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CEI-DPU

RETA FINAL 2017


8ª RODADA - 10/07/2017

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RETA FINAL 2017
8ª RODADA - 10/07/2017
DURAÇÃO

18/04/2017 A 17/07/2017

MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas

ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone

150 QUESTÕES OBJETIVAS


Por rodada

2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada

1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada

IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.

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PROFESSORES

Caio Paiva. Coordenador do CEI-DPU e professor de Direito Penal e Criminologia, Direito


Penal Militar, Direito Processual Penal, Direito Processual Penal Militar, Direitos
Humanos e Princípios Institucionais da Defensoria Pública
Defensor Público Federal. Chefe da Defensoria Pública da União em Campinas/SP. Especialista em
Ciências Criminais. Autor dos livros Audiência de Custódia e o Processo Penal Brasileiro e Prática
Penal para Defensoria Pública, e coautor do livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

Thimotie Aragon Heemann. Professor de Direito Eleitoral, Direito Internacional e


Direito Ambiental
Aprovado no concurso para Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Paraná (primeiro
lugar até a prova de títulos). Advogado. Especialista em Processo Penal Internacional. Coautor do livro
Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.

E-mail: profcei.thiotieheemann@gmail.com

Maria Helena Rocha. Professora de Direito Administrativo, Direito do Trabalho,


Direito Processual do Trabalho, Direito Tributário
Advogada da União. Foi Defensora Pública do Estado de Pernambuco. Aprovada nos concursos da
DPU, DPE/RN e AGU. Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.

E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

Edilson Santana. Professor de Direito Processual Civil e Direito Constitucional


Defensor Público Federal. Especialista em Direito Processual. Foi Defensor Público do Estado do
Maranhão. Coautor do livro Dicionário de Ministério Público e autor dos livros A Eficácia Horizontal
dos Direitos Fundamentais: sua vinculação às relações particulares e Defensoria Pública e a Tutela
Coletiva de Direitos.

E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

Fernanda Prugner. Professora de Direito Civil, Direito Empresarial e Direito do Con-


sumidor
Advogada. Aprovada nos concursos da Defensoria Pública do Estado da Bahia e Defensoria Pública
do Estado do Espírito Santo.

E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

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Rafael Vasconcelos Porto. Professor de Direito Previdenciário e da Assistência Social


Juiz Federal Titular em Poços de Caldas – MG (aprovado no XIII Concurso para o TRF-1) Foi Defensor
Público Federal (2010-2011). Bacharel em Direito pela UFMG e mestrando em Direito Previdenciário
pela PUC-SP. Aprovado também para os cargos de Procurador Federal (AGU) e Advogado da Caixa
Econômica Federal.

E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

Daniel Chiaretti. Professor de Filosofia do Direito, Noções de Ciência Política e No-


ções de Sociologia Jurídica
Defensor Público Federal. Bacharel em Direito e Filosofia pela USP. Mestrando em Ética e Filosofia
pela USP. Defensor Regional dos Direitos Humanos em São Paulo.

E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

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INSTRUÇÕES GERAIS

Bem vindo(a)s ao CEI-DPU!

O CEI nasceu como um curso voltado exclusivamente para a preparação para o concurso da DPU,
em 2013. Depois foram surgindo cursos para diversas outras carreiras, mas certamente temos um
carinho especial pelo CEI-DPU, curso com o qual conseguimos contribuir para a aprovação de 78
alunos no V Concurso da DPU.

ALGUMAS ORIENTAÇÕES:

1) Simulem ao máximo a prova real. Quanto estiverem fazendo as questões objetivas, não deixem
nenhum material de pesquisa por perto. Se puderem imprimir o material, melhor ainda; se não
puderem, não há problema. Quando forem fazer as questões dissertativas e a peça judicial, deixem
por perto apenas a legislação seca (sem anotações).

2) Fiquem à vontade para enviarem suas respostas e peças escritas à mão ou digitadas. Para
qualquer destas opções, há um modelo na área do aluno que vocês devem observar. Se decidirem
enviar as respostas escritas à mão, baixem o modelo (disponível também no final desse arquivo) e
depois, na hora de enviar para o e-mail do professor, lembrem-se de colocar as páginas em arquivo
único no formato .pdf. Se decidirem enviar as respostas no formato digitadas, baixem o modelo no
formato .doc.

3) Observem os prazos estabelecidos no cronograma, que está no site e agora repetido aqui:

Limite para Limite para Publicação


Publicação rodada
resposta correção espelho
1ª. Rodada 18/04/17 23/04/17 01/05/17 03/05/17
2ª. Rodada 25/04/17 30/04/17 08/05/17 10/05/17
3ª. Rodada 05/05/17 10/05/17 20/05/17 22/05/17
4ª. Rodada 15/05/17 20/05/17 30/05/17 01/06/17
5ª. Rodada 25/05/17 30/05/17 09/06/17 12/06/17
6ª. Rodada 05/06/17 10/06/17 20/06/17 22/06/17
7ª. Rodada 15/06/17 20/06/17 30/06/17 03/07/17
8ª. Rodada 03/07/17 08/07/17 18/07/17 20/07/17
9ª. Rodada 13/07/17 18/07/17 28/07/17 31/07/17
10ª. Rodada 24/07/17 29/07/17 08/08/17 10/08/17

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4) Para dúvidas sobre os temas tratados nas rodadas, falem diretamente com o professor
responsável. Todos os e-mails estarão nos materiais. Para críticas ou considerações, podem
escrever para mim no e-mail profcei.caiopaiva@gmail.com. Para dúvidas sobre acesso ao material
ou à área do aluno, falem no e-mail suporte@cursocei.com.

Estaremos juntos por 10 semanas. Aproveitem. Estudem muito.


Espero que em breve sejamos colegas!

CAIO PAIVA
Coordenador do CEI-DPU

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO....................................................................9


GRUPO I..........................................................................................................................................................9
DIREITO CIVIL..........................................................................................................................................9
DIREITO EMPRESARIAL...................................................................................................................... 12
DIREITO DO CONSUMIDOR............................................................................................................. 13
DIREITO AMBIENTAL.......................................................................................................................... 14
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................ 15
DIREITO TRIBUTÁRIO.......................................................................................................................... 16
GRUPO II....................................................................................................................................................... 17
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA................................................................................................. 17
DIREITO PROCESSUAL PENAL......................................................................................................... 18
DIREITO PENAL MILITAR................................................................................................................... 19
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................20
GRUPO III...................................................................................................................................................... 21
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................. 21
DIREITO DO TRABALHO....................................................................................................................23
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.........................................................................................23
DIREITO PREVIDENCIÁRIO.............................................................................................................. 24
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA....................................................26
GRUPO IV......................................................................................................................................................27
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................27
DIREITO INTERNACIONAL................................................................................................................29
DIREITOS HUMANOS..........................................................................................................................32
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA...................................................................................................................................................33
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...................................................................................................36
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO................................................................37
GRUPO I........................................................................................................................................................37
DIREITO CIVIL........................................................................................................................................37
DIREITO EMPRESARIAL......................................................................................................................57
DIREITO DO CONSUMIDOR.............................................................................................................65
DIREITO AMBIENTAL..........................................................................................................................72
DIREITO PROCESSUAL CIVIL............................................................................................................76
DIREITO TRIBUTÁRIO......................................................................................................................... 84
GRUPO II.......................................................................................................................................................88
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA.................................................................................................88

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DIREITO PROCESSUAL PENAL.........................................................................................................92


DIREITO PENAL MILITAR...................................................................................................................95
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR........................................................................................96
GRUPO III.....................................................................................................................................................101
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................101
DIREITO DO TRABALHO...................................................................................................................110
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO....................................................................................... 114
DIREITO PREVIDENCIÁRIO............................................................................................................. 119
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA..................................................125
GRUPO IV....................................................................................................................................................129
DIREITO CONSTITUCIONAL...........................................................................................................129
DIREITO INTERNACIONAL.............................................................................................................. 141
DIREITOS HUMANOS.........................................................................................................................151
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E NOÇÕES DE CIÊNCIA
POÍTICA.................................................................................................................................................158
QUESTÕES DISSERTATIVAS....................................................................................................................... 169
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................169
DIREITOS HUMANOS........................................................................................................................169
PEÇA JUDICIAL.............................................................................................................................................. 170

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.

DIREITO CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 1. Analise e julgue o item:

Sendo o direito de visitação uma obrigação de fazer do guardião, consistente em facilitar,


assegurar e garantir a convivência do filho com o não guardião, é cabível aplicação de
astreintes quando o genitor detentor da guarda da criança, descumprir acordo homologado
judicialmente sobre o regime de visitas, consoante entendimento do STJ.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil e da cessão de crédito, julgue o item:

É possível a cessão de crédito de indenização do seguro DPVAT decorrente de morte, mas


vedada em relação à hipótese de reembolso de despesas médico-hospitalares.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Ainda na temática da responsabilidade civil, julgue o item abaixo:

De acordo com disposição expressa do Código Civil, os credores de indenização por dano
morte, fixada na forma de pensão mensal, têm o direito de exigir que o causador do ilícito
pague de uma só vez todo o valor correspondente.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. Julgue o item de acordo com o entendimento do STJ:

Verificada ocorrência de coação moral irresistível, é de um ano o prazo de decadência para


anular partilha de bens em dissolução de união estável.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 5. Julgue o item abaixo:

A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança de dívida já adimplida,


disciplinada no artigo 940 do Código Civil, pressupõe dois requisitos: cobrança judicial de
dívida já paga, sem ressalva das quantias recebidas e má-fé do credor.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. Consoante posicionamento do STJ, julgue o item:

Aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre condôminos
de coisa indivisível.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. No que diz respeito ao depósito voluntário, julgue o item:

O ordenamento jurídico brasileiro admite o exercício do direito de retenção pelo depositário


até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas efetuadas com a
coisa ou eventuais prejuízos decorrentes do depósito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 8. Acerca do Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue o item:

A curatela afetará somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e


negocial do curatelado.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Acerca do Programa de Arrendamento Residencial, julgue o item:

De acordo com o STJ, ainda que existentes vícios de construção que tornem precárias as
condições de habitabilidade de imóvel incluído no Programa de Arrendamento Residencial,
incabível a condenação da CEF a devolver aos arrendatários, optantes pela resolução do
contrato, o valor pago a título de taxa de arrendamento, pois mera operadora do programa.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 10. Julgue o item seguinte:

A previsão de reajuste de mensalidade de plano de saúde em decorrência da mudança de


faixa etária de segurado idoso configura, por si só, cláusula abusiva, diante da vedação
expressa contida no artigo 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, decidiu recentemente o STJ.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. Acerca da ordem de vocação hereditária, julgue o item seguinte:

Guilherme, casado com Juliana no regime da comunhão parcial de bens e com dois filhos,
faleceu deixando bens particulares. Nessa situação, de acordo com o Código Civil, Juliana
não terá direito de concorrência com os descendentes do casal quanto aos bens particulares
constantes do acervo hereditário, eis que já tem direito à meação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 12. Acerca dos efeitos do contrato de fiança, julgue o item:

A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o


compromisso da solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício
de ordem.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 13. Em relação ao instituto do mútuo, julgue o item:

O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não
poderá ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. Acerca da posse, julgue o item:

A posse justa é caracterizada mediante uma análise subjetiva, por sua vez a posse de boa-fé
é verificada objetivamente.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 15. Julgue o item acerca da união estável.

O denominado namoro qualificado, quando existente coabitação, caracteriza união estável.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Analise e julgue o item seguinte:

Na sociedade simples de prazo determinado, o direito de recesso ocorrerá mediante


notificação dos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias e, se de prazo
indeterminado, provando judicialmente justa causa.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Acerca das sociedades limitadas, julgue o item:

No caso de falecimento de sócio, inexistindo previsão contratual sobre o tema, a limitada


rege-se supletivamente pelas normas das sociedades simples, ocorrendo, via de regra,
a liquidação da quota pertencente ao de cujus. Havendo previsão contratual de regência
supletiva pelas normas das sociedades anônimas, haverá, em regra, sucessão da quota
pelos herdeiros do sócio falecido.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. De acordo com entendimento recente do STJ, julgue o item:

O aval dado aos títulos de créditos típicos prescinde de outorga uxória ou marital.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 19. Acerca do cheque, julgue o item:

A pós-datação de cheque, ainda que realizada fora do campo da data da emissão, é hábil
a ampliar o prazo de apresentação do título à instituição financeira sacada, conferindo
segurança e eficácia a pactuação realizada.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 20. Julgue o item seguinte:

O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é de cinco anos, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I

QUESTÃO 21. Consoante entendimento do STJ, julgue o item:

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor é vedada a denunciação da lide nas


demandas consumeristas de responsabilidade civil por acidentes de consumo. Dessa
maneira, realizada à denunciação sem oposição do consumidor, poderá o denunciado
invocar em seu benefício a regra de vedação da denunciação para eximir-se de suas
responsabilidades perante o denunciante.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Julgue o item:

De acordo com entendimento cristalizado do STJ, a utilização de escore de crédito, método


estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa consentimento
do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais
valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. Analise e julgue o item seguinte:

O Código de Defesa do Consumidor veda expressamente a inversão convencional do ônus


da prova, sendo nula de pleno direito referida cláusula contratual.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. No que diz respeito a coisa julgada nas ações coletivas, prevista no CDC, e o
entendimento do STJ sobre o tema, julgue o item:

Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta em
defesa de direitos individuais homogêneos, inclusive por falta de provas, não é possível a

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propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que
em outro Estado da federação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 25. Acerca das disposições do Código de Defesa do Consumidor, julgue o item:

As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de


categoria econômica podem regular, por convenção escrita ou verbal, relações de consumo
que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade,
à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição
do conflito de consumo.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

QUESTÃO 26. O movimento de constitucionalização do direito urbanístico ocorreu somente


com o advento da Constituição Federal de 1988.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. É obrigatória a elaboração do plano diretor para cidades com mais de quinze
mil habitantes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. O Estatuto da Cidade prevê uma modalidade especial de usucapião coletiva
para pessoas de baixa renda.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. O artigo 38 da Lei de Crime Ambientais prevê uma hipótese de “norma penal
em branco ao quadrado”.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 30. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de crimes


ambientais é um consectário do fenômeno chamado pela doutrina de “sociedade de risco”.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. Há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples em ação de repetição de indébito relativa
a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado
entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 32. Na fase de cumprimento de sentença há necessidade de intimação formal
da parte para apresentar impugnação, mesmo após seu comparecimento espontâneo nos
autos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. Em Ação Civil Pública somente haverá condenação da associação autora
em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé, a qual
exige, para sua configuração, a presença de dolo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 34. As ações rescisórias processadas e julgadas originariamente no STJ após o
advento do CPC/2015 dispensam a figura do revisor.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas
contrarrazões.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 36. Se o autor, na petição inicial, ou o réu, em petição apresentada com dez
dias de antecedência da data da audiência, manifestar expressamente seu desinteresse na
composição consensual, não será realizada a audiência de conciliação ou de mediação.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 37. A perpetuatio juridictionis impede a alteração da competência em razão da
mudança de domicílio do réu.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. A regra da perpetuatio juridictionis será excepcionada quando houver
supressão do órgão judiciário ou alteração superveniente da competência absoluta. No
segundo caso, já tendo havido sentença quando da alteração da competência absoluta, não
haverá, todavia, redistribuição do processo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Federal sua
competência é absoluta.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. Não se incluem na competência do Juizado Especial Federal Cível as causas
que tenham como objeto a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal de
natureza previdenciária, ainda que tenham valor de até sessenta salários mínimos.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

QUESTÃO 41. João, beneficiário de parcelamento de crédito tributário, foi excluído do


programa de parcelamento, por ato que considerou ilegal. Por isso, interpôs reclamação
administrativa perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), a qual, de
acordo com a jurisprudência do STJ, suspende a exigibilidade do crédito tributário.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 42. O crédito tributário surge, automaticamente, com a ocorrência do fato


gerador.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 43. Não se pode constituir o crédito tributário com base em confissão de dívida
realizada após a extinção do crédito pela decadência, ainda que o objetivo da confissão seja
a inclusão em programa de parcelamento tributário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. É constitucional o protesto de certidões de dívida ativa pela Fazenda Pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. O responsável tributário subsidiário só é chamado a adimplir a obrigação do
contribuinte caso a este não seja possível que a Fazenda Pública exija o pagamento.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

A respeito dos tratados internacionais sobre direito de pessoas encarceradas (regras


mínimas para o tratamento de pessoas presas e regras de Bangkok), julgue os três itens a
seguir.

QUESTÃO 46. As Regras de Mandela proíbem a revista em partes íntimas de pessoas que
visitam unidades prisionais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 47. As Regras de Mandela não proíbem o isolamento da pessoa presa, limitando-o,
porém, ao máximo de 15 dias, sendo que, transcorrido esse prazo, o isolamento passa a ser
considerado confinamento solitário prolongado, prática que as Regras de Mandela proíbem.

ccCERTO ccERRADO

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QUESTÃO 48. As Regras de Mandela, assim como a Lei de Execução Penal brasileira,
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê exclusivamente por
meio das visitas e de correspondência escrita.

ccCERTO ccERRADO
A respeito dos crimes contra a ordem tributária, julgue os dois itens a seguir.

QUESTÃO 49. Apesar de a pena do crime de falso seja maior do que a pena do crime de
descaminho, quando aquele é praticado como crime-meio para a consecução do segundo,
conforme tem decidido os tribunais superiores, incidirá o princípio da consunção.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. Conforme tem decidido o Supremo Tribunal Federal, em razão de se constituir
crime material contra a ordem tributária somente com o lançamento definitivo do tributo,
não se pode falar em termo inicial do prazo prescricional antes desse evento oriundo do
processo administrativo fiscal.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

Sobre o tema da prisão processual e liberdade, julgue os cinco itens a seguir:

QUESTÃO 51. A Lei 13.257/2016 estabeleceu um marco normativo da primeira infância,


alterando diversos diplomas normativos, entre eles o Código de Processo Penal, que passou
a prever ouras hipóteses de prisão domiciliar para além daquelas anteriormente previstas.
A Lei 13.257 pode ser criticada pelo fato de não ter incluído o homem como destinatário
da norma que concede prisão domiciliar para quem possui filho que necessita dos seus
cuidados.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 18


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QUESTÃO 52. Se o defensor público impetra habeas corpus contra prisão preventiva
decretada quando do recebimento da denúncia, no caso de quando do julgamento do HC o
Tribunal constatar que dias atrás foi proferida sentença condenatória com manutenção da
prisão preventiva, ainda que não tenham sido invocados fundamentos indiscutivelmente
diversos do decreto de prisão preventiva originário, prevalece na jurisprudência dos
tribunais superiores que o HC perderá o objeto.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 53. Conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, a contemporaneidade
dos motivos é um requisito para se aplicar medidas cautelares, principalmente a prisão
preventiva.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 54. Conforme tem decidido os tribunais superiores, não cabe à instância
julgadora do habeas corpus agregar ou complementar a fundamentação da decisão que
decretou a prisão preventiva.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 55. Conforme tem decidido os tribunais superiores, a ausência de comunicação
da prisão em flagrante à Defensoria Pública, no caso em que a pessoa não possua advogado,
não torna a prisão ilegal.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. O Código Penal militar, tal como o Código Penal comum, prevê o perdão
judicial como causa extintiva da punibilidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal militar, diferente do Código Penal comum, tipifica como
crime o dano culposo.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 19


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QUESTÃO 58. Conforme a jurisprudência sumulada do Superior Tribunal de Justiça,


militar que no exercício da função e dentro de unidade militar pratique o crime de abuso de
autoridade, será julgado pela Justiça Militar.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. O Código de Processo Penal Militar prevê que, havendo divergência entre as
suas normas e as normas contidas em tratados de que o Brasil seja signatário, prevalecerão
as últimas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 60. Conforme estabelece a LC 80, é atribuição do Defensor Público-Geral Federal
atuar junto ao Superior Tribunal Militar.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 61. O TSE não possui competência originária para julgamento de crimes
eleitorais.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e
oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. O conceito de domicílio eleitoral é mais restrito que o conceito de domicílio
civil.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 20


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QUESTÃO 64. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o fato de determinado indivíduo estar
inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as emendas constitucionais que
alterem o processo eleitoral devem respeitar o princípio da anualidade eleitoral.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

QUESTÃO 66. O anistiado político que obteve administrativamente reparação pecuniária


prevista na Lei nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não pode pleitear, na esfera judicial, indenização
por danos morais por fatos decorrentes de perseguição política na mesma época.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 67. A possibilidade de impetração de habeas data e o direito de petição ao
poder público são instrumentos jurídicos que materializam, dentre outros, o princípio da
publicidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 68. A satisfação das necessidades coletivas através da prestação de serviços
públicos está relacionada à persecução do interesse público secundário.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 69. A Administração Pública pode retirar do ordenamento o ato administrativo
praticado em desconformidade com a ordem jurídica, o que caracteriza a revogação do
referido ato. Nesse caso, devem ser respeitados os direitos adquiridos.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 21


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QUESTÃO 70. Em processo administrativo tendente à demissão de servidor público, é


imprescindível que sua defesa seja realizada por profissional legalmente habilitado, seja
advogado, seja Defensor Público, sob pena de nulidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. Tratando-se de ato administrativo que nega pedido de licença para construção
formulado por particular, é vedada a motivação aliunde.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 72. O Poder Legislativo pode controlar a Administração Pública sustando
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, bem como
requisitando informações dos agentes públicos, sob pena de crime de responsabilidade.
Essas duas medidas representam formas de controle parlamentar direto da Administração
Pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 73. Havendo inadimplemento do usuário e prévia notificação do Poder Público,
é legítimo o corte do serviço de energia de todos os imóveis do usuário, ainda que o
inadimplemento se refira apenas a um deles.

ccCERTO ccERRADO
Acerca da concessão de serviços públicos, julgue os itens 74 e 75:

QUESTÃO 74. A empresa Felicidade S/A, após regular procedimento licitatório, celebrou
contrato de concessão comum com a União, para oferecer determinado serviço público.
Nesta situação, é correto afirmar que não haverá contrapartida pecuniária à concessionária,
cuja remuneração será realizada por meio de tarifas com as quais arcarão os usuários.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 75. Ao fim do contrato de concessão, a empresa Felicidade S/A reverteu ao
patrimônio da União determinados bens, para que os serviços públicos continuassem a ser
prestados. Eventual onerosidade, ou seja, contraprestação por parte da União, na reversão
dos bens não viola as disposições legais sobre o instituto.

ccCERTO ccERRADO

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DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 76. A exigência de certidão de antecedentes criminais de candidato a emprego


doméstico é legítima e não caracteriza dano moral.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 77. Havendo rescisão indireta, o empregado faz jus à indenização de 40% sobre
os depósitos do FGTS.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. De acordo com a jurisprudência do TST, as regras punitivas referentes à
prática de lockout podem ser aplicadas aos operadores portuários, no caso em que estes
interrompam as atividades para frustrar eventual negociação coletiva com os trabalhadores
avulsos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. É possível a prorrogação da jornada do menor de idade em virtude de
necessidade imperiosa decorrente de qualquer evento inevitável em relação à vontade
do empregador e com a qual ele não concorreu e desde que o trabalho do adolescente
seja indispensável à continuidade das atividades do empregador, salvo se constatada
imprevidência deste.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 80. Considera-se dumping social a modalidade de ganho de competitividade
desleal decorrente da deterioração do contrato de emprego, reduzindo-se os custos sociais
trabalhistas, com o intuito de conferir lucro ao empregador.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

QUESTÃO 81. Segundo o entendimento do TST, a intervenção do amicus curiae não se


aplica ao Processo do Trabalho.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 23


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QUESTÃO 82. Embora o CPC/2015 preveja a competência do juízo do local do pagamento


para a ação de consignação em pagamento, no Processo do Trabalho, aplica-se o disposto
no art. 651 da CLT, que impõe, em regra, o juízo do local da prestação de serviços.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. José trabalhou na empresa X durante dois anos, até ser dispensado sem
justa causa. Ao anunciar a dispensa, a empresa forneceu a José um termo de rescisão,
assinado pelo gerente, com a discriminação das verbas rescisórias a ele devidas. O
documento não foi assinado por testemunhas. Na mesma ocasião, José recebeu um cheque
como pagamento pelos valores devidos, o qual, porém, somente tentou descontar 8 (oito)
meses depois de findo o prazo de apresentação. Nessa situação, a fim de ver satisfeito seu
crédito, José poderá optar entre a execução do cheque, que é título executivo extrajudicial,
e o ajuizamento de ação monitória.

ccCERTO ccERRADO
Acerca da ação civil pública em matéria trabalhista, julgue os itens 84 e 85:

QUESTÃO 84. Em caso de dano de abrangência nacional, é competente para o julgamento


da ação civil pública qualquer Vara do Trabalho das sedes dos Tribunais Regionais do
Trabalho cuja jurisdição abranja as localidades atingidas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. Havendo, em ação civil pública trabalhista que verse sobre direitos difusos,
julgamento de improcedência por insuficiência de provas, não haverá formação de coisa
julgada material. Nesse caso, é correto falar em coisa julgada secundum eventum probationis.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. Segundo o entendimento mais recente do STJ, o rol de doenças, previsto
na legislação, que permitem a aposentadoria por invalidez integral no âmbito do Regime
Próprio da Previdência Social é taxativo.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 24


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QUESTÃO 87. O fator previdenciário incide obrigatoriamente no cálculo da renda mensal


inicial da aposentadoria especial, que é uma espécie do gênero “aposentadoria por tempo
de contribuição”.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 88. O período básico de cálculo corresponde aos 36 últimos salários-de-
contribuição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 89. A renda mensal inicial da aposentadoria por idade será de 70% do salário-
de-benefício, mais 1% a cada grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 91% do
salário-de-benefício.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. Segundo entendimento consolidado do STF, o segurado tem direito a que
seu benefício seja calculado para alcançar a melhor renda possível, se já havia, na data a ser
tomada por base, reunido os requisitos para sua obtenção.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 91. O fator previdenciário é calculado considerando-se a idade, a expectativa de
sobrevida e o tempo de contribuição do segurado. O cálculo é feito de maneira absolutamente
igual para homens e mulheres, inclusive com relação à expectativa de sobrevida, pois é
considerada a média nacional única para ambos os sexos.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 92. Caso trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, e opte por contribuir com alíquota reduzida, o segurado contribuinte individual
poderá se aposentar por tempo de contribuição, porém não faz jus a aposentadoria especial.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 25


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QUESTÃO 93. O aposentado pelo RGPS que retorna à atividade, enquadrando-se como
contribuinte individual, não faz jus, nessa condição, a salário-família.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 94. As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao
salário ou ao benefício.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 95. O valor da cota de salário-família a ser paga ao trabalhador avulso é
proporcional, dependendo do número de dias efetivamente trabalhados no mês.

ccCERTO ccERRADO
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

Ainda sobre o tema das prerrogativas dos membros da Defensoria Pública, julgue os quatro
itens a seguir.

QUESTÃO 96. A prerrogativa da intimação pessoal mediante vista dos autos não se aplica
às intimações expedidas por tribunais superiores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. A prerrogativa do prazo em dobro se aplica inclusive quando a lei estabelecer,
de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública, conforme prevê o novo Código
de Processo Civil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. A LC 80 assegura aos membros da Defensoria Pública a prerrogativa de
serem ouvidos como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e
local previamente ajustado com a autoridade competente, prerrogativa esta que não incide
quando o defensor público é ouvido como ofendido ou como réu.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 26


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QUESTÃO 99. A Lei Orgânica da Defensoria Pública confere aos membros da instituição
igual prerrogativa àquela prevista pelas Leis Orgânicas da magistratura e do Ministério
Público para os seus membros, assegurando que os defensores públicos somente podem
ser presos por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que
a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. Na Constituição Federal de 1988 o meio ambiente é tratado de forma


transversal, competindo comumente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 101. O antropocentrismo alargado revela que os seres humanos estão no centro
das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 102. 102. A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado”, constante no caput do artigo 225 da Constituição Federal, traduz o Princípio
Solidariedade Intergeracional.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 103. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido com preponderância para
as necessidades das futuras gerações.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 104. Viola o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos Ambientais das
Atividades de Qualquer Natureza (art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal), a previsão legal
que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 27


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QUESTÃO 105. Como decorrência do Princípio do Poluidor-Pagador, aquele que explorar


recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado. As condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 106. A Mata Atlântica brasileira é bem de titularidade da União.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 107. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, tendo presente a garantia
constitucional que protege o direito de propriedade, é no sentido da indenizabilidade das
coberturas vegetais que recobrem áreas privadas objeto de apossamento estatal ou sujeitas
a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 108. É lícito ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional
em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal
e Municípios), autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de
serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de
observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não
resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios,
a instituição de regime jurídico de proteção especial.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 109. As concessionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica
estão obrigadas a reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de transmissão, de
acordo com padrões internacionais de segurança, em face de eventuais efeitos nocivos à
saúde da população.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 110. Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a
aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise

ALUNO: mirlonfernando pág. 28


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formal dos parâmetros relacionados ao princípio e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 111. O modelo de controle de constitucionalidade norte americano tem como
marco inicial o famoso julgamento do caso Marbury x Madison, em 1803, caracterizando-se
por ser um modelo concentrado. Já o modelo austríaco ou kelseniano caracteriza-se por ser
incidental.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 112. É garantida a matrícula de servidores públicos civis e militares, e seus
dependentes, transferidos em razão do interesse da Administração, respeitando-se a
congeneridade das instituições envolvidas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 113. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não se
exige, nas decisões judiciais, o exame detalhado de cada argumento suscitado pelas partes.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 114. As propriedades rurais e urbanas serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Sendo assim, é possível o confisco de todo
e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a
necessidade de se perquirir a habitualidade ou reiteração do uso do bem para tal finalidade.

ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Todos os tratados internacionais exigem o requisito da dupla incriminação


como pressuposto para a viabilização do pedido de transferência de presos.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 29


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QUESTÃO 116. A proibição do uso da força pelos Estados é norma de jus cogens.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 117. Os tratados internacionais de direitos humanos são regidos pelo princípio
da interpretação autônoma.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 118. Todas as normas de direitos humanos possuem status de jus cogens.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a INTERPOL possui legitimidade para
formular perante o Ministério da Justiça pedido de prisão cautelar para fins de extradição.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 120. É possível a aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais
previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções
internacionais firmadas em momento anterior a CVDT.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 121. O asilo diplomático é um costume internacional regional, aplicado apenas
no âmbito da América Latina.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 122. Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 30


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QUESTÃO 123. Segundo o Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais podem


criar tipos penais incriminadores.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 124. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a concordância do extraditando em
ser extraditado não exime o Supremo Tribunal Federal de examinar a legalidade do pleito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 125. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa
em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 126. A nova Lei de Migração prevê expressamente o princípio do non-refoulement.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 127. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Brasileiro titular de green card,
que adquire nacionalidade norte-americana, perde a nacionalidade brasileira e pode ser
extraditado pelo Brasil.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 128. O princípio do desenvolvimento sustentável surgiu no âmbito internacional
a partir do Relatório Brundtland.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 129. O Ecocídio é um crime contra a humanidade de competência do Tribunal
Penal Internacional.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 31


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DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

Sobre os antecedentes históricos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, julgue o


item a seguir.

QUESTÃO 130. O Tribunal Penal Internacional, estabelecido por meio do Estatuto de Roma,
pode ser apontado como um antecedente histórico da criação do Direito Internacional dos
Direitos Humanos, pois os seus julgamentos ocorridos anteriormente ao surgimento da
Organização das Nações Unidas (1945) projetaram a mensagem de que o Direito Internacional
dos Direitos Humanos não se coaduna com a impunidade de crimes contra a humanidade.

ccCERTO ccERRADO
Sobre o princípio da universalidade dos direitos humanos, julgue os dois itens a seguir:

QUESTÃO 131. Segundo a arquitetura normativa da proteção internacional, os direitos


humanos consistem numa categoria universal, tendo sido este o entendimento adotado
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como em Conferências Mundiais
da ONU.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 132. A doutrina contemporânea aceita com absoluta uniformidade o princípio da
universalidade dos direitos humanos, ressaltando que a observância de particularidades
das culturais locais ou regionais representaria um retrocesso. Assim, pode-se afirmar que
não há, no âmbito doutrinário, propostas para se superar o paradigma do universalismo vs.
relativismo cultural.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 133. Embora o Brasil tenha adotado e internalizado a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – também conhecida
como Convenção de Belém do Pará –, o Brasil não aderiu ao Protocolo Facultativo àquela
Convenção, de modo que as vítimas ainda não podem denunciar ao Comitê para a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres eventual violação aos seus direitos humanos.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 32


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QUESTÃO 134. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três protocolos
facultativos ou adicionais, tendo o Brasil aderido dois desses protocolos, que dizem respeito
ao envolvimento de crianças em conflitos armados e à venda de crianças para pornografia ou
prostituição infantil; o Brasil, porém, não aderiu ao protocolo que ampliou os mecanismos
de proteção, de modo que, atualmente, se submete apenas ao sistema de relatórios.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 135. Recentemente, a professora Flávia Piovesan foi eleita para compor a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Embora os membros da Comissão sejam
eleitos a título pessoal – e não como representantes dos Estados-membros –, é correto
afirmar que Piovesan não poderá participar de discussão, investigação, deliberação ou
decisão sobre caso brasileiro submetido à Comissão.

ccCERTO ccERRADO
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E
GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. O tridimensionalismo realeano busca superar o normativismo kelseniano


ao propor uma compreensão do direito que leve em conta, além do aspecto normativo,
também o histórico-social e o axiológico.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 137. Dentro da teoria proposta por Miguel Reale para explicar a nomogênese
jurídica, o poder, representado, por exemplo, pelo Congresso Nacional, é responsável pela
superação da pluralidade de proposições normativas.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 138. Para Miguel Reale, é possível unir conceitualmente o direito e a moral
através da característica comum da bilateralidade atributiva.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 139. A desobediência civil, articulada inicialmente por Henry David Thoreau,
pode consistir em, por exemplo, recusa no pagamento de impostos ou resistência por parte
de servidores públicos em trabalhar para um governo ilegítimo.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 33


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QUESTÃO 140. A desobediência civil consiste principalmente no descumprimento das leis,


sem que isso, necessariamente, implique algum tipo de atitude pública.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 141. Do ponto de vista sociológico, há revolução quando a mudança não atinge
apenas o chefe do governo, mas também a própria Constituição política e a forma do governo.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 142. Do ponto de vista estritamente jurídico, uma revolução implica uma quebra
do princípio da legalidade.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 143. Golpe de estado e revolução são figuras distintas por várias razões, dentre
as quais uma característica mais elitista do primeiro.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 144. Ao contrário do que ocorre em sociedades marcadas por castas ou
estamentos, as sociedades contemporâneas ocidentais são marcadas por uma inexistência
de estratificação social.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 145. Dentro de um modelo marxista, as classes sociais estão ligadas à relação
das pessoas com os meios de produção.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 146. Norberto Bobbio não vê um conflito entre democracia e liberalismo, eis que
a participação popular é essencial para limitar eventuais abusos dos governantes.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 34


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QUESTÃO 147. Alguns aspectos da teoria hobbesiana ainda se fazem presentes nos dias
atuais, como a analogia entre o Estado e uma pessoa e o monopólio estatal na produção do
direito.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 148. Locke possui diversos traços em comum com Hobbes, dentre os quais
podemos destacar a impossibilidade de revogação da cessão da liberdade natural ao
soberano.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 149. De acordo com Rousseau, o pacto social é a fundação da vontade geral, a
qual é a única fonte de soberania.

ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 150. O modelo de democracia deliberativa é marcado pela participação direta
dos cidadãos na determinação das decisões políticas fundamentais através de referendos
e plebiscitos.

ccCERTO ccERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 35


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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

1 CERTO 39 CERTO 77 CERTO 115 ERRADO


2 CERTO 40 ERRADO 78 ERRADO 116 CERTO
3 ERRADO 41 ERRADO 79 CERTO 117 CERTO
4 ERRADO 42 ERRADO 80 CERTO 118 ERRADO
5 CERTO 43 CERTO 81 ERRADO 119 CERTO
6 ERRADO 44 CERTO 82 CERTO 120 CERTO
7 CERTO 45 CERTO 83 ERRADO 121 CERTO
8 CERTO 46 ERRADO 84 CERTO 122 CERTO
9 ERRADO 47 CORRETO 85 CERTO 123 ERRADO
10 ERRADA 48 ERRADO 86 CERTO 124 CERTO
11 ERRADO 49 CERTO 87 ERRADO 125 CERTO
12 ERRADO 50 CERTO 88 ERRADO 126 CERTO
13 CERTO 51 ERRADO 89 ERRADO 127 CERTO
14 ERRADO 52 ERRADO 90 CERTO 128 CERTO
15 ERRADO 53 CERTO 91 ERRADO 129 CERTO
16 ERRADO 54 CERTO 92 ERRADO 130 ERRADO
17 CERTO 55 CERTO 93 CERTO 131 CERTO
18 CERTO 56 ERRADO 94 CERTO 132 ERRADO
19 ERRADO 57 CERTO 95 ERRADO 133 ERRADO
20 CERTO 58 ERRADO 96 ERRADO 134 CERTO
21 ERRADO 59 CERTO 97 ERRADO 135 CERTO
22 CERTO 60 ERRADO 98 CERTO 136 CERTO
23 ERRADO 61 CERTO 99 ERRADO 137 CERTO
24 CERTO 62 CERTO 100 CERTO 138 ERRADO
25 ERRADO 63 ERRADO 101 CERTO 139 CERTO
26 CERTO 64 CERTO 102 ERRADO 140 ERRADO
27 ERRADO 65 CERTO 103 ERRADO 141 ERRADO
28 CERTO 66 ERRADO 104 CERTO 142 CERTO
29 CERTO 67 CERTO 105 CERTO 143 CERTO
30 CERTO 68 ERRADO 106 ERRADO 144 ERRADO
31 ERRADO 69 ERRADO 107 CERTO 145 CERTO
32 ERRADO 70 ERRADO 108 CERTO 146 CERTO
33 CERTO 71 ERRADO 109 ERRADO 147 CERTO
34 ERRADO 72 CERTO 110 CERTO 148 ERRADO
35 CERTO 73 ERRADO 111 ERRADO 149 CERTO
36 ERRADO 74 CERTO 112 CERTO 150 ERRADO
37 CERTO 75 CERTO 113 CERTO
38 CERTO 76 CERTO 114 CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 36


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8ª RODADA - 10/07/2017

QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSORA: FERNANDA PRUGNER


E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com

DIREITO CIVIL GRUPO I

Queridos alunos,

Acabou a espera, foi publicado o edital nº 1 – DPU, de 12 de junho de 2017 e dias após, sua
retificação. A republicação do conteúdo programático trouxe algumas alterações acerca das
disciplinas de Direito Civil, Empresarial e Consumidor. Asseguro a vocês, mais do que a inserção
de novos tópicos, ocorreu um maior detalhamento dos temas constantes do edital de abertura,
muitos deles já estudados nesse curso de reta final. Ex.: inadimplemento das obrigações, mútuo,
comodato, nome empresarial, Lei das sociedades anônimas, publicidade no CDC, banco de dados
e cadastro de consumidores, etc.

Os temas inéditos apresentados na republicação do edital serão devidamente abordados nessa


reta final, não se preocupem. Hora de intensificar os estudos, concentrar na caminhada e focar na
aprovação!

QUESTÃO 1. Analise e julgue o item:

Sendo o direito de visitação uma obrigação de fazer do guardião, consistente em facilitar,


assegurar e garantir a convivência do filho com o não guardião, é cabível aplicação de
astreintes quando o genitor detentor da guarda da criança, descumprir acordo homologado
judicialmente sobre o regime de visitas, consoante entendimento do STJ.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Relações de parentesco. (...) 8.2. O menor sob guarda.

Começaremos o estudo dessa rodada com dois pontos do edital muitas vezes desprezados pelos
candidatos ao cargo de Defensor Público Federal, relações de parentesco e guarda.

De acordo com o disposto no artigo 1.589 do Código Civil, “o pai ou a mãe, em cuja guarda não
estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação”. À discussão
levada ao Tribunal da Cidadania, cingia-se ao cabimento ou não da fixação preventiva de astreintes
para a hipótese de eventual descumprimento do regime de visitação da criança, por parte do
genitor detentor da guarda, consoante acordo firmado entre as partes e homologado judicialmente.

ALUNO: mirlonfernando pág. 37


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Vejam o que decidiu o STJ:

Com efeito, nos termos do art. 1.589 do CC/02, o direito de visita é uma garantia
conferida pela lei, ao pai ou à mãe que não detiver a guarda do filho, para que possa
desfrutar de sua companhia segundo o que for acordado entre eles ou decidido pelo
juiz. O direito de visitação tem por finalidade manter o relacionamento do filho com
o genitor não guardião, que também compõe o seu núcleo familiar, interrompido
pela separação do casal ou por outro motivo, tratando-se de uma manifestação do
direito fundamental de convivência familiar garantido pela Constituição Federal,
no seu art. 227, caput. Essa prioridade absoluta aos direitos da criança, do adolescente
e do jovem, assegurada pela CF/88, que abrange o direito de visita como decorrência
do direito à convivência familiar, em absoluto, não pode ser visto somente como um
direito do genitor não guardião, mas como um direito do próprio filho, de modo que
deve ser assegurado e facilitado pelos pais, com absoluta prioridade, priorizando
a intimidade, que é direito intangível da personalidade. A cláusula geral do melhor
interesse da criança e do adolescente, decorrente do princípio da dignidade da pessoa
humana, recomenda que o Poder Judiciário cumpra o dever de protegê-las, valendo-se
dos mecanismos processuais existentes, de modo a garantir e facilitar a convivência
do filho com o visitante nos dias e na forma previamente ajustadas, e coibir o guardião
de criar obstáculos para o cumprimento do acordo firmado com a chancela judicial.
Nesse cenário, o direito de visitação deve ser visto como uma obrigação de fazer
do guardião de facilitar, assegurar e garantir, a convivência do filho com o não
guardião, de modo que eles possam se encontrar, manter e fortalecer os laços
afetivos e, assim atender suas necessidades imateriais, dando cumprimento ao
preceito constitucional. Dessa forma, o não guardião pode ir a juízo para assegurar
o direito de ter o filho em sua companhia caso haja obstáculo ou resistência ao
exercício do seu direito. Como é sabido, o art. 461 e parágrafos do CPC/73, trazem
instrumentos processuais úteis ao jurisdicionado na obtenção de tutela das obrigações
de fazer e não fazer, podendo ele obter tanto a preventiva como a inibitória, além de
medidas coercitivas para que se possa obter o cumprimento da obrigação. A melhor
interpretação é a de que os instrumentos processuais previstos nos referidos
dispositivos legais podem ser utilizados para tutelar os direitos provenientes do
direito de visitação, devendo a expressão obrigação de fazer ou não fazer ser
interpretada como de abrangência geral, acolhendo também as de natureza não
patrimonial, servindo como um mecanismo apto e eficiente de garantir o direito
fundamental da personalidade que é o do regime da visitação. Por oportuno, cabe
ressaltar que o NCPC, afasta qualquer dúvida sobre a temática aqui discutida,
pois o § 5º do art. 536, autoriza, de modo expresso, a aplicação de multa em caso
de descumprimento de obrigação de natureza não obrigacional ou existencial.

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Além disso, outro mecanismo que poderia ser utilizado para que o não guardião da
criança exercesse o seu direito de visitação, seria a utilização da ação de busca e
apreensão (CPC/73, art. 839). No entanto, essa medida, levando-se em consideração
sempre o melhor interesse da criança e do adolescente, pode se mostrar drástica e
prejudicial para elas que poderiam ser levadas a força por uma ordem judicial, inclusive
com a utilização da polícia para a sua efetivação, mostrando-se a astreintes um meio
mais eficaz e menos traumatizante para o menor. (REsp 1.481.531-SP, Rel. Min. Moura
Ribeiro, por unanimidade, julgado em 16/2/2017, DJe 7/3/2017. grifamos)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil e da cessão de crédito, julgue o item:

É possível a cessão de crédito de indenização do seguro DPVAT decorrente de morte, mas


vedada em relação à hipótese de reembolso de despesas médico-hospitalares.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Obrigações. (..) 10.2. Cessão de crédito. (...) 12. Responsabilidade civil.

O DPVAT, sigla de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, é um seguro
de responsabilidade civil obrigatório de danos pessoais, causados por veículos automotores de via
terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não, regulamentado pela Lei 6.194/74.
Os danos pessoais cobertos pelo seguro DPVAT compreendem às indenizações por morte, por
invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos
valores e conforme as regras estabelecidas pela lei de regência.

De fato, conforme apresentando no enunciado, o artigo 3º, § 2º, da Lei 6.194/74 veda a cessão
de crédito em relação à hipótese de despesas médico-hospitalares decorrentes do seguro DPVAT,
assim dispondo: “Assegura-se à vítima o reembolso, no valor de até R$ 2.700,00 (dois mil e
setecentos reais), previsto no inciso III do caput deste artigo, de despesas médico-hospitalares,
desde que devidamente comprovadas, efetuadas pela rede credenciada junto ao Sistema Único de
Saúde, quando em caráter privado, vedada a cessão de direitos”. Por seu turno, inexistindo óbice
legal a cessão de crédito de indenização do seguro DPVAT decorrente de morte, é perfeitamente
possível sua ocorrência, consoante entendimento do STJ, estando inteiramente correta a questão
formulada.

É possível a cessão de crédito relativo à indenização do seguro DPVAT decorrente


de morte. Isso porque se trata de direito pessoal disponível, que segue a regra geral do
art. 286 do CC, que permite a cessão de crédito se a isso não se opuser a natureza da
obrigação, a lei ou a convenção com o devedor. Assim, inexistindo, na lei de regência

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do DPVAT (Lei 6.194/1974), óbice à cessão dos direitos sobre a indenização devida,
não cabe ao intérprete impor restrições ao titular do crédito. Cabe ressaltar que
o legislador, quando quis, vetou expressamente a possibilidade de cessão de
crédito decorrente do seguro DPVAT, mas o fez apenas em relação à hipótese
de reembolso de despesas médico-hospitalares (art. 3º, § 2º, da Lei 6.194/1974,
incluído pela Lei 11.945/2009). (REsp 1.275.391-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 19/5/2015, DJe 22/5/2015. grifamos).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 3. Ainda na temática da responsabilidade civil, julgue o item abaixo:

De acordo com disposição expressa do Código Civil, os credores de indenização por dano
morte, fixada na forma de pensão mensal, têm o direito de exigir que o causador do ilícito
pague de uma só vez todo o valor correspondente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. Responsabilidade Civil

O Código Civil, ao tratar do tema responsabilidade civil estabeleceu expressamente no artigo 950,
parágrafo único, que “se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único.
O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só
vez”. Todavia, no caso de indenização por dano morte fixada na forma de pensão mensal (artigo
948), o diploma civilista foi silente acera de sua exigência em parcela única, encontrando-se aqui
o erro da questão.

DIREITO CIVIL. FORMA DE PAGAMENTO DE PENSÃO POR INDENIZAÇÃO


DECORRENTE DE MORTE. Os credores de indenização por dano morte fixada
na forma de pensão mensal não têm o direito de exigir que o causador do ilícito
pague de uma só vez todo o valor correspondente. Isso porque a faculdade de
"exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez" (parágrafo único
do art. 950 do CC) é estabelecida para a hipótese do caput do dispositivo, que
se refere apenas a defeito que diminua a capacidade laborativa da vítima, não se
estendendo aos casos de falecimento. Precedentes citados: REsp 1.230.007-MG,
Segunda Turma, DJe 28/2/2011; REsp 1.045.775-ES, Terceira Turma, DJe 4/8/2009.
(REsp 1.393.577-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/2/2014. grifamos).

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Sobre o tema, importante o conhecimento da doutrina divergente, asseverando ser possível exigir
em parcela única indenização, mesmo no caso de morte, vejamos: “(...) assim como Cristíano
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (Curso de Direito Civil. Vol. III. Responsabilidade Civil. 2
Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 257), concorda-se, no particular, com a possibilidade de exigência
do pagamento indenizatório, por parte do lesado, em parcela única. Aplica-se, por analogia,
a prerrogativa do art. 950, parágrafo único do Código Civil, desde que não implique em
insolvência pessoal ou falência empresarial” (FARIAS, Cristiano Chaves de. FIGUEIREDO,
Luciano. EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. DIAS, Wagner Inácio. Código Civil para Concursos. 5ª ed.
2017. JusPodivm. p. 847. grifamos).

Por fim, a par da divergência apontada e com foco no artigo 950, parágrafo único, do Código Civil,
isto é, possibilidade de exigência de indenização em parcela una, no caso de comprometimento da
capacidade laborativa da vítima, destaca ainda a jurisprudência: “Nos casos de responsabilidade
civil derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a vítima não tem o direito absoluto
de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma
só vez, podendo o magistrado avaliar, em cada caso concreto, sobre a conveniência da aplicação
da regra que autoriza a estipulação de parcela única (art. 950, parágrafo único, do CC), a fim de
evitar, de um lado, que a satisfação do crédito do beneficiário fique ameaçada e, de outro, que
haja risco de o devedor ser levado à ruína” (REsp 1.349.968-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 14/4/2015, DJe 4/5/2015).

Enunciado 381 da IV Jornada de Direito Civil. Art. 950, parágrafo único: O lesado pode
exigir que a indenização sob a forma de pensionamento seja arbitrada e paga de uma
só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz poderá fixar
outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira do ofensor e aos benefícios
resultantes do pagamento antecipado.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 4. Julgue o item de acordo com o entendimento do STJ:

Verificada ocorrência de coação moral irresistível, é de um ano o prazo de decadência para


anular partilha de bens em dissolução de união estável.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Fatos e atos jurídicos: negócio jurídico, atos jurídicos. 5.1.
Forma, prova, modalidades, defeitos, nulidade, anulabilidade, inexistência, ineficácia
e consequência. (...) 5.3. Prescrição e Decadência. (...) 7.1. União estável. 7.1.1.
Caracterização, efeitos alimentícios e sucessórios, dissolução. (...) 13. Sucessões.

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O artigo 2.027 do Código Civil, inserido no Livro V – Do Direito das Sucessões, Título IV – Do
Inventário e da Partilha, com redação dada pela Lei 13.105/2015 estabelece: “A partilha é anulável
pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos. Parágrafo único. Extingue-
se em um ano o direito de anular a partilha”. Vale lembrar também, o artigo 657, parágrafo único,
do Código de Processo Civil traz disposição semelhante à norma de direito material, inclusive em
relação ao prazo. Mas por que então o gabarito está marcando como errada a questão proposta?
Pois tais disposições legais incidem especificamente nos casos de anulação de partilha do direito
sucessório, sendo inadequada utilização de interpretação extensiva para as demais espécies de
partilha amigável, inclusive aquela decorrente da dissolução de união estável, sendo aplicável,
nesse caso, a regra do artigo 178, I, do CC, sendo de 04 anos o prazo decadencial para anular
partilha de bens em dissolução de união estável, por vício de consentimento (coação),
conforme posicionamento do STJ.

Prazo para anulação de partilha


Direito Sucessório 01 ano
Dissolução União Estável/Divórcio 04 anos

“(...) sob a vigência do diploma civil anterior, fato é que a questio acabou pacificando-se
no âmbito das Cortes Superiores, tanto no STF (quando ainda lhe competia velar pela
uniformidade do direito federal) como no STJ, tendo-se definido que o prazo decadencial
de 1 ano seria específico para anulação da partilha do direito sucessório, não havendo
falar em sua extensão para as demais espécies de partilha amigável, que se submeteriam
à regra geral de 4 anos. Não houve alterações de ordem normativa com o advento do
Código Civil de 2002, tendo este repetido, no parágrafo único do art. 2.027 (Livro V, Do
Direito das Sucessões), o que era previsto no art. 1.805 c/c 178, § 6°, V, do CC/1916,
isto é, ficou mantido o prazo único e específico de 1 ano para a anulação da partilha
no âmbito da sucessão hereditária. Nessa ordem de ideias, não se verifica mutação
jurídico-normativa a justificar alteração da consolidada jurisprudência dos tribunais
superiores. Entender de forma diversa acabaria por se trazer insegurança jurídica,
repudiando o ordenamento jurídico e a própria ideologia do novel diploma instrumental,
que preza justamente pelo prestígio da jurisprudência, mantendo-a estável, íntegra e
coerente (CPC/2015, art. 926). Ademais, não parece possível a exegese extensiva,
por meio da analogia, quando sabidamente existe, no próprio ordenamento
jurídico, regra jurídica geral que se amolda perfeitamente à tipicidade do caso –
art. 178 do CC, que estabelece o prazo de decadência de 4 anos para anular, por
vício da vontade (erro, dolo, coação e lesão) o negócio jurídico, como sói a partilha
fruto da autonomia da vontade para dissolução de casamento ou união estável.
Deveras, é inadequada a utilização de interpretação extensiva de uma exceção à regra
geral - arts. 2.027 do CC e 1.029 do CPC/73, ambos inseridos, respectivamente, no Livro

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“Do Direito das Sucessões” e no capítulo intitulado “Do Inventário e Da Partilha” -, para
o preenchimento de lacuna inexistente (já que o art. 178 do CC normatiza a questão),
ainda mais quando a exegese acaba por limitar ainda mais os direitos subjetivos, já
que a adoção de prazo decadencial reduzido acarreta, inarredavelmente, em extinção
mais rápida do direito da parte (REsp 1.621.610-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 20/3/2017. grifamos).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 5. Julgue o item abaixo:

A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança de dívida já adimplida,


disciplinada no artigo 940 do Código Civil, pressupõe dois requisitos: cobrança judicial de
dívida já paga, sem ressalva das quantias recebidas e má-fé do credor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Obrigações. (...) 10.2. Efeitos das obrigações. (...) 12. Responsabilidade civil.

Na quinta rodada desse curso de reta final, na disciplina de Direito do Consumidor, estudamos
regramento semelhante do que veremos adiante, previsto no artigo 42, parágrafo único, do diploma
consumerista, com suas especificidades na ocasião tratadas.

Na presente rodada, estudaremos a aplicação da sanção civil prevista no artigo 940 do Código Civil,
que assim dispõe: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição”. Demandar significa exigir em juízo, ou seja, a penalidade do artigo
em tela pressupõe que o credor tenha exigido judicialmente a dívida já paga, sem ressalva das
quantias recebidas. Vem corroborar com esse entendimento, o disposto no artigo 941 do diploma
civilista, “as penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo
que prove ter sofrido”. Por seu turno, a exigência de má-fé por parte do credor é antiga, sendo
esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal estampado na Súmula 159, editada sob à égide
do código civil anterior, mas que permanece válida, vejamos: “Cobrança excessiva, mas de boa-
fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil”, atual artigo 940. Vale lembrar, esse é
também o posicionamento do STJ, fixado em vários julgados.

Por fim, ainda sobre o tema, importante ter em mente o entendimento firmado em sede de recurso
repetitivo pelo Tribunal da Cidadania:

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A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já


adimplida (cominação encartada no art. 1.531 do CC/1916, reproduzida no art. 940 do
CC/2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa, independendo da propositura
de ação autônoma ou do manejo de reconvenção, sendo imprescindível a demonstração
de má-fé do credor. (REsp 1.111.270-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, Segunda Seção,
julgado em 25/11/2015, DJe 16/2/2016. grifamos).

GABARITO: CETO

QUESTÃO 6. Consoante posicionamento do STJ, julgue o item:

Aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre condôminos
de coisa indivisível.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Direitos reais. 9.1. Posse e propriedade. (...) 9.1.2. Condomínio. (...)
11.2. Compra e venda.

Na rodada pretérita, estudamos a cláusula de preempção, preferência ou prelação convencional.


Hoje trataremos do direito de prelação/preempção legal disciplinado no artigo 504 do Código Civil,
consistente no direito de preferência do condômino sobre a venda de bem indivisível.

“Trata-se de norma referente apenas ao condomínio de coisa indivisível, condicionante da faculdade


de alienação, por determinar ao condômino/alienante a necessidade de conferir ao seu consorte
direito de preferência em face da fração alienada, ou seja, o direito de prevalecer o seu interesse
em adquirir o bem, se sua proposta estiver em iguais condições às dos demais interessados.
Por definição, o condomínio traduz a coexistência de vários proprietários que detêm direito real
sobre a mesma coisa, havendo entre si a divisão ideal segundo suas respectivas frações. No
caso sob análise, a coisa, objeto do direito real dos comproprietários, não é passível de divisão,
razão por que pretendeu o legislador imprimir a obrigatoriedade de se dar primazia a cada um dos
consortes no caso de haver eventual alienação de parte do condomínio” (GAGLIANO, Pablo Stolze
e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017.
p. 519. grifamos).

Vejam o que estabelece o caput do dispositivo em ótica: “Não pode um condômino em coisa
indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino,
a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência”.
Indaga-se: aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre
condôminos de coisa indivisível? Não, segundo decidiu o Superior Tribunal da Cidadania. O direito

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de preferência previsto no artigo 504 do CC aplica-se ao contrato de compra e venda celebrado


entre condômino e terceiro e não ao ajustado entre condôminos.

Partindo-se da literalidade do previsto nesse artigo, infere-se que o direito de preferência


deve ser observado apenas nos casos em que a alienação se pactue entre consorte
e estranho, e não entre consortes. Efetivamente, o caput do aludido dispositivo
é bastante claro quanto à incidência da preempção apenas nas hipóteses de
negócio jurídico envolvendo terceiro/estranho ao condomínio. Aliás, necessário
destacar que a ratio da positivação da referida norma sobre o direito de prelação se
cinge justamente à conciliação dos objetivos particulares daquele que pretende alienar
sua fração com a (possível) manutenção da comunidade de coproprietários, até porque,
conforme entendimento doutrinário, "[...] a função social recomenda ser mais cômodo
manter a propriedade entre os titulares originários, evitando desentendimento com a
entrada de um estranho no grupo". A referida preocupação está inserida, outrossim,
no parágrafo único do art. 1.314 do CC, segundo o qual: "Nenhum dos condôminos
pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a
estranhos, sem o consenso dos outros". Com efeito, a alienação de frações ideais
entre condôminos refoge à finalidade intrínseca ao direito de preferência, uma
vez que não se tratará de hipótese de ingresso de terceiro/estranho à comunhão.
Pelo contrário, serão mantidos os consortes, apenas com alterações no percentual da
parte ideal daquele que adquiriu a parcela de outrem. (...) Além disso, não é cabível
o argumento de que o parágrafo único do art. 504 do CC, ao enunciar que: "Sendo
muitos os condôminos, preferirá o que tiver benfeitorias de maior valor e, na falta de
benfeitorias, o de quinhão maior. Se as partes forem iguais, haverão a parte vendida os
comproprietários, que a quiserem, depositando previamente o preço", teria estendido o
direito de preempção às hipóteses de alienação entre consortes. Em verdade, o referido
parágrafo único apenas complementa a norma enunciada no caput, estabelecendo o
procedimento a ser adotado caso mais de um condômino venha manifestar o seu direito
de preferência, por ocasião da alienação de fração ideal à terceiro alheio à comunhão.
Ademais, tratando-se de restrição à liberdade de contratar, o instituto em comento
- direito de preferência - deve ser interpretado de forma restritiva. Assim, se a lei de
regência (art. 504 do CC) apenas o institui em relação às alienações a estranhos,
não cabe ao intérprete, extensivamente, aplicar essa norma aos casos de compra
e venda entre consortes

(REsp 1.137.176-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 16/2/2016, DJe 24/2/2016.
grifamos).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 7. No que diz respeito ao depósito voluntário, julgue o item:

O ordenamento jurídico brasileiro admite o exercício do direito de retenção pelo depositário


até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor das despesas efetuadas com a
coisa ou eventuais prejuízos decorrentes do depósito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.6. Depósito.

Na quinta rodada desse curso de reta final, analisamos os contornos iniciais do depósito voluntário
e do necessário. Nessa rodada, aprofundaremos o estudo do depósito voluntário, disciplinado nos
artigos 627 e seguintes do Código Civil.

De início, cumpre esclarecer, ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário
entregará o depósito tão logo o depositante reclame a restituição da coisa, salvo se tiver
o direito de retenção, se o objeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução,
notificada ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente
obtida (artigo 633 do CC). Em outras palavras, poderá o depositário, excepcionalmente, exercer
o direito de retenção da coisa, nas hipóteses previstas no artigo 644 do diploma civil, vejamos: “O
depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor
das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente
esses prejuízos ou essas despesas. Parágrafo único. Se essas dívidas, despesas ou prejuízos
não forem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução
idônea do depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que
se liquidem”. Por fim, esclarece ainda a doutrina: “O mesmo direito, de retenção, é deferido ao
depositário nomeado em juízo (depositário judicial), até que seja ressarcido das quantias que lhe
sejam devidas: “DIREITO CIVIL. POSSIBILIDADE DE O DEPOSITÁRIO JUDICIAL EXERCER
DIREITO DE RETENÇÃO. O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial
tem o direito de reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e
conservação do bem guardado e pagos os seus honorários (STJ, Ac. 3a T„ REsp 1.300.584/MT,
rei. Min. João Otávio de Noronha, j. 3.3.16, DJe 9.3.16. )” (Cristiano Chaves de. FIGUEIREDO,
Luciano. EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. DIAS, Wagner Inácio. Código Civil para Concursos. 5ª ed.
2017. JusPodivm. p. 609. grifamos).

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 46


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8ª RODADA - 10/07/2017

QUESTÃO 8. Acerca do Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue o item:

A curatela afetará somente os atos relacionados aos direitos de natureza patrimonial e


negocial do curatelado.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Das pessoas. 2.1. Pessoas naturais: personalidade e capacidade,


direitos da personalidade, extinção da personalidade, ausência, morte presumida,
tutela, curatela. 2.2. Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

O Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD) trouxe inúmeras mudanças no cenário jurídico
nacional, como por exemplo, a introdução do importante instituto da tomada de decisão apoiada, já
estudado na segunda rodada desse curso de reta final.

“É certo - e isso não se põe em dúvida- que a capacidade jurídica é a regra, sendo a incapacidade,
consequentemente, excepcional. O simples fato de uma pessoa humana ter algum tipo de
deficiência (física, mental ou intelectual), por si só, não é bastante para caracterizar uma
incapacidade jurídica. Um dos grandes méritos do Estatuto da Pessoa com Deficiência é
o absoluto desatrelamento entre os conceitos de incapacidade civil e de deficiência. São
ideias autônomas e independentes” (Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por
artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha, Ronaldo Batista Pinto. 2ª ed. Salvador.
JusPodivm. 2016. p. 241. grifamos). Dessa maneira, a pessoa com deficiência tem assegurado o
direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas
(artigo 84, caput, do EPD).

Em linhas gerais, “a curatela, em sua figura básica, visa a proteger a pessoa maior, padecente de
alguma incapacidade ou de certa circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação
de vontade (...)” (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil.
Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017. p. 1347). Nos termos do artigo 84, §§ 1º e 3º do EPD,
a pessoa com deficiência poderá ser submetida à curatela, quando necessário, constituindo
medida protetiva extraordinária e proporcional às necessidades e circunstâncias de cada caso e
durará o menor tempo possível, sendo exigível o reconhecimento judicial da causa geradora da
incapacidade relativa.

Nesse ponto, observação importante deve ser realizada, há forte embate na doutrina acerca da
revogação ou não da ação de interdição, frente a nova postura normativa e ideológica trazida pelo
Estatuto da Pessoa com Deficiência e o regramento estabelecido a partir do artigo 747 do Código
de Processo Civil de 2015. Atualmente, não existe solução pacífica para o problema!

Certo é, de acordo com o enunciado proposto, o artigo 85 do EPD dispõe:

ALUNO: mirlonfernando pág. 47


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“a curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de natureza


patrimonial e negocial. §1º A definição da curatela não alcança o direito ao próprio
corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao trabalho e
ao voto. § 2° A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da sentença
as razões e motivações de sua definição, preservados os interesses do curatelado (...)”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 9. Acerca do Programa de Arrendamento Residencial, julgue o item:

De acordo com o STJ, ainda que existentes vícios de construção que tornem precárias as
condições de habitabilidade de imóvel incluído no Programa de Arrendamento Residencial,
incabível a condenação da CEF a devolver aos arrendatários, optantes pela resolução do
contrato, o valor pago a título de taxa de arrendamento, pois mera operadora do programa.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.14. Lei nº 10.188/2001 (Programa de Arrendamento Residencial).

O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), instituído pela Lei 10.188/01, com gestão do
Ministério das Cidades, operacionalizado pela Caixa Econômica Federal e financiado pelo Fundo
de Arrendamento Residencial (FAR), tem como objetivo o atendimento da necessidade de moradia
da população de baixa renda, prioritariamente concentradas nos grandes centros urbanos, sob a
forma de arrendamento residencial, com opção de compra ao final do prazo contratado. Em outras
palavras, trata-se na verdade, da operacionalização de uma política pública, voltada a proteção do
direito fundamental à moradia da população de baixa renda, consoante interpretação do artigo 1º,
caput, da Lei 10.188/01.

Atualmente, o PAR está sendo gradativamente substituído pelo Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV), disciplinado pela Lei 11.977/09, não tendo a CEF realizados novos empreendimentos
na sistemática do PAR. Embora muitos dos contratos de arrendamento residencial tenham
sido convertidos em alienação fiduciária, a Lei 10.188/01 ainda é válida, existindo contratos na
sistemática antiga, com forte atuação da DPU, por isso a importância de seu estudo.

Marlon Tomazette, citando Fran Martines, leciona que no contrato de arrendamento “uma pessoa
jurídica arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela
primeira de acordo com as indicações da segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir
o bem arrendado findo o contrato, mediante o pagamento de um preço residual”. (Curso de direito
empresarial: falência e recuperação de empresas. V.3. 5ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 120).

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Ao contrário do enunciado proposto e, de acordo com o Superior Tribunal de Justiça, “havendo


vícios de construção que tornem precárias as condições de habitabilidade de imóvel incluído
no Programa de Arrendamento Residencial (PAR), não configura enriquecimento sem causa a
condenação da CEF a devolver aos arrendatários que optaram pela resolução do contrato o
valor pago a título de taxa de arrendamento”.

“O PAR objetiva, nos termos do art. 10 da Lei 10.188/2001, o atendimento da necessidade


de moradia da população de baixa renda, sob a forma de arrendamento residencial com
opção de compra. A CEF, como agente-gestor do Fundo de Arrendamento
Residencial, é responsável tanto pela aquisição como pela construção dos imóveis,
que permanecem de propriedade do referido fundo até que os particulares que
firmaram contratos de arrendamento com opção de compra possam exercer o ato
de aquisição no final do contrato. Assim, compete à CEF a responsabilidade pela
entrega aos arrendatários de bens imóveis aptos à moradia, respondendo por eventuais
vícios de construção. Em que pese a aquisição do imóvel arrendado configurar uma opção
do arrendatário ao final do período do arrendamento, o PAR visa a sanar o problema
da moradia das populações de baixa renda, e o alcance desse objetivo, inegavelmente,
dar-se-ia com a aquisição, ao final, do imóvel objeto do arrendamento. Frise-se que a
própria escolha de um arrendamento, em vez da locação, já enuncia, ao menos em tese,
a pretensão do arrendatário de vir a adquirir o imóvel. Assim, pela total incúria com o
bem que entrega ao arrendamento, a CEF inviabiliza a opção pela aquisição do imóvel.
Aliás, essas alternativas conferidas aos adquirentes desses imóveis estão previstas no
art. 18 do CDC, quando regula os efeitos dos vícios de qualidade do produto. Desse
modo, inexiste enriquecimento sem causa (arts. 884 e 885 do CC), pois há motivo para
a devolução aos arrendatários dos valores por eles despendidos para residir em imóvel
que apresentou assomados problemas decorrentes de vícios de construção. (REsp
1.352.227-RN, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 24/2/2015, DJe
2/3/2015. grifamos)

Importante ressaltar ainda, como operadora do PAR e gestora do FAR, a CEF poderá ser
responsabilizada solidariamente com a construtora do empreendimento por eventuais danos
decorrentes de vícios na construção de imóvel integrante do programa, com condenação por
danos materiais e morais suportados pelos arrendatários, pois de sua responsabilidade também a
fiscalização das obras executadas.

Por fim, a Lei 10.188/01 foi inserida na republicação do conteúdo programático, merecendo leitura
atenta do candidato, o que não demandará muito tempo, por contar com apenas doze artigos.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 10. Julgue o item seguinte:

A previsão de reajuste de mensalidade de plano de saúde em decorrência da mudança de


faixa etária de segurado idoso configura, por si só, cláusula abusiva, diante da vedação
expressa contida no artigo 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, decidiu recentemente o STJ.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14. Lei nº 10.741/2003 e suas alterações (Estatuto do Idoso).

Na cobrança do Estatuto do Idoso (EI) na prova de Defensor Público Federal, o reajuste das
mensalidades de plano saúde em decorrência da mudança de faixa etária de segurado idoso,
certamente é um tema quente, assim como o benefício assistencial de prestação continuada,
este último já trabalhado com vocês nesse curso de reta final pelo professor da disciplina de
previdenciário (Rodada 7. Questão 95).

O artigo 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, estabelece: “É vedada a discriminação do idoso nos planos
de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”. Sobre o tema, muita discussão
na doutrina e jurisprudência, tendo o Superior Tribunal de Justiça, no final ano de 2016, em sede
de recurso repetitivo (Tema 952), firmado a seguinte tese: “O reajuste de mensalidade de plano
de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido
desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as normas expedidas pelos
órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados
ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o
consumidor ou discriminem o idoso” (REsp 1568244 / RJ. Ministro Relator Ricardo Villas Bôas
Cueva. Segunda Seção. Julgamento 14/12/2016. DJe 19/12/2016).

Ainda, de acordo com o julgado em referência, a norma do art. 15, § 3º, da Lei nº 10.741/2003,
que veda “a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados
em razão da idade”, apenas inibe o  reajuste  que consubstanciar discriminação desproporcional
ao idoso, ou seja, aquele sem pertinência alguma com o incremento do risco assistencial acobertado
pelo contrato. Dessa maneira, a jurisprudência do Superior Tribunal  de  Justiça firmou-se no
sentido de que a previsão de reajuste de mensalidade de plano de saúde em decorrência
da mudança de faixa etária de segurado idoso não configura, por si só, cláusula abusiva,
devendo sua compatibilidade com a legislação de regência a boa-fé objetiva e a equidade
ser aferida em cada caso concreto.

A cobrança desse importante julgado poderá aparecer na próxima prova de Defensor


Público Federal tanto na disciplina de Direito Civil, eis que inserido o Estatuto do Idoso na
republicação do conteúdo programático, como na matéria de Direito do Consumidor.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 50


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QUESTÃO 11. Acerca da ordem de vocação hereditária, julgue o item seguinte:

Guilherme, casado com Juliana no regime da comunhão parcial de bens e com dois filhos,
faleceu deixando bens particulares. Nessa situação, de acordo com o Código Civil, Juliana
não terá direito de concorrência com os descendentes do casal quanto aos bens particulares
constantes do acervo hereditário, eis que já tem direito à meação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Sucessões. 13.1. Vocação hereditária.

Constante do edital ponto específico acerca da vocação hereditária, apostaria na cobrança do


confuso e polêmico artigo 1.829 do Código Civil, principalmente em razão do recente julgamento
do Supremo Tribunal Federal, determinando a aplicação do indicado dispositivo legal no regime
sucessório entre companheiros, conforme visto em rodada desse curso de reta final e atualização.

Apenas para relembrar a festejada decisão do STF, “no sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo
ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil”
(RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio e RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
10/05/2017. Repercussão geral).

Estabelece o artigo 1.829 do CC: “A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:  I - aos
descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao
cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais”. O enunciado proposto cinge-se ao confuso inciso I, do
artigo em análise.

Primeiro ponto, meação e herança são institutos distintos, o primeiro estudando no Direito de
Família e o último no Direito das Sucessões, não podendo existir confusão. Segundo ponto, em
observância restrita ao enunciado proposto, apesar das divergências doutrinárias existentes,
a interpretação majoritária do artigo em análise é a de que, deixando o cônjuge falecido bens
particulares, o sobrevivente casado no regime da comunhão parcial de bens concorrerá com os
descendentes do autor da herança, quanto aos bens particulares constantes do acervo hereditário.
Em outras palavras, o cônjuge casado em regime de comunhão parcial de bens não concorrerá
com os descendentes na herança, quando o falecido não deixar bens particulares. No caso
apresentado, Juliana concorrerá com os descendentes na herança dos bens particulares deixados
por Guilherme.

Vale lembrar, o posicionamento exposto vai ao encontro do atual entendimento do STJ, vejamos:

ALUNO: mirlonfernando pág. 51


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“O cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão parcial de bens


concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido apenas quanto aos bens
particulares eventualmente constantes do acervo hereditário. O art. 1.829, I, do
CC estabelece que o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes do falecido,
salvo se casado: i) no regime da comunhão universal; ou ii) no da separação obrigatória
de bens (art. 1.641, e não art. 1.640, parágrafo único); ou, ainda, iii) no regime da
comunhão parcial, quando o autor da herança não houver deixado bens particulares.
Com isso, o cônjuge supérstite é herdeiro necessário, concorrendo com os descendentes
do morto, desde que casado com o falecido no regime: i) da separação convencional
(ou consensual), em qualquer circunstância do acervo hereditário (ou seja, existindo
ou não bens particulares do falecido); ou ii) da comunhão parcial, apenas quando
tenha o de cujus deixado bens particulares, pois, quanto aos bens comuns, já
tem o cônjuge sobrevivente o direito à meação, de modo que se faz necessário
assegurar a condição de herdeiro ao cônjuge supérstite apenas quanto aos
bens particulares. Dessa forma, se o falecido não deixou bens particulares, não há
razão para o cônjuge sobrevivente ser herdeiro, pois já tem a meação sobre o total
dos bens em comum do casal deixados pelo inventariado, cabendo a outra metade
somente aos descendentes deste, estabelecendo-se uma situação de igualdade entre
essas categorias de herdeiros, como é justo. Por outro lado, se o falecido deixou bens
particulares e não se adotar o entendimento ora esposado, seus descendentes ficariam
com a metade do acervo de bens comuns e com o total dos bens particulares, em clara
desvantagem para o cônjuge sobrevivente. Para evitar essa situação, a lei estabelece
a participação do cônjuge supérstite, agora na qualidade de herdeiro, em concorrência
com os descendentes do morto, quanto aos bens particulares. Assim, impõe uma
situação de igualdade entre os interessados na partilha, pois o cônjuge sobrevivente
permanece meeiro em relação aos bens comuns e tem participação na divisão dos
bens particulares, como herdeiro necessário, concorrendo com os descendentes.
A preocupação do legislador de colocar o cônjuge sobrevivente na condição de herdeiro
necessário, em concorrência com os descendentes do falecido, assenta-se na ideia de
garantir ao cônjuge supérstite condições mínimas para sua sobrevivência, quando não
possuir obrigatória ou presumida meação com o falecido (como ocorre no regime da
separação convencional) ou quando a meação puder ser até inferior ao acervo de bens
particulares do morto, ficando o cônjuge sobrevivente (mesmo casado em regime de
comunhão parcial) em desvantagem frente aos descendentes. Noutro giro, não se mostra
acertado o entendimento de que deveria prevalecer para fins sucessórios a vontade
dos cônjuges, no que tange ao patrimônio, externada na ocasião do casamento com a
adoção de regime de bens que exclua da comunhão os bens particulares de cada um.
Com efeito, o regime de bens tal qual disciplinado no Livro de Família do Código Civil,
instituto que disciplina o patrimônio dos nubentes, não rege o direito sucessório, embora

ALUNO: mirlonfernando pág. 52


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tenha repercussão neste. Ora, a sociedade conjugal se extingue com o falecimento de


um dos cônjuges (art. 1.571, I, do CC), incidindo, a partir de então, regras próprias que
regulam a transmissão do patrimônio do de cujus, no âmbito do Direito das Sucessões,
que possui livro próprio e específico no Código Civil. Assim, o regime de bens adotado
na ocasião do casamento é considerado e tem influência no Direito das Sucessões,
mas não prevalece tal qual enquanto em curso o matrimônio, não sendo extensivo a
situações que possuem regulação legislativa própria, como no direito sucessório (REsp
1.472.945-RJ, Terceira Turma, DJe de 19/11/2014). Por fim, ressalte-se que essa linha
exegética é a mesma chancelada no Enunciado 270 do Conselho da Justiça Federal,
aprovado na III Jornada de Direito Civil. Precedente citado: REsp 974.241-DF, Quarta
Turma, DJe 5/10/2011. (Segunda Seção. REsp 1.368.123-SP, Rel. Min. Sidnei Beneti,
Rel. para acórdão Min. Raul Araújo, julgado em 22/4/2015, DJe 8/6/2015. grifamos)

Por fim, sistematizando o complicado artigo 1.829, I, do Código Civil:

(TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume Único. 7ª ed. São Paulo. Método. 2017. p. 978)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 12. Acerca dos efeitos do contrato de fiança, julgue o item:

A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o


compromisso da solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem o benefício
de ordem.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.8. Fiança.

O artigo 829 do Código Civil estabelece o instituto da fiança conjunta, ou seja, a fiança estabelecida
por dois ou mais fiadores, trazendo como regra a solidariedade passiva entre os fiadores,
respondendo cada fiador pela totalidade da dívida, salvo estipulação do benefício de divisão (e
não benefício de ordem). Vejamos o que diz o dispositivo legal em tela: “A fiança conjuntamente
prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre

ALUNO: mirlonfernando pág. 53


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elas, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão. Parágrafo único. Estipulado


este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber
no pagamento”.

“Porém, o art. 829 do CC traz como regra a solidariedade entre fiadores, dispondo
que: “A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa
o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem
o benefício de divisão”. A parte final desse dispositivo traz uma exceção à regra,
podendo as partes convencionar a divisão da dívida entre os fiadores (benefício
de divisão). Sendo estipulado esse benefício, cada fiador responderá unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento (divisão pro rata) – art.
829, parágrafo único. O art. 830 do CC complementa o teor do dispositivo anterior ao
consagrar que cada fiador poderá fixar no contrato a parte da dívida que toma sob
sua responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado. A regra, portanto,
é a da divisão igualitária, o que não obsta que o contrato preveja divisões da
responsabilidade de forma diferenciada, em decorrência da autonomia privada
das partes” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume Único. 7ª ed. São Paulo.
Método. 2017. p. 586. grifamos).

Diversamente do até aqui tratado, a responsabilidade entre fiador e devedor, em regra, é


subsidiária, podendo o fiador valer-se da prerrogativa do benefício de ordem caso demandado,
disposto no artigo 827 do Código Civil: “O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a
exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor. Parágrafo
único. O fiador que alegar o benefício de ordem, a que se refere este artigo, deve nomear bens
do devedor, sitos no mesmo município, livres e desembargados, quantos bastem para solver o
débito”.

Para não restar dúvida, “a previsão contratual deste benefício de divisão não se confunde com
a possibilidade de aplicação do benefício de ordem. Trata-se de institutos jurídicos distintos.
Como vimos acima, o benefício de ordem ou excussão, quando afastado contratualmente, dá a
qualquer dos cofiadores a prerrogativa de apontar, quando demandado, bens livres e desembargados
do devedor para serem excutidos antes dos seus”. (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO,
Rodolfo. Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017. p. 818. grifamos).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 13. Em relação ao instituto do mútuo, julgue o item:

O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não
poderá ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.

ALUNO: mirlonfernando pág. 54


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.11. Mútuo.

O enunciado proposto, trata-se da reprodução literal do artigo 588 do Código Civil. Vale lembrar,
o artigo 589 da legislação civilista excepciona tal regra nos seguintes casos: “ I - se a pessoa, de
cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os
seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso,
a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em
benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente”.

Sobre o tema, leciona a doutrina especializada: “Em regra, o mútuo feito a menor sem a autorização
do seu representante, ou daquele sob cuja guarda estiver, não poderá ser reavido nem do mutuário,
nem de seus fiadores (art. 588 do CC). Trata-se, portanto, de caso de ineficácia do negócio,
pois a obrigação é natural ou incompleta: a dívida existe, mas não há a correspondente
responsabilidade (“Schuld sem Haftung”)”. (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume
Único. 7ª ed. São Paulo. Método. 2017. p. 519. grifamos).

Observação final complementar, mas não menos importante, o menor entre 16 e 18 anos, não
pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando
inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (artigo 188 do CC).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 14. Acerca da posse, julgue o item:

A posse justa é caracterizada mediante uma análise subjetiva, por sua vez a posse de boa-fé
é verificada objetivamente.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9. Direitos reais. 9.1. Posse e propriedade. 9.1.1. Conceito, classificação,
aquisição, perda, proteção e efeitos.

A posse justa está conceituada no artigo 1.200 do Código Civil, como sendo aquela não violenta,
não clandestina ou não precária, ou seja, definida a partir de um conceito negativo. Por sua vez,
a posse de boa-fé é verificada quando o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a
aquisição da coisa (artigo 1.201/CC), perdendo o caráter de boa-fé no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente

ALUNO: mirlonfernando pág. 55


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a posse (artigo 1.202/CC).

Ao contrário do exposto na questão e, pela leitura dos dispositivos legais em destaque, a posse justa/
injusta é caracterizada mediante uma análise objetiva, ou seja, independe da intenção do agente.
De outro lado, a posse de boa-fé/má-fé é verificada subjetivamente, isto é, leva em consideração o
estado de ânimo do possuidor.

Quanto à presença de vícios objetivos, posse justa ou injusta leciona a doutrina:

“a)  Posse justa – é a que não apresenta os vícios da violência, da clandestinidade ou


da precariedade, sendo uma posse limpa. b)  Posse injusta – apresenta os referidos
vícios, pois foi adquirida por meio de ato de violência, ato clandestino ou de precariedade,
nos seguintes termos: Posse violenta – é a obtida por meio de esbulho, por força
física ou violência moral (vis). A doutrina tem o costume de associá-la ao crime de
roubo. Exemplo: movimento popular invade violentamente, removendo e destruindo
obstáculos, uma propriedade rural produtiva, que está sendo utilizada pelo proprietário,
cumprindo a sua função social. Posse clandestina – é a obtida às escondidas, de
forma oculta, à surdina, na calada da noite (clam). É assemelhada ao crime de furto.
Exemplo: movimento popular invade, à noite e sem violência, uma propriedade rural que
está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo a sua função social. 
Posse precária –
é a obtida com abuso de confiança ou de direito (precario). Tem forma assemelhada ao
crime de estelionato ou à apropriação indébita, sendo também denominada esbulho
pacífico. Exemplo: locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do
contrato”.

Quanto à boa-fé subjetiva ou intencional:

“Posse de boa-fé – presente quando o possuidor ignora os vícios ou os obstáculos


que lhe impedem a aquisição da coisa ou quando tem um justo título que fundamente
a sua posse. Orlando Gomes a divide em posse de boa-fé real quando “a convicção do
possuidor se apoia em elementos objetivos tão evidentes que nenhuma dúvida pode ser
suscitada quanto à legitimidade de sua aquisição” e posse de boa-fé presumida “quando
o possuidor tem o justo título”. Posse de má-fé – situação em que alguém sabe do vício
que acomete a coisa, mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre esta.
Neste caso, o possuidor nunca possui um justo título. De qualquer modo, ainda que de
má-fé, esse possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória competente
para proteger-se de um ataque de terceiro” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil.
Volume Único. 7ª ed. São Paulo. Método. 2017. p. 611/612. grifamos).

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 56


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QUESTÃO 15. Julgue o item acerca da união estável.

O denominado namoro qualificado, quando existente coabitação, caracteriza união estável.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7.1. União estável. 7.1.1. Caracterização, efeitos alimentícios e


sucessórios, dissolução.

Ao contrário do apresentado, o namoro qualificado, no qual há um objetivo de constituição de família


futura, ainda que existente coabitação, não caracteriza união estável. Segundo o Superior Tribunal
de Justiça, “o fato de namorados projetarem constituir família no futuro não caracteriza união
estável, ainda que haja coabitação. Isso porque essas circunstâncias não bastam à verificação
da affectio maritalis. O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como
requisito essencial à constituição da união estável - a distinguir, inclusive, esta entidade
familiar do denominado “namoro qualificado” -, não consubstancia mera proclamação,
para o futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Deve se afigurar
presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com
irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, estar
constituída. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável
(ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício). A coabitação
entre namorados, a propósito, afigura-se absolutamente usual nos tempos atuais, impondo-se ao
Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-se à realidade social. Por oportuno, convém
ressaltar que existe precedente do STJ no qual, a despeito da coabitação entre os namorados,
por contingências da vida, inclusive com o consequente fortalecimento da relação, reconheceu-se
inexistente a união estável, justamente em virtude da não configuração do animus maritalis (REsp
1.257.819-SP, Terceira Turma, DJe 15/12/2011). (REsp 1.454.643-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, julgado em 3/3/2015, DJe 10/3/2015. grifamos)

GABARITO: ERRADO

DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I

QUESTÃO 16. Analise e julgue o item seguinte:

Na sociedade simples de prazo determinado, o direito de recesso ocorrerá mediante


notificação dos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias e, se de prazo
indeterminado, provando judicialmente justa causa.

COMENTÁRIO

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Ponto do edital: 2. Sociedades de fato e de direito. 3. A responsabilidade dos sócios.


(...) 6. Fim da personalidade jurídica.

Inicialmente, cumpre esclarecer, a dissolução total da sociedade visa à liquidação e a sua extinção,
enquanto a dissolução parcial objetiva a resolução do contrato social em relação a um ou mais
sócios, com preservação da sociedade.

Observações introdutórias feitas, o direito de recesso, também denominado de direito de


retirada é uma das formas de dissolução parcial da sociedade simples. “Forma de resolução
da sociedade relativamente a apenas um sócio é a saída deste por iniciativa própria, vale dizer,
ele se retira da sociedade, apurando os seus haveres. A retirada do sócio, também denominada
recesso, pode ocorrer em diversas situações, variando de acordo com a duração da sociedade”
(TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário. V.1. 8ª ed.
São Paulo. Atlas. 2017. p. 406).

Sobre o tema, preconiza o artigo 1.029 do Código Civil: “Além dos casos previstos na lei ou no
contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado,
provando judicialmente justa causa”. Pela leitura do dispositivo legal em comento, verifica-se que o
erro da questão está na inversão dos modos de retirada, de acordo com a duração da sociedade,
ou seja, na sociedade simples de prazo determinado, o direito de recesso ocorrerá judicialmente,
provando justa causa e, se de prazo indeterminado, mediante notificação dos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias.

Sobre o tema, leciona a doutrina especializada: “Tratando-se de sociedade por prazo indeterminado,
assiste ao sócio o direito de a qualquer tempo se retirar apurando os seus haveres, não implicando
tal fato em dissolução da sociedade. Essa possibilidade de retirada é um corolário da natureza
contratual de tais sociedades, vigendo o princípio de que ninguém é obrigado a ficar preso a
um contrato por toda a sua vida, podendo denunciá-lo a qualquer momento, retirando-se. Nas
sociedades simples, exige-se apenas a notificação dos demais sócios com antecedência mínima
de 60 dias, a fim de lhes possibilitar analisar os efeitos de tal retirada sobre a sociedade. Tal
manifestação de vontade será o marco final da condição de sócio e servirá também de data-base
para a definição da apuração de haveres. Reconhecendo a natureza personalista e a possível
influência determinante do sócio que se retira, admite-se que os demais sócios deliberem a
dissolução total da sociedade até 30 dias após a notificação (art. 1.029, parágrafo único, do Código
Civil de 2002). Nas sociedades por prazo determinado, não se admite a denúncia imotivada do
contrato, exigindo-se, para o recesso do sócio, o reconhecimento judicial de uma justa causa para
tanto” (op. Cit., p. 406. grifamos).

GABARITO: ERRADO

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QUESTÃO 17. Acerca das sociedades limitadas, julgue o item:

No caso de falecimento de sócio, inexistindo previsão contratual sobre o tema, a limitada


rege-se supletivamente pelas normas das sociedades simples, ocorrendo, via de regra,
a liquidação da quota pertencente ao de cujus. Havendo previsão contratual de regência
supletiva pelas normas das sociedades anônimas, haverá, em regra, sucessão da quota
pelos herdeiros do sócio falecido.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. Sociedades de fato e de direito.

Ponto de partida, inexiste nas sociedades limitadas regramento específico para o caso de morte de
sócio, devendo, a princípio, o contrato social dispor sobre o tema. Todavia, inexistindo previsão
contratual sobre o tema, a limitada rege-se supletivamente pelas normas das sociedades simples,
por força do artigo 1.053 do Código Civil. Não se pode perder de vista ainda, o contrato social da
limitada poderá prever a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima (artigo 1.053,
parágrafo único, do CC). Dessa forma, ocorrendo o falecimento de sócio na limitada, a solução
dependerá justamente do regime jurídico supletivo. Sobre o tema, Marlon Tomazette, citando Fabio
Ulhoa Coelho, leciona: “Se aplicável o regime das sociedades simples (vínculo instável) seria
aplicado o artigo 1.028 do CC, ou seja, os herdeiros em regra teriam direito a apuração de haveres,
não ingressando na sociedade, salvo cláusula em contrário ou acordo com os demais herdeiros.
De outro lado, se o regime jurídico supletivo fosse a Lei das sociedades por ações (vínculo
estável) os herdeiros receberiam as quotas da sociedade por sucessão”. (Curso de direito
empresarial: Teoria geral e direito societário. V.1. 8ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 480. grifamos).
Nesse ponto, importante salientar novamente, as regras aqui apresentadas serão observadas
quando o contrato social da limitada nada dispuser acerca do falecimento de sócio.

(ROSSIGNOLI, Estefânia. Direito empresarial. 6ª ed. Salvador. JusPodivm. 2017. p. 165)

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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 18. De acordo com entendimento recente do STJ, julgue o item:

O aval dado aos títulos de créditos típicos prescinde de outorga uxória ou marital.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16. Teoria geral dos títulos de créditos. (...) 22. Aval.

Na rodada pretérita fiz um alerta acerca da possibilidade de cobrança do tema títulos de créditos
na prova de Defensor Público Federal, inclusive com a elaboração de uma questão sobre o
assunto. Com a republicação do edital, os títulos de crédito foram incluídos na disciplina de Direito
Empresarial, por isso, aos estudos do novo conteúdo.

Em linhas gerais, “o aval é a garantia pessoal de pagamento de um título de crédito dada por
terceiro (avalista), pessoa física ou jurídica ao emitente devedor ou endossante (avalizado). O aval
é garantia de uso exclusivo para as obrigações emanadas em títulos de crédito, não existindo
avalista em contrato ou qualquer outra relação” (ROSSIGNOLI, Estefânia. Direito empresarial. 6ª
ed. Salvador. JusPodivm. 2017. p. 355. grifamos). Sobre a outorga uxória ou marital na prestação
do aval, dispõe o artigo 1.647, III, do Código Civil: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III –
prestar fiança ou aval”. Em complemento, o caput do artigo 1.649 do CC estabelece: “A falta de
autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato pratico,
podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal”. Os dispositivos em destaque sofrem duras críticas por parte da doutrina especializada,
vejamos: “Com efeito, declarar a nulidade de aval sem outorga conjugal prestado por pessoa
casada significa beneficiar o avalista, justamente a pessoa que deu causa à nulidade, e isso ofende
um princípio básico do Direito. Ademais, se o objetivo da regra em comento é proteger o cônjuge
que não consentiu, basta determinar que sua meação não pode ser atingida na execução proposta
contra o avalista, salvo se ficar demonstrado que o aval trouxe benefícios, ainda que indiretos, ao
casal” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro.
Método. 2014).

Neste contexto, a discussão levada ao STJ se situava em torno da interpretação dos referidos
dispositivos legais, quando o avalista fosse casado em outros regimes que não o da separação
absoluta e ainda, diante do teor do artigo 903 do diploma civil: “Salvo disposição diversa em lei
especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código”. Em recente revisão de
entendimento, decidiu o Tribunal da Cidadania:

“Não obstante a literalidade dos artigos 1.647, inciso II e 1.649 do Código Civil levar ao

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entendimento no sentido da nulidade do aval prestado sem a devida outorga conjugal,


recentemente a Quarta Turma desta Corte Superior, no julgamento do REsp 1.633.399-
SP, sob a relatoria do Min. Luis Felipe Salomão, propôs interpretação diferenciada desses
enunciados normativos em relação àquela que vinha se desenvolvendo. Sobrelevaram-
se, especialmente, as características imanentes dos institutos do direito cambiário,
dentre os quais se insere o aval, fazendo-se, ainda, predominar a norma do art. 903
do CC/2002, com a aplicação subsidiária das normas do Código Civil aos títulos
de crédito regulados por leis especiais. Com efeito, no sistema cambiário, voltado
à segurança das negociações, o título, em regra, está fadado à circulação, podendo
colocar, frente a frente, credor e devedor (portador e emitente/sacador) que, no mais
das vezes, não se ligam por atos negociais, senão eminentemente cambiários, o que
impossibilita, sobremaneira, qualquer investigação acerca das particularidades dos
negócios anteriores, razão, aliás, da vedação legal da possibilidade de os devedores
suscitarem defesa que pertina a terceiros contra portadores de boa-fé, ou seja, defesa
alheia àqueles com quem estão diretamente ligados, incluindo-se, aqui, também os
garantes, avalistas da cadeia de endossos que se poderá estabelecer, característica
que decorre da abstração e autonomia. Bem se vê que o aval mais ainda se distancia
das peculiaridades do negócio que subjaz, pois ele próprio é autônomo em relação
ao crédito consubstanciado no título que, por sua vez, é autônomo em face da
relação jurídica subjacente. Nesse sentido, a submissão da validade do aval à
outorga do cônjuge do avalista compromete, sobremaneira, a garantia que decorre
do instituto, enfraquecendo os próprios títulos de crédito, tão aptos à circulação
em face de sua tranquila aceitação no mercado, tranquilidade essa a decorrer das
garantias que dimanam de suas características e dos institutos cambiários que os
coadjuvam, como o aval. Assim, a interpretação do art. 1647, inciso III, do CCB que
mais se concilia com o instituto cambiário do aval e, pois, às peculiaridades dos
títulos de crédito é aquela em que as disposições contidas no referido dispositivo
hão de se aplicar aos avais prestados nos títulos de crédito regidos pelo próprio
Código Civil (atípicos), não se aplicando aos títulos de crédito nominados
(típicos) regrados pelas leis especiais, que, atentas às características do direito
cambiário, não preveem semelhante disposição, pelo contrário, estabelecem a
sua independência e autonomia em relação aos negócios subjacentes. Por fim,
salienta-se que a presente modificação de entendimento resulta na pacificação do tema
perante a Terceira e Quarta Turmas do Superior Tribunal de Justiça” (REsp 1.526.560-
MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, por unanimidade, julgado em 16/3/2017,
DJe 16/5/2017. grifamos).

GABARITO: CERTO

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QUESTÃO 19. Acerca do cheque, julgue o item:

A pós-datação de cheque, ainda que realizada fora do campo da data da emissão, é hábil
a ampliar o prazo de apresentação do título à instituição financeira sacada, conferindo
segurança e eficácia a pactuação realizada.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16. Teoria geral dos títulos de crédito. (...) 18. Cheque.

O cheque é uma ordem de pagamento à vista, regulamentado pela Lei 7.357/85. “Trata-se de
uma ordem de pagamento, na medida em que seu criador não promete efetuar pessoalmente o
pagamento, mas promete que terceiro irá efetuar esse pagamento. Esse terceiro deverá ser um
banco, no qual o criador do cheque deverá ter fundos disponíveis. À luz desses fundos, o banco
efetuará o pagamento das ordens que lhe forem sendo apresentadas, vale dizer, o cheque se tornará
exigível sempre no momento em que for apresentado ao sacado (vencimento sempre à vista). No
cheque, intervêm, a princípio, três sujeitos: emitente, sacado e beneficiário. O emitente é aquele
que dá a ordem para efetuar o pagamento, em razão dos fundos disponíveis na conta de depósito
mantida junto ao sacado. Esse é a instituição financeira a quem é dada a ordem de pagar, a vista
dos fundos do emitente mantidos em conta de depósito. Por fim, temos o beneficiário, tomador
ou portador, que é aquele que tem o direito de receber o valor constante do título” (TOMAZETTE,
Marlon. Curso de direito empresarial: Títulos de crédito. V.2. 8ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 292.
grifamos).

Embora seja uma ordem de pagamento à vista, considerando-se não escrita qualquer menção em
contrário (artigo 32, caput, da Lei 7.357/85), a pós-datação do cheque é prática comercial comum,
sendo tranquilamente aceita pela jurisprudência. “Apesar de não ser permitido seu uso pela lei,
os tribunais aceitam tal costume como válido. Isso porque o que se entende é que ao aceitar um
cheque com data posterior está sendo realizado um contrato, que deve ser respeitado pelas partes.
Dessa forma, aquele que recebe um cheque com data posterior deve se atentar para o depósito no
banco, pois se antecipar o seu desconto ficará responsável pelos prejuízos que causar ao emitente,
seja de ordem material ou até mesmo moral”. (ROSSIGNOLI, Estefânia. Direito empresarial. 6ª ed.
Salvador. JusPodivm. 2017. p. 381).

A pactuação da pós-datação do cheque não o desnatura como título de crédito, podendo trazer como
consequência a ampliação do prazo de apresentação. Para relembrar os prazos de apresentação,
o cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30
dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago (mesma praça de emissão e pagamento)
e de 60 dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior (praça diversa de pagamento),
consoante artigo 33, caput, da Lei 7.357/85.

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A pós-datação do cheque poderá ocorrer de maneira regular, efetivada no campo referente à data
de emissão ou extracartular, ocorrida em espaço diverso do campo específico à data de emissão.
E, de acordo com o Tribunal da Cidadania, em julgamento pelo rito dos recursos repetitivos
(Tema 945), a pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada
no campo específico da cártula, vejamos:

“Sendo o cheque ordem de pagamento à vista imposta ao sacado (a instituição bancária


ou instituição financeira que lhe seja equiparada) - imposição que não admite aceite,
diferentemente do que ocorre, por exemplo, com a letra de câmbio -, o seu pagamento,
pelo sacado, deverá ser obrigatoriamente efetuado (verificada a existência de fundos
disponíveis), ainda que a cártula tenha sido apresentada “antes do dia indicado como
data de emissão” (art. 32, parágrafo único, Lei n. 7.357/1985 - Lei do Cheque). No
tocante à apresentação realizada após a data constante do campo referente à data
de emissão da cártula, convém pontuar que “O cheque deve ser apresentado para
pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no
lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar
do País ou no exterior” (art. 33, caput). Nesse contexto, não se pode ignorar o costume
relativo à emissão de cheque pós-datado. O mencionado parágrafo único do art. 32,
inclusive, ressalva a possibilidade de o banco sacado pagar o cheque “antes do dia
indicado como data de emissão”, caso seja apresentado. É dizer: admite plenamente a
hipótese de o cheque conter data de emissão posterior àquela em que foi, efetivamente,
emitido. Nessa conjuntura, o ordenamento jurídico confere segurança e eficácia
à pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão). Por sua
vez, mesmo a pós-datação extracartular (isto é, a pós-datação ocorrida em campo
diverso do campo específico, referente à data de emissão, como ocorre, por
exemplo, com a cláusula “bom para”) tem existência jurídica, na medida em que
a Lei não nega validade a essa pactuação, que, inclusive, terá consequência de
natureza obrigacional para os pactuantes (tanto é assim que a Súmula n. 370 do STJ
orienta que enseja dano moral a apresentação antecipada de cheque). Contudo,
esta pactuação extracartular, que ocorre fora do campo da data de emissão, é
ineficaz em relação à contagem do prazo de apresentação e, por conseguinte, não
tem o condão de operar o efeito de ampliar o prazo de apresentação do cheque.
Daí a conclusão de que somente a pós-datação regular, efetuada no campo da
data de emissão do cheque, é hábil a ampliar o prazo de apresentação da cártula a
que se refere o art. 33, caput, da Lei do Cheque” (REsp 1.423.464-SC, Rel. Min. Luis
Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado em 27/4/2016, DJe 27/5/2016. grifamos).

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(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito)

Os prazos de apresentação e de prescrição (arts. 33 e 59 da Lei n. 7.357/85) nos


cheques pós-datados possuem como termo inicial de contagem a data consignada no
espaço reservado para a emissão da cártula. (Tese julgada sob o rito do art. 1.036 do
CPC/2015 – Tema 945) (STJ. Jurisprudência em Teses. Edição 62: Cheque).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 20. Julgue o item seguinte:

O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é de cinco anos, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19. Nota promissória. (...) 25. Prescrição.

O tema títulos de crédito possui vários entendimentos sumulares, com grande chance de cobrança
na prova, por isso atenção. A questão proposta é um exemplo, mas antes, vamos aos conceitos
bases. “A nota promissória é uma promessa de pagamento, isto é, “um compromisso escrito e
solene, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma de dinheiro”. Trata-se de
uma promessa direta do devedor ao credor e, nisso, se apresenta sua principal diferença em
relação à letra de câmbio. Na nota promissória, quem cria o título assume o compromisso de
pagar diretamente a obrigação que está ali incorporada, não dando qualquer ordem a terceiro”
(TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Títulos de crédito. V.2. 8ª ed. São Paulo.
Atlas. 2017. p. 283. grifamos). A nota promissória é regulada pela Lei Uniforme de Genebra (LUG),
incorporada ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto 57.663/1966.

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Verificada a ocorrência da prescrição da nota promissória, com base no artigo 70 da LUG, torna-
se descabida a ação cambial, sendo possível a cobrança do crédito oriundo de nota promissória
prescrita por meio de ação monitória. Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça editou a
súmula 504, dispondo: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título”, tendo como fundamento o artigo 206, §5º, I, do Código Civil, o qual estabelece o prazo
prescricional de 05 anos a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular.

Chamo à atenção dos candidatos para outro entendimento sumular muito parecido, mas que não
pode ser confundido, vejamos o enunciado 503 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à
data da emissão estampada na cártula.

GABARITO: CERTO

DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I


Queridos alunos,

Antes de iniciar os estudos de Direito do Consumidor dessa rodada e mantendo meu compromisso
de trazer todas as atualizações pertinentes, na data de 27/06 foi publicada a Lei 13.455/2017, fruto
da conversão da MP 764/2016, autorizando a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos
ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado, assim dispondo:

Art. 1o Fica autorizada a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos ao


público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Parágrafo único.
É nula a cláusula contratual, estabelecida no âmbito de arranjos de pagamento ou de
outros acordos para prestação de serviço de pagamento, que proíba ou restrinja a
diferenciação de preços facultada no caput deste artigo. 

Art. 2o  A Lei no 10.962, de 11 de outubro de 2004, passa a vigorar acrescida do


seguinte art. 5o-A: “Art. 5º-A. O fornecedor deve informar, em local e formato visíveis ao
consumidor, eventuais descontos oferecidos em função do prazo ou do instrumento de
pagamento utilizado. Parágrafo único. Aplicam-se às infrações a este artigo as sanções
previstas na Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990.” 

Art. 3o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Na primeira rodada desse curso de reta final, elaborei questão acerca do tema (Q.21), com base
na MP 764/2016, a qual permanece integralmente correta nos exatos termos apresentados na
ocasião, vez que a novel legislação converteu a referida medida provisória na íntegra.

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(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito)

Feitos os esclarecimentos necessários, continuamos nosso estudo...

QUESTÃO 21. Consoante entendimento do STJ, julgue o item:

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor é vedada a denunciação da lide nas


demandas consumeristas de responsabilidade civil por acidentes de consumo. Dessa
maneira, realizada à denunciação sem oposição do consumidor, poderá o denunciado
invocar em seu benefício a regra de vedação da denunciação para eximir-se de suas
responsabilidades perante o denunciante.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 12. Responsabilidade


solidária e o direito de regresso.

O artigo 88 do Código de Defesa do Consumidor preceitua que “Na hipótese do art. 13, parágrafo
único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a
possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”. Primeiramente,
importante frisar, apesar do dispositivo legal em estudo restringir à vedação da denunciação da

ALUNO: mirlonfernando pág. 66


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lide à hipótese do artigo 13, parágrafo único do mesmo diploma consumerista, o STJ possui
entendimento de que “A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe
à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também
nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC)”
(AgRg no AREsp 694.980/MS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 22/09/2015). Conforme
verificado, encontra-se correta a primeira parte da questão proposta.

Resta saber, poderá ser invocada a vedação do artigo 88 do CDC para exclusão de corréu
denunciado à lide em relação consumerista, quando a insurgência não é arguida pelo consumidor?
O Superior Tribunal de Justiça entendeu que não, vejamos:

“Foi propósito do legislador não permitir a denunciação da lide de modo a não retardar
a tutela jurídica do consumidor, dando celeridade ao seu pleito indenizatório, evitando
a multiplicação de teses e argumentos de defesa que dificultem a identificação da
responsabilidade do fornecedor do serviço. Assim, se, de um lado, a denunciação
da lide (CPC/1973, art. 70) é modalidade de intervenção de terceiros que favorece
apenas o réu denunciante (fornecedor, no caso), na medida em que este objetiva a
responsabilização regressiva do denunciado, de outro lado, a norma do art. 88 do CDC
consubstancia-se em regra insculpida totalmente em benefício do consumidor,
atuando em prol do ressarcimento de seus prejuízos o mais rapidamente possível, em
face da responsabilidade objetiva do fornecedor. Na hipótese, porém, de deferimento
da denunciação sem insurgência do consumidor legitimado a tal, opera-se a
preclusão, sendo descabido ao corréu fornecedor invocar em seu benefício a regra
de afastamento da denunciação. Trata-se de direito subjetivo público assegurado
ao consumidor para a facilitação de sua defesa” (REsp 913.687-SP, Rel. Min. Raul
Araújo, por unanimidade, julgado em 11/10/2016, DJe 4/11/2016. grifamos).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 22. Julgue o item:

De acordo com entendimento cristalizado do STJ, a utilização de escore de crédito, método


estatístico de avaliação de risco que não constitui banco de dados, dispensa consentimento
do consumidor, que terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre as informações pessoais
valoradas e as fontes dos dados considerados no respectivo cálculo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17. Dos bancos de dados e cadastro de consumidores.

Em que pese fortes posicionamentos doutrinários contrários, esse é o entendimento do Superior

ALUNO: mirlonfernando pág. 67


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Tribunal de Justiça consolidado na súmula 550. De acordo com o Tribunal, o sistema credit
scoring é um método estatístico desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito,
considerando diversas variáveis, com atribuição de pontuação ao consumidor avaliado, constituindo
uma prática comercial lícita. Consoante o precedente do enunciado em estudo, “na avaliação do
risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção
do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações
negociais, conforme previsão do CDC e da Lei 12.414/2011; apesar de desnecessário o
consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos,
caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem
como as informações pessoais valoradas; o desrespeito aos limites legais na utilização do
sistema credit scoring, configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode
ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável
pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei 12.414/2011) pela ocorrência
de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art.
3º, § 3º, I e II, da Lei 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de
crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados. (REsp 1.419.697-RS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014. grifamos).

Por fim, de maneira correlata ao tema, importante o conhecimento da tese firmada pelo STJ, em
sede de recurso repetitivo (Tema 915), sobre o interesse de agir para a propositura da ação
cautelar de exibição de documentos em relação ao sistema credit scoring, vejamos: “Em relação
ao sistema “credit scoring”, o interesse de agir para a propositura da ação cautelar de exibição de
documentos exige, no mínimo, a prova de: i) requerimento para obtenção dos dados ou, ao menos,
a tentativa de fazê-lo à instituição responsável pelo sistema de pontuação, com a fixação de prazo
razoável para atendimento; e ii) que a recusa do crédito almejado ocorreu em razão da pontuação
que lhe foi atribuída pelo sistema “scoring”.  (REsp 1.304.736-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, julgado em 24/2/2016, DJe 30/3/2016).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 23. Analise e julgue o item seguinte:

O Código de Defesa do Consumidor veda expressamente a inversão convencional do ônus


da prova, sendo nula de pleno direito referida cláusula contratual.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor. (...) 2.2. O acesso à Justiça e a


inversão do ônus da prova.

ALUNO: mirlonfernando pág. 68


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Conforme artigo 51, VI, do Código de Defesa do Consumidor, “são nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam
inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor”. Dessa forma, verifica-se que a simples
inversão convencional do ônus da prova não é vedada expressamente pela lei consumerista, o que
se proíbe é a inversão convencional em prejuízo do consumidor.

Sobre o tema, leciona a doutrina:

“A inversão convencional decorre de um acordo de vontades entre as partes, que poderá


ocorrer antes ou durante o processo. Essa forma de inversão tem duas limitações
previstas pelo art. 373, § 3º do Novo CPC, que prevê a nulidade dessa espécie de
inversão quando: (i) recair sobre direito indisponível da parte; (ii) tornar excessivamente
difícil a uma parte o exercício do direito. (...) Para parcela da doutrina, “o dispositivo
do CDC ora analisado não proíbe a convenção sobre o ônus da prova, mas, sim,
tacha de nula a convenção se trouxer prejuízo ao consumidor. Trata-se de norma
salutar, adotada pelos mais modernos sistemas jurídicos que regulam as relações de
consumo”. A lição doutrinária é correta, porque nem sempre o ônus da prova será do
fornecedor e, nesses casos, uma eventual inversão contratual do ônus da prova
viria a favorecer o consumidor. Qualquer cláusula contratual, entretanto, que
atribua ao consumidor um ônus probatório que seria legalmente do fornecedor
será considerada nula de pleno direito” (TARTUCE, Flávio. NEVES, Daniel Amorim
Assumpção. Manual de direito do consumidor. 6. ed. São Paulo. Método. 2017. p. 189.
grifamos).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 24. No que diz respeito a coisa julgada nas ações coletivas, prevista no CDC, e o
entendimento do STJ sobre o tema, julgue o item:

Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta em
defesa de direitos individuais homogêneos, inclusive por falta de provas, não é possível a
propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que
em outro Estado da federação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor

Estabelece o artigo 103, III, do CDC: “Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença
fará coisa julgada: (...) III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar
todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do artigo 81”,

ALUNO: mirlonfernando pág. 69


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o qual trata dos interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os de origem
comum. Na continuação, o § 2º do artigo 103 da lei consumerista, dispõe que “na hipótese prevista
no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo
no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual”. Em uma
interpretação conjunta dos dispositivos em destaque, decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

Inicialmente, saliente-se que a leitura precipitada do disposto no inciso III do art. 103 do
CDC poderia levar à equivocada conclusão de que apenas a procedência da ação coletiva
emanaria efeitos capazes de obstar a nova propositura de demanda coletiva idêntica.
Ocorre que a interpretação do referido inciso deve se dar com a observância do
disposto no § 2º, que é claro ao estabelecer que, mesmo diante de solução judicial
pela improcedência do pedido coletivo original, apenas os interessados que não
tiverem intervindo na ação coletiva na condição de litisconsortes é que poderão
propor demanda análoga e, ainda assim, única e exclusivamente a título individual.
Ciente disso, a simples leitura dos arts. 81, III, e 103, III, § 2°, do CDC evidencia que,
para a aferição da exata extensão dos efeitos da sentença proferida em ação
coletiva que tenha por objeto direitos individuais homogêneos - diversamente
do que ocorre em se tratando de direitos difusos e coletivos -, é juridicamente
irrelevante investigar se o provimento judicial de improcedência do pedido resultou
ou não de eventual insuficiência probatória. Isso porque a redação do inciso III do
art. 103 do CDC não repete a ressalva (incisos I e II do referido dispositivo) de que a
sentença de improcedência por insuficiência de provas seria incapaz de fazer coisa
julgada. Dessa forma, para os direitos individuais homogêneos, o legislador adotou
técnica distinta, ressalvando a formação de coisa julgada somente em favor dos
“interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes”, de
modo que somente esses poderão propor ação de indenização a título individual,
independentemente do resultado negativo - de improcedência por qualquer motivo
- da demanda coletiva anteriormente proposta. (REsp 1.302.596-SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 9/12/2015, DJe 1°/2/2016. grifamos).

Dessa maneira, “após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva
proposta em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente do motivo que
tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura de nova demanda
com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da federação”.

A cobrança desse importante julgado poderá aparecer na próxima prova de Defensor Público
Federal tanto na temática de processo coletivo, como na própria disciplina de Consumidor,
por tal razão, reproduzo esclarecedor quadro-resumo do julgado em estudo, produzido por
Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito.

ALUNO: mirlonfernando pág. 70


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 25. Acerca das disposições do Código de Defesa do Consumidor, julgue o item:

As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de


categoria econômica podem regular, por convenção escrita ou verbal, relações de consumo
que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade,
à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição
do conflito de consumo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2. O Código de Defesa do Consumidor

O Título V do Código de Defesa do Consumidor, intitulado Da Convenção Coletiva de Consumo


(artigo 107), na maioria das vezes esquecida pelos candidatos, já foi objeto de exigência da banca
CESPE em outros certames, merecendo atenção no estudo da disciplina de Consumidor.

“Trata-se de instrumento que busca a antecipação de eventuais conflitos nas relações


de consumo, normatizando sua solução e possibilitando o estabelecimento de
condições para sua composição. (...) é um meio de solução de conflitos coletivos em
que fornecedores e consumidores, por intermédio de suas entidades representativas,
estabelecem condições para certos elementos da relação de consumo, de modo a
atuarem nos contratos individuais. (...) A lei situa a convenção como “meio de regular
condições”, atribuindo-lhe caráter nitidamente obrigacional, tratando-a verdadeiramente
como um contrato coletivo. Seu objeto não é obrigação de dar ou fazer, mas regular
abstratamente outros contratos futuros”. (Código de Defesa do Consumidor Comentado

ALUNO: mirlonfernando pág. 71


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pelos Autores do Anteprojeto. Ada Pellegrini Grinover. Antônio Herman de Vasconcellos


e Benjamin. Daniel Roberto Fink. José Geraldo Brito Filomeno. Kazuo Watanabe.
Nelson Nery Júnior. Zelmo Denari. 9ª ed. Rio de Janeiro. Forense Universitária. 2007.
p. 1013/1014).

Ao contrário do estabelecido na questão, a convenção coletiva de consumo deverá ser realizada


por escrito (art. 107, caput, do CDC), tornando-se obrigatória a partir do registro do instrumento no
cartório de títulos e documentos (art. 107, § 1º, do CDC). “A convenção coletiva somente pode tratar
de preço, qualidade, quantidade, garantia e características de produtos e serviços, estando vedado
cuidar de outros aspectos regulados na lei consumerista, tais como responsabilidade, indenização,
e demais garantias instituídas. Aliás, deve-se entender que mesmo nos aspectos que a norma
permite a regulação, esta não pode direta ou indiretamente violar as normas protecionistas. Daí
que também a permitida reclamação e composição do conflito de consumo só podem ser reguladas
para ampliação das garantias, nunca diminuição” (NUNES, Rizzatto. Comentários ao Código de
Defesa do Consumidor, 8. ed. São Paulo. Saraiva. 2015. p. 995).

Sobre o tema, importante a leitura do único dispositivo previsto no CDC: “Art. 107. As entidades
civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica
podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer
condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de
produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de consumo. § 1° A
convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos
e documentos. § 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias. § 3°
Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento”.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO AMBIENTAL GRUPO I

QUESTÃO 26. O movimento de constitucionalização do direito urbanístico ocorreu somente


com o advento da Constituição Federal de 1988.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 72


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Ponto do edital: 8. Política Urbana.

Na maioria dos editais de concurso público para as carreiras jurídicas, a matéria de direito urbanístico
está inserida dentro do programa de direito ambiental. Assim, vamos trabalhar algumas questões
sobre o tema neste curso de reta final, uma vez que o intuito das rodadas é evitar qualquer surpresa
na hora da prova.

Acerca do enunciado proposto, o movimento de constitucionalização do direito urbanístico


surgiu com a Constituição Federal de 1988, uma vez que foi a atual Carta Magna brasileira que
conferiu pela primeira vez um capítulo específico para a política urbana no texto constitucional
brasileiro. Sobre este ponto, é a lição de Ronaldo Vieira Francisco e Fábio Ianni Goldfinger: “Pela
primeira vez na história constitucional brasileira, a CF prevê um capítulo à política urbana. O
desenvolvimento urbano previsto na CF decorre do artigo 21, inc. XX, da CF, o qual estabelece
a competência da União para instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano. Trata-se da
constitucionalização do direito urbanístico”. (FRANCISCO, Ronaldo Vieira e GOLDFINGER,
Fábio Ianni. Direito Urbanístico. Bahia: Juspodivm, 2016, p. 17)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 27. É obrigatória a elaboração do plano diretor para cidades com mais de quinze
mil habitantes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Política urbana.

Em matéria de direito urbanístico, a função social da cidade só será cumprida quando obedecidas
as diretrizes fixadas no plano diretor. No entanto, não é toda a cidade que deverá obrigatoriamente
ter um plano diretor, mas apenas aquelas com mais de vinte mil habitantes ou que incidam nas
situações específicas previstas pelo Estatuto da Cidade. Vejamos o artigo 182, §1º, da Constituição
Federal de 1988: “O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana”.

Ainda nesse sentido, o artigo 41 da Lei 10.257/2001 prevê outras hipóteses em que a elaboração
do plano diretor é obrigatória:

Art. 41. O plano diretor é obrigatório para cidades:

I – com mais de vinte mil habitantes;

II – integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas;

ALUNO: mirlonfernando pág. 73


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III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no §
4º do art. 182 da Constituição Federal;

IV – integrantes de áreas de especial interesse turístico;

V – inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo


impacto ambiental de âmbito regional ou nacional.

VI - incluídas no cadastro nacional de Municípios com áreas suscetíveis à ocorrência


de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou
hidrológicos correlatos.

Por fim, recomendo fortemente a leitura dos artigos do Estatuto da Cidade sobre o plano diretor,
além do capítulo sobre a política urbana previsto na Constituição Federal de 1988.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 28. O Estatuto da Cidade prevê uma modalidade especial de usucapião coletiva
para pessoas de baixa renda.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Política urbana.

O Estatuto da Cidade prevê a chamada usucapião especial coletiva para os casos envolvendo
áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de
baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição. Tais áreas podem
ser usucapidas desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural
e que não seja possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor. Trata-se de uma
modalidade de usucapião inspirada no célebre caso da Favela Puhlmann (SP). Esta modalidade
de usucapião, assim como direito de laje (acrescentado no rol dos direitos reais do Código Civil no
ano de 2016) perfectibilizam o chamado direito civil dos pobres proposto por Menger. Segundo
este professor alemão, o direito civil dos pobres consiste na reinterpretação de institutos clássicos
do direito civil à luz das famílias de baixa renda. A legitimação de posse (usucapião administrativa)
prevista na Lei da Minha Casa Minha Vida também é um exemplo do chamado direito civil dos
pobres.

Por fim, lembro ao aluno que a partir de uma interpretação do artigo 554, § 1º, do NCPC, a
Defensoria Pública deve ser intimada nos casos de usucapião especial coletiva urbana. Senão
vejamos o dispositivo supracitado: “No caso de ação possessória em que figure no polo passivo
grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados
no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público

ALUNO: mirlonfernando pág. 74


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e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública”.

Em que pese a ação de usucapião não seja uma ação possessória, parte da doutrina defende a
intervenção obrigatória da Defensoria Pública como custus vulnerabilis neste caso, a partir de uma
interpretação teleológica.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 29. O artigo 38 da Lei de Crime Ambientais prevê uma hipótese de “norma penal
em branco ao quadrado”.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.5. Crimes ambientais: espécies e sanções previstas.

A norma penal em branco ao quadrado, também chamada de norma penal em branco de


segundo grau ocorre quando a lei penal (o tipo penal) exige um complemento normativo para
sua compreensão e este complemento faz referência a outro ato normativo. Trata-se de uma lei
duplamente em branco (ao quadrado). Isto é justamente o que ocorre com o artigo 38 da Lei de
Crimes Ambientais, que visa punir as condutas de destruir ou danificar floresta considerada de
preservação permanente. O conceito de floresta de preservação permanente é obtido no Código
Florestal, que, entre seus dispositivos, estabelece uma hipótese em que a área de preservação
permanente será assim considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do
Poder Executivo. Logo, há um complemento ao quadrado, ou de segundo grau. Para facilitar a
visualização desse fenômeno, transcrevo o artigo 38 da Lei 9.605/98: “Art. 38. Destruir ou danificar
floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 30. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de crimes


ambientais é um consectário do fenômeno chamado pela doutrina de “sociedade de risco”.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.5. Crimes ambientais: espécies e sanções previstas.

O termo “sociedade de risco” foi proposto pelo alemão Ulrich Beck para retratar as situações em
que o homem é a fonte dos próprios riscos que atentam contra a humanidade. Nessa linha, o

ALUNO: mirlonfernando pág. 75


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autor trabalha os riscos tecnológicos, ambientais, cibernéticos etc. A partir desta compreensão, a
doutrina alemã e até mesmo a doutrina brasileira passou a trabalhar o fenômeno da sociedade de
risco aplicado ao direito penal. Segundo a doutrina (Alexandre Salim, Eduardo Vianna, Claus Roxin,
dentre outros), o fenômeno da sociedade de risco inaugurou no brasil o chamado direito penal
coletivo, que possui algumas características peculiares, como por exemplo: a) a responsabilização
penal das pessoas jurídicas pela prática de crimes ambientais; b) a tutela de bens jurídicos coletivos
(desmaterialização ou espiritualização do direito penal); c) a antecipação da tutela penal com a
tipificação de crimes de perigo abstrato, como por exemplo, o crime de porte ilegal de arma e;
d) os delitos de acumulação (em que pese estes não sejam admitidos no ordenamento jurídico
brasileiro por violação ao princípio da legalidade penal).

Um resumo das ideias expostas pode ser encontrado neste link: https://marinacerqueira.
jusbrasil.com.br/artigos/165347762/o-direito-penal-na-sociedade-de-risco-relativizacao-dos-seus-
principios-constitucionais

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I

QUESTÃO 31. Há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples em ação de repetição de indébito relativa
a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado
entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 Ação. 6 Sujeitos do processo.

A Agência Nacional de Energia Elétrica é uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério
de Minas e Energia.

Segundo o Superior Tribunal de Justiça não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência
Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples de ação de repetição
de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica
celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.

A questão foi decidida no REsp 1.389.750-RS (Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, por

ALUNO: mirlonfernando pág. 76


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unanimidade, julgado em 14/12/2016, DJe 17/4/2017), julgado sob o rito do art. 1.036 e seguintes
do CPC, que versava sobre questão atinente ao interesse jurídico da ANEEL para figurar no polo
passivo de ação revisional e de repetição de indébito relativa a contrato de fornecimento de energia
elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.

O Superior Tribunal de Justiça, em julgados anteriores, já havia sedimentado que não há, em regra,
interesse jurídico da ANEEL para figurar como ré ou assistente simples de Ação de Repetição
de Indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica
celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 32. Na fase de cumprimento de sentença há necessidade de intimação formal


da parte para apresentar impugnação, mesmo após seu comparecimento espontâneo nos
autos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15.4 Cumprimento de sentença.

O Código de Processo Civil dispõe, no § 1º do artigo 239, que “o comparecimento espontâneo do


réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para
apresentação de contestação ou de embargos à execução”.

O Superior Tribunal de Justiça, através de sua Corte Especial, entendeu que se a lei preconiza ser
desnecessário o ato formal de citação quando a parte comparecer espontaneamente aos autos,
maior razão dispensá-lo em casos de intimações (EREsp 1.415.522-ES, Rel. Min. Felix Fischer, por
unanimidade, julgado em 29/3/2017, DJe 5/4/2017).

Assim, o termo inicial do prazo para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença é contado
a partir da ciência inequívoca do devedor quanto à penhora “on-line” realizada, não havendo
necessidade de sua intimação formal.

O mesmo se dá com a execução de título extrajudicial: se o devedor comparecer espontaneamente


aos autos e não apresentar embargos à execução, seu prazo será escoado a contar do
comparecimento espontâneo.

O STJ entende que a parte não pode se valer de sua própria torpeza, comparecendo ao processo
espontaneamente e a posteriori alegar que não foi iniciado seu prazo, pugnando pela expedição
formal de ato de intimação para tão somente praticar o ato processual.

Artigos relacionados:

ALUNO: mirlonfernando pág. 77


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Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se
o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no


caso de decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-
se-á a requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no
prazo de 15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 1º No cumprimento provisório da sentença, o executado poderá apresentar impugnação,


se quiser, nos termos do art. 525.

§ 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer


ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que couber.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 33. Em Ação Civil Pública somente haverá condenação da associação autora
em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé, a qual
exige, para sua configuração, a presença de dolo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ponto do edital: 18 Ação Civil Pública. 20 Processo Coletivo.

Observação inicial: A presente questão foi elaborada ainda antes da publicação do


edital, com base no seguinte ponto do edital do certamente passado: 44 Tutela judicial
dos direitos coletivos, difusos e individuais homogêneos. 44.1 A ação civil pública.

Ocorre que o ponto (processo coletivo), foi, incialmente, excluído das matérias
relacionados ao processo civil, quando da publicação do edital do VI Concurso. Decidi,
todavia, manter a questão, considerando a relevância do tema e em face dos seguintes
pontos do edital publicado inicialmente: Princípios institucionais (2.4 A tutela coletiva no
âmbito da Defensoria Pública); Ambiental (1.5.1 Ação civil pública, ação penal pública,
mandado de segurança individual e coletivo, ação popular, mandado de injunção
ambiental); Administrativo (6.1 A ação civil pública por improbidade administrativa).
Com relação ao ponto 6.1, inclusive, há um capítulo específico em meu livro sobre o
tema, que pode ajudar na preparação para o certame. Os demais pontos mencionados,
especialmente o item 2.4 de princípios institucionais, também são trabalhados na obra.

Ocorre que, mais recentemente, o edital foi modificado, sendo inseridos (corretamente,
a meu ver) os seguintes pontos nas matérias de Direito Processual Civil: 18 Ação Civil

ALUNO: mirlonfernando pág. 78


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Pública. 19 Ação Popular. 20 Processo Coletivo. 21 Mandado de Segurança.

Sendo assim, o tema ganha relevância. Trabalharei outros pontos relacionados ao


processo coletivo ainda neste curso.

Nos termos dos artigos 87, caput, do CDC e 18 da LACP, somente haverá condenação da associação
autora em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé. Caso
contrário, não há que se falar em condenação. Trata-se, portanto, de isenção condicionada a
existência ou não de má-fé, a qual exige, para sua configuração, a presença de dolo, já que o que
se busca punir é o ato doloso e não apenas aquele desidiosos ou ignorante. Assim, mesmo no
caso, por exemplo, de ação coletiva ajuizada sem qualquer possibilidade de acolhimento do seu
pedido, não estará configurada a má-fé e, por conseguinte, incidirá a regra geral relativamente à
isenção.

Neste sentido, precedente do STJ que, apesar de antigo, encontra-se atualizado: “não se
compatibiliza com o espírito da lei de regência, no caso da improcedência da Ação Civil Pública,
atribuir-lhe a litigância de má-fé (art. 17, Lei ant., c/c o art. 115, Lei n° 8.078/90), com a condenação
em honorários advocatícios” (REsp nº 152447 / MG. Primeira Turma. J. 28.08.2001).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 34. As ações rescisórias processadas e julgadas originariamente no STJ após o


advento do CPC/2015 dispensam a figura do revisor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11.3 Ação rescisória: conceito, natureza, cabimento, condições


específicas, competência, tutela de urgência na hipótese.

O CPC/2015 é orientado pela celeridade processual, motivo pelo qual houve a supressão da figura
do revisor nas apelações e nas ações rescisórias.

Todavia, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça entendeu que embora o CPC/2015
tenha essa disciplina, sua promulgação não resultou em revogação integral da Lei n. 8.038/1990,
sobretudo do seu art. 40, que expressamente prevê a revisão, no Superior Tribunal de Justiça, em
ação rescisória, em ação penal originária e em revisão criminal (AR 5.241-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, por maioria, julgado em 5/4/2017, DJe 12/5/2017).

O entendimento gira em torno de duas motivações principais: (a) que quando o CPC/2015 quis
revogar algum preceito da Lei n. 8.038/1990 o fez explicitamente no seu art. 1.072, inciso IV,
ocasião em que revogou onze artigos da referida legislação, dentre os quais não está o art. 40;
(b) a Lei n. 8.038/1990 é especial em relação ao código de processo civil, não sendo por este

ALUNO: mirlonfernando pág. 79


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derrogada.

Assim, se pode concluir pela plena vigência do artigo 40 da lei 8.038 e, portanto, pela exigência de
revisão em ações rescisórias propostas originariamente perante a Corte.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 35. É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas
contrarrazões.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12 Recursos: natureza, conceito, classificação, efeitos, regras gerais,


sucedâneos recursais, juízo de admissibilidade e de mérito.

Dispõe o artigo 85 do CPC que “a sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado
do vencedor”, sendo que “o tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (...)”, nos termos de seu parágrafo
11.

Questão interessante é saber se incide tal fixação de honorários em sede recursal (honorários
recursais) mesmo quando não apresentadas contrarrazões.

A questão foi enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu ser cabível a fixação de
honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, mesmo quando não
apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado, entendendo que a expressão “trabalho
adicional”, contida no § 11 do art. 85 do CPC, é um gênero que compreende várias espécies,
incluída a contraminuta e das contrarrazões, mas não somente esta (AO 2063 AgR/CE , rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 18.5.2017).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 36. Se o autor, na petição inicial, ou o réu, em petição apresentada com dez
dias de antecedência da data da audiência, manifestar expressamente seu desinteresse na
composição consensual, não será realizada a audiência de conciliação ou de mediação.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 9.3 Audiência de conciliação ou de mediação.

O Código de Processo Civil previu a realização de audiência de conciliação ou de mediação.

ALUNO: mirlonfernando pág. 80


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A petição inicial deve indicar a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação
ou de mediação (Art. 319, VII, CPC).

A audiência somente não será realizada (1) se ambas as partes manifestarem, expressamente,
desinteresse na composição consensual (Art. 334, § 4º, I do CPC) ou (2) quando não se admitir a
autocomposição (inciso II do 334). Assim, não basta que o autor ou o réu manifestem desinteresse.
Ambas (ou todas, quando houver mais de duas) as partes devem expressamente dizer que não
possuem interesse na realização da audiência. Ou seja, autor e réu devem manifestar desinteresse.

O autor deverá indicar seu desinteresse na autocomposição logo na petição inicial; o réu deverá
fazê-lo por petição apresentada com no mínimo dez dias de antecedência da data da audiência
(Art. 334, § 5º, CPC).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 37. A perpetuatio juridictionis impede a alteração da competência em razão da


mudança de domicílio do réu.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Jurisdição. 4.2 identificação do foro competente. 4.3 modificações


(conexão, continência, prevenção), perpetuatio jurisdictionis.

O artigo 43 do código de processo civil prevê a perpetuatio juridictionis. Segundo esta, a competência
fixada pelo registro ou pela distribuição da petição inicial permanecerá até a prolação da decisão
final:

Assim, “determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial,


sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente” (Art.
43 do CPC).

Conforme explica Didier: “Neste exato momento (registro ou distribuição), firma-se e perpetua-se
a competência do juízo e nenhuma modificação do estado de fato (ex.: mudança de domicílio do
réu) ou de direito (ex.: ampliação do teto da competência do órgão em razão do valor da causa)
superveniente poderá alterá-la” (DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. Vol. 1. 17.
ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 201).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 38. A regra da perpetuatio juridictionis será excepcionada quando houver


supressão do órgão judiciário ou alteração superveniente da competência absoluta. No

ALUNO: mirlonfernando pág. 81


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segundo caso, já tendo havido sentença quando da alteração da competência absoluta, não
haverá, todavia, redistribuição do processo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Jurisdição. 4.2 identificação do foro competente. 4.3 modificações


(conexão, continência, prevenção), perpetuatio jurisdictionis.

Como visto na questão anterior, vige a regra da perpetuatio juridictionis, de forma que a competência
fixada pelo registro ou pela distribuição da petição inicial permanecerá até a prolação da decisão
final.

Há, todavia fatos supervenientes à propositura da demanda que impõem a redistribuição da causa,
excepcionando a perpetuação da jurisdição. São elas: (a) supressão do órgão judiciário. Por
exemplo, a extinção de uma vara ou de uma comarca; (b) alteração superveniente da competência
absoluta, ou seja, em razão da matéria, da função ou da pessoa:

CPC. Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição


da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a
competência absoluta.

“Se alteração da competência absoluta ocorrer após a sentença, não haverá a


redistribuição do processo”, pois já houve julgamento. “Assim, p. ex., a EC 45/2004, que
alterou as regras constitucionais da competência da Justiça do Trabalho, não alcança os
processos já sentenciados (súmula do STJ, n. 367). Recurso eventualmente pendente
contra decisão proferida por juiz estadual, em causa que agora é competência da Justiça
do Trabalho, deverá ser julgado pelo Tribunal de Justiça, e não pelo Tribunal Regional
do Trabalho”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 39. No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Federal sua
competência é absoluta.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17 Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995, Lei nº 10259/2001 e Lei nº


12.153/2009).

O Juizado Especial Federal é disciplinado pela lei 10.259/01, se aplicando, no que não conflitar
com ela, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (como determina o próprio artigo

ALUNO: mirlonfernando pág. 82


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1º da lei 10.259). É importante conhecer a legislação dos juizados para a prova.

Em seu artigo 3º, § 3º, a lei 10.259 aduz que “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado
Especial, a sua competência é absoluta”. Isto quer dizer que, nos JEFs (Juizados Especiais
Federais), ao contrário do que ocorre nos juizados estaduais, o autor não terá a opção de ajuizar
na vara comum ou no juizado. Sendo matéria de competência do juizado, o processo deve correr
no JEF, sob pena de extinção do feito.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 40. Não se incluem na competência do Juizado Especial Federal Cível as causas
que tenham como objeto a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal de
natureza previdenciária, ainda que tenham valor de até sessenta salários mínimos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17 Juizados Especiais (Lei nº 9.099/1995, Lei nº 10259/2001 e Lei nº


12.153/2009)

Compete ao Juizado Especial Federal Cível - JEF processar e julgar causas com valor de até
sessenta salários mínimos (Art. 3º da lei 10.259).

Mesmo que se enquadrem no critério do valor da causa, algumas matérias estão expressamente
excluídas do JEF. Estas (matérias excluídas) estão dispostas no parágrafo 1º do artigo 3º da lei de
regência (10.259). Dentro desta previsão estão as causas que visem a anulação ou cancelamento
de ato administrativo federal.

Todavia, mesmo neste caso há exceção (ou seja, exceção da exceção). Poderá ser ajuizada no
JEF ação visando a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal quando este ato for
de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal. Vejamos o texto legal:

§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções
fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses
difusos, coletivos ou individuais homogêneos;

II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza


previdenciária e o de lançamento fiscal;

ALUNO: mirlonfernando pág. 83


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IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores


públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I

Futuros Defensores Públicos Federais,

Como estão na força de estudo? Espero que bem afiados e concentrados! Como vocês sabem,
houve algumas alterações no edital em relação ao último concurso, então nestas três últimas
rodadas vamos continuar nosso esforço de cobrir a maioria dos pontos. Nesta rodada, apontarei
para vocês as diferenças entre o edital antigo e o novo.

Em relação a Direito Tributário, houve acréscimo dos seguintes pontos: “12 Administração
tributária. 13 Procedimento fiscal. 14 Sigilo fiscal e prestação de informações. 15 Dívida
ativa. 16 Certidões e cadastro. 17 Ilícito administrativo tributário.”

Desta vez, abordamos uma questão jurisprudencial relevante sobre protesto de certidão de dívida
ativa e, nas próximas rodadas, tocaremos em aspectos dos demais itens, mas, desde logo, faço
este destaque, para que vocês não ignorem esses pontos do edital.

Sigam firmes!

QUESTÃO 41. João, beneficiário de parcelamento de crédito tributário, foi excluído do


programa de parcelamento, por ato que considerou ilegal. Por isso, interpôs reclamação
administrativa perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), a qual, de
acordo com a jurisprudência do STJ, suspende a exigibilidade do crédito tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Crédito Tributário (...) 7.5. Suspensão, extinção e exclusão.

Como vimos na rodada 01, as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão
previstas no artigo 151 do CTN. Entre elas, estão as reclamações e os recursos administrativos.
Porém, a reclamação a que se refere o dispositivo, de acordo com a doutrina e com o que fixaram
diversas decisões do STJ, é a reclamação que discute o lançamento tributário (é dizer, a exigibilidade
do crédito), a qual é substancialmente diferente da reclamação que discute a legalidade do ato que

ALUNO: mirlonfernando pág. 84


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excluiu o contribuinte de programa de parcelamento.

Para o STJ, “não suspende a exigibilidade do crédito tributário a reclamação administrativa


interposta perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na qual se
questione a legalidade do ato de exclusão do contribuinte de programa de parcelamento.”
(REsp 1.372.368-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 5/5/2015, DJe 11/5/2015).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 42. O crédito tributário surge, automaticamente, com a ocorrência do fato


gerador.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Crédito Tributário. (...) 7.2. Natureza.

O STJ já decidiu que “o crédito tributário não surge com o fato gerador.” (REsp 250.306,
Rel. Min. Garcia Vieira, j. em 06/06/2000). Com efeito, o crédito tributário, a teor do artigo 142
do Código Tributário Nacional, é constituído com o lançamento. Logo, no mundo dos fatos, em
primeiro lugar, ocorre o fato gerador. Com o fato gerador, surge a obrigação tributária. Quando a
obrigação tributária é quantificada e qualificada, através do lançamento, surge o crédito tributário.
Nesse sentido, veja-se o que ensina Eduardo Sabbag: “com efeito, o lançamento é o instrumento
que confere a exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (aferição do quantum debeatur) e
qualificando-a (identificação do an debeatur). Em outras palavras, esta, sendo ilíquida e inexigível,
carece dos atributos de certeza e liquidez, que se dão pela atuação do Fisco, por meio do lançamento.
Com a formalização deste, não há que se falar em obrigação tributária, mas em crédito tributário.
Desse modo, o crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do
lançamento. Portanto, memorize: para haver lançamento - e, assim, crédito tributário - é mister
que exista fato gerador e, portanto, obrigação tributária.” (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito
Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 865).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 43. Não se pode constituir o crédito tributário com base em confissão de dívida
realizada após a extinção do crédito pela decadência, ainda que o objetivo da confissão seja
a inclusão em programa de parcelamento tributário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Crédito Tributário. (...) 7.3. Lançamento.

ALUNO: mirlonfernando pág. 85


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Como vimos na questão dissertativa de Direito Tributário, a decadência é forma de extinção do


crédito tributário, de modo que, após a extinção, o direito “não pode ser reavivado por qualquer
sistemática de lançamento ou autolançamento, seja ela via documento de confissão de dívida,
declaração de débitos, parcelamento seja de outra espécie qualquer (DCTF, GIA, DCOMP, GFIP
etc.)” Assim, o STJ entendeu que “não é possível a constituição de crédito tributário com base
em documento de confissão de dívida tributária apresentado, para fins de parcelamento,
após o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN.” (REsp 1.355.947-SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 12/6/2013).

É interessante, contudo, entender a lógica da decisão do STJ. Em primeiro lugar, entendeu-se que,
do ponto de vista jurídico, a confissão era irrelevante.

Depois - e este sim, é o fundamento mais importante -, entendeu-se que a confissão de débito
não pode ter eficácia superior à do lançamento de ofício, que é a forma clássica de lançamento.
Fundamentou-se, portanto, que, “se a administração tributária, de conhecimento dos mesmos fatos
confessados, não pode mais lançar de ofício o tributo, por certo que este não pode ser constituído
via autolançamento ou confissão de dívida existente dentro da sistemática do lançamento por
homologação. Dessa forma, a confissão de dívida para fins de parcelamento não tem efeitos
absolutos, não podendo reavivar crédito tributário já extinto.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 44. É constitucional o protesto de certidões de dívida ativa pela Fazenda Pública.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Dívida ativa. 16. Certidões e cadastro.

Em relação a esse assunto, é necessário saber que havia grande discussão judicial e doutrinária
sobre a extensão do artigo 1º da Lei nº 9492/97, que dispõe que “protesto é o ato formal e solene
pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros
documentos de dívida.” A divergência era sobre se a Fazenda Pública poderia protestar a certidão
de dívida ativa (CDA), ou seja, se a CDA estaria incluída na expressão “outros documentos
de dívida”. Para eliminar as dúvidas, a Lei nº 12.767/12 acrescentou ao referido dispositivo o
parágrafo único, que passou a dispor, de forma expressa, o seguinte: “incluem-se entre os títulos
sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas.” O referido dispositivo teve sua
constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal (ADI nº 5135), por dois motivos: 1)
ocorrência de contrabando legislativo, pois o referido dispositivo foi produto de emenda a medida
provisória que versava sobre concessões de serviço público e 2) suposta criação de sanção

ALUNO: mirlonfernando pág. 86


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política1, pois o protesto de CDA seria uma coerção para a cobrança da dívida tributária, paralelo
à execução fiscal, que já é um meio suficiente de cobrança. A primeira alegação não foi acolhida
pelo Supremo em virtude da modulação ocorrida na ADI nº 5127 (importantíssimo conhecer essa
decisão!). Quanto à segunda alegação, o STF, quando do julgamento, fixou a seguinte tese: “o
protesto das Certidões de Dívida Ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo, por
não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política”. O Informativo nº 846 traz os fundamentos
para a referida conclusão, os quais foram, em suma, os seguintes: a) não basta que uma medida
constranja o contribuinte de forma indireta a pagar os tributos para que se a considere sanção
política - deve haver desproporcionalidade; b) o protesto de CDA pela Fazenda Pública não viola
o devido processo legal; c) não há incompatibilidade entre o protesto e a execução fiscal, que
são, na realidade, institutos complementares; d) o protesto não prejudica a inafastabilidade da
jurisdição, pois “não impede o devedor de acessar o Poder Judiciário para discutir a validade
do crédito tributário ou para sustar o protesto, tampouco exclui a possibilidade de o protestado
pleitear judicialmente uma indenização”; e) a medida não afeta a vida da empresa e f) o protesto
de CDA, quando analisado à luz dos três aspectos da proporcionalidade, revela-se compatível com
tal princípio. Alertou-se, por fim, que “a declaração de constitucionalidade do protesto de Certidões
de Dívida Ativa pela Administração Tributária traz como contrapartida o dever de utilizá-lo de forma
responsável e consentânea com os ditames constitucionais.”

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 45. O responsável tributário subsidiário só é chamado a adimplir a obrigação do


contribuinte caso a este não seja possível que a Fazenda Pública exija o pagamento.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8. Responsabilidade tributária. (...) 8.4. Responsabilidade supletiva.

A responsabilidade subsidiária ou supletiva é prevista na parte final do artigo 128 do CTN,


segundo o qual “sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.” Nesse caso, os bens do responsável só
podem ser atingidos caso os do contribuinte sejam insuficientes à satisfação do crédito. Assim
ensina Sabbag (Op. Cit., p. 797): “nessa medida, a Fazenda Pública deverá esgotar todos os

1 Lembrem-se de que os Tribunais Superiores rejeitam a aplicação de sanções políticas para a cobrança
de tributos, como se vê, por exemplo, da Súmula nº 323 do STF, segundo a qual “é inadmissível a apreensão de
mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos” e da Súmula nº 127 do STJ, que dispõe ser “ilegal
condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 87


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caminhos para alcançar os bens do devedor principal, voltando suas atenções aos terceiros, após
frustrada a tentativa de percepção de recursos do contribuinte.”

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II

A respeito dos tratados internacionais sobre direito de pessoas encarceradas (regras


mínimas para o tratamento de pessoas presas e regras de Bangkok), julgue os três itens a
seguir.

QUESTÃO 46. As Regras de Mandela proíbem a revista em partes íntimas de pessoas que
visitam unidades prisionais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.4 Tratados internacionais sobre direitos de pessoas encarceradas:


regras mínimas para o tratamento de pessoas presas, Regras de Bangkok.

Em 1955, a ONU editou o documento Regras Mínimas para o Tratamento de Presos. Em 2015, esse
documento foi submetido a uma revisão e a uma substancial ampliação, consolidando um manual
ou um guia para os Estados administrarem seus respectivos sistemas penal e carcerário. Com a
atualização, as Regras Mínimas se tornaram as Regras de Mandela, tendo esse nome porque a
reunião para atualização do documento ocorreu na África do Sul, país do ex-presidente Mandela, que
ficou preso por muitos anos. A natureza jurídica das Regras de Mandela é de soft law, não possuindo,
então, força cogente ou efeito vinculante. Para ler o documento integral das Regras de Mandela:
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/05/39ae8bd2085fdbc4a1b02fa6e3944ba2.pdf

Muita atenção! Diversamente do afirma o enunciado, as Regras de Mandela proíbem a revista


em partes íntimas apenas de crianças, incentivando, porém, que também sejam evitadas a
visitantes adultos de unidades prisionais. Vejamos o que prescreve a Regra 60:

1. A entrada de visitantes nas unidades prisionais depende do consentimento do visitante


de se submeter à revista. O visitante pode revogar seu consentimento a qualquer tempo;
nesse caso, a administração prisional poderá vedar seu acesso.

2. Os procedimentos de entrada e revista para visitantes não devem ser degradantes e

ALUNO: mirlonfernando pág. 88


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devem ser governados por princípios não menos protetivos que aqueles delineados nas
Regras 50 a 52. Revistas em partes íntimas do corpo devem ser evitadas e não devem
ser utilizadas em crianças.

E as Regras 50 a 52 assim estabelecem:

Regra 50

As leis e regulamentos acerca das revistas íntimas e inspeções de celas devem estar
em conformidade com as obrigações do Direito Internacional e devem levar em conta
os padrões e as normas internacionais, considerando-se a necessidade de garantir a
segurança nas unidades prisionais. As revistas íntimas e inspeções serão conduzidas
respeitando-se a inerente dignidade humana e privacidade do individuo sob inspeção,
assim como os princípios da proporcionalidade, legalidade e necessidade.

Regra 51

As revistas íntimas e inspeções não serão utilizadas para assediar, intimidar ou invadir
desnecessariamente a privacidade do preso. Para os fins de responsabilização,
a administração prisional deve manter registros apropriados das revistas íntimas
e inspeções, em particular daquelas que envolvam o ato de despir e de inspecionar
partes íntimas do corpo e inspeções nas celas, bem como as razões das inspeções, a
identidade daqueles que as conduziram e quaisquer resultados dessas inspeções.

Regra 52

1. Revistas íntimas invasivas, incluindo o ato de despir e de inspecionar partes íntimas


do corpo, devem ser empreendidas apenas quando forem absolutamente necessárias.
As administrações prisionais devem ser encorajadas a desenvolver e utilizar outras
alternativas apropriadas ao invés de revistas íntimas invasivas. As revistas íntimas
invasivas serão conduzidas de forma privada e por pessoal treinado do mesmo gênero
do indivíduo inspecionado.

2. As revistas das partes íntimas serão conduzidas apenas por profissionais de saúde
qualificados, que não sejam os principais responsáveis pela atenção à saúde do preso,
ou, no mínimo, por pessoal apropriadamente treinado por profissionais da área médica
nos padrões de higiene, saúde e segurança.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 47. As Regras de Mandela não proíbem o isolamento da pessoa presa, limitando-o,
porém, ao máximo de 15 dias, sendo que, transcorrido esse prazo, o isolamento passa a ser
considerado confinamento solitário prolongado, prática que as Regras de Mandela proíbem.

ALUNO: mirlonfernando pág. 89


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.4 Tratados internacionais sobre direitos de pessoas encarceradas:


regras mínimas para o tratamento de pessoas presas, Regras de Bangkok.

As Regras de Mandela admitam um limite máximo de 15 dias para a duração do isolamento do preso,
afirmando que, se o isolamento vai além daquele limite, passa a ser considerado confinamento
solitário prolongado, prática que deve ser proibida (Regras 43 e 44). Assim, o enunciado está
correto. Atenção: a legislação brasileira, ao disciplinar o RDD (regime disciplinar diferenciado),
permite um período de até 360 dias de isolamento (LEP, art. 52, I), o que supera em muito os 15
dias estipulados pela ONU nas Regras de Mandela. Para mais considerações sobre a provável
inconvencionalidade do RDD, remeto o leitor para os comentários que fizemos sobre o Caso
Bámaca no nosso livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 48. As Regras de Mandela, assim como a Lei de Execução Penal brasileira,
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê exclusivamente por
meio das visitas e de correspondência escrita.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10.4 Tratados internacionais sobre direitos de pessoas encarceradas:


regras mínimas para o tratamento de pessoas presas, Regras de Bangkok.

O enunciado está equivocado. Enquanto a LEP limita o contato da pessoa presa com o mundo
exterior por meio exclusivamente da correspondência escrita (art. 41, XV), as Regras de Mandela
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê não apenas por correspondência
escrita, mas também, onde houver, por telecomunicações, meios digitais, eletrônicos e outros.
Vejamos o que prescreve a Regra 58.1:

1. Os prisioneiros devem ter permissão, sob a supervisão necessária, de comunicarem-


se periodicamente com seus familiares e amigos, periodicamente:

(a) por correspondência e utilizando, onde houver, de telecomunicações, meios digitais,


eletrônicos e outros; e

(b) por meio de visitas.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 90


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A respeito dos crimes contra a ordem tributária, julgue os dois itens a seguir.

QUESTÃO 49. Apesar de a pena do crime de falso seja maior do que a pena do crime de
descaminho, quando aquele é praticado como crime-meio para a consecução do segundo,
conforme tem decidido os tribunais superiores, incidirá o princípio da consunção.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17. Crimes contra a ordem tributária.

Prevê a antiga (porém ainda em vigor) Súmula 17 do STJ que “Quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Recentemente, em julgamento
afeto ao rito dos recursos repetitivos, decidiu o STJ que “Quando o falso se exaure no descaminho,
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera
por ser menor a pena a este cominada” (REsp 1.378.053, rel. min. Nefi Cordeiro, 3ª Seção, j.
10.08.2016).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 50. Conforme tem decidido o Supremo Tribunal Federal, em razão de se constituir
crime material contra a ordem tributária somente com o lançamento definitivo do tributo,
não se pode falar em termo inicial do prazo prescricional antes desse evento oriundo do
processo administrativo fiscal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 17. Crimes contra a ordem tributária.

O enunciado está em conformidade com a jurisprudência do STF, que assim tem decidido: “O
termo inicial da prescrição da ação dos crimes materiais previstos no art. 1º da Lei n. 8.137/1990
é a data da consumação do delito, que, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
corresponde à data da constituição definitiva do crédito tributário” (RHC 122.339, rel. min. Roberto
Barros, 1ª Turma, j. 04.08.2015). Para o STF, considerando que “Não se tipifica crime material
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, antes do lançamento
definitivo do tributo”, também não correrá o prazo prescricional até que se proceda com o lançamento
definitivo do tributo. Há quem questione esse entendimento (ex: Miguel Reale Jr.), sustentando que
o lançamento definitivo do tributo teria a natureza de comprovar um crime contra a ordem tributária
cometido no passado, e não – efetivamente – a natureza de demarcar o momento consumativo da
conduta.

ALUNO: mirlonfernando pág. 91


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GABARITO: CERTO

DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II

Sobre o tema da prisão processual e liberdade, julgue os cinco itens a seguir:

QUESTÃO 51. A Lei 13.257/2016 estabeleceu um marco normativo da primeira infância,


alterando diversos diplomas normativos, entre eles o Código de Processo Penal, que passou
a prever ouras hipóteses de prisão domiciliar para além daquelas anteriormente previstas.
A Lei 13.257 pode ser criticada pelo fato de não ter incluído o homem como destinatário
da norma que concede prisão domiciliar para quem possui filho que necessita dos seus
cuidados.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Prisão processual e liberdade. Estatuto constitucional da liberdade-


regra e da prisão-exceção.

O enunciado está equivocado. A Lei 13.257/2016 estabeleceu um marco legal ou um estatuto da


primeira infância, no que cumpriu com compromisso internacional assumido pelo Brasil no contexto
das denominadas Regras de Bangkok, já citadas em diversos pronunciamentos judiciais do STF
e do STJ. Diversamente do que afirma o enunciado, ao alterar o CPP, a Lei 13.257 não cuidou
de estabelecer apenas novas hipóteses de prisão domiciliar para mulheres, prevendo também a
possibilidade de prisão domiciliar para o homem quando ele for o único responsável pelos cuidados
do filho de até doze anos (CPP, art. 318, VI).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 52. Se o defensor público impetra habeas corpus contra prisão preventiva
decretada quando do recebimento da denúncia, no caso de quando do julgamento do HC o
Tribunal constatar que dias atrás foi proferida sentença condenatória com manutenção da
prisão preventiva, ainda que não tenham sido invocados fundamentos indiscutivelmente
diversos do decreto de prisão preventiva originário, prevalece na jurisprudência dos
tribunais superiores que o HC perderá o objeto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Prisão processual e liberdade. Estatuto constitucional da liberdade-


regra e da prisão-exceção.

ALUNO: mirlonfernando pág. 92


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O enunciado está equivocado: “Segundo a jurisprudência do STF, a perda de objeto do habeas


corpus somente se justifica quando o novo título prisional invocar fundamentos induvidosamente
diversos do decreto de prisão originário. Não há razão lógica e jurídica para obrigar a defesa a
renovar o pedido de liberdade perante as instâncias subsequentes, impondo-lhe a obrigação de
impugnar novamente os mesmos fundamentos que embasaram a custódia cautelar” (HC 137.279,
rel. min. Teori Zavascki, 2ª Turma, j. 22.11.2016).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 53. Conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, a contemporaneidade


dos motivos é um requisito para se aplicar medidas cautelares, principalmente a prisão
preventiva.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Prisão processual e liberdade. Estatuto constitucional da liberdade-


regra e da prisão-exceção.

O enunciado está correto. Nesse sentido: “Pacífico é o entendimento de que a urgência intrínseca às
cautelares, notadamente à prisão processual, exige a contemporaneidade dos fatos justificadores
dos riscos que se pretende com a prisão evitar. (...) A falta de contemporaneidade do delito imputado
ao paciente e a inocorrência de segregação, torna a prisão preventiva ilegal, por não atender ao
requisito essencial da cautelaridade” (RHC 83.083, rel. min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j.
20.06.2017).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 54. Conforme tem decidido os tribunais superiores, não cabe à instância
julgadora do habeas corpus agregar ou complementar a fundamentação da decisão que
decretou a prisão preventiva.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Prisão processual e liberdade. Estatuto constitucional da liberdade-


regra e da prisão-exceção.

O enunciado está correto. Esse é um tema frequente na atuação da Defensoria Pública: questionar
decretos de prisão preventiva genéricos. Após algumas decisões em sentido contrário, os tribunais
superiores atualmente entendem que não cabe à instância julgadora do habeas corpus acrescentar
fundamentos não aventados na decisão que decretou a prisão preventiva para superar o seu vício

ALUNO: mirlonfernando pág. 93


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de fundamentação (STJ, HC 377.398, j. 07.03.2017; STF, RHC 123.711, j. 07.10.2014). Mais


recentemente ainda, em HC impetrado pela DPU, o STF decidiu que “É vedado ao Superior
Tribunal de Justiça, ao analisar ordem de habeas corpus, agregar fundamentos ao decreto de
prisão preventiva em prejuízo do paciente” (HC 137.034, j. 16.05.2017).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 55. Conforme tem decidido os tribunais superiores, a ausência de comunicação


da prisão em flagrante à Defensoria Pública, no caso em que a pessoa não possua advogado,
não torna a prisão ilegal.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Prisão processual e liberdade. Estatuto constitucional da liberdade-


regra e da prisão-exceção.

O enunciado está correto. Transcrevo a seguir trechos do meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública no qual abordei exaustivamente esse tema:

“Pois bem. Qual a finalidade da comunicação da prisão em flagrante de pessoa que não
possui advogado, mediante remessa de cópia do auto de prisão, à Defensoria Pública?
A finalidade do expediente comunicativo em questão se relaciona com a proteção do
cidadão preso, circunstância que lhe coloca em estado de vulnerabilidade, propiciando-
lhe assistência jurídica integral diante do cerceamento de sua liberdade. (...)

Embora o expediente comunicativo dirigido à Defensoria Pública se revista, conforme


ressaltado, de grande importância, infelizmente parece predominar tanto na doutrina
quanto na jurisprudência que a sua inobservância ou a sua observância intempestiva
não torna a prisão ilegal, notadamente quando há superveniência de decreto de
prisão preventiva, o qual consistiria em novo titulo judicial, superando-se, portanto, a
irregularidade procedimental do flagrante decorrente da ausência de comunicação e
remessa de cópia do Auto de Prisão em Flagrante (APF) para a Defensoria Pública.
Nesse sentido, já decidiu o STJ, em caso no qual não houve a comunicação à Defensoria,
que “Não há mais se falar em irregularidade da prisão em flagrante quando a questão
encontra-se superada pela superveniência do decreto de prisão preventiva, que é o
novo titulo judicial ensejador da custódia cautelar” (HC 325.958, rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, 6a Turma, j. 18/08/2015). (...)

Esse entendimento não me parece correto, pois as comunicações obrigatórias fazem


parte do procedimento do flagrante, decorrem de previsão expressa em lei e assumem a
importante função de viabilizar à Defensoria Pública uma atuação imediata em favor do

ALUNO: mirlonfernando pág. 94


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preso, seja judicialmente, com pedidos de liberdade, seja extra-judicialmente, com visita
sem demora na unidade prisional, principalmente quando o defensor público vislumbrar
alguma circunstância que indique vulnerabilidade mais acentuada da pessoa presa
(exemplos: grávida, estrangeiro, idoso, pessoa com deficiência etc.). Assim sendo, não
realizada a comunicação à Defensoria Pública mediante remessa de cópia do APF em
até 24 horas, inexistindo uma justificativa da autoridade policial para os casos de remessa
tardia, entendo que a prisão em flagrante se torna ilegal, e deve, consequentemente, ser
relaxada, valendo destacar que a sua conversão em preventiva não convalida o vício
que a tornou ilegal”.

GABARITO: CERTO

DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 56. O Código Penal militar, tal como o Código Penal comum, prevê o perdão
judicial como causa extintiva da punibilidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Extinção da punibilidade.

O enunciado está equivocado. Diferente do Código Penal comum, que prevê o perdão judicial
como causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX), o Código Penal militar é omisso na matéria.
Importante ressaltar que o STF, instado a se manifestar sobre a matéria em HC impetrado pela
DPU, decidiu que “A analogia, ainda que in bonan partem, pressupõe lacuna, omissão na lei, o que
não se verifica na hipótese, em que é evidente no Código Penal militar a vontade do legislador de
excluir o perdão judicial do rol de causas de extinção da punibilidade” (HC 116.254, 1ª Turma, j.
25.06.2013).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 57. O Código Penal militar, diferente do Código Penal comum, tipifica como
crime o dano culposo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Crimes própria e impropriamente militares.

O enunciado está correto. Enquanto o Código Penal comum tipifica como crime apenas o dano
doloso (art. 163), o Código Penal militar tipifica como crime o dano tanto doloso quanto culposo
(art. 266).

ALUNO: mirlonfernando pág. 95


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 58. Conforme a jurisprudência sumulada do Superior Tribunal de Justiça,


militar que no exercício da função e dentro de unidade militar pratique o crime de abuso de
autoridade, será julgado pela Justiça Militar.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15. Crimes própria e impropriamente militares.

O enunciado está equivocado. Esse tema foi cobrado no IV concurso da DPU. O crime de abuso de
autoridade não está previsto no Código Penal militar – nem no CP comum –, sendo, portanto, um
crime impropriamente militar. Assim, quando praticado por militar, ainda que no exercício da função
e dentro de unidade militar, será de competência da Justiça comum. Nesse sentido, a Súmula 172
do STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
ainda que praticado em serviço”.

GABARITO: ERRADO

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II

QUESTÃO 59. O Código de Processo Penal Militar prevê que, havendo divergência entre as
suas normas e as normas contidas em tratados de que o Brasil seja signatário, prevalecerão
as últimas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1. Processo Penal Militar e sua aplicação.

O enunciado está correto. O CPPM prevê em seu art. 1º, § 1º, que “Nos casos concretos, se houver
divergência entre essas normas [do CPPM] e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja
signatário, prevalecerão as últimas”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 60. Conforme estabelece a LC 80, é atribuição do Defensor Público-Geral Federal


atuar junto ao Superior Tribunal Militar.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 96


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Ponto do edital: 8.2. Defensoria Pública da União junto à Justiça Militar.

Na divisão de atribuições prevista na LC 80, consiste em atribuição dos defensores públicos


federais de categoria especial atuar junto ao Superior Tribunal Militar (art. 22), e não do DPGF, a
quem incumbe atuar junto ao Supremo Tribunal Federal (art. 23).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 61. O TSE não possui competência originária para julgamento de crimes
eleitorais.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8.2 Competência em matéria Criminal Eleitoral. 8.3 Rito Processual
Penal Eleitoral.

Todos os preceitos do Código Eleitoral que regulamentam a competência originária do TSE para o
julgamento de crimes eleitorais foram revogados tacitamente pela Constituição Federal de 1988,
que não prevê a competência originária do Tribunal Superior Eleitoral para o julgamento de crimes
eleitorais, uma vez que os parlamentares que possuiriam foro por prerrogativa de função no TSE
serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Este enunciado costuma cair em diversas provas
de concursos públicos. Portanto, vale a pena a fixação da inexistência de competência originária
do Tribunal Superior Eleitoral para o julgamento de crimes eleitorais.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 62. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e
oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8.2 Competência em matéria Criminal Eleitoral. 8.3 Rito Processual
Penal Eleitoral.

Segundo o artigo 236 do Código Eleitoral: “Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes
e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor,
salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável,
ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 97


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Trata-se de uma restrição à prisão no período eleitoral, com fulcro de garantir o voto de grande
parte do eleitorado brasileiro. Nessa linha de raciocínio, ninguém pode ser preso nos cinco dias
que antecedem a eleição, bem como nas quarenta e oito horas após o encerramento do pleito
eleitoral, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime
inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. A regra em comento ainda está vigente
em nosso ordenamento jurídico, em que pese existam vozes que defendem a sua não recepção
pela Constituição Federal de 1988 (Francisco Dirceu de Barros).

Por fim, recomendo a leitura da análise crítica do dispositivo em comento feita por Francisco Dirceu
de Barros. O texto pode ser encontrado neste link: https://franciscodirceubarros.jusbrasil.com.br/
artigos/142374423/prisoes-no-periodo-eleitoral

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 63. O conceito de domicílio eleitoral é mais restrito que o conceito de domicílio
civil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3 Domicílio eleitoral.

O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o conceito de domicílio civil, uma vez que a
legislação eleitoral brasileira reconhece como domicílio eleitoral também o local onde o indivíduo
tenha apenas um vínculo familiar, profissional ou político, não exigindo o animus de permanência
para a sua fixação. Já o domicílio civil é o local em que a pessoa se estabelece com ânimo definitivo,
admitindo até mesmo a possibilidade de múltiplos domicílios, caso a pessoa tenha mais de uma
residência e alterne a moradia.

Conforme já estudamos ao longo deste curso, a legislação eleitoral exige o prazo mínimo de um
ano em determinado domicílio eleitoral para que o indivíduo possa concorrer ao pleito eleitoral na
respectiva circunscrição.

Por fim, lembro novamente ao aluno que o domicílio eleitoral é uma condição de elegibilidade
(art. 14, § 3º, IV, da Constituição Federal de 1988).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 64. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o fato de determinado indivíduo estar
inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 98


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Ponto do edital: 2 Direitos políticos. 4 Elegibilidade e inelegibilidade.

Segundo a análise do Tribunal Superior Eleitoral a respeito do tema, o fato de determinado indivíduo
estar inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido político, uma
vez que a inelegibilidade retira do indivíduo apenas a sua capacidade eleitoral passiva. Senão
vejamos o precedente exarado pelo TSE:

Eleições 2004. Registro de candidatura. Candidato a prefeito. Impugnação. Juntada.


Documentos. Recurso eleitoral. Possibilidade. Cerceamento de defesa. Não-
caracterização. Inelegibilidade. Suspensão. Direitos políticos. Não-configuração. 1. Não
há óbice na juntada de documentos por ocasião da interposição de recurso eleitoral, uma
vez que o art. 33 da Res.-TSE nº 21.608/2004 permite a conversão do julgamento em
diligência quando houver falha ou omissão no pedido de registro. 2. Não há cerceamento
de defesa em face da juntada de documentos no recurso eleitoral, porque se faculta à
parte contrária manifestar-se sobre eles, em contra-razões. 3. A inelegibilidade atinge
tão-somente o jus honorum, não se impondo - à míngua de incidência de qualquer
das hipóteses do art. 15 da Constituição Federal - restrição ao direito de filiar-se
a partido político e/ou exercer o direito de votar. Precedentes. Recurso especial
improvido. (Recurso Especial Eleitoral nº 22014, Acórdão do Relator(a) Min. Carlos
Eduardo Caputo Bastos, Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 18/10/2004;
grifo nosso)

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as emendas constitucionais que


alterem o processo eleitoral devem respeitar o princípio da anualidade eleitoral.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4 Elegibilidade e inelegibilidade.

Este enunciado está intimamente relacionado com o debate envolvendo a PEC das Diretas Já.
Para boa parte da doutrina brasileira, a PEC das Diretas Já não estaria eivada de vício, uma vez
que a mesma não violaria o princípio da anualidade eleitoral previsto no artigo 16 da Constituição
Federal. Nesse sentido, lembro ao aluno que segundo a própria Corte Constitucional brasileira,
o referido princípio possui status de cláusula pétrea, conforme já estudamos na primeira rodada
deste curso. Voltando ao tema das emendas à Constituição, o Supremo Tribunal Federal já decidiu
que em caso de alteração do processo eleitoral, até mesmo as emendas constitucionais devem
respeitar o princípio da anualidade eleitoral. Senão vejamos o precedente exarado pela Corte
Constitucional brasileira:

ALUNO: mirlonfernando pág. 99


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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA EC 52, DE 08.03.06.


APLICAÇÃO IMEDIATA DA NOVA REGRA SOBRE COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS
ELEITORAIS, INTRODUZIDA NO TEXTO DO ART. 17, § 1º, DA CF. ALEGAÇÃO DE
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI ELEITORAL (CF, ART.
16) E ÀS GARANTIAS INDIVIDUAIS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, CAPUT, E LIV). LIMITES MATERIAIS À ATIVIDADE
DO LEGISLADOR CONSTITUINTE REFORMADOR. ARTS. 60, § 4º, IV, E 5º, § 2º,
DA CF. 1. Preliminar quanto à deficiência na fundamentação do pedido formulado
afastada, tendo em vista a sucinta porém suficiente demonstração da tese de violação
constitucional na inicial deduzida em juízo. 2. A inovação trazida pela EC 52/06 conferiu
status constitucional à matéria até então integralmente regulamentada por legislação
ordinária federal, provocando, assim, a perda da validade de qualquer restrição à plena
autonomia das coligações partidárias no plano federal, estadual, distrital e municipal. 3.
Todavia, a utilização da nova regra às eleições gerais que se realizarão a menos de sete
meses colide com o princípio da anterioridade eleitoral, disposto no art. 16 da CF, que
busca evitar a utilização abusiva ou casuística do processo legislativo como instrumento
de manipulação e de deformação do processo eleitoral (ADI 354, rel. Min. Octavio
Gallotti, DJ 12.02.93). 4. Enquanto o art. 150, III, b, da CF encerra garantia individual
do contribuinte (ADI 939, rel. Min. Sydney Sanches, DJ 18.03.94), o art. 16 representa
garantia individual do cidadão-eleitor, detentor originário do poder exercido pelos
representantes eleitos e “a quem assiste o direito de receber, do Estado, o necessário
grau de segurança e de certeza jurídicas contra alterações abruptas das regras inerentes
à disputa eleitoral” (ADI 3.345, rel. Min. Celso de Mello). 5. Além de o referido princípio
conter, em si mesmo, elementos que o caracterizam como uma garantia fundamental
oponível até mesmo à atividade do legislador constituinte derivado, nos termos dos
arts. 5º, § 2º, e 60, § 4º, IV, a burla ao que contido no art. 16 ainda afronta os direitos
individuais da segurança jurídica (CF, art. 5º, caput) e do devido processo legal (CF, art.
5º, LIV). 6. A modificação no texto do art. 16 pela EC 4/93 em nada alterou seu conteúdo
principiológico fundamental. Tratou-se de mero aperfeiçoamento técnico levado a efeito
para facilitar a regulamentação do processo eleitoral. 7. Pedido que se julga procedente
para dar interpretação conforme no sentido de que a inovação trazida no art. 1º da EC
52/06 somente seja aplicada após decorrido um ano da data de sua vigência. (ADI 3685,
Relator(a):  Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 22/03/2006)

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 100


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PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III

Em Direito Administrativo, vários pontos foram acrescidos. Os principais foram o referente à Lei
do Processo Administrativo; ao controle da Administração Pública; aos serviços públicos (de forma
detalhada, pois, na verdade, já compreendíamos que este assunto se inseria na organização
administrativa) e ao regime jurídico das terras públicas, com especificação das terras ocupadas
pelos índios e pelos quilombolas. Esses assuntos não podem passar despercebidos pelos estudos
de vocês!

QUESTÃO 66. O anistiado político que obteve administrativamente reparação pecuniária


prevista na Lei nº 10.559/2002 (Lei de Anistia) não pode pleitear, na esfera judicial, indenização
por danos morais por fatos decorrentes de perseguição política na mesma época.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 10. Responsabilidade civil do Estado.

De logo, a assertiva está errada, pois contraria a decisão do STJ segundo a qual “o anistiado
político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei n.
10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por
danos morais pelo mesmo episódio político.” (REsp 1.485.260, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 05/04/2016). Vale ressaltar que havia decisão anterior da Primeira Turma em sentido contrário
(REsp 1.323.405-DF). Para o novo entendimento, baseou-se no artigo 16 da Lei nº 10.559/2002,
o qual veda a acumulação de pagamento, benefícios ou indenização com o mesmo fundamento,
mas não exclui outros direitos conferidos por outras normas, sejam legais, sejam constitucionais.
Para o STJ, esse comando foi dirigido à Administração Pública, e não ao Poder Judiciário no
exercício de sua função típica.

Com relação ao fundamento da reparação, anotou-se que, como prevê o ADCT, em seu artigo 8º,
o pagamento previsto na Lei nº 10.559/2002 decorria de eventuais prejuízos que os anistiados
políticos tiveram em sua esfera profissional (tratava-se, portanto, de reparação material, decorrente
de uma perda patrimonial).

Dessa maneira, concluiu-se que “o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei n.
10.559/2002 não exclui, só por si, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma
e distinta, a reparação dos danos morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição

ALUNO: mirlonfernando pág. 101


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política geradora da anterior reparação administrativa (art. 5º, V e X, da CF), pois distintos se
revelam os fundamentos que amparam a cada uma dessas situações.”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 67. A possibilidade de impetração de habeas data e o direito de petição ao


poder público são instrumentos jurídicos que materializam, dentre outros, o princípio da
publicidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais do Direito


Administrativo.

Pelo princípio da publicidade, previsto, constitucionalmente, no artigo 37 da CRFB, e, no plano


infraconstitucional, por exemplo, no artigo 2º da Lei nº 9.784/1999, os atos do Poder Público
devem ser transparentes, é dizer, tornados conhecidos dos administrados. Esse princípio, que
possibilita o conhecimento - e, portanto, a ação das pessoas sujeitas ao poder do Estado -, é
consectário lógico do regime democrático consagrado no Texto Constitucional. Rafael Oliveira cita
alguns instrumentos jurídicos previstos no ordenamento jurídico para que se exija o cumprimento
do princípio da publicidade: “o direito de petição ao Poder Público em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder (art. 5º, XXXIV, “a”, da CRFB); o direito de obter certidões em
repartições públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal
(art. 5º, XXXIV, “b”, da CRFB); o mandado de segurança individual e coletivo (art. 5º, LXIX e LXX,
da CRFB); o habeas data para conhecimento de informações relativas ao impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, bem como
para retificação de dados.” (OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de Direito Administrativo.
São Paulo: Método, 2017, pp. 39-40). O referido autor, refletindo, de resto, toda a doutrina, cita,
no plano infraconstitucional, a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011), que materializa o
direito fundamental à informação, previsto no artigo 5º, XXXIII, da CRFB.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 68. A satisfação das necessidades coletivas através da prestação de serviços


públicos está relacionada à persecução do interesse público secundário.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. Princípios constitucionais e infraconstitucionais do Direito

ALUNO: mirlonfernando pág. 102


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Administrativo.

Como se sabe, um dos princípios basilares do Direito Administrativo é o da supremacia do interesse


público sobre o privado. Dessa noção decorrem diversos institutos do Direito Administrativo,
como as limitações administrativas à propriedade privada e o exercício de poder de polícia. O
interesse público subdivide-se em primário e secundário. Este relaciona-se diretamente à noção
de interesse do erário, enquanto aquele relaciona-se com a “satisfação de necessidades coletivas
(justiça, segurança e bem-estar) por meio do desempenho de atividades administrativas prestadas
à coletividade (serviços públicos, poder de polícia, fomento e intervenção na ordem econômica)”.
É certo, porém, que o interesse público secundário representa “atividades administrativas
instrumentais necessárias para o atendimento do interesse público primário, tais como as
relacionadas ao orçamento, aos agentes públicos e ao patrimônio público.” (OLIVEIRA, Rafael. Op.
Cit., p. 45). Portanto, a diferença principal é: o interesse público primário diz respeito à necessidade
da coletividade, enquanto o interesse público secundário se refere aos direitos e obrigações do
Estado. De forma lógica, não seria possível perseguir o primeiro sem concretizar o segundo.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 69. A Administração Pública pode retirar do ordenamento o ato administrativo


praticado em desconformidade com a ordem jurídica, o que caracteriza a revogação do
referido ato. Nesse caso, devem ser respeitados os direitos adquiridos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 4. Ato administrativo. (...) 4.4. Invalidação, anulação e revogação.

Pessoal, na Rodada 01 (questão 69), abordamos o tema da cassação dos atos administrativos.
Aqui, falaremos da revogação e da anulação. É necessário lembrar e conhecer o que dispõem
as Súmulas 346 e 437 do STF (que expusemos e analisamos naquela questão, à qual lhes
remeto), sobre a distinção entre revogação e invalidação. Para Celso Antônio Bandeira de Mello,
a revogação “é a retirada por razões de conveniência e oportunidade”, como ocorre na
“retirada da permissão para estabelecimento de banca de jornais em dada esquina, sob
fundamento de que perturba a circulação de pedestres no local, que requer maior desafogo”,
enquanto a invalidação “é a retirada porque o ato fora praticado em desconformidade com
a ordem jurídica”, como ocorre com “a retirada de uma autorização para porte de arma
porque, contra a lei, fora deferida a um menor de idade.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de.
Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 447). Assim, a questão confundiu
os conceitos de revogação e invalidação.

A título de revisão, o referido autor faz o seguinte quadro das formas de extinção do ato administrativo:

ALUNO: mirlonfernando pág. 103


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Ato eficaz (ou relação dele nascida):


I - Cumprimento dos efeitos:
a) esgotamento do conteúdo jurídico da relação;
b) execução material;
c) termo final ou condição resolutiva.
II - Disparição de elemento infungível da relação:
a) sujeito;
b) objeto.
III - Retirada:
a) revogação;
b) invalidação;
c) cassação;
d) caducidade;
e) contraposição.
IV - Renúncia.
Ato ineficaz
a) mera retirada;
b) recusa.
Fonte: MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Op. Cit., p. 448.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 70. Em processo administrativo tendente à demissão de servidor público, é


imprescindível que sua defesa seja realizada por profissional legalmente habilitado, seja
advogado, seja Defensor Público, sob pena de nulidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Lei 9.784/1999 (Processo Administrativo).

Pessoal, já lhes disse, mas repito: é imprescindível conhecer as Súmulas Vinculantes. Para
resolver esta questão, era suficiente estar familiarizado com o teor da Súmula Vinculante nº 05: “a
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.” O STF considerou que “se devidamente garantido o direito (i) à informação; (ii) à

ALUNO: mirlonfernando pág. 104


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manifestação e (iii) à consideração dos argumentos manifestados, a ampla defesa foi exercida em sua
plenitude, inexistindo ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal. (....) Nesses pronunciamentos,
o Tribunal reafirmou que a disposição do art. 133 da CF não é absoluta, tendo em vista que a
própria Carta Maior confere o direito de postular em juízo a outras pessoas”. (RE 434059, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 07/05/2008). Dessa forma, a simples ausência
de defesa técnica realizada por advogado ou Defensor Público não constitui nulidade, desde que
tenha havido efetivo respeito ao contraditório e à ampla defesa, como determina o artigo 5º, LV, da
Constituição, bem como o artigo 2º da Lei nº 9.784/19992.

Nesse ponto, e tratando-se de concurso de Defensoria Pública, vale abrir o seguinte parêntese: a
Súmula Vinculante nº 05 não se aplica a procedimento administrativo para apurar falta grave de
pessoa presa. De fato, o STF já tem diversas decisões nesse sentido, pois considera que, tratando-
se de apuração de falta grave, está em jogo a própria liberdade de ir e vir da pessoa, de modo que
lhe deve ser assegurada defesa técnica, quer por advogado constituído, quer por Defensor Público.
Não é suficiente, assim, a simples presença de um “assistente jurídico” do presídio. Vejam, por
todos, o seguinte trecho de decisão: “em procedimento administrativo disciplinar, instaurado para

2 É oportuna a leitura do referido dispositivo:

“Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência.

Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:

I - atuação conforme a lei e o Direito;

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei;

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé;

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão;

VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados;

X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à


interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”

ALUNO: mirlonfernando pág. 105


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apurar o cometimento de falta grave por réu condenado, tendo em vista estar em jogo a liberdade de
ir e vir, deve ser observado amplamente o princípio do contraditório, com a presença de advogado
constituído ou defensor público nomeado, devendo ser-lhe apresentada defesa, em observância
às regras específicas contidas na LEP (...). Ressalte-se que, no caso em espécie, a presença de
assistente jurídico da penitenciária não garante a observância dos princípios constitucionais.” (AI
805454, Rel. Min. Dias Toffoli, Decisão Monocrática, julgamento em 01/08/2011).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 71. Tratando-se de ato administrativo que nega pedido de licença para construção
formulado por particular, é vedada a motivação aliunde.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 5. Lei 9.784/1999 (Processo Administrativo).

Por disposição expressa da lei que regula o processo administrativo no âmbito federal, é permitida a
motivação aliunde, que é a que se limita a concordar com parecer, informação, decisão ou proposta
anterior. De fato, os atos administrativos que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses,
bem como os que decidam recursos administrativos devem ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Esse é o teor do artigo 50, II e V, da Lei nº 9.784/99.
Contudo, o § 1º do referido dispositivo permite, expressamente, a motivação aliunde: “a motivação
deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.”

Dessa forma, a alternativa está incorreta.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 72. O Poder Legislativo pode controlar a Administração Pública sustando


atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, bem como
requisitando informações dos agentes públicos, sob pena de crime de responsabilidade.
Essas duas medidas representam formas de controle parlamentar direto da Administração
Pública.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 6. Controle da Administração Pública.

ALUNO: mirlonfernando pág. 106


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O art. 49, V, da Constituição da República, estabelece competir ao Congresso Nacional a


sustação de atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar.
De seu turno, o artigo 50, § 2º, também da Constituição, dispõe que “as Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a
Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste artigo, importando
em crime de responsabilidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem
como a prestação de informações falsas.”

Trata-se, nestes casos, de controle legislativo dos atos do Poder Executivo. Parte da doutrina
aponta que todos os casos de controle legislativo dos atos do Executivo devem estar previstos na
Constituição, já que se trata de verdadeira mitigação do princípio constitucional da separação de
poderes. Outros exemplos de controle legislativo direto (ou seja, sem o auxílio dos Tribunais de
Contas) dos atos administrativos são a) o julgamento do chefe do Executivo (impeachment); b) as
Comissões Parlamentares de Inquérito; c) o julgamento das contas do Presidente da República;
d) a convocação de autoridades e e) a aprovação de determinados atos administrativos (como
provavelmente veremos, no próximo dia 12, com a aprovação da nova Procuradora-Geral da
República).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 73. Havendo inadimplemento do usuário e prévia notificação do Poder Público,


é legítimo o corte do serviço de energia de todos os imóveis do usuário, ainda que o
inadimplemento se refira apenas a um deles.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13. Serviço público: conceito, características, classificação e garantias.

Sobre o corte no fornecimento de serviços públicos, é necessário recordar, em primeiro lugar, a


disposição da Lei 8.987/95 (art. 6º, § 3º, I e II), pela qual é permitido o corte desde que ocorra
situação de emergência OU prévio aviso, desde que haja razões de ordem técnica/segurança OU
inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

De acordo com decisão antiga, mas ainda sustentada, do STJ, “por ser a interrupção no fornecimento
de energia elétrica medida excepcional, o art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser interpretado
restritivamente, de forma a permitir que o corte recaia apenas sobre o imóvel que originou o
débito, e não sobre outros imóveis de propriedade do inadimplente.” (REsp 662214/RS, j. em
06/02/2007 Rel. Min. Teori Zavascki).

Em relação a este tema, sugiro fortemente a leitura da “jurisprudência em teses” disponível no


site do STJ. Transcrevo, abaixo, para uma revisão rápida, apenas as teses de jurisprudência

ALUNO: mirlonfernando pág. 107


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disponibilizadas:

1) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente


o usuário, desde que precedido de notificação.

2) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de


ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de notificação.

3) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à


saúde e à integridade física do usuário.

4) É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente


pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção
não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população.

5) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente


unidade de saúde, uma vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde.

6) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a


inadimplência do usuário decorrer de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção
pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo.

7) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de


usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida.

8) É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por


configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade,
sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais.

9) É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito


decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada
unilateralmente pela concessionária.

10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que
originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário inadimplente.

GABARITO: ERRADO

Acerca da concessão de serviços públicos, julgue os itens 74 e 75:

QUESTÃO 74. A empresa Felicidade S/A, após regular procedimento licitatório, celebrou
contrato de concessão comum com a União, para oferecer determinado serviço público.
Nesta situação, é correto afirmar que não haverá contrapartida pecuniária à concessionária,
cuja remuneração será realizada por meio de tarifas com as quais arcarão os usuários.

ALUNO: mirlonfernando pág. 108


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13.1. Concessão.

De fato, nas concessões comuns, não há qualquer contrapartida financeira por parte do
poder concedente, devendo o concessionário remunerar-se por meio da cobrança de tarifas
dos usuários. Diferentemente, as Parcerias Público-Privadas podem se dar sob a modalidade
concessão patrocinada, caracterizada pelo fato de o concessionário receber recursos de duas
fontes (as tarifas pagas pelos usuários e uma contraprestação pecuniária devida pelo poder
concedente, que deve ser de no máximo 70% da remuneração total do parceiro privado, a não ser
que haja autorização legislativa específica para um percentual maior, nos termos do art. 10, §3º,
da Lei 11.079/04) ou concessão administrativa, em que a totalidade da remuneração é paga pelo
poder concedente.

Na rodada passada, a questão nº 41 tratou da natureza tributária das taxas. Abaixo, segue, apenas
para revisão, reprodução de tabela que, com precisão, diferencia as taxas das tarifas (estas, sim,
referentes à contraprestação que fazem os usuários de serviços públicos).

Taxa Tarifa
Regime jurídico de direito público. Regime jurídico de direito privado.
O vínculo obrigacional é de natureza tributária O vínculo obrigacional é de natureza
(legal), não admitindo rescisão. contratual, admitindo rescisão.
Sujeito ativo: pessoa jurídica de direito Sujeito ativo: pessoa jurídica de direito público
público. ou de direito privado.
Há necessidade de válida manifestação de
O vínculo nasce independentemente de
vontade para o surgimento do vínculo (é
manifestação de vontade (compulsório).
facultativa).
Pode ser cobrada em virtude de utilização Somente pode ser cobrada em virtude de
efetiva ou potencial do serviço público. utilização efetiva do serviço público.
Sujeita-se aos princípios tributários. Não se sujeita aos princípios tributários.

Fonte: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2015, p. 149.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 75. Ao fim do contrato de concessão, a empresa Felicidade S/A reverteu ao


patrimônio da União determinados bens, para que os serviços públicos continuassem a ser
prestados. Eventual onerosidade, ou seja, contraprestação por parte da União, na reversão
dos bens não viola as disposições legais sobre o instituto.

ALUNO: mirlonfernando pág. 109


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 13.1. Concessão.

De acordo com o artigo 35, § 1º, da Lei 8.987/95, reversão é a transferência dos bens do
concessionário para o patrimônio do concedente em virtude da extinção do contrato, a
qual pode ocorrer de forma gratuita ou onerosa. Conhecendo apenas a disposição legal, seria
possível responder a esta questão, identificando a compatibilidade da situação apresentada com
a lei.

A título de revisão, vale lembrar que, no caso da reversão onerosa, o concedente tem o dever de
indenizar o concessionário, pois os bens foram adquiridos exclusivamente com o capital deste.

Nesse sentido é o art. 36 da lei: “a reversão no advento do termo contratual far-se-á com a
indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade
do serviço concedido.”

Por outro lado, na reversão gratuita, a fixação da tarifa já levou em conta o ressarcimento do
concessionário pelos custos na aquisição dos bens, de modo que o concedente ficará com a
propriedade dos bens, sem quaisquer ônus.

GABARITO: CERTO

DIREITO DO TRABALHO GRUPO III

Caros alunos,

As diferenças entre o antigo e o novo edital de Direito do Trabalho foram as seguintes. Em primeiro
lugar, foi suprimido o item referente à Organização Internacional do Trabalho, que era o antigo
ponto 30. Por outro lado, foram incluídos, de fato, os seguintes assuntos: “2.6 Danos morais;
2.6.1 Assédio moral; 2.6.2 Assédio sexual; 28 Direitos trabalhistas dos índios; 29 Direitos
trabalhistas dos imigrantes e dos refugiados; 30 Trabalho escravo e Tráfico de pessoas na
atualidade.”

Também vale notar que foi dado destaque ao item referente aos direitos trabalhistas dos empregados
domésticos (o qual temos trabalhado há tempos, desde a peça da 2ª rodada!). Notem, dentre os
itens mencionados acima, que o nº 29 é atualíssimo, em razão da recente aprovação da Lei de
Migração, e será, decerto, objeto de questionamento neste curso.

QUESTÃO 76. A exigência de certidão de antecedentes criminais de candidato a emprego


doméstico é legítima e não caracteriza dano moral.

ALUNO: mirlonfernando pág. 110


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.6. Danos morais.

Em decisão veiculada no Informativo nº 156 (IRR-24300058.2013.5.13.0023, SBDI-1, rel. Min.


Augusto César Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. João Oreste Dalazen, j. em 20/04/2017), a
SBDI-I, por maioria, definiu teses jurídicas em incidente de recursos de revista repetitivos, no tema
nº 01, que trata sobre a exigência de certidão negativa de antecedentes criminais. Firmou, assim,
três teses:

1) Não é legítima e caracteriza lesão moral a exigência de Certidão de Antecedentes


Criminais de candidato a emprego quando traduzir tratamento discriminatório ou não
se justificar em razão de previsão de lei, da natureza do ofício ou do grau especial de
fidúcia exigido;

2) A exigência de Certidão de Antecedentes Criminais de candidato a emprego é


legítima e não caracteriza lesão moral quando amparada em expressa previsão
legal ou justificar-se em razão da natureza do ofício ou do grau especial de fidúcia
exigido, a exemplo de empregados domésticos, cuidadores de menores, idosos
ou deficientes (em creches, asilos ou instituições afins), motoristas rodoviários
de carga, empregados que laboram no setor da agroindústria no manejo de
ferramentas de trabalho perfurocortantes, bancários e afins, trabalhadores que
atuam com substâncias tóxicas, entorpecentes e armas, trabalhadores que atuam
com informações sigilosas; e

3) A exigência de Certidão de Antecedentes Criminais, quando ausente uma das


justificativas de que trata o item II, supra, caracteriza dano moral in re ipsa, passível de
indenização, independentemente de o candidato ao emprego ter ou não sido admitido.

Chamo a atenção de vocês para a última tese firmada, a qual dispõe que a exigência da certidão
de antecedentes criminais fora das hipóteses autorizadas caracteriza dano moral in re ipsa, e que
a indenização, nesse caso, independe da admissão do empregado. Assim, a exigência de certidão
de antecedentes criminais: 1) deve estar prevista em lei ou 2) deve decorrer da natureza do ofício
ou de grau especial de confiança exigido e, em todo caso, 3) não pode ser discriminatória.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 77. Havendo rescisão indireta, o empregado faz jus à indenização de 40% sobre
os depósitos do FGTS.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 111


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Ponto do edital: 14. Indenizações em decorrência da dispensa do empregado.

A alternativa está corretíssima. Tanto no caso de dispensa sem justa causa quanto no caso de
rescisão indireta, o empregado faz jus ao recebimento de indenização no valor de 40% sobre os
depósitos do FGTS. Para facilitar a memorização das verbas rescisórias devidas nas diferentes
modalidades de término do contrato de emprego, transcrevo o seguinte quadro:

Verbas rescisórias devidas ao trabalhador nas diferentes formas de término do contrato:

Dispensa por justa causa


Dispensa sem justa causa e
(Falta grave - art. 482 da Pedido de demissão
rescisão indireta
CLT)
• Saldo de salário (dias • Saldo de salário (dias • Saldo de salário (dias
efetivamente trabalhados). efetivamente trabalhados). efetivamente trabalhados).

• Férias vencidas + ⅓. • 13º salário proporcional. • 13º salário proporcional.

OBS: não terá direito ao • Férias vencidas + ⅓. • Férias vencidas + ⅓.


seguro-desemprego, pois
• Férias proporcionais + ⅓. • Férias proporcionais + ⅓.
não se trata de desemprego
involuntário • Aviso-prévio. OBS1: Empregado deve
conceder aviso-prévio ao
• Saque dos depósitos do
empregador.
FGTS.
OBS2: Não saca os valores
• Seguro-desemprego,
depositados na conta do
desde que atenda aos
FGTS.
requisitos próprios
estabelecidos na legislação OBS3: Não terá direito ao
previdenciária seguro-desemprego, pois
não se trata de desemprego
involuntário.

Fonte: CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm,
2017: p. 1.132.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 78. De acordo com a jurisprudência do TST, as regras punitivas referentes à


prática de lockout podem ser aplicadas aos operadores portuários, no caso em que estes
interrompam as atividades para frustrar eventual negociação coletiva com os trabalhadores
avulsos.

ALUNO: mirlonfernando pág. 112


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19. Paralisação temporária ou definitiva do trabalho

Como se sabe, enquanto a greve é a paralisação do trabalho pelos empregados, devidamente


amparada pela Constituição nas condições estabelecidas pela Lei de Greve, o lockout é a paralisação
das atividades empresariais pelo empregador, com o intuito de frustrar eventual negociação
coletiva. Essa conduta é vedada pelo ordenamento jurídico e, inclusive, caso os empregados não
consigam prestar os serviços em virtude de lockout, o empregador lhes deverá, normalmente, o
pagamento pelos dias parados. Nesse sentido decidiu o TST, por exemplo, no julgamento do RR
- 488200-03.2007.5.09.0872 (j. em 27/08/2014, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro), que
“em virtude da suspensão do contrato de trabalho, é possível o desconto da remuneração relativa
aos dias de paralisação, ressalvadas as hipóteses de o empregador contribuir decisivamente,
mediante conduta recriminável, para que a greve ocorra, como nos casos de atraso do pagamento
de salários ou de lockout e, também, nas situações em que haja acordo entre as partes quanto ao
pagamento dos salários dos dias de paralisação.”

Por outro lado, referidas normas que proíbem o lockout não se aplicam quando se tratar de trabalho
avulso, pois o TST entende que “as normas que regem o chamado “lockout” (arts. 722 da CLT
e 17 da Lei nº 7.789/83) possuem natureza proibitiva e punitiva, não admitindo interpretação
extensiva ou aplicação por analogia. Assim, tendo em conta que as referidas disposições
de lei têm por destinatário inequívoco o empregador - a quem é vedado fechar de forma
arbitrária o estabelecimento ou praticar ato injusto visando à paralisação total ou parcial
das atividades, obstando o ingresso dos empregados na unidade produtiva com a finalidade
de enfraquecer pleitos coletivos -, não se pode aplicá-las à relação entre o trabalhador
portuário avulso e os operadores portuários, porque inexistente a figura do empregador.”
(RO-2006900-13.2005.5.02.0000, SDC, j. em 13/11/2012, Relator Ministro Fernando Eizo Ono)

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 79. É possível a prorrogação da jornada do menor de idade em virtude de


necessidade imperiosa decorrente de qualquer evento inevitável em relação à vontade
do empregador e com a qual ele não concorreu e desde que o trabalho do adolescente
seja indispensável à continuidade das atividades do empregador, salvo se constatada
imprevidência deste.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21. Força maior no direito do trabalho.

ALUNO: mirlonfernando pág. 113


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A força maior no Direito do Trabalho está prevista no artigo 501 da CLT, que assim dispõe: “entende-
se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a
realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente.” Maurício Godinho Delgado explica
que “a Consolidação reúne, na mesma figura, a força maior em sentido estrito e o caso fortuito,
por produzirem idênticos efeitos jurídicos.” (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do
Trabalho. São Paulo: LTr, 2014, p. 967). De seu turno, o § 1º do referido dispositivo é expresso
em afirmar que “a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior”. Em relação
à prorrogação de jornada do menor, a disciplina está no artigo 413 da CLT, cujo inciso II prevê
uma das hipóteses de tal extensão, qual seja, “excepcionalmente, por motivo de fôrça maior, até o
máximo de 12 (doze) horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento)
sôbre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do
estabelecimento”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 80. Considera-se dumping social a modalidade de ganho de competitividade


desleal decorrente da deterioração do contrato de emprego, reduzindo-se os custos sociais
trabalhistas, com o intuito de conferir lucro ao empregador.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 2.6.1. Assédio moral. 30. Trabalho escravo e tráfico de pessoas na
atualidade.

Henrique Correia (Op. Cit., p. 1003) explica que, no Direito do Trabalho, “a figura do dumping social
compreende a conduta de retirar deliberadamente direitos trabalhistas com o objetivo de conseguir
vantagens comerciais e financeiras. Trata-se de uma modalidade de ganho de competitividade
desleal, em razão da redução dos custos trabalhistas”. Além disso, referido autor indica que a
prática de dumping social pode ensejar indenização por danos coletivos. Nesse sentido, o autor
aponta decisão do TRT da 1ª Região que esclarece que “as agressões reincidentes e inescusáveis
aos direitos trabalhistas geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se,
propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de
vantagem indevida perante a concorrência. A prática, portanto, reflete o conhecido dumping social,
motivando a necessária reação do Judiciário Trabalhista para corrigi-la.” O conceito, que é atual e
tem sido bastante discutido na seara trabalhista, deve ser conhecido por vocês.

GABARITO: CERTO

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III

ALUNO: mirlonfernando pág. 114


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Pessoal, em Processo do Trabalho, as alterações feitas no edital, na maioria dos casos, apenas
especificaram assuntos que vinham previstos de forma genérica. Houve, contudo, acréscimo
de alguns pontos. Dentre eles, destaco que, no ponto 14, acresceu-se, no item referente aos
procedimentos especiais, menção à ação monitória, à ação de consignação em pagamento e à
ação de prestação de contas, suprimindo-se, de outro lado, a menção expressa à ação rescisória.
Além disso, o conteúdo material dos itens 16 e 17 também é novidade (“16 Ação civil pública
em matéria trabalhista. Legitimados, substituição processual, condenação genérica e liquidação.
Coisa julgada e litispendência. 17 Tutela antecipatória de mérito e tutelas cautelares no Direito
Processual do Trabalho”) e, por isso, merece nossa atenção.

Vamos ao trabalho!

QUESTÃO 81. Segundo o entendimento do TST, a intervenção do amicus curiae não se


aplica ao Processo do Trabalho.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7. Intervenção de terceiros no processo trabalhista.

O amicus curiae foi inserido pelo CPC/2015 entre as modalidades de intervenção de terceiro,
ao lado da assistência, da denunciação da lide, do chamamento ao processo e do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica. De modo geral, a doutrina justrabalhista tem entendido
pelo cabimento da intervenção de terceiros nas causas que correm pelo rito ordinário, desde que
a Justiça do Trabalho tenha competência material para julgar a relação com o terceiro e que não
haja prejuízo ao andamento do processo (MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para concursos.
Salvador: Juspodivm, 2017, p. 314). No caso específico do amicus curiae, o art. 3°, II, da
Instrução Normativa n° 39/2016, do TST, determina a aplicação do art. 138 e seus parágrafos,
do NCPC (trata do amicus curiae), ao Processo do Trabalho. A relevância dessa intervenção, na
Justiça do Trabalho, está principalmente na atuação dos sindicatos nos processos e na formação
de precedentes judiciais obrigatórios.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 82. Embora o CPC/2015 preveja a competência do juízo do local do pagamento


para a ação de consignação em pagamento, no Processo do Trabalho, aplica-se o disposto
no art. 651 da CLT, que impõe, em regra, o juízo do local da prestação de serviços.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14 Procedimentos especiais civis admissíveis no processo trabalhista:


ação de consignação em pagamento (...).

ALUNO: mirlonfernando pág. 115


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Com efeito, nos termos do art. 540 do NCPC, “requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento,
cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada
improcedente. Porém, como a competência da Justiça do Trabalho é fixada em benefício do
empregado, a fim de facilitar seu acesso à justiça, a doutrina majoritária entende que se aplica,
ao caso, o art. 651 da CLT, segundo o qual o juízo competente é, em regra, o do local da
prestação dos serviços (cf. MIESSA, Élisson. Op. cit., p. 1285). É importante lembrar que essa
competência, definida em razão do lugar, é relativa.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 83. José trabalhou na empresa X durante dois anos, até ser dispensado sem
justa causa. Ao anunciar a dispensa, a empresa forneceu a José um termo de rescisão,
assinado pelo gerente, com a discriminação das verbas rescisórias a ele devidas. O
documento não foi assinado por testemunhas. Na mesma ocasião, José recebeu um cheque
como pagamento pelos valores devidos, o qual, porém, somente tentou descontar 8 (oito)
meses depois de findo o prazo de apresentação. Nessa situação, a fim de ver satisfeito seu
crédito, José poderá optar entre a execução do cheque, que é título executivo extrajudicial,
e o ajuizamento de ação monitória.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 14 Procedimentos especiais civis admissíveis no processo trabalhista:


(...) ação monitória (...).

A ação monitória é uma ação de rito especial prevista nos arts. 700 a 702 do CPC/2015, tendo
por objetivo proporcionar, a quem detenha prova escrita sem eficácia de título executivo, o direito
de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro, a entrega de coisa fungível ou
infungível ou de bem móvel ou imóvel ou o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer
(art. 700). No caso da questão, nota-se que José não dispõe de título executivo, já que o termo
de rescisão não foi assinado por 2 (duas) testemunhas, como exige o disposto no art. 784, III, do
CPC/2015, enquanto o cheque, por não ter sido apresentado a tempo, já se encontra prescrito
(arts. 47 e 59 da Lei nº 7.357 - Lei do Cheque). Dessa forma, José não poderia promover um
processo de execução, restando-lhe a via da ação monitória ou, ainda, a propositura de ação
de conhecimento.

GABARITO: ERRADO

Acerca da ação civil pública em matéria trabalhista, julgue os itens 84 e 85:

ALUNO: mirlonfernando pág. 116


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QUESTÃO 84. Em caso de dano de abrangência nacional, é competente para o julgamento


da ação civil pública qualquer Vara do Trabalho das sedes dos Tribunais Regionais do
Trabalho cuja jurisdição abranja as localidades atingidas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16 Ação civil pública em matéria trabalhista. (…)

De acordo com a Orientação Jurisprudencial n. 130 da SDI-II do TST, tem-se que são as seguintes
as regras referentes ao julgamento de ação civil pública em matéria trabalhista: “I – A competência
para a ação civil pública fixa-se pela extensão do dano; II – Em caso de dano de abrangência
regional, que atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência
será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que vinculadas a Tribunais Regionais
do Trabalho distintos; III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há
competência concorrente para a ação civil pública das Varas do Trabalho das sedes dos
Tribunais Regionais do Trabalho; IV – Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido
distribuída”.

Para facilitar a memorização, transcrevo a seguinte tabela:

Extensão do dano Competência

Dano local Vara do Trabalho do local do dano


Qualquer das Varas das localidades atingidas,
Dano regional ainda que vinculadas a Tribunais Regionais do
Trabalho distintos
Competência concorrente para a ação civil
Dano suprarregional ou nacional pública das Varas do Trabalho das sedes dos
TRTs

Fonte: MIESSA, Élisson. Op. cit., p. 1181.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 85. Havendo, em ação civil pública trabalhista que verse sobre direitos difusos,
julgamento de improcedência por insuficiência de provas, não haverá formação de coisa
julgada material. Nesse caso, é correto falar em coisa julgada secundum eventum probationis.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 16 Ação civil pública em matéria trabalhista. (...) condenação genérica

ALUNO: mirlonfernando pág. 117


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e liquidação. Coisa julgada e litispendência.

A afirmativa está correta, obedecendo ao disposto no art. 103, I, do Código de Defesa do


Consumidor, aplicado por analogia ao Processo Coletivo do Trabalho, em respeito ao microssistema
de tutela coletiva. De acordo com o referido dispositivo, tratando-se de demanda que discuta
direitos difusos, a sentença fará coisa julgada “erga omnes, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá
intentar outra ação, com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova”. A doutrina entende
que o caso é de coisa julgada secundum eventum probationis, não havendo formação de coisa
julgada material. Atente-se para o fato de que referida conclusão se aplica em se tratando de
direitos difusos e coletivos, não alcançando, contudo, a sentença de improcedência por insuficiência
de provas em ação civil pública que discuta direitos individuais homogêneos. Nesse caso, como
afirma Élisson Miessa (Op. cit., p. 1.189), “nos direitos individuais homogêneos, não se usa a coisa
julgada secundum eventum probationis”.

Novamente, para facilitar a memorização, transcrevo a seguinte tabela sobre a formação da coisa
julgada coletiva:

1) improcedência do pedido por falta de prova: não


faz coisa julgada material;

2) improcedência do pedido por outros motivos: faz


coisa julgada material apenas para os legitimados
Interesses ou Produz efeitos
coletivos, não prejudicando a coletividade, o grupo,
direitos difusos erga omnes
a categoria ou a classe;

3) procedência do pedido: faz coisa julgada material,


beneficiando a coletividade, o grupo, a categoria ou
a classe.
1) improcedência do pedido por falta de prova: não
faz coisa julgada material;

Produz efeitos 2) improcedência do pedido por outros motivos: faz


ultra partes, mas coisa julgada material apenas para os legitimados
Interesses ou
limitadamente ao coletivos, não prejudicando a coletividade, o grupo,
direitos coletivos
grupo, categoria a categoria ou a classe;
ou classe
3) procedência do pedido: faz coisa julgada material,
beneficiando a coletividade, o grupo, a categoria ou
a classe.

ALUNO: mirlonfernando pág. 118


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1) improcedência do pedido: faz coisa julgada


material para o legitimado coletivo, não prejudicando
Interesses ou as vítimas e seus sucessores, exceto se estes
Produz efeitos tiverem participado do processo como assistente
direitos individuais
erga omnes litisconsorcial;
homogêneos
2) procedência do pedido: faz coisa julgada material,
beneficiando as vítimas e seus sucessores.

Fonte: MIESSA, Élisson. Op. cit., p. 1191.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: RAFAEL VASCONCELOS PORTO


E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com

DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III

QUESTÃO 86. Segundo o entendimento mais recente do STJ, o rol de doenças, previsto
na legislação, que permitem a aposentadoria por invalidez integral no âmbito do Regime
Próprio da Previdência Social é taxativo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3. O regime próprio dos servidores civis da União.

O STJ tinha entendimento firmado no sentido de que o rol de doenças previsto na legislação de
regência (vide o art. 186, §1º, da Lei 8.112/91), que permitem a concessão de aposentadoria por
invalidez com proventos integrais, era meramente exemplificativo. Não obstante, a Corte Superior
veio a se curvar à decisão proferida pelo Plenário do STF, no regime de repercussão geral, no
bojo do RExt 656.860. Vejamos a decisão, proferida no bojo do REsp 1.324.671, publicada no
Informativo n. 557, de 05 a 18 de março de 2015:

DIREITO ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA DE SERVIDOR


PÚBLICO COM DOENÇA NÃO PREVISTA NO ART. 186 DA LEI 8.112/1990.

Serão proporcionais – e não integrais – os proventos de aposentadoria de servidor


público federal diagnosticado com doença grave, contagiosa ou incurável não prevista
no art. 186, § 1º, da Lei 8.112⁄1990 nem indicada em lei. A jurisprudência do STJ
firmara-se no sentido de que o rol de doenças constantes do § 1º do art. 186 da Lei

ALUNO: mirlonfernando pág. 119


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8.112⁄1990 para fins de aposentadoria integral não seria taxativo, mas exemplificativo,
tendo em vista a impossibilidade de a norma prever todas as doenças consideradas pela
medicina como graves, contagiosas ou incuráveis. No entanto, o STF, reconhecendo a
repercussão geral da matéria, entendeu que “pertence, portanto, ao domínio normativo
ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez
com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF, tem
natureza taxativa” (RE 656.860-MT, Tribunal Pleno, DJe 18/9/2014). Nesse contexto, em
atendimento ao art. 543-B, § 3º, do CPC, a aposentadoria de servidor público federal
diagnosticado com moléstia não mencionada no § 1º do art. 186 da Lei 8.112⁄1990, não
pode se dar com o pagamento de proventos integrais, mas sim proporcionais. REsp
1.324.671-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/3/2015, DJe 9/3/2015.

Apenas a título de esclarecimento, anoto que, enquanto no âmbito do RGPS a aposentadoria por
invalidez é sempre integral, no RPPS ela será, em regra, proporcional, segundo dispõe o art. 40,
§1º, I, da CRFB: “Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo
serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º
e 17: I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição,
exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
ou incurável, na forma da lei”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 87. O fator previdenciário incide obrigatoriamente no cálculo da renda mensal


inicial da aposentadoria especial, que é uma espécie do gênero “aposentadoria por tempo
de contribuição”.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.7. RGPS. Os benefícios. Aposentadoria especial.

Doutrinariamente, considera-se que a aposentadoria especial é mesmo uma espécie do gênero


“aposentadoria por tempo de contribuição”, com redução do tempo necessário à aposentação.
Na legislação ordinária, contudo, o tratamento não chega a ser feito dessa forma, sendo que a
aposentadoria especial acaba por ser tratada como um benefício autônomo. O fator previdenciário
não incide no cálculo da aposentadoria especial, sequer facultativamente. Destaco aqui dois
temas polêmicos. O primeiro deles é a incidência (ou não) do fator previdenciário na aposentadoria
do professor. Há quem sustente que tal aposentadoria seria de natureza especial, afastando a
incidência, porém na lei ela é tratada como uma aposentadoria por tempo de contribuição, havendo
apenas redução de cinco anos no tempo de contribuição. O segundo é acerca da incidência (ou
não) do fator previdenciário sobre o tempo especial convertido em tempo comum.

ALUNO: mirlonfernando pág. 120


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 88. O período básico de cálculo corresponde aos 36 últimos salários-de-


contribuição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1 RGPS. As prestações. Salário-de-benefício.

O período básico de cálculo era mesmo composto apenas pelos 36 últimos salários-de-contribuição,
segundo constava na redação originária do art. 202 da CRFB/88. Hoje, contudo, já não é mais
assim, sendo considerado todo o período contributivo (limitado o regresso, porém, apenas até julho
de 1994), de onde se extrai os 80% maiores salários-de-contribuição.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 89. A renda mensal inicial da aposentadoria por idade será de 70% do salário-
de-benefício, mais 1% a cada grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 91% do
salário-de-benefício.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.6. RGPS. Os benefícios. Aposentadoria por idade.

Apenas um detalhe torna a assertiva incorreta: o limite para a alíquota não é de 91%, mas sim
de 100%. Com efeito, o art. 50 da Lei 8.213/91 diz que: “A aposentadoria por idade, observado o
disposto na Seção III deste Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de
70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12
(doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício”. A
alíquota de 91% tem lugar no benefício de auxílio-doença, tendo a redação da assertiva, portanto,
procurado confundir o candidato.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 90. Segundo entendimento consolidado do STF, o segurado tem direito a que
seu benefício seja calculado para alcançar a melhor renda possível, se já havia, na data a ser
tomada por base, reunido os requisitos para sua obtenção.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 121


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Ponto do edital: 2.2.2 RGPS. As prestações. Renda mensal.

A partir do momento em que o segurado reuniu os requisitos para a obtenção do benefício, ainda que
não venha a requerê-lo, terá, ao requerer, direito a que o cálculo da RMI seja feito tomando por base
a data em que o resultado final é o melhor possível. Assim, por exemplo, se alguém já tinha direito
a se aposentar em 1995, mas só requereu em 2000, e se a RMI calculada em dezembro de 1996
(que deve ser atualizada monetariamente) é a maior alcançada entre 1995 e 2000 (considerando
os momentos durante tal período em que ele manteve o direito a se aposentar segundo as regras
então vigentes), ela é que deverá ser adotada. Assim decidiu o STF, em 21/02/2013, no bojo do
RExt 630.501, cuja ementa transcrevo:

APOSENTADORIA – PROVENTOS – CÁLCULO. Cumpre observar o quadro mais


favorável ao beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório ocorrido em data
posterior ao implemento das condições legais. Considerações sobre o instituto do direito
adquirido, na voz abalizada da relatora – ministra Ellen Gracie –, subscritas pela maioria.

A ementa é deveras curta e não é muito esclarecedora. Para maiores detalhes acerca da tese,
sugiro a leitura do inteiro teor do voto condutor. A Lei 8.213/91 diz, em seu art. 122, que “Se mais
vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do
cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendo
completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em
atividade”. Diz, ademais, no § 1º do art. 102 que “A perda da qualidade de segurado não prejudica o
direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo
a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos” (grifei).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 91. O fator previdenciário é calculado considerando-se a idade, a expectativa de


sobrevida e o tempo de contribuição do segurado. O cálculo é feito de maneira absolutamente
igual para homens e mulheres, inclusive com relação à expectativa de sobrevida, pois é
considerada a média nacional única para ambos os sexos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1 RGPS. As prestações. Salário-de-benefício.

O fator previdenciário efetivamente é calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida


e o tempo de contribuição do segurado. Por outro lado, a expectativa de sobrevida é obtida a partir
da média nacional única para ambos os sexos. Neste sentido, o § 8º do art. 29 da Lei 8.213/91:
“Para efeito do disposto no § 7º, a expectativa de sobrevida do segurado na idade da aposentadoria
será obtida a partir da tábua completa de mortalidade construída pela Fundação Instituto Brasileiro

ALUNO: mirlonfernando pág. 122


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de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos”.
Como a expectativa de vida do homem é menor que a da mulher no país, há uma corrente que
vem procurando fazer vingar judicialmente a tese de que deveria ser considerada a expectativa
de sobrevida do sexo masculino isoladamente, na concessão de benefício para homens. Bom, a
sutileza que torna a assertiva equivocada é a de que no cálculo do fator previdenciário da mulher
devem ser acrescidos cinco anos ao tempo de contribuição, segundo dita o § 9º, I, do art. 29 da Lei
8.213/91, de onde resulta que o cálculo não é feito de maneira absolutamente igual.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 92. Caso trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, e opte por contribuir com alíquota reduzida, o segurado contribuinte individual
poderá se aposentar por tempo de contribuição, porém não faz jus a aposentadoria especial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.1. RGPS. Os beneficiários. Segurado.

A presente questão foi adaptada de uma cobrada na prova para juiz federal do TRF5 de 2015.
Transcrevo o disposto no § 2º do art. 21 da Lei 8.212/91:

§ 2º No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo


de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do
salário de contribuição será de:

I - 11% (onze por cento), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o


disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com
empresa ou equiparado e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do
inciso II deste parágrafo;

II - 5% (cinco por cento):

a) no caso do microempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar


no 123, de 14 de dezembro de 2006; e

b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho


doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda.

Assim, o contribuinte individual que contribui com alíquota reduzida não terá direito à aposentadoria
por tempo de contribuição, ao contrário do que consta na assertiva. Sobre a aposentadoria especial,
entende-se, a partir de uma interpretação sistemática, que também não fará jus.

ALUNO: mirlonfernando pág. 123


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 93. O aposentado pelo RGPS que retorna à atividade, enquadrando-se como
contribuinte individual, não faz jus, nessa condição, a salário-família.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1.1. RGPS. Os beneficiários. Segurado.

Segundo consta no §2º do art. 18 da Lei 8.213/91, “o aposentado pelo Regime Geral de Previdência
Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus
a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao
salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado” (grifei). O benefício só é devido,
em todo caso, ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, segundo
dispõe o art. 65 da Lei 8.213/91. Não obstante, conforme consta no par. único do dispositivo,
“O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco)
anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino,
terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria”, pelo que é importante o
uso da expressão “nessa condição”. O Decreto 3.048/99 limita a percepção do salário-família aos
aposentados como empregado ou trabalhador avulso (ressalto que o doméstico foi incluído na lei
apenas em 2015, pelo que, quanto a este, o Decreto se encontra desatualizado), o que a lei não
diz expressamente, embora se possa entender que tenha deixado implícito. Ocorre que o segurado
pode ter tido enquadramentos diversos ao longo de sua história laboral. Não fica claro, ademais,
se, no caso de aposentado que retorna ao trabalho, qual a renda a ser considerada.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 94. As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao
salário ou ao benefício.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.11 RGPS. Os benefícios. Salário-família.

Segundo Baltazar Júnior e Daniel Machado da Rocha (op. cit., p. 260), “A doutrina considera o
salário-família como uma prestação de natureza jurídica situada numa zona cinzenta entre o Direito
Previdenciário e o Direito do Trabalho”. O benefício é pago pelo empregador junto com o salário,
efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições. É, no fim das contas, um
complemento de renda ao segurado de baixa renda que possui filhos. Conforme dispõe o art. 70

ALUNO: mirlonfernando pág. 124


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da Lei 8.213/91, “A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário ou
ao benefício”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 95. O valor da cota de salário-família a ser paga ao trabalhador avulso é


proporcional, dependendo do número de dias efetivamente trabalhados no mês.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.11 RGPS. Os benefícios. Salário-família.

O trabalhador avulso presta serviço a diversas empresas, sem vínculo empregatício, sendo
contratado por intermediação de sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra. Assim, pode ocorrer
intermitência na oferta de trabalho. Destarte, o § 2º do art. 82 do Decreto 3.048/99 estabelece
que: “O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,
devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota”.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III

Ainda sobre o tema das prerrogativas dos membros da Defensoria Pública, julgue os quatro
itens a seguir.

QUESTÃO 96. A prerrogativa da intimação pessoal mediante vista dos autos não se aplica
às intimações expedidas por tribunais superiores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1. Garantias e prerrogativas dos membros da Defensoria Pública


da União.

O enunciado está equivocado. Conforme ressaltei no meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública:

“(...) a prerrogativa da intimação pessoal surgiu, primeiro, na Lei 1.060/50, mais

ALUNO: mirlonfernando pág. 125


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especificamente com a inclusão do § 5º no art. 5º pela Lei 7.871/89, trazendo consigo


um problema, qual seja o de limitar a prerrogativa a somente “ambas as instâncias”,
daí decorrendo uma sugestão interpretativa de que a intimação pessoal apenas teria
cabimento na jurisdição ordinária, isto é, nos primeiro e segundo graus de jurisdição,
restando, pois, que os membros da Defensoria Pública não deveriam ser intimados
pessoalmente das decisões proferidas pelo STF e pelo STJ, assim como pelos Tribunais
Superiores Especializados (TST, TSE e TSM). Inicialmente, o STF se valia de uma
interpretação literal do dispositivo da Lei 1.060/50, entendendo, portanto, pela não
extensão da prerrogativa da intimação pessoal aos recursos de natureza extraordinária.
(...) No entanto, com a edição da LC 80, esse problema foi resolvido, e isso porque o
legislador teve o cuidado de ressaltar que a intimação pessoal deve ser observada “em
qualquer processo e grau de jurisdição ou instância administrativa” (arts. 44, I, 89, I, e
128, I), o que nos autoriza a concluir que os membros da Defensoria Pública também
devem ser intimados dos atos e das decisões proferidas na jurisdição dos Tribunais
Superiores” (p. 89-90).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 97. A prerrogativa do prazo em dobro se aplica inclusive quando a lei estabelecer,
de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública, conforme prevê o novo Código
de Processo Civil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1. Garantias e prerrogativas dos membros da Defensoria Pública


da União.

Esse enunciado também está errado. Me permito transcrever outro trecho do meu livro Prática
Penal para Defensoria Pública:

“A LC 80 estabelece que todos os prazos devem ser contados em dobro para os


membros da Defensoria Pública. Essa previsão se aplica quando a lei estabelece
prazo próprio para a Defensoria Pública? Podemos citar o art. 456, § 2º, do CPP
como exemplo. Dispõe o citado dispositivo que, “Na hipótese do § 1º deste artigo, o
juiz intimará a Defensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o
primeiro dia desimpedido, observado o prazo mínimo de 10 (dez) dias”. Assim, não
comparecendo o advogado do acusado à sessão de julgamento do Tribunal do Júri,
sem escusa legítima, o juiz poderá designar novo julgamento, intimando a Defensoria
Pública para comparecimento, devendo observar o prazo mínimo de dez dias. Temos
aqui, portanto, um prazo estabelecido em lei específico para a Defensoria Pública. A

ALUNO: mirlonfernando pág. 126


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pergunta é a seguinte: a prerrogativa do prazo em dobro se aplica nessa circunstância?


Noutras palavras: se a lei prevê prazo mínimo de dez dias, temos que ler o dispositivo
a partir da LONDP e considerar prazo mínimo de vinte dias? O NCPC responde a
esse questionamento: “Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei
estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública” (art. 186, § 4º).
Concordo com essa conclusão. Quando a LC 80 prevê que todos os prazos deverão ser
contados em dobro para a Defensoria Pública, o legislador obviamente quis se referir
àqueles prazos fixados genericamente para as partes, não tendo nenhum sentido dobrar
um prazo criado especificamente para a Defensoria” (p. 102).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 98. A LC 80 assegura aos membros da Defensoria Pública a prerrogativa de


serem ouvidos como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e
local previamente ajustado com a autoridade competente, prerrogativa esta que não incide
quando o defensor público é ouvido como ofendido ou como réu.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1. Garantias e prerrogativas dos membros da Defensoria Pública


da União.

O enunciado está correto. Sigo com comentários que fiz no meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública. A LC 80 assegura ao defensor público a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha, em
qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade
competente” (arts. 44, XIV, 89, XIV, e 128, XIV). Idêntica prerrogativa é prevista para os magistrados
na LOMAN (art. 33, I) e na LONMP, sendo que para os membros do MP a prerrogativa é ampliada
para quando forem ouvidos também como “ofendidos” (art. 40, I). Não há a prerrogativa de ajustar
dia, hora e local para ser interrogado. Importante observar que o membro da Defensoria Pública,
do MP ou da magistratura deve indicar o dia, a hora e o local com celeridade para a autoridade
competente, sob pena de perder a possibilidade de utilizar a prerrogativa em estudo no respectivo
processo, o que também acontecerá no caso de fazer aquele agendamento e não comparecer na
data ajustada. Nesse sentido, já decidiu o STF, entendendo por fixar o prazo máximo de trinta dias
para que o titular da prerrogativa proceda com a indicação de dia, hora e local para a inquirição:

“Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa prevista
no caput do art. 221 do Código de Processo Penal tenha indicado dia, hora e local
para a sua inquirição ou, simplesmente, não tenha comparecido na data, hora e local
por ela mesma indicados, como se dá na hipótese, impõe-se a perda dessa especial
prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade arrolada como testemunha possa,

ALUNO: mirlonfernando pág. 127


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na prática, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa causa” (AP 421 QO, rel. Min.
Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, j. 22/10/2009).

O NCPC acompanhou esse precedente do STF e estabeleceu que “O juiz solicitará à autoridade que
indique dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa
oferecida pela parte que a arrolou como testemunha” (art. 454, § 1º), advertindo tanto que, “Passado
1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o juiz designará dia, hora e local para o depoimento,
preferencialmente na sede do juízo” (art. 454, § 2º), quanto que “O juiz também designará dia, hora
e local para o depoimento, quando a autoridade não comparecer, injustificadamente, à sessão
agendada para a colheita de seu testemunho no dia, hora e local por ela mesma indicados” (art.
454, § 3º).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 99. A Lei Orgânica da Defensoria Pública confere aos membros da instituição
igual prerrogativa àquela prevista pelas Leis Orgânicas da magistratura e do Ministério
Público para os seus membros, assegurando que os defensores públicos somente podem
ser presos por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que
a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2.1. Garantias e prerrogativas dos membros da Defensoria Pública


da União.

O enunciado está errado. A LC 80 assegura aos membros da Defensoria Pública a prerrogativa de


“não ser preso, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagrante, caso em que a autoridade fará
imediata comunicação ao Defensor Público-Geral” (arts. 44, II, 89, II, e 128, II). A CF prevê igual
garantia a todos os cidadãos (art. 5º, LXI), sendo que o diferencial, aqui, reside na comunicação
da prisão ao DPG. Embora denominada pela LONDP prerrogativa, estamos diante de verdadeira
garantia dos defensores públicos, que age diretamente na preservação de sua independência
funcional, contribuindo para gerar um ambiente de proteção do defensor contra prisões ilegais
ou arbitrárias. Fácil perceber que a LONDP é menos garantista do que as Leis Orgânicas
da magistratura e do Ministério Público em pelo menos três pontos: (I) admite a prisão em
flagrante do defensor público tanto por crime inafiançável quanto por crime afiançável, diversamente
dos regramentos jurídicos do MP e da magistratura, que somente admitem a prisão em flagrante
dos seus membros por crime inafiançável; (II) não especifica o prazo da comunicação, limitando-
se a ressaltar que deve ser imediatamente, diversamente, portanto, da LONMP, que prevê prazo
máximo de 24 horas; e (III) não prevê a apresentação do defensor público ao DPG, ao contrário da
LOMAM e da LONMP.

ALUNO: mirlonfernando pág. 128


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GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: EDILSON SANTANA


E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com

DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 100. Na Constituição Federal de 1988 o meio ambiente é tratado de forma


transversal, competindo comumente à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

Dentre as matérias de “Direito Constitucional” constantes no edital, encontramos o ponto 19, que
aponta para o “Direito Constitucional Ambiental”.

A CF/88 é a primeira Constituição brasileira a tratar de meio ambiente como um todo. As anteriores
abordavam apenas o uso dos recursos naturais. Na Carta de 88 o meio ambiente é tratado de
forma transversal, ou seja, encontra-se em diversas partes do documento.

Quanto à competência, válido conhecer os seguintes artigos constitucionais:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos


recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 129


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QUESTÃO 101. O antropocentrismo alargado revela que os seres humanos estão no centro
das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O meio ambiente pode ser visto sob diversas óticas. Numa visão antropocentrista o homem é
colocado no centro de todas as relações; em uma perspectiva biocentrista assenta-se a vida (os
seres vivos) no centro das relações. Assim, envolve não só os homens, mas tudo o que tem vida.
Nesse sentido, os animais também teriam direito à tutela jurídica; por fim, adotando-se uma postura
ecocentrista a ecologia revela-se como o centro em volta do qual gravitam os demais interesses.

A Constituição Federal revela a adoção de uma espécie de antropocentrismo alargado, ao passo


em que considera o ser humano elemento central, porém não deixa de lado à proteção os demais
seres vivos.

Princípio 1 da Eco 92, constante da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 102. 102. A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado”, constante no caput do artigo 225 da Constituição Federal, traduz o Princípio
Solidariedade Intergeracional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O artigo 225 da Constituição Federal é de conhecimento obrigatório para o concurso. Esta e as


próximas questões têm relação com ele.

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” traduz o Princípio do
Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e não o da Solidariedade Intergeracional, tratado na
próxima questão.

ALUNO: mirlonfernando pág. 130


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GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 103. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido com preponderância para
as necessidades das futuras gerações.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O Princípio da Solidariedade Intergeracional encontra-se no trecho “defendê-lo e preservá-lo para


as presentes e futuras gerações”:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Sobre o tema, interessante é o Princípio 3 da Eco 92, constante da Declaração do Rio de Janeiro
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de
modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de gerações presentes e
futuras”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 104. Viola o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos Ambientais das
Atividades de Qualquer Natureza (art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal), a previsão legal
que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O inciso IV do parágrafo 1º do artigo 225 da CF traz o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos
Ambientais das Atividades de Qualquer Natureza.

A Constituição prever que, para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
incumbe ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade” (inciso IV).

A referência à lei (na forma da lei), constante no dispositivo (inc. IV), não se consubstancia em
autorização ao ente federado respectivo para dispensar o estudo.

ALUNO: mirlonfernando pág. 131


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Viola o art. 225, § 1º, IV, da Lei Maior, a previsão legal que dispense a elaboração de estudo prévio
de impacto ambiental.

Neste sentido é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que entente “violar o art. 225, §
1º, IV, da Lei Maior, a previsão legal que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto
ambiental” (STF. RE 739998 AgR / RN. Primeira Turma. Julgamento: 12/08/2014 – referia-se a
norma municipal).

No mesmo sentido: “O Plenário desta Corte, ao julgar a ADI 1.086/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão,
assentou que a previsão, por norma estadual, de dispensa ao estudo de impacto ambiental viola o
art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal” (STF. RE 650909 AgR / RJ. Segunda Turma. Julgamento:
17/04/2012).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 105. Como decorrência do Princípio do Poluidor-Pagador, aquele que explorar


recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado. As condutas e
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

A assertiva é retirada de disposições contidas no artigo 225 da Constituição Federal.

Em seu parágrafo segundo, lemos que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei”.

Trata-se do Princípio do Poluidor-Pagador. Sobre ele, interessante conhecer o Princípio 16 da


Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), o qual dispõe que “as
autoridades nacionais deveriam procurar fomentar a internalização dos custos ambientais e o uso
de instrumentos econômicos, tendo em conta o critério de que o causador da contaminação deveria,
por princípio, arcar com os seus respectivos custos de reabilitação, considerando o interesse
público, e sem distorcer o comércio e as inversões internacionais”.

Já no parágrafo terceiro do artigo 225, encontramos a previsão de que “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.

ALUNO: mirlonfernando pág. 132


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Observação: Externalidades são os efeitos de uma ação ou decisão com consequências para
terceiros. “A externalidade pode ser positiva ou negativa (...). Basta pensar na seguinte hipótese:
quando uma empresa de recipientes plásticos coloca o seu produto no mercado, o preço final que
foi dado ao seu produto levou em consideração o custo social da sua produção (...)

Para ter-se outro exemplo de externalidade negativa, basta pensar numa rede de lanchonetes que
se instale próximo ao acostamento de uma via pública. Nesse caso, pergunta-se: os produtos que
são ali vendidos têm embutido nos seus preços o custo social de um aumento do transito no local,
da poluição sonora, da poluição visual? Ainda, é justo que aqueles que não compram os produtos
sejam “consumidores” desse efeito social negativo?

(...) durante o processo produtivo, além do produto ser comercializado, são produzidas externalidades
negativas, que embora resultante da produção, são suportadas pela coletividade, ao contrário do
lucro, que é recebido pelo produtor privado. Ex: poluição. Daí a expressão “privatização de lucros
e socialização de perdas”, quando identificadas as externalidades negativas. Com a aplicação do
princípio do poluidor-pagador, procura-se corrigir este custo adicionado à sociedade, impondo-se
sua internalização.

Mas aqui entra a interpretação jurídico-ambiental do princípio do poluidor pagador, porque o sentido
teleológico de axioma não é simplesmente internalizar o custo, embutir no preço, e assim produzir,
comercializar ou mercanciar produtos que sabidamente são degradantes ao meio ambiente,
nas diversas etapas da cadeia de mercado. Enfim, não se compra o direito de poluir mediante
a internalização do custo social. Caso este custo seja insuportável para a sociedade, ainda que
internalizado, a interpretação jurídica do poluidor pagador impede que o produto seja produzido
e socializado o custo da produção. Este é um dos pontos de dessemelhança da interpretação
econômica para a jurídica acerca do poluidor pagador.

O que o princípio pretende é redistribuir equitativamente as externalidades ambientais. Ora, se


estas (efeitos externos negativos do mercado) são suportados pela sociedade, em prol do lucro
do responsável pelo produto que em alguma fase da cadeia de mercado é degradante do meio
ambiente ou diminui o exercício do uso comum dos componentes ambientais, nada mais justo que
todos os custos de prevenção, precaução, correção da fonte, repressão penal, civil e administrativa
que são despendidos pelo Estado, a quem incumbe a gestão dos componentes ambientais, sejam
suportados pelo responsável pelas externalidades ambientais” (Rodrigues, Edinilson Fernandes.
Externalidade negativas ambientais e o princípio do poluidor pagador. Disponível em: http://
www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2227/Externalidade-negativas-ambientais-e-o-principio-do-
poluidor-pagador. Acesso em 15.06.2017).

Em resumo: Externalidades são os efeitos de uma ação ou decisão com consequências para
terceiros, que pode ser positiva ou negativa. Durante o processo produtivo, além do produto, são
produzidas externalidades negativas, que embora resultantes da produção, são suportadas pela

ALUNO: mirlonfernando pág. 133


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coletividade, ao contrário do lucro, que é recebido pelo produtor privado. Ex: poluição. Com a
aplicação do princípio do poluidor-pagador, procura-se corrigir este custo adicionado à sociedade,
impondo-se sua internalização ao produtor/poluidor.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 106. A Mata Atlântica brasileira é bem de titularidade da União.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O parágrafo 4º do artigo 225 da Constituição Federal dispõe que “A Floresta Amazônica brasileira,
a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.

Patrimônio nacional é o valor desses biomas para a proteção ambiental. O fato de algo ser do
patrimônio nacional não significa atribuir titularidade de tais regiões ao poder público, nem impede
que o particular proprietário usufrua de seus recursos naturais. Todavia, é possível que se imponha
algum tipo de restrição a essa propriedade.

Neste sentido: “Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o artigo 225,
§4º, da Constituição Federal, bem da União” (STF. RE 300244).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 107. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, tendo presente a garantia


constitucional que protege o direito de propriedade, é no sentido da indenizabilidade das
coberturas vegetais que recobrem áreas privadas objeto de apossamento estatal ou sujeitas
a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O Supremo Tribunal Federal entende pela indenizabilidade das coberturas vegetais de áreas
privadas que sofrem restrição pública, ou seja, que sejam objeto de apossamento estatal ou sujeitas
a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.

Neste sentido: “- Incumbe ao Poder Público o dever constitucional de proteger a flora e de adotar

ALUNO: mirlonfernando pág. 134


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as necessárias medidas que visem a coibir práticas lesivas ao equilíbrio ambiental. Esse encargo,
contudo, não exonera o Estado da obrigação de indenizar os proprietários cujos imóveis venham
a ser afetados, em sua potencialidade econômica, pelas limitações impostas pela Administração
Pública. - A proteção jurídica dispensada as coberturas vegetais que revestem as propriedades
imobiliárias não impede que o dominus venha a promover, dentro dos limites autorizados pelo
Código Florestal, o adequado e racional aproveitamento econômico das árvores nelas existentes.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais em geral, tendo presente a garantia
constitucional que protege o direito de propriedade, firmou-se no sentido de proclamar a plena
indenizabilidade das matas e revestimentos florestais que recobrem áreas dominiais privadas
objeto de apossamento estatal ou sujeitas a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.
Precedentes. - A circunstancia de o Estado dispor de competência para criar reservas florestais não
lhe confere, só por si - considerando-se os princípios que tutelam, em nosso sistema normativo, o
direito de propriedade -, a prerrogativa de subtrair-se ao pagamento de indenização compensatória
ao particular, quando a atividade pública, decorrente do exercício de atribuições em tema de direito
florestal, impedir ou afetar a válida exploração econômica do imóvel por seu proprietário. - A norma
inscrita no ART.225, PAR.4., da Constituição deve ser interpretada de modo harmonioso com o
sistema jurídico consagrado pelo ordenamento fundamental, notadamente com a cláusula que,
proclamada pelo art. 5., XXII, da Carta Política, garante e assegura o direito de propriedade em
todas as suas projeções, inclusive aquela concernente a compensação financeira devida pelo Poder
Público ao proprietário atingido por atos imputáveis a atividade estatal. O preceito consubstanciado
no ART.225, PAR. 4., da Carta da Republica, além de não haver convertido em bens públicos
os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele referidas (Mata Atlântica,
Serra do Mar, Floresta Amazônica brasileira), também não impede a utilização, pelos próprios
particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao domínio
privado, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias a
preservação ambiental (...). Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: a consagração
constitucional de um típico direito de terceira geração (CF, art. 225, caput)”. (Trecho de Ementa.
RE 134297 / SP).

No mesmo sentido e mais recentemente: STF, RE 248052 AgR / SP: “INDENIZAÇÃO DA


COBERTURA VEGETAL DEVID”; AI 653062 AgR / SP: “O Supremo Tribunal Federal firmou o
entendimento de que as áreas referentes à cobertura vegetal e à preservação permanente devem
ser indenizadas”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 108. É lícito ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional
em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal
e Municípios), autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de

ALUNO: mirlonfernando pág. 135


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serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de
observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não
resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios,
a instituição de regime jurídico de proteção especial.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito de terceira geração (ou de
novíssima dimensão), incumbindo ao Estado e à própria coletividade a obrigação de defender e
preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de
caráter transindividual.

Entendeu o STF, “é lícito ao Poder Público - qualquer que seja a dimensão institucional em que
se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios)
- autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito
dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições,
limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade
dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção
especial (CF, art. 225, § 1º, III). (Trecho de Ementa. STF. ADI 3540 MC / DF. Pleno).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 109. As concessionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica


estão obrigadas a reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de transmissão, de
acordo com padrões internacionais de segurança, em face de eventuais efeitos nocivos à
saúde da população.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental.

O Supremo Tribunal Federal enfrentou, recentemente, ação que discutia a possibilidade, ou não,
de se impor a concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, por observância
ao princípio da precaução, a obrigação de reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de
transmissão, de acordo com padrões internacionais de segurança, em face de eventuais efeitos
nocivos à saúde da população.

Segundo a definição proposta na Rio 92 o Princípio da Precaução é a garantia contra os riscos


potenciais que, de acordo com o estado atual do conhecimento, não podem ser ainda identificados.

ALUNO: mirlonfernando pág. 136


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Este Princípio afirma que a ausência da certeza científica formal, a existência de um risco de um
dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever este dano.

Ou seja, o princípio trabalha com a ideia de um risco desconhecido (avaliação da relação risco-
benefício). Há incerteza científica sobre o dano ambiental, de forma que se utiliza a máxima “in
dubio pro meio ambiente”.

Difere do Princípio da Prevenção, onde há científica sobre o dano ambiental, de forma que a obra
poderá será realizada se tomadas medidas que evitem ou reduzam os danos previstos.

Com relação especificamente aos campos eletromagnéticos, decidiu o Supremo que, por ora, não
existem fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir
o campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal
fixado. Foi fixada a seguinte tese (repercussão geral): “no atual estágio do conhecimento científico,
que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população
em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia
elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009” (STF. RE 627189 / SP.
Pleno. Julgamento: 08/06/2016).

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 110. Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a
aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise
formal dos parâmetros relacionados ao princípio e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 19 Direito Constitucional Ambiental. 17 Controle judicial de políticas


públicas.

No mesmo julgado comentado em questão anterior, o STF deixou claro não existir vedação para
o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde
que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos parâmetros relacionados ao princípio
e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela
Administração Pública.

Vejamos trecho da ementa:

“2. O princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem
incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o meio

ALUNO: mirlonfernando pág. 137


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ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o estado analise os riscos, avalie
os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão
decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. 3.
Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio
da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites desses
parâmetros e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador
e pela Administração Pública” (STF. RE 627189 / SP. Pleno. Julgamento: 08/06/2016).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 111. O modelo de controle de constitucionalidade norte americano tem como


marco inicial o famoso julgamento do caso Marbury x Madison, em 1803, caracterizando-se
por ser um modelo concentrado. Já o modelo austríaco ou kelseniano caracteriza-se por ser
incidental.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Controle de constitucionalidade. 15.1 Sistemas.

O controle de constitucionalidade norte americano tem como marco inicial o famoso julgamento do
caso Marbury x Madison, em 1803, tendo sido adotada ao longo de todo o século XIX.

Trata-se de um modelo difuso, cabendo a todo juiz do Estado declarar a inconstitucionalidade


de uma lei. É incidental, porque cabe ao juiz, como uma questão preliminar de mérito, julgar a lei
inconstitucional. Ou seja, não se trata de modelo concentrado, como afirma a questão.

Segundo o modelo norte americano, a decisão de inconstitucionalidade é declaratória, ou seja,


apenas reconhece o vício que já existe. Portanto os efeitos são retroativos (ex tunc).

O modelo austríaco surgiu no século XX, na Constituição Austríaca de 1920, tendo como autor
Hans Kelsen. Por isso é também chamado de modelo austríaco ou kelseniano.

Trata-se de um modelo de controle concentrado, ou seja, somente um tribunal específico (o


Tribunal Constitucional) pode reconhecer a inconstitucionalidade de leis. O controle é realizado de
forma abstrata, o que significa dizer que a lei é controlada em tese. Aqui a assertiva peca mais uma
vez, ao afirmar que o modelo de controle austríaco é incidental.

Para o modelo austríaco a decisão de inconstitucionalidade tem natureza constitutiva. Assim, é a


decisão que cria a inconstitucionalidade (ou, em outros termos, a inconstitucionalidade só pode ser
considerada a partir da decisão do tribunal constitucional, que é um elemento constitutivo). Logo
seus efeitos são ex nunc.

ALUNO: mirlonfernando pág. 138


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8ª RODADA - 10/07/2017

Observação: No Brasil, tanto o controle difuso/incidental, quanto o concentrado/abstrato, têm, em


regra, efeitos retroativos (ex tunc).

Ao lado do controle americano, o modelo austríaco identifica os dois sistemas de controle de


constitucionalidade que mais influenciaram a criação de outros modelos em outros países. São
denominados de controles “fortes”, em comparação com os demais modelos, ditos “fracos”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 112. É garantida a matrícula de servidores públicos civis e militares, e seus


dependentes, transferidos em razão do interesse da Administração, respeitando-se a
congeneridade das instituições envolvidas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 7 Direitos e garantias fundamentais.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 3.324/DF, assentou a legitimidade da garantia


de matrícula de servidores públicos civis e militares, e seus dependentes, transferidos em razão do
interesse da Administração, respeitando-se a congeneridade das instituições envolvidas.

“Consoante a firme jurisprudência do STF e do STJ, o servidor público civil ou militar estudante,
transferido ex officio, e seu dependente estudante, tem direito à matrícula em instituição de ensino
superior da nova localidade, desde que congêneres as instituições de ensino, excepcionando-se a
regra, em caso de inexistência de estabelecimento de ensino da mesma natureza, no local da nova
residência ou em suas imediações” (STJ. REsp 1649793 / RJ. DJe 09/06/2017).

Tal direito não se estende aos casos de transferência a pedido ou quando o servidor é transferido
para exercer cargo comissionado em outra cidade (Neste sentido: STJ. REsp 1615185 / MG. DJe
13/09/2016).

“A Lei 9.536/97 estabelece exceção à regra geral para permitir a transferência de estudante
servidor público ou de seus dependentes, quando o pedido de transferência for por ato
ex-officio. A norma de exceção é interpretada de forma restritiva, não contemplando
as transferências ‘a pedido’” (STJ. AgInt no REsp 1626826 / PE.DJe 31/03/2017). No
mesmo sentido: (REsp 914.134/RN, 2ª T., Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 07.10.2008).

Destarte, “o entendimento pacífico do STJ é de que o servidor público federal que muda de domicílio
para ocupar cargo público, função ou cargo comissionados não possui direito à transferência de
uma universidade para outra, mas limita-se às transferências ex officio no interesse da própria
Administração” (STJ. REsp 1615185 / MG. DJe 13/09/2016).

ALUNO: mirlonfernando pág. 139


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Não existem decisões mais recentes no STF, considerando que nos casos que chegaram à corte
mais recentemente esta se absteve de analisá-los por entender que isto exigiria a “necessidade de
reexame do conjunto fático-probatório (Súmula 279). Neste sentido: ARE 761682 AgR-segundo /
SE (Julgamento: 04/08/2015); RE 915086 AgR / PE (Julgamento: 01/12/2015).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 113. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não se


exige, nas decisões judiciais, o exame detalhado de cada argumento suscitado pelas partes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 11 Poder Judiciário.

O artigo 93, X da Constituição Federal exige que todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário
sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. Questiona-se se essa regra exige o exame detalhado
de cada argumento apresentado pelas partes em suas alegações/petições (por exemplo, na petição
inicial).

Quanto a isto, a resposta do STF vem sendo negativa. “A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que o referido dispositivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão
jurisdicional, das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada argumento
suscitado pelas partes” (STF. AI 853695 AgR / RS. Julgamento: 19/04/2016).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 114. As propriedades rurais e urbanas serão expropriadas e destinadas à reforma


agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Sendo assim, é possível o confisco de todo
e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a
necessidade de se perquirir a habitualidade ou reiteração do uso do bem para tal finalidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8 Direitos e deveres individuais e coletivos. 10 Organização do Estado.

Dispõe o artigo 243 da Constituição Federal que “As propriedades rurais e urbanas serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º; Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido

ALUNO: mirlonfernando pág. 140


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em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho


escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. “.

O Supremo Tribunal Federal, em julgamento de repercussão geral, decidiu ser possível o confisco
de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem
a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua
modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro
requisito além daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição
Federal (RE 638491/PR, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 17.5.2017).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV

QUESTÃO 115. Todos os tratados internacionais exigem o requisito da dupla incriminação


como pressuposto para a viabilização do pedido de transferência de presos.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 15 Direito dos Tratados 11 Transferência de pessoas condenadas.

Segundo o requisito da dupla incriminação, para que o pleito da extradição seja viabilizado, a
conduta praticada pelo indivíduo deve ser crime no Estado requerente e no Estado requerido.
Ainda sobre este ponto, alerto ao aluno que não se exige o mesmo nomen iuris para o delito,
mas apenas a mesma conduta. Ainda sobre o tema da extradição, a prática internacional também
costuma exigir a dupla punibilidade, ou seja, o delito praticado pelo indivíduo deve ser punível
tanto no Estado requerente quanto no Estado requerido (não pode estar prescrito em nenhum
dos dois Estados). Todavia, em matéria de transferência de presos, alguns tratados internacionais
mais atuais estão dispensando a prática da dupla tipicidade para a viabilização da transferência
de presos. É o que ocorre no MLAT (Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal), tratado
internacional que regula o assunto entre Brasil e Estados Unidos da América. Senão vejamos o
artigo 1.3 do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal: “A assistência será prestada ainda
que o fato sujeito a investigação, inquérito ou ação penal não seja punível na legislação de ambos
os Estados”.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 141


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QUESTÃO 116. A proibição do uso da força pelos Estados é norma de jus cogens.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 18 O jus cogens.

Atualmente, o Direito Internacional Público superou o paradigma grociano, pelo qual Hugo
Grocio entendia que todo e qualquer conflito internacional deveria ser resolvido com o uso da
força (Guerra). Segundo a doutrina internacionalista, o DIP está no estágio do paradigma da
coexistência, também chamado de paradigma Kantiano, uma vez que Immanuel Kant defendia
que os Estados atuassem de forma conjunta e cooperativa na ordem internacional. Na atual fase
do Direito Internacional Público, o uso da força é admitido apenas em hipóteses excepcionais,
como por exemplo, nos casos de legítima defesa ou quando o próprio Conselho de Segurança
da ONU autoriza a utilização do uso da força por determinado Estado. Dessa forma, já há um
consenso qualificado na ordem internacional no sentido de reconhecer a proibição do uso da força
como norma de jus cogens. Nesse sentido, é a posição da doutrina internacionalista (André de
Carvalho Ramos e Paulo Henrique Gonçalves Portela).

Por fim, lembro ao aluno que o Direito Internacional Público não admite a “legítima defesa
bushiana”, também chamada de legitima defesa preventiva, uma vez que nesta situação não
há agressão injusta por parte de outro Estado. O instituto recebeu este nome pela doutrina
internacionalista em razão do uso da força pelo governo americano durante o mandato de George
W Bush, sob o argumento de que os Estados Unidos da América estariam agindo em legítima
defesa, quando na verdade não estavam, uma vez que os EUA não haviam sofrido qualquer ataque
por parte de outro país.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 117. Os tratados internacionais de direitos humanos são regidos pelo princípio
da interpretação autônoma.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados. 15.3 interpretação e aplicação dos Tratados.

De acordo com o princípio da interpretação autônoma, os tratados de direitos humanos podem


possuir sentidos próprios, distintos dos sentidos a eles atribuídos pelo direito interno, para dotar
de maior efetividade as normas internacionais de direitos humanos (effet utile). Nesse sentido, é a
lição de André de Carvalho Ramos:

“Como consequência do princípio da efetividade, consolidou-se, na doutrina e na

ALUNO: mirlonfernando pág. 142


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jurisprudência internacional, o princípio da “interpretação autônoma”. De acordo com


tal princípio, os conceitos e termos inseridos nos tratados de direitos humanos podem
possuir sentidos próprios, distintos dos sentidos a eles atribuídos pelo direito interno,
para dotar de maior efetividade os textos internacionais de direitos humanos”. (RAMOS,
André de Carvalho. Processo Internacional de Direitos Humanos. 2ª edição. São Paulo:
Editora Saraiva, 2012, página 83).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 118. Todas as normas de direitos humanos possuem status de jus cogens.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 18 O jus cogens.

Ao contrário do que possa parecer, não são todas as normas de direitos humanos que possuem o
caráter de jus cogens, uma vez que a doutrina e a jurisprudência internacional exigem um consenso
qualificado para que determinada norma ingresse no rol de normas de jus cogens. Nesse sentido,
o professor André de Carvalho Ramos cita o exemplo dos direitos sociais como normas de direitos
humanos que não possuem o caráter de jus cogens, uma vez que nesta categoria de direitos,
os tratados internacionais de direitos humanos exigem uma implementação progressiva e na
medida do possível, o que não ocorre com os direitos civis e políticos.

Além disso, o próprio direito à vida não possui um consenso qualificado na comunidade internacional,
uma vez que diversos países do continente asiático aplicam a pena de morte. Os Estados Unidos
da América também aplicam a pena capital em diversas situações, fato que impossibilita o
reconhecimento do direito à vida como norma de jus cogens. Por outro lado, conforme já estudamos
ao longo deste curso, a proibição da pena de morte para menores de dezoito anos é norma de
jus cogens, conforme precedentes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a INTERPOL possui legitimidade para
formular perante o Ministério da Justiça pedido de prisão cautelar para fins de extradição.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.1 Extradição.

No final do ano de 2014, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legitimidade da INTERPOL

ALUNO: mirlonfernando pág. 143


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para formular pedido de prisão cautelar para fins de extradição ressaltando que tal conclusão
decorre da alteração promovida no Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80) pela Lei 12.878/2013,
que conferiu nova redação ao art. 82, § 2º, estabelecendo que “O pedido de prisão cautelar poderá
ser apresentado ao Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de Polícia Criminal
(Interpol), devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de ordem de
prisão proferida por Estado estrangeiro” (v. PPE 732 QO, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJe
02/02/2015).

Ainda sobre este ponto da matéria, o STF decidiu pela sua incompetência para julgar habeas
corpus contra ato do Delegado-Chefe da INTERPOL no Brasil. Segundo o Supremo, a hipótese
em comento não estaria elencada pela Constituição Federal de 1988 como um dos casos de
competência da Corte (STF, HC 119056 QO, Relator(a): Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado
em 03/10/2013).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 120. É possível a aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais
previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções
internacionais firmadas em momento anterior a CVDT.

COMENTÁRIO

Pontos do edital: 15 Direito dos Tratados. 15.1 A Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados. 15.3 interpretação e aplicação dos Tratados.

No caso Disputa Marítima (Peru vs. Chile), a Corte Internacional de Justiça buscou na Convenção
de Viena sobre Direito dos Tratados, os critérios de interpretação de tratados internacionais para
resolver uma controvérsia envolvendo um pacto internacional firmado anteriormente a própria
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, afinal, a Declaração de Santiago é de 1952 e a
Convenção de Viena sobre Direito dos tratados foi firmada em 1969. Deste modo, a CIJ entendeu
pela possibilidade de aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais previstas na
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções internacionais
firmadas em momento anterior a CVDT. As regras de interpretação de tratados internacionais
podem ser encontradas a partir do artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados.

Ainda sobre o tema Direito Internacional do Mar, o CESPE costuma cobrar muito em suas provas
objetivas o texto da Convenção de Montego Bay. Assim, recomendo fortemente a leitura dos
dispositivos.

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 144


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QUESTÃO 121. O asilo diplomático é um costume internacional regional, aplicado apenas


no âmbito da América Latina.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados. 17 O costume internacional.

O instituto do asilo diplomático possui origem de uma norma internacional consuetudinária aplicado
apenas no continente da América Latina, uma vez que outros continentes como a Europa e a
Oceania não reconhecem a possibilidade de concessão do asilo diplomático. A problemática
também foi analisada pela Corte Internacional de Justiça no caso Haya de La Torre. Atualmente, o
asilo diplomático não é previsto apenas em costume internacional, mas também na Convenção de
Caracas sobre Asilo Diplomático. Dessa forma, lembro ao aluno do CEI DPU sobre a viabilidade
da existência de um costume internacional regional, ou seja, aplicável apenas em determinada
região do planeta terra.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 122. Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu de forma prejudicial aos consumidores que
as convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil, prevalecem sobre o Código de Defesa do
Consumidor (CDC) para casos de indenizações por extravio de bagagem. Neste julgamento, os
ministros fixaram a seguinte tese: “Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e
tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao Código
de Defesa do Consumidor”.

Desta forma, o prazo de prescrição das ações que é de cinco anos, conforme o Código de Defesa
do Consumidor (Lei 8.078/90), cai para dois anos, por força das convenções internacionais. Ainda
sobre este ponto, a decisão do Supremo Tribunal Federal vem sendo muito criticada, uma vez que
as convenções internacionais fixam a indenização por extravio de bagagens de forma tarifada, o
que acaba por violar o princípio da isonomia. A tese colacionada no enunciado da questão foi fixada
nos Recurso Extraordinário (RE) 636331 e no RE com Agravo (ARE) 766618.

ALUNO: mirlonfernando pág. 145


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GABARITO: CERTO

QUESTÃO 123. Segundo o Supremo Tribunal Federal, os tratados internacionais podem


criar tipos penais incriminadores.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados.

O Supremo Tribunal Federal analisou a problemática em questão no caso da Igreja Renascer,


no qual se discutiu a possibilidade de utilizar o conceito de organização criminosa previsto na
Convenção de Palermo para processar e julgar indivíduos no Estado brasileiro pela prática do
crime de lavagem de dinheiro, tendo como antecedente o delito de organização criminosa. Neste
caso, a Corte Constitucional brasileira decidiu que os tratados internacionais não podem criar
tipos penais incriminadoras, sob pena de violação do princípio da legalidade na sua vertente lex
populi (lei oriunda dos representantes do povo – STF, HC 121.835/PE). Vejamos o precedente do
STF:

“RECURSO ORDINÁRIO EM “HABEAS CORPUS” – LAVAGEM DE DINHEIRO –


ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE – QUADRILHA
(ATUALMENTE DESIGNADA “ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA”) – CONDUTAS
PRATICADAS ENTRE 1998 E 1999, MOMENTO QUE PRECEDEU A EDIÇÃO DA LEI
Nº 12.683/2012 E DA LEI Nº 12.850/2013 – IMPOSSIBILIDADE CONSTITUCIONAL
DE SUPRIR-SE A AUSÊNCIA DE TIPIFICAÇÃO DO DELITO DE ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA, COMO INFRAÇÃO PENAL ANTECEDENTE, PELA INVOCAÇÃO DA
CONVENÇÃO DE PALERMO – INCIDÊNCIA, NO CASO, DO POSTULADO DA
RESERVA CONSTITUCIONAL ABSOLUTA DE LEI EM SENTIDO FORMAL (CF, art. 5º,
inciso XXXIX) – DOUTRINA – PRECEDENTES – INADMISSIBILIDADE, DE OUTRO
LADO, DE CONSIDERAR-SE O CRIME DE FORMAÇÃO DE QUADRILHA COMO
EQUIPARÁVEL AO DELITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA PARA EFEITO DE
REPRESSÃO ESTATAL AO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO COMETIDO ANTES
DO ADVENTO DA LEI Nº 12.683/2012 E DA LEI Nº 12.850/2013 – RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. – Em matéria penal, prevalece o dogma da reserva constitucional
de lei em sentido formal, pois a Constituição da República somente admite a lei
interna como única fonte formal e direta de regras de direito penal, a significar,
portanto, que as cláusulas de tipificação e de cominação penais, para efeito de
repressão estatal, subsumem-se ao âmbito das normas domésticas de direito
penal incriminador, regendo-se, em consequência, pelo postulado da reserva de
Parlamento. Doutrina. Precedentes (STF). – As convenções internacionais, como a

ALUNO: mirlonfernando pág. 146


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Convenção de Palermo, não se qualificam, constitucionalmente, como fonte formal


direta legitimadora da regulação normativa concernente à tipificação de crimes e
à cominação de sanções penais. (RHC 121835 AgR, Relator(a):  Min. CELSO DE
MELLO, Segunda Turma, julgado em 13/10/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-235
DIVULG 20-11-2015 PUBLIC 23-11-2015)”

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 124. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a concordância do extraditando em


ser extraditado não exime o Supremo Tribunal Federal de examinar a legalidade do pleito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.3.1 Extradição.

Conforme recente decisão do Supremo Tribunal Federal no Informativo 864, a concordância do


extraditando em ser extraditado não exime o Supremo Tribunal Federal de examinar a legalidade
do pleito, uma vez que a Corte Constitucional brasileira possui o dever de primar pela observância
das garantias constitucionais e legais, como por exemplo, o devido processo legal. Desta forma,
mesmo quando atendidos os requisitos da extradição e sendo esta “amigável” (com a concordância
do extraditando), o Supremo Tribunal Federal não pode se eximir em analisar a legalidade do
processo de extradição (STF, 1476/DF).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 125. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa


em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 Condição jurídica do estrangeiro.

Este é justamente o conceito de repatriação previsto no artigo 49 da Lei 13.445/2017 (Nova Lei de
Migração): “A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação
de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade”.

Ao longo das rodadas finais deste curso vamos estudar a nova Lei de Migração, uma vez que este
diploma foi inserido no novo edital da DPU. Ainda sobre a medida de repatriação, o § 4º do artigo
49 dispõe que: “Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de
apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de

ALUNO: mirlonfernando pág. 147


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sua família, exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos
ou para a reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário,
nem, em qualquer caso, medida de devolução para país ou região que possa apresentar risco à
vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa”.

Na hipótese narrada, a Defensoria Pública da União será intimada. A DPU também será
intimada quando a repatriação imediata não seja possível (art. 49, § 2º).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 126. A nova Lei de Migração prevê expressamente o princípio do non-refoulement.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2 Condição jurídica do estrangeiro.

O princípio do non-refoulement já foi esmiuçado em questões discursivas e objetivas deste


curso. Assim, descabe fazer qualquer consideração sobre o conceito do princípio em estudo, sob
pena de incidir em tautologia. Todavia, é importante destacar que a nova Lei de Migração (Lei
13.445/2017) prevê expressamente o princípio do non refoulement. Senão vejamos o artigo 62
da Lei 13.445/2017: “Não se procederá à repatriação, à deportação ou à expulsão de nenhum
indivíduo quando subsistirem razões para acreditar que a medida poderá colocar em risco a vida
ou a integridade pessoal”.

Assim, o princípio da proibição do rechaço possui uma nova previsão legal, qual seja, a nova Lei
de Migração!

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 127. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Brasileiro titular de green card,
que adquire nacionalidade norte-americana, perde a nacionalidade brasileira e pode ser
extraditado pelo Brasil.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 1 Nacionalidade. 1.1 Aquisição de nacionalidade. 1.2 Mudança de


nacionalidade. 1.3 Perda de nacionalidade. 2.3.1 Extradição.

Ao analisar a casuística em questão, o Supremo Tribunal Federal decidiu que se um brasileiro nato
que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, ele irá
perder a nacionalidade brasileira. Tal situação não se enquadra na exceção constitucional prevista

ALUNO: mirlonfernando pág. 148


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na alínea ‘b’ do § 4º do artigo 12 da Constituição Federal (Será declarada a perda da nacionalidade


do brasileiro que: adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: de imposição de naturalização, pela
norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência
em seu território ou para o exercício de direitos civis), uma vez que o estrangeiro titular de green
card já pode morar e trabalhar livremente nos EUA. Dessa forma, o STF entendeu que a aquisição
da cidadania americana ocorreu por livre e espontânea vontade. Vejamos um precedente do STF
sobre o tema em estudo:

“CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. BRASILEIRA NATURALIZADA


AMERICANA. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO NO EXTERIOR. FUGA PARA O BRASIL.
PERDA DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
REGULAR. HIPÓTESE CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA. NÃO OCORRÊNCIA
DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. O Supremo
Tribunal Federal é competente para o julgamento de mandado de segurança
impetrado contra ato do Ministro da Justiça em matéria extradicional. (HC 83.113/
DF, Rel. Min. Celso de Mello). 2. A Constituição Federal, ao cuidar da perda da
nacionalidade brasileira, estabelece duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial
da naturalização (art. 12, § 4º, I); e (ii) a aquisição de outra nacionalidade. Nesta
última hipótese, a nacionalidade brasileira só não será perdida em duas situações
que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento de outra nacionalidade
originária (art. 12, § 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade imposta pelo
Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou para o
exercício de direitos civis (art. 12, § 4º, II, b). 3. No caso sob exame, a situação
da impetrante não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente
previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade
brasileira. 4. Denegação da ordem com a revogação da liminar concedida. (MS 33864,
Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 19/04/2016; grifo
nosso)”

A partir deste entendimento, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não haveria qualquer óbice
para que o indivíduo enquadrado nesta situação seja extraditado pelo Estado brasileiro.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 128. O princípio do desenvolvimento sustentável surgiu no âmbito internacional


a partir do Relatório Brundtland.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 22 O Direito Ambiental internacional.

ALUNO: mirlonfernando pág. 149


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O Relatório Brundtland, também intitulado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), foi
publicado em 1987, pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ONU). O
documento recebe este nome em razão da primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland,
que chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Neste documento,
a ONU trabalhou de forma embrionária a concepção de desenvolvimento sustentável, que foi
concebido como: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer
a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

O Relatório Brundtland já foi cobrado pelo CESPE em provas objetivas. Portanto, vale a pena ficar
atento ao documento internacional em estudo!

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 129. O Ecocídio é um crime contra a humanidade de competência do Tribunal


Penal Internacional.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 21 O Tribunal Penal Internacional.

Recentemente, o Tribunal Penal Internacional reconheceu o ecocídio como crime contra a


humanidade. Segundo os estudiosos do tema, o ecocídio pode ser definido como “destruição em
larga escala de um ecossistema ou sobreexploração de recursos não-renováveis”.

Assim, em caso de ecocídio comprovado por meio de recurso internacional, os autores do “crime
contra a humanidade verde” serão obrigados a pagar por danos morais, físicos ou econômicos,
além de serem processados perante o Tribunal Penal Internacional.

Parte da doutrina critica essa liquefação dos crimes contra a humanidade, uma vez que restaria
prejudicara a segurança jurídica e a taxatividade da lei. Maiores informações sobre ecocídio
e a competência do TPI para julgar tal situação podem ser encontradas neste link: http://
www.oriobranco.net/noticia/meio-ambiente/12-02-2017-tribunal-penal-internacional-reconhece-
ecocidio-como-crime-contra-a-humanidade

GABARITO: CERTO

ALUNO: mirlonfernando pág. 150


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PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITOS HUMANOS GRUPO IV

Sobre os antecedentes históricos do Direito Internacional dos Direitos Humanos, julgue o


item a seguir.

QUESTÃO 130. O Tribunal Penal Internacional, estabelecido por meio do Estatuto de Roma,
pode ser apontado como um antecedente histórico da criação do Direito Internacional dos
Direitos Humanos, pois os seus julgamentos ocorridos anteriormente ao surgimento da
Organização das Nações Unidas (1945) projetaram a mensagem de que o Direito Internacional
dos Direitos Humanos não se coaduna com a impunidade de crimes contra a humanidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1. Antecedentes do Direito Internacional dos Direitos Humanos.

O enunciado está absolutamente equivocado. Esse item antecedentes históricos do Direito


Internacional dos Direitos Humanos, embora já pudesse ser localizado mais implicitamente no
edital anterior, agora constou de forma expressa com a retificação, o que me levou a revisitá-lo
com vocês.

Ainda que o aluno não soubesse quais foram – exatamente – os antecedentes históricos do Direito
Internacional dos Direitos Humanos, a resposta poderia ser dada com um mínimo de conhecimento
sobre como se deu a criação tanto do DIDH quanto do TPI. É sabido que o DIDH é o direito do pós-
guerra – sobretudo da segunda guerra mundial –, de modo que os seus antecedentes históricos
somente podem estar localizados no tempo anteriormente à criação da Organização das Nações
Unidas, o que ocorreu em 1945. Assim, considerando que o Estatuto de Roma do TPI somente
foi aprovado em 1998, tendo entrado em vigor em 2002, naturalmente ele não pode ser
apontado como um antecedente histórico do DIDH, tendo, sim, dado a sua contribuição ao
DIDH para que a pessoa figurasse na ordem jurídica internacional não apenas como sujeito
de direitos, mas também como de obrigações, podendo inclusive responder individualmente
a uma persecução penal.

Os antecedentes históricos da criação do DIDH, isto é, os eventos que influenciaram e impulsionaram


o seu surgimento, foram os seguintes: 1) Tratados de Paz de Westfália: a Paz de Westfália
designa uma série de tratados que colocaram fim à Guerra dos Trinta Anos, denominação genérica
de uma série de guerras em que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618,

ALUNO: mirlonfernando pág. 151


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principalmente na Alemanha, por vários motivos, mas principalmente por rivalidades religiosas,
territoriais e comerciais. Este conjunto de diplomas é apontado como marco de inauguração do
Sistema Internacional, pois projetava a ideia de uma paz duradoura e de um equilíbrio de poder;
2) Direito Humanitário: passando a precedentes históricos mais importantes e decisivos para a
formação do que hoje chamamos de Direito Internacional dos Direitos Humanos, temos inicialmente
o Direito Humanitário, um dos três grandes eixos da proteção internacional de direitos (junto com
o Direito Internacional dos Direitos Humanos e o Direitos do Refugiados). O Direito Humanitário
foi criado no século XIX devido principalmente ao trabalho de uma organização internacional não
estatal: o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que surgiu em 1863 com a finalidade de oferecer
proteção e assistência humanitária às vítimas da guerra e da violência armada. A finalidade do
Direito Humanitário é afirmar que há limites para os Estados inclusive quando estão em guerra,
evitando, p. ex., que prisioneiros não sejam torturados, assim como impondo que civis fiquem
a salvo, que feridos recebam os cuidados necessários etc. O Direito Humanitário conta com
documentos normativos tanto que precedem à criação da ONU (as Convenções de Haia, de 1899 e
1907) quanto que a procedem (Convenções de Genebra, de 1949, e seus protocolos adicionais, de
1977); 3) A Liga das Nações: a Liga ou Sociedade das Nações foi uma organização internacional
idealizada em 1919, em Versalhes, cidade situada em Paris, quando os países vencedores
da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) se reuniram para celebrar a paz e para promover a
segurança internacional. A Liga foi criada com a assinatura do Tratado de Versalhes, naquele
mesmo ano, e continha previsões genéricas relativas à proteção dos direitos humanos. Embora a
Liga das Nações não tenha conseguido cumprir com o seu objetivo de manter a paz – tanto que em
1939 foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial –, ela é considerada um embrião da Organização
das Nações Unidas, para a qual passou suas responsabilidades em 1946; e 4) Organização
Internacional do Trabalho: a OIT foi instituída como uma agência da Liga das Nações com
a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1919. É considerada por muitos como o precedente
histórico mais importante para a formação do Direito Internacional dos Direitos Humanos, e isso
porque, diversamente do Direito Humanitário e da Liga das Nações Unidas, em que a proteção
dos direitos humanos se baseava ou em dispositivos mais genéricos ou em situações específicas
(como os conflitos armados), a OIT se destinou a estabelecer critérios essenciais de proteção ao
trabalhador, efetivamente produzindo dezenas de documentos (que são tratados) para regular a
matéria no plano internacional, assegurando padrões mínimos de dignidade e de bem-estar social
a partir de reflexões éticas e econômicas sobre o custo humano da revolução industrial. Com o
fim da Liga das Nações, a OIT foi integrada à ONU em 1946, como sendo a sua primeira agência
especializada.

GABARITO: ERRADO

Sobre o princípio da universalidade dos direitos humanos, julgue os dois itens a seguir:

ALUNO: mirlonfernando pág. 152


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QUESTÃO 131. Segundo a arquitetura normativa da proteção internacional, os direitos


humanos consistem numa categoria universal, tendo sido este o entendimento adotado
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, assim como em Conferências Mundiais
da ONU.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2 Princípio da universalidade. 2.2.1 Universalismo abstrato e cidadania


universal. 2.2.2 Universalismo de linhas paralelas, concepção multicultural dos direitos
humanos e relativismo cultural. 2.2.3 Universalismo de confluência e concepção
intercultural de direitos humanos.

Cançado Trindade ressalta que o debate envolvendo universalismo vs. relativismo cultural consiste
num dos capítulos mais difíceis do DIDH. Esse tema coloca em discussão o seguinte: seriam os
direitos humanos uma categoria universal ou, pelo contrário, uma categoria relativa, que deveria
dialogar com sistemas políticos, econômicos, culturais e sociais de cada região? O relativismo
cultural afirma que não há uma moral universal e que valores regionais podem se sobrepor a
categoria dos direitos humanos. Para o universalismo, embora particularidades nacionais e
regionais possam ser consideradas, a categoria dos direitos humanos é global e os Estados têm o
dever de proteger os direitos humanos, independentemente dos seus sistemas político, econômico
ou cultural. O universalismo é a concepção adotada pelo DIDH, afirmada na Declaração Universal
e nas Conferências Mundiais de Teerã (1968) e de Viena (1993). Assim, ainda que se trate
– conforme veremos a seguir – de um tema complexo e polêmico, a opção do sistema
normativo internacional foi indiscutivelmente pelo universalismo dos direitos humanos, e
não pelo seu relativismo.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 132. A doutrina contemporânea aceita com absoluta uniformidade o princípio da


universalidade dos direitos humanos, ressaltando que a observância de particularidades
das culturais locais ou regionais representaria um retrocesso. Assim, pode-se afirmar que
não há, no âmbito doutrinário, propostas para se superar o paradigma do universalismo vs.
relativismo cultural.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.2 Princípio da universalidade. 2.2.1 Universalismo abstrato e cidadania


universal. 2.2.2 Universalismo de linhas paralelas, concepção multicultural dos direitos
humanos e relativismo cultural. 2.2.3 Universalismo de confluência e concepção
intercultural de direitos humanos.

ALUNO: mirlonfernando pág. 153


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O enunciado está equivocado. Se há um consenso na arquitetura normativa do sistema de proteção


internacional de direitos humanos sobre o princípio do universalismo dos direitos humanos, o mesmo
raciocínio categórico não se aplica à doutrina, pois há, sim, autores que apresentam propostas
filosóficas para que seja superado o paradigma do universalismo vs. relativismo cultural. Este tema
foi colocado no edital do concurso da DPU com a retificação. Eu e o Thim tratamos do assunto
no nosso livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos, quando comentamos o Caso
Bámaca Velásquez vs. Guatemala. Segue o trecho:

“7.3.2. Propostas filosóficas para superar o paradigma do universalismo versus


relativismo cultural. Fazendo um link com o voto de Cançado Trindade no Caso
Bámaca, observamos a evolução da doutrina ao tratar da clássica discussão entre
universalistas versus relativistas. Buscando a superação desse paradigma, e até mesmo
um olhar crítico sobre o tema, a doutrina desenvolveu uma série de novas concepções e
instrumentos, como, por exemplo, a hermenêutica diatópica, o universalismo de chegada
(ou de confluência) e o imperialismo dos direitos humanos. Passamos à análise de cada
uma dessas concepções.

7.3.2.1. A hermenêutica diatópica e a superação do paradigma universalismo


versus relativismo. Segundo Boaventura de Souza Santos, os ideais da corrente que
defende o universalismo dos direitos humanos implicam uma imposição de uma moral
universal, isto é, eles não poderiam ser postos em prática no cenário mundial sem a
imposição de uma cultura hegemônica às minorias, o que caracterizaria uma espécie de
canibalização cultural. Em resposta a esse problema, Santos defende uma concepção
multicultural dos direitos humanos, pautada no dialogo entre as culturas, com o objetivo
de alcançar uma universalidade construída por diversas concepções culturais, sem, no
entanto, a imposição de valores ocidentais às culturas orientais e vice-versa, atingindo
com isso um ideal cosmopolita. Sobre a visão multicultural dos direitos humanos,
vejamos a lição de Boaventura:

“Para poderem operar como forma de cosmopolitismo, como globalização de-baixo-para-


cima ou contra-hegemônica, os direitos humanos têm de ser reconceptualizados como
multiculturais. O multiculturalismo, tal como eu o entendo, é precondição de uma relação
equilibrada e mutuamente potenciadora entre a competência global e a legitimidade
local, que constituem os dois atributos de uma politica contra-hegemônica de direitos
humanos no nosso tempo. É sabido que os direitos humanos não são universais na sua
aplicação. Atualmente, são consensualmente identificados quatro regimes internacionais
de aplicação de direitos humanos: o europeu, o interamericano, o africano e o asiático.
Mas serão os direitos humanos universais enquanto artefato cultural, um tipo de
invariante cultural, parte significativa de uma cultura global? Todas as culturas tendem a
considerar os seus valores máximos como os mais abrangentes, mas apenas a cultura

ALUNO: mirlonfernando pág. 154


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ocidental tende a formulá-los como universal. Por isso, a questão da universalidade dos
direitos humanos trai a universalidade do que questiona pelo modo como o questiona.
Por outras palavras, a questão da universalidade é uma questão particular, uma questão
especifica da cultura ocidental”.

A interculturalidade pode ser compreendida como o contato e intercâmbio entre


culturas em condições de igualdade. Esse contato e intercâmbio não devem ser
pensados apenas em termos étnicos, mas também a partir da relação, comunicação e
aprendizagem permanente entre pessoas, grupos, conhecimentos, valores, tradições,
lógicas e racionalidades distintas. Nessa linha, com o intuito de proporcionar um diálogo
intercultural dos direitos humanos, Boaventura propõe o que denomina de hermenêutica
diatópica, que, em breve síntese, consiste na compreensão mútua dos distintos
universos de sentidos das culturas envolvidas no diálogo, para que se consiga alcançar
uma universalidade dos direitos humanos construída por diversas concepções culturais.

7.3.2.2. O universalismo de confluência e a união dos indivíduos em prol da


dignidade da pessoa humana. O denominado universalismo de confluência, também
chamado de universalismo de chegada, é um conceito elaborado pelo filósofo espanhol
Joaquín Herrera Flores ao estudar o papel dos direitos humanos como forma de unir
os indivíduos em prol de embates pela dignidade. Para Herrera Flores, a concepção
tradicional do universalismo seria chamada de universalismo de partida, já que os
defensores dessa concepção de universalismo partem de um conjunto de direitos
preestabelecidos pela cultura ocidental e desconsideram questões importantes como
a diversidade cultural, a distribuição do poder, as questões de gênero e a assimetria
econômica entre os indivíduos, ignorando o contexto real dos fatos. Segundo Flores, o
universalismo tradicional (ou “de partida”) é regido pelos ideais capitalistas, por meio de
um fenômeno chamado “racionalidade da mão invisível”, que é nada mais, nada menos
do que um paralelo realizado por Herrera Flores com a famosa teoria da mão invisível do
mercado de Adam Smith, aplicada no período do Estado Liberal de Direito. Ainda para
Herrera Flores, a concepção culturalista pura seria insuficiente para uma compreensão
dos direitos humanos, já que, na maioria das vezes, os membros de determinada cultura
tendem a ignorar e não valorar práticas culturais não coincidentes com sua cultura,
caracterizando o que se pode chamar de universalismo de retas paralelas. Nessa linha,
Herrera Flores propõe uma visão mais rebuscada dos direitos humanos, pautada em uma
racionalidade de resistência. Para isso, o autor afirma que os indivíduos devem possuir
uma concepção prévia de que são dotados de determinados direitos e, além disso, estão
por vezes em uma situação de opressão (ante a imposição de práticas hegemônicas).
Nessa linha de raciocínio, Flores propõe que o indivíduo se situe na periferia, afinal,
segundo o filósofo espanhol, a periferia seria o lugar ideal para a compreensão dos
valores impostos de forma hegemônica pelo universalismo de partida. Desse modo, e

ALUNO: mirlonfernando pág. 155


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com forte semelhança com a concepção multicultural dos direitos humanos proposta
por Boaventura de Souza Santos, Joaquim Herrera Flores propõe o denominado
universalismo de chegada ou de confluência, segundo o qual os indivíduos buscam
chegar até uma concepção universalista dos direitos humanos por meio da convivência
e de diálogos interculturais, proporcionando cruzamentos e misturas entre os indivíduos
sem a pretensão de excluir nenhum ser humano na luta por sua dignidade”.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 133. Embora o Brasil tenha adotado e internalizado a Convenção sobre a


Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – também conhecida
como Convenção de Belém do Pará –, o Brasil não aderiu ao Protocolo Facultativo àquela
Convenção, de modo que as vítimas ainda não podem denunciar ao Comitê para a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres eventual violação aos seus direitos humanos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.1.4. Os casos brasileiros no Sistema Global. 11. Direitos das mulheres.

O enunciado está equivocado. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação


contra a Mulher – também conhecida como Convenção de Belém do Pará por ter sido adotada pela
ONU em sessão realizada em Belém – foi adotada pela ONU em 1979, tendo sido promulgada na
ordem jurídica interna primeiramente pelo Decreto 86.460 de 1984 e posteriormente em 13.09.2002
por meio do Decreto 4.377. A necessidade de dois decretos de promulgação é porque o Brasil
havia feito algumas reservas e num segundo momento as retirou, com a exceção da reserva ao
art. 29.2, que diz respeito a um sistema de arbitragem nos casos de discussão entre dois ou mais
países acerca da interpretação e aplicação da Convenção.

No que diz respeito ao órgão de monitoramento, a Convenção instituiu o Comitê para a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres, prevendo como mecanismo de proteção apenas o sistema de
relatórios, que é o mais brando entre os mecanismos convencionais. No entanto, posteriormente,
em 1999, foi adotado o Protocolo Facultativo à Convenção, que instituiu o mecanismo das
petições individuais. Diversamente do que consta no enunciado, o Brasil aderiu ao Protocolo
Facultativo, promulgando-o pelo Decreto 4.316 de 2002, de modo que as vítimas podem,
sim, denunciar o Brasil perante o Comitê para a Eliminação da Discriminação contras as
Mulheres.

Atenção: o edital retificado incluiu expressamente o ponto “Os casos brasileiros no Sistema Global”.
O primeiro – e único até o momento – caso em que o Brasil foi condenado no sistema global é Caso
Alyne Pimentel, que tratou do tema sobre mortalidade materna. Para um aprofundamento sobre

ALUNO: mirlonfernando pág. 156


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o Caso Alyne Pimentel, remeto o aluno ao nosso livro Jurisprudência Internacional de Direitos
Humanos.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 134. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três protocolos
facultativos ou adicionais, tendo o Brasil aderido dois desses protocolos, que dizem respeito
ao envolvimento de crianças em conflitos armados e à venda de crianças para pornografia ou
prostituição infantil; o Brasil, porém, não aderiu ao protocolo que ampliou os mecanismos
de proteção, de modo que, atualmente, se submete apenas ao sistema de relatórios.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 12. Direito das Crianças.

O enunciado está correto. A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela ONU
em 20.11.1989 e promulgada na ordem jurídica interna em 21.11.1990 pelo Decreto 99.710. A
Convenção realmente conta com três protocolos facultativos. Os dois primeiros protocolos
facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança foram adotados pela ONU em 23.05.2000
e dizem respeito ao envolvimento de crianças em conflito armado e à venda de crianças para
pornografia ou prostituição infantil. O Brasil aderiu a esses dois protocolos, promulgando-os na
ordem jurídica interna, respectivamente, pelos Decretos 5.006 de 2004 e 5.007 de 2007.

A Convenção sobre os Direitos da Criança, assim como as demais Convenções do sistema global,
instituiu o seu Comitê para os Direitos da Criança como órgão de monitoramento, prevendo
inicialmente apenas o mecanismo dos relatórios periódicos. Posteriormente, por meio de um terceiro
protocolo facultativo, adotado pela ONU em 2012, os mecanismos de proteção foram ampliados,
passando a contemplar também os procedimentos de petições individuais e de inquérito. Muita
atenção: embora o Brasil tenha assinado esse protocolo, ainda não houve a ratificação, de
modo que o seu conteúdo ainda não vincula o país na ordem jurídica internacional nem na
ordem jurídica interna.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 135. Recentemente, a professora Flávia Piovesan foi eleita para compor a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Embora os membros da Comissão sejam
eleitos a título pessoal – e não como representantes dos Estados-membros –, é correto
afirmar que Piovesan não poderá participar de discussão, investigação, deliberação ou
decisão sobre caso brasileiro submetido à Comissão.

ALUNO: mirlonfernando pág. 157


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 3.2.5. Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O enunciado está correto. Inicialmente, recordemos que a Comissão Interamericana de Direitos


Humanos (CIDH) é um órgão de monitoramento da proteção dos direitos humanos no sistema
regional americano. A CIDH não foi criada por tratado, não tendo na sua origem, portanto, base
convencional, status que alcançou somente em 1967, quando a Carta da OEA (um tratado) foi
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, que inseriu a CIDH como um dos principais órgãos
da Organização dos Estados Americanos. A CIDH tem sede em Washington, nos EUA. Também
é importante ressaltar o papel dúplice da CIDH, pois ao mesmo tempo em que é órgão da OEA,
incumbida de promover e proteger os direitos humanos, também é órgão da Convenção Americana
de Direitos Humanos (CADH), com competência inclusive para processar petições individuais e
até mesmo para interpor ação de responsabilidade internacional contra o Estado perante a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.

A CIDH é composta por sete membros, que devem ser pessoas de alta autoridade moral e de
reconhecido saber em matéria de direitos humanos (não há necessidade, portanto, de ser jurista).
Os membros da CIDH são eleitos pela Assembleia-Geral da OEA para um mandato de quatro
anos, admitida uma reeleição.

Muita atenção: embora os membros da CIDH sejam eleitos a título pessoal – e não como
representantes do governo –, o Regulamento da Comissão Interamericana veda que
participem de discussão, investigação, deliberação ou decisão sobre caso oriundo do
Estado do qual são nacionais (art. 19.2.a).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: DANIEL CHIARETTI


E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com

FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E


GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA

QUESTÃO 136. O tridimensionalismo realeano busca superar o normativismo kelseniano


ao propor uma compreensão do direito que leve em conta, além do aspecto normativo,
também o histórico-social e o axiológico.

COMENTÁRIO

ALUNO: mirlonfernando pág. 158


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Ponto do edital: 2.1 Teoria tridimensional do direito.

Miguel Reale (1910-2006) foi um dos filósofos do direito mais importantes do Brasil, e talvez aquele
que mais teve influência no debate em âmbito mundial. Sua maior contribuição se refere à famosa
teoria tridimensional do direito, que passou a ser cobrada no novo edital da DPU.

Segundo Miguel Reale, o direito só pode ser compreendido integralmente a partir da correlação de
três aspectos distintos: o aspecto normativo (direito como ordenamento e a ciência do direito), o
aspecto fático (direito como um fato social) e o aspecto axiológico (direito como um valor, como
justiça). Neste sentido, o direito é um fato (econômico, social etc.), ao qual é somado um valor,
levando as pessoas a atingir certo objetivo por meio de uma norma jurídica. Ou seja, para Miguel
Reale o direito é fato, valor e norma (se não entender nada do autor, decorando isso há grandes
chances de acertar um teste mais superficial).

Percebe-se, portanto, que de fato o modelo realeano não se restringe ao aspecto normativo, típico
de Kelsen. De fato, vimos que para o autor austríaco, aspectos como justiça, valor, economia, fatos
sociais etc., estão fora do ramo da ciência jurídica e, por isso, não são objeto de sua teoria.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 137. Dentro da teoria proposta por Miguel Reale para explicar a nomogênese
jurídica, o poder, representado, por exemplo, pelo Congresso Nacional, é responsável pela
superação da pluralidade de proposições normativas.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1 Teoria tridimensional do direito.

Os aspectos descritos acima ficam mais claros se analisarmos como nascem as normas jurídicas,
ou seja, a nomogênese jurídica. Sobre o tema, explica André Gualtieri de Oliveira (Filosofia do
Direito, São Paulo: Saraiva, 2012, p. 47):

Segundo Reale, os legisladores estão condicionados por um complexo de circunstâncias de fato.


Fato é tudo o que já existe, inclusive os interesses e as situações jurídicas constituídas,
tudo, em suma, que já se tornou objetivado da experiência histórica e que, tanto como os fatos
naturais, condiciona o agir humano.

São fatos, portanto, as condições econômicas, políticas, sociais e jurídicas como o nível da inflação,
o regime político vigente, a existência de uma grande desigualdade social, uma guerra, uma
legislação obsoleta. São fatos também eventos naturais que repercutem nas sociedades humanas,
como uma enchente, um terremoto etc.

ALUNO: mirlonfernando pág. 159


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Perante esse quadro completo de fatores ou de condições naturais e históricas, situam-se homens
e partidos, grupos e classes, enunciando juízos de valor diversos. Os valores são ideias ou as
ideologias políticas, econômicas, morais, filosóficas e jurídicas defendidas em determinado
momento histórico. (...)

Da interação entre fatos e os diferentes valores existentes surgem também diferentes propostas de
solução dos problemas ou, como Reale diz, diversas proposições normativas. (...) Mas a diversidade
de proposições precisa ser superada; é necessário realizar uma escolha entre elas.

É nesse momento que se faz necessária a intervenção de um poder que estabelecerá a norma
jurídica. No contexto brasileiro, isso ocorre no instante em que o Congresso vota e o governo
sanciona um projeto de lei. Nesse momento, uma das proposições normativas se converte em
norma legal. Nessa escolha que constitui um direito novo, revela-se o papel determinante do
poder para a formação do direito.

O esquema de Reale está reproduzido abaixo: os valores estão representados por v1, v2 e v3,
F representa os fatos de onde decorrem certas direções normativas que serão escolhidas por P
(poder), dando origem à N (norma).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 138. Para Miguel Reale, é possível unir conceitualmente o direito e a moral
através da característica comum da bilateralidade atributiva.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 2.1 Teoria tridimensional do direito.

Segundo Reale, toda conduta social humana é bilateral, já que envolve a relação com outro ser
humano. Portanto, isso vale para a moral e para o direito.

ALUNO: mirlonfernando pág. 160


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Todavia, na moral essa bilateralidade depende de um juízo de valor que é feito pelo próprio agente,
sem a criação de uma pretensão. Um mendigo, portanto, não pode exigir que o agente lhe dê uma
esmola, já que isso é um juízo que reside exclusivamente no campo moral.

O direito, contudo, é dotado de uma bilateralidade atributiva, ligando os seres humanos a partir
de um vínculo de exigibilidade. Daí porque, nas relações regidas pelo direito, surge a coercibilidade
quando determinado dever é violado. Ou seja, o direito é coercível porque é exigível e é exigível
por ser dotado de bilateralidade atributiva.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 139. A desobediência civil, articulada inicialmente por Henry David Thoreau,
pode consistir em, por exemplo, recusa no pagamento de impostos ou resistência por parte
de servidores públicos em trabalhar para um governo ilegítimo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8 A desobediência civil.

A expressão resistência civil foi utilizada inicialmente pelo norte-americano Henry David Thoreau
na obra Civil Disobidience (1849) na qual apresentou as razões para resistir ao seu governo, em
especial a tributação que seria utilizada para subsidiar uma guerra contra o México.

Desde então, o conceito de desobediência civil tem sido utilizado em diversos momentos históricos
importantes como resistência a leis injustas. Podemos pensar, por exemplo, na luta pelos direitos
civis capitaneada por Martin Luther King ou na resistência de Gandhi ao domínio britânico na Índia.
É nesta linha que Norberto Bobbio, em seu Dicionário de Política, define a desobediência civil
como “uma forma particular de desobediência, na medida em que é executada com o fim imediato
de mostrar publicamente a injustiça da lei e com o fim mediato de induzir o legislador a mudá-la”.

Neste sentido, Thoreau sustentava que dentre as medidas voltadas à desobediência civil estava
o não pagamento de impostos (motivo que, inclusive, o levou para a prisão) e a resistência de
servidores públicos. Nas situações em que a desobediência civil é justificada, ou seja, diante de
leis consideradas eticamente injustas, as sanções eventualmente aplicadas não devem ser vistas
com um revés. Como afirma Thoreau, “num governo que prende injustamente qualquer pessoa, o
verdadeiro lugar de um homem justo é a prisão”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 140. A desobediência civil consiste principalmente no descumprimento das leis,


sem que isso, necessariamente, implique algum tipo de atitude pública.

ALUNO: mirlonfernando pág. 161


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COMENTÁRIO

Ponto do edital: 8 A desobediência civil.

Como vimos anteriormente, o escopo da desobediência civil não é uma pura e simples desobediência
à lei. Há de se ter um objetivo público e contestatório. Daí porque, em regra, a desobediência civil
é pensada com as características de coletividade, publicidade e não-violência, sempre tendo a
alteração de uma estrutura injusta como norte de atuação.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 141. Do ponto de vista sociológico, há revolução quando a mudança não atinge
apenas o chefe do governo, mas também a própria Constituição política e a forma do governo.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 11. Direito e Revolução.

Recorremos novamente ao Dicionário de Política de Bobbio para buscarmos uma definição de


revolução, novo tema incluído no edital: A Revolução é a tentativa, acompanhada do uso da
violência, de derrubar as autoridades políticas existentes e de as substituir, a fim de efetuar
profundas mudanças nas relações políticas, no ordenamento jurídico-constitucional e na esfera
sócioeconômica

Pois bem. De modo muito esquemático, podemos distinguir dois modos de avaliar uma revolução:
um aspecto jurídico-político, no qual há alterações de índole mais formais (como a mudança da
Constituição, por exemplo) e um aspecto sociológico, no qual a alteração é mais profunda na
sociedade. A este respeito, Paulo Bonavides explica o seguinte: Entendemos que se a mudança se
refere ao pessoal de governo, não houve revolução, mas golpe de Estado; se a mudança porém
atingiu a Constituição política e a forma de governo já é possível falar em revolução, a saber,
revolução política; se, porém, as transformações se verticalizarem mais, descendo a grandes
profundidades sociais, com “ascensão de uma nova classe ao poder” ou “aparição de um novo
sistema de camadas sociais, redistribuição da propriedade ou até mesmo sua abolição”, com o
advento de novas formas de vida econômica, aí o cientista político reconhecerá então a revolução
social, objeto da temática sociológica e constitutivo da verdadeira sociologia da revolução.

Portanto, a mera mudança da Constituição não leva, necessariamente, a uma revolução do ponto
de vista sociológico.

GABARITO: ERRADO

ALUNO: mirlonfernando pág. 162


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QUESTÃO 142. Do ponto de vista estritamente jurídico, uma revolução implica uma quebra
do princípio da legalidade.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 11. Direito e Revolução.

De fato, uma revolução, tal qual compreendida não apenas como a mudança do chefe de governo
(que seria um mero golpe), implica uma quebra da legalidade. Neste sentido, citamos novamente
Paulo Bonavides: Do ponto de vista jurídico a revolução é essencialmente a quebra do princípio
da legalidade, a queda de um ordenamento jurídico de direito público, sua substituição pela
normatividade nova que advém da tomada do poder e da implantação e exercício de um poder
constituinte originário.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 143. Golpe de estado e revolução são figuras distintas por várias razões, dentre
as quais uma característica mais elitista do primeiro.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 11. Direito e Revolução.

Esta é uma distinção muito importante e que já foi mencionada na resolução da questão anterior.
Sobre o tema, trazemos mais uma vez a lição do Dicionário de Política de Norberto Bobbio: A
Revolução se distingue do golpe de Estado, porque este se configura apenas como uma tentativa
de substituição das autoridades políticas existentes dentro do quadro institucional, sem nada ou
quase nada mudar dos mecanismos políticos e sócio- econômicos. Além disso, enquanto a rebelião
ou revolta é essencialmente um movimento popular, o golpe de Estado é tipicamente levado a
efeito por escasso número de homens já pertencentes à elite, sendo, por conseguinte, de caráter
essencialmente cimeiro.

Justamente por isso, segundo Bonavides, os golpes são “detestados do povo, que deles não
participa, pois são sempre de inspiração e execução extremamente minoritária e fechada”.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 144. Ao contrário do que ocorre em sociedades marcadas por castas ou


estamentos, as sociedades contemporâneas ocidentais são marcadas por uma inexistência
de estratificação social.

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica: 6.2 Estratificação social.

A estratificação social refere-se à organização da sociedade em camadas sociais hierárquicas.


Esta característica é mais marcante em sociedades que possuem castas, como a indiana, ou
estamentos, como ocorria no feudalismo. Nestes dois casos, mudanças de classe social são
extremamente complicadas.

No caso de sociedades contemporâneas como a brasileira, em que pese não haja castas e exista
certa mobilidade entre as classes sociais, não é possível dizer que não existe a divisão em camadas.
De fato, há sim tais camadas, as quais são determinadas por diversos fatores, em especial o
econômico e que, em muitos casos, como no brasileiro, podem ensejar uma enorme desigualdade
de classes.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 145. Dentro de um modelo marxista, as classes sociais estão ligadas à relação
das pessoas com os meios de produção.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Sociologia jurídica. 6.2 Estratificação social.

Como explica Antônio Sergio Spagnol, “para os marxistas, a classe social está ligada às relações
dos homens com os meios de produção. Estas relações determinam a existência de classes sociais,
as quais fazem parte do sistema e não existem isoladamente, mas só em relação umas com as
outras. Marx aponta que a história sempre foi uma representação da luta de classes e as relações
entre elas determinam seus interesses de classe” (Sociologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013,
p. 120).

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 146. Norberto Bobbio não vê um conflito entre democracia e liberalismo, eis que
a participação popular é essencial para limitar eventuais abusos dos governantes.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência política. 8. Democracia

ALUNO: mirlonfernando pág. 164


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Nesta rodada, prosseguiremos com algumas revisões pontuais de temas já tratados, com foco,
novamente, em criar repertório de autores. Infelizmente é algo que o CESPE gosta bastante. A
título de exemplo, em 2010 foi cobrado um posicionamento do autor marxista Louis Althusser3,
que é familiar apenas para aqueles que lidam com o marxismo e a teoria política em geral. Para
não complicar muito, tentarei restringir os conceitos ao essencial com a finalidade de resolução de
testes.

Segundo Bobbio na obra “Liberalismo e Democracia”, “a maior garantia de que os direitos de


liberdade sejam protegidos contra a tendência dos governantes de limitá-los e suprimi-los está
na possibilidade que os cidadãos tenham de defendê-los contra os eventuais abusos” (p. 43).
Portanto, a melhor garantia de defesa contra os potenciais abusos é uma maior participação do
povo direta ou indireta na formação das leis.

De acordo com esse autor, portanto, não há uma tensão entre direitos liberais (que são aqueles
comumente associados à “primeira geração” dos direitos fundamentais) com a democracia. Na
verdade, esses dois conceitos foram gradualmente se combinando, de modo que hoje em dia, os
estados são antidemocráticos e antiliberais ao mesmo tempo.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 147. Alguns aspectos da teoria hobbesiana ainda se fazem presentes nos dias
atuais, como a analogia entre o Estado e uma pessoa e o monopólio estatal na produção do
direito.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política: 6.3 A soberania.

Em linhas gerais, o soberano surge, segundo Hobbes, da necessidade dos cidadãos buscarem
segurança. Para isso, estabelecem um pacto e, abdicando da liberdade natural, constituem um
ente soberano com poderes quase absolutos. Neste sentido, este modelo ainda reverbera na
contemporaneidade, já que o Estado é compreendido como dotado de uma personalidade, cuja
“alma” é a soberania, detendo o monopólio exclusivo da produção do direito.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 148. Locke possui diversos traços em comum com Hobbes, dentre os quais
podemos destacar a impossibilidade de revogação da cessão da liberdade natural ao
soberano.

3 Se alguém ficou curioso: https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/a/althusser.htm

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COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política: 6.3 A soberania.

Em Locke também temos um modelo que parte de um estado de natureza em direção a um


Estado soberano. Esta passagem se dá mediante um pacto pelo qual o povo consente em confiar
a execução da lei natural para os governantes. E, sendo fundado no consenso, em qualquer
momento esse consentimento pode ser revogado caso o governante pratique atos que contrariem
os termos daquele pacto inicial. Ou seja, o governante é apenas um fiel depositário (trustee) do
poder confiado pelo povo.

Como afirma Locke, “a sociedade política conserva perpetuamente um poder supremo de


salvaguardar-se das tentativas e propósitos de qualquer pessoa, mesmo seus próprios legisladores,
sempre que estes sejam todos ou perversos o bastante para conceber e levar a cabo planos
contrários às liberdades e propriedades dos súditos” (Segundo Tratado, II, 13, § 149), o que
fundamenta, inclusive, o direito de resistência neste autor.

GABARITO: ERRADO

QUESTÃO 149. De acordo com Rousseau, o pacto social é a fundação da vontade geral, a
qual é a única fonte de soberania.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política: 6.3 A soberania.

Em seu Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Rousseau


mostra como o homem, partindo da bondade inerentes ao estado de natureza, integra-se a uma
sociedade corrupta e desigual fundada na propriedade privada, na existência de magistrados e, por
fim, no estabelecimento de um governo fundado na relação senhor-escravo4.

Este momento em que a liberdade natural do homem, aquela que ele gozava quando no estado de
natureza, está aniquilada e a desigualdade está instalada, será o ponto de partida para instituição
de um novo pacto, o que consistirá na substituição do “falso pacto” existente por um contrato social
que garantirá a liberdade e a igualdade5.

Deste modo, na obra O Contrato Social, Rousseau apresentará uma solução para os problemas

4 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In:
Os Pensadores – Rousseau. 2a. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, pp. 259-282.

5 PISSARRA, Maria Constança Peres. Rousseau: a política como exercício pedagógico. São Paulo: Moderna,
2002, p. 73.

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levantados no Discurso sobre a Desigualdade consistente na instituição de uma ordem social


que possibilitará a passagem da liberdade natural para a liberdade política. Este contrato social,
livremente aceito por todas as partes, “consiste na alienação total de cada associado, com todos
o seus direitos, à sociedade toda”6. Esta alienação total da liberdade natural de todos garantirá a
igualdade de situação entre todos os contratantes, já que “cada um dando-se a todos não se dá a
ninguém”7. Ressalte-se, contudo, que esta alienação da liberdade natural não implica a servidão,
já este pacto dá origem à liberdade civil, a qual trataremos posteriormente.

Desta alienação surge um corpo moral e coletivo, o qual tem uma unidade composta pelos seus
membros. No mesmo sentido, esta renúncia levará ao nascimento de uma vontade geral, em cujo
exercício reside a soberania do povo. Esta vontade geral é, segundo Rousseau, sempre reta e
certa, voltada ao bem comum. Constitui-se não da soma das vontades particulares ou da vontade
de todos, o que a prenderia a interesses privados, mas sim do substrato comum dos interesses
convergentes dos cidadãos enquanto integrantes deste corpo coletivo8. Em síntese, o pacto social
é a fundação da vontade geral, a qual é a única fonte de soberania.

GABARITO: CERTO

QUESTÃO 150. O modelo de democracia deliberativa é marcado pela participação direta


dos cidadãos na determinação das decisões políticas fundamentais através de referendos
e plebiscitos.

COMENTÁRIO

Ponto do edital: Ciência Política: 8.1. Democracia representativa e democracia


deliberativa.

No modelo da democracia deliberativa, encoraja-se a deliberação pública e a ideia de que os


cidadãos devem influenciar uns aos outros através de argumentos racionais, provas e persuasão,
de modo que as políticas sejam moldadas por este processo deliberativo. Assim, é um processo
segundo o qual, de forma pública, os cidadãos deliberam acerca de seus problemas, objetivos,
ideais e ações. Assim, sendo caracterizado pela busca de um bem comum mediante a discussão
pública e a escolha racional dos melhores argumentos, o modelo deliberativo de democracia
contrasta com aquela modelo fundado apenas de interesses, no qual os cidadãos, a partir de
suas preferências pessoais, votam e geram um arranjo democrático decorrente deste conjunto de

6 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social ou princípios do direito político. In: Os Pensadores – Rousseau.
2a. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 33.

7 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social.., op. cit., p. 34.

8 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social.., op. cit., pp. 46-48.

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interesses privados.

Portanto, não é propriamente marcado pela participação direta na escolha, mas sim nos processos
deliberativos através de, por exemplo, audiências públicas. A ideia aqui é que os cidadãos, através
de um discurso racional, chegam juntos a uma certa conclusão.

GABARITO: ERRADO

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QUESTÕES DISSERTATIVAS

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSOR: CAIO PAIVA


E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com

DIREITOS HUMANOS

QUESTÃO 1. Disserte sobre a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, abordando


necessariamente os seguintes pontos: a) criação; b) papel dúplice; c) composição; e d)
possibilidade de a Defensoria Pública Interamericana atuar no processamento de caso
perante a Comissão.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.caiopaiva@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

PROFESSOR: THIMOTIE HEEMANN


E-mail: profcei.thimotieheemann@gmail.com

DIREITOS HUMANOS GRUPO I

QUESTÃO 2. Discorra sobre as quatro dimensões da justiça de transição.

Por fim, responda: É possível suscitar a teoria do direito ao esquecimento frente aos
acontecimentos ocorridos no período da ditadura militar? Justifique.

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.thimotieheemann@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS

ALUNO: mirlonfernando pág. 169


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PEÇA JUDICIAL

ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.

PROFESSORA: MARIA HELENA ROCHA


E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com

DIREITO ADMINISTRATIVO

Quando do julgamento da Petição nº 3.388 pelo Supremo Tribunal Federal, referente ao


emblemático caso Raposa Serra do Sol, o Ministro Relator Ayres Britto afirmou o seguinte:

“O modelo de demarcação das terras indígenas é orientado pela ideia de continuidade.


Demarcação por fronteiras vivas ou abertas em seu interior, para que se forme um perfil
coletivo e se afirme a autossuficiência econômica de toda uma comunidade usufrutuária.
Modelo bem mais serviente da ideia cultural e econômica de abertura de horizontes do que
de fechamento em “bolsões”, “ilhas”, “blocos” ou clusters, a evitar que se dizime o espírito
pela eliminação progressiva dos elementos de uma dada cultura (etnocídio). (...) Cada etnia
autóctone tem para si, com exclusividade, uma porção de terra compatível com sua peculiar
forma de organização social. Daí o modelo contínuo de demarcação, que é monoétnico,
excluindo-se os intervalados espaços fundiários entre uma etnia e outra. Modelo intraétnico
que subsiste mesmo nos casos de etnias lindeiras, salvo se as prolongadas relações
amistosas entre etnias aborígines venham a gerar, como no caso da Raposa Serra do Sol,
uma condivisão empírica de espaços que impossibilite uma precisa fixação de fronteiras
interétnicas. Sendo assim, se essa mais entranhada aproximação física ocorrer no plano dos
fatos, como efetivamente se deu na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, não há como falar de
demarcação intraétnica, menos ainda de espaços intervalados para legítima ocupação por
não índios, caracterização de terras estaduais devolutas, ou implantação de Municípios.”

Considerando as reflexões acima contidas, disserte sobre o regime constitucional e


infraconstitucional das terras ocupadas pelos índios e pelos remanescentes de quilombolas,
definindo o que se entende por comunidades tradicionais e abordando, necessária e
fundamentadamente, os seguintes pontos:

1) Em relação às terras tradicionalmente ocupadas por índios:

a) A titularidade de seu domínio;

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b) A diferença entre as teorias do indigenato e do fato indígena, apontando qual é a


adotada pelo STF;

c) As características e requisitos para a sua exploração;

d) É cabível indenização aos particulares por eventuais benfeitorias realizadas em


terra indígena?

e) É possível a remarcação ampliativa de áreas demarcadas em período anterior à


Constituição, de acordo com a jurisprudência do STJ?;

f) É dispensável a realização de etapa de levantamento da área a ser demarcada, no


caso de já haver trabalhos anteriores de delimitação da terra indígena, de acordo com
a jurisprudência do STJ?

2) Em relação às terras ocupadas pelos remanescentes das comunidades de quilombos:

a) A titularidade de seu domínio;

b) A natureza e características do título de propriedade;

c) Os critérios para a sua caracterização;

d) A providência a ser adotada pelo Poder Público no caso de incidir título particular
nos referidos territórios;

e) É possível alienação, penhora ou usucapião dos referidos territórios?

A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 90 LINHAS

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NOME:_________________________________________________________________________________________________

CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 8ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ PEÇA JUDICIAL DATA: _____/_____/_____

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CURSO: CEI-DPU RETA FINAL 2017 RODADA: 8ª. PROFESSOR:_______________________________________

MATÉRIA: _____________________________________ QUESTÃO Nº: _________ DATA: _____/_____/_____

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