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Conheça o fenômeno bullying.

INFORMARTIGOS
REVISTA

Bullying
O QUE DIZEM AS PRINCIPAIS TEORIAS
DA EDUCAÇÃO A RESPEITO DESSE
TIPO DE VIOLËNCIA?
CARL ROGERS, SKINNER, PIAGET, VIGOTSKY E OUTROS.
SUMÁRIO
ENTENDA O TEMA
03 Bullying é necessário combater
06 Bullying - Violência Disfarçada de Brinca INFORMARTIGOS
deira na Vida Escolar
08 Bullying
10 Bullying: violência entre estudantes combater
Autores:
SOB A ÓTICA DE SKINNER
13 O controle do comportamento no combate ao Érika Rominy R.S. Souza,
bullying
16 É possível condicionar uma criança adepta da prá Maria de Fátima da Costa
tica de Bullying a mudar este comportamento? Marques, Jonas Sales Fernan
18 Skinner
20 Frederic Skinner e o bullying: O comportamento des e José Mário Soares Serra
Júnior.
do aluno condicionado por reforçadores
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS
24 Respeito à subjetividade para uma aprendizagem Diagramação: Érika Rominy
significativa
26 Bullying, intervenção segundo a abordagem huma A Revista INFORMATRTIGOS
nista
é uma publicação que privile
28 Relação do bullying com a teoria humanista de Ro
gers gia diversos temas do universo
30 Carl Rogers e o Bullying: o aluno responsável por
educacional em formato de ar
sua própria disciplina escolar
tigo acadêmico. Idealizada pe
SOB A ÓTICA DE PIAGET
32 Desequilíbrios na aprendizagem los estudantes, Érika Rominy
34 Bullying sob o Olhar Construtivista R.S. Souza, Maria de Fátima da
35 Autonomia só aparece com reciprocidade
37 Jean Piaget e o Bullying: a disciplina escolar en Costa Marques, Jonas Sales Fer
tendi da pela concepção da moralidade nandes e José Mário Soares Ser
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY
41 Contra o Bullying: ênfase nas relações sociais ra Júnior , foi elaborada durante
43 Trabalhando o bullying sob uma perspectiva vi a disciplina de Desenvolvimento
gostskyana
45 O bullying em relação às ideias “sócio interacionis Educacional ofertada pela Uni
tas” de Vygotsky versidade de Brasília-UNB no
47 Lev Vygotsky e o Bullying: uma visão sócio-históri
ca sobre educação. 2° semestre de 2011.
50 REFEÊNCIAS
BULLYING
É NECESSÁRIO
COMBATER
onde os recursos da tecnolo fridos.[...].As testemunhas,

O
gia de informação e comu- representadas pela grande
termo bullying, do idioma nicação são utilizados no maioria dos alunos, con-
assédio. (FANTE, 2011). vivem com a violência e se
inglês é uma variação da calam em razão do temor de
De acordo com LOPES se tornarem as "próximas
palavra bully e quer dizer "brigão, vítimas". Apesar de não so-
NETO NETO, em uma situa- frerem as agressões direta-
fanfarrão, valentão”. (MICHA- mente, muitas delas podem
ção de bullying podem existir: os se sentir incomodadas com
ELIS, 1987). Utiliza-se bulling o que vêem e inseguras sobre
que praticam (autores), os que o que fazer.[...]. (LOPES
para transmitir a ideia de ameaça,
sofrem (alvos) e os que assis- NETO, 2011).
tirania, intimidação e maltrato. É necessário que se conhe-
tem (testemunhas) à violência.
Bullying é um tipo de com- Os autores são, comumente, ça não apenas os comportamen-

ENTENDA O TEMA
indivíduos que têm pouca
portamento violento caracterizado empatia. Frequentemente, tos dos autores ou vítimas dessa
pertencem a famílias de-
pela prática de atos agressivos re- sestruturadas, nas quais relação de bullyng, mas também
há pouco relacionamento
alizados por um ou mais indivídu- afetivo entre seus membros. as conseqüências que esse com-
Seus pais exercem uma su-
os sem motivo aparente, de modo pervisão pobre sobre eles, portamento desencadeiam. O pe-
toleram e oferecem como
repetido e com intenção de causar modelo para solucionar diatra Lauro Monteiro, fundador
conflitos o comportamen-
sofrimento à(s) vítima(s) que nessa to agressivo ou explosivo. da Associação Brasileira Mul-
[...].Os alvos são pessoas ou
relação tem chances nulas de de- grupos que são prejudicados tiprofissional de Proteção à In-
ou que sofrem as consequ-
fesa, em relação ao(s) agressor(s). ências dos comportamentos fância e Adolescência- Abrapia e
de outros e que não dis-
Segundo FANTE, o põem de recursos, status ou idealizador do site Observatório
habilidade para reagir ou
bullying: fazer cessar os atos danosos da Infância, comenta a respei-
É uma forma de violência contra si.São, geralmente,
gratuita em que a vítima pouco sociáveis. Um forte to das consequências do bullying:
é exposta repetidamente a sentimento de inseguran- A vítima pode apresentar
uma série de abusos, por ça os impede de solicitar baixa auto-estima, difWi-
meio de constrangimen- ajuda. São pessoas sem es- culdade de relacionamento
to, ameaça, intimidação, perança quanto às possibi- social e no desenvolvimento
ridicularização, calúnia, lidades de se adequarem ao escolar, fobia escolar, triste-
difamação, discriminação, grupo. A baixa auto-estima za, depressão, podendo che-
exclusão, dentre outras for- é agravada por intervenções gar ao suicídio e a atos de
mas, com o intuito de hu- críticas ou pela indiferença violência extrema contra a
milhar, menosprezar, in- dos adultos sobre seu sofri- escola. Já os autores podem
feriorizar, dominar. Pode mento. Alguns crêem ser se considerar realizados e
ocorrer em diversos espaços merecedores do que lhes é reconhecidos pelos seus co-
da escola ou fora dela, como imposto. Têm poucos ami- legas pelos atos de violência
também em ambientes vir- gos, são passivos, quietos e e poderão levar para a vida
tuais, denominado bullying não reagem efetivamente adulta o comportamento
virtual ou cyberbullying, aos atos de agressividade so agressivo e violento. As tes
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temunhas silenciosas tam nos expõe a situações trá
bém sofrem, pela sua omis- gicas isoladas ou coletivas fância e da juventude e promotorias
são e falta de coleguismo. que poderiam ser evitadas.
Muitos se sentem culpados (SILVA. 2010. p.14). públicas”. (SILVA. 2010 p.162.).
por toda a vida. (MONTEI-
RO, 2011). Diante disso confirma-se Também é papel da escola

No Brasil foram feitos al a necessidade de conscientização agir preventivamente, conscien-

guns estudos com intuito de conhe- da sociedade como um todo com o tizando os alunos, as famílias e a

cer e combater o bulling. Aramis objetivo de conter o bullying. SIL- comunidade envolvendo-os. “Para

Antônio LOPES NETO Neto e Lu- VA complementa que “O somatório se alcançar êxito na redução da

cia Helena Saavedra com a pesquisa de forças é capaz de multiplicar a violência, especificamente no pro-

“Diga Não ao Bullying”, realizada eficácia e a rapidez das medidas cesso de bullying, é necessário que

de novembro e dezembro de 2002 e tomadas contra o problema.” (SIL- se desenvolvam trabalhos nas es-

em março de 2003 por meio de ques- VA.2010 p.162). Portanto, pode-se colas” (LISBOA et al. apud FAN-

tionários distribuídos a alunos do dizer que nos casos de bullying, a TE, 2005; HORNE et al. 2004).

ensino fundamental de 11 escolas, escola deve se portar como a me- A aproximação dos pais
ENTENDA O TEMA

sendo 9 públicas e 2 particulares diadora sendo também o ambiente bem como a cooparticipação deles,

do Rio de Janeiro mostraram que: para discussão do problema do pro- da comunidade e da escola é de ex-
A idade média da população
avaliada foi de 13,47 anos e blema. Deve partir dela a iniciati- trema importância na elaboração
que dos 5.482 alunos parti-
cipantes, 40,5% (2217) ad- va de; chamar os pais do agressor e de medidas preventivas e punitivas
mitiram ter tido algum tipo
de envolvimento direto na da vítima, o quanto antes para um contra os agressores.
prática do bullying no ano
de 2002, seja como alvo do diálogo com o objetivo de informar A falta de proximidade que
bullying e/ou como autor.
(LOPES NETO; SAAVE- o acontecimento e de convidá-los a ocorre entre pais e filhos e, por con-
DRA, 2011).
elaborarem junto com a escola ações seguinte, entre pais e escola pode ser
São cada vez mais frequen-
para solucionarem o conflito, além considerado um agravante na con-
tes os casos de agressões dentro
de orientá-los a procurar ajuda psi- tinuidade das situações de bullying,
das escolas noticiados que revelam
cológica para o aluno. Parafrase- pois não há por parte dos pais dos
além da crueldade dos agressores
ando essa mesma autora, cabe a es- agressores ou vítimas, o interes-
e o despreparo das escolas para
cola a orientação aos pais a respeito se ou consciência dos reais com-
combatê-los. SILVA, psiquiatra e
de “ONGs e instituições que podem portamentos dos filhos na escola.
escritora do livro Bullying: Mentes
ser acionadas nos casos de bullying Pode-se dizer que a ausên-
perigosas nas escolas, afirma que:
a falta de conhecimento so- como por exemplo; delegacia da cia de proximidade e confiança no
bre a existência, o funciona-
mento e as consequências do criança, conselhos tutelares, pro- ambiente escolar ou familiar di-
bullying propicia o aumen-
to desordenado no número e motorias da educação, varas da in- minuem as chances de confissões e
na gravidade de novos casos,

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denúncias por parte das vítimas ou do pelas comissões de Finanças lidades de repercussão indica-se a

testemunhas de bullyin, uma vez e Tributação e de Constituição e prevenção para que esse tipo de vio-

que elas sentem-se pouco acolhidas Justiça e de Cidadania um projeto lência não aconteça.

e bastantes vulneráveis aos agres- de lei aprovado pela Câmara dos Os alunos devem ser orien
tados pelos pais, e pela esco-
sores. “É preciso que os professores Deputados no qual as escolas de- la por meio de palestras, li-
vros e cartilhas, dentre ou-
cedam lugar, em suas aulas, à ex- vem instituir programas preven- tros, para o uso responsável
da internet e das tecnologias
pressão do afeto, à educação dos sen- tivos que citem ações que visem em geral. Disponibilizar
informações como numero
timentos e à valorização das relações reduzir o problema e incentivar do cartão, conta de banco,
senhas, endereço próprio ou
de amizade”. (LISBOA et al, 2009). a cultura de paz”. Algumas ações: de alguém da família, ou
Trabalhos com pais e a co- Capacitação de docentes quando vai estar fora por
munidade, em geral, po- e equipe pedagógica para motivo de viagem , nunca é
dem focalizar em estímulo o diagnóstico, interven- recomendado fornecer pela
e treinamento de formas ção e encaminhamento de internet pois este ambiente
saudáveis de resolução de casos; formação de equi- é propicio para a pratica
con¬flitos interpessoais. pe multiprofissional para de bullying , uma vez que
Programas de mediação estudos e atendimentos de o anonimato e a menorida-
entre pares e protagonismo casos; envolvimento da co- de são permitidos.(SILVA.

ENTENDA O TEMA
juvenil, partindo da ideia munidade escolar – pais, 2010 p.139-140).
de que os alunos são sujeitos docentes,discentes, equipe
ativos nesse processo de mu- pedagógica – nas discussões Porém os alunos devem
dança para a convivên¬cia e desenvolvimento de ações
pacífica e não violenta, preventivas; estabelecimen- ser orientados quanto à existên-
também têm sido utilizados. to de regras claras sobre o
(LISBOA et al p.68 apud bullying no Regimento In- cia de punições previstas em lei e
GaJARDO 2009; HORNE terno Escolar; orientação
et al. 2004). às vítimas e seus familia- como eles podem proceder nos ca-
res; encaminhamento de
De acordo com LOPES vítimas e agressores e seus sos de denuncias de ciberbullying.
familiares aos serviços de
NETO, os pais dos alunos vítimas assistência médica, psico- SILVA destaca a importância da
lógica, social e jurídica;
se comportam de formas variadas, orientação aos agressores denúncia com a maior quanti-
e seus familiares sobre as
às vezes descrentes, indiferentes, consequências dos atos pra- dade de provas em menor tempo,
ticados e aplicação de me-
às vezes irados ou inconformados didas educativas capazes de por meio de impressões, cópias de
mudanças comportamentais
contra eles próprios e com a escola. significativas; parceria com arquivos e páginas em cd, pen-
O sentimento de culpa e in- a família dos envolvidos na
capacidade para debelar o resolução dos casos; implan- -drive, onde se evidenciam o ciber-
bullying contra seus filhos tação de sistema de registro
passa a ser a preocupação de casos e procedimentos bullying sofrido. Ela recomenda
principal em suas vidas, adotados, desenvolvimento
surgindo sintomas depressi- de atividades que promo- também a ajuda de um advogado:
vos e influenciando seu de- vam a cidadania e a cul- somente um profissional
sempenho no trabalho e nas tura de paz, dentre outras. com esse conhecimento po-
relações pessoais. (LOPES (FANTE, 2011). derá avaliar o sofrimento
NETO Neto, 2011). e as perdas emocionais da
Quanto ao ciberbullying vítimas e ajudá-las no difí-
FANTE, autora do pro- cio e necessário processo de
, onde as agressões são principal- fazer o que é preciso ser fei-
grama antibullying “Educar para to: denunciar e exigir que
mente morais e de grandes possibi as leis sejam cumpridas e os
a Paz”. afirma que “será analisa agressores responsabiliza
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dos e punidos por seus atos.
(SILVA.2010 p.140). atento aos casos de bullying não so cionar o problema. Fazem-se neces

mente a escola, mas também os pais sárias também políticas públicas
Parafraseando SILVA,
e a comunidade. Estes devem unir- para custear os investimentos com
“para os ciberagressores maiores de
-se para elaborarem medidas para a prevenção e combate do bullying.
idade, quando comprovado o cri-
ações de contensão do bullying. E
me cabe ação penal privada onde
sempre que for necessário acionar Érika Rominy S.R.Souza
ele, responderá por crimes contra a
órgãos, juizados que possam solu
honra como; calúnia, injúria, difa-

BULLYING
mação, e responderá criminalmen-

te por meio de ação penal pública,

nos casos de ameaça. Caso o agressor


VIOLÊNCIA DISFARÇADA
seja menor, caberá ao Ministério
DE BRINCADEIRA NA
VIDA ESCOLAR
Público com atribuição da vara da
ENTENDA O TEMA

Infância e da Juventude pleitear ao


com abordagem psicanalítica da
juiz competente a apuração do ato.

Neste caso as medidas são sócio-

-educativas e devem estar prevista


Q uem nunca foi apelidado na prevenção de da violência escolar,

escola, testemunhou alguém

sendo apelidado ou sendo vítima


Cléo Fante. Embora a denomi-

nação seja recente, o fenômeno é


no Estatuto da Criança e do Ado-
de situações constrangedoras? O mais antigo que a própria esco-
lescwente”. (SILVA.2010.p139).
aluno mais gordinho é apelidado la e se repete continuamente em
Conclui-se que o bullying é
de “rolha de poço”, aquele que usa todo mundo. Existem referências
um tipo de comportamento violento
óculos de “quatro olhos” a garota que datam de estudos na Inglater-
presente entre crianças e adoles-
magra de “Olivia Palito”. Compor- ra no século XIX (ROLIM, 2008).
centes nas escolas. Para combatê-
tamentos como esses, muitas vezes Mas, o que é
-lo a sociedade como um todo deve
classificados como uma simples Bullying? Termo ultimamen-
ser conscientizada dos males ele
brincadeira, nos últimos tempos te usado de maneira indiscri
em suas diversas forma causam.
vem sendo estudados de forma sis- minada pela mídia para classificar
Para que em futuro pró-
temática sob a classificação de a violência sofrida por estudan-
ximo se tenha uma sociedade sau-
um fenômeno chamado bullying , tes, e que, algumas vezes tem sido
dável todas as forma de violências
é o que afirma a pesquisadora e até mesmo banalizado por estar
devem ser combatidas diariamente,
coordenadora do programa de pós sendo utilizado para definir todo
inclusive o bullying. Ele não deve
graduação em fenômeno bullying e qualquer tipo de violência ocor
ser tolerado. Para isso, devem estar
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apresentam quadros clíni-
rida no contexto escolar, ou não. (1978-1993), são eles: “ações repeti cos diversos relacionados
ao stress, entre eles, re-
Segundo a maioria dos pesquisa tivas contra a mesma vítima num baixamento da resistência
dores é consenso que para que um período prolongado de tempo; de-
imunológica e sintomas
tipo de violência possa ser carac- sequilíbrio de poder, o que dificul- psicossomáticos variados,
principalmente próximo
terizado como bullying é necessá- ta a defesa da vítima; ausência de do horário de ir a escola
(especialmente em caso de
rio que ela ocorra entre pares no motivos que justifique, os ataques,” crianças menores), como
dores de cabeça, tonturas,
contexto escolar. (FANTE, 2008). (CALHAU 2008). Fante acrescenta náuseas, ânsia de vômito,
dor no estômago, diarréia,
“O bullying diz respeito a ainda que se deve levar em consi- enurese, sudorese,, febre,
taquicardia, tensão, dores
uma forma de afirmação de poder in- deração os sentimentos negativos musculares entre outros.
“...Quanto às conseqüências,
terpessoal através da agressão. A viti mobilizados e as seqüelas emocio os próprios alunos ressal-
tam os prejuízos sobre o
mização ocorre quando uma pessoa é nais vivenciadas pelas vítimas de processo de aprendizagem.
Indicam que tanto vítimas
feita de receptor do comportamento bullying . Mas porque utilizar o quanto agressores perdem
o interesse pelo ensino e
agressivo de outra mais poderosa.” termo Bullying? A adoção univer- não se sentem motivados

ENTENDA O TEMA
a freqüentar as aulas”...”A
(CRAIG, HAREL apud LOPES sal do termo bullying foi decor- pesquisa confirma que o
bullying se faz presente
NETO 2005.). Para a pesquisado- rente da dificuldade de traduzi-lo nas escolas públicas e priva-
das, resultando numa série
ra Cléo Fante, o aspecto de brin- para diversas línguas. Durante a de prejuízos tanto para os
envolvidos e seus familia-
cadeira, tão comum no ambiente realização da Conferência Interna- res quanto para as escolas
e seus profissionais, como
escolar, deixa de ocorrer quando cional Online School Bulling and para os governos e a socie-
dade. Tanto vítimas quanto
há um desequilíbrio de poder en- Violence, de maio a junho de 2005, autores e testemunhas po-
dem apresentar prejuízos no
tre as partes arroladas (autor se ficou caracterizado que o amplo processo de desenvolvimen-
to acadêmico, emocional e
diverte, vítima sofre). “O problema conceito dado à palavra bullying social, comprometendo a
construção da personalida-
é que aqui não se trata de simples dificulta a identificação de um de e da cidadania” (FAN-
TE; PEDRA. 2008)
brincadeiras próprias de infância termo nativo correspondente em

mas de casos de violência física ou países como Alemanha, França,


Segundo Rolim “as víti-
moral, em muitos casos, de forma Espanha, Portugal e Brasil, en-
mas de bullying tem mais chance
velada praticada por agressores tre outros. (LOPES NETO 2005).
de desenvolverem transtornos de
contra vítimas”. (CALHAU 2008). As conseqüências do
humor, transtornos alimentares,
Existem alguns critérios bullying são terríveis para to-
distúrbios de sono ou/e transtor-
básicos que foram estabelecidos dos os envolvidos mais mui-
nos de ansiedade em algum mo-
pelo pesquisador Dan Olweus da to mais devastadoras na vida
mento da vida” (ROLIM 2008).
Universidade de Bergen Noruega das vítimas. Fante afirma que;
As vítimas de Bullying Diante desse panorama
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acredita-se que não basta divulga escolar para que a conscientização que propiciem trabalhos cooperati

ção na mídia sobre o tema, é neces sobre este tipo de violência possibi vos estimulando relações de amiza-

sário que existam espaços cada vez lite a diminuição desse tipo covarde des e oferecendo modelos não agres-

maiores para debates sobre o tema, de agressão. Para os pesquisadores sivos para resolução de conflitos.

nas escolas na mídia, com os pais desse tema é consenso que agir sobre

dos estudantes, entre os alunos, o problema de forma isolada não é Maria de Fátima da Costa Marques

tanto agressores como agredidos e eficaz, é necessário que ações como,

BULLYING
demais profissionais do ambiente por exemplo, criação de ambientes

sejo consciente e deliberado de não só nele, podem também ser

Q uanto ao conceito de maltratar outra pessoa e colocá- apresentados em outros locais, con-
ENTENDA O TEMA

bullying, existe uma difi- -lo sob tensão” (FANTE, 2005). tanto que ocorra entre pares, ou
No Brasil, adotamos o ter-
culdade muito grande entre os pes- mo que, de maneira geral, é seja, colegas de trabalho ou de clas-
empregado na maioria dos
quisadores, para achar um termo países: bullying, Bully, en- se, por exemplo. Apesar de
quanto nome, é traduzido
equivalente em seus idiomas, por como “valentão”, “tirano”, o bullying ter sempre existido, até
e como verbo, “brutalizar”,
conta da riqueza do termo em inglês. “tiranizar”, “amedrontar”. mesmo antes do surgimento das es-
Um estudo realizado em Dessa forma, a definição
14 países diferentes teve de bullying é compreendi- colas, pioneiramente, o professor
como objetivo identificar da como um subconjunto
palavras nativas que se as- de comportamentos agres- Dan Olweus (1998) foi o primeiro
semelhassem ao conceito sivos, sendo caracterizado
de bullying. Desse estudo, por sua natureza repetitiva a ligar o termo ao fenômeno. Ao
baseado em dados coletados e por desequilíbrio de poder
em um grupo de alunos com (FANTE, 2005, pág. 28). pesquisar sobre o suicídio de três
14 anos, identificaram-se 67
palavras relacionadas aos Referente ao local onde o adolescentes noruegueses em 1983,
comportamentos bullying,
sem que nenhuma delas bullying se apresenta, existe uma Olweus percebeu que era cabível
abrangesse o significado
do termo inglês (FANTE, clara contradição entre as doutoras de ter sido o bullying, o fator de-
2005, pág. 28).
Cleo Fante e a Ana Beatriz Silva . terminante para esses suicídios.
Segundo a professora Dra.
Conforme Silva (2003), o bullying O Ministério da Educação soli-
Cleo Fante, que é pioneira nos es-
se apresenta somente em ambien- citou então, uma pesquisa sobre o
tudos do fenômeno bullying no
te escolar, enquanto que Fante tema, e como resultado, ele criou o
país, trata-se de uma “palavra
(2005), acredita sim que o bullying programa antibullying.
de origem inglesa, adotada em
ocorre em ambiente escolar, mas Tal fato, incentivou ou
muitos países para definir o de-
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tros países, como o Reino Uni- e aluno ou gestor também não é do outro, pela fofoca e dissemina-

do, Canadá e Portugal, a promove bullying (FANTE, 2005). Isto não ção de boatos ou de informações que

rem campanhas de intervenção. significa que as práticas de violên- deponham contra a honra e a boa

O fenômeno bullying se cia eventual ou verificadas entre imagem do outro (Wilson, 1998).

faz presente em todas as escolas do pessoas que não divergem quan- E n q u a n -

mundo. Porém, no país que mais to ao seu poder – onde, portanto, to Wilson entende que:
A forma direta refere-se a
possui escolas na América do Sul, não há repetição – não constitu- todas as ameaças e práticas
que envolvam a imposição
o Brasil, conforme o Censo Escolar am problemas sérios ou que não de sofrimento físico, como
bater, socar, puxar, agarrar,
2002, realizado em 172.508 escolas, necessitem de tratamento para espancar, ou a submissão de
outro, pela força, à condição
o bullying ainda é pouco comenta- que sejam erradicadas, muito pelo humilhante. Enquanto que
a indireta, é caracterizada
do e estudado, fatores pelo qual não contrário, “devem-se desenvolver pelas condutas propositais
de exclusão ou isolamento
existem indicadores que nos forne- abordagens mais amplas destina- do outro, pela fofoca e dis-
seminação de boatos ou de
çam uma visão global para que se das a conter toda e qualquer forma informações que deponham

ENTENDA O TEMA
contra a honra e a boa
possa compará-lo aos demais países. de violência” (informação verbal). imagem do outro (Wilson,
1998).
O que se sabe é que em relação à Eu- Os comportamentos
Quanto ao gênero, “o
ropa, o Brasil está com pelo menos bullying, podem ocorrer de duas
bullying direto é mais comum en-
15 anos de atraso (FANTE, 2005). formas: direta e indireta, mas
tre agressores meninos. As atitudes
A abordagem sobre o que é as duas são aversivas e prejudi-
mais freqüentes identificadas nessa
ou não bullying diverge por vezes, ciais ao desenvolvimento e ao
modalidade são os xingamentos e as
quando estudiosos afirmam errone- psiquismo da vítima. Dois espe-
agressões físicas” (CHALITA, 2008).
amente que bullying é caracteriza- cialistas no assunto, discorrem
Entre as meninas prevalece
do por agressões, humilhações e até sobre o tema em seus trabalhos.
a prática do bullying indireto, ca-
mesmo preconceitos sem levar em A forma direta refere-se a
racterizado basicamente por ações
conta o caráter repetitivo, a ques- todas as ameaças e práticas que en-
que levam a vítima ao isolamento
tão que deve ter ocorrido entre volvam a imposição de sofrimento
social. Boatos, intrigas, difamações
pares e também que sempre há físico, como bater, socar, puxar,
entre outras atitudes, são manifes-
no bullying, relação de hierar- agarrar, espancar, ou a submissão
tas nessa forma (CHALITA, 2008).
quia entre os agressores e as ví- de outro, pela força, à condição hu-
Segundo Cleo Fante, a for-
timas. Discussões ou brigas pon- milhante. Enquanto que a indireta,
ma mais perniciosa de bullying
tuais não são bullying (VINHA, é caracterizada pelas condutas pro
se encontra dentro do bullying in
2010). Conflitos entre professor positais de exclusão ou isolamento
direto, e é conhecida como cyber
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bullying, pois o uso da internet analisar o que é ou não bullying e ceitos diferentes. Ademais, notavel-

agrava ainda mais o problema, quando e onde ele ocorre. Proces- mente por meio da pesquisas pode

uma vez que o cyberbullying age no so que obteve muita divergência, ser constatado que entre os tipos de

anonimato, deixando a vítima, que sobretudo com as afirmativas das bullying, apesar de o físico ser mais

geralmente, em ambiente escolar, educadoras Ana Beatriz Silva e doloroso, o virtual é mais pernicio

são crianças e adolescentes, sem Cleo Fante. Objeto de estudo deste so, pois agir ocultamente, o que

saber onde e como procurar ajuda. trabalho também, foi a análise do atormenta a vítima deixando-a sem

Este estudo teve por obje- bullying no contexto histórico, pro- saber o que fazer e a quem recorrer.

tivo, conceituar o bullying, ligar o curando suas raízes, e chegando-se a

termo bullying ao fenômeno, o que conclusão de que o bullying sempre Jonas Sales Fernandes

pioneiramente foi feito por Olweus, existiu, apenas era tratado com con

BULLYING:VIOLÊNCIA ENTRE
ESTUDANTES
ENTENDA O TEMA

ou mais estudante contra outro(s). 1968 e 2000. (BANDEIRA, 2009)

O termo ‘“Bullying” vem de- (LOPES NETO, 2005). Embora

rivado da expressão “Bully” ainda pouco tratado no país, este


No país, o termo ainda é

pouco popular e muitas vezes é con-

que quer dizer “valentão, bri- não é um fenômeno novo já vem fundido com outros tipos de vio-

gão”; não se recomenda a tradu- sendo estudado e analisado há al- lências; isso em decorrência da di-

ção da palavra, mas o sinônimo guns anos em vários outros países. ficuldade em caracterizar o termo

mais comum adotado no Brasil O interesse pelo Bullying começou forma acertada, dando margem a

é “intimidação”. (ROLIM, 2008) ao final dos anos 70, nos países es- interpretações errôneas e confusões

O bullying é uma forma de com- candinavos, sendo os trabalhos pio- na raiz do próprio termo; por conta,

portamento agressivo que se dá neiros do professor Dan Olweus, principalmente, do número escasso

entre pares, no ambiente escolar, sem dúvida, os mais influentes. de pesquisas sobre o tema no país.

caracterizado principalmente por Em 2001 o número de pesquisas (ROLIM, 2008) Na maioria dos

imposição de poder de um estudan- aumentou consideravelmente, en- casos, é apontado como uma práti-

te para o outro. Compreende todas tre 2001 e 2008 tinha-se disponível ca que faz parte da vida escolar dos

as atitudes agressivas, intencionais algo em torno de 592 publicações alunos, e que os mesmos deveriam

e repetidas, que ocorrem sem mo- sobre o tema; em face contrária as ter maturidade para aprender li-

tivação evidente, adotadas por um 124 constatadas entre os anos de dar com tal, em detrimento disso,
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é deixado de lado. No entanto, o lescentes (BANDEIRA, 2009) dos, Irlanda, Israel, Portugal e Su-

Bullying é problema muito sério Através de um questionário desen- écia. Através da mesma constatou

que merece mais tempo dedicado volvido nos Estados Unidos por -se que foram vítimas de Bullying,

a pesquisa e uma visão mais rea- Hamby e Finkhor, entre os anos de trimestralmente, um total de 28,5%

lista por parte dos profissionais da 2001e 2004, chamado ‘Vitimização em Israel, 22,1% nos EUA, 17,8%

educação. (BANDEIRA, 2009) É Juvenial’ (Juvenial Victimization em Portugal, 15,9% Irlanda e 9,8

um tipo de violência ritualizada Questionnaire) que considerou 34 na Suécia. (BANDEIRA, 2009)

que se repete por diversas vezes, formas de agressão contra crian- No Reino Unido, em um

direcionada geralmente a indivi- ças e adolescentes entre 2 e 17 anos. estudo realizado em Sheffield por

duo “fraco”, por parte de um indi- Apontou que as crianças america- Philips em 2003, com a partici-

viduo “popular” que goza de certo nas sofreram agressões nas esco- pação de 6.758, constatou-se que

ar de impunidade e que age assim las numa proporção muito maior mais de ¼ deles já tinham sido ví-

para demonstrar “poder”. Tal fe- do que outros tipos de violência, timas de Bullyng em um trimes-

ENTENDA O TEMA
nômeno se enraíza no ambiente levando em consideração outras tre de curso. Em Hertfordshire,

escolar por diversos aspectos, en pesquisas já levantadas anterior em uma escola primária, entre

tre eles, os de cunho social, cultu- mente sob a ótica unicamente da 2.377 estudantes cerca de 30% dis-

ral, aspectos inatos de tempera- ‘violência’. (BANDEIRA, 2009) seram ter sido vítimas de agressões

mento, influências de familiares, Através de estudos desen- do gênero. (BANDEIRA, 2009)

de amigos, da escola e da comu- volvidos na Austrália por Rigby em No Brasil, em meio a pou-

nidade. (LOPES NETO, 2005) 1997, foi possível afirmar que para cos estudos já realizados, um dos

É uma tarefa difícil tentar cada seis alunos um já pode ter sido mais notáveis, talvez, tenha sido o

apurar a ocorrência do bullying vítima de Bullyng, uma vez em da UNESCO (Organização das Na-

em locais específicos, embora, há por semana. No país, as agressões ções Unidas) em torno da violên-

a possibilidade de se analisar da- mais comuns no meio escolar são cia nas escolas; embora não tenha

dos de pesquisas que foram de- de cunho verbal que expressam pro- sido em específico sobre Bullying.

senvolvidas em diversos países; e vocações ou o emprego de apelidos Esse trabalho apurou que cerca de

pode-se afirmar, sem hesitar, que pejorativos. (BANDEIRA, 2009) 1/5 de alunos e servidores de escolas

se trata de um problema de cará- Em estudo, a Organização em todo Brasil relataram casos de

ter universal, que tem incidência Mundial da Saúde (OMS) desen- violência envolvendo agressões e es-

em escolas em todo o mundo e que volveu uma pesquisa-comparativa pancamentos. Deste mesmo percen-

se manifesta entre crianças e ado envolvendo 5 países: Estados Uni tual, houve variação mínima de 11%

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 11

a 13% nos estados do Rio de Janei- Uma pesquisa desenvolvida sentimentos de tristeza são sinto

ro, Maceió e Fortaleza; e máxima por Souza e Ribeiro, em 2005, como mas também bem comuns entre

de 23% a 25% em Porto Alegre e Flo 400 estudantes de Ensino Médio em as vítimas de Bullying, constatou

rianópolis. (BANDEIRA, 2009) Recife (PE) em duas escolas (uma Williams em 1996. Na Inglaterra,

O Centro de Estudos da pública e outra particular); 60% dos 82% dos membros da Associação de

Criminalidade e Segurança Públi- alunos entrevistados confirmaram Gagos foram vítimas de Bullyng,

ca (CRISP) da UFMG investigou ter praticado Bullying nos últimos confirmou o estudo de Mooney e

50 escolas de Belo Horizonte (Es- 30 dias no semestre. Especialis- Smith em 1995. (ROLIM, 2008)

taduais, Municipais e Privadas) tas na área da saúde identificam Em um estudo desenvolvido

buscando por relatos de alunos inúmeras conseqüências danosas na Espanha, Alemanha e Inglaterra

que presenciaram focos de violên- que a prática do Bullying causa com 884 adultos vítimas de bullying,

cia na escola. Em percentual, 9,6% em suas vítimas. Para o médico constatou que os mesmos sofriam de

dos alunos entrevistados disseram Lopes Neto (2005) as mais comuns sentimentos de baixa auto-estima,
ENTENDA O TEMA

ter presenciados casos envolvendo seriam: enurese noturna, alterações dificuldades de relacionamento,

agressões físicas e verbais; 18,3% de sono, cefaléia, dor espigrástrica, baixa confiança nas pessoas. E em

foram agredidos na escola, 10,4% já desmaios, vômitos, dores em ex- muitos casos, a prática do Bullyng

faltaram às aulas por medo de ame- tremidades, paralisias, hiperven- é a causa principal de faltas fre-

aças de agressão. (ROLIM, 2008) tilação, desmaios, queixas visuais, qüentes e evasão escolar, citado por

No ano de 2002, a Associa- síndrome do intestino irritável, Rigby em 1997. (ROLIM, 2008)

ção Brasileira Multiprofissional anorexia, bulimia, isolamento, ten- Em casos mais graves, a

de Proteção à Infância e à Adoles- tativas de suicido, irritabilidade, Criminologia Moderna aponta que

cência (ABRAPIA), realizou um agressividade, ansiedade, perda de a prática do Bullying contribui for-

estudo como 5.875 estudantes entre memória, histeria, depressão, pâ- temente para o desenvolvimento de

quintas e oitavas séries, em onze nico, relatos de medo, resistência uma postura antissocial e deliquen-

escolas no Estado do Rio de Janei- em ir à escola, insegurança por te por parte dos agressores; os mes-

ro. Constatou um percentual 40,5% estar na escola, mau rendimento mos possuem ainda propensão ao

de alunos envolvidos com Bullying escolar, e atos deliberados de auto- abuso de álcool e drogas, associados

naquele ano: deste total 16,9% eram -agressão. (LOPES NETO, 2005) a práticas criminais, citado por Far-

vítimas, 12,7% eram autores e 10,9% Outros problemas como rington em 1993. (ROLIM, 2008)

eram vítimas e autores ao mes- ansiedade, insegurança, transtor- Em suma, só monitorar o desempe-

mo tempo. (BANDEIRA, 2009) nos de saúde mental, depressão e nho dos estudantes por meio das no

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 12
tas, testes e cumprimento de tarefas se faz importante, no sentido da Wnas escolas. Porque é com o en-

não é o bastante. Levar em consi- busca pela criação e manutenção frentamento árduo do problema

deração as competências e possíveis das regras, diretrizes e das ações por parte dos funcionários escola-

dificuldades que os mesmos podem no ambiente escolar. Principal- res dando apoio aos estudantes; que

vim a apresentar em seu conví- mente no que tange a priorização possibilita a conscientização por

vio com o restante dos estudantes; da conscientização geral e apoio às parte dos agressores e, consequente-

passa a ser de inteira responsabi- vítimas de tais práticas: que as ví- mente, o término das agressões. E,

lidade dos profissionais inseridos timas sejam encorajadas a denun- claro, não menos importante: aos

nas áreas da educação, saúde e se- ciar e as que mesmas possam ter a alunos que se encontram na posição

gurança. (LOPES NETO, 2005) segurança que os agressores este de agressores devem ser oferecidas

Para tal, é fundamental o total jam sendo punidos e tratados de- condições para a mudança de com-
SOB A ÓTICA DE SKINNER

comprometimento dos professores, vidamente. (LOPES NETO, 2005) portamento e não só a utilização

SOB A ÓTICA DE SKINNER


funcionários, pais, alunos para o Os alunos devem ser encorajados a de sanções, que de pouco resolvem,

emprego de projetos que visem com- participarem de supervisões e inter- em tais casos. (BANDEIRA, 2009)

bater o Bullying. Essa colaboração venções contra os atos de Bullying

José Mário Soares Serra Júnior

O CONTROLE DO COMPORTAMENTO
NO COMBATE AO BULLYING
programas educacionais para o comportamento, os behavioristas

A tualmente, o Bullying; um

tipo comportamento vio-

lento que acontece entre estudan-


combate e redução do Bullying.


entendem que os comportamen-

Watson, iniciador da cor- tos (respostas) são desencadeados

rente Behaviorista ou comporta- a partir da interação do ser hu-


tes dentro das escolas apresenta-
mentalista, postula em seu artigo mano ou animal, com o meio ao
-se como notícia reincidente nos
publicado em 1913: “Psicologia qual está inserido. Enfim, que o
meios de comunicação. Com in-
como os behavioristas a vêem”, o homem é constituído pela soma
tuito de conhecer e combater esse
comportamento como objeto de es- das influências do ambiente (es-
tipo de comportamento, estudos
tudo da ciência psicológica. Com tímulos). “Certos estímulos levam
e pesquisas buscam viabilizar
o aprofundamento dos estudos do os organismos a dar determinadas
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 13
individuo (a emissão da res-
posta) e as conseqüências. É
respostas e isso ocorre porque os tudos de Watson. SKINNER de considerada funcional por-
que o organismo se compor-
organismos se ajustam aos seus am fende que o comportamento pode ta (emitindo essa ou aquela
resposta), ou seja, sua ação
bientes por meio de equipamentos ser controlado a partir da manipu produz uma alteração am-
biental, conseqüência que,
hereditários e pela formação de lação de estímulos determinados. por sua vez, retroage sobre
Se vamos usar os métodos da
o sujeito, alterando a pro-
hábitos”. (BOCK et al, 2008, p.58). ciência no campo dos assun-
babilidade futura de ocor-
tos humanos, devemos pres-
rência. Assim, agimos so-
Assim sendo, nos casos de supor que o comportamento
bre o mundo em função das
é ordenado e determinado.
conseqüências criadas pela
Bullying, de acordo com os com- Devemos esperar descobrir
ação. As consequências da
que o que o homem faz é
resposta são as variáveis de
portamentalistas esse comporta- resultado de condições que
controle mais relevantes.
podem ser especificadas e
(BOCK et al, 2008, p.63).
mento violento, em algum momen- que, uma vez determinadas,
poderemos antecipar e até
to foi ensinado ou estimulado a certo ponto determinar as Pode-se dizer que os indi-
ações. (MIZUKAMI 1986
apresentar-se. Por exemplo, uma p.21 apud SKINNER, 1981, víduos são treinados a darem res
p.20).
SOB A ÓTICA DE SKINNER

criança que vive em um lar com postas em situações diversificadas.

hábitos violentos, tende a aprender Os behavioristas entendem Seus comportamentos são, contro-

e repetir esse tipo de comportamen- que há comportamentos não volun- lados e reforçados por meio de es-

to. Quando essa criança é exposta tários, chamados comportamento tímulos advindos de uma filosofia,

a um ambiente diferente, numa reflexo ou respondente como, por cultura ou administração nos mais

escola, por exemplo, onde regras exemplo, “a contração das pupilas variados ambientes como por exem-

contra a violência sejam ensina- quando uma luz forte incide sobre plos, nas igrejas, no ambiente de

das e o comportamento harmônico os olhos ou o arrepio da pele quan- trânsito, na publicidade, nas em-

entre as demais crianças é estimu- do recebe um vento frio”. (BOCK presas, nas escolas e entre outras.

lado e valorizado, a criança ainda et al, 2008,p.59). Esses comporta- Tratando-se do ambiente

que violenta pela aprendizagem mentos são incondicionados não escolar, por exemplo, o controle da

adquirida no lar tende a adaptar- dependem de aprendizagem. Por disciplina dos alunos, as normas

-se naquele novo espaço, pois o am- outro lado, o comportamento ope- da instituição e a aprendizagem

biente é diferente não só por ser a rante é condicionado, resultante são realizadas por meio de estímu-

escola e não o lar, mas também por- de treinos, aprendizagem, e even- los, sendo esses reforçados ou não.
As ações são mantidas ou
que apresentam estímulos novos. tos reforçadores, que aumentem não, pelas consequências
que produzem no meio am-
Isso se confirma nos estu- as chances do comportamento de- biente. Essas consequências
são denominadas reforça-
dos da formulação do comporta- sejado continuar acontecendo. doras quando aumentam a
O comportamento operante freqüência de emissão das
mento operante apresentado por refere-se à interação sujeito- respostas que as produziram
-ambiente. Nessa interação e punidoras ou aversivas
SKINNER, continuador dos es chama-se de relação funcio- quando diminuem, mesmo
nal a relação entre a ação do que temporariamente, a fre
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 14
qüência das respostas que as
produziram. BOCK (2008,
cial entre os alunos, o desempenho mento”. (MIZUKAMI, 1986, p.30).
p.63). de cada um deles deve ser avaliado Também é importante

como um todo, não apenas por suas que um programa de combate ao
Segundo os behavioris-
notas em testes ou cumprimento re- bullying ao ser elaborado tenha
tas um comportamento desejado
gular das tarefas solicitadas. Diz: participação da comunidade próxi-
deve ser reforçado positivamen Perceber e monitorar as
habilidades ou possíveis di- ma a escola, dos pais e dos alunos.
te, o uso de punições pode retar- ficuldades que possam ter Todos os programas anti-
os jovens em seu convívio -bullying devem ver as esco-
dar o comportamento desejado. social com os colegas pas- las como sistemas dinâmicos
Os analistas do comporta- sa a ser atitude obrigatória e complexos, não podendo
mento devem evitar o uso de daqueles que assumiram a tratá-las de maneira unifor-
punição, quer pelos subpro- responsabilidade pela edu- me. Em cada uma delas, as
dutos negativos que ela gera cação, saúde e segurança estratégias a serem desen-
para os organismos, quer de seus alunos, pacientes volvidas devem considerar
pelo fato de que seus efeitos e filhos. (LOPES NETO, sempre as características
tendem a ser temporários, o 2011). sociais, econômicas e cultu-
mais das vezes quando esta rais de sua população. (LO-
cessa, o comportamento an- PES NETO, 2011).
tes sob o seu controle tende No entanto, um problema

SOB A ÓTICA DE SKINNER


a, rapidamente, voltar à
condição anterior. (CAR- como o bullying exige principal- Reforçar positivamen-
RARA, 2004 p.116).
mente dos profissionais da educa- te um comportamento aumenta
LOPES NETO, um dos
ção a habilidade de manipular o a probabilidade de resposta dese-
fundadores da Associação da Bra-
ambiente de aprendizagem e esti- jada acontecer novamente, uma
sileira Multiprofissional de Pro-
mular respostas desejadas. Faz-se vez que o estímulo que a desenca-
teção à Infância e à Adolescência
necessário a observação a criação e deou já foi identificado. LOPES
(ABRAPIA) e coordenador do
a aplicação dos estímulos que desen- NETO cita a importância envolver
Programa de Redução do Compor-
cadeiam os comportamentos alme- os alunos no combate ao Bullying
tamento Agressivo entre Estudan-
jados. O monitoramento dos alunos e reforçar os comportamentos
tes, também acredita nesse tipo de
de todas as formas que a instituição contrários às práticas violentas.
reforço quando cita a seguinte me- Deve-se encorajar os alunos
disponibilizar se faz importante a participarem ativamente
dida preventiva contra o Bullying: da supervisão e intervenção
Aos alunos autores, devem nesse processo, pois segundo MI- dos atos de bullying, pois o
ser dadas condições para enfrentamento da situação
que desenvolvam compor- ZUKAMI “o comportamento hu- pelas testemunhas demons-
tamentos mais amigáveis tra aos autores que eles não
e sadios, evitando o uso de mano é complexo e fluido, muitas terão o apoio do grupo. Trei-
ações puramente punitivas, namentos através de técni-
como castigos, suspensões ou vezes sujeito a múltiplas causações cas de dramatização podem
exclusão do ambiente esco- ser úteis para que adquiram
lar, que acabam por margi- presentes e passadas, que podem, habilidade para lidar de di-
nalizá-los. (LOPES NETO, ferentes formas. Uma outra
2011). como decorrência, mascarar os ver estratégia é a formação de

LOPES NETO, acredita dadeiros fatores que afetam o com- grupos de apoio, que pro
tegem os alvos e auxiliam na
que para a melhora do convívio so portamento num determinado mo solução das situações de
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 15
bullying. (LOPES NETO,
2011).
violência em todas as suas varia portamento desejado e buscar re-
Por tanto, conclui-se que a ções, bem como a observação, o forçar os estímulos causadores da
teoria behaviorista pode ajudar as monitoramento e o reforçamento resposta para que ela se mantenha.
escolas no combate ao Bullying, de comportamentos pacificadores.

desde que façam parte da ideo Os programas contra o Bullying Érika Rominy S. Souza

logia escolar a criação e manu- devem priorizar a observação dos


tenção de uma cultura contra a fatores que desencadearam o com

É POSSÍVEL CONDICIONAR UMA


CRIANÇA ADEPTA DA PRÃTICA
DE BULLYING A MUDAR ESTE
COMPORTAMENTO?
SOB A ÓTICA DE SKINNER

estudar o comportamento e a criar estavam relacionadas exclusiva e

O comportamento

sempre despertou
humano métodos científicos para mudança

muitas ou condicionamento dos indiví-

perguntas por parte dos estudiosos duos submetidos às suas técnicas.


diretamente aos estímulos do pró-

prio ambiente. (SKINNER. 1985)

Nesse viés alguns pesqui-

do assunto e até mesmo de leigos. (SCHULTZ,D,&SCHULTZ,S.1981). sadores têm aplicado as técnicas

Burrhus Frederic Skinner é con- Os estudos de Skinner têm de Skinner sobre análise aplica-

siderado um dos maiores expoen- sido largamente usados na psi- da do comportamento para estu-

tes do estudo do comportamento cologia educacional e psicologia dar os comportamentos em suas

também chamado de Behavioris- clínica, já que suas teorias estão mais variadas nuances. A Análise

mo, seu livro Science and humam voltadas para aplicação em proble- Aplicada do Comportamento teve

behavior (1953), tornou-se o li- mas da vida real. De acordo com origem a partir de um trabalho

vro básico da psicologia behavio- seu ponto de vista, a vida é pro- publicado por Lindsley e Skinner

rista. A partir de leituras acerca duto da história de reforços. Ele em 1954. Nesse artigo, os pesqui-

das experiências de condiciona- Afirmava que “sua vida foi pre- sadores aplicaram o conhecimento

mento de Watson e Pavlov, apud meditada e organizada de acordo acumulado sobre o comportamen-

SCHULTZ,D&SCHULTZ,S.1981) exatamente com o modo que seu to operante em humanos. (GOS-

os quais lhe despertaram um inte- sistema ditava como devia ser a CH; VANDENBERGHE. 2011)

resse científico pela natureza hu- vida de todo ser humano”. Skinner O termo comportamento

mana, Skinner passa a se dedicar a acreditava que suas experiências tem sido utilizado em Psicologia
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 16
para designar as interações orga- nou-se o livro básico da psicologia de Skinner sobre análise aplica-

nismo-ambiente (Todorov, 1982). behaviorista. A partir de leituras da do comportamento para estu

Na Análise do Comportamento, acerca das experiências de condicio dar os comportamentos em suas

essa interação é de interdepen- namento de Watson e Pavlov, apud mais variadas nuances. A Análise

dência (GOSCH; VANDENBER- (SCHULTZ,D&SCHULTZ,S.1981) Aplicada do Comportamento teve

GHE. 2011). Segundo Todorov ; os quais lhe despertaram um interes- origem a partir de um trabalho

se científico pela natureza humana, publicado por Lindsley e Skinner


não faz sentido falar de
comportamento sem men- Skinner passa a se dedicar a estudar em 1954. Nesse artigo, os pesqui-
cionar as circunstâncias em
que ele ocorre; como não tem o comportamento e a criar métodos sadores aplicaram o conhecimento
sentido falar em circuns-
tâncias sem a especificação científicos para mudança ou condi- acumulado sobre o comportamen-
do comportamento que cir-
cunstanciam” (TODOROV, cionamento dos indivíduos subme- to operante em humanos. (GOS-
1989).
tidos às suas técnicas. (SCHULTZ, CH; VANDENBERGHE. 2011)

SOB A ÓTICA DE SKINNER


Para esta linha de pesquisa, D, & SCHULTZ, S.1981). O termo comportamento

a Análise do Comportamento uti- Os estudos de Skinner têm tem sido utilizado em Psicologia

liza a noção de contingência e de sido largamente usados na psicolo- para designar as interações orga-

relação funcional para descrever as gia educacional e psicologia clíni- nismo-ambiente (Todorov, 1982).

leis que regem as interações orga- ca, já que suas teorias estão volta- Na Análise do Comportamento,

nismo-ambiente (TODOROV, 1989) das para aplicação em problemas da essa interação é de interdepen-

A Análise Aplicada do Com- vida real. De acordo com seu ponto dência (GOSCH; VANDENBER-

portamento enfatiza o papel das ex- de vista, a vida é produto da história GHE. 2011). Segundo Todorov ;
não faz sentido falar de
periências diretas na aprendizagem de reforços. Ele Afirmava que “sua comportamento sem men-
cionar as circunstâncias em
do comportamento agressivo, como vida foi premeditada e organizada que ele ocorre; como não tem
sentido falar em circuns-
ocomportamento humano sempre de acordo exatamente com o modo tâncias sem a especificação
do comportamento que cir-
despertou muitas perguntas por que seu sistema ditava como devia cunstanciam” (TODOROV,
1989).
parte dos estudiosos do assunto e ser a vida de todo ser humano”. Skin-

até mesmo de leigos. Burrhus Fre- ner acreditava que suas experiên- Para esta linha de pesquisa,

deric Skinner é considerado um cias estavam relacionadas exclusiva a Análise do Comportamento uti-

dos maiores expoentes do estudo do e diretamente aos estímulos do pró- liza a noção de contingência e de

comportamento também chamado prio ambiente. (SKINNER. 1985) relação funcional para descrever as

de Behaviorismo, seu livro Scien- Nesse viés alguns pesqui- leis que regem as interações orga-

ce and humam behavior (1953), tor sadores têm aplicado as técnicas nismo-ambiente (TODOROV, 1989)

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 17
SKINNER

A Análise Aplicada do Com- retirados do seu comportamento?

portamento enfatiza o papel das ex Um dos métodos que pode

periências diretas na aprendizagem ser utilizado é a Terapia compor-

do comportamento agressivo, como tamental Infantil. De acordo com

experimentar diretamente estímu- Lima (1987) esta inclui entre seus

los reforçadores após o comporta-

mento. O comportamento agressivo

pode ser mantido por uma varieda-


objetivos ajudar a criança a reco

nhecer seu comportamento, levar a S kinner começou a trabalhar

em psicologia depois de gradu-

criança a efetivamente lidar com as ar-se em Letras, e ter tentado, por

de de eventos reforçadores. (SKIN- variáveis que afetam seu comporta- um ano, seguir a carreira literária.

NER. 1985) destaca o fato de a ví- mento e aumentar a probabilidade Nesta época, entrou em contato com o

tima do agressor ser subjugada e as de ocorrência de comportamentos Behaviorismo. (SKINNER, 1976).


SOB A ÓTICA DE SKINNER

pistas de dor e outras conseqüências que garantam à criança maior nú- Duas influências funda-

injuriosas vivenciadas pela vítima mero de reforçamentos positivos. mentais parecem ter marcado o

constituírem os principais reforça- Infere-se, a partir das pes- pensamento de Skinner e guiado

dores do comportamento agressivo. quisas realizadas, que é possível o seu trabalho em psicologia nes

O comportamento do agressor tam- condicionar uma pessoa praticante tes anos iniciais, e posteriormente:

bém é reforçado pela complacência de bullying a mudar seu compor- a de Loeb, quanto ao objeto de es-

da vítima, enquanto a complacência tamento. Mas tal condicionamen- tudo, e a de Mach, quanto ao mé-

está sendo reforçada pela interrup- to não pode ser obtido sem uma todo científico. Embora Skinner

ção da agressão. Esse comportamen- aplicação cuidadosa, por profissio- cite também outros autores como

to agressivo é o comportamento ado- nais devidamente capacitados, das Watson, Pavlov, Sherrington,

tado pelos praticantes de bullying técnicas postuladas por Skinner. Thomdike, Poincaré e Bridgman,

que têm nessas contingências fa- estas influências parecem ter sido

tores que reforçam seu comporta- Maria de Fátima da Costa Marques mais periféricas (SKINNER, 1979).

mento agressivo. (CALHAU, 2008). De Loeb, Skinner herdou

Mas como mudar o com a ideia de se estudar o compor-

portamento dos agressores? Como tamento do organismo como um

fazer com que os praticantes de todo. A esse respeito, ele diz que:
O comportamento parece ter
bullying os “bulies” tenha seu com- sido aceito pela primeira
vez como um tema em seus
portamento mudado de forma que próprios termos quando fo-
ram estudados organismos
os traços de agressividade sejam pequenos demais e
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 18
com comportamento simples
demais para sugerir proces- cologia e não por outras disciplinas. considerados: um estímulo, uma
sos iniciadores internos...
A formulação de Loeb dos Neste ponto, vale à pena fa- resposta e um reforço” (SKINNER,
tropismos e sua ênfase no
‘movimento forçado’ dispen- zer um parêntese para acrescentar 1992). Assim, uma criança adquire
savam as explicações inter-
nas. A coisa a ser estudada que esta questão da relação funcio- comportamento verbal quando suas
era o comportamento do
‘organismo como um todo’. nal entre termos e estímulos que vocalizações começam a ser refor-
E isto também poderia ser
dito de organismos maiores. aumentam sua probabilidade de çadas ao produzirem conseqüências
(SKINNER, 1989a, p. 61).
ocorrência será tratada de forma em uma dada comunidade verbal.

E mais especifi- mais sistemática no livro Verbal Skinner (2001) 6 tipos de

camente, Skinner afirma: Behavior (SKINNER, 1957/1978), comportamento verbal: mand (or-
“Eu queria estudar o com-
portamento de um organis- onde aparece sob a classe de ope- dens, regras de polidez), eco (re-
mo separado de qualquer
referência à vida mental, rantes verbais denominados “tatos”. petições); textual (como a leitura,
e isto era Watson, mas eu “O tato surge como o mais
também queria evitar refe- importante operante ver- a transcrição ou cópia, o ditado);
rências ao sistema nervoso, e bal, por causa do controle

SOB A ÓTICA DE SKINNER


isto era Loeb” (SKINNER, incomparável exercido pelo intra-verbal (ex. respostas em ca-
1989b, p. 122). estímulo anterior. Este con-
trole é estabelecido pela co- deia como, por exemplo, recitar o
munidade reforçadora (...)
E isso mostra que Skin No tato (...) estabelecemos alfabeto; associações de palavras,
uma relação excepcional
ner não se preocupava apenas com com um estímulo discrimi- tradução; tato (contato) e rela
nativo. Fazemos isso refor-
eventos mentais não físicos, mas çando a resposta tão consis- ção com a audiência (o ouvin-
tentemente quanto possível
sim com fatores internos físicos, na presença de um estímulo, te como condição necessária para
com muitos reforçadores
como é o caso do sistema nervoso. diferentes ou com um refor- que o comportamento ocorra).
çador generalizado. O con-
A abordagem Skinneriana trole resultante é feito por A cultura determina quais
meio do estímulo. Uma dada
pretende eliminar a necessidade de resposta ‘específica’ uma são as coisas boas ou corretas, úteis
dada propriedade-estímulo.
recorrência a explicações linguísti- Isto é a ‘referência’ da teo- e interessantes que os membros de
ria semântica. (SKINNER,
cas ou filosóficas para que se compre 1957/1978, p. 109). suas comunidades podem fazer, re-

endam as bases do discurso verbal. força tais comportamentos, admi

Como, para Skinner, cada resposta Skinner (1992) define rando e recompensando quem os

verbal deve ser entendida enquanto comportamento verbal como “um adotar. O indivíduo vai gostar de si

funcionalmente relacionada a um comportamento reforçado pela mesmo se ele for um produto das

conjunto de estímulos que tomem mediação de outra pessoa” (p.14). práticas reforçadas pelo ambiente

sua ocorrência (mais) provável, o Sua tese central diz que social (SKINNER, 1998). Nas ins-

comportamento verbal constitui-se “Em todo comportamento verbal tituições escolares o comportamento

num problema a ser tratado pela Psi há três eventos importantes a serem reforçado é do aluno disciplinado,

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 19
que tira notas acima do mínimo es- Passar de ano implica variáveis a prática que se tem feito dos estu-

tipulado, como recompensa irá pas- contextuais que fazem parte todo dos experimentais do condiciona-

sar de ano, cursar uma nova série; o processo de aprendizagem que mento operante que é baseada na

caso não atinja o índice de notas podem possibilitar ir de uma série eficácia da administração sistemá-

pré-determinadas, não receberá ne para outra. (PINGOELLO, 2009). tica de recompensas (reforços) a

nhuma recompensa e não será ad Este estudo teve por objeti- um organismo, quando queremos

mirado, pois se acredita que não al- vo, conceituar o método de Skinner, que ele apresente certas reações.

cançou o desenvolvimento cognitivo ligar o termo bullying ao Behavio Essa aplicação prática re-

que se esperava dele, demonstrado rismo de Skinner .Objeto de estudo quer que se faça o levantamento

pelas notas abaixo da média esti- deste trabalho também, foi a análi dos eventos que reforçam um dado

pulada pelas escolas. E essa questão se do Condicionamento no contexto indivíduo. Pode-se controlar as re-
SOB A ÓTICA DE SKINNER

possui ligações indiretas com o fe histórico, procurando suas raízes, ações utilizando as conseqüências

nômeno bullying, pois uma vez que e chegando-se a conclusão de que o reforçadoras. Isto é importante

a pessoa pode ser vitimizada ou ser método pode sim, ter suas relações em todos os campos em que o com-

tratada como inferior, ela poderá com o fenômeno bullying. Ade- portamento figura em destaque.

se auto-excluir, ou ser excluída por mais, o método de Skinner mostra

um ou mais indivíduos do seu meio . Jonas Sales Fernandes

FREDERIC SKINNER E O BULLYING:


O COMPORTAMENTO DO ALUNO
CONDICIONADO POR REFORÇADORES o seu foco principal é propor um Reforça também a restauraração

O behaviorismo radical de

cológico prático, por assim dizer.


modelo com termos fáceis que e a introspecção de acordo como

Skinner é um modelo psi- se tornem conhecidos e, portan- limites daquilo que podem ser ob-

to, “auto-explicativos”, focando servado dentro do humano. Nes-

Em não se faz distinção entre os em um visão mais da experiên sa perspectiva, analisa o corpo e

mundos subjetivo e objetivo, e se cia natural do comportamento sua relação com o meio ambien-

concentra em conceitos e termos, e através de observações precisas. te, tratando dos acontecimentos

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 20
externos antecedentes e os ocor- cuja descrição é de acesso à obser- sas do comportamento. Devido ao

ridos no mundo privado. Através vação experimental. O vinculo fato de dizer apenas como as pes-

dessa abordagem há a controle do da mente ao físico e a perspecti- soas agem, não esclarecendo o por-

estabelecimento de uma lingua- va fisiológica, baseada no exame quê desse comportamento ocorrer.
gem comportamental otimizada do sistema nervoso, também são O behaviorismo destaca-

em interpretar os termos men- criticadas, enquanto as alterna- -se pela introdução da história

tais, de acordo com o ponto de tivas ao behaviorismo radical, ambiental como um fator muito

vista behaviorista. As pesquisas defendido por Skinner, como o importante para compreensão do

experimentais neste campo, com- estruturalismo e o behaviorismo comportamento; ou seja, circuns-

preendem a análise experimental metodológico têm seus pontos fra- tâncias e comportamento podem

de comportamento, e as aplica- cos destacados. (MATOS, 1993) ser relacionados e o papel do meio

ções práticas são parte da análise Ressalta-se o valor de princípios ambiente é realçado. Enquanto a

SOB A ÓTICA DE SKINNER


aplicada do comportamento. A que organizam o comportamento, interpretação mentalista parali-

análise do comportamento deve como o costume, e que possibili- sa as demandas mais profundas,

envolver, além das respostas em tem a previsão de ações que ainda por não levar em conta esse fator

questão, o contexto em que ele não ocorreram. Os padrões de de- fundamental, a atenção dada às

ocorre e os eventos que seguem senvolvimento históricos são ou- causas ambientais do comporta-

as respostas. (LOPES, 2003) tros componentes estruturais que mento abriu novas questões que

O behaviorismo radical se tornam importantes para com- não podiam ser mais negadas. O
constrói um paradigma de con- preender as mudanças, ao longo do behaviorismo pode também ser

dicionamento não-linear e esta- tempo. Embora se evitasse tratar visto como associado ao positi-

tístico, contrário ao paradigma o behaviorismo como uma abor vismo lógico corrente filosófica

linear e reflexivo das linhas teó- dagem mentalista; porque na vi- para a qual os acontecimentos

ricas anteriores ao comportamen- são de Skinner, faltava informa- mentais não deveriam ser alvo de

talismo. Defende que a maioria ções úteis que permitam afirmar uma ciência natural, por serem

dos comportamentos humanos o porquê das pessoas orientarem fatos "inobserváveis", do ponto

são condicionados de modo ope- ou não por um hábito qualquer. de vista científico. Na visão dos

rante; tenta, então, delinear uma Essa deficiência deixa margem positivistas lógicos, se um ser au-

variante para o behaviorismo que para permanência de explicações tômato tivesse a capacidade de

trate dos acontecimentos mentais mentalistas que complementem a reproduzir um comportamento de

como um comportamento interno, resposta necessária sobre as cau uma pessoa, nenhuma explicação

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 21
mentalista seria mobilizada para guido da apresentação de um re- probabilidade de ocorrência. A

o entendimento de seu desempe- forço positivo ou negativo, aquela Teoria do Reforço defende que

nho, a não ser os estímulos que o resposta tem maior probabilidade todas ações com consequências

fizeram agir de tal modo. O beha- de se repetir com a mesma função; positivas sobre o indivíduo fazem

viorismo metodológico teria a da mesma forma, quando o com- que as práticas tendam a ser repe-

seu favor a descarga de qualquer portamento é seguido por uma tidas em um futuro próximo, em

filosofia introspectiva. Todavia, punição (positiva ou negativa), contrapartida o comportamento

esses pioneiros admitiam a exis- a resposta tem menor probabili- que é punido tende a ser elimina-

tência de fatos mentais, apesar dade de ocorrer posteriormente. do. E as conseqüência em relação

de não os considerarem em suas O behaviorismo radical a isso são positivas sempre que as

pesquisas, o que proporcionava se desta por explicar o comporta- pessoas sentem prazer com a sua
SOB A ÓTICA DE SKINNER

a especulação sobre mundos pa- mento animal através do mode- própria performance. Seguindo

ralelos e um dualismo anacrô- lo de seleção por consequências. esse pensamento, o comportamen-

nico, cujas provas não podiam Nesse sentido, o behaviorismo to dos alunos pode ser influencia-

ser fornecidas. (LOPES, 2003) radical cria um modelo de con- do e controlado através do refor-

Skinner elaborou os princípios dicionamento não-linear e pro- ço ( a idéia da recompensa) para

do condicionamento operante e babilístico, contrário ao modelo os comportamentos desejados e

a sistematização do modelo de linear e reflexo das teorias pre- ignorando as ações não deseja-

seleção por conseqüências no in- cedentes do Comportamenta- das (o castigo). Skinner defen-

tuito de explicar o comportamen- lismo. Para Skinner, a maior de mesmo que o comportamento

to. O condicionamento operante parte dos comportamentos hu- das pessoas pode ser controlado

é diferente do condicionamento manos são condicionados desta e informado por longos períodos

respondente criado por Pavlov forma operante. (ROSE, 1982) de tempo sem que estas percebam

e Watson; no sentido de que noo Trabalhar a indisciplina isso, inclusivamente sentindo-se

comportamento operante o com- nas escolas em especial o bullying livres. Uma técnica defendida

portamento é condicionado, mas seguindo a visão de Skinner, po- por ele é a modificação do com-

não há associação reflexa entre deria ser tratada baseando-se em portamento organizacional, que

estímulo e resposta, mas sim sua Teoria de Reforço. Skinner tem foco na aplicação da Teoria

probabilidade de um estímulo se chamou reforços os eventos que do Reforço aos esforços para a

seguir à resposta condicionada. tornam uma reação mais fre mudança nas organizações e se

Quando um comportamento é se quente, ou seja, que aumentam a eleva em dois princípios básicos:

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 22
em primeiro as pessoas atuam seja, apenas aqueles sensíveis a

da forma que acham mais gra- eles sobreviveram. No dia-a-dia,

tificante e recompensadora; em poderia ser representado por uma

segundo, o comportamento pode mãe que só deixa o filho almoçar

ser influenciado e determinado após ter terminado o dever de casa

pela gestão das recompensas a ele e um homem que após se recon-

associadas. (CARRARA, 2004) ciliar com a esposa, fazem sexo

Skinner divide os eventos para comemorar. Já os demais re-

reforçadores em positivos e ne- forçadores, dependem dos primá-

gativos. Parte destes reforços se rios para se tornarem efetivos, ou

baseiam na apresentação de estí- seja, eles precisam acompanhar

mulos, no acréscimo de alguma os primários por determinado

SOB A ÓTICA DE SKINNER


coisa à situação (por exemplo, tempo para que possam agir por

alimento, água); estes são cha- si. No dia-a-dia a atenção é um

mados reforços positivos. Outros grande exemplo de reforçador se-

consistem na eliminação de algu- cundário. Por último os reforça-

ma coisa da situação (por exem- dores generalizados são aqueles

plo, muito barulho, calor ou frio que possibilitam o acesso a todos

extremos, choque elétrico); estes (ou quase todos) os demais. O seu


são denominados reforços negati- maior representante é o dinheiro,
vos. Em ambos os casos, o efeito capaz de possibilitar os demais

do reforço é o mesmo: a probabili- reforçadores. (CARRARA, 2004)

dade da resposta será aumentada.

Seguindo esse pensamento, exis- José Mário Soares Serra Júnior

tem reforçadores primários, se-

cundários e generalizados: como

exemplo do primeiro, temos o

alimento e o sexo; ambos podem

ser usados para aumentar a fre

quência de uma resposta. Eles são

reforçadores para a espécie, ou

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 23
RESPEITO À SUBJETIVIDADE
DO ALUNO mento de conhecimentos,
dos diferentemente por cada aluno. mas que penetra profunda-
mente todas as parcelas da
Diante disso, a teoria huma- sua existência. (ROGERS,
1997, p.322).
nista apresenta uma proposta de de-
No artigo, “Teoria da apren-

A psicologia voltada para a senvolvimento centrada na pessoa;

educação apresenta diversas

teorias que suscitam explicações a


no respeito à subjetividade do indi-

víduo, do aluno no ambiente escolar.


dizagem significativa segundo Au-

subel”, os autores, Adriana Pelizza-

ri , Maria de Lurdes Kriegl , Márcia


respeito de como se dá os processos A teoria humanista tem como seu
Pirih Baron, Nelcy Teresinha Lubi
de aprendizagem. O entendimento maior representante Carl Rogers.
Finck e Solange Inês Dorocinski
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS

e o uso dessas teorias podem dire- Os humanistas acreditam


explanam que para uma aprendiza-
cionar a composição das propos- que o desenvolvimento do aluno
gem significativa faz-se necessário:
tas pedagógicas adotas por uma acontece efetivamente quando o pró- Em primeiro lugar, o aluno
precisa ter uma disposição
escola para o desenvolvimento de prio aluno identifica uma espécie para aprender: se o indi-
víduo quiser memorizar o
seus alunos, bem como o posicio- de necessidade, necessidade que ele conteúdo arbitrária e lite-
ralmente, então a aprendi-
namento da instituição educadora. próprio tenha interesse de suprir. zagem será mecânica. Em
A motivação para a apren- segundo, o conteúdo escolar
As escolas, como espaços dizagem e para a mudança a ser aprendido tem que ser
deriva da tendência auto-re- potencialmente significati-
de interação social e construção alizadora da própria vida, vo, ou seja, ele tem que ser
da tendência do organismo lógica e psicologicamente
do conhecimento, são ambientes para percorrer os diferentes significativo: o significa-
canais de desenvolvimen- do lógico depende somente
ricos pela diversidade cultural e to potencial, na medida em da natureza do conteúdo, e
que estes podem ser experi- o significado psicológico é
de conhecimento de mundo con- mentados como favorecendo uma experiência que cada
o crescimento. (ROGERS, indivíduo tem. Cada apren-
tido em seus discentes. Nessa at- 1997, p.328). diz faz uma filtragem dos
conteúdos que têm signifi-
mosfera, a aprendizagem tende a ROGERS pauta a teoria cado ou não para si próprio.
PELLIZARI et al,201l,
acontecer de forma diferente em humanista em um tipo de apren- p.38).

cada um deles, pois num ambien- dizagem, a aprendizagem signifi- O pensamento humanis-

te diversificado, os interesses dos cativa, que na nessa se sobrepõe à ta, centrado na pessoa, ressalta

alunos são variados: o que desper- aprendizagem mecânica. Ele diz: que o aluno é capaz de se auto-
Por aprendizagem signifi-
ta atenção em um aluno, não des- cativa entendo aquela que -dirigir quanto ao aprendizado e
provoca uma modificação,
perta, necessariamente, a atenção quer seja no comportamento que, é papel do professor ser um
do indivíduo, na orientação
no outro. Sabe-se também que as da ação futura que escolhe o facilitador do conhecimento o
ou nas suas atitudes e na
próprias regras da escola, as ava- sua personalidade. É uma qual o aluno demonstre interesse.
aprendizagem penetrante, Para Rogers a integração
liações e os horários são assimila- que não se limita a um au- professor (facilitador)
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 24
-aluno são fatores impor-
tantes para a aprendizagem.
Rogers enfatiza os aspectos alizou ROGERS e NEILL, Sum- Entretanto, para os huma-
dinâmicos e ativos do ensi-
no do ensino que reforçam merhill respeita a liberdade e a in- nistas nos casos de bullying, por
o processo de interação na
aprendizagem e considera o dividualidade do aluno assim como exemplo, a solução viável seria o
aluno capaz de auto-direção,
desde que em ambiente pro- seus interesses para uma aprendi- diálogo, a exposição de ideias vin-
pício e interessante. (VAZ e
zagem significativa. Caso um aluno das principalmente dos alunos e
RAPOSO, 2011).
A escola Summerhill, na sinta-se desconfortável na escola, os dos envolvidos, pois esses mesmos
Inglaterra, funciona há 90 anos motivos podem ser expostos nessas aprenderiam a importância de se
com a abordagem humanista de assembléias para que um novo acor- estabelecer limites e criariam as

aprendizagem atendendo crianças do seja gerado e respeitado por todos. de regras a serem implementadas.
Todas as aulas são opcio- A primeira implicação no
do ensino fundamental e médio. nais. Não há pressão para domínio da educação po-
se conformar às idéias de deria ser a de permitir ao
Seu fundador Alexander Suther- adultos de crescer, embora aluno, seja em que nível do
a própria comunidade tem a ensino for, estabelecer um
land Neill, acreditou numa escola expectativa de conduta razo- real contato com os proble-
ável do indivíduo. Bullying, mas importantes da sua exis-

SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS


como espaço democrático para a vandalismo ou outros com- tência, de modo à distiguir
portamentos ant-social é os problemas e as questões
construção do desenvolvimento res- tratada por provedores es- que pretende resolver. (RO-
pecialmente eleitos, ou por GERS, 1997, P.330).
peitando a liberdade e os interesses toda a comunidade em suas
reuniões diárias. (REA- Os teóricos humanistas de-
dos alunos. Parafraseando NEILL DHEAD, 2011).
fendem que cada aluno a partir da
no documento Declarações de Polí- Pela ótica humanista, os
sua subjetividade percebe o meio
tica geral encontrado no site da es- casos de violência dentro das esco-
e aprende de maneira particular.
cola , a criança devia ser livre para las, como os bullying, pode-se dizer
Dessa maneira entende-se que os
viver sua própria vida não a vidas que o agressor, diferente dos demais
alunos também compreendem e
de seus pais ou de que seus profes- alunos, não demonstra respeito ao
reagem às novas informações, às
sores impusesse.” NEILL é contra próximo, à individualidade e às di-
regras, às noções de liberdade e
a influência dos adultos: “Todas as ferenças humanas, pois às regras de
respeito distintamente. Diz-se que
interferências deste e orientação por convivência não fazem sentido para
o conhecimento imposto pode ge-
parte dos adultos só produz uma ge- ele por algum motivo determinado
rar diferentes tipos de conflitos
ração de robôs”. (AS NEILL, 2011). ou desconforto naquele ambiente e
que impedem o aprendizado, por
Nessa escola, os problemas isso tem impacto no processo con-
isso é de primeira importância
de variados assuntos identificados vivência e de aprendizagem.Tam-
à observação dos conhecimentos
pelos alunos são expostos, debatidos bém a vítima não se sente segura
prévios dos alunos pelo professor
e solucionados em grupo por meio no ambiente escolar , sente medo e
e seus interesses a serem conside-
de assembléia semanal. Como ide não desenvolve sua aprendizagem.
rados respeitados e desenvolvidos.
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 25
Se desconfio do ser humano, antes devo empanzi-
ná-lo de informações da minha própria escolha, a
fim de que não tome um caminho errado. Mas se dida em que destrói a maneira de ensinar utiliza
acredito na capacidade de cada um desenvolver sua
potencialidade individual, proporcionar-lhe ei to- da de forma geral nas escolas atuais, também cons-
das as oportunidades e lhe permitirei a escolha de
vias próprias e sua direção pessoal na aprendiza- trói, apontando a importância de se valorizar os in-
gem.(ROGERS, p.119, 1978).
teresses do aluno, enfim, do ser humano auto-direti-
Conclui-se que a teoria humanista pensa o
vo para aprender porque é dotado de subjetividade.
desenvolvimento humano como algo auto-direti-

vo, próprio da interação do indivíduo com o meio.


Érika Rominy S.R.Souza
Ela, apesar de reduzir o papel do professor, na me

BULLYING INTERVENÇÃO
SEGUNDO A ABORDAGEM
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS

HUMANISTA
DWIN.2005), durante toda a sua Depois de experiências vividas com

A abordagem Humanista

Centrada no Cliente tem


infância e adolescência ele foi total- alunos e com pessoas que vinham à

mente reprimido. Suas crenças reli- procura de ajuda, Rogers acabaria

entre seus principais expoentes giosas e a eliminação de qualquer percebendo, no entanto, que quan-

o psicólogo americano Carl Ro- expressão emocional forçaram-no a to mais se abria como pessoa no re-

gers. Rogers nasceu em Oak Park, viver sob um código que não via como lacionamento com o paciente mais

Illinois, em um bairro afastado seu. Disse, mais tarde, “que essas efetivo e rápido tornava-se o sucesso

de Chicago. Segundo Goodwin; restrições deram-lhe motivos para do tratamento, (VEJA. 1977). Atra-
Apesar de ser produto de um
ambiente altamente contro- a sua revolta, embora a rebeldia te- vés do desenvolvimento dessa idéia
lado Rogers conseguiu dedi-
car-se a carreira de sua pró- nha demorado a chegar. (ROGERS. Rogers se afastou cada vez mais da
pria escolha, não obstante
todas as experiências de sua 1961 Apud GOODWIN.2005) psicologia tradicional ou freudiana
infância e adolescência. O
quarto de seis filhos de um Carl Rogers passou cerca e da psicologia do comportamento,
casal protestante, extrema-
mente conservador, ele foi de 15 anos acreditando que o pa- ao ponto de confessar em uma entre-
criado em um subúrbio de
Chicago, em uma família no pel do psicoterapeuta era apenas o vista para a revista Veja em 1977 que
qual o trabalho e o empenho
pessoal eram valorizados, de manter-se a parte quanto a seus acreditava ser “um fenômeno emba-
mas todos os prazeres eram
considerados pecado. (GOO- sentimentos em relação ao pacien- raçosamente doloroso para os psi-
DWIN, 2005 p.457)
te. Assim distanciado, pensava ele, cólogos acadêmicos”. (VEJA 1977)
Segundo o próprio Ro-
ficava mais fácil enxergar as solu- Rogers postulou que o ser
gers, (ROGERS .1961 Apud GOO-
ções adequadas. (ROGERS. 1961). humano possui um senso de escolhas
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 26
livre e responsável, que lhe permite cipio que o jovem é automotiva- que permeia o universo escolar.

um elenco de respostas aos estímulos do poder-se-ia tratar com sucesso

do ambiente, maior do que se dispu- as crianças sofredoras de bullying Maria de Fátima da Costa Marques

sesse apenas do instinto e de apren- uma vez que elas são, na maioria

dizagens primárias (Rogers, 1978). das vezes vítima dessa violência por

Rogers nos mostra como a causa do seu comportamento sub-

motivação intrínseca é preexistente misso e sem auto estima conforme

ao processo de socialização. A esco- relata Lopes Neto quanto a perso-

la tradicional desperdiça o grande nalidade das vítimas de bullying.


Em geral, não dispõe de
potencial que ela representa, pois recursos, status ou habili-
dade para reagir ou cessar
aproveitá-la implicaria rever os o bullying. Geralmente, é
pouco sociável, inseguro e
currículos e a organização da esco- desesperançado quanto à
possibilidade de adequação

SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS


la, que não são montados levando ao grupo. Sua baixa auto-es-
tima é agravada por críticas
em conta a vida real do estudante: dos adultos sobre a sua vida
ou comportamento, difi-
Ele escreveu que fica- cultando a possibilidade de
ajuda. Tem poucos amigos,
va irritado com a ideia de que o é passivo, retraído, infeliz e
sofre com a vergonha, medo,
estudante deve ser “motivado”. depressão e ansiedade. Sua
O jovem é intrinsecamen- auto-estima pode estar tão
te motivado, em alto grau. comprometida que acredita
Muitos elementos de seu ser merecedor dos maus-
meio ambiente constituem -tratos sofridos. (LOPES
desafios para ele. É curio- NETO, 2011)
so, tem a ânsia de descobrir,
de conhecer, de resolver O fator motivacional seria,
problemas. O lado triste da
maior parte da educação portanto, algo fundamental para o
está em que, após a criança
haver passado anos e anos desenvolvimento de um comporta-
na escola, essa motivação
intrínseca está muito bem mento independente, para o desen-
amortecida. Mas continua a
existir, e nossa tarefa, como volvimento de uma personalidade
facilitadores de aprendiza-
gem, é a de suscitar essa mo- segura, com autoestima elevada.
tivação, descobrir que desa-
fios são reais para o jovem e Tais posturas conforme, poderiam
proporcionar-lhe a oportu-
nidade de enfrentá-los. (Ro- inibir as agressões. Conclui-se
gers, 1978, p.134-135 apud
MOGIKA 2011) então que a teoria de Rogers cen-

Nessa perspectiva, podemos trada na pessoa pode ser de grande

trabalhar a questão do bullying utilidade para o tratamento dessa

nas escolas. Se partirmos do prin epidemia invisível mais tão real


NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 27
RELAÇÃO DO BULLYING COM A
TEORIA HUMANISTA
DE CARL ROGERS
Dessa forma, a definição relação de hierarquia entre os
de bullying é compreendi-

A questão comum entre a

psicologia humanista

Rogers (que prega em sua escola


de
da como um subconjunto de
comportamentos agressivos,
sendo caracterizado por sua
natureza repetitiva e por de-
sequilíbrio de poder (FAN-
agressores e as vítimas. Discussões

ou brigas pontuais não são bullying

(VINHA. 2011). Conflitos entre


TE, 2005, pág. 28).
democrática Summerhill, à bus- professor e aluno ou gestor também

ca pela felicidade dos alunos em


Apesar de o bullying ter

sempre existido, até mesmo


não é bullying (FANTE, 2005).
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS

geral, respeitando os limites de Precisa-se urgente de mais


antes do surgimento das escolas,
cada um) e o fenômeno bullying, programas com o caráter dos já
pioneiramente, o professor Dan
(que pela falta de “felicidade” aca- elaborados pela Dra. Cleo Fan-
Olweus (2011) foi o primeiro a ligar
ba gerando transtornos não ape- te (Educar para a paz) e tam-
o termo ao fenômeno. Ao pesquisar
nas para si próprio, mas também bém pelo professor Dan Olweus
sobre o suicídio de três adolescentes
para os outros em muitos casos), é (Bullying Prevention Program).
noruegueses em 1983, Olweus per-
que ambos tratam do sentimento E um dos embasamentos para ela-
cebeu que era cabível de ter sido o
como sendo o fator preponderan- boração de uma metodologia para
bullying, o fator determinante para
te para a vida plena do indivíduo. compreender e principalmente,
esses suicídios. O Ministério da

Segundo a professora Dra.

Cleo Fante, que é pioneira

nos estudos do fenômeno bullying


Educação solicitou então, uma pes-

quisa sobre o tema, e como resultado,


posteriormente erradicar a idéia

de inferioridade que essas crian-

ças presenciam-nos os mais diver-


ele criou o programa antibullying.
no país, trata-se de uma “pala- sos âmbitos de sua convivência.
A abordagem sobre o que é
vra de origem inglesa, adotada De acordo com Rogers
ou não bullying diverge por vezes,
em muitos países para definir o (1997) a pessoa total é aquela que
quando estudiosos afirmam errone-
desejo consciente e deliberado de está aberta à suas experimenta-
amente que bullying é caracteriza-
maltratar outra pessoa e colocá- ções internas e aos dados das ex-
do por agressões, humilhações e até
-lo sob tensão” (FANTE, 2005). periências do mundo externo.
No Brasil, adotamos o ter- mesmo preconceitos sem levar em
mo que, de maneira geral, O posicionamento filosó-
é empregado na maioria conta o caráter repetitivo, a questão
dos países: bullying, Bully, fico de Rogers, e sua perspectiva e
enquanto nome é traduzido que deve ter ocorrido entre pares e
como “valentão”, “tirano”, visão do ser humano foram bastan
e como verbo, “brutalizar”, também que sempre há no bullying,
“tiranizar”, “amedrontar”.
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 28
te avançadas para a sua época, pois o assunto de seu interesse, sendo as-

apresentam um entendimento alta- sim, não tem por que ele estudar o

mente holista e sistêmico do homem, que não gosta, e por conseqüência,

que fica perfeitamente claro em seus possui uma tendência maior a ser

livros, e, em resumo, nesta passagem: bom no que faz. (ROGERS, 2011).


Sinto pouca simpatia pela
idéia bastante generalizada Este estudo teve por objetivo
de que o homem é, em prin-
cípio, fundamentalmente ir- conceituar o bullying, ligar o termo
racional e que os seus impul-
sos, quando não controlados, bullying ao fenômeno (o que pionei-
levam à destruição de si e
dos outros. O comportamento ramente foi feito por Dan Olweus),
humano é, no seu conjunto,
extremamente racional, evo- analisar a psicologia humanista de
luindo com uma complexi-
dade sutil e ordenada para Rogers, utilizando quase sempre
os objetivos que o seu orga-
nismo, como um todo sistê- como exemplo de suas afirmações,
mico, se esforça por atingir.

SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS


“A tragédia, para muitos de a funcionalidade da mais antiga
nós, deriva do fato de que as
nossas defesas internas nos (1921) escola democrática, humanis-
impedirem de surpreender
essa racionalidade mais pro- ta, e que deve muito disso a Rogers,
funda, de modo que estamos
conscientemente a caminhar a escola Summerhill, localizada no
numa direção, enquanto
organicamente caminha- Oeste da Inglaterra, fundada por As
mos em outra” (ROGERS,
1977). Neill. O estudo ainda procurou mos-
A aplicação da teoria de
trar que por meio da felicidade que
Rogers em nosso sistema de ensino
formal não é tarefa fácil, sendo, nas vítimas de bullying é pratica-
inclusive, considerado por muitos
uma utopia, mas as polêmicas trazi- mente nula, por meio da psicologia
das para o campo da educação muito
de Rogers essas vítimas poderiam
têm beneficiado a reformulação do
ensino. Afinal, aprender pelo pró- facilmente ser integradas e realiza-
prio gosto é a maneira mais rica de
aprender. rem as atividades que lhes dessem

A escola Summerhill seria mais prazer, sem discriminação.

um ótimo local de terapia para as

crianças que sofrem de bullying. Jonas Sales Fernandes

Pois lá, as crianças aprendem des-

de cedo que a sua liberdade termina

quando começa a liberdade do próxi-

mo. Em Summerhill, o aluno estuda

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 29
CARL ROGERS E O BULLYING:O ALUNO
RESPONÁVEL POR SUA PRÓPRIA
DISCIPLINA ESCOLAR
conducente ao crescimento transmite o conteúdo, mas sim que
pessoal; um clima no qual a

A educação de Rogers – centra- inovação não seja assusta- presta auxilio aos educandos para
dora, em que as capacidades
da na pessoa – se dá através criadoras de administrado- que estes possam viver sempre em
res, professores e estudantes
um relacionamento interpessoal, sejam nutridas e expressa- processo de transformação. É o edu-
das, ao invés de abafadas.
afetuoso e de interesse de ambos, Tem-se de encontrar, no sis- cando que deve procurar o seu pró-
tema, uma maneira na qual a
professor e aluno, juntos, cami- focalização não incida sobre prio conhecimento, consciente desse
o ensino, mas sobre a facili-
nhando para o aprendizado sig- tação da aprendizagem auto- processo de transformação que lhe
dirigida. (ROGERS, 1986
nificativo – um aprendendo com apud CAMPELO, 2009) é inerente. Sendo o facilitador um
SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS

Em sua concepção, o homem


outro. Uma vez que o professor apoio material para o educando, que
não deve ser visto como uma máqui-
se permite trabalhar dessa forma será responsável por criar condições
na, nem ao menos, um individuo
ele estabelece um relacionamen- de interação social, preparando o
que é impulsionado por forças in-
to autêntico com o educando. E é ambiente psicologicamente favorá-
conscientes, mas sim um individuo
essa mesma autenticidade que será vel, propondo um bom material de
que é capaz de sua própria auto-
a principal ferramenta de traba- pesquisa e instigando a curiosidade
-criação - posição do ser construti-
lho do educador na aprendizagem sobre o conhecimento, caracterís-
va e auto-reguladora. Seria afirmar
significativa. (AZEVEDO, 2005) tica essa própria do ser humano,
que todos os seres possuem dentro
O sistema educativo, nessa para colaborar com a aprendizagem
de si os recursos necessários para o
teoria, tem que ter como foco o de- significativa. (AZEVEDO, 2005)
seu próprio crescimento, mas estes
senvolvimento das pessoas, de uma O objetivo do modelo de
só podem ser despertados quando se
forma plena e, simultaneamente, aprendizagem de Rogers é que o alu-
cria um clima definido de atitudes
que através deste propicie a elas a no abandone a passividade e adqui-
psicológicas oferecido por outra pes-
sua auto-realização. Para Rogers, ra um papel ativo, de intervenção
soa. Ou seja, o homem é um ser em
o homem educado é o homem que no seu próprio processo de apren-
busca constante de si mesmo, que
aprendeu a aprender e que dentro do dizagem, o que corresponde dizer
vive em um constante processo que o
Sistema Educativo como um todo, que a aprendizagem não passa a ser
guia para um caminho de desenvol-
deverá programar um clima propi- centrada mais no professor e sim no
vimento próprio. (CAMPOS, 2005)
cio ao crescimento pessoal do aluno. aluno. O aluno é quem tem o papel
Tem-se de encontrar uma O professor deve ser en-
maneira de desenvolver, fundamental na aprendizagem, por-
dentro do sistema educa- carado como um facilitador da
cional como um todo, e em que ele é o responsável pela constru
cada componente, um clima aprendizagem, não só aquele quem
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 30
responsável pela sua autodisciplina. o acolhimento aos alunos envolvi-
... a Abordagem Centra-
ção do seu próprio saber, onde o pro- da na Pessoa percebe que o dos (vítimas e agressores), focali-
ser humano é determinado
fessor é apenas o facilitador desse por sua vontade subjetiva, zando a pessoa e não o problema,
ainda que influenciado por
processo, coordenando e orientando todas as circunstâncias de facilitando o clareamento dos seus
sua existência. Portanto,
com cautela. O papel do professor ele é absolutamente livre pedidos de ajuda através dos seus
para escolher entra as op-
é apenas o de garantir o nível de ções existentes, ainda que próprios recursos psicossociais. (RO-
poucas e limitadas, res
maturidade e segurança no proces- ponsabilizando-se pelas GERS, 2007 apud SILVA, 2010)
conseqüências que delas
so de aprendizagem, ou seja, não o surgirem. Assim: um indi- A facilitação pode ser exer-
viduo que vive neste clima
de controlar o desenrolar desse pro- estimulante pode escolher cida também por qualquer outra
livremente qualquer dire-
cesso, mas, acima de tudo, acreditar ção, mas na verdade esco- pessoa que esteja aberta a realidade
lhe caminh os positivos e
na capacidade de aprender de seu construtivos. (ROGERS, da Abordagem Centrada na Pessoa.

próprio aluno. (CAMPELO, 2009) 2007 apud SIVA,2010) Os facilitadores, no âmbi-


O professor apresenta pa-
Esse modelo de Rogers - to escolar, podem ser enxergados
pel fundamental para que aja a

SOB A ÓTICA DE CARL ROGERS


abordagem centrada na pessoa - apli- como os funcionários e os professo-
mudança de comportamento en-
cado ao contexto do bullying possi- res, desde que vivenciem estas con-
tre os alunos envolvidos com ca-
bilita o retorno da responsabilidade dições de facilitação. O ‘facilitador’
sos de bullying, uma vez que ele
pela própria pessoa, ou seja, faz com é o agente responsável por oferecer
deve se comportar como facilita-
que o aluno seja responsável por sua as condições necessárias e suficien-
dor para que esse processo ocorra.
própria vida. Desta forma, afirma Os indivíduos possuem den- tes (clima psicossocial não amea-
tro de si vastos recursos para
o poder de manutenção da discipli- autocompreensão e para çador) que serão importantes para
modificação de seus auto-
nada por parte do próprio aluno, conceitos, de suas atitudes e despertar o processo criativo de de-
comportamento autônomo.
que desenvolverá esse entendimento Esses comportamentos po- senvolvimento junto àqueles a quem
dem ser ativados se houver
inconscientemente. Contribuindo um clima, passível de defini- se dirige: os alunos (agressores e ví-
ção, de atitudes psicológicas
para a ressignificação da autodis- facilitadoras. (ROGERS, timas de bullying). (SILVA, 2010)
2007 apud SILVA, 2010)
ciplina: a volta da responsabilidade Em suma, tal abordagem,
O ambiente escolar tem que
pela própria atitude. (SILVA, 2010) colabora com o processo direcional
estar repleto de clima facilitador,
Seguindo este pensamento, na vida do estudante, baseando-se na
propiciando uma modificação no
pode-se afirmar que o praticante do confiança em todos os seres huma-
comportamento do aluno e o enca-
Bullying pode mudar seu comporta- nos, uma vez que há tendência natu-
minhando para a evolução rumo
mento errôneo, diante das circuns- ral ao desenvolvimento mais comple-
à maturidade psicossocial. Essa
tâncias em que ele perceba a gravi- to e complexo. Sendo extremamente
perspectiva contribui fortemente
dade de suas ações e que o mesmo é necessário combater a ideia de que a
oferecendo recursos também para
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 31
essência da pessoa é perigosa, deven- fiança, criatividade, automotivação

do ser ensinadas e controladas por e autonomia com que as pessoas são

aqueles que possuem uma autori- capazes de realizar suas inúmeras

dade superior. E comprova também potencialidades. (SILVA, 2010)

outro prisma eficiente e construtivo

para o estudante, apoiado na con- José Mário Soares Serra Júnior

DESEQUILÍBRIOS NA
APRENDIZAGEM
esse “status” reconhecido na
medida em que seus atos são riadas formas, como por exemplo,
observados e, de certa forma,

S egundo a pesquisa: Bullying

escolar no Brasil relatório fi-


consentidos pela omissão e
falta de reação dos atores
envolvidos. (CEATS e FIA,
as relações interpessoais, que em

muito colaboram para a formação


SOB A ÓTICA DE PIAGET

2010).
nal, realizada em março de 2010, dos valores, princípios, identidade
Diante desse tipo de com-
pelo Centro de Empreendedorismo e da personalidade dos indivíduos.
portamento, para que a escola per- Pais e professores não po-
Social e Administração em Tercei- dem esquecer que, no gru-
maneça como um dos espaços de po de colegas e amigos de
ro Setor – CEATS e Fundação Ins- seus filhos e alunos existem
desenvolvimento de indivíduos e fortes “rivais” que podem
tituto de Administração – FIA, em influenciar, de forma posi-
de formação de cidadãos faz-se ne- tiva ou negativa, toda a sua
escolas públicas e particulares em estrutura emocional. Por
cessária uma reflexão por parte dos exemplo, toda a sua estrutu-
cidades das 5 regiões do país os inci- ra emocional. Por essa razão
educadores a cerca do sistema de , é preciso ter flexibilidade e
dentes de bullying se mostram fre- humanidade para aprender
educação, de suas estratégias e as o “funcionamento” desses
quentes dentro do ambiente escolar. grupos de indivíduos : como
Na amostra pesquisada, as teorias que possam se tornar fontes pensam, que linguagem uti-
mais elevadas frequências lizam, que roupas vestem,
de bullying foram identifi- de soluções para modificar as ocor- que músicas ouvem e que
cadas entre adolescentes na ideologias fazem suas cabe-
faixa de 11 a 15 anos de ida- rências de bullying nesse ambiente. ças. Somente assim podere-
de e alocados na sexta série mos interferir, objetivamen-
do ensino fundamental. Os Entretanto, Percebe-se que te, nessa engrenagem tão
respondentes tiveram difi- solida e influente que rege
culdade para indicar moti- a atenção dos educadores devem o comportamento de muitos
vos que os levam a sofrer ou adolescentes. (SILVA, 2010,
a praticar agressões no con- estar focada atentos ao desenvolvi- p.65).
texto de seu relacionamento
com pares no ambiente es- mento cognitivo dos alunos porque Parafraseando SILVA, o
colar. Tendem a considerar
que os agressores são jovens além do conteúdo programático de comportamento dos jovens é fruto
que buscam obter populari-
dade junto aos colegas, que cada série, é principalmente no co- da cultura da qual estão inseridos,
necessitam ser aceitos pelo
grupo de referência e que tidiano do período escolar que ou- pois alguns são egocêntricos, trans-
se sentiram poderosos em
relação aos demais, tendo tros aprendizados se exibem de va- gressivos, buscam de forma desco-
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Piaget utilizou o modelo está tão errado quanto um
medida apenas o prazer individual biológico: o ser humano é outro que assassinou a espo-
guiado pela busca do equi- sa, seguindo o raciocínio he-
e imediato não se pautam em res- líbrio entre as necessidades teronômico.
biológicas fundamentais de autonomia: legitimação das
ponsabilidades, obrigações e des- sobrevivências e as agressões regras. O respeito a regras é
ou restrições colocadas pelo gerado por meio de acordos
respeitam os direitos individuais e meio para a satisfação dessas mútuos. É a última fase do
necessidades. Nessa relação, desenvolvimento da moral.
coletivos. (SILVA, 2010, p.63 e 64). a organização – como capaci- Tendo conhecimento que as
dade do individuo de condu- crianças e adolescentes se-
PIAGET, como teórico tas seletivas – é o mecanismo guem fases mais ou menos
que permite ao ser humano parecidas quanto ao desen-
construtivista, é conhecido pelo es- ter condutas eficientes para volvimento moral, cabe ao
atender às suas necessida- educador compreender que
tudo a respeito da Epistemologia des, isto é, à sua demanda há determinadas formas
de adaptação. (BOCK, 2008, de lidar com diferentes si-
genética, que explica a gênese do co- p.139). tuações e diferentes faixas
etárias. Cabe a ele, ainda,
nhecimento humano e como os in- Para Maria Aparecida Có- conduzir a criança na tran-
sição anomia - heteronomia,
divíduos aprendem em um ambiente ria Sabin, “A socialização é o pro- encaminhando-se natural-
mente para a sua própria au-
educativo. Do estudo de PIAGET cesso pelo qual o indivíduo adqui- tonomia moral e intelectual.
(BRASIL ESCOLA, 2011).
entende-se que “Estruturas cogni- re padrões de comportamentos que
Complementando esse pensa-
tivas são padrões de ação física e são valorizados pelo seu grupo e
mento, PIAGET explica que a mo-
mental subjacentes aos atos espe- adequados para a sua adaptação

SOB A ÓTICA DE PIAGET


ral é construída ao longo do tempo
cíficos de inteligência e correspon- ao seu ambiente social”. (CÓRIA-
a partir das relações do sujeito com
dem a estágios do desenvolvimento -SABINI, 1986, p.119). Percebe-
os diferentes ambientes e adultos.
infantil”. (VAZ e RAPOSO, 2011). -se que nesse conceito o foco da
Existem quatro estruturas Conclui-se que os compor-
cognitivas primárias - está- socialização é o desenvolvimento
gios de desenvolvimento - de tamentos agressivos têm origem
acordo com Piaget: senso- moral e Piaget entende que a moral
rial-motor, pré-operações, numa deficiência ou atraso no de-
operações concretas e opera- é dividida em três fases, são elas:
ções formais. No estágio sen- anomia, heteromia e autono- senvolvimento cognitivo geralmente
sorial-motor (0-2 anos), a in- mia. Sendo elas:
teligência assume a forma de anomia (crianças até 5 anos): na compreensão das relações inter-
ações motoras. A inteligência geralmente a moral não se
no período pré-operação (3-7 coloca, com as normas de pessoais. Cabe aos profissionais da
anos) é de natureza intuitiva. conduta sendo determinadas
A estrutura cognitiva duran- pelas necessidades básicas. educação conhecerem as fases do
te o estágio de operações con- Porém, quando as regras são
cretas (8-11 anos) é lógica, obedecidas, são seguidas pelo desenvolvimento moral e humano
mas depende de referências hábito e não por uma cons-
concretas. No estágio final ciência do que se é certo ou cada comportamento e assim com-
de operações formais (12-15 errado. Um bebê que chora
anos), pensar envolve abs- até que seja alimentado é um preender e conduzir os alunos á
trações. (VAZ e RAPOSO, exemplo dessa fase.
2011). heteronomia (crianças até uma autonomia intelectiva e moral.
9, 10 anos de idade): O certo
Porém, essas estruturas ten- é o cumprimento da regra e
qualquer interpretação dife-
dem a mudar de acordo com a capaci- rente desta não corresponde Érika Rominy S. R. SOUZA
a uma atitude correta. Um
dade seletiva do individuo diante das homem pobre que roubou um
remédio da farmácia para
realizações ou restrições vivenciadas. salvar a vida de sua esposa
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BULLYING SOB O OLHAR
CONSTRUTIVISTA
J ean Piaget nasceu em Neu- -americanas. Morreu em 1980 em bre o objeto de conhecimento para
châtel, Suíça, em 1896. Aos 10 Genebra, Suíça. (BALESTRA 2009)

anos publicou seu primeiro artigo Para Piaget, a inteligên-


inseri-lo num sistema de relações.

A partir de resultados

científico, sobre um pardal albino. cia é o mecanismo de adaptação oriundos de suas pesquisas bioló-

Desde cedo interessado em filo- do organismo a uma situação nova gicas, Piaget concluiu que todas as

sofia, religião e ciência, formou- e, como tal, implica a construção espécies herdam duas tendências

-se em biologia na universidade de contínua de novas estruturas, (PA- básicas: organização e adaptação.

Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se LANGANA 1994). Esta adaptação Organização - combinação, or-

para Zurique, onde começou a tra- refere-se ao meio exterior. Os in- denação, recombinação, reor-
SOB A ÓTICA DE PIAGET

balhar com o estudo do raciocínio divíduos segundo Piaget se desen- denação de comportamentos e

da criança sob a ótica da psicologia volvem intelectualmente a partir pensamentos em sistemas coe-

experimental. Em 1924, publicou de exercícios e estímulos oferecidos rentes, (PALANGANA 1994).

o primeiro de mais de 50 livros, pelo meio em que vivem, (PIAGET Adaptação - As pessoas

A Linguagem e o Pensamento na 1967). Para Piaget o comportamen- também herdam a tendência de se

Criança. Antes do fim da década to de cada um de nós é construído adaptarem ao seu meio ambien-

de 1930, já havia ocupado cargos numa interação entre meio e o in- te, (PALANGANA 1994). E a

importantes nas principais univer- divíduo. Esta teoria é caracteriza- adaptação engloba dois processos

sidades suíças, além da diretoria da como interacionista, (PIAGET básicos: assimilação e acomoda-

do Instituto Jean-Jacques Rousse- 1967). Quanto mais complexa for ção. Segundo Piaget, organizar,

au, ao lado de seu mestre, Édouard esta interação, mais "inteligente" assimilar e acomodar podem ser

Claparède (1873-1940). Foi também será o indivíduo. Para Piaget a es- vistos como um ato complexo de

nesse período que acompanhou a trutura de maturação do indivíduo estabilização. (PIAGET 1967).

infância dos três filhos, uma das sofre um processo genético e a gê- Ele Afirma que as mudanças efe-

grandes fontes do trabalho de ob- nese depende de uma estrutura de tivas no pensamento ocorrem devi-

servação do que chamou de "ajus- maturação, (PIAGET 1967). Sua do a um processo de acomodação.
Se aplicarmos um esquema
tamento progressivo do saber". Até teoria nos mostra que o indivíduo específico a uma determina-
da situação e este funcionar,
o fim da vida, recebeu títulos ho- só recebe um determinado conhe- então existe tal equilíbrio,
mas se o esquema não produ-
norários de algumas das principais cimento se estiver preparado para zir um resultado satisfatório
então existe o desequilíbrio.
universidades europeias e norte- recebê-lo. Ou seja, se puder agir so- Por isso estamos em cons-
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 34
tante processo de assimilação possível maneira de solucionar o pro- lescentes dentro de seus estágios de
e acomodação e com isso nos-
so pensamento muda e pro- blema. Uma vez que segundo Piaget desenvolvimento as noções de jus-
gride continuamente. (PIA-
GET 1967). existe um desenvolvimento da moral tiça e cumplicidade apelando para
Seguindo o tema proposto de
que ocorre por etapas, de acordo com seu desenvolvimento e inteligência..
se relacionar as teorias em foco com
os estágios do desenvolvimento hu-
o tema em estudo, no caso o bullying
mano, (PIAGET 1967), seria então Maria de Fátima da Costa Marques
podemos inferir que a teoria de Pia-
possível trabalhar crianças e ado-
get muito tem a contribuir em uma

AUTONOMIA SÓ APARECE
COM RECIPROCIDADE
foi à concepção de inteli-

N ascido em 1896, o suíço que diz respeito ao fato de julgar

Jean Piaget demonstrou conhecer ou entender tal ques-

desde cedo sua admiração pela tão apenas fazendo-se um “pré-


gência enquanto algo liga-
do à ação e à adaptação ao
meio.
Para Parrat (2003), Piaget

descoberta e análise da Organi- -julgamento” e também do que o tentava explicar em sua teoria que

SOB A ÓTICA DE PIAGET


zação sistematizada dos dados co- empírico, que pregava que apenas o conhecimento não pode ser sim-

letados, tanto que aos onze anos por meio de testes se consegui- plesmente imposto pelo meio ao

publicou em pequeno artigo cien- ria decifrar e entender qualquer sujeito, por meio do empirismo,

tífico a respeito de suas observa- questão. Era a combinação da fazendo uma espécie de espelho

ções de uma ave albina. Foi, du- criança com o meio em que ela do ambiente apenas, nem, com

rante a adolescência, auxiliar do vive, ou com as palavras de Pia- efeito, esse conhecimento estaria

Diretor do Museu de História de get, é o social mais o objeto que pré-concebido na criança aguar-

Neuchâtel, e lá se interessou por forma um ambiente propício ao dando apenas sua maturação, o

estudar malacogia, chegando a conhecimento. (PARRAT, 1998). que ele denomina de apriorismo.

publicar pouco depois, vários ar- S e g u n - Em se tratando de um “Pia-

tigos sobre o tema, que são devida- do CAETANO (2011), get educador”, para que se compre-
A formação inicial de Pia-
mente reconhecidos pela comuni- get na biologia influenciou enda a evolução do pensamento da
todo o desenvolvimento da
dade científica. (PARRAT, 1998). teoria da epistemologia, criança com relação a valores uni-
pois na perspectiva dos ins-
Piaget formulou a teo- trumentos utilizados por versais, Piaget também elaborou
ele como comprovadores
ria da epistemologia do conhe- empíricos, sempre basea- estudos de notável importância.
dos em métodos científicos
cimento, que era mais do que a rigorosos, ou seja, passíveis Piaget (1977) critica ver-
de serem copiados. Como
teoria do conhecimento apriori, segunda influência da bio- tiginosamente os professores que
logia na teoria piagetiana
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 35
possuem prazer em punir e em sabem fazer escolhas e não se per- terminante para esses suicídios.

usar autoridade para quebrar a mitem evoluir, seja em termos de O Ministério da Educação so-

vontade, o entusiasmo da crian- experiências profissionais ou em licitou então, uma pesquisa so-

ça, objetivando, com isso, ensinar seus relacionamentos pessoais. bre o tema, e como resultado, ele

comportamentos morais. Ele rea- (Piaget, 1977; Wasserman, 1998). criou o programa antibullying.

firma que nas interações sociais E nessa questão, reside o A abordagem sobre o que

onde predomina o respeito unila- fenômeno bullying, que segun- é ou não bullying diverge por ve-

teral haverá a heteronomia, e que do a professora Dra. Cleo Fante, zes, quando estudiosos afirmam

a autonomia só aparece com a reci- pioneira nos estudos do fenômeno erroneamente que bullying é ca-

procidade, quando o respeito mú- bullying no país, bullying é uma racterizado por agressões, humi-

tuo está evidente, para que o edu- “palavra de origem inglesa, adota- lhações e até mesmo preconcei-

cador experimente interiormente da em muitos países para definir tos sem levar em conta o caráter

a necessidade de abordar os ou- o desejo consciente e deliberado de repetitivo, a questão que deve ter
SOB A ÓTICA DE PIAGET

tros como gostaria de ser tratado. maltratar outra pessoa e colocá- ocorrido entre pares e também que

Por um lado, temos um caminho: -lo sob tensão” (FANTE, 2005). sempre há no bullying, relação
No Brasil, adotamos o ter-
da obediência, da rigidez, do cum- mo que, de maneira geral, de hierarquia entre os agressores
é empregado na maioria
primento da regra, da exigência dos países: bullying, Bully, e as vítimas. Discussões ou brigas
enquanto nome é traduzido
pelos comportamentos adequados como “valentão”, “tirano”, pontuais não são bullying (VI-
e como verbo, “brutalizar”,
seguindo uma ameaça de puni- “tiranizar”, “amedrontar”. NHA. 2011). Conflitos entre pro-
Dessa forma, a definição
ção ou de castigos. No entanto, de bullying é compreendi- fessor e aluno ou gestor também
da como um subconjunto
inúmeros estudos (Piaget, 1977; de comportamentos agres- não é bullying (FANTE, 2005).
sivos, sendo caracterizado
Milgran, 1974; Kolhberg, 1986) por sua natureza repetitiva Precisa-se urgente de mais
e por desequilíbrio de poder
têm comprovado que as pessoas (FANTE, 2005, pág. 28). programas com o caráter dos já

que foram vítimas do autoritaris- Apesar de o bullying ter elaborados pela Dra. Cleo Fan-

mo de seus pais e professores que sempre existido, até mesmo antes te (Educar para a paz) e tam-

utilizaram castigos e punições do surgimento das escolas, pionei- bém pelo professor Dan Olweus

serão, frequentemente, na vida ramente, o professor Dan Olweus (Bullying Prevention Program).

adulta pessoas que para se senti- (2011) foi o primeiro a ligar o E um dos embasamentos para ela-

rem felizes precisam dominar os termo ao fenômeno. Ao pesqui- boração de uma metodologia para

outros ou serem dominados por sar sobre o suicídio de três ado- compreender e principalmente,

eles e assim nunca admitem um lescentes noruegueses em 1983, posteriormente erradicar a idéia

erro, não permitem que os outros Olweus percebeu que era cabível de inferioridade que essas crian-

possam estar certos, ou ainda, não de ter sido o bullying, o fator de- ças presenciam-nos os mais diver-
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sos âmbitos de sua convivência. da, fundamentada em pesquisas respeito mútuo entre o professor e

A ideia que Piaget defende realizadas durante aproximada- o indivíduo, sem a necessidade de

segundo Parrat (2001) é bem mais mente 50 anos. Tendo tido o tem- punições, palavras depressivas ou

concreta: trata-se apenas de criar po que Vygotsky não teve, e sem a até mesmo agressões verbais. Uma

em cada pessoa um método de censura que este teve, para fazer vez que as crianças sofrem com

compreensão e reciprocidade. Que as correções de rumo e construir essas “punições”, há uma grande

cada um, sem abandonar seu pon- um "edifício teórico" majestoso. probabilidade que elas venham a

to de vista, e sem procurar supri- Este estudo teve por obje- ser bully ou vítimas do fenômeno

mir suas crenças e seus sentimen- tivo esboçar de forma resumida a bullying, tema que também foi

tos, que fazem dele um homem biografia de Piaget, com ênfase em abordado ao longo do artigo, diver-

de carne e osso, associado a uma suas obras que se referem à psico- sos fatores como sua definição, a

porção bem delimitada e bem viva logia da aprendizagem. Percebe-se distinção sobre o que é e o que não

do universo, aprenda a se situar que apesar de Piaget não ter traba- é bullying, as formas de bullying

no conjunto dos outros homens. lhado muito com essa questão (se e onde geralmente ocorrem.

Quanto à comparação com comparada, por exemplo, a teoria

SOB A ÓTICA DE PIAGET


Vygotsky de qual teoria seria epistemológica do conhecimento), Jonas Sales Fernandes

mais concreta, Piaget leva uma mas suas pesquisas nesse campo

vantagem sobre Vygotsky por ter foram de grande valia para a edu-

construído uma teoria mais sóli- cação, pois mostra que é possível o

JEAN PIAGET E O BULLYING:


A DISCIPLINA ESCOLAR ENTENDIDA
PELA CONCEPÇÃO DA MORALIDADE
A o estudar o desenvolvimento tas e observações de crianças postas

moral, Piaget, centrou sua em jogos de regras. E através destas


moral. Na fase de heteronomia mo-

ral, a criança trata as regras como

preocupação no aspecto específico pesquisas, concluiu que havia dife- absolutas, imutáveis, intangíveis.

do julgamento moral e nos proces- renças se tratando do respeito às re- As regras sãos vistas por elas como

sos cognitivos que estavam relacio- gras por parte de crianças de idades tendo certo teor religioso podendo

nados a ele. Estudando o desenvol- diferentes; o que ele definiu e pas- ser enxergadas como vindas da pró-

vimento moral, propôs uma série de sou a chamar mais tarde de fases de pria divindade. Nessa fase, a criança

estágios, usando como base entrevis- anomia, heteronomia e autonomia passar a julgar a ação como boa ou
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 37
não de acordo com as conseqüências sam a ser consideradas pela criança idades jogando bolinhas e pergun-

dos atos, sem uma análise minuciosa e a obrigação é vista de acordo com tou-lhes: quais eram as regras do

e sem também observar as intenções a reciprocidade. A criança é vis- jogo? De onde vinham? Podiam

do autor da ação. Acredita que se ta pela moral da igualdade ou de ser modificadas? (RUIZ, 2003)

um indivíduo foi punido por conta reciprocidade; nota as regras pro- A partir daí levantou três

de uma determinada ação, esta ação postas e as mantêm sob o consenso questões fundamentais para a mo-

é errada. (FERRACIOLI, 1999) social. Ele constatou na idade dos ralidade: “Conhecimento da lei”,

A criança tende considerar 10 anos que a criança começa a en- “Origem ou fundamento da lei”, “

que sempre que alguém sofre algu- tender a regra como resposta a livre Mutabilidade ou não da lei”. Em

ma punição, é porque este alguém decisão, que pode ser alterada e a relação às regras do jogo, encontrou

deve ter feito algo de errado, re- ver também como digna de respei- níveis diferentes tanto de consciên-

percutindo uma conexão absoluta to, a partir de que reciprocamente cia das regras como sobre sua prá-

entre a punição e o erro. Para uma consentida. (FERRACIOLI, 1999) tica. No primeiro, estádio (crianças
SOB A ÓTICA DE PIAGET

criança de seis anos, se um menino Para Piaget, toda moral é até 2 anos) as crianças simplesmen-

deixar seu doce cair em um lago ele formada por um sistema de regras te jogam, para isso não estipulam

é culpado por ter sido “tonto” e não e a moralidade é advinda a partir nenhuma regra ou lei, é tornam

deve ganhar outro doce. Esta mesma do respeito que o indivíduo possui o jogo meramente uma atividade

criança, por exemplo, dirá provavel- por estas mesmas regras.Tomando motora, não tendo consciência de

mente que um menino que quebrou essa idéia como ponto de partida, regras. No segundo estádio (crian-

cinco copos ao ajudar a mãe é mais Piaget, se posicionou a estudar esse ças de 2 a 6 anos) a criança passa

“tonto” do que outro que tenha que- dilema em dois níveis: a consciên- a observar os maiores jogando e co-

brado um copo enquanto roubava cia (intelecção) que se mantêm das meça a imitá-los, segundo o ritual

geléia. A partir daí, Piaget concluiu regras, e a sua colocação em práti- que observa. A criança já nota que

que a criança pequena apresenta ca. Ele quis buscar qual era o grau existem as regras que regulam a

dificuldade para levar em conta as de correspondência que havia entre atividade e as ver como sagradas e

circunstâncias amenizantes, já um a consciência (conhecimento) e a invioláveis. Mesmo que ainda não

adolescente julga de acordo com prática das regras. Escolheu para saiba as regras do jogo, ela não joga

equivalências intuitivas, sendo ca- esse experimento um jogo que era "com os outros", ela joga como que

paz de pensar em termos de possi- de conhecimento das crianças, o sozinha, tornando a atividade ego-

bilidades e de um número maior de jogo de bolinhas de gude. Um jogo cêntrica, mesmo estando jogando

alternativas Na fase da autonomia que detêm muitas regras e que são com as outras crianças. É uma ati-

moral (entre 8 e 12 anos) o propósi- relativamente complicadas. Ob- vidade que produz prazer psicomo-

to e as consequências das regras pas- servou meninos nas mais variadas tor. No terceiro estádio (entre os 7 e
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10 anos ) a criança passa do prazer da perspectiva da teoria de Piaget, ausência de regras, por não conhecer

psicomotor dos estádios anteriores pode ser analisada baseando-se jus- ou por sentir a necessidade de tê-las,

ao prazer da competição segundo tamente na ideia do desenvolvimen- pois a criança apenas brinca para

uma série de regras e um consenso to da moralidade. O estabelecimento satisfazer a suas necessidades moto-

comum. Neste estádio, ainda domi- de regras e a maneira como os alunos ras. E no estádio da heterominia o

nado pela ‘heteronomia moral’, as vão entendê-las está centrada nessa aluno começa a perceber as regras,

regras são enxergadas como sagra- reflexão sobre a indisciplina. Pois ao mas entendem as regras como exte-

das, e são reconhecidas como ne- se pensar a relação entre moralidade riores ao seu processo de ‘brincar’. E

cessárias para que o jogo funcione e indisciplina deve-se sempre ficar quando enfim atingem o estádio de

corretamente. Surge um forte desejo atento aos princípios relacionados autonomia, no começo da adolescên-

de compreender as regras e de jogar às regras impostas e criadas pela cia, enxergam as regras como sendo

respeitando-as. As crianças vigiam- própria escola: deve-s atentar tam- próprias do individuo na sua relação

-se mutuamente para se certifica- bém como a justiça é feita e como as com o outro. Portanto, a questão da

rem de que todos que jogam estão regras são executadas no interior da disciplina pode ser entendida a par-

respeitando as regras. No quarto escola, seguindo a idéia do princi- tir da interação que o individuo – no

SOB A ÓTICA DE PIAGET


estádio (entre 11 e 12 anos) se ca- pio da ‘coação’. Ou seja, para definir caso o aluno - mantêm para com o

racteriza pela passagem para a ‘au- se um ato é indisciplinado ou não conjunto de regras. (GODOY, 2006)

tonomia moral’. Onde o adolescente é necessário conhecer a origem das Em seus estudos, Piaget,

já é capaz de raciocínio abstrato e regras que regem a escola do qual percebe também que as concepções

as regras já são bem assimiladas. Há o aluno faz parte. (GODOY, 2006) infantis que se relacionam ao dever

um grande interesse em estudar as Segundo Piaget, as desor- moral (o dever, em sua visão, é co-

regras em si mesmas, discutem mui- dens no meio escolar, em especial locado como heterônomo) são enten-

tas vezes sobre quais as regras que o Bullying, podem ser resolvidas didas apenas de uma forma, como

vão usadas para o jogo. Para Piaget levando em consideração as etapas ‘advindas do adulto responsável por

o desenvolvimento da moralidade que levam a concepção de mora- ela’. O aluno tem como primeira mo-

se dar principalmente através da lidade por parte das crianças e os ral a ideia da obediência e o critério

atividade de cooperação, do conta- adolescentes. Ele propõe que os edu- sempre considerado é a vontade dos

to com iguais, da relação com com- cadores e demais atuantes da área pais. Já na fase intermediária ‘de

panheiros e do desenvolvimento da da educação possam se atentar aos interiorização e generalização das

inteligência. (FERRACIOLI, 2003) estádios pelos quais passam os alu- regras’ é que o aluno passa a respei-

A questão do bullying a in- nos. Deve notar que é no estádio da tar a regra em si e não às ordens do

disciplina escolar vista sob o prisma autonomia, que o aluno possui total adulto. E ao atingirem a fase se-

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 39
guinte ‘da autonomia’, o aluno passa outro e a perceber o quão grave pode regras ou o desconhecimento delas

a entender que o dever vem da re- ser suas atitudes para com os colegas pode ser apontado como um dos fa-

ciprocidade, ou seja, é aqui que ele (no caso de agressões verbais, físicas, tores desencadeantes do ato da in-

começa a fazer reflexão sobre suas desordem etc). E também surge a ca- disciplina escolar – o bullying. A

próprias atitudes e a coordenar as pacidade de cooperação para com disciplina deve ser mantida obser-

ações dos outros. É nessa fase que as atividades e para com o respeito vando esses estádios e entendendo

pode melhor ser trabalhado o en- das regras, porque é nesse momento que indivíduos independentes não

tendimento sobre o bullying, porque que também surge o senso de justiça são exatamente disciplinados, mas

aqui o aluno já não mais confunde o caracterizado de acordo com a so- são indivíduos que podem ser capa-

seu ponto de vista com o dos outros ciedade em que vive. (RUIZ, 2003) zes de analisar as regras através de

colegas; é capaz de selecionar o seu Desta forma, observa-se que uma reflexão própria e se posiciona-

olhar crítico e coordenar de acordo toda moral está de acordo com um rem diante delas. (GODOY, 2006)

com o dos outros, e assim os debates sistema de regras, e a construção da

sobre os mais variados assuntos se moralidade deve ser analisada de José Mário Soares Serra Júnior

tornam possíveis. É nessa fase que o acordo como o individuo responde

SOB A ÓTICA DE PIAGET


aluno começa a se ver na situação do a essas regras. Ou seja, a revolta às

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 40
CONTRA O BULLYING
ÊNFASE NAS RELAÇÕES
SOCIAIS
ambiente), toda a sua bio-
outros “rivais” que disputam com logia pode ser alterada de
forma positiva ou negativa.

O bullying é um fenômeno re- pais e professores a ascendência

corrente em escolas públicas educativa sobre os jovens como:

ou privadas em todo o mundo. Para


a cultura televisiva: o univer-
so da propaganda, da inter-
São, em especial, as nossas
relações interpessoais que
mais influenciam a biologia
cerebral (SILVA, 2010, p.73
e 74).
net, da música, do consumo,
caracteriza-lo deve se levar em conta das drogas (...). Nós adultos Vigotsky, pensador socio-
precisamos entender e acei-
a prática de ações intencionalmente tar que todos esses intrin- construtivista, define dois está-
cados processos influenciam
violentas, repetidas e sem motivo diretamente o comporta- gios no desenvolvimento infantil.
mento da juventude e provo-
aparente contra alguém (mais fra- cam a maioria dos conflitos O nível de desenvolvimento real
entre as diferentes gerações
co), sem condições de se defender. (SILVA, 2010, p.65 e 66). que leva em conta o que a criança

SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY


De acordo com a pesquisa As diferenças entre alunos consegue realizar por si própria

realizada com 3.722 alunos dos últi- devem ser encaradas, na medida e o nível de trata da distância de

mos anos do ensino fundamental de em que aparecem, como uma opor- realização da criança, a partir do

três condados no Estado da Carolina tunidade de aprender com o próxi- que já produz com o que poderá

do Norte, nos Estados Unidos pela mo e, desenvolver a si mesmo. Esse realizar se tiver auxílio de outros.

Universidade da Califórnia publi- pensamento pode ser incorporado O desenvolvimento real é:


o nível de desenvolvimen-
cada no American Sociological Re- pela escola e seu educadores para to das funções mentais da
criança que se estabeleceram
view. “O bullying é praticado como que seja implementado entre alu- como resultado de certos ci-
clos de desenvolvimento já
uma forma de ganhar popularidade, nos, principalmente com advento completados. Quando deter-
minamos a idade mental de
e seus alvos nas escolas são garotos dos contextos de desavenças, pois se uma criança usando testes,
estamos quase sempre tra-
com status médio ou alto entre seus sabe que elas acontecem principal- tando do nível de desenvol-
vimento real. Nos estudos
colegas”. (R7 NOTÍCIAS, 2011). mente pelas diversidades na con- do desenvolvimento mental
das crianças, geralmente
“Pais e professores não po- duta e de cultura dos indivíduos. admite-se que só é indicati-
O que herdamos e manifes- vo da capacidade mental das
dem esquecer que, no grupo de tamos desde as mais tenras crianças aquilo que elas con-
idades é uma predisposição seguem fazer por si mesmas
colegas e amigos de seus filhos e para desenvolvermos deter- (VIGOTSKY 1988,p. 111,).
minados padrões de pensa-
alunos, existem fortes rivais que mento e de comportamento. Já o desenvolvimen-
Em outras palavras: o pen-
podem influenciar de forma posi- sar e o agir de cada indivi- to proximal são aquelas
duo não estão previamente funções que ainda não
tiva ou negativa, toda a sua estru- moldados em seus circuitos amadureceram, mas
neuronais. De acordo com
tura emocional”. (SILVA, 2010). as vivencias, o cérebro reage que estão em processo
ao ambiente externo e, nes- de maturação, funções
Silva chama a atenção para sa interação (cérebro-meio que amadurecerão, mas
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 41
que estão presentemente em relacionamentos e exposição de opi-
estado embrionário. Essas
niões dando valor ao conhecimento
funções poderiam ser chama-
das de “brotos” ou “flores” do e sentimento do aluno sobre esse tipo
desenvolvimento, ao invés de
“frutos” do desenvolvimento. de violência e como pensam que ela
O nível de desenvolvimento
real caracteriza o desenvol- pode ser evitada e combatida pode,
vimento mental retrospecti-
vamente, enquanto a zona de mediada pelo professor, gerar ações
desenvolvimento proximal
caracteriza o desenvolvimen- a serem implementadas pela escola.
to mental prospectivamente
(VIGOTSKY,1988, p. 113). (VIGOTSKY,1988, p. 110 a 113).
a distância entre o nível do
Na visão socioconstruti- desenvolvimento real, que se
costuma determinar através
vista os relacionamentos inter- da solução independente de
problemas, e o nível de de-
pessoais são o que potenciali- senvolvimento potencial, de-
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY

terminado através da solução


za o desenvolvimento humano. de problemas sob a orienta-
ção de um adulto ou em co-
Entende-se de que no pen- laboração com companheiros
mais capazes. (VIGOTSKY,
samento construtivista, a aprendi- 1988, p. 112).

zagem se dá por meio dos processos Nesse sentido, é em grande

sociais e não apenas internos. Em parte pela observação na fala e na

sua teoria, distende sobre a impor- experiência do outro que os indiví-

tância dos relacionamentos inter- duos percebem atitudes e reconhe-

pessoais enfatizando a troca de ex- cem sentimentos e enfim apren-

periências, a cultura, a observação, dem, desenvolvem-se. A ajuda quer

o convívio e diálogos entre pessoas, seja pela experiência ou opinião

principalmente diferentes em grau num espaço de debate pode ser po-

de instrução, para a aquisição de co- sitiva no combate ao bullying, pois

nhecimento e desenvolvimento hu- dá ênfase às relações sociais dentro

mano efetivo. (PAGANOTTI,2011). do microssistema que é a escola.

Cabe à escola com seus edu-

cadores atentar para que a apren- Érika Rominy S.R. Souza

dizagem dos alunos não seja com-

prometida obsevar e identificar a

capacidade dos alunos. Em um con-

texto violento como o de Bullying,

dar ênfase para os debates em salas,

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 42
TRABALHANDO O BULLYING
SOB UMA PERSPECTIVA
VIGOTSKYANA
Ao longo de seus textos Lev Esta teoria da zona de desen-

L ev Semenovich Vygotsky Semenovich Vygotsky, recorre fre- volvimento proximal de Vygotsky

Nasceu em 1896 em Orsah, quentemente a situações extraídas

uma cidade provinciana perto de de obras literárias, ele escreveu


abrange uma perspectiva psicológi-

ca geral sobre o desenvolvimento da

Minsk, a capital da Bielo-Rússia, aproximadamente 200 trabalhos criança com uma perspectiva peda-

região então dominada pela Rús- científicos, cujos temas vão desde gógica sobre o ensino. (DANIELS.

sia. (VEER & VALSINER .1991). neuropsicologia até criticas lite- 2002), ou seja, este conceito subjaz

Segundo Veer e Valsiner 1991 Seus rárias, passando por deficiência, que o desenvolvimento psicológico

pais eram de uma família judai- linguagem, psicologia, educação e o ensino são socialmente enqua-

SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY


ca, não muito religiosa, culta e e questões teóricas e metodológi- drados e que para entendê-los é pre-

com boas condições econômicas, cas relativas às ciências humanas. ciso analisar a sociedade que cerca

o que permitiu a Vygotsky uma (VEER & VALSINER .1991). Uma o individuo e suas relações sociais.

formação sólida desde criança. de suas contribuições mais conheci- Segundo Vygotsky, apenas
Vygotsky recebeu sua instru-
ção inicial com professores das é a sua teoria de Zona de Desen- as funções psicológicas elemen-
particulares, e mais tarde
frequentou as duas turmas volvimento Proximal, para explicar tares se caracterizam como refle-
mais adiantadas do Gym-
nasium judeu particular em a dinâmica de Desenvolvimento do xos. Os processos psicológicos mais
Gomel, graduando-se com
medalha de ouro em 1913. QI. Vygostky defende sua teoria complexos - ou funções psicológi-
Sua instrução posterior foi
influenciada pelo fato de ele postulando que o estabelecimento cas superiores, que diferenciam os
ser judeu, em primeiro lugar
a Rússia Czarista instituiu dessa zona tornaria possível saber humanos dos outros animais - só
uma cota para admissão de
judeu em instituição de en- em qual fase de desenvolvimento se formam e se desenvolvem pelo
sino superior... Na prática
isso significava que os alu- humano estaria a pessoa em análise. aprendizado. Entre as funções com-
nos com medalha de ouro Fica bastante claro em vários
tinha admissão garantida, comentários de Vygotsky, plexas se encontram a consciência
porém, quando Vygotsky es- (por exemplo, sua afirmação
tava fazendo seus exames o de que a zona de desenvol- e o discernimento. "Uma criança
ministro da educação divul- vimento proximal “revela
gou uma circular declaran- os resultados de amanhã”, nasce com as condições biológi-
do que os alunos judeus de- que o estabelecimento dessa
veriam ser matriclados por zona “é um meio magnífico cas de falar, mas só desenvolverá a
sorteio, isso foi um duro gol- de prognóstico” e que pode-
pe...Por sorte ele foi um dos mos saber o que irá aconte- fala se aprender com os mais velhos
poucos felizardos e começou cer com essa criança...caso
a estudar Direito na Univer- outras condições... permane- da comunidade", (REGO.2010).
sidade de Moscou. (VEER & çam as mesmas”) (VEER &
VALSINER .1991). VALSINER .1991) Outro conceito-chave de

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 43
constrangimento, ameaça,
Vygotsky é a mediação. Segundo a te- intimidação, ridiculariza- no cotidiano das escolas, inserindo-
ção, calúnia, difamação, dis-
oria vygotskiana, toda relação do in- criminação, exclusão, dentre -as como temas transversais em to-
outras formas, com o intuito
divíduo com o mundo é feita por meio de humilhar, menospre- dos os momentos da vida escolar.
zar, inferiorizar, dominar.
de instrumentos técnicos - como, por (FANTE.2005). (LOPES NETO 2005). Sendo assim

exemplo, as ferramentas agrícolas, Sob essa ótica seria possível deve-se encorajar os alunos a parti-

que transformam a natureza - e da trabalhar os alunos a se desenvolve- ciparem ativamente da supervisão

linguagem - que traz consigo concei- rem socialmente, aplicando os pres- e intervenção dos atos de bullying,

tos consolidados da cultura à qual supostos vigostikyanos de que o meio pois o enfrentamento da situação pe-

pertence o sujeito. (REGO.2010). social interfere no desenvolvimento las testemunhas desses atos demons-

Dentro da perspectiva de psicológico do ser humano, para isso tra aos autores que eles não terão o

Vygotsky, conforme exposto acima, seria necessário educar essas crianças apoio do grupo e é consenso entre os
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY

de que o aprendizado do ser humano e adolescentes envolvidos em caso de pesquisadores que sem uma plateia

se dar em contato com o meio social, bullying, quer como agressores quer que apoie os agressores ficariam

que a cultura torna-se parte da na- como vítimas, a aprenderem princí- mais intimidados em praticar essas

tureza humana em um processo his- pios comuns de tolerância e aceita- ações covardes contra seus pares.

tórico e que leva ao desenvolvimento ção das diferenças. Segundo NETO,


O envolvimento de profes-
da espécie e do indivíduo aperfeiço- sores, funcionários, pais e Maria de Fátima da Costa Marques
alunos é fundamental para
ando seu funcionamento psicológico a implementação de projetos
de redução do bullying. A
poder-se-ia trabalhar a questão do participação de todos visa es-
tabelecer normas, diretrizes
bullying nas escolas, tema larga- e ações coerentes. As ações
devem priorizar a conscien-
mente discutido atualmente em todo tização geral; o apoio às ví-
timas de bullying, fazendo
mundo e que tem despertado cres- com que se sintam protegi-
das; a conscientiza ção dos
cente interesse nas diversas ciências agressores sobre a incorreção
de seus atos e a garantia de
e esferas sociais. Segundo Fante; um ambiente escolar sadio
O bullying é uma forma de e seguro. (LOPES NETO
violência que ocorre na re- 2005).
lação entre pares, sendo sua
incidência maior entre os es- A partir das pesquisas rea-
tudantes, no espaço escolar.
É caracterizado pela inten- lizadas foi possível inferir que o fe-
cionalidade e continuidade
das ações agressivas contra a nômeno bullying é complexo e de di-
mesma vítima, sem motivos
evidentes, resultando danos e fícil solução, portanto seria preciso
sofrimentos e dentro de uma
relação desigual de poder, o que o trabalho fosse continuado. Se-
que possibilita a vitimação.
É uma forma de violência gundo Lopes Neto as ações para pre-
gratuita em que a vítima é
exposta repetidamente a uma venção são relativamente simples e
série de abusos, por meio de
de baixo custo podendo ser incluídas
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 44
OBULLYING EM RELAÇÃO ÀS
IDEIAS “SOCIO-INTERACIONISTA”
DE VIGOTSKY
L ev Semenovich Vygotsky nas- cada vez mais nas últimas décadas, bre o suicídio de três adolescentes

ceu em 1896 na cidade de Or- em evidenciar as diferenças en-

sha, na Rússia, e morreu em Moscou tre as crianças e nesse ponto, pode


noruegueses em 1983, Olweus per-

cebeu que era cabível de ter sido o

em 1934, com apenas 38 anos. Ele originar-se um fenômeno que tem bullying, o fator determinante para

fez seus estudos na Universidade de aumentando bastante, o bullying. esses suicídios. O Ministério da

Moscou para tornar-se professor de Segundo a professora Dra. Educação solicitou então, uma pes-

Literatura. De início, sua principal Cleo Fante, que é pioneira nos es- quisa sobre o tema, e como resultado,

preocupação era com a vida artísti- tudos do fenômeno bullying no ele criou o programa antibullying.

ca. Mas, a partir de 1924 sua vida país, bullying é uma “palavra A abordagem sobre o que é

SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY


mudou, e passou a se interessar por de origem inglesa, adotada em ou não bullying diverge por vezes,

psicologia evolutiva, educação e psi- muitos países para definir o de- quando estudiosos afirmam errone-

copatologia (VYGOTSKY, 2001). sejo consciente e deliberado de amente que bullying é caracteriza-

Devido a vários fatores, in- maltratar outra pessoa e colocá- do por agressões, humilhações e até

clusive a situação política entre -lo sob tensão” (FANTE, 2005). mesmo preconceitos sem levar em
No Brasil, adotamos o ter-
Estados Unidos e União Soviética mo que, de maneira geral, conta o caráter repetitivo, a questão
é empregado na maioria
após a última guerra, as obras de dos países: bullying, Bully, que deve ter ocorrido entre pares e
enquanto nome é traduzido
Vygotsky ficaram por muito tem- como “valentão”, “tirano”, também que sempre há no bullying,
e como verbo, “brutalizar”,
po fora do conhecimento princi- “tiranizar”, “amedrontar”. relação de hierarquia entre os
Dessa forma, a definição
palmente, do mundo ocidental. E de bullying é compreendi- agressores e as vítimas. Discussões
da como um subconjunto de
quando enfim a Guerra Fria aca- comportamentos agressivos, ou brigas pontuais não são bullying
sendo caracterizado por sua
bou, seus trabalhos começaram a natureza repetitiva e por de- (VINHA. 2011). Conflitos entre
sequilíbrio de poder (FAN-
vir à tona. (VYGOTSKI, 2001). TE, 2005, pág. 28). professor e aluno ou gestor também

Com base em Vygotsky Apesar de o bullying ter não é bullying (FANTE, 2005).

(2001), “o desenvolvimento intelec- sempre existido, até mesmo antes Precisa-se urgente de mais

tual das crianças ocorre em fun- do surgimento das escolas, pionei- programas com o caráter dos já elabo-

ção das interações sociais e con- ramente, o professor Dan Olweus rados pela Dra. Cleo Fante (Educar

dições de vida” Mas essa forma de (2011) foi o primeiro a ligar o ter- para a paz) e também pelo professor

aprendizagem, vem acarretando mo ao fenômeno. Ao pesquisar so- Dan Olweus (Bullying Prevention

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 45
Program). E um dos embasamentos todologia de pesquisa e de análise.

para elaboração de uma metodolo- Este estudo teve por objetivo

gia para compreender e principal- conceituar o bullying, ligar o termo

mente, posteriormente erradicar bullying ao fenômeno (pioneira-

a idéia de inferioridade que essas mente feito por Dan Olweus), ana-

crianças presenciam-nos os mais di- lisar as ideias sócio interacionistas

versos âmbitos de sua convivência. de Vygotsky, sendo necessário o es-

Mas a teoria de Vygotsky tudo de entre outros trabalhos, sua

também pode ter como consequên- obra Pensamento e linguagem. O

cia, a aproximação e acima de tudo estudo ainda procurou mostrar que

o aprendizado. “A ideia de zona por meio da dinâmica de Vygotsky,


SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY

de desenvolvimento próximo é de com a ferramenta da aproximação

grande valia em todas as áreas edu- e da interação, como sendo um fa-

cacionais” (VYGOTSKY, 2001). tor diferencial nos estudos de cada

Ainda segundo Vygotsky, aluno, os mesmos poderiam vir a


O aprendizado humano é e
deve ser considerado, como contrair pelo convívio mais inten-
sendo de natureza social.
Uma característica essencial so uns com os outros, o fenômeno
desse aprendizado é que ele
desperta vários processos de bullying, tão bem apregoado no arti-
desenvolvimento interna-
mente, os quais as crianças go, sobretudo pela Dra. Cleo Fante..
reparam somente quando es-
tão em seu ambiente de con-
vívio (VYGOTSKY, 2001,
p.35). Jonas SalesFernandes
Segundo Leite (2011), as

pesquisas em geral relacionadas

à Vygotsky, buscam identificar a

presença de aspectos afetivos na

relação professor-aluno e as possí-

veis influências destes no processo

de aprendizagem. Mas, não se pode

negar que, dentre os fenômenos psi-

cológicos, os afetivos apresentam

uma grande dificuldade de estudo,

tanto no que se refere à conceitu-

ação, como também quanto à me-


NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 46
LEV VIGOTSKY E O vido para a sociedade passa a exis-

BULLYING: UMA VISÃO tir no plano intrapsicológico; ou

SÕCIO-HISTÓRICA
seja, o individuo vai aprendendo e

se modificando. As possibilidades

SOBRE EDUCAÇÃO que o ambiente proporciona ao in-

dividuo são fundamentais para se

A teoria de Vygotsky sócio- ção adulta. A criança e o adulto ten-

-histórica reflete a ideia de dem a trazer marcas de sua própria

que todo homem se constitui como história acumulada no tempo dos


constitua como sujeito esclarecido

e consciente, capaz de modificar as

situações em que vive. Nesta medi-


ser humano através das relações grupos socias com quem comparti-
da, o acesso a instrumentos físicos
que estabelece entre pares. Desta lham e percebem o mundo. A partir
ou simbólicos desenvolvidos em ge-
forma, ao nascermos somos social- daí, o individuo passa pelo processo
rações é fundamental. (FINO, 1978)
mente dependentes um dos outros de transformação de criança para
Um ponto de partida, para

SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY


e entramos em um processo histó- adulto sofrendo mudança internas,
refletir a situação do mau compor-
rico, que por um lado nos oferta os por meio do seu livre arbítrio, que
tamento nas escolas, seria pensar
dados sobre o mundo e visões sobre envolve as diferentes visões de mun-
um pouco a respeito da Teoria de
o mesmo, e de outro, permite que do a qual vive. (MARTINS, 1997)
Zona de Desenvolvimento Proxi-
construamos uma visão nossa sobre Nesta teoria sociointera-
mal, que acaba por propor o papel
este mesmo mundo. O nascimento cionista é encontrada uma visão de
difícil que o educado enfrenta em
está inserido em um tempo e um desenvolvimento humano basea-
seu trabalho com os alunos. Diante
espaço em movimento constante. A da na ideia de um organismo ativo
de alguns fatos em que precisa tra-
história de nossas vidas caminha em que o pensamento é constituído
balhar conhecimentos e realidades
de forma a processar uma história em um ambiente histórico e cultu-
que tem contato - para atingir sabe-
de vida integrada com outras mui- ral: o individuo reconstrói interna-
res que até então lhe eram ignorados
tas histórias que se cruzam naque- mente uma atividade externa, como
- o aluno sugere respostas e informa-
le momento. (MARTINS, 1997) resultado de processos interativos
ções e raciocínios. Porque é através
O humano, antologicamente que se dão ao longo do tempo. Esta
das relações pessoais que, a priori,
social, passa a construir sua história reconstrução interna, é postulada
construímos o conhecimento e que
só e exclusivamente com a participa- emVygostsky, na lei que ele deno-
depois será intrapessoal, ou seja; a
ção dos outros. Assim, temos um mo- minou de dupla estimulação: tudo
partir daí será partilhado pelo grupo
vimento de constituição do homem que se posta como sujeito existe an-
ao qual o conhecimento é conquis-
que passa pela vivência com os ou- tes no social e quando é aprendido
tado ou construído. (FINO, 1978)
tros e vai se consolidando na forma- e modificado pelo sujeito e devol-
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 47
Ao pensar nessa teoria de de um processo dinâmico de cons-

interações sociais e nela sendo apli- trução. Também não é a concepção O aprendizado está relacio-

cada em sala de aula, devemos nos de uma sala onde o aluno faz tudo nado ao desenvolvimento; ou seja,

ater que este referencial não está o que deseja, longe disso, é um mo- o individuo no momento em que

de acordo com a idéia de classes delo de sala onde o professor seja aprende também se desenvolve, por

que são constituídas de forma ho- o articulador do conhecimento e meio deste mesmo aprendizado, es-

mogênea, onde uma classe social todos sejam vistos como parceiros tes processos internos estruturam-se,

especifica se organiza no sistema nesse processo de construção. Por- em particular, por meio do pensa-

educacional de forma em que se re- que ao se valorizar estas parcerias mento e da linguagem. Porque é a

produza o seu domínio social e sua mobiliza-se a classe a trabalhar o linguagem que é o instrumento de

visão. E também não deve ser acei- pensamento criativo conjuntamen- formação do pensamento, é ela que
SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY

ta a idéia de uma sala de aula “ar- te, e não esperar por uma única “ca- age decisivamente na estrutura do

rumadinha”, onde todos os alunos beça pensante”. (OLIVEIRA, 1992) pensamento e é a ferramenta bá-

tenham que se centrar apenas em A indisciplina escolar sica para a construção do conheci-

uma figura que transmite as in- bullying também pode ser entendida mento. A possibilidade de fazer com

formações, e que seja reproduzida sob a perspectiva da teoria histórico- que uma aluno mude suas atitudes,

futuramente como um saber eleito -cultural enfatizando a importância pode ser pensado na possibilidade

como o importante e necessário para do convívio social. Afirmando, as- de transformar o mundo concreto

a vida destes alunos. Ao contrário, sim, que as práticas educativas, for- pelo emprego de ferramentas, pro-

devemos manter consideração nas mais e informais, são os meios so- porcionando, assim, condições fa-

concepções de ensino complementa- ciais para organizar um a situação voráveis para modificá-las e mudar

res, na medida em que privilegiam de vida, no intuito de proporcionar o qualitativamente a sua consciência.

os aspectos educacionais seleciona- desenvolvimento do aluno. Conside- A consciência e as funções superio-

dos e que exerçam poder político e rando para isso o pressuposto básico res - para a teoria histórico-cultural

econômico sem qualquer vínculo da obra de Vygotsky, onde o homem - tem origem no espaço externo sen-

com as reais necessidades da maior se constitui a partir da sua relação do criada na relação com os obje-

parte da população. (FINO, 1978) com o outro. Desta forma, o aluno tos e com as pessoas. (LIMA, 2000)

Ao almejar esse processo, é entendido como um ser social e É através da mediação que

uma sala de aula deve ser projeta- histórico, no entanto, não é condi- há a possibilidade de dois proces-

da de modo interativo, onde os alu- cionado a essa história, tendo possi- sos que favorecem a constituição

nos tenham a possibilidade falar, bilidades de transformar as suas ati- psicológica do aluno: o interpsico-

levantar suas hipóteses e nas rela- tudes falhas – seus atos de violência lógico e o intrapsicológico. Pode-se

ções devem notar que fazem parte - e sua realidade. (GODOY, 2006) afirmar que a relação que o aluno
NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 48
mantêm com a escola é uma rela- na qual o individuo está inserido. municação e práticas sociais, entre

ção homem-mundo, e essa relação As agressões cometidas pelos alunos outros instrumentos de mediação.

pode ser mediada. As características praticantes de bullying; está ligada Nesse sentindo, a indisciplina esco-

sociais e culturais não são tidas de diretamente com as relações e expe- lar – bullying – é resultado das con-

inicio, e muito menos são acrescidas riências com o grupo social e a época siderações de todo o contexto social e

pelas pressões sociais, estas se for- cultural em que o aluno vive. A fa- cultural, em que os alunos estão in-

mam através das várias e constan- mília é o primeiro contexto de socia- seridos e pelos quais constroem suas

tes relações que o individuo man- lização do aluno, mas os traços que relações sociais. (GODOY, 2006)

têm com o meio. (GODOY, 2006) irão moldá-lo não é de responsabili-

Nessa idéia, a indisciplina dade inteiramente da família; e sim José Mário Soares Serra Júnior.

escolar é resultado de um proces- das diversas experiências nos diver-

so compartilhado com as pessoas sos contextos sociais experimenta-

e com outros elementos da cultura dos: instituições sociais, meios de co-

SOB A ÓTICA DE VIGOTSKY

NOV/2009 INFORMARTIGOS P. 49
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