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1) Maria Navalha é uma entidade regional do Rio de Janeiro que se tornou conhecida nacionalmente, mas não há um consenso sobre sua natureza.
2) A tentativa de codificar as doutrinas espíritas sufoca a autenticidade das manifestações e leva a comportamentos estereotipados.
3) A figura do "malandro" se desenvolveu no Brasil sob influência norte-americana e está relacionada a outras figuras folclóricas, podendo ser vista como equivalente a Exus em alguns lugares.
1) Maria Navalha é uma entidade regional do Rio de Janeiro que se tornou conhecida nacionalmente, mas não há um consenso sobre sua natureza.
2) A tentativa de codificar as doutrinas espíritas sufoca a autenticidade das manifestações e leva a comportamentos estereotipados.
3) A figura do "malandro" se desenvolveu no Brasil sob influência norte-americana e está relacionada a outras figuras folclóricas, podendo ser vista como equivalente a Exus em alguns lugares.
1) Maria Navalha é uma entidade regional do Rio de Janeiro que se tornou conhecida nacionalmente, mas não há um consenso sobre sua natureza.
2) A tentativa de codificar as doutrinas espíritas sufoca a autenticidade das manifestações e leva a comportamentos estereotipados.
3) A figura do "malandro" se desenvolveu no Brasil sob influência norte-americana e está relacionada a outras figuras folclóricas, podendo ser vista como equivalente a Exus em alguns lugares.
Maria Navalha é figura antiga, famosa regionalmente e só depois ficou
conhecida nacionalmente como entidade. O fenômeno da regionalização é
natural e mais natural a inda é que algumas pessoas segmentos queiram ter controle universal sobre os espíritos. Isso não funcionou com o espiritismo e também não funcionará com a umbanda. Ninguém tem direitos sobre as manifestações espirituais, assim sendo, é praticamente impossível estigmatizar ou engessar manifestações e tentar definir esteriótipos. Entretanto, nós, humanamente precisamos de balizamento e referências, por isso recorremos sempre aos arquétipos dessa ou daquela entidade. Por um lado a busca por algo que nós dê segurança oferece a possibilidade de disciplina e seriedade, por outro lado sufoca a autenticidade das manifestações e induz médiuns aos animismo e ao copismo nos terreiros, sobre tudo com o fenômeno da internete onde todos podem ver todos e uns imitam aos outros. Então a grande verdade é que não se pode codificar uma doutrina que é fruto constante de uma coletividade, doutrina que se resinifica e se reelabora todo o tempo. Maria navalha é um nome que sofreu regionalização no Rio de Janeiro e assim como Ze pelintra, também no Nordeste. Especialmente nesses dois lugares percebemos que a história e o perfil não guardam muito em comum a não ser o fato de serem espiritos e terem uma certa relação com atividades de quimbanda. É verdade que muita gente defende com unhas e dentes que Maria Navalha é malanda, porém, essas pessoas não compreendem muito bem o que realmente é o fenômeno da "malandragem" que agora virou linha e há uma inclinação distinguir malandragem de exu e pombagira, a grande questão é por quê? É muito comum percebermos registros de nomes como Maria Analha, Maria navalhada, Maria sete navalhas, Maria sete navalhadas... Outra questão que tenho notado é a atitude de assumir relações com locais bem comuns aos exus, por exemplo: Maria Navalha das almas, Maria navalha do porto, Maria navalha do Cais entre outros. Creio que este fenômeno, o da malandragem, esteja se formatando e acontecendo neste exato momento e embaixo do nosso nariz. Não sou favorável aos estigmas e nem aos engessamentos! Os estereótipos dos ditos malandros são idênticos a praticamente tudo dos exus e pombogira, suas manifestações iniciais sempre estiveram relacionados com a quimbanda e os trabalhos de esquerda como ocorre com Zé Pelintra. Eu não os distingo das entidades de quimbanda, ao contrário, eles nascem nela assim como exu mirim que em muitas casas alcançou o direito de ter linha própria em dias distintos dos exus, porém, continuam ligados à quimbanda. Para mim, nos fundamentos de quimbanda vejo a malandragem como uma linha conectada ao povo da Lira pois gostam da boemia, da bebida, da noite, da diversão, das festas etc. Mario Teixeira de Sá Júnior em sua defesa: “baianos e malandros”: A sacralização do humano no panteão Umbandista do século XX’, mostra que a legitimação ou enfraquecimento de determinadas linhas de umbanda tem ligações profundamente sociais em relação ao dinamismo de governos e novas realidades experimentadas pela nossa sociedade. Existe um gênesis da malandragem e ela não inicia necessariamente no Brasil e muito menos na primeira metade do século XX como dizem alguns artigos. A própria mitologia e ficção humana estão cheia dessa figura que podemos chamar de malandros: Aladim, Azambuja, Bender, Gastão, Jack Sparrow, João Grilo, Mandachuva, Pedro Malasarte, perna longas, pica pau, Robin Hood, Orixá exu, a figura do bufão e os próprios boêmios; todos encerram algo de anti-herói e malandro. O Brasil sofreu influência norte americana na formação da imagem do malandro. Nos Estados Unidos o Birro do Bronx também tinha o seu negro pobre, de fala quase cantada, andado afetado, com seus ternos chamados zoot suits e sabedor das “manhas” para se dar bem e sobreviver. A etimologia da palavra malandro vem das seguintes hipóteses: a palavra vem de um casamento estranho entre o latim malus ("mau", "errado") e o provençal landrin ("preguiçoso", "vagabundo"). A palavra teria a ver com "malandra", ferida ou sarna que ataca as juntas internas dos joelhos dos cavalos causando uma afetação no andar do animal, afetação essa associada com o andar e gingado do malandro. Na pratica, percebemos os malandros como equivalentes e em alguns lugares como “substitutos” dos exus. Até o surgimento de uma linha específica de trabalho eles sempre se manifestaram junto a exu ou a baianos e isso mostra a flexibilização dessas entidades quanto a se adequarem conforme as possibilidades. Maria navalha é um pária feminino de Zé Pelintra, quase como um coringa ela também tem a versatilidade de se adaptar a qualquer situação de trabalho, portanto, se for invocada como pomba-gira, como malandra, como catimbozeira, como batuqueira, como juremeira ou como quimbandeira certamente ela responderá. Vou dar um exemplo com minha própria experiência por ser “cavalo” dessa entidade. Maria Navalha se manifestou em mim dentro da quimbanda e afirma transitar onde quer, hora como pombogira, hora como malandra. Ela foge aos estereotipo em sua vestimenta, embora também transite por alguns elementos que a identifica como a navalha, sua relação com jogatina, capoeira, cantorias e sotaques. Em minha casa ela foi assentada cruzada como pombogira e malandra, mora na cafua junto aos demais Exus e pombogiras e é tratada com a mesma deferência e importância que os demais, alias, aqui em casa a sua presença é sempre motivos de alegria, euforia e festa. Todo esse trajeto é pautado na busca pela autenticidade sem o afastamento do simbolismo que a caracteriza. Se você foi escolhida por alguém dessa falange para trabalhar, entregue-se e deixe fluir, não se prenda a dogmas e a estereótipos e limitações.