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Em fins de maio de 1998 inaugurou-se em Portugal a Exposição Internacional de Lisboa

ou, como se tornaria conhecida, a Expo-98. Anunciada como a última das exposições
universais do século XX, reuniu 146 países e 14 organizações de todos os continentes e
foi visitada durante os quatro meses em que esteve aberta, por cerca de 11 milhões de
pessoas. Seguindo a tradição desse tipo de mostra, cada país participante construiu um
pavilhão e, através dele, mostrou-se ao mundo, assinalando as realizações e
potencialidades de seu povo. Mas a Expo-98 se diferenciou de todas as outras ao escolher
o tema. Os oceanos: um patrimônio para o futuro. Com isso ela traduziu a constante
preocupação internacional com o desenvolvimento econômico dos povos, mas também
anunciava as novas inquietações trazidas pelos problemas socioculturais e ecológicos que
tem crescentemente mobilizado toda a população do planeta. O fato de essa exposição ter
sido realizada em Lisboa, ter escolhido como tema os oceanos e ter sido organizada pela
comissão para as comemorações dos descobrimentos Portugueses tornou-a um
acontecimento especial para o Brasil. Devido a esse perfil, ela se inseriu no circuito dos
preparativos das comemorações dos 500 anos de descobrimento que recebeu a atenção
particular das autoridades públicas. O Brasil sempre teve o hábito de se apresentar em
exposição dessa natureza, desde a primeira delas, realizada em Londres em 1851, e não
,poderia deixar de participar de um evento com significados tão particulares. Mais uma
vez o pavilhão que o governo brasileiro mandou construir em Lisboa procurou ser
monumental: ocupava 1300 metros quadrados, nos quais eram fartamente exploradas as
nossas mais conhecidas e propagadas belezas naturais e riquezas culturais.

Exatamente porque se deseja enfatizar essa profunda, mas muitas vezes pouco evidente
relação entre economia, política e sociedade, se irá apresentar aqui alguns momentos e
movimentos do período republicano que permitem perceber esse mundo econômico de
maneira mais acessível. Dessa forma, poderá ficar mais claro como os acontecimentos
econômicos, que as vezes parecem tão distantes, estão muito perto da vida cotidiana das
pessoas e produzem alterações importantes em seus hábitos e em seus valores culturais.
Talvez seja interessante iniciar esse exercício examinando as duas últimas décadas do
século XX: além de mais próximas, são muito significativo por assinalarem tanto algumas
vitórias sobre velhos problemas de nossa economia, como a inflação, quanto a
permanência de outros, como o desemprego e a desigualdade social. Apenas para se ter
uma idéia da gravidade dessas questões, no início do século XXI calcula-se que o Brasil
possui cerca de 30% de sua população, ou seja, cerca de 50 milhões de pessoas, vivendo
como pobre ou indigentes. As décadas de 1980 e 1990 estiveram longe de ser animadoras
em matéria de crescimento econômico e distribuição de renda.

Desemprego, concentração de renda, falta de crescimento econômico e inflação são


palavras que, pelo menos desde a década de 1950, vem circulando muito nos jornais e
nos vários tipos de textos que tratam da economia e da sociedade brasileira. Elas se
referem a questões econômicas estruturais, portanto, a questão que não são novas. Pode-
se até dizer que algumas delas estão em nossa agenda política e social desde o início da
república. Contudo, em cada período em que surgem de forma mais contundente, elas
ganham significados e dimensões próprias, conforma se diagnosticam suas causas e se
receitam soluções consideradas adequadas.

Na virada do século XX para o XXI, o que talvez caracterize de maneira particular esse
conjunto de problemas que mais uma vez precisam ser enfrentados é a profundidade e a
violência com que eles afetam a sociedade, ao que soma um alto grau de incerteza quanto
as soluções existentes para combate-lo. Independentemente da variedade e multiplicidade
de análise sobre a situação econômica do Brasil, há uma certa convergência entre elas em
relação há alguns pontos. O primeiro deles refere-se à necessidade de fazer o pais voltar
a crescer economicamente, ou seja, de estimular todas as ações e investimentos ligados
as atividades produtivas, especialmente aqueles que possam gerar um aumento no numero
de postos de trabalho. O segundo, articulando-se ao primeiro, insiste na urgência de uma
redução dos níveis de desemprego vigente, os quais segundo estatísticas da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), colocam o Brasil e a América Latina em situação
extremamente difícil, uma vez que as taxas registradas no fim dos anos 1990 ultrapassam
as mais altas alcançadas na década de 1980, apesar de todas as tentativas experimentadas
para inverter essa tendência. A constatação da OIT é que não há praticamente crescimento
de emprego no setor formal e avançado da economia, e que os postos de trabalho estão
sendo cridos no setor informal onde a produtividade e a proteção social do trabalhador
são pequenas. Além disso, a privatização do setor público, efetuada por várias países
latino-americanos, teve consequência visíveis no que se refere ao número e a qualidade
dos postos de trabalho, pois o recuo e o vazio deixados pelo estado foram preenchidos
pelo setor privado da economia, nem compensados por politicas sociais de amparo a
população. Diante do crescimento demográfico previsto para as primeiras décadas do
século XXI, só uma efetiva politica de geração de emprego e de formação continuada de
mão de obra poderia atenuar esse quadro dramático.
Tornando o problema ainda mais difícil, há a situação do mercado de trabalho que se
transformou muito desde os anos 1980, particularmente com o que se chama de
desindustrialização, ou seja, a diminuição do numero de postos de trabalho no setor
secundário ou industrial, justamente aquele que vinha absorvendo grandes contingentes
de mão de obra operaria e simbolizava por excelência a modernização da economia. Esse
fato, que é uma tendência internacional e está ligado a utilização de tecnologia avançada
na indústria, não apenas limita o numero de postos de trabalho disponíveis de forma
definitiva – é o desemprego estrutural -, como exige maior e permanente qualificação
daqueles que estão empregados. Para garantir o seu lugar, a mão de obra deve ser bem
formada, e não apenas treinada para executar uma função. Como o Brasil ainda tem altos
índices de população adulta analfabeta ou com baixa escolaridade, o que não se altera
com rapidez, a situação dos trabalhadores fica ainda mais difícil, pois mesmo quando
alguns encontram vagas e querem ocupa-las, podem não estar capacitados a fazê-lo.

No ano de 1908, o governo federal, os governos estaduais e os empresários em geral


mobilizaram-se e mobiliaram a população brasileira para participar de um evento que
deveria marcar época e ficar para sempre gravado na memória e na história do país: a
Exposição Nacional Comemorativa do Centenário de Abertura dos Portos do Brasil ao
Comércio do Mundo. A data que estava sendo comemorada não podia, aos olhos dos
organizadores, ser mais significativa. A abertura dos portos, promovida pelo príncipe
regente D. João em 1808, quando a corte portuguesa se transferiu para o Brasil, fora uma
autêntica certidão de independência de nossa economia e assinalara os rumos que
tomaríamos em direção ao progresso a partir de então.

O Brasil de 1908 era um país agroexportador, cuja economia dependia fundamentalmente


de um produto, o café, o que a tornava bastante sensível e exposta, quer aos movimentos
internos, de maior ou menor oferta desse produto, quer aos movimentos externos, de um
mercado em que os Estados Unidos se destacavam como o maior comprador. Da
estabilidade dos preços do café praticamente dependia a estabilidade mais geral da
economia, que envolvia, além dos interesses dos cafeicultora, os interesses dos governos
federal e estaduais (particularmente dos estados cafeeiros) e os de muitas outras
atividades agrícolas, comerciais e industriais. Todos esses interesses, embora de formas
e com intensidades variadas, eram atingidos pela crise do café, que podiam diminuir os
lucros auferidos pelos fazendeiros, a quantidade de investimento realizados pelos
empresários e o volume de impostos arrecadados pelos governos. Essa crise podia
também provocar a desvalorização da moeda, o endividamento junto aos banqueiros
internacionais, a inflação, a queda do valor dos salários dos trabalhadores e o desemprego.
Enfim, o café era um fator ato crucial para a situação do país, tanto no mercado externo
quanto no interno que afetava a tudo e a todos. Isso fazia com que os governantes da
nação, independentemente de estarem mais ou menos ligados aos interesses dos
cafeicultores, se preocupassem com a saúde desse produto.

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