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CEI-DPU
RETA FINAL 2017
8ª RODADA - 10/07/2017
DURAÇÃO
18/04/2017 A 17/07/2017
MATERIAL ÚNICO
Questões totalmente inéditas
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada
1 PEÇA JUDICIAL
Por rodada
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-DPU
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. RETA FINAL
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela 2017
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo.
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ALUNO: mirlonfernando pág. 2
CEI-DPU
RETA FINAL 2017
8ª RODADA - 10/07/2017
PROFESSORES
E-mail: profcei.caiopaiva@gmail.com
E-mail: profcei.thiotieheemann@gmail.com
E-mail: profcei.mariahelena@gmail.com
E-mail: profcei.edilsonsantana@gmail.com
E-mail: profcei.fernandaprugner@gmail.com
E-mail: profcei.rafaelporto@gmail.com
E-mail: profcei.danielchiaretti@gmail.com
INSTRUÇÕES GERAIS
O CEI nasceu como um curso voltado exclusivamente para a preparação para o concurso da DPU,
em 2013. Depois foram surgindo cursos para diversas outras carreiras, mas certamente temos um
carinho especial pelo CEI-DPU, curso com o qual conseguimos contribuir para a aprovação de 78
alunos no V Concurso da DPU.
ALGUMAS ORIENTAÇÕES:
1) Simulem ao máximo a prova real. Quanto estiverem fazendo as questões objetivas, não deixem
nenhum material de pesquisa por perto. Se puderem imprimir o material, melhor ainda; se não
puderem, não há problema. Quando forem fazer as questões dissertativas e a peça judicial, deixem
por perto apenas a legislação seca (sem anotações).
2) Fiquem à vontade para enviarem suas respostas e peças escritas à mão ou digitadas. Para
qualquer destas opções, há um modelo na área do aluno que vocês devem observar. Se decidirem
enviar as respostas escritas à mão, baixem o modelo (disponível também no final desse arquivo) e
depois, na hora de enviar para o e-mail do professor, lembrem-se de colocar as páginas em arquivo
único no formato .pdf. Se decidirem enviar as respostas no formato digitadas, baixem o modelo no
formato .doc.
3) Observem os prazos estabelecidos no cronograma, que está no site e agora repetido aqui:
4) Para dúvidas sobre os temas tratados nas rodadas, falem diretamente com o professor
responsável. Todos os e-mails estarão nos materiais. Para críticas ou considerações, podem
escrever para mim no e-mail profcei.caiopaiva@gmail.com. Para dúvidas sobre acesso ao material
ou à área do aluno, falem no e-mail suporte@cursocei.com.
CAIO PAIVA
Coordenador do CEI-DPU
SUMÁRIO
ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum
material, a fim de simular a situação encontrada em prova.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 2. Acerca da responsabilidade civil e da cessão de crédito, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 3. Ainda na temática da responsabilidade civil, julgue o item abaixo:
De acordo com disposição expressa do Código Civil, os credores de indenização por dano
morte, fixada na forma de pensão mensal, têm o direito de exigir que o causador do ilícito
pague de uma só vez todo o valor correspondente.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 4. Julgue o item de acordo com o entendimento do STJ:
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 6. Consoante posicionamento do STJ, julgue o item:
Aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre condôminos
de coisa indivisível.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 7. No que diz respeito ao depósito voluntário, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 8. Acerca do Estatuto da Pessoa com Deficiência, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 9. Acerca do Programa de Arrendamento Residencial, julgue o item:
De acordo com o STJ, ainda que existentes vícios de construção que tornem precárias as
condições de habitabilidade de imóvel incluído no Programa de Arrendamento Residencial,
incabível a condenação da CEF a devolver aos arrendatários, optantes pela resolução do
contrato, o valor pago a título de taxa de arrendamento, pois mera operadora do programa.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 11. Acerca da ordem de vocação hereditária, julgue o item seguinte:
Guilherme, casado com Juliana no regime da comunhão parcial de bens e com dois filhos,
faleceu deixando bens particulares. Nessa situação, de acordo com o Código Civil, Juliana
não terá direito de concorrência com os descendentes do casal quanto aos bens particulares
constantes do acervo hereditário, eis que já tem direito à meação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 12. Acerca dos efeitos do contrato de fiança, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 13. Em relação ao instituto do mútuo, julgue o item:
O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não
poderá ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 14. Acerca da posse, julgue o item:
A posse justa é caracterizada mediante uma análise subjetiva, por sua vez a posse de boa-fé
é verificada objetivamente.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
DIREITO EMPRESARIAL GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 17. Acerca das sociedades limitadas, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 18. De acordo com entendimento recente do STJ, julgue o item:
O aval dado aos títulos de créditos típicos prescinde de outorga uxória ou marital.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 19. Acerca do cheque, julgue o item:
A pós-datação de cheque, ainda que realizada fora do campo da data da emissão, é hábil
a ampliar o prazo de apresentação do título à instituição financeira sacada, conferindo
segurança e eficácia a pactuação realizada.
ccCERTO ccERRADO
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é de cinco anos, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO DO CONSUMIDOR GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 22. Julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 23. Analise e julgue o item seguinte:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 24. No que diz respeito a coisa julgada nas ações coletivas, prevista no CDC, e o
entendimento do STJ sobre o tema, julgue o item:
Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta em
defesa de direitos individuais homogêneos, inclusive por falta de provas, não é possível a
propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que
em outro Estado da federação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 25. Acerca das disposições do Código de Defesa do Consumidor, julgue o item:
ccCERTO ccERRADO
DIREITO AMBIENTAL GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 27. É obrigatória a elaboração do plano diretor para cidades com mais de quinze
mil habitantes.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 28. O Estatuto da Cidade prevê uma modalidade especial de usucapião coletiva
para pessoas de baixa renda.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 29. O artigo 38 da Lei de Crime Ambientais prevê uma hipótese de “norma penal
em branco ao quadrado”.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL GRUPO I
QUESTÃO 31. Há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples em ação de repetição de indébito relativa
a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado
entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 32. Na fase de cumprimento de sentença há necessidade de intimação formal
da parte para apresentar impugnação, mesmo após seu comparecimento espontâneo nos
autos.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 33. Em Ação Civil Pública somente haverá condenação da associação autora
em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé, a qual
exige, para sua configuração, a presença de dolo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 34. As ações rescisórias processadas e julgadas originariamente no STJ após o
advento do CPC/2015 dispensam a figura do revisor.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 35. É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas
contrarrazões.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 36. Se o autor, na petição inicial, ou o réu, em petição apresentada com dez
dias de antecedência da data da audiência, manifestar expressamente seu desinteresse na
composição consensual, não será realizada a audiência de conciliação ou de mediação.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 37. A perpetuatio juridictionis impede a alteração da competência em razão da
mudança de domicílio do réu.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 38. A regra da perpetuatio juridictionis será excepcionada quando houver
supressão do órgão judiciário ou alteração superveniente da competência absoluta. No
segundo caso, já tendo havido sentença quando da alteração da competência absoluta, não
haverá, todavia, redistribuição do processo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 39. No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Federal sua
competência é absoluta.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 40. Não se incluem na competência do Juizado Especial Federal Cível as causas
que tenham como objeto a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal de
natureza previdenciária, ainda que tenham valor de até sessenta salários mínimos.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO TRIBUTÁRIO GRUPO I
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 43. Não se pode constituir o crédito tributário com base em confissão de dívida
realizada após a extinção do crédito pela decadência, ainda que o objetivo da confissão seja
a inclusão em programa de parcelamento tributário.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 44. É constitucional o protesto de certidões de dívida ativa pela Fazenda Pública.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 45. O responsável tributário subsidiário só é chamado a adimplir a obrigação do
contribuinte caso a este não seja possível que a Fazenda Pública exija o pagamento.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL E CRIMINOLOGIA GRUPO II
QUESTÃO 46. As Regras de Mandela proíbem a revista em partes íntimas de pessoas que
visitam unidades prisionais.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 47. As Regras de Mandela não proíbem o isolamento da pessoa presa, limitando-o,
porém, ao máximo de 15 dias, sendo que, transcorrido esse prazo, o isolamento passa a ser
considerado confinamento solitário prolongado, prática que as Regras de Mandela proíbem.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 48. As Regras de Mandela, assim como a Lei de Execução Penal brasileira,
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê exclusivamente por
meio das visitas e de correspondência escrita.
ccCERTO ccERRADO
A respeito dos crimes contra a ordem tributária, julgue os dois itens a seguir.
QUESTÃO 49. Apesar de a pena do crime de falso seja maior do que a pena do crime de
descaminho, quando aquele é praticado como crime-meio para a consecução do segundo,
conforme tem decidido os tribunais superiores, incidirá o princípio da consunção.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 50. Conforme tem decidido o Supremo Tribunal Federal, em razão de se constituir
crime material contra a ordem tributária somente com o lançamento definitivo do tributo,
não se pode falar em termo inicial do prazo prescricional antes desse evento oriundo do
processo administrativo fiscal.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL GRUPO II
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 52. Se o defensor público impetra habeas corpus contra prisão preventiva
decretada quando do recebimento da denúncia, no caso de quando do julgamento do HC o
Tribunal constatar que dias atrás foi proferida sentença condenatória com manutenção da
prisão preventiva, ainda que não tenham sido invocados fundamentos indiscutivelmente
diversos do decreto de prisão preventiva originário, prevalece na jurisprudência dos
tribunais superiores que o HC perderá o objeto.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 53. Conforme tem decidido o Superior Tribunal de Justiça, a contemporaneidade
dos motivos é um requisito para se aplicar medidas cautelares, principalmente a prisão
preventiva.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 54. Conforme tem decidido os tribunais superiores, não cabe à instância
julgadora do habeas corpus agregar ou complementar a fundamentação da decisão que
decretou a prisão preventiva.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 55. Conforme tem decidido os tribunais superiores, a ausência de comunicação
da prisão em flagrante à Defensoria Pública, no caso em que a pessoa não possua advogado,
não torna a prisão ilegal.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PENAL MILITAR GRUPO II
QUESTÃO 56. O Código Penal militar, tal como o Código Penal comum, prevê o perdão
judicial como causa extintiva da punibilidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal militar, diferente do Código Penal comum, tipifica como
crime o dano culposo.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR GRUPO II
QUESTÃO 59. O Código de Processo Penal Militar prevê que, havendo divergência entre as
suas normas e as normas contidas em tratados de que o Brasil seja signatário, prevalecerão
as últimas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 60. Conforme estabelece a LC 80, é atribuição do Defensor Público-Geral Federal
atuar junto ao Superior Tribunal Militar.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 61. O TSE não possui competência originária para julgamento de crimes
eleitorais.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 62. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e
oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 63. O conceito de domicílio eleitoral é mais restrito que o conceito de domicílio
civil.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 64. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o fato de determinado indivíduo estar
inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 65. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as emendas constitucionais que
alterem o processo eleitoral devem respeitar o princípio da anualidade eleitoral.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO ADMINISTRATIVO GRUPO III
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 67. A possibilidade de impetração de habeas data e o direito de petição ao
poder público são instrumentos jurídicos que materializam, dentre outros, o princípio da
publicidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 68. A satisfação das necessidades coletivas através da prestação de serviços
públicos está relacionada à persecução do interesse público secundário.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 69. A Administração Pública pode retirar do ordenamento o ato administrativo
praticado em desconformidade com a ordem jurídica, o que caracteriza a revogação do
referido ato. Nesse caso, devem ser respeitados os direitos adquiridos.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 71. Tratando-se de ato administrativo que nega pedido de licença para construção
formulado por particular, é vedada a motivação aliunde.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 72. O Poder Legislativo pode controlar a Administração Pública sustando
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, bem como
requisitando informações dos agentes públicos, sob pena de crime de responsabilidade.
Essas duas medidas representam formas de controle parlamentar direto da Administração
Pública.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 73. Havendo inadimplemento do usuário e prévia notificação do Poder Público,
é legítimo o corte do serviço de energia de todos os imóveis do usuário, ainda que o
inadimplemento se refira apenas a um deles.
ccCERTO ccERRADO
Acerca da concessão de serviços públicos, julgue os itens 74 e 75:
QUESTÃO 74. A empresa Felicidade S/A, após regular procedimento licitatório, celebrou
contrato de concessão comum com a União, para oferecer determinado serviço público.
Nesta situação, é correto afirmar que não haverá contrapartida pecuniária à concessionária,
cuja remuneração será realizada por meio de tarifas com as quais arcarão os usuários.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 75. Ao fim do contrato de concessão, a empresa Felicidade S/A reverteu ao
patrimônio da União determinados bens, para que os serviços públicos continuassem a ser
prestados. Eventual onerosidade, ou seja, contraprestação por parte da União, na reversão
dos bens não viola as disposições legais sobre o instituto.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 77. Havendo rescisão indireta, o empregado faz jus à indenização de 40% sobre
os depósitos do FGTS.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 78. De acordo com a jurisprudência do TST, as regras punitivas referentes à
prática de lockout podem ser aplicadas aos operadores portuários, no caso em que estes
interrompam as atividades para frustrar eventual negociação coletiva com os trabalhadores
avulsos.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 79. É possível a prorrogação da jornada do menor de idade em virtude de
necessidade imperiosa decorrente de qualquer evento inevitável em relação à vontade
do empregador e com a qual ele não concorreu e desde que o trabalho do adolescente
seja indispensável à continuidade das atividades do empregador, salvo se constatada
imprevidência deste.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 80. Considera-se dumping social a modalidade de ganho de competitividade
desleal decorrente da deterioração do contrato de emprego, reduzindo-se os custos sociais
trabalhistas, com o intuito de conferir lucro ao empregador.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO GRUPO III
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 83. José trabalhou na empresa X durante dois anos, até ser dispensado sem
justa causa. Ao anunciar a dispensa, a empresa forneceu a José um termo de rescisão,
assinado pelo gerente, com a discriminação das verbas rescisórias a ele devidas. O
documento não foi assinado por testemunhas. Na mesma ocasião, José recebeu um cheque
como pagamento pelos valores devidos, o qual, porém, somente tentou descontar 8 (oito)
meses depois de findo o prazo de apresentação. Nessa situação, a fim de ver satisfeito seu
crédito, José poderá optar entre a execução do cheque, que é título executivo extrajudicial,
e o ajuizamento de ação monitória.
ccCERTO ccERRADO
Acerca da ação civil pública em matéria trabalhista, julgue os itens 84 e 85:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 85. Havendo, em ação civil pública trabalhista que verse sobre direitos difusos,
julgamento de improcedência por insuficiência de provas, não haverá formação de coisa
julgada material. Nesse caso, é correto falar em coisa julgada secundum eventum probationis.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO PREVIDENCIÁRIO GRUPO III
QUESTÃO 86. Segundo o entendimento mais recente do STJ, o rol de doenças, previsto
na legislação, que permitem a aposentadoria por invalidez integral no âmbito do Regime
Próprio da Previdência Social é taxativo.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 88. O período básico de cálculo corresponde aos 36 últimos salários-de-
contribuição.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 89. A renda mensal inicial da aposentadoria por idade será de 70% do salário-
de-benefício, mais 1% a cada grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 91% do
salário-de-benefício.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 90. Segundo entendimento consolidado do STF, o segurado tem direito a que
seu benefício seja calculado para alcançar a melhor renda possível, se já havia, na data a ser
tomada por base, reunido os requisitos para sua obtenção.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 91. O fator previdenciário é calculado considerando-se a idade, a expectativa de
sobrevida e o tempo de contribuição do segurado. O cálculo é feito de maneira absolutamente
igual para homens e mulheres, inclusive com relação à expectativa de sobrevida, pois é
considerada a média nacional única para ambos os sexos.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 92. Caso trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, e opte por contribuir com alíquota reduzida, o segurado contribuinte individual
poderá se aposentar por tempo de contribuição, porém não faz jus a aposentadoria especial.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 93. O aposentado pelo RGPS que retorna à atividade, enquadrando-se como
contribuinte individual, não faz jus, nessa condição, a salário-família.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 94. As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao
salário ou ao benefício.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 95. O valor da cota de salário-família a ser paga ao trabalhador avulso é
proporcional, dependendo do número de dias efetivamente trabalhados no mês.
ccCERTO ccERRADO
PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DA DEFENSORIA PÚBLICA GRUPO III
Ainda sobre o tema das prerrogativas dos membros da Defensoria Pública, julgue os quatro
itens a seguir.
QUESTÃO 96. A prerrogativa da intimação pessoal mediante vista dos autos não se aplica
às intimações expedidas por tribunais superiores.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 97. A prerrogativa do prazo em dobro se aplica inclusive quando a lei estabelecer,
de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública, conforme prevê o novo Código
de Processo Civil.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 98. A LC 80 assegura aos membros da Defensoria Pública a prerrogativa de
serem ouvidos como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e
local previamente ajustado com a autoridade competente, prerrogativa esta que não incide
quando o defensor público é ouvido como ofendido ou como réu.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 99. A Lei Orgânica da Defensoria Pública confere aos membros da instituição
igual prerrogativa àquela prevista pelas Leis Orgânicas da magistratura e do Ministério
Público para os seus membros, assegurando que os defensores públicos somente podem
ser presos por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que
a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO CONSTITUCIONAL GRUPO IV
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 101. O antropocentrismo alargado revela que os seres humanos estão no centro
das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 102. 102. A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado”, constante no caput do artigo 225 da Constituição Federal, traduz o Princípio
Solidariedade Intergeracional.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 103. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido com preponderância para
as necessidades das futuras gerações.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 104. Viola o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos Ambientais das
Atividades de Qualquer Natureza (art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal), a previsão legal
que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 106. A Mata Atlântica brasileira é bem de titularidade da União.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 107. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, tendo presente a garantia
constitucional que protege o direito de propriedade, é no sentido da indenizabilidade das
coberturas vegetais que recobrem áreas privadas objeto de apossamento estatal ou sujeitas
a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 108. É lícito ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional
em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal
e Municípios), autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de
serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de
observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não
resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios,
a instituição de regime jurídico de proteção especial.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 109. As concessionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica
estão obrigadas a reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de transmissão, de
acordo com padrões internacionais de segurança, em face de eventuais efeitos nocivos à
saúde da população.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 110. Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a
aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise
formal dos parâmetros relacionados ao princípio e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 111. O modelo de controle de constitucionalidade norte americano tem como
marco inicial o famoso julgamento do caso Marbury x Madison, em 1803, caracterizando-se
por ser um modelo concentrado. Já o modelo austríaco ou kelseniano caracteriza-se por ser
incidental.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 112. É garantida a matrícula de servidores públicos civis e militares, e seus
dependentes, transferidos em razão do interesse da Administração, respeitando-se a
congeneridade das instituições envolvidas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 113. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que não se
exige, nas decisões judiciais, o exame detalhado de cada argumento suscitado pelas partes.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 114. As propriedades rurais e urbanas serão expropriadas e destinadas à reforma
agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e
sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Sendo assim, é possível o confisco de todo
e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem a
necessidade de se perquirir a habitualidade ou reiteração do uso do bem para tal finalidade.
ccCERTO ccERRADO
DIREITO INTERNACIONAL GRUPO IV
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 116. A proibição do uso da força pelos Estados é norma de jus cogens.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 117. Os tratados internacionais de direitos humanos são regidos pelo princípio
da interpretação autônoma.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 118. Todas as normas de direitos humanos possuem status de jus cogens.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a INTERPOL possui legitimidade para
formular perante o Ministério da Justiça pedido de prisão cautelar para fins de extradição.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 120. É possível a aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais
previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções
internacionais firmadas em momento anterior a CVDT.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 121. O asilo diplomático é um costume internacional regional, aplicado apenas
no âmbito da América Latina.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 122. Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 124. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a concordância do extraditando em
ser extraditado não exime o Supremo Tribunal Federal de examinar a legalidade do pleito.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 125. A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa
em situação de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 126. A nova Lei de Migração prevê expressamente o princípio do non-refoulement.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 127. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Brasileiro titular de green card,
que adquire nacionalidade norte-americana, perde a nacionalidade brasileira e pode ser
extraditado pelo Brasil.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 128. O princípio do desenvolvimento sustentável surgiu no âmbito internacional
a partir do Relatório Brundtland.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 129. O Ecocídio é um crime contra a humanidade de competência do Tribunal
Penal Internacional.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 130. O Tribunal Penal Internacional, estabelecido por meio do Estatuto de Roma,
pode ser apontado como um antecedente histórico da criação do Direito Internacional dos
Direitos Humanos, pois os seus julgamentos ocorridos anteriormente ao surgimento da
Organização das Nações Unidas (1945) projetaram a mensagem de que o Direito Internacional
dos Direitos Humanos não se coaduna com a impunidade de crimes contra a humanidade.
ccCERTO ccERRADO
Sobre o princípio da universalidade dos direitos humanos, julgue os dois itens a seguir:
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 132. A doutrina contemporânea aceita com absoluta uniformidade o princípio da
universalidade dos direitos humanos, ressaltando que a observância de particularidades
das culturais locais ou regionais representaria um retrocesso. Assim, pode-se afirmar que
não há, no âmbito doutrinário, propostas para se superar o paradigma do universalismo vs.
relativismo cultural.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 133. Embora o Brasil tenha adotado e internalizado a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – também conhecida
como Convenção de Belém do Pará –, o Brasil não aderiu ao Protocolo Facultativo àquela
Convenção, de modo que as vítimas ainda não podem denunciar ao Comitê para a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres eventual violação aos seus direitos humanos.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 134. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três protocolos
facultativos ou adicionais, tendo o Brasil aderido dois desses protocolos, que dizem respeito
ao envolvimento de crianças em conflitos armados e à venda de crianças para pornografia ou
prostituição infantil; o Brasil, porém, não aderiu ao protocolo que ampliou os mecanismos
de proteção, de modo que, atualmente, se submete apenas ao sistema de relatórios.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 135. Recentemente, a professora Flávia Piovesan foi eleita para compor a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Embora os membros da Comissão sejam
eleitos a título pessoal – e não como representantes dos Estados-membros –, é correto
afirmar que Piovesan não poderá participar de discussão, investigação, deliberação ou
decisão sobre caso brasileiro submetido à Comissão.
ccCERTO ccERRADO
FILOSOFIA DO DIREITO, NOÇÕES DE SOCIOLOGIA JURÍDICA E
GRUPO IV
NOÇÕES DE CIÊNCIA POÍTICA
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 137. Dentro da teoria proposta por Miguel Reale para explicar a nomogênese
jurídica, o poder, representado, por exemplo, pelo Congresso Nacional, é responsável pela
superação da pluralidade de proposições normativas.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 138. Para Miguel Reale, é possível unir conceitualmente o direito e a moral
através da característica comum da bilateralidade atributiva.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 139. A desobediência civil, articulada inicialmente por Henry David Thoreau,
pode consistir em, por exemplo, recusa no pagamento de impostos ou resistência por parte
de servidores públicos em trabalhar para um governo ilegítimo.
ccCERTO ccERRADO
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 141. Do ponto de vista sociológico, há revolução quando a mudança não atinge
apenas o chefe do governo, mas também a própria Constituição política e a forma do governo.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 142. Do ponto de vista estritamente jurídico, uma revolução implica uma quebra
do princípio da legalidade.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 143. Golpe de estado e revolução são figuras distintas por várias razões, dentre
as quais uma característica mais elitista do primeiro.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 144. Ao contrário do que ocorre em sociedades marcadas por castas ou
estamentos, as sociedades contemporâneas ocidentais são marcadas por uma inexistência
de estratificação social.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 145. Dentro de um modelo marxista, as classes sociais estão ligadas à relação
das pessoas com os meios de produção.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 146. Norberto Bobbio não vê um conflito entre democracia e liberalismo, eis que
a participação popular é essencial para limitar eventuais abusos dos governantes.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 147. Alguns aspectos da teoria hobbesiana ainda se fazem presentes nos dias
atuais, como a analogia entre o Estado e uma pessoa e o monopólio estatal na produção do
direito.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 148. Locke possui diversos traços em comum com Hobbes, dentre os quais
podemos destacar a impossibilidade de revogação da cessão da liberdade natural ao
soberano.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 149. De acordo com Rousseau, o pacto social é a fundação da vontade geral, a
qual é a única fonte de soberania.
ccCERTO ccERRADO
QUESTÃO 150. O modelo de democracia deliberativa é marcado pela participação direta
dos cidadãos na determinação das decisões políticas fundamentais através de referendos
e plebiscitos.
ccCERTO ccERRADO
Queridos alunos,
Acabou a espera, foi publicado o edital nº 1 – DPU, de 12 de junho de 2017 e dias após, sua
retificação. A republicação do conteúdo programático trouxe algumas alterações acerca das
disciplinas de Direito Civil, Empresarial e Consumidor. Asseguro a vocês, mais do que a inserção
de novos tópicos, ocorreu um maior detalhamento dos temas constantes do edital de abertura,
muitos deles já estudados nesse curso de reta final. Ex.: inadimplemento das obrigações, mútuo,
comodato, nome empresarial, Lei das sociedades anônimas, publicidade no CDC, banco de dados
e cadastro de consumidores, etc.
COMENTÁRIO
Começaremos o estudo dessa rodada com dois pontos do edital muitas vezes desprezados pelos
candidatos ao cargo de Defensor Público Federal, relações de parentesco e guarda.
De acordo com o disposto no artigo 1.589 do Código Civil, “o pai ou a mãe, em cuja guarda não
estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação”. À discussão
levada ao Tribunal da Cidadania, cingia-se ao cabimento ou não da fixação preventiva de astreintes
para a hipótese de eventual descumprimento do regime de visitação da criança, por parte do
genitor detentor da guarda, consoante acordo firmado entre as partes e homologado judicialmente.
Com efeito, nos termos do art. 1.589 do CC/02, o direito de visita é uma garantia
conferida pela lei, ao pai ou à mãe que não detiver a guarda do filho, para que possa
desfrutar de sua companhia segundo o que for acordado entre eles ou decidido pelo
juiz. O direito de visitação tem por finalidade manter o relacionamento do filho com
o genitor não guardião, que também compõe o seu núcleo familiar, interrompido
pela separação do casal ou por outro motivo, tratando-se de uma manifestação do
direito fundamental de convivência familiar garantido pela Constituição Federal,
no seu art. 227, caput. Essa prioridade absoluta aos direitos da criança, do adolescente
e do jovem, assegurada pela CF/88, que abrange o direito de visita como decorrência
do direito à convivência familiar, em absoluto, não pode ser visto somente como um
direito do genitor não guardião, mas como um direito do próprio filho, de modo que
deve ser assegurado e facilitado pelos pais, com absoluta prioridade, priorizando
a intimidade, que é direito intangível da personalidade. A cláusula geral do melhor
interesse da criança e do adolescente, decorrente do princípio da dignidade da pessoa
humana, recomenda que o Poder Judiciário cumpra o dever de protegê-las, valendo-se
dos mecanismos processuais existentes, de modo a garantir e facilitar a convivência
do filho com o visitante nos dias e na forma previamente ajustadas, e coibir o guardião
de criar obstáculos para o cumprimento do acordo firmado com a chancela judicial.
Nesse cenário, o direito de visitação deve ser visto como uma obrigação de fazer
do guardião de facilitar, assegurar e garantir, a convivência do filho com o não
guardião, de modo que eles possam se encontrar, manter e fortalecer os laços
afetivos e, assim atender suas necessidades imateriais, dando cumprimento ao
preceito constitucional. Dessa forma, o não guardião pode ir a juízo para assegurar
o direito de ter o filho em sua companhia caso haja obstáculo ou resistência ao
exercício do seu direito. Como é sabido, o art. 461 e parágrafos do CPC/73, trazem
instrumentos processuais úteis ao jurisdicionado na obtenção de tutela das obrigações
de fazer e não fazer, podendo ele obter tanto a preventiva como a inibitória, além de
medidas coercitivas para que se possa obter o cumprimento da obrigação. A melhor
interpretação é a de que os instrumentos processuais previstos nos referidos
dispositivos legais podem ser utilizados para tutelar os direitos provenientes do
direito de visitação, devendo a expressão obrigação de fazer ou não fazer ser
interpretada como de abrangência geral, acolhendo também as de natureza não
patrimonial, servindo como um mecanismo apto e eficiente de garantir o direito
fundamental da personalidade que é o do regime da visitação. Por oportuno, cabe
ressaltar que o NCPC, afasta qualquer dúvida sobre a temática aqui discutida,
pois o § 5º do art. 536, autoriza, de modo expresso, a aplicação de multa em caso
de descumprimento de obrigação de natureza não obrigacional ou existencial.
Além disso, outro mecanismo que poderia ser utilizado para que o não guardião da
criança exercesse o seu direito de visitação, seria a utilização da ação de busca e
apreensão (CPC/73, art. 839). No entanto, essa medida, levando-se em consideração
sempre o melhor interesse da criança e do adolescente, pode se mostrar drástica e
prejudicial para elas que poderiam ser levadas a força por uma ordem judicial, inclusive
com a utilização da polícia para a sua efetivação, mostrando-se a astreintes um meio
mais eficaz e menos traumatizante para o menor. (REsp 1.481.531-SP, Rel. Min. Moura
Ribeiro, por unanimidade, julgado em 16/2/2017, DJe 7/3/2017. grifamos)
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 10. Obrigações. (..) 10.2. Cessão de crédito. (...) 12. Responsabilidade civil.
O DPVAT, sigla de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, é um seguro
de responsabilidade civil obrigatório de danos pessoais, causados por veículos automotores de via
terrestre, ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não, regulamentado pela Lei 6.194/74.
Os danos pessoais cobertos pelo seguro DPVAT compreendem às indenizações por morte, por
invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos
valores e conforme as regras estabelecidas pela lei de regência.
De fato, conforme apresentando no enunciado, o artigo 3º, § 2º, da Lei 6.194/74 veda a cessão
de crédito em relação à hipótese de despesas médico-hospitalares decorrentes do seguro DPVAT,
assim dispondo: “Assegura-se à vítima o reembolso, no valor de até R$ 2.700,00 (dois mil e
setecentos reais), previsto no inciso III do caput deste artigo, de despesas médico-hospitalares,
desde que devidamente comprovadas, efetuadas pela rede credenciada junto ao Sistema Único de
Saúde, quando em caráter privado, vedada a cessão de direitos”. Por seu turno, inexistindo óbice
legal a cessão de crédito de indenização do seguro DPVAT decorrente de morte, é perfeitamente
possível sua ocorrência, consoante entendimento do STJ, estando inteiramente correta a questão
formulada.
do DPVAT (Lei 6.194/1974), óbice à cessão dos direitos sobre a indenização devida,
não cabe ao intérprete impor restrições ao titular do crédito. Cabe ressaltar que
o legislador, quando quis, vetou expressamente a possibilidade de cessão de
crédito decorrente do seguro DPVAT, mas o fez apenas em relação à hipótese
de reembolso de despesas médico-hospitalares (art. 3º, § 2º, da Lei 6.194/1974,
incluído pela Lei 11.945/2009). (REsp 1.275.391-RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
julgado em 19/5/2015, DJe 22/5/2015. grifamos).
GABARITO: CERTO
De acordo com disposição expressa do Código Civil, os credores de indenização por dano
morte, fixada na forma de pensão mensal, têm o direito de exigir que o causador do ilícito
pague de uma só vez todo o valor correspondente.
COMENTÁRIO
O Código Civil, ao tratar do tema responsabilidade civil estabeleceu expressamente no artigo 950,
parágrafo único, que “se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas
do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único.
O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só
vez”. Todavia, no caso de indenização por dano morte fixada na forma de pensão mensal (artigo
948), o diploma civilista foi silente acera de sua exigência em parcela única, encontrando-se aqui
o erro da questão.
Sobre o tema, importante o conhecimento da doutrina divergente, asseverando ser possível exigir
em parcela única indenização, mesmo no caso de morte, vejamos: “(...) assim como Cristíano
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (Curso de Direito Civil. Vol. III. Responsabilidade Civil. 2
Ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 257), concorda-se, no particular, com a possibilidade de exigência
do pagamento indenizatório, por parte do lesado, em parcela única. Aplica-se, por analogia,
a prerrogativa do art. 950, parágrafo único do Código Civil, desde que não implique em
insolvência pessoal ou falência empresarial” (FARIAS, Cristiano Chaves de. FIGUEIREDO,
Luciano. EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. DIAS, Wagner Inácio. Código Civil para Concursos. 5ª ed.
2017. JusPodivm. p. 847. grifamos).
Por fim, a par da divergência apontada e com foco no artigo 950, parágrafo único, do Código Civil,
isto é, possibilidade de exigência de indenização em parcela una, no caso de comprometimento da
capacidade laborativa da vítima, destaca ainda a jurisprudência: “Nos casos de responsabilidade
civil derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC), a vítima não tem o direito absoluto
de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja arbitrada e paga de uma
só vez, podendo o magistrado avaliar, em cada caso concreto, sobre a conveniência da aplicação
da regra que autoriza a estipulação de parcela única (art. 950, parágrafo único, do CC), a fim de
evitar, de um lado, que a satisfação do crédito do beneficiário fique ameaçada e, de outro, que
haja risco de o devedor ser levado à ruína” (REsp 1.349.968-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 14/4/2015, DJe 4/5/2015).
Enunciado 381 da IV Jornada de Direito Civil. Art. 950, parágrafo único: O lesado pode
exigir que a indenização sob a forma de pensionamento seja arbitrada e paga de uma
só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor, caso em que o juiz poderá fixar
outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira do ofensor e aos benefícios
resultantes do pagamento antecipado.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 5. Fatos e atos jurídicos: negócio jurídico, atos jurídicos. 5.1.
Forma, prova, modalidades, defeitos, nulidade, anulabilidade, inexistência, ineficácia
e consequência. (...) 5.3. Prescrição e Decadência. (...) 7.1. União estável. 7.1.1.
Caracterização, efeitos alimentícios e sucessórios, dissolução. (...) 13. Sucessões.
O artigo 2.027 do Código Civil, inserido no Livro V – Do Direito das Sucessões, Título IV – Do
Inventário e da Partilha, com redação dada pela Lei 13.105/2015 estabelece: “A partilha é anulável
pelos vícios e defeitos que invalidam, em geral, os negócios jurídicos. Parágrafo único. Extingue-
se em um ano o direito de anular a partilha”. Vale lembrar também, o artigo 657, parágrafo único,
do Código de Processo Civil traz disposição semelhante à norma de direito material, inclusive em
relação ao prazo. Mas por que então o gabarito está marcando como errada a questão proposta?
Pois tais disposições legais incidem especificamente nos casos de anulação de partilha do direito
sucessório, sendo inadequada utilização de interpretação extensiva para as demais espécies de
partilha amigável, inclusive aquela decorrente da dissolução de união estável, sendo aplicável,
nesse caso, a regra do artigo 178, I, do CC, sendo de 04 anos o prazo decadencial para anular
partilha de bens em dissolução de união estável, por vício de consentimento (coação),
conforme posicionamento do STJ.
“(...) sob a vigência do diploma civil anterior, fato é que a questio acabou pacificando-se
no âmbito das Cortes Superiores, tanto no STF (quando ainda lhe competia velar pela
uniformidade do direito federal) como no STJ, tendo-se definido que o prazo decadencial
de 1 ano seria específico para anulação da partilha do direito sucessório, não havendo
falar em sua extensão para as demais espécies de partilha amigável, que se submeteriam
à regra geral de 4 anos. Não houve alterações de ordem normativa com o advento do
Código Civil de 2002, tendo este repetido, no parágrafo único do art. 2.027 (Livro V, Do
Direito das Sucessões), o que era previsto no art. 1.805 c/c 178, § 6°, V, do CC/1916,
isto é, ficou mantido o prazo único e específico de 1 ano para a anulação da partilha
no âmbito da sucessão hereditária. Nessa ordem de ideias, não se verifica mutação
jurídico-normativa a justificar alteração da consolidada jurisprudência dos tribunais
superiores. Entender de forma diversa acabaria por se trazer insegurança jurídica,
repudiando o ordenamento jurídico e a própria ideologia do novel diploma instrumental,
que preza justamente pelo prestígio da jurisprudência, mantendo-a estável, íntegra e
coerente (CPC/2015, art. 926). Ademais, não parece possível a exegese extensiva,
por meio da analogia, quando sabidamente existe, no próprio ordenamento
jurídico, regra jurídica geral que se amolda perfeitamente à tipicidade do caso –
art. 178 do CC, que estabelece o prazo de decadência de 4 anos para anular, por
vício da vontade (erro, dolo, coação e lesão) o negócio jurídico, como sói a partilha
fruto da autonomia da vontade para dissolução de casamento ou união estável.
Deveras, é inadequada a utilização de interpretação extensiva de uma exceção à regra
geral - arts. 2.027 do CC e 1.029 do CPC/73, ambos inseridos, respectivamente, no Livro
“Do Direito das Sucessões” e no capítulo intitulado “Do Inventário e Da Partilha” -, para
o preenchimento de lacuna inexistente (já que o art. 178 do CC normatiza a questão),
ainda mais quando a exegese acaba por limitar ainda mais os direitos subjetivos, já
que a adoção de prazo decadencial reduzido acarreta, inarredavelmente, em extinção
mais rápida do direito da parte (REsp 1.621.610-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
unanimidade, julgado em 7/2/2017, DJe 20/3/2017. grifamos).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 10. Obrigações. (...) 10.2. Efeitos das obrigações. (...) 12. Responsabilidade civil.
Na quinta rodada desse curso de reta final, na disciplina de Direito do Consumidor, estudamos
regramento semelhante do que veremos adiante, previsto no artigo 42, parágrafo único, do diploma
consumerista, com suas especificidades na ocasião tratadas.
Na presente rodada, estudaremos a aplicação da sanção civil prevista no artigo 940 do Código Civil,
que assim dispõe: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar
as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir,
salvo se houver prescrição”. Demandar significa exigir em juízo, ou seja, a penalidade do artigo
em tela pressupõe que o credor tenha exigido judicialmente a dívida já paga, sem ressalva das
quantias recebidas. Vem corroborar com esse entendimento, o disposto no artigo 941 do diploma
civilista, “as penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da
ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo
que prove ter sofrido”. Por seu turno, a exigência de má-fé por parte do credor é antiga, sendo
esse o entendimento do Supremo Tribunal Federal estampado na Súmula 159, editada sob à égide
do código civil anterior, mas que permanece válida, vejamos: “Cobrança excessiva, mas de boa-
fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil”, atual artigo 940. Vale lembrar, esse é
também o posicionamento do STJ, fixado em vários julgados.
Por fim, ainda sobre o tema, importante ter em mente o entendimento firmado em sede de recurso
repetitivo pelo Tribunal da Cidadania:
GABARITO: CETO
Aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre condôminos
de coisa indivisível.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Direitos reais. 9.1. Posse e propriedade. (...) 9.1.2. Condomínio. (...)
11.2. Compra e venda.
Vejam o que estabelece o caput do dispositivo em ótica: “Não pode um condômino em coisa
indivisível vender a sua parte a estranhos, se outro consorte a quiser, tanto por tanto. O condômino,
a quem não se der conhecimento da venda, poderá, depositando o preço, haver para si a parte
vendida a estranhos, se o requerer no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de decadência”.
Indaga-se: aplica-se o direito de prelação legal ao contrato de compra e venda ajustado entre
condôminos de coisa indivisível? Não, segundo decidiu o Superior Tribunal da Cidadania. O direito
(REsp 1.137.176-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 16/2/2016, DJe 24/2/2016.
grifamos).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.6. Depósito.
Na quinta rodada desse curso de reta final, analisamos os contornos iniciais do depósito voluntário
e do necessário. Nessa rodada, aprofundaremos o estudo do depósito voluntário, disciplinado nos
artigos 627 e seguintes do Código Civil.
De início, cumpre esclarecer, ainda que o contrato fixe prazo à restituição, o depositário
entregará o depósito tão logo o depositante reclame a restituição da coisa, salvo se tiver
o direito de retenção, se o objeto for judicialmente embargado, se sobre ele pender execução,
notificada ao depositário, ou se houver motivo razoável de suspeitar que a coisa foi dolosamente
obtida (artigo 633 do CC). Em outras palavras, poderá o depositário, excepcionalmente, exercer
o direito de retenção da coisa, nas hipóteses previstas no artigo 644 do diploma civil, vejamos: “O
depositário poderá reter o depósito até que se lhe pague a retribuição devida, o líquido valor
das despesas, ou dos prejuízos a que se refere o artigo anterior, provando imediatamente
esses prejuízos ou essas despesas. Parágrafo único. Se essas dívidas, despesas ou prejuízos
não forem provados suficientemente, ou forem ilíquidos, o depositário poderá exigir caução
idônea do depositante ou, na falta desta, a remoção da coisa para o Depósito Público, até que
se liquidem”. Por fim, esclarece ainda a doutrina: “O mesmo direito, de retenção, é deferido ao
depositário nomeado em juízo (depositário judicial), até que seja ressarcido das quantias que lhe
sejam devidas: “DIREITO CIVIL. POSSIBILIDADE DE O DEPOSITÁRIO JUDICIAL EXERCER
DIREITO DE RETENÇÃO. O particular que aceita exercer o múnus público de depositário judicial
tem o direito de reter o depósito até que sejam ressarcidas as despesas com armazenagem e
conservação do bem guardado e pagos os seus honorários (STJ, Ac. 3a T„ REsp 1.300.584/MT,
rei. Min. João Otávio de Noronha, j. 3.3.16, DJe 9.3.16. )” (Cristiano Chaves de. FIGUEIREDO,
Luciano. EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. DIAS, Wagner Inácio. Código Civil para Concursos. 5ª ed.
2017. JusPodivm. p. 609. grifamos).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPD) trouxe inúmeras mudanças no cenário jurídico
nacional, como por exemplo, a introdução do importante instituto da tomada de decisão apoiada, já
estudado na segunda rodada desse curso de reta final.
“É certo - e isso não se põe em dúvida- que a capacidade jurídica é a regra, sendo a incapacidade,
consequentemente, excepcional. O simples fato de uma pessoa humana ter algum tipo de
deficiência (física, mental ou intelectual), por si só, não é bastante para caracterizar uma
incapacidade jurídica. Um dos grandes méritos do Estatuto da Pessoa com Deficiência é
o absoluto desatrelamento entre os conceitos de incapacidade civil e de deficiência. São
ideias autônomas e independentes” (Estatuto da Pessoa com Deficiência Comentado artigo por
artigo. Cristiano Chaves de Farias, Rogério Sanches Cunha, Ronaldo Batista Pinto. 2ª ed. Salvador.
JusPodivm. 2016. p. 241. grifamos). Dessa maneira, a pessoa com deficiência tem assegurado o
direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas
(artigo 84, caput, do EPD).
Em linhas gerais, “a curatela, em sua figura básica, visa a proteger a pessoa maior, padecente de
alguma incapacidade ou de certa circunstância que impeça a sua livre e consciente manifestação
de vontade (...)” (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Manual de Direito Civil.
Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017. p. 1347). Nos termos do artigo 84, §§ 1º e 3º do EPD,
a pessoa com deficiência poderá ser submetida à curatela, quando necessário, constituindo
medida protetiva extraordinária e proporcional às necessidades e circunstâncias de cada caso e
durará o menor tempo possível, sendo exigível o reconhecimento judicial da causa geradora da
incapacidade relativa.
Nesse ponto, observação importante deve ser realizada, há forte embate na doutrina acerca da
revogação ou não da ação de interdição, frente a nova postura normativa e ideológica trazida pelo
Estatuto da Pessoa com Deficiência e o regramento estabelecido a partir do artigo 747 do Código
de Processo Civil de 2015. Atualmente, não existe solução pacífica para o problema!
GABARITO: CERTO
De acordo com o STJ, ainda que existentes vícios de construção que tornem precárias as
condições de habitabilidade de imóvel incluído no Programa de Arrendamento Residencial,
incabível a condenação da CEF a devolver aos arrendatários, optantes pela resolução do
contrato, o valor pago a título de taxa de arrendamento, pois mera operadora do programa.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.14. Lei nº 10.188/2001 (Programa de Arrendamento Residencial).
O Programa de Arrendamento Residencial (PAR), instituído pela Lei 10.188/01, com gestão do
Ministério das Cidades, operacionalizado pela Caixa Econômica Federal e financiado pelo Fundo
de Arrendamento Residencial (FAR), tem como objetivo o atendimento da necessidade de moradia
da população de baixa renda, prioritariamente concentradas nos grandes centros urbanos, sob a
forma de arrendamento residencial, com opção de compra ao final do prazo contratado. Em outras
palavras, trata-se na verdade, da operacionalização de uma política pública, voltada a proteção do
direito fundamental à moradia da população de baixa renda, consoante interpretação do artigo 1º,
caput, da Lei 10.188/01.
Atualmente, o PAR está sendo gradativamente substituído pelo Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV), disciplinado pela Lei 11.977/09, não tendo a CEF realizados novos empreendimentos
na sistemática do PAR. Embora muitos dos contratos de arrendamento residencial tenham
sido convertidos em alienação fiduciária, a Lei 10.188/01 ainda é válida, existindo contratos na
sistemática antiga, com forte atuação da DPU, por isso a importância de seu estudo.
Marlon Tomazette, citando Fran Martines, leciona que no contrato de arrendamento “uma pessoa
jurídica arrenda a uma pessoa física ou jurídica, por tempo determinado, um bem comprado pela
primeira de acordo com as indicações da segunda, cabendo ao arrendatário a opção de adquirir
o bem arrendado findo o contrato, mediante o pagamento de um preço residual”. (Curso de direito
empresarial: falência e recuperação de empresas. V.3. 5ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 120).
Importante ressaltar ainda, como operadora do PAR e gestora do FAR, a CEF poderá ser
responsabilizada solidariamente com a construtora do empreendimento por eventuais danos
decorrentes de vícios na construção de imóvel integrante do programa, com condenação por
danos materiais e morais suportados pelos arrendatários, pois de sua responsabilidade também a
fiscalização das obras executadas.
Por fim, a Lei 10.188/01 foi inserida na republicação do conteúdo programático, merecendo leitura
atenta do candidato, o que não demandará muito tempo, por contar com apenas doze artigos.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Na cobrança do Estatuto do Idoso (EI) na prova de Defensor Público Federal, o reajuste das
mensalidades de plano saúde em decorrência da mudança de faixa etária de segurado idoso,
certamente é um tema quente, assim como o benefício assistencial de prestação continuada,
este último já trabalhado com vocês nesse curso de reta final pelo professor da disciplina de
previdenciário (Rodada 7. Questão 95).
O artigo 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, estabelece: “É vedada a discriminação do idoso nos planos
de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão da idade”. Sobre o tema, muita discussão
na doutrina e jurisprudência, tendo o Superior Tribunal de Justiça, no final ano de 2016, em sede
de recurso repetitivo (Tema 952), firmado a seguinte tese: “O reajuste de mensalidade de plano
de saúde individual ou familiar fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido
desde que (i) haja previsão contratual, (ii) sejam observadas as normas expedidas pelos
órgãos governamentais reguladores e (iii) não sejam aplicados percentuais desarrazoados
ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o
consumidor ou discriminem o idoso” (REsp 1568244 / RJ. Ministro Relator Ricardo Villas Bôas
Cueva. Segunda Seção. Julgamento 14/12/2016. DJe 19/12/2016).
Ainda, de acordo com o julgado em referência, a norma do art. 15, § 3º, da Lei nº 10.741/2003,
que veda “a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados
em razão da idade”, apenas inibe o reajuste que consubstanciar discriminação desproporcional
ao idoso, ou seja, aquele sem pertinência alguma com o incremento do risco assistencial acobertado
pelo contrato. Dessa maneira, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou-se no
sentido de que a previsão de reajuste de mensalidade de plano de saúde em decorrência
da mudança de faixa etária de segurado idoso não configura, por si só, cláusula abusiva,
devendo sua compatibilidade com a legislação de regência a boa-fé objetiva e a equidade
ser aferida em cada caso concreto.
GABARITO: ERRADO
Guilherme, casado com Juliana no regime da comunhão parcial de bens e com dois filhos,
faleceu deixando bens particulares. Nessa situação, de acordo com o Código Civil, Juliana
não terá direito de concorrência com os descendentes do casal quanto aos bens particulares
constantes do acervo hereditário, eis que já tem direito à meação.
COMENTÁRIO
Apenas para relembrar a festejada decisão do STF, “no sistema constitucional vigente, é
inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo
ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil”
(RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio e RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em
10/05/2017. Repercussão geral).
Estabelece o artigo 1.829 do CC: “A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos
descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não
houver deixado bens particulares; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao
cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais”. O enunciado proposto cinge-se ao confuso inciso I, do
artigo em análise.
Primeiro ponto, meação e herança são institutos distintos, o primeiro estudando no Direito de
Família e o último no Direito das Sucessões, não podendo existir confusão. Segundo ponto, em
observância restrita ao enunciado proposto, apesar das divergências doutrinárias existentes,
a interpretação majoritária do artigo em análise é a de que, deixando o cônjuge falecido bens
particulares, o sobrevivente casado no regime da comunhão parcial de bens concorrerá com os
descendentes do autor da herança, quanto aos bens particulares constantes do acervo hereditário.
Em outras palavras, o cônjuge casado em regime de comunhão parcial de bens não concorrerá
com os descendentes na herança, quando o falecido não deixar bens particulares. No caso
apresentado, Juliana concorrerá com os descendentes na herança dos bens particulares deixados
por Guilherme.
Vale lembrar, o posicionamento exposto vai ao encontro do atual entendimento do STJ, vejamos:
(TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume Único. 7ª ed. São Paulo. Método. 2017. p. 978)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.8. Fiança.
O artigo 829 do Código Civil estabelece o instituto da fiança conjunta, ou seja, a fiança estabelecida
por dois ou mais fiadores, trazendo como regra a solidariedade passiva entre os fiadores,
respondendo cada fiador pela totalidade da dívida, salvo estipulação do benefício de divisão (e
não benefício de ordem). Vejamos o que diz o dispositivo legal em tela: “A fiança conjuntamente
prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre
“Porém, o art. 829 do CC traz como regra a solidariedade entre fiadores, dispondo
que: “A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa
o compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservarem
o benefício de divisão”. A parte final desse dispositivo traz uma exceção à regra,
podendo as partes convencionar a divisão da dívida entre os fiadores (benefício
de divisão). Sendo estipulado esse benefício, cada fiador responderá unicamente
pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento (divisão pro rata) – art.
829, parágrafo único. O art. 830 do CC complementa o teor do dispositivo anterior ao
consagrar que cada fiador poderá fixar no contrato a parte da dívida que toma sob
sua responsabilidade, caso em que não será por mais obrigado. A regra, portanto,
é a da divisão igualitária, o que não obsta que o contrato preveja divisões da
responsabilidade de forma diferenciada, em decorrência da autonomia privada
das partes” (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume Único. 7ª ed. São Paulo.
Método. 2017. p. 586. grifamos).
Para não restar dúvida, “a previsão contratual deste benefício de divisão não se confunde com
a possibilidade de aplicação do benefício de ordem. Trata-se de institutos jurídicos distintos.
Como vimos acima, o benefício de ordem ou excussão, quando afastado contratualmente, dá a
qualquer dos cofiadores a prerrogativa de apontar, quando demandado, bens livres e desembargados
do devedor para serem excutidos antes dos seus”. (GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO,
Rodolfo. Manual de Direito Civil. Volume único. São Paulo. Saraiva. 2017. p. 818. grifamos).
GABARITO: ERRADO
O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não
poderá ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 11. Contratos: generalidades, elementos e efeitos dos contratos. (...)
11.11. Mútuo.
O enunciado proposto, trata-se da reprodução literal do artigo 588 do Código Civil. Vale lembrar,
o artigo 589 da legislação civilista excepciona tal regra nos seguintes casos: “ I - se a pessoa, de
cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os
seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso,
a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em
benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente”.
Sobre o tema, leciona a doutrina especializada: “Em regra, o mútuo feito a menor sem a autorização
do seu representante, ou daquele sob cuja guarda estiver, não poderá ser reavido nem do mutuário,
nem de seus fiadores (art. 588 do CC). Trata-se, portanto, de caso de ineficácia do negócio,
pois a obrigação é natural ou incompleta: a dívida existe, mas não há a correspondente
responsabilidade (“Schuld sem Haftung”)”. (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume
Único. 7ª ed. São Paulo. Método. 2017. p. 519. grifamos).
Observação final complementar, mas não menos importante, o menor entre 16 e 18 anos, não
pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando
inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior (artigo 188 do CC).
GABARITO: CERTO
A posse justa é caracterizada mediante uma análise subjetiva, por sua vez a posse de boa-fé
é verificada objetivamente.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 9. Direitos reais. 9.1. Posse e propriedade. 9.1.1. Conceito, classificação,
aquisição, perda, proteção e efeitos.
A posse justa está conceituada no artigo 1.200 do Código Civil, como sendo aquela não violenta,
não clandestina ou não precária, ou seja, definida a partir de um conceito negativo. Por sua vez,
a posse de boa-fé é verificada quando o possuidor ignora o vício ou obstáculo que impede a
aquisição da coisa (artigo 1.201/CC), perdendo o caráter de boa-fé no caso e desde o momento
em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente
Ao contrário do exposto na questão e, pela leitura dos dispositivos legais em destaque, a posse justa/
injusta é caracterizada mediante uma análise objetiva, ou seja, independe da intenção do agente.
De outro lado, a posse de boa-fé/má-fé é verificada subjetivamente, isto é, leva em consideração o
estado de ânimo do possuidor.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Inicialmente, cumpre esclarecer, a dissolução total da sociedade visa à liquidação e a sua extinção,
enquanto a dissolução parcial objetiva a resolução do contrato social em relação a um ou mais
sócios, com preservação da sociedade.
Sobre o tema, preconiza o artigo 1.029 do Código Civil: “Além dos casos previstos na lei ou no
contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante
notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado,
provando judicialmente justa causa”. Pela leitura do dispositivo legal em comento, verifica-se que o
erro da questão está na inversão dos modos de retirada, de acordo com a duração da sociedade,
ou seja, na sociedade simples de prazo determinado, o direito de recesso ocorrerá judicialmente,
provando justa causa e, se de prazo indeterminado, mediante notificação dos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias.
Sobre o tema, leciona a doutrina especializada: “Tratando-se de sociedade por prazo indeterminado,
assiste ao sócio o direito de a qualquer tempo se retirar apurando os seus haveres, não implicando
tal fato em dissolução da sociedade. Essa possibilidade de retirada é um corolário da natureza
contratual de tais sociedades, vigendo o princípio de que ninguém é obrigado a ficar preso a
um contrato por toda a sua vida, podendo denunciá-lo a qualquer momento, retirando-se. Nas
sociedades simples, exige-se apenas a notificação dos demais sócios com antecedência mínima
de 60 dias, a fim de lhes possibilitar analisar os efeitos de tal retirada sobre a sociedade. Tal
manifestação de vontade será o marco final da condição de sócio e servirá também de data-base
para a definição da apuração de haveres. Reconhecendo a natureza personalista e a possível
influência determinante do sócio que se retira, admite-se que os demais sócios deliberem a
dissolução total da sociedade até 30 dias após a notificação (art. 1.029, parágrafo único, do Código
Civil de 2002). Nas sociedades por prazo determinado, não se admite a denúncia imotivada do
contrato, exigindo-se, para o recesso do sócio, o reconhecimento judicial de uma justa causa para
tanto” (op. Cit., p. 406. grifamos).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto de partida, inexiste nas sociedades limitadas regramento específico para o caso de morte de
sócio, devendo, a princípio, o contrato social dispor sobre o tema. Todavia, inexistindo previsão
contratual sobre o tema, a limitada rege-se supletivamente pelas normas das sociedades simples,
por força do artigo 1.053 do Código Civil. Não se pode perder de vista ainda, o contrato social da
limitada poderá prever a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima (artigo 1.053,
parágrafo único, do CC). Dessa forma, ocorrendo o falecimento de sócio na limitada, a solução
dependerá justamente do regime jurídico supletivo. Sobre o tema, Marlon Tomazette, citando Fabio
Ulhoa Coelho, leciona: “Se aplicável o regime das sociedades simples (vínculo instável) seria
aplicado o artigo 1.028 do CC, ou seja, os herdeiros em regra teriam direito a apuração de haveres,
não ingressando na sociedade, salvo cláusula em contrário ou acordo com os demais herdeiros.
De outro lado, se o regime jurídico supletivo fosse a Lei das sociedades por ações (vínculo
estável) os herdeiros receberiam as quotas da sociedade por sucessão”. (Curso de direito
empresarial: Teoria geral e direito societário. V.1. 8ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 480. grifamos).
Nesse ponto, importante salientar novamente, as regras aqui apresentadas serão observadas
quando o contrato social da limitada nada dispuser acerca do falecimento de sócio.
GABARITO: CERTO
O aval dado aos títulos de créditos típicos prescinde de outorga uxória ou marital.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 16. Teoria geral dos títulos de créditos. (...) 22. Aval.
Na rodada pretérita fiz um alerta acerca da possibilidade de cobrança do tema títulos de créditos
na prova de Defensor Público Federal, inclusive com a elaboração de uma questão sobre o
assunto. Com a republicação do edital, os títulos de crédito foram incluídos na disciplina de Direito
Empresarial, por isso, aos estudos do novo conteúdo.
Em linhas gerais, “o aval é a garantia pessoal de pagamento de um título de crédito dada por
terceiro (avalista), pessoa física ou jurídica ao emitente devedor ou endossante (avalizado). O aval
é garantia de uso exclusivo para as obrigações emanadas em títulos de crédito, não existindo
avalista em contrato ou qualquer outra relação” (ROSSIGNOLI, Estefânia. Direito empresarial. 6ª
ed. Salvador. JusPodivm. 2017. p. 355. grifamos). Sobre a outorga uxória ou marital na prestação
do aval, dispõe o artigo 1.647, III, do Código Civil: “Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum
dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III –
prestar fiança ou aval”. Em complemento, o caput do artigo 1.649 do CC estabelece: “A falta de
autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato pratico,
podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade
conjugal”. Os dispositivos em destaque sofrem duras críticas por parte da doutrina especializada,
vejamos: “Com efeito, declarar a nulidade de aval sem outorga conjugal prestado por pessoa
casada significa beneficiar o avalista, justamente a pessoa que deu causa à nulidade, e isso ofende
um princípio básico do Direito. Ademais, se o objetivo da regra em comento é proteger o cônjuge
que não consentiu, basta determinar que sua meação não pode ser atingida na execução proposta
contra o avalista, salvo se ficar demonstrado que o aval trouxe benefícios, ainda que indiretos, ao
casal” (RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito Empresarial Esquematizado. 4ª ed. Rio de Janeiro.
Método. 2014).
Neste contexto, a discussão levada ao STJ se situava em torno da interpretação dos referidos
dispositivos legais, quando o avalista fosse casado em outros regimes que não o da separação
absoluta e ainda, diante do teor do artigo 903 do diploma civil: “Salvo disposição diversa em lei
especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código”. Em recente revisão de
entendimento, decidiu o Tribunal da Cidadania:
“Não obstante a literalidade dos artigos 1.647, inciso II e 1.649 do Código Civil levar ao
GABARITO: CERTO
A pós-datação de cheque, ainda que realizada fora do campo da data da emissão, é hábil
a ampliar o prazo de apresentação do título à instituição financeira sacada, conferindo
segurança e eficácia a pactuação realizada.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 16. Teoria geral dos títulos de crédito. (...) 18. Cheque.
O cheque é uma ordem de pagamento à vista, regulamentado pela Lei 7.357/85. “Trata-se de
uma ordem de pagamento, na medida em que seu criador não promete efetuar pessoalmente o
pagamento, mas promete que terceiro irá efetuar esse pagamento. Esse terceiro deverá ser um
banco, no qual o criador do cheque deverá ter fundos disponíveis. À luz desses fundos, o banco
efetuará o pagamento das ordens que lhe forem sendo apresentadas, vale dizer, o cheque se tornará
exigível sempre no momento em que for apresentado ao sacado (vencimento sempre à vista). No
cheque, intervêm, a princípio, três sujeitos: emitente, sacado e beneficiário. O emitente é aquele
que dá a ordem para efetuar o pagamento, em razão dos fundos disponíveis na conta de depósito
mantida junto ao sacado. Esse é a instituição financeira a quem é dada a ordem de pagar, a vista
dos fundos do emitente mantidos em conta de depósito. Por fim, temos o beneficiário, tomador
ou portador, que é aquele que tem o direito de receber o valor constante do título” (TOMAZETTE,
Marlon. Curso de direito empresarial: Títulos de crédito. V.2. 8ª ed. São Paulo. Atlas. 2017. p. 292.
grifamos).
Embora seja uma ordem de pagamento à vista, considerando-se não escrita qualquer menção em
contrário (artigo 32, caput, da Lei 7.357/85), a pós-datação do cheque é prática comercial comum,
sendo tranquilamente aceita pela jurisprudência. “Apesar de não ser permitido seu uso pela lei,
os tribunais aceitam tal costume como válido. Isso porque o que se entende é que ao aceitar um
cheque com data posterior está sendo realizado um contrato, que deve ser respeitado pelas partes.
Dessa forma, aquele que recebe um cheque com data posterior deve se atentar para o depósito no
banco, pois se antecipar o seu desconto ficará responsável pelos prejuízos que causar ao emitente,
seja de ordem material ou até mesmo moral”. (ROSSIGNOLI, Estefânia. Direito empresarial. 6ª ed.
Salvador. JusPodivm. 2017. p. 381).
A pactuação da pós-datação do cheque não o desnatura como título de crédito, podendo trazer como
consequência a ampliação do prazo de apresentação. Para relembrar os prazos de apresentação,
o cheque deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de 30
dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago (mesma praça de emissão e pagamento)
e de 60 dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior (praça diversa de pagamento),
consoante artigo 33, caput, da Lei 7.357/85.
A pós-datação do cheque poderá ocorrer de maneira regular, efetivada no campo referente à data
de emissão ou extracartular, ocorrida em espaço diverso do campo específico à data de emissão.
E, de acordo com o Tribunal da Cidadania, em julgamento pelo rito dos recursos repetitivos
(Tema 945), a pactuação da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de
apresentação à instituição financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada
no campo específico da cártula, vejamos:
(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito)
GABARITO: ERRADO
O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota promissória sem
força executiva é de cinco anos, a contar do dia seguinte ao vencimento do título.
COMENTÁRIO
O tema títulos de crédito possui vários entendimentos sumulares, com grande chance de cobrança
na prova, por isso atenção. A questão proposta é um exemplo, mas antes, vamos aos conceitos
bases. “A nota promissória é uma promessa de pagamento, isto é, “um compromisso escrito e
solene, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma de dinheiro”. Trata-se de
uma promessa direta do devedor ao credor e, nisso, se apresenta sua principal diferença em
relação à letra de câmbio. Na nota promissória, quem cria o título assume o compromisso de
pagar diretamente a obrigação que está ali incorporada, não dando qualquer ordem a terceiro”
(TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial: Títulos de crédito. V.2. 8ª ed. São Paulo.
Atlas. 2017. p. 283. grifamos). A nota promissória é regulada pela Lei Uniforme de Genebra (LUG),
incorporada ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto 57.663/1966.
Verificada a ocorrência da prescrição da nota promissória, com base no artigo 70 da LUG, torna-
se descabida a ação cambial, sendo possível a cobrança do crédito oriundo de nota promissória
prescrita por meio de ação monitória. Nesse contexto, o Superior Tribunal de Justiça editou a
súmula 504, dispondo: “O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título”, tendo como fundamento o artigo 206, §5º, I, do Código Civil, o qual estabelece o prazo
prescricional de 05 anos a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento
público ou particular.
Chamo à atenção dos candidatos para outro entendimento sumular muito parecido, mas que não
pode ser confundido, vejamos o enunciado 503 do STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória
em face do emitente de cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à
data da emissão estampada na cártula.
GABARITO: CERTO
Antes de iniciar os estudos de Direito do Consumidor dessa rodada e mantendo meu compromisso
de trazer todas as atualizações pertinentes, na data de 27/06 foi publicada a Lei 13.455/2017, fruto
da conversão da MP 764/2016, autorizando a diferenciação de preços de bens e serviços oferecidos
ao público em função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado, assim dispondo:
Na primeira rodada desse curso de reta final, elaborei questão acerca do tema (Q.21), com base
na MP 764/2016, a qual permanece integralmente correta nos exatos termos apresentados na
ocasião, vez que a novel legislação converteu a referida medida provisória na íntegra.
(Quadro produzido por Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito)
COMENTÁRIO
O artigo 88 do Código de Defesa do Consumidor preceitua que “Na hipótese do art. 13, parágrafo
único deste código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em processo autônomo, facultada a
possibilidade de prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide”. Primeiramente,
importante frisar, apesar do dispositivo legal em estudo restringir à vedação da denunciação da
lide à hipótese do artigo 13, parágrafo único do mesmo diploma consumerista, o STJ possui
entendimento de que “A vedação à denunciação da lide prevista no art. 88 do CDC não se restringe
à responsabilidade de comerciante por fato do produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também
nas demais hipóteses de responsabilidade civil por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC)”
(AgRg no AREsp 694.980/MS, Rel. Min. Antônio Carlos Ferreira, julgado em 22/09/2015). Conforme
verificado, encontra-se correta a primeira parte da questão proposta.
Resta saber, poderá ser invocada a vedação do artigo 88 do CDC para exclusão de corréu
denunciado à lide em relação consumerista, quando a insurgência não é arguida pelo consumidor?
O Superior Tribunal de Justiça entendeu que não, vejamos:
“Foi propósito do legislador não permitir a denunciação da lide de modo a não retardar
a tutela jurídica do consumidor, dando celeridade ao seu pleito indenizatório, evitando
a multiplicação de teses e argumentos de defesa que dificultem a identificação da
responsabilidade do fornecedor do serviço. Assim, se, de um lado, a denunciação
da lide (CPC/1973, art. 70) é modalidade de intervenção de terceiros que favorece
apenas o réu denunciante (fornecedor, no caso), na medida em que este objetiva a
responsabilização regressiva do denunciado, de outro lado, a norma do art. 88 do CDC
consubstancia-se em regra insculpida totalmente em benefício do consumidor,
atuando em prol do ressarcimento de seus prejuízos o mais rapidamente possível, em
face da responsabilidade objetiva do fornecedor. Na hipótese, porém, de deferimento
da denunciação sem insurgência do consumidor legitimado a tal, opera-se a
preclusão, sendo descabido ao corréu fornecedor invocar em seu benefício a regra
de afastamento da denunciação. Trata-se de direito subjetivo público assegurado
ao consumidor para a facilitação de sua defesa” (REsp 913.687-SP, Rel. Min. Raul
Araújo, por unanimidade, julgado em 11/10/2016, DJe 4/11/2016. grifamos).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Tribunal de Justiça consolidado na súmula 550. De acordo com o Tribunal, o sistema credit
scoring é um método estatístico desenvolvido para avaliação do risco de concessão de crédito,
considerando diversas variáveis, com atribuição de pontuação ao consumidor avaliado, constituindo
uma prática comercial lícita. Consoante o precedente do enunciado em estudo, “na avaliação do
risco de crédito, devem ser respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de proteção
do consumidor no sentido da tutela da privacidade e da máxima transparência nas relações
negociais, conforme previsão do CDC e da Lei 12.414/2011; apesar de desnecessário o
consentimento do consumidor consultado, devem ser a ele fornecidos esclarecimentos,
caso solicitados, acerca das fontes dos dados considerados (histórico de crédito), bem
como as informações pessoais valoradas; o desrespeito aos limites legais na utilização do
sistema credit scoring, configurando abuso no exercício desse direito (art. 187 do CC), pode
ensejar a responsabilidade objetiva e solidária do fornecedor do serviço, do responsável
pelo banco de dados, da fonte e do consulente (art. 16 da Lei 12.414/2011) pela ocorrência
de danos morais nas hipóteses de utilização de informações excessivas ou sensíveis (art.
3º, § 3º, I e II, da Lei 12.414/2011), bem como nos casos de comprovada recusa indevida de
crédito pelo uso de dados incorretos ou desatualizados. (REsp 1.419.697-RS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, julgado em 12/11/2014. grifamos).
Por fim, de maneira correlata ao tema, importante o conhecimento da tese firmada pelo STJ, em
sede de recurso repetitivo (Tema 915), sobre o interesse de agir para a propositura da ação
cautelar de exibição de documentos em relação ao sistema credit scoring, vejamos: “Em relação
ao sistema “credit scoring”, o interesse de agir para a propositura da ação cautelar de exibição de
documentos exige, no mínimo, a prova de: i) requerimento para obtenção dos dados ou, ao menos,
a tentativa de fazê-lo à instituição responsável pelo sistema de pontuação, com a fixação de prazo
razoável para atendimento; e ii) que a recusa do crédito almejado ocorreu em razão da pontuação
que lhe foi atribuída pelo sistema “scoring”. (REsp 1.304.736-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
Segunda Seção, julgado em 24/2/2016, DJe 30/3/2016).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Conforme artigo 51, VI, do Código de Defesa do Consumidor, “são nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que estabeleçam
inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor”. Dessa forma, verifica-se que a simples
inversão convencional do ônus da prova não é vedada expressamente pela lei consumerista, o que
se proíbe é a inversão convencional em prejuízo do consumidor.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 24. No que diz respeito a coisa julgada nas ações coletivas, prevista no CDC, e o
entendimento do STJ sobre o tema, julgue o item:
Após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva proposta em
defesa de direitos individuais homogêneos, inclusive por falta de provas, não é possível a
propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que
em outro Estado da federação.
COMENTÁRIO
Estabelece o artigo 103, III, do CDC: “Nas ações coletivas de que trata este Código, a sentença
fará coisa julgada: (...) III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar
todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do artigo 81”,
o qual trata dos interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os de origem
comum. Na continuação, o § 2º do artigo 103 da lei consumerista, dispõe que “na hipótese prevista
no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem intervindo
no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual”. Em uma
interpretação conjunta dos dispositivos em destaque, decidiu o Superior Tribunal de Justiça:
Inicialmente, saliente-se que a leitura precipitada do disposto no inciso III do art. 103 do
CDC poderia levar à equivocada conclusão de que apenas a procedência da ação coletiva
emanaria efeitos capazes de obstar a nova propositura de demanda coletiva idêntica.
Ocorre que a interpretação do referido inciso deve se dar com a observância do
disposto no § 2º, que é claro ao estabelecer que, mesmo diante de solução judicial
pela improcedência do pedido coletivo original, apenas os interessados que não
tiverem intervindo na ação coletiva na condição de litisconsortes é que poderão
propor demanda análoga e, ainda assim, única e exclusivamente a título individual.
Ciente disso, a simples leitura dos arts. 81, III, e 103, III, § 2°, do CDC evidencia que,
para a aferição da exata extensão dos efeitos da sentença proferida em ação
coletiva que tenha por objeto direitos individuais homogêneos - diversamente
do que ocorre em se tratando de direitos difusos e coletivos -, é juridicamente
irrelevante investigar se o provimento judicial de improcedência do pedido resultou
ou não de eventual insuficiência probatória. Isso porque a redação do inciso III do
art. 103 do CDC não repete a ressalva (incisos I e II do referido dispositivo) de que a
sentença de improcedência por insuficiência de provas seria incapaz de fazer coisa
julgada. Dessa forma, para os direitos individuais homogêneos, o legislador adotou
técnica distinta, ressalvando a formação de coisa julgada somente em favor dos
“interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes”, de
modo que somente esses poderão propor ação de indenização a título individual,
independentemente do resultado negativo - de improcedência por qualquer motivo
- da demanda coletiva anteriormente proposta. (REsp 1.302.596-SP, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado
em 9/12/2015, DJe 1°/2/2016. grifamos).
Dessa maneira, “após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação coletiva
proposta em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente do motivo que
tenha fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura de nova demanda
com o mesmo objeto por outro legitimado coletivo, ainda que em outro Estado da federação”.
A cobrança desse importante julgado poderá aparecer na próxima prova de Defensor Público
Federal tanto na temática de processo coletivo, como na própria disciplina de Consumidor,
por tal razão, reproduzo esclarecedor quadro-resumo do julgado em estudo, produzido por
Márcio André Lopes Cavalcante, editor do site Dizer o Direito.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 25. Acerca das disposições do Código de Defesa do Consumidor, julgue o item:
COMENTÁRIO
Sobre o tema, importante a leitura do único dispositivo previsto no CDC: “Art. 107. As entidades
civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica
podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer
condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de
produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de consumo. § 1° A
convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos
e documentos. § 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias. § 3°
Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data
posterior ao registro do instrumento”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Na maioria dos editais de concurso público para as carreiras jurídicas, a matéria de direito urbanístico
está inserida dentro do programa de direito ambiental. Assim, vamos trabalhar algumas questões
sobre o tema neste curso de reta final, uma vez que o intuito das rodadas é evitar qualquer surpresa
na hora da prova.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 27. É obrigatória a elaboração do plano diretor para cidades com mais de quinze
mil habitantes.
COMENTÁRIO
Em matéria de direito urbanístico, a função social da cidade só será cumprida quando obedecidas
as diretrizes fixadas no plano diretor. No entanto, não é toda a cidade que deverá obrigatoriamente
ter um plano diretor, mas apenas aquelas com mais de vinte mil habitantes ou que incidam nas
situações específicas previstas pelo Estatuto da Cidade. Vejamos o artigo 182, §1º, da Constituição
Federal de 1988: “O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com
mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão
urbana”.
Ainda nesse sentido, o artigo 41 da Lei 10.257/2001 prevê outras hipóteses em que a elaboração
do plano diretor é obrigatória:
III – onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no §
4º do art. 182 da Constituição Federal;
Por fim, recomendo fortemente a leitura dos artigos do Estatuto da Cidade sobre o plano diretor,
além do capítulo sobre a política urbana previsto na Constituição Federal de 1988.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 28. O Estatuto da Cidade prevê uma modalidade especial de usucapião coletiva
para pessoas de baixa renda.
COMENTÁRIO
O Estatuto da Cidade prevê a chamada usucapião especial coletiva para os casos envolvendo
áreas urbanas com mais de duzentos e cinquenta metros quadrados, ocupadas por população de
baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição. Tais áreas podem
ser usucapidas desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural
e que não seja possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor. Trata-se de uma
modalidade de usucapião inspirada no célebre caso da Favela Puhlmann (SP). Esta modalidade
de usucapião, assim como direito de laje (acrescentado no rol dos direitos reais do Código Civil no
ano de 2016) perfectibilizam o chamado direito civil dos pobres proposto por Menger. Segundo
este professor alemão, o direito civil dos pobres consiste na reinterpretação de institutos clássicos
do direito civil à luz das famílias de baixa renda. A legitimação de posse (usucapião administrativa)
prevista na Lei da Minha Casa Minha Vida também é um exemplo do chamado direito civil dos
pobres.
Por fim, lembro ao aluno que a partir de uma interpretação do artigo 554, § 1º, do NCPC, a
Defensoria Pública deve ser intimada nos casos de usucapião especial coletiva urbana. Senão
vejamos o dispositivo supracitado: “No caso de ação possessória em que figure no polo passivo
grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados
no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público
Em que pese a ação de usucapião não seja uma ação possessória, parte da doutrina defende a
intervenção obrigatória da Defensoria Pública como custus vulnerabilis neste caso, a partir de uma
interpretação teleológica.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 29. O artigo 38 da Lei de Crime Ambientais prevê uma hipótese de “norma penal
em branco ao quadrado”.
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O termo “sociedade de risco” foi proposto pelo alemão Ulrich Beck para retratar as situações em
que o homem é a fonte dos próprios riscos que atentam contra a humanidade. Nessa linha, o
autor trabalha os riscos tecnológicos, ambientais, cibernéticos etc. A partir desta compreensão, a
doutrina alemã e até mesmo a doutrina brasileira passou a trabalhar o fenômeno da sociedade de
risco aplicado ao direito penal. Segundo a doutrina (Alexandre Salim, Eduardo Vianna, Claus Roxin,
dentre outros), o fenômeno da sociedade de risco inaugurou no brasil o chamado direito penal
coletivo, que possui algumas características peculiares, como por exemplo: a) a responsabilização
penal das pessoas jurídicas pela prática de crimes ambientais; b) a tutela de bens jurídicos coletivos
(desmaterialização ou espiritualização do direito penal); c) a antecipação da tutela penal com a
tipificação de crimes de perigo abstrato, como por exemplo, o crime de porte ilegal de arma e;
d) os delitos de acumulação (em que pese estes não sejam admitidos no ordenamento jurídico
brasileiro por violação ao princípio da legalidade penal).
Um resumo das ideias expostas pode ser encontrado neste link: https://marinacerqueira.
jusbrasil.com.br/artigos/165347762/o-direito-penal-na-sociedade-de-risco-relativizacao-dos-seus-
principios-constitucionais
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 31. Há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência Nacional de Energia
Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples em ação de repetição de indébito relativa
a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica celebrado
entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
COMENTÁRIO
A Agência Nacional de Energia Elétrica é uma autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério
de Minas e Energia.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça não há, em regra, interesse jurídico da ANEEL – Agência
Nacional de Energia Elétrica – para figurar como ré ou assistente simples de ação de repetição
de indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica
celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
A questão foi decidida no REsp 1.389.750-RS (Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, por
unanimidade, julgado em 14/12/2016, DJe 17/4/2017), julgado sob o rito do art. 1.036 e seguintes
do CPC, que versava sobre questão atinente ao interesse jurídico da ANEEL para figurar no polo
passivo de ação revisional e de repetição de indébito relativa a contrato de fornecimento de energia
elétrica celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
O Superior Tribunal de Justiça, em julgados anteriores, já havia sedimentado que não há, em regra,
interesse jurídico da ANEEL para figurar como ré ou assistente simples de Ação de Repetição
de Indébito relativa a valores cobrados por força de contrato de fornecimento de energia elétrica
celebrado entre usuário do serviço e concessionária do serviço público.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O Superior Tribunal de Justiça, através de sua Corte Especial, entendeu que se a lei preconiza ser
desnecessário o ato formal de citação quando a parte comparecer espontaneamente aos autos,
maior razão dispensá-lo em casos de intimações (EREsp 1.415.522-ES, Rel. Min. Felix Fischer, por
unanimidade, julgado em 29/3/2017, DJe 5/4/2017).
Assim, o termo inicial do prazo para apresentar impugnação ao cumprimento de sentença é contado
a partir da ciência inequívoca do devedor quanto à penhora “on-line” realizada, não havendo
necessidade de sua intimação formal.
O STJ entende que a parte não pode se valer de sua própria torpeza, comparecendo ao processo
espontaneamente e a posteriori alegar que não foi iniciado seu prazo, pugnando pela expedição
formal de ato de intimação para tão somente praticar o ato processual.
Artigos relacionados:
Art. 525. Transcorrido o prazo previsto no art. 523 sem o pagamento voluntário, inicia-se
o prazo de 15 (quinze) dias para que o executado, independentemente de penhora ou
nova intimação, apresente, nos próprios autos, sua impugnação.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 33. Em Ação Civil Pública somente haverá condenação da associação autora
em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé, a qual
exige, para sua configuração, a presença de dolo.
COMENTÁRIO
Ocorre que o ponto (processo coletivo), foi, incialmente, excluído das matérias
relacionados ao processo civil, quando da publicação do edital do VI Concurso. Decidi,
todavia, manter a questão, considerando a relevância do tema e em face dos seguintes
pontos do edital publicado inicialmente: Princípios institucionais (2.4 A tutela coletiva no
âmbito da Defensoria Pública); Ambiental (1.5.1 Ação civil pública, ação penal pública,
mandado de segurança individual e coletivo, ação popular, mandado de injunção
ambiental); Administrativo (6.1 A ação civil pública por improbidade administrativa).
Com relação ao ponto 6.1, inclusive, há um capítulo específico em meu livro sobre o
tema, que pode ajudar na preparação para o certame. Os demais pontos mencionados,
especialmente o item 2.4 de princípios institucionais, também são trabalhados na obra.
Ocorre que, mais recentemente, o edital foi modificado, sendo inseridos (corretamente,
a meu ver) os seguintes pontos nas matérias de Direito Processual Civil: 18 Ação Civil
Nos termos dos artigos 87, caput, do CDC e 18 da LACP, somente haverá condenação da associação
autora em honorários de advogados, custas e despesas processuais se comprovada má-fé. Caso
contrário, não há que se falar em condenação. Trata-se, portanto, de isenção condicionada a
existência ou não de má-fé, a qual exige, para sua configuração, a presença de dolo, já que o que
se busca punir é o ato doloso e não apenas aquele desidiosos ou ignorante. Assim, mesmo no
caso, por exemplo, de ação coletiva ajuizada sem qualquer possibilidade de acolhimento do seu
pedido, não estará configurada a má-fé e, por conseguinte, incidirá a regra geral relativamente à
isenção.
Neste sentido, precedente do STJ que, apesar de antigo, encontra-se atualizado: “não se
compatibiliza com o espírito da lei de regência, no caso da improcedência da Ação Civil Pública,
atribuir-lhe a litigância de má-fé (art. 17, Lei ant., c/c o art. 115, Lei n° 8.078/90), com a condenação
em honorários advocatícios” (REsp nº 152447 / MG. Primeira Turma. J. 28.08.2001).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O CPC/2015 é orientado pela celeridade processual, motivo pelo qual houve a supressão da figura
do revisor nas apelações e nas ações rescisórias.
Todavia, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça entendeu que embora o CPC/2015
tenha essa disciplina, sua promulgação não resultou em revogação integral da Lei n. 8.038/1990,
sobretudo do seu art. 40, que expressamente prevê a revisão, no Superior Tribunal de Justiça, em
ação rescisória, em ação penal originária e em revisão criminal (AR 5.241-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, por maioria, julgado em 5/4/2017, DJe 12/5/2017).
O entendimento gira em torno de duas motivações principais: (a) que quando o CPC/2015 quis
revogar algum preceito da Lei n. 8.038/1990 o fez explicitamente no seu art. 1.072, inciso IV,
ocasião em que revogou onze artigos da referida legislação, dentre os quais não está o art. 40;
(b) a Lei n. 8.038/1990 é especial em relação ao código de processo civil, não sendo por este
derrogada.
Assim, se pode concluir pela plena vigência do artigo 40 da lei 8.038 e, portanto, pela exigência de
revisão em ações rescisórias propostas originariamente perante a Corte.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 35. É cabível a fixação de honorários recursais mesmo quando não apresentadas
contrarrazões.
COMENTÁRIO
Dispõe o artigo 85 do CPC que “a sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado
do vencedor”, sendo que “o tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente
levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal (...)”, nos termos de seu parágrafo
11.
Questão interessante é saber se incide tal fixação de honorários em sede recursal (honorários
recursais) mesmo quando não apresentadas contrarrazões.
A questão foi enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiu ser cabível a fixação de
honorários recursais, prevista no art. 85, § 11, do Código de Processo Civil, mesmo quando não
apresentadas contrarrazões ou contraminuta pelo advogado, entendendo que a expressão “trabalho
adicional”, contida no § 11 do art. 85 do CPC, é um gênero que compreende várias espécies,
incluída a contraminuta e das contrarrazões, mas não somente esta (AO 2063 AgR/CE , rel. orig.
Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Luiz Fux, julgamento em 18.5.2017).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 36. Se o autor, na petição inicial, ou o réu, em petição apresentada com dez
dias de antecedência da data da audiência, manifestar expressamente seu desinteresse na
composição consensual, não será realizada a audiência de conciliação ou de mediação.
COMENTÁRIO
A petição inicial deve indicar a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação
ou de mediação (Art. 319, VII, CPC).
A audiência somente não será realizada (1) se ambas as partes manifestarem, expressamente,
desinteresse na composição consensual (Art. 334, § 4º, I do CPC) ou (2) quando não se admitir a
autocomposição (inciso II do 334). Assim, não basta que o autor ou o réu manifestem desinteresse.
Ambas (ou todas, quando houver mais de duas) as partes devem expressamente dizer que não
possuem interesse na realização da audiência. Ou seja, autor e réu devem manifestar desinteresse.
O autor deverá indicar seu desinteresse na autocomposição logo na petição inicial; o réu deverá
fazê-lo por petição apresentada com no mínimo dez dias de antecedência da data da audiência
(Art. 334, § 5º, CPC).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O artigo 43 do código de processo civil prevê a perpetuatio juridictionis. Segundo esta, a competência
fixada pelo registro ou pela distribuição da petição inicial permanecerá até a prolação da decisão
final:
Conforme explica Didier: “Neste exato momento (registro ou distribuição), firma-se e perpetua-se
a competência do juízo e nenhuma modificação do estado de fato (ex.: mudança de domicílio do
réu) ou de direito (ex.: ampliação do teto da competência do órgão em razão do valor da causa)
superveniente poderá alterá-la” (DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil. Vol. 1. 17.
ed. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 201).
GABARITO: CERTO
segundo caso, já tendo havido sentença quando da alteração da competência absoluta, não
haverá, todavia, redistribuição do processo.
COMENTÁRIO
Como visto na questão anterior, vige a regra da perpetuatio juridictionis, de forma que a competência
fixada pelo registro ou pela distribuição da petição inicial permanecerá até a prolação da decisão
final.
Há, todavia fatos supervenientes à propositura da demanda que impõem a redistribuição da causa,
excepcionando a perpetuação da jurisdição. São elas: (a) supressão do órgão judiciário. Por
exemplo, a extinção de uma vara ou de uma comarca; (b) alteração superveniente da competência
absoluta, ou seja, em razão da matéria, da função ou da pessoa:
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 39. No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial Federal sua
competência é absoluta.
COMENTÁRIO
O Juizado Especial Federal é disciplinado pela lei 10.259/01, se aplicando, no que não conflitar
com ela, o disposto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (como determina o próprio artigo
Em seu artigo 3º, § 3º, a lei 10.259 aduz que “No foro onde estiver instalada Vara do Juizado
Especial, a sua competência é absoluta”. Isto quer dizer que, nos JEFs (Juizados Especiais
Federais), ao contrário do que ocorre nos juizados estaduais, o autor não terá a opção de ajuizar
na vara comum ou no juizado. Sendo matéria de competência do juizado, o processo deve correr
no JEF, sob pena de extinção do feito.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 40. Não se incluem na competência do Juizado Especial Federal Cível as causas
que tenham como objeto a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal de
natureza previdenciária, ainda que tenham valor de até sessenta salários mínimos.
COMENTÁRIO
Compete ao Juizado Especial Federal Cível - JEF processar e julgar causas com valor de até
sessenta salários mínimos (Art. 3º da lei 10.259).
Mesmo que se enquadrem no critério do valor da causa, algumas matérias estão expressamente
excluídas do JEF. Estas (matérias excluídas) estão dispostas no parágrafo 1º do artigo 3º da lei de
regência (10.259). Dentro desta previsão estão as causas que visem a anulação ou cancelamento
de ato administrativo federal.
Todavia, mesmo neste caso há exceção (ou seja, exceção da exceção). Poderá ser ajuizada no
JEF ação visando a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal quando este ato for
de natureza previdenciária e o de lançamento fiscal. Vejamos o texto legal:
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado
de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções
fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses
difusos, coletivos ou individuais homogêneos;
GABARITO: ERRADO
Como estão na força de estudo? Espero que bem afiados e concentrados! Como vocês sabem,
houve algumas alterações no edital em relação ao último concurso, então nestas três últimas
rodadas vamos continuar nosso esforço de cobrir a maioria dos pontos. Nesta rodada, apontarei
para vocês as diferenças entre o edital antigo e o novo.
Em relação a Direito Tributário, houve acréscimo dos seguintes pontos: “12 Administração
tributária. 13 Procedimento fiscal. 14 Sigilo fiscal e prestação de informações. 15 Dívida
ativa. 16 Certidões e cadastro. 17 Ilícito administrativo tributário.”
Desta vez, abordamos uma questão jurisprudencial relevante sobre protesto de certidão de dívida
ativa e, nas próximas rodadas, tocaremos em aspectos dos demais itens, mas, desde logo, faço
este destaque, para que vocês não ignorem esses pontos do edital.
Sigam firmes!
COMENTÁRIO
Como vimos na rodada 01, as hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão
previstas no artigo 151 do CTN. Entre elas, estão as reclamações e os recursos administrativos.
Porém, a reclamação a que se refere o dispositivo, de acordo com a doutrina e com o que fixaram
diversas decisões do STJ, é a reclamação que discute o lançamento tributário (é dizer, a exigibilidade
do crédito), a qual é substancialmente diferente da reclamação que discute a legalidade do ato que
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O STJ já decidiu que “o crédito tributário não surge com o fato gerador.” (REsp 250.306,
Rel. Min. Garcia Vieira, j. em 06/06/2000). Com efeito, o crédito tributário, a teor do artigo 142
do Código Tributário Nacional, é constituído com o lançamento. Logo, no mundo dos fatos, em
primeiro lugar, ocorre o fato gerador. Com o fato gerador, surge a obrigação tributária. Quando a
obrigação tributária é quantificada e qualificada, através do lançamento, surge o crédito tributário.
Nesse sentido, veja-se o que ensina Eduardo Sabbag: “com efeito, o lançamento é o instrumento
que confere a exigibilidade à obrigação tributária, quantificando-a (aferição do quantum debeatur) e
qualificando-a (identificação do an debeatur). Em outras palavras, esta, sendo ilíquida e inexigível,
carece dos atributos de certeza e liquidez, que se dão pela atuação do Fisco, por meio do lançamento.
Com a formalização deste, não há que se falar em obrigação tributária, mas em crédito tributário.
Desse modo, o crédito tributário é a obrigação tributária tornada líquida e certa por intermédio do
lançamento. Portanto, memorize: para haver lançamento - e, assim, crédito tributário - é mister
que exista fato gerador e, portanto, obrigação tributária.” (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito
Tributário. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 865).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 43. Não se pode constituir o crédito tributário com base em confissão de dívida
realizada após a extinção do crédito pela decadência, ainda que o objetivo da confissão seja
a inclusão em programa de parcelamento tributário.
COMENTÁRIO
É interessante, contudo, entender a lógica da decisão do STJ. Em primeiro lugar, entendeu-se que,
do ponto de vista jurídico, a confissão era irrelevante.
Depois - e este sim, é o fundamento mais importante -, entendeu-se que a confissão de débito
não pode ter eficácia superior à do lançamento de ofício, que é a forma clássica de lançamento.
Fundamentou-se, portanto, que, “se a administração tributária, de conhecimento dos mesmos fatos
confessados, não pode mais lançar de ofício o tributo, por certo que este não pode ser constituído
via autolançamento ou confissão de dívida existente dentro da sistemática do lançamento por
homologação. Dessa forma, a confissão de dívida para fins de parcelamento não tem efeitos
absolutos, não podendo reavivar crédito tributário já extinto.”
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 44. É constitucional o protesto de certidões de dívida ativa pela Fazenda Pública.
COMENTÁRIO
Em relação a esse assunto, é necessário saber que havia grande discussão judicial e doutrinária
sobre a extensão do artigo 1º da Lei nº 9492/97, que dispõe que “protesto é o ato formal e solene
pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros
documentos de dívida.” A divergência era sobre se a Fazenda Pública poderia protestar a certidão
de dívida ativa (CDA), ou seja, se a CDA estaria incluída na expressão “outros documentos
de dívida”. Para eliminar as dúvidas, a Lei nº 12.767/12 acrescentou ao referido dispositivo o
parágrafo único, que passou a dispor, de forma expressa, o seguinte: “incluem-se entre os títulos
sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas.” O referido dispositivo teve sua
constitucionalidade questionada no Supremo Tribunal Federal (ADI nº 5135), por dois motivos: 1)
ocorrência de contrabando legislativo, pois o referido dispositivo foi produto de emenda a medida
provisória que versava sobre concessões de serviço público e 2) suposta criação de sanção
política1, pois o protesto de CDA seria uma coerção para a cobrança da dívida tributária, paralelo
à execução fiscal, que já é um meio suficiente de cobrança. A primeira alegação não foi acolhida
pelo Supremo em virtude da modulação ocorrida na ADI nº 5127 (importantíssimo conhecer essa
decisão!). Quanto à segunda alegação, o STF, quando do julgamento, fixou a seguinte tese: “o
protesto das Certidões de Dívida Ativa constitui mecanismo constitucional e legítimo, por
não restringir de forma desproporcional quaisquer direitos fundamentais garantidos aos
contribuintes e, assim, não constituir sanção política”. O Informativo nº 846 traz os fundamentos
para a referida conclusão, os quais foram, em suma, os seguintes: a) não basta que uma medida
constranja o contribuinte de forma indireta a pagar os tributos para que se a considere sanção
política - deve haver desproporcionalidade; b) o protesto de CDA pela Fazenda Pública não viola
o devido processo legal; c) não há incompatibilidade entre o protesto e a execução fiscal, que
são, na realidade, institutos complementares; d) o protesto não prejudica a inafastabilidade da
jurisdição, pois “não impede o devedor de acessar o Poder Judiciário para discutir a validade
do crédito tributário ou para sustar o protesto, tampouco exclui a possibilidade de o protestado
pleitear judicialmente uma indenização”; e) a medida não afeta a vida da empresa e f) o protesto
de CDA, quando analisado à luz dos três aspectos da proporcionalidade, revela-se compatível com
tal princípio. Alertou-se, por fim, que “a declaração de constitucionalidade do protesto de Certidões
de Dívida Ativa pela Administração Tributária traz como contrapartida o dever de utilizá-lo de forma
responsável e consentânea com os ditames constitucionais.”
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
1 Lembrem-se de que os Tribunais Superiores rejeitam a aplicação de sanções políticas para a cobrança
de tributos, como se vê, por exemplo, da Súmula nº 323 do STF, segundo a qual “é inadmissível a apreensão de
mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos” e da Súmula nº 127 do STJ, que dispõe ser “ilegal
condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi notificado”.
caminhos para alcançar os bens do devedor principal, voltando suas atenções aos terceiros, após
frustrada a tentativa de percepção de recursos do contribuinte.”
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 46. As Regras de Mandela proíbem a revista em partes íntimas de pessoas que
visitam unidades prisionais.
COMENTÁRIO
Em 1955, a ONU editou o documento Regras Mínimas para o Tratamento de Presos. Em 2015, esse
documento foi submetido a uma revisão e a uma substancial ampliação, consolidando um manual
ou um guia para os Estados administrarem seus respectivos sistemas penal e carcerário. Com a
atualização, as Regras Mínimas se tornaram as Regras de Mandela, tendo esse nome porque a
reunião para atualização do documento ocorreu na África do Sul, país do ex-presidente Mandela, que
ficou preso por muitos anos. A natureza jurídica das Regras de Mandela é de soft law, não possuindo,
então, força cogente ou efeito vinculante. Para ler o documento integral das Regras de Mandela:
http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/arquivo/2016/05/39ae8bd2085fdbc4a1b02fa6e3944ba2.pdf
devem ser governados por princípios não menos protetivos que aqueles delineados nas
Regras 50 a 52. Revistas em partes íntimas do corpo devem ser evitadas e não devem
ser utilizadas em crianças.
Regra 50
As leis e regulamentos acerca das revistas íntimas e inspeções de celas devem estar
em conformidade com as obrigações do Direito Internacional e devem levar em conta
os padrões e as normas internacionais, considerando-se a necessidade de garantir a
segurança nas unidades prisionais. As revistas íntimas e inspeções serão conduzidas
respeitando-se a inerente dignidade humana e privacidade do individuo sob inspeção,
assim como os princípios da proporcionalidade, legalidade e necessidade.
Regra 51
As revistas íntimas e inspeções não serão utilizadas para assediar, intimidar ou invadir
desnecessariamente a privacidade do preso. Para os fins de responsabilização,
a administração prisional deve manter registros apropriados das revistas íntimas
e inspeções, em particular daquelas que envolvam o ato de despir e de inspecionar
partes íntimas do corpo e inspeções nas celas, bem como as razões das inspeções, a
identidade daqueles que as conduziram e quaisquer resultados dessas inspeções.
Regra 52
2. As revistas das partes íntimas serão conduzidas apenas por profissionais de saúde
qualificados, que não sejam os principais responsáveis pela atenção à saúde do preso,
ou, no mínimo, por pessoal apropriadamente treinado por profissionais da área médica
nos padrões de higiene, saúde e segurança.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 47. As Regras de Mandela não proíbem o isolamento da pessoa presa, limitando-o,
porém, ao máximo de 15 dias, sendo que, transcorrido esse prazo, o isolamento passa a ser
considerado confinamento solitário prolongado, prática que as Regras de Mandela proíbem.
COMENTÁRIO
As Regras de Mandela admitam um limite máximo de 15 dias para a duração do isolamento do preso,
afirmando que, se o isolamento vai além daquele limite, passa a ser considerado confinamento
solitário prolongado, prática que deve ser proibida (Regras 43 e 44). Assim, o enunciado está
correto. Atenção: a legislação brasileira, ao disciplinar o RDD (regime disciplinar diferenciado),
permite um período de até 360 dias de isolamento (LEP, art. 52, I), o que supera em muito os 15
dias estipulados pela ONU nas Regras de Mandela. Para mais considerações sobre a provável
inconvencionalidade do RDD, remeto o leitor para os comentários que fizemos sobre o Caso
Bámaca no nosso livro Jurisprudência Internacional de Direitos Humanos.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 48. As Regras de Mandela, assim como a Lei de Execução Penal brasileira,
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê exclusivamente por
meio das visitas e de correspondência escrita.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Enquanto a LEP limita o contato da pessoa presa com o mundo
exterior por meio exclusivamente da correspondência escrita (art. 41, XV), as Regras de Mandela
admitem que o contato da pessoa presa com o mundo exterior se dê não apenas por correspondência
escrita, mas também, onde houver, por telecomunicações, meios digitais, eletrônicos e outros.
Vejamos o que prescreve a Regra 58.1:
GABARITO: ERRADO
A respeito dos crimes contra a ordem tributária, julgue os dois itens a seguir.
QUESTÃO 49. Apesar de a pena do crime de falso seja maior do que a pena do crime de
descaminho, quando aquele é praticado como crime-meio para a consecução do segundo,
conforme tem decidido os tribunais superiores, incidirá o princípio da consunção.
COMENTÁRIO
Prevê a antiga (porém ainda em vigor) Súmula 17 do STJ que “Quando o falso se exaure no
estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Recentemente, em julgamento
afeto ao rito dos recursos repetitivos, decidiu o STJ que “Quando o falso se exaure no descaminho,
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido, como crime-fim, condição que não se altera
por ser menor a pena a este cominada” (REsp 1.378.053, rel. min. Nefi Cordeiro, 3ª Seção, j.
10.08.2016).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 50. Conforme tem decidido o Supremo Tribunal Federal, em razão de se constituir
crime material contra a ordem tributária somente com o lançamento definitivo do tributo,
não se pode falar em termo inicial do prazo prescricional antes desse evento oriundo do
processo administrativo fiscal.
COMENTÁRIO
O enunciado está em conformidade com a jurisprudência do STF, que assim tem decidido: “O
termo inicial da prescrição da ação dos crimes materiais previstos no art. 1º da Lei n. 8.137/1990
é a data da consumação do delito, que, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
corresponde à data da constituição definitiva do crédito tributário” (RHC 122.339, rel. min. Roberto
Barros, 1ª Turma, j. 04.08.2015). Para o STF, considerando que “Não se tipifica crime material
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei n. 8.137/90, antes do lançamento
definitivo do tributo”, também não correrá o prazo prescricional até que se proceda com o lançamento
definitivo do tributo. Há quem questione esse entendimento (ex: Miguel Reale Jr.), sustentando que
o lançamento definitivo do tributo teria a natureza de comprovar um crime contra a ordem tributária
cometido no passado, e não – efetivamente – a natureza de demarcar o momento consumativo da
conduta.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 52. Se o defensor público impetra habeas corpus contra prisão preventiva
decretada quando do recebimento da denúncia, no caso de quando do julgamento do HC o
Tribunal constatar que dias atrás foi proferida sentença condenatória com manutenção da
prisão preventiva, ainda que não tenham sido invocados fundamentos indiscutivelmente
diversos do decreto de prisão preventiva originário, prevalece na jurisprudência dos
tribunais superiores que o HC perderá o objeto.
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Nesse sentido: “Pacífico é o entendimento de que a urgência intrínseca às
cautelares, notadamente à prisão processual, exige a contemporaneidade dos fatos justificadores
dos riscos que se pretende com a prisão evitar. (...) A falta de contemporaneidade do delito imputado
ao paciente e a inocorrência de segregação, torna a prisão preventiva ilegal, por não atender ao
requisito essencial da cautelaridade” (RHC 83.083, rel. min. Rogerio Schietti Cruz, 6ª Turma, j.
20.06.2017).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 54. Conforme tem decidido os tribunais superiores, não cabe à instância
julgadora do habeas corpus agregar ou complementar a fundamentação da decisão que
decretou a prisão preventiva.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Esse é um tema frequente na atuação da Defensoria Pública: questionar
decretos de prisão preventiva genéricos. Após algumas decisões em sentido contrário, os tribunais
superiores atualmente entendem que não cabe à instância julgadora do habeas corpus acrescentar
fundamentos não aventados na decisão que decretou a prisão preventiva para superar o seu vício
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Transcrevo a seguir trechos do meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública no qual abordei exaustivamente esse tema:
“Pois bem. Qual a finalidade da comunicação da prisão em flagrante de pessoa que não
possui advogado, mediante remessa de cópia do auto de prisão, à Defensoria Pública?
A finalidade do expediente comunicativo em questão se relaciona com a proteção do
cidadão preso, circunstância que lhe coloca em estado de vulnerabilidade, propiciando-
lhe assistência jurídica integral diante do cerceamento de sua liberdade. (...)
preso, seja judicialmente, com pedidos de liberdade, seja extra-judicialmente, com visita
sem demora na unidade prisional, principalmente quando o defensor público vislumbrar
alguma circunstância que indique vulnerabilidade mais acentuada da pessoa presa
(exemplos: grávida, estrangeiro, idoso, pessoa com deficiência etc.). Assim sendo, não
realizada a comunicação à Defensoria Pública mediante remessa de cópia do APF em
até 24 horas, inexistindo uma justificativa da autoridade policial para os casos de remessa
tardia, entendo que a prisão em flagrante se torna ilegal, e deve, consequentemente, ser
relaxada, valendo destacar que a sua conversão em preventiva não convalida o vício
que a tornou ilegal”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 56. O Código Penal militar, tal como o Código Penal comum, prevê o perdão
judicial como causa extintiva da punibilidade.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Diferente do Código Penal comum, que prevê o perdão judicial
como causa extintiva da punibilidade (art. 107, IX), o Código Penal militar é omisso na matéria.
Importante ressaltar que o STF, instado a se manifestar sobre a matéria em HC impetrado pela
DPU, decidiu que “A analogia, ainda que in bonan partem, pressupõe lacuna, omissão na lei, o que
não se verifica na hipótese, em que é evidente no Código Penal militar a vontade do legislador de
excluir o perdão judicial do rol de causas de extinção da punibilidade” (HC 116.254, 1ª Turma, j.
25.06.2013).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 57. O Código Penal militar, diferente do Código Penal comum, tipifica como
crime o dano culposo.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Enquanto o Código Penal comum tipifica como crime apenas o dano
doloso (art. 163), o Código Penal militar tipifica como crime o dano tanto doloso quanto culposo
(art. 266).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Esse tema foi cobrado no IV concurso da DPU. O crime de abuso de
autoridade não está previsto no Código Penal militar – nem no CP comum –, sendo, portanto, um
crime impropriamente militar. Assim, quando praticado por militar, ainda que no exercício da função
e dentro de unidade militar, será de competência da Justiça comum. Nesse sentido, a Súmula 172
do STJ: “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade,
ainda que praticado em serviço”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 59. O Código de Processo Penal Militar prevê que, havendo divergência entre as
suas normas e as normas contidas em tratados de que o Brasil seja signatário, prevalecerão
as últimas.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. O CPPM prevê em seu art. 1º, § 1º, que “Nos casos concretos, se houver
divergência entre essas normas [do CPPM] e as de convenção ou tratado de que o Brasil seja
signatário, prevalecerão as últimas”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 61. O TSE não possui competência originária para julgamento de crimes
eleitorais.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8.2 Competência em matéria Criminal Eleitoral. 8.3 Rito Processual
Penal Eleitoral.
Todos os preceitos do Código Eleitoral que regulamentam a competência originária do TSE para o
julgamento de crimes eleitorais foram revogados tacitamente pela Constituição Federal de 1988,
que não prevê a competência originária do Tribunal Superior Eleitoral para o julgamento de crimes
eleitorais, uma vez que os parlamentares que possuiriam foro por prerrogativa de função no TSE
serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Este enunciado costuma cair em diversas provas
de concursos públicos. Portanto, vale a pena a fixação da inexistência de competência originária
do Tribunal Superior Eleitoral para o julgamento de crimes eleitorais.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 62. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e
oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em
flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou,
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 8.2 Competência em matéria Criminal Eleitoral. 8.3 Rito Processual
Penal Eleitoral.
Segundo o artigo 236 do Código Eleitoral: “Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes
e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor,
salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável,
ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto”.
Trata-se de uma restrição à prisão no período eleitoral, com fulcro de garantir o voto de grande
parte do eleitorado brasileiro. Nessa linha de raciocínio, ninguém pode ser preso nos cinco dias
que antecedem a eleição, bem como nas quarenta e oito horas após o encerramento do pleito
eleitoral, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime
inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto. A regra em comento ainda está vigente
em nosso ordenamento jurídico, em que pese existam vozes que defendem a sua não recepção
pela Constituição Federal de 1988 (Francisco Dirceu de Barros).
Por fim, recomendo a leitura da análise crítica do dispositivo em comento feita por Francisco Dirceu
de Barros. O texto pode ser encontrado neste link: https://franciscodirceubarros.jusbrasil.com.br/
artigos/142374423/prisoes-no-periodo-eleitoral
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 63. O conceito de domicílio eleitoral é mais restrito que o conceito de domicílio
civil.
COMENTÁRIO
O conceito de domicílio eleitoral é mais amplo que o conceito de domicílio civil, uma vez que a
legislação eleitoral brasileira reconhece como domicílio eleitoral também o local onde o indivíduo
tenha apenas um vínculo familiar, profissional ou político, não exigindo o animus de permanência
para a sua fixação. Já o domicílio civil é o local em que a pessoa se estabelece com ânimo definitivo,
admitindo até mesmo a possibilidade de múltiplos domicílios, caso a pessoa tenha mais de uma
residência e alterne a moradia.
Conforme já estudamos ao longo deste curso, a legislação eleitoral exige o prazo mínimo de um
ano em determinado domicílio eleitoral para que o indivíduo possa concorrer ao pleito eleitoral na
respectiva circunscrição.
Por fim, lembro novamente ao aluno que o domicílio eleitoral é uma condição de elegibilidade
(art. 14, § 3º, IV, da Constituição Federal de 1988).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 64. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, o fato de determinado indivíduo estar
inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido.
COMENTÁRIO
Segundo a análise do Tribunal Superior Eleitoral a respeito do tema, o fato de determinado indivíduo
estar inelegível não obsta a possibilidade do mesmo se filiar em determinado partido político, uma
vez que a inelegibilidade retira do indivíduo apenas a sua capacidade eleitoral passiva. Senão
vejamos o precedente exarado pelo TSE:
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Este enunciado está intimamente relacionado com o debate envolvendo a PEC das Diretas Já.
Para boa parte da doutrina brasileira, a PEC das Diretas Já não estaria eivada de vício, uma vez
que a mesma não violaria o princípio da anualidade eleitoral previsto no artigo 16 da Constituição
Federal. Nesse sentido, lembro ao aluno que segundo a própria Corte Constitucional brasileira,
o referido princípio possui status de cláusula pétrea, conforme já estudamos na primeira rodada
deste curso. Voltando ao tema das emendas à Constituição, o Supremo Tribunal Federal já decidiu
que em caso de alteração do processo eleitoral, até mesmo as emendas constitucionais devem
respeitar o princípio da anualidade eleitoral. Senão vejamos o precedente exarado pela Corte
Constitucional brasileira:
GABARITO: CERTO
Em Direito Administrativo, vários pontos foram acrescidos. Os principais foram o referente à Lei
do Processo Administrativo; ao controle da Administração Pública; aos serviços públicos (de forma
detalhada, pois, na verdade, já compreendíamos que este assunto se inseria na organização
administrativa) e ao regime jurídico das terras públicas, com especificação das terras ocupadas
pelos índios e pelos quilombolas. Esses assuntos não podem passar despercebidos pelos estudos
de vocês!
COMENTÁRIO
De logo, a assertiva está errada, pois contraria a decisão do STJ segundo a qual “o anistiado
político que obteve, na via administrativa, a reparação econômica prevista na Lei n.
10.559/2002 (Lei de Anistia) não está impedido de pleitear, na esfera judicial, indenização por
danos morais pelo mesmo episódio político.” (REsp 1.485.260, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado
em 05/04/2016). Vale ressaltar que havia decisão anterior da Primeira Turma em sentido contrário
(REsp 1.323.405-DF). Para o novo entendimento, baseou-se no artigo 16 da Lei nº 10.559/2002,
o qual veda a acumulação de pagamento, benefícios ou indenização com o mesmo fundamento,
mas não exclui outros direitos conferidos por outras normas, sejam legais, sejam constitucionais.
Para o STJ, esse comando foi dirigido à Administração Pública, e não ao Poder Judiciário no
exercício de sua função típica.
Com relação ao fundamento da reparação, anotou-se que, como prevê o ADCT, em seu artigo 8º,
o pagamento previsto na Lei nº 10.559/2002 decorria de eventuais prejuízos que os anistiados
políticos tiveram em sua esfera profissional (tratava-se, portanto, de reparação material, decorrente
de uma perda patrimonial).
Dessa maneira, concluiu-se que “o recebimento da reparação econômica de que trata a Lei n.
10.559/2002 não exclui, só por si, o direito de o anistiado buscar na via judicial, em ação autônoma
e distinta, a reparação dos danos morais que tenha sofrido em decorrência da mesma perseguição
política geradora da anterior reparação administrativa (art. 5º, V e X, da CF), pois distintos se
revelam os fundamentos que amparam a cada uma dessas situações.”
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Administrativo.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Pessoal, na Rodada 01 (questão 69), abordamos o tema da cassação dos atos administrativos.
Aqui, falaremos da revogação e da anulação. É necessário lembrar e conhecer o que dispõem
as Súmulas 346 e 437 do STF (que expusemos e analisamos naquela questão, à qual lhes
remeto), sobre a distinção entre revogação e invalidação. Para Celso Antônio Bandeira de Mello,
a revogação “é a retirada por razões de conveniência e oportunidade”, como ocorre na
“retirada da permissão para estabelecimento de banca de jornais em dada esquina, sob
fundamento de que perturba a circulação de pedestres no local, que requer maior desafogo”,
enquanto a invalidação “é a retirada porque o ato fora praticado em desconformidade com
a ordem jurídica”, como ocorre com “a retirada de uma autorização para porte de arma
porque, contra a lei, fora deferida a um menor de idade.” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de.
Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 447). Assim, a questão confundiu
os conceitos de revogação e invalidação.
A título de revisão, o referido autor faz o seguinte quadro das formas de extinção do ato administrativo:
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Pessoal, já lhes disse, mas repito: é imprescindível conhecer as Súmulas Vinculantes. Para
resolver esta questão, era suficiente estar familiarizado com o teor da Súmula Vinculante nº 05: “a
falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.” O STF considerou que “se devidamente garantido o direito (i) à informação; (ii) à
manifestação e (iii) à consideração dos argumentos manifestados, a ampla defesa foi exercida em sua
plenitude, inexistindo ofensa ao art. 5º, LV, da Constituição Federal. (....) Nesses pronunciamentos,
o Tribunal reafirmou que a disposição do art. 133 da CF não é absoluta, tendo em vista que a
própria Carta Maior confere o direito de postular em juízo a outras pessoas”. (RE 434059, Rel.
Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 07/05/2008). Dessa forma, a simples ausência
de defesa técnica realizada por advogado ou Defensor Público não constitui nulidade, desde que
tenha havido efetivo respeito ao contraditório e à ampla defesa, como determina o artigo 5º, LV, da
Constituição, bem como o artigo 2º da Lei nº 9.784/19992.
Nesse ponto, e tratando-se de concurso de Defensoria Pública, vale abrir o seguinte parêntese: a
Súmula Vinculante nº 05 não se aplica a procedimento administrativo para apurar falta grave de
pessoa presa. De fato, o STF já tem diversas decisões nesse sentido, pois considera que, tratando-
se de apuração de falta grave, está em jogo a própria liberdade de ir e vir da pessoa, de modo que
lhe deve ser assegurada defesa técnica, quer por advogado constituído, quer por Defensor Público.
Não é suficiente, assim, a simples presença de um “assistente jurídico” do presídio. Vejam, por
todos, o seguinte trecho de decisão: “em procedimento administrativo disciplinar, instaurado para
“Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de:
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei;
III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público;
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados;
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.”
apurar o cometimento de falta grave por réu condenado, tendo em vista estar em jogo a liberdade de
ir e vir, deve ser observado amplamente o princípio do contraditório, com a presença de advogado
constituído ou defensor público nomeado, devendo ser-lhe apresentada defesa, em observância
às regras específicas contidas na LEP (...). Ressalte-se que, no caso em espécie, a presença de
assistente jurídico da penitenciária não garante a observância dos princípios constitucionais.” (AI
805454, Rel. Min. Dias Toffoli, Decisão Monocrática, julgamento em 01/08/2011).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 71. Tratando-se de ato administrativo que nega pedido de licença para construção
formulado por particular, é vedada a motivação aliunde.
COMENTÁRIO
Por disposição expressa da lei que regula o processo administrativo no âmbito federal, é permitida a
motivação aliunde, que é a que se limita a concordar com parecer, informação, decisão ou proposta
anterior. De fato, os atos administrativos que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses,
bem como os que decidam recursos administrativos devem ser motivados, com indicação
dos fatos e dos fundamentos jurídicos. Esse é o teor do artigo 50, II e V, da Lei nº 9.784/99.
Contudo, o § 1º do referido dispositivo permite, expressamente, a motivação aliunde: “a motivação
deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância
com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste
caso, serão parte integrante do ato.”
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Trata-se, nestes casos, de controle legislativo dos atos do Poder Executivo. Parte da doutrina
aponta que todos os casos de controle legislativo dos atos do Executivo devem estar previstos na
Constituição, já que se trata de verdadeira mitigação do princípio constitucional da separação de
poderes. Outros exemplos de controle legislativo direto (ou seja, sem o auxílio dos Tribunais de
Contas) dos atos administrativos são a) o julgamento do chefe do Executivo (impeachment); b) as
Comissões Parlamentares de Inquérito; c) o julgamento das contas do Presidente da República;
d) a convocação de autoridades e e) a aprovação de determinados atos administrativos (como
provavelmente veremos, no próximo dia 12, com a aprovação da nova Procuradora-Geral da
República).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
De acordo com decisão antiga, mas ainda sustentada, do STJ, “por ser a interrupção no fornecimento
de energia elétrica medida excepcional, o art. 6º, § 3º, II, da Lei nº 8.987/95 deve ser interpretado
restritivamente, de forma a permitir que o corte recaia apenas sobre o imóvel que originou o
débito, e não sobre outros imóveis de propriedade do inadimplente.” (REsp 662214/RS, j. em
06/02/2007 Rel. Min. Teori Zavascki).
disponibilizadas:
10) O corte no fornecimento de energia elétrica somente pode recair sobre o imóvel que
originou o débito, e não sobre outra unidade de consumo do usuário inadimplente.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 74. A empresa Felicidade S/A, após regular procedimento licitatório, celebrou
contrato de concessão comum com a União, para oferecer determinado serviço público.
Nesta situação, é correto afirmar que não haverá contrapartida pecuniária à concessionária,
cuja remuneração será realizada por meio de tarifas com as quais arcarão os usuários.
COMENTÁRIO
De fato, nas concessões comuns, não há qualquer contrapartida financeira por parte do
poder concedente, devendo o concessionário remunerar-se por meio da cobrança de tarifas
dos usuários. Diferentemente, as Parcerias Público-Privadas podem se dar sob a modalidade
concessão patrocinada, caracterizada pelo fato de o concessionário receber recursos de duas
fontes (as tarifas pagas pelos usuários e uma contraprestação pecuniária devida pelo poder
concedente, que deve ser de no máximo 70% da remuneração total do parceiro privado, a não ser
que haja autorização legislativa específica para um percentual maior, nos termos do art. 10, §3º,
da Lei 11.079/04) ou concessão administrativa, em que a totalidade da remuneração é paga pelo
poder concedente.
Na rodada passada, a questão nº 41 tratou da natureza tributária das taxas. Abaixo, segue, apenas
para revisão, reprodução de tabela que, com precisão, diferencia as taxas das tarifas (estas, sim,
referentes à contraprestação que fazem os usuários de serviços públicos).
Taxa Tarifa
Regime jurídico de direito público. Regime jurídico de direito privado.
O vínculo obrigacional é de natureza tributária O vínculo obrigacional é de natureza
(legal), não admitindo rescisão. contratual, admitindo rescisão.
Sujeito ativo: pessoa jurídica de direito Sujeito ativo: pessoa jurídica de direito público
público. ou de direito privado.
Há necessidade de válida manifestação de
O vínculo nasce independentemente de
vontade para o surgimento do vínculo (é
manifestação de vontade (compulsório).
facultativa).
Pode ser cobrada em virtude de utilização Somente pode ser cobrada em virtude de
efetiva ou potencial do serviço público. utilização efetiva do serviço público.
Sujeita-se aos princípios tributários. Não se sujeita aos princípios tributários.
Fonte: ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. São Paulo: Método, 2015, p. 149.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
De acordo com o artigo 35, § 1º, da Lei 8.987/95, reversão é a transferência dos bens do
concessionário para o patrimônio do concedente em virtude da extinção do contrato, a
qual pode ocorrer de forma gratuita ou onerosa. Conhecendo apenas a disposição legal, seria
possível responder a esta questão, identificando a compatibilidade da situação apresentada com
a lei.
A título de revisão, vale lembrar que, no caso da reversão onerosa, o concedente tem o dever de
indenizar o concessionário, pois os bens foram adquiridos exclusivamente com o capital deste.
Nesse sentido é o art. 36 da lei: “a reversão no advento do termo contratual far-se-á com a
indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade
do serviço concedido.”
Por outro lado, na reversão gratuita, a fixação da tarifa já levou em conta o ressarcimento do
concessionário pelos custos na aquisição dos bens, de modo que o concedente ficará com a
propriedade dos bens, sem quaisquer ônus.
GABARITO: CERTO
Caros alunos,
As diferenças entre o antigo e o novo edital de Direito do Trabalho foram as seguintes. Em primeiro
lugar, foi suprimido o item referente à Organização Internacional do Trabalho, que era o antigo
ponto 30. Por outro lado, foram incluídos, de fato, os seguintes assuntos: “2.6 Danos morais;
2.6.1 Assédio moral; 2.6.2 Assédio sexual; 28 Direitos trabalhistas dos índios; 29 Direitos
trabalhistas dos imigrantes e dos refugiados; 30 Trabalho escravo e Tráfico de pessoas na
atualidade.”
Também vale notar que foi dado destaque ao item referente aos direitos trabalhistas dos empregados
domésticos (o qual temos trabalhado há tempos, desde a peça da 2ª rodada!). Notem, dentre os
itens mencionados acima, que o nº 29 é atualíssimo, em razão da recente aprovação da Lei de
Migração, e será, decerto, objeto de questionamento neste curso.
COMENTÁRIO
Chamo a atenção de vocês para a última tese firmada, a qual dispõe que a exigência da certidão
de antecedentes criminais fora das hipóteses autorizadas caracteriza dano moral in re ipsa, e que
a indenização, nesse caso, independe da admissão do empregado. Assim, a exigência de certidão
de antecedentes criminais: 1) deve estar prevista em lei ou 2) deve decorrer da natureza do ofício
ou de grau especial de confiança exigido e, em todo caso, 3) não pode ser discriminatória.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 77. Havendo rescisão indireta, o empregado faz jus à indenização de 40% sobre
os depósitos do FGTS.
COMENTÁRIO
A alternativa está corretíssima. Tanto no caso de dispensa sem justa causa quanto no caso de
rescisão indireta, o empregado faz jus ao recebimento de indenização no valor de 40% sobre os
depósitos do FGTS. Para facilitar a memorização das verbas rescisórias devidas nas diferentes
modalidades de término do contrato de emprego, transcrevo o seguinte quadro:
Fonte: CORREIA, Henrique. Direito do Trabalho para Concursos Públicos. Salvador: JusPodivm,
2017: p. 1.132.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Por outro lado, referidas normas que proíbem o lockout não se aplicam quando se tratar de trabalho
avulso, pois o TST entende que “as normas que regem o chamado “lockout” (arts. 722 da CLT
e 17 da Lei nº 7.789/83) possuem natureza proibitiva e punitiva, não admitindo interpretação
extensiva ou aplicação por analogia. Assim, tendo em conta que as referidas disposições
de lei têm por destinatário inequívoco o empregador - a quem é vedado fechar de forma
arbitrária o estabelecimento ou praticar ato injusto visando à paralisação total ou parcial
das atividades, obstando o ingresso dos empregados na unidade produtiva com a finalidade
de enfraquecer pleitos coletivos -, não se pode aplicá-las à relação entre o trabalhador
portuário avulso e os operadores portuários, porque inexistente a figura do empregador.”
(RO-2006900-13.2005.5.02.0000, SDC, j. em 13/11/2012, Relator Ministro Fernando Eizo Ono)
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
A força maior no Direito do Trabalho está prevista no artigo 501 da CLT, que assim dispõe: “entende-
se como força maior todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, e para a
realização do qual este não concorreu, direta ou indiretamente.” Maurício Godinho Delgado explica
que “a Consolidação reúne, na mesma figura, a força maior em sentido estrito e o caso fortuito,
por produzirem idênticos efeitos jurídicos.” (DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do
Trabalho. São Paulo: LTr, 2014, p. 967). De seu turno, o § 1º do referido dispositivo é expresso
em afirmar que “a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior”. Em relação
à prorrogação de jornada do menor, a disciplina está no artigo 413 da CLT, cujo inciso II prevê
uma das hipóteses de tal extensão, qual seja, “excepcionalmente, por motivo de fôrça maior, até o
máximo de 12 (doze) horas, com acréscimo salarial de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento)
sôbre a hora normal e desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do
estabelecimento”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Pontos do edital: 2.6.1. Assédio moral. 30. Trabalho escravo e tráfico de pessoas na
atualidade.
Henrique Correia (Op. Cit., p. 1003) explica que, no Direito do Trabalho, “a figura do dumping social
compreende a conduta de retirar deliberadamente direitos trabalhistas com o objetivo de conseguir
vantagens comerciais e financeiras. Trata-se de uma modalidade de ganho de competitividade
desleal, em razão da redução dos custos trabalhistas”. Além disso, referido autor indica que a
prática de dumping social pode ensejar indenização por danos coletivos. Nesse sentido, o autor
aponta decisão do TRT da 1ª Região que esclarece que “as agressões reincidentes e inescusáveis
aos direitos trabalhistas geram um dano à sociedade, pois com tal prática desconsidera-se,
propositalmente, a estrutura do Estado social e do próprio modelo capitalista com a obtenção de
vantagem indevida perante a concorrência. A prática, portanto, reflete o conhecido dumping social,
motivando a necessária reação do Judiciário Trabalhista para corrigi-la.” O conceito, que é atual e
tem sido bastante discutido na seara trabalhista, deve ser conhecido por vocês.
GABARITO: CERTO
Pessoal, em Processo do Trabalho, as alterações feitas no edital, na maioria dos casos, apenas
especificaram assuntos que vinham previstos de forma genérica. Houve, contudo, acréscimo
de alguns pontos. Dentre eles, destaco que, no ponto 14, acresceu-se, no item referente aos
procedimentos especiais, menção à ação monitória, à ação de consignação em pagamento e à
ação de prestação de contas, suprimindo-se, de outro lado, a menção expressa à ação rescisória.
Além disso, o conteúdo material dos itens 16 e 17 também é novidade (“16 Ação civil pública
em matéria trabalhista. Legitimados, substituição processual, condenação genérica e liquidação.
Coisa julgada e litispendência. 17 Tutela antecipatória de mérito e tutelas cautelares no Direito
Processual do Trabalho”) e, por isso, merece nossa atenção.
Vamos ao trabalho!
COMENTÁRIO
O amicus curiae foi inserido pelo CPC/2015 entre as modalidades de intervenção de terceiro,
ao lado da assistência, da denunciação da lide, do chamamento ao processo e do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica. De modo geral, a doutrina justrabalhista tem entendido
pelo cabimento da intervenção de terceiros nas causas que correm pelo rito ordinário, desde que
a Justiça do Trabalho tenha competência material para julgar a relação com o terceiro e que não
haja prejuízo ao andamento do processo (MIESSA, Élisson. Processo do Trabalho para concursos.
Salvador: Juspodivm, 2017, p. 314). No caso específico do amicus curiae, o art. 3°, II, da
Instrução Normativa n° 39/2016, do TST, determina a aplicação do art. 138 e seus parágrafos,
do NCPC (trata do amicus curiae), ao Processo do Trabalho. A relevância dessa intervenção, na
Justiça do Trabalho, está principalmente na atuação dos sindicatos nos processos e na formação
de precedentes judiciais obrigatórios.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Com efeito, nos termos do art. 540 do NCPC, “requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento,
cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada
improcedente. Porém, como a competência da Justiça do Trabalho é fixada em benefício do
empregado, a fim de facilitar seu acesso à justiça, a doutrina majoritária entende que se aplica,
ao caso, o art. 651 da CLT, segundo o qual o juízo competente é, em regra, o do local da
prestação dos serviços (cf. MIESSA, Élisson. Op. cit., p. 1285). É importante lembrar que essa
competência, definida em razão do lugar, é relativa.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 83. José trabalhou na empresa X durante dois anos, até ser dispensado sem
justa causa. Ao anunciar a dispensa, a empresa forneceu a José um termo de rescisão,
assinado pelo gerente, com a discriminação das verbas rescisórias a ele devidas. O
documento não foi assinado por testemunhas. Na mesma ocasião, José recebeu um cheque
como pagamento pelos valores devidos, o qual, porém, somente tentou descontar 8 (oito)
meses depois de findo o prazo de apresentação. Nessa situação, a fim de ver satisfeito seu
crédito, José poderá optar entre a execução do cheque, que é título executivo extrajudicial,
e o ajuizamento de ação monitória.
COMENTÁRIO
A ação monitória é uma ação de rito especial prevista nos arts. 700 a 702 do CPC/2015, tendo
por objetivo proporcionar, a quem detenha prova escrita sem eficácia de título executivo, o direito
de exigir do devedor capaz o pagamento de quantia em dinheiro, a entrega de coisa fungível ou
infungível ou de bem móvel ou imóvel ou o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer
(art. 700). No caso da questão, nota-se que José não dispõe de título executivo, já que o termo
de rescisão não foi assinado por 2 (duas) testemunhas, como exige o disposto no art. 784, III, do
CPC/2015, enquanto o cheque, por não ter sido apresentado a tempo, já se encontra prescrito
(arts. 47 e 59 da Lei nº 7.357 - Lei do Cheque). Dessa forma, José não poderia promover um
processo de execução, restando-lhe a via da ação monitória ou, ainda, a propositura de ação
de conhecimento.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
De acordo com a Orientação Jurisprudencial n. 130 da SDI-II do TST, tem-se que são as seguintes
as regras referentes ao julgamento de ação civil pública em matéria trabalhista: “I – A competência
para a ação civil pública fixa-se pela extensão do dano; II – Em caso de dano de abrangência
regional, que atinja cidades sujeitas à jurisdição de mais de uma Vara do Trabalho, a competência
será de qualquer das varas das localidades atingidas, ainda que vinculadas a Tribunais Regionais
do Trabalho distintos; III – Em caso de dano de abrangência suprarregional ou nacional, há
competência concorrente para a ação civil pública das Varas do Trabalho das sedes dos
Tribunais Regionais do Trabalho; IV – Estará prevento o juízo a que a primeira ação houver sido
distribuída”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 85. Havendo, em ação civil pública trabalhista que verse sobre direitos difusos,
julgamento de improcedência por insuficiência de provas, não haverá formação de coisa
julgada material. Nesse caso, é correto falar em coisa julgada secundum eventum probationis.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 16 Ação civil pública em matéria trabalhista. (...) condenação genérica
Novamente, para facilitar a memorização, transcrevo a seguinte tabela sobre a formação da coisa
julgada coletiva:
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 86. Segundo o entendimento mais recente do STJ, o rol de doenças, previsto
na legislação, que permitem a aposentadoria por invalidez integral no âmbito do Regime
Próprio da Previdência Social é taxativo.
COMENTÁRIO
O STJ tinha entendimento firmado no sentido de que o rol de doenças previsto na legislação de
regência (vide o art. 186, §1º, da Lei 8.112/91), que permitem a concessão de aposentadoria por
invalidez com proventos integrais, era meramente exemplificativo. Não obstante, a Corte Superior
veio a se curvar à decisão proferida pelo Plenário do STF, no regime de repercussão geral, no
bojo do RExt 656.860. Vejamos a decisão, proferida no bojo do REsp 1.324.671, publicada no
Informativo n. 557, de 05 a 18 de março de 2015:
8.112⁄1990 para fins de aposentadoria integral não seria taxativo, mas exemplificativo,
tendo em vista a impossibilidade de a norma prever todas as doenças consideradas pela
medicina como graves, contagiosas ou incuráveis. No entanto, o STF, reconhecendo a
repercussão geral da matéria, entendeu que “pertence, portanto, ao domínio normativo
ordinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez
com proventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF, tem
natureza taxativa” (RE 656.860-MT, Tribunal Pleno, DJe 18/9/2014). Nesse contexto, em
atendimento ao art. 543-B, § 3º, do CPC, a aposentadoria de servidor público federal
diagnosticado com moléstia não mencionada no § 1º do art. 186 da Lei 8.112⁄1990, não
pode se dar com o pagamento de proventos integrais, mas sim proporcionais. REsp
1.324.671-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/3/2015, DJe 9/3/2015.
Apenas a título de esclarecimento, anoto que, enquanto no âmbito do RGPS a aposentadoria por
invalidez é sempre integral, no RPPS ela será, em regra, proporcional, segundo dispõe o art. 40,
§1º, I, da CRFB: “Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo
serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º
e 17: I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição,
exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa
ou incurável, na forma da lei”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O período básico de cálculo era mesmo composto apenas pelos 36 últimos salários-de-contribuição,
segundo constava na redação originária do art. 202 da CRFB/88. Hoje, contudo, já não é mais
assim, sendo considerado todo o período contributivo (limitado o regresso, porém, apenas até julho
de 1994), de onde se extrai os 80% maiores salários-de-contribuição.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 89. A renda mensal inicial da aposentadoria por idade será de 70% do salário-
de-benefício, mais 1% a cada grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 91% do
salário-de-benefício.
COMENTÁRIO
Apenas um detalhe torna a assertiva incorreta: o limite para a alíquota não é de 91%, mas sim
de 100%. Com efeito, o art. 50 da Lei 8.213/91 diz que: “A aposentadoria por idade, observado o
disposto na Seção III deste Capítulo, especialmente no art. 33, consistirá numa renda mensal de
70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, mais 1% (um por cento) deste, por grupo de 12
(doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do salário-de-benefício”. A
alíquota de 91% tem lugar no benefício de auxílio-doença, tendo a redação da assertiva, portanto,
procurado confundir o candidato.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 90. Segundo entendimento consolidado do STF, o segurado tem direito a que
seu benefício seja calculado para alcançar a melhor renda possível, se já havia, na data a ser
tomada por base, reunido os requisitos para sua obtenção.
COMENTÁRIO
A partir do momento em que o segurado reuniu os requisitos para a obtenção do benefício, ainda que
não venha a requerê-lo, terá, ao requerer, direito a que o cálculo da RMI seja feito tomando por base
a data em que o resultado final é o melhor possível. Assim, por exemplo, se alguém já tinha direito
a se aposentar em 1995, mas só requereu em 2000, e se a RMI calculada em dezembro de 1996
(que deve ser atualizada monetariamente) é a maior alcançada entre 1995 e 2000 (considerando
os momentos durante tal período em que ele manteve o direito a se aposentar segundo as regras
então vigentes), ela é que deverá ser adotada. Assim decidiu o STF, em 21/02/2013, no bojo do
RExt 630.501, cuja ementa transcrevo:
A ementa é deveras curta e não é muito esclarecedora. Para maiores detalhes acerca da tese,
sugiro a leitura do inteiro teor do voto condutor. A Lei 8.213/91 diz, em seu art. 122, que “Se mais
vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do
cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendo
completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em
atividade”. Diz, ademais, no § 1º do art. 102 que “A perda da qualidade de segurado não prejudica o
direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo
a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos” (grifei).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
de Geografia e Estatística - IBGE, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos”.
Como a expectativa de vida do homem é menor que a da mulher no país, há uma corrente que
vem procurando fazer vingar judicialmente a tese de que deveria ser considerada a expectativa
de sobrevida do sexo masculino isoladamente, na concessão de benefício para homens. Bom, a
sutileza que torna a assertiva equivocada é a de que no cálculo do fator previdenciário da mulher
devem ser acrescidos cinco anos ao tempo de contribuição, segundo dita o § 9º, I, do art. 29 da Lei
8.213/91, de onde resulta que o cálculo não é feito de maneira absolutamente igual.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 92. Caso trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou
equiparado, e opte por contribuir com alíquota reduzida, o segurado contribuinte individual
poderá se aposentar por tempo de contribuição, porém não faz jus a aposentadoria especial.
COMENTÁRIO
A presente questão foi adaptada de uma cobrada na prova para juiz federal do TRF5 de 2015.
Transcrevo o disposto no § 2º do art. 21 da Lei 8.212/91:
Assim, o contribuinte individual que contribui com alíquota reduzida não terá direito à aposentadoria
por tempo de contribuição, ao contrário do que consta na assertiva. Sobre a aposentadoria especial,
entende-se, a partir de uma interpretação sistemática, que também não fará jus.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 93. O aposentado pelo RGPS que retorna à atividade, enquadrando-se como
contribuinte individual, não faz jus, nessa condição, a salário-família.
COMENTÁRIO
Segundo consta no §2º do art. 18 da Lei 8.213/91, “o aposentado pelo Regime Geral de Previdência
Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus
a prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao
salário-família e à reabilitação profissional, quando empregado” (grifei). O benefício só é devido,
em todo caso, ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, segundo
dispõe o art. 65 da Lei 8.213/91. Não obstante, conforme consta no par. único do dispositivo,
“O aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 (sessenta e cinco)
anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos ou mais, se do feminino,
terão direito ao salário-família, pago juntamente com a aposentadoria”, pelo que é importante o
uso da expressão “nessa condição”. O Decreto 3.048/99 limita a percepção do salário-família aos
aposentados como empregado ou trabalhador avulso (ressalto que o doméstico foi incluído na lei
apenas em 2015, pelo que, quanto a este, o Decreto se encontra desatualizado), o que a lei não
diz expressamente, embora se possa entender que tenha deixado implícito. Ocorre que o segurado
pode ter tido enquadramentos diversos ao longo de sua história laboral. Não fica claro, ademais,
se, no caso de aposentado que retorna ao trabalho, qual a renda a ser considerada.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 94. As cotas do salário-família não serão incorporadas, para qualquer efeito, ao
salário ou ao benefício.
COMENTÁRIO
Segundo Baltazar Júnior e Daniel Machado da Rocha (op. cit., p. 260), “A doutrina considera o
salário-família como uma prestação de natureza jurídica situada numa zona cinzenta entre o Direito
Previdenciário e o Direito do Trabalho”. O benefício é pago pelo empregador junto com o salário,
efetivando-se a compensação quando do recolhimento das contribuições. É, no fim das contas, um
complemento de renda ao segurado de baixa renda que possui filhos. Conforme dispõe o art. 70
da Lei 8.213/91, “A cota do salário-família não será incorporada, para qualquer efeito, ao salário ou
ao benefício”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O trabalhador avulso presta serviço a diversas empresas, sem vínculo empregatício, sendo
contratado por intermediação de sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra. Assim, pode ocorrer
intermitência na oferta de trabalho. Destarte, o § 2º do art. 82 do Decreto 3.048/99 estabelece
que: “O salário-família do trabalhador avulso independe do número de dias trabalhados no mês,
devendo o seu pagamento corresponder ao valor integral da cota”.
GABARITO: ERRADO
Ainda sobre o tema das prerrogativas dos membros da Defensoria Pública, julgue os quatro
itens a seguir.
QUESTÃO 96. A prerrogativa da intimação pessoal mediante vista dos autos não se aplica
às intimações expedidas por tribunais superiores.
COMENTÁRIO
O enunciado está equivocado. Conforme ressaltei no meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública:
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 97. A prerrogativa do prazo em dobro se aplica inclusive quando a lei estabelecer,
de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública, conforme prevê o novo Código
de Processo Civil.
COMENTÁRIO
Esse enunciado também está errado. Me permito transcrever outro trecho do meu livro Prática
Penal para Defensoria Pública:
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. Sigo com comentários que fiz no meu livro Prática Penal para Defensoria
Pública. A LC 80 assegura ao defensor público a prerrogativa de “ser ouvido como testemunha, em
qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade
competente” (arts. 44, XIV, 89, XIV, e 128, XIV). Idêntica prerrogativa é prevista para os magistrados
na LOMAN (art. 33, I) e na LONMP, sendo que para os membros do MP a prerrogativa é ampliada
para quando forem ouvidos também como “ofendidos” (art. 40, I). Não há a prerrogativa de ajustar
dia, hora e local para ser interrogado. Importante observar que o membro da Defensoria Pública,
do MP ou da magistratura deve indicar o dia, a hora e o local com celeridade para a autoridade
competente, sob pena de perder a possibilidade de utilizar a prerrogativa em estudo no respectivo
processo, o que também acontecerá no caso de fazer aquele agendamento e não comparecer na
data ajustada. Nesse sentido, já decidiu o STF, entendendo por fixar o prazo máximo de trinta dias
para que o titular da prerrogativa proceda com a indicação de dia, hora e local para a inquirição:
“Passados mais de trinta dias sem que a autoridade que goza da prerrogativa prevista
no caput do art. 221 do Código de Processo Penal tenha indicado dia, hora e local
para a sua inquirição ou, simplesmente, não tenha comparecido na data, hora e local
por ela mesma indicados, como se dá na hipótese, impõe-se a perda dessa especial
prerrogativa, sob pena de admitir-se que a autoridade arrolada como testemunha possa,
na prática, frustrar a sua oitiva, indefinidamente e sem justa causa” (AP 421 QO, rel. Min.
Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, j. 22/10/2009).
O NCPC acompanhou esse precedente do STF e estabeleceu que “O juiz solicitará à autoridade que
indique dia, hora e local a fim de ser inquirida, remetendo-lhe cópia da petição inicial ou da defesa
oferecida pela parte que a arrolou como testemunha” (art. 454, § 1º), advertindo tanto que, “Passado
1 (um) mês sem manifestação da autoridade, o juiz designará dia, hora e local para o depoimento,
preferencialmente na sede do juízo” (art. 454, § 2º), quanto que “O juiz também designará dia, hora
e local para o depoimento, quando a autoridade não comparecer, injustificadamente, à sessão
agendada para a colheita de seu testemunho no dia, hora e local por ela mesma indicados” (art.
454, § 3º).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 99. A Lei Orgânica da Defensoria Pública confere aos membros da instituição
igual prerrogativa àquela prevista pelas Leis Orgânicas da magistratura e do Ministério
Público para os seus membros, assegurando que os defensores públicos somente podem
ser presos por ordem judicial escrita, salvo em flagrante de crime inafiançável, caso em que
a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral.
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Dentre as matérias de “Direito Constitucional” constantes no edital, encontramos o ponto 19, que
aponta para o “Direito Constitucional Ambiental”.
A CF/88 é a primeira Constituição brasileira a tratar de meio ambiente como um todo. As anteriores
abordavam apenas o uso dos recursos naturais. Na Carta de 88 o meio ambiente é tratado de
forma transversal, ou seja, encontra-se em diversas partes do documento.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 101. O antropocentrismo alargado revela que os seres humanos estão no centro
das preocupações com o desenvolvimento sustentável, tendo direito a uma vida saudável e
produtiva, em harmonia com a natureza.
COMENTÁRIO
O meio ambiente pode ser visto sob diversas óticas. Numa visão antropocentrista o homem é
colocado no centro de todas as relações; em uma perspectiva biocentrista assenta-se a vida (os
seres vivos) no centro das relações. Assim, envolve não só os homens, mas tudo o que tem vida.
Nesse sentido, os animais também teriam direito à tutela jurídica; por fim, adotando-se uma postura
ecocentrista a ecologia revela-se como o centro em volta do qual gravitam os demais interesses.
Princípio 1 da Eco 92, constante da Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento
sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza”.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 102. 102. A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado”, constante no caput do artigo 225 da Constituição Federal, traduz o Princípio
Solidariedade Intergeracional.
COMENTÁRIO
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
A passagem “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” traduz o Princípio do
Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado e não o da Solidariedade Intergeracional, tratado na
próxima questão.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 103. O direito ao desenvolvimento deve ser exercido com preponderância para
as necessidades das futuras gerações.
COMENTÁRIO
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Sobre o tema, interessante é o Princípio 3 da Eco 92, constante da Declaração do Rio de Janeiro
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento: “O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de
modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de gerações presentes e
futuras”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 104. Viola o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos Ambientais das
Atividades de Qualquer Natureza (art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal), a previsão legal
que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto ambiental.
COMENTÁRIO
O inciso IV do parágrafo 1º do artigo 225 da CF traz o Princípio da Avaliação Prévia dos Impactos
Ambientais das Atividades de Qualquer Natureza.
A Constituição prever que, para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
incumbe ao Poder Público “exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a
que se dará publicidade” (inciso IV).
A referência à lei (na forma da lei), constante no dispositivo (inc. IV), não se consubstancia em
autorização ao ente federado respectivo para dispensar o estudo.
Viola o art. 225, § 1º, IV, da Lei Maior, a previsão legal que dispense a elaboração de estudo prévio
de impacto ambiental.
Neste sentido é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que entente “violar o art. 225, §
1º, IV, da Lei Maior, a previsão legal que dispense a elaboração de estudo prévio de impacto
ambiental” (STF. RE 739998 AgR / RN. Primeira Turma. Julgamento: 12/08/2014 – referia-se a
norma municipal).
No mesmo sentido: “O Plenário desta Corte, ao julgar a ADI 1.086/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão,
assentou que a previsão, por norma estadual, de dispensa ao estudo de impacto ambiental viola o
art. 225, § 1º, IV, da Constituição Federal” (STF. RE 650909 AgR / RJ. Segunda Turma. Julgamento:
17/04/2012).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Em seu parágrafo segundo, lemos que “aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei”.
Já no parágrafo terceiro do artigo 225, encontramos a previsão de que “as condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
Observação: Externalidades são os efeitos de uma ação ou decisão com consequências para
terceiros. “A externalidade pode ser positiva ou negativa (...). Basta pensar na seguinte hipótese:
quando uma empresa de recipientes plásticos coloca o seu produto no mercado, o preço final que
foi dado ao seu produto levou em consideração o custo social da sua produção (...)
Para ter-se outro exemplo de externalidade negativa, basta pensar numa rede de lanchonetes que
se instale próximo ao acostamento de uma via pública. Nesse caso, pergunta-se: os produtos que
são ali vendidos têm embutido nos seus preços o custo social de um aumento do transito no local,
da poluição sonora, da poluição visual? Ainda, é justo que aqueles que não compram os produtos
sejam “consumidores” desse efeito social negativo?
(...) durante o processo produtivo, além do produto ser comercializado, são produzidas externalidades
negativas, que embora resultante da produção, são suportadas pela coletividade, ao contrário do
lucro, que é recebido pelo produtor privado. Ex: poluição. Daí a expressão “privatização de lucros
e socialização de perdas”, quando identificadas as externalidades negativas. Com a aplicação do
princípio do poluidor-pagador, procura-se corrigir este custo adicionado à sociedade, impondo-se
sua internalização.
Mas aqui entra a interpretação jurídico-ambiental do princípio do poluidor pagador, porque o sentido
teleológico de axioma não é simplesmente internalizar o custo, embutir no preço, e assim produzir,
comercializar ou mercanciar produtos que sabidamente são degradantes ao meio ambiente,
nas diversas etapas da cadeia de mercado. Enfim, não se compra o direito de poluir mediante
a internalização do custo social. Caso este custo seja insuportável para a sociedade, ainda que
internalizado, a interpretação jurídica do poluidor pagador impede que o produto seja produzido
e socializado o custo da produção. Este é um dos pontos de dessemelhança da interpretação
econômica para a jurídica acerca do poluidor pagador.
Em resumo: Externalidades são os efeitos de uma ação ou decisão com consequências para
terceiros, que pode ser positiva ou negativa. Durante o processo produtivo, além do produto, são
produzidas externalidades negativas, que embora resultantes da produção, são suportadas pela
coletividade, ao contrário do lucro, que é recebido pelo produtor privado. Ex: poluição. Com a
aplicação do princípio do poluidor-pagador, procura-se corrigir este custo adicionado à sociedade,
impondo-se sua internalização ao produtor/poluidor.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O parágrafo 4º do artigo 225 da Constituição Federal dispõe que “A Floresta Amazônica brasileira,
a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais”.
Patrimônio nacional é o valor desses biomas para a proteção ambiental. O fato de algo ser do
patrimônio nacional não significa atribuir titularidade de tais regiões ao poder público, nem impede
que o particular proprietário usufrua de seus recursos naturais. Todavia, é possível que se imponha
algum tipo de restrição a essa propriedade.
Neste sentido: “Não é a Mata Atlântica, que integra o patrimônio nacional a que alude o artigo 225,
§4º, da Constituição Federal, bem da União” (STF. RE 300244).
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
O Supremo Tribunal Federal entende pela indenizabilidade das coberturas vegetais de áreas
privadas que sofrem restrição pública, ou seja, que sejam objeto de apossamento estatal ou sujeitas
a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.
Neste sentido: “- Incumbe ao Poder Público o dever constitucional de proteger a flora e de adotar
as necessárias medidas que visem a coibir práticas lesivas ao equilíbrio ambiental. Esse encargo,
contudo, não exonera o Estado da obrigação de indenizar os proprietários cujos imóveis venham
a ser afetados, em sua potencialidade econômica, pelas limitações impostas pela Administração
Pública. - A proteção jurídica dispensada as coberturas vegetais que revestem as propriedades
imobiliárias não impede que o dominus venha a promover, dentro dos limites autorizados pelo
Código Florestal, o adequado e racional aproveitamento econômico das árvores nelas existentes.
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais em geral, tendo presente a garantia
constitucional que protege o direito de propriedade, firmou-se no sentido de proclamar a plena
indenizabilidade das matas e revestimentos florestais que recobrem áreas dominiais privadas
objeto de apossamento estatal ou sujeitas a restrições administrativas impostas pelo Poder Público.
Precedentes. - A circunstancia de o Estado dispor de competência para criar reservas florestais não
lhe confere, só por si - considerando-se os princípios que tutelam, em nosso sistema normativo, o
direito de propriedade -, a prerrogativa de subtrair-se ao pagamento de indenização compensatória
ao particular, quando a atividade pública, decorrente do exercício de atribuições em tema de direito
florestal, impedir ou afetar a válida exploração econômica do imóvel por seu proprietário. - A norma
inscrita no ART.225, PAR.4., da Constituição deve ser interpretada de modo harmonioso com o
sistema jurídico consagrado pelo ordenamento fundamental, notadamente com a cláusula que,
proclamada pelo art. 5., XXII, da Carta Política, garante e assegura o direito de propriedade em
todas as suas projeções, inclusive aquela concernente a compensação financeira devida pelo Poder
Público ao proprietário atingido por atos imputáveis a atividade estatal. O preceito consubstanciado
no ART.225, PAR. 4., da Carta da Republica, além de não haver convertido em bens públicos
os imóveis particulares abrangidos pelas florestas e pelas matas nele referidas (Mata Atlântica,
Serra do Mar, Floresta Amazônica brasileira), também não impede a utilização, pelos próprios
particulares, dos recursos naturais existentes naquelas áreas que estejam sujeitas ao domínio
privado, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições necessárias a
preservação ambiental (...). Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: a consagração
constitucional de um típico direito de terceira geração (CF, art. 225, caput)”. (Trecho de Ementa.
RE 134297 / SP).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 108. É lícito ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional
em que se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal
e Municípios), autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de
serviços no âmbito dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de
observadas as restrições, limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não
resulte comprometida a integridade dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios,
a instituição de regime jurídico de proteção especial.
COMENTÁRIO
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito de terceira geração (ou de
novíssima dimensão), incumbindo ao Estado e à própria coletividade a obrigação de defender e
preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de
caráter transindividual.
Entendeu o STF, “é lícito ao Poder Público - qualquer que seja a dimensão institucional em que
se posicione na estrutura federativa (União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios)
- autorizar, licenciar ou permitir a execução de obras e/ou a realização de serviços no âmbito
dos espaços territoriais especialmente protegidos, desde que, além de observadas as restrições,
limitações e exigências abstratamente estabelecidas em lei, não resulte comprometida a integridade
dos atributos que justificaram, quanto a tais territórios, a instituição de regime jurídico de proteção
especial (CF, art. 225, § 1º, III). (Trecho de Ementa. STF. ADI 3540 MC / DF. Pleno).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O Supremo Tribunal Federal enfrentou, recentemente, ação que discutia a possibilidade, ou não,
de se impor a concessionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, por observância
ao princípio da precaução, a obrigação de reduzir o campo eletromagnético de suas linhas de
transmissão, de acordo com padrões internacionais de segurança, em face de eventuais efeitos
nocivos à saúde da população.
Este Princípio afirma que a ausência da certeza científica formal, a existência de um risco de um
dano sério ou irreversível requer a implementação de medidas que possam prever este dano.
Ou seja, o princípio trabalha com a ideia de um risco desconhecido (avaliação da relação risco-
benefício). Há incerteza científica sobre o dano ambiental, de forma que se utiliza a máxima “in
dubio pro meio ambiente”.
Difere do Princípio da Prevenção, onde há científica sobre o dano ambiental, de forma que a obra
poderá será realizada se tomadas medidas que evitem ou reduzam os danos previstos.
Com relação especificamente aos campos eletromagnéticos, decidiu o Supremo que, por ora, não
existem fundamentos fáticos ou jurídicos a obrigar as concessionárias de energia elétrica a reduzir
o campo eletromagnético das linhas de transmissão de energia elétrica abaixo do patamar legal
fixado. Foi fixada a seguinte tese (repercussão geral): “no atual estágio do conhecimento científico,
que indica ser incerta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população
em geral a campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia
elétrica, não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde, conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009” (STF. RE 627189 / SP.
Pleno. Julgamento: 08/06/2016).
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 110. Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a
aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise
formal dos parâmetros relacionados ao princípio e que privilegie a opção democrática das
escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública.
COMENTÁRIO
No mesmo julgado comentado em questão anterior, o STF deixou claro não existir vedação para
o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde
que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos parâmetros relacionados ao princípio
e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela
Administração Pública.
“2. O princípio da precaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem
incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o meio
ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o estado analise os riscos, avalie
os custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão
decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. 3.
Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas públicas sobre a aplicação do princípio
da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites desses
parâmetros e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador
e pela Administração Pública” (STF. RE 627189 / SP. Pleno. Julgamento: 08/06/2016).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O controle de constitucionalidade norte americano tem como marco inicial o famoso julgamento do
caso Marbury x Madison, em 1803, tendo sido adotada ao longo de todo o século XIX.
O modelo austríaco surgiu no século XX, na Constituição Austríaca de 1920, tendo como autor
Hans Kelsen. Por isso é também chamado de modelo austríaco ou kelseniano.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
“Consoante a firme jurisprudência do STF e do STJ, o servidor público civil ou militar estudante,
transferido ex officio, e seu dependente estudante, tem direito à matrícula em instituição de ensino
superior da nova localidade, desde que congêneres as instituições de ensino, excepcionando-se a
regra, em caso de inexistência de estabelecimento de ensino da mesma natureza, no local da nova
residência ou em suas imediações” (STJ. REsp 1649793 / RJ. DJe 09/06/2017).
Tal direito não se estende aos casos de transferência a pedido ou quando o servidor é transferido
para exercer cargo comissionado em outra cidade (Neste sentido: STJ. REsp 1615185 / MG. DJe
13/09/2016).
“A Lei 9.536/97 estabelece exceção à regra geral para permitir a transferência de estudante
servidor público ou de seus dependentes, quando o pedido de transferência for por ato
ex-officio. A norma de exceção é interpretada de forma restritiva, não contemplando
as transferências ‘a pedido’” (STJ. AgInt no REsp 1626826 / PE.DJe 31/03/2017). No
mesmo sentido: (REsp 914.134/RN, 2ª T., Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 07.10.2008).
Destarte, “o entendimento pacífico do STJ é de que o servidor público federal que muda de domicílio
para ocupar cargo público, função ou cargo comissionados não possui direito à transferência de
uma universidade para outra, mas limita-se às transferências ex officio no interesse da própria
Administração” (STJ. REsp 1615185 / MG. DJe 13/09/2016).
Não existem decisões mais recentes no STF, considerando que nos casos que chegaram à corte
mais recentemente esta se absteve de analisá-los por entender que isto exigiria a “necessidade de
reexame do conjunto fático-probatório (Súmula 279). Neste sentido: ARE 761682 AgR-segundo /
SE (Julgamento: 04/08/2015); RE 915086 AgR / PE (Julgamento: 01/12/2015).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O artigo 93, X da Constituição Federal exige que todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário
sejam fundamentadas, sob pena de nulidade. Questiona-se se essa regra exige o exame detalhado
de cada argumento apresentado pelas partes em suas alegações/petições (por exemplo, na petição
inicial).
Quanto a isto, a resposta do STF vem sendo negativa. “A jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal é no sentido de que o referido dispositivo constitucional exige a explicitação, pelo órgão
jurisdicional, das razões do seu convencimento, dispensando o exame detalhado de cada argumento
suscitado pelas partes” (STF. AI 853695 AgR / RS. Julgamento: 19/04/2016).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Dispõe o artigo 243 da Constituição Federal que “As propriedades rurais e urbanas serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer
indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que
couber, o disposto no art. 5º; Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido
O Supremo Tribunal Federal, em julgamento de repercussão geral, decidiu ser possível o confisco
de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas, sem
a necessidade de se perquirir a habitualidade, reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua
modificação para dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou qualquer outro
requisito além daqueles previstos expressamente no art. 243, parágrafo único, da Constituição
Federal (RE 638491/PR, rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 17.5.2017).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Segundo o requisito da dupla incriminação, para que o pleito da extradição seja viabilizado, a
conduta praticada pelo indivíduo deve ser crime no Estado requerente e no Estado requerido.
Ainda sobre este ponto, alerto ao aluno que não se exige o mesmo nomen iuris para o delito,
mas apenas a mesma conduta. Ainda sobre o tema da extradição, a prática internacional também
costuma exigir a dupla punibilidade, ou seja, o delito praticado pelo indivíduo deve ser punível
tanto no Estado requerente quanto no Estado requerido (não pode estar prescrito em nenhum
dos dois Estados). Todavia, em matéria de transferência de presos, alguns tratados internacionais
mais atuais estão dispensando a prática da dupla tipicidade para a viabilização da transferência
de presos. É o que ocorre no MLAT (Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal), tratado
internacional que regula o assunto entre Brasil e Estados Unidos da América. Senão vejamos o
artigo 1.3 do Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal: “A assistência será prestada ainda
que o fato sujeito a investigação, inquérito ou ação penal não seja punível na legislação de ambos
os Estados”.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 116. A proibição do uso da força pelos Estados é norma de jus cogens.
COMENTÁRIO
Atualmente, o Direito Internacional Público superou o paradigma grociano, pelo qual Hugo
Grocio entendia que todo e qualquer conflito internacional deveria ser resolvido com o uso da
força (Guerra). Segundo a doutrina internacionalista, o DIP está no estágio do paradigma da
coexistência, também chamado de paradigma Kantiano, uma vez que Immanuel Kant defendia
que os Estados atuassem de forma conjunta e cooperativa na ordem internacional. Na atual fase
do Direito Internacional Público, o uso da força é admitido apenas em hipóteses excepcionais,
como por exemplo, nos casos de legítima defesa ou quando o próprio Conselho de Segurança
da ONU autoriza a utilização do uso da força por determinado Estado. Dessa forma, já há um
consenso qualificado na ordem internacional no sentido de reconhecer a proibição do uso da força
como norma de jus cogens. Nesse sentido, é a posição da doutrina internacionalista (André de
Carvalho Ramos e Paulo Henrique Gonçalves Portela).
Por fim, lembro ao aluno que o Direito Internacional Público não admite a “legítima defesa
bushiana”, também chamada de legitima defesa preventiva, uma vez que nesta situação não
há agressão injusta por parte de outro Estado. O instituto recebeu este nome pela doutrina
internacionalista em razão do uso da força pelo governo americano durante o mandato de George
W Bush, sob o argumento de que os Estados Unidos da América estariam agindo em legítima
defesa, quando na verdade não estavam, uma vez que os EUA não haviam sofrido qualquer ataque
por parte de outro país.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 117. Os tratados internacionais de direitos humanos são regidos pelo princípio
da interpretação autônoma.
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 15 Direito dos Tratados. 15.3 interpretação e aplicação dos Tratados.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 118. Todas as normas de direitos humanos possuem status de jus cogens.
COMENTÁRIO
Ao contrário do que possa parecer, não são todas as normas de direitos humanos que possuem o
caráter de jus cogens, uma vez que a doutrina e a jurisprudência internacional exigem um consenso
qualificado para que determinada norma ingresse no rol de normas de jus cogens. Nesse sentido,
o professor André de Carvalho Ramos cita o exemplo dos direitos sociais como normas de direitos
humanos que não possuem o caráter de jus cogens, uma vez que nesta categoria de direitos,
os tratados internacionais de direitos humanos exigem uma implementação progressiva e na
medida do possível, o que não ocorre com os direitos civis e políticos.
Além disso, o próprio direito à vida não possui um consenso qualificado na comunidade internacional,
uma vez que diversos países do continente asiático aplicam a pena de morte. Os Estados Unidos
da América também aplicam a pena capital em diversas situações, fato que impossibilita o
reconhecimento do direito à vida como norma de jus cogens. Por outro lado, conforme já estudamos
ao longo deste curso, a proibição da pena de morte para menores de dezoito anos é norma de
jus cogens, conforme precedentes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 119. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a INTERPOL possui legitimidade para
formular perante o Ministério da Justiça pedido de prisão cautelar para fins de extradição.
COMENTÁRIO
para formular pedido de prisão cautelar para fins de extradição ressaltando que tal conclusão
decorre da alteração promovida no Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80) pela Lei 12.878/2013,
que conferiu nova redação ao art. 82, § 2º, estabelecendo que “O pedido de prisão cautelar poderá
ser apresentado ao Ministério da Justiça por meio da Organização Internacional de Polícia Criminal
(Interpol), devidamente instruído com a documentação comprobatória da existência de ordem de
prisão proferida por Estado estrangeiro” (v. PPE 732 QO, Rel. Min. Celso de Mello, 2ª Turma, DJe
02/02/2015).
Ainda sobre este ponto da matéria, o STF decidiu pela sua incompetência para julgar habeas
corpus contra ato do Delegado-Chefe da INTERPOL no Brasil. Segundo o Supremo, a hipótese
em comento não estaria elencada pela Constituição Federal de 1988 como um dos casos de
competência da Corte (STF, HC 119056 QO, Relator(a): Min. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, julgado
em 03/10/2013).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 120. É possível a aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais
previstas na Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções
internacionais firmadas em momento anterior a CVDT.
COMENTÁRIO
Pontos do edital: 15 Direito dos Tratados. 15.1 A Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados. 15.3 interpretação e aplicação dos Tratados.
No caso Disputa Marítima (Peru vs. Chile), a Corte Internacional de Justiça buscou na Convenção
de Viena sobre Direito dos Tratados, os critérios de interpretação de tratados internacionais para
resolver uma controvérsia envolvendo um pacto internacional firmado anteriormente a própria
Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, afinal, a Declaração de Santiago é de 1952 e a
Convenção de Viena sobre Direito dos tratados foi firmada em 1969. Deste modo, a CIJ entendeu
pela possibilidade de aplicação das regras te interpretação dos tratados internacionais previstas na
Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (CVDT) mesmo as convenções internacionais
firmadas em momento anterior a CVDT. As regras de interpretação de tratados internacionais
podem ser encontradas a partir do artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados.
Ainda sobre o tema Direito Internacional do Mar, o CESPE costuma cobrar muito em suas provas
objetivas o texto da Convenção de Montego Bay. Assim, recomendo fortemente a leitura dos
dispositivos.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O instituto do asilo diplomático possui origem de uma norma internacional consuetudinária aplicado
apenas no continente da América Latina, uma vez que outros continentes como a Europa e a
Oceania não reconhecem a possibilidade de concessão do asilo diplomático. A problemática
também foi analisada pela Corte Internacional de Justiça no caso Haya de La Torre. Atualmente, o
asilo diplomático não é previsto apenas em costume internacional, mas também na Convenção de
Caracas sobre Asilo Diplomático. Dessa forma, lembro ao aluno do CEI DPU sobre a viabilidade
da existência de um costume internacional regional, ou seja, aplicável apenas em determinada
região do planeta terra.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 122. Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao
Código de Defesa do Consumidor.
COMENTÁRIO
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal decidiu de forma prejudicial aos consumidores que
as convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil, prevalecem sobre o Código de Defesa do
Consumidor (CDC) para casos de indenizações por extravio de bagagem. Neste julgamento, os
ministros fixaram a seguinte tese: “Por força do artigo 178 da Constituição Federal, as normas e
tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros,
especialmente as convenções de Varsóvia e de Montreal, têm prevalência em relação ao Código
de Defesa do Consumidor”.
Desta forma, o prazo de prescrição das ações que é de cinco anos, conforme o Código de Defesa
do Consumidor (Lei 8.078/90), cai para dois anos, por força das convenções internacionais. Ainda
sobre este ponto, a decisão do Supremo Tribunal Federal vem sendo muito criticada, uma vez que
as convenções internacionais fixam a indenização por extravio de bagagens de forma tarifada, o
que acaba por violar o princípio da isonomia. A tese colacionada no enunciado da questão foi fixada
nos Recurso Extraordinário (RE) 636331 e no RE com Agravo (ARE) 766618.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Este é justamente o conceito de repatriação previsto no artigo 49 da Lei 13.445/2017 (Nova Lei de
Migração): “A repatriação consiste em medida administrativa de devolução de pessoa em situação
de impedimento ao país de procedência ou de nacionalidade”.
Ao longo das rodadas finais deste curso vamos estudar a nova Lei de Migração, uma vez que este
diploma foi inserido no novo edital da DPU. Ainda sobre a medida de repatriação, o § 4º do artigo
49 dispõe que: “Não será aplicada medida de repatriação à pessoa em situação de refúgio ou de
apatridia, de fato ou de direito, ao menor de 18 (dezoito) anos desacompanhado ou separado de
sua família, exceto nos casos em que se demonstrar favorável para a garantia de seus direitos
ou para a reintegração a sua família de origem, ou a quem necessite de acolhimento humanitário,
nem, em qualquer caso, medida de devolução para país ou região que possa apresentar risco à
vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa”.
Na hipótese narrada, a Defensoria Pública da União será intimada. A DPU também será
intimada quando a repatriação imediata não seja possível (art. 49, § 2º).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Assim, o princípio da proibição do rechaço possui uma nova previsão legal, qual seja, a nova Lei
de Migração!
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 127. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Brasileiro titular de green card,
que adquire nacionalidade norte-americana, perde a nacionalidade brasileira e pode ser
extraditado pelo Brasil.
COMENTÁRIO
Ao analisar a casuística em questão, o Supremo Tribunal Federal decidiu que se um brasileiro nato
que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade norte-americana, ele irá
perder a nacionalidade brasileira. Tal situação não se enquadra na exceção constitucional prevista
A partir deste entendimento, o Supremo Tribunal Federal decidiu que não haveria qualquer óbice
para que o indivíduo enquadrado nesta situação seja extraditado pelo Estado brasileiro.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
O Relatório Brundtland, também intitulado “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), foi
publicado em 1987, pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ONU). O
documento recebe este nome em razão da primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland,
que chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Neste documento,
a ONU trabalhou de forma embrionária a concepção de desenvolvimento sustentável, que foi
concebido como: “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer
a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
O Relatório Brundtland já foi cobrado pelo CESPE em provas objetivas. Portanto, vale a pena ficar
atento ao documento internacional em estudo!
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Assim, em caso de ecocídio comprovado por meio de recurso internacional, os autores do “crime
contra a humanidade verde” serão obrigados a pagar por danos morais, físicos ou econômicos,
além de serem processados perante o Tribunal Penal Internacional.
Parte da doutrina critica essa liquefação dos crimes contra a humanidade, uma vez que restaria
prejudicara a segurança jurídica e a taxatividade da lei. Maiores informações sobre ecocídio
e a competência do TPI para julgar tal situação podem ser encontradas neste link: http://
www.oriobranco.net/noticia/meio-ambiente/12-02-2017-tribunal-penal-internacional-reconhece-
ecocidio-como-crime-contra-a-humanidade
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 130. O Tribunal Penal Internacional, estabelecido por meio do Estatuto de Roma,
pode ser apontado como um antecedente histórico da criação do Direito Internacional dos
Direitos Humanos, pois os seus julgamentos ocorridos anteriormente ao surgimento da
Organização das Nações Unidas (1945) projetaram a mensagem de que o Direito Internacional
dos Direitos Humanos não se coaduna com a impunidade de crimes contra a humanidade.
COMENTÁRIO
Ainda que o aluno não soubesse quais foram – exatamente – os antecedentes históricos do Direito
Internacional dos Direitos Humanos, a resposta poderia ser dada com um mínimo de conhecimento
sobre como se deu a criação tanto do DIDH quanto do TPI. É sabido que o DIDH é o direito do pós-
guerra – sobretudo da segunda guerra mundial –, de modo que os seus antecedentes históricos
somente podem estar localizados no tempo anteriormente à criação da Organização das Nações
Unidas, o que ocorreu em 1945. Assim, considerando que o Estatuto de Roma do TPI somente
foi aprovado em 1998, tendo entrado em vigor em 2002, naturalmente ele não pode ser
apontado como um antecedente histórico do DIDH, tendo, sim, dado a sua contribuição ao
DIDH para que a pessoa figurasse na ordem jurídica internacional não apenas como sujeito
de direitos, mas também como de obrigações, podendo inclusive responder individualmente
a uma persecução penal.
principalmente na Alemanha, por vários motivos, mas principalmente por rivalidades religiosas,
territoriais e comerciais. Este conjunto de diplomas é apontado como marco de inauguração do
Sistema Internacional, pois projetava a ideia de uma paz duradoura e de um equilíbrio de poder;
2) Direito Humanitário: passando a precedentes históricos mais importantes e decisivos para a
formação do que hoje chamamos de Direito Internacional dos Direitos Humanos, temos inicialmente
o Direito Humanitário, um dos três grandes eixos da proteção internacional de direitos (junto com
o Direito Internacional dos Direitos Humanos e o Direitos do Refugiados). O Direito Humanitário
foi criado no século XIX devido principalmente ao trabalho de uma organização internacional não
estatal: o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que surgiu em 1863 com a finalidade de oferecer
proteção e assistência humanitária às vítimas da guerra e da violência armada. A finalidade do
Direito Humanitário é afirmar que há limites para os Estados inclusive quando estão em guerra,
evitando, p. ex., que prisioneiros não sejam torturados, assim como impondo que civis fiquem
a salvo, que feridos recebam os cuidados necessários etc. O Direito Humanitário conta com
documentos normativos tanto que precedem à criação da ONU (as Convenções de Haia, de 1899 e
1907) quanto que a procedem (Convenções de Genebra, de 1949, e seus protocolos adicionais, de
1977); 3) A Liga das Nações: a Liga ou Sociedade das Nações foi uma organização internacional
idealizada em 1919, em Versalhes, cidade situada em Paris, quando os países vencedores
da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) se reuniram para celebrar a paz e para promover a
segurança internacional. A Liga foi criada com a assinatura do Tratado de Versalhes, naquele
mesmo ano, e continha previsões genéricas relativas à proteção dos direitos humanos. Embora a
Liga das Nações não tenha conseguido cumprir com o seu objetivo de manter a paz – tanto que em
1939 foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial –, ela é considerada um embrião da Organização
das Nações Unidas, para a qual passou suas responsabilidades em 1946; e 4) Organização
Internacional do Trabalho: a OIT foi instituída como uma agência da Liga das Nações com
a assinatura do Tratado de Versalhes, em 1919. É considerada por muitos como o precedente
histórico mais importante para a formação do Direito Internacional dos Direitos Humanos, e isso
porque, diversamente do Direito Humanitário e da Liga das Nações Unidas, em que a proteção
dos direitos humanos se baseava ou em dispositivos mais genéricos ou em situações específicas
(como os conflitos armados), a OIT se destinou a estabelecer critérios essenciais de proteção ao
trabalhador, efetivamente produzindo dezenas de documentos (que são tratados) para regular a
matéria no plano internacional, assegurando padrões mínimos de dignidade e de bem-estar social
a partir de reflexões éticas e econômicas sobre o custo humano da revolução industrial. Com o
fim da Liga das Nações, a OIT foi integrada à ONU em 1946, como sendo a sua primeira agência
especializada.
GABARITO: ERRADO
Sobre o princípio da universalidade dos direitos humanos, julgue os dois itens a seguir:
COMENTÁRIO
Cançado Trindade ressalta que o debate envolvendo universalismo vs. relativismo cultural consiste
num dos capítulos mais difíceis do DIDH. Esse tema coloca em discussão o seguinte: seriam os
direitos humanos uma categoria universal ou, pelo contrário, uma categoria relativa, que deveria
dialogar com sistemas políticos, econômicos, culturais e sociais de cada região? O relativismo
cultural afirma que não há uma moral universal e que valores regionais podem se sobrepor a
categoria dos direitos humanos. Para o universalismo, embora particularidades nacionais e
regionais possam ser consideradas, a categoria dos direitos humanos é global e os Estados têm o
dever de proteger os direitos humanos, independentemente dos seus sistemas político, econômico
ou cultural. O universalismo é a concepção adotada pelo DIDH, afirmada na Declaração Universal
e nas Conferências Mundiais de Teerã (1968) e de Viena (1993). Assim, ainda que se trate
– conforme veremos a seguir – de um tema complexo e polêmico, a opção do sistema
normativo internacional foi indiscutivelmente pelo universalismo dos direitos humanos, e
não pelo seu relativismo.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
ocidental tende a formulá-los como universal. Por isso, a questão da universalidade dos
direitos humanos trai a universalidade do que questiona pelo modo como o questiona.
Por outras palavras, a questão da universalidade é uma questão particular, uma questão
especifica da cultura ocidental”.
com forte semelhança com a concepção multicultural dos direitos humanos proposta
por Boaventura de Souza Santos, Joaquim Herrera Flores propõe o denominado
universalismo de chegada ou de confluência, segundo o qual os indivíduos buscam
chegar até uma concepção universalista dos direitos humanos por meio da convivência
e de diálogos interculturais, proporcionando cruzamentos e misturas entre os indivíduos
sem a pretensão de excluir nenhum ser humano na luta por sua dignidade”.
GABARITO: ERRADO
COMENTÁRIO
Ponto do edital: 3.1.4. Os casos brasileiros no Sistema Global. 11. Direitos das mulheres.
No que diz respeito ao órgão de monitoramento, a Convenção instituiu o Comitê para a Eliminação
da Discriminação contra as Mulheres, prevendo como mecanismo de proteção apenas o sistema de
relatórios, que é o mais brando entre os mecanismos convencionais. No entanto, posteriormente,
em 1999, foi adotado o Protocolo Facultativo à Convenção, que instituiu o mecanismo das
petições individuais. Diversamente do que consta no enunciado, o Brasil aderiu ao Protocolo
Facultativo, promulgando-o pelo Decreto 4.316 de 2002, de modo que as vítimas podem,
sim, denunciar o Brasil perante o Comitê para a Eliminação da Discriminação contras as
Mulheres.
Atenção: o edital retificado incluiu expressamente o ponto “Os casos brasileiros no Sistema Global”.
O primeiro – e único até o momento – caso em que o Brasil foi condenado no sistema global é Caso
Alyne Pimentel, que tratou do tema sobre mortalidade materna. Para um aprofundamento sobre
o Caso Alyne Pimentel, remeto o aluno ao nosso livro Jurisprudência Internacional de Direitos
Humanos.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 134. A Convenção sobre os Direitos da Criança conta com três protocolos
facultativos ou adicionais, tendo o Brasil aderido dois desses protocolos, que dizem respeito
ao envolvimento de crianças em conflitos armados e à venda de crianças para pornografia ou
prostituição infantil; o Brasil, porém, não aderiu ao protocolo que ampliou os mecanismos
de proteção, de modo que, atualmente, se submete apenas ao sistema de relatórios.
COMENTÁRIO
O enunciado está correto. A Convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela ONU
em 20.11.1989 e promulgada na ordem jurídica interna em 21.11.1990 pelo Decreto 99.710. A
Convenção realmente conta com três protocolos facultativos. Os dois primeiros protocolos
facultativos à Convenção sobre os Direitos da Criança foram adotados pela ONU em 23.05.2000
e dizem respeito ao envolvimento de crianças em conflito armado e à venda de crianças para
pornografia ou prostituição infantil. O Brasil aderiu a esses dois protocolos, promulgando-os na
ordem jurídica interna, respectivamente, pelos Decretos 5.006 de 2004 e 5.007 de 2007.
A Convenção sobre os Direitos da Criança, assim como as demais Convenções do sistema global,
instituiu o seu Comitê para os Direitos da Criança como órgão de monitoramento, prevendo
inicialmente apenas o mecanismo dos relatórios periódicos. Posteriormente, por meio de um terceiro
protocolo facultativo, adotado pela ONU em 2012, os mecanismos de proteção foram ampliados,
passando a contemplar também os procedimentos de petições individuais e de inquérito. Muita
atenção: embora o Brasil tenha assinado esse protocolo, ainda não houve a ratificação, de
modo que o seu conteúdo ainda não vincula o país na ordem jurídica internacional nem na
ordem jurídica interna.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 135. Recentemente, a professora Flávia Piovesan foi eleita para compor a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Embora os membros da Comissão sejam
eleitos a título pessoal – e não como representantes dos Estados-membros –, é correto
afirmar que Piovesan não poderá participar de discussão, investigação, deliberação ou
decisão sobre caso brasileiro submetido à Comissão.
COMENTÁRIO
A CIDH é composta por sete membros, que devem ser pessoas de alta autoridade moral e de
reconhecido saber em matéria de direitos humanos (não há necessidade, portanto, de ser jurista).
Os membros da CIDH são eleitos pela Assembleia-Geral da OEA para um mandato de quatro
anos, admitida uma reeleição.
Muita atenção: embora os membros da CIDH sejam eleitos a título pessoal – e não como
representantes do governo –, o Regulamento da Comissão Interamericana veda que
participem de discussão, investigação, deliberação ou decisão sobre caso oriundo do
Estado do qual são nacionais (art. 19.2.a).
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Miguel Reale (1910-2006) foi um dos filósofos do direito mais importantes do Brasil, e talvez aquele
que mais teve influência no debate em âmbito mundial. Sua maior contribuição se refere à famosa
teoria tridimensional do direito, que passou a ser cobrada no novo edital da DPU.
Segundo Miguel Reale, o direito só pode ser compreendido integralmente a partir da correlação de
três aspectos distintos: o aspecto normativo (direito como ordenamento e a ciência do direito), o
aspecto fático (direito como um fato social) e o aspecto axiológico (direito como um valor, como
justiça). Neste sentido, o direito é um fato (econômico, social etc.), ao qual é somado um valor,
levando as pessoas a atingir certo objetivo por meio de uma norma jurídica. Ou seja, para Miguel
Reale o direito é fato, valor e norma (se não entender nada do autor, decorando isso há grandes
chances de acertar um teste mais superficial).
Percebe-se, portanto, que de fato o modelo realeano não se restringe ao aspecto normativo, típico
de Kelsen. De fato, vimos que para o autor austríaco, aspectos como justiça, valor, economia, fatos
sociais etc., estão fora do ramo da ciência jurídica e, por isso, não são objeto de sua teoria.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 137. Dentro da teoria proposta por Miguel Reale para explicar a nomogênese
jurídica, o poder, representado, por exemplo, pelo Congresso Nacional, é responsável pela
superação da pluralidade de proposições normativas.
COMENTÁRIO
Os aspectos descritos acima ficam mais claros se analisarmos como nascem as normas jurídicas,
ou seja, a nomogênese jurídica. Sobre o tema, explica André Gualtieri de Oliveira (Filosofia do
Direito, São Paulo: Saraiva, 2012, p. 47):
São fatos, portanto, as condições econômicas, políticas, sociais e jurídicas como o nível da inflação,
o regime político vigente, a existência de uma grande desigualdade social, uma guerra, uma
legislação obsoleta. São fatos também eventos naturais que repercutem nas sociedades humanas,
como uma enchente, um terremoto etc.
Perante esse quadro completo de fatores ou de condições naturais e históricas, situam-se homens
e partidos, grupos e classes, enunciando juízos de valor diversos. Os valores são ideias ou as
ideologias políticas, econômicas, morais, filosóficas e jurídicas defendidas em determinado
momento histórico. (...)
Da interação entre fatos e os diferentes valores existentes surgem também diferentes propostas de
solução dos problemas ou, como Reale diz, diversas proposições normativas. (...) Mas a diversidade
de proposições precisa ser superada; é necessário realizar uma escolha entre elas.
É nesse momento que se faz necessária a intervenção de um poder que estabelecerá a norma
jurídica. No contexto brasileiro, isso ocorre no instante em que o Congresso vota e o governo
sanciona um projeto de lei. Nesse momento, uma das proposições normativas se converte em
norma legal. Nessa escolha que constitui um direito novo, revela-se o papel determinante do
poder para a formação do direito.
O esquema de Reale está reproduzido abaixo: os valores estão representados por v1, v2 e v3,
F representa os fatos de onde decorrem certas direções normativas que serão escolhidas por P
(poder), dando origem à N (norma).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 138. Para Miguel Reale, é possível unir conceitualmente o direito e a moral
através da característica comum da bilateralidade atributiva.
COMENTÁRIO
Segundo Reale, toda conduta social humana é bilateral, já que envolve a relação com outro ser
humano. Portanto, isso vale para a moral e para o direito.
Todavia, na moral essa bilateralidade depende de um juízo de valor que é feito pelo próprio agente,
sem a criação de uma pretensão. Um mendigo, portanto, não pode exigir que o agente lhe dê uma
esmola, já que isso é um juízo que reside exclusivamente no campo moral.
O direito, contudo, é dotado de uma bilateralidade atributiva, ligando os seres humanos a partir
de um vínculo de exigibilidade. Daí porque, nas relações regidas pelo direito, surge a coercibilidade
quando determinado dever é violado. Ou seja, o direito é coercível porque é exigível e é exigível
por ser dotado de bilateralidade atributiva.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 139. A desobediência civil, articulada inicialmente por Henry David Thoreau,
pode consistir em, por exemplo, recusa no pagamento de impostos ou resistência por parte
de servidores públicos em trabalhar para um governo ilegítimo.
COMENTÁRIO
A expressão resistência civil foi utilizada inicialmente pelo norte-americano Henry David Thoreau
na obra Civil Disobidience (1849) na qual apresentou as razões para resistir ao seu governo, em
especial a tributação que seria utilizada para subsidiar uma guerra contra o México.
Desde então, o conceito de desobediência civil tem sido utilizado em diversos momentos históricos
importantes como resistência a leis injustas. Podemos pensar, por exemplo, na luta pelos direitos
civis capitaneada por Martin Luther King ou na resistência de Gandhi ao domínio britânico na Índia.
É nesta linha que Norberto Bobbio, em seu Dicionário de Política, define a desobediência civil
como “uma forma particular de desobediência, na medida em que é executada com o fim imediato
de mostrar publicamente a injustiça da lei e com o fim mediato de induzir o legislador a mudá-la”.
Neste sentido, Thoreau sustentava que dentre as medidas voltadas à desobediência civil estava
o não pagamento de impostos (motivo que, inclusive, o levou para a prisão) e a resistência de
servidores públicos. Nas situações em que a desobediência civil é justificada, ou seja, diante de
leis consideradas eticamente injustas, as sanções eventualmente aplicadas não devem ser vistas
com um revés. Como afirma Thoreau, “num governo que prende injustamente qualquer pessoa, o
verdadeiro lugar de um homem justo é a prisão”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
Como vimos anteriormente, o escopo da desobediência civil não é uma pura e simples desobediência
à lei. Há de se ter um objetivo público e contestatório. Daí porque, em regra, a desobediência civil
é pensada com as características de coletividade, publicidade e não-violência, sempre tendo a
alteração de uma estrutura injusta como norte de atuação.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 141. Do ponto de vista sociológico, há revolução quando a mudança não atinge
apenas o chefe do governo, mas também a própria Constituição política e a forma do governo.
COMENTÁRIO
Pois bem. De modo muito esquemático, podemos distinguir dois modos de avaliar uma revolução:
um aspecto jurídico-político, no qual há alterações de índole mais formais (como a mudança da
Constituição, por exemplo) e um aspecto sociológico, no qual a alteração é mais profunda na
sociedade. A este respeito, Paulo Bonavides explica o seguinte: Entendemos que se a mudança se
refere ao pessoal de governo, não houve revolução, mas golpe de Estado; se a mudança porém
atingiu a Constituição política e a forma de governo já é possível falar em revolução, a saber,
revolução política; se, porém, as transformações se verticalizarem mais, descendo a grandes
profundidades sociais, com “ascensão de uma nova classe ao poder” ou “aparição de um novo
sistema de camadas sociais, redistribuição da propriedade ou até mesmo sua abolição”, com o
advento de novas formas de vida econômica, aí o cientista político reconhecerá então a revolução
social, objeto da temática sociológica e constitutivo da verdadeira sociologia da revolução.
Portanto, a mera mudança da Constituição não leva, necessariamente, a uma revolução do ponto
de vista sociológico.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 142. Do ponto de vista estritamente jurídico, uma revolução implica uma quebra
do princípio da legalidade.
COMENTÁRIO
De fato, uma revolução, tal qual compreendida não apenas como a mudança do chefe de governo
(que seria um mero golpe), implica uma quebra da legalidade. Neste sentido, citamos novamente
Paulo Bonavides: Do ponto de vista jurídico a revolução é essencialmente a quebra do princípio
da legalidade, a queda de um ordenamento jurídico de direito público, sua substituição pela
normatividade nova que advém da tomada do poder e da implantação e exercício de um poder
constituinte originário.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 143. Golpe de estado e revolução são figuras distintas por várias razões, dentre
as quais uma característica mais elitista do primeiro.
COMENTÁRIO
Esta é uma distinção muito importante e que já foi mencionada na resolução da questão anterior.
Sobre o tema, trazemos mais uma vez a lição do Dicionário de Política de Norberto Bobbio: A
Revolução se distingue do golpe de Estado, porque este se configura apenas como uma tentativa
de substituição das autoridades políticas existentes dentro do quadro institucional, sem nada ou
quase nada mudar dos mecanismos políticos e sócio- econômicos. Além disso, enquanto a rebelião
ou revolta é essencialmente um movimento popular, o golpe de Estado é tipicamente levado a
efeito por escasso número de homens já pertencentes à elite, sendo, por conseguinte, de caráter
essencialmente cimeiro.
Justamente por isso, segundo Bonavides, os golpes são “detestados do povo, que deles não
participa, pois são sempre de inspiração e execução extremamente minoritária e fechada”.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
No caso de sociedades contemporâneas como a brasileira, em que pese não haja castas e exista
certa mobilidade entre as classes sociais, não é possível dizer que não existe a divisão em camadas.
De fato, há sim tais camadas, as quais são determinadas por diversos fatores, em especial o
econômico e que, em muitos casos, como no brasileiro, podem ensejar uma enorme desigualdade
de classes.
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 145. Dentro de um modelo marxista, as classes sociais estão ligadas à relação
das pessoas com os meios de produção.
COMENTÁRIO
Como explica Antônio Sergio Spagnol, “para os marxistas, a classe social está ligada às relações
dos homens com os meios de produção. Estas relações determinam a existência de classes sociais,
as quais fazem parte do sistema e não existem isoladamente, mas só em relação umas com as
outras. Marx aponta que a história sempre foi uma representação da luta de classes e as relações
entre elas determinam seus interesses de classe” (Sociologia jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013,
p. 120).
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 146. Norberto Bobbio não vê um conflito entre democracia e liberalismo, eis que
a participação popular é essencial para limitar eventuais abusos dos governantes.
COMENTÁRIO
Nesta rodada, prosseguiremos com algumas revisões pontuais de temas já tratados, com foco,
novamente, em criar repertório de autores. Infelizmente é algo que o CESPE gosta bastante. A
título de exemplo, em 2010 foi cobrado um posicionamento do autor marxista Louis Althusser3,
que é familiar apenas para aqueles que lidam com o marxismo e a teoria política em geral. Para
não complicar muito, tentarei restringir os conceitos ao essencial com a finalidade de resolução de
testes.
De acordo com esse autor, portanto, não há uma tensão entre direitos liberais (que são aqueles
comumente associados à “primeira geração” dos direitos fundamentais) com a democracia. Na
verdade, esses dois conceitos foram gradualmente se combinando, de modo que hoje em dia, os
estados são antidemocráticos e antiliberais ao mesmo tempo.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 147. Alguns aspectos da teoria hobbesiana ainda se fazem presentes nos dias
atuais, como a analogia entre o Estado e uma pessoa e o monopólio estatal na produção do
direito.
COMENTÁRIO
Em linhas gerais, o soberano surge, segundo Hobbes, da necessidade dos cidadãos buscarem
segurança. Para isso, estabelecem um pacto e, abdicando da liberdade natural, constituem um
ente soberano com poderes quase absolutos. Neste sentido, este modelo ainda reverbera na
contemporaneidade, já que o Estado é compreendido como dotado de uma personalidade, cuja
“alma” é a soberania, detendo o monopólio exclusivo da produção do direito.
GABARITO: CERTO
QUESTÃO 148. Locke possui diversos traços em comum com Hobbes, dentre os quais
podemos destacar a impossibilidade de revogação da cessão da liberdade natural ao
soberano.
COMENTÁRIO
GABARITO: ERRADO
QUESTÃO 149. De acordo com Rousseau, o pacto social é a fundação da vontade geral, a
qual é a única fonte de soberania.
COMENTÁRIO
Este momento em que a liberdade natural do homem, aquela que ele gozava quando no estado de
natureza, está aniquilada e a desigualdade está instalada, será o ponto de partida para instituição
de um novo pacto, o que consistirá na substituição do “falso pacto” existente por um contrato social
que garantirá a liberdade e a igualdade5.
Deste modo, na obra O Contrato Social, Rousseau apresentará uma solução para os problemas
4 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In:
Os Pensadores – Rousseau. 2a. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, pp. 259-282.
5 PISSARRA, Maria Constança Peres. Rousseau: a política como exercício pedagógico. São Paulo: Moderna,
2002, p. 73.
Desta alienação surge um corpo moral e coletivo, o qual tem uma unidade composta pelos seus
membros. No mesmo sentido, esta renúncia levará ao nascimento de uma vontade geral, em cujo
exercício reside a soberania do povo. Esta vontade geral é, segundo Rousseau, sempre reta e
certa, voltada ao bem comum. Constitui-se não da soma das vontades particulares ou da vontade
de todos, o que a prenderia a interesses privados, mas sim do substrato comum dos interesses
convergentes dos cidadãos enquanto integrantes deste corpo coletivo8. Em síntese, o pacto social
é a fundação da vontade geral, a qual é a única fonte de soberania.
GABARITO: CERTO
COMENTÁRIO
6 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social ou princípios do direito político. In: Os Pensadores – Rousseau.
2a. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 33.
interesses privados.
Portanto, não é propriamente marcado pela participação direta na escolha, mas sim nos processos
deliberativos através de, por exemplo, audiências públicas. A ideia aqui é que os cidadãos, através
de um discurso racional, chegam juntos a uma certa conclusão.
GABARITO: ERRADO
QUESTÕES DISSERTATIVAS
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITOS HUMANOS
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.caiopaiva@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS
Por fim, responda: É possível suscitar a teoria do direito ao esquecimento frente aos
acontecimentos ocorridos no período da ditadura militar? Justifique.
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.thimotieheemann@gmail.com - LIMITE 10 LINHAS
PEÇA JUDICIAL
ORIENTAÇÃO: Procure responder com consulta tão somente à legislação seca e com
agilidade, a fim de simular a situação encontrada em prova.
DIREITO ADMINISTRATIVO
d) A providência a ser adotada pelo Poder Público no caso de incidir título particular
nos referidos territórios;
A resposta para correção individualizada pode ser enviada para o seguinte e-mail, até o dia 20/06/2017:
profcei.mariahelena@gmail.com - LIMITE 90 LINHAS
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