Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Lugares e Memórias
Ao caminharmos por algumas ruas de nossa cidade, não imaginamos que antigamente estas ruas eram
marcadas pelo sossego, pelas conversas nas portas das casas, nos bancos das praças e nas matinês
dos cinemas. Ao longe se podia ouvir o apito do trem anunciando a sua chegada na estação,
desembarcando ali pessoas trazendo notícias da capital.
Nestes caminhos ainda existem vestígios de uma época tão viva na lembrança de muitos que, mesmo
ocultadas, pertencem, de certa forma, a todos nós.
Resgatar a memória histórica, social e cultural de Uberlândia através das imagens e depoimentos é
dialogar com um tempo passado e presente, contemporizado pelos olhares de cada um, permitindo um
(re) conhecimento e uma (re) interpretação sobre as transformações urbanas realizadas.
Foto da maquete do arraial de Nossa Sra. do Carmo de São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha,
hoje o bairro Fundinho. O arraial recebeu, a partir de 1852, o nome de São Pedro de Uberabinha. Tornou-se
município em 31 de agosto de 1888. Uberabinha passa a se chamar Uberlândia em 1929.
Vista aérea da cidade.
Início de 1950.
Uberlândia 2015.
Hotel Presidente
Posto Standard.
Década de 1940.
Praça da República
Concentração das escolas para desfile em
comemoração ao 7 de setembro. Década de 1950.
Praça da República
Década de 1950, momento do “footing”.
“Assentei muito ali na praça dos Bambus... À noite vinha, num era muito tarde ia lá. Sentamos muito
ali. Tinha as bandas né que tocava. As moças, o pessoal que fazia vai e vem, volta na avenida aí, anda, as
namoradas, os namorados ..., dois, três conversando, num sei se é fazer negócio ou o que que é. (Risos)”
Foi plantada pelo comerciante Oscar Miranda em 1918 para ocasionar sombra a sua residência e a seu
estabelecimento comercial que localizava-se na Av. João Pinheiro com Rua 21 de Abril, atual Rua Goiás. A árvore,
através de lei municipal, é considerada imune de corte.
“E lá em cima, hoje na Praça Adolfo Fonseca na esquina com a Rua Goiás, existia uma casa,
chamava... chamava ‘O Grande Bazar’ do Oscar Miranda, onde tinha tudo... tudo que era coisa de elite que
se pudesse, de panela, prataria, coisa e tal... Ele plantou aquela árvore lá na praça, ali na Av. João Pinheiro”.
Estação da Mogiana.
Demolida em 1970.
“ (...)Eu me lembro muito bem quando a Avenida Afonso Pena apenas uma parte dela, uns
três ou quatro quarteirões, no comecinho ali da praça da Prefeitura que era calçado, o resto...
morria na estação da Mogiana porque ela cortou. Depois, hoje é tudo aberto, então a Afonso
Pena vai até lá pro lado do aeroporto, né”.
José Rezende Ribeiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991
Trecho da Av. Afonso
Pena, esquina com a
Rua Olegário Maciel na
década de 1950. Hoje
no local do posto de
gasolina à direita foi
construído o Edifício
Tubal Vilela, o primeiro
com 16 andares na
cidade.
Trecho da Av.
Afonso Pena
próximo à Rua
Goiás. Década
de 1950.
Praia Clube
“Desde criança eu frequentava o
rio Uberabinha para nadar, eu e meus
irmãos todos. Nós nadávamos
antigamente na... lá... na... na, barragem
do rio, do corgo Cajubá com rio
Uberabinha... Depois descobrimos o
Praia, e no Praia nós começamos a
juntar gentes. Eu levava o pessoal de
caminhão para lá e foi aumentando,
aumentando, até que se deu a formação
da Sociedade Praiana, isto em 1935.”
Joaquim Carneiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1992
Vista aérea da cidade, destacando-se em primeiro plano o Praia Clube. No centro, o Ginásio Adalberto Testa,
inaugurado em 1962. Foto da década de 1970.
Praça Coronel Carneiro
A Praça da Independência foi o primeiro jardim público da cidade, inaugurado em 1908. Anteriormente, o local era
denominado de Largo das Cavalhadas. Em 1931, a praça recebe o nome de Coronel Carneiro, importante comerciante e
figura política da época da antiga Uberabinha.
“Eu encontrei aqui uma
cidade muito pequena e o centro
era a Praça hoje Coronel
Carneiro. Havia uma grande casa
comercial dos Carneiro.... casa
muito importante, muito grande,
sabe, cheia de carros de boi por
toda parte, carros de boi que
traziam toucinho, traziam queijo,
traziam açúcar, trocavam por
mercadorias aqui e voltavam.”
Praça da Independência,
atual Coronel Carneiro.
Década de 1920.
Geralda Guimarães
Muitas Memórias e História de uma cidade:
Experiências e Lembranças de viveres urbanos.
Uberlândia 1938 - 1990
Doutorado de Célia Rocha Calvo - 1998
Neste local concentravam-se os mais importantes estabelecimentos comerciais de Uberabinha (Uberlândia). Era ponto
de chegada e saída de carros de bois carregados com mercadorias, que vinham das cidades da região.
Casa Comercial de Lindolpho
Martins. Localizava-se no largo, na
esquina da antiga Rua do Pasto,
atual Rua XV de Novembro com Av.
João Pinheiro.
Liceu de Uberlândia e
Acadêmia do Comércio.
Praça Oswaldo Cruz.
Década de 1940.
Prédio da Av. Afonso Pena esquina com Rua Olegário Maciel
“(...) em frente à Drogaria, ali onde o
Magazine Luiza comprou... havia um
prédio ali, de três pavimentos, muito
grande... Ali era um clube também. Um
clube social, sabe? Fazia festas muito
boas, carnavais e tudo mais, muito
interessante.”
“(...) Já na adolescência, a gente começou a frequentar clubes, né, como o Uberlândia Clube que
era ali onde o Magazine Luiza comprou um terreno.”
José Rezende Ribeiro
Projeto Depoimentos - SMCultura - 1991
A Matriz de Nossa Sra. do Carmo localizava-se na antiga Praça da Matriz, atual Praça Cícero Macedo. A construção da
primitiva capela teve início no ano de 1846 e deu origem à formação da cidade de Uberlândia. Posteriormente, foi ampliada e
transformada em matriz. Demolida em 1943, construiu-se no seu lugar a Estação Rodoviária. No ano de 1976, a estação é
transferida para novo espaço e o prédio passa a abrigar a Biblioteca Pública Municipal.
A fazenda São Francisco foi a sede da Sesmaria de João Pereira da Rocha, o primeiro entrante (entradas e
bandeiras) a fixar residência nesta região.
A cidade de Uberlândia se formou em terras desmembradas desta família, que aportou por essas plagas no início do
século XIX, aproximadamente em 1818. Naqueles anos, este sertão era um espaço ermo que os tropeiros denominaram de
“O Sertão da Farinha Podre”.
Por volta de 1835, vieram os irmãos Luiz, Francisco, Antônio e Felisberto Carrejo, que compraram de João Pereira,
parte de suas terras para formar as respectivas propriedades de Olhos D'Água, Lage, Marimbondo e Tenda; ainda hoje elas
permanecem na zona rural do Município. Felisberto Alves Carrejo tornou-se proprietário da Fazenda da Tenda e lá abrigou as
suas atividades profissionais.
Apesar das benfeitorias feitas no local, Felisberto transferiu sua residência para 10 alqueires de terra de cultura, nas
imediações do Córrego Das Galinhas (Avenida Getúlio Vargas), adquiridos de D. Francisca Alves Rabelo, então viúva de João
Pereira da Rocha. Naquela ocasião, esta porção de terra já era habitada por um pequeno número de pessoas, este local,
atualmente, corresponde ao Bairro Tabajaras.
Como símbolo de uma comunidade que se pretendia organizada e civilizada, os moradores pediram ao Bispado a
permissão para a construção de uma Capela Curada, a ser dedicada a Nossa Senhora do Carmo.
Ela foi idealizada em 1846 e construída em adobe e barro, nas formas mais simples em termos arquitetônicos. Para
viabilizar a sua construção, os procuradores da obra entraram em entendimento com D. Francisca Alves Rabelo e dela
adquiriram, pela quantia de quatrocentos mil réis, cem alqueires de terras de cultura e campo, entre os Córregos Das
Galinhas e São Pedro.
Todo o Patrimônio foi doado a Nossa Senhora do Carmo e, atualmente, corresponde à parte central da cidade de
Uberlândia. O Arraial recebeu, então, o nome de Nossa Senhora do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de
Uberabinha. Como o cotidiano das pessoas era pontuado pela vida religiosa, a Capela abrigava a sua volta uma faixa de
terreno que ficou conhecido como “Campo Santo”, nele foram sepultados os primeiros habitantes da Vila.
O pequeno burgo era despertado pelo insistente sino da igreja, que determinava o amanhecer..., o ranger do carro
de boi e das carroças marcando a rotina do dia..., o arrebol do entardecer..., as noites que se arrastavam em silêncio..., em um
espaço que, de forma pragmática, foi sendo moldado segundo uma intencionalidade estética da urbanística moderna,
acoplada as necessidades dos modos de viver que iam se impondo.
O “Patrimônio da Santa” foi sendo continuamente remodelado, racionalizado, impregnado de sinais que foram
conferindo significados à paisagem. A Praça da Matriz, a cartografia dos primitivos caminhos e trilhas do Arraial, a
construção de casas comerciais ou residenciais, os códigos de postura regulamentando as questões de ordem social e
econômica do Município, são todos testemunhos de um passado inscrito no território urbano. As pequenas e tortuosas ruas
que entrecortavam o Município se formaram ladeadas pela sequência das casas, quintais e antigos muros que emprestaram
à geografia urbana o seu sentido.
Pelos idos de 1861, pouco tempo após sua inauguração, a capelinha foi ampliada e transformou-se na Matriz de
Nossa Senhora do Carmo, abrigando até 1941 as principais atividades religiosas da cidade.
Quando os braços da moderna Estrada de Ferro Mogiana alcançaram estas plagas em 1895, o espaço urbano
passou por grandes transformações. Uma “cidade nova” foi desenhada em 1898 pelo engenheiro da Mogiana, o inglês
James John Mellor.
Em oposição às pequenas e tortuosas ruas do Fundinho, foram traçadas seis largas e simétricas avenidas,
avançando o cerrado e indo ao encontro da Estação. Estas avenidas foram abertas a partir do ponto onde terminavam as
construções da “cidade velha”, sendo que os terrenos da Praça Clarimundo Carneiro delimitavam este espaço.
São Pedro de Uberabinha não era um lugar conhecido, nem o maior ou o mais antigo, mas se tornou, em pouco
tempo, ponto de referência na região. Uberabinha era um lugar que, a cada dia, se dedicava de forma mais intensa ao
comércio. O Largo do Comércio, hoje denominado praça Dr. Duarte, era um ponto estratégico para as trocas comerciais. No
Largo das Cavalhadas, hoje praça Coronel Carneiro, também existiram casas comerciais que abasteciam a cidade e a região
com artigos locais ou vindos de outras paragens.
Um lugar que tinha nos nomes das ruas e marcação do sentido de suas vidas. Rua das Pitangas, Rua do Pasto, Rua
da Direita, Rua da Chapada, Rua do Rosário, Rua São Pedro, Rua Boa Vista, Largo da Cavalhada, entre outras, são exemplos
que nos permitem pensar a história desta sociedade atrelada às questões relativas à memória e ao esquecimento.
Uberabinha passou a se chamar Uberlândia em 1929 e as raizes da cidade estão no bairro conhecido hoje como
Fundinho. Os primeiros registros históricos da cidade de Uberlândia nos ajudam a entender como o seu espaço urbano foi
sendo cotidianamente pensado, inventado e construído. Uma história que, desde o início, foi escrita com os símbolos da
ordem, progresso e modernidade.
Os indícios desta história sobrevivem em ruínas. Na cadência dos passos, os lugares se apresentam significativos e
possuidores de registros escondidos. É impossível pensar que não houvesse transformações, porém necessário se faz
conhecer as múltiplas histórias que foram, ao longo do tempo, sendo apagadas, esquecidas, demolidas e (re)escritas.