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Maria Navalha é figura antiga, famosa regionalmente e só depois ficou

conhecida nacionalmente como entidade. O fenômeno da regionalização é


natural e mais natural a inda é que algumas pessoas segmentos queiram ter
controle universal sobre os espíritos. Isso não funcionou com o espiritismo e
também não funcionará com a umbanda. Ninguém tem direitos sobre as
manifestações espirituais, assim sendo, é praticamente impossível estigmatizar
ou engessar manifestações e tentar definir esteriótipos. Entretanto, nós,
humanamente precisamos de balizamento e referências, por isso recorremos
sempre aos arquétipos dessa ou daquela entidade.
Por um lado a busca por algo que nós dê segurança oferece a
possibilidade de disciplina e seriedade, por outro lado sufoca a autenticidade
das manifestações e induz médiuns aos animismo e ao copismo nos terreiros,
sobre tudo com o fenômeno da internete onde todos podem ver todos e uns
imitam aos outros. Então a grande verdade é que não se pode codificar uma
doutrina que é fruto constante de uma coletividade, doutrina que se resinifica e
se reelabora todo o tempo.
Maria navalha é um nome que sofreu regionalização no Rio de Janeiro e
assim como Ze pelintra, também no Nordeste. Especialmente nesses dois
lugares percebemos que a história e o perfil não guardam muito em comum a
não ser o fato de serem espiritos e terem uma certa relação com atividades de
quimbanda.
É verdade que muita gente defende com unhas e dentes que Maria
Navalha é malanda, porém, essas pessoas não compreendem muito bem o
que realmente é o fenômeno da "malandragem" que agora virou linha e há uma
inclinação distinguir malandragem de exu e pombagira, a grande questão é por
quê? É muito comum percebermos registros de nomes como Maria Analha,
Maria navalhada, Maria sete navalhas, Maria sete navalhadas... Outra questão
que tenho notado é a atitude de assumir relações com locais bem comuns aos
exus, por exemplo: Maria Navalha das almas, Maria navalha do porto, Maria
navalha do Cais entre outros.
Creio que este fenômeno, o da malandragem, esteja se formatando e
acontecendo neste exato momento e embaixo do nosso nariz. Não sou
favorável aos estigmas e nem aos engessamentos! Os estereótipos dos ditos
malandros são idênticos a praticamente tudo dos exus e pombogira, suas
manifestações iniciais sempre estiveram relacionados com a quimbanda e os
trabalhos de esquerda como ocorre com Zé Pelintra. Eu não os distingo das
entidades de quimbanda, ao contrário, eles nascem nela assim como exu mirim
que em muitas casas alcançou o direito de ter linha própria em dias distintos
dos exus, porém, continuam ligados à quimbanda. Para mim, nos fundamentos
de quimbanda vejo a malandragem como uma linha conectada ao povo da Lira
pois gostam da boemia, da bebida, da noite, da diversão, das festas etc.
Mario Teixeira de Sá Júnior em sua defesa: “baianos e malandros”: A
sacralização do humano no panteão Umbandista do século XX’, mostra que a
legitimação ou enfraquecimento de determinadas linhas de umbanda tem
ligações profundamente sociais em relação ao dinamismo de governos e novas
realidades experimentadas pela nossa sociedade. Existe um gênesis da
malandragem e ela não inicia necessariamente no Brasil e muito menos na
primeira metade do século XX como dizem alguns artigos. A própria mitologia e
ficção humana estão cheia dessa figura que podemos chamar de malandros:
Aladim, Azambuja, Bender, Gastão, Jack Sparrow, João Grilo, Mandachuva,
Pedro Malasarte, perna longas, pica pau, Robin Hood, Orixá exu, a figura do
bufão e os próprios boêmios; todos encerram algo de anti-herói e malandro.
O Brasil sofreu influência norte americana na formação da imagem do
malandro. Nos Estados Unidos o Birro do Bronx também tinha o seu negro
pobre, de fala quase cantada, andado afetado, com seus ternos chamados
zoot suits e sabedor das “manhas” para se dar bem e sobreviver.
A etimologia da palavra malandro vem das seguintes hipóteses: a
palavra vem de um casamento estranho entre o latim malus ("mau", "errado") e
o provençal landrin ("preguiçoso", "vagabundo"). A palavra teria a ver com
"malandra", ferida ou sarna que ataca as juntas internas dos joelhos dos
cavalos causando uma afetação no andar do animal, afetação essa associada
com o andar e gingado do malandro.
Na pratica, percebemos os malandros como equivalentes e em alguns
lugares como “substitutos” dos exus. Até o surgimento de uma linha específica
de trabalho eles sempre se manifestaram junto a exu ou a baianos e isso
mostra a flexibilização dessas entidades quanto a se adequarem conforme as
possibilidades.
Maria navalha é um pária feminino de Zé Pelintra, quase como um
coringa ela também tem a versatilidade de se adaptar a qualquer situação de
trabalho, portanto, se for invocada como pomba-gira, como malandra, como
catimbozeira, como batuqueira, como juremeira ou como quimbandeira
certamente ela responderá.
Vou dar um exemplo com minha própria experiência por ser “cavalo”
dessa entidade. Maria Navalha se manifestou em mim dentro da quimbanda e
afirma transitar onde quer, hora como pombogira, hora como malandra. Ela
foge aos estereotipo em sua vestimenta, embora também transite por alguns
elementos que a identifica como a navalha, sua relação com jogatina, capoeira,
cantorias e sotaques. Em minha casa ela foi assentada cruzada como
pombogira e malandra, mora na cafua junto aos demais Exus e pombogiras e é
tratada com a mesma deferência e importância que os demais, alias, aqui em
casa a sua presença é sempre motivos de alegria, euforia e festa.
Todo esse trajeto é pautado na busca pela autenticidade sem o
afastamento do simbolismo que a caracteriza. Se você foi escolhida por alguém
dessa falange para trabalhar, entregue-se e deixe fluir, não se prenda a
dogmas e a estereótipos e limitações.

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