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INFORMARTIGOS
REVISTA
Bullying
O QUE DIZEM AS PRINCIPAIS TEORIAS
DA EDUCAÇÃO A RESPEITO DESSE
TIPO DE VIOLËNCIA?
CARL ROGERS, SKINNER, PIAGET, VIGOTSKY E OUTROS.
SUMÁRIO
ENTENDA O TEMA
03 Bullying é necessário combater
06 Bullying - Violência Disfarçada de Brinca INFORMARTIGOS
deira na Vida Escolar
08 Bullying
10 Bullying: violência entre estudantes combater
Autores:
SOB A ÓTICA DE SKINNER
13 O controle do comportamento no combate ao Érika Rominy R.S. Souza,
bullying
16 É possível condicionar uma criança adepta da prá Maria de Fátima da Costa
tica de Bullying a mudar este comportamento? Marques, Jonas Sales Fernan
18 Skinner
20 Frederic Skinner e o bullying: O comportamento des e José Mário Soares Serra
Júnior.
do aluno condicionado por reforçadores
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS
24 Respeito à subjetividade para uma aprendizagem Diagramação: Érika Rominy
significativa
26 Bullying, intervenção segundo a abordagem huma A Revista INFORMATRTIGOS
nista
é uma publicação que privile
28 Relação do bullying com a teoria humanista de Ro
gers gia diversos temas do universo
30 Carl Rogers e o Bullying: o aluno responsável por
educacional em formato de ar
sua própria disciplina escolar
tigo acadêmico. Idealizada pe
SOB A ÓTICA DE PIAGET
32 Desequilíbrios na aprendizagem los estudantes, Érika Rominy
34 Bullying sob o Olhar Construtivista R.S. Souza, Maria de Fátima da
35 Autonomia só aparece com reciprocidade
37 Jean Piaget e o Bullying: a disciplina escolar en Costa Marques, Jonas Sales Fer
tendi da pela concepção da moralidade nandes e José Mário Soares Ser
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY
41 Contra o Bullying: ênfase nas relações sociais ra Júnior , foi elaborada durante
43 Trabalhando o bullying sob uma perspectiva vi a disciplina de Desenvolvimento
gostskyana
45 O bullying em relação às ideias “sócio interacionis Educacional ofertada pela Uni
tas” de Vygotsky versidade de Brasília-UNB no
47 Lev Vygotsky e o Bullying: uma visão sócio-históri
ca sobre educação. 2° semestre de 2011.
50 REFEÊNCIAS
BULLYING
É NECESSÁRIO
COMBATER
onde os recursos da tecnolo fridos.[...].As testemunhas,
O
gia de informação e comu- representadas pela grande
termo bullying, do idioma nicação são utilizados no maioria dos alunos, con-
assédio. (FANTE, 2011). vivem com a violência e se
inglês é uma variação da calam em razão do temor de
De acordo com LOPES se tornarem as "próximas
palavra bully e quer dizer "brigão, vítimas". Apesar de não so-
NETO NETO, em uma situa- frerem as agressões direta-
fanfarrão, valentão”. (MICHA- mente, muitas delas podem
ção de bullying podem existir: os se sentir incomodadas com
ELIS, 1987). Utiliza-se bulling o que vêem e inseguras sobre
que praticam (autores), os que o que fazer.[...]. (LOPES
para transmitir a ideia de ameaça,
sofrem (alvos) e os que assis- NETO, 2011).
tirania, intimidação e maltrato. É necessário que se conhe-
tem (testemunhas) à violência.
Bullying é um tipo de com- Os autores são, comumente, ça não apenas os comportamen-
ENTENDA O TEMA
indivíduos que têm pouca
portamento violento caracterizado empatia. Frequentemente, tos dos autores ou vítimas dessa
pertencem a famílias de-
pela prática de atos agressivos re- sestruturadas, nas quais relação de bullyng, mas também
há pouco relacionamento
alizados por um ou mais indivídu- afetivo entre seus membros. as conseqüências que esse com-
Seus pais exercem uma su-
os sem motivo aparente, de modo pervisão pobre sobre eles, portamento desencadeiam. O pe-
toleram e oferecem como
repetido e com intenção de causar modelo para solucionar diatra Lauro Monteiro, fundador
conflitos o comportamen-
sofrimento à(s) vítima(s) que nessa to agressivo ou explosivo. da Associação Brasileira Mul-
[...].Os alvos são pessoas ou
relação tem chances nulas de de- grupos que são prejudicados tiprofissional de Proteção à In-
ou que sofrem as consequ-
fesa, em relação ao(s) agressor(s). ências dos comportamentos fância e Adolescência- Abrapia e
de outros e que não dis-
Segundo FANTE, o põem de recursos, status ou idealizador do site Observatório
habilidade para reagir ou
bullying: fazer cessar os atos danosos da Infância, comenta a respei-
É uma forma de violência contra si.São, geralmente,
gratuita em que a vítima pouco sociáveis. Um forte to das consequências do bullying:
é exposta repetidamente a sentimento de inseguran- A vítima pode apresentar
uma série de abusos, por ça os impede de solicitar baixa auto-estima, difWi-
meio de constrangimen- ajuda. São pessoas sem es- culdade de relacionamento
to, ameaça, intimidação, perança quanto às possibi- social e no desenvolvimento
ridicularização, calúnia, lidades de se adequarem ao escolar, fobia escolar, triste-
difamação, discriminação, grupo. A baixa auto-estima za, depressão, podendo che-
exclusão, dentre outras for- é agravada por intervenções gar ao suicídio e a atos de
mas, com o intuito de hu- críticas ou pela indiferença violência extrema contra a
milhar, menosprezar, in- dos adultos sobre seu sofri- escola. Já os autores podem
feriorizar, dominar. Pode mento. Alguns crêem ser se considerar realizados e
ocorrer em diversos espaços merecedores do que lhes é reconhecidos pelos seus co-
da escola ou fora dela, como imposto. Têm poucos ami- legas pelos atos de violência
também em ambientes vir- gos, são passivos, quietos e e poderão levar para a vida
tuais, denominado bullying não reagem efetivamente adulta o comportamento
virtual ou cyberbullying, aos atos de agressividade so agressivo e violento. As tes
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temunhas silenciosas tam nos expõe a situações trá
bém sofrem, pela sua omis- gicas isoladas ou coletivas fância e da juventude e promotorias
são e falta de coleguismo. que poderiam ser evitadas.
Muitos se sentem culpados (SILVA. 2010. p.14). públicas”. (SILVA. 2010 p.162.).
por toda a vida. (MONTEI-
RO, 2011). Diante disso confirma-se Também é papel da escola
guns estudos com intuito de conhe- da sociedade como um todo com o tizando os alunos, as famílias e a
cer e combater o bulling. Aramis objetivo de conter o bullying. SIL- comunidade envolvendo-os. “Para
Antônio LOPES NETO Neto e Lu- VA complementa que “O somatório se alcançar êxito na redução da
cia Helena Saavedra com a pesquisa de forças é capaz de multiplicar a violência, especificamente no pro-
“Diga Não ao Bullying”, realizada eficácia e a rapidez das medidas cesso de bullying, é necessário que
de novembro e dezembro de 2002 e tomadas contra o problema.” (SIL- se desenvolvam trabalhos nas es-
em março de 2003 por meio de ques- VA.2010 p.162). Portanto, pode-se colas” (LISBOA et al. apud FAN-
tionários distribuídos a alunos do dizer que nos casos de bullying, a TE, 2005; HORNE et al. 2004).
ensino fundamental de 11 escolas, escola deve se portar como a me- A aproximação dos pais
ENTENDA O TEMA
sendo 9 públicas e 2 particulares diadora sendo também o ambiente bem como a cooparticipação deles,
do Rio de Janeiro mostraram que: para discussão do problema do pro- da comunidade e da escola é de ex-
A idade média da população
avaliada foi de 13,47 anos e blema. Deve partir dela a iniciati- trema importância na elaboração
que dos 5.482 alunos parti-
cipantes, 40,5% (2217) ad- va de; chamar os pais do agressor e de medidas preventivas e punitivas
mitiram ter tido algum tipo
de envolvimento direto na da vítima, o quanto antes para um contra os agressores.
prática do bullying no ano
de 2002, seja como alvo do diálogo com o objetivo de informar A falta de proximidade que
bullying e/ou como autor.
(LOPES NETO; SAAVE- o acontecimento e de convidá-los a ocorre entre pais e filhos e, por con-
DRA, 2011).
elaborarem junto com a escola ações seguinte, entre pais e escola pode ser
São cada vez mais frequen-
para solucionarem o conflito, além considerado um agravante na con-
tes os casos de agressões dentro
de orientá-los a procurar ajuda psi- tinuidade das situações de bullying,
das escolas noticiados que revelam
cológica para o aluno. Parafrase- pois não há por parte dos pais dos
além da crueldade dos agressores
ando essa mesma autora, cabe a es- agressores ou vítimas, o interes-
e o despreparo das escolas para
cola a orientação aos pais a respeito se ou consciência dos reais com-
combatê-los. SILVA, psiquiatra e
de “ONGs e instituições que podem portamentos dos filhos na escola.
escritora do livro Bullying: Mentes
ser acionadas nos casos de bullying Pode-se dizer que a ausên-
perigosas nas escolas, afirma que:
a falta de conhecimento so- como por exemplo; delegacia da cia de proximidade e confiança no
bre a existência, o funciona-
mento e as consequências do criança, conselhos tutelares, pro- ambiente escolar ou familiar di-
bullying propicia o aumen-
to desordenado no número e motorias da educação, varas da in- minuem as chances de confissões e
na gravidade de novos casos,
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denúncias por parte das vítimas ou do pelas comissões de Finanças lidades de repercussão indica-se a
testemunhas de bullyin, uma vez e Tributação e de Constituição e prevenção para que esse tipo de vio-
que elas sentem-se pouco acolhidas Justiça e de Cidadania um projeto lência não aconteça.
e bastantes vulneráveis aos agres- de lei aprovado pela Câmara dos Os alunos devem ser orien
tados pelos pais, e pela esco-
sores. “É preciso que os professores Deputados no qual as escolas de- la por meio de palestras, li-
vros e cartilhas, dentre ou-
cedam lugar, em suas aulas, à ex- vem instituir programas preven- tros, para o uso responsável
da internet e das tecnologias
pressão do afeto, à educação dos sen- tivos que citem ações que visem em geral. Disponibilizar
informações como numero
timentos e à valorização das relações reduzir o problema e incentivar do cartão, conta de banco,
senhas, endereço próprio ou
de amizade”. (LISBOA et al, 2009). a cultura de paz”. Algumas ações: de alguém da família, ou
Trabalhos com pais e a co- Capacitação de docentes quando vai estar fora por
munidade, em geral, po- e equipe pedagógica para motivo de viagem , nunca é
dem focalizar em estímulo o diagnóstico, interven- recomendado fornecer pela
e treinamento de formas ção e encaminhamento de internet pois este ambiente
saudáveis de resolução de casos; formação de equi- é propicio para a pratica
con¬flitos interpessoais. pe multiprofissional para de bullying , uma vez que
Programas de mediação estudos e atendimentos de o anonimato e a menorida-
entre pares e protagonismo casos; envolvimento da co- de são permitidos.(SILVA.
ENTENDA O TEMA
juvenil, partindo da ideia munidade escolar – pais, 2010 p.139-140).
de que os alunos são sujeitos docentes,discentes, equipe
ativos nesse processo de mu- pedagógica – nas discussões Porém os alunos devem
dança para a convivên¬cia e desenvolvimento de ações
pacífica e não violenta, preventivas; estabelecimen- ser orientados quanto à existên-
também têm sido utilizados. to de regras claras sobre o
(LISBOA et al p.68 apud bullying no Regimento In- cia de punições previstas em lei e
GaJARDO 2009; HORNE terno Escolar; orientação
et al. 2004). às vítimas e seus familia- como eles podem proceder nos ca-
res; encaminhamento de
De acordo com LOPES vítimas e agressores e seus sos de denuncias de ciberbullying.
familiares aos serviços de
NETO, os pais dos alunos vítimas assistência médica, psico- SILVA destaca a importância da
lógica, social e jurídica;
se comportam de formas variadas, orientação aos agressores denúncia com a maior quanti-
e seus familiares sobre as
às vezes descrentes, indiferentes, consequências dos atos pra- dade de provas em menor tempo,
ticados e aplicação de me-
às vezes irados ou inconformados didas educativas capazes de por meio de impressões, cópias de
mudanças comportamentais
contra eles próprios e com a escola. significativas; parceria com arquivos e páginas em cd, pen-
O sentimento de culpa e in- a família dos envolvidos na
capacidade para debelar o resolução dos casos; implan- -drive, onde se evidenciam o ciber-
bullying contra seus filhos tação de sistema de registro
passa a ser a preocupação de casos e procedimentos bullying sofrido. Ela recomenda
principal em suas vidas, adotados, desenvolvimento
surgindo sintomas depressi- de atividades que promo- também a ajuda de um advogado:
vos e influenciando seu de- vam a cidadania e a cul- somente um profissional
sempenho no trabalho e nas tura de paz, dentre outras. com esse conhecimento po-
relações pessoais. (LOPES (FANTE, 2011). derá avaliar o sofrimento
NETO Neto, 2011). e as perdas emocionais da
Quanto ao ciberbullying vítimas e ajudá-las no difí-
FANTE, autora do pro- cio e necessário processo de
, onde as agressões são principal- fazer o que é preciso ser fei-
grama antibullying “Educar para to: denunciar e exigir que
mente morais e de grandes possibi as leis sejam cumpridas e os
a Paz”. afirma que “será analisa agressores responsabiliza
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dos e punidos por seus atos.
(SILVA.2010 p.140). atento aos casos de bullying não so cionar o problema. Fazem-se neces
mente a escola, mas também os pais sárias também políticas públicas
Parafraseando SILVA,
e a comunidade. Estes devem unir- para custear os investimentos com
“para os ciberagressores maiores de
-se para elaborarem medidas para a prevenção e combate do bullying.
idade, quando comprovado o cri-
ações de contensão do bullying. E
me cabe ação penal privada onde
sempre que for necessário acionar Érika Rominy S.R.Souza
ele, responderá por crimes contra a
órgãos, juizados que possam solu
honra como; calúnia, injúria, difa-
BULLYING
mação, e responderá criminalmen-
ENTENDA O TEMA
a freqüentar as aulas”...”A
(CRAIG, HAREL apud LOPES sal do termo bullying foi decor- pesquisa confirma que o
bullying se faz presente
NETO 2005.). Para a pesquisado- rente da dificuldade de traduzi-lo nas escolas públicas e priva-
das, resultando numa série
ra Cléo Fante, o aspecto de brin- para diversas línguas. Durante a de prejuízos tanto para os
envolvidos e seus familia-
cadeira, tão comum no ambiente realização da Conferência Interna- res quanto para as escolas
e seus profissionais, como
escolar, deixa de ocorrer quando cional Online School Bulling and para os governos e a socie-
dade. Tanto vítimas quanto
há um desequilíbrio de poder en- Violence, de maio a junho de 2005, autores e testemunhas po-
dem apresentar prejuízos no
tre as partes arroladas (autor se ficou caracterizado que o amplo processo de desenvolvimen-
to acadêmico, emocional e
diverte, vítima sofre). “O problema conceito dado à palavra bullying social, comprometendo a
construção da personalida-
é que aqui não se trata de simples dificulta a identificação de um de e da cidadania” (FAN-
TE; PEDRA. 2008)
brincadeiras próprias de infância termo nativo correspondente em
ção na mídia sobre o tema, é neces sobre este tipo de violência possibi vos estimulando relações de amiza-
sário que existam espaços cada vez lite a diminuição desse tipo covarde des e oferecendo modelos não agres-
maiores para debates sobre o tema, de agressão. Para os pesquisadores sivos para resolução de conflitos.
nas escolas na mídia, com os pais desse tema é consenso que agir sobre
dos estudantes, entre os alunos, o problema de forma isolada não é Maria de Fátima da Costa Marques
BULLYING
demais profissionais do ambiente por exemplo, criação de ambientes
Q uanto ao conceito de maltratar outra pessoa e colocá- apresentados em outros locais, con-
ENTENDA O TEMA
bullying, existe uma difi- -lo sob tensão” (FANTE, 2005). tanto que ocorra entre pares, ou
No Brasil, adotamos o ter-
culdade muito grande entre os pes- mo que, de maneira geral, é seja, colegas de trabalho ou de clas-
empregado na maioria dos
quisadores, para achar um termo países: bullying, Bully, en- se, por exemplo. Apesar de
quanto nome, é traduzido
equivalente em seus idiomas, por como “valentão”, “tirano”, o bullying ter sempre existido, até
e como verbo, “brutalizar”,
conta da riqueza do termo em inglês. “tiranizar”, “amedrontar”. mesmo antes do surgimento das es-
Um estudo realizado em Dessa forma, a definição
14 países diferentes teve de bullying é compreendi- colas, pioneiramente, o professor
como objetivo identificar da como um subconjunto
palavras nativas que se as- de comportamentos agres- Dan Olweus (1998) foi o primeiro
semelhassem ao conceito sivos, sendo caracterizado
de bullying. Desse estudo, por sua natureza repetitiva a ligar o termo ao fenômeno. Ao
baseado em dados coletados e por desequilíbrio de poder
em um grupo de alunos com (FANTE, 2005, pág. 28). pesquisar sobre o suicídio de três
14 anos, identificaram-se 67
palavras relacionadas aos Referente ao local onde o adolescentes noruegueses em 1983,
comportamentos bullying,
sem que nenhuma delas bullying se apresenta, existe uma Olweus percebeu que era cabível
abrangesse o significado
do termo inglês (FANTE, clara contradição entre as doutoras de ter sido o bullying, o fator de-
2005, pág. 28).
Cleo Fante e a Ana Beatriz Silva . terminante para esses suicídios.
Segundo a professora Dra.
Conforme Silva (2003), o bullying O Ministério da Educação soli-
Cleo Fante, que é pioneira nos es-
se apresenta somente em ambien- citou então, uma pesquisa sobre o
tudos do fenômeno bullying no
te escolar, enquanto que Fante tema, e como resultado, ele criou o
país, trata-se de uma “palavra
(2005), acredita sim que o bullying programa antibullying.
de origem inglesa, adotada em
ocorre em ambiente escolar, mas Tal fato, incentivou ou
muitos países para definir o de-
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tros países, como o Reino Uni- e aluno ou gestor também não é do outro, pela fofoca e dissemina-
do, Canadá e Portugal, a promove bullying (FANTE, 2005). Isto não ção de boatos ou de informações que
rem campanhas de intervenção. significa que as práticas de violên- deponham contra a honra e a boa
O fenômeno bullying se cia eventual ou verificadas entre imagem do outro (Wilson, 1998).
mundo. Porém, no país que mais to ao seu poder – onde, portanto, to Wilson entende que:
A forma direta refere-se a
possui escolas na América do Sul, não há repetição – não constitu- todas as ameaças e práticas
que envolvam a imposição
o Brasil, conforme o Censo Escolar am problemas sérios ou que não de sofrimento físico, como
bater, socar, puxar, agarrar,
2002, realizado em 172.508 escolas, necessitem de tratamento para espancar, ou a submissão de
outro, pela força, à condição
o bullying ainda é pouco comenta- que sejam erradicadas, muito pelo humilhante. Enquanto que
a indireta, é caracterizada
do e estudado, fatores pelo qual não contrário, “devem-se desenvolver pelas condutas propositais
de exclusão ou isolamento
existem indicadores que nos forne- abordagens mais amplas destina- do outro, pela fofoca e dis-
seminação de boatos ou de
çam uma visão global para que se das a conter toda e qualquer forma informações que deponham
ENTENDA O TEMA
contra a honra e a boa
possa compará-lo aos demais países. de violência” (informação verbal). imagem do outro (Wilson,
1998).
O que se sabe é que em relação à Eu- Os comportamentos
Quanto ao gênero, “o
ropa, o Brasil está com pelo menos bullying, podem ocorrer de duas
bullying direto é mais comum en-
15 anos de atraso (FANTE, 2005). formas: direta e indireta, mas
tre agressores meninos. As atitudes
A abordagem sobre o que é as duas são aversivas e prejudi-
mais freqüentes identificadas nessa
ou não bullying diverge por vezes, ciais ao desenvolvimento e ao
modalidade são os xingamentos e as
quando estudiosos afirmam errone- psiquismo da vítima. Dois espe-
agressões físicas” (CHALITA, 2008).
amente que bullying é caracteriza- cialistas no assunto, discorrem
Entre as meninas prevalece
do por agressões, humilhações e até sobre o tema em seus trabalhos.
a prática do bullying indireto, ca-
mesmo preconceitos sem levar em A forma direta refere-se a
racterizado basicamente por ações
conta o caráter repetitivo, a ques- todas as ameaças e práticas que en-
que levam a vítima ao isolamento
tão que deve ter ocorrido entre volvam a imposição de sofrimento
social. Boatos, intrigas, difamações
pares e também que sempre há físico, como bater, socar, puxar,
entre outras atitudes, são manifes-
no bullying, relação de hierar- agarrar, espancar, ou a submissão
tas nessa forma (CHALITA, 2008).
quia entre os agressores e as ví- de outro, pela força, à condição hu-
Segundo Cleo Fante, a for-
timas. Discussões ou brigas pon- milhante. Enquanto que a indireta,
ma mais perniciosa de bullying
tuais não são bullying (VINHA, é caracterizada pelas condutas pro
se encontra dentro do bullying in
2010). Conflitos entre professor positais de exclusão ou isolamento
direto, e é conhecida como cyber
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bullying, pois o uso da internet analisar o que é ou não bullying e ceitos diferentes. Ademais, notavel-
agrava ainda mais o problema, quando e onde ele ocorre. Proces- mente por meio da pesquisas pode
uma vez que o cyberbullying age no so que obteve muita divergência, ser constatado que entre os tipos de
anonimato, deixando a vítima, que sobretudo com as afirmativas das bullying, apesar de o físico ser mais
geralmente, em ambiente escolar, educadoras Ana Beatriz Silva e doloroso, o virtual é mais pernicio
são crianças e adolescentes, sem Cleo Fante. Objeto de estudo deste so, pois agir ocultamente, o que
saber onde e como procurar ajuda. trabalho também, foi a análise do atormenta a vítima deixando-a sem
Este estudo teve por obje- bullying no contexto histórico, pro- saber o que fazer e a quem recorrer.
termo bullying ao fenômeno, o que conclusão de que o bullying sempre Jonas Sales Fernandes
pioneiramente foi feito por Olweus, existiu, apenas era tratado com con
BULLYING:VIOLÊNCIA ENTRE
ESTUDANTES
ENTENDA O TEMA
que quer dizer “valentão, bri- não é um fenômeno novo já vem fundido com outros tipos de vio-
gão”; não se recomenda a tradu- sendo estudado e analisado há al- lências; isso em decorrência da di-
ção da palavra, mas o sinônimo guns anos em vários outros países. ficuldade em caracterizar o termo
mais comum adotado no Brasil O interesse pelo Bullying começou forma acertada, dando margem a
é “intimidação”. (ROLIM, 2008) ao final dos anos 70, nos países es- interpretações errôneas e confusões
O bullying é uma forma de com- candinavos, sendo os trabalhos pio- na raiz do próprio termo; por conta,
portamento agressivo que se dá neiros do professor Dan Olweus, principalmente, do número escasso
entre pares, no ambiente escolar, sem dúvida, os mais influentes. de pesquisas sobre o tema no país.
caracterizado principalmente por Em 2001 o número de pesquisas (ROLIM, 2008) Na maioria dos
imposição de poder de um estudan- aumentou consideravelmente, en- casos, é apontado como uma práti-
te para o outro. Compreende todas tre 2001 e 2008 tinha-se disponível ca que faz parte da vida escolar dos
as atitudes agressivas, intencionais algo em torno de 592 publicações alunos, e que os mesmos deveriam
e repetidas, que ocorrem sem mo- sobre o tema; em face contrária as ter maturidade para aprender li-
tivação evidente, adotadas por um 124 constatadas entre os anos de dar com tal, em detrimento disso,
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é deixado de lado. No entanto, o lescentes (BANDEIRA, 2009) dos, Irlanda, Israel, Portugal e Su-
Bullying é problema muito sério Através de um questionário desen- écia. Através da mesma constatou
que merece mais tempo dedicado volvido nos Estados Unidos por -se que foram vítimas de Bullying,
a pesquisa e uma visão mais rea- Hamby e Finkhor, entre os anos de trimestralmente, um total de 28,5%
lista por parte dos profissionais da 2001e 2004, chamado ‘Vitimização em Israel, 22,1% nos EUA, 17,8%
educação. (BANDEIRA, 2009) É Juvenial’ (Juvenial Victimization em Portugal, 15,9% Irlanda e 9,8
que se repete por diversas vezes, formas de agressão contra crian- No Reino Unido, em um
direcionada geralmente a indivi- ças e adolescentes entre 2 e 17 anos. estudo realizado em Sheffield por
duo “fraco”, por parte de um indi- Apontou que as crianças america- Philips em 2003, com a partici-
viduo “popular” que goza de certo nas sofreram agressões nas esco- pação de 6.758, constatou-se que
ar de impunidade e que age assim las numa proporção muito maior mais de ¼ deles já tinham sido ví-
para demonstrar “poder”. Tal fe- do que outros tipos de violência, timas de Bullyng em um trimes-
ENTENDA O TEMA
nômeno se enraíza no ambiente levando em consideração outras tre de curso. Em Hertfordshire,
escolar por diversos aspectos, en pesquisas já levantadas anterior em uma escola primária, entre
tre eles, os de cunho social, cultu- mente sob a ótica unicamente da 2.377 estudantes cerca de 30% dis-
ral, aspectos inatos de tempera- ‘violência’. (BANDEIRA, 2009) seram ter sido vítimas de agressões
de amigos, da escola e da comu- volvidos na Austrália por Rigby em No Brasil, em meio a pou-
nidade. (LOPES NETO, 2005) 1997, foi possível afirmar que para cos estudos já realizados, um dos
É uma tarefa difícil tentar cada seis alunos um já pode ter sido mais notáveis, talvez, tenha sido o
apurar a ocorrência do bullying vítima de Bullyng, uma vez em da UNESCO (Organização das Na-
em locais específicos, embora, há por semana. No país, as agressões ções Unidas) em torno da violên-
a possibilidade de se analisar da- mais comuns no meio escolar são cia nas escolas; embora não tenha
dos de pesquisas que foram de- de cunho verbal que expressam pro- sido em específico sobre Bullying.
senvolvidas em diversos países; e vocações ou o emprego de apelidos Esse trabalho apurou que cerca de
pode-se afirmar, sem hesitar, que pejorativos. (BANDEIRA, 2009) 1/5 de alunos e servidores de escolas
ter universal, que tem incidência Mundial da Saúde (OMS) desen- violência envolvendo agressões e es-
em escolas em todo o mundo e que volveu uma pesquisa-comparativa pancamentos. Deste mesmo percen-
se manifesta entre crianças e ado envolvendo 5 países: Estados Uni tual, houve variação mínima de 11%
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a 13% nos estados do Rio de Janei- Uma pesquisa desenvolvida sentimentos de tristeza são sinto
ro, Maceió e Fortaleza; e máxima por Souza e Ribeiro, em 2005, como mas também bem comuns entre
de 23% a 25% em Porto Alegre e Flo 400 estudantes de Ensino Médio em as vítimas de Bullying, constatou
rianópolis. (BANDEIRA, 2009) Recife (PE) em duas escolas (uma Williams em 1996. Na Inglaterra,
O Centro de Estudos da pública e outra particular); 60% dos 82% dos membros da Associação de
Criminalidade e Segurança Públi- alunos entrevistados confirmaram Gagos foram vítimas de Bullyng,
ca (CRISP) da UFMG investigou ter praticado Bullying nos últimos confirmou o estudo de Mooney e
50 escolas de Belo Horizonte (Es- 30 dias no semestre. Especialis- Smith em 1995. (ROLIM, 2008)
buscando por relatos de alunos inúmeras conseqüências danosas na Espanha, Alemanha e Inglaterra
que presenciaram focos de violên- que a prática do Bullying causa com 884 adultos vítimas de bullying,
cia na escola. Em percentual, 9,6% em suas vítimas. Para o médico constatou que os mesmos sofriam de
dos alunos entrevistados disseram Lopes Neto (2005) as mais comuns sentimentos de baixa auto-estima,
ENTENDA O TEMA
ter presenciados casos envolvendo seriam: enurese noturna, alterações dificuldades de relacionamento,
agressões físicas e verbais; 18,3% de sono, cefaléia, dor espigrástrica, baixa confiança nas pessoas. E em
foram agredidos na escola, 10,4% já desmaios, vômitos, dores em ex- muitos casos, a prática do Bullyng
faltaram às aulas por medo de ame- tremidades, paralisias, hiperven- é a causa principal de faltas fre-
aças de agressão. (ROLIM, 2008) tilação, desmaios, queixas visuais, qüentes e evasão escolar, citado por
No ano de 2002, a Associa- síndrome do intestino irritável, Rigby em 1997. (ROLIM, 2008)
ção Brasileira Multiprofissional anorexia, bulimia, isolamento, ten- Em casos mais graves, a
de Proteção à Infância e à Adoles- tativas de suicido, irritabilidade, Criminologia Moderna aponta que
cência (ABRAPIA), realizou um agressividade, ansiedade, perda de a prática do Bullying contribui for-
estudo como 5.875 estudantes entre memória, histeria, depressão, pâ- temente para o desenvolvimento de
quintas e oitavas séries, em onze nico, relatos de medo, resistência uma postura antissocial e deliquen-
escolas no Estado do Rio de Janei- em ir à escola, insegurança por te por parte dos agressores; os mes-
ro. Constatou um percentual 40,5% estar na escola, mau rendimento mos possuem ainda propensão ao
de alunos envolvidos com Bullying escolar, e atos deliberados de auto- abuso de álcool e drogas, associados
naquele ano: deste total 16,9% eram -agressão. (LOPES NETO, 2005) a práticas criminais, citado por Far-
vítimas, 12,7% eram autores e 10,9% Outros problemas como rington em 1993. (ROLIM, 2008)
eram vítimas e autores ao mes- ansiedade, insegurança, transtor- Em suma, só monitorar o desempe-
mo tempo. (BANDEIRA, 2009) nos de saúde mental, depressão e nho dos estudantes por meio das no
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tas, testes e cumprimento de tarefas se faz importante, no sentido da Wnas escolas. Porque é com o en-
não é o bastante. Levar em consi- busca pela criação e manutenção frentamento árduo do problema
deração as competências e possíveis das regras, diretrizes e das ações por parte dos funcionários escola-
dificuldades que os mesmos podem no ambiente escolar. Principal- res dando apoio aos estudantes; que
vim a apresentar em seu conví- mente no que tange a priorização possibilita a conscientização por
vio com o restante dos estudantes; da conscientização geral e apoio às parte dos agressores e, consequente-
passa a ser de inteira responsabi- vítimas de tais práticas: que as ví- mente, o término das agressões. E,
lidade dos profissionais inseridos timas sejam encorajadas a denun- claro, não menos importante: aos
nas áreas da educação, saúde e se- ciar e as que mesmas possam ter a alunos que se encontram na posição
gurança. (LOPES NETO, 2005) segurança que os agressores este de agressores devem ser oferecidas
Para tal, é fundamental o total jam sendo punidos e tratados de- condições para a mudança de com-
SOB A ÓTICA DE SKINNER
comprometimento dos professores, vidamente. (LOPES NETO, 2005) portamento e não só a utilização
emprego de projetos que visem com- participarem de supervisões e inter- em tais casos. (BANDEIRA, 2009)
O CONTROLE DO COMPORTAMENTO
NO COMBATE AO BULLYING
programas educacionais para o comportamento, os behavioristas
A tualmente, o Bullying; um
entendem que os comportamen-
hábitos violentos, tende a aprender Os behavioristas entendem Seus comportamentos são, contro-
e repetir esse tipo de comportamen- que há comportamentos não volun- lados e reforçados por meio de es-
to. Quando essa criança é exposta tários, chamados comportamento tímulos advindos de uma filosofia,
a um ambiente diferente, numa reflexo ou respondente como, por cultura ou administração nos mais
escola, por exemplo, onde regras exemplo, “a contração das pupilas variados ambientes como por exem-
contra a violência sejam ensina- quando uma luz forte incide sobre plos, nas igrejas, no ambiente de
das e o comportamento harmônico os olhos ou o arrepio da pele quan- trânsito, na publicidade, nas em-
entre as demais crianças é estimu- do recebe um vento frio”. (BOCK presas, nas escolas e entre outras.
lado e valorizado, a criança ainda et al, 2008,p.59). Esses comporta- Tratando-se do ambiente
que violenta pela aprendizagem mentos são incondicionados não escolar, por exemplo, o controle da
adquirida no lar tende a adaptar- dependem de aprendizagem. Por disciplina dos alunos, as normas
-se naquele novo espaço, pois o am- outro lado, o comportamento ope- da instituição e a aprendizagem
biente é diferente não só por ser a rante é condicionado, resultante são realizadas por meio de estímu-
escola e não o lar, mas também por- de treinos, aprendizagem, e even- los, sendo esses reforçados ou não.
As ações são mantidas ou
que apresentam estímulos novos. tos reforçadores, que aumentem não, pelas consequências
que produzem no meio am-
Isso se confirma nos estu- as chances do comportamento de- biente. Essas consequências
são denominadas reforça-
dos da formulação do comporta- sejado continuar acontecendo. doras quando aumentam a
O comportamento operante freqüência de emissão das
mento operante apresentado por refere-se à interação sujeito- respostas que as produziram
-ambiente. Nessa interação e punidoras ou aversivas
SKINNER, continuador dos es chama-se de relação funcio- quando diminuem, mesmo
nal a relação entre a ação do que temporariamente, a fre
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qüência das respostas que as
produziram. BOCK (2008,
cial entre os alunos, o desempenho mento”. (MIZUKAMI, 1986, p.30).
p.63). de cada um deles deve ser avaliado Também é importante
como um todo, não apenas por suas que um programa de combate ao
Segundo os behavioris-
notas em testes ou cumprimento re- bullying ao ser elaborado tenha
tas um comportamento desejado
gular das tarefas solicitadas. Diz: participação da comunidade próxi-
deve ser reforçado positivamen Perceber e monitorar as
habilidades ou possíveis di- ma a escola, dos pais e dos alunos.
te, o uso de punições pode retar- ficuldades que possam ter Todos os programas anti-
os jovens em seu convívio -bullying devem ver as esco-
dar o comportamento desejado. social com os colegas pas- las como sistemas dinâmicos
Os analistas do comporta- sa a ser atitude obrigatória e complexos, não podendo
mento devem evitar o uso de daqueles que assumiram a tratá-las de maneira unifor-
punição, quer pelos subpro- responsabilidade pela edu- me. Em cada uma delas, as
dutos negativos que ela gera cação, saúde e segurança estratégias a serem desen-
para os organismos, quer de seus alunos, pacientes volvidas devem considerar
pelo fato de que seus efeitos e filhos. (LOPES NETO, sempre as características
tendem a ser temporários, o 2011). sociais, econômicas e cultu-
mais das vezes quando esta rais de sua população. (LO-
cessa, o comportamento an- PES NETO, 2011).
tes sob o seu controle tende No entanto, um problema
LOPES NETO, acredita dadeiros fatores que afetam o com- grupos de apoio, que pro
tegem os alvos e auxiliam na
que para a melhora do convívio so portamento num determinado mo solução das situações de
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bullying. (LOPES NETO,
2011).
violência em todas as suas varia portamento desejado e buscar re-
Por tanto, conclui-se que a ções, bem como a observação, o forçar os estímulos causadores da
teoria behaviorista pode ajudar as monitoramento e o reforçamento resposta para que ela se mantenha.
escolas no combate ao Bullying, de comportamentos pacificadores.
desde que façam parte da ideo Os programas contra o Bullying Érika Rominy S. Souza
O comportamento
sempre despertou
humano métodos científicos para mudança
Burrhus Frederic Skinner é con- Os estudos de Skinner têm de Skinner sobre análise aplica-
siderado um dos maiores expoen- sido largamente usados na psi- da do comportamento para estu-
também chamado de Behavioris- clínica, já que suas teorias estão mais variadas nuances. A Análise
mo, seu livro Science and humam voltadas para aplicação em proble- Aplicada do Comportamento teve
behavior (1953), tornou-se o li- mas da vida real. De acordo com origem a partir de um trabalho
vro básico da psicologia behavio- seu ponto de vista, a vida é pro- publicado por Lindsley e Skinner
rista. A partir de leituras acerca duto da história de reforços. Ele em 1954. Nesse artigo, os pesqui-
das experiências de condiciona- Afirmava que “sua vida foi pre- sadores aplicaram o conhecimento
mento de Watson e Pavlov, apud meditada e organizada de acordo acumulado sobre o comportamen-
os quais lhe despertaram um inte- sistema ditava como devia ser a CH; VANDENBERGHE. 2011)
resse científico pela natureza hu- vida de todo ser humano”. Skinner O termo comportamento
mana, Skinner passa a se dedicar a acreditava que suas experiências tem sido utilizado em Psicologia
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para designar as interações orga- nou-se o livro básico da psicologia de Skinner sobre análise aplica-
essa interação é de interdepen- namento de Watson e Pavlov, apud mais variadas nuances. A Análise
GHE. 2011). Segundo Todorov ; os quais lhe despertaram um interes- origem a partir de um trabalho
a Análise do Comportamento uti- Os estudos de Skinner têm tem sido utilizado em Psicologia
liza a noção de contingência e de sido largamente usados na psicolo- para designar as interações orga-
relação funcional para descrever as gia educacional e psicologia clíni- nismo-ambiente (Todorov, 1982).
leis que regem as interações orga- ca, já que suas teorias estão volta- Na Análise do Comportamento,
nismo-ambiente (TODOROV, 1989) das para aplicação em problemas da essa interação é de interdepen-
A Análise Aplicada do Com- vida real. De acordo com seu ponto dência (GOSCH; VANDENBER-
portamento enfatiza o papel das ex- de vista, a vida é produto da história GHE. 2011). Segundo Todorov ;
não faz sentido falar de
periências diretas na aprendizagem de reforços. Ele Afirmava que “sua comportamento sem men-
cionar as circunstâncias em
do comportamento agressivo, como vida foi premeditada e organizada que ele ocorre; como não tem
sentido falar em circuns-
ocomportamento humano sempre de acordo exatamente com o modo tâncias sem a especificação
do comportamento que cir-
despertou muitas perguntas por que seu sistema ditava como devia cunstanciam” (TODOROV,
1989).
parte dos estudiosos do assunto e ser a vida de todo ser humano”. Skin-
até mesmo de leigos. Burrhus Fre- ner acreditava que suas experiên- Para esta linha de pesquisa,
deric Skinner é considerado um cias estavam relacionadas exclusiva a Análise do Comportamento uti-
dos maiores expoentes do estudo do e diretamente aos estímulos do pró- liza a noção de contingência e de
comportamento também chamado prio ambiente. (SKINNER. 1985) relação funcional para descrever as
de Behaviorismo, seu livro Scien- Nesse viés alguns pesqui- leis que regem as interações orga-
ce and humam behavior (1953), tor sadores têm aplicado as técnicas nismo-ambiente (TODOROV, 1989)
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SKINNER
de de eventos reforçadores. (SKIN- variáveis que afetam seu comporta- um ano, seguir a carreira literária.
NER. 1985) destaca o fato de a ví- mento e aumentar a probabilidade Nesta época, entrou em contato com o
pistas de dor e outras conseqüências que garantam à criança maior nú- Duas influências funda-
injuriosas vivenciadas pela vítima mero de reforçamentos positivos. mentais parecem ter marcado o
constituírem os principais reforça- Infere-se, a partir das pes- pensamento de Skinner e guiado
dores do comportamento agressivo. quisas realizadas, que é possível o seu trabalho em psicologia nes
O comportamento do agressor tam- condicionar uma pessoa praticante tes anos iniciais, e posteriormente:
bém é reforçado pela complacência de bullying a mudar seu compor- a de Loeb, quanto ao objeto de es-
da vítima, enquanto a complacência tamento. Mas tal condicionamen- tudo, e a de Mach, quanto ao mé-
está sendo reforçada pela interrup- to não pode ser obtido sem uma todo científico. Embora Skinner
ção da agressão. Esse comportamen- aplicação cuidadosa, por profissio- cite também outros autores como
to agressivo é o comportamento ado- nais devidamente capacitados, das Watson, Pavlov, Sherrington,
tado pelos praticantes de bullying técnicas postuladas por Skinner. Thomdike, Poincaré e Bridgman,
que têm nessas contingências fa- estas influências parecem ter sido
tores que reforçam seu comporta- Maria de Fátima da Costa Marques mais periféricas (SKINNER, 1979).
fazer com que os praticantes de todo. A esse respeito, ele diz que:
O comportamento parece ter
bullying os “bulies” tenha seu com- sido aceito pela primeira
vez como um tema em seus
portamento mudado de forma que próprios termos quando fo-
ram estudados organismos
os traços de agressividade sejam pequenos demais e
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com comportamento simples
demais para sugerir proces- cologia e não por outras disciplinas. considerados: um estímulo, uma
sos iniciadores internos...
A formulação de Loeb dos Neste ponto, vale à pena fa- resposta e um reforço” (SKINNER,
tropismos e sua ênfase no
‘movimento forçado’ dispen- zer um parêntese para acrescentar 1992). Assim, uma criança adquire
savam as explicações inter-
nas. A coisa a ser estudada que esta questão da relação funcio- comportamento verbal quando suas
era o comportamento do
‘organismo como um todo’. nal entre termos e estímulos que vocalizações começam a ser refor-
E isto também poderia ser
dito de organismos maiores. aumentam sua probabilidade de çadas ao produzirem conseqüências
(SKINNER, 1989a, p. 61).
ocorrência será tratada de forma em uma dada comunidade verbal.
camente, Skinner afirma: Behavior (SKINNER, 1957/1978), comportamento verbal: mand (or-
“Eu queria estudar o com-
portamento de um organis- onde aparece sob a classe de ope- dens, regras de polidez), eco (re-
mo separado de qualquer
referência à vida mental, rantes verbais denominados “tatos”. petições); textual (como a leitura,
e isto era Watson, mas eu “O tato surge como o mais
também queria evitar refe- importante operante ver- a transcrição ou cópia, o ditado);
rências ao sistema nervoso, e bal, por causa do controle
Como, para Skinner, cada resposta Skinner (1992) define rando e recompensando quem os
verbal deve ser entendida enquanto comportamento verbal como “um adotar. O indivíduo vai gostar de si
funcionalmente relacionada a um comportamento reforçado pela mesmo se ele for um produto das
conjunto de estímulos que tomem mediação de outra pessoa” (p.14). práticas reforçadas pelo ambiente
sua ocorrência (mais) provável, o Sua tese central diz que social (SKINNER, 1998). Nas ins-
comportamento verbal constitui-se “Em todo comportamento verbal tituições escolares o comportamento
num problema a ser tratado pela Psi há três eventos importantes a serem reforçado é do aluno disciplinado,
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que tira notas acima do mínimo es- Passar de ano implica variáveis a prática que se tem feito dos estu-
tipulado, como recompensa irá pas- contextuais que fazem parte todo dos experimentais do condiciona-
sar de ano, cursar uma nova série; o processo de aprendizagem que mento operante que é baseada na
caso não atinja o índice de notas podem possibilitar ir de uma série eficácia da administração sistemá-
pré-determinadas, não receberá ne para outra. (PINGOELLO, 2009). tica de recompensas (reforços) a
nhuma recompensa e não será ad Este estudo teve por objeti- um organismo, quando queremos
mirado, pois se acredita que não al- vo, conceituar o método de Skinner, que ele apresente certas reações.
cançou o desenvolvimento cognitivo ligar o termo bullying ao Behavio Essa aplicação prática re-
que se esperava dele, demonstrado rismo de Skinner .Objeto de estudo quer que se faça o levantamento
pelas notas abaixo da média esti- deste trabalho também, foi a análi dos eventos que reforçam um dado
pulada pelas escolas. E essa questão se do Condicionamento no contexto indivíduo. Pode-se controlar as re-
SOB A ÓTICA DE SKINNER
possui ligações indiretas com o fe histórico, procurando suas raízes, ações utilizando as conseqüências
nômeno bullying, pois uma vez que e chegando-se a conclusão de que o reforçadoras. Isto é importante
a pessoa pode ser vitimizada ou ser método pode sim, ter suas relações em todos os campos em que o com-
tratada como inferior, ela poderá com o fenômeno bullying. Ade- portamento figura em destaque.
O behaviorismo radical de
Skinner é um modelo psi- se tornem conhecidos e, portan- limites daquilo que podem ser ob-
Em não se faz distinção entre os em um visão mais da experiên sa perspectiva, analisa o corpo e
mundos subjetivo e objetivo, e se cia natural do comportamento sua relação com o meio ambien-
concentra em conceitos e termos, e através de observações precisas. te, tratando dos acontecimentos
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externos antecedentes e os ocor- cuja descrição é de acesso à obser- sas do comportamento. Devido ao
ridos no mundo privado. Através vação experimental. O vinculo fato de dizer apenas como as pes-
dessa abordagem há a controle do da mente ao físico e a perspecti- soas agem, não esclarecendo o por-
estabelecimento de uma lingua- va fisiológica, baseada no exame quê desse comportamento ocorrer.
gem comportamental otimizada do sistema nervoso, também são O behaviorismo destaca-
em interpretar os termos men- criticadas, enquanto as alterna- -se pela introdução da história
tais, de acordo com o ponto de tivas ao behaviorismo radical, ambiental como um fator muito
vista behaviorista. As pesquisas defendido por Skinner, como o importante para compreensão do
preendem a análise experimental metodológico têm seus pontos fra- tâncias e comportamento podem
de comportamento, e as aplica- cos destacados. (MATOS, 1993) ser relacionados e o papel do meio
ções práticas são parte da análise Ressalta-se o valor de princípios ambiente é realçado. Enquanto a
análise do comportamento deve como o costume, e que possibili- sa as demandas mais profundas,
envolver, além das respostas em tem a previsão de ações que ainda por não levar em conta esse fator
questão, o contexto em que ele não ocorreram. Os padrões de de- fundamental, a atenção dada às
ocorre e os eventos que seguem senvolvimento históricos são ou- causas ambientais do comporta-
as respostas. (LOPES, 2003) tros componentes estruturais que mento abriu novas questões que
O behaviorismo radical se tornam importantes para com- não podiam ser mais negadas. O
constrói um paradigma de con- preender as mudanças, ao longo do behaviorismo pode também ser
dicionamento não-linear e esta- tempo. Embora se evitasse tratar visto como associado ao positi-
tístico, contrário ao paradigma o behaviorismo como uma abor vismo lógico corrente filosófica
linear e reflexivo das linhas teó- dagem mentalista; porque na vi- para a qual os acontecimentos
ricas anteriores ao comportamen- são de Skinner, faltava informa- mentais não deveriam ser alvo de
talismo. Defende que a maioria ções úteis que permitam afirmar uma ciência natural, por serem
dos comportamentos humanos o porquê das pessoas orientarem fatos "inobserváveis", do ponto
são condicionados de modo ope- ou não por um hábito qualquer. de vista científico. Na visão dos
rante; tenta, então, delinear uma Essa deficiência deixa margem positivistas lógicos, se um ser au-
variante para o behaviorismo que para permanência de explicações tômato tivesse a capacidade de
como um comportamento interno, resposta necessária sobre as cau uma pessoa, nenhuma explicação
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mentalista seria mobilizada para guido da apresentação de um re- probabilidade de ocorrência. A
o entendimento de seu desempe- forço positivo ou negativo, aquela Teoria do Reforço defende que
nho, a não ser os estímulos que o resposta tem maior probabilidade todas ações com consequências
fizeram agir de tal modo. O beha- de se repetir com a mesma função; positivas sobre o indivíduo fazem
viorismo metodológico teria a da mesma forma, quando o com- que as práticas tendam a ser repe-
seu favor a descarga de qualquer portamento é seguido por uma tidas em um futuro próximo, em
esses pioneiros admitiam a exis- a resposta tem menor probabili- que é punido tende a ser elimina-
tência de fatos mentais, apesar dade de ocorrer posteriormente. do. E as conseqüência em relação
de não os considerarem em suas O behaviorismo radical a isso são positivas sempre que as
pesquisas, o que proporcionava se desta por explicar o comporta- pessoas sentem prazer com a sua
SOB A ÓTICA DE SKINNER
a especulação sobre mundos pa- mento animal através do mode- própria performance. Seguindo
nico, cujas provas não podiam Nesse sentido, o behaviorismo to dos alunos pode ser influencia-
ser fornecidas. (LOPES, 2003) radical cria um modelo de con- do e controlado através do refor-
a sistematização do modelo de linear e reflexo das teorias pre- ignorando as ações não deseja-
seleção por conseqüências no in- cedentes do Comportamenta- das (o castigo). Skinner defen-
tuito de explicar o comportamen- lismo. Para Skinner, a maior de mesmo que o comportamento
to. O condicionamento operante parte dos comportamentos hu- das pessoas pode ser controlado
é diferente do condicionamento manos são condicionados desta e informado por longos períodos
respondente criado por Pavlov forma operante. (ROSE, 1982) de tempo sem que estas percebam
comportamento operante o com- nas escolas em especial o bullying livres. Uma técnica defendida
portamento é condicionado, mas seguindo a visão de Skinner, po- por ele é a modificação do com-
não há associação reflexa entre deria ser tratada baseando-se em portamento organizacional, que
estímulo e resposta, mas sim sua Teoria de Reforço. Skinner tem foco na aplicação da Teoria
probabilidade de um estímulo se chamou reforços os eventos que do Reforço aos esforços para a
seguir à resposta condicionada. tornam uma reação mais fre mudança nas organizações e se
Quando um comportamento é se quente, ou seja, que aumentam a eleva em dois princípios básicos:
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em primeiro as pessoas atuam seja, apenas aqueles sensíveis a
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RESPEITO À SUBJETIVIDADE
DO ALUNO mento de conhecimentos,
dos diferentemente por cada aluno. mas que penetra profunda-
mente todas as parcelas da
Diante disso, a teoria huma- sua existência. (ROGERS,
1997, p.322).
nista apresenta uma proposta de de-
No artigo, “Teoria da apren-
cada um deles, pois num ambien- dizagem, a aprendizagem signifi- O pensamento humanis-
te diversificado, os interesses dos cativa, que na nessa se sobrepõe à ta, centrado na pessoa, ressalta
alunos são variados: o que desper- aprendizagem mecânica. Ele diz: que o aluno é capaz de se auto-
Por aprendizagem signifi-
ta atenção em um aluno, não des- cativa entendo aquela que -dirigir quanto ao aprendizado e
provoca uma modificação,
perta, necessariamente, a atenção quer seja no comportamento que, é papel do professor ser um
do indivíduo, na orientação
no outro. Sabe-se também que as da ação futura que escolhe o facilitador do conhecimento o
ou nas suas atitudes e na
próprias regras da escola, as ava- sua personalidade. É uma qual o aluno demonstre interesse.
aprendizagem penetrante, Para Rogers a integração
liações e os horários são assimila- que não se limita a um au- professor (facilitador)
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-aluno são fatores impor-
tantes para a aprendizagem.
Rogers enfatiza os aspectos alizou ROGERS e NEILL, Sum- Entretanto, para os huma-
dinâmicos e ativos do ensi-
no do ensino que reforçam merhill respeita a liberdade e a in- nistas nos casos de bullying, por
o processo de interação na
aprendizagem e considera o dividualidade do aluno assim como exemplo, a solução viável seria o
aluno capaz de auto-direção,
desde que em ambiente pro- seus interesses para uma aprendi- diálogo, a exposição de ideias vin-
pício e interessante. (VAZ e
zagem significativa. Caso um aluno das principalmente dos alunos e
RAPOSO, 2011).
A escola Summerhill, na sinta-se desconfortável na escola, os dos envolvidos, pois esses mesmos
Inglaterra, funciona há 90 anos motivos podem ser expostos nessas aprenderiam a importância de se
com a abordagem humanista de assembléias para que um novo acor- estabelecer limites e criariam as
aprendizagem atendendo crianças do seja gerado e respeitado por todos. de regras a serem implementadas.
Todas as aulas são opcio- A primeira implicação no
do ensino fundamental e médio. nais. Não há pressão para domínio da educação po-
se conformar às idéias de deria ser a de permitir ao
Seu fundador Alexander Suther- adultos de crescer, embora aluno, seja em que nível do
a própria comunidade tem a ensino for, estabelecer um
land Neill, acreditou numa escola expectativa de conduta razo- real contato com os proble-
ável do indivíduo. Bullying, mas importantes da sua exis-
BULLYING INTERVENÇÃO
SEGUNDO A ABORDAGEM
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS
HUMANISTA
DWIN.2005), durante toda a sua Depois de experiências vividas com
A abordagem Humanista
entre seus principais expoentes giosas e a eliminação de qualquer percebendo, no entanto, que quan-
o psicólogo americano Carl Ro- expressão emocional forçaram-no a to mais se abria como pessoa no re-
gers. Rogers nasceu em Oak Park, viver sob um código que não via como lacionamento com o paciente mais
Illinois, em um bairro afastado seu. Disse, mais tarde, “que essas efetivo e rápido tornava-se o sucesso
de Chicago. Segundo Goodwin; restrições deram-lhe motivos para do tratamento, (VEJA. 1977). Atra-
Apesar de ser produto de um
ambiente altamente contro- a sua revolta, embora a rebeldia te- vés do desenvolvimento dessa idéia
lado Rogers conseguiu dedi-
car-se a carreira de sua pró- nha demorado a chegar. (ROGERS. Rogers se afastou cada vez mais da
pria escolha, não obstante
todas as experiências de sua 1961 Apud GOODWIN.2005) psicologia tradicional ou freudiana
infância e adolescência. O
quarto de seis filhos de um Carl Rogers passou cerca e da psicologia do comportamento,
casal protestante, extrema-
mente conservador, ele foi de 15 anos acreditando que o pa- ao ponto de confessar em uma entre-
criado em um subúrbio de
Chicago, em uma família no pel do psicoterapeuta era apenas o vista para a revista Veja em 1977 que
qual o trabalho e o empenho
pessoal eram valorizados, de manter-se a parte quanto a seus acreditava ser “um fenômeno emba-
mas todos os prazeres eram
considerados pecado. (GOO- sentimentos em relação ao pacien- raçosamente doloroso para os psi-
DWIN, 2005 p.457)
te. Assim distanciado, pensava ele, cólogos acadêmicos”. (VEJA 1977)
Segundo o próprio Ro-
ficava mais fácil enxergar as solu- Rogers postulou que o ser
gers, (ROGERS .1961 Apud GOO-
ções adequadas. (ROGERS. 1961). humano possui um senso de escolhas
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livre e responsável, que lhe permite cipio que o jovem é automotiva- que permeia o universo escolar.
do ambiente, maior do que se dispu- as crianças sofredoras de bullying Maria de Fátima da Costa Marques
sesse apenas do instinto e de apren- uma vez que elas são, na maioria
dizagens primárias (Rogers, 1978). das vezes vítima dessa violência por
psicologia humanista
apresentam um entendimento alta- sim, não tem por que ele estudar o
que fica perfeitamente claro em seus possui uma tendência maior a ser
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CARL ROGERS E O BULLYING:O ALUNO
RESPONÁVEL POR SUA PRÓPRIA
DISCIPLINA ESCOLAR
conducente ao crescimento transmite o conteúdo, mas sim que
pessoal; um clima no qual a
A educação de Rogers – centra- inovação não seja assusta- presta auxilio aos educandos para
dora, em que as capacidades
da na pessoa – se dá através criadoras de administrado- que estes possam viver sempre em
res, professores e estudantes
um relacionamento interpessoal, sejam nutridas e expressa- processo de transformação. É o edu-
das, ao invés de abafadas.
afetuoso e de interesse de ambos, Tem-se de encontrar, no sis- cando que deve procurar o seu pró-
tema, uma maneira na qual a
professor e aluno, juntos, cami- focalização não incida sobre prio conhecimento, consciente desse
o ensino, mas sobre a facili-
nhando para o aprendizado sig- tação da aprendizagem auto- processo de transformação que lhe
dirigida. (ROGERS, 1986
nificativo – um aprendendo com apud CAMPELO, 2009) é inerente. Sendo o facilitador um
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS
DESEQUILÍBRIOS NA
APRENDIZAGEM
esse “status” reconhecido na
medida em que seus atos são riadas formas, como por exemplo,
observados e, de certa forma,
2010).
nal, realizada em março de 2010, dos valores, princípios, identidade
Diante desse tipo de com-
pelo Centro de Empreendedorismo e da personalidade dos indivíduos.
portamento, para que a escola per- Pais e professores não po-
Social e Administração em Tercei- dem esquecer que, no gru-
maneça como um dos espaços de po de colegas e amigos de
ro Setor – CEATS e Fundação Ins- seus filhos e alunos existem
desenvolvimento de indivíduos e fortes “rivais” que podem
tituto de Administração – FIA, em influenciar, de forma posi-
de formação de cidadãos faz-se ne- tiva ou negativa, toda a sua
escolas públicas e particulares em estrutura emocional. Por
cessária uma reflexão por parte dos exemplo, toda a sua estrutu-
cidades das 5 regiões do país os inci- ra emocional. Por essa razão
educadores a cerca do sistema de , é preciso ter flexibilidade e
dentes de bullying se mostram fre- humanidade para aprender
educação, de suas estratégias e as o “funcionamento” desses
quentes dentro do ambiente escolar. grupos de indivíduos : como
Na amostra pesquisada, as teorias que possam se tornar fontes pensam, que linguagem uti-
mais elevadas frequências lizam, que roupas vestem,
de bullying foram identifi- de soluções para modificar as ocor- que músicas ouvem e que
cadas entre adolescentes na ideologias fazem suas cabe-
faixa de 11 a 15 anos de ida- rências de bullying nesse ambiente. ças. Somente assim podere-
de e alocados na sexta série mos interferir, objetivamen-
do ensino fundamental. Os Entretanto, Percebe-se que te, nessa engrenagem tão
respondentes tiveram difi- solida e influente que rege
culdade para indicar moti- a atenção dos educadores devem o comportamento de muitos
vos que os levam a sofrer ou adolescentes. (SILVA, 2010,
a praticar agressões no con- estar focada atentos ao desenvolvi- p.65).
texto de seu relacionamento
com pares no ambiente es- mento cognitivo dos alunos porque Parafraseando SILVA, o
colar. Tendem a considerar
que os agressores são jovens além do conteúdo programático de comportamento dos jovens é fruto
que buscam obter populari-
dade junto aos colegas, que cada série, é principalmente no co- da cultura da qual estão inseridos,
necessitam ser aceitos pelo
grupo de referência e que tidiano do período escolar que ou- pois alguns são egocêntricos, trans-
se sentiram poderosos em
relação aos demais, tendo tros aprendizados se exibem de va- gressivos, buscam de forma desco-
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Piaget utilizou o modelo está tão errado quanto um
medida apenas o prazer individual biológico: o ser humano é outro que assassinou a espo-
guiado pela busca do equi- sa, seguindo o raciocínio he-
e imediato não se pautam em res- líbrio entre as necessidades teronômico.
biológicas fundamentais de autonomia: legitimação das
ponsabilidades, obrigações e des- sobrevivências e as agressões regras. O respeito a regras é
ou restrições colocadas pelo gerado por meio de acordos
respeitam os direitos individuais e meio para a satisfação dessas mútuos. É a última fase do
necessidades. Nessa relação, desenvolvimento da moral.
coletivos. (SILVA, 2010, p.63 e 64). a organização – como capaci- Tendo conhecimento que as
dade do individuo de condu- crianças e adolescentes se-
PIAGET, como teórico tas seletivas – é o mecanismo guem fases mais ou menos
que permite ao ser humano parecidas quanto ao desen-
construtivista, é conhecido pelo es- ter condutas eficientes para volvimento moral, cabe ao
atender às suas necessida- educador compreender que
tudo a respeito da Epistemologia des, isto é, à sua demanda há determinadas formas
de adaptação. (BOCK, 2008, de lidar com diferentes si-
genética, que explica a gênese do co- p.139). tuações e diferentes faixas
etárias. Cabe a ele, ainda,
nhecimento humano e como os in- Para Maria Aparecida Có- conduzir a criança na tran-
sição anomia - heteronomia,
divíduos aprendem em um ambiente ria Sabin, “A socialização é o pro- encaminhando-se natural-
mente para a sua própria au-
educativo. Do estudo de PIAGET cesso pelo qual o indivíduo adqui- tonomia moral e intelectual.
(BRASIL ESCOLA, 2011).
entende-se que “Estruturas cogni- re padrões de comportamentos que
Complementando esse pensa-
tivas são padrões de ação física e são valorizados pelo seu grupo e
mento, PIAGET explica que a mo-
mental subjacentes aos atos espe- adequados para a sua adaptação
A partir de resultados
científico, sobre um pardal albino. cia é o mecanismo de adaptação oriundos de suas pesquisas bioló-
Desde cedo interessado em filo- do organismo a uma situação nova gicas, Piaget concluiu que todas as
sofia, religião e ciência, formou- e, como tal, implica a construção espécies herdam duas tendências
-se em biologia na universidade de contínua de novas estruturas, (PA- básicas: organização e adaptação.
Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se LANGANA 1994). Esta adaptação Organização - combinação, or-
para Zurique, onde começou a tra- refere-se ao meio exterior. Os in- denação, recombinação, reor-
SOB A ÓTICA DE PIAGET
balhar com o estudo do raciocínio divíduos segundo Piaget se desen- denação de comportamentos e
da criança sob a ótica da psicologia volvem intelectualmente a partir pensamentos em sistemas coe-
o primeiro de mais de 50 livros, pelo meio em que vivem, (PIAGET Adaptação - As pessoas
Criança. Antes do fim da década to de cada um de nós é construído adaptarem ao seu meio ambien-
de 1930, já havia ocupado cargos numa interação entre meio e o in- te, (PALANGANA 1994). E a
importantes nas principais univer- divíduo. Esta teoria é caracteriza- adaptação engloba dois processos
sidades suíças, além da diretoria da como interacionista, (PIAGET básicos: assimilação e acomoda-
do Instituto Jean-Jacques Rousse- 1967). Quanto mais complexa for ção. Segundo Piaget, organizar,
au, ao lado de seu mestre, Édouard esta interação, mais "inteligente" assimilar e acomodar podem ser
Claparède (1873-1940). Foi também será o indivíduo. Para Piaget a es- vistos como um ato complexo de
nesse período que acompanhou a trutura de maturação do indivíduo estabilização. (PIAGET 1967).
infância dos três filhos, uma das sofre um processo genético e a gê- Ele Afirma que as mudanças efe-
grandes fontes do trabalho de ob- nese depende de uma estrutura de tivas no pensamento ocorrem devi-
servação do que chamou de "ajus- maturação, (PIAGET 1967). Sua do a um processo de acomodação.
Se aplicarmos um esquema
tamento progressivo do saber". Até teoria nos mostra que o indivíduo específico a uma determina-
da situação e este funcionar,
o fim da vida, recebeu títulos ho- só recebe um determinado conhe- então existe tal equilíbrio,
mas se o esquema não produ-
norários de algumas das principais cimento se estiver preparado para zir um resultado satisfatório
então existe o desequilíbrio.
universidades europeias e norte- recebê-lo. Ou seja, se puder agir so- Por isso estamos em cons-
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tante processo de assimilação possível maneira de solucionar o pro- lescentes dentro de seus estágios de
e acomodação e com isso nos-
so pensamento muda e pro- blema. Uma vez que segundo Piaget desenvolvimento as noções de jus-
gride continuamente. (PIA-
GET 1967). existe um desenvolvimento da moral tiça e cumplicidade apelando para
Seguindo o tema proposto de
que ocorre por etapas, de acordo com seu desenvolvimento e inteligência..
se relacionar as teorias em foco com
os estágios do desenvolvimento hu-
o tema em estudo, no caso o bullying
mano, (PIAGET 1967), seria então Maria de Fátima da Costa Marques
podemos inferir que a teoria de Pia-
possível trabalhar crianças e ado-
get muito tem a contribuir em uma
AUTONOMIA SÓ APARECE
COM RECIPROCIDADE
foi à concepção de inteli-
descoberta e análise da Organi- -julgamento” e também do que o tentava explicar em sua teoria que
letados, tanto que aos onze anos por meio de testes se consegui- plesmente imposto pelo meio ao
publicou em pequeno artigo cien- ria decifrar e entender qualquer sujeito, por meio do empirismo,
tífico a respeito de suas observa- questão. Era a combinação da fazendo uma espécie de espelho
ções de uma ave albina. Foi, du- criança com o meio em que ela do ambiente apenas, nem, com
rante a adolescência, auxiliar do vive, ou com as palavras de Pia- efeito, esse conhecimento estaria
Diretor do Museu de História de get, é o social mais o objeto que pré-concebido na criança aguar-
Neuchâtel, e lá se interessou por forma um ambiente propício ao dando apenas sua maturação, o
estudar malacogia, chegando a conhecimento. (PARRAT, 1998). que ele denomina de apriorismo.
tigos sobre o tema, que são devida- do CAETANO (2011), get educador”, para que se compre-
A formação inicial de Pia-
mente reconhecidos pela comuni- get na biologia influenciou enda a evolução do pensamento da
todo o desenvolvimento da
dade científica. (PARRAT, 1998). teoria da epistemologia, criança com relação a valores uni-
pois na perspectiva dos ins-
Piaget formulou a teo- trumentos utilizados por versais, Piaget também elaborou
ele como comprovadores
ria da epistemologia do conhe- empíricos, sempre basea- estudos de notável importância.
dos em métodos científicos
cimento, que era mais do que a rigorosos, ou seja, passíveis Piaget (1977) critica ver-
de serem copiados. Como
teoria do conhecimento apriori, segunda influência da bio- tiginosamente os professores que
logia na teoria piagetiana
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possuem prazer em punir e em sabem fazer escolhas e não se per- terminante para esses suicídios.
usar autoridade para quebrar a mitem evoluir, seja em termos de O Ministério da Educação so-
vontade, o entusiasmo da crian- experiências profissionais ou em licitou então, uma pesquisa so-
ça, objetivando, com isso, ensinar seus relacionamentos pessoais. bre o tema, e como resultado, ele
comportamentos morais. Ele rea- (Piaget, 1977; Wasserman, 1998). criou o programa antibullying.
firma que nas interações sociais E nessa questão, reside o A abordagem sobre o que
onde predomina o respeito unila- fenômeno bullying, que segun- é ou não bullying diverge por ve-
teral haverá a heteronomia, e que do a professora Dra. Cleo Fante, zes, quando estudiosos afirmam
a autonomia só aparece com a reci- pioneira nos estudos do fenômeno erroneamente que bullying é ca-
procidade, quando o respeito mú- bullying no país, bullying é uma racterizado por agressões, humi-
tuo está evidente, para que o edu- “palavra de origem inglesa, adota- lhações e até mesmo preconcei-
cador experimente interiormente da em muitos países para definir tos sem levar em conta o caráter
a necessidade de abordar os ou- o desejo consciente e deliberado de repetitivo, a questão que deve ter
SOB A ÓTICA DE PIAGET
tros como gostaria de ser tratado. maltratar outra pessoa e colocá- ocorrido entre pares e também que
Por um lado, temos um caminho: -lo sob tensão” (FANTE, 2005). sempre há no bullying, relação
No Brasil, adotamos o ter-
da obediência, da rigidez, do cum- mo que, de maneira geral, de hierarquia entre os agressores
é empregado na maioria
primento da regra, da exigência dos países: bullying, Bully, e as vítimas. Discussões ou brigas
enquanto nome é traduzido
pelos comportamentos adequados como “valentão”, “tirano”, pontuais não são bullying (VI-
e como verbo, “brutalizar”,
seguindo uma ameaça de puni- “tiranizar”, “amedrontar”. NHA. 2011). Conflitos entre pro-
Dessa forma, a definição
ção ou de castigos. No entanto, de bullying é compreendi- fessor e aluno ou gestor também
da como um subconjunto
inúmeros estudos (Piaget, 1977; de comportamentos agres- não é bullying (FANTE, 2005).
sivos, sendo caracterizado
Milgran, 1974; Kolhberg, 1986) por sua natureza repetitiva Precisa-se urgente de mais
e por desequilíbrio de poder
têm comprovado que as pessoas (FANTE, 2005, pág. 28). programas com o caráter dos já
que foram vítimas do autoritaris- Apesar de o bullying ter elaborados pela Dra. Cleo Fan-
mo de seus pais e professores que sempre existido, até mesmo antes te (Educar para a paz) e tam-
utilizaram castigos e punições do surgimento das escolas, pionei- bém pelo professor Dan Olweus
serão, frequentemente, na vida ramente, o professor Dan Olweus (Bullying Prevention Program).
adulta pessoas que para se senti- (2011) foi o primeiro a ligar o E um dos embasamentos para ela-
rem felizes precisam dominar os termo ao fenômeno. Ao pesqui- boração de uma metodologia para
outros ou serem dominados por sar sobre o suicídio de três ado- compreender e principalmente,
eles e assim nunca admitem um lescentes noruegueses em 1983, posteriormente erradicar a idéia
erro, não permitem que os outros Olweus percebeu que era cabível de inferioridade que essas crian-
possam estar certos, ou ainda, não de ter sido o bullying, o fator de- ças presenciam-nos os mais diver-
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sos âmbitos de sua convivência. da, fundamentada em pesquisas respeito mútuo entre o professor e
A ideia que Piaget defende realizadas durante aproximada- o indivíduo, sem a necessidade de
segundo Parrat (2001) é bem mais mente 50 anos. Tendo tido o tem- punições, palavras depressivas ou
concreta: trata-se apenas de criar po que Vygotsky não teve, e sem a até mesmo agressões verbais. Uma
em cada pessoa um método de censura que este teve, para fazer vez que as crianças sofrem com
compreensão e reciprocidade. Que as correções de rumo e construir essas “punições”, há uma grande
cada um, sem abandonar seu pon- um "edifício teórico" majestoso. probabilidade que elas venham a
to de vista, e sem procurar supri- Este estudo teve por obje- ser bully ou vítimas do fenômeno
mir suas crenças e seus sentimen- tivo esboçar de forma resumida a bullying, tema que também foi
tos, que fazem dele um homem biografia de Piaget, com ênfase em abordado ao longo do artigo, diver-
de carne e osso, associado a uma suas obras que se referem à psico- sos fatores como sua definição, a
porção bem delimitada e bem viva logia da aprendizagem. Percebe-se distinção sobre o que é e o que não
do universo, aprenda a se situar que apesar de Piaget não ter traba- é bullying, as formas de bullying
no conjunto dos outros homens. lhado muito com essa questão (se e onde geralmente ocorrem.
mais concreta, Piaget leva uma mas suas pesquisas nesse campo
vantagem sobre Vygotsky por ter foram de grande valia para a edu-
construído uma teoria mais sóli- cação, pois mostra que é possível o
preocupação no aspecto específico pesquisas, concluiu que havia dife- absolutas, imutáveis, intangíveis.
do julgamento moral e nos proces- renças se tratando do respeito às re- As regras sãos vistas por elas como
sos cognitivos que estavam relacio- gras por parte de crianças de idades tendo certo teor religioso podendo
nados a ele. Estudando o desenvol- diferentes; o que ele definiu e pas- ser enxergadas como vindas da pró-
vimento moral, propôs uma série de sou a chamar mais tarde de fases de pria divindade. Nessa fase, a criança
estágios, usando como base entrevis- anomia, heteronomia e autonomia passar a julgar a ação como boa ou
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não de acordo com as conseqüências sam a ser consideradas pela criança idades jogando bolinhas e pergun-
dos atos, sem uma análise minuciosa e a obrigação é vista de acordo com tou-lhes: quais eram as regras do
e sem também observar as intenções a reciprocidade. A criança é vis- jogo? De onde vinham? Podiam
do autor da ação. Acredita que se ta pela moral da igualdade ou de ser modificadas? (RUIZ, 2003)
um indivíduo foi punido por conta reciprocidade; nota as regras pro- A partir daí levantou três
de uma determinada ação, esta ação postas e as mantêm sob o consenso questões fundamentais para a mo-
é errada. (FERRACIOLI, 1999) social. Ele constatou na idade dos ralidade: “Conhecimento da lei”,
A criança tende considerar 10 anos que a criança começa a en- “Origem ou fundamento da lei”, “
que sempre que alguém sofre algu- tender a regra como resposta a livre Mutabilidade ou não da lei”. Em
ma punição, é porque este alguém decisão, que pode ser alterada e a relação às regras do jogo, encontrou
deve ter feito algo de errado, re- ver também como digna de respei- níveis diferentes tanto de consciên-
percutindo uma conexão absoluta to, a partir de que reciprocamente cia das regras como sobre sua prá-
entre a punição e o erro. Para uma consentida. (FERRACIOLI, 1999) tica. No primeiro, estádio (crianças
SOB A ÓTICA DE PIAGET
criança de seis anos, se um menino Para Piaget, toda moral é até 2 anos) as crianças simplesmen-
deixar seu doce cair em um lago ele formada por um sistema de regras te jogam, para isso não estipulam
é culpado por ter sido “tonto” e não e a moralidade é advinda a partir nenhuma regra ou lei, é tornam
deve ganhar outro doce. Esta mesma do respeito que o indivíduo possui o jogo meramente uma atividade
criança, por exemplo, dirá provavel- por estas mesmas regras.Tomando motora, não tendo consciência de
mente que um menino que quebrou essa idéia como ponto de partida, regras. No segundo estádio (crian-
cinco copos ao ajudar a mãe é mais Piaget, se posicionou a estudar esse ças de 2 a 6 anos) a criança passa
“tonto” do que outro que tenha que- dilema em dois níveis: a consciên- a observar os maiores jogando e co-
brado um copo enquanto roubava cia (intelecção) que se mantêm das meça a imitá-los, segundo o ritual
geléia. A partir daí, Piaget concluiu regras, e a sua colocação em práti- que observa. A criança já nota que
que a criança pequena apresenta ca. Ele quis buscar qual era o grau existem as regras que regulam a
dificuldade para levar em conta as de correspondência que havia entre atividade e as ver como sagradas e
adolescente julga de acordo com prática das regras. Escolheu para saiba as regras do jogo, ela não joga
equivalências intuitivas, sendo ca- esse experimento um jogo que era "com os outros", ela joga como que
paz de pensar em termos de possi- de conhecimento das crianças, o sozinha, tornando a atividade ego-
bilidades e de um número maior de jogo de bolinhas de gude. Um jogo cêntrica, mesmo estando jogando
alternativas Na fase da autonomia que detêm muitas regras e que são com as outras crianças. É uma ati-
moral (entre 8 e 12 anos) o propósi- relativamente complicadas. Ob- vidade que produz prazer psicomo-
to e as consequências das regras pas- servou meninos nas mais variadas tor. No terceiro estádio (entre os 7 e
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10 anos ) a criança passa do prazer da perspectiva da teoria de Piaget, ausência de regras, por não conhecer
psicomotor dos estádios anteriores pode ser analisada baseando-se jus- ou por sentir a necessidade de tê-las,
ao prazer da competição segundo tamente na ideia do desenvolvimen- pois a criança apenas brinca para
uma série de regras e um consenso to da moralidade. O estabelecimento satisfazer a suas necessidades moto-
comum. Neste estádio, ainda domi- de regras e a maneira como os alunos ras. E no estádio da heterominia o
nado pela ‘heteronomia moral’, as vão entendê-las está centrada nessa aluno começa a perceber as regras,
regras são enxergadas como sagra- reflexão sobre a indisciplina. Pois ao mas entendem as regras como exte-
das, e são reconhecidas como ne- se pensar a relação entre moralidade riores ao seu processo de ‘brincar’. E
cessárias para que o jogo funcione e indisciplina deve-se sempre ficar quando enfim atingem o estádio de
corretamente. Surge um forte desejo atento aos princípios relacionados autonomia, no começo da adolescên-
de compreender as regras e de jogar às regras impostas e criadas pela cia, enxergam as regras como sendo
respeitando-as. As crianças vigiam- própria escola: deve-s atentar tam- próprias do individuo na sua relação
-se mutuamente para se certifica- bém como a justiça é feita e como as com o outro. Portanto, a questão da
rem de que todos que jogam estão regras são executadas no interior da disciplina pode ser entendida a par-
respeitando as regras. No quarto escola, seguindo a idéia do princi- tir da interação que o individuo – no
racteriza pela passagem para a ‘au- se um ato é indisciplinado ou não conjunto de regras. (GODOY, 2006)
tonomia moral’. Onde o adolescente é necessário conhecer a origem das Em seus estudos, Piaget,
já é capaz de raciocínio abstrato e regras que regem a escola do qual percebe também que as concepções
as regras já são bem assimiladas. Há o aluno faz parte. (GODOY, 2006) infantis que se relacionam ao dever
um grande interesse em estudar as Segundo Piaget, as desor- moral (o dever, em sua visão, é co-
regras em si mesmas, discutem mui- dens no meio escolar, em especial locado como heterônomo) são enten-
tas vezes sobre quais as regras que o Bullying, podem ser resolvidas didas apenas de uma forma, como
vão usadas para o jogo. Para Piaget levando em consideração as etapas ‘advindas do adulto responsável por
o desenvolvimento da moralidade que levam a concepção de mora- ela’. O aluno tem como primeira mo-
se dar principalmente através da lidade por parte das crianças e os ral a ideia da obediência e o critério
atividade de cooperação, do conta- adolescentes. Ele propõe que os edu- sempre considerado é a vontade dos
to com iguais, da relação com com- cadores e demais atuantes da área pais. Já na fase intermediária ‘de
inteligência. (FERRACIOLI, 2003) estádios pelos quais passam os alu- regras’ é que o aluno passa a respei-
A questão do bullying a in- nos. Deve notar que é no estádio da tar a regra em si e não às ordens do
disciplina escolar vista sob o prisma autonomia, que o aluno possui total adulto. E ao atingirem a fase se-
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guinte ‘da autonomia’, o aluno passa outro e a perceber o quão grave pode regras ou o desconhecimento delas
a entender que o dever vem da re- ser suas atitudes para com os colegas pode ser apontado como um dos fa-
ciprocidade, ou seja, é aqui que ele (no caso de agressões verbais, físicas, tores desencadeantes do ato da in-
começa a fazer reflexão sobre suas desordem etc). E também surge a ca- disciplina escolar – o bullying. A
próprias atitudes e a coordenar as pacidade de cooperação para com disciplina deve ser mantida obser-
ações dos outros. É nessa fase que as atividades e para com o respeito vando esses estádios e entendendo
pode melhor ser trabalhado o en- das regras, porque é nesse momento que indivíduos independentes não
tendimento sobre o bullying, porque que também surge o senso de justiça são exatamente disciplinados, mas
aqui o aluno já não mais confunde o caracterizado de acordo com a so- são indivíduos que podem ser capa-
seu ponto de vista com o dos outros ciedade em que vive. (RUIZ, 2003) zes de analisar as regras através de
colegas; é capaz de selecionar o seu Desta forma, observa-se que uma reflexão própria e se posiciona-
olhar crítico e coordenar de acordo toda moral está de acordo com um rem diante delas. (GODOY, 2006)
sobre os mais variados assuntos se moralidade deve ser analisada de José Mário Soares Serra Júnior
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CONTRA O BULLYING
ÊNFASE NAS RELAÇÕES
SOCIAIS
ambiente), toda a sua bio-
outros “rivais” que disputam com logia pode ser alterada de
forma positiva ou negativa.
realizada com 3.722 alunos dos últi- devem ser encaradas, na medida e o nível de trata da distância de
mos anos do ensino fundamental de em que aparecem, como uma opor- realização da criança, a partir do
três condados no Estado da Carolina tunidade de aprender com o próxi- que já produz com o que poderá
do Norte, nos Estados Unidos pela mo e, desenvolver a si mesmo. Esse realizar se tiver auxílio de outros.
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TRABALHANDO O BULLYING
SOB UMA PERSPECTIVA
VIGOTSKYANA
Ao longo de seus textos Lev Esta teoria da zona de desen-
Minsk, a capital da Bielo-Rússia, aproximadamente 200 trabalhos criança com uma perspectiva peda-
região então dominada pela Rús- científicos, cujos temas vão desde gógica sobre o ensino. (DANIELS.
sia. (VEER & VALSINER .1991). neuropsicologia até criticas lite- 2002), ou seja, este conceito subjaz
Segundo Veer e Valsiner 1991 Seus rárias, passando por deficiência, que o desenvolvimento psicológico
pais eram de uma família judai- linguagem, psicologia, educação e o ensino são socialmente enqua-
com boas condições econômicas, cas relativas às ciências humanas. ciso analisar a sociedade que cerca
o que permitiu a Vygotsky uma (VEER & VALSINER .1991). Uma o individuo e suas relações sociais.
formação sólida desde criança. de suas contribuições mais conheci- Segundo Vygotsky, apenas
Vygotsky recebeu sua instru-
ção inicial com professores das é a sua teoria de Zona de Desen- as funções psicológicas elemen-
particulares, e mais tarde
frequentou as duas turmas volvimento Proximal, para explicar tares se caracterizam como refle-
mais adiantadas do Gym-
nasium judeu particular em a dinâmica de Desenvolvimento do xos. Os processos psicológicos mais
Gomel, graduando-se com
medalha de ouro em 1913. QI. Vygostky defende sua teoria complexos - ou funções psicológi-
Sua instrução posterior foi
influenciada pelo fato de ele postulando que o estabelecimento cas superiores, que diferenciam os
ser judeu, em primeiro lugar
a Rússia Czarista instituiu dessa zona tornaria possível saber humanos dos outros animais - só
uma cota para admissão de
judeu em instituição de en- em qual fase de desenvolvimento se formam e se desenvolvem pelo
sino superior... Na prática
isso significava que os alu- humano estaria a pessoa em análise. aprendizado. Entre as funções com-
nos com medalha de ouro Fica bastante claro em vários
tinha admissão garantida, comentários de Vygotsky, plexas se encontram a consciência
porém, quando Vygotsky es- (por exemplo, sua afirmação
tava fazendo seus exames o de que a zona de desenvol- e o discernimento. "Uma criança
ministro da educação divul- vimento proximal “revela
gou uma circular declaran- os resultados de amanhã”, nasce com as condições biológi-
do que os alunos judeus de- que o estabelecimento dessa
veriam ser matriclados por zona “é um meio magnífico cas de falar, mas só desenvolverá a
sorteio, isso foi um duro gol- de prognóstico” e que pode-
pe...Por sorte ele foi um dos mos saber o que irá aconte- fala se aprender com os mais velhos
poucos felizardos e começou cer com essa criança...caso
a estudar Direito na Univer- outras condições... permane- da comunidade", (REGO.2010).
sidade de Moscou. (VEER & çam as mesmas”) (VEER &
VALSINER .1991). VALSINER .1991) Outro conceito-chave de
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constrangimento, ameaça,
Vygotsky é a mediação. Segundo a te- intimidação, ridiculariza- no cotidiano das escolas, inserindo-
ção, calúnia, difamação, dis-
oria vygotskiana, toda relação do in- criminação, exclusão, dentre -as como temas transversais em to-
outras formas, com o intuito
divíduo com o mundo é feita por meio de humilhar, menospre- dos os momentos da vida escolar.
zar, inferiorizar, dominar.
de instrumentos técnicos - como, por (FANTE.2005). (LOPES NETO 2005). Sendo assim
exemplo, as ferramentas agrícolas, Sob essa ótica seria possível deve-se encorajar os alunos a parti-
linguagem - que traz consigo concei- rem socialmente, aplicando os pres- e intervenção dos atos de bullying,
tos consolidados da cultura à qual supostos vigostikyanos de que o meio pois o enfrentamento da situação pe-
pertence o sujeito. (REGO.2010). social interfere no desenvolvimento las testemunhas desses atos demons-
Dentro da perspectiva de psicológico do ser humano, para isso tra aos autores que eles não terão o
Vygotsky, conforme exposto acima, seria necessário educar essas crianças apoio do grupo e é consenso entre os
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY
de que o aprendizado do ser humano e adolescentes envolvidos em caso de pesquisadores que sem uma plateia
se dar em contato com o meio social, bullying, quer como agressores quer que apoie os agressores ficariam
que a cultura torna-se parte da na- como vítimas, a aprenderem princí- mais intimidados em praticar essas
tureza humana em um processo his- pios comuns de tolerância e aceita- ações covardes contra seus pares.
em 1934, com apenas 38 anos. Ele originar-se um fenômeno que tem bullying, o fator determinante para
fez seus estudos na Universidade de aumentando bastante, o bullying. esses suicídios. O Ministério da
Moscou para tornar-se professor de Segundo a professora Dra. Educação solicitou então, uma pes-
Literatura. De início, sua principal Cleo Fante, que é pioneira nos es- quisa sobre o tema, e como resultado,
preocupação era com a vida artísti- tudos do fenômeno bullying no ele criou o programa antibullying.
ca. Mas, a partir de 1924 sua vida país, bullying é uma “palavra A abordagem sobre o que é
psicologia evolutiva, educação e psi- muitos países para definir o de- quando estudiosos afirmam errone-
copatologia (VYGOTSKY, 2001). sejo consciente e deliberado de amente que bullying é caracteriza-
Devido a vários fatores, in- maltratar outra pessoa e colocá- do por agressões, humilhações e até
clusive a situação política entre -lo sob tensão” (FANTE, 2005). mesmo preconceitos sem levar em
No Brasil, adotamos o ter-
Estados Unidos e União Soviética mo que, de maneira geral, conta o caráter repetitivo, a questão
é empregado na maioria
após a última guerra, as obras de dos países: bullying, Bully, que deve ter ocorrido entre pares e
enquanto nome é traduzido
Vygotsky ficaram por muito tem- como “valentão”, “tirano”, também que sempre há no bullying,
e como verbo, “brutalizar”,
po fora do conhecimento princi- “tiranizar”, “amedrontar”. relação de hierarquia entre os
Dessa forma, a definição
palmente, do mundo ocidental. E de bullying é compreendi- agressores e as vítimas. Discussões
da como um subconjunto de
quando enfim a Guerra Fria aca- comportamentos agressivos, ou brigas pontuais não são bullying
sendo caracterizado por sua
bou, seus trabalhos começaram a natureza repetitiva e por de- (VINHA. 2011). Conflitos entre
sequilíbrio de poder (FAN-
vir à tona. (VYGOTSKI, 2001). TE, 2005, pág. 28). professor e aluno ou gestor também
Com base em Vygotsky Apesar de o bullying ter não é bullying (FANTE, 2005).
(2001), “o desenvolvimento intelec- sempre existido, até mesmo antes Precisa-se urgente de mais
tual das crianças ocorre em fun- do surgimento das escolas, pionei- programas com o caráter dos já elabo-
ção das interações sociais e con- ramente, o professor Dan Olweus rados pela Dra. Cleo Fante (Educar
dições de vida” Mas essa forma de (2011) foi o primeiro a ligar o ter- para a paz) e também pelo professor
aprendizagem, vem acarretando mo ao fenômeno. Ao pesquisar so- Dan Olweus (Bullying Prevention
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Program). E um dos embasamentos todologia de pesquisa e de análise.
a idéia de inferioridade que essas mente feito por Dan Olweus), ana-
SÕCIO-HISTÓRICA
seja, o individuo vai aprendendo e
se modificando. As possibilidades
interações sociais e nela sendo apli- trução. Também não é a concepção O aprendizado está relacio-
cada em sala de aula, devemos nos de uma sala onde o aluno faz tudo nado ao desenvolvimento; ou seja,
ater que este referencial não está o que deseja, longe disso, é um mo- o individuo no momento em que
de acordo com a idéia de classes delo de sala onde o professor seja aprende também se desenvolve, por
que são constituídas de forma ho- o articulador do conhecimento e meio deste mesmo aprendizado, es-
mogênea, onde uma classe social todos sejam vistos como parceiros tes processos internos estruturam-se,
especifica se organiza no sistema nesse processo de construção. Por- em particular, por meio do pensa-
educacional de forma em que se re- que ao se valorizar estas parcerias mento e da linguagem. Porque é a
produza o seu domínio social e sua mobiliza-se a classe a trabalhar o linguagem que é o instrumento de
visão. E também não deve ser acei- pensamento criativo conjuntamen- formação do pensamento, é ela que
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY
ta a idéia de uma sala de aula “ar- te, e não esperar por uma única “ca- age decisivamente na estrutura do
rumadinha”, onde todos os alunos beça pensante”. (OLIVEIRA, 1992) pensamento e é a ferramenta bá-
tenham que se centrar apenas em A indisciplina escolar sica para a construção do conheci-
uma figura que transmite as in- bullying também pode ser entendida mento. A possibilidade de fazer com
formações, e que seja reproduzida sob a perspectiva da teoria histórico- que uma aluno mude suas atitudes,
futuramente como um saber eleito -cultural enfatizando a importância pode ser pensado na possibilidade
como o importante e necessário para do convívio social. Afirmando, as- de transformar o mundo concreto
a vida destes alunos. Ao contrário, sim, que as práticas educativas, for- pelo emprego de ferramentas, pro-
devemos manter consideração nas mais e informais, são os meios so- porcionando, assim, condições fa-
concepções de ensino complementa- ciais para organizar um a situação voráveis para modificá-las e mudar
res, na medida em que privilegiam de vida, no intuito de proporcionar o qualitativamente a sua consciência.
dos e que exerçam poder político e rando para isso o pressuposto básico res - para a teoria histórico-cultural
econômico sem qualquer vínculo da obra de Vygotsky, onde o homem - tem origem no espaço externo sen-
com as reais necessidades da maior se constitui a partir da sua relação do criada na relação com os obje-
parte da população. (FINO, 1978) com o outro. Desta forma, o aluno tos e com as pessoas. (LIMA, 2000)
Ao almejar esse processo, é entendido como um ser social e É através da mediação que
uma sala de aula deve ser projeta- histórico, no entanto, não é condi- há a possibilidade de dois proces-
da de modo interativo, onde os alu- cionado a essa história, tendo possi- sos que favorecem a constituição
nos tenham a possibilidade falar, bilidades de transformar as suas ati- psicológica do aluno: o interpsico-
levantar suas hipóteses e nas rela- tudes falhas – seus atos de violência lógico e o intrapsicológico. Pode-se
ções devem notar que fazem parte - e sua realidade. (GODOY, 2006) afirmar que a relação que o aluno
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mantêm com a escola é uma rela- na qual o individuo está inserido. municação e práticas sociais, entre
ção homem-mundo, e essa relação As agressões cometidas pelos alunos outros instrumentos de mediação.
pode ser mediada. As características praticantes de bullying; está ligada Nesse sentindo, a indisciplina esco-
sociais e culturais não são tidas de diretamente com as relações e expe- lar – bullying – é resultado das con-
inicio, e muito menos são acrescidas riências com o grupo social e a época siderações de todo o contexto social e
pelas pressões sociais, estas se for- cultural em que o aluno vive. A fa- cultural, em que os alunos estão in-
mam através das várias e constan- mília é o primeiro contexto de socia- seridos e pelos quais constroem suas
tes relações que o individuo man- lização do aluno, mas os traços que relações sociais. (GODOY, 2006)
Nessa idéia, a indisciplina dade inteiramente da família; e sim José Mário Soares Serra Júnior.
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