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CURSO DE DIREITO

PROCESSO PENAL I

PROFESSOR : RENÉ ALMEIDA

PROCESSO PENAL I

AÇÃO PENAL

CONCEITO

É o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto. Com a


ocorrência de um crime nascerá para o Estado o persecutio criminis, ou seja, o
direito/dever de submeter o autor dos fatos ao processo penal para que seja
aplicada a pena. A persecutio criminis se divide em duas fases distintas, quais
seja, em fase investigatória (pré-processual) e a fase judicial.

Em termos constitucionais, o direito de ação fundamenta-se no art. 5°., XXXV,


da CF. Ao dispor que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça do direito”

CARACTERISTICAS

Direito Público: a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de


natureza pública.

Direito Subjetivo: primeiro porque é um direito que tem titular e segundo


porque o titular tem o direito de exigir do estado à prestação jurisdicional;

Direito Específico: o direito de ação deve estar relacionado a um caso


concreto, não podendo ser utilizado para discutir, por exemplo, teses
doutrinários.

CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL

São necessárias para o exercício regular da ação. Elas subdividem-se em


genéricas e específicas. As genéricas são as que estão presentes em toda e
qualquer ação penal e as específicas são apenas para algumas, também
recebem o nome de condição de procedibilidade (tem doutrinador, porém
que utiliza esta expressão como sendo sinônimo das condições específicas).
Ex. de condições específicas a representação, a requisição. Exigência de
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requisição do Ministro da Justiça para ingresso de ação penal por crime contra
a honra do Presidente da República (art. 145, § único, CP)

CONDIÇÕES GENÉRICAS:

1) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: o pedido que se endereça ao


juízo é o de condenação do acusado a uma pena ou medida de segurança.
Para ser possível deve encontrar amparo no ordenamento jurídico. (Extingue-
se o processo sem julgamento do mérito, art. 267, VI, do CPC), ou após
oferecida a defesa dos arts. 396 e 396-A do CPP, dar causa à absolvição
sumária do agente (art. 397, III do CPP).

2) LEGITIMIDADE PARA AGIR: (quem é que pode ajuizar a ação)

• Pólo ativo  O MP na ação penal pública e o ofendido na ação penal


privada.(arts. 24, 29, 30 CPP)

• Pólo passivo  é o culpado pelo agente do fato delituoso.

a) Legitimidade extraordinária  Ou seja, alguém age em nome próprio


na defesa de interesse alheio. (art. 6º, do CPP). Pode ocorrer esse
fenômeno no processo penal? Resposta: ação penal privada; e, art. 68
do CPP, no caso de vítima pobre o MP pode propor ação civil ex delito.

Obs: O art. 68 do CPP é dotado de uma inconstitucionalidade progressiva, ou seja, nos


municípios em que não houver defensoria pública o art. 68 continua válido.

Diante do aparente descompasso entre o artigo 68 do Código de Processo Penal e artigos 127
e 134 da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal se manifestou e (prudentemente)
não declarou, de imediato, a inconstitucionalidade daquele. Adotou o Colendo Tribunal uma
posição intermediaria entre estado de plena constitucionalidade ou de absoluta
inconstitucionalidade (RE 341.717-SP), abraçando a chamada teoria da inconstitucionalidade
progressiva.

b) Legitimidade concorrente  Ou seja, duas ou mais pessoas estão


autorizadas legalmente a agir. Quem vir a propor primeira irá afastar o outro.
Pergunta-se: Existe tal modalidade no Processo Penal? Resposta: sim. Nas
seguintes hipóteses:

• Súmula 714 do STF  714. É concorrente a legitimidade do ofendido,


mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação
do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções.

• Ação penal privada subsidiaria da pública, depois de decorrido o


prazo do MP para oferecimento da denúncia.

3) INTERESSE DE AGIR : Para que a ação penal seja admitida é necessária a


existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade a ensejar sua
propositura.
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4) Justa causa: a ação só pode ser validamente exercida se a parte autora


lastrear a inicial com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria e
da materialidade delitiva, e da constatação de infração penal em tese (art. 395
III, CPP)

CONDIÇÕES ESPECIFICAS

as condições genéricas devem estar presentes em toda e qualquer ação


penal. Já as condições especificas, como o próprio nome informa, só estão
presentes em algumas hipóteses.

a) Representação do ofendido;

b) Requisição do Ministro da Justiça;

c) Exibição do jornal ou periódico nos crimes de imprensa;

d) Condição de militar no crime de deserção;

CLASSIFICAÇÃO

AÇÃO PENAL

PÚBLICA PRIVADA

CONDICIONADA INCONDICIONADA EXCLUSIVA

À
REPRESENTAÇÃO PERSONALÍSSIMA
DO OFENDIDO

À REQUISIÇÃO DO
SUBSIDIÁRIA
MINISTRO DA
DA PÚBLICA
JUSIÇA

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

TITULARIDADE

O Ministério Público detém a titularidade exclusiva da ação penal pública, seja


ela incondicionada ou condicionada (CF, art. 129, I), promovendo desde a peça
inicial (denúncia) cujo prazo réu preso é de 05 (cinco) dias e réu solto é de
15 (quinze) dias até os termos finais, fiscalizando a seqüência dos atos
processuais e zelando pela observância da lei (art. 100, § 1° CP, e art. 24,
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caput do CPP). Exceção: art. 5°, LIX da CF, caso o MP não ofereça denúncia
no prazo legal, é admitida a ação penal privada subsidiaria, proposta pelo
ofendido ou seu representante legal.

AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: seu exercício não depende de


qualquer condição. É aquela que para ser iniciada independe da manifestação
de vontade da vitima ou de quem quer que seja. Nessa ação, a vontade da
vitima é irrelevante. Atualmente, a ação pública incondicionada corresponde à
aproximadamente 90% dos crimes.

Observação: a respeito do prazo para oferecimento da denúncia pelo MP, no


tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06), o prazo será de 10 (dez) dias (preso ou
solto). O mesmo prazo (10 dias, preso ou solto) será seguido nos crimes
eleitorais. Nos crimes contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) o prazo
será de 02 dias (prezo ou solto). Finalmente, a Lei de abuso de autoridade
(Lei n. 4.868/64) prevê o prazo de 48 horas (preso ou solto)

PRINCÍPIOS

a) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: havendo indícios de autoria e prova


da materialidade quanto a pratica de um fato típico e não se fazendo presentes
causas extintivas da punibilidade (ex. morte do agente, prescrição) não pode o
MP, como regra, deixar de ajuizar ação penal. Exceção: Juizado Especial
Criminal, transação penal prevista nas Leis 9.099/95, art. 76, e 10.259/01,
admitida na CF, art. 98, I.

b) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: uma vez ajuizada ação penal, dela


não pode desistir o MP, consoante proibição expressa incorporada ao art. 42
do CPP.

c) PRINCIPIO DA OFICIALIDADE: a ação penal pública será deflagrada por


iniciativa de órgão oficial, o MP, independentemente da manifestação de
vontade expressa ou tácita de qualquer pessoa. O prazo conferido ao MP para
oferecimento da denúncia é impróprio, não esta sujeito à preclusão.

d) PRINCIPIO DA AUTORITARIEDADE: são as autoridades públicas os


encarregados da persecução penal.

e) PRINCIPIO DA OFICIOSIDADE: os encarregados da persecução penal


devem agir de ofício, independentemente de provocação.
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f) PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE: havendo mais de um suposto autor do


crime, nada impede que venha o MP a ajuizar a ação penal apenas em relação
a um ou alguns deles, relegando a propositura quanto aos demais para
momento posterior.

g) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal só pode ser proposta


contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito. Decorre da garantia
constitucional estatuída no art. 5° XLV, CF, “nenhuma pena passará da pessoa
do condenado”.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO

Conceito:

é aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto


pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal
(representação) como também a requisição do Ministro da Justiça.

Ação penal pública condicionada à representação

O MP, titular dessa ação, só pode a ela dar inicio se a vitima ou seu
representante legal o autorize, por meio de uma manifestação de vontade. O
crime afeta tão profundamente a esfera intima do individuo, que a lei, a
despeito da sua gravidade, respeita a vontade daquele, evitando o escândalo
do processo se torne um mal maior para o ofendido do que a imputabilidade
dos responsáveis.

Sem a permissão da vitima, nem se quer poderá ser instaurado inquérito


policial (CPP, art. 5°, § 4°).

Exemplo. Crime de lesão corporal leve (CP, art. 129, caput, c/c o art. 88 da
Lei. 9.099/95); perigo de contagio venéreo (CP, art. 130, § 2°); crime contra a
honra de funcionário público, em razão de suas funções (art. 145, II, c/c 145, §
único); ameaça (art. 147, § único). A Lei 12.015/09 modificou Titulo VI do CP,
de “crimes contra os costumes” para “crimes contra a dignidade sexual” os arts.
213 a 218 B do CP passaram a ser apurados como regra ação penal pública
condicionada a representação, salvo se a vitima for menor de 18 anos ou
pessoa vulnerável (ação penal pública incondicionada), ). Injuria por
preconceito de raça, cor, etnia, origem ou a condição de pessoa idosa ou
portadora de deficiência Lei 12.033/09.

 Natureza jurídica da representação: é de condição de procedibilidade.

 Direcionamento: de acordo com o art. 39 do CPP, a representação


pode ser direcionada ao MP, ao Delegado de Policia e ao Juiz.
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 Forma da representação: não há necessidade de formalismo, que pode ser


oferecida oralmente ou por escrito, inclusive por procurador do ofendido, desde
que tenha poderes especiais. Art. 39, § 1°, CPP.

Há julgados dizendo que um simples boletim de ocorrência ou exame de corpo


de delito, já seria representação.

 Legitimados para o oferecimento da representação: Ofendido maior e


capaz (18 anos); menor de 18 anos/representante legal (ver art. 33, CPP);
Pessoas jurídicas (art. 37, CPP); Morte do ofendido, ocorre sucessão
processual, CADI (cônjuge, ascendente, descendente, irmão)

 Irretratabilidade: a representação é irretratável após o oferecimento da


denúncia (CPP, art. 25,CPP; art. 102,CP). A retratação só pode ser feita antes
de oferecida a denúncia, pela mesma pessoa. A revogação da representação
após esse ato processual não gerará qualquer efeito.

A retratação da retratação, ou seja, o desejo do ofendido de não mais abrir


mão da representação, não pode ser admitida. No momento em que se opera a
retratação, verifica-se a abdicação da vontade de ver instaurado o inquérito
policial ou oferecida a denúncia, com a consequente extinção da punibilidade
do ator.

Atenção à Lei Maria da Penha -11.340/06, art. 16.

(Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida


de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o
juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.)

 Prazo: o art. 38 do CPP, estabelece o prazo para oferecimento da


representação, será de seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a
saber quem foi o autor do crime, sob pena de decadência.

 Não vinculação: a representação não obriga o MP a oferecer a denúncia,


devendo este analisar se é ou não caso de propor a ação penal, podendo
concluir pela sua instauração, pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno
dos autos à policia, para novas diligencias.

O art. 127, § 1°, da CF confere aos membros do MP a independência funcional


no sentido de tomarem suas decisões, no exercício das funções, de acordo
com própria convicção, sendo que tais decisões só poderão ser eventualmente
revista pelo Procurador-Geral de Justiça.

Se o juiz discorda do pedido de arquivamento do MP, aplicará a regra do art.


28, do CPP, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem
incumbirá dar a palavra final.
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“Processo Penal – Representação – Arquivamento. Assentada jurisprudencial


do Tribunal sobre legalidade do arquivamento de representação criminal,
determinado pelo Procurador-Geral a quem cabe decidir, em última instancia,
quanto à propositura da ação penal” (STJ – Relator Ministro José Dantas –
RSTJ 83/298).

“Ação pública condicionada à representação – Arquivamento de representação


solicitada pelo Ministério Público - Recurso - Impossibilidade . É irrecorrível
a decisão judicial que, acolhendo solicitação do Parquet, determinar o
arquivamento de representação do ofendido. Muito embora através da
representação a lei confira ao ofendido uma parcela de vontade sobre a
instauração do processo-crime, tratando-se de ação penal publica, somente o
Ministério Público, na qualidade de dominus litis, pode avaliar se os fatos
levados a seu conhecimento constituem crime na forma do estatuto repressivo,
com a finalidade de dar inicio à ação penal”(TRF – 4° Região – AP 403.226-07
– Rel. Des. Tânia Escobar – DJU 31/07/1996 – pg. 53.129).

REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA

É uma condição específica de procedibilidade. Exemplo.: crime contra a honra


do Presidente da República (art. 145, parágrafo único CP). Requisição não é
sinônimo de ordem. O MP não está obrigado a denunciar por conta desta
requisição.

 Prazo: não está sujeito a prazo decadencial, porém o crime está sujeito
à prescrição;

 Retratação: alguns doutrinadores não admitem (Capez e Paulo Rangel)


outros admitem (LFG, Nucci e Denilson Feitosa), até o oferecimento da
denúncia. Não vincula o MP, porque a Ação Penal continua sendo
pública.

AÇÃO PENAL PRIVADA

Conceito: é aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir,


transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vitima ou a seu
representante legal. Vale ressaltar, que mesmo na ação privada, o Estado
continua sendo o único titular do direito de punir e, portanto, da pretensão
punitiva.
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O direito de punir todo aquele que cometeu um ilícito penal (jus puniendi) é
sempre do Estado. Tanto é assim que somente o Estado, através do juiz, pode
aplicar uma pena. Para exercer, em nome do Estado, o direito de acusar em
juízo (jus accusationis), há um órgão oficial especialmente concebido para esse
fim que é o Ministério Público. Em determinadas situações, porém, o Estado
transfere ao particular o direito de acusar. Ou seja, o jus accusationis que,
normalmente, tem como titular o MP, em hipóteses expressamente previstas na
lei, é transferido para o particular. É o que ocorre na ação penal privada.

São três motivos que justificam a existência da ação penal privada:

a) O delito atingiu de forma imediata (direta) a vitima e apenas de forma


mediata (indireta) a sociedade.

b) O bem jurídico atingido é muito particular, pessoal,subjetivo, por isso,


cabe ao ofendido decidir se quer ou não o processo.

O chamado strepitus processus ou strepitus judicii, ou seja, o escândalo do


processo

Fundamento: evitar que o escândalo processual provoque no ofendido um mal


maior do que a impunidade do criminoso, decorrente da propositura da ação
penal.

Titular: o ofendido ou seu representante legal (CP, art. 100, § 2°, CPP, art. 30).
O autor denomina-se querelante e o réu, querelado. No caso de morte do
ofendido, o direito de queixa passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão (CPP, art.31).

 Princípio da oportunidade ou conveniência: o ofendido tem a faculdade


de propor ou não a ação de acordo com a sua conveniência, ao contrario da
pública. Neste caso a autoridade policial se deparar com uma situação de
flagrante delito de ação privada, ela só poderá prender o agente se houver
expressa autorização do particular (CPP, art. 5°, § 5°).

 Princípio da disponibilidade: a decisão de prosseguir ou não até o final é


do ofendido. É uma decorrência do principio da oportunidade.

 Princípio da indivisibilidade: previsto no art. 48 do CPP, o ofendido pode


escolher entre propor ou não a ação. Não pode escolher dentre os ofensores
qual irá processar. Ou processa todos, ou não processa nenhum. O MP, não
pode aditar a queixa para nela incluir os outros ofensores, porque estaria
invadindo a legitimação do ofendido.

 Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser proposta em face


do autor e do participe da infração penal, não podendo se estender a quaisquer
outras pessoas.
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Espécies de ação penal privada: Exclusivamente privada ou propriamente


dita, personalíssima, subsidiária da pública.

EXCLUSIVAMENTE PRIVADA, OU PROPRIAMENTE DITA

Pode ser proposta pelo ofendido, se maior de 18 anos e capaz; por seu
representante legal, se o ofendido for menor de 18 anos; ou, no caso de morte
do ofendido ou declaração de ausência, pelo cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (CPP, art. 31)

AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA

Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu


exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda,
sucessão por morte ou ausência. Falecendo o ofendido, nada há de que se
fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente. Só há um
exemplo que é o crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de
impedimento, previsto no CP, artigo 236, parágrafo único. Obs. Seria também
o adultério, mais foi revogado este artigo.

Se o ofendido for menor de 18 anos, ou ter enfermidade mental, não poderá


ser exercida, devido a incapacidade. Resta apenas aguardar a cessação da
sua incapacidade.

Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento

Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,


ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.

Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente


enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a
sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

Prevista no art. 29 do CPP e ocorre quando o crime é originalmente de


ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o MP ao receber o
inquérito policial que apura o crime, deixar de denunciar no prazo legal, sendo
cinco dias indiciado preso e de quinze dias o indiciado solto. Findo esse
prazo, sem que o MP tenha se manifestado (ficado omisso), surge para o
ofendido o direito de oferecer queixa subsidiária em substituição à denuncia. É
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a única exceção prevista na própria CF, à regra da titularidade exclusiva do MP


sobre ação pública (CF, art. 5°, LIX, e 129, I).

Só tem lugar no caso de inércia do MP, jamais na hipótese de


arquivamento do inquérito, ou o retorno do mesmo a Delegacia para novas
diligencias conforme entendimento pacifico do STF.

Observação: AÇÃO PENAL POPULAR ocorreria nos casos de habeas corpus


e nos termos da Lei n. 1.079/50 (possibilidade de qualquer do povo provocar a
atuação da Câmara ou Senado para julgamento de certas autoridades nos
crimes de responsabilidade). A doutrina majoritária é contra essa terminologia
de ação penal popular, nesses casos, pois os crimes de responsabilidade
representam, em verdade, infrações de caráter politico-administrativo, ao passo
que habeas corpus não tem caráter punitivo.

Crimes de ação penal privada no CP

a) calúnia, difamação e injuria (arts. 138, 139 e 140 caput)

b) Dano (art. 163)

c) Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art. 164 c/c


o art. 167) etc.

Prazo da ação penal privada

O ofendido ou seu representante legal poderão exercer o direito de queixa


dentro do prazo de seis meses, sob pena de decadência, contado do dia em
que vierem a saber quem foi o autor do crime ( CPP, art. 38).

Queixa é a petição inicial na ação penal privada, formulada pela vitima


(querelante), assim como a denuncia é na ação penal pública , subscrita pelo
MP.

■ DECADÊNCIA: prevista no arts. 38, do CPP e 103, do CP. Consiste na


perda do direito de ação por não ter sido ele exercido dentro do prazo legal. É
de seis meses e começa a fluir da data em que o ofendido toma conhecimento
sobre quem é o autor do ilícito penal. (Obs: gera a extinção da punibilidade do
autor da infração penal). Somente é possível antes do inicio da ação penal e
comunica-se a todos os autores do crime. O prazo não se interrompe e não se
suspende.

■ PEREMPÇÃO: prevista no art. 60, I, II, III, IV do CPP, ele importa na perda
do direito de prosseguir com ação penal privada em razão de sua inércia e
é aplicada ao querelante que demonstra desinteresse pelo processo. Somente
é possível após o inicio da ação penal e, uma vez reconhecida, estende-se a
todos os autores do delito Ex. quando o querelante não comparece a ato
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relevante do processo ou deixa de pedir a condenação do querelado nas


alegações finais.

■ RENÚNCIA: É um ato pelo qual o ofendido abre mão (abdica) do direito de


oferecer a queixa. Consiste na desistência do direito de ação pela vitima. Antes
de ajuizada a ação, tácita ex. casamento do autor do crime com a vitima ou
expressamente art. 50 CPP (escrita e assinada pelo ofendido), o ofendido
revela que não irá propô-la. A renuncia pode partir apenas do titular do direito
de queixa.

Havendo duas vitimas a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a
outra oferecer queixa. Nos termos do art. 49 do CPP, a renúncia em relação
um dos autores do crime a todos se estende.

■ PERDÃO: representa a desistência do querelante da ação penal privada que


promoveu, por ter desculpado o querelado pela pratica da infração penal. Só é
possível , depois de iniciada a ação penal, desde que não tenha havido
transitado em julgado da sentença condenatória. Depende da aceitação do
querelado. (art. 58 do CPP, o querelado será intimado a dizer em 03 dias se
aceita, no seu silêncio importará em aceitação).

Obs: se o querelante processou vários querelados e depois os perdoou, caso


um deles não aceite o perdão, o processo deverá continuar somente em
relação a ele (art. 51 do CPP). Também o perdão em relação a um dos
querelados, se estende aos demais (art. 106, I, CP, e 51 do CPP) desde que
todos aceite.

DENÚCIA OU QUEIXA

A denúncia é peça inicial acusatória da ação penal pública e a queixa, da


ação penal privada. Ambas devem conter os mesmos requisitos, sendo que
diferenciam, formalmente, pelo subscritor: a denúncia é oferecida pelo MP, e
queixa, pelo ofendido ou por seu representante legal.

Requisitos da Denúncia e da Queixa-Crime (art. 41 do CPP)

a) Exposição do fato

Deve-se atribuir ao acusado o fato com todas as suas circunstâncias. A


descrição minuciosa do fato é essencial para o exercício do direito de defesa
do acusado (art. 5°, LV, da CF).

No caso de concurso de agentes, deve-se pormenorizar a conduta de cada


um dos acusados.

b) Qualificação do acusado ou esclarecimento que possibilitem sua


identificação
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É o conjunto de dados que compõem a identidade civil. É a individualização


do acusado. A denúncia ou a queixa deve ser oferecida contra a pessoa certa
(nome, apelido, data e local de nascimento, traços característicos etc.).

c) Classificação jurídica do crime

O autor da ação penal deverá indicar o dispositivo legal em que se enquadra a


conduta do acusado. A tipificação poderá ser alterada até a sentença, do que
se depreende que o juiz não deve rejeitar a peça inicial, caso entenda estar
errada a tipificação (art. 383 do CPP).

d) Rol de testemunha da acusação

O momento oportuno para apresentação do rol de testemunhas, para


acusação, é a petição inicial. Tal requisito é facultativo e o número de
testemunhas dependerá do procedimento.

e) Pedido de condenação

Não precisa ser expresso, bastando que esteja implícito na peça.

f) O endereçamento da petição

O endereçamento equivocado não impede o recebimento da denúncia,


tratando-se de mera, irregularidade sanável com a remessa ou recebimento
dos autos pelo juízo competente (é a posição do STF, RHC 60.126 – 1982)

g) O nome, o cargo e a posição funcional do denunciante.

h) A assinatura: a falta de assinatura não invalida a peça, se não houver


dúvidas quanto à sua autenticidade.

Requisitos Específicos da Queixa-Crime

A queixa apresenta um requisito a mais que a denúncia, além daqueles


comuns a ambas, qual seja: a constituição de advogado via procuração, com
poderes especiais, que deverá ser anexada à queixa-crime.

Da procuração deverão constar expressamente os poderes especiais do


procurador, o nome do querelado e a menção do fato criminoso que a ele se
imputará (art. 44 do CPP).

As falhas e as omissões da queixa no tocante a formalidade poderão ser


sanadas a qualquer tempo até a sentença.

O MP pode aditar a queixa para nela incluir circunstâncias que possam influir
na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação da pena
(dia, hora, local, meios, modos, motivos, dados pessoais do querelado etc.)
(CPP, art.45).Não poderá, entretanto, aditar a queixa para imputar aos
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querelados novos crimes, nem incluir novos ofensores, estaria invadindo a


legitimidade do ofendido.

CAUSAS DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA

Art. 395, do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Alterado pela
Lei n.11.719-2008)

I - for manifestamente inepta;

II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal;


ou

III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

I- Inépcia da denúncia ou queixa: caracteriza-se pela ausência do


preenchimento dos requisitos da inicial (art. 41 do CPP): a exposição do fato
criminoso, com todas as suas circunstancias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e,
quando necessário, o rol das testemunhas.

II- Ausência de pressuposto processual:

a) quanto ao juiz (investidura, competência – art. 95, II do CPP, Imparcialidade


– arts. 95, I, e 112 do CPP)

b) quanto as partes ( capacidade de ser parte, capacidade processual,


capacidade postulatória – art. 44 do CPP).

II- Ausência de condição para o exercício da ação penal:

a) possibilidade jurídica do pedido;

b) interesse de agir;

c) legitimidade para agir.

III- Ausência de justa causa para o exercício da ação penal: consiste no


lastro probatório mínimo para oferecimento de peça acusatória, demonstrando
a viabilidade da pretensão punitiva.

RECURSO CABÍVEL CONTRA A REJEIÇÃO

■ Da decisão do Juiz que rejeitar a denúncia ou a queixa caberá Recurso


em Sentido Estrito (RESE), previsto no art. 581, inciso I do CPP.

■ Da decisão que receber denúncia ou queixa, e assim instaurar a ação


penal, caberá habeas corpus para trancamento da ação penal, no caso de
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falecer justa causa (indícios de autoria e prova da materialidade) para a


propositura e instauração (art. 648, I do CPP).

Dica:

- Questão processual? Rejeição da denúncia  Recurso: RESE

- Mérito? Absolvição sumária, art. 397 de CPP  Recurso: apelação.

OBSERVAÇÃO:

1) No crime tentado, o promotor deve descrever o inicio da execução do crime,


bem como a circunstancia alheia à vontade do(s) agente(s) que impediu(ram) a
consumação do delito.

2) No crime culposo, o MP deve descrever minuciosamente a imprudência,


negligência ou imperícia do autor do delito,

3) No crime de desacato, deve-se mencionar quais foram as palavras


desrespeitosa dirigidas ao funcionário público.
4) No caso de concurso de agentes, deve-se descrever a conduta de todos
eles, da forma mais clara possível, para que se possa estabelecer qual
responsabilidade individual de cada um. Se não for possível faz a descrição de
forma genérica. Ex. linchamento praticado por diversas pessoas.

AÇÃO CIVIL EX DELICTO

CONCEITO

Trata-se da ação ajuizada pelo ofendido, na esfera civil, para obter indenização
pelo dano causado pela infração penal, quando existente. O dano pode ser
material ou moral, ambos sujeitos à indenização, ainda que cumulativa. Art. 91,
I do CP. De tal forma que, uma vez transitada em julgado a sentença
condenatória proferida pelo juiz penal, pode a vitima, seu representante legal
ou seus herdeiros, promoverem, no âmbito civil, ação de reparação de dano,
segundo prevê expressamente o art. 63, do CPP.

Logo, reconhecida a responsabilidade do agente pela pratica de um crime, diz-


se que essa sentença criminal faz coisa julgada no civil, onde será apenas
liquidada.

Caso ocorra um homicídio culposo e ainda não ocorreu uma condenação,


cumpre aos herdeiros a comprovação da culpa do agente. O parágrafo único
do art. 64, do CPP, permite ao juiz da ação civil a suspensão deste processo,
pelo prazo máximo de um ano (art.265, IV, a, e § 5° do CPC), até que julgue a
ação criminal, tudo como forma de evitar decisões conflitantes.
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A sentença penal condenatória – repita-se – torna certa a obrigação de


indenizar.

Não impedem, ainda, propositura da ação civil, nos termos do art. 67, do CPP:

a) O despacho de arquivamento do inquérito policial ou das peças de


informações; (art. 67, I do CPP);

b) A decisão que julga extinta a punibilidade; (art. 67, II do CPP);

c) A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui


crime (art. 67, III do CPP);

d) As Sentenças absolutórias proferidas com base no art. 386, II, V, VI e VII


do CPP.

II – não haver prova da existência do fato;

V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstância que excluam o crime ou isentem o réu de pena;

VII – que declara não existir prova suficiente para a condenação.

Por exemplo, se o réu foi absolvido porque não existia prova suficiente para
a condenação (art. 386, VI), nada impede que, no juízo civil, o autor da ação
produza a prova que faltou na esfera criminal. Ou ainda, se o réu é absolvido
porque o fato não constitui infração penal (art. 386, III), pode ser que tal fato
configure um ilícito civil, passível de indenização.

As EXCEÇÕES com a absolvição criminal impede a o ajuizamento de


futura ação civil para reparação de danos:

1) Absolvição criminal fundamentada em excludente de ilicitude (art. 386,


VI, 1ª parte, CPP);

Neste caso, a vinculação entre a sentença penal absolutória transitada em


julgado e a responsabilidade civil é consequencia do art. 65 do CPP “faz coisa
julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legitima defesa, em estrito cumprimento de dever
legal ou no exercício regular de direito” (art. 23 do CP e art. 188, I e II do CC),
são penalmente lícitos e civilmente lícitos.

O Código Civil nos artigos 929 e 930 aduz três exceções mesmo absolvido na
égide de excludente, o ofendido pode ingressar na orbita cível:

a) Estado de necessidade agressivo (art. 24 CP “quem pratica o fato para


salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro
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modo evitar, direito próprio ou alheio...”) Verifica-se quanto a pratica do ato


necessário importa em sacrifício de bem jurídico de terceiro inocente.

Ex. visando fugir de um desafeto que perseguia, Juninho invade domicilio


alheio, causando danos materiais para nele ingressar.

b) Legitima defesa em que, por erro na execução, atinge-se terceiro


inocente.

Ao defender-se de agressão injusta, atual ou iminente, por acidente ou erro na


execução, atinja a pessoa de um terceiro completamente inocente, não estava
envolvido na relação que motivou a reação legitima. Ainda que o autor da
repulsa venha a ser absolvido sob a égide de legitima defesa, estará isento da
obrigação de indenizar os danos pessoais ou patrimoniais que tiver causado a
vitima lesada pelo erro na realização do gesto defensivo. (art. 930, parágrafo
único do CC).

c) Descriminante putativa

Chama-se as condutas praticadas pelo agente que, por erro plenamente


justificado pela circunstancias, julgando estar albergado por uma excludente de
ilicitude, comete um ato ilícito.

Ex. supondo Juninho que está na iminência de sofrer a agressão de Cabeção


desfere-lhe um tiro. Destarte, constatou-se que Cabeção estava desarmado.

Em síntese, as discriminante putativas não excluindo a ilicitude, não impede de


ingressar na esfera cível para reparação de dano sofrido pelo ofendido. (STJ,
RE 513.891/RJ, 3.ª Turma, 2007).

2) Absolvição criminal fundada na circunstância de estar provada a


inexistência do fato (art. 386, I, do CPP).

3) Reconhecimento da existência de prova de que o réu não concorreu


para a infração penal (art. 386, IV, do CPP).

Também nesta duas situações impede a dedução de ação de indenização


contra o ofensor absolvido em processo criminal.

A legitimidade ativa para propositura da ação, nos termos do art. 63, do


CPP, é do ofendido, de seu representante legal e de seus herdeiros. Ou, ainda,
do MP quando, segundo o art. 68, o titular do direito à reparação for pobre. A
legitimidade passiva é do autor do crime. A competência para a execução da
sentença penal condenatória art. 575, IV, CPC, deve ser proposta no juízo
cível.

Prescrição: não prevê o Código Civil, especificamente, o prazo prescricional


para ajuizamento da ação de execução ex delicto. Aduz uma corrente
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doutrinaria que o prazo é de três anos, para tanto, a regra do art. 206, § 3°, V
do CC, que disciplina a prescrição da “pretensão de reparação civil”.

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