligencias-multiplas/
3.4.Edgar Morin
Biografia
Paris, 1921, nasce Edgar Nahum. Com dez anos, perde sua mãe Luna, esta perda o
marcará por toda a vida. Já na infância se interessa por Literatura e Cinema, o que vai
exercer forte influência em sua obra. Durante a segunda guerra mundial Edgar
período, substitui o sobrenome judaico "Nahum" por "Morin", após a guerra, trabalha
Começa então seus primeiros atritos com os comunistas, por sua postura crítica. Já. Sem
emprego, é cada vez mais discriminado no partido comunista. Edgar Morin vive um
exílio interior. Começa a escrever o livro "O Homem e a morte", É na realização desta
obra que Morin forma a base de sua cultura transdisciplinar: Geografia Humana,
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em 1959, onde faz o primeiro balanço de sua vida e de sua participação no meio cultural
e político do seu tempo. Faz uma longa viagem pela América Latina, quando se fascina
pelo mundo indígena e pelo mundo afro-brasileiro. Retorna a França onde publica o
França. Volta ao Brasil, país pelo qual sente grande afeição, onde é recebido nos
especialistas das mais diversas áreas sobre questões relativas à educação nas escolas e
Reorganizações genéticas
Há uma característica comum em toda obra de Edgar Morin, que é uma articulação
muito grande entre a vida dele e as idéias que ele professou, e professa até hoje. Ele
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Nas obras de caráter mais biográfico, ele considera, sintetiza essas reorganizações em
três.
Uma primeira ocorrida por vota de 1941, logo no período antecedente à guerra – Edgar
Morin foi um membro da resistência francesa -, ele aprendeu, através dos autores que
estudava então, que as idéias avançam sempre no antagonismo, nas contradições. Isso
fez com que ele se dedicasse aos estudos de Engels e Marx, principalmente.
Um profundo conhecedor do marxismo, onde encontrou essa idéia de que a dialética era
uma união de contrários, que poderia levar a uma sociedade melhor. Marx defende uma
idéia do "homem genérico". O que é o homem genérico? É o homem que não separa a
natureza da cultura. Essa idéia de homem genérico impregnou muito as idéias futuras do
A Segunda Reorganização, o sistema de idéias dele, é uma penetração maior nas idéias
que viria um dia, no futuro, uma sociedade melhor. Embora Morin tenha acreditado
nisso, acho que a segunda reorganização colocou esse credo marxista em dúvida.
Posteriormente ele vai substituir a palavra dialética pela palavra dialógica, isso nos
A terceira reorganização ocorre dos anos 60 para frente. Morin teve uma grande
permanência nos EUA nesta época, e, lá, entra em contato com três formulações
teóricas que serão decisivas para a construção dos "Cinco Volumes do Método".
Cibernética. Estes contatos teóricos que mudarão, redefinirão o que ele chama de
pensamento complexo.
Pensamento complexo
Nesse processo é muito importante termos sempre em mente as etimologias.
O que quer dizer complexo? Complexo vem do latin complexus, tem o seu verbo
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etimologia da palavra é exatamente essa, porque pode gerar certa confusão, porque
trazer dessa oposição entre o simples e o complexo, mas trazer a etimologia que traduz
Iluminista, que nosso pensamento, nossas idéias, eram conduzidos exclusivamente pela
razão. Não foi por acaso que o século XVII foi entendido como o século do
racionalismo.
O que é a razão? Razão é aquilo que é produto de um cálculo, adequar alguns meios a
alguns fins. Isso é razão. Somos todos seres racionais, como primatas humanas que
somos. Somos racionais. Aprendemos que somos apenas racionais, somos Sapiens.
Hoje, 'se você disser que você é só Sapiens, você está se identificando aos nossos
orangotangos etc. Por isso, ganhamos um segundo Sapiens. Somos Homo - do gênero
Uma das primeiras considerações de Morin, que aparece nos primeiros livros, na língua
do homem, é que se você se define exclusivamente como Sapiens, você está sendo
sistemático demais.
O que significa isso? Que você é: ereto, que você fala, que você saiu das árvores, que
descontrolados, convivemos com a Hybris, e queremos afastar esse lado, como se ele
fosse algo mal, algo que deve ser recalcado. Nós somos, entretanto. E isso nos faz muito
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seja, que todo sujeito humano é duplo, tem um pouco de "Sapientalidade" e também de
"demensialidade".
Então, uma definição mais atual da nossa condição seria: somos Homo Sapiens
Sapiensdemens.
Operadores da complexidade
A segunda idéia que está no Pensamento Complexo são os operadores da complexidade.
é a Dialogia? Dialogia significa juntar coisas, entrelaçar coisas que aparentemente estão
natureza, tudo isso é dialogizar. Ou seja, juntar o que está aparentemente separado.
o operador recursivo - recursividade. O que significa isso? Significa dizer que uma
significa dizer que a causa produz o efeito, que produz a causa. Alguma coisa como se
produzidos por uma união biológica de um homem e de uma mulher, portanto, somos
produto dessa união e, ao mesmo tempo, seremos produtores de outras uniões. Então,
essas palavras: principio operador, base, no sentido de que são operadores, que põem
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desassociar a parte do todo. Ou seja, a parte está no todo, da mesma forma que o todo
está na parte.
Essas são as três bases que modelam o Pensamento Complexo: juntar coisas que
estavam separadas; fazer circular a causa e o efeito e o efeito sobre a causa; e a terceira,
a idéia da totalidade - você não consegue dissociar parte do todo, o todo está na parte,
Totalidade
Com esses três operadores vai se construir a noção de totalidade, mas os movimentos
dos operadores dizem que a totalidade nunca será igual à soma das partes. Estamos
totalidade é sempre mais que a soma, podendo ser, eventualmente, menos que a soma,
porque as totalidades estão sempre abertas. Se elas forem totalidades fechadas, elas
serão sempre iguais à soma das partes. Essa idéia de totalidade como mais e menos que
Homo complexus
Aprendemos, também, que somos seres que criamos culturas. Somos loculis, porque
imaginários. Aprendemos. O que não aprendemos é que somos complexos, ou seja, que
estamos inscritos, que somos hoje o que somos, porque estamos inscritos numa longa
ordem biológica, que nos fez como somos agora. E também nós somos seres produtores
Aprendemos, talvez pelas instituições escolares, a 'recalcar o lado da natureza. Não nos
percebemos também como seres, que somos uniduais (100% natureza e 100% cultura).
Talvez seja uma herança da razão, do racionalismo do século XVII, que nos gerou essa
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idéia de que, os imaginários, os mitos, as artes, não faziam parte da ciência. Tudo aquilo
alma humana. Portanto, eu creio que devemos romper com a separação entre as artes, a
se traduz por um conjunto de regras que você utiliza para conhecer determinadas coisas.
Usamos a razão em todas as nossas atividades. Muito bem, isso existe nos humanos
desde sempre, desde esses 130 mil anos, sempre fomos racionais. Em alguns momentos
alguns homens do planeta, foram considerados como seres que não tinham razão. Por
absolutistas da França, para serem literalmente apalpados pelos membros da corte, para
ver se eles eram homens, porque eles eram considerados como primitivos, inferiores,
Isso foi uma grande incongruência que a própria ciência construiu sobre nós mesmo.
Então, todos os imaginários presentes no cinema, nas artes, na literatura e nos mitos,
serão afastados como não científicos. Junto com essa noção está idéia de racionalidade.
O que é a racionalidade? É quando você adequa meios a fins. Pouco importa se você
minimiza os meios para maximizar fins, ou se faz o contrário, maximiza os meios para
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A racionalização, esse é o pior efeito da razão. Quando a razão se fecha nela mesma e
não quer saber de nada mais que faça parte desses conjuntos imaginários que estão
presentes nas artes, na literatura etc., afasta isso, e razão constrói um ídolo a respeito
dela mesma, ela se considera com a "razão ídolo". Esses são os obstáculos, criados à
idéia da "unidualidade".
Tetragrama organizacional
Algo que o Pensamento Complexo também considera, é de que qualquer atividade, de
qualquer sistema vivo - estamos falando aqui de homens, homens reais, Homo Sapiens
abelhas, nossos primos, os primatas não humanos. Enfim, qualquer atividade de sistema
vivo é guiada por uma tetralogia - tetra (quatro), ou seja, envolve relações de ordem, de
O sistema sempre é algo que vive na irrupção da desordem, o que faz às vezes com
que... Edgar Morin às vezes define: o que é a terra?, O planeta Terra? O planeta Terra é
vive à deriva. Não se sabe exatamente para onde esse planeta esta indo.
Há uma frase de Marx, que o Morin sempre costuma usar como recurso explicativo. Há
uma passagem do Marx, nas teses do Foreman, que diz respeito à noção de educação e à
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educação deve antes de, mais nada, começar com a reforma dos educadores".
aparato, por isso não há um pensamento que seja inferior a outro. Os índios do Brasil
não pensam de uma maneira inferior aos urbanoides de São Paulo. Todos pensamos
com os mesmos recursos, nosso cérebro é igual, pelo menos enquanto Sapiens Sapiens-
Demens.
Mas a razão cartesiana, foi atribuída ao Descartes essa frase, que talvez seja uma das
responsáveis por tudo isso. Disse Descartes: "Penso, logo existo" - Cogito ergo sumo E,
mais do que isso, a visão cartesiana separou o sujeito que pensa, chamado "Eras
Cogituns" da coisa pensada, chamada "Res Ecstences". Com isso se introduziu uma
ruptura entre o sujeito e o objeto, e, mais do que isso, a visão cartesiana nos impôs um
paradigma.
visão do mundo que nós aprendemos que nos é legado inconscientemente. O paradigma
A reforma do Pensamento é uma coisa indômita, que nós temos como se tivéssemos
que reaprender a pensar. Reaprender a pensar a religar todos esses continentes que
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Transdisciplinaridade
"A transdísciplinaridade significa mais do que disciplinas que colaboram entre elas em
modo de pensar organizador que pode atravessar as disciplinas e que pode dar uma
Como nós aprendemos a separar as coisas, sempre fomos ensinados a isso, e que
sabemos que precisamos religar o que foi desligado, que foi separado. Poderíamos nos
transdisciplinar.
Mas de uma meta ponto de vista sobre a vida, a terra, o cosmo, a humanidade, o
meta ponto de vista. Ou seja, vai-se saber da Terra, juntando especialistas em biologia,
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Você reunir, não como uma assembléia de diferenças, mas onde cada um está dando sua
contribuição para a construção de uma meta ponto de vista. O que é a vida? Respostas a
essas exigências.
O que era "Jornadas Temáticas"? Era simplesmente uma discussão sobre os meta
planos: terra, vida, culturas adolescentes, o homem, humanidade, cosmo etc. "O
em cada tipo de conhecimento ou em cada disciplina. Quer dizer, se permitir fazer uma
posição na escola, na sua relação com os alunos, na sua relação com os currículos, na
O erro e a ilusão
Erro
O primeiro saber diz respeito à idéia de erro. Por quê? Porque a ciência se acostumou a
sempre afastar o erro das suas concepções. Tudo aquilo que era considerado como erro
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devia ser afastado. Precisamos integrar os erros nas concepções para que o
Conhecimento pertinente
O segundo saber diz respeito à idéia do conhecimento pertinente. O que é o
conhecimento pertinente? O que nos foi legado foi à idéia de fragmentação. Quanto
mais você fragmenta as disciplinas, melhor o conhecimento avança. Quanto mais você
vai na contramão dessa idéia. É preciso não aniquilar a idéia da disciplina, mas
ecologia, por exemplo. A ecologia é uma ciência que junta áreas de conhecimentos as
psíquicos, míticos, imaginários. Então, o terceiro saber diz respeito a esse reaprendizado
Terra pátria
Procurar o saber diz respeito à identidade terreno., identidade da Terra. O que é a Terra?
É nossa Terra pátria. Precisamos ensinar aos alunos que a Terra é um pequeno planeta,
que precisa ser sustentado a qualquer custo. A idéia da identidade terrena está ligada à
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Enfrentar as incertezas
A ciência cartesiana construiu a idéia de que tudo que é científico pertence ao reino da
certeza. Em 1927, Werner Heisenberg construiu seu famoso Princípio da Incerteza, por
isso ele foi agraciado com o Prêmio Nobel, na época. E o que diz o princípio da
incerteza?
como partícula. Nós também, seres humanos, somos ondas e partículas, ou, melhor
somos ondas, como seres portadores de muitas multiplicidades. Então, temos que
produtor absoluto de certeza, deve, ao contrário, ser crivado pela idéia da incerteza. A
incerteza seria aquilo que comanda o avanço do saber, a avanço da cultura, sem
certezas. Seria incorporar essa idéia nos ensinos de Química, Física, História, Geografia,
Línguas, Filosofias, produzir que tudo aquilo que foi criado pelo homem é crivado pela
idéia da incerteza.
Ensinar a compreensão
A compreensão deve ser um meio e o fim da comunicação humana. A comunicação
humana deve ser voltada para a compreensão. Se olharmos para nossas instituições de
disciplinas que brigam com as outras, departamentos que não se entendem com os
qualquer nível que ela se exerça. Poderemos estender a idéia da compreensão, dizendo
que o planeta também precisa de mais compreensão. Hoje, olhando para o planeta Terra,
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complexa.
O que é a ética? Poderíamos resumir, dizendo que a ética significa apenas não desejar
para os outros aquilo que você não deseja para si mesmo. A ética do gênero humano é
irltroduzido nas escolas e essa é intropoética ela está ancorada em três elementos: o
saberes na reforma da educação. Quer dizer, não se trata de transformar os sete saberes
O que poderia acontecer com isso na vida prática de uma instituição?, Fosse ela do
Isso, traduzido numa grade curricular, implicaria que fossem dados elementos de
Antropologia, e não mantê-las separadas. E claro que isso exige um novo tipo de
professor.
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disciplina, não se trata disso! É o pensamento que abre a disciplina a outros campos. E,
se fosse introduzido minimamente nas escolas, certamente a educação iria para outros
rumos.
Recursos fundamentais
É claro que há pressupostos, é claro que há fundamentos, é claro que há recusas.
Algumas recusas são fundamentais, tem-se que recusar a separação entre a razão e a
emoção, por exemplo! Recusar a separação entre ciência e arte, ciência e mito, que está
A segunda. Tem-se que assumir, e recusar, e assumir as implicações da recusa que entre
de tensão. Entre o local e o global não há nunca uma relação de total harmonia.
São opostos que se juntam, mas que precisam ser entendidos dessa maneira. Muitas
vezes nos tendemos a isolar os opostos, como os opostos que seriam irreconciliáveis.
O Pensamento Complexo nos ensina a assumir a tensão entre o cenário universal, entre
o global e o local, entre o individual e o coletivo. Assumir a tensão, mas tentar fazer
com que se estabeleça um canal de comunicação entre esses dois elementos. Em outras
palavras, o que era aparentemente considerado como oposto, pode dialogar entre si.
A terceira recusa, talvez seja a mais complicada, é aquela que diz que precisamos
instituições, que não seja o Estado, que o fazem, e por vezes o faz até muito melhor. O
Estado é regido por normas, padrões, religiosidades. Ou assumir, apenas, que o Estado
não é o único balizador dos movimentos do conhecimento científico. Junta-se essas três
Poderia se pensar que não seria estranho, por exemplo, numa escola, ao invés de
Filosofia, ter uma disciplina denominada a Filosofia da Incerteza. Nada impede que se
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ensine, tenha-se uma disciplina com o nome Fundamentos da Condição Humana. Nada
impede que se tenha uma disciplina que diga Indeterminações da Terra Pátria Há um
poeta francês, conhecido do Morin, que esteve presente nas jornadas, que se chama
E esse poeta dizia como era importante, antigamente, quando os indivíduos da geração
dele tinham que aprender de cor um poema, porque senão não passavam de ano.
Aprender de cor um poema não era meramente ficar repetindo o poema como um
papagaio, diz esse poeta. É que cada vez que você recita um poema de cor, você abre
Da mesma maneira, podemos dizer a mesma coisa no que diz respeito às Línguas. Toda
vez que se aprende uma Língua nova, agregam-se conhecimentos, abrem-se janelas para
Exercício reflexivo: após os estudos desta unidade faça uma síntese sobre os principais
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UNIDADE 4
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atividade humana, principalmente a psiquiatria (parte da medicina que trata das doenças
tornando-se, talvez, a figura mais famosa da psicologia. Esse médico vienense, durante
o dia, tratava doentes com distúrbios nervosos e, a noite, escrevia suas observações e
motivado, e que os motivos estão geralmente escondidos do individuo, o que leva muito
superego. Muito da ansiedade humana resulta do conflito interno entre esses três
Doutrina Freudiana
Libido: Observando seus pacientes, Freud constatou que, na maioria das vezes, a
doença mental é provocada por um problema sexual. Além disso, Freud também
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Freud dá o nome de libido ao impulso sexual. Libido é uma palavra latina, feminina,
que significa prazer. A libido é uma força de grande alcance na nossa personalidade; é
Após alguns anos. Freud ampliou o sentido da palavra libido, abrangendo, também, o
Id: É a parte irracional ou animal, biológica, hereditária, que existe em todas as pessoas,
Superego: Desde que nascemos, vivemos em um grupo social do qual vamos recebendo
influências constantes. Desse grupo vamos absorvendo, aos poucos, idéias morais,
religiosas, regras de conduta etc., Que vão constituir uma força em nossa personalidade.
A essa força, que é adquirida lentamente por influencia de nossa vida em sociedade,
Ego: O que procura manter o equilíbrio entre essas forças opostas é a nossa razão, a
nossa inteligência, à qual Freud chama de ego. O ego tenta resolver o constante conflito
Quando o ego consegue equilibrar as duas forças conflitantes, a saúde mental normal é
normal. Mas, no momento em que o ego não consegue mais manter essa harmonia,
antagônicas: o id e o superego".
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Níveis da vida mental: Ao apresentar a sua teoria, Freud explicou o que ele entendia
por inconsciente. Não foi ele, porém, que primeiro afirmou a existência de uma vida
mental inconsciente. Não foi ele, porém, que primeiro afirmou a existência de uma vida
Freud explicou que a nossa vida mental se dá em três níveis consciente, pré ou
subconsciente e inconsciente.
imediato. Por exemplo: sei o que estou pensando, sei das percepções, das emoções que
agora em minha mente, mas que são do meu conhecimento. Sei da existência dos
mesmos, posso chamá-los à minha mente quando quiser ou necessitar. Posso evocá-las.
Por exemplo: posso reviver, em certos momentos, muitos fatos que se passaram comigo,
nos quais não estou continuamente pensando: evoco lembranças, emoções etc. Esses
fatos, tanto os que estão acontecendo agora em minha mente como aqueles que eu
Nível inconsciente. Para entender a teoria de Freud, é importante aceitar a existência dos
psicanalíticas (a associação livre, a análise dos sonhos e a análise dos atos falhos);
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Segundo Freud, o impulso sexual já se manifesta no bebê – como e ser comprovado pela
observação direta de crianças e pela análise clínica de crianças e adultos, bem como
pela similaridade das manifestações do impulso sexual entre elas e o adulto: beijos,
Em 1905, em seu livro três ensaios sobre a sexualidade, Freud descreveu a seqüência
típica das manifestações do impulso sexual, distinguindo cinco fases: oral, anal, fática,
de latência e a fase adulta, chamada genital. A transição de uma fase a outra é muito
Fase oral (de 0 a 18 meses). Durante o primeiro ano e meio de vida, aproximadamente,
os lábios, a boca 'e a língua são os principais órgãos de prazer e satisfação da criança:
seus desejos e satisfações são orais. Essa afirmação baseia-se na análise clínica de
importância, para crianças dessa idade e mesmo mais velhas, de atos como sugar, pôr
pessoa crescerá de maneira psicologicamente saudável; se não o forem, seu ego será
imperfeito. Por exemplo, se as necessidades orais forem frustradas durante esse período,
por desmame prematuro, por afastamento rigoroso de todos os objetos para sugar
(incluindo o polegar), o ego poderá ser incapaz de superar os desejos orais frustrados.
Fase anal (de 18 meses a 3 anos). No ano e meio seguinte, época em que a criança está
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expulsão como com a retenção das fezes, e esses processos fisiológicos, bem como as
fezes em si, são objeto do mais intenso interesse da criança. Esta é a chamada fase anal.
Se, durante este segundo estágio, sobrevierem muitas frustrações, devidas a um treino
excessivamente severo de controle dos esfíncteres, o ego poderá ser prejudicado em seu
limpeza e a meticulosidade (no adulto) a frustrações ocorridas fase anal. Esses traços
no plano material quanto no mental) tem sido relacionada com exigências excessivas de
Fase fálica (de 3 a 7 anos). Por volta do final do terceiro ano de vida, o papel sexual
principal começa a ser assumido pelos órgãos genitais e, em regra, é por eles mantido
até a vida adulta. Essa fase do desenvolvimento sexual recebeu o nome de fálica (falo =
pênis), pois o pênis é o principal objeto de interesse para a criança de ambos os sexos.
Nesta fase, merecem menção algumas manifestações do impulso sexual. Uma delas é o
interesse pelas diferenças anatômicas entre os sexos. A criança deseja ver os genitais
das outras, bem como mostrar os seus. Sua curiosidade e exibicionismo, naturalmente,
incluem outras partes do corpo, bem como outras funções orgânicas. Durante esse
período, a criança se interessa também pelo papel que o pai desempenha na procriação,
pelas atividades sexuais dos pais, pela origem dos bebês - temas freqüentes de suas
ainda nessa fase que aparecem' os complexos de Édipo e de castração. Os, psicanalistas
chamam de complexo de' Édipo a atração da criança pelo progenitor do sexo oposto,
que ocorre aproximadamente dos 3 aos 5 anos. (O jovem príncipe Édipo, personagem-
título da tragédia grega Édipo rei, de Sófocles, assassina o pai e casa-se com a mãe.)
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ama o progenitor do sexo oposto; percebendo, porém, que este tem uma afeição especial
pelo progenitor do mesmo sexo que ela, procura assemelhar-se a este ultimo, identificar-
se com ele, para também merecer o amor do progenitor do sexo oposto. Uma menina,
portanto, gosta muito de seu pai e percebe que este tem especial afeição para com sua
mãe. Então, para merecer o amor do pai, procura identificar-se com a mãe, imitando-a
(usando sapato de salto alto, batom, ocupando-se das tarefas maternas etc.). Esta
menina, vivendo num lar harmonioso, tornar-se-á bem feminina. Transpondo, porém, a
mesma situação para um lar em que o marido deprecie a esposa, a filha deste casal – que
ama o pai e quer sua afeição – não procura identificar-se com a mãe, e quem não julga
bom modelo. Para evitar parecer-se com ela, poderá tornar-se uma personalidade com
menino: num lar normal, harmonioso, o menino procurará imitar o pai, para merecer a
afeição da mãe, a quem muito ama. Tornar-se-á bem masculino. Todavia, num lar em
desejando o amor da mãe, não procurará imitar o pai. Ao evitar o modelo masculino,
poderá tornar-se uma personalidade com características femininas. É neste período que
cada um assumira sua identidade sexual para toda a vida. Segundo Freud, o complexo
infantil, o pai, inicialmente amado, passa a ser temido, pois o menino receia que, por
ciúme, seu genitor queira realmente tirar-lhe os órgãos sexuais. No final desta fase,
sobrevém a repressão da hostilidade para com o pai e do amor pela mãe. Freud, porém,
não explicou o desenvolvimento das meninas tão explicitamente quanto o dos meninos.
Todos nós sofremos uma amnésia infantil, isto é, comumente esquecemos, à medida que
crescemos os interesses sexuais de nossa infância. É mais exato dizer que as lembranças
Tanto nos meninos quanto nas meninas, outra consequência do período edipiano é o
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criança adquire seus padrões, seus valores. Ela aceita como regras de ação, fazer o que
os pais aprovam e evitar o que eles condenam. Quando a criança transgride essas regras
ou normas, uma “voz interior” condena-a e a faz sentir-se culpada. A obediência aos
padrões morais dos pais alivia seu medo de perder o amor deles, a mais séria das
ameaças.
A fase fálica apresenta grande tensão e muitas dificuldades para a criança, “Sua solução
de nossa vida. Práticas inadequadas e educação das crianças resultarão em prejuízo para
infância ou, em outras palavras, pela qualidade da alteração entre a criança e os adultos
significativos para ela. (A esse respeito, Freud afirmou: “a criança é pai do homem".)
Fase de latência (de 7 a 12 anos). Após as fases oral, anal e fálica, segue-se a de
Em relação à fálica - com tantas dificuldades e tensões – esta fase parece ser bem mais
libido, barreiras essas que Freud identificou como repugnância, vergonha e moralidade.
Esta é uma época de nítida separação entre meninos e meninas: de rivalidade entre os
dois grupos. Depois da puberdade (que ocorre aproximadamente dos 12 aos 4 anos para
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as meninas e dos 14 aos 16 para os meninos), começa a fase adulta, que: é conhecida
como genital.
Fase genital (idade adulta). Segundo Freud, nesta fase, a libido, através da atividade
sexual normal, é descarregado em um ser humano 'sexo oposto. É a fase dos interesses
social. Adquirida, procurando impedir a satisfação da libido. Nossa razão, ou nosso ego,
defesa do ego os modos de equilibrar essas duas forças opostas, alguns dos quais são:
entre nossas tendências naturais e nossa consciência moral, que as julga más e
tendências o id, não pensar nelas, ignorá-las, tomá-las inconscientes ou recalcá-las. Por
exemplo, uma pessoa que tenha agressividade para com seu pai poderá reprimir esse
adormecidos, através dos sonhos; outras vezes, quando estamos acordados, através dos
Conversão. Freud explicou que, muitas vezes, não conseguimos harmonizar os impulsos
do id com o superego por meio de outros mecanismos. Então, a luta, o conflito entre
essas duas forças vai se converter em um sintoma físico: paralisia, dores de cabeça,
perturbações digestivas etc. No século XX, a medicina mudou seu modo de encarar
Aceitam que o estado da mente influi no corpo e vice-versa. Existe uma inter-relação
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mente estão muito ligados; não podemos aceitar que: nosso corpo esteja bem quando
temos problemas emocionais. Por outro lado, a doença física faz a p1essoa pessimista,
deprimida etc. Corpo e mente são dois elementos que se interinfluenciam. Conversão é,
Arthur Ramos, no livro A criança problema que muitos dos problemas emocionais das
aceitáveis. Os psicanalistas afirmam que uma pessoa pode satisfazer seus desejos
Psicanálise e Educação
de sua vida infantil. A importância atribuída pela psicanálise à infância das pessoas, sua
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Exercício reflexivo: a teoria de Freud foi ampla e discutiu vários temas relacionados ao
desenvolvimento humano. Eleja quais você entende que podem contribuir com a sua
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Bibliografia
FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade. Rio de Janeiro, Ed. Imago, 1973.
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Avaliação
Ao final deste estudo você irá realizar um momento individual de avaliação. Você e o
conhecimento aprendido. Procure responder as questões sem o auxílio dos textos. Se
não conseguir, não desanime. Releia tudo e tente novamente. Lembre-se que o
compromisso em aprender deve ser a meta principal do seu esforço.
ATIVIDADES AVALIATIVAS
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4) Quem foi Freud? Situe-o no tempo e no espaço. O que Freud chama de libido?
O que é id, na teoria freudiana?
Bom trabalho!
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