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1 INTRODUÇÃO (a TERMINAR)

O presente trabalho tem por objeto o estudo acerca da influência midiática no que
tange às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri e as suas prováveis consequências.
Tem como principal fundamento a Constituição Federal, Direito Penal e Direito
Processual Penal Brasileiro.

O Instituto do Tribunal do Júri com o decorrer dos anos, foi se adequando às


modificações sociais, em meio as quais, deve-se destacar a ampla massificação dos
meios de comunicação social, que incidiram a ser requisito essencial no cotidiano das
pessoas, o qual necessita estar ciente daquilo que acontece ao seu redor, estando
sempre antenados aos noticiários.

Ademais, um dos fundamentais por atrair audiência do público, monopolizando


quase todo os horários da mídia, são os noticiários de crimes e dos seus julgamentos,
designados como crônica judiciária, sobretudo no que tange aos crimes dolosos contra
a vida qual seja a competência o Tribunal do Júri.

Todavia, essa cobertura jornalística justificada, principalmente, através do


princípio da liberdade de imprensa e da publicidade dos atos jurisdicionais, vem
comprometendo o direito do réu de ser julgado de maneira imparcial.

Tratando aos casos de grande repercussão, os jurados, destituídos de


conhecimento técnico-jurídico, por vezes chegam ao plenário já tendo formulado um pré-
julgamento, com base no conjunto probatório divulgado pela repercussão da mídia.

Por fim, as informações bem como o conjunto probatório apresentados durante o


plenário podem ser marginalizados em detrimento daqueles mostrados pelos órgãos de
comunicação que, ultimamente, detêm maior credibilidade perante os cidadãos,
influenciando o livre convencimento do Júri, chegando, por vezes, a afetar também o do
magistrado, como também das testemunhas. Desta feita, a pressão exercida pela
opinião pública, gera o seguinte questionamento: a mídia influência nas decisões
prolatadas pelo Tribunal do Júri?

De modo recente, os meios de comunicação dificultam o desenvolvimento de um


julgamento em que seja assegurado o devido processo legal, no qual o réu só seja
condenado com o transito em julgado da sentença.

É necessário, desde modo, que se analisem soluções apropriadas para amenizar


esse conflito, aproximando a imprensa do Judiciário e não, os distanciando. É
inadmissível admitir que os órgãos de comunicação detenham o poder e a
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responsabilidade de julgar alguém, destituindo-o das garantias trazidas pela


Constituição Federal e pelo Código de Processo Penal Brasileiro, quais sejam:
contraditório, plenitude de defesa, presunção de inocência dentre outros.

A referida monografia aprofunda o conhecimento de um tema que é alvo de tantas


críticas pela sociedade e pelos operadores do direito, que se procura trazer uma visão
ampla sobre o assunto em questão, e tentar esclarecer os principais pontos e principais
características.

2 MARCO HISTÓRICO DO TRIBUNAL DO JÚRI

Acerca do assunto vale ressaltar que existe uma ampla discussão na doutrina da
real origem do Tribunal do Júri. Parte dos estudiosos sustentam a tese que o júri surgiu
na Inglaterra, mas existem discordâncias quanto à sua origem, como, por exemplo,
alguns defendem que o tribunal do júri existe desde a época dos povos primitivos, porém,
com as peculiaridades da época.

Segundo Nucci, as primeiras notícias do júri seria na Palestina, pois, lá


existia o chamado “Tribunal dos vinte e três”, caracterizado em
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pequenas vilas, onde o número de habitantes excedesse 120 famílias, e


tal tribunal detinha a competência de julgar apenas matéria criminal, e
punia os delinquentes com a pena de morte, sendo composto por padres,
levitas e os principais líderes das famílias de Israel (apud RANGEL, 2017,
p.605).

Segundo RANGEL (2017, p.605/606), há também uma corrente doutrinária que


defende que o seu surgimento ocorreu na Grécia, mas tal posição é minoritária, não
sendo acolhida pela maioria dos juristas. Portanto, a tese acolhida em massa pelos
estudiosos da área é a que o tribunal do júri nasceu em solo britânico, e, logo após, foi
implantado nos Estados Unidos da América, e, em seguida, se expandiu por todo o
continente Americano e Europeu.

De acordo com RANGEL (2017, p.606) conclui-se que o júri não foi instituído na
Inglaterra. Não obstante, o tribunal do júri existente na atualidade em nosso país é
baseado no tribunal da Inglaterra, com o pacto firmado com Portugal, que colonizou o
Brasil, em meados do século XIX.

Na Inglaterra, parte-se do pensamento que o Tribunal do Júri é baseado


no julgamento de Deus, porque Deus não deixará de amparar uma
pessoa inocente. No reino do rei Henrique II, sendo criado o famoso
“write”, que significa ordem, mandado, intimação e etc. Com isso, foi
criado na época o novo esbulho possessório (novel disseisin), que dava
poderes para um xerife nomear 12 (doze) homens daquela localidade,
com o intuito de julgar questões que envolviam a perda da posse de
terras (RANGEL, 2017, p. 607).

RANGEL (2017, p.607), A acusação da época, hoje conhecida como Ministério


Público, também era realizada por habitantes do local, em relação aos crimes graves
que ocorriam ali, como no caso de homicídio. Assim foi o criado o júri na Inglaterra, que
era composto por vinte e três pessoas, sendo denominado como Júri de Acusação,
“Grand Jury”.

A base do Tribunal do Júri se refere aos 12 (doze) apóstolos de Cristo, que diziam
a verdade vinda de Deus, independente das provas colhidas, surgindo então, a
expressão ’’ veredicto”, que significa dizer a verdade.

Diante dos abusos cometidos pelos juízes da época e com a revolução ocorrida
no ano de 1789 na França, o júri ficou conhecido como a “tábua da salvação”.

RANGEL traz um trecho da obra do professor NUCCI, que traduz a verdadeira


essência do instituto do tribunal do júri, sendo:
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Segundo NUCCI apud RANGEL, (2017, p.608) “[...] Não havendo, à época,
independência efetiva dos juízes, melhor seria que a justiça fosse feita pela própria
sociedade [...]”.

O objetivo fundamental da criação do instituto do Tribunal do Júri, no decorrer da


história, foi retirar a competência do julgamento de um juiz togado e conferir ao povo,
permitindo, dessa forma, que um cidadão, na hipótese de cometimento de crimes graves,
fosse julgado pelos seus pares e, assim, fosse feita a justiça.

Segundo RANGEL (2017, p.610) no Brasil, O Tribunal do Júri surgiu antes da


independência da república e da criação da primeira constituição do país, ou seja, a
constituição de 1824. À época, o Brasil ainda vivia sob o domínio de Portugal, e o júri
era baseado no sistema inglês, sendo competente para processar e julgar somente os
crimes de imprensa, em que os jurados eram eleitos para composição do júri.

RANGEL (2017, p.611), com o advento da Constituição Federal de 1824, a Magna


Carta definia os jurados como membros do Poder Judiciário Brasileiro, que detinham a
competência para julgar e processar os fatos que envolviam matéria de direito civil e
criminal, cabendo aos magistrados aplicarem a lei ao caso concreto, como fundamentam
os artigos 151/152 da referida constituição.

Segundo RANGEL (2017, p.611), no ano de 1832, foi criado no Brasil o Código
de Processo Criminal do Império, introduzindo ao ordenamento jurídico o Tribunal do
Júri, que possuía respaldo nos sistemas americano e inglês, conferindo-lhe a
competência para julgar a maior parte de crimes existentes à época.

O dispositivo legal supracitado estabelecia que somente poderiam exercer a


função de jurado os cidadãos em pleno gozo dos direitos políticos, ou seja, os que
votavam, e também possuir uma boa condição econômica eram requisitos para compor
o conselho de sentença.

O Código de Processo Criminal do Império de 1832, em seu artigo 238 trazia os


quesitos que eram formulados aos jurados da época:

Artigo 248. Finda a ratificação do processo ou formada a culpa, o


Presidente fará sair da sala as pessoas admitidas, e depois do debate,
que se suscitar entre os jurados, para os votos seguintes:

Procede a accusação contra alguém? (sic)

O secretário escreverá as respostas pelas fórmulas seguintes:

O Jury achou matéria para accusação contra F.ou.F.? (sic)

O Jury não achou matéria para accusação? (sic) (RANGEL, 2017, p.612).
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De acordo com RANGEL (2017, p.614/615), no ano de 1841, o Código de


Processo Criminal do Império sofreu uma radical reforma pela lei nº 261/41, que era
regulamentada pelo decreto nº 120/42, extinguindo o chamado “júri de acusação”,
criando os chefes de polícia, delegados, subdelegados, que possuíam competência no
poder judiciário da época, para reformar a culpa e poder pronunciar os acusados em
todos os crimes comuns, não sendo necessário fundamentar a decisão de pronúncia
pelos chefes de polícia e também pelos chamados juízes municipais. Essa decisão
era possível ser combatida por meio de recurso, e ainda, tal decisão poderia ser
revogada pelos juízes municipais.

A consequência da reforma do Código de Processo Criminal do Império, com a


vigência da lei nº 261, foi retirar os poderes de julgamento das mãos dos jurados do
grande júri, que representam a vontade do povo, passando tal prerrogativa ser delegada
às autoridades policiais da época, que só poderiam ser derrubadas pela decisão final
dos juízes municipais.

Com o adendo da reforma ocorrida, houve um aumento no número de pronúncias


e condenações, pois a corte selecionava os jurados que iriam compor o júri e, dessa
forma, os julgamentos aconteciam de acordo com a vontade da corte, ou seja,
condenando na maior parte das vezes os réus e quando fosse conveniente aos
interesses do Imperador, o réu era absolvido pelos jurados selecionados.

Conforme RANGEL (2017, p.615/616), antes de ocorrer a reforma do Código de


Processo Criminal de 1832 pela lei nº 261/41, o Tribunal do Júri, para condenar uma
pessoa com a pena de morte, exigia-se que os votos dos jurados fossem unânimes. Com
a vigência da lei reformadora, mudou-se o entendimento, passando o quórum para
condenação ser de duas terças partes de votos, e, no caso de outros tipos de decisões,
ocorreriam por maioria absoluta, e havendo empate, aplicava-se a decisão que fosse
mais benéfica ao acusado, como dispõe o artigo 66 da referida lei:

Art.66. A decisão do jury para aplicação da pena de morte será vencida


por duas terças partes de votos; todas as demais decisões sobre as
questões propostas serão por maioria absoluta dos votos; e no caso de
empate se adoptará a opinião mais favorável ao accusado (RANGEL,
2017, p.616). (sic)

O tribunal do júri incidiu a perder sua essência como órgão democrático baseado
na vontade emanada do povo, embora composto por ele próprio, porque os jurados eram
elegidos pelos chefes de polícia e subdelegados, que aliciavam pessoas para
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composição da lista geral do júri e, na maior parte das vezes, eram escolhidos os chefes
de engenho, que votavam de acordo com os interesses do Estado Imperial.

Segundo RANGEL (2017, p.616), todavia, com o passar dos anos, o Código de
Processo Criminal do Império sofreu uma nova reforma, porém, dessa vez, foi benéfica
para o instituto do Tribunal do Júri, que ocorreu com o advento da lei nº 2.033/1871, que
foi regulamentada pelo decreto nº 4824/1871.

De acordo com RANGEL (2017, p.616/617), uma das principais alterações


estabelecidas por esta lei foi abolir, do procedimento do júri, a competência que o
imperador atribuiu aos chefes de polícia, delegados e subdelegados, a prerrogativa para
a formação da culpa e pronúncia dos réus nos julgamentos dos crimes comuns,
passando tal competência a ser estabelecida aos juízes de direito das varas comuns,
como prescreve o artigo 4º da referida lei. Também foi revogado artigo 66 da lei n º
241/41, introduzindo-se novamente ao Código de Processo Criminal do Império o artigo
332, que exigia que os votos dos jurados em relação a pena de morte fossem unânimes.

Como a pena de morte era pouco aplicada na época do império, bem


como inocentes vinham sendo condenados à morte pelo júri, o imperador
do Brasil, Dom Pedro II, decidiu abolir a aplicação da pena Capital no
país no ano de 1852. Porém tal penalidade permanecia na lei, a qual foi
extinta com o advento da República de 1890. (RANGEL, 2017, p. 617).

Segundo RANGEL (2017, p.617/618), ”[...] Na Constituição de 1891, o júri popular


estava previsto no Capítulo da Declaração dos Direitos dos Cidadãos Brasileiros, com
previsão no artigo 72, em seu parágrafo 31, que trazia a seguinte redação: “É mantida a
instituição do jury” [...]”.

RANGEL (2017, p.618), Com a edição do decreto nº 848/1890, que estabelecia


as regras da justiça federal, foi criado o Tribunal do Júri na Justiça Federal, que era
composto por doze jurados, com referências aos doze apóstolos de Cristo. Tais jurados
eram selecionados por uma lista, com 36 nomes das pessoas que faziam parte da lista
de jurados em âmbito estadual.

Determinadas características do júri federal da época estavam previstas nos


artigos 41,42 e 91, com a seguinte redação legal:

Art.41. O Jury Federal compor-se-há de doze juízes, sorteados dentre


trinta e seis cidadãos, qualificados jurados da capital do Estado onde
houver de funccionar o tribunal e segundo as prescripções e
regulamentos estabelecidos pela legislação local (sic).
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O juiz da respectiva secção será o presidente do tribunal do Jury Federal.


(sic).

Art.42. As decisões do Jury serão tomadas por maioria de votos. O


empate será do réo. (sic).

Art.91. Retirando-se os jurados a outra sala, conferenciarão sós e a


portas fechadas sobre cada questão proposta, e o que for julgado pela
maioria absoluta de votos será escripto e publicado (sic). (RANGEL,
2007, p.492).

De acordo com RANGEL (2017, p.620), com a vigência das leis federais nº
221/1894 e nº 515/1898, o Tribunal do Júri Federal sofreu algumas modificações, como:
passou a não depender daquela lista de jurados de trinta e seis cidadãos dos Estados
para a sua composição, e também foi afastada a sua competência para o julgamento
dos crimes de moeda falsa, contrabando, peculato, falsificação de estampilhas, selos
adesivos, vales postais e cupons de juros dos títulos da dívida pública união, passando
tal competência, a ser dos juízes comuns da secção judiciária federal.

Segundo RANGEL (2017, p.621), a Constituição Federal Brasileira de 1934


manteve o instituto do júri em seu corpo legal, com previsão no artigo 72, tendo o
seguinte teor: “É mantida a instituição do júry, com a organização e as attribuições que
lhe der a lei” (sic). Um fato curioso que a Constituição Federal de 1937, em plena
ascensão da ditadura militar no Brasil, não trouxe a previsão do júri em seu corpo
normativo, levando os juristas da época a crerem que o instituto havia sido extinto pela
constituição.

De acordo com RANGEL (2017, p.622), no ano de 1938, com a edição do decreto
nº 167/1938, o Tribunal do Júri passou a ter regulamentação legal, e ainda surgiu uma
grande inovação no instituto jurídico. A soberania dos veredictos dos jurados estava
deixando de ser totalmente soberana, porque, com o decreto, as decisões dos jurados
passaram a ser passíveis de serem impugnadas por meio do recurso de apelação,
quando ocorresse injustiça na decisão, e que tal decisão fosse contrária as prova
carreadas aos autos ou produzidas em plenário.

Segundo RANGEL (2017, p.622), tal modificação foi um grande avanço para o
ordenamento jurídico da época, e, com isso, os tribunais, atualmente Tribunais de
Justiça dos Estados e Tribunais Regionais Federais, com a inovação, passaram a
apreciar o recurso de apelação, e poderiam aplicar a pena que entendessem como
proporcional, e, se fosse o caso, absolver o réu, como fundamenta o artigo 96 do
supracitado decreto.
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RANGEL (2017, p.623), a partir do Estado Novo, o Tribunal do Júri passou a ser
composto por 7 jurados, e quem os escolhia era o juiz de direito que recrutava pessoas
com ótimas condições financeiras. Com isso, passou a vigorar no Tribunal do Júri a
incomunicabilidade entre jurados, em relação a qualquer tipo de questão ligada ao
julgamento.

De acordo com RANGEL (2017, p.625/626), com a criação da Consolidação das


Leis Penais no ano de 1932, Ao Tribunal do Júri, na época do Estado Novo, competia
julgar os crimes de homicídio, o envenenamento, infanticídio, suicídio, morte ou lesão
corporal em decorrência do duelo, latrocínio e o roubo tentado.

Em meados do ano de 1946, o Brasil promulgou sua quarta constituição federal,


que incorporou o Tribunal do Júri em seu artigo 141 § 28, que trazia a seguinte redação:

É mantida a instituição do júri, como a organização que lhe der a alei,


contanto que seja sempre ímpar o número de seus membros e garantido
o sigilo das votações, a plenitude de defesa do réu, a soberania dos
veredictos. Será obrigatoriamente da sua competência o julgamento dos
crimes dolosos contra a vida. (RANGEL, 2017, p. 626/627).

O instituto do Tribunal do Júri prevaleceu no histórico de nossas constituições,


bem como sua essência de órgão democrático, e com a finalidade de atribuir ao povo o
poder de julgar seus pares, podendo fazer justiça e representar a sociedade em suas
decisões emanadas do povo.

De acordo RANGEL (2017, p.627), com o advento da constituição de 1946, as


decisões proferidas pelo júri só podiam ser reformadas pelo próprio tribunal, retirando a
competência dos tribunais de apelação de reformarem o veredicto dos jurados, o que
acarretou a edição da lei nº 263/1948, que acabou revogando os artigos 604/606 do
Código de Processo Penal de 1941 (atualmente vigente), que conferiam tal competência
para os tribunais de apelação, reforçando o princípio da soberania dos veredictos.

A Constituição Federal de 1967 estabelecia o instituto do tribunal do júri em seu


artigo 150, § 18, com o seguinte teor;

RANGEL (2017, p. 628): “[...] São mantidas a instituição e soberania do júri, que
terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra vida [...] ”.

RANGEL (2017, p.628), não obstante a maioria das constituições brasileiras


darem ênfase à soberania dos veredictos dos jurados no rito do júri, a emenda
constitucional nº 1/69, promoveu grandes reformas no ordenamento jurídico, sendo
considerada por alguns constitucionalistas como uma das constituições promulgadas por
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nosso país. Uma das modificações trazidas pela lei foi quanto ao Tribunal do Júri, não
estabelecendo o princípio da soberania dos veredictos em seu texto legal, como ocorreu
na Constituição de 1937, tendo a seguinte redação sobre o tema: “É mantida a instituição
do júri, que terá competência no julgamento dos crimes dolosos contra a vida”.

Segundo RANGEL (2017, p.631), o Tribunal do Júri estava sofrendo inúmeras


influências da ditadura militar, abalando a natureza democrática do júri. Com a
promulgação da Constituição Federal da República em 1988 (em vigor atualmente), bem
como o movimento denominado “diretas já”, a ditadura militar foi abolida do Brasil,
trazendo de volta ao instituto do júri a sua essência de órgão democrático.

Com o advento da promulgação da Constituição Federal de 1988, o Brasil passou


a ser um Estado Democrático de Direito, estabelecendo o Tribunal do Júri no seu artigo
5º, inciso XXXVIII, dentro do rol das cláusulas pétreas, ou seja, direitos intocáveis que
não podem ser suprimidos nem por meio de emendas constitucionais, que são fruto do
poder constituinte derivado reformador. Eis a redação;

Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, com a


organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a
vida. (RANGEL, 2017, p. 632).

Foram aprovadas leis que modificaram o rito especial do Júri, visando dar eficácia
e celeridade ao procedimento em questão com a vigência da Constituição Federal de
1988.

Segundo TÁVORA (2017, p.1251), a principal lei que promoveu reformas no


procedimento do Júri foi à lei 11.689/08, que modificou consideravelmente a Segunda
Fase do Tribunal do Júri. Uma das principais alterações realizadas foi a extinção do
libelo-acusatório, que era uma peça apresentada pela acusação contendo o rol de
testemunhas, diligências, entre outros requerimentos, para serem apresentadas em
plenário e, após, a defesa poderia se manifestar caso quisesse (era uma faculdade), que
não gerava nulidade a sua não apresentação. (Redação anterior do artigo 421 do Código
de Processo Penal, que foi modificado pela lei 11.689/2008).

Houve também uma alteração na Primeira Fase do rito do Júri com a vigência da
lei 11.719/08 sendo Uma das modificações foi que o procedimento do Júri passou a
seguir as regras do rito comum ordinário do Processo Penal, como, por exemplo, a
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aplicabilidade das alegações finais na forma de memoriais escritos, por analogia, por
falta de previsão legal, como dispõe o artigo 394, § 5º do Código de Processo penal,
bem como, foi estabelecido o prazo de duração para o término da primeira fase, que
passou a ser de 90 dias.

3 PROCEDIMENTO ESPECIAL DO TRIBUNAL DO JÚRI

O procedimento especial do Tribunal do Júri é composto por duas fases (sistema


bifásico), em que a primeira fase é meramente semelhante ao procedimento comum
ordinário do Código de Processo Penal, chamada de “Judicium Accusationes” (Juízo de
acusação). O que difere a primeira fase do tribunal do júri do procedimento ordinário é
que, ao final da primeira fase, o magistrado pode proferir quatro decisões, sendo elas:

 Pronunciar o acusado (artigo 413 do CPP);


 Impronunciá-lo (artigo 414 do CPP);
 Absolvê-lo sumariamente (artigo 415 do CPP);
 Desclassificar os crimes que não são competência do Tribunal do Júri (artigo
419 do CPP).

Fazendo uma breve análise sobre as possíveis decisões do magistrado na


conclusão da primeira fase, entende-se que, quando presentes os indícios suficientes
de autoria e prova da materialidade delitiva, o juiz, de forma fundamentada, pronunciará
o acusado (artigo 413 do CPP), porém sem adentrar ao mérito, porque quem irá julgar o
réu serão os jurados na segunda fase. Caso o magistrado tenha dúvida sobre a
pronúncia, deverá pronunciar o acusado, porque no júri aplica-se o princípio “pro
societate” (em favor da sociedade), ou seja, na dúvida pronuncia-se o réu.
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Em relação à decisão de impronúncia, ela ocorrerá quando não existir no


processo um lastro probatório mínimo, ou seja, o juiz não verificar a presença de indícios
suficientes de autoria e prova da materialidade e, nesse caso, irá impronunciar o réu a
teor do artigo 414 do CPP. Todavia, a decisão de impronúncia faz coisa julgada formal,
ou seja, havendo novas provas a acusação poderá oferecer uma nova denúncia e dar
continuidade ao processo.

A decisão de absolvição sumária, hipóteses do artigo 415 do Código de Processo


Penal, exigem do magistrado um juízo de certeza em sua decisão, pois tal decisão faz
coisa julgada material, alcançando o mérito da causa e nem com o surgimento de novas
provas o processo poderá ser reaberto, nem mesmo por revisão criminal será possível
modificar tal decisão, porque não cabe revisão criminal “pro societate” (em favor da
sociedade).

Concluindo as decisões na final da primeira fase, o Tribunal do Júri é competente


para julgar os crimes dolosos contra a vida e os crimes conexos a estes, como
fundamenta o artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “d”, da Constituição Federal. Quando o
juiz verificar que o crime apurado não é um crime doloso contra a vida, da alçada do
Tribunal do Júri, desclassificará a infração penal e remeterá os autos ao juízo
competente, nos moldes do artigo 419 do CPP.

Com a prolação de uma dessas decisões, conclui-se a primeira fase do rito


especial do Tribunal do Júri. Lembrando que tais decisões comportam recurso, sendo
cabível frente às decisões que pronunciarem o acusado ou desclassificar a infração
penal, Recurso em Sentido Estrito (RESE), com previsão no artigo 581 do Código de
Processo Penal. Já com relação às decisões de impronúncia e absolvição sumária, será
cabível o Recurso de Apelação com fundamento no artigo 593 do CPP. Os meios
recursais foram alterados com a vigência da lei 11.689/2008, modificando o
procedimento especial do Júri.; (Código de Processo Penal, Constituição Federal e lei
11.689/08)

3.1 SEGUNDA FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI

O advento da segunda fase do rito especial do Tribunal do Júri tem início quando
ocorre a preclusão da decisão de pronúncia, seja porque as partes não recorreram, seja
porque transitou em julgado a decisão que julgou o Recurso Interposto, encerrando-se
com a sentença dos jurados em Plenário. A previsão legal do procedimento da segunda
fase do júri foi estabelecida no artigo 422 e seguintes do Código de Processo Penal.
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Esse procedimento foi denominado pela doutrina de “judicium causae” (juízo da causa,
de mérito)”.

4 PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS

4 SELEÇÃO DOS JURADOS DO TRIBUNAL DO JÚRI

Segundo o artigo 432 do Código de Processo Penal, após definida a pauta de


julgamento, o juiz que irá presidir o Plenário do Júri determinará a intimação do órgão do
Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil, e o da Defensoria Pública, para
que na data e horário designado acompanhem o sorteio dos jurados que irão compor o
Conselho de Sentença.

Campos (2015, p.485), A sessão em que ocorrer o sorteio dos jurados deve ter
publicidade, ou seja, ser realizada a portas abertas, que será presidido pelo juiz, que
retirará as cédulas da urna geral (a que contém os nomes de todos os alistados do ano)
até completar ao quórum de 25 jurados. Os nomes sorteados serão mantidos em outra
urna que é chamada de “urna periódica”, que ficará trancada, e as chaves
permaneceram em poder do magistrado. Com isso, conclui-se que existem três tipos de
urnas, sendo elas:

1. Urna Geral, que contêm o nome de todos os jurados integrantes da lista geral
daquele ano;
2. Urna Periódica, com o nome dos 25 jurados sorteados para comparecerem no
dia do Plenário;
3. Urna dos Suplentes. A Urna geral e a suplente não é obrigatória a sua
existência, sendo obrigatório apenas a urna geral, com o quórum mínimo de 25 jurados.

O sorteio dos jurados deverá ocorrer entre o décimo dia e o décimo quinto útil,
antes da reunião extraordinária, como prevê o artigo 433, § 1º do Código de Processo
Penal. Segundo CAMPOS (2015, p.487), esse lapso temporal tem como objetivo dar às
partes a oportunidade de verificarem a existência de suspeição ou impedimentos dos
jurados que integram a lista geral. A não observação desse prazo de antecedência não
gera nulidade do ato.

De acordo com o parágrafo segundo do artigo 433 do Código de Processo Penal,


caso os órgãos citados não compareçam no dia do sorteio dos jurados, não acarretará
o adiamento da sessão, nem sequer nulidade do ato, tratando-se apenas de mera
irregularidade.
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Segundo TÁVORA (2017, p.1256), recentemente quem retira as cédulas com os


25 nomes dos jurados da urna geral, para estarem no dia da reunião extraordinária, é o
Juiz Presidente do Tribunal do Júri. Todavia, a antiga redação do artigo 428 do Código
de Processo Penal estabelecia que a retirada das cédulas da urna, com o nome dos 25
jurados que iriam fazer parte da reunião periódica, era realizada por um menor de 18
anos. Contudo, com a vigência da lei 11.689/08, tal previsão foi modificada, passando o
ato a ser realizado pelo próprio magistrado.

O § 3º, do artigo 433, do Código de Processo Penal prevê que o jurado que foi
sorteado e intimado entre os 25 nomes para compor o mínimo legal no dia do Plenário
do Júri e não foi selecionado entre os sete jurados escolhidos pelas partes para compor
o Conselho de Sentença, poderá ser novamente sorteado para outras reuniões de
julgamento futuramente.

De acordo com o artigo 434 do Código de Processo Penal, com o sorteio dos 25
jurados para a reunião periódica, os nomes sorteados poderão ser intimados por correio
com carta com aviso de recebimento, ou por qualquer meio processual para que estejam
presentes no local e horário determinado para a reunião extraordinária, sob pena de
sanção.

Segundo CAMPOS (2015, p.486): “[...] Os jurados, através dessa convocação,


são notificados a comparecer a todas as sessões do mês [...]”.

Prevê o parágrafo único do artigo 434 do Código de Processo Penal que, no ato
da convocação dos jurados convocados, deve ser transcritos os artigos 436 a 446 do
mesmo diploma legal, que estabelecem as funções que são exercidas pelo jurado do
Tribunal do Júri.

A listagem oficial dos jurados selecionados deve ser exposta na porta do prédio
do Tribunal do Júri, juntamente com o nome do réu, dos advogados das partes, o dia,
horário e local das sessões de instrução e julgamento, como dispõe o artigo 435 do
Código de Processo Penal.

5 A MÍDIA E SUA INFLÊNCIA NO PROCESSO PENAL

Nota-se que é evidente a preferência que a mídia tem por noticiar os fatos
trazidos pelo Poder Judiciário, principalmente no que tange aos crimes dolosos contra a
14

vida, responsáveis pela maior audiência dos órgãos de comunicação por despertarem a
curiosidade e revolta da sociedade.

Segundo GOMES; Em toda história da humanidade nunca teve nenhum período


em que não houvessem delitos escabrosos, chocantes e revoltantes. O enigma do delito
acompanha o ser humano desde os primórdios da sua evolução. De algumas décadas
para cá o que mudou esse panorama (histórico) foi a forma de reagir contra o delito (ou
melhor: contra alguns delitos). Vivemos agora uma sociedade midiatizada (e
globalizada). Sempre existiu uma natural empatia (da população) em relação a algumas
vítimas de delito. O que mudou é que agora essa empatia é midiatizada, ou seja,
potencializada e retroalimentada, porque ela passa a constituir um "produto midiático"
(altamente rentável).

De acordo com GOMES; Quando a empatia da população se alia a um familiar


midiático (pai, mãe, irmão etc. da vítima), que sabe protagonizar e catalisar a ira e a
sensação de insegurança da população, tudo se transforma em nitroglicerina pura nas
mãos da mídia. Empatia da população (sobretudo quando se trata de uma vítima de cor
branca, olhos azuis, indefesa etc.) aliada a um familiar midiático (que protesta, que grita
contra a polícia, juízes, legisladores etc.) é tudo de que necessita a mídia para promover
espetáculos mórbidos (que são consumidos, até à exaustão, pela massa ambulante que
reivindica violência e vingança).

Segundo LEITE; (SOUZA, 2008, p.204) em consequência dessa massificação,


ocasionada pelo órgãos de imprensa na divulgação das decisões proferidas pelo
Judiciário, frequentemente entram em conflito no desenrolar do processo penal dois
princípios constitucionais, quais sejam, o direito a proteção da intimidade, direito à
liberdade de imprensa (art. 5º, IX), vida privada, honra e imagem das pessoas (art. 5º,
X) os quais permeiam em torno da problemática da precisa delimitação dos contornos
do princípio da publicidade processual (art. 5º, LX e art. 93, IX).

5.1 LIBERDADE DE IMPRENSA E COMUNICAÇÃO

Segundo GOMES; A comunicação de massas, sendo um processo unilateral (há


um emissor ativo e um telespectador passivo, chamado de homo videns), sabe fazer uso
da incitação subliminar, da banalização da violência, da transformação de um fato
superficial em acontecimento mundial. A mídia cumpre um papel não só de mediação
como, sobretudo, de conformação da realidade (Berger e Luckmann), isto é, de
"conformação ideológica da realidade". Entrega o "produto" da maneira que quiser,
fazendo uso e abuso das imagens (mídia iconográfica), que são recebidas sem nenhum
senso crítico por um telespectador atrofiado culturalmente, sem nenhuma capacidade
de abstração e de crítica.

Com o advento da era da tecnologia, a mídia possui uma transmissão de


informações que ocorre através dos mais variados meios de comunicação quais seja,
rádio, televisão, jornais, internet, etc., com o objetivo de levar ao receptor da mensagem
o conhecimento desta. E esta é a ideia defendida pelo princípio da liberdade de
imprensa, tido pela Constituição Federal de 1988, sendo intitulado em um capítulo que
disciplina à matéria da Comunicação Social (arts. 220 a 224).
15

Não obstante, diversos direitos estritamente vinculados ao significado de


liberdade de imprensa também citados neste referido capítulo, quais sejam: o de
informação, de pensamento, de comunicação, de crença, de liberdade de expressão,
entre outros.

Desta feita a liberdade de imprensa e de informação se interpõe em um todo mais


amplo, acima dos demais, abrangendo-se na descrição de liberdade de pensamento e
de expressão. Portanto, sendo assim, que essa liberdade assegura a exteriorização da
opinião, da crença e da consciência do indivíduo.

Ante o exposto o respeito à liberdade de imprensa, devemos entende-la como o


direito que a mídia possui de difundir informações, fatos e acontecimentos a um número
indeterminado de pessoas.

Anteriormente, a terminologia “imprensa” era conexa apenas à máquina de


imprimir caracteres desenvolvida por Gutenberg no século XV, nos dias atuais deve ser
pautado como qualquer outro meio tecnológico de comunicação de massa. Sobretudo
nota-se que a expressão liberdade de imprensa estaria ultrapassada pela liberdade de
informação jornalística, utilizada pelo texto Constitucional de 1988.

O termo imprensa com o sentido atual atribuído, se relaciona a todos os meios de


comunicação considerados genéricos, ou seja, retira a possibilidade de haver qualquer
tipo de dano no emprego do mesmo.

Historicamente, apenas em 1808 com o advento da família real, a imprensa


iniciou-se no Brasil. Além disso antes mesmo a esse fato, a metrópole (Portugal) havia
impedido as gráficas, como forma de prevenir que fosse feito qualquer tipo de crítica à
Coroa.

Posteriormente aos proclames da Independência, todas as Constituições


Brasileiras passaram a tratar sobre o tema de liberdade de imprensa, sendo está restrita
apenas em 1937 e em 1964 durante o período da ditadura, o qual foi marcado pela
censura prévia e pela perseguição aos jornalistas.

A atual Carta Magna brasileira editada em 1988, possuímos a liberdade de


imprensa e de informação elucidadas em vários dispositivos, sendo estas consideradas
como cláusulas pétreas, por se tratarem de direito fundamental. Tal posicionamento
segue a disposição global que prioriza a livre possibilidade de expressão das ideias e
opiniões, sem qualquer tipo de censura.
16

Entendimento este defendido no Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos


do Homem e do Cidadão (1789), a qual estabelece que

todo homem tem o direito à liberdade de opinião e expressão; este direito


inclui a liberdade de, sem interferência, tem opiniões e de procurar receber
e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independente de
fronteiras.

Não obstante não existe nenhum direito pleno que se sobressaia a todos os
demais. Tratando-se de um Estado democrático de Direito, deve haver um balizamento
dos princípios no momento de sua aplicação e, em decorrência disto, a livre
manifestação de opinião, informação e pensamento, diversas vezes, se conflitam com
outros direitos constitucionalmente garantidos.

O indivíduo tem que assumir o peso da responsabilidade ao querer exercer


livremente o seu direito, pois, não há que se falar em liberdade se esta é realizada de
maneira insensata. Toda liberdade pressupõe responsabilidade. No que tange aos
meios de comunicação, todavia, isso não vem acontecendo. Ocorre apenas uma difusão
desenfreada de informações, de caráter superficial, injusto, sensacionalista e, muitas
vezes, destorcida da realidade. O poder econômico é que delimita o que deve ser
transmitido e como isso deve advir.

Recentemente, com o aumento tecnológico dos meios informativos, a mídia nem


sempre presa com cautela em relação a conceitos éticos ao transmitir suas notícias.
Ocorre que, apenas a busca desenfreada pela maior audiência, que deve ser obtida da
maneira mais fácil e rápida, por diversas vezes sem qualquer valor conexo à função e à
verdade.

Não obstante, a indústria jornalística cada vez mais recorrem para o uso do
sensacionalismo, buscando, captar uma maior quantidade de expectadores.
Ultimamente a notícia acabou se tornando uma mercadoria, explorada pelas grandes
empresas patenteadas dos meios de comunicação com o objetivo da obtenção de lucro.

A fim de atingir essa intenção, compete ao jornalista utilizar-se de uma linguagem


vulgar, clichê, para com isso chocar o público e atraí-lo com a revolta dos clamores
públicos, despertando a sua atenção pelo que será noticiado.

Segundo GOMES; Não existe "produto" midiático mais rentável que a


dramatização da dor humana gerada por uma perda perversa e devidamente explorada,
de forma a catalisar a aflição das pessoas e suas iras. Isso ganha uma rápida
17

solidariedade popular, todos passando a fazer um discurso único: mais leis, mais
prisões, mais castigos para os sádicos que destroem a vida de inocentes e indefesos.

De acordo com José Afonso da Silva (2017 p. 245), a liberdade de comunicação


consiste num conjunto de direitos, formas, processos e veículos, que possibilitam a
coordenação desembaraçada da criação, expressão e difusão do pensamento e da
informação. É o que se extrai dos incisos IV, V, IX, XII e XIV do art. 5º combinados com
os arts. 220 a 224 da Constituição. Compreende ela as formas de criação, expressão e
manifestação do pensamento e de informação, e a organização dos meios de
comunicação.

De modo que, as formas de comunicação regem-se pelos seguintes princípios


básicos: a) observado o disposto na Constituição, não sofrerão qualquer restrição
qualquer que seja o processo ou veículo por que se exprimam; b) nenhuma lei conterá
dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística;
c) é vedada toda e qualquer forma de censura de natureza política, ideológica e artística;
d) a publicidade de veículo impresso de comunicação independe de licença de
autoridade; e) os serviços de radiodifusão sonora.

5.2 O Princípio da Publicidade

Acerca do assunto ganhou maior importância no cenário jurídico mundial em


1948 que a Assembleia das Nações Unidas proclamou da Declaração Universal dos
Direitos do Homem, que motivou, em seu artigo 10, que toda pessoa detém o direito
a uma audiência justa e pública.
No Brasil, somente com a proclamação da atual Carta Magna, a publicidade foi
constitucionalmente protegida, com o escopo de garantir uma das características de
um Estado democrático de Direito: a essencial participação popular nas decisões e na
organização dos poderes estatais.
Em tese é com a transparência da atividade governamental, que o povo pode
ter o controle sobre a Administração Pública, fazendo se valer o disposto no artigo 1º,
parágrafo único, da Constituição Federal: “Todo poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos, ou diretamente, nos termos desta Constituição.
18

Não obstante em apreço a relação que este princípio possui com o da motivação
das decisões judiciais, o traz uma garantia aos cidadãos a correta aplicação das leis.
Por outro lado, não haveria sentido na obrigação de o juiz justificar suas decisões se
as mesmas não necessitassem ser publicadas.
Ademais, nos dias atuais, não há mais lugar para juízos secretos, em que
decisões são tomadas de forma deliberada, sem qualquer tipo de fundamentação.
Não obstante, qualquer cidadão pode ter acesso ao conteúdo do processo e dele se
informar sendo que o processo é público, salvo segredo de justiça, fiscalizando a
atuação do magistrado, de tal modo como também de qualquer servidor público que
tenha seu cargo ligado ao trâmite processual, tendo em vista a publicidade dos atos
judiciais.
Desta maneira essa transparência na ação do Judiciário também garante o
exercício do contraditório, ao permitir que as partes do processo tenham acesso a sua
totalidade, garantindo assim o direito de defesa perante um juízo independente e
imparcial. Somente em um processo público é admissível garantir ao acusado sua
proteção e liberdade.
Contudo, esse princípio é de extrema importância no âmbito jurisdicional,
principalmente no que tange ao direito de defesa. Não obstante, é através do princípio
da publicidade que se consolida a transparência da Justiça. De acordo com José
Carlos Barbosa Moreira apud Fábio Martins de Andrade, “não basta que se faça
justiça: é preciso que se veja que está sendo feita justiça.” (2007, p. 56)
Entretanto, a Constituição Federal de 1988 restringiu a irradiação dos efeitos
da publicidade em seu artigo 5º, LX, ao estabelecer que “a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
o exigirem”.
Do mesmo modo produz o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de
1966 e a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 ao afirmarem o direito
de proteção à vida privada.
Essa problemática preocupação na proteção à intimidade se expandiu em
decorrência do grande avanço tecnológico, sobretudo no que se refere à internet, que
19

submeteu a privacidade dos cidadãos, noticiando dados pessoais, muitas vezes sem
permissão.
Ocorre, a necessidade de se dar uma maior relevância aos direitos da
personalidade, em meio a eles o da vida privada, afirmando as pessoas a garantia de
uma vida íntegra, livre de abusos e violações.
Trata-se de um imperativo de ordem social, sendo outra causa excepcional de
mitigação do princípio da transparência, também elencado no artigo 5º, LX, da
Constituição Federal, o interesse público, o qual garante a manutenção do sigilo do
processo nos casos em que isso seja indispensável ao interesse coletivo.
Não obstante não existem princípios absolutos e, em decorrência disso, sempre
existirá um embate entre esses valores, essas diretrizes do ordenamento jurídico, os
quais devem ser estudados proporcionalmente de acordo com o caso, para que se
possa ponderar qual deve prevalecer. Foi esse o objetivo do legislador ao determinar
a mitigação da publicidade em detrimento do sigilo do processo.
Segundo a doutrina, podem haver duas possíveis conjecturas de sigilo: o
interno, o qual atingiria até mesmo as partes da causa e o externo, referente a pessoas
alheias ao processo, atingindo o devido processo legal com relação ao contraditório
e a ampla defesa .
Ademais com os ideais e garantias originados pela atual Carta Magna a
possibilidade de existência de um sigilo interno que atinja as partes do processo, como
também os advogados. Se assim ocorresse, estaríamos coibindo o direito dado ao réu
de exercitar o contraditório, produzindo a contra prova dentro do processo.
O Superior Tribunal Federal (STF), em diferentes julgados, reiterou esse
entendimento2. No que refere o sistema penal, somente durante o inquérito,
procedimento policial responsável pela apuração da autoria e materialidade do crime,
é aceitável esse tipo de sigilo, apenas em determinadas situações em que o mesmo
seja aconselhável e no interesse da sociedade.
Tratando de uma exceção à regra, visto que, nesse momento da persecução
penal, ocorre a busca pela verdade real dos fatos, não existindo ainda indícios
suficientes para que possa haver uma punição. Não possuindo nenhuma acusação do
Estado, busca-se tão somente uma coleta de provas. Uma exposição antecipada do

2
Vide os Habeas Corpus 88.190 e 87.827.
20

inquérito, contudo, poderia acarretar consequências irremediáveis, assim como


também poderia prejudicar a adequada elucidação do fato.
Por fim, compreende que a Constituição Federal, ao tratar como exceção a
aplicação do princípio da publicidade/transparência (quando possuir violação à
intimidade ou por razão de interesse público), distingue, portanto, ao sigilo externo,
direcionado a pessoas por fora da relação direta com a demanda.

5.3 Provas obtidas pela Mídia

Diante da importância crescente da população em acompanhar os casos


judiciais, a mídia, com o objetivo de dissipar os fatos por ela transmitidos, gera, por
meio dos seus próprios recursos, provas responsáveis por convencer seu público -
alvo: os expectadores.
Acontece que, perante os motivos que revelam essa produção de provas, tais
como, o lucro, a infatigável briga pela audiência, deve-se ter como equivocada a
veracidade, pertinência e legalidade dessas provas obtidas pela mídia.
Diante do exposto, o Judiciário e a mídia desencadeiam, por diversas vezes, o
conflito dos elementos probatórios, revelados por ambos, aproximando ao caso
pontos de vistas conflitantes que desencadeiam julgamentos distintos.
Contudo, ocorre maior proximidade da sociedade com os meios de
comunicação, as informações expostas por eles detêm, atualmente, uma maior
credibilidade, podendo interferir na atuação da Polícia Judiciária ou até mesmo do
Ministério Público, órgãos estes fundamentais para obtenção de provas.
Vale ressaltar, que a lógica processual penal da vedação da prova ilícita no
processo, assim como a teoria dos frutos da árvore proibida, não são itens
considerados pela imprensa no repasse dos fatos e acontecimentos. No anseio do
interesse de satisfazer seu público, por vezes de meios obscuros, ilícitos, para
embasar e fomentar as notícias sobre os delitos e os criminosos.
No Poder Judiciário, de forma diversa, perante do mandamento constitucional
elucidado no artigo 5º, inciso LVI, é inadmissível a utilização de provas ilícitas ou de
origem ilícita, tendo em vista que sua decisão atribuirá sanção formal de direito e,
provavelmente, com graves e irreversíveis sequelas para a dignidade e liberdade do
indivíduo sob ajuizamento.
Segundo Nestor Távora (2017, p.630), a produção de prova ilícita pode ser de
extrema prejudicialidade ao processo. Os efeitos da ilicitude podem transcender a
prova viciada, contaminando todo o material dela decorrente. Em um juízo de causa
e efeito, tudo que é originário de uma prova ilícita seria imprestável, devendo ser
21

desentranhado dos autos.


22

Não obstante desta diferenciação de valores no alcance e exposição das


informações no âmbito jornalístico e jurídico, é preciso reconhecer a importância do
jornalismo investigativo para o Judiciário uma vez que, como já fora dito, a mídia, por
diversas vezes, é a responsável pelo início das atividades da polícia e do Ministério
Público.
Tratando-se dos crimes de ação penal pública incondicionada, em regra o
inquérito policial será instaurado de ofício. Haja vista que, a autoridade policial poderá
dar início a inquirição criminal ou instaurar o inquérito policial a partir dos fatos
transmitido pela imprensa referentes às infrações penais.
Ao tratar-se do parquet, este também poderá instruir eventual peça de
informação, em razão das notícias propagadas pelos meios de comunicação social.
É evidente o sentimento de comoção da sociedade ao descobrir, ainda que por
meio de provas ilícitas, os crimes cometidos, seja por pessoas públicas, seja por
pessoas comuns. Discute-se, portanto, a probabilidade do emprego de provas
elaboradas pela imprensa no transcorrer da investigação.
Ademais, é inadmissível no processo penal um meio probatório construído em
circunstâncias atípicas, que dirigem apenas à agilidade no repasse de informações e
a obtenção do lucro, tendo em vista que os meios de mídia não passam de empresas
privadas, embora prestarem um serviço de caráter público e permanente.
De acordo com Luis Gustavo Grandinetti Castanho de Carvalho (2007, p.
292)
a conclusão final que hora se submete à ponderada crítica de todos é que não se
trata de sustentar que o Poder Judiciário autorize a divulgação de interceptações
telefônicas feitas à revelia da lei, mas de reconhecer uma esfera de competência da
imprensa em valorar a conveniência e a oportunidade em divulgá-la, diante da
preponderância do direito de informação da sociedade sobre o direito de intimidade
de certas pessoas detentoras ou pretendentes de cargos públicos que
desempenhem ou pretendam desempenhar a gerencia financeira do patrimônio
público, assumindo a imprensa, por seu ato, todas as conseqüências legais que
possam advir, se provada a invasão ilegítima na intimidade das pessoas. Em síntese,
o que se sustenta é a legitimidade da imprensa valorar a conveniência da divulgação.
23

Há quem defenda ser admissível a produção de provas, mesmo que ilegais, ao


se tratar em prol da sociedade ou pro societate, e do direito desta à informação, com
as quais se possa elucidar o crime. Todavia, não se pode apoiar, ou estimular esse
tipo de comportamento e, para tanto, a imprensa deve arcar com o ônus de empregar
tais meios.
Segundo Nestor Távora, o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade
sopesaria o caso concreto, para assim evitar que a exclusão da prova ilícita levasse à
absoluta perplexidade e evidente injustiça. De acordo com o supracitado autor “o
conflito entre bens jurídicos tutelados pelo ordenamento leva o intérprete a dar
prevalência àquele bem de maior relevância”. (2017, p. 636).
Contudo, o posicionamento é minoritário na doutrina, consistindo portanto a
regra o desentranhamento dos autos de qualquer prova desonesta que tenha como
objetivo corroborar a pretensão punitiva. Em regra basilar da Constituição ao acolher
a utilização de um conjunto probatório ilícito, somente por este ter sido transmitido
pela mídia, ainda que referente apenas ao crime de corrupção, impulsionaria a
extensão desse tipo de conduta aos demais delitos.
Enfim, vale observar que somente ao Judiciário deve ser atribuída a
competência investigatória passível de amparar a decisão final do magistrado ou dos
jurados, seja ela condenatória ou não.
Afinal, ao se avaliar demasiadamente os elementos trazidos pela imprensa,
encontra-se permitindo a transferência da jurisdição do órgão judicial para os veículos
de comunicação, procedendo ao Judiciário somente homologar aquilo que a mídia
determinar como justo e apropriado.

5.4 Trial by the Media

A expressão trial by media, trata-se de uma designação originária dos Estados


Unidos da América do Norte, no que se refere às decisões prolatadas pelo Judiciário,
em decorrência dessa grande influência da mídia no Poder Judiciário. E tem como
escopo caracterizar aquilo que for compreendido como pré-julgamento sentenciado
pela imprensa, sobretudo no que se diz respeito aos crimes dolosos contra a vida.
24

Em decorrência disso, ultimamente tem-se discutindo acerca da imparcialidade


do magistrado competente ao deliberar sobre o caso. Sendo que, mesmo juiz, este
não deixa de ser cidadão integrado e ativo da sociedade e, assim, suscetível às
influências externas apresentadas no julgamento.
O desenvolvimento de um processo justo, com todas as consequências dele
advindas, tais como, o respeito aos princípios basilares e os direitos e garantias
processuais assegurados constitucional e legalmente a todos os envolvidos na lide
penal ficam comprometidos, especialmente no que se refere ao réu. (ANDRADE,
2007, p. 285)
Com o advento da Constituição Federal de 1988 os princípios basilares para o
desenvolvimento de um processo penal amplo e justo, por sua vez, os princípios do
livre convencimento e da presunção de inocência, conquistados através de séculos
de conflitos e sofrimento, submetem-se diante do poder de influência exercido pelos
órgãos de mídia entre a opinião popular.
O conceito de justiça remete a origem da palavra vem de "justitia", justiça em
latim, e é um conceito um tanto abstrato, mas que basicamente remete à um equilíbrio
entre direito, igualdade, interesses, riquezas e oportunidades entre as pessoas.
Segundo o filósofo grego Aristóteles, assim como o também filósofo e
matemático grego Platão, a justiça, bem como a sobriedade e a coragem, são virtudes
éticas que ajudam na separação entre o bem e o mal.
(https://www.meusdicionarios.com.br/justica)
Ora até mesmo o próprio conceito de justiça vem sendo induzido, não mais
ocorrido do cumprimento da lei, mas sim do contentamento de uma fúria punitiva
originada pelos alcances envolvidos por alguns órgãos da imprensa.
Ocorre que, com isso, abre-se um precedente para que aqueles que estão indo
a julgamento, desprovido de sequer ética jornalística, tenham suas vidas esgotadas,
assim como suas reputações, sem que haja se quer penalidade quanto a esse fato.
Ademais, em respeito à dignidade da pessoa humana e à cidadania, em
continuar a mídia subvertendo valores, contestando frontalmente a Constituição
Federal e as leis que regem o ordenamento jurídico brasileiro.
Não obstante, para que um indivíduo seja acusado devem haver indícios de
autoria e provas da materialidade que comprovem a sua culpabilidade. A acusação
detém o poder do ônus da prova e apenas por meio da análise desse conjunto
probatório se justifica uma eventual pena imposta ao final do processo, com o trânsito
em julgado.
25

Contudo, apontando as diretrizes, a mídia sensacionaliza o caso, durante a


repercussão do mesmo, com o fim de torná-lo mais atrativo possível. Sobretudo no
que tange à fase inicial, investigatória, inquisitiva, na qual há a colheita dos
depoimentos das partes envolvidas.
26

Enfim, os básicos sujeitos processuais são afetados, principalmente no que


tange à persuasão do julgador, seja ele togado ou leigo, particular ou colegiado.
Todavia o “frenesi da mídia” na exposição incerta da cobertura dos casos mais
atrativos, através das crônicas policiais, não se remonta com a lentidão exigida pelo
justo andamento processual, desde as suas fases preliminares até a sua fase final. O
processo penal encerra-se para a opinião pública antes mesmo de começar para o
Poder Judiciário.
Perante diversas interferências e inversões/subversões na lógica processual,
Odoné Sanguiné apud Fábio Martins de Andrade (2007, p. 87) expõe que,

atualmente não se pode duvidar já da influência de um quarto poder - o mass media


e a opinião pública - no Juiz ou Tribunal, que pode, às vezes, representar um perigo
mais real para a independência da Justiça que eventuais ingerências do Poder
Executivo.

Consequentemente, há uma insegurança jurídica que, o julgador decida o caso


almejando, consciente ou inconscientemente, atender o “clamor público” criado pela
mídia, do qual se vê refém, ao invés de aplicar aquilo que compreende como imparcial
e equitativo.
Advém, sobretudo, nos casos decididos pelo Tribunal do Júri, nos quais não há
como distinguir a opinião pública da opinião dos jurados que, muitas vezes,
desprovidos de formação técnico-jurídica, são levados a decidir segundo o que é
exposto pela imprensa e não, pelas suas convicções pessoais.

Em suma, é evidente que o fato, praticado pelos órgãos de comunicação,


conhecido como “trial by media”, acima descrito, vem utilizando o princípio da
publicidade para distanciar o Poder Judiciário da sociedade, ao invés de aproximá-
los, assim como também vem embaraçando uma provável ressocialização do
condenado, a este a posteriori haver cumprido a pena. O direito à vida privada do réu
é cruelmente afastado, a fim de satisfazer a curiosidade dos telespectadores.
Segundo GOMES; A sociedade só se tranquiliza quando há a aniquilação do
delinquente (prisão perpétua ou morte, é o que a satisfaz) e as "necessárias" reformas
legislativas. A vingança popular, catalizada pelos meios de comunicação, sobretudo
quando encontra um familiar midiático que assume um "bom" protagonismo social e
político, tem sido, nos últimos anos, um dos (mais relevantes) guias da política criminal
de muitos países.
27

6 DA MÍDIATIZAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI

Conforme GOMES (2012, p.105), o jurado do Tribunal do Júri não deve somente
resguardar sua convicção quanto ao julgamento da causa, mas, sim, manter a sua
imparcialidade no Conselho de Sentença, ao passo que, a emissão de qualquer juízo de
valor sobre a causa, gerando ou não influência sobre os demais membros, faz-se
imprescindível a dissolução do Conselho de Sentença. Caso não ocorra, acarretará a
nulidade absoluta do julgamento.

Ocorre que, o Tribunal do Júri, ao compor o conselho de sentença os juízes


leigos são desprovidos de conhecimentos técnico jurídico, se tornando uma
problemática no que se refere às consequências trazidas pela divulgação do
julgamento pela mídia.
Não obstante, ao se depararem com a responsabilidade de condenar ou
absolver o réu, os jurados, pessoas comuns das mais variáveis classes sociais, se
deixam influenciar por aquilo que for exposto pela mídia, principalmente no que se
refere aos casos de grande repercussão. Assim também elucida Guilherme de Souza
Nucci (2004, p. 131):

[...] eis porque é maléfica a atuação da imprensa na divulgação de casos sub judice,
especialmente na esfera criminal e, pior ainda, quando relacionados ao Tribunal do
Júri. Afinal, quando o jurado dirige-se ao fórum, convocado para participar do
julgamento de alguém, tomando ciência de se tratar de “Fulano de Tal”, conhecido
artista que matou a esposa e que já foi “condenado” pela imprensa e,
consequentemente, pela “opinião pública”, qual isenção terá para apreciar as provas
e dar o seu voto com liberdade e fidelidade às provas?

Ficando, portanto, difícil reservar ao réu um julgamento justo, com


imparcialidade, quando aqueles que julgam, não concretizam a necessidade de
abstração necessária, deixando o seu livre convencimento junto aos fatos noticiados
pelos clamores da opinião pública.
Ademais via de regra, no que se refere crimes dolosos contra a vida atrai o
sensacionalismo da mídia, induzindo muitas vezes o Conselho de Sentença a
amparar a opinião pública em detrimento de sua livre convicção. Restando assim
prejudicada a exortação contida no texto do art. 466 do CPP realizada pelo Juiz
aos Jurados: “Em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta
causa e a proferir a vossa decisão, de acordo com a vossa consciência e os
ditames da justiça”.
De acordo com Pierre Bourdieu os mecanismos do campo jornalístico se
28

sujeitam às exigências do mercado (tanto de leitores como de anunciantes) que


passam a exercer influências sobre os próprios jornalistas que, por sua vez,
exercem influência sobre diferentes campos de produção cultural e sobre o campo
jurídico.
De outro modo, estabelece a Constituição Federal em seu disposto o artigo 5°,
inciso X: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente
de sua violação”.

6.1As audiências televisionadas e alguns casos de maior repercussão do Júri

Em 1990, no Rio Grande do Sul, foi transmitido, pela extinta TV Guaíba, o


julgamento do deputado Antônio Carlos Dexheimer Pereira da Silva, denunciado de
matar a tiros outro parlamentar, José Antonio Daudt.
29

A título de exemplo, podemos citar o caso de Daniela Perez, filha da renomada


autora de novelas Glória Perez, assassinada por seu ex-colega de trabalho Guilherme
de Pádua e sua esposa, com mais de 18 tesouradas em todo o corpo.
A repulsa popular, diante desse trágico fato, resultou até na alteração da
legislação penal, em decorrência de uma iniciativa popular que culminou com a
publicação da Lei 8930/94, responsável por incluir no rol dos crimes hediondos o
homicídio qualificado.
Podemos citar ainda, outro caso polêmico foi o processo de Suzane
Richthofen, acusada de assassinar seus pais, visando a usufruir de sua parte na
herança, com a participação do
30

então namorado Daniel Cravinhos e do seu irmão, Christian Cravinhos. Estipula-se


que, mais de cinco mil pessoas se inscreveram a fim de conseguir ocupar um dos 80
lugares disponíveis na plateia do Tribunal do Júri de São Paulo.
Sucedeu até o pedido de televisionamento do julgamento, sendo este, portanto,
negado pelo Tribunal (TJSP, 5ª Câmara da Seção Criminal, HC 972.803.3/0-00,
Acórdão registrado sob o n. 01036668, relator Des. José Damião Pinheiro Machado
Cogan). No referido acórdão, afirma-se que

a publicidade do processo é uma garantia de que os atos nele praticados são feitos
com lisura, daí a permanência das portas abertas de forma a que qualquer pessoa
que esteja no Fórum possa ingressar e assistir à cerimônia solene. Daí a se pretender
que todo o país possa assistir ao lamentável drama que se desenvolve no Plenário do
Tribunal do Júri, inclusive com repasse de trechos para jornais internacionais, vai uma
longa distância.

Ocorre em 2008, outro episódio de grande repercussão na imprensa o caso de


Eloá Cristina que, aos 15 anos de idade, foi assassinada pelo seu ex-namorado,
Lindemberg Farias, após ser mantida por mais de 100 horas em cárcere privado,
juntamente com alguns amigos.
Diversas emissoras de televisão se mantiveram presentes durante todo o
desenrolar dos fatos, cobrindo e transmitindo todos os fatos, inclusive, fazendo um
apanhado histórico da vida e intimidade da vítima, como também dos outros reféns.
Em 2010, a morte da advogada Mércia Nakashima pelo ex-namorado e ex-
sócio Mizael Bispo de Souza desencadeou um julgamento televisionado pela
imprensa, exceto o que decorreu na sala secreta, local no qual os jurados decidem
pela condenação ou absolvição do réu. Tendo em vista que os jurados, como também
as testemunhas, tiveram a opção de escolher se queriam que suas imagens fossem
exibidas ou não.
No caso em tela, a iniciativa de transmitir o julgamento partiu do magistrado
Leandro Jorge Bittencourt Cano, da Vara do Júri de Guarulhos, que optou por essa
decisão para evitar tumulto no Fórum da cidade, cujo recinto não comportaria o
número de interessados em acompanhar o julgamento. Vale ressaltar que esse não
se trata do primeiro caso de audiência televisionada no Brasil.
31

De acordo com a conjuntura dos fatos, cabe indagar até que ponto essa
conduta vem a ser positiva para o Judiciário. Partindo do pressuposto em que alguns
julgamentos vêm a ser televisionados, amplamente divulgados, abre-se um
precedente para que todos os demais também o sejam. Significa dizer que, a
sociedade globalizada que necessita cada vez mais se inteirar daquilo que está
acontecendo ao seu redor.
Trata-se em decorrência desse tipo de conduta, que alguns critérios devem ser
disciplinados no ordenamento jurídico a fim de que não sejam distorcidos os direitos
e garantias fundamentais das partes. Se assim não fosse, o acusado poderia vir a ser
punido mesmo antes de receber sua sentença, devido à grande repercussão feita pela
mídia daquilo de que o mesmo vem sendo acusado.
Ademais, é inegável que, em alguns aspectos, poderia vir a ser benéfico à
Justiça que esse tipo de transmissão televisiva ocorresse. Sendo assim, haveria uma
maior proximidade da sociedade com o Poder Judiciário, vinculando, assim, os
preceitos trazidos pelo princípio da transparência dos atos públicos.
Percebe-se, portanto, que devem ser bem analisadas as consequências da
reiteração desse tipo de cobertura midiática do processo, necessitando a mesma
ocorrer somente naqueles casos que seja do interesse público, nos julgamentos que
despertem significativo interesse da social. Assim também é o entendimento de
Rosimeire Ventura Leite (2007):

De fato, é necessário que haja critérios objetivos, a fim de que a matéria não dependa
apenas da discricionariedade judicial. Assim, na eventualidade de um ordenamento
jurídico aceitar julgamentos televisionados total ou parcialmente, o mínimo que se
deve exigir é a anuência da defesa e do acusado, bem como o respeito ao direito à
imagem daqueles participantes que não queiram ser identificados.

Esse dilema também enseja consequências em outros países. Como nos


Estados Unidos da América, na grande maioria dos casos, para que ocorra a cobertura
televisionada do julgamento, o juiz tem que permitir, ficando o mesmo imbuído do
poder de interferência da transmissão no decorrer do processo. Ocorre também uma
regulamentação sobre a quantidade de pessoas, posição dos profissionais,
equipamentos, tipo de câmera, etc.
Já em Portugal, segundo disposto em seu Código de Processo Penal, no artigo
88, a transmissão da “narração circunstanciada do teor de actos processuais” (art.
32

88) só acontecerá, dentro dos alcances da lei, e com ordem judicial, devendo-se
preservar a imagem das pessoas que se opuserem à divulgação.
Na Itália, o artigo 147 das normas de atualização do CPP, também estipula a
autorização judicial para que haja a transmissão televisiva ou radiofônica dos debates.
Faz-se necessário também a concessão das partes, podendo esta, portanto, ser
dispensada se for verificado o interesse social no conhecimento do julgamento. Para
que seja captada a imagem de qualquer pessoa, parte do processo, é necessário o
consentimento desta ou a inexistência de proibição legal. (LEITE, 2007)
Entretanto, nota-se que esse tipo de discussão é somente a ponta do iceberg
neste momento histórico. Diversos outros problemas podem advir da transmissão dos
julgamentos, sobretudo no que se diz respeito o Tribunal do Júri.
Diante do emblemático sensacionalismo promovido pela imprensa, não seria
difícil que os jurados decidissem sem estarem atrelados ao que consta no processo.
A decisão não seria consequência racional da ação e da investigação que o antecedeu
e sim, um ato de manifestação do rancor perpetuado pelos órgãos de comunicação.
Segundo GOMES; A sociedade só se tranquiliza quando há a aniquilação do
delinquente (prisão perpétua ou morte, é o que a satisfaz) e as "necessárias" reformas
legislativas. A vingança popular, catalizada pelos meios de comunicação, sobretudo
quando encontra um familiar midiático que assume um "bom" protagonismo social e
político, tem sido, nos últimos anos, um dos (mais relevantes) guias da política criminal
de muitos países.

A genuína presença dos operantes de câmeras rodeando pelo Tribunal, em


busca do melhor ângulo, já pode vir a intervir na consciência dos jurados e, por
consequência, interferir no resultado advindo do conselho de sentença.
Em conseguinte, o direito fundamental do réu, de ter um julgamento imparcial
pode ser danificado. O julgador não pode divergir do sentimento de revolta do público,
porque se isso ocorrer, ele se transformará em réu da opinião pública ou publicada.

6.2 A imparcialidade dos jurados

Como foi citado acima, todo cidadão tem o direito a um julgamento justo e
imparcial, sendo assim constituído pelo princípio do juiz natural, pressuposto
fundamental da relação processual qual se da sua garantia.
33

Sobretudo nos casos de maior repercussão midiática referente ao Tribunal do


Júri, torna-se extremamente complexo garantir essa prerrogativa, uma vez que o
veredicto é realizado por juízes leigos, aptos de serem influenciados por
circunstâncias externas às apresentadas na demanda.
A visão que a mídia transmite do crime e do indiciado é, boa parte, mais
relevante aos jurados do que aquelas exibidas no desenrolar do processo.
Ocorre que, o fato do Júri decidir somente sob íntima convicção, com ausência
de fundamentos em sua decisão, beneficia ainda mais a que isso ocorra, de maneira
que se torna obscuro considerar quais fatos narrados foram decisivos durante a
formulação do veredicto final.
Entretanto, a que se falar sobre exposição dos motivos que levaram à decisão
é imposta apenas aos juízes togados. Aos juízes leigos, cabe somente responder sim
ou não aos quesitos formulados pelo juiz presidente. Ademais, não os afasta do dever
de decidir de forma isenta e imparcial como prevê a Constituição Federal.
Não obstante o que está no bojo é o futuro do réu, por tal motivo é inadmissível
que os jurados permitam se manipular pelos segmentos mais fortes e organizados da
sociedade

Ademais, ao se desvencilhar do conjunto probatório apresentado no trâmite do


processo, o Júri pode estar baseando o seu convencimento em fatos desarmônicos
da verdade processual, apoiando-se em um pré-julgamento realizado e amplamente
divulgado pela influência midiática, desprovidos do conhecimento judicial.
Todavia, as garantias de incomunicabilidade dos jurados e do sigilo das
votações não garantem materialmente a formação do livre convencimento do Júri. A
decisão já está formada antes mesmo de se iniciar o julgamento, no momento em que
estão sendo expostos os primeiros fatos sobre o caso.
34

Além disso, antes de estarem exercendo um papel tido como dever cívico, os
jurados são cidadãos e, do mesmo modo, já exteriorizam seu pré-julgamento durante
os debates provocados pela mídia e realizados em seu meio social, deixando-se
influenciar também pela opinião de terceiros.
Ademais, o desaforamento (art. 427 do Código de Processo Penal) foi uma
solução encontrada pelo legislador de modo a garantir a lisura do julgamento.É possível
que as partes pleiteiem a retirada do julgamento da comarca onde ocorreu o crime
doloso contra a vida, transferindo-o para a comarca mais próxima, sendo possível tal
requerimento é denominado pedido de desaforamento, e será ajuizado diretamente no
tribunal, quando subsistirem os fundamentos do artigo 427 do Código de Processo
Penal, que tem a seguinte redação:

Art.427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida


sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o
Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do
querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz
competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para
outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos,
preferindo-se as mais próximas. (Fonte: Código de Processo Penal de
1941, artigo 427).

Denota-se que, ocorre nos crimes de repercussão local, isso pode vir a ser
garantido, já que o sentimento de revolta se torna nacional nos casos de maior
repercussão, divulgados pela imprensa.
Preceitua GOMES; a justiça, quando deixada sob o comando do povo, fica
totalmente cega e condena até quem seria seu máximo defensor! Tudo em nome da
justiça, ou seja, quando a emoção fala mais alto que a razão, tudo quanto satisfaz a
ira da massa ou a amargura dos familiares ou a falta de segurança coletiva passa a
ser "válido" e "justo".
Na maioria dos casos, a doutrina recomenda a suspensão do processo até que
se amenize o fervor dos noticiários sobre o caso.
Para Geraldo Luiz Mascarenhas Prado apud Fábio Martins de Andrade (2007,
p.323):

a parte que se sinta prejudicada por excessiva exposição pública dos fatos do
processo, a ponto de razoavelmente supor que os membros da comunidade (...)
estão sujeitos à influência externa, pode reclamar a suspensão do curso do
procedimento, durante determinado período.

Entretanto, nota-se que o desaforamento se tornou uma medida obsoleta, aos


35

proclames da mídia que vai além os limites territoriais que ocorreu o crime e atingem
uma âmbito maior do que possamos imaginar até mesmo internacional.
No que tange à suspensão do processo, está se diferencia somente como uma
medida paliativa, que não soluciona o problema, contudo, normalmente, ao se
aproximar a data do julgamento, a imprensa reacende a discussão perante a mídia.

Não é exagero dizer que no processo penal midiático o juiz se torna refém da
mídia punitiva e opressora. Referindo-se a denominada “criminologia midiática”,
Zaffaroni afirma que na guerra contra eles (os selecionados como criminosos) são os
juízes alvos preferidos da “criminologia midiática”, que segundo Zaffaroni, “faz uma festa
quando um ex-presidiário em liberdade provisória comete um delito, em especial se o
delito for grave, o que provoca uma alegria particular e maligna nos comunicadores”.

Por tudo e por mais que se advogue a liberdade de expressão e a liberdade de


imprensa, não se pode consentir que a mídia se transforme em juiz/verdugo para julgar
e punir suas vítimas. Não se pode admitir que os alicerces do Estado democrático de
direito sejam destruídos pelo terremoto punitivista e da opressão.
36

CONSIDERAÇOES FINAIS
37

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BRASIL. Superior Tribunal Federal. Recurso de Habeas Corpus. Transação. Habeas


38

Corpus nº 87.827, da 1ª Turma. Criminal. Juizado Especial Criminal. Relator


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