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Resumo: O presente artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica que objetivou a compreensão
da técnica de Grupo Focal como uma técnica de coleta de dados dentro dos instrumentos de
pesquisas utilizados na Educação Superior. Essa pesquisa nos fez perceber que o GF não é uma
técnica muito utilizada no meio acadêmico nas pesquisas da área de educação e de ensino. Assim,
este trabalho tem por objetivo principal transpor para o leitor a possibilidade de incluir este
instrumento de pesquisa em seus trabalhos acadêmicos, a partir da exposição dos benefícios que a
sua abordagem metodológica permite, contemplado sua definição e seus aspectos éticos e
epistemológicos, requisitos essenciais em qualquer pesquisa, seja ela quantitativa ou,
principalmente, qualitativa.
Palavras – Chave: Grupo focal, Técnica de coleta de dados, Instrumentos de pesquisa.
Abstract: This article was the result of a bibliographic research that aimed to use the
focus group technique as a data collection technique within the research tools used in
higher education. This research made us realize that the GF is not a research technique and
data collection is not widely used in the academic world in the fields of educational
research and teaching. This work has the main objective to transpose the reader the
possibility of including this research tool in their academic work from the exhibition of the
benefits that its methodological approach allows contemplated its definition, and its ethical
and epistemological aspects, essential requirements in any research, whether quantitative
and mainly qualitative.
Key - Words: Focus Group, collections Technical data, research instruments.
1
Licenciada em Química pela Faculdade Pio Décimo (2011), atualmente estudante do curso de Pós-
Graduação Latu- Sensu do curso de Educação Química – Faculdade Pio Décimo e da aluna de Pós –
Graduação em Stricto- Sensu em Ensino de Ciências e Matemática – NPGECIMA.- Universidade Federal de
Sergipe; Estudante no Grupo de pesquisa em práticas educativas e aprendizagem n educação básica (GPEA),
da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Emil: crisquimica@outlook.com
2
Licenciada em Química pela Universidade Federal de Sergipe (1989); Mestre em Educação pela
Universidade Federal de Sergipe (2000) e Doutora em Educação pala Universidade Federal de Minas Gerais
(2008). Atualmente é professora do Colégio de Aplicação da UFS e do Núcleo de Pós- Graduação em Ensino
de Ciências e Matemática- NPGECIMA- desta universidade. É pesquisadora do Grupo Linguagem e
Cognição em Salas de Aulas de Ciências (UFMG) e Líder do Grupo de Pesquisa em Práticas Educativas e
Aprendizagem na Educação Básica (UFS). Emil: adtourinho@terra.com.br
3
Licenciada em Química pela Faculdade Pio Décimo (2013), atualmente estudante de Pós – Graduação em
Stricto- Sensu em Ensino de Ciências e Matemática – NPGECIMA.- Universidade Federal de Sergipe;
Estudante no Grupo de pesquisa em práticas educativas e aprendizagem n educação básica (GPEA), da
Universidade Federal de Sergipe (UFS). Emil: maisaquimica@hotmail.com
Introdução
De acordo com Bauer e Gaskell (2002, p.79) o grupo focal (GF) “é um debate
aberto e acessível a todos porque os assuntos são de interesse comum, não levando em
consideração diferença de status entre os participantes do grupo, e o fundamento é uma
discussão racional”. Racional no sentido de ser condizente com os pensamentos e opiniões,
uma vez que toda opinião é aceita numa discussão. “Grupos Focais são um tipo de
pesquisa qualitativa que tem como objetivo perceber os aspectos valorativos e normativos
que são referência de um grupo particular. São, na verdade, uma entrevista coletiva que
busca identificar tendências” (COSTA, 2005 In: BARROS; DUARTE, 2005, p. 181). Para
Costa, esta técnica busca compreender e não deduzir e generalizar.
Por não ser uma técnica tão comum no campo da pesquisa em educação e,
principalmente, no que se refere à educação no ensino de ciências, por ter se desenvolvido
e amadurecido fora da metodologia tradicional da pesquisa qualitativa, muitos
pesquisadores não simpatizam com a utilização desse método (OLIVEIRA, FILHO,
RODRIGUES 1998). Deve ser atribuído a esse fato a pouca quantidade de material nas
áreas citadas. Mesmo ainda havendo esse tipo de resistência em relação a técnica, a mesma
é considerada por seus adeptos como sendo muito útil e bastante significativa no processo
de coleta e análise de dados para pesquisas em gerais, pois ocupa, como técnica, uma
posição intermediaria entre a observação participante e a entrevista de profundidade.
Conforme Bauer e Gaskell (2002) o que difere uma entrevista individual de uma
entrevista grupal é a mudança qualitativa na natureza da situação social. Em uma entrevista
em profundidade, as respostas do entrevistado são exploradas em detalhes, é a sua
construção pessoal do passado. O entrevistado está no centro das atenções. Na entrevista
grupal, o entrevistador tem o papel de moderador entre os participantes. O objetivo é
estimular os integrantes da equipe a falarem e reagirem àquilo que é dito pelos outros
participantes. Em atividades grupais, as pessoas têm que aprender a trabalhar com a
divergência. Para tal, podem fazer uso da criatividade e da capacidade de argumentação. O
moderador poderá utilizar estímulos do tipo projetivo.
A partir desse quadro é notável que o grupo focal possui vantagens em relação a
entrevista individual, mas esta técnica não é completa, por isso a opção de combina-las
para uma melhor qualidade da pesquisa.
Esta técnica pode ser utilizada de maneira satisfatória durante todas as etapas do
procedimento investigativo, pois possibilita a interação entre os participantes no momento
do diálogo, quando uma pessoa fala e a outra escuta, quando uma argumenta e os demais
concordam ou discordam, mas sempre expondo o porquê da posição tomada. “Quando
exponho minha opinião ... recebo com a entonação, com o tom emotivo dos valores deles...
e pela reação do outro formo a representação que terei de mim mesmo”. (BAKTIN,1992,
apud KRAMER, 2003p.66).
O grupo focal ao mesmo tempo que possibilita o pesquisador coletar dados, instiga-
o a refletir de forma mais detalhada sobre as concepções de comportamentos e de
avaliações internas e externas ao objeto pesquisado, possibilitando até a ocorrência de
mudanças que possam ser sugeridas pelo próprio grupo, a depender da pesquisa, devido à
experiência e à concepção dos entrevistados. Placco (2005) alerta que é preciso cuidado
para que o GF não seja considerado como representativo de certo universo de pessoas num
dado contexto específico, e, portanto, não há, nesta técnica, propósitos de generalização.
Para obtenção de uma melhor coleta de dados, é necessário que o GF ocorra dentro
de uma discussão informal, pois promove a liberdade e a confiança nos participantes, que
sentem-se seguros para expor seus pensamentos.
O grupo deve ter um tamanho reduzido para evitar dispersões e permitir que todos
tenham possibilidades de interagir, resultado numa obtenção em profundidade dos
conteúdos relacionados ao caráter da pesquisa. O pesquisador deverá apenas favorecer a
discussão, estabelecer propostas para problematizar e não, promover uma entrevista
diretiva grupal, pois a técnica do GF consiste em analisar não apenas as respostas faladas,
mas sim as características psicossociais que surgem na interação de opiniões sobre o tema.
Segundo Gomes (2005), por muito tempo o grupo focal foi utilizado apenas como
uma técnica de entrevista de marketing e, dentro da ciência, ele era posto a segundo plano.
A partir de 1980, surgiu a preocupação em utilizá-lo na investigação científica e, somente
no final do século passado, houve um desenvolvimento de modo sistemático do grupo
focal como técnica de pesquisa nas ciências sociais em geral (GATTI, 2012). Utilizado
essencialmente em pesquisas qualitativas, o grupo focal é “uma técnica de pesquisa na qual
o pesquisador reúne, num mesmo local e durante um certo período, uma determinada
quantidade de pessoas que fazem parte do público-alvo de suas investigações, tendo como
objetivo coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre eles, informações acerca de um
tema específico” (CRUZ NETO; MOREIRA; SUCENA, 2002, p. 5).
O grupo passa a ser um recurso metodológico que está sendo cada dia mais
utilizado como instrumento de captação de dados em pesquisas qualitativas de diversas
áreas, visto que essa abordagem, ao mesmo tempo em que permite a
aproximação/interação dos indivíduos, possibilita captar os significados que os
profissionais da educação dão a si mesmos, a outros e às coisas que fazem parte da
realidade do dia-a-dia em seu trabalho (SANTOS, 2012). Gatti (2005, p. 12) define o grupo
focal como “uma técnica de levantamento de dados muito rica para capturar formas de
linguagem, expressões e tipos de comentários de determinado segmento”.
Aspectos Éticos
A ética é questão crucial para a qualidade da pesquisa. O pesquisador deve ser ético
e fiel aos resultados obtidos em suas pesquisas. De acordo com Bauer, Gaskell e
Allum(2002), os critérios para se avaliar a qualidade da pesquisa qualitativa devem ser o
quanto ela permita uma compreensão da realidade, a autorreflexão e a ação emancipatória.
Assim, o grupo focal possibilita ao pesquisador um resultado satisfatório, pois o mesmo
consegue atender a esses critérios. O pesquisador deverá aproveitar o momento do GF para
convidar os participantes a juntamente com ele fazer uma autorreflexão sobre sua posição
frente ao tema pesquisado.
Diante de tudo exposto acima, pode-se concluir que a escolha pela técnica de GF
principalmente na área de pesquisa em educação é desafiadora, inovadora e tentadora.
Em termos mais práticos, outros dois aspectos éticos que devem nortear a conduta
do pesquisador também merecem ser citados: Em primeiro lugar, a ética na preservação
dos direitos dos participantes, ou seja, o sigilo, bem-estar, ambiente acolhedor, preservação
da identidade, e primordialmente, a preocupação com o significado dos conteúdos que
serão trabalhados no grupo e como eles poderão afetar a vida de cada um dos participantes.
Aspectos epistemológicos
Nesse contexto, não existe uma verdade a priori para ser descoberta como no
positivismo e sim, uma verdade a ser construída na relação que se estabelece no percurso
da pesquisa. Assim, se pressupõe que são múltiplas as possibilidades de “verdade”, assim
como múltiplas e complexas são as manifestações do ser humano (DENZIN &
LINCONLN, 1994; RASERA & JAPUR, 2001). As bases epistemológicas que definem o
modo de construção do conhecimento são uma consequência imediata da definição de
realidade(Gomes,1993). Ao escolher utilizar o GF, o pesquisador espera que as concepções
referentes ao objeto de pesquisa sejam formuladas no próprio grupo, durante a socialização
do conhecimento, no contexto da realidade dos pesquisados.
Referências