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Uberlândia

Lugares e Memórias

Praça D. Pedro II, atual praça Adolfo Fonseca. Década de 1930.


Em segundo plano, Escola Estadual de Uberlândia
“Tal qual os idosos que insistem em contar suas histórias, as ruas, praças e largos têm coisas a
dizer. Ainda estão aí, mesmo que desgastadas pelo tempo e descaracterizadas pelas intervenções
urbanas e arquitetônicas... Vale a pena ouvir histórias que habitam os cantos da cidade.”
(Paulicéias Perdidas, 1991 p.15)

Ao caminharmos por algumas ruas de nossa cidade, não imaginamos que antigamente estas ruas eram
marcadas pelo sossego, pelas conversas nas portas das casas, nos bancos das praças e nas matinês
dos cinemas. Ao longe se podia ouvir o apito do trem anunciando a sua chegada na estação,
desembarcando ali pessoas trazendo notícias da capital.

O tempo passa e modifica-se a paisagem urbana, constróem-se os arranha-céus e, em meio aos


automóveis, as pessoas passam apressadas umas pelas outras.

Nestes caminhos ainda existem vestígios de uma época tão viva na lembrança de muitos que, mesmo
ocultadas, pertencem, de certa forma, a todos nós.

Resgatar a memória histórica, social e cultural de Uberlândia através das imagens e depoimentos é
dialogar com um tempo passado e presente, contemporizado pelos olhares de cada um, permitindo um
(re) conhecimento e uma (re) interpretação sobre as transformações urbanas realizadas.
Foto da maquete do arraial de Nossa Sra. do Carmo de São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha,
hoje o bairro Fundinho. O arraial recebeu, a partir de 1852, o nome de São Pedro de Uberabinha. Tornou-se
município em 31 de agosto de 1888. Uberabinha passa a se chamar Uberlândia em 1929.
Vista aérea da cidade.
Início de 1950.

Uberlândia 2015.
Hotel Presidente

Posto Standard.
Década de 1940.

“(...) Na praça dos Bambus, ali na


esquina daquele hotel existia o posto de
gasolina, o posto do Firmino Ferreira que
eu lembro bem.”
Delyenner Batista
Projeto Identificando o Passado - 2000

O Posto Standard localizava-se na esquina da


Av. Floriano Peixoto com a rua Luzitânia, atual
Rua Olegário Maciel.
No início dos anos de 1960 foi construído no
local o Hotel Presidente Juscelino Kubitschek,
considerado na época um dos mais modernos
do Brasil.
Praça Tubal Vilela

A antiga Praça da República recebe o


nome de Tubal Vilela em 1959. O primeiro
tratamento paisagístico foi em 1922 com a
plantação de bambus, na administração
do então agente executivo João Severiano
Rodrigues da Silva. A partir daí, passa a ser
chamada carinhosamente pela população
de “Praça dos Bambus”, nome que muitos
até hoje se referem a ela.

“Certa época não existia fonte, era formada de areia branca,


cascalhada, denominada realmente como praça dos Bambus, muito
fresca, muito cheia de folhas.”

Paulo Naves Borges


Sociabilidades Urbanas: O olhar,
a voz e a memória da Praça Tubal
Vilela (1930 – 1962)
Mestrado de Josefa Aparecida
Alves - 2000
“ (...) Qualquer data impor tante era
comemorada... Geralmente as escolas reuniam-
se todas aqui na Praça Tubal Vilela e tinha a
pessoa já pronta, ia chamando escola por escola
para não fazer misturada”.
Dinorah Del Fávero
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991

Praça da República
Concentração das escolas para desfile em
comemoração ao 7 de setembro. Década de 1950.

Praça da República
Década de 1950, momento do “footing”.

“Assentei muito ali na praça dos Bambus... À noite vinha, num era muito tarde ia lá. Sentamos muito
ali. Tinha as bandas né que tocava. As moças, o pessoal que fazia vai e vem, volta na avenida aí, anda, as
namoradas, os namorados ..., dois, três conversando, num sei se é fazer negócio ou o que que é. (Risos)”

Algenibia de Paula Calazans


Projeto Depoimentos - SMCultura - 1990
Árvore Sibipiruna - Praça Adolfo Fonseca

Foi plantada pelo comerciante Oscar Miranda em 1918 para ocasionar sombra a sua residência e a seu
estabelecimento comercial que localizava-se na Av. João Pinheiro com Rua 21 de Abril, atual Rua Goiás. A árvore,
através de lei municipal, é considerada imune de corte.
“E lá em cima, hoje na Praça Adolfo Fonseca na esquina com a Rua Goiás, existia uma casa,
chamava... chamava ‘O Grande Bazar’ do Oscar Miranda, onde tinha tudo... tudo que era coisa de elite que
se pudesse, de panela, prataria, coisa e tal... Ele plantou aquela árvore lá na praça, ali na Av. João Pinheiro”.

Sebastião Messias de Oliveira


Projeto Depoimentos - SMCultura - 1990
Avenida João Pinheiro

“Eu me lembro dessa Avenida João


Pinheiro aqui, eu já menino moço guiando
automóvel, passava com corrente nos
pneus. Passava atolando aqui na Av. João
Pinheiro, mas atolava mesmo. Tinha umas
nascentes ali, era perto da telefônica e da
antiga Associação Comercial”
Virgilio Galassi
Projeto Depoimentos - SMCultura - 2000

Av. João Pinheiro, esquina com


a Rua 21 de abril, atual Rua
Goiás, meados da década de
1920. A avenida iniciava-se na
Praça Antônio Carlos (Praça
Clarimundo Carneiro) e
terminava na Estação da
Mogiana, hoje Praça Sérgio
Pacheco.
Trecho da Av. João Pinheiro
aproximadamente na
década de 1930. Pensão
Central situava-se no local
do antigo Hospital Santa
Marta.

Trecho da Av. João Pinheiro


esquina com Rua Santos
Dumont. A partir da
década de 1930, ao longo
da avenida foram
construídas as mais
luxuosas residências da
cidade. Em meados da
década de 1960 foram
retirados os canteiros
centrais.
Terminal Central
“ (...)Afonso Pena... ela terminava
na Estação... Eu achei muito engraçado
porque a praça da Estação tinha: o
transporte era charrete, os animais
estava tudo na charretinha, então, eles
ficava esperando o trem pra transportá
os passageiros que chegasse né? (...)”

Manuel Inocêncio de Pádua


Muitas Memórias e Histórias de uma cidade:
Experiências e Lembranças de viveres urbanos.
Uberlândia 1938 - 1990
Doutorado de Célia Rocha Calvo - 1998

A estação da Mogiana foi


inaugurada no ano de 1895,
no local onde atualmente foi
construído o Terminal Central.

Segundo prédio da antiga


estação na década de 1930.
“... eu era menino o... o prédio da estação era... era... era no cerrado, mas era
o cerrado ralo, mais arenoso, sabe!? A gente ia de ônibus, de... de fioli”
Afonso Carneiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1990

Estação da Mogiana.
Demolida em 1970.

Vista aérea da cidade.


Em primeiro plano a estação.
Meados da década de 1950.
Os trilhos eram ao longo das
avenidas Monsenhor Eduardo e
João Naves de Avila.
Avenida Afonso Pena
“...Houve uma ocasião apanhou-se um
costume, mas eu nunca vi proibir. De um lado
andava branco do outro andava preto. Se
você descer hoje pela Av. Afonso Pena à
direita, do lado direito descendo daqui para
lá, do lado direito andava os brancos e do
lado esquerdo andava os pretos”.

Sebastião Messias de Oliveira


Projeto Depoimentos - SMCultura - 1990

Trecho da Av. Afonso Pena a partir


da Praça da República (Praça
Tubal Vilela) na década de 1930.

“ (...)Eu me lembro muito bem quando a Avenida Afonso Pena apenas uma parte dela, uns
três ou quatro quarteirões, no comecinho ali da praça da Prefeitura que era calçado, o resto...
morria na estação da Mogiana porque ela cortou. Depois, hoje é tudo aberto, então a Afonso
Pena vai até lá pro lado do aeroporto, né”.
José Rezende Ribeiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991
Trecho da Av. Afonso
Pena, esquina com a
Rua Olegário Maciel na
década de 1950. Hoje
no local do posto de
gasolina à direita foi
construído o Edifício
Tubal Vilela, o primeiro
com 16 andares na
cidade.

Trecho da Av.
Afonso Pena
próximo à Rua
Goiás. Década
de 1950.
Praia Clube
“Desde criança eu frequentava o
rio Uberabinha para nadar, eu e meus
irmãos todos. Nós nadávamos
antigamente na... lá... na... na, barragem
do rio, do corgo Cajubá com rio
Uberabinha... Depois descobrimos o
Praia, e no Praia nós começamos a
juntar gentes. Eu levava o pessoal de
caminhão para lá e foi aumentando,
aumentando, até que se deu a formação
da Sociedade Praiana, isto em 1935.”

Joaquim Carneiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1992

Foi idealizado por um grupo de


amigos que formaram uma
sociedade em 1935 denominada
Praia Clube. Adquiriram o terreno às
margens do Rio Uberabinha e
iniciaram a formação do clube.

O primeiro barracão do Praia Clube no início da década de 1940.


Vista do clube nos anos de 1950.

Vista aérea da cidade, destacando-se em primeiro plano o Praia Clube. No centro, o Ginásio Adalberto Testa,
inaugurado em 1962. Foto da década de 1970.
Praça Coronel Carneiro

“E tinha aqueles jardim na frente, que era pracinha.


Ali naquela pracinha e que era o lugar de... de... de festejos
no domingo. A banda descia pra ali, né, vinha tocando
desde lá de cima e o povo já cá descendo tudo para aquela
pracinha ali. Então aí a gente passeava com as crianças,
saía passeando.”

Castorina Maria de Jesus


Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991

A Praça da Independência foi o primeiro jardim público da cidade, inaugurado em 1908. Anteriormente, o local era
denominado de Largo das Cavalhadas. Em 1931, a praça recebe o nome de Coronel Carneiro, importante comerciante e
figura política da época da antiga Uberabinha.
“Eu encontrei aqui uma
cidade muito pequena e o centro
era a Praça hoje Coronel
Carneiro. Havia uma grande casa
comercial dos Carneiro.... casa
muito importante, muito grande,
sabe, cheia de carros de boi por
toda parte, carros de boi que
traziam toucinho, traziam queijo,
traziam açúcar, trocavam por
mercadorias aqui e voltavam.”

Prof. Oswaldo Vieira Gonçalves


Projeto Depoimento SMCultura - 1990

Praça da Independência,
atual Coronel Carneiro.
Década de 1920.

Praça Coronel Carneiro.


Década de 1950.
Prédio da Agência Bancária

Cine-Teatro Uberlândia localizava-se na Av.


Afonso Pena entre as Ruas Olegário Maciel
e Santos Dumont. Inaugurado em 1937
com 2200 poltronas, foi o maior cinema de
Uberlândia. Demolido no início dos anos de
1980 para edificação do prédio de uma
agência bancária.

Cine Uberlândia. Década de 1950


“No Cine Teatro Uberlândia, aliás podia
prestar atenção, não se entrava embaixo sem
gravata,(...) Então você tinha de ter gravata...”

Joaquim César da Fonseca


Projeto Depoimentos - SMCultura - 1992

“(...) porque na época que a gente era jovem aqui


na Afonso Pena em frente, onde é o Bradesco, era o
Cine Uberlândia, né? Durante muitos anos, era o
cinema mais chique da cidade, né? Um prédio
imenso! Era um cinema imenso, muito alto! Né? Se
eu não me lembro bem, uns dois mil lugares...”

Geralda Guimarães
Muitas Memórias e História de uma cidade:
Experiências e Lembranças de viveres urbanos.
Uberlândia 1938 - 1990
Doutorado de Célia Rocha Calvo - 1998

Entrada do Cine Uberlândia.


Década de 1960.
Praça Dr. Duarte

“Naquela Praça Dr. Duarte... ali


é que chegava os carros de boi, né.
Não tinha calçamento, não tinha
nada. Os carros de bois trazia coisas
pra vender, melancia, mamão, uma
coisa qualquer, eles paravam ali,
sabe, ali naquele local...”

José Rezende Ribeiro – Juquita.


Projeto Depoimentos – SMCultura - 1991

Largo do Comércio, atual


Praça Dr. Duarte, início do
século XX.

Neste local concentravam-se os mais importantes estabelecimentos comerciais de Uberabinha (Uberlândia). Era ponto
de chegada e saída de carros de bois carregados com mercadorias, que vinham das cidades da região.
Casa Comercial de Lindolpho
Martins. Localizava-se no largo, na
esquina da antiga Rua do Pasto,
atual Rua XV de Novembro com Av.
João Pinheiro.

“Naquela praça ali... Dr. Duarte, ali havia umas quatro


casas comerciais muito importantes e muito grandes:
Antônio Resende, José Nonato Ribeiro, Arlindo Teixeira e
Nagib.”

Oswaldo Vieira Gonçalves


Projeto Depoimentos – SMCultura - 1990

Casa Comercial Teixeira Costa, fundada em 1884, de


propriedade de Arlindo Teixeira. Localizava-se na
esquina da antiga Rua do Pasto (Rua XV de
Novembro) com Rua do Rosário (Rua General Osório).
Avenida Afonso Pena, 177

O Cine Theatro Avenida foi construído pelo


português Joaquim Marques Póvoa. Teve sua
inauguração em 10 outubro de 1928 na Av.
Afonso Pena próximo a Rua Santos Dumont.
Neste local funcionou na década de 1990 o
Cine Bristol e atualmente uma loja.

“O papai tinha uma orquestra... ali na


sala de espera, não era uma orquestra,
não era bem uma orquestra, um
conjunto(...) Então, antes de começar a
sessão, essa... esses músicos tocavam ali.
O c i n e m a e r a s e mp r e m u i to b e m
frequentado e muito lotado. Mas foi então
o cinema, o Cine-Teatro Avenida(...) ele
propiciou à população de Uberlândia
naquela ocasião ótimos espetáculos.”

José Peppe Junior


Programa Uberlândia de Ontem,
Uberlândia de Sempre
Close Comunicação - 2007
Entrada para sessão no cinema.
Década de 1930.

Cine-Teatro Avenida, terceiro


prédio à esquerda.
Década de 1950.
Prédio da Agência Bancária - Praça Oswaldo Cruz
“Foi criado a Academia de Comércio, que
formava o pessoal em contabilidade para
trabalhar no comércio. O diretor foi o professor
Milton Porto. Depois agregada à mesma
organização criou-se junto o Ginásio Oswaldo
Cruz.”
Oscar Virgílio Pereira
Projeto Identificando o Passado - 2005

Colégio Liceu de Uberlândia. Fundado em 1928 por


Mário de Magalhães Porto e Antônio Vieira
Gonçalves. Em 1931 instala-se a Academia de
Comércio anexa ao Colégio, e em 1942 o Ginásio
Oswaldo Cruz. Em 1973 o Colégio Liceu encerra suas
atividades.
Na década de 1980, constrói-se no local, o prédio da
Caixa Econômica Federal.
Liceu de Uberlândia.
Praça Oswaldo Cruz.
Década de 1920.

Liceu de Uberlândia e
Acadêmia do Comércio.
Praça Oswaldo Cruz.
Década de 1940.
Prédio da Av. Afonso Pena esquina com Rua Olegário Maciel
“(...) em frente à Drogaria, ali onde o
Magazine Luiza comprou... havia um
prédio ali, de três pavimentos, muito
grande... Ali era um clube também. Um
clube social, sabe? Fazia festas muito
boas, carnavais e tudo mais, muito
interessante.”

Oswaldo Vieira Gonçalves


Projeto Depoimentos – SMCultura - 1990

Foi edificado nos anos de 1930


o prédio de propriedade do Sr.
José Abdulmassih, nas
esquinas da Rua Luzitânia (Rua
Olegário Maciel) com a Av.
Afonso Pena. A parte superior
era local de lazer da sociedade
uberlandense funcionando ali,
em períodos alternados, os
clubes: Municipal, Uberlândia
Clube e o Monte Líbano. Na
década de 2000, no local foi
construído prédio do Magazine
Luiza.
Prédio do Sr. Abdulmassih.
Década de 1940.

“(...) Já na adolescência, a gente começou a frequentar clubes, né, como o Uberlândia Clube que
era ali onde o Magazine Luiza comprou um terreno.”
José Rezende Ribeiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991

Prédio do Sr. Abdulmassih,


quando no local funcionava o
Uberlândia Tênis Clube.
Década de 1950.
Biblioteca Pública Municipal

A Matriz de Nossa Sra. do Carmo localizava-se na antiga Praça da Matriz, atual Praça Cícero Macedo. A construção da
primitiva capela teve início no ano de 1846 e deu origem à formação da cidade de Uberlândia. Posteriormente, foi ampliada e
transformada em matriz. Demolida em 1943, construiu-se no seu lugar a Estação Rodoviária. No ano de 1976, a estação é
transferida para novo espaço e o prédio passa a abrigar a Biblioteca Pública Municipal.

“A Igreja da Matriz, ali onde é a biblioteca,


ela tinha a entrada dela pro lado do
Fundinho. Não era pra cá não, porque pra
cá não existia quase cidade.”
José Rezende Ribeiro
Projeto Depoimentos – SMCultura - 1991.
Matriz Nossa Sra. do Carmo.
Década de 1900.

“(...) aqui que os ônibus


chegavam e aqui saíam. Ali
ficava a bomba de gasolina,
daquelas de tocá com a mão
assim. Eu ainda lembro dela,
de abastecê os, os ônibus, e é
isso aí.”
Osvaldo Martins
Muitas memórias e histórias de uma
cidade: Experiências e lembranças
de viveres urbanos. 1938-1990.
Doutorado de Célia Rocha Calvo. -
1998
Uberabinha: a semiologia de um passado
Fazenda São Francisco. Século IX

A fazenda São Francisco foi a sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro entrante (entradas e
bandeiras) a fixar residência nesta região.
A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família, que aportou por essas plagas no início do
século XIX, aproximadamente em 1818. Naqueles anos, este sertão era um espaço ermo que os tropeiros denominaram de
“O Sertão da Farinha Podre”.
Por volta de 1835, vieram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira,
parte de suas terras para formar as respectivas propriedades de Olhos D'Água, Lage, Marimbondo e Tenda; ainda hoje elas
permanecem na zona rural do Município. Felisberto Alves Carrejo tornou-se proprietário da Fazenda da Tenda e lá abrigou as
suas atividades profissionais.
Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de terra de cultura, nas
imediações do Córrego Das Galinhas (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de D. Francisca Alves Rabelo, então viúva de João
Pereira da Rocha. Naquela ocasião, esta porção de terra já era habitada por um pequeno número de pessoas, este local,
atualmente, corresponde ao Bairro Tabajaras.
Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a
permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada a Nossa Senhora do Carmo.
Ela foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas formas mais simples em termos arquitetônicos. Para
viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela
adquiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das
Galinhas e São Pedro.
Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente, corresponde à parte central da cidade de
Uberlândia. O Arraial recebeu, então, o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de
Uberabinha. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava a sua volta uma faixa de
terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.
O pequeno burgo era despertado pelo insistente sino da igreja, que determinava o amanhecer..., o ranger do carro
de boi e das carroças marcando a rotina do dia..., o arrebol do entardecer..., as noites que se arrastavam em silêncio..., em um
espaço que, de forma pragmática, foi sendo moldado segundo uma intencionalidade estética da urbanística moderna,
acoplada as necessidades dos modos de viver que iam se impondo.
O “Patrimônio da Santa” foi sendo continuamente remodelado, racionalizado, impregnado de sinais que foram
conferindo significados à paisagem. A Praça da Matriz, a cartografia dos primitivos caminhos e trilhas do Arraial, a
construção de casas comerciais ou residenciais, os códigos de postura regulamentando as questões de ordem social e
econômica do Município, são todos testemunhos de um passado inscrito no território urbano. As pequenas e tortuosas ruas
que entrecortavam o Município se formaram ladeadas pela sequência das casas, quintais e antigos muros que emprestaram
à geografia urbana o seu sentido.
Pelos idos de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de
Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da cidade.
Quando os braços da moderna Estrada de Ferro Mogiana alcançaram estas plagas em 1895, o espaço urbano
passou por grandes transformações. Uma “cidade nova” foi desenhada em 1898 pelo engenheiro da Mogiana, o inglês
James John Mellor.
Em oposição às pequenas e tortuosas ruas do Fundinho, foram traçadas seis largas e simétricas avenidas,
avançando o cerrado e indo ao encontro da Estação. Estas avenidas foram abertas a partir do ponto onde terminavam as
construções da “cidade velha”, sendo que os terrenos da Praça Clarimundo Carneiro delimitavam este espaço.
São Pedro de Uberabinha não era um lugar conhecido, nem o maior ou o mais antigo, mas se tornou, em pouco
tempo, ponto de referência na região. Uberabinha era um lugar que, a cada dia, se dedicava de forma mais intensa ao
comércio. O Largo do Comércio, hoje denominado praça Dr. Duarte, era um ponto estratégico para as trocas comerciais. No
Largo das Cavalhadas, hoje praça Coronel Carneiro, também existiram casas comerciais que abasteciam a cidade e a região
com artigos locais ou vindos de outras paragens.
Um lugar que tinha nos nomes das ruas e marcação do sentido de suas vidas. Rua das Pitangas, Rua do Pasto, Rua
da Direita, Rua da Chapada, Rua do Rosário, Rua São Pedro, Rua Boa Vista, Largo da Cavalhada, entre outras, são exemplos
que nos permitem pensar a história desta sociedade atrelada às questões relativas à memória e ao esquecimento.
Uberabinha passou a se chamar Uberlândia em 1929 e as raizes da cidade estão no bairro conhecido hoje como
Fundinho. Os primeiros registros históricos da cidade de Uberlândia nos ajudam a entender como o seu espaço urbano foi
sendo cotidianamente pensado, inventado e construído. Uma história que, desde o início, foi escrita com os símbolos da
ordem, progresso e modernidade.
Os indícios desta história sobrevivem em ruínas. Na cadência dos passos, os lugares se apresentam significativos e
possuidores de registros escondidos. É impossível pensar que não houvesse transformações, porém necessário se faz
conhecer as múltiplas histórias que foram, ao longo do tempo, sendo apagadas, esquecidas, demolidas e (re)escritas.

Valéria Maria Queiroz Cavalcante Lopes


“Uberlândia, lugares e memórias” tem a finalidade de divulgar o patrimônio documental que está sob a guarda do
Arquivo Público de Uberlândia, bem como a história da cidade, por meio de registros fotográficos e depoimentos de cidadãos e
cidadãs que participaram efetivamente da sua construção, seja o pedreiro, o empresário, a servente escolar e o farmacêutico,
dentre outros.
O Arquivo Público preserva documentos da administração pública municipal e ainda mantém custodiadas
importantes coleções, constituídas por crônicas, jornais, revistas, fotografias, provenientes de instituições ou de pessoas,
como a do professor Jerônimo Arantes, Dantas Ruas, Jornal Correio etc.
O Arquivo realiza projetos de ação cultural e educativa como “Arquivo, Escola e Sociedade”, atividade que promove o
encontro entre alunos e fontes históricas, por meio de agendamento prévio e visita orientada. Além de entrar em contato com
os documentos históricos e o trabalho realizado para sua preservação, os alunos têm a oportunidade de assistir à exibição de
um vídeo sobre a história de Uberlândia desde o início da sua formação.

As escolas poderão agendar através do e-mail arquivopublico@uberlandia.mg.gov.br


Fone: (34) 3232-4744 / (34) 3232-9022 - Rua Natal, 935 - Bairro Brasil
Horário de atendimento ao público: das 8h às 17h de segunda a sexta-feira.
Escola Estadual Dr. Duarte. Década de 1930.

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