Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. BRO N O W SKI
M a rtin s Fo n tes
São Paulo — 1992
Título original:
THE ASCENT OF MAN
© Copyright by Science Horizons Inc., 1973
© Copyright by Livraria Martins Fontes Editora Ltda.,
através de acordo com the British Broadcasting Corporation,
para a presente edição
3.“ edição brasileira: abril de 1992
Produção gráfica: Geraldo Alves
Composição: Livraria Martins Fontes Editora Ltda.
Capa: Alexandre Martins Fontes
Impressão e acabamento:
Gráfica Brasiliana
Prefácio........................................ .......................................... 13
Capítulo 1 —AbaL'(o dos Anjos.......................................... 19
Adaptação animal - A alternativa humana - Início na Africa - O dom da
antevisão - Evolução da cabeça - O mosaico do homem - As culturas do
caçador - A través das glaciações - Culturas transumânticas: os lapões -
Imaginação na arte rupestre.
Capítulo 2 —As Colheitas Sazonais................................... 59
O passo da evolução cultural - Culturas nómades: os bakhtiari - Primórdios
da agricultura: o trigo - Jericó - Região dos tremores de tetra - Tecnologia
na aldeia - A roda - Domesticação de animais: o cavalo - Jogos de guera:
Buz Kashi - Civilização sedentária.
Capítulo 3 —A Textura da Pedra....................................... 91
O Novo Mundo - Evidência de migrações na distribuição dos grupos sanguíneos
- As ações de moldar e de juntar - Estrutura e hierarquia - A cidade: Machu
Picchu - Arquitetura de ângulos retos: Paestum - O arco romano: Segóvia -
A aventura gótica: Rheims - A arquitetura como ciência - A imagem oculta:
de Michelangelo a Moore - O prazer de construir - A estrutura oculta à visão.
Capítulo 4 —A Estrutura Invisível..................................... 123
Fogo, o elemento transformador - Extração de metais: cobre - A estrutura
das ligas metálicas - A obra de arte no bronze - Do fe r o ao aço: a espada
japonesa - Ouro - O incorruptível - A teoria alquímica do homem e da
natureza - Paracelsus e o surgimento da química - Fogo e ar: Joseph Priestley
- Antoine Lavoisier: combinações podem ser quantificadas - Teoria atómica
de John Dalton.
Capítulo 5 — A Música das Esferas.................................... 155
A linguagem dos números - A chave à harmonia: Pitágoras - O triângulo
retângulo - Euclides e Ptolomeu em Alexandria - Ascensão do Islamismo -
Números arábicos - O Alhambra: padrões de espaços - Simetrias nos cristais -
Alhazen - Movimento no tempo, a nova dinâmica - A matemática da trans•
formação.
Capítulo 6 — O Mensageiro Sideral.................................... 189
O ciclo das estações - A falta de um mapa dos céus: a Ilha de Páscoa - O
sistema ptolomaico no relógio de de Dondi - Copérnico: o Sol no crntro - O
telescópio - Galileo inaugura o método científico - Proibição ao sistema de
Copérnico - Dialogo sobre os dois sistemas - A Inquisição - A retrataçda de
Galileo - A revolução científica se desloca para o norte.
Capítulo 7 — O Relógio Majestoso.................................... 221
Leis de Kepler - O centro do mundo - A s i novações de Isaac Newton: os fluxi°ns
_ A descoberta do espectro - A gravitação e o Principia - O ditador intelectual
_ O desafio em sátiras - O espaço absoluto segundo Newton - O tempo
absoluto - Albert Einstein - O viajante leva consigo seus próprios espaço e
tempo - A relatividade é confirmada - A nova f il owfia.
Capítulo 8 — Em Busca de Poder....................................... 259
A Revolução Inglesa - Tecnologia doméstica: James Brindley - A revolta
contra os privilégios - Fígaro - Benjamin Franklin e a Revolução Americana
- Os novos homens: os mestres ferreiros - A nova concepção: Wedgwood e a
Sociedade Lunar - A fábrica em movimento - A nova preocupação: energia -
A cornucópia de invenções - A unidade da natureza.
Capítulo 9 — Os Degraus da Criação.................................. 291
Os naturalistas - Charles Darwin - Alfred Waliace - O impacto da América
do Sul - A multiplicidade de espécies - Wallace perde sua coleção - Concepção
da Seleção Natural - A rnntinuidade da evolução - Louis Pasteur: dextrogiros,
levogiros - Constantes químicas na evolução - A origem da vida - A s quatro
bases - Seriam possíveis outras formas de vida?
Capítulo 10 — Um Mundo Dentro do Mundo................... 321
O cubo do sal - Seus elementos - O jogo da paciência de Mendeleiev - A
tabela periódica - J. J. Thomson: o átomo dividido - A estrutura na nova arte
- A estrutura do átomo: Rutherford e Niels Bohr - O ciclo de vida de uma
teoria - O núcleo dividido - Os neutrinos: Chadwick eFermi -Evolução dos
elementos - Estatística, a segunda lei - Estabilidade estratificada - Imitando
a física da natureza - Ludwig Boltzmann: o átomo é uma realidade.
Capítulo 11 — Conhecimento ou Certeza.......................... 353
Não há conhecimento absoluto - O espectro de radiações invisíveis - O refina
mento dos detalhes - Gauss e a idéia da incerteza - A subestrutura da realidade:
Max Bom - O Principio da Incerteza de Heisenberg - O Princípio da Tolerância:
Leo Szilard - A ciência é humana.
Capítulo 12 — Geração Após Geração.............................. 379
A voz da insurreição - O naturalista hortelão: Gregor Mendel - Genética da
ervilha - Esquecimento instantâneo - O modelo tudo-ou-nada da hereditarie•
dade - O mágico número dois: sexo - O modelo do ADN de Crick e Watson -
Replicação e crescimento - Clonação de formas idênticas - Seleção sexual na
diversidade humana.
Capítulo 13 — A Longa Infância....................................... 411
Homem. o solitário social - Especificidade humana - Desenvolvimento especí
fico do cérebro - Habilidade da mão - As áreas da faia - O postergar de
decisões - A mente no papel de instrumento de preparação - Democracia do
intelecto - A imaginação moral - O cérebro e o computador: John von
Neumann - A estratégia dos valores - O conhecimento é o nosso destino - O
compromisso do homem.
Bibliografia............................................................................. 440
índice Remissivo.................................................................... 443
6
ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES
1 Dança da desova do grunion (National Geogra- 24 Trigo selvagem, de Jaubert e Spach, Plantas Ori
phic). 18. entais (British Museum, NaturalHistory), 68,69.
2 Exercício de perspectiva do Renascimento gera 25 Objetos do sítio de Jericó: tijolo de barro seco,
do no computador e espiral do ADN. 2. 3, 21. British Museum; amantes de quartzo, Ashmolean
3 lmpala (Ed Ross) 22. Museum; crânio decorado, Ashmolean Museum,
Manada de Topi (Simoll Trevor. Bntce Colemall 70, 71.
LtcL). 23. A torre de Jericó (Dave Brinicombe), 71.
4 O leito do Omo (Yves Coppens), 25. 26 Carpinteiro. Museu Nacional, Copenhagem; pino
5 Chifres moderno e fóssil de nyala. Musée de de cerâmica decorada, forno de padeiro, brinque
I'Homme, Paris (Yves Coppens), 27. do grego, velho com uma prensa de vinho, todos
6 Crânio da criança de Taung, Universidade de do British Museum, Londres, 72, 73.
Witwatersrand, Johannesburg (Alull R. Hughes, 27 Arando com bois ajoujados, Museo Civico, Bo-
com permissão do prof. P. V. Tobias), 28. logna (C. M. Duon), 74, 75.
7 Ossos de dedos e do polegar do A ustralopithecus 28 Modelo de cobre de um carro de guerra, Museu
(M ar Waldron), 28. de Bagdá (Oriental Institute, University o f
8 Criança de quatorze meses de idade (Geny Cra- Chicago), 76.
nham), 30, 31,32, 33. 29 Carpinteiros trabalhando com torno-de-arco
9 Saltador de salto-com-vara em ação (Geny Cra- (índia Office Library), 78.
nham), 34, 35. 30 Cavalaria mongol e tropa cruzando rio, do
10 Imagem gráfica de computador dos estágios Jamial-Tawarikh (Edinburgh University Libra
da evolução da cabeça, 36, 37. ry), 78.
11 Machado de pedra aqueu (Lee Boltin), 39. 31 Pintura de vaso grego, British Museum, Londres
12 Grupo de índios caçadores wayana (Cornell (Raynon Raikes), 83.
Capa, Magnum), 42,43. 32 Buz Kashi, Afganistão (DavidStock), 84, 85.
13 Um lemurídeo moderno (EdRoss), 44. 33 Dedicação a Oljeitu Khan em um manuscrito do
O esqueleto de um galago (Jonathan Kingdon, Alcorão, British Museum, Londres, 86.
cortesia da Academic Press), 45. O túmulo de Oljeitu Khan (DaveBrinicombe), 87.
14 Harpão magdaleniano de chifre de rena, Ashmo- 34 Página de rosto da Europa de William Blake
lean Museum, Oxford, 46. (John Freeman), 90.
Ponteira decorada, National Gallery of Art, 35 “A Casa Branca”, Canyon de CheUy, Arizona,
Washington (Hugo Obermaier), 47. em 1873 (T. H. O'Sullivan), 93.
Pintura em rocha (Erwin O. Christensen, por 36 Pote pueblo em forma de coruja, British Museum,
cortesia de Bonanza Books), 47. Londres (C. M. Dixon), 94.
15 Manadas de renas dos lapões, 1900 (Norsk Fol- Pote pueblo, Museu da Universidade do Colora
kemuseum, Oslo), 48, 49. do, Boulder, 95.
16 Mulher lapã (Norsk Folkemuseum, Oslo), 51. 37 Construção inca em Machu Picchu (H. Ubbeloh-
Manada de renas selvagens (Gunnar Ronn), 51. de Doering), 97.
17 Lapões em marcha, desenhos de Johan Turi, Machu Picchu (Georg Gerster, John Hillelson
1910 (Norsk Folkemuseum, Oslo), 52, 53. Agency), 98, 99.
18 Bisão deitado, Altamira (Michael Holford), 54, 38 Quipu inca, Museum of Mankind, Londres
55. (Raynon Raikes), 100, 101.
19 Contornos de uma mão, Santander (Achile B. 39 Templo de Poseidon, Paestum (Cario Bevilac-
Welder), 57. qua), 102, 103.
20-21 Migração da primavera dos bakhtiari (Anthony 40 Modelos fotoelásticos mostrando tensão nos ar
Howardpara a Daily Telegraph Colour Library), cos (Sharples Photomechanics Ltd.), 105.
58,62,63. 41 “EI Puente dei Diablo." Segóvia (A. F. Kers-
22 Foice curvada, Ashmolean Museum, 65. ting), 106, 107.
23 Variedades de trigo, nova e antiga (Tony Evans, 42 A Grande Mesquita, Córdoba (A. F. Kersting),
Marcel Sire), 66,67. 107. 7
43 Nave e aléia, Catedral de Rheims (Wim Swaan), Terra, ar e fogo, por Paracelsus (S. Karger), 138,
108. 139.
44 Pedreiros trabalhando, 13.0 século, do Livro de A Teoria Alquímica da Natureza: de Limbourg,
Saint Alban (The Board of Trinity College, Du “L'homme anatomique”, de Les Tres Riches
blin), 110. Heures, Musée Condé, Chantilly (Giraudon), 139.
45 Arcobotante, Catedral de Rheims (Wim Swaan), 59 Entalhe em madeira de Paracelsus, Opus Chy-
111. rurgieum (The Wellcome Trustees), 140, 141.
46 Desenho de Nervi para o Palazzetto dei Sport, 60 Paracelsus, atrib. a Quentin Metsys, Louvre,
Roma (Cement and Concreíe Association, Lon Paris, 143.
dres), 112, 113. 61 Joseph Priestley, por Ellen Sharples, National
47 “Brutus” de Michelangelo, Bargello, Florença Portrait Gallery, Londres, 145.
(Scala), 114. 62 Reconstrução do experimento de Lavoisier
48 Moore, “Knife-edge-Two-piece”, coleção parti (Paul Buerly e Michael Freeman, por cortesia
cular (Henry Moore), 117. de Charles Moore, Science Museum, Londres),
49 Mosaico da Watts Towers, Los Angeles (Roberí 146, 147.
Graní), 119. 63 Gigantesca lente de aquecimento de Lavoisier
Watts Towers (Charles Eames), 120, 121. (Science Museum, Londres), 150.
50 De la Tour, “Le Souffleur á la Lampe”, Musée 64 John Dalton, por J. Stephenson (Science Mu
des Beaux-Arts, Dijon (Giraudon), 122. seum, Londres), 150.
Fénix de Conrad Lycosthenes, Prodigiorum ac 65 Símbolos para os elementos de Dalton (Science
Ostentorum (Biblioteca de Pinturas de Roma), Museum, Londres), 152.
124. Gravura de Thomas Bewick (British Museum),
51 Adelgaçamento de um arame de cobre. (The 153.
Briíish Non-Fe"ous Metais Association) , 125. 66 Cordas vibrantes (Charles Taylor), 154.
52 Jarra de vinho em forma de coruja, Victoria and Harpista cego, Rijksmuseum, Leiden, 156.
Albert Museum, Londres (RaynonRaikes), 127. Fragmentos da mão de um harpista, Ashmolean
53 SiAo de bronze fundido, Victoria and Albert Museum, Oxford, 157.
Museum, Londres (Raynon Raikes/, 128, 129. 67 A prova pitagórica (John Webb) , 159.
54 A forja de urna espada (National Geographic), 68 Urna versão árabe do teorema de Pitágoras
130, 131. (British Museum), 161.
55 Marcas de resfriamento em urna espada do Século Gravura chinesa do teorema de Pitágoras (Bri-
XIX, Victoria and Albert Museum, Londres tish Museum), 161.
(Raynon Raikes), 132, 133. 69 Página da tradução de Euclides por Adelard de
Estampa, em bloco de madeira, deumSamurai Bath (British Museum), 163.
(H. Roger-Viollet), 133. 70 Ilustração de um manuscrito provençal do Século
56 Máscara de um rei aqueu, Museu Arqueológico XIV (British Museum), 164, 165.
Nacional, Atenas (C. M. Dixon), 135. 71 Astrolábio islâmico, Museum of the History of
Moeda de Creso, Museu Britânico, Londres (Mi- Science, Oxford, 166.
chael Holford), 135. Astrolábio gótico, Museum of the History of
Onça mochica, Coleção Mojico Gallo, Lima (Mi- Science, Oxford, 166.
chael Hoford), 135. Computador astrológico de cobre, British Mu
Escudo peitoral de um chefe africano, Victoria seum, Londres, 167.
and Albert Museum, Londres (Raynon Raikes), Extraído de Kushyar ibn Labban (University
135. of Wisconsin Press), 168.
Receptor de entrada central em uma calculadora 72 A Serra Nevada e o Alhambra, Granada (Wim
de bolso (Paul Brier/y), 135. Swaan, Camera Press), 170.
57 Saleiro esculpido por Cellini, Kunsthistorisches 73 Galeria dos músicos e banhos do harém no
Museum, Viena, 137. Alhambra (Mas), 171.
Gargalheira irlandesa, Museu Nacional da Irlanda, 74 Cristais naturais (Institute o f Geological Scien
137. ces), 174, 175.
58 A fornalha do corpo, por Paracelsus (The Well 75 Alfonso, o Sábio, ditando para Scholars, El Es
come Trusíees), 138. coriai (Michael Holford), 176, 177.
76 Afresco de Florença, c. 1350, Orfanotrofio dei 92 Mural em um ático emRoma (Umberto Galeasi),
Bigallo, Florença (Scala), 178. 203.
77 Cone de raios de Alhazen, do Opticae TheSilurus 93 Desenhos das fases da Lua, por Galilelo, Biblio
Alhazeni (British Museum). 179. teca Nacional, Florença (Scala), 202.
78 Carpaccio, “Santa Ürsula e seu Pretendente”, 94 Páginas-título dos trabalhos de GaWeo, 204, 205.
Accademia, Veneza (Osvaldo Bohn), 180. 95 O autor no Vaticano (DavidPeterson), 207.
79 Desenho de Dürer de um nu reclinado. Staatliche 96 Bernini, Urbano VIII, Galeria Nacional, Roma
Museen Preussischer Kulturbesitz Kupferstichka- (de Antonis), 206.
binett, Berlim, 181. 97 Sacchi, Um teto no PaUazzo Barberini, Roma
Dürer, Diagrama da construção de urna elipse, (de Antonis), 210.
do Unterweisung der Messung, 181. 98 Guache de Urbano VIII, coleção particular,
80 Dürer, “A Adoração dos Magos”, Uffízi, Flo (WarbugInstitute). 212.
rença (Scala), 182. 99 Mural em uma casa particular em Roma (Umber
Ucelío, “A Enchente”, S. Maria Novelía, Flo to Galeasi), 215.
rença (Scala), 183. 100 O documento no julgamento de GaWeo, Biblio
Ucello, Análise da perspectiva de uma taça, Ga- teca do Vaticano, 217.
binetto Disegni, Florença (Scala), 183. 101 A Terra vista da Lua (NASA), 219.
81 Da Vinci, desenho da trajetória de balas de mor 102 Wright of Derby, “The Orrery” (planetário me
teiro, Biblioteca Ambrosiana, Milão, 184, 185. cânico), Derby Museum e Art Gallery, 220.
Gotas de água (Oskar Kreisel). 184, 185. 103 A Mansão de Woolsthorpe (RoyalSociety), 223.
82 Semente de pinheiro (Marcel Sire); pétala de 104 Isaac Newton em 1689, por Godfrey Kneller,
rosa (Cambridge ScientificInstruments); concha coleção particular (Mansell Collection), 225.
(British Museum. Natural History); margarida 105 Desenho do Trinity College, feito por Wren (The
(Marcel Sire), 186. Warden and Fellows o f Ali Souls College,
83 Trajetória de partículas subatômicas (Paul Brier- Oxford), 228, 229.
ly), 187. 106 Experimentos ópticos de Newton de 1672 (Paul
84 Peça “Q” do altar, Copan (British Museum). 188. Brierly), 230, 231.
85 As trajetórias dos planetas (Aldus Books), 190. 107 Isaac Newton em 1702, por Godfrey Kneller,
Os movimentos de Mercúrio, Vênus, Marte, Jú National Portrait Gallery, Londres, 232.
piter e Saturno (Erich Lessing, Magnum), 191. 108 Carta de Halley a Newton de 29 de junho de
86 Estátuas da Ilha da Páscoa (Camera Press), 192, 1686 (King's College Library, Cambridge),
193. 232.
87 Páginas do manuscrito de de Dondi (MS Laud. 109 Busto de Isaac Newton, por John Rysbrack,
Misc. 620, ff. 87v-88, BodleianLibrary, Oxford), Victoria and Albert Museum, Londres (Crown
194. 195. Copyright), 235.
Reconstrução do relógio astronômico de de 110 Caricatura satirizando a teoria da gravidade de
Dondi, Smithsonian Institution, Washington, Newton (British Museum), 237.
195. 111 Rysbrack, baixo-relevo do monumento de
As faces do relógio (Wellcome Trustees). 196. Newton, Abadia de Westminster (A. F. Kersting),
88 Nicolaus Copernicus (Polish Cultural Institute, 238, 239.
Londres), 197. 112 Gráfico gerado por computador da inversão de
Páginas do De Revolutionibus Orbium Coeles- uma esfera, 240, 241.
tium, 197. 113 Griffier, Vista geral de Greenwich (Dept. Envi-
89 De Barbari, entalhe em madeira de Veneza (de ronment, Crown Copyright), 241.
talhe), British Museum, Londres (John Freeman), 114 O primeiro marcador de tempo marítimo de
199. John Harrison, National Maritime Museum,
90 Galileo Galilei, por Octavio Leoni, Biblioteca Londres, 243.
Maruceliana, Florença, (Scala), 199. 115 Detalhe do Teto Pintado, Royal Naval College,
91 Balança hidrostática, Museu da Ciência, Florença Greenwich (Dept. o f Environment, Crown Co
(Scala), 200. pyright), 242.
Telescópio de GaWeo, Museu de História da Ci Ilustrações de um manual de navegação (Bri
ência, Florença, 201. tish Museum), 243.
116 Torre do relógio de Berna (Dave Brinicombe), Josiah Wedgwood, por George Stubbs, Wedg
244. wood Museum, Stoke-on-Trent, 279.
Marcador de tempo n.0 4 de John Harrison, Token estampado com a máquina a vapor de
Science Museum, Londres, 244, 245. Watt (Birmingham City Museum), 280.
117 Albert Einstein em 1905 (Trustees o f the Estate 135 Apólice de seguro de trabalho mostrando a
ofA lbert Einstein), 245. Soho Foundry de Boulton e Watt (Birmingham
118 Einstein aos 14 anos (Einstein Trustees), 246. Assay Office). 281.
119 Aplicação para patente em 1904 (Amt fiir 136 Interior de um casebre de 1896 (RTHPL), 281.
GeistigesEigentum, Berna), 248, 249. 137 Uma mina, c. 1790, Walker Art Gallery, Liver-
120 A Teoria da Relatividade, desenho de Nigel pool,283.
Holmes, 250, 251. 138 O Zoetrópio (Science Museum); plataforma de
121 Artigo de Einstein de 1905, 252. elevação; mobília de quarto dobrável, 284, 285.
Anotações no quadro-negro feitas por Einstein 139 Richard Trevithick, Science Museum, Londres,
(Museum o f the History o f Science, Oxford), 287.
252, 253. 140 A queda d'água de Solanches, ChaqlOnix (Dave
122 Albert Einstein e Niels Botr em 1933 (Einstein Brinicombe), 289.
Trustees), 256, 257. 141 Árvore florida na floresta (Michael Freeman),
123 Hill, “O Viaduto da Amêndoa” (detalhe), Muse 290.
um ofTransport, Glasgow (Rupert Roddam), 258. 142 Alfred Russel Wallace (por cortesia de Mrs. D.
124 Uma das primeiras fotografias da vida doméstica Wallace), 292.
rural, da Vistas da Inglaterra de Grundy, Charles Darwin, 292.
(RTI/PL), 261. Diagramas de um manual de caça de besouros
125 Aqueduto de Telford junto à Pont-Cysyltau (British Museum), 294.
(Peter Carmichael, Reflex), 263. 143 Pinturas de pássaros de Darwin, por John Gould
126 Caricatura de uma reunião de acionistas feita (British Museum, Natural History), 295.
por Cruikshank (Eric de More), 264. 144 Um alagado no Amazonas (Michael Freeman),
James Brindley (Science Museum), 264. 297.
Wedgwood, Medalhão do Duque de Bridgewater, 145 Um tucano de bico vermelho, urubus e uma rã
National Portrait Gallery, Londres, 265. arborícola (MichaelFreeman), 298, 299.
127 As mãos do escritor e mecanismos em um autô 146 Garoto índio akawaio (Michael Freeman), 301.
mato de Jacquet-Droz. Museu Histórico, Neu- 147 Gravura de índios fueguinos, in Nanatives o f
châtel, 266. the Surveying Voyages o f HMS Adventure and
Retrato de Jacquard tecido em seda, Science Beagle, 302, 303.
Museum, Londres, 266. Fotografia antiga de um fueguino (Royal Geo-
Cruikshank, “Naldi em Figaro”, Victoria and graphic Society), 303.
Albert Museum, Londres, 267. 148 Escritório de Darwin na Downe House (Country
128 Benjamin Franklin coloca uma coroa na cabeça Life, por cortesia de Sir Hedley Atkins), 305.
de Mirabeau, Burndy Library, Norwalk, Conn., 149 Darwin nos seus últimos dias, fotografado em
268,269. Downe (Mansell Collection), 306.
129 Benjamin Franklin, por Joseph Duplessis, 150 Mimetismo protetivo em uma espécie de borbo
Natural Portrait Gallery, Londres, 270. leta (Michael Freeman), 307.
Um pára-raios, Franklin Institute, Philadelphia, 151 Caricatura de Darwin, tirada do “Hornet”, 308.
271. Wallace em 1805 (British Museum, Natural His
130 Tom Paine satirizado (British Museum), 273. tory), 309.
131 Um token (vale) de Wilkinson, British Museum, 152 Laboratório de Pasteur (Snark International),
Londres, 274. 310.
132 A pequena ponte de Coalbrookdale (Michael 153 Caldo de uva em fermentação (PaulBrierly), 311.
Holford), 275. 154 Pasteur com um amigo em 1864 (Institut Pas
133 Louça de Wedgwood (Wedgwood), 276. teur), 312.
Pirômetro de Wedgwood (Wedgwood), 277. Uma página de anotações de Pasteur sobre o
134 Padrões de jasper de Wedgwood para testes de estudo dos cristais (Bibliothèque Nationale,
10 cor e de brilho (Wedgwood), 278. Paris), 312.
Modelos de madeira de Pasteur dos cristais de 177 Placa original de raios X de Rontgen (Deutsches
tartarato, Institut Pasteur, Paris. 313. Museum, Munique, 356.
155 Leslie Orgel com Robert Sanchez (Jon Brenneis) 178 Padrão de difração de raios X de um cristal de
315. ADN (Prof. 11 H. F. Wilkins, Kings College,
156 Detector de proteína (David Paterson), 319. Londres), 357.
157 A formação da adenina (D. K. Miller, Salk Insti- 179 Karl Friedrich Gauss (Staastsbibliothek, Berlim),
tu te) , 318. 359.
158 Niels Bohr e Albert Einstein em 1933 (Einstein 180 Max Bom em 1924, 361.
TTrustees), 320. 181 Garota com o ganso, Gottingen (David Paterson),
159 Cristais cúbicos do sal de cozinha (Instiwte o f 363.
Geological Sciences), 322. 182 Coleção de crânios de Blumenbach, Gottingen
160 Dmitri Mendeleiev em seus últimos anos (Novosti (Hans Wilder, Werbe-Foto), 366.
Press Agency), 323. 183 Leo Szilard (Argonne National Laboratory),
161 Um dos primeiros esquemas da Tabela Periódica 369.
de Mendeleiev (por cortesia do prof. J. W. Van 184 Carta dos cientistas ao Presidente Roosevelt
Spronsen), 325. (Argonne National Laboratory, por cortesia da
162 Mendeleiev em Manchester (Manchester Literary Franklin D. Roosevelt Library), 371.
and Philosophical Society), 326, 327. 185 Ruínas de Hiroshima (Shumkichi Kikichi, John
163 A primeira Solvay Conference, 1911 (Benjamin Hillelson Agency), 372, 373.
Couprie), 328. 186 O autor em Auschwitz, extraído do filme da
A quinta Solvay Conference, 1927 (Benjamin BBC,375.
Couprie), 329. 187 O crematório de Auschwitz (Elliot Erwitt, Mag-
164 Seurat, “Moça com Esponja de Pó” (detalhes), num), 376,377.
Courtald Institute, Londres, 330, 331. 188 Apresentação do pavão (S. C. Bisserot, Bruce
165 Baila, “Planeta Mercúrio passando diante do Coleman Ltd.), 378.
Sol”, Museu Nacional de Arte Moderna, Paris, 189 Gregor Mendel em 1865 (DavidPaterson), 381.
332, 190 Os caracteres analisados por Mendel, pintura de
Boccioni, “Dinamismo de um Ciclista”, coleção Margaret Stones, 382.
particular, 333. Uma página de cálculos das anotações de Mendel
166 Ernest Rutherford (Cavendish Laboratory), 335. (DavidPaterson), 383.
167 Espectro do Hidrogênio e estrutura do átomo, 191 Microfotografia eletrônica de pólen de ervilha
338. (British Museum, Natural History), 384.
168 H. G. J. Moseley em 1910 (Museum o f History 192 Ovulos de ervilha (Marcel Sire), 386, 387.
ofScience, Oxford), 339. 193 Corte de elefantes e de cormorants (Black Star/
169 Reator de alto fluxo, Oak Ridge, Tenn. (Oak Eric Hosking), 389.
Ridge National Laboratory), 342. 194 Cromossomos grandes de células da casca da
170 O Sol (Culgoora Solar Observatory e CSIRO, cebola (Brian Bracegirdle), 391.
Austrália), 344. 195 Seqüência gráfica gerada em computador da
Mancha solar (Jay Pasachoff,, Big Bear Solar Ob espiral dupla do ADN, 392.
servatory, Calif) , 345. 196 Estágios do desenvolvimento de um embrião
171 Torre exponencial grafite-urânio (Argonne Na de galinha dentro do ovo (Oxford Scientific
tional Laboratory), 346. Films, Bruce Coleman Ltd.), 394.
172 Enrico Fermi em 1947 (Argonne National Labo 197 Rainha e abelhas obreiras (Ed Ross), 397.
ratory), 346. 198 Axolotles (Indiana University), 398; desenho de
173 Ludwig Boltzmann (DavidPaterson), 348. Scan Milne, 399.
174 A Grande Nebulosa M42 de Orion (University 199 Andrea Pisano, “A Criação da Mulher”, Campa-
ofNewcastle-upon-Tyne), 350. nile dei Duomo, Florença (Alinari), 401.
175 Stephan Borgrajewicz, por Feliks Topolskk 200 Células de Spirogyra (ArthurM. Siegelman),402.
352. 201 Gorilas (George Schaller, Bntce Coleman Ltd.),
176 Fotografia de radar do aeroporto de Londres 403.
(Decca), 354. 202 Van Eyck, “Retrato dos Arnolfinis” (detalhe)
Átomos de Tório (Dept. o f Metalhvrgy) , 355. National Gallery,Londres, 405. lí
203 Chagall, “O Casamento” Galeria Tretyakov, 210 A corte do pombo de colar preto, desenhado
Moscou (Novosti Press Agency), 407. por Maurice Wilson, 418.
204 Cientistas e suas mulheres. Daniel Lehrman (D. K. Mil/er, Salk Institute).
James e Elizabeth Watson (Waggaman/Ward); 419.
Louis e Marie Pasteur (/nsritut Pasteur),' Marie e 211 O autor com seu neto (Tony Evans). 420.
Pierre Curie (Royal /nstitution); Albert e Elsa 212 A zona motora do córtex do cérebro humano,
Einstein (RTHPL); Ludwig e Henrietta Boltz- desenhado por Nigel Holmes, 422.
mann (Boltzmann Trustees); Niels e Margrethe 213 Uzbeki pai e filho (David Stock). 426.
Bohr (Danish Radio); Max e Hedwig Bom; Jolm 214 Desiderius Erasmus. por Quentin Metsys,
e Klara von Neumann (Associated Press). 408, Galeria Nacional, Roma (Anderson-Giraudon).
409. 427.
205 Da Vinci, “A Madona das Rochas”, Louvre, Pa- 215 Um trabalho de Erasmus e a Anatomia de Vesa-
ris (Scala), 410. lius, 428.
206 Os doze discípulos, cruz do século IX, Moone, 216 A cidade velha de Jerusalém (Georg Gersta, John
Co. Kildare (Belzeaux-Zodiaque), 413. Hi/lelson Agency). 430, 431.
207 Da Vinci, “Criança no Útero”, Royal Library, 217 John von Neumann (Charles Eames), 433.
Windsor (Por graciosa permissão de S. M A Página de anotações de Neumann (Charles
Rainha), 414. Eames). 432, 433.
208 O autor em sua casa com o molde de Taung 218 O jogo da Morra, desenhado por Nigel Holmes,
(D. K. Miller, Salk Institute). 415. 434.
209 Dürer, “Auto-Retrato”, Lehrman CoUection. 219 Página de rosto de Songs o[ Experience. de
Nova Iorque, 417. William Blake (British Museum). 439.
12
PREFACIO
16
A ESCALADA
DO HOMEM
Editor da Série:
Adrian Malone
Produtor:
Richard Gilling
Equipe de Produção:
Mick Jackson
David John Kennard
David Paterson
Assistentes de Produção:
Jane Callander
Betty J owitt
Lucy Castley
Philippa Copp
Fotografia:
Nat Crosby
John Else
John McGlashan
Som:
Dave Brinicombe
Mike Billing
John Tellick
Patrick Jeffery
John Gatland
Peter Rann
Editores do Filme:
Roy Fry
Paul Carter
Jim Latham
John Campbell
1 ABAIXO DOS ANJOS
"% j
f•*•
p ' <-w
mm*
A Escalada do Homem
Escolhi este lugar por sua estrutura excepcional. Neste vale Os5 animais nos
foram-se acumulando, nos últimos quatro milhões de anos, camada surpreendem pelo
após camada, lava entremeada com enormes placas de piçarra e fato de terem
lama. O profundo depósito foi formando, em épocas diferentes, um mudado tão pouco.
Chifres de um
estrato após o outro, visivelmente separados, deacordo com a idade: nyaia moderno e de
quatro milhões de anos, três milhões de anos, mais de dois mühões doum Omo.
fóssil da bacia
Os
de anos, um pouco menos de dois milhões de anos. E, então, o chifres fósseis
Rift Valley os ergueu por uma ponta de modo que agora formam dois datam de mais de
mühões
um mapa do tempo, estendendo-se na distância e no passado. Esses de anos.
registros do tempo - as camadas - que normalmente jazem enter
radas, erguem-se formando os penhascos das margens do Orno,
dispostos como varetas de um leque.
Esses penhascos são os estratos em pé: no primeiro plano, o
fundo, com seus quatro milhões de anos; logo em seguida, uma
camada vizinha, com mais de três milhões de anos. Os restos de
uma criatura semelhante ao homem aparecem um pouco além,
acompanhados por restosde animais que lhe foram contemporâneos.
Os fósseis animais nos intrigam, uma vez que constatamos terem
eles mudado tão pouco. Quando, nos escombros de dois milhões
de anos de idade, encontramos um fóssil de uma criatura destinada
a tornar-se o homem, surpreendemo-nos com as diferenças marcan
tes entre esse esqueleto e o nosso - no desenvolvimento do crânio,
por exemplo. Assim, é natural que esperássemos terem os animais
da savana mudado igualmente. Mas os fósseis africanos mostram
que isso não é verdade. Considere o antílope Topi. O ancestral do
homem que caçou o ancestral dele reconheceria o Topi moderno
imediatamente; o mesmo não ocorreria em relação ao seu próprio
descendente, fosse ele preto ou branco.
Contudo, não foi a caça por si só (ou qualquer outra atividade
isolada) a causa da transformação do homem. Entre os animais, o
predador mudou tão pouco quanto a presa.. O gato ainda é forte na
perseguição e o pardal ainda é ligeiro no vôo; ambos perpetuaram
as mesmas relações entre suas espécies. A evolução humana começou
quando o clima africano se tornou seco: os lagos desapareceram, a
floresta se atrofiou na forma de savana. Evidentemente, foi bom
que o ancestral do homem não estivesse bem-adaptado a essas
condições climáticas. Por quê? Porque o meio cobra um preço para
a sobrevivência do mais apto; ele o aprisiona. Animais que se adap
taram à savana seca, como foi o caso da zebra, ficaram aí confinados
26 no tempo e no espaço; praticamente não evoluíram. O animal mais
A Escalada do Homem
8
A criança assumiu a
condição humana
de andar ereta.
Criança de
catorze meses de
idade começando
a andar.
II-**
0 JT ' A
m ;. j1 >■
1’ W
Abaixo dos Anjos
9
Não sendo um
exercício d ^^d o ao
presente, as ações
do atleta se
apresentam como
que destituídas
de objetividade.
Mas, acontece que
sua mente se fixa
no futuro, e
seu objetivo é
aprimorar sua
habüidade; assim,
em sua imaginação,
da um salto no
futuro.
Atleta no clír^K da
ação de saltar.
Fotografia com
infravermelho da
cabeça e do torso de
um atleta fatigado.
A Escalada do Homem 10
A cabeça é a mola que im
pulsiona a evolução cultural.
Gráfico dos estágios da
evolução da cabeça, obtido
através de computador.
Certamente há diferenças físicas entre o homem e os outros
animais, e mesmo entre o homem e os macacos antropóides. N°
salto-com-vara o atleta a segura numa pega que nenhum antropóide
pode igualar. No entanto, essa diferença é secundária comparada
àquela representada pelo fato do atleta ser um adulto cujo com
portamento não é determinado pelo seu ambiente imediato, como
seriam as ações de outros animais. Não sendo um exercício dirigido
ao presente, as ações do atleta se apresentam como que totalmente
destituídas de objetividade. Mas acontece que sua mente se fixa
no futuro, e seu objetivo é aprimorar sua habilidade; assim, em sua
imaginação, dá um salto no futuro.
As posturas desse atleta representam uma cápsula de habilidades
humanas: a pega da mão, o arqueamento do pé, os músculos do
ombro e do quadril - a própria vara, na qual energia é armazenada
e liberada, à semelhança de um arco disparando uma flecha. O
ponto culminante desse complexo é represe'l1 tado pelo planejamen
to, isto é, a habilidade de escolher um objetivo futuro e manter-a
atenção fixa no mesmo, rigorosamente. O desenvolvimento do
atleta revela um planejamento continuado; a invenção da vara, em
um extremo, e a concentração mental de antes do salto, no outro,
atestam sua humanidade.
A cabeça representa mais do que uma imagem simbólica do
homem; é a sede do planejamento e, assim, a mola propulsora da
evolução cultural. Portanto, ao me propor a traçar a escalada do
homem a partir de suas origens animalescas, minha intenção tem
de se concentrar na evolução da cabeça e do crânio. Infelizmente,
dos cinqüenta milhões de anos ou mais de que vamos tratar,
apenas seis ou sete crânios podem ser tomados como marcos dessa
evolução. Escondidos nos registros fósseis, muitas outras etapas
intermediárias devem estar à espera de quem as encontre. Até que
isso aconteça temos de nos contentar com uma reconstrução
conjectural do passado, de modo a preencher os vazios entre os
fósseis conhecidos. O computador se apresenta como o melhor
instrumento no sentido de calcular transições geométricas de
crânio para crânio; para determinar continuidades basta apresentar
os crânios ao computador que os ordena e nos mostra, na tela,
essa seqüência.
C°mecemos há cinqüenta milhões de anos atrás com um pequeno
arborícola, um lemuróide; esse nome, para os romanos, designava
36 o espírito dos mortos. Este fóssil, encontrado em depósitos
Abaixo dos Anjos
atual; mas essa criatura era baixa, medindo por volta de um metro
e vinte. Na realidade, achados recentes de Richard Leakey sugerem
que, há dois milhões de anos, o cérebro seria até mesmo maior.
Com seus grandes cérebros, os ancestrais do homem chegaram a
duas importantes invenções, das quais uma deixou evidências
observáveis, e a outra, pelo menos, dedutíveis. Vejamos as obser
váveis em primeiro lugar. Há dois milhões de anos o Australopi-
thecus fabricou ferramentas rudimentares, conseguindo lâminas
cortantes mediante a aplicação de simples golpes entre duas
pedras. No milhão- de anos seguinte o homem não inovou essa
técnica. A invenção fundamental havia sido feita: o ato proposital
de preparar e guardar uma pedra para utilização futura. Através
desse passe de habilidade e antecipação, ato simbólico da desco
berta do futuro, ele cortou as amarras com as quais o ambiente ata
todas as outras criaturas. O uso continuado da mesma ferramenta
por tão longo tempo dá uma mostra da sua força. Era segura
mantendo a parte romba contra a palma das mãos (essa pega era
firme porque, embora esses ancestrais do homem apresentassem
polegares curtos, estes estavam em completa oposição aos outros
detlos). Tratava-se, certamente, de ferramenta de comedor de
carne, destinada a golpear e cortar.
A outra invenção é social, e chegamos a ela por meio de uma
aritmética mais sutil. Os crânios e esqueletos dos Australopithecus,
encontrados agora em número relativamente grande, mostram que
a maioria deles morreu antes de completar vinte anos. Isso significa
que devia haver muitos órfãos. Uma vez que o Australopithecus
devia ter uma infância prolongada, como é o caso de todos os
primatas, aos dez anos, digamos, os sobreviventes eram todos
crianças. Dessa maneira, alguma forma de organização social
deveria se encarregar dos cuidados com as crianças, sua adoção
(se fosse o caso), sua integração na comunidade e, de uma forma
geral, sua educação. Eis aí um grande passo na evolução cultural.
Em que ponto teriam os precursores do homem se tornado
verdadeiramente humanos? Essa questão é delicada posto que tais
mudanças não se dão do dia para a noite. Seria tolice tentar fazê-las
parecer mais bem-demarcadas do que o foram na realidade - fixar
uma transição abrupta ou argumentar em torno de nomes. Nós
ainda não éramos homens há dois milhões de anos. Mas, há um
milhão de anos, já o éramos, e aqui aparece o primeiro represen-
40 tante do Homo - o Homo erectus. Este se espalhou para muito
Abaixo dos Anjos
19
Nas cavernas, a mão
impressa diz: “Esta
é minha marca. Eu
sou o homem".
Pintura de uma
mão , El Castillo,
Santander, Espanha.
2 AS COLHEITAS SAZONAIS
atividade nômade foi iniciada com o cavalo. Essa foi a contribui Ao31
ção dos hunos, depois dos frígios e, ainda depois dos mongóis, citas,verososgregos
cavaleiros
até atingir um clímax muito mais tarde sob a égide de Genghis tomaram cavalo e
cavaleiro como
Khan. As hordas móveis transformaram particularmente a orga fonnando um ser
nização da batalha. Eles concebiam a estratégia de guerra de único; a partir desse
forma diferente - uma estratégia semelhante a disputas ou jogos fato é que
inventaram a lenda
guerreiros; e como os guerreiros gostam de jogar! do centauro.
A estratégia das hordas móveis depende de manobras, de co decorado,
Vaso grego
municações rápidas, e de deslocamentos táticos estudados, os Centauros c.560 e uma
a.C.
quais podem ser organizados em diferentes seqüências, mantendo formação armada.
a surpresa dos ataques. Os resquícios dessa prática permanecem
representados nos jogos bíblicos de origem asiática, ainda hoje
apreciados, como o xadrez e o pólo. Para os vitoriosos a estratégia
de guerra é sempre tomada como uma espécie dejogo. Ainda hoje
é praticado no Afganistão um jogo, o Buz Kashi, que tem suas
origens nas competições eqüestres introduzidas pelos mongóis.
Os homens que participam do jogo do Buz Kashi são profissio
nais - o que significa que são empregados, e tanto eles como os
cavalos são treinados e mantidos unicamente para as glórias da
vitória. Em grandes ocasiões cerca de trezentos homens, de dife
rentes tribos, participavam da competição;já fazia vinte ou trinta
anos que isso não acontecia, até que nós organizamos uma.
Os participantes do Buz Kashi não formam equipes. A finali
dade da competição não é confrontar grupos, mas, sim, consagrar
um campeão. Há campeões famosos do passado que são reveren
ciados. O presidente desta competição foi um campeão no
passado. Ao presidente compete transmitir as ordens através de
um imediato, que pode ser um beneficiário do jogo, embora
menos importante. Esperaríamos ver uma bola, mas, fazendo as
vezes dela, o que encontramos é um bezerro decapitado. (Essa
brincadeira macabra diz alguma coisa a respeito do caráter do
jogo: é como se os cavaleiros estivessem se divertindo com o
alimento dos camponeses.) A carcaça pesa uns vinte quilos, e deve
ser arrebatada e defendida contra as investidas dos outros, à
medida que é levada através de dois estágios. O primeiro consiste
em levar a carcaça até a haste de uma bandeira às margens do
campo e contorná-la. O estágio crucial é a volta; constantemente
assediado, o cavaleiro tem de atingir o gol, que é um círculo
marcado no centro do campo, bem no meio da confusão.
O jogo é ganho quando o primeiro gol é marcado, assim, não
82 há tréguas. fito não chega a ser um evento esportivo;asregras não
32
Ainda hoje é praticado no
Afganistão um jogo, o Buz
Kashi, que tem suas origens
nas competições eqüestres
introduzidas pelos mongóis.
>1 Â
i.
toãi '
1
ÈÊLm
A Escalada do Homem
89
3 A DA PEDRA
Na mão
Tomou o compasso dourado, da fábrica
Eterna de Deus, para circunscrever
O Universo, e todas as coisas criadas:
Uma ponta pousou, e a outra girou
À volta da vasta escuridão profunda,
E disse: eis a tua extensão, os teus limites,
Seja esta a tua Circunferência, Ó Mundo.
Milton, Paraíso Perdido, Livro VII
37
Nós, seres humanos, somos agrupados em famílias, as famílias Ruas
em grupos de parentesco, os grupos de parentesco em clãs, os cidadedeuma que
clãs em tribos e as tribos em nações. O senso de hierarquia, de jamais
nenhum de nós
uma pirâmide na qual uma camada se superpõe à outra, manifes culturaviu, que
em uma
ta-se no modo como olhamos a natureza. As partículas elemen desapareceu.
tares formam núcleos, os núcleos se agrupam em átomos, os Junções sem
argamassa e faces
átomos em moléculas, estas em bases amídicas e as bases dirigem almofadadas
a combinação de ácidos aminados que, por sua vez, se combinam construções
caracterizam as
para formar proteínas. Encontramos de novo, na natureza, algo pedra incas. de
que parece corresponder profundamente à maneira pela qual Página seguinte:
nossas relações sociais nos congregam. Machu Picchu, Vale
Urubamba, Andes
O Canyon de Chel1y é uma espécie de microcosmo de culturas, Orientais, Peru.
e seu clímax foi atingido quando os pueblos construíram as aoO pico montanhoso
fundo, Huayna
grandes estruturas, pouco depois do ano 1000 d.C. Elas repre Picchu alcança 4.500
sentam, não apenas um tremendo conhecimento da natureza do metros.
trabalho com a pedra, mas, também, de relações humanas; tanto
aqui como em outras localidades, os pueblos construíram cidades
em miniatura. As habitações nos penhascos às vezes se sobrepu
nham em cinco ou seis andares, os pisos superiores apresentando
recessos em relação aos inferiores. O bloco frontal acompanhava
o plano do penhasco, mas os fundos se insinuavam para dentro
da rocha. Esses grandes complexos arquitetônicos chegavam a
atingir uma área construída de dez a quinze mil metros quadrados,
abrigando quatrocentos ou mais aposentos.
Pedras constroem paredes, paredes constroem casas, casas
formam ruas e ruas, cidades. Uma cidade é pedra e gente; mas
não é apenas pedras empilhadas e gente amontoada. Na passagem
da vila para a cidade surge uma nova organização comunal,
baseada na divisão de trabalho e em hierarquias de comando. Ao
andarmos pelas ruas de uma cidade desconhecida, de uma cultura
extinta, essa noção aflora claramente.
Na América do Sul, nas partes mais elevadas dos Andes, Machu
Picchu se encima a dois mil e quinhentos metros de altura. Foi
construída no auge do Império Inca, por volta de 1500 (quase
exatamente ao tempo em que Colombo tocava as Índias Ociden
tais), quando o planejamento urbano representava uma de suas
maiores conquistas. Ao conquistar e saquear o Peru em 1532, os
espanhóis, por assim dizer, não tomaram conhecimento de
Machu Picchu e suas cidades irmãs. Passaram, então, quatrocentos
96 anos de esquecimento até que, no inverno de 1911, Hiram
A Escalada do Homem
dos incas. Mas é natural que, se você trabalha para o Inca (ou As40 limitações físicas
para qualquer outro homem), as idiossincrasias dele dirijam seus da pedra não
atos, e você nada inventa. No ocaso do império, esses homens puderam ser
superadas senão
ainda utilizavam os dormentes; eles não chegaram a inventar a através
arcada. J:,sta é a medida do atraso entre o Novo e o velho Mundo, invenção.de uma nova
uma vez que esse é exatamente o ponto atingido dois mil anos fotoelásticos
Modelos
antes pelos gregos, que aí também pararam. mostrando linhas
de igual tensão nas
colunas^com^
No Sul da Itália, Paestum foi uma colônia grega cujos templos -travessa e nos arcos.
A tensôo aumenta
são mais antigos do que o Partenon: cerca de 500 a.c. Seu rio abruptamente na
foi-se sedimentando, e hoje monótonas bacias de sal separam-no face interna dil
travessa. N o arco a
do mar. Mas sua glória ainda é espetacular. A despeito de ter tensôo é
sido saqueada pelos piratas sarracenos no século IX e pelos distribuída de
cruzados no XI, Paestum, em ruínas, é uma das maravilhas da maneira mais
uniforme.
arquitetura grega.
Paestum é contemporânea ao surgimento da matemática grega;
exilado, Pitágoras ensinou em Crotona, uma outra colônia grega
não muito longe daqui. À semelhança da matemática peruana de
dois mil anos mais tarde, no acabamento dos templos gregos estão
presentes os ângulos retos e os pórticos quadrados. Os gregos
também não inventaram a arcada, e, dessa maneira, seus templos
são avenidas congestionadas de pilares. A aparência de amplidão
surge com as ruínas, mas, na realidade, são monumentos com
pouco espaço de circulação. Isto se deve ao fato de a ampliação
se dar pela adição de travessas retas e, neste caso, cada vão é
limitado pelo comprimento da viga e pelo peso que ela pode
suportar.
Tendo-se uma viga apoiada em duas colunas, a análise compu
tacional mostra que a tensão na viga aumenta à medida que
afastamos uma coluna da outra. Quanto mais longa for a viga,
maior será a compressão que seu peso produz na face superior e
maior a tensão na face inferior. E pedra suporta pouca tensão;
as colunas não se partem porque são comprimidas, mas as vigas
se partem quando a tensão se torna demasiada. É a face inferior
que arrebenta primeiro, a não ser que as colunas sejam mantidas
bem próximas.
A engenhosidade dos gregos se manifestava no sentido de
tornarem a construção mais leve, por exemplo, superpondo
colunas. Mas isso era apenas um artifício; fundamentalmente, as
104 limitações físicas da pedra não podiam ser superadas senão por
A Escalada do Homem 41
O arco é_ a descoberta de
uma cultura pragmática
e plebéia.
"EI Puente dei Diablo”,
aqueduto de Segóvia.
uma nova invenção. Tendo-se em conta a fascinação grega pela
geometria, o fato deles não terem concebido o arco é curioso.
Acontece, porém, que o arco é uma invenção da engenharia, e,
assim, apropriadamente, foi a invenção de uma cultura muito
mais plebéia do que as do Peru e da Grécia.
120
4 A ESTRU^TURA INVISÍVEL
MTv í '
>i^vv J& ^ A
B - BllfBI A-««
,r » T víwm
■
§92f iVVtójí fíü fy .
fàiw k * •i
-jp
*a_- ^
rlü ^ í ^ »
P : 11
â m m
\ \ v íé/v H(í >b ■'tfvm â M;k
W J rm
m m m
A Escalada do Homem
/ aqiuniis\ , -
uou.OiiirWiIUlt *
'5
'
. .( l d«llT.fO'
Apiut.pi(f/S.
'íunrfngllU rrtmitii
ii<i.éfjlirnmoifdiia.'
JUIUIIIUm.ifmíiu.i tu ftnmiunr.1 tOliim
Ugtmica.ivrniioiuIU
139
A Escalada do Homem
< *
v
A Escalada do Homem
11n ri
il frèilu
í'lia r / 11*011 P í a t f . . - / a r m
-
U tleil
e
.
lil,Jt* "
t
a ,. -
tuam* / ,
p o r hnl to u tr la fr.i
M mm> <f11 l lrn d a n tt’0rtu ('antro de fm t-
,'1 7d»/a«/<'.i •i«/' ,(«‘.i InindiM d ,. //'/' .»*///' 1111,.
63
O aquecimento usando
lente de aumento estava
na moda naquela época,
A gravura mostra a
gigantesca lente de
aquecimento construída
por Lavoisier, para a
Academia Real de
Ciências, nos arredores de
Paris, em 1 777..
64
“Ao que se sabe,
nenhum homem
conseguiu dividir o
átomo.”
Retrato de John
Dalton.
aumento para focalizar energia solar (que estava na moda naquela
época), dentro de um recipiente no qual podiam ver o gás sendo
formado e coletá-lo. O gás era o oxigênio e a demonstração era
qualitativa. Entretanto, para Lavoisier, tal evento se constituiu
na imediata sugestão de que a decomposição química era
quantificável.
A idéia era simples e radical; realizar o experimento alquímico
nos dois sentidos e, então, medir exatamente as quantidades
permutadas. Primeiramente, em um sentido direto: queimar
mercúrio (de modo que ele absorva oxigênio) e medir exatamente
a quantidade de oxigênio gasta no vaso selado, entre o início e o
fim da queima. Em seguida, o processo é revertido: toma-se o
óxido de mercúrio obtido, aquecendo-o vigorosamente de forma
que liberte novamente o oxigênio. O mercúrio é deixado no
fundo, o oxigênio flui para dentro de um vaso, e a questão crucial
é: “Mas, quanto?” Exatamente a quantidade gasta anteriormente.
De repente, o processo se revela como na realidade ele é, nada
mais do que o acoplamento e o desacoplamento de quantidades
150 fixas de duas substâncias. Essências, princípios, flogistos, todos
A Estrutura Invisível
Q©Q
determinada quantidade de oxigênio —dois átomos de oxigênio.
000 000
molécula de água a partir de outro átomo de oxigênio.
65
Símbolos usados
por Dalton para os
elementos.
Os pesos estão corretos: o peso de oxigênio que produz uma
molécula de dióxido de carbono irá produzir duas moléculas de E L E M E N T S
uh
molécula, estariam os pesos igualmente corretos? Para o gás dos (D '
B d iy t c s
J, 0 Iro n 4?
pântanos ou metano, por exemplo, resultante da combinação
C -r H n
0 kv&cu ; ( 7 ) Z m c M
direta do carbono com o hidrogênio, estariam corretos os pesos? O
( J ) Pk»fk.r„, J) C o o p e r sá
Sim, exatamente. Removendo-se os dois átomos de oxigênio de 0 )» © L ead ç»
uma única molécula de dióxido de carbono e os dois átomos de
S u lp liu r
( T ) Mijin-êi.i S ilv o
oxigênio de duas moléculas de água, o equilíbrio é perfeito: têm-se L im e 24 © G u ld lyo
as quantidades corretas de hidrogênio e de carbono para formar S o dd 18 P la tin a tfo
0 -0
0^0
As quantidades, expressas em peso, dos diferentes elementos
que se combinam entre si, exprimem, através de suas constâncias,
um esquema subjacente à combinação entre seus átomos.
A aritmética exata dos átomos faz da teoria química a base
fundamental da moderna teoria atômica. Esta se constitui na
primeira lição penetrante, a emergir de toda aquela multitude
de especulações sobre o ouro, o cobre e a alquimia, vindo alcançar
seu cume com Dalton.
Uma outra lição se dirige à questão do método científico.
Dalton era homem de hábitos regulares. Durante cinqüenta e sete
anos, todos os dias, percorria os arredores de Manchester medindo
a quantidade de precipitação de água e a temperatura - empresa
particularmente monótona, em se tratando desse clima. Mas
desse enorme volume de dados nada brotou. Entretanto, naquela
busca, nascida de uma pergunta quase infantil sobre o significado
dos pesos que entram na composição de algumas moléculas
simples - naquela busca, encontrou a moderna teoria atômica.
Tal é a essência da ciência: faze uma pergunta impertinente e
estarás no caminho de receber uma resposta pertinente.
A MÚSICA DAS ESFERAS
interna, formada por aquilo que não lhe pertence, vou preencher
o pequeno quadrado interno com outro pedaço de sarrafo. (Faço
uso de sarrafos porque muitas de suas formas, em Roma e no
Oriente, derivam desse tipo de casamento entre relações matemá
ticas e pensamento sobre a natureza.)
Temos, então, um quadrado pela hipotenusa e, é claro, por 68
meio de cálculos, podemos relacioná-lo aos quadrados através Pitágoras provou um
dos lados menores. Mas essa operação iria ocultar a estrutura teorema geral não
natural da figura. Nenhum cálculo é necessário; podemos dis apenas para o
triângulo 3:4:5 dos
pensá-lo. Uma pequena brincadeira, dessas apreciadas por egípcios ou
crianças e matemáticos, revelará muito mais do que cálculos. qualquer outro
triângulo particular
Transponham-se dois triângulos para novas posições. Assim. dos babilônios, mas,
Mova-se o triângulo que apontava para o sul, de modo que seu sim, para qualquer
lado mais longo se justaponha ao lado correspondente do triân triângulo que
contiver um ângulo
gulo que apontava para o norte. Repita-se a mesma operação reto.
Página de uma
com os triângulos que apontavam, respectivamente, para o leste versão árabe do
e para o oeste. ano 1258 e uma
impressão chinesa
Dessa maneira construímos uma figura em forma de L, com a do teorema,
mesma área (evidentemente, uma vez que composta das mesmas associada à história
peças), em cujos lados podemos identificar de pronto os lados da China pelo
contemporâneo de
menores do triângulo reto. Vejamos um meio de visualizar a Pitágoras, Chou Pei.
composição da figura em forma de L: isto se consegue colocan
do-se uma divisão ao nível superior do segmento horizontal do
L. E então? Não fica claramente demarcado, na parte superior,
um quadrado com lado igual ao lado menor do triângulo? E a
parte inferior, não forma um quadrado, incluindo o ângulo reto,
com lado igual ao lado maior do triângulo?
Dessa forma, Pitágoras provou um teorema geral, válido não
apenas para o triângulo 3:4 :5 egípcio ou para um dos triângulos
babilônicos, mas para qualquer triângulo que contenha um ângulo
reto. Isto é, desde que um triângulo contenha um ângulo reto,
o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos
catetos (ou lados menores do triângulo). Por exemplo, lados
na proporção 3:4:5 formam um triângulo retângulo uma vez que
52 = 5x5 = 25
= 16 + 9 = 4x4 + 3x3
= 42 + 32.
O mesmo acontece com os triângulos encontrados pelos
babilônicos, tanto o simples 8:15:17, como o inacreditável
3367:3456:4825 o que não deixa a menor dúvida em relação ao
160 fato deles terem sido ótimos em aritmética.
)
\
1 1
\
[u u c ■
i p u g n u íi f t H <l U f i t n A n u M t it u b,il*\. m m * n r /!n t | fu 1
y l u i t i t f/ t lm t i.i Im o i , u ( .i h ,i r u rK trt.fro tu r u i i
AnjMtltf
■ rf '«»-<• I n£ i « I|H flfrffjff t f } lu A <11
..t f
i u u H n - ijtu ir- n c fx m fic J u j m f u p p n n u if p t d o í j n o d m H t
( i j i . f » <(c .p d w m U i i c t i n t i a t n u U v r r H t t i J t n f i n t í i S h im r n - ,v t
p ulw - th fu .tC iin Q j lf n * l l w M j t t p U U > r (»»«ÍW ■ IjlM fK f íitio .j
S n f i f i f ii/ t y h q f t i m i K p jt t.t lr r r c »m M i • 1 Iw n
f '•{<■ " t ' ' ' 1” f tf • / T/. *í < • \>U» ' HO ii ■
i;.
uct f n » 'iu ‘ ú ' i r t i t r i i i t »ií
(jttc n u u frn u fi.1 i/oi.tms \u cihu* inuiw j joí^ím- tfí .i<p/fr
1*1*1< m
li I
« td r t jt f , i . m !'n i : v
I |».o / ' i »
p lh iu u it r f u u t i ;■ ’ <> V th n
' :rt '
I i í ■• P V C ft tll
+nnr.tmlut-
Om •■ <*» . ?
* " " <■<* m i ...................... ( Sm ! J <f t ■
rtu *
t •/
A Escalada do Homem
O73Alhambra representa o
último e mais requintado
monumento da
civilização árabe na
Europa.
Galeria dos músicos
e sala de banhos do
harém.
♦♦♦♦<
A Escalada do Homem
1 72
A Música das Esferas
173
74
Simetrias impostas
pela natureza do
A Escalada do Homem espaço emque vivemos.
Cristais naturais de
jluorita púrpura,
rombóides da
Islând ia e cubos de
pirita.
fazendo-se um triângulo escuro ocupar o lugar de um claro, uma
vez que são idênticos em suas formas. Esta operação de rotação
levando de um escuro a um claro vairevelar uma simetria sêxtupIa
que também gira todo o padrão. Este padrão de simetria nós
conhecemos bem - é o apresentado pelos cristais de neve.
A esta altura, o não-matemático tem o direito de perguntar: “E
daí?”. É essa a preocupação principal da matemática? Será que
os professores árabes e os matemáticos modernos gastam seu
tempo com essa espécie de jogo elegante? A resposta é, talvez,
inesperada: Bem, não se trata propriamente de um jogo. Ele nos
coloca face a face com algo difícil de lembrar, isto é, que vivemos
em um tipo especial de espaço — tridimensional, plano —cujas
propriedades são inextrincáveis. Assim, procurando saber que
operações podem reverter um padrão de figuras de volta a ele
mesmo, estamos no caminho da descoberta das leis invisíveis
que governam nosso espaço. E este comporta apenas alguns tipos
de simetria, tanto para os desenhos feitos pelo homem como
para as regularidades que a própria natureza impõe às suas estru
turas atômicas fundamentais.
As estruturas que, por assim dizer, simbolizam os padrões
naturais de espaço são representadas pelos cristais. Quando se
olha para um exemplar que jamais foi tocado pela mão humana
— por exemplo, um cristal da Islândia — experimenta-se uma
inesperada surpresa ao perceber não ser intuitiva a noção de que
suas faces sejam regulares. Mesmo o fato de suas faces serem
planas não é intuitivo. Assim são os cristais; estamos habituados
com o fato de eles serem regulares. Mas, por quê? Não foi o
homem quem os criou e sim a natureza. A superfície plana é a
forma pela qual os átomos se juntam uns aos outros. O espaço
impõe a superfície plana e a regularidade à natureza com a
mesma irrevocabilidade com que deu simetria aos motivos
mouriscos por mim analisados.
Tomemos um belo cubo de pirita. Ou o que, para mim, é o
mais interessante de todos os cristais, o octaedro da fluorita (o
cristal de diamante tem esta mesma forma). Suas simetrias são
imposições do espaço no qual vivemos — as três dimensões, a
superfície plana na qual nos movimentamos —, e nenhuma agre
gação de átomos pode-se desviar dessa lei crucial da natureza. À
semelhança das unidades componentes de um padrão, no cristal
174 os átomos se empilham em todas as direções. Dessa maneira,
A Escalada do Homem
76
Em um afresco de
Florença, pintado
por volta de 1350,
não há nenhuma
intenção de
perspectiva, porque
o pintor se pensava
registrando as coisas
não da maneira
como elas se
apresentavam, mas
como elas eram.
dfinonft'ation< in,ne multiplic^ntur Se U*
in fccund.. ú^un a bg: Seccncrum d: &:nru.ha.
,nafi);ura: &J o) xqums d o in pnma iig,uta:&d q
d q pcfptndiculartin íl.per Tu
bi in prima tu,-;• j Anguluscr;ohd qenirctn.s:
A Música das Esferas
.ci-ü e.":'t!f, u i t ex quibus to.-nia punflof'Ulh o, u
J,d q, 1tq u^is arcu» ii gin pnmo circulo: [puH p
duobuspundis illius U'ct;$,compuibusduobu$
n a
luperfcic circuliabg.Tuperiineam j 4
üd;>K dohcia&Dus arcum circuJi: fecabit ergo b-
o r e p r ° d u z id o n ã o é u m lu g a r , m a s u m m o m e n t o , e u m m o m e n t 0
fu g az: u m p o n t o d e v ista n o te m p o , m a is d o q u e n o e sp a ç o . T u d o
isso fo i c o n q u ista d o a tra v és d e m é to d o s e x a to s, m a te m á tic o s. O
e q u ip a m e n to en tão u tiliz a d o f o i c u id a d o s a m e n t e d e s c r ito e ilu s
trad o p e lo a rtista a le m ã o A lb rech t D ürer, que foi à Itá lia e m
1 5 0 6 a fim d e a p r e n d e r a “ a rte sec r e ta d a p e r s p e c tiv a ” . O p r ó p r io
D ü rer fix o u u m m o m en to no tem p o ; se r e c r ia r m o s sua c e n a ,
v e r e m o s o a rtista e m b u s c a d o m o m e n t o d r a m á tic o . E le p o d e r ia
ter in te r r o m p id o m a is c e d o su a in s p e ç ã o à v o lta d o m o d e lo . U m
m o m e n to m a is ta r d e p o d e r ia ig u a lm e n te ter sid o e sc o lh id o p a ra
ser fix a d o n a te la . M a s, a c o n t e c e q u e e le d e c id iu a b r ir o s o lh o s ,
tal q u a l o d ia fr a g m a d e u m a c â m e r a , e isso c o m p r e e n siv e lm e n te ,
n o in sta n te ex a to em que o m o d elo se m o stro u p o r in teiro . A
79
Dürer ftxou um p e r s p e c tiv a n ã o r e p r e s e n ta a p e n a s u m p o n t o d e v ista ; n a q u ilo q u e
83
Amatemática se
transforma em uma
maneira dinâmica
de pensamento, e
esse fato constitui
um dos grandes
passos na
escalada do homem.
Curva gerada por
computador da
trajetória de
partículas
subatômicas.
o MENSAGEIRO SIDERAL
Q u a n d o a g ra n d e c o n fe r ê n c ia r eu n iu -se e m C o p a n o s sa c e r d o te s
a s tr ô n o m o s m a ia s e sta v a m e m d ific u ld a d e . P o d e r ia m o s su p o r q u e
a co n v o c a ç ã o d esses h o m e n s d e c o n h e c im e n to , rep resen ta n tes d e
d ife r e n te s c e n tr o s , te r ia o c o r r id o p a r a a d is c u s s ã o d e u m p r o b le m a
real de observação - m as, não. O con gresso foi co n v o c a d o para
so lu c io n a r u m p r o b le m a d e c á lc u lo a r itm é tic o q u e , d e h á m u ito s
a n o s, v in h a p r e o c u p a n d o o s g u a r d iã e s d o c a le n d á r io . H a v ia d o is
c a le n d á r io s; u m sag ra d o e o u tro p ro fa n o , n ã o to ta lm e n te c o in c i
d en tes; e le s d espenderam tod a a sua e n g e n h o sid a d e ten tan d o
im p e d ir o d e s c o m p a s s o e n tr e e le s. O s a s t r ô n o m o s m a ia s p o s s u ía m
a p e n a s a lg u m a s regra s in g ê n u a s p a ra seg u ir o s m o v im e n to s p la n e
tá rio s, e n e n h u m c o n c e ito geral so b re o s seu s m e c a n ism o s. P ara
e le s, a a s t r o n o m ia e ra u m a c iê n c ia fo r m a l, u m m e io d e m a n ter a
c o r r e ç ã o d o c a le n d á r io . E fo i isso q u e se fe z n a q u e le a n o d e 7 7 6 ,
q u an d o os d e leg a d o s o rg u lh o sa m e n te posaram para serem re
trata d os.
87
O m ^ r n f i c o r eló g io d o s
Reconstrução do
céu s estrelad o s.
relógio astronômico de
Giovanni de Dondi de
PddUl, e uma cópia
tardia, datada do
século XV, de duas
páginas do
manuscrito de
De Dondi, mostrando
o mecanismo do
relógio.
A Escalada do Homem
o r e ló g io é q u a se tã o p r e c iso q u a n to o e r a a o b se r v a ç ã o n o te m p o
em q u e fo i c o n s t r u íd o . Q u a n d o a tr a je tó r ia a p a r e n te e r a c ir c u la r ,
e la a s s im se m o str a v a n a fa c e d o r e ló g io ; tal r e p r e se n ta ç ã o não
c o n s titu ía d ific u ld a d e . E n tr e ta n to , q u a n d o a tr a je tó r ia a p a r e n te
d o p la n eta era ex cên trica , D e D o n d i la n ç o u m ã o d e u m a c o m b i
nação de c ír c u lo s os q u a is r e p r o d u z ia m os e p ic ic lo s (isto é, a
c o m b in a ç ã o de c ír c u lo s g ir a n d o d e n tr o d e c ír c u lo s) ou seja, as
ó r b ita s p la n e tá r ia s d e sc r ita s p o r P to lo m e u .
E n tã o, em p r im e ir o lu g a r , o S o l: u m a tr a je tó r ia c ir c u la r , a s s im
co m o lh e s p a recia . A seg u n d a fa ce a p resen ta M arte: n o te -se q u e
seu m o v im e n to d ep en d e de u m m e c a n is m o d e r e lo jo a r ia m o v e n d o
u m a r o d a n o in ter io r d e o u tra . E m se g u id a J ú p ite r : u m a m a io r
c o m p le x id a d e de rod as d en tro d e rod as. E n tã o , S a tu rn o: rodas
d en tro de rod as. D e p o is v e m a L ua - é in teressa n te a m a n eira
co m o D e D o n d i a rep resen to u . Seu m o str a d o r é sim p le s, p o sto
que e la é v e r d a d e ir a m e n te u m p la n e ta d a T e r r a , e su a tr a je tó r ia
é c ir c u la r . F in a lm e n t e , v a m o s e n c o n tr a r o s m o s tr a d o r e s d e d o is
p la n e ta s q u e se in te r p õ e m e n tr e n ó s e o S o l: M e r c ú r io e V ê n u s .
E a q u i, m a is u m a v e z , a fig u r a se r e p e te : a r o d a q u e tran sp o rta
V ê n u s g ir a n o in te r io r d e o u tr a h ip o té tic a r o d a m a io r .
A con cep çã o in tele c tu a l é m a r a v ilh o sa ; sua c o m p le x id a d e
im p r e ssio n a - m a s isso serv e a p e n a s a o p r o p ó s ito d e n o s m a ra v i
lh a r a in d a m a is com o fa to d e os gregos, n ã o m u ito d e p o is d o
n a sc im e n to de C risto , n o ano de 1 50 , terem sid o capazes de
c o n c e b e r e dar u m a fo r m u la ç ã o m a te m á tic a a essa su r p r e en d e n te
co n stru çã o . M as, m e sm o a ssim , e la a p r e s e n ta u m a im p e r fe iç ã o .
U m d eta lh e ap en as: p ara ca d a p la n eta h á u m m o str a d o r in d e p e n
d en te, sete ao tod o - e os céus só p o d em ter u m a m a q u in a ria ,
e não sete. E ssa m a q u in a ria ú n ica só fo i e n c o n tr a d a em 1 54 3,
q u a n d o C o p érn ico c o lo c o u o S o l n o cen tro d os céu s.
No meio de tudo está entronizado o Sol. Poderia haver, nesse templo mara
vilhoso, melhor localização de onde ele pudesse iluminar tudo ao mesmo
tempo? Ele é chamado com razão A Lâmpada, A Mente, O Senhor do
Universo: Hermes Trismegistus o chamadeDeus Visível; Electra,de Sófocles,
chama-o O que tudo vê. Dessa maneira, vemos que o Sol se mantém como
que no seu trono real, governando seus filhos - os planetas - que giram
em torno dele.
S a b em o s q u e C o p é r n ico h a v ia p e n s a d o já h á lo n g o te m p o e m
c o lo c a r o S o l n o c e n tr o d o U n iv e r s o . É p r o v á v e l q u e su a p r im e ir a
ten ta tiv a , os d e lin e a m e n to s n ã o -m a te m á tic o s de seu esq uem a,
88 ten h a sid o escrita a n tes de ter c o m p leta d o q u a ren ta an os de
Copérnico colocou id a d e . E n tr e ta n to , essa p r o p o s iç ã o n ã o p o d e r ia ser fe ita le v ia n a
o Sol no centro
dos céus em 1543. m en te em um a ép o ca d e c o n v u lsõ e s r e lig io sa s. F o i apenas em
O jovem Nicolau
Copérnico em torn o de 1 5 4 3 , já p r ó x im o d os seten ta a n os, q u e C o p é r n ico se
j
tot inVoim q.. co Qooda^..nntimrl^^'
ln
Nbm,OCInV(^ncn,qul,n_ M^^o.P^^ra ^quGds.cw-
nui,ljpcáR.flf Jloim anyA prOpcnqummi On: Mrre.quifn
i um
Ioocib
aatrwilllJiíauKdu^tgli^r «gnicadl*
| Q.aewtorIlAacadmlMÍ&rocnI«.qu ionUvm«Ún»>
I..^Qu6d<lXcmruhilnnliiiipptmni 116..^--&n
^^j> c<lIRUAmm,qu*f.-du ural ntotui
nua Im
piAldjnrnidiftjcoiJt hibcia llquasn, ulm q<MHoonaanpJicu
£#ttau«,t0j^Mfilinni>ii>OpiK>t.^^M^tai (ufvrao
min,,,",s.U^tdfinna n
iira,/CI>DOdku dkutrrah>m»u Joallhui^ia ladvcom
iccrwdil«TTOn»W i ptíiHOc incrrcnua ti nemme».
ín»[iouI meliorilocopo
unctenxumfímul poún iQ^mW^cquidm» noo
mnndi,« I » I!lreflomo o*
omnmooponaajmiirtrt. Pnmum quem diun*u " W * —■
^i.Iupcolb{lQunqoa,"",CollorrgiHSotKr>dmn^ra
•govem gaA xm v A n rá n fm fa n rib im .T d lu a o u o ^ ctunlmc
&
n^wunO L
(■ ;;:! AnflOTctadc::*^1*
^Ul.Conopo1
1 iGrnuuocri.d.d otODItqora,IrunJK
dui
^nonllÜl..uid^cmdl^M,lnucanlaú&"u^^^^» Ij*w®
| 197
A Escalada do Homem
O su r g im e n to e x p lo siv o d a R e n a s c e n ç a — n a r e lig iã o , n a sa r te s,
n a lite r a tu r a , n a m ú sic a e n a s c iê n c ia s m a te m á tic a s — r e p r e s e n to u
u m a c o lisã o fro n ta l c o m a to ta lid a d e d o s iste m a m e d ie v a l. P ara
n ós, a c o e x istê n c ia d a m e c â n ic a d e A r istó te le s e d a a str o n o m ia
d e P to lo m e u c o m o siste m a m e d ie v a l p a r ec e a p e n a s u m a cid en te.
C o n tu d o , aos co n tem p o râ n eo s de C o p é r n ico e la s e x p r i m i a m a
ord em n a tu ra l e v isív e l d o m u n d o . A ro d a , o s ím b o lo g r e g o p ara
o m o v im e n to p e r fe ito , h a v ia se to r n a d o u m d e u s p e tr ific a d o , tã o
r íg id o com o o c a le n d á r io m a ia o u a s fig u r a s d e p e d r a d a I lh a d a
P áscoa.
M esm o co m os p la n e ta s g ir a n d o em c ír c u lo s, o siste m a de
C o p é r n ico não p o d ia ser to m a d o c o m o n atu ral p ara as m e n te s
d essa ép o ca (cou b e a u m c ie n tista m a is jo v e m , J o h a n n e s K e p ler ,
tr a b a lh a n d o em Praga, m o stra r ser e m as ó rb ita s e líp tic a s ). M a s
não era essa a p reocu p ação do h o m em na rua ou n o p ú lp ito .
P ara e le s a r o d a era o s c é u s, e se u s h a b ita n te s tin h a m d e g ir a r e m
to rn o da T erra. T a l era o a to d e fé, c o m o se a Igreja h o u v e s se
89
d e c id id o q u e o siste m a d e P to lo m e u n ã o tiv e sse s id o a o b r a d e Em 1600 o
u m g r e g o le v a n tin o , m a s, sim , d a p r ó p r ia M a g n ific ê n c ia C e le ste . M ed iterrân eo era o
centro do m u n d o
M as, n este a ssu n to, p o d e-se ver c la r a m e n te q u e a c o n tr o v é r sia
e V e n ez a o seu
in ter e ssa m e n o s à d o u tr in a d o q u e a a u to r id a d e . A s s im , s e te n ta coração.
Detalhes de um
an os m a is ta rd e, e m V en eza, v am o s en con tra r u m a cab eça na
entalhe em
q u a l e s te p r o b le m a se m a te r ia liz o u . madeira
representando
Veneza, por
N o a n o d e 1 5 6 4 n a sc e r a m d o is g ra n d e s h o m e n s : W illia m S h a k e s- Jacopo de'Barbari,
p e a r e n a I n g la te r r a e G a lile o G a lile i n a Itá lia . A o a b o r d a r o t e m a dotado de 1500.
d o p od er em su a ép o ca , S h a k esp ea re o faz, p o r d u a s v ezes, to
m an d o c o m o ce n á r io a R e p ú b lic a d e V e n e z a : e m O M erca do r d e
V en eza e em O te lo . Isto se d ev e a o fa to d e, em 1 6 0 0 , o M ed iter
râneo a in d a se c o n stitu ir n o cen tro d o m u n d o e V en eza n o seu
e ix o . A lib e r d a d e d e c r ia ç ã o p e r m itid a a q u i a tr a ía o s m a is a m b i
c io so s: m ercadores, a v e n tu r e ir o s, in tele c tu a is, e a ssim com o
aco n tece a in d a h o je , u m a m u ltid ã o d e a rtista s e a r te s ã o s c o n g e s
tio n a v a su a s ruas.
O s v en ez ia n o s era m co n sid era d o s u m p o v o d isc r e to e d issim u
la d o . V e n e z a era o q u e se p o d e r ia c h a m a r u m p o r to -liv r e , e n v o l
v id a n a q u e la a tm o s fe r a d e c o n s p ir a ç ã o d a s c id a d e s n e u tr a s; c o m o
a co n tece em L isb o a e T ânger de n ossos d ia s. F o i em V en eza
que, em 1 59 2, u m fa lso b e n feito r ilu d iu G io rd a n o B runo e o
en trego u à I n q u is iç ã o p a ra ser q u e im a d o , o ito a n o s m a is ta r d e ,
198 em R om a.
90 .
G a W e o era b a ix o , r e ta c o ,
um h o m e m a tivo de
Retrato de Galileo,
c a b e lo s ruivos.
93
“ A co n tem p la çã o
do corpo da Lua
o ferece u m a das
v ista s m a is lin d a s e
Pinturas de Galileo,
d elicio sa s.”
representando as
fases da Lua, vista
através de seu
telescópio de 1610.
Ifíàf
JV''5
• [ 1T* ri :
■ r -|'- TP 'Tifci,
•/ ^
A Escalada do Homem
tr in ta e en tão d ir ig id o às e strela s. D e s sa m a n e ir a , p e la p r im e ir a
tít-•*
Q J A T V O i. H U M i s
, • - .
v e z , se c o n s u m o u d e fo r m a c o m p le ta a q u ilo q u e c h a m a m o s c iê n
m e d i c e a s í d e r a
N'VM VPANOOS ÍJECKEVir
c ia a p lic a d a : c o n s tr u ç ã o d o e q u ip a m e n t o , r e a liz a ç ã o d a e x p e r iê n
c ia e p u b lic a ç ã o dos resu lta d o s. Isso tu d o f o i r e a liz a d o en tre
setem b ro de 1 6 0 9 e m arço de 1 6 1 0 , d a ta da p u b lic a ç ã o , e m
V e n e z a , d e s e u e s p lê n d id o liv ro S id e r e u s N u n c iu s ( O M e n s a g e ir o
S id era l), que a p resen ta va um r e la to ilu str a d o de suas, en tão
r e c e n te s, o b se r v a ç õ e s a str o n ô m ic a s. V e ja m o s o q u e e le d iz: D I S C O R .S O
A L S E R E N ÍSSIM O
[Eu tenho visto] miríades de estrelas, as quais jamais foram vistas antes, D O N C O S I M O II
GRAN ove,," Dl TOSCANA
que ultrapassam em número as anteriorm ente observadas, em mais de dez ntornosllc cofeche Srmno iii sulacquj»o ehc
mquclb fi muon°no»
vezes. Df G A L l l E O G A L Í L E I
Elltdefa,t MalcmtútodttiuMrdtpm*
Entretanto, aquilo que provocaria a maior admiração e q u e de fato, me J oAl.Z2.oA StRENISSIM.A.
levou a chamar a atenção de todos os astrônomos e filósofos, é que descobri
quatro planetas, nem conhecidos, nem observados por nenhum dos astrô
nomos que me precederam.
E sses eram o s sa té lite s d e J ú p ite r . O M e n sa g e iro S id e ra l ta m IN FIRENZE,
Apprfo CoíimoCiumi. M DCXII.
b ém c o n t a c o m o f o i q u e e le d ir ig iu o t e le s c ó p io e m d ir e ç ã o à L u a . C« ii SufmtH,
G a lile o fo i o p r im e ir o h o m e m a p u b lic a r m a p a s s o b r e a L u a . N ó s 1ST O R IA
E DI M O ST R A Z IO N I
p o s s u ím o s s u a s a q u a r e la s o rig in a is.
E LORO AC C I OE NT I
COMfRESE IN TRÉ LBTTEKB SCR/TTí
É uma visão linda e deliciosa contemplar o corpo da lua. . . (Ela) certamente M A R C O V E L S E R I LINCEO
DVVMVIRO D' A VGVSTA
não possui uma superfície lisa e polida, mas, sim, acidentada e irregular, e, C A L IL EO:f:C A U L E I LIN C E O
justam ente como a superfície da própria terra, mostra grandes protuberân-
cias por toda parte, fendas profundas e sinuosidades.
O e m b a ix a d o r b ritâ n ico ju n to à corte d o D u q u e de V en eza
escreveu o s e g u in te r e la to a o s s e u s s u p e r io r e s n a In g la terra , n o
d ia d a p u b lic a ç ã o d e O M e n s a g e ir o S id e ra l:
O BSER \'AT. S I D E R E A E
antes. Contudo, a acolhida não foi totalmente favorável , uma vez
O1," -O * Occ. que a observação de Galüeo vinha mostrar que o sistem a ptolo-
Sk Hi occidatalioti m1ior. ambz timm v..Ide con.
jpiiur, ai: fp lendiJx: vtraquõI' Jiftjbat j louc Lrupit.. maico simplesmente não mais podia ser defendido. A poderosa
pritmsduobus. remi quoquc SteJJula app.rcrcf-
pirbor,), tcrcu pnus minim:-coulpc.:.la. qux ex parte intuição de Copérnico havia-se provado correta, e agora aparecia
oricnu.li louem feri: uogcbat, CTacque admoduIIi c-
»gua. Omncs fuCTunr in cadcm rcâa, &- Iccuodutii
Eaypncx tonguuitiium coordinat.l'.
à luz clara, revelada. Da mesma forma como aconteceu com
Die Jccimatcrcu primum j me: quacuor con!p(\.C(;!:
fuc::unt:;'tdIul;r in hic aúloucmcoDiflirutionc. E-ant muitos outros resultados científicos mais recentes, aquele não foi
tres o cudm uls, & voa oncntllis. ImcJQi promuc
absolutamente do agrado das autoridades do seu tempo.
O íl • Q .« , O:c. Galileo imaginou que bastava mostrar que Copérnico estava
ro/bm cooftiiac^nt, media cnim occidéntium ('lu-
lalumà rc.:t"a bcptcoaioDCmvafus drf^feb.lt. Abc- certo, e todo mundo o ouviria. Esse foi seu primeiro erro: a má
u t oiicatlior louc: mioua duo: rc:l.Jq^u.um,&
louis i o e r c j p c J m C f G n ^ l x \"ruus nmum mi- avaliação das intenções de outras pessoas, a todo passo comum
□ uti. br.Uc omncscandan przlct\:rcb.nt nu-nnu-
dmi:iD .itli.ct oi^uam . lua^Jlilimr r.unen ajn t,jc
h
c ilUno magnicuJi ú n l.jugo. Í|J_.jrci aos cientistas. Imaginou, também, ser agora sua reputação sufi
Dic dcor.j'Iu;lrtu nubiiOlJ. tuit th."f1)p c n .u .
DicJecimaquiuu, hou tcitu 10 proximc cientemente bem estabelecida de modo a lhe permitir retornar à
dcpih fucruDt hlbitudioc quulOl' St^^ 3d l o u c : .
sua Florença natal, abandonando, assim, a estéril atividade
OtL O * • * *
didática em Pádua, a sobrecarga que ela lhe trazia e, com isso, a
occiJrn^t.ak-somDes: ac eaJcm proxi.m rcâj Iinca
d:lpo5(Xj qu.J: I(1 1 D tatU. ;i. touc oUD.lc^tll p.l^ proteção, essencialmente anticlerical, de sua segura República
U ..a
de Veneza. Este foi seu segundo erro, aliás, fatal.
Os sucessos da Reforma Protestante no século XVI instigaram a
[greja Católica Romana a organizar uma Contra-Reforma feroz.
A reação contra Lutero alcançava seu auge; na Europa, a luta era
pela autoridade. A Guerra dos Trinta Anos começou em 1618.
Em 1622 a Igreja instituiu o movimento para a propagação da fé,
que é de onde a palavra propaganda se originou. Católicos e
protestantes estavam envolvidos naquilo que hoje chamaríamos
94 guerra-fria, na qual —se pelo menos GaWeo tivesse percebido! —
“ O p ro fesso r de não havia contemplação para com homens, fossem eles grandes
m a te m á tic a de
ou pequenos. O julgamento era bastante simples, de ambos os
P ádua d esco b riu
quatro n o v o s lados; quem não concorda conosco é um herege. Mesmo um
p la n eta s g ira n d o intérprete da fé tão desprendido como o Cardeal Beíarmino havia
e m to r n o da esfera
de J ú p ite r .” considerado as especulações astronômicas de Giordano Bruno
Página de O intoleráveis, a ponto de mandá-lo para a fogueira. A Igreja repre
M en sa g eiro S id eral,
mostrando a posição sentava um grande poder temporal e naqueles tempos amargos
das órbitas das
luas de Júpiter.
estava envolvida em uma luta em que todos os meios eram justi
Páginas de rosto de ficados pelo fim —a ética do estado policial.
algumas das obras
cientificas
A mim me parece estranha a inocência de Galileo a respeito
pu blicadas por do mundo da política, inocência essa que se tornou mais desas
Galileo entre trosa por ter, confiante em sua própria sagacidade, pensado em
1606 e 1630 em
Veneza, Pádua, poder ludibriá-lo. Ao longo de vinte anos ou mais, ele trilhou um
Fiorença e Roma. caminho que o levou inevitavelmente à sua condenação. Não foi
"II Saggiatore ” foi
dedicado ao Papa
fácil vencê-lo; mas, desde o inicio, não podia pairar a menor
Urbano VIII. dúvida de que Galüeo seria silenciado, pois o desacordo entre ele 205
e as a u to r id a d e s era a b so lu to . E la s a c r e d ita v a m no d o m ín io da
fé; G a lile o , n a p e r su a sã o d a v erd a d e.
O ch o q u e en tre p r i n c íp i o s e, e v i d e n t e m e n t e , e n t r e p e r s o n a li
dad es, v eio a p ú b lic o d u ra n te seu ju lg a m e n to em 1 6 3 3 . E n tre
ta n to , t o d o j u lg a m e n t o p o lít ic o é p r e c e d id o d e u m a lo n g a h istó r ia
secreta , travad a nos b a stid o res que, n este caso, se en co n tra
2 0 6 tr a n c a fia d a nos A r q u iv o s S ecretos d o V a tic a n o . N o m e io de
O Mensageiro Sideral
examinando os liv re , é a s e g u in te :
documentos do
julgamento de Proposições a serem proibidas:
Galileo. que o Sol é imóvel no centro do Universo;
que a Terra não esteja no centro dos céus e não seja imóvel,
mas se mova com dois tipos de movimentos.
96
A p aren tem en te, G a lile o não sofreu n en h u m tip o de censu ra
E m 1623 um
cardeal in telectu al severa. E m tod o caso fo i c h a m a d o p e lo p o d e r o s o C a r d e a l B e la r
f o i e leito Papa: m in o , q u e d o c u m e n t a e m ca rta o fa to d e G a lile o ter-se c o n v e n c id o
M a ffe o B arb erini.
Busto do Papa de n ão d efen d er o S iste m a P la n etá r io de C o p é r n ico - m as o
recém-eleitopelo
escultor e arquiteto d o c u m e n t o p á ra a í. I n fe liz m e n te , há u m o u tr o d o c u m e n t o r eg is
que ele mais tra d o q u e esten d e esse a ssu n to, e sobre o q u a l o ju lg a m e n to vai
estimava,
GianlorenzoBemini, se b a sea r. M a s isto a c o n te c e u d e z e s s e te a n o s d e p o is .
p r o p o siç ã o . D e q u a lq u e r fo r m a , e sp e r o u seu te m p o a té q u e u m
c a r d e a l in te le c tu a l se e le g e u P a p a : M a ffe o B a rb erin i.
O e v e n to a c o n te c e u e m 1 6 2 3 , q u a n d o M a ffe o B a rb erin i se to r n o u
o P a p a U r b a n o V III. O n o v o P a p a era a m a n te d a s a rtes. A p r e c ia
d o r d a m ú sic a , e n c o m e n d o u a o c o m p o s ito r G r e g ó r io A lle g r i u m
M iserere para nove vozes q u e , m u ito tem p o d e p o is, to r n o u -se
e x c lu siv o do V a tic a n o . A m an te da a r q u ite tu r a , d e se ja v a tr a n s
fo rm a r S ã o P e d r o n o p o n to c en tra l d e R o m a . A ssim , o e sc u lto r
e a r q u ite to G ia n lo r e n z o B e r n in i fo i e n c a r r e g a d o d e c o m p le ta r o s
in ter io r e s d a B a sílic a d e S ã o P e d r o ; o lo n g o B a ld a c c h in o (d o sse l
d o tro n o p a p a l) p o r e le desen hado é a ú n ic a a d iç ã o d e v a lo r à
o b r a o r ig in a l d e M ic h e la n g e lo . Q u a n d o m a is j o v e m , o p a p a in t e
le c tu a l era d a d o a escrev er p o e sia ; u m d e seu s s o n e to s f o i d e d ic a d o
a o s e sc r ito s a str o n ô m ic o s d e G a lile o , e m to m d e c u m p r im e n to .
U r b a n o V III tin h a -se a si p r ó p r io n a c o n ta d e u m in o v a d o r . D e
q u a lq u e r fo r m a , era p o ss u id o r d e u m a m e n te c o n fia n te , se b e m
q u e o r ig in a lm e n te im p a c ie n te :
Penso que discussões sobre problemas da Física devem tomar como ponto
de partida não a autoridade de passagens das Escrituras, mas, sim, experi
ências sensíveis e suas necessárias demonstrações. . . Deus não é revelado
com menor excelência nos atos da Natureza do que nas afirmações sagradas
da Bíblia.
P a ra U r b a n o V III o s d e s íg n io s d e D e u s d isp e n s a v a m q u a lq u e r tip o
de te s te , e is s o , e le in sistia , d e v ia fig u r a r n o liv r o d e G a lile o .
pintado em T a m b ém n ã o é fá cü c o n ce b er c o m o u m p e so c a in d o d e u m a torre
1629-33 por Andrea pode m a n ter u m a tr a je tó r ia v er tic a l e m u m a T erra em rota ção .
Sacchi. Os temas
alegóricos ilustram A s r e sp o s ta s a ta is o b je ç õ e s G a lile o as d e u , p o r a ssim d izer, e m
uma passagemdil n o m e de C o p é r n ico , de há m u ito d e sa p a recid o . D e u m a c o isa
S a b ed oria de
S a l o m ã o . As
ja m a is n o s d e v e r ía m o s e sq u e c er : G a lile o d e s a fio u a san ta a u to r i
Guache de Urbano
Papa.
ta l. Sua p r o p o siç ã o a firm a ser e m d e u m a só n a tu reza as força s
d o s c é u s e d a terra; a ssim , as e x p e r iê n c ia s m e c â n ic a s r e a liz a d a s VIII dando bênçãos.
Seu irmãoAntonio
aqui nos dão in fo r m a ç õ e s so b r e as estrela s. A o d ir ig ir s e u t e le s
seguraa velapara
c ó p io p a ra a L u a, p ara J ú p ite r e p a ra as m a n c h a s so la res, d e str u iu ele. Oterceiro
cardeal é seu
a id e o lo g ia c lá ssica b a se a d a n a p e r fe iç ã o e im u ta b ilid a d e d o s c é u s;
sobrinho Francesco,
tam b ém estes, à sem e lh a n ç a d a T erra, fo r a m c o lo c a d o s à su je iç ã o o qual se absteve
de votar no
d a lei d a tr a n s fo r m a ç ã o .
julgamento de
O liv ro fo i t e r m in a d o e m 1 6 3 0 , m a s n ã o fo i fá cil o b te r lic e n ç a Galileo.
p ara su a p u b lic a ç ã o . O s c e n so r e s se m o str a v a m b en ev o len tes, o
que d e p o u c o a d ia n ta v a , u m a v ez q u e fo r ç a s p o d e r o s a s se o p u
nham ao liv ro . E n treta n to , G a lile o acab ou c o n se g u in d o não
m en o s do que q u a tro Im p rim a tu r, e o liv ro fo i p u b lic a d o , e m
F lo r e n ç a , n o in íc io d e 1 6 3 2 . O su c e sso in sta n tâ n e o d a p u b lic a ç ã o
se r e v e lo u u m d esa stre in sta n tâ n e o p ara G a lü e o . D e R o m a v eio a
ordem : su sp en d am a im p ressã o . R e c o lh a m to d a s as c ó p ia s - que
na r e a lid a d e já h a v ia m se esg ota d o . G a lile o tem d e ir a R o m a
dar co n ta de seu a to . N e n h u m a d a s d e s c u lp a s p o r e le a p r e s e n
tad as fora m co n sid era d a s r e le v a n te s: sua id a d e (agora p erto
dos seten ta a n os), su a e n fe r m id a d e (q u e era rea l), a p ro teçã o
do G rão -D u q u e da T oscana, nada a d ia n to u . E le tem de ir a
R om a.
E v id e n te m e n te , o P a p a se se n tia p r o fu n d a m e n te o fe n d id o c o m
a p u b lic a ç ã o d o liv ro . P e lo m e n o s u m a p a s s a g e m s o b r e a q u a l e le
h a v ia in s is tid o p a r tic u la r m e n te a li e s ta v a e x p líc it a , m a s , n o d iá
lo g o , d e fe n d id a por um a personagem ir r ita n te m e n te sim p ló r ia .
212 A C o m issã o P r e p a r a tó r ia para o ju lg a m e n to d iz isso , p r e to no
O Mensageiro Sideral
214
fo i la v ra d o e m u m a sessão da C on g reg a çã o d o S a n to O fício pre
de Copérnico ainda
sid id a p elo Papa. O c ie n tista d issid e n te tin h a d e ser h u m ilh a d o ; não era conhecido.
v
A Escalada do Homem
f c .. .*>
-------* r / r ------- ----- ■ c |» V
vvir,.
r '.l n ü.
y' -- "~V ,
li ͣZ >^
„ ___ -tf* - —-* »
■-
íí
A Escalada do Homem
h o la n d e se s su r g ir a m n o M a r d o N o r te a fim d e d r e n a r e m as terras
b a ix a s da In g la terra ; p â n tan o s fora m tran sform ad o s em terra
fir m e . U m e sp ír ito d e in d e p e n d ê n c ia to m a v a c o r p o n as p la n íc ie s
e n a n e b lin a d e L in c o ln sh ir e , o n d e O liv e r C r o m w e ll r e c r u to u seu s
I r o n s id e s . E m 1 6 5 0 a In g la terra era u m a r e p ú b lic a que h a v ia
corta d o a ca b eça d e seu m o n a rca .
A p r im e ir a p u b lic a ç ã o d e N e w t o n fo i s o b r e ó p tic a . E s ta fo i c o n
c e b id a , c o m o to d a s a s su as g r a n d e s id é ia s, “ n o s a n o s d a P e ste d e
1 6 6 5 e 1 6 6 6 , p orque, n e sse s d ia s, e u esta va n o v ig o r d e m in h a
c a p a c id a d e de in v en çã o ” . Q u a n d o a P este abrandou, N ew ton ,
d u ra n te u m cu rto esp aço de tem p o , d e ix o u s u a c a s a p a r a v iv er
n o T r in ity C o lle g e , e m C a m b rid g e. 223
A Escalada do Homem
a lo n g a d o e r a s a b id o h á p e lo m e n o s u m m ilh a r d e a n o s , a q u a lq u e r
u m qu e se tiv e sse d ad o ao tra b a lh o de o b se r v á -lo . A co n tece,
e n tr e ta n to , q u e é p r e c iso a p a r e c e r u m a m e n te p o d e r o s a c o m o a
de N ew to n que se d is p o n h a a q u e b r a r a c a b e ç a n a ten ta tiv a de
e x p lica r o ó b v io . E o ó b v io , s e g u n d o e le m o s tr o u , é q u e a lu z
n ã o se m o d ific a e sim q u e a lu z p o d e ser fisic a m e n te sep a ra d a .
E ssa id é ia fo i fu n d a m e n ta lm e n te o rig in a l na e x p la n a ç ã o c ie n
tífic a , se n d o p r a tic a m e n te in a c e ssív e l a o s seu s c o n te m p o r â n e o s .
A ssim se n d o , a c o m e ç a r p o r R o b e r t H o o k e , p r a tic a m e n te físic o s
d e to d a s as te n d ê n c ia s reu n ira m a rg u m en to s co n tra a n o v a c o n
c e p ç ã o . E ssa p o lê m ic a e s te n d e u -s e a tal p o n t o , q u e N e w t o n a ssim
exp ressou seu a b o r r e c im e n to em u m a c a r ta d ir ig id a a L e ib n iz :
Um naturalista dificilmente esperaria ver a ciência dessas cores ser formulada 105
matematicamente, mas, no entanto, eu arriscaria afirmar que ela é portadora N o P á tio d c
de tanta certeza quanto sepode encontrarem qualquer outra parte da Óptica. N cv ille a g ra n d e
b ib lio teca W ren
estava sen d o
O ren om e de N ew to n ia -se a fir m a n d o , tan to em L ondres co m o
Desenho de Wren da
con stru íd a.
na U n iv e r sid a d e ; u m a co n sciên cia da cor parece tom ar co n ta
biblioteca do
d a q u e le m u n d o m e tr o p o lita n o , c o m o se o e s p e c tr o tiv e sse e s p a Trinity College.
lh a d o su a s lu z e s p ela s se d a s e e sp ec ia r ia s tra z id a s à c a p ita l p e lo s
m ercadores.
A p a le ta d o s p in to r e s se e n r iq u e c e , su r g e u m a p r e fe r ê n c ia p e lo s
o b je to s v iv a m e n te c o lo r id o s d o O r ie n te , e o e m p r e g o d e m u ita s
p a la v r a s d e s ig n a n d o cores torn o u -se co m u m . I sto se m o s tr a c la
r a m e n te n a p o esia d a é p o c a . A le x a n d r e P o p e , q u e c o n ta v a d e z e s
se is a n o s q u a n d o N e w t o n p u b lic o u s u a O p tic k s , e r a p o e ta m u it o
m e n o s se n su a l d o q u e S h a k e sp e a r e , c o n tu d o , a q u e le u sa d e três
a q u a tr o v e z e s m a is p a la v r a s p a r a d e s ig n a r c o r e s d o q u e este, e
em um a fr e q ü ê n c ia d ez v e z e s m a io r . C o m o e x e m p lo , v eja m o s a
d e scr iç ã o de P o p e d os p e ix e s d o T â m isa ,
22 8
O Relógio Majestoso
atrav és de cartas alcan çav am g ran d e circu lação . Foi assim que
co m e ç o u , d ep o is de 1676, u m a longa e am arga d isp u ta com
G o tttrie d W ilhelm L eibniz so bre qu em teria a p rio rid ad e na in
v en ção do cálcu lo d iferen cial. N ew to n não q u eria acred itar que
L eib n iz, tam b ém g ran d e m a te m á tic o , pudesse ter co n ceb id o
so zin h o esse cálcu lo.
N ew to n p en so u em se a p o se n ta r d e fin itiv a m en te d a vida cien
tífic a , re tiran d o -se p ara seu m o ste iro em T rin ity . O G reat C o u rt
era su fic ie n te m e n te esp aço so e co n fo rtáv el p ara um sc h o la r
a b a sta d o ; ele d isp u n h a de seu p e q u e n o la b o ra tó rio e de um jard im
p rivativ o . A g ran d e b ib lio teca de W ren estava sendo c o n stru íd a
em N eville. N ew to n c o n trib u iu com q u a re n ta libras. Parecia que
ele en carav a a p o ssib ilid ad e de levar u m a vida acadêm ica ex clu si
v a m e n te v o lta d a p ara estu d o s de interesse p articu lar. E n tre ta n to ,
a sua im p o rtâ n c ia era de tal o rd em q u e, d ia n te de um a recusa de
m arcar p resen ça e n tre os cien tistas de L o nd res, estes iam até
C am b rid g e ap resen tar-lh e suas idéias.
N e w to n c o n ceb eu a idéia da g rav itação universal d u ran te o ano
da Peste de 1 6 6 6 , e usou-a com g ran d e sucesso na ex p licação do
m o v im e n to da L ua em to rn o da T erra. Parece e x tra o rd in á rio que
d u ra n te os q u ase v in te an o s q ue se seguiram ele não tivesse feito
p ra tic a m e n te n e n h u m a te n ta tiv a p ara p u b licar q u alq u er coisa
so b re o p ro b le m a m aio r a resp eito d o m o v im en to da T erra em
to rn o do Sol. As razõ es desse b lo q u eio não são claras, m as os
fato s são cristalin o s. N o ano de 1684 surgiu em L o n d res um a
r —im
229
106
“Obtive um prisma triangular de vidro.''Cinco dos experimentos ópticos de Newton, de 1672:
“Coloquei meu Prisma à entrada da luz, de tal forma que ela pudesse ser refratada na parede
oposta.”
“Então coloquei um outro Prisma. . . de modo “Quando qualquer tipo de Raio podia ser
que a luz. . . pudesse passar através dele nitidamente separado dos outros, sua cor era
também, e ser refratada uma vez mais, antes obstinadamente mantida.”
de atingir a parede. Feito isto, tomando o
primeiro Prisma em minha mão, imprimi a ele
movimentos lentos, alternados, em tomo de
seu Eixo, de maneira a permitir que as
diferentes partes da imagem., . sucessivamente
passassem através dele.. . e eu pudesse
observar em que lugares na parede o segundo
Prisma as refratava.”
S^y^Jfr
AC,
fr U&í c- Ç7+nfaj
'\-*f'S* *v-rr}£y
»*+nfa„ nw
ck.
1 6 8 4 a 1 6 8 7 , para escrever
a d em o n stra çã o com p leta .
H a lley a n im o u , in cen tiv o u
/• ,*=»-//* > " rf “jfye~t- &r£,>r£hr—ft* yt^teeUm tf , Principia.
e até m e s m o fin a n c io u o s
l'P<rc^TK> ^ /^ V rp\^-xryy t r f C s r ^ r k , « O fa r+ rJ? . !
^nS- i (nr^i 'í^,aí ^5 í.V^^y >\t£m4t jKnv/trvr/t; en*jpÂt Carta deHalley aIsaac
&0 C***ojeyJ l^t hn.^C b i*fn)lv~tV-a^ct+jy{%dÓ- 1/0 j^tnÀ Newton quando este
ameaçouabandonaro livro,
h n tt e*.£C. t^C^y. >9~fo-bi f>&\. ^ > •^ ^ ^ ^ .,' w \l£(r*Á. }f\tc{b*^+ .i% ( k j f xyfijck ,tyih vendo-se coagido areco
*y /. //O 7y-0-etlâ^r u . nhecer algum mérito em
‘ti, Robert Hooke, escrita em
tltf>0 prrv* * W-*~ (¥ l nm *.Í //-T- ftfi^lJ-r-.J}- t '«■ J/\ m u *
29 de junho de 1686.
'A y ^ v '- - 'í / y <iy //C>- "Senhor, eu volto alhe
implorarque não deixe se
' I lío e to Q J itX f r — .' l— . t t ." f Á ij rÇ b tv \
c o n tr o v é r sia e n v o lv e n d o S ir C h r is to p h e r W ren , R o b e r t H o o k e e
o jov em a strô n o m o E d m o n d H a lle y , em fu n çã o d a q u a l H a lley
fo i a té C a m b r id g e , à p ro cu ra d e N e w to n .
D e p o is d e e sta r e m ju n t o s p o r a lg u m te m p o , o d o u to r [H a lle y ] p e r g u n to u
q u a l era a o p in iã o d e le a re sp e ito d a fo r m a d a cu rva d escrita p e lo s p la n eta s,
s u p o n d o q u e a fo r ç a d e a tra çã o e m d ir eç ã o ao S o l fo sse a r e c íp r o c a d o
q u a d r a d o d a s d is tâ n c ia s e n tr e e le s. S ir Isa a c r e s p o n d e u p r o n t a m e n t e q u e se
tr a ta r ia d e u m a e lip se . O d o u to r , t o m a d o d e a le g r ia e a d m ir a ç ã o , q u is sa b e r
c o m o é q u e e le s a b ia . “ P o r q u e ” , d is s e ele , “ e u a c a l c u le i ” . D i a n t e d is s o , o
D r . H a l l e y q u is v e r s e u s c á l c u l o s i m e d i a t a m e n t e . Sir I s a a c p r o c u r o u - o s e n t r e
seu s p a p é is, m a s s e m n e n h u m su cesso , fic a n d o , e n tr e ta n to , a p r o m e ssa d e
q u e e le s lh e s e r ia m r e m e tid o s lo g o q u e f o s s e m e n c o n tr a d o s .
Não sei que tipo de imagem o mundo faz de mim; mas, eu me sinto como
se tivesse sido apenas um garoto brincando à beira do mar, contente em
achar aqui uma pedrinha mais lisa, ali uma concha mais atraente do que de
ordinário, tendo sempre diante de mim, ainda por descobrir, o grande
oceano da verdade.
A os seten ta anos N ew to n p resid ia u m a R o y a l S o c ie ty onde se
r e a liz a v a m u ito p o u co tr a b a lh o c ie n tífic o de v a lo r. S o b os
G e o r g e s, a In g la terra e sta v a m u ito m a is p r e o c u p a d a c o m d in h e ir o
(estes era m o s a n o s d a E x a lta ç ã o d o s M a res d o S u l), c o m p o lític a
e com e sc â n d a lo s. N o s c a fé s, á g e is h o m e n s d e n e g ó c io s o r g a n iz a
vam c o m p a n h ia s a fim de e x p lo ra r e m in v e n ç õ e s fic tíc ia s. O s
e sc r ito r e s r id ic u la r iza v a m o s c ie n tista s, e m p a rte p o r d e s p e ito e
em p a rte p o r m o t iv o s p o lít ic o s , u m a v e z q u e N e w t o n era fig u r a
im p o rta n te d o g ov ern o.
N o in v e r n o d e 1 7 1 3 u m g r u p o d e esc r ito r e s d o P a r tid o C o n
serv a d o r (e n tã o T o ry ) c o n stitu iu u m a s o c ie d a d e lite r á r ia . A t é a
m o rte d a R a in h a A n a , n o v e r ã o s e g u in te , e le s se r e u n ia m regu
la r m e n te no P a lá c io d e S t. J a m e s , s o b o p a tr o c ín io d o m é d ic o
da m on arca, D r. J o h n A r b u th n o t. E ssa so c ie d a d e , q u e a d o to u o
n om e d e S c r ib le r u s C lu b , se e n tr e g o u a o m is te r d e r id ic u la r iza r
as a g rem ia çõ es cu ltu ra is da época. O a ta q u e d ir ig id o co n tra a
110
co m u n id a d e c ie n tífic a por J on a th an S w ift n o te r c e ir o liv ro d as A nós soa c o m o
irrev erên cia u m a
V ia g e n s d e G u lliv e r , b ro to u das d iscu ssõ es desse grupo. E sses
sátira a N e w t o n fe ita
T o r ie s que m a is tard e a ju d a ra m John G ray em sua sá tir a do p o r seus
Caricatura
co n tem p o râ n eo s.
governo em T h e B e g g a r ’s O p e r a ( A Ó p e r a d o s M e n d ig o s ) t a m b é m
o assessoraram em 1 71 7 a o e sc r e v e r a p e ç a T h re e H o u rs A fte r contemporânea
satirizando a
M a r r ia g e ( T r ê s H o r a s A p ó s o C a s a m e n to ) . N e s t a , o a lv o d a s á tir a
gravitação de
2 36 é rep resen ta d o por u m c ie n tista id o s o , c h e io d e p o m p a , o sten - Newton.
A Escalada do Homem
ta n d o o n o m e de D r. F o ssile . A b a ix o r e p r o d u z im o s a lg u m a s 111
“ £ m elh o r fazer u m
p a ss a g e n s n a s q u a is c o n tr a c e n a m o D r. F o ssile e u m a v e n tu r e ir o , p o u c o c o m certeza,
P lo tw e ll que, n o m o m e n to , en tretém u m caso a m oro so co m a e d eixa r o resto
para os outros q u e
d o n a d a casa.
virão d e p o is d e n ó s,
Fossile: Prometí minha “pedrinha” a Lady Longfort. A pobre senhora está d o q u e tentar
exp lica r tu d o .”
prestes a abortar, mas acho que isso irá impedir. Ah! Quem está aqui! Não P u t t i r e a liz a n d o
me agrada o aspecto do sujeito. Em todo caso não serei demasiadamente e x p e r im e n to s c o m o
severo. te le s c ó p io d e
N e w to n , seu
P lotw ell: Illustrissime domine, huc adveni - u n iv e r s o , s e u s
Fossile: Illustrissime domine - non usus sum loquere Latinam - se você p ris m a s , su a s m o e d a s
não falar inglês não poderemos entreter nenhuma conversação verbal. e s u a fo r n a lh a .
B a ix o ^ r e le v o d e
Plotw ell: Eu poder falar só um pouco englese. Eu tenho ouvido muito do R ysb rack d o
fama do grande luminário de todos os artes e ciências, o ilustrado doutor m o n u m e n to a
Fossile. Eu gostar de fazer comutações (como dizer isso?). E troca alguns N e w to n na
A b a d ia d e
de meus coisas por alguns de seus coisas. W e s tm in s te r .
N a tu ra lm en te, o p r im e ir o tó p ic o da b r in c a d e ir a g ir a e m to rn o
d a a lq u im ia ; o ja r g ã o é b a sta n te p r e c iso a o lo n g o d e to d o o te x to .
238
O Relógio Majestoso
239
A Escalada do Homem
Plotw ell: O que pensar o senhor sobre o novo m étodo dos fluxions?
Possile: Não conheço nenhum outro a não ser através do mercúrio.
Plotw ell: Há, há, mim dizer flu x io n s de quantidade.
Possile: A maior quantidade jamais vista por mim foram três quartos por
dia.
Plotw ell: Haver algum segredo em hidrologia, zoologia, minerologia, hi
dráulica, acústicas, pneumáticas, logaritimia, sobre o qual querer você saber?
Possile: Estão todos fora de meu campo de interesse.
A n ó s p a r e c e u m a g r a n d e ir r e v e r ê n c ia e ss a sá tir a a N e w t o n ; m e s m o
u m a c r ític a séria p o r p a r te d e s e u s c o n t e m p o r â n e o s o p a r e c e r ia .
O fa to é q u e to d a te o r ia , p o r m a is m a je sto sa q u e seja, s u b e n te n d e
su p o siç õ e s ab ertas à co n testa çã o e, na r e a lid a d e , terão de ser
s u b stitu íd a s n o te m p o d e v id o . A c o n te c e u o m e s m o c o m a teo ria
de N ew to n , a d e sp e ito de sua m a r a v ilh o sa a p r o x im a ç ã o dos
fen ôm en o s n a tu ra is. N e w t o n c o n fe s s o u -o . A s u p o s iç ã o p rim á ria
d e N e w to n , e n u n c ia d a d e sd e o in íc io , fo i a seg u in te : “ C o n sid e r o
o esp aço co m o sen d o a b so lu to ” . C o m isso q u eria d izer ser o
esp aço sem pre p la n o e in fin ito , d a fo r m a q u e o e n te n d e m o s e m
n o ss a p r ó p r ia v iz in h a n ç a . D e s d e o in íc io , e ssa s u p o s iç ã o f o i c r iti
cada por L e ib n iz , e correta m en te. A fin a l de c o n ta s , e la não é
sequer provável em n o ssa e x p e r iê n c ia o r d in á r ia . E m b o r a e s te ja
m o s h a b itu a d o s a v iv er e m u m e sp a ç o p la n o , b a sta o lh a r m o s a o
la rg o p a ra n o s c o n v e n c e r m o s d e n o sso erro .
A T e r r a é e sfé r ic a ; a ssim , u m p o n to lo c a liz a d o n o P ó lo N o r te
p od e ser m ira d o por d o is ob servad ores co lo ca d o s na lin h a d o
E q u a d o r , m a s se p a r a d o s p o r g r a n d e d istâ n c ia , e o s d o is a fir m a r e m
estar o lh a n d o em d ir e ç ã o N o r te . T a l a rr a n jo seria in c o n c e b ív e l
para u m h a b ita n te d e u m a terra p la n a , o u p a r a q u a lq u e r p e s so a /---------- A
a cred ita n d o que a p la n u ra d e su a v iz in h a n ç a se e ste n d e p o r to d a
a su p e r fíc ie d a T erra. D e ssa m a n eira , N e w to n e sta v a se c o m p o r
tan d o co m o um h a b ita n te de u m a terra p la n a em u m a e sc a la
c ó s m ic a : v ia ja n d o a tr a v é s d o U n iv e r so , te n d o a tr e n a e m um a das l----------li
m ã o s e o r e ló g io d e b o lso n a o u tra , m a p e a n d o o e sp a ç o c o m o se
este fosse, lá fora, sem e lh a n te ao p e r c e b id o a q u i. N e c e ssa r ia
m e n te , tal s u p o s iç ã o n ã o é v er d a d e ira .
N ão se trata m e s m o de o esp aço ser u n ifo r m e m e n te esférico
— is t o é, q u e d e v a ter u m a d e t e r m in a d a c u r v a tu r a . P o d e a c o n t e c e r
d ele se r a r q u e a d o o u o n d u la d o . A e x istê n c ia d e lo c a is d e d e p r e ssã o
n o e s p a ç o é p o s s ív e l, p a r a e le s d e s liz a n d o c o r p o s e m m a io r p r o
p o r ç ã o d o q u e p a ra o u tr o s. É c la r o , e n tr e ta n to , q u e o s m o v im e n -
2 40 to s d o s c o r p o s c e le ste s d e v e m perm anecer os m esm o s — n ossas
O Relógio Majestoso
Primeiro mafcador
trab alh ad ores. tal p r ê m io acen d eu a c o m p e tiç ã o e n tr e o s r e lo jo e ir o s lo n d r in o s
“dwelling at the
Waterside by the
OldBridge at
the sign of the
SeaMappes".
Vêem-se navegadores
trabalhando com
seus mapas
enquanto a frota
holandesa levanta
âncoras.
O Astrônomo real
John Flamsteed e
seus assistentes
enquanto se
ocupam de 243
observações.
Pintura no teto do
Royal Naval
College, Greenwich.
A Escalada do Homem
O u n iv e r so d e N e w t o n m a n te v e s e u tiq u e -ta q u e in in te r r u p to p o r
c e r c a d e d u z e n to s a n o s. V ie ss e seu fa n ta sm a à S u íç a , e m q u a lq u e r
tem p o a n tes de 1 90 0, to d o s os r e ló g io s c a n ta r ia m a le lu ia , e m
u n ísso n o , em seu lo u v o r. E n tr e ta n to , lo g o a p ó s 1 9 0 0 , e m B erna,
116
O un iverso de
N e w to n m anteve
seu tiq u e -ta q u e
in in terru p to p o r
cerca de d u zen to s
anos. V iesse seu
fa n ta sm a à S u íça ,
e m q u a lq u er
tem p o antes de
1 9 0 0 , tod os os
r e ló g io s ca n ta ria m
a lelu ia , e m u n ís s o n o ,
e m seu lou v or. L u z
e tem po com eçaram
a se d issociar
ju stam en te por
volta dessa ép o ca .
Torredo relógio
244 de Berna.
O Relógio Majestoso
a u n s d u z e n to s m e tr o s d a a n tig a to rre d o r e ló g io , su rg e o jo v e m
q ue, em tem p o , v a i tir a r m u i t o d o e n tu sia sm o d a q u e la a le lu ia :
A lb e r t E in ste in .
L uz e tem p o com eçara m a se d isso cia r, e x a ta m e n te p o r v o lta
d essa ép oca. E m 1 8 8 1 A lb e r t M ic h e ls o n r e a liz o u u m ex p erim en to
(r e p e tid o p o ste r io r m e n te c o m a c o la b o r a ç ã o d e E d w a r d M o r le y ),
n o q u a l, p r o je ta n d o fe ix e s lu m in o s o s e m d ife r e n te s d ir e ç õ e s, te v e
a esto n tea n te su r p r e sa d e v e r ific a r q u e , in d e p e n d e n t e m e n t e d o s
m o v im e n to s im p resso s ao a p a r e lh o , a lu z m a n tin h a sem pre a
m e sm a v elo c id a d e . E sse fa to n ã o p o d ia ser e s p e r a d o a p a rtir d a s
leis d e N e w t o n , e, d e ssa m a n e ir a , fo i a q u e le p r im e ir o ru íd o no
coração da física , q u e , e m 1 9 0 0 , co m eço u a provocar u m certo
p â n ic o n o s c ie n tista s d e e n tã o .
Omarcadorde
tempo n.° 4
premiadode
John Harrison.
117
S e u trab a lh o
c o m o fu n cio n á rio
d o E scritório de
P aten tes da S u íça.
Albert Einstein
junto à sua mesa de
trabalho no
Escritório de
Patentes em 245
Berna, 1905
1 18
" C o m o se m e
a p resen taria o
m u n d o se eu O R e ló g io M a jesto so
p u d e s s e via ja r e m
u m raio d e lu z ? ”
Albert Einstein aos
catorze anos.
N ã o se sabe ao ce r to o q u a n to o jo v e m E in ste in esta va a par
desse p r o b le m a , u m a v ez q u e n ã o era e stu d a n te m u ito a p lic a d o .
E m tod o caso, ao tem p o d e su a ch ega d a a B erna, su a m en te de
a d o le s c e n te d e h á m u ito h a v ia p la n te a d o p a ra si m e s m a a q u e s tã o
de co m o seria n o ssa c o n c e p ç ã o d o m u n d o se e la fo s s e e n c a r a d a
d o p o n t o d e v ista d a lu z.
A r e sp o s ta a e ssa p e r g u n ta é r e p le ta d e p a r a d o x o s, o q u e a to r n a
m trin ca d a . E, co m o a co n tece com t o d o p a r a d o x o , o m a is d ifíc il
não é e x p lic á -lo , m a s, sim , c o n c e b ê -lo . A g e n ia lid a d e d e h o m e n s
ta is c o m o N ew to n e E in stein tem a í sua b ase; e le s fo r m u la m
p ergu n tas tran sp a ren tes, in o cen tes, m as, cu jas resp o sta s são
c a ta str ó fic a s. O p o e ta W illia m C o w p e r c h a m o u a N e w t o n o “ s á b io
in fa n til” , te n d o em c o n ta e ss a q u a lid a d e , q u e d e s c r e v e p e r fe ita -
m en te o ar d e su rp resa em r e la ç ã o a o m u n d o , m a r c a n d o in d e le -
v elm e n te a face que co n h ecem o s de E in ste in . Q u e r e le fa la sse
sobre u m a v ia g e m em u m ra io d e lu z o u u m a q u ed a no esp aço,
E in stein sem pre ilu str a v a e ss e s p r in c íp io s c o m lin d o s e x e m p lo s ;
a ssim , vou arrancar u m a p á g in a ao seu liv ro , d ir ig in d o -m e ao
su b so lo d a torre d o r e ló g io e tom a n d o o m esm o b on d e d o qual
se s e r v ia t o d o s o s d ia s p a r a c h e g a r a o s e u tr a b a lh o , o n d e era fu n
c io n á rio d o E scritó rio d e P a te n te s d a S u íç a .
A n a lis e m o s e ssa p r o p o s iç ã o m a is p o r m e n o r iz a d a m e n te . S u p o
n h a m o s q u e o r e ló g io q u e e stá fic a n d o p a ra trás m a r q u e m e io -d ia ,
q u a n d o eu p a r to . A g o r a , e u e sta r ia v ia ja n d o à v e lo c id a d e d a lu z ,
a 2 9 7 .6 0 0 q u ilô m e tr o s d e d istâ n c ia d e le; isso to m a r ia u m s e g u n d o
d e te m p o . E n tr e ta n to , o r e ló g io , c o m o o v ejo , a in d a m a r c a “ m e io
-d ia ” , u m a v ez q u e o fe ix e d e lu z e eu n o s a fa s ta m o s ju n ta m e n te
d o r e ló g io . D a m e s m a fo r m a q u e p a ra o r e ló g io , a c o n te c e c o m o
u n iv e r so d e n tr o d o b o n d e : a o m e m a n te r à v e lo c id a d e d a lu z fic o
in d ife r e n te o u in d e p e n d e n te d a p a ssa g em d o tem p o .
C o n tu d o , o b o n d e n ã o a tin g iu a v e lo c id a d e d a lu z ; a o c o n tr á r io ,
e le parou, ca lm a m e n te , em fren te d o E scritó rio de P a ten tes.
E in stein d e sce u , c u m p r iu su a jo r n a d a d e tr a b a lh o e, c o m o a c o n
te c ia fr e q ü e n te m e n te , à s a íd a d á u m a p a ssa d a p e lo C a fé B o llw e r k .
O tra b a lh o n o E scritó rio d e P a te n te s n ã o era m u ito d ifíc il. P a ra
d izer a verdade, v ista s agora, a m a io r p a rte das s o lic ita ç õ e s
parecem bem id io ta s: r e g istr o d e u m tip o a p e r fe iç o a d o d e e sp in
g ard a d e p ressã o ; reg istro d e u m c o n tr o la d o r d e c o r r e n te a lte r
n a d a , a o s q u a is E in s te in a p u n h a a o b s e r v a ç ã o su c in ta : “ I n c o r r e to ,
im p r e c iso e c o n fu s o ” .
A s ta r d e s , n o C a fé B o llw e r k , e le iria d is c u tir u m p o u c o d e fís ic a
com seu s co leg a s, e n q u a n to b e b ia c a fé e fu m a v a c h a ru to s. E n tr e
tan to, sem p re foi u m h o m em in tro sp e ctiv o , in d o d ir e ta m e n te a o
cerne dos p r o b le m a s, c o m o p o r e x e m p lo : “ D e q u e m a n e ira os
seres h u m a n o s em g er a l, e n ã o a p e n a s o s f ís ic o s , se c o m u n i c a m
en tre si? Q u e tip o s d e sin a is e n v ia m o s u n s a o s o u tr o s ? C o m o o
c o n h e c i m e n t o é a d q u ir id o ? ’’. N e s s a s p e r g u n t a s e n c o n t r a m a s a tr i
lh a seg u id a em to d o s o s seu s escrito s; p éta la s a rra n ca d a s u m a a
2 52 u m a co m o os véu s que nos separam d o co ra çã o d o c o n h e c im e n to .
íL ' 1 • i
«*»•***» y / D
C it c . , t. , . ,
/
I V - p 1
^ iMM« »1 »«l »« ' ,11 J |^ ^
? ?
i ?h C ^
1 Tc
i - sl
i r ,
f I /
/
- Ha
^ Ú
1l i j
r
i* > 7/
> V 'i
j - l ,
■lQ< (j{A
n
\ y J 0
A Escalada do Homem
N o d e c u r s o d e su a v id a E in stein lig o u lu z a te m p o e te m p o a
e sp a ç o ; e n e r g ia a m a té r ia , m a té r ia a e s p a ç o e e s p a ç o a g ra v ita ç ã o .
A o fim d e su a v id a a in d a tr a b a lh a v a n o s e n tid o d e te n ta r d e s c o
b rir a u n id a d e su b ja c e n te à g ra v ita çã o e às fo r ç a s m a n ife sta d a s
n a e le tr ic id a d e e n o m a g n e tism o . L e m b ro -m e d ele n e ssa fa se d e
sua a tiv id a d e, lec io n a n d o n a S e n a te H o u s e e m C a m b rid g e, tra
jan d o seu v elh o su é ter e c a lç a n d o p a n tu fa s, s e m m eia s, te n ta n d o
nos co lo ca r a par d o tip o de r e la ç õ e s q u e h a v ia e n tr e a q u e la s
forças, b em co m o das d ific u ld a d e s q u e v in h a e n c o n tr a n d o em
e sta b e le c ê -la s.
F a la r sobre a e sc a la d a d o h o m em na presen ça de N e w to n e
E in ste in c h e g a a ser u m a im p e r tin ê n c ia : e le s c a m in h a m c o m o se
fossem d euses. D os d o is, N e w t o n rep resen ta o deus d o V e lh o
T esta m en to . E in stein é m a is um a p ersonagem d o N o v o T esta
m en to : h u m a n o , c o m p a s s iv o , irr a d ia n d o e n o r m e s im p a tia . P a ra
e le a n a tu r e z a é v is ta c o m o se u m ser h u m a n o estiv esse n a p re
sen ça de u m deus. A d ora va fa la r sobre D eu s: “ D eu s n ão jo g a
d a d os” , “ D eu s não é m a lic io so ” , a tal p o n to que N ie ls B ohr
ch egou a lh e d ir ig ir a seg u in te observação: “ B a sta de d izer a
D e u s o q u e E le d e v e f a z e r ” , q u e , a b e m d a v e r d a d e , n ã o f o i m u it o
ju sta . E in ste in era h o m e m c a p a z d e fo r m u la r q u e s tõ e s e x tr e m a
m en te sim p le s, m o s tr a n d o a tra v és d e su a v id a e d e se u tr a b a lh o
que, quando as r e sp o sta s sã o ig u a lm e n te sim p le s, e n tã o o u v e -se
256 o p en sam en to d e D eu s.
8 EM BUSCA DE PODER
A Escalada do Homem O s tr a b a lh a d o r e s v iv ia m n a
p o b r e z a e n o o b scu ra n tism o .
A s p r im e ir a s f o to g r a fia s d a
v id a lU r a l c a u s a r a m c h o q u e .
E la s n e g a v a m to d o o
id ílio d a lU s tic id a d e .
A in d a a ssim , em 1 75 0, p a ir a v a no ar u m o u tro m ° v im e n t°
m a io r . A água h a v ia -se c o n v e r tid o n o e le m e n to p o r e x c e lê n c ia
d a e n g e n h a r ia , e h o m e n s ta is c o m o B r in d le y e s ta v a m fa sc in a d o s
por e la . Por tod o o cam p o e la o u jo r r a v a o u co rria a tra v és d e
ca n a is. N ã o era ap en as u m a fo n te d e força , era u m a n o v a o n d a
d e m o v im e n to . J a m e s B r in d le y foi um p io n e ir o na arte d a c o n s
tru ção de ca n a is, o u “ navegação” , co m o era en tão cham ada.
(T r a b a lh a d o r e s e m p r e g a d o s n a a b e rtu ra d e v a le ta s o u c a n a is a in d a
h o j e s ã o c h a m a d o s n a v ie s , e i s s o p o r q u e B r in d le y n ã o c o n s e g u i a
p r o n u n c ia r a p a la v r a n a v ig a to r . )
B r in d le y , por in ic ia tiv a p r ó p r ia , d e sin te r e ssa d a m e n te , h a v ia
c o m e ç a d o a fazer u m lev a n ta m e n to d a s v ia s h íd r ic a s , c o le t a n d o
d ad os em su a s a n d a n ç a s o b r ig a tó r ia s, a o p e r c o r r e r o s p r o je to s d e
e n g en h a r ia d e m o in h o s e m in e r a ç ã o . A c o n te c e , e n tã o , q u e , certa
fe ita , o D u q u e d e B r id g e w a te r o en ca rreg a d a c o n str u ç ã o d e u m
can al a ser u tiliz a d o p ara o tra n sp o rte d e carv ão , d e su as m in a s
a té a c id a d e n a sc e n te d e M a n ch ester. F o i u m p r o je to arro jad o ,
co m o se p od e co n sta ta r p ela d escriçã o dada em u m a carta a o
M e r c ú r io d e M a n c h e s te r e m 1763.
U l t im a m e n t e t e n h o c o n t e m p la d o a s m a r a v ilh a s a rtific ia is d e L o n d r e s e as
m a r a v ilh a s n a tu ra is d o P e a k , m a s n e n h u m a d a s d u a s m e d e u ta n to p r a z e r
c o m o a c o n te m p la ç ã o d o s c a n a is d e n a v e g a ç ã o d o D u q u e d e B r id g e w a te r .
O seu id e a liz a d o r e c o n str u to r, o e n g e n h o s o Sr. B rin d le y , d e tal m a n e ira
a p e r fe iç o o u essa arte, q u e n ã o p o d e m o s d e ix a r d e n o s su r p r e en d e r c o m o s
r e su lta d o s. E m B a r to n B rid g e e le c o n s tr u iu u m ca n a l n a v e g á v e l s u s p e n s o
n o ar, à a ltu r a d o s to p o s d as árvores. E n q u a n to in sp e c io n a v a o s ca n a is e m
u m esta d o de p ra zero sa a d m ira çã o , q u a tro e m b a r c a ç õ e s p a ssara m p o r m im
n o e sp a ç o d e três m in u to s, d u a s d e la s e n g a ta d a s u m a à o u tra , e p u x a d a s
p o r u m a p a relh a d e cav alos, m a r c h a n d o n o c a n te ir o às m a r g e n s d o can al,
p a ra o n d e , a m u it o c u s to m e a v e n tu r e i. . . a a n d a r, u m a v e z q u e q u a se p e r d i
o e q u ilíb r io a o c o n te m p la r o c a u d a lo s o r io Irw e ll c o r r e n d o s o b m e u s p és.
125
N a ju n ç ã o d o C o r n e b r o o k e c o m o can al d o D u q u e . . . cerca d e u m a m ilh a
O s can ais eram
d e M an ch ester, os agen tes d o D u q u e c o n stru íra m u m d e sem b a rca d o u ro
artérias de
on d e v en d em carvão a três pences e m eio
a c e sta . . . N o p r ó x i m o v e r ã o e le s com u n icaçã o: não
p la n e ja m estar e n tr e g a n d o e m (M a n c h e ste r ). eram con stru íd os
para b a r co s d e lazer,
Em seg u id a , B r in d le y se en trego u à lig a ç ã o de M a n ch ester a m a s, sim , para
L iv e r p o o l, em u m p r o je to a in d a m a is a r r o ja d o , q u e se d e s d o b r o u barcaças. Era u m
c o m é r c io p ro v in cia l
na con stru çã o de quase seiscen to s e c in q ü e n ta q u ilô m e tr o s d e Aqueduto junto à
exten são de ca n a is, c o n s titu in d o u m a rede que c o b ria tod a a Pont-Cysyltau, que
sustenta o canal
In g la terra . de Llangollen sobre
N a c r ia ç ã o d o siste m a in g lê s d e c a n a is d e s ta c a m -se d o is a s p e c to s o vale do rio Dee.
Desenhado por
típ ic o s d a R e v o lu ç ã o In d u stria l. O p r im e ir o m o s tr a q u e o s h o m e n s
Thomas Telford
262 r e sp o n sá v e is p e la r e v o lu ç ã o e r a m e m in e n te m e n te p r á tic o s . C o m o em 1 795.
w
....« r r f .«fímPlTin
iÉ
íiiiiíd iiiiiiH
tfrV '
I
!
Em Busca de Poder
A tu a lm e n te p a re c e in c o n c e b ív e l q u e a c e n a d o ja rd im d e A s
b o d a s d e F íg a ro , a á ria n a q u a l F íg a ro se re fe re ao seu s e n h o r
c o m o “ S ig n o r C o n t in o ” , C o n d e z in h o , te n h a sid o c o n s id e ra
d a re v o lu c io n á ria . M as é p re c is o n ã o e s q u e c e r a ép o c a em q u e
foi escrita. B e au m arc h a is te rm in o u de escrev er a p e ç a em 1780.
M ais q u a tr o a n o s de lu ta s c o n tr a u m a m u ltid ã o d e c e n s o re s
(e n tre eles o p r ó p r io L uís X V I) fo ra m n e c e ssá rio s p a ra tê-la
re p re s e n ta d a . A e n c e n a ç ã o e s c a n d a liz o u a E u ro p a . P a ra p o -
, d e r a p re se n tá -la em V ie n a , M o z a rt a tr a n s fo rm o u em ó p e ra .
M o z a rt c o n ta v a e n tã o trin ta an o s; e ra 1786. T rê s an o s m ais
ta rd e , 1789 — a R e v o lu ç ã o F ra n c e sa .
A q u e d a de L u ís X V I e su a d e c a p ita ç ã o te ria m sid o c a u sa
das p o r As b o d a s d e F íg a r o ? É c la ro q u e n ão ! A s á tira n ã o é
d in a m ite so cial. M as é u m te r m ô m e tr o so cial: m o s tra q u e u m
n o v o tip o d e h o m e m e stá b a te n d o à p o rta . O q u e le v o u N a 1
p o le ã o a c o n s id e ra r o ú ltim o a to d a p eça c o m o “ a re v o lu ç ã o
e m a ç ã o ” ? F o i o p r ó p r io B e a u m a rc h a is q u e , n a p e sso a de F í
g a ro , a p o n ta p a ra o C o n d e e e x clam a : “ P o rq u e o s e n h o r p er-,
te n c e à a lta n o b re z a , o s e n h o r se p e n sa um g ê n io . A su a m a io r
re a liz a ç ã o n ã o foi se n ã o a d e n a s c e r” .
B e a u m a rc h a is re p re s e n ta v a u m a a ris to c ra c ia d ife re n te — a
dos tra b a lh a d o re s de ta le n to : os re lo jo e iro s d e su a é p o c a , os
p e d re iro s d o p assad o , os tip ó g ra fo s . P o r q u e ra z ã o M o z a rt se
e n tu s ia s m o u p e la peça? O a r d o r re v o lu c io n á rio re p re s e n ta d o
p elo m o v im e n to m a ç ô n ic o ao qual estav a filia d o , e p o r ele
g lo rific a d o n ’ A F la u ta M á g ic a . (A M a ç o n a ria e ra , e n tã o , u m a
so c ie d a d e s e c re ta em ascen são , c o m te n d ê n c ia s lib e ra is e an ti-
clericais, o q u e c u s to u ao s a m ig o s de M o z a rt, p o rq u e su a fi
liação e ra c o n h e c id a , g ra n d e d ific u ld a d e e m tr a z e r u m p a d re
p a ra ju n to de seu le ito d e m o rte em 1791.) N o te -s e q u e o m a-
ç o m m ais e m in e n te d a q u e la é p o c a e ra o tip ó g ra fo B e n ja m rn
F ra n k lin , em issário a m e ric a n o ju n to à c o rte de L u ís X V I, q u a n
d o A s b o d a s d e F íg a ro fo i e n c e n a d a p e la p rim e ira v ez. E ele,
m a is d o q u e q u a lq u e r o u tr o , re p re s e n ta a q u e la c a te g o ria d e
h o m e n s p ro g ressistas, ten azes, c o n fia n te s, p e rsiste n te s, re s p o n
sáv eis p ela c o n s tru ç ã o d a n o v a era.
E m p rim e iro lugar, B en jam in F ra n k lin tin h a u m a tre m e n d a s o r-
te. Q u a n to ia a p resen tar suas credenciais à C o rte F ran cesa em 1778,
a p e ru c a e as ro u p a s p ro to c o la re s e ra m p e q u e n a s d em a is p a ra ele.
A rro ja d a m e n te a p resen to u -se d e cab eça d esco b erta, e foi im ediata-
268 m e n te ac la m a d o c o m o o filh o d a n a tu re z a v in d o d a flo re sta .
129
B e n ja m in F r a n k lin r e p r e se n ta a q u ela c a teg o ria d e h o m e n s p ro gressistas,
te n a z e s , c o n fia n te s , p ersisten tes, r e sp o n sá v e is p ela c o n str u ç ã o
da n o v a era.
B e n ja m in F r a n k lin . p o r J o s e p h D u p le s s is , p in t a d o e m P a r is e m 1 7 7 8 .
Em Busca de Poder
já n ã o e r a m la v ra d o res, fo r m a v a m a g o r a u m a c o m u n id a d e in d u s 131
M estres-ferreiros
tr ia l. T i n h a m de ser p a g o s e m m o ed a e não em esp écie; en tre-
com o John
m en tes, o govern o cen tral em L ondres d e sco n h e c ia o se n tid o W ilk in so n cu n h a va m
seu s p ró p rio s vales
d e ssa tr a n sfo r m a ç ã o . R e c u sa v a -se , p o r e x e m p lo , a c u n h a r m a io r
salariais,
q u a n tid a d e d e m o e d a s, d e m o d o q u e m estres-ferreiro s c o m o J o h n e sta m p a n d o n eles
W ü k in so n p assaram a c u n h a r s u a s p r ó p r ia s m o e d a s - v a le sa la r ia is, su as fa c e s p leb éia s.
T o k e n d e W i lk in s o n ,
tra zen d o im p ressa s n ela s suas fa c e s p le b é ia s. O a la r m e c h e g a a 1788.
L ondres: ser ia isso in d íc io d e u m c o m p lô . M as não é m e n o s ver
dade que in v e n ç õ e s r a d ic a is se o r ig in a m e m c é r e b r o s r a d ic a is. O
p r im e ir o m o d e lo d e estru tu ra d e ferro p ara p o n te s, e x ib id o e m
L o n d res, foi p r o p o sto p or T o m P a in e , c o n te s ta d o r n a A m é r ic a e
n a In g la te r r a e p r o ta g o n is ta d e O s D ir e ito s d o H o m e m .
N esse Ín terim , o ferro fu n d id o e sta v a s e n d o u s a d o d e m a n e ir a
r e v o lu c io n á r ia p o r m estres-ferreiro s com o J oh n W ilk in so n . E ste 1 32
O s m o n u m e n to s da
c o n str u iu o p r im e ir o barco de ferro e m 1 7 8 7 , v a n g lo r ia n d o -se R e v o lu ç ã o In d u strial
de que n e le seria c a r r e g a d o s e u c a ix ã o q u a n d o m o r r e ss e . N a v e r osten tam um a
g ra n d io sid a d e
d ad e, fo i en terrad o e m c a ix ã o d e ferro e m 1 8 0 8 , e o barco nave rom ana, um a
gou sob u m a p on te de ferro a q u a l W ilk in so n h a v ia a ju d a d o a g ra n d io sid a d e
r e p u b lica n a .
co n stru ir, em 1 77 9, nos arredores da c id a d e la de S h ro p sh ire; A p eq u e n a p o n te
a in d a h o je a p o n te é c h a m a d a Iro n b rid g e (P o n te d e F erro ). ju n to à
C o a lb r o o k d a le , a
M a s, c h e g o u a a r q u ite tu r a d o fe r r o a r iv a liz a r a a r q u ite tu r a d a s p r im e ir a g r a n d e
C a ted ra is? S im . E ssa ép o ca fo i h e r ó ic a . T h o m a s T e lfo r d se n tiu e x te n s ã o d e fe rr o a
s e r e rig id a s o b r e
isso , a o a m p lia r a p a is a g e m c o m ferro . N a s c id o p a sto r d e o v e lh a s
o S evern , e n tre
e p o b r e , tr a b a lh o u d e p o is c o m o p e d r e ir o d ia r ista e, p o r in ic ia tiv a 1 7 7 5 e 1 779.
Em Busca de Poder
p r ó p r ia , to r n o u -s e e n g e n h e ir o d e e str a d a s e ca n a is, e a m ig o d o s
p o eta s. O g ra n d e a q u e d u to q u e s u ste n ta o c a n a l L la n g o lle n so b r e
o r io D e e , p o r e le c o n s t r u íd o , a te s ta s u a m a e str ia n o u s o d o fe r r o
fu n d id o em larga e sc a la . O s m o n u m e n t o s d a R e v o lu ç ã o In d u stria l
e x ib e m um a g r a n d io sid a d e r o m a n a , g r a n d io s id a d e r e p u b lic a n a .
Em Busca de Poder
|r JJ*> •.»)j i j o v :
\{ im i!^ ü |su p u | i j y i n i u j
V a s\,
■ **.*3 »
1 37 .
O n o v o con ceito da
A Escalada do Homem natureza c o m o fo n te d e
en ergia c o lh e u -o s
c o m o u m a tem p estad e.
U m a f o r n a lh a , c e r c a
d e 1 790.
lo q ü e n te m e n te a o b ió g r a fo J a m e s B o sw e ll: “ A q u i e u v e n d o , m e u
se n h o r , a q u ilo que to d o o m u n d o d e seja p o ssu ir - p o tê n c ia ” .
L in d a frase! E v erd a d eira ta m b é m .
Ozootrópico; uma
trab a lh ad o ras.
plataforma elevadiça; e
uma mobília retrátil para
quarto de dormir.
O v e n to fo r te n ã o a tin g iu o b a rco ,
N o e n ta n to , o b a r co , agora, se m o v ia '
S o b o s r e l â m p a g o s e à luz d a lu a ,
O g e m id o d o s m o r to s se o u via.
“ P ara m im , n a tu r e za era tu d o em tu d o .” J o u le ja m a is c h e g o u a
d izê-lo tão b em , m as o que d isse: “O s p od erosos a gen tes da
n a tu r e z a s ã o in d e s tr u tív e is ” sig n ific a a m e s m a co isa .
(
^ OS DEGRAUS DA CRIAÇÃO
A teo ria d a e v o lu ç ã o p ela se le ç ã o n a tu ra l fo i p r o p o sta na d é c a d a
de 1 8 5 0 , in d ep en d en tem en te, por d o is h om en s. U m d eles foi
C h a r le s D a r w in ; o o u tro A lfr e d R u ss e l W a lla c e . A m b o s era m por
tad ores de um a certa form a çã o c ie n tífic a , m a s, p o r in c lin a ç ã o ,
eram n a tu r a lista s. D a r w in freq ü en to u o curso de m e d ic in a da
U n iv e r sid a d e de E d in b u rg h por d o is anos, a té que seu p a i, o
próspero d o u to r , d e c id iu fa zer d ele u m sacerd ote, m a n d a n d o-o
p a ra C a m b r id g e . W a lla ce v in h a d e fa m ília p o b r e ; te n d o a b a n d o
n a d o a e s c o la a o s q u a to r z e a n o s, fr e q ü e n to u m a is ta r d e c u r so s n o s
In stitu to s p ara T ra b a lh a d o res d e L o n d r e s e L e ic e ste r , e n q u a n to
a p r e n d iz d e a g r im e n su r a o u m e str e -e sc o la .
O fa to é q u e há d u a s tr a d içõ es d e e x p la n a ç ã o sem p re m a r c h a n
d o la d o a la d o n a e s c a la d a d o h o m e m . U m a in te r e s sa à a n á lise d a
estru tu ra d o m u n d o. A o u tra , a o estu d o d o s p r o c e s s o s d a v id a :
su a fr a g ilid a d e , su a d iv e r sid a d e , a r e c o r r ê n c ia d o s c ic lo s, d e s d e o
n a scim en to a té a m o rte d os in d iv íd u o s e das esp écies. C o m a
teo ria da e v o lu ç ã o e ss a s d u a s tr a d iç õ e s se e n c o n t r a m ; a té e n t ã o
a v id a era u m p a r a d o x o in so lú v e l.
O p arad oxo d a s c iê n c ia s d a v id a , q u e a s c o lo c a e m u m a cate
g o r ia d iferen te da das c iê n c ia s físic a s, é en con tra d o em cada
d e ta lh e d a n a tu reza . E stá à n o ssa v o lta n o s p á ssaro s, nas árvores,
n a g ra m a , n o s ca ra m u jo s, e n fim , e m to d a c r ia tu r a v iv e n te . P o ss o
e x p r im i-lo a ssim : as m a n if e s t a ç õ e s d a v id a , su a s fo r m a s d e ex
p ressão, são tão d iv ersa s q u e d e v e m co n ter e m g r a n d e e sc a la u m
e le m e n t o a c id e n ta l. M a s, p o r o u tr o la d o , a n a tu r e z a d a v id a é tã o
u n ifo r m e que deve esta r d e te r m in a d a p o r m u ita s n e c e ssid a d e s.
D e s sa m a n e ira , n ã o é d e su r p r e e n d e r o fa to d a b io lo g ia , d a fo r m a
que h o je a e n t e n d e m o s , s ó ter a p a r e c id o c o m o s n a tu r a lista s d o s
sé c u lo s X V III e X IX : a m an tes d o ca m p o , o b servad ores de pás
saros, c lé r ig o s, d o u tores, sen hores em fé r ia s em suas casas de
c a m po. S o u te n ta d o a c h a m á -lo s sim p le sm e n te “ ca v a lh eiro s d a
141
O paradoxo das In g la terra v ito r ia n a ” , p o r q u e não p od e ter sid o m er° acas° °
c iê n c ia s d a v id a se fato d a teo ria d a e v o lu ç ã o ter s id o c o n c e b id a d u a s v e z e ^ p o r d o is
apresenta e m cad a
m a n ifestaçã o da h o m en s v iv e n d o ao m esm o tem p o e na m esm a c u ltu ra — a
natureza. c u ltu r a d a R a in h a V itó r ia d a In g la terra .
UTrIil ú n i c a á r v o r e
f l o r i d a e m uTrIil
flo r e s ta d e C h a r le s D a r w in c o n ta v a v in te e p o u c o s a n o s q u a n im o A lm ira n -
v e g e ta ç ã o t a d o d e c i d i u e n v ia r u m n a v i o c h a m a d o B e a g le c o m a f in a lid a d e d e
e x u b e r a n te .
M a n a u s , B r a s il . m a p e a r a s c o s ta s d a A m é r ic a d o S u l; a e le c o u b e o c a r g o n ã o -r e m u - 291
I
.
!.
O s D e g r a u s da C r ia ç ã o
E s s e é o r e la t o d e W a l1 a ce s o b r e o s p r im e ir o s t e m p o s d e su a v id a ,
q u a n d o tin h a d e g a n h á -la n a s p r o v ín c ia s in g le sa s. A d o t o u a p ro fis-
A Escalada do Homem í■
s ã o d e a g r im e n so r , p a r a a q u a l n ã o era e x ig id a fo r m a ç ã o u n iv e r sitá
r ia , p o d e n d o a p r e n d ê - la c o m s e u ir m ã o . E s t e m o r r e u e m 1 8 4 6 de
u m r esfria d o c o n tr a íd o a o v o lta r p a ra c a sa e m um a carruagem
a b erta , d e p o is d e ter p a r tic ip a d o d a r e u n iã o d e u m c o m itê d a C o
m issã o R ea l so b r e d isp u ta s e n tr e c o m p a n h ia s d e e str a d a s d e ferro .
E v id e n te m e n te , v iv ia m u m a v id a a o a r liv re , e W a lla c e a c a b o u
se in te r e ssa n d o por p la n ta s e in se to s. E n q u a n to tra b a lh a v a e m
D ia g r a m a r e tir a d o
L e ic e ste r e n c o n tr o u u m o u tr o h o m e m c o m o s m e s m o s in teresses, de um m anual de
m a s m u ito m a is in s tr u íd o d o q u e e le . S e u a m ig o s u r p r e e n d e u -o caça d e b e so u ro d e
1 8 4 0 , s e m e lh a n te
f a z e n d o - o v e r q u e , a d e s p e it o d e te r c o l e t a d o v á r ia s c e n t e n a s d e à q u e l e q u e W a lla c e
esp écies de b esouros, h a v ia m u ita s a in d a a serem d esco b ertas. e B a te s te r ia m
u sa d o e m su as
S e m e fo sse p e r g u n ta d o a n tes q u a n ta s esp écies d e b e s o u r o s p o d e r ía m ser e x c u r s õ e s d e c o le ta
e m L e ic e ste r e
en con trad as em u m d istr ito p e r t o d e u m a c id a d e , e u p r o v a v e lm e n t e te r ia
S u l d e G a le s .
a rrisca d o d izer c in q ü e n ta . . . m a s a g o ra h a v ia a p r e n d id o . . . q u e d e n tr o d e
u m r a io d e d e z m ilh a s h a v ia m ilh a r e s d elas.
-
6 &
A Escalada do Homem
p icia a o a m a n te d a n a tu r e za , q u a se ig u a l a o s a r r e b a ta m e n to s d ° s s e n tid o s
q u e e x p e r i m e n t e i a c a d a c a p t u r a d e u m a n o v a b o r b o l e t a n o A m i z ° n as.
E m u m d e s e u s fin s d e se m a n a , W a lla ce e n c o n tr o u u m a c a v er n a
na qual u m r io c o r r ia s u b te r r â n e o e d e c id iu a c a m p a r a li a q u e la
n o ite . E ra c o m o u m a p rep a ra çã o in c o n s c ie n te p a ra u m a v id a d e
e x p lo r a d o r .
Q u e r ía m o s e x p e r im e n ta r p o r u m a v ez o q u e seria d o r m ir a o rele n to e sem
ca m a , c o m a p e n a s o q u e a n a tu r e za p u d e sse p ro v e r . . . P e n s o q u e , p r o p o si-
t a d a m e n t e , t ín h a m o s e v it a d o q u a lq u e r tip o d e p r e p a r a ç ã o , d e f o r m a q u e
era c o m o se, a c id e n ta lm e n te , tiv é sse m o s d e e sc o lh e r u m lo c a l e m u m p a ís
d e s c o n h e c id o , sen d o c o m p e lid o s a d o rm ir a í m e s m o .
N a r e a lid a d e , e le p o u c o d o r m iu n e s s a o c a siã o .
A os v in te e c in c o a n o s W a lla ce d e c id iu d ed ica r-se in te ir a m e n te
a o n a tu r a lis m o . E ra u m a e str a n h a p r o fissã o v ito r ia n a . S ig n ific a v a
g a n h a r a v id a c o le ta n d o e sp éc im e s e m p a íse s e str a n g e ir o s e v e n
d en d o -os a m u seus e c o le c io n a d o r e s in g leses. B a te s o a c o m p a
nhava. A ssim , os d o is se a sso cia ra m em 1 84 8 co m um c a p ita l
co n ju n to de 1 0 0 lib r a s. V e le ja r a m e n tã o a té a A m é r ic a d o S u l,
s u b in d o c e r c a d e m il m ilh a s p e lo A m a z o n a s a c im a , a té M a n a u s,
na d e sem b o c a d u r a d o R io N eg ro.
E m b o r a a n te s n ã o tiv e sse id o m a is lo n g e d o q u e G a le s, W a lla c e
não se d e ix o u em b a sb a ca r p elo e x ó tic o ; desde o m o m en to em
que d esem b a rca ram , seu s co m e n tá r io s fo ra m c la r o s e se g u r o s. A
r e s p e ito d a s a v e s d e r a p in a , p o r e x e m p lo , s e u s p e n s a m e n t o s e s tã o
r e g is tr a d o s n a s N a r r a tiv e o fT r a v e ls o n th e A m a z o n a n d R io N e g r o
(N a r r a tiv a s d e V ia g e n s a o A m a zo n a s e R io N e g r o ), p u b lic a d a s
c in c o a n o s d e p o is.
O s u r u b u s p r e to s c o m u n s era m a b u n d a n te s, e p o r isso o a ijm e n to era esc a sso
p a ra eles, o q u e o s o b rig a v a a c o m e r fr u to s d e p a lm e ir a s n a s flo r e s ta s q u a n
d o n a d a m a is c o n se g u ia m .
E s to u c o n v e n c id o , p o r o b s e r v a ç õ e s r e p e tid a s, q u e as a v e s d e r a p in a se
v a le m in te ir a m e n te d a v isã o , e n ã o d o o lfa to , q u a n d o b u s c a m a lim e n to .
I
A Escalada do Homem
E m seu p r im e ir o c o n ta to c o m u m a a ld e ia in d íg e n a e x p e r im e n ta
um m isto d e e x c ita ç ã o e m e d o , m a s, c o m o sem p re a co n te c ia c o m
W a lla ce, s e u ú ltim o s e n tim e n to é d e p ra zer.
A . . . m a is in e sp e r a d a s e n s a ç ã o d e su rp resa e s a tisfa ç ã o f o i a d e c o n v iv e r
c o m h o m e n s v iv e n d o e m esta d o n atu ral - selv a g en s a b so lu ta m e n te n ã o -
-c o n ta m in a d o s! . . . O cu p a v a m -se d e tra b a lh o s e p ra zeres q u e n a d a tin h a m a
ver c o m o s d o h o m e m b r a n c o ; a n d a v a m d e s p r e o c u p a d o s c o m o s e n h o r e s
liv re s d a flo r e sta o n d e h a b ita v a m e . . . n ã o n o s d e d ic a v a m a m e n o r a te n ç ã o ,
a n ó s estra n geiros d e u m a raça d iferen te.
E m c a d a p o r m e n o r e r a m o rig in a is e a u to -s u fic ie n te s , tal c o m o o s a n im a is
s e lv a g en s d a s flo r e sta s, a b s o lu ta m e n te in d e p e n d e n te s d a c iv iliz a ç ã o , v iv e n d o
su a s v id a s à s u a p r ó p r ia m a n e ir a , d a m e s m a f o r m a q u e v in h a m f a z e n d o
atra vés d e in c o n tá v e is g e r a ç õ e s a n te s d a A m é r ic a ter sid o d e s c o b e r ta .
D u r a n t e m in h a e s ta d a a q u i (q u a r e n ta d ias) c o n s e g u i p e lo m e n o s q u a r e n ta
e sp é c ie s d e b o r b o le ta s, to d a s n o v a s p a ra m im , a lé m d e c o n sid e r á v e l c o le ç ã o
d e o u tr a s c la sses.
U m d ia f o i tr a z id o a té m im u m c u r io s o ja c a r e z in h o d e u m a e s p é c ie rara,
a p r e s e n ta n d o n u m e r o s a s p r o tu b e r â n c ia s e tu b é r c u lo s c ô n ic o s (C a im a g ib b u s ),
d o q u a l tirei a p e l e e e m b a l s a m e i , p a r a a e s t u p e f a ç ã o d o s í n d i o s , m e i a d ú z i a
d o s q u a is a c o m p a n h a r a m a te n t a m e n t e to d a a o p e r a ç ã o .
N ã o h á n a d a d e m a is in te r e s sa n te e in s tr u tiv o n a h istó r ia n a tu r a l d o q u e o
3 0 0 e s tu d o da d istr ib u iç ã o g e o g r á fic a d o s a n im a is.
146
Os ín d io s eram
m u ito m a is
p resta tiv os d o q u e
tem íveis.
M e n in o a k a w a io
c o r ta n d o fo lh a s d e
u m a p a lm e ir a ,
N o r te d o A m a z o n a s .
L o c a is d i s t a n d o n ã o m a is q u e c in q ü e n t a o u c e m m ilh a s a b r ig a m e s p é c ie s
de in seto s e aves en co n tra d a s em u m , m a s n ã o n o o u t r o . D e v e h a v e r a l
gum a fro n teira d e fin in d o o te r r itó r io de d istr ib u iç ã o de cada esp écie;
a lg u m a p e c u l ia r id a d e e x t e r i o r d e m a r c a n d o a lin h a q u e n ã o d e v e ser c r u
zada.
P r o b le m a s d e g e o g r a fia s e m p r e o a tr a ír a m . M a is ta r d e , tr a b a lh a n
d o n o a r q u ip é la g o d e M á la g a , f o i c a p a z d e m o s tr a r a p r o v e n iê n c ia
a siá tica d o s a n im a is d a s ilh a s a o e s te , e a u str a lia n a , d a q u e le s d as
ilh a s a leste : a lin h a d iv id in d o esses d o is g ru p am en tos a in d a
m a n tém o n om e de L in h a d e W a lla ce.
W a lla ce era o b se r v a d o r tã o a r g u to d o s h o m e n s c o m o d a n a tu
reza, e co m o m esm o in teresse v o lta d o p a ra a o rig em d as d ife
renças. E m u m a era em q u e o s v ito r ia n o s a p u n h a m a d e n o m in a ç ã o
“ s e lv a g e m ” à p o p u la ç ã o d o A m a z o n a s , e le m a n ife sta v a u m a rara
sim p a tia em r e la ç ã o às su a s c u ltu r a s. C o m p r e e n d e u o que para
e la s sig n ific a v a m lin g u a g e m , in v en çõ es e costu m es. E le ta lv ez
ten h a sid o o p r im e ir o a se a p erceb er do fato d e q u e a d istâ n c ia
c u ltu r a l e n tr e a c iv iliz a ç ã o d e les e a n o ssa é m u ito m e n o r d o g u e
se p e n sa c o m u m e n te . D e p o is d e le c o n c e b e r o p r in c íp io d a sele ç ã o
n a tu ra l isso lh e pareceu não s o m e n te v erd a d eiro , m a s b io lo g ic a
m e n te ó b v io .
A s e le ç ã o n a tu r a l p o d e r ia a p e n a s ter d o ta d o o h o m e m selv a g em c o m u m
c é r e b r o a lg u n s g r a u s su p e r io r es a o d o m a c a c o a n tr o p ó id e , e n q u a n to , na 301
A Escalada do Homem
H a v ia d e v o ta m e n to em seu in teresse e m r e la ç ã o a o s ín d io s , o
q u e o le v o u a e sc r e v e r u m a n a r ra tiv a id ílic a s o b r e a v id a n a a ld e ia
d e T a v ita , o n d e este v e e m 1 8 5 1 . N e sse p o n to o d iá r io d e W a lla ce
irro m p e e m p o esia - o u m elh o r, e m versos.
H á u m a a ld e ia ín d ia ; a to d a v o lta ,
A so m b r ia , e te r n a flo r e sta s e m lim ite s e sp a lh a
S u a r a m a g e m v a ria d a .
A q u i d e p a ssag em , ú n ico h o m e m b ra n co
E n tr e , ta lv ez, d u a s c e n te n a s d e a lm a s v iv en tes.
C a d a d ia u m a tarefa os o cu p a . A g o r a v ão
A fr o n ta r a o r g u lh o s a flo r e sta , o u e m c a n o a s,
C o m s e u a n z ó is, fle c h a s e a rc o s a p a n h a r p e ix e s ;
U m .. esteira d e fo lh a s d e p a lm e ir a dá
P r o te ç ã o c o n tr a te m p e s ta d e s in v ern a is e c h u v a .
M u lh e r e s d e sen ter r a m r a íz e s d e m a n d io c a
Q u e d e p o is d e m u ita la b u ta se tr a n sfo r m a m e m p ã o .
T o d a s se b a n h a m , m a n h ã s e tard es, n as co r r e n te s,
B r in c a n d o c o m o se fo s s e m sereia s n as o n d a s m a ru lh a n tes.
A s c r ia n ç a s p e q u e n a s a n d a m n u as.
M en in o s e h o m e n s u sa m u m co rd ã o apenas.
Q u e p razer c o n te m p la r esses c o r p o s nus!
P e r n a s b e m fe ita s, p e le m a c ia , lu z id ia e b r o n z e a d a ,
M o v im e n t o s c h e io s d e g ra ç a e v ig o r;
V e n d o - o s c o r r e r , g r ita r e salta r,
N a d a n d o e m er g u lh a n d o n a co rren teza ,
T e n h o p e n a d o s m e n in o s in g leses,
A s p e r n a s á g e is p resa s e m r o u p a s a p erta d a s.
E m u ito m a is p e n a te n h o das m e n in a s
d e cin tu ra , tó r a x e b u s to c o n fin a d o s
n o in str u m e n to d e tortu ra q u e é o co r p e te !
E u b e m q u e seria ín d io a q u i, c o n t e n t e
A caçar e pescar na m in h a can oa,
V e n d o m e u s filh o s c r e sc e r e m q u a is p o tr o s selv a g en s
d e c o r p o sa d io e e s p ír ito tr a n q ü ilo ,
302 R ic o s s e m r iq u e za s e fe liz e s s e m o u r o !
O s D e g r a u s da C ria çã o
D ep o is de ter v iv id o q u a tr o a n o s na b a c ia d o A m a z o n a s W a lla c e
e m p a c o to u su a c o le ç ã o e v o lto u para casa.
F e b r e e t r e m o r e s m e a ta c a r a m n o v a m e n t e , d e m o d o q u e p a sse i v á r io s d ias
e m g r a n d e d e s c o n f o r t o . C h o v ia q u a s e in in t e r r u p t a m e n t e ; a ssim , c u id a r d a s
m in h a s n u m e r o s a s a v es e a n im a is era u m g ra n d e a b o r r e c im e n to , d a d o o
e s ta d o s u p e r lo ta d o da c a n o a , e a im p o ss ib ilid a d e d e lim p á -lo s a p ro p ria d a
m e n te e n q u a n to ch o v ia . M o rtes o co rria m to d o s o s d ia s, e e u q u ise r a n a d a
147
D arw in fic o u
h orrorizad o q u a n d o
en con trou os
h a b ita n tes da
Tierra dei F u e g o .
G ra vu ra d e u m
fu e g u in o j u n to d e
su a c h o ç a . E le t e m
u m a fie ir a d e
p e ix e s n a m ã o e e s tá
u san d o um a cap a
d e g u a n a c o , su a
ú n ic a p r o te ç ã o
c o n tr a o s v e n t o s
d e s s a s p r a ia s ú m i d o s
e in c le m e n te s .
D esen h a da p e lo
p red ecesso r de
F itz r o y , C a p itã o
P . P a r k e r K in g .
F o to g r a fia a n tig a d e
u m fu e g u in o
e x p e r im e n ta n d o u m
c ig a n o à b o r d o d o
n a v io b a l e e i r o ,
M o resb y S o u n d ,
T ie n a d e i F u e g o .
303
A Escalada do Homem
m a is te r a v e r c o m ele s, m a s , d e s d e q u e o s h a v ia t o m a d o s o b m e u s c u id a d o ^ 148
d e c id i p reserv á-los. “ A c a b e i d e term in ar
D e u m a c e n te n a d e a n im a is q u e e u h a v ia c o m p r a d o o u g a n h ° , r e sta v a m o m a n u scrito de
m in h a teoria das
a p e n a s trin ta e q u a tr o . esp écies” , escreveu
em 5 de ju lh o de
A v ia g e m d e v o lta fo i d esa stra d a d e sd e o in íc io . A m á sorte s e m
1844, em D ow ne.
p r e a c o m p a n h o u W a lla ce. C a n t o d a s a la
d e e s tu d o s d e
N o d ia 10 d e ju n h o p a r tim o s [d e M a n a u s], in ic ia n d o , para m im , u m a v ia g e m D a r w in n a D o w n
d e s a fo r tu n a d a ; lo g o a o su b ir a b o r d o , a p ó s ter d ito a d e u s a o s m e u s a m ig o s, H o u se . U m r e tr a to
vi q u e m e u tu c a n o tin h a d e sa p a r e cid o . S e m ser n o ta d o , ele d e v e ter c a íd o d o a v ô E r a s m u s e s tá
d ep en d u ra d o à
p a ra fora d o b a rco e se a fo g a d o .
d ir e i ta d a ja n e la ,
S u a e sc o lh a d o n a v io ta m b é m f o i d a s m a is in fe liz e s; a ca rg a era a o II1 d o d a c a d e i r a
d e r o d a s d e D a r w in .
c o n stitu íd a de resin a in fla m á v e l e, três se m a n a s d e p o is , a 6 d e
a g o sto , se in c e n d io u .
D e s c i a té à ca b in a , a go ra s u fo c a n te d e c a lo r e fu m a ç a , a v er o q u e p o d e r ia
ser sa lv o . P e g u e i m e u r e ló g io e u m a p e q u e n a c a ix a d e z in c o c o n t e n d o a lg u
m a s ca m isa s e d o is v elh o s c a d e r n o s d e a n o ta ç õ e s , q u e c o n tin h a m d e s e n h o s
d e p la n ta s e a n im a is, e, c o m e le s , m e a rr e m e sse i p a ra o c o n v é s . M u ita s r o u p a s
e u m g ra n d e p o r ta -fó lio c o m d e s e n h o s e e sq u e m a s p e r m a n e c e r a m e m m e u
catre, m a s n ã o te n te i d escer p ara recu p erá-los, to m a d o q u e m e e n c o n tr e i
d e tal a p a tia , a té h o je in c o m p r e e n s ív e l p a ra m im .
O c a p itã o a c a b o u m a n d a n d o to d o s p ara o s b o te s , e le m e s m o d e ix a n d o o
n a v io e m ú l t im o lu ga r.
C o m q u e d e s v e lo e u h a via c u id a d o d e c a d a u m d o s in s e to s ra ro s o u c u r io
sos d e m in h a c o le ç ã o ! Q u a n ta s vezes, m e sm o q u a n d o q u a se in u tiliz a d o
p e lo s tr e m o r e s , h a v ia m e a r r a sta d o a tr a v é s d a flo r e s ta , p a r a lá ser r e c o m p e n
s a d o c o m u m a n o v a esp éc ie ! Q u a n to s lu ga res, ja m a is to c a d o s p o r p é s
e u r o p e u s a n ã o ser o s m e u s, p e r m a n e c ia m n o s r e c ô n d ito s d e m in h a m e m ó r ia ,
lig a d o s q u e fica ra m a o s raros p á ssaro s e in se to s d e m in h a c o le ç ã o !
E a g o ra , t u d o p e r d id o ; n e n h u m e s p é c im e p a ra ilu stra r a s terras d e s c o
n h e c id a s q u e p e r c o r r i o u e v o c a r as c e n a s silv estres p r e se n cia d a s! E n tr e ta n to ,
c o m p r e e n d ia a in u tilid a d e d e s s a tr iste z a , d e m o d o q u e te n te i e s q u e c e r o
p a ssa d o e m e o cu p a r das coisa s no seu e sta d o d e ex istê n c ia .
D a m e s m a fo r m a q u e D a r w in , A lfr e d W a lla ce r e to r n o u d o s tr ó
p ic o s c o n v e n c id o de que as e sp écies d iv e r g e m a p a rtir d e u m
n ú c le o com u m , e p e r p lex o q u a n to ao p o r q u ê d a s d iv erg ên cia s.
M a s o q u e W a lla ce n ã o sa b ia era o fa to d e D a r w in já ter e n c o n
trad o a e x p lic a ç ã o d o is an os d e p o is de ter retorn a d o de sua
v ia g e m n o B e a g le . D a r w i n r e la ta q u e , e m 1 8 3 8 , len d o o E ssa y o n
P o p u la tio n (E n s a io so b re P o p u la ç ã o ) d o R everen d o T h o m a s
M a lth u s (“ para se d istr a ir ” , e n fa tiz a D a r w in , in d ic a n d o , a ssim ,
n ã o ser e ssa o b r a p a r te d e su a s leitu r a s sér ia s), fo i s u r p r e e n d id o
por um p en sam en to exp resso no tr a b a lh o . M a lth u s d iz ia q u e a
3 04 p o p u la ç ã o c r e sc e m a is r a p id a m e n te d o q u e a s fo n te s d e a lim e n to .
S e isso era v e r d a d e , e n tã o o s a n im a is tin h a m d e c o m p e tir en tre
si a fim d e g a r a n tir s u a s r e s p e c tiv a s s o b r e v iv ê n c ia s: a ss im , a n a tu
reza deve a g ir na q u a lid a d e d e u m a fo r ç a sele tiv a , m a ta n d o os
m a is fr a c o s, e fo r m a n d o n o v a s e sp é c ie s c o m o s so b r e v iv e n te s q u e
m a is se a d a p ta m a o m e io .
“ A q u i, fin a lm e n te , en con tra va eu u m a teo ria sobre a qual
p o d ia tr a b a lh a r ” , c o m e n ta D a rw in . E ra d e se esp era r q u e , c h e g a d o
a e s s a c o n c l u s ã o , ele passasse im e d ia ta m e n te a o tr a b a lh o , e sc r e
v e n d o , fa z e n d o c o n fe r ê n c ia s . M a s e le n ã o fe z n a d a d isso . P o r c in c o
a n o s D a r w in n e m m e s m o r eg istro u su a te o r ia e m p a p e l. S o m e n t e
em 1 8 4 2 é que escreveu u m p r im e ir o r a s c u n h o , a lá p is, d e tr in ta
e c in c o p á g in a s; e, d o is a n o s m a is ta r d e , o e s te n d e u a d u z e n ta s e
tr in ta p á g in a s, a g o r a à tin ta . E ste m a n u s c r ito fo i p o r e le g u a r d a d o ,
ju n ta m en te com a lg u m d in h e ir o e in str u ç õ es para q u e su a esp o sa
o p u b lic a sse , n o c a s o d e le m o rrer.
“ T e r m in e i o m a n u s c r ito d e lin e a n d o m in h a teo ria d a s e sp é c ie s ” ,
e sc r e v e u -lh e , em u m a carta fo rm a l, d a tad a de 5 de ju lh o de
1 8 4 4 , esta n d o em D o w n e , e prossegue:
(W e d g w o o d ). É m e u d e s e jo q u e e s te m a n u s c r ito seja e n tr e g u e a u m a p e s so a
c o m p e t e n t e , b e m c o m o e ss a s o m a e m d in h e ir o p a r a q u e o m a n u s c r it o seja
co rrig id o e a m p lia d o .
E m r e la ç ã o a e d ito r e s , M r. (C h a r le s) L y e ll seria a m e lh o r e s c o lh a , n o c a s o
d e le v ir a a c e ita r ; a c r e d i t o q u e e le a c h a r á o t r a b a l h o a g r a d á v e l, a o m e s m o
t e m p o q u e terá o p o r tu n id a d e d e to m a r c o n h e c im e n to d e a lg u n s fa to s n o v o s.
O D r. U o s e p h D a lto n ) H o o k e r seria , ta m b é m , m u ito b o m .
D a rw in n o s d á a im p r e ssã o d e ter p r e fe r id o v er o tr a b a lh o p u
b lic a d o a p ó s su a m o r te , d e sd e q u e a p r io r id a d e lh e fo s s e a sse g u
rada. N ão resta d ú v id a d e q u e era u m ca rá ter e str a n h o . R e v e la 1 49
D a rw in n o s dá a
u m h om em p e r fe ita m e n te co n scien te d o fato de estar d iz e n d o im p r e s s ã o d e ter
a lg o p r o fu n d a m e n te c h o c a n te p a ra o p ú b lic o (m a is c h o c a n te a in p referid o v er o
trab a lh o p u b lica d o
d a p a r a s u a e s p o s a ), e, a té c e r to p o n t o , c h o c a n t e p a r a e le m e s m o .
ap ós sua m orte,
A h ip o c o n d r ia (e m b o r a tiv e sse c o m o d e s c u lp a a lg u m a s in fe c ç õ e s desde que a
c o n tr a íd a s nos tró p ico s), os v id r o s de r e m é d io s, a a tm o sfera p r io r id a d e lh e fosse
assegurada.
r e c lu sa e d e c e r ta fo r m a s u fo c a n te d e su a ca sa e sa la d e e s tu d o , C h a r le s D a r w in n o s
os c o c h ilo s v e sp e r tin o s, a r e lu tâ n c ia em escrever, a recu sa ao s e u s ú l t i m o s d ia s , d e
u m a fo to g r a fia
d eb a te p ú b lic o : tu d o isso c o m p õ e o q u a d r o h u m a n o d e a lg u é m
tir a d a e m D o w n e .
q u e n ã o q u eria e n fr e n ta r o s o u tro s.
N o jov em W a lla ce, e v id e n te m e n te , n e n h u m a d essa s in ib iç õ e s
en con tra va m g u a r id a . A d e sp e ito de to d a s as a d v e r sid a d e s se 1 50
la n ço u im p etu o sa m en te em d ireçã o ao E x trem o O r ie n te em H e n r y B a tes
r ea lizo u im p o r ta n te s
1 8 5 4 , v ia ja n d o , n o s o ito a n o s s e g u in te s, p o r t o d o o a r q u ip é la g o estu d os sobre
M a la io em busca de esp écim es da v id a selv a g em para serem m im etism o nos
in seto s.
v e n d id o s n a In g la terra . A g o r a já se c o n v e n c e r a d e q u e as e s p é c ie s M im e tism o
n ão eram im u tá v e is: em 1855 p u b lic a u m en sa io O n th e L a w p r o te tiv o e m u m a
e s p é c ie d e b o r b o le ta .
w h ic h has r e g u la te d th e I n tr o d u c tio n o f N ew S p e c ie s (S o b r e a
A pequ en a
L ei qu e te m r e g u la d o a I n tr o d u ç ã o d e N o v a s E s p é c ie s ). D a í e m D ism o rp h ia d o
A m a z o n a s é c o m id a
d ia n te “a q u estão de co m o as e sp écies v a r ia v a m , ra ra m en te
p e lo s p á ssa ro s, m as
abandonava m eu p en sa m en to ” . m im e tiz a trê s
E m fev e r e ir o d e 1 8 5 8 e n c o n tra v a -se e n fe r m o e m u m a p eq u en a e s p é c ie s d ife r e n te s
q u e s ã o r e je ita d a s
ilh a v u lc â n ic a d a s M o lu c a s , Ilh a T e r n a te d o co n ju n to d a s Ilh a s p o r e le s . A e s p é c i e
S p ic e , en tre N o v a G u in é e B o rn é u . S u a feb re in te r m ite n te , c o m D i s m o r p h i a e stá
m o s tr a d a n a c o lu n a
c a lo r e s e ca la frio s a lte r n a n d o -se , to r n a v a e s p a s m ó d ic o s se u s p e n d a d ir e ita : d e c im a
s a m e n to s . E a q u i, e m u m a n o ite d e feb re, le m b r o u -se d o m e s m o p a r a b a ix o ,
D ism o rp h ia
liv ro d e M a lth u s e a m e s m a e x p lic a ç ã o r e la m p e jo u e m sua m en te,
a m p h ion e egaena,
ig u a l a o q u e h a v ia a c o n t e c id o c o m D a r w in . D ism o rp h ia th eon e
e D is m o r p h ia orise.
O correu -m e fazer a seg u in te p ergu n ta: P o r q u e a lg u n s m o r r e m e o u tr o s A s e s p é c ie s
so b r e v iv em ? E a r e s p o s ta f o i c la ra : n o c o n j u n t o , o m a is b e m - e q u ip a d o s o m im e tiz a d a s p o r
e la s s ã o M e c h a n i ti s ,
b revive. A c o m e t id o s p o r d o e n ç a s , o s m a is s a d io s r e siste m ; p e r se g u id o s p o r
306 in im ig o s, o s m a is fo r te s, o s m a is á g e is, o s m a is e sp e r to s; p e la fo m e , o s m e -
O lerea e
X a n th o cleis.
A Escalada do Homem
lh o r e s c a ç a d o r e s o u a q u e le s c o m m e lh o r c a p a c id a d e d ig e stiv a , e a ssim p o r
d ia n te.
E n tã o e u p e r c e b i im e d ia ta m e n te q u e a in te r m in á v e l v a r ia b ilid a d e d e
to d a s as c o is a s v iv e n te s fo r n e c ia o m a te r ia l a tr a v é s d o q u a l, p e la s im p le s
e lim in a ç ã o d o s m e n o s a d a p ta d o s às c o n d iç õ e s v ig en tes, a p e n a s o s m a is
e q u ip a d o s d a v a m c o n tin u id a d e à raça.
A li, n a q u e le m e s m o m o m e n t o , a id é ia d a s o b r e v iv ê n c ia d o m a is b e m -
-d o ta d o se r e v e lo u à m in h a m e n te .
Q u a n t o m a is p e n sa v a s o b r e o a ss u n to m a is m e c o n v e n c ia d e q u e h a via,
fin a lm e n te , e n c o n tr a d o a lei n a tu ral h á ta n to t e m p o p r o cu r a d a , a tra vés da
q u a l p o d ia reso lv er o p r o b le m a d a O r ig e m d a s E s p é c ie s. . . A n s io s a m e n te
esp erei p e lo té r m in o d o a c e s so d e feb re, a im i d e q u e p u d e s se to m a r a lg u m a s
n o ta s para ser e m u sa d a s n a e la b o ra ç ã o d e u m fu tu r o trab a lh o so b re esse
a s s u n to . N a m e s m a ta r d e e u o fiz, c a b a lm e n te , e n a s d u a s ta r d e s s u b s e q ü e n -
te s esc r e v i-o c u id a d o s a m e n te , c o m o in tu ito d e e n v iá -lo s a D a r w in , a p r o v e i
ta n d o a m a la p o s t a l q u e p a rtiria d e n t r o d e u m o u d o is d ias.
E n treta n to , a m ig o s r e so lv e r a m o d ile m a e m q u e D a rw in se e n
co n tra v a . L y ell e H ooker, que por essa é p o c a já tin h a m tid o
acesso a p a rtes d o tra b a lh o d ele, p r o v id e n c ia r a m para que, na
a u sê n c ia d o s d o is - W aU ace e D a rw in - u m tr a b a lh o d e c a d a u m
fo sse lid o , n o m ê s se g u in te , e m u m a r e u n iã o d a S o c ie d a d e L in e a n a .
O s tra b a lh o s n ã o provocaram a m e n o r a g ita çã o . N o en tan to,
D a r w in sen tiu -se forçad o a to m a r u m a a titu d e. W a lla c e era,
segu n d o d escriçã o de D a rw in , “gen eroso e n o b r e ” . A ssim , a
O r ig e m d a s E s p é c ie s fo i escrita . S u a p u b lic a ç ã o , em 1 8 5 9 , se
c o n stitu iu e m se n sa ç ã o im e d ia ta e su c e sso d e v e n d a g e m .
152
A p ed id o d o d e seus c r ític o s c o m c ita ç õ e s d a B íb lia . A lg u n s a c r e d ita v a m que
Im perador da o So1, ag in d o so b r e a la m a d o N ilo , p o d ia g era r c r o c o d ilo s. C a-
França, foi
encarregado de m u n d on gos p o d ia m b ro ta r e sp o n ta n e a m e n te d e m o n te s d e tra
estudar a s ca u sa s das p os; e, o b v ia m e n t e , v a r e je ir a s se o r ig in a v a m d e ca rn e estragad a.
d ificu ld a d es q u e
L arvas d e v ia m ser c r ia d a s n o in ter io r d e m a çã s - fo sse d e ou tra
v in h a m s e n d o
exp erim en ta d as c o m form a, c o m o p o d e r ia m ter e n tr a d o ? T o d a s e ss a s c r ia tu r a s e r a m
a ferm entação do s u p o sta s su r g ir em e s p o n ta n e a m e n te , sem o c o n c u r so d e p ro g en ia .
v in h o .
L a b o r a tó r io d e A s fá b u la s tr a ta n d o d e c r ia tu r a s g e r a d a s e s p o n ta n e a m e n te sã o
P a ste u r . a n tiq ü íssim a s, e a in d a a c r e d ita d a s , a d e s p e ito d e L o u is P a steu r
ter c la r a m e n te ex p o sto a fa lá cia dessa c r e n d ic e na d écad a de
1 8 6 0 . A m a io r p a rte d o seu tra b a lh o f o i r e a liz a d o n a casa n o
J u ra fr a n c ê s o n d e h a v ia v iv id o d u r a n te su a in fâ n c ia , e p ara a q u a l
a d o r a v a v o lta r t o d o s o s a n o s. E le já h a v ia tr a b a lh a d o e m ferm en
ta ç ã o a n tes d isso , p a r tic u la r m e n te so b r e a fe r m e n ta ç ã o d o leite
(a p a la v r a “ p a s te u r iz a ç ã o ” n o s fa z le m b r a r d isso ). M a s, e m 1863,
e le v iv ia o auge d e seu p o d e r c r ia tiv o (c o n ta v a q u a r e n ta a n o s)
q u a n d o fo i en ca rreg a d o , a p e d id o d o Im p erad or, d e estu d ar as
cau sa s d as d ific u ld a d e s q u e v in h a m sen d o e x p er im e n ta d a s c o m a
ferm en ta çã o d o v in h o . O p r o b le m a fo i r e so lv id o e m d o is a n o s .
N o te-se que, p o r -ir o n ia , a q u e le s f o r a m d o is d o s m e lh o re s a n o s
p ara a p r o d u ç ã o d e v in h o ; a té h o je, a safra d e 1 8 6 4 é c o n sid e r a d a
I
c o m o sem r iv a l.
“ O v in h o é u m o c e a n o d e o r g a n is m o s ” d isse P a steu r. “ A lg u n s
lh e co n ferem v id a e o u tr o s o d e s t r o e m .” D o is p o n to s sã o fu lm i
n a n tes n esse p en sam en to. O p r im e ir o d á c o n h e c im e n to d e o rg a
n ism o s c a p a z e s d e v iv er n a a u s ê n c ia d e o x ig ê n io . N a q u e le t e m p o
isso era a p e n a s u m a b o r r e c im e n to p ara o s p r o d u to r e s d e v in h o ,
m as, co m o t e m p o , se to r n o u m a is im p o r ta n te p a ra a c o m p r e e n s ã o
153 d a o rig e m d a v id a , s im p le s m e n te p orq u e, em seu s p r im ó rd io s, a
A çú car d e uva T erra n ão d isp u n h a d e o x ig ê n io . O se g u n d o p o n to a testa o fa to
fe rm e n ta n d o n a
p re sen ça d e fu n g o s. d e q u e P a steu r d isp u n h a d e u m a té c n ic a p o d e r o sa , ca p a z d e id e n
tific a r a presen ça de tr a ç o s d e v id a n o in terio r d e líq u id o s. A o s
v in te a n o s tin h a fic a d o c o n h e c id o p o r ter m o str a d o a e x istê n c ia
d e m o lé c u la s p o r ta d o r a s d e fo r m a s c a r a c te r ístic a s. E, d e s d e e n tã o ,
a c u m u la r a in d íc io s n o s e n tid o d e m o str a r q u e isso se d e v ia às su a s
o r ig e n s , a p a rtir d e p r o c e s s o s v ita is. E ssa d e s c o b e r t a p a s s o u a ter
u m sig n ific a d o tão p r o fu n d o , e a té h o je d e certa fo r m a e n ig m á
tic o , q u e não p o d em o s d eix a r d e ir a t é o l a b o r a t ó r i o d e P a s t e u r
e rev e r se u p r ó p r io r e la to .
Q u a l seria a m e lh o r c o m p a r a ç ã o p a ra d ar c o n ta d o q u e a c o n te c e c o m °
Vin h a ç o n o in terio r da cu b a ? M assa de p ã o d e ix a d a crescer, a z e d a m e n to d o 311
{<««#!
cniV>«^ Ç#v*l' W~ví*^~ %i**~jji\»y ^ A(VtA*K. i \o ^ 4 u ^ ~ a ffr*ibíj +t ~
t i. - tf » J -* i-Uf1 ér4-------- ff r r
Í~--- ^ ,-
C o C ^ ^ ^ Í Co & ^ p t^ % 4W« tAC
^ 3 V . '?'»-'v^**l.. i ^ ('u ik j 2)< <M V / J J ~ fc“'4-
<r^ ^vi*»^, tr^-/ — ^o c~*_ v íl#/.«^r ^ ?/ r},
V
* \ j \ (u
ÍV 1 .'Tv»**A**'-5r*'5 . 4 r 4**. *&*•-» ^ ^Zi~~3 c . v ~*Ja.Jt-
y ^ ' ^ l ’J ° } ^
Os Degraus da Criação
leite se tr a n sfo r m a n d o e m co a lh a d a , o u o a p o d r e c im e n to d e fo lh a s m o r ta s
se tr a n s fo r m a n d o e m h ú m u s? D e v o c o n fe s sa r q u e m in h a s p e sq u isa s tê m
sid o , d e s d e lo n g a d a ta, d o m in a d a s p ela id é ia d e q u e as estru tu ra s das
s u b s tâ n c ia s , t o m a d a s d o p o n t o d e v ista d e s u a s c o n fo r m a ç õ e s lev o g ir a e
d e x tr o g ir a (se t u d o m a is fo r ig u a l), d e s e m p e n h a m p a p el im p o r ta n t e n as
m a is Í n t im a s leis d a o r g a n iz a ç ã o d o s s e r e s v iv o s, in t e r e s s a n d o a o s r e c ô n d it o s
m a is o b s c u r o s d e su a s fIsio lo g ia s.
D e x t r o g ir o , le v o g ir o ; e s s e f o i o v e io fé r til s e g u id o p o r P a s te u r
em su a s p e s q u is a s s o b r e a v id a . O m u n d o e stá r e p le to d e e x e m p lo s
d e estru tu ra s q u e se a p resen ta m aos pares, c o m o im a g en s e sp e
cu la res u m as das o u tra s, o n d e as p r o p r ie d a d e s de um a d ela s,
e s q u e r d a , s ã o d ife r e n te s d a o u tr a , d ir e ita . S a c a r r o lh a p a ra a d ir eita
e sa c a r r o lh a para a esq uerda; cara m u jo s co m e sp ir a is p a ra a e s
q u e r d a o u p a ra a d ireita . A c im a d e tu d o , as d u a s m ã o s ; c a d a u m a
e sp elh a a im a g e m d a ou tra , m as n ã o p o d e m ser in te r c a m b iá v e is.
M e s m o n o te m p o d e P a steu r se sa b ia d a o c o r r ê n c ia d o fe n ô m e n o
em a lg u n s c r ista is, cu ja s faces são a rra n jad as se g u n d o im a g e n s
e sp e c u la r e s, d e u m para ou tro .
P a steu r co n stru iu m o d e lo s d e m a d e ir a d e s se s c r ista is (era h a
b ilid o so com as m ã o s e e x ím io d e se n h ista ), q u e e r a m so b r e tu d o
m o d elo s in telectu a is. N a p r im e ir a fa se d e su a s p e sq u isa s c h e g o u
à n o çã o de que h a v ia m o lé c u la s cu ja s e str u tu r a s e r a m im a g en s
e sp e c u la r e s d e o u tra s; a ss im , se isso er a v e r d a d e p a ra o s c r ista is,
e sse a rra n jo d ife r e n te d e v ia im p lic a r d ife r e n te s p r o p r ie d a d e s p ara
as m o lé c u la s ta m b é m . E isso d e v ia ser d e m o n s tr á v e l a tr a v é s d o
154
D ex tro g iro , lev og iro ; co m p o rta m en to d a s m o lé c u la s, e m s itu a ç õ e s d e d issim e tria . P o r
essa fo i a im p o r ta n te e x e m p lo , se e m um a so lu ç ã o se fiz e r a tra v essa r u m fe ix e d e lu z
pista seg u id a p o r
P asteur n o e s tu d o p o l a r i z a d a ( i s t o é , a s s i m é t r i c a ) , a s m o l é c u l a s d e u m t i p o ( d i g a m o s,
d a vid a . as d ex tro g ira s) d ev em im p o r u m a ro ta çã o d o p la n o d a lu z p o l a
M o d e lo s d e m a d e ir a
riz a d a para a esq uerda. U m a so lu ç ã o de c r ista ix to d o s de u m
d o s c r is ta is
d e x tr o g ir o e m e sm o tip o , irá se c o m p o r ta r a ss im e tr ic a m e n te e m r e la ç ã o a u m
le v o g iro d o ra io de lu z a ssim é tr ic o o b tid o p or m e io d e u m p o la r íim e t r ° . A o
ta r ta r a to , f e i t o s
p o r P a ste u r . se g irar o d isc o d e p o la r iz a ç ã o , a s o lu ç ã o a p a r e c e r á e scu ra e c la r a ,
P á g in a o p o s t a : e e s c u r a e c la r a n o v a m e n t e .
P a ste u r c o m u m
O fa t o im p o r ta n te é q u e s o lu ç õ e s q u ím ic a s d e c é lu la s v iv a s se
a m ig o d o J u r a , a o
te m p o q u e c o m p o rta m d a m e s m a m a n e ir a . A in d a n ã o s a b e m o s p o r q u e a v id a
in v e s tig a v a a ap resen ta essa estra n h a p r o p r ie d a d e ; m a s essa p r o p r ie d a d e e sta
fe r m e n ta ç ã o d o
b e le c e q u e a v id a é p o r ta d o r a d e c a r a c te r ís tic a s q u í m ica s e s p e c í
v in h o e m 1 8 6 4 .
P á g in a c r u c i a l d o fic a s , m a n tid a s d u ra n te to d o o p rocesso da e v o lu ç ã o . P e la
p r o to c o lo d e p r im e ir a v ez, P a steu r lig o u to d a s a s f o r m a s d e v id a a u m tip o d e
P a ste u r s o b r e a
e str u tu ra q u ím ic a . A p a rtir d e s se p o d e r o s o p e n s a m e n to s e g u e-se
e s tr u tu r a d o s
c r i s t a is , 1 8 4 7 . q u e p o d e m o s lig a r a e v o lu ç ã o à q u í i m c a . 313
A Escalada do Homem
-la e s u b m e t ê - la a d e s c a r g a s e lé t r ic a s ( s i m u l a n d o r a io s ) e a o u t r a s
fo r ç a s v io le n ta s. A m istu ra torn o u -se m a is e scu ra . P o r q u ê ? N o s
te ste s p ô d e -se m o str a r q u e á c id o s a m in a d o s h a v ia m -se fo r m a d o
n o seu in terio r. E ssa v e r ific a ç ã o se c o n stitu iu em u m grande
avanço, um a vez que o s á c id o s a m in a d o s sã o o s tijo lo s c o m os
q u a is a v id a é c o n s tr u íd a . A p a rtir d e le s a s p r o te ín a s s ã o f o r m a
d a s , e e s ta s s ã o c o n s t itu in t e s d e to d a s a s c o is a s v iv a s.
A té h á p o u c o s a n o s a trá s p e n s á v a m o s q u e a v id a s ó p o d e r ia ter-se
in ic ia d o s o b c o n d iç õ e s d e a q u e c im e n to , v a p o r e s e d e sca r g a s e lé
tr ic a s. A o s p o u co s, en tretan to , foi fic a n d o c la r o na m en te de
a lg u n s c ie n tista s que o u tro tip o de c o n d iç õ e s extrem as eram
ig u a lm e n te poderosas: isto é, a p resen ça d e g elo . É u m pensa
m e n to e str a n h o ; m a s o g e lo a p r e se n ta d u a s p r o p r ie d a d e s m u ito
in ter e ssa n te s p a ra a fo r m a ç ã o d e m o lé c u la s sim p le s, b á sica s. E m
p r im e ir o lu g a r, o p r o c e s so d e r e sfr ia m e n to c o n c e n tr a m a te r ia l,
q u e, n o in íc io d o s te m p o s, d e v ia se a p r ese n ta r s o b fo r m a b a sta n te
d ilu íd a n o ocean o. E , em s e g u n d o lu g a r, p o d e a c o n te c e r q u e a
estru tu ra c r ista lin a do g elo torn e p o ssív e l a o r g a n iz a ç ã o d e se-
q ü ên cia s de m o lé c u la s , as q u a is são certam en te im p o rta n tes a
c a d a e s tá g io d a v id a .
S eja co m o for, L eslie O rg el r e a liz o u u m a série d e e le g a n te s
e x p e r im e n to s d o s q u a is d e s c r e v e r e i o m a is s im p le s . T o m o u a lg u n s
dos c o n s titu in te s fu n d a m e n ta is o s q u a is d e v ia m estar p resen tes
na a tm o sfera da T erra e m q u a lq u e r e stá g io d o s te m p o s p r im o r
d ia is: o á c id o c ia n íd r ic o é u m d eles; a a m ô n ia é o u tr o . D e p o is d e
preparar um a so lu ç ã o d ü u íd a d esses com p o n en tes, c o n g e lo u -a
d u ra n te v á r io s d ia s. C o m o resu lta d o ob servou que o m a te r ia l
co n cen tra d o era em p u rra d o para a su p e r fíc ie , a í p e r m a n e c e n d o
sob a f o r m a d e m in ú s c u lo s ic e b e r g s e a p r e s e n ç a d e c o lo r a ç ã o ,
a in d a q u e p á lid a , r e v e la n d o a fo r m a ç ã o d e m o lé c u la s o r g â n ic a s.
A lg u n s á c id o s a m in a d o s, se m d ú v id a ; m a s , p r in c ip a lm e n te , O r g e l
c o n sta to u a fo r m a ç ã o d e u m d o s q u a tro c o n stitu in te s fu n d a m e n
ta is d o a lf a b e to g e n é t ic o , d o q u a l d e p e n d e m to d o s os p rocessos
v ita is. H a v ia s in t e t iz a d o a d e n in a , u m a d a s q u a tr o b a s e s d o A D N
(v. p á g. 3 9 0 ) . A s s im , é p o s s ív e l q u e o a lf a b e to d a v id a n o A D N
se ten h a fo r m a d o n essas c o n d iç õ e s, e n ã o , c o m o se p en sa v a , e m
c o n d iç õ e s tro p ica is.
O p r o b le m a d a o rig em d a v id a g ir a e m to rn o , n ã o d as m o lé c u la s
3 1 6 m a is c o m p le x a s , m a s , s im , d a s m a is s im p le s , c a p a z e s d e se r e p r o -
Os Degraus da Criação
d u z ir em . A c a p a c id a d e de r e p r o d u z ir c ó p ia s a tiv a s da m esm a
m o lé c u la é a c a r a c te r ís tic a d a v id a ; e a q u e s tã o d a o r ig e m d a v id a
é, p o r t a n t o , a q u e s t ã o d e se s a b e r se as m o lé c u la s b á sica s id e n ti
fic a d a s n o s tra b a lh o s d a p resen te g era çã o d e b ió lo g o s p o d e r ia m
ter sid o form a d a s a tra v és de p rocessos n a tu r a is. A r esp eito da
o rig em da v id a , s a b e m o s m u ito b em o q u e esta m o s procu rando:
m o l é c u l a s s im p le s , e l e m e n t a r e s , ta is q u a is a s a s s im c h a m a d a s b a s e s
(a d e n in a , tim in a , g u a n in a , c ito s in a ) c o m p o n e n t e s d a s e sp ir a is d o
A D N , as q u a is se r e p r o d u z e m a si p r ó p r ia s d u r a n te a d iv isã o d e
q u a lq u e r c é lu la . O c u r so su b se q ü e n te , a tra vés d o qual os orga
n ism o s to rn a ra m -se m a is e m a is c o m p le x o s , en v o lv e um o u tro
tip o de p r o b le m a , o e sta tístic o : isto é, a e v o lu ç ã o d a c o m p le x i
d a d e p o r m e io d e p r o c e s so s e sta tístic o s.
É ju sto que se p erg u n te se as m o lé c u la s a u to m u ltip lic a d o r a s
fora m fo r m a d a s m u ita s v e z e s, e m d ife r e n te s lo ca is. E ssa q u e stã o
só p o d e ser r e sp o n d id a p o r in fer ê n c ia s b a sea d a s e m in ter p re ta ç õ e s
fo r n e c id a s por in d íc io s c o lh id o s ju n to aos seres v iv o s a tu a is.
A tu a lm e n te , a v id a é c o n tr o la d a p o r u m a s p o u c a s m o lé c u la s -
as q u a tro bases do A D N . E la s e n c e r r a m a s m e n s a g e n s d a h e r e d i
ta r ie d a d e em cada u m a de tod as as c r ia tu r a s c o n h e c id a s; da
b a ctéria ao e le fa n te ; d o v ír u s à r o sa . U m a c o n c lu s ã o p o ssív e l,
ten d o em v ista a u n ifo r m id a d e d o a lf a b e to d a v id a , é a d e q u e
esses são os ú n ic o s arran jos a tô m ic o s capazes de m a n te r a se-
q ü ê n c ia d e a u to -r e p r o d u ç ã o .
C o n t u d o , h á a p e n a s a lg u n s b ió lo g o s fa v o rá v eis a e ss a h ip ó te se .
A m a io r ia p refere pensar que a n a tu r e z a seja c a p a z d e in v e n ta r
o u tro s a rran jos a u to m u ltip lic a d o r e s; as p o ssib ilid a d e s segura
m en te seria m m a io r e s d o q u e as q u a tr o m e n c io n a d a s. S e isso fo r
c o r r e to , e n t ã o , a r a z ã o p e la q u a l a v id a , tal c o m o a c o n h e c e m o s ,
é d ir ig id a p ela s m e s m a s q u a tr o b a ses, é q u e s im p le sm e n te a c o n
te c e u d a v id a ter c o m e ç a d o com e la s. S o b e s s a in te r p r e ta ç ã o , a s
b a se s sã o p r o v a d e q u e a v id a só c o m e ç o u u m a v ez . D e p o is d isso ,
q u a n d o su rg ia q u a lq u e r o u tr o a r r a n jo , n ã o c o n s e g u ia lig a r -se às
fo r m a s d e v id a já e x is te n te s . E v id e n te m e n te , n in g u é m m a is p e n s a
q u e a v id a a in d a e ste ja s e n d o c r ia d a d o n a d a a q u i n a T erra.
156
S e r ia m a s su b stâ n c ia s, p r e se n te s a q u i n a T erra , e n q u a n to a v id a
S e r ia m p ecu lia res
se fo r m a v a , e x c lu siv a s d e n o ss o p la n eta ? C o s tu m á v a m o s pensar apenas à Terra
as su b stân cias
q u e sim , m a s o s in d íc io s m a is r e c e n te s m o s tr a m o c o n tr á r io . N o s
aqui p resen tes
ú ltim o s anos tem -se en con tra d o , nos esp aços in te r e ste la r e s, q u a n d o a v id a
com eçou?
tr a ç o s e sp ec tr a is d e m o lé c u la s , as q u a is p e n s á v a m o s ja m a is p o d e
D is p o s itiv o c o m
rem -se form ar n essas fr íg id a s reg iõ es: á cid o c ia n íd r ic o , c ia n o - p o n ta d a p ro v a para
-a c e tile n o , fo r m a ld e íd o . N ã o se su sp eita v a p udessem ta is m o lé te s ta r a p o s s ív e l
p resen ça d e
c u la s e x istir fora da T erra, o q u e ap on ta p a ra o fa to d e a v id a s u b s tâ n c ia s
p o d er-se m a n ifesta r e m c o m e ç o s e fo r m a s v a r ia d a s, m a s n ã o n o s o rg â n ic a s e m u m a
a te r r iz a g e m s e re n a
a u to r iza a supor que a v id a d e s c o b e r ta e m o u tr o s p la n eta s (se e m M a rte .
ta l c h e g a r a a c o n te c e r ) te n h a se g u id o o s m e s m o s e stá g io s e v o lu -
c io n á r io s d a n o ssa . N ã o é m e s m o n e c e ssá r io q u e a r e c o n h e ç a m o s
n a q u a lid a d e d e v id a c o m o tal - o u q u e e la n o s r e c o n h e ç a .
157
O m a teria l
con cen tra d o é
em p u r ra d o para a
su p e r fíc ie s o b a
form a de
m in ú scu lo s
ic e b e rg s.
F o rm a çã o d e
a d e n in a a p a r tir d e
u m a s o lu ç ã o
318 c o n g e la d a d e c ia n e to
e a m ó n ia .
10 U M M^UNDO DE^NTRO DO MUNDO
159
O q u e d eten n in a o
agrupam ento dos
elem en to s em
fa m ília s?
C u b o n a tu r a l d o
c r is ta l d o sa l d e
c o z in h a ( c lo r e to d e
s ó d io ), in d is tin g u ív e l
d e o u tr o s s a is
h a lo g e n a d o s d e
m e t a i s a lc a l in o s .
323
A Escalada do Homem
J o g o d a P a c iê n c ia
d e M e n d e le ie v .
í ,. L M A s c a r ta s e s tã o
a rr a n ja d a s n a o r d e m
d os pesos
a tô m ic o s : o s
e le m e n to s se
■! M g í agru pam em
l__! 1 )
fa m ü ia s .
[ M s ? I
j ^ (Si I )
| M j s
í^ \ | Cta /J S
o ^ f i ^ o S ó d io e o P o tá ssio , to d o s m e ta is a lc a lin o s; e a s e g u n d a
fila c o n té m o B e r ílio , o M a g n é s io e o C á lc io , to d o s m e ta is c o m
a f i n i d a d e s f a m il ia r e s. O fa to é q u e a d isp o siç ã o h o r iz o n ta l n esse
3 24 a rra n jo faz se n tid o : agrupa e le m e n to s de u m a m esm a fa m ília .
Um Mundo Dentro do Mundo
M e n d e le ie v h a v ia d e s c o b e r to o u , p e lo m e n o s , e n c o n tr a d o in d íc io s
m o s d u a s p ro gressõ es in d e p e n d e n te s n a p ro cu ra d o p o n to o n d e
e la s se in t e r c e p t a m : aí é qu e d evem ser e n c o n tr a d o s o s e s c o n d e
r ijo s d o s e v e n t o s d e s c o n h e c id o s . M e n d e le ie v s e g u iu a p r o g r e s s ã o
d o s p e so s a tô m ic o s n a s c o lu n a s e a d a fa m ília d e a fin id a d e s n as
h o r iz o n ta is, a fim d e id e n tific a r o s e le m e n to s fa lta n te s n a s in te r
cep ções. A g in d o a ssim , c o n s e g u iu e la b o ra r p red içõ es p rá tica s,
a lé m d e to r n a r e x p líc it o (o q u e a in d a h o je é m a l c o m p r e e n d id o )
o u s o d o p r o c e s so in d u tiv o n o r a c io c ín io c ie n tífic o .
P r im e ir a S o lv a y C o n f e r e n c e d e 1 9 1 1 . S e n ta d o s , à e s q u e r d a , a p a r e c e m
R u t h e r f o r d n o s e g u n d o e J . J . T h o m s o n n o q u a r t o lu g a r . E i n s t e i n é o d é c i m o
p r im e ir o e M a r ie C u r ie a d é c im a s é tim a , a p a r ti r d a e s q u e r d a , n a
file ir a e m p é .
328
F o to g r a f i o . d a q u i n t a c o n f e r ê n c i a - d e 1 9 2 7 . E i n s t e i n e M a r i e C u r i e
p a s sa ra m p a r a a f il e ir a d a f r e n t e ( e le e s tá n o c e n t r o e e la é a te r c e ir a a p a r ti r
d a e s q u e r d a ). A n o v a g e r a ç ã o o c u p a a f i l e i r a d e trá s. L o u is d e B r o g lie ,
M a x B o m e N ie ls B o h r s ã o o s ú ltim o s tr ê s à d ir e ita n a s e g u n d a f ile ir a , e n q u a n to
q u e S c h r o d in g e r é o s e x to a p a r tir d a e s q u e r d a e H e is e n b e r g o te r c e ir o a
p a r tir d a d ir e ita , a m b o s n a ú ltim a f ile ir a .
329
A Escalada do Homem
i fís ic a d e n tr o d o á to m o — d a d a p e lo n ú m e r o d e e lé tr o n s. A ê n fa se
se tr a n sfe r ia d o p e s o a tô m ic o p a ra o n ú m e r o a t ô m ic o , o q u e s ig
n ific a , n a e ss ê n c ia , p a ra a e str u tu r a a tô m ic a .
D ig o “ tra b a lh o d e a r te ” p o r q u e a n o ç ã o d e q u e h á u m a e stru tu ra
su b jacen te, u m m u n d o d en tro d o m u n d o d o á to m o , ca p to u im e
d ia ta m e n te a im a g in a ç ã o d o s a rtista s. A a rte p o ste r io r a 1 9 0 0 é
d ife r e n te d e to d a a arte q u e a p r e c e d e u , c o m o p o d e ser c o n s t a t a d o
em q u a lq u e r p in to r o rig in a l d a é p o c a : e m U m b e r to B o c c io n i, p o r
e x e m p lo , n o A s F o rça s d e u m a R u a ou n o D in a m is m o d e u m
C ic lis ta . A arte m o d e r n a e a físic a m o d e r n a n a sc e r a m a o m e s m o
3 30 te m p o , p o r q u e a m e s m a id é ia lh es d e u o rig em .
164
O p i n t o r v i s i ve l m e n t e d i v i d e e r e c o n s t r ó i o m u n d o e m u m a m e s m a t e l a P o d e -s e s e g u i r
seu p e n s a m e n to e n q u a n t o ele faz iss o . 1 ' e se seguir
D e ta lh e d e m o v e m c o m E s p o n j a d e P Ó " d e G e o r g e s S e u r a t, p in ta d o e m 18 8 6
D is tr ib u in d o a s u m u s e m u m m o ü c n c o d e p e q u e n o s p o n t o s c o lo r id o s
S e u r a t p r e t e n d rn a u m e n t a r a l u m i n o s i d a d e d o q U a d r o .
O s p in to r e s c u b ista s, p o r e x e m p lo , o b v ia m e n te se in sp ir a m
n a s f o r m a s d o s c r ista is. N e la s e le s v ê e m a fo r m a d e u m v ila r e jo
co n stru íd o em u m a en costa, co m o o fez G eorg es B raq ue em sua
C a sa s e m L ’E s t a q u e , o u u m g r u p o d e m u lh e r e s, c o m o P ic a sso as
p in to u em A s D o n z e la s d e A v ig n o n . N o seu fam oso c o m eço da
p in tu ra c u b ista , P a b lo P ica sso - a sim p le s face, o R e tr a to d e
D a n ie l-H e n r y K a h n w e ile r — d e s v ia a a t e n ç ã o d a p e le e d a fisio
n o m ia para a g eo m etria su b jacen te. A cab eça fo i r e so lv id a e
d isso c ia d a em form as m a te m á tic a s, e, e n tã o , r e c o n str u íd a , e m
u m a r e c r ia ç ã o , d e d e n tr o p a ra fo ra .
E ssa n o v a p ro cu ra d a e stru tu ra o c u lta é m a r c a n te n o s p in to r e s
da E u ro p a d o N orte: F ra n z M arc, p o r e x e m p lo , a o rep resen ta r
165
um a p a isa g e m n a tu ral e m C o is a na F lo r e s ta ; e tam b ém (este
O s p in tores
fa v o r ito dos c ie n tista s) o cu b ista Jean M e tz in g e r , c u ja M u lh e r fu tu rista s
esco lh era m tem a s
em u m C a v a lo fo i com prad a p o r N ie ls B o h r p ara a c o le ç ã o de
q u e estavam
q u a d ros d e su a casa em C o p en h a ge. ocu p an d o a m en te
d o s físico s. E m
E x iste m duas d iferen ça s n ítid a s en tre um a obra de a rte e u m s e u m a n i f e s t o eles
afirm a m : “ o b jeto s
e scrito c ie n tífic o . A p r im e ir a é que na obra. de a rte o p in to r e m m o v i m e n t o se
d iv id e o m u n d o em p ed a ços e o reco m p õ e n o va m en te, em u m a m u ltip lica m e
sofrem d istorções
m e s m a te la . A s e g u n d a é d a d a p e lo f a t o d e p o d e r m o s a c o m p a n h a r
sem elh a n tes as das
seus p en sam en tos en q u a n to tra b a lh a . (P o r e x e m p lo , G eorges v ib ra çõ es
propagando-se
S eu ra t d isp o n d o p e q u e n a s m a n c h a s d e d ifer e n te s c o r e s a té ch eg a r
atra vés d o e s p a ç o ” ,
ao e fe ito tota l em J o vem co m E s p o n ja d e P ó ou em O B ic o .) O 1912.
e sc r ito c ie n tífic o é d e fic ie n te n essa s d u a s a trib u iç õ e s. F r e q ü e n te - U m b e r to B o c c io n i:
"D i n a m i s m o d e
m en te é apenas a n a lític o ; e, q u a se in v a r ia v e lm e n te , e s c o n d e o u m C ic lis ta ", d e
p rocesso d o p en sam en to em sua lin g u a g e m im p esso a l. 1 9 1 3 ( a c i m a ) . B a ila :
" P la n e ta M e r c ú r io
E s c o lh i fa la r s o b r e u m d o s p a is d a f ís ic a d o s é c u lo X X , N ie ls P a s s a n d o D ia n t e
B ohr, p o r q u e e le era u m a rtista c o n s u m a d o n e sse s d o is a sp e c to s. d o S o l" .
N u n ca tin h a r e sp o s ta s p r o n ta s. S u a s a u la s e r a m s e m p r e in ic ia d a s
p e la frase in tr o d u tó r ia : “ C a d a s e n te n ç a m in h a d e v e ser in te r p r e
tad a p or v o cês n ã o c o m o u m a a fir m a tiv a , m a s, sim , c o m o u m a
p e r g u n ta ” . S e u q u e s tio n a m e n to e r a d ir ig id o à e str u tu r a d o m u n
do, e a q u e le s que co m e le tra b a lh a v a m , m o ç o s o u v e lh o s (e le
a in d a esta va en tran d o em seu s seten ta a n os), ta m b é m esta va m
quebrando o m u n d o em p ed aços, rep en san d o -o e torn a n d o a
r e c o n str u í-lo .
A o s v in te a n o s d e id a d e B o h r fo i tra b a lh a r c o m J. J. T h o m s o n
e o a n tig o e stu d a n te d e ste , E r n e st R u th e r fo r d , o q u a l, p o r v o lta
de 1 9 1 0 , era o m a is im p o r ta n te fís ic o e x p e r im e n ta l d o m u n d o .
332 (T an to T h o m so n c o m o R u th erfo rd h a v ia m sid o in d u z id o s à
Um Mundo Dentro do Mundo
E n treta n to , n e m tu d o ia b e m co m o m o d e lo d e R u th erfo rd .
Se o á to m o fosse u m a p e q u e n a m á q u in a , e n tã o o q ue, em sua
e str u tu r a , seria r e sp o n s á v e l p e lo fa to d ele n unca parar - sen do
u m a p e q u e n íssim a m á q u in a , nessas c o n d iç õ e s r e p r e se n ta r ia o
ú n ic o e x e m p lo c o n h e c id o de m o v im e n to p e r p é tu o ? O s p la n eta s,
à m ed id a q u e p erco rrem su a s ó rb ita s, p e r d e m e n e r g ia , e, a ssim ,
su as ó rb ita s se to r n a m c a d a v e z m e n o r e s - u m a q u a n tid a d e d e s
p r e z ív e l, se co n sid era d a d e a n o para a n o, m a s q u e, fa ta lm e n te ,
o s le v a r á a ir d e e n c o n t r o a o S o l. D e s s a m a n e ir a , s e o s e lé t r o n s
se c o m p o r ta r e m à s e m e lh a n ç a d o s p la n e ta s, e le s se p r o je ta r ã o n o
n ú c le o , d o n d e se c o n c lu i q u e a lg u m a c o isa d e v e esta r im p e d in d o
a p erd a co n tín u a d e en erg ia p o r p a r te d o s e lé tr o n s. T a l c o n s id e
r a ç ã o r e q u e r ia a e x istê n c ia d e u m n o v o p r in c íp io fís ic o c a p a z d e
lim ita r a v a lo r e s fix o s a e n e r g ia p e r d id a p o r u m e lé tr o n . E s sa seria
a ú n ic a m a n eira d e a ceita r u m a m e d id a , u m a u n id a d e d e fin id a ,
q u e m a n tiv e sse o s e lé tr o n s e m ó r b ita s d e d im e n s õ e s in v a r iá v e is.
N a busca dessa u n id a d e , N ie ls B ohr fo i e n c o n tr á -la em um
tra b a lh o p u b lic a d o p o r M a x P la n ck e m 1 9 0 0 . P la n c k h a v ia m o s
trad o , u m a d e z e n a d e a n o s an tes, q u e e m u m m u n d o no qual a
m a té r ia se a p r e se n ta e m fo r m a d e p e d a ç o s o u p a c o te s, a en erg ia
tam b ém deve se ap resen tar em p a cotes o u q u a n ta . E m retros
p e c tiv a , essa id é ia n ã o n o s p a r e c e e str a n h a . M a s P la n c k a r e c o
nheceu co m o r e v o lu c io n á r ia d e sd e o d ia e m que a con ceb eu , o
que é ilu s t r a d o p o r e le te r c o n v i d a d o s e u p e q u e n o f il h o p a r a u m
d e s se s p a ss e io s p r o fe s so r a is, t ã o fa m ilia r e s a to d o s o s a c a d ê m ic o s
d o m u n d o, e, d u ra n te o q u a l, a s s im se exp ressou: “ H o je m e
ocorreu u m a id é ia tão r e v o lu c io n á r ia e tão grande co m o a de
N e w to n ” . E era m esm o.
É c la r o que agora, em u m certo sen tid o , a tarefa de B ohr
e sta v a fa c ilita d a . E m u m a d a s m ã o s tin h a o á to m o d e R u th e r fo r d
e, na o u tr a , o q u a n tu m . O q u e h a v ia d e tã o m a r a v ilh o so n o tra
b a lh o d e u m jo v e m c ie n tista d e v in te e sete a n o s, e m 1 9 1 3 ju n ta r
os d o is e sa ir-se c o m a im a g e m m od ern a d o á to m o ? N a d a m a is 166
Por volta de 1 9 1 0
d o q u e a m a r a v ilh o sa e x p lic ita ç ã o d e u m p r o c e sso d e p e n sa m e n to :
E rnest R u th erford
n a d a m a is d o q u e u m esfo rço d e sín te se . A lé m d isso , ta m b é m a era o físic o
e x p e r im e n ta l m a is
i d é i a d e ir b u s c a r o dado n o lu g a r e x a t o on d e e le p o d ia ser e n
im p o rta n te d o
co n tra d o : n a im p r e ss ã o d ig ita l d o á to m o , n o e s p e c tr o a tra v és d o m undo.
qual seu com p o rta m en to se fa z v isív e l p a ra n ó s , q u a n d o o lh a d o R u th e r fo r d d e p o is
d e su ceder J J .
d e fora . T h om son no
A m a r a v ilh o sa id é ia de B ohr foi ju sta m en te essa. O in te r io r L a b o r a tó r io
334 do á to m o é in v isív e l, m a s h á u m a ja n e la p o r o n d e se o lh a r , u m a
C a v e n d ish ,
C a m b r id g e .
A Escalada do Homem
167
O in terior do
á t o m o é invisível,
m as há um a
j a n e l a , u m a jan ela
d e vid ro colorid o: o
e s p e c t r o d o átom o.
O e s p e c tr o d o gás
H id r o g ê n io ; ban das
in te r p r e ta d a s p o r
N ie ls B o h r c o m o
s e n d o d e v id a s
a s a lto s d e
e lé tr o n s d e u m a
ó r b i t a p a r a o u tr a ,
1913.
L o u i s d e B r o g lie
i n t e r p r e t o u e ss a s
ondas com o
sen d o bandas de
o n d a s r e s s o n a n te s ,
n a s q u a i s a s ó r b ita s
s ã o lu g a re s o n d e
n ú m e r o s in te ir o s ,
e x a to s , d e o n d a s
c ir c u n d a m o
n ú c le o .
168
H . G. J . M o s e l e y , A p e n a s a c a s c a h a v ia s id o p a rtid a . M a s, d e n tr o d a ca sca , o á to m o
q u a n d o e stu d a n te , se rev ela u m ovo, com g e m a , o n ú c le o ; e, m e s m o o n ú c le o , tin h a
n o s la b o r a tó r io s
d e q u ím ic a e m a p en a s c o m e ç a d o a ser e n ten d id o .
O x fo rd , 1 9 1 0 .
ra lm e n te : u m j o g o d e im a g en s. N ã o h á n e n h u m a o u tr a fo r m a d e
se fa la r sobre o m u n d o in v isív e l - na n a tu reza , na arte e na
c iê n c ia .
A o cruzarm os a ca n cela d o á to m o , en con tra m o -n o s em um
m u n d o n o q u a l n o sso s sen tid o s n ã o n o s p o d e m v a ler. A li e x is te
u m a nova a r q u ite tu r a , u m a m a n eira de o rg a n iz a r as c o isa s, a
q u a l n ã o p o d e m o s c o n h e c e r : a p e n a s te n ta m o s a p r ee n d ê -la a tra v és
d e a n a lo g ia s, n o v a m e n te u m a to d a im a g in a ç ã o . A s im a g e n s a r
q u itetu ra is sã o ca lca d a s n o m u n d o c o n c r e to d e n o sso s se n tid o s,
porque esse é o ú n ico m u n d o p a ssív e l d e d e s c r iç ã o a tr a v é s d e
p a la v r a s. A o d escrev er o m u n d o in v isív e l se m p r e a c a b a m o s e m
m e tá fo r a s, se m e lh a n ç a s to m a d a s d e e m p r é s tim o a o m u n d o m a is
a m p lo d o s o lh o s, d o s o u v id o s e d o ta to .
D esd e que d esco b rim o s n ã o ser e m o s á to m o s o s tijo lo s c o m
o s q u a is a m a té r ia se c o n s tr ó i, só n o s r e sta fa z e r m o d e lo s m o s
tran d o a m a n e ir a p e la q u a l e sse s tijo lo s se a g r u p a m e agem em
co n ju n to . M o d e lo s p reten d em m o stra r, a tra v és de a n a lo g ia s, a
c o n stitu iç ã o da m a té r ia . A s s im , a o te sta r o s m o d e lo s t e m o s d e
fr a g m e n ta r a m a té r ia , c o m o se fô s s e m o s la p id a d o r e s d e d ia m a n te
em b u s c a d a e s tr u tu r a d o c r ista l.
A e sc a la d a d o h o m e m se c o n str ó i n u m a su c e ssã o d e sín te se s
cada v e z m a is r ic a s, m a s c a d a d e g r a u r e p r e s e n t a u m esfo rço d e
a n á lise : d e a n á lise m a is p ro fu n d a , m u n d o s d e n tr o d e m u n d o s.
A o ser m o stra d a a d iv isib ü id a d e d o á to m o , restava u m cen tro
in d iv isív e l, o n ú cleo . M as, p or v o lta de 1 9 3 0 co n sta to u -se q u e
esse m o d e lo p r e c isa v a s e r r e v isto . N o c e n tr o d o á to m o , o n ú c le o
ta m p o u c o rep resen ta va o fr a g m e n to ú ltim o d a r e a lid a d e .
D e v e m o s a J a m e s C h a d w ic k a d e s tr u iç ã o d e s s a id é ia a rr a ig a d a
na m en te d o s físic o s, q u a n d o , e m 1 9 3 2 , p ro v o u a e x istê n c ia de
d o is tip o s de p a rtícu la s na c o m p o siçã o d o n ú cleo : o p ró to n ,
e le tr ic a m e n te p o sitiv o , e o n ê u tr o n , p a r tíc u la d e stitu íd a d e carga
e lé tr ic a . A s m a s sa s d e s sa s d u a s p a r tíc u la s s ã o q u a s e ig u a is, n o m i
n a lm e n te ig u a is (a p r o x im a d a m e n t e ) ao p eso a tô m ico d o H id r o
g ên io . A p enas, o n ú c le o d o H id r o g ê n io não co n tém n êu tron s,
sen d o form ad o por u m p ró to n so m en te.
341
t r a t a -s e de u m R ea tar de Isó top o de A lto F lu x o , d e se n v o lv id o
em O a k R id g e , n o T e n n e s s e e .
Um Mundo Dentro do Mundo
n ã o era c o n h e c id o n a T e r r a .) E fe tiv a m e n te , o q u e a c o n te c e , d e
tem p o s em tem p o s, é a fu são de d o is á to m o s de H id r o g ê n io
p esad o , d a n d o o rig em a u m n ú c le o d e H é lio .
P o r q u e ra zã o a n a tu r e za in ter r o m p e e m u m p o n to a fo r m a ç ã o
d e e le m e n to s , se e le s s ã o c o n s tr u íd o s u n s e m seg u id a a o s o u tro s?
Por que te m o s a p e n a s n o v e n ta e d o is e le m e n to s , o ú ltim o s e n d o
rep resen ta d o p elo U r â n io ? E v id e n te m e n te , s ó p o d e m o s r e so lv e r
essa q u e stã o se p u d e r m o s c o n stru ir e le m e n to s a lé m d o U r â n io , e
p ro v a r q u e , a o se to r n a r e m m a io r e s, o s e le m e n to s se to r n a m m a is
co m p lex o s e ten d em a se quebrar em frag m en to s. E n treta n to ,
a o p r o c e d e r m o s d e ssa m a n e ira , n ã o só ir e m o s p r o d u z ir e le m e n to s
n o v o s, m a s, ta m b é m , fa zer a lg u m a c o isa p o te n c ia lm e n te e x p lo s i
va. O e le m e n to P lu tô n io , c o n se g u id o por F erm i no p r im e ir o e
h istó r ic o R e a to r G r a fite (n ó s o c h a m á v a m o s a “ P ilh a ” n a q u e le s
v e lh o s te m p o s c o lo q u ia is), fo i o e le m e n to fe ito p e lo h o m e m que
d em o n strou isso ao m u n d o in teiro . E m p a r te , e le é u m m o n u
m en to ao g ên io de F e r m i; m a s p r e fir o p e n sá -lo com o se fosse
um tr ib u to ao deus das trevas, P lu tã o , que deu seu n o m e ao
e le m e n to , q u an d o p en so nas q u a ren ta m il p e sso a s m ortas em
N a g a sa k i, so b a a çã o d a b o m b a d e p lu tô n io a í d esp eja d a . E s ta m o s
em u m o u tro tem p o d a h istó r ia d o m u n d o , e m q u e um m o n u
m en to rev eren cia u m grande h o m em e m u ito s m o r to s, c o n ju n
ta m en te.
1 70
N esta a ltu r a , ten h o de retorn ar à m in a de W ie lic z k a a fim de A p ró p ria
m a té r ia e vo lu i.
e x p lic a r um a c o n tr a d içã o h istó r ic a lá in ic ia d a . E m b o r a o s e le
344 m en to s esteja m sen d o fo rm a d o s con sta n tem en te nas estrela s,
O Sol e um a
m a n c h a s o la r .
Um Mundo Dcntro do Mundo
c o m o o F e r r o , o u o u tr o m a is p e sa d o a in d a c o m o o U râ n io ,
p e la c o m b in a ç ã o in s ta n tâ n e a d e to d a s as su as p a rte s , isso seria
v ir tu a lm e n te im p o s sív e l. M as n ã o . U m a e s tre la fo rm a H é lio
a p a r tir d e H id r o g ê n io ; e n tã o , e m u m o u tr o e stá g io , e m u m a
e s tre la d ife re n te , o H é lio se c o m b in a n a fo rm a ç ã o de C a r b o
n o , d e O x ig ê n io e d o s o u tr o s e le m e n to s m ais p esad o s; e as
sim p o r d ia n te , estág io ap ó s estág io , até a fo rm a ç ã o d o s n o v e n ta
e d o is e le m e n to s n a tu ra is .
174
U m a estrela f o r m a to r n a r tã o r e a l p a ra n ó s c o m o tã o r e a l é o n o ss o p r ó p r io m u n d o .
H élio a p artir d e
H id rog ên io ; d e p o is, Q u em p o d e r ia im a g in a r q u e c h e g á s s e m o s tã o lo n g e , se, a in d a
em u m ou tro em 1 9 0 0 , era tr a v a d a u m a b a ta lh a , d ig a m o s , d e m o r te , e n tr e p a rti
estágio, e m u rn a
d á r io s d a r e a lid a d e e d a irr e a lid a d e d o á to m o . O g r a n d e filó s o fo
o u tra estrela, os
á to m o s d e H élio a le m ã o E rnst M ach d iz ia : não tem r e a lid a d e . O m esm o o fez o
se c o m b i n a m g rande q u ím ic o w ilh e lm O stw a ld . N o e n ta n to , n a q u e la c r ític a
form and o C a rb o n o,
O x ig ên io , e os v ir a d a d o séc u lo , u m h o m e m m a n tev e-se co n v icto , b a sea d o em
e le m e n to s m a is d ad os teó r ic o s fu n d a m e n ta is, da r e a lid a d e d o á to m o . E ste
pesados.
A G ra n de h o m e m foi L u d w ig B o ltz m a n n , a o pé de cu jo tú m u lo eu lh e
N e b u lo s a M 4 2 ren d o h o m en a gem .
e m O r ío n ,
B o ltz m a n n era ira sc ív e l, ex tra o rd in á rio , d ifíc il, u m d o s p ri
fo to g r a fa d a a tr a v é s
d o te le s c ó p io d e m e ir o s seg u id o r e s d e D a r w in , b r ig u e n to e en ca n ta d o r, e tu d o o
2 0 0 " d e M o n te m a is q u e q u a lq u e r ser h u m a n o d e v er ia ser. A e sc a la d a d o h o m e m
P a lo m a r .
A n e b u lo s a e s tá o sc ilo u em u m tên u e e q u ilíb r io in tele c tu a l n a q u e le m o m e n to ,
a 1 5 0 0 a n o s -lu z e u m a v e z q u e , tiv e sse m a s d o u tr in a s- a n ti-a tô m ic a s v e n c id o a b a ta
m u ita s e s tr e la s
v a r iá v e is t ê m lh a n a q u e le s d ia s, n o s s o p r o g r e s s o te r ia s id o a tr a s a d o d e m u ita s
s id o o b s e r v a d a s d é c a d a s o u , ta lv e z , d e c e n te n a s d e a n o s. N ã o a p e n a s o a v a n ç o d a
fo r m a n d o -s e a p a r tir
físic a te r ia sid o c o r ta d o , p o is a b io lo g ia d e p e n d e fu n d a m e n ta l
d e H id r o g ê n io
i n te r e s t e l a r . m en te d essa co n cep çã o .
B o ltz m a n n apenas a rg u m en tou ? N ã o . E le v iv e u e m orreu
a q u e la p a ix ã o . E m 1 9 0 6 , a o s se s s e n ta e d o is a n o s d e id a d e , s e n
tin d o -se so litá rio e d e r r o ta d o , n o e x a t o m o m e n t o e m qu e a d o u
t r in a a t ô m i c a ia v e n c e r a d is p u t a , a v a lio u m a l e p e n s o u t u d o e s ta r
p e r d id o . S u ic id o u -se . R e s to u su a fó r m u la , u m a e te r n a h o m e n a g e m
à su a in te lig ê n c ia ,
S = K lo g W ,
gravada em se u tú m u lo .
N ã o ten h o, de m in h a , n en h u m a frase que p o ssa fazer ju s à
frase c o m p a c ta , d e p e n e tr a n te b e le z a d e B o ltz m a n n ; a ssim , c ita
rei o p o e ta W illia m B la k e , d a n d o o s v e r so s in ic ia is d e s e u A u g u rie s
o f I n n o c e n c e ( A u g ú r io s d a I n o c ê n c ia ):
V er o M u n d o e m u m G r ã o d e A reia
E u m C é u e m u m a F lo r S ilv e str e
T o m a r o In fin ito e m su a m ã o
E a E te r n id a d e e m u m a hora.
351
11 CONHECIMENTO OU CERTEZA
o n d a s d e r á d io (n o ta s g ra v e s), a té o s c o m p r im e n t o s d e o n d a m a is
c u r to s d o s r a io s X (n o ta s m a is a g u d a s). V a m o s ilu m in a r u m a fa c e
h u m an a co m ca d a u m a dessas on d as.
A s o n d a s m a is lo n g a s d o e s p e c tr o in v isív e l sã o r e p r e se n ta d a s
p e la s o n d a s d e r á d io , c u ja e x is tê n c ia f o i p r o v a d a h á c e r c a d e c e m
anos, em 1 88 8, por H e in r ic h H ertz, c o n firm a n d o a teo ria de
M a x w e ll. S e n d o as m a is lo n g a s sã o , t a m b é m , as m a is g ro sse ir a s.
U m a v a rred u ra d e rad ar, tr a b a lh a n d o c o m o n d a s d e a lg u n s m e
tros, n ã o acu sa rá o r o sto , a n ã o ser q u e se trate d e u m rosto de
a lg u n s m e tr o s d e la rg u ra , c o m o o s d a s e sc u ltu r a s m e x ic a n a s . S o
m en te q u an d o u s a m o s o n d a s m a is cu rta s é q u e v a m o s p e r c e b e r
a lg u m d e ta lh e n e ssa c a b e ç a g ig a n te sc a : se a o n d a fo r in ferio r a
u m m etro , as o relh a s. E p r a tica m en te no lim ite das ondas de
r á d io , de a lg u n s c e n tím e tr o s, d etectam os o p r im e ir o traço de
u m a fig u r a h u m a n a a o la d o d a e s tá tu a .
E m seg u id a , o lh a m o s a fa ce, a fa c e d o h o m e m , a g o r a , a tra v és
de u m a câm era sen sív e l à banda seg u in te de r a d ia ç õ e s, co m
c o m p r im e n to de onda m en or do que u m m ilím e tr o , os r a io s
in fr a v e r m e lh o s. E stes fo ra m d esco b ertos em 1 8 0 0 p e lo a str ô n o
m o W illia m H ersch el, a o n o ta r o ca lo r p r o d u z id o q u a n d o fo c a li
zava seu te le sc ó p io p ara a lé m d a lu z v er m e lh a : o s ra io s in fra v er
m e lh o s s ã o r a io s d e ca lo r. A c h a p a d a c â m e r a tr a n s la d a a im a g e m
dos r a io s in fra v er m e lh o s para a lu z v is ív e l s e g u n d o um c ó d ig o
176
Q u ã o fin o s e
q u ã o e x a to s são
o s d etalh es que
p o d e m o s ver
c o m o s m elh o res
in stru m en tos
do m undo?
F o to g r a fia , p o r
m e io d e ra d a r, d o
354 A e r o p o r to d e
L o n d res.
C o n h e c im e n to ou C erteza
u m ta n to a r b itr á r io : o s ra io s m a is q u e n te s a p a r e c e m em azul e
os m a is fr io s em v e r m e lh o ou sim p le sm e n te escuro. P od em os
p e r c e b e r o s a c id e n te s m a is s a lie n te s d a face: o s o lh o s, a b o c a , o
n a r iz - v em o s, ta m b ém , a n u v em d e v a p o r s a in d o d a s n a r in a s.
N ão h á d ú v id a de que a p r e n d e m o s a lg u m a s c o isa s n o v a s so b r e a
fa ce h u m a n a , m as isso s e m n en h u m d eta lh e.
N o s lim ite s in ferio res de seu c o m p r im e n to d e onda, a lg u n s
c e n té s im o s d e m ilím e tr o o u m e n o s , h á u m a tra n siçã o g ra d u a l d o
in fr a v e r m e lh o p a ra o e s p e c tr o v isív e l. O film e a g o ra u sa d o é s e n
s ív e l a a m b o s , e a fa c e a d q u ir e v id a . N ã o é m a is a p e n a s a f a c e d e
u m h o m em , m as, sim , d o h o m em que con h ecem os: S tep h a n
B o r g r a je w ic z .
A lu z b r a n c a o r ev ela v is iv e lm e n te a o o lh o e m d e ta lh e s: a p e n u
g e m , o s p o r o s d a fa c e , u m a p e q u e n a m a n c h a a q u i, u m a v e ia z in h a
a ii. A lu z b ra n ca é fo r m a d a d e u m a m istu ra d e c o m p r im e n to d e
on d a d o v e r m e lh o , d o la r a n ja , d o a m a r e lo , d o v e r d e , d o a z u l e,
fm a lm e n te , d o v io le ta , as o n d a s v isív e is m a is cu rta s. O s d e ta lh e s
d e v e r ia m a p a r e c e r m a is f in a m e n t e q u a n d o o b s e r v a d o s a tr a v é s d e
lu z v io le ta d o q u e q u a n d o a tr a v é s d e lu z v e r m e lh a , m a s, n a p r á tic a ,
d e n tr o d e m a is o u m e n o s u m a o ita v a , n ã o h á g ra n d e s d ife r e n ç a s.
1 80
a d isp e r sã o é rep resen ta d a p e lo d esv io , o u esp a lh a m e n to , da M ax Bom .
curva. A p a rtir d a í v e i o u m a id é ia d e lo n g o a lc a n c e : a d is p e r s ã o B o m c o m s e u filh o
e m G õ ttin g e n , em
rep resen ta u m a área d e in certeza , u m a v e z q u e n ã o p o d e m o s esta r
1 9 2 4 , a p ó s te r
c e r to s d e q u e a p o siç ã o real esteja lo c a liz a d a n o c e n tr o . T u d o o s id o in d ic a d o p a ra
a c á te d r a d e
que p o d e m o s d iz e r é q u e a p o s iç ã o se e n c o n tr a n a á re a d e in c e r
F ís ic a T e ó ric a ju n to
te z a , á re a e sta p a ss ív e l d e ser c a lc u la d a a p a rtir d a d is p e r s ã o d a s à U n iv e r s id a d e d e
G õ ttin g e n .
o b s e r v a ç õ e s in d iv id u a is.
E le f o i e x o n e ra d o
P o r ta d o r d e s sa v is ã o su til d o c o n h e c im e n t o h u m a n o , G a u ss se d e seu c a rg o
s e n tia p a r tic u la r m e n te irrita d o c o m a q u e le s filó s o fo s q u e a fir m a e m 2 6 d e a b r il
de 1933.
vam p o ssu ir u m a ce sso a o c o n h e c im e n to m u it o m a is p e r fe ito d o
que o fo rn ecid o p ela o b se r v a ç ã o . D e n tr e m u ito s e x e m p lo s e s c o
lh erei a p e n a s um . H á u m filó so fo ch am ad o F r ie d r ic h H eg el, a
q u e m , d ev o co n fessa r, d e te sto em esp ecia l, m a s c o m c e r to sen ti
m e n to d e fe lic id a d e p o r c o n sta ta r ser esse s e n tim e n to c o m u m ao
de u m grande h o m em c o m o G auss. E m 1 8 0 0 H eg el a p resen to u
u m a tese, p ro va n d o q ue, em b ora a d e fin iç ã o d e p la n eta ten h a
m u d a d o d e sd e o s A n tig o s, a in d a p o d e r ia m ex istir , filo s o fic a m e n te ,
s o m e n te se te p la n e ta s. O r a b e m , n ã o a p e n a s G a u s s sa b ia r e sp o n d e r
a isso ; S h a k e sp e a r e já h a v ia r e s p o n d id o h á m u it o te m p o . N a m a
r a v ilh o sa p a ss a g e m d o R ei Lear, o n d e, q u em m a is p o d e r ia d iz er ,
s e n ã o o B o b o , d ir ig in d o -se a o R e i: “ A r a z ã o p o r q u e a s s e te e s tr e
la s n ã o s ã o m a is d o q u e s e te é u m a r a z ã o g o z a d a ” . O R ei acena
a s tu ta m e n te e d iz: “ P o r q u e e la s n ã o s ã o o i t o ” . E o B o b o r e p lic a :
“ S im , isso m e s m o , e v o c ê d a r ia u m ó tim o b u fã o ” . H egel ta m b ém
d a r ia . N o d ia p r im e ir o d e ja n e ir o d e 1 8 0 1 , a n tes d e ter h a v id o
tem p o para secar a tin ta da d isserta çã o de H eg el, u m o ita v o
p la n e ta f o i d e sc o b e r to — o p la n eta C eres.
em to r n o d o n ú c le o . M a x B o m im a g in o u u m tr e m d e e lé tr o n s n o
qual cada u m d eles esta v a p reso a u m a m a n iv ela , d e fo r m a q u e,
em co n ju n to , c o n stitu ía m u m a sér ie d e cu rv a s g a u ssia n a s, u m a
o n d a d e p r o b a b ilid a d e s. U m a n o v a c o n c e p ç ã o esta v a se n d o g era
da n o trem p ara B e r lim e n as c a m in h a d a s p ro fesso ra is p e lo s b o s
q u e s d e G o ttin g e n : q u a isq u e r q u e fo s s e m as u n id a d es fu n d a m e n
ta is a p a rtir das q u a is o m u n d o se co n stru ía , e la s eram m a is
d e lic a d a s m a is fu g id ia s, m a is lé p id a s d o q u e a q u ilo que con se
g u im o s a p a n h a r n a r ed e d e ca ça r b o r b o le ta s d e n o sso s se n tid o s.
T o d a s e ssa s c a m in h a d a s p e lo s b o s q u e s e c o n v e r s a ç õ e s a tin g ir a m
u m c lím a x em 1 9 2 7 . N o in íc io d esse a n o W ern er H e ise n b e r g d eu
u m a n ova c a r a c te r iz a ç ã o a o e lé tr o n . S im , trata -se d e u m a p a r tí
c u la , d is s e e le , m a s u m a p a r tíc u la c a p a z d e tr a n sm itir a p e n a s u m a
q u a n tid a d e lim ita d a de in fo rm a çã o . Isto é, p o d e -se e sp ec ific a r
o n d e e la se en c o n tra n este in sta n te , m a s, a o se d e slo c a r , n ã o se
con seg u e im p o r a e la v e lo c id a d e e d ir e ç ã o e s p e c íf ic a s . O u , p o s t o
d e o u tr a fo r m a , se in s is tim o s e m d isp a r á -la a v e lo c id a d e e d ir e ç ã o
d e te r m in a d a s, torn a -se im p o ssív e l e sp e c ific a r exa tam en te seu
p o n to de p a r tid a , e, c o n s e q ü e n te m e n te , seu p o n to de chegada.
E ssa c a r a c te r iz a ç ã o p o d e p a r e c e r m u it o g ro sse ir a . M a s n ã o é.
H e ise n b e r g to rn o u -a p ro fu n d a a o fa z ê -la p r e c isa . A in fo rm a çã o
da qual o e lé tr o n é p o r ta d o r é lim ita d a em sua to ta lid a d e . Isto
quer d izer q ue, por e x e m p lo , sua v elo cid a d e e sua p o siçã o se
a ju s ta m de tal form a a esta rem c o n fin a d a s p ela to le r â n c ia do
q u a n tu m . A í e stá a id é ia p r o fu n d a : u m a d a s g r a n d e s id é ia s c ie n
tífic a s , n ã o s ó d o s é c u lo X X , m a s , d a h istó r ia d a c iê n c ia .
A essa fo r m u la ç ã o H e ise n b e r g d eu o n o m e de P r in c íp io d a
In certeza . E m u m c e r to se n tid o , rep resen ta u m só lid o p r in c íp io
d o d ia a d ia . S a b e m o s não p od erm os p ed ir a o m u n d o para que
seja exa to. Se u m o b jeto (u m a face c o n h e c id a , por e x e m p lo )
tiv e sse d e ser s e m p r e e x a ta m e n te o m esm o para q u e o p u d ésse
m o s r e c o n h e c e r , n ã o seria p o s s ív e l id e n tific a r u m a m e s m a p e s so a
d e u m d ia p a ra o o u tr o . R e c o n h e c e m o s o m e s m o o b je to e m d ife
ren tes o ca siõ es p orq u e e le p erm an ece o m esm o e não porque
p erm a n ece ex a ta m en te o m esm o ; as c o isa s p e r m a n e c e m to lera -
v elm en te se m e lh a n te s a si m e s m a s. N o a to d o r e c o n h ec im e n to
en tra u m ju lg a m e n to — u m a á rea d e to lerâ n cia o u d e in c er te z a .
D essa m a n eira , o p r in c íp io d e H e ise n b e r g p o stu la que n en h u m
even to , n em m esm o js even to s a tô m ic o s, p o d e ser d e scr ito
com certeza, isto é, c o m to lerâ n cia zero. A p r o fu n d id a d e do 365
’»'r 7> > f '
» *■ r * i - T f f > /D*T ■í |
Conhecimento ou Certeza
O P r in c íp io da In certeza o u , em m in h a versão, O P r in c íp io d a
T o le r â n c ia , c o n sa g r o u de um a vez p or to d a s o e n te n d im e n to de
que to d o c o n h e c im e n to é lim ita d o . Iro n ica m en te, ao m esm o
te m p o q u e e ste e sta v a se n d o fo r m u la d o , a v o lu m a v a -se so b o ju g o
d e H itle r n a A le m a n h a , e d e o u tr o s tir a n o s e m o u tro s p a íse s, a
su a co n tra p a rtid a : o p r in c íp io d a m o n s tr u o s a ce r te z a . A n a lisa d a
r e t r o s p e c t iv a m e n t e , a d é c a d a d o s 3 0 irá s e a p r e s e n t a r à s g e r a ç õ e s
fu tu ras c o m o u m p a lc o o n d e se c o n fr o n ta r a m d u a s cu ltu ra s: u m a
é a q u e la so b r e a q u a l v e n h o d isc o r r e n d o , a e sc a la d a d o h o m e m ,
e a o u tra , a d a c r e n ç a d e sp ó tic a d a p o sse d a c e r te z a a b so lu ta .
E n tr e ta n to , to d a s e ssa s a b str a ç õ e s p r e c isa m ser c o lo c a d a s em
te r m o s c o n c r e to s, e e u lh e s d a r ei v id a n a fo r m a d e u m a p e r so n a
lid a d e . L eo S z ila r d as v iv ia in ten sa m e n te , e, d u ra n te o ú ltim o
ano de su a v id a , m u ita s d e m in h a s ta r d e s fo r a m d ed ica d a s, e m
su a c o m p a n h ia , à d isc u ssã o d a q u e la s a b str a ç õ e s, e m seu lab o ra-
3 68 tó r io n o I n s titu to S a lk .
183
A E u ro p a já n ã o
era m a is u m a
hospedeira da
im ag in açã o.
L e o S z ila r d
(à e sq u e rd a ).
E n r ic o F e r m i
184
p a r a u m a p a te n te , n a q u a l a p a r e c ia o te r m o “ r e a ç ã o e m c a d eia ” ,
F i n a lm e n t e , S zila rd
r e g istra d a e m 1934. esc r e v e u u m a carta,
A g o ra , d e s v e n d a r e m o s u m a fa c e ta d a p e r so n a lid a d e d e S z ila rd q u e E in stein
a ssin o u , e a e n v io u
que, em b ora co m u m a m u ito s c ie n tista s d a q u e la é p o c a , n ele se ao P resid en te
exp ressava de form a c la r a e g rita n te. Q u e r ia m a n ter secreta a R oosevelt.
T e x to d a c a r ta
p a ten te, em u m a ten ta tiv a d e im p ed ir o u so in d e v id o d e d e sc o b e r d e 2 d e a g o sto d e
tas c ie n tífic a s. A s s im o fez, c o n fia n d o -a à g u a r d a d o A lm ir a n ta d o 1 9 3 9 a o P r e s id e n te
d o s E s t a d o s U n id o s .
B r itâ n ico , d e fo r m a q u e só f o i p u b lic a d a d e p o is d a g u erra .
E n trem en tes, a g u e rr a se to r n a v a c a d a v ez m a is a m e a ç a d o r a .
A m a r c h a d o p r o g r e sso d a F ísic a N u c le a r e a m a r c h a d e H itler
avançavam passo a p asso, eta p a co b rin d o etap a , d e u m a form a
q u e h o je ten d em o s a n os esq uecer. N o in íc io d e 1 9 3 9 , S z ila rd
e sc r e v e u a J o lio t-C u r ie p e r g u n ta n d o se era p o ss ív e l p r o ib ir u m a
p u b lic a ç ã o . E stava ten ta n d o im p ed ir a p u b lic a ç ã o d o tr a b a lh o
d e F e r m i. M a s, e m a g o s t o d e 1 9 3 9 , e le e s c r e v e u u m a c a r ta a q u a l
E in stein a ssin o u e e n v io u ao P r e sid e n te R o o sev elt, d izen d o
(a p r o x im a d a m e n te ): “A E n e r g ia N u c le a r está a q u i. A guerra é
in ev itá v el. F ic a a ca rg o d o Sr. P r e sid e n te d e c id ir o q u e o s c ie n
tis ta s d e v e m fazer a esse r e sp e ito ” .
E n t r e t a n t o , S z ila r d n ã o p a r o u a í. E m 1 9 4 5 , a g u erra e u r o p é ia
já te n d o s id o g a n h a , sa b e n d o a im in ê n c ia d o u so d a b o m b a a tô
m ic a s o b r e o J a p ã o , e le p r o te s to u q u a n to p ô d e . E s c r e v ia m e m o
r a n d o s a trá s d e m e m o r a n d o s . U m dos m em oran d os, en d ereçad o
a o P r e sid e n te R o o se v e lt, só n ã o c h e g o u a o seu d e stin a tá r io d e v i
do à m o rte d este no m esm o tem p o em que S z ila rd o esta va
r e d ig in d o . S z ila rd lu ta v a p a ra q u e a b o m b a fo s s e te sta d a a b e r ta
m en te p eran te o s ja p o n e s e s e u m a a ssistên c ia in te r n a c io n a l, d e
m o d o q u e o g o v e r n o ja p o n ê s c o n h e c e sse seu p o d e r d e d e str u iç ã o
e se r e n d e sse , a n te s d o p o v o ser sa c r ific a d o .
C o m o t o d o s s a b e m , S z ila r d fa lh o u , e c o m e le t o d a a c o m u n i
dade dos c ie n tista s. F ez o que u m h o m em ín te g r o d e v e r ia ter
fe ito . A b a n d o n o u a físic a e se in te r e sso u p ela b io lo g ia — e essa
fo i a r a z ã o q u e o t r o u x e a o I n s titu to S a lk — , c o n v e n c e n d o o u t r o s
a fazerem o m esm o. A físic a tin h a sid o a p a ix ã o d o s ú ltim o s
c in q ü e n ta anos, e tam b ém a o b ra -p rim a d essa é p o c a . C o n tu d o ,
sa b ía m o s, a go ra , e sta r m a d u r o o te m p o d e trazer a o e n te n d im e n to
d a v id a , d a v id a h u m a n a e m p a rticu la r, a m e s m a u n id a d e d e m e n te
185
q u e h a v ía m o s c o n fe r id o a o e n te n d im e n to d o m u n d o físic o .
P ágin a seg u in te:
A p r im e ir a b o m b a a tô m ic a fo i d e to n a d a e m H ir o sh im a n o d ia "É u m a tragéd ia
para a h u m a n id a d e.”
6 d e a g o sto d e 1 9 4 5 , às 8 e 1 5 d a m a n h ã . P o u c o d e p o is d e m in h a
R u ín a s d e
3 7 0 v o lta d e H ir o sh im a , o u v ia lg u é m d iz er , n a p r e s e n ç a d e S z ila r d , ser H iro sh im a .
Al.bert BinetelD
Old Orove !1.d.
Uaeeau Point
Peoonio, Long Ieland
Auguet 2nd, 1939
F.D. Rooeevelt.
P reslJ ent of the United S ta tes .
i'Thite House
Washington, D.C.
Sone recent l'ork by E.Fernl and L. Szila rd, whlch hae been oom-
municatea. to rne ln m:uiuscript, leade me to expect that the element uran-
lum 'CIay be turned into a new and itnportant eource of energy ln the lm-
•ae':liate fu ture. Certain aspeots of the e ltu a tlo n which hae arisen seem
to c a l l for ..atchfulnese and. i f necessary. quick action on the part
o f the Adrninlstratlon. I b e l íe v e therefore that i t le oy eluty to brins:
to your a tte n tlo n the follo" 7 in,; fa c ts and recolVlendatione:
In the couree of the l a s t fou!" rnonths l t hae been nado probable .
through the ";ork o!" J o l lo t in -:o"rance o.s '\"I'ell o.e "erml and Szila rd ln
"o.erica - that i t mo.y become p o ss ib le to set up a nuclear chein reaction
in a l a r g e mase of uranium,by which vast OPIounts of power and lar ge quant-
i t i e s o!" new radiura-like elemente \Vould be generated. Uo'IV lt appeare
almost c e r ta in that t h i s could. be achieved in the immedlate future.
n u e new phenonenon would aleo lead to th e conetruction o f bomba,
anel l t is con ceivable - though !!Iuch l e s s certain - that extreraely power-
f u l bombe of a new type mo.y thue be con etructed. A ein gle bol!lb of thie
t.ype. carriecl by boat and exploded in a port. might very well deetroy
the whole jJort together 1'J itb eooe of the surrounding te r r lto r y . Howey,er,
such bo!:bs o ig h t very w e l l prove to be too heavy for traneportation by
a ir .
[ f Lu i
A Escalada do Homem
186
a q u ilo u m a tr a g é d ia p a ra o s c ie n tista s, o fa to d e s u a s d e s c o b e r ta s “ E u lh e im p lo ro ,
s e r e m u s a d a s p a ra a d e str u iç ã o . “ É a tr a g é d ia d a h u m a n id a d e ” r e p elas en tra n h a s d e
C risto , e m p en sar
p lic o u S z ila r d , a u to r iz a d o c o m o n e n h u m o u t r o p a r a ta l d e s a b a fo .
p elo m en o s na
p o ssib ilid ad e
O d ile m a h u m a n o se d iv id e e m d u a s p a rtes. U m a d e la s é a c r e n ç a d e v o c ê p o d e r estar
e r ra d o .”
de q u e o fim ju stific a o s m e io s. É a filo s o fia d o s a p e r ta d o r e s d e O a u to r ju n to à
b o tõ e s , d o s d e lib e r a d a m e n te su r d o s a o s o fr im e n to q u e gerou o la g o a d o c a m p o d e
c o n c e n tr a ç ã o d e
m o n stro d a m á q u in a d a guerra. A o u tra , é a tra içã o d o e sp ír ito A u s c h w itz .
h um ano: o d ogm a que o b tu ra a m en te e tran sform a u m a n a ção
ou u m a c iv iliz a ç ã o e m u m re g im e n to de fan tasm a s — fan tasm a s
o b e d ie n te s, o u fa n ta sm a s to rtu ra d o s.
D iz -se q u e a c iê n c ia a ca b a rá p o r d e su m a n iz a r as p e sso a s, tr a n s
fo rm a n d o -a s em sim p le s n ú m e r o s. Isso é fa lso , tr a g ic a m e n te fa lso .
T o m e cu id a d o . V ê-se a q u i o c a m p o d e co n cen tra çã o e o crem a
tó r io d e A u sc h w itz . N e ste lo c a l é q u e as p esso a s era m tran sfor
m adas em núm eros. E sta la g o a recebeu as descargas c o n te n d o
as c in za s d e u n s q u a tr o m ilh õ e s d e p e sso a s. E n ã o fo i u m a o b r a
d o g á s. F o i o b r a d a a rr o g â n c ia . F o i fe ito p e lo d o g m a . F o i fe ito
p ela ig n o r â n c ia . Q u a n d o as p e sso a s a c r e d ita m esta r p o ss u íd a s d o
c o n h e c im e n to a b so lu to , s e m n e n h u m a b a se n a r e a lid a d e , e la s se
c o m p o r ta m d e ssa m a n eira . Isto é o q u e o h o m e m r e a liz a q u a n d o
p r e te n d e ter a c iê n c ia d e d e u s e s.
A c iê n c ia é u m a fo rm a de c o n h e c im e n to e sse n c ia lm e n te h u
m an o. Sem p re nos en con tra m o s à b eira d o c o n h e c id o , sem p re
s e n tim o s por a n tec ip a çã o a q u ilo qu e p o d e ser esp era d o . T o d o
ju lg a m e n to c ie n tífic o se e q u ilib r a n a s m a r g e n s d o e r r o , e é p e s
so a l. A c iê n c ia é u m tr ib u to à q u ilo que p o d em o s con h ecer,
em bora seja m o s fa lív e is. N o fim , a s p a la v r a s fora m d ita s por
O liv e r C r o m w e ll: “E u lh e im p lo r o , p e la s en tran h as d e C risto ,
p e n s e p e lo m e n o s n a p o ssib ilid a d e d e v o c ê p o d e r esta r e r r a d o ” .
N a q u a lid a d e d e c ie n tista , o m e u dever para co m m e u a m ig o
L eo S zü a rd ; n a q u a lid a d e d e ser h u m a n o , o m e u d e v e r p a ra c o m
o s m u ito s m e m b r o s d e m in h a fa m ília , m o r to s a q u i em A u sc h w itz ,
é esta r a q u i à b e ir a d e sta la g o a , c o m o so b r e v iv e n te e te s te m u n h a .
D ev em o s nos curar d o p ru rid o d o c o n h e c im e n to e d o poder
a b s o lu to s . T e m o s d e e lim in a r a d istâ n c ia e n tr e o a p erta r o b o tã o
e o a to h u m a n o . T e m o s d e en trar e m co n ta to co m as pessoas. 187
P ágina segu in te:
C r e m a tó r io d e
A u s c h w itz , o n d e
p esso a s era m
tr a n s fo r m a d a s
em n ú m eros.
12 GERAÇÃO APÓS GERAÇÃO
N o s é c u lo X l X a c id a d e d e V ie n a era a c a p ita l d e u m im p é r io q u e
a lb e r g a v a e m su a s fr o n te ir a s u m grande n ú m ero de n ações e de
lín g u a s. E r a u m c e n t r o f a m o s o d a m ú sic a , d a lite r a tu r a e d a s a rtes.
A C iê n c ia era o lh a d a co m su sp eita na con servad ora V ien a , as
c iê n c ia s b io ló g ic a s e m p a r ticu la r. E n tr e ta n to , in e sp e r a d a m e n te ,
a Á u str ia se to r n a se m e n te ir a p a ra u m a id é ia c ie n tífic a (n o c a m p o
d a b io lo g ia ) q u e se to r n o u r e v o lu c io n á r ia .
A v e lh a U n iv e r sid a d e d e V ie n a d e u a o fu n d a d o r d a g en ética , e,
p o rta n to , de tod as a s c iê n c ia s m od ern as da v id a , o reverendo
G r e g o r M e n d e l, to d a a p o u c a e d u c a ç ã o u n iv e r sitá r ia q u e e le p o s
su ía . C h e g o u a q u i e m u m a é p o c a q u a n d o se d e f r o n ta v a m a tir a n ia
e a lib erd a d e de p en sam en to. E m 1 8 4 8 , lo g o a p ó s su a ch ega d a ,
d o is jo v e n s a c a b a v a m d e p u b lic a r , n a L o n d r e s d ista n te , u m m a n i
f e s t o e s c r ito e m a le m ã o , q u e c o m e ç a v a c o m a s e g u in te frase: “ E in
G esp en st g eth u m E u r o p a ” , “ u m e sp ec tr o está r o n d a n d o a E u r o
p a ” , o esp ectro d o co m u n ism o .
E v id e n te m e n te , K arl M arx e F r ie d r ic h E n g e ls n ã o c r ia r a m a
r e v o lu ç ã o na E u rop a co m O M a n ife s to C o m u n is ta ; m as e le s
lh e deram v o z . A v o z d a in su r r e içã o . O v en d a v a l d e d e s c o n te n ta
m en to q u e v a r r ia a E u r o p a e r a d ir ig id o c o n tr a o s B o u r b o n s , o s
H a b s b u r g o s e o s g o v e r n o s d e m a n e ir a g er a l, e m to d a p a rte. E m
fev ereiro de 1 8 4 8 P a r is en tra em e b u liç ã o e V ie n a e B e r lim a
segu em . A ssim , em m arço de 1 8 4 8 h ou ve p r o te sto s estu d a n tis
e lu ta co n tra a p o líc ia na Praça d a U n iv e r sid a d e e m V ien a . O
Im p é r io A u stría co , à s e m e lh a n ç a de ta n to s ou tro s, trem eu em
suas b ases. M e ttern ich se d e m itiu e fu g iu p a r a L o n d r e s. O I m p e
rad or a b d ic o u .
I m p e r a d o r e s se v ã o m a s o s im p é r io s fic a m . O n o v o Im p e r a d o r ,
188
0 sexo produz F ranz J osef, era u m jov em de d e z o ito anos que r e in o u co m o
d iversid a d e, e a a u to cra ta a té que o im p é r io in stá v el a c a b o u p o r se d e sm a n te la r
d iversid a d e é a
p ro p u lso ra da d u ra n te a P r im e ir a G u e r r a M u n d ia l. A in d a m e lem b ro d e F ran z
e v o lu çã o . D o is é o J o sef em m in h a in fâ n cia ; d a m e sm a m a n e ira q u e to d o s o s H a b s
n ú m ero m á g ico .
burgos, tin h a o lo n g o lá b io in fe r io r e a s b o c h e c h a s c a íd a s, ig u a is
Por essa razão
a seleção sex u a l e o à s d o s re is e s p a n h ó is p in t a d o s p o r V e lá s q u e z , h o je r e c o n h e c id a s
cortejam ento são c o m o tra ço g e n é tic o d o m in a n te .
a lta m en te
d esen v o lv id o s n a s
d iferen tes esp éc ie s. F ranz J o sef ten d o su b id o ao tr o n o , to d o s o s d isc u r so s p a trio ta s
A p r e s e n ta ç ã o
se c a la r a m ; a a d e sã o a o jo v e m I m p e r a d o r f o i to ta l. N a q u e le m e s-
d o pavão.
A Escalada do Homem
m o m o m en to a e sc a la d a d o h o m em estava to m a n d o u m a n ova
d ireçã o com a chegada de G regor M end el à U n iv e r sid a d e de
V ie n a . N a s c id o J o h a n n M e n d e l e filh o d e c a m p o n e se s ; G r e g o r fo i
o n o m e que recebeu a o s e t o r n a r m o n g e , l o g o a n t e s d e v ir p a r a
V ien a , fu g in d o da p en ú ria e das fru stra çõ es a ca rretad a s p ela
fa lta de um a educação. N a m a n eira p ela qual c o n d u z iu seu
tr a b a lh o , e le nunca ab an d on ou seus h á b ito s de cam p on ês,
ja m a is se c o m p o r t o u c o m o p r o fe s so r o u c a v a lh e ir o n a tu r a lista , à
se m e lh a n ç a d e seu s c o n te m p o r â n e o s in g leses: era u m n a tu r a lista
h o rtelã o .
M e n d e l se to r n o u m onge à procura de ed u cação, e seu abade
o e n v io u à U n iv e r sid a d e d e V ie n a a fim d e q u e e le c o n se g u isse
u m d ip lo m a fo r m a l d e p r o fe sso r . E n tr e ta n to , era n e r v o so e e sta v a
lo n g e de se rev e la r u m estu d an te in te lig e n te . O r e la tó r io d e seu
e x a m in a d o r d iz ia q u e a e le “ fa lta v a m e n t e n d im e n t o e a n e c e s s á
r ia c la r e z a d e c o n h e c i m e n t o s ” . F o i r e p r o v a d o . O c a m p o n ê s t o r
nado m on ge não tin h a e sc o lh a s e n ã o se r e c o lh e r n o v a m e n te n o
a n o n im a to de u m m o ste ir o em B rno, na M o r á v ia , a tu a lm en te
p a rte d a T c h e c o slo v á q u ia .
A o retorn ar d e V ien a , e m 1 8 5 3 , M en d el co n ta v a tr in ta e u m
a n o s e era u m fracasso. A O r d e m A u g u stin ia n a d e S ã o T o m á s d e
B rn o , q u e o h a v ia e n v ia d o a V ie n a , era d e d ic a d a a o tr a b a lh o e d u
c a c io n a l. A o govern o a u str ía c o in teressa v a que os m on ges
in stru íssem o s jo v e n s in te lig e n te s d o c a m p e sin a to . A b ib lio te c a
d e le s m a is se a sse m e lh a à d e u m a o r d e m de educadores do que à
de um m o s te ir o . D e n tr o d essa s c ir c u n stâ n c ia s é q u e M e n d e l h a v ia
fa lh a d o em o b te r su a q u a lific a ç ã o d e p r o fe sso r . A ssim , M e n d e l
tin h a d e se d e c id ir : ou p assar o r e sto de su a v id a c o m o u m p ro
fessor fraca ssad o ou — o q u ê? . . . D e c id iu -se fin a lm e n te ; m a s,
n esta , fa lo u m u ito m a is a lto o g a r o to c h a m a d o H a n sl p e lo s seu s
a m ig o s d a s fa z e n d a s, o jo v e m J o h a n n , c a m p o n ê s, d o q u e o m o n g e
G r e g o r . V o lt o u seu s p e n s a m e n t o s p a r a a q u ilo q u e h a v ia a p r e n d i
d o n a v id a d o c a m p o e se m p r e o tin h a fa sc in a d o : as p la n ta s.
E m V ie n a fora in flu e n c ia d o p e lo ú n ic o b ió lo g o d e v a lo r q u e
ja m a is h a v ia e n c o n tr a d o , F r a n z U n g e r , o q u a l a b o r d a v a o p r o b le
m a d a h e r e d ita r ie d a d e d e u m a fo r m a p rá tica , c o n c r e ta : n a d a d e
e ssê n c ia s e sp ir itu a is, n a d a de forças v ita is, a tin h a -s e a o s fato s. 189
G regor M endel
M e n d e l, e n tã o , p a s s o u a d e d ic a r su a v id a a e x p e r im e n to s p r á tic o s silen cio sa m en te
em b io lo g ia , e n q u a n to n o m o steiro . U m a d e c isã o o u sa d a , silen im p rim iu u m a nova
d ir eç ã o à e sca la d a
c io sa e secreta , p e n s o eu , u m a v e z q u e o b isp o lo c a l n e m m esm o
380 p e r m itia a o s m o n g e s o e n s in o d e b io lo g ia .
do hom em .
M endel em 1865.
Geração Após Geração
M e n d e l in ic io u seu s e x p e r im e n to s fo r m a is d o is o u três a n o s a p ó s
ter r e to r n a d o d e V ie n a , d ig a m o s, e m 1 85 6. E m su a c o m u n ic a ç ã o
d iz ter tr a b a lh a d o d u ra n te o ito anos. A p la n ta p o r e le e sc o lh id a
m u it o c u id a d o s a m e n te f o i a e r v ilh a -d e -c h e ir o . N e s ta s , s e le c io n o u
sete ca ra cteres para com p a ra ção : form a da sem en te, cor da se
m e n te , e a ssim p o r d ia n te , e n c e r r a n d o s u a lista c o m ta lo a lto e
ta lo b a ix o . E ste ú ltim o cará ter é o q u e e s c o lh i a fim de nos ser
v ir d e e x e m p l o : a lt o e b a i x o .
F arem os u m ex p erim en to seg u in d o ex a ta m en te os passos de
M e n d e l. C o m e c e m o s p o r fazer u m h íb r id o d e a lto e b a ix o , e s c o
lh en d o as p la n ta s-m ã e s d a fo r m a e sp e c ific a d a p o r M e n d e l:
Em experimentos com esse caráter, a fim de se discriminar, com segurança,
190
os talos longos de seis a sete pés foram sempre cruzados com os baixos de
Tudo égenética moderna,
essencialmente como se Y. pé a ly, pés.
tivesse sido feita hoje, mas
Para que as p la n ta s b a ix a s n ã o se fe r tiliz e m a si m e s m a s, n ó s as
r^^ada há cem anos por
um desconhecido. e m a sc u la m o s . A ssim e la s s e r ã o in s e m in a d a s a r tific ia lm e n te p e la s
P á g in a d e c á l c u l o s s o b r e
p la n ta s a lta s.
as o bservaçõ es d e cam p o
d e M e n d e l e m seu s o ito O p r o c e s so d e fe r tiliz a ç ã o s e g u e seu cu rso . O s tu b o s p o lín ic o s
a n o s d e e x p e r im e n ta ç ã o crescem a p a r tir d o s ó v u lo s . O s n ú c le o s p o lín ic o s (e q u iv a le n te s
c o m e r v i lh a s .
A p r a n c h a à p á g in a o p o s ta ao esp erm a dos a n im a is) d escem a tra v és d o s tu b o s p o lín ic o s e
m o s tr a c a r a c te r e s a n a lis a a lc a n ç a m os ó v u lo s d o m esm o m o d o qu e aco n tece n a fe r tiliz a
d o s p o r M e n d e l e m seu
tr a b a lh o e m 1 8 6 6 . E l e ção n o r m a l d e q u a lq u e r e r v ilh a . A s p la n ta s d ã o v a g e n s , as q u a is ,
n o to u d if e r e n ç a s n a s é c la r o , a in d a n ã o r e v e la m su a s c a r a c te r ístic a s.
s e m e n te s m a d u r a s d e
A s e r v ilh a s o b tid a s das vagens são agora p la n ta d a s. Seus
e r v i lh a s : r e d o n d a s o u
en ru ga da s q u a n d o m a d u d e se n v o lv im e n to s, a p r in c íp io , são in d istin g u ív e is de q u a lq u e r
ras, a m a r e la s o u v e r d e s ou tra e r v ilh a -d e -c h e ir o . E n tr e ta n to , e m b o r a r e p r e se n te m o pro
n as vagen s a m a d u re c e n d o ;
c o lo r a ç ã o c in z a o u b r a n c a d u to d e apenas a p r im e ir a geração de h íb r id o s, qu an d o to ta l
c o r r e la c io n a v a m ^ s e c o m m en te crescid a s já serã o u m te s te d a id é ia tr a d ic io n a l d a h e r e d i
flo r e s m a lv a o u b r a n c a s
já n o in íc io d o c ic lo d e tarie d a d e , su ste n ta d a por b o tâ n ico s d a q u e la é p o c a e d e m u ito
d e s e n v o lv im e n to d a te m po d e p o is. A con cep çã o tr a d ic io n a l era d e q u e as c a r a c t m V
p la n ta . C r u z o u p l a n t a s
ticas d e u m h íb r id o rep resen ta v a m u m a m é d ia d a s c a r a c te r ís tica s
p o r ta d o r a s d e v a g e n s
r
g o d a s e a b e rta s e c o n s • d os p a is. M e n d e l tin h a p o n t o d e v ista c o m p le t a m e n t e d i f e i m ^
tr ita s e f e c h a d a s e v a g e n s
e m e s m o u m a teo ria q u e o ju s tifica v a . ^
v e rd e s e a m a r e la s q u a n d o
a in d a n ã o m a d u r a s ; P ara M e n d e l, u m m e s m o cará ter era r e g u la d o p o r d uas p a r U -
ta m b é m p la n ta s c o m cu la s (h o je n ó s as c h a m a m o s g en es). C a d a p la n ta -m ã e co n tr ib u i
flo r e s a o lo n g o d o c a u le e
c o m u m a p a r tíc u la . S e as d u a s p a r tíc u la s ° u g en es fo r e m d ifer e n
n a p o n te ir a s o m e n te .
N e s ta p r a n c h a a s v a r ie d a tes, u m a será d o m in a n te e a o u tr a r e c e ssiv a . O cruza m en to de
d e s a lta e b a ix a p o d e m p la n ta s a lta s e b a ix a s er a u m p r im e ir o teste no se n tid o d e v eri
s e r id e n tific a d a s p e la s
d is tâ n c ia s e n tr e o s n ó s ficar o v a lo r d e s s a a s s e r t iv a . E co m o e ^ tam b ém vocês p od em
n o s c a u le s . M e n d e l b a s e o u v e r ific a r a p r im e ir a g e r a ç ã o d o s h íb r id o s; q u a n d o c r e s c id o s s ã o
su as le is n e s se s s e te
c a r a c te re s .
to d o s a lto s . N a lin g u a g e m d a g e n é tic a m o d e r n a , o ca rá ter a lto é 383
■ <*U,
I
Geração Após Geração
O e n ig m a d a p e r so n a lid a d e d e M e n d e l é p u r a m e n te in te le c tu a l.
N in g u é m p o d e r ia ter c o n c e b id o a q u e le s e x p e r im e n to s, a n ã o ser
que os r esu lta d o s esp erados estiv essem c la r a m e n te d e lin e a d o s
em sua m en te. U m a tal a fir m a ç ã o p od e p a recer estran h a, m a s
darei provas con cretas em se u fav or.
E m p r im e ir o lu g a r , u m p o n t o p r á tic o . M e n d e l s e le c io n o u e n tr e
a s e r v ilh a s s e te d ifer e n ç a s a ser e m te sta d a s, ta is c o m o ta lo a lto
versu s ta lo b a ix o , e a ssim por d ia n te . A s e r v ilh a s p o s s u e m , n a
r e a lid a d e , sete pares de crom ossom os, de m a n eira q u e n ela s é
p o ssív e l testa r sete d iferen tes tip o s de cara cteres tr a n sm itid o s
por genes lo c a liz a d o s em sete d ifer e n te s crom osso m o s, m as
a c o n te c e ser e sse o n ú m e r o m á x im o d e ca ra cteres q u e p o d e r ia ter
s id o s e le c io n a d o . N ã o se p o d e r ia testa r o it o d ife r e n te s c a r a c te r e s
sem q u e d o is g e n e s e stiv e sse m lo c a liz a d o s e m u m m esm o crom os
som o, e, p o r ta n to , lig a d o s, p e lo m e n o s p a r c ia lm e n te . N in g u é m
a in d a h a v ia p en sad o em gen es ou em lig á -lo s. N in g u ém h a v ia
m esm o p en sad o em crom ossom os, ao tem p o em que M en d el
r e a liz a v a seu s e x p e r im e n to s .
C o n ven h am os que a lg u é m possa ser d e stin a d o por D eu s ao
cargo de abade de u m m o steiro , m a s n in g u é m p od e te r a q u e la
sorte. M en d el d ev e ter r e a liz a d o m u it a s o b s e r v a ç õ e s e a lg u n s e x
p e r im e n to s a n tes de p la n eja r o tr a b a lh o fo rm a l, ta lv ez co m a
in t e n ç ã o d e in tr ig a r e c o n v e n c e r a si p r ó p r io d e q u e a s s e t e q u a li-
3 8 6 dades o u ca ra cteres e r a m tu d o a q u ilo q u e p o d e r ia ser le v a d o e m
Geração Após Geração
4V. lã*
.
v ■ f .<* 1( 5 ?
‘Cs* ^ •
i •. /
í *à
* £
% •
• v> .
Íív y %
V * - |l
'p
y ,% .
* > *. *V *- V
1
« *v
• * #
: ** • * UI m
a -
k
A Escalada do Homem
g o n a i s e p e n t a g o n a i s l ig a d a s e n t r e si. E m n o ta ç õ e s d e tr a b a lh o s
e str u tu r a is é co m u m rep resen ta r-se q u a lq u e r u m a das b ases
pequenas por u m s im p le s h e x á g o n o , e a s m a io r e s p o r u m a fig u r a
a m p lia d a , ch am an d o, dessa m a n eira , a a ten çã o para as suas
fo rm a s, m u ito m a is d o que para os á to m o s dos e le m e n to s
com p o n en tes.
E a a r q u ite tu r a ? C o m esta p ergu n ta se q u eria saber de que
fo r m a as b a se s se d isp u n h a m n o A D N , d e m o d o a to rn a r p o ssív e l
a exp ressão d as d ifer e n te s m e n sa g e n s g en étic a s. Isso p o r q u e , d a
m esm a form a que u m p réd io n ã o é s im p le s m e n te u m a m on toa d o
d e tijo lo s, o A D N n ã o d e v ia ser u m sim p le s a m o n to a d o d e b a ses.
O q u e , e n tã o , lh e c o n fe r ia su a e str u tu r a e, p o r ta n to , su a fu n ç ã o ?
P or e s s a é p o c a já se sa b ia q u e o A D N era fo rm a d o p or u m a m o lé
c u la d e c a d e ia lo n g a , lin e a r , m a s u m ta n to q u a n to r íg id a - um a
e sp éc ie d e c r ista l o r g â n ic o - , a lé m d e h a v er in d íc io s d e a p r ese n
tar-se c o m o que em h é lic e (o u e sp ir a l). M a s, q u a n ta s h é lic e s e m
p a r a lelo ? U m a , d u a s, três, q u a tr o ? A s o p in iõ e s e s ta v a m d iv id id a s
em d o is c a m p o s p r in c ip a is: o d a h é lic e d u p la e o d a h é lic e tr íp lic e .
E n tã o, em 1 9 5 2 , L in u s P a u lin g , o g r a n d e g ê n io d a q u ím ic a e s tr u
tu ra l, p r o p õ e , n a C a lifó r n ia , u m m o d e lo d e h é lic e tr íp lic e . A o
e sq u e le to d e a çú ca res e fo sfa to s se a g reg a v a m as b a ses e m to d a s
as d ir e ç õ e s. O a r tig o d e P a u lin g c h e g o u a C a m b r id g e e m fev ereiro
de 1 9 5 3 , e lo g o d e in íc io C rick e W a tso n perceberam q u e a lg o
e sta v a e rra d o n ele.
P o d e ter sid o u m m e r o d e s a b a fo o u p o d e ter h a v id o u m toq u e
d e p e r v e r sid a d e m a lic io sa n a d e c is ã o a b r u p ta d e J im W atson em
fa v o r d a h é lic e d u p la . D e p o is d e u m a v isita a L o n d r e s ,
a o t e m p o e m q u e eu reto rn a ra à U n iv e rsid a d e e p u la ra o p o r tã o d o s fu n d o s ,
já h a v ia d e c id id o c o n str u ir m o d e lo s d e c a d e ia s d u p la s. F r a n c is tin h a d e
a ce d e r . M e s m o s e n d o fís ic o , sa b ia q u e o b je to s b io lo g ic a m e n te im p o r ta n te s
sem p re a p a recem a os pares.
M a is im p o r ta n te a in d a , e le e C r ic k c o m e ç a r a m a p r o c u r a r p o r u m a
e str u tu r a c u jo e s q u e le to se o r g a n iz a sse e x te r io r m e n te : u m a e s p é
c ie d e e sc a d a e m e sp ir a l, c o m os açú cares e o s fosfato s fo rm a n d o
os co rrim ã o s. A ex p er im e n ta ç ã o se d e sen r o la v a co m grande
d ific u ld a d e ; u sa r a m -se fo r m a s e sp e c ia lm e n te m o n ta d a s a f im de
testar c o m o as b a ses se a ju sta v a m a o s d e g r a u s d o m o d e l o . E e is
que, após u m e n o rm e erro, o m o d e lo m o str o u -se a u to -ev id en te.
r e p e n t e , p e r c e b i q u e u m p a r d e a d e n in a -tir n in a , u n id a s e n tr e si p o r d u a s
p o n te s d e H id r o g ê n io , era id ê n tic o à fo r m a d o par g u a n in a -c ito sin a .
196
O A D N em ação. M o n o d , d o In stitu to P a steu r de P a ris e do In stitu to S a lk na
E s tá g io s d o C a lifó r n ia :
d e s e n v o lv im e n to
d e u m e m b r iã o o in v a r ia n te b io ló g ic o fu n d a m e n ta l é o A D N . E ssa é a ra zã o p e la q u a l a
d e n tr o d e u m o v o .
d e f m i ç ã ° d e g e n e d a d a p o r M e n d e l c o m o s e n d o o p o r ta d o r in v a r iá v e l d o s
A ilu s tr a ç ã o d o t o p o
m o s tr a u m e s tá g io tra ç o s h e r e d itá r io s, su a id e n tific a ç ã o q u ím ic a p o r A v e r y (e c o n fir m a d a p o r
p r e c o c e , a s e g u in te H e r s h e y ) e a e lu c id a ç ã o p o r W a t s o n e C r ic k d a b a s e r e p lic a tiv a in v a r iá v e l
u m e m b r iã o d e
de sua estru tura, rep resen ta m , sem a m e n o r d ú v id a , as d e s c o b e r ta s m a is
q u a tr o d ia s e a s
o u tr a s d u a s e s tá g io s im p o rta n tes da b io lo g ia . E v id e n te m en te te m o s d e a crescen tar a essas a
s u b s e q ü e n te s . t e o ria d a s e le ç ã o n a tu r a l, m a s s e m n o s e s q u e c e r m o s d e q u e a v a lid a ç ã o ,
b e m c o m o a sig n ific a ç ã o real d e sta ú ltim a fo r a m e sta b e le c id a s p o r a q u e la s
d e s c o b e r t a s p o s t e r i o r e s a ela .
O m o d e lo d o A D N lev a n a tu r a lm e n te a o p r o c e s s o d e r e p lic a ç ã o
q u e, m esm o a n tes d o a p a r e c im e n to d o sex o , era fu n d a m en ta l à
v id a . Q u a n d o u m a c é lu la se d iv id e , a s d u a s e sp ir a is se se p a r a m .
C ada base d e te r m in a a p o siç ã o da 0 l:ltra n o p a r a o q u a l e la p e r
ten ce. E ste rep resen ta o p o n to d e r e d u n d â n c ia n a h é lic e d u p la :
c a d a m e ta d e e n c e r r a to d a a m e n s a g e m d e in str u ç õ e s, e, na d iv isã o
c e lu la r , o m esm o gene é r e p r o d u z id o . A q u i, o n ú m e r o m á g ic o
d o is rev ela a m a n e ira a tra v és d a q u a l u m a c é lu la tr a n sm ite su a
id e n t id a d e g e n é t ic a a o se d iv id ir .
A e sp ir a l d o A D N n ã o é u m m o n u m e n t o . E la é u m a in str u ç ã o ,
u m m ó b ile v iv e n te a d iz e r às c é lu la s c o m o d e v e m lev a r a c a b o o
p rocesso d a v id a , e ta p a p o r e ta p a . A v id a s e g u e u m c a le n d á r io , e
as e sp ir a s d a e sp ir a l d o A D N c o d ific a m e sin a liz a m a se q ü ê n c ia
na qual os even to s d evem a co n tecer. A m a q u in a r ia d a c é lu l a lê
as e sp ir a s s e g u in d o u m a o r d e m , u m a a p ó s o u tra . U m a seq ü ê n c ia
d e tr ê s e sp ir a s a g e c o m o sin a l p a ra q u e a c é lu la fa b r iq u e u m á cid o
a m in a d o . C o m o os á cid o s a m in a d o s são sin te tiz a d o s em um a
ord em d e te r m in a d a , e le s se a lin h a m e se u n e m fo rm a n d o p ro teí
n a s d e n tr o d a s c é lu la s. E as p r o te ín a s sã o o s a g e n te s e as u n id a d e s
d e c o n s t r u ç ã o d a v id a n o in te r io r d a c é lu la .
C a d a u m a d a s c é lu la s d o c o r p o é p o r ta d o r a d e to d o o p o te n c ia l
para gerar o a n im a l in teir o , c o m ex ceçã o d o e sp er m a to z ó id e e
do ó v u lo . O e sp e r m a to z ó id e e o ó v u lo são in c o m p le to s; e, e sse n
c ia lm e n te , rep resen ta m c é lu la s p ela m eta d e: são p o rta d o res de
m e tad e d o n ú m ero to ta l d e g e n e s. Q u a n d o o ó v u lo é fe r tiliz a d o
p e lo e sp erm a to zó id e, os genes de cada u m d eles se ju n ta m em
pares, da m a n eira p rev ista p o r M e n d e l, e a to ta lid a d e d a s in fo r
m a ç õ es é n o va m en te recuperada. A ssim , o ó v u lo fe r tiliz a d o
ta m b ém é um a c é lu la co m p leta , e, p o rta n to , u m m o d e lo para
q u a lq u e r c é lu la d o c o r p o , u m a v e z q u e to d a c é lu la se d e r iv a d e le 3 95
A Escalada do Homem
O r e c é m -n a sc id o já é u m in d iv íd u o a p a rtir d o n a sc im e n to . O
a co p la m en to d o s g e n e s d o s p a is c o n s t i t u i a f o n t e d a d iv e r s id a d e .
A c r ia n ç a herda d on s tan to d o pai co m o da m ãe, e o acaso
c o m b in o u e ss e s d o n s e m a rr a n jo s n o v o s e o rig in a is. M a s a c r ia n ç a
não é u m a p r isio n e ir a d e s u a h e r a n ç a ; e la m a n t é m sua heran ça
g en ética n a fo r m a d e u m a n o v a c r ia ç ã o q u e se m a n ife s ta r á p o r
in flu ê n c ia d e a ç õ e s fu tu ra s.
A c r ia n ç a é u m in d iv íd u o . A a b e lh a n ã o o é, p o r q u e o z a n g ã o
é u m a u n id a d e d e u m a sér ie d e c ó p ia s id ê n tic a s. E m u m a c o lm é ia ,
a ra in h a é a ú n ic a a b e lh a f ê m e a fé r til. Q u a n d o , e m p le n o ar, e la
se cru za c o m o za n g ã o , o s esp er m a to z ó id e s d este são m a n tid o s
por e la , guardados; en q u a n to o zan gão m orre. A o lib e r a r u m
e sp er m a to z ó id e ju n ta m e n te c o m u m d e seu s ó v u lo s, a ra in h a v a i
d ar o rig e m a um a o b reira - u m a a b e lh a fê m e a . S e , p o r o u tro
la d o , lib e r a r u m ó v u lo d esacom p an h ad o d e e sp er m a to z ó id e , vai
se fo rm a r u m zan gão - u m a a b e lh a m a c h o , e m u m a esp écie d e
c o n c e p ç ã o -v ir g e m . N e sse p a r a íso d o to ta lita r ism o , e te r n a m e n te
lea l e im u tá v e l, a a v en tu ra da d iv e r sid a d e foi e x c lu íd a ; e é a
d iv e r s id a d e a fo r ç a q u e im p e le a e v o lu ç ã o n o s a n im a is m a is d e
se n v o lv id o s e n o h o m e m .
U m m u n d o tã o r íg id o q u a n t o o d a s a b e lh a s p o d e r ia s e r c r ia d o 197
E m tod a colm éia a
e n tr e a n im a is s u p e r io r e s, m e s m o e n tr e h o m e n s , p e lo p r o c e s s o d a rain h a é a ú n ic a
c lo n a ç ã o : isto é, g e r a n d o u m a c o lô n ia o u c lo n e d e a n im a is id ê n f ê m e a fértil.
A b e l h a r a in h a
tic o s a p a rtir d e c é lu la s d e u m ú n ic o p r o g e n ito r . C o m e c e m o s c o m
c ir c u n d a d a p o r
u m a p o p u la ç ã o h e te r o g ê n e a d e u m a n fíb io , o a x o lo tle . S u p o n h a s u a s f ilh a s o b r e ir a s .
m o s q u e n o s tiv é sse m o s d e c id id o p o r u m tip o , o a x o lo tle m a n - P u sa A g r ic u ltu r a l
R e s e a r c h I n s titu te ,
3 96 c h a d o . A ssim , to m a m o s a lg u n s o v o s d e u m a fê m e a m a n c h a d a e ín d ia .
198
Um mundo
regim en ta d o, cada
a x o lo tle sen do u m a
c ó p ia id ên tica d o
o u tro , e cada um
u m p a r to d e v irgem .
A f ig u r a d o t o p o à
e sq u e r d a m o s tr a u m
ó v u lo n ã o -fe r tiliz a d o
s e n d o e x tr a íd o d e
u m a a x o lo tle b ra n ca .
A s e g u n d a fig u r a
m o s tr a u m a
m ic r o p ip e ta
in tr o d u z in d o u m a
(d e um n ú m ero d e
c é lu la s id ê n tic a s )
c é lu la d e a x o lo tl e
m anchado em u m
ó v u lo . a p ó s a
rem oção d e
se u n ú c le o .
A te r c e ir a f ig u r a
m o s tr a u m c lo n e d e
v á r io s ó v u lo s n o s
p r im e ir o s e s tá g io s
d e d iv is ã o . e a
ú ltim a f ig u r a
m o s tr a c lo n e s d e
a x o lo tle s d e trê s
m e s e s d e id a d e .
A ilu s tr a ç ã o à d ir e ita
é um a com paração
d ia g r a m á tic a d e
d ife r e n ç a s d e
p o p u la ç õ e s c lo n a d a s
e n o r m a is d e
a x o lo tle s . O s
a x o lo tle s c lo n a d o s
s ã o c ó p ia s id ê n tic a s
d e su a p r o g e n ito r a
m anchada. U m
c r u z a m e n to
m a n c h a d o -b ra n c o
p r o d u z p r o g e n ia
m ista n a s g e r a ç õ e s
s e g u in te s .
A Escalada do Homem
201
O d im o rfism o sexual
é d isc r e to na
esp écie hum ana.
O g o r ila m a c h o
a d u lto ch eg a a p esa r
d u a s v e z e s m a is
d o q u e su a
c o m p a n h e ir a .
Â
A Escalada do Homem
ju lg á -lo : s o m o s a ú n ic a e sp é c ie n a q u a l a fê m e a a p r e s e n ta o r g a s m o ,
p o r m a is e str a n h o q u e iss o p o ss a p a recer. T a l e x c e ç ã o in d ic a q u e ,
d e m o d o g er a l, h á m u it o m e n o s d ife r e n ç a s e n tr e h o m e m e m u lh e r
(n o se n tid o b io ló g ic o e n o c o m p o r ta m e n to se x u a l) d o q u e en tre
m a ch o e fê m e a n a s o u tra s esp écies. E m b o r a e ssa a fir m a ç ã o soe
d e s p r o p o s ita d a , p a ra o g o r ila o u o c h im p a n z é , e sp écies ta m b é m
e x ib in d o g r a n d e s d ife r e n ç a s e n tr e m a c h o e f ê m e a , e la seria ó b v ia .
E m lin g u a g e m b io ló g ic a , o d im o r fism o s e x u a l é p e q u e n o n a e sp é
c ie h u m a n a .
D e v ía m o s parar p o r a q u i c o m n o ssa s e sp e c u la ç õ e s b io ló g ic a s.
E n treta n to , há u m p o n to na fr o n te ir a e n tr e b io lo g ia e c u ltu r a
q u e r e a lm e n t e s u b lin h a a s im e tr ia d o c o m p o r t a m e n t o s e x u a l; d ir ia
m esm o ser e le m a rcan te. E é ó b v io . S o m o s a ú n ica esp écie a
c o p u la r fa c e a fa c e , e isso é g e n e r a liz a d o e m to d a s a s c u ltu r a s . E m
m in h a m en te ta l p rá tica e x p r e s sa a e x is tê n c ia d e u m a ig u a ld a d e
geral q u e fo i e c o n tin u a sen d o im p o r ta n te n a e v o lu ç ã o d o h o m e m .
E u a situ a r ia a o t e m p o d o A u s tr a lo p ith e c u s e d o s p r im e ir o s fa b r i
ca n tes d e ferram en tas.
Por que d ig o isso ? B e m , c o n c o r d o q u e a lg o m a is te m d e ser
e sc la r e c id o . T e m o s d e e x p lic a r a r a p id e z d a e v o lu ç ã o h u m a n a a o
lo n g o de u m esp aço de tem p o d e, d ig a m o s, n o m á x im o c in c o
m ilh õ e s d e a n o s . E la fo i te r r iv e lm e n te r á p id a . A s e le ç ã o n a tu r a l
s im p le s m e n te n ã o a tu a a ssim tã o r a p id a m e n te n a s o u tra s e sp é c ie s
a n im a is. N ó s, h o m in íd e o s, d e v em o s ter e n c o n tr a d o u m a fo rm a
d e s e le ç ã o q u e n o s é p a r tic u la r ; e n e s te c a s o , a e s c o lh a ó b v ia seria
a seleçã o sex u a l. A tu a lm e n te , já p o d e m o s d isp o r d e in d íc io s d e
q u e as m u lh e r e s se c a sa m com h o m e n s q u e lh es s ã o in te le c tu a l
m en te a fin s , e, é c la r o , o c o n tr á r io tam b ém se dá. E sse tip o de
p r e fe r ê n c ia te n d o -se in ic ia d o h á m a is d e u m m ilh ã o d e a n o s p o d e
sig n ific a r q u e a s e le ç ã o d e h a b ilid a d e s s e m p r e f o i im p o r ta n te p a ra
2 02
am b os os sexos.
“ P o is se o a m o r
A cred ito m esm o que tão lo g o os precursores do h o m em se corre e m m istérios
to r n a r a m á g e is c o m suas m ãos, e co m eça ra m a fa b rica r fe r r a m e n n a a lm a , o c o r p o
a in d a é su a f o n t e .”
tas, e in te lig e n te s c o m seu s cérebros, a p o n to de p o d erem p la n e A s m ãos de
já -la s, o á g il e o in te lig e n te d e s fr u ta r a m v a n ta g e n s se le tiv a s. E ste s G io v a n n i A r n o lfin i,
c o m e r c ia n te d e
eram c a p a z e s d e m a n te r m a io r n ú m e r o d e c ô n ju g e s e filh o s e m L u c c a , e d e s u a n o iv a ,
m elh o res c o n d iç õ e s d e a lim e n ta ç ã o d o q u e o s o u tro s. A dar cré G io v a n n a C e n a m i -
filh a d e u m
d ito à m in h a h ip ó te s e , e la fo r n e c e r ia u m a e x p lic a ç ã o p a r a a r a p i
c o m e r c ia n te
dez da e v o lu ç ã o h u m a n a ; e s ta te r ia s id o d o m in a d a p o r a q u e le s e s ta b e le c id o e m
P a ris - , p in ta d o e m
e sp éc im e s d e d e d o s á g e is e p e n s a m e n to r á p id o , o s q u a is te r ia m
404 sid o r e sp o n sá v e is p ela a celera çã o observada no caso da n ossa
1 4 3 4 p o r Jan
van E yck.
A Escalada do Homem
406 h om em .
“ O C a s a m e n to " d e
M a r e C h a g a ll.
Geração Após Geração
A ssim , c a la d o s, p e r m a n e c ía m o s
N a m e s m a a titu d e , o d ia to d o .
M a s, a i, p o r t a n t o t e m p o , n o s s o s c o r p o s ,
P o r q u e r e tê -lo s a ssim tã o d ista n tes?
O s m is t é r io s d o a m o r c r e s c e m n a a lm a
M a s é o c o r p o o liv ro e m q u e se tr a d u z e m .
L o u is P a s te u r d ita n d o p a ra
su a e s p o s a M a r ie , e m u m a ca sa
d e fé r ia s e m P o r t G is q u e t,
J a m e s e E l iz a b e th W a ts o n , em 1865.
t r ê s h o r a s a n te s d o c a s a m e n to ,
n a c a sa d o a u to r e m L a J o lia ,
C a lifó r n ia , 1 9 6 8 .
M a r ie C u r ie e s e u m a r id o P ie rr e .
Ludwig Boltzmann com sua esposa Henrietta em 1875.
M a x B o m , su a e s p o s a H e d w ig
e o filh o d o c a s a l e m fé ria s
e m u m a p r a ia , 1 9 2 5 .
204
A p r e o c u p a ç ã o c o m a e sco lh a d o
côn ju ge, tan to p or p a rte d o
h o m e m c o m o da m u lh er, m e
p a r e c e ser a c o n tin u a ç ã o d o e c o
d a p o d e r o s a fo r ç a seletiv a q u e
n o s f e z evo lu ir.
J o h n v o n N e u m a n n e s u a e s p o s a K la r a , 1 9 5 4 .
13 A LONGA INFÂNCIA
P en sa r n a ju s tiç a c o m o r e p r e se n ta n d o u m a p a rte d o e q u ip a m e n to
b io ló g ic o d o h o m em p od e ser ch o ca n te, de certa form a. N o
en tan to, fo i exa tam en te o p en sam en to q ue. m e le v o u d a físic a à
b io lo g ia , e, desde o in íc io , m e fez c o m p r e e n d e r q u e a v id a do
h o m e m , s e u la r, é o lu g a r a d e q u a d o p a ra se e s tu d a r su a s in g u la r i
d a d e b io ló g ic a .
2 05
T ra d ic io n a lm e n te , é n a tu r a l q u e a b io lo g ia seja a b o r d a d a de
A cim a de tu d o ,
n o s s a ci^ vilizaçã o um a m a n e ira d i f e r e n t e : i s t o é , a s e m e l h a n ç a e n t r e o h o m e m e os
adora o sím b o lo
a n i m a is é que a d o m in a . H á m u ito t e m p o , lá p e lo s id o s d e 2 0 0
d a cria n ça.
D a V i n c i : “A d .C ., C lá u d io G a le n o , o g ra n d e a u to r c lá ssico d a m e d ic in a , e stu
M adona das d o u , p or e x e m p lo , o a n te b r a ç o d o h o m e m . E c o m o o fez? D isse
R o c h a s ”. L o u v r e ,
P a ris . c a n d o o a n te b r a ço d e u m m a c a c o a n tr o p ó id e . T a l fo i a a b o r d a g e m 411
A Escalada do Homem
in ic ia l, e n e c e ssá r ia , u s a n d o -s e in d íc io s c o lh id o s e m a n im a is m u ito
a n tes d a teo ria d a e v o lu ç ã o tê -lo s ju stific a d o . A ssim , m e s m o n o s
d ia s d e h o je, o m a r a v ilh o so tra b a lh o d e K o n r a d L o r e n z so b r e o
c o m p o r ta m e n to a n im a l n o s in d u z , n a tu r a lm e n te , a b u sc a r p o n to s
c o m u n s e n t r e o p a t o , o tig r e e o h o m e m ; o u , d a m e s m a f o r m a , o s
estu d o s de B . F . S k in n er c o m o p o m b o e o r a to . T o d o s e le s n o s
d iz em a lg u m a c o isa a r e sp e ito d o h o m e m , m a s n ã o p o d em nos
d iz er tu d o . N ã o p o d e r ia ser d e o u tr a m a n e ira , p o r q u e , se o h o
m em não tiv e sse a lg u m a s q u a lid a d e s q u e lh e fo s s e m ú n ica s, o s
p a tos esta r ia m fazen d o c o n ferên cia s sobre L oren z e os rato s
e sc r e v e n d o tr a b a lh o s so b r e S k in n er.
M a s, n ã o fiq u e m o s a tir a n d o a e s m o . O c a v a lo e o c a v a le ir o tê m
em co m u m m u ita s c a r a c te r ístic a s a n a tô m ica s. E n treta n to , é a
c r ia tu r a h u m a n a que m o n ta o c a v a lo e n ã o o c o n tr á r io . E e ste é
u m e x e m p lo m u ito a p ro p ria d o , u m a vez q u e o h o m em não foi
c r ia d o para ca v a lg a r. N ão há n en h u m c ir c u ito d en tro de n osso
cérebro que n o s d eterm in e a m on tar u m ca v a lo . A n d a r a c a v a lo
é u m a in v e n ç ã o c o m p a r a tiv a m e n te r e c e n te , d a ta d e h á m e n o s d e
c in c o m il a n o s. N o en tan to, su a in flu ê n c ia e m n o ssa estru tu ra
so c ia l f o i im e n sa .
A p la stic id a d e do com p o rta m en to h u m an o torn ou p o ssív e l
essa p rá tica . E ssa p la stic id a d e é que n o s c a r a c te r iz a e m n ossas
in s titu iç õ e s s o c ia is , é c la r o , m a s , p a r a m im , e la se e n c o n t r a s o b r e
tu d o nos liv ro s, porque estes rep resen ta m o p ro d u to to ta l e
p erm a n en te dos in teresses d a m e n te h u m a n a . Para m im e le s se
a sse m e lh a m à m em ó ria de m eus p a is: Isaac N e w to n , o g ra n d e
h o m em d o m in a n d o a R o y a l S o c ie ty , n o in íc io d o s é c u lo X V II I
e W illia m B la k e, escrevendo S on gs o f In n ocen ce (C a n ç õ e s da
I n o c ê n c ia ) no fin a l do m esm o séc u lo . E les rep resen ta m d o is
a sp ectos de u m a m esm a m en te, e a m b o s são o que os b ió lo g o s
d o com p o rta m en to costu m a m d e n o m in a r “ e sp éc ie -e sp e c ífic a ” .
C o m o p o d e r ia e u e x p o r e sse p r o b le m a d e u m a m a n e ir a m a is
sim p le s? E scr e v i u m liv r o r e c e n te m e n te in titu la d o T h e I d e n tity
2 06
o f M a n (A I d e n tid a d e d o H o m e m ). S ó v i a c a p a d a e d iç ã o in g le sa Apenas o hom em
d e p o is d e o liv ro im p r e ss o . N o e n ta n to , o a rtista a p r e e n d e u c o m a sp ira ser as d u a s
coisas ao m e sm o
e x a tid ã o o q u e estava e m m in h a m e n te , a o c o m p o r a ca p a c o lo tem po - um
can d o u m d esen h o d o cérebro ju n ta m en te co m a M o n a L is a , u m s o litá r io socia l.
O s d o z e d is c íp u lo s ,
sob re o o u tro . E m su a c o m p o s iç ã o , m o s tr o u o q u e o liv r o d iz ia . d e um a cru z d e
A sin g u la r id a d e d o h o m em está n o fa to , n ã o d ele ser c a p a z d e g r a n ito d o s é c u lo
IX , em M oone,
fa z e r c iê n c ia o u d e r e a liz a r tr a b a lh o s a r tís tic o s , m a s , s im , d a c iê n
C o u ty K ild a r e ,
412 c ia e d a a rte d e s e r e m e x p r e s s õ e s d e su a m a r a v ü h o s a p la s tic id a d e E ir e .
ie^EvV,’JaMH
V
* ê
5K*,zrr -
mtr/ yy,-t m* ê& *l1
êê '!
v jê JÊÊÊÊÊÊL^/W hLjêè
fi Á s
t C r .«f
Wt¥w£' Wm %
\ff-j O»
U **>\
*»■ » t i * * » » * ^
r i à s *sr f
A vP | *<*'/ V -**f H í > 1
■■■■
-*vfv/yv ^ w/fr
w«'
t
^y-V JÍ/íí **3 £»
j fcjpf
tJ Ç jjfL j Sy k>/4~'<?rw ) i ■
,
'A É Ê t^ M " \ • » > »
jg O fQ - ^ n fft in )
t i f í á w r t /" r ‘ ' f
" X £? a -í u M ’ « ' » » * • - m o f <« «•«
A Longa Infância
208
O h o m e m é esp ecial
n ã o p o r q u e ele fa z
c iên cia, e e le é
esp ecial n ã o p o rq u e
f a z arte, m a s, sim ,
p o rq u e c iê n c ia e arte
são ig u a lm en te
exp ressõ es de sua
m a ra v ilh o sa
p la sticid a d e m e n ta l.
O a u to r e m s u a ca sa
c o m u m m o ld e d o
c râ n io d a c r ia n ç a
d e Taung.
U m e x e m p Ú lr d e s e u
liv r o " T h e I d e n t i t y
o fM a n " é v is to
so b re a m esa . L a
f o lia , C a lifó r n ia ,
1973.
415
A Escalada do Homem
T o m e m o s a m ã o em p r im e ir o lu g a r. A e v o lu ç ã o recen te do h o
m em co m eça , certam en te, co m o a v a n ça d o d e se n v o lv im e n to d a
m ã o , e a sele ç ã o d e u m cér e b r o o q u a l é p a r ticu la rm en te a d a p ta d o
à c a p a c id a d e m a n ip u la tó r ia d e se n v o lv id a . E sse p ra zer, n ó s o se n
tim o s n a s a ç õ e s q u e p r a tic a m o s , d e tal fo r m a q u e a m ã o se to r n o u
o g r a n d e s ím b o lo p a r a o a rtista : a s m ã o s d o B u d h a , p o r e x e m p lo ,
tr a n sm itin d o aos h o m en s o d o m d a h u m a n id a d e em u m gesto
c a lm o , e x p r im in d o a a u sê n c ia d o m e d o . T a m b é m , p a ra o c ie u tista ,
reserva u m g esto esp ecia l: p o d em o s op or o p o le g a r a o s o u tr o s
dedos. B e m , m a s os a n tro p ó id e s o fa z e m ig u a lm e n te . N ã o ig u a l
m e n te . A o p o s iç ã o p e r fe ita d o p o le g a r c o n tr a o d e d o in d ic a d o r é
u m a c a r a c te r ís tic a ú n ic a d o h o m e m . E e sse a to p o d e ser r e a liz a d o
p o rq u e há n o céreb ro u m a área tã o gran d e q u e só p od erei d escre
v ê-la da seg u in te m a n eira : há m a is m a té r ia c in z e n ta cerebral
a lo ca d a a o c o n tr o le d o p o le g a r d o q u e a r e serv a d a a o c o n tr o le d o
tóra x e d o a b d o m e ju n to s.
L em b ro -m e de m in h a a d m ira çã o , de jo v em p a i, debruçado
sobre o b erço d e m in h a p r im e ir a filh a , q u a n d o e la c o n ta v a n ã o
m a is d e q u a tro o u c in c o d ia s. P e n sa v a : “ E s se s d e d in h o s m a r a v i- 417
2 1 0
A fêm ea ex p lo d e em
excitam en to, en tão
e la realiza u m a
seq u ê n c ia d e a to s
q u e lev a m à
con stru ção de um
n in h o p erfeito .
A pom b a tece
seu n in h o
a u tom atica m en te.
D u ran te a corte e a
con stru ção do
n in h o o m a ch o é
um a fon te de
e s t ím u lo s v isu a is e
a u d itiv o s.
D a n ie l L e h rm a n e m
u m a a u la s o b r e o
c o m p o r ta m e n to
sex u a l d o p o m b o ,
m in is tr a d o n o
I n s titu to S a lk e m
fe v e r e ir o d e 1 9 6 7
f c ü £ * t >*''{*
« P » > ^ t >' i *
F * 11
N- M j -ÍP Sy
%
A Longa Infância
lh o s o s , p e r fe ito s e m c a d a ju n ta , a té as u n h a s. N e m se m e d essem
u m m ilh ã o d e a n o s d e p r á tic a e u o s te r ia p la n e ja d o c o m tan to
d e ta lh e ” . M as, n o e n ta n to , fo ra m ex a ta m en te u m m ilh ã o d e a n o s
que g a stei, u m m ilh ã o d e a n o s q u e g a sto u a h u m a n id a d e , para a
m ã o c h e g a r a d ir ig ir o c é r e b r o , o c é r e b r o r e tr o a lim e n ta r a m ã o e
a m b o s a lc a n ça r e m o p resen te e stá g io d e e v o lu ç ã o . E tu d o isso
o co rren d o em u m a reg iã o m u ito e sp e c ífic a d o c é reb ro . T o d o s os
m o v im e n to s d a m ã o sã o c o n tr o la d o s e sse n c ia lm e n te p o r u m a p a r
te d o c é r e b r o q u e p o d e ser id e n tifica d a p e r to d o to p o d a ca b eç a .
T o m e m o s a go ra u m a o u tr a área, e sp e c ific a m e n te h u m a n a e n ã o
en con tra d a em n en h u m a o u tr a e s p é c ie a n im a l: a d o c o n tr o le d a
fa la . T a l c o n tr o le e s tá lo c a liz a d o e m d u a s á rea s in ter c o n e c ta d a s
d o cérebro h u m an o ; um a d ela s p r ó x im a a o c e n tr o d a a u d iç ã o e
a o u tr a m a is à fr e n te d e s ta e p a ra c im a , n o p ó lo fr o n ta l. E sta r ia m
seus m e c a n ism o s p ré-esta m p a d o s em seu s c ir c u ito s n e u r a is? S im ,
em u m c e r t o s e n tid o , u m a v e z q u e se o s c e n tr o s d a fa la fo r e m
lesa d o s, essa a tiv id a d e se to r n a im p o s s ív e l. C o n t u d o , e la te m de
s e r a p r e n d id a , n ã o ? É c la r o q u e sim . E s to u fa la n d o in g lê s, lín g u a
que só v im a a p r e n d e r a o s tr e z e a n o s ; m a s e u n ã o p o d e r ia fa la r
in g lê s se a n te s n ã o tiv e ss e a p r e n d id o u m a lin g u a g e m . S e u m a c r i
a n ç a f o r d e ix a d a s e m a p r e n d e r a fa la r a té o s tr e z e a n o s, e n t ã o e la
será p ra tic a m e n te in c a p a z d e a p r e n d e r q u a lq u e r lin g u a g e m . E u
fa lo in g lê s p o r ter a p r e n d id o p o lo n ê s a o s d o is a n o s. E m b o r a te n h a
e s q u e c i d o p r a t i c a m e n t e t u d o d o p o l o n ê s , a p r e n d i u m a lin g u a g e m .
O m esm o a co n tece com o u tro s d o n s q u e o céreb ro h u m a n o tem
a p o te n c ia lid a d e d e a p ren d er.
A s á r e a s d a fa la s ã o sin g u la r e s e m u m a o u tra m a n eira , q u e é
p e c u lia r ao h o m em . V o cês sab em q u e o cérebro h u m a n o não
a p resen ta sim e tr ia e n tr e as su as d u as m e ta d e s o u h em isfério s. A
p ro v a d isso n o s é fa m ilia r , p o s t o q u e, d ifer e n te m e n te d e o u tro s
a n im a is, o h o m em é m a rcad a m en te d estro o u can h oto . A fa la
211 ta m b ém é c o n tr o la d a por apenas um h e m is fé r io c en tra l, m a s o
A m enos que a
cria n ça a p ren d a a la d o n ã o v a r ia . Q u e r s e j a m o s d e s tr o s o u c a n h o t o s o c o n t r o le d a
a ju sta r c o n ju n to s fa la se lo c a liz a q u a se q u e e x c lu s iv a m e n te n o h e m is fé r io e s q u e r d o .
d e b lo c o s , o ser
h u m a n o n ã o será H á e x c e ç õ e s , é c la r o , d a m e s m a fo r m a q u e a lg u m a s p e s so a s tê m
ca p a z d e con stru ir seus corações lo c a liz a d o s n o la d o d ir eito , m a s as e x c e ç õ e s sã o
co isa a lg u m a .
rara s: a s á rea s d e fa la p o d e m , a ssim , ser c o n s id e r a d a s c o m o e s ta n
O a u to r e m
G r a n tc h e s te r , d o n a m e t a d e e s q u e r d a d o c é r e b r o . E o q u e e sta r ia n a s á rea s c o r
C a m b r id g e , c o m resp o n d en tes da m eta d e d ireita ? A té agora a in d a não áabem os
seu n e to D a n ie l
B r u n o J a r d in e . c o m p r e c isã o . N ã o s a b e m o s e x a ta m e n te q u a l é a fu n ç ã o das á rea s 421
A Longa Infância
A o r g a n iz a ç ã o d a e x p e r iê n c ia a tin g e u m lo n g o a lc a n ce n o h o m e m ,
e seus m e c a n ism o s se a lo ja m n a te r c e ir a á re a d e e s p e c ific id a d e
h u m an a d o cérebro. A o r g a n iz a ç ã o d a a tiv id a d e s u p e r io r d o h o
m em se lo c a liz a n o s lo b o s fr o n ta is e p r é -fr o n ta is. E u , ig u a lm e n te
2 1 2 a to d o s o s o u tr o s h o m e n s , te n h o a fr o n te a lta e a testa a r r e d o n
A e v o lu çã o recen te
dada, o q u e n ós dá u m p r e te n s o ar in te le c tu a l. M a s a c r ia n ç a d e
do hom em
com eça com o T au n g n ã o a p r e s e n ta essa c a r a c te r ístic a . S e u c r â n io n ã o p o d e ser
d esen v o lv im en to c o n fu n d id o c o m o d e u m a c r ia n ç a q u e m o r r e u e se fo s s iliz o u ; h á
precoce da m ão e de
u m cérebro u m grande co n tra ste en tre os d o is, e v id e n te n a fro n te cu rta e
p a rticu larm en te in c lin a d a d o fó ssil.
ad ap tad o a
com andar a E x a ta m e n te , q u a l é e n tã o a fu n ç ã o d esses g ra n d es lo b o s fro n
a tiv id a d e ta is? E la s p o d e m se r v á r ia s, m a s n e n h u m a d e la s m u it o e s p e c íf ic a
m a n ip u la tó ria da
o u im p o r t a n t e s p o r si s ó . E la s n o s p e r m it e m p la n e ja r a ç õ e s fu tu r a s
m ã o . C o n sid e r e ^ e
e m seg u id a u m a área e esp era r p o r r e c o m p e n sa s. E x p e r im e n to s lin d o s fo r a m r e a liz a d o s
e sp ecifica m en te
por W a lter H u n te r s o b r e e ssa c a p a c id a d e d e r e sp o s ta r e ta r d a d a ,
hum ana que não
e x is te e m q u a lq u e r em to rn o de 1 9 1 0 , o s q u a is fo r a m r e fin a d o s p o ste r io r m e n te p o r
o u tro cérebro J acob sen na d écad a de 1 9 3 0 . O que H u n ter fe z fo i o seg u in te :
d e a n im a l: a á re a d a
fala. E sta se lo c a liz a to m a v a u m a recom p en sa q u a lq u e r , m o stra v a ao a n im a l, e, e m
e m d u a s áreas se g u id a , a e sc o n d ia . O s r e su lta d o s e n c o n tr a d o s n o a n im a l p r e d i
in tercon ectad as do
leto d o s la b o r a tó rio s, o rato , fo ra m típ ic o s. M o str a d a a r e c o m
cérebro hum ano;
u m a ju n to a o cen tro pensa p o ste r io r m e n te e sc o n d id a , q u a n d o lib e r to , im e d ia ta m e n te
da a u d içã o e a
e le a e n c o n tr a s e m d ific u ld a d e . E n tr e ta n to , se o r a to fo r m a n tid o
o u tra m a is
a n terion n en te, n o esp eran d o por a lg u n s m in u to s , e n tã o e le n ã o sa b erá e sc o lh er o
lo b o fro n ta l. c a m in h o q u e o lev a ria à r e c o m p e n s a .
D ia g r a m a d o á re a
m o to r a d o c é r e b r o E v id e n te m e n te , c r ia n ç a s a g e m d ife r e n te m e n te . H u n te r r e a liz o u
h u m a n o , m o s tr a n d o o m esm o tip o d e ex p erim en to com c r ia n ç a s, e o r e su lta d o era o
a p r e d o m in â n c ia d o s
m e s m o , se c r ia n ç a s d e c in c o ou seis a n o s e s p e r a s s e m a lg u n s m i
á re a s r e s p o n s á v e is
p e la a tiv id o d e n u to s, m e ia h o ra o u m e s m o u m a h o ra. U m a das g arota s d o e x p e
m a n ip u la tó r ia d o s
r im e n to de H u n ter, q u e e le ten ta v a en treter co m h istó r ia s,
m ã o s e a s á reas d e
W e m ic k e e d e B r o c a en q u a n to d e ix a v a tran scorrer o tem p o program ad o, d e p o is d e
- á re a s d o fa la - , v á r io s m in u to s de con versa fez a seg u in te o b serv a çã o : “ S a b e, eu
n o h e m is fé r io
esq u erd o . a c h o q u e v o c ê está a p en a s te n ta n d o m e fazer e sq u e c er ” . 423
A Escalada do Homem
A h a b ü id a d e d e p la n eja r a ç õ e s n o fu tu r o , p a r a as q u a is a r e c o m
p e n sa e stá m u ito d ista n c ia d a n o te m p o , a p a r e c e c o m o e la b o r a ç ã o
d a resp o sta retard a d a, e o s so c ió lo g o s a c h a m a m “ p o sterga m en to
d a g r a tific a ç ã o ” . T r a ta -se d e u m a c a r a c te r ístic a fu n d a m e n ta l d o
cérebro h u m an o , sem n en h u m e q u iv a le n te , m e s m o ru d im en ta r,
nos o u tro s a n im a is, a não ser a q u e le s m a is a v a n ç a d o s n a lin h a
e v o lu tiv a ; é o c a s o d o s n o s s o s p r im o s, o s p r im a ta s n ã o -h u m a n o s.
E sse d e s e n v o lv im e n to h u m a n o s ig n ific a q u e n o ss a e d u c a ç ã o p r e
coce tem a ver d e fato c o m o a d ia n ta m e n to d e d e c isõ e s. N o t e m
que esto u d iv e r g in d o u m p o u co d o s s o c ió lo g o s . N ó s te m o s d e
a d ia r o processo d e to m a r d e c isõ e s, d e m o d o a p o d e r a cu m u la r
c o n h e c im e n to s, a fim de nos prepararm os para o fu tu ro . E ssa
a fir m a ç ã o p od e lh es parecer su rp reen d en te; no en tan to, e la
e n cerra o sig n ific a d o d a in fâ n c ia , d a a d o le sc ê n c ia e ta m b é m da
ju v en tu d e.
D e s e jo , a g o ra , dar u m a g ra n d e ê n fa se , d ra m a tiza r m e s m o , a o
a d ia m e n to d e d e c is õ e s — e e ste te r m o t e m d e ser to m a d o e m seu
s e n t id o lite r a l. Q u a l é o m a io r d r a m a d a l ín g u a in g le s a ? É H a m le t.
E a p eça , d o q u e tra ta ? C o n ta a h istó r ia d e u m j o v e m — u m g aroto
— e n f r e n t a n d o a p r im e ir a g r a n d e d e c is ã o d e su a v id a . U m a d e c i
são a lé m d e su a c a p a c id a d e : m a ta r o a s s a s s in o d e seu p a i. D e n a d a
a d ia n ta a in stig a ç ã o d o E s p e c tr o : “ V in g a n ç a ! V in g a n ç a !” . O fa to
é q u e H a m le t, s e n d o a d o le s c e n te , a in d a n ã o a d q u ir ir a m a tu r id a d e .
I n te le c tu a l e e m o c io n a lm e n t e a in d a n ã o e s t a v a m a d u r o p a r a p o d e r
r e a liz a r o a to q u e d e le se e x ig ia . A p e ç a to d a é u m a s e q ü ê n c ia s e m
fim de a d ia m e n to s de d e c isõ es, en q u a n to H a m le t lu ta c o n sig o
m esm o.
O p o n to a lto d a p e ç a v a m o s e n c o n tr á -lo n o m e io d o te r c e ir o
a to . H a m le t o b se r v a o R ei e n q u a n to este reza. A d isp o siçã o d o
c e n á r io é d e ix a d a d e ta l fo r m a in d e fin id a q u e e le p o d e r ia m e s m o
o u v ir as p r e c e s d o R e i, e n e la s a c o n fis s ã o d o c r im e . E o q u e d iz
H a m le t? “ S im , a go ra te n h o d e fa zê-lo — p r o n to !” M a s n ã o o faz;
sim p le sm e n te n ã o está p rep a rad o para u m a to d essa m a g n itu d e
em su a a d o le sc ê n c ia . A ssim , n o fin a l d a p e ç a , H a m le t é a ssa ssi
n a d o . E n tr e ta n to , a tr a g é d ia n ã o e stá n a m o r te d e H a m le t; está
n o fa to d e e le m o r r e r e x a t a m e n t e n o m o m e n t o e m q u e está p re
p a r a d o p a r a s e t o r n a r u m g r a n d e r e i.
n ão p o d em ter s o fr id o le s õ e s . E n tr e ta n to , m u it o m a is im p o r ta n te
é o lo n g o p e r ío d o d e p r e p a r a ç ã o tr a n sc o r r id o d u r a n te a in fâ n cia
d a e sp éc ie h u m a n a .
E m lin g u a g e m c ie n tífic a s o m o s n e o tê n ic o s ; is to é, a in d a g u a r
d a m o s c a r a c te r ístic a s e m b r io n á r ia s a o n a scer. E ssa c a r a c te r ístic a
ta lv e z seja a r e sp o n s á v e l p e lo fa to d e n o ss a c iv iliz a ç ã o , n o ss a c iv i
liz a ç ã o c ie n t íf ic a , p r e fe r ir , s o b r e to d o s os o u tro s, o sím b o lo da
c r ia n ç a . N o ta m o s essa ten d ên cia desde a R en ascen ça: o C risto
m en in o p in ta d o p o r R a fa e l e r e c r ia d o p o r B la ise P a sc a l; o j o v e m
M o z a r t e G a u ss; as c r ia n ç a s d e J e a n -J a c q u e s R o u s s e a u e C h a rles
D ick en s. Q ue ou tra s c iv iliz a ç õ e s p u d essem ser d ifer e n te s ja m a is
h a v ia p assado p ela m in h a cabeça; m as a co n teceu de eu v ia ja r
para m u ito lo n g e, sa in d o d a C a lifó r n ia e n a v e g a n d o n a d ir eç ã o
S u l, n o P a c íf ic o , a té e n c o n t r a r a I lh a d a P á s c o a , e a q u i ser s u r
p r e e n d id o p o r u m a d ife r e n ç a h istó r ic a .
É m u ito fr eq ü en te a in v en çã o d e u to p ia s p o r p a r te d e a lg u n s
v isio n á r io s: P la tã o , S ir T h o m a s M o r e , H . G . W e lls. N e s s a s , a c a le n
ta -se a e sp e r a n ç a d e q u e a im a g e m h e r ó ic a d u r e , c o m o d isse H itler,
por m ilh a r e s d e a n o s. M a s, n a r e a lid a d e , as im a g e n s h e r ó ic a s a c a
b am m a is se a s s e m e lh a n d o à s fig u r a s r ú stic a s, in e r m e s d a s fa c e s
a n c e s tr a is d a s e s tá tu a s d a Ilh a d a P á s c o a — v e ja m q u e e la s a té se
parecem com M u sso lin i! M e s m o e m te r m o s b io ló g ic o s essa r ep re
sen tação não retra ta a e ssê n c ia d a p e r so n a lid a d e h u m a n a . B io lo
g ic a m e n te o ser h u m a n o é m u tá v e l, se n sív e l, p lá stic o , a d a p ta d o
a d ife r e n te s a m b ie n te s , e n ã o e s tá tic o . A v e r d a d e ir a v isã o d o ser
h u m a n o está rep resen ta d a no m istério d a in fâ n c ia , n a V ir g e m e
o M e n in o , na S a g r a d a F a m ília .
Q u a n d o g aroto , em m in h a a d o le sc ê n c ia , c o stu m a v a , n as ta rd es
de sábado, a n d a r d a E x tr e m id a d e L este d e L o n d r e s a té o M u se u
B r itâ n ic o , s o m e n te p a ra c o n te m p la r o ú n ic o e x e m p la r d e e stá tu a
da Ilh a d a P á s c o a q u e, d e a lg u m a fo rm a , a ca b a ra d e n tr o d o M u
seu . A ssim , v o c ê s p o d e m a v a lia r m e u in t c r e s s e p o r e ssa s a n tig a s
fa c e s a n c e s tr a is. N o e n t a n t o , n o fin a l d a s c o n ta s , to d a s e la s ju n ta s
n ão ch egam a ter o v a lo r d a fa c e r e c h o n c h u d a de u m a c r ia n ç a .
E m b ora ten h a m e d esv ia d o d o n osso a ssu n to ao fazer essas
c o n sid e r a ç õ es a re sp e ito da Ilh a d a P á s c o a , o fiz c o m p r o p ó sito .
C o n sid e r e m , por e x e m p lo , o in v e stim e n to en orm e d e sp e n d id o
p ela e v o lu ç ã o a té c h e g a r a p r o d u z ir o c é r e b r o d e u m a c r ia n ç a .
M eu cérebro pesa cerca de m il tr e z e n ta s e c in q ü e n ta g ra m a s e
m e u c o r p o c e r c a d e p e lo m e n o s c in q ü e n t a v e z e s m a is d o q u e isso .
E n treta n to , a o nascer, m eu c o r p o era u m m e r o a p ê n d ic e d a ca b e- 425
A Escalada do Homem
213
ça; p e sa v a a p e n a s c in c o o u seis v e z e s m a is d o q u e o c é r e b r o . E s se A im a g e m d o a d u lto
b rilh a n o s o lh o s d a s
en orm e p o te n c ia l tem sid o g r o sse ir a m e n te n e g lig e n c ia d o p ela
cria n ças; e la s
m a io r p a r te d a h istó r ia d a s c iv iliz a ç õ e s. N a r e a lid a d e , a in fâ n c ia c o p ia m a té suas
m a is lo n g a tem s id o d estas m esm as, d as c iv ü iz a ç õ e s, te n ta n d o m a n eira s d e andar.
U z b e k i, p a i e filh o ,
a p r e n d e r o sig n ific a d o d a q u e la . d u r a n te u m
D e m o d o g er a l, à s c r ia n ç a s te m -s e p e d id o q u e i m it e m sim p le s in te r v a lo d o B u z
K a sh i, n a p la n íc ie
m e n te a im a g em d o s a d u lto s . V ia j a m o s c o m o s b a k h tia r i d a P é r sia d e M o z a r -i-S h a r if
e n q u a n to r e a liz a v a m a m ig r a ç ã o d a p r im a v e r a . E les se a s s e m e lh a m , n o A fg a n istã o .
tan to q u a n to seria p o s s ív è l, a q u a lq u e r o u t r o p o v o s o b r e v iv e n te
d e v id a n ô m a d e em ex tin ç ã o , e m c o s tu m e s v ig e n te s h á d e z m il
a n o s p a ssa d o s. O f e n ô m e n o e stá c la r a m e n te p r e se n te e m to d a s as
m a n ife s ta ç õ e s d essa c iv iliz a ç ã o u ltra p a ssa d a : a im a g e m d o a d u lto
b r ilh a n d o n o s o lh o s d a s c r ia n ç a s. A s m e n in a s s ã o p e q u e n a s m ã e s
em d e s e n v o lv im e n to . O s m e n in o s se c o m p o r t a m tal e q u a l p e q u e
n o s p a s to r e s . M e s m o e m su a s m a n e ir a s d e a n d a r c o p ia m a d o s p a is.
A Longa Infância
A H istó ria , e v id e n te m e n te , n ã o se c o n g e lo u n o p e r ío d o m ed ia n o
en tre o n o m a d is m o e o R e n a s c im e n to . A e sc a la d a d o h o m e m ja
m a is se in te r r o m p e u . N o e n ta n to , a e sc a la d a d o j o v e m , a e sc a la d a
d o ta le n to , a e sc a la d a d a im a g in a ç ã o ; e sta s sim , fo r a m , p o r m u ita s
v e z e s , r e p r im id a s n a q u e le in ter v a lo .
G randes c iv iliz a ç õ e s e x istir a m , c e r ta m e n te . N ã o seria e u que
iria d e n e g r ir a s c iv iliz a ç õ e s d o E g it o , d a C h in a , d a í n d ia , e m e s m o
da E u r o p a n a I d a d e M é d ia . C o n tu d o , to d a s e la s fa lh a r a m em u m
p o n to: lim it a r a m a lib erd a d e d e im a g in a ç ã o d o sjo v e n s . R e p r e se n
tam c u ltu r a s e stá tic a s, c u ltu r a s d e m in o r ia s. E stá tic a s p o r q u e o
filh o im ita v a o pai e e ste o a v ô . D e m in o r ia s p o r q u e a p e n a s u m a
ín fim a p a rte d o ta len to to ta l da h u m a n id a d e era a p r o v e ita d o ;
a p r e n d e r a ler, a p r e n d e r a e sc r e v e r , a p r e n d e r u m a o u tr a lín g u a , e
e n t ã o su b ir a m o r o s a e sc a la d a d a p r o m o ç ã o .
N a I d a d e M é d ia a e sc a d a d a p r o m o ç ã o p a ssa v a p e la Igreja; n ã o
h a v ia ou tro c a m in h o à e sc o lh a d e u m jo v e m in te lig e n te e p o b r e .
N o fin a l d a e s c a d a , n o ú l t im o d e g r a u , h a v ia s e m p r e a r e c o m e n d a
ção da im a g e m d o íc o n e d a d iv in d a d e : “ A g o r a a tin g iste o d e r r a
d e iro m a n d a m e n to : n ã o q u e stio n a r á s” .
E rasm o de R o te r d a m , p or e x e m p lo , v en d o -se ó rfã o em 1 48 0,
te v e d e s e p r e p a r a r p a r a a c a r r e ir a e c le s iá stic a . O s r itu a is d e e n t ã o
eram tã o lin d o s c o m o o sã o a tu a lm e n te . O p r ó p r io E r a sm o d e v e
ter to m a d o p a rte na co m o v en te M issa C u m G iu b ila te d o s é c u lo
2 14
P ara E r a s m u s, a v id a
de m o n g e era um a
p o rta de ferro
fech ad a ao
c o n h e c im e n to . S ó
d e p o is d e ler o s
clá ssico s é q u e o
m u n d o se a b riu
p a ra ele.
D e s id e r iu s E r a s m u s :
r e tr a to d e Q u e n tin
M e ts y s , 1 5 3 0 ,
G a le r ia N a c io n a l ,
R om a.
427
A N D R E aE v e s a l i i
m S H l H k i l l , S C H O L AH
inv «J.. o ram I 'm u n ia- prolclT oru/uorum dc
H u n u iii corporu. fábrica librorum
E P l T O M E.
L r. c: T O R 1.
A
B A 5 I L E AE.
X I V , a q u a l e u a ssisti e m u m a ig r e ja a in d a m a is a n tig a , S a n P ie tr o ,
em G r o p in a . E n tr e ta n to , p ara E r a sm o , a v id a d e m o n g e era c o m o
que um a p o rta d e ferro fech a d a a o c o n h e c im e n to . S o m e n te d e
p o is de, d esob ed ecen d o as o r d e n s, ter lid o o s c lá ss ic o s é q u e o
m u n d o se r e v e lo u a e le . “ U m h e r é tic o e sc r e v e u esta s c o isa s p ara
h e r é t ic o s ” d iss e e le , “ n o e n t a n t o , e la s r e v e la m ju s tiç a , s a n tid a d e ,
verd ad e” . E eu m al p osso m e c o n te r d e d izer “ S a n to S ó c r a te s,
orai p or m im !” .
E rasm o fe z d u a s a m iz a d e s só lid a s e d u r a d o u r a s, u m a n a In g la
terra co m S ir T h o m a s M ore, e a ou tra na S u íça com Joh an n
F r o b e n iu s. D e M o r e , r e c e b e u a q u ilo q u e e u m e s m o r e c e b i q u a n d o
ch egu ei à In g la te r r a : o sen tim e n to d o p ra zer d e c o n v iv er c o m
m en tes c iv iliz a d a s. C o m F ro b en iu s, apren deu o sig n ific a d o d o
p o d e r d o liv r o im p r e s s o . F r o b e n iu s e s u a f a m ília e r a m os grandes
4 2 8 e d ito r e s d o s c lá ss ic o s e m 1 5 0 0 , in c lu in d o c lá ss ic o s d a m e d ic in a .
A Longa Infância
2 15 S u a e d iç ã o d o s tra b a lh o s de H ip ó c r a te s é, em m in h a o p in iã o , u m
A d em o cracia d o
d o s liv ro s m a is lin d o s ja m a is im p r e ss o , n o q u a l a fe lic id a d e d a p a i
in telecto apareceu
c o m o livro x ã o d o im p r e sso r se rev ela tã o p o d e r o s a q u a n to o c o n h e c im e n to .
im presso. A
O qu e s ig n ific a m e s s e s tr ê s h o m e n s e s e u s liv ro s? - o s trab a
felicid a d e d a p a ix ã o
d o im p r e s s o r se lh o s d e H ip ó c r a te s , a U to p ia d e M o r e e O E lo g io d a L o u c u r a d e
revela tã o p o d e r o s a E rasm o ? P ara m im rep resen ta m a d e m o c r a c ia d o in tele c to ; e essa
quan to o
c o n h e c im e n to . é a r a z ã o p e la q u a l E r a s m o , F r o b e n iu s e S ir T h o m a s M o r e p e r m a
U m tr a b a lh o d e n ecem em m in h a m e n te c o m o m a r c o s g ig a n te sc o s d e ssa é p o c a . A
E rasm u s e a
A n a to m ia d e d e m o cra cia do in tele c to foi gerada co m o liv ro im p r e s s o , e o s
V e s a l iu s , a m b o s p r o b le m a s p o r e la c r ia d o s e m 1 5 0 0 p e r siste m a in d a h o je na b a se
im p r e s s o s n a
das nossas a g ita çõ es e stu d a n tis. Por que m orreu S ir T h o m a s
B a s i lé i a .
M ore? P orque seu rei o c o n sid e r o u u m d e te n to r d o p o d er. M as,
a fin a l, q u a l era a a sp ir a ç ã o d e M o r e , e a d e E r a sm o o u a d e q u a l
q u er in tele c to forte, sen ã o a d e ser u m g u a r d iã o d a in teg r id a d e ?
217
D e v o tra z e r essa s id é ia s p a ra u m a r e a lid a d e c o n c r e ta , e, p a r a m im , O h o m e m q u e para
m im p erso n ifica
o h o m e m q u e m e lh o r as p e r so n ific a é J o h n v o n N e u m a n n . F ilh o
esses p ro b lem a s:
d e u m a fa m ília ju d ia h ú n g a ra , n a sc e u e m 1 9 0 3 . S e tiv e sse n a s c id o John von N eum ann.
cem a n o s a n te s, ja m a is te r ía m o s o u v id o fa la r n e le ; p o is te r ia p a s P á g in a s d e su a s
a n o ta ç õ e s p e s s o a is .
s a d o su a v id a fa z e n d o o q u e fe z seu p a i e o a v ô a n tes d e ste, isto
é, te c e n d o c o m e n tá r io s r a b ín ic o s so b r e o d o g m a .
E m v e z d iss o , f o i u m a c r ia n ç a p r o d íg io d a m a te m á tic a , “ J o h n -
n y ” , a té o fim d e s e u s d ia s. E m su a a d o le s c ê n c ia j á e sc r e v ia a r tig o s
m a te m á tic o s. A n tes de co m p leta r v in te e c in c o anos tin h a
r e a liz a d o o g ra n d e tr a b a lh o n o s d o is c a m p o s d o c o n h e c im e n to
q u e o to rn a ra m fa m o so .
O s d o is a ss u n to s e stã o r e la c io n a d o s, a c h o e u , c o m a tiv id a d es
lú d ic a s o u jo g o s . N o te m q u e , e m u m c e r to s e n tid o , to d a a c iê n c ia ,
to d o r a c io c ín io h u m a n o , é u m a fo r m a d e b rin q u ed o . O r a c io c ín io
a b stra to é u m a n e o tín e a d o in te le c to , a tra v és d a q u a l o h o m e m
se c a p a c ita a c o n tin u a r le v a n d o a c a b o a tiv id a d e s d e stitu íd a s d e
fin a lid a d e im e d ia ta (o s o u tr o s a n im a is b r in c a m a p e n a s e n q u a n to
jo v e n s ), a fim d e se p rep a rar n a s estr a té g ia s d e lo n g o a lc a n c e e
n o p la n eja m en to .
T r a b a lh e i c o m J oh n n y v o n N e u m a n n n a In g la terra , d u r a n te a
S e g u n d a G u e r r a M u n d ia l. F o i n o in ter io r d e u m táx i em L ondres
q u e e le m e fa lo u p e la p r im e ir a v e z s o b r e s u a T e o r ia d o s J o g o s —
esse era u m d o s seu s lo c a is fa v o r ito s p a ra d isc u ssõ e s so b r e m a te
m á tic a . S e n d o u m e n tu s ia sta d o x a d r e z lo g o lh e p e r g u n te i se e le
se r e fe r ia à te o r ia dos jog os a fin s à q u e la m o d a lid a d e . M a s su a
r e s p o s ta fo i n e g a tiv a . “ N ã o ” , d is s e e le . “ O x a d r e z n ã o é u m j o g o .
O x a d r e z é u m a fo r m a b e m -d efin id a d e c o m p u ta ç ã o . V o c ê p o d e
n ã o ser ca p a z d e en co n tra r a so lu ç ã o co rreta , m a s, te o r ic a m e n te ,
sem p re h á u m a so lu ç ã o , u m p r o c e d im e n to c o r r e to p a ra ca d a p o si
ç ã o .” A g o r a , “ jo g o s r e a is” , c o n tin u o u , “ e m n a d a se a s s e m e lh a m
a isso . A v id a rea l n ã o é c o m o n o x a d r e z . A v id a rea l c o n s is te e m
b le fe s, e m p e q u e n a s tá tica s d e d e s p is ta m e n to , e m p ergu n tar a si
p r ó p r io o q u e o p a rceiro está p en san d o sob re q u a l será n o sso
p r ó x im o m o v im en to . É esse o tip o d e jo g o sobre o q u al m in h a
teo ria se in ter e ssa ” .
S e u liv ro tr a ta e x a t a m e n t e d e s se a s s u n to . N ã o d e ix a d e s e r u m
tan to q u a n to estra n h o en co n tra r e m u m liv r o v o lu m o s o e sério
o títu lo T h e o r y o f G a m e s a n d E c o n o m ic B e h a v io r ( T e o r ia d o s
J o g o s e C o m p o r ta m e n to E c o n ô m ic o ), e n o q u a l d e p a r a m o s c o m
u m c a p ítu lo ch am ad o “ P o k e r e B le f e ” . S u r p r e e n d e n te e d esa n i-
4 3 2 m a d o r , m o r m e n te p o r estar c o b e r to d e e q u a ç õ e s q u e lh e c o n fe r e
A Longa Infância
U sa r e i m e u s p r ó p r io s te r m o s n a d e sc r iç ã o d o tr a b a lh o d e J o h n
v o n N e u m a n n , e m v e z d e m e v a ler d e su a lin g u a g e m té c n ic a . E le
fa z ia u m a c la r a d is tin ç ã o e n tr e tá tic a s a c u r to p r a z o e e str a té g ia s
ousadas a lo n g o prazo. A s tá tic a s p od em ser c a lc u la d a s e x a ta
m e n te , m a s as estra tég ia s n ã o . O su c e sso m a te m á tic o e c o n c e itu a i
de J o h n n y fo i ju s ta m e n te o d e m o str a r q u e , a d e s p e ito d isso , h á
m a n e ir a s d e se p la n e ja r a s m e lh o r e s e str a té g ia s .
O s e u m a r a v ilh o s o liv r o T h e C o m p u te r a n d th e B r a in ( O C o m
p u ta d o r e o C é r e b r o ) fo i e s c r ito n o ú lt im o a n o d e su a v id a ; e r a m
a s S illim a n L e c tu r e s q u e d e v e r ia ter p r o fe r id o , m a s e sta v a m u ito
d o e n te p a ra fa z ê -la s e m 1 9 5 6 . N e la s, o c é r e b r o é a n a lisa d o c o m o
sen d o p o ssu id o r d e u m a lin g u a g e m , n a q u a l as a tiv id a d e s d e su as
d ifer e n te s p a rtes (d o c é reb ro ) tê m d e ser in ter lig a d a s e h a r m o n i
zadas, de tal form a qu e apareça u m p la n o , u m p r o ce d im e n to ,
in te g r a n d o u m m a je sto so c o n c e r to d e v id a — n a s c iê n c ia s h u m a n a s
r e c e b e r ia o n o m e d e s iste m a d e v a lo res.
N a p e r so n a lid a d e de J oh n n y von N e u m a n n h a v ia a lg o d e a fe
tu o s o e sin g u la r . F o i o h o m e m m a is in te lig e n te q u e c o n h e c i, s e m
e x c e ç õ e s. E ra, ta m b ém , u m g ê n io , n a m e d id a e m qu e u m gê in °
é u m h o m e m que te v e d u a s g r a n d e s id é ia s. S u a m o r te e m 195 7
rep resen to u u m a grande tr a g é d ia para to d o s n ó s. C erta fetta
q u an d o tr a b a lh á v a m o s ju n to s d u ra n te a g u erra , e n fr e n ta m o s u m
p r o b le m a , m a s su a r e sp o sta f o i im e d ia ta : “ A h, não, n ^ " d isse
e le , “ v o c ê n ã o está v e n d o . O seu tip o d e v isu a liz a ç ã o m e n ta l n ã o 4 3 3
T eo ria d os J o g o s: o J o g o de D e d o s C h a m a d o M orra
O jo g o r e q u e r d o is jo g a d o r e s e, n a su a v er sã o m a is sim p le s, se d e se n r o la d a m a n e ir a
co m o se g u e . O s m o v im e n to s d o s d o is jo g a d o r e s sã o sim u ltâ n e o s. C a d a u m m o stra o u u m
o u d o is d e d o s, a o m e s m o te m p o q u e a d iv in h a se se u c o m p a n h e ir o e stá m o s tr a n d o u m
o u d o is d e d o s. N o c a so d o s d o is a ce r ta r e m o u erra rem n e n h u m ganha. Se u m d o s jo g a d o res
a d iv in h a c e r to e o o u tr o n ã o , este te m d e p a g a r ta n ta s fic h a s q u a n to fo r o n ú m e r o
tota l d o s d e d o s m o stra d o s.
A s s im , c a d a jo g a d o r p o d e g a n h a r d e q u a tr o m a n eira s:
■ T z ] 1 ' O
(a > S 3 2
U m jo g a d o r q u e jo g u e p o r p a l
7 vezes 5 vezes
p ite te m p o u c a p r o b a b ilid a d e
em em
d e d e sco b r ir e ssa estra tég ia .
m é d ia m éd ia
C o m u m e n te , a M o rra é jo g a d a e m u m a v er sã o m a is c o m p le x a , n a q u a l c a d a j o g a d o r c h a m a
e m o stra 1, 2 o u 3 d e d o s. A s regras sã o sem e lh a n te s, e ta m b é m a m e lh o r e stratég ia , q u e
a g o ra c o n sis- f j y r "
te em u m a A M orra tam b ém pode ser jo g a d a com a té
m istu ra d e q u a tr o d e d o s d e c a d a la d o , o u c o m q u a lq u e r
n ú m e r o m a io r c o n v e n c io n a d o p e lo s p a rceiro s.
A Longa Infância
m i tir q u e o u t r a s p e s s o a s d ir ija m o s d e s t in o s d o m u n d o e n q u a n t o
n ó s m e s m o s c o n tin u a m o s a n o s n o rtea r p o r u m a c o lc h a d e reta
lh o s de p r e c e ito s m o r a is, e x tr a íd o s d e c r e n ç a s a b so lu ta s. A í está
a q u estã o r e a lm e n te c r u c ia l d o s n o s s o s d ia s. P o d e -se c o n sid e r a r
d isp e n sá v e l a co n se lh a r as p e sso a s a a p r e n d e r e m e q u a ç õ e s d ifer e n
c ia is o u a se g u ir c u r s o s d e e le tr ô n ic a o u d e p r o g r a m a ç ã o d e c o m
p u ta d or. N o en ta n to , se d aqui a c in q ü e n ta an os não se tiv e r
ch ega d o ao e n te n d im e n to d a s o r ig e n s d o h o m e m , su a h istó r ia ,
se u p r o g r e sso , e se isso n ã o c o n stitu ir m a té r ia c o m u m a q u a lq u e r
liv ro e sc o la r , n ó s s im p le s m e n te d e ix a r e m o s d e ex istir. A m a té r ia
c u r r ic u la r d o s liv ro s e s c o la r e s d e a m a n h ã será te c id a n a a v e n tu r a
d e h o je; e n essa a ven tu ra é q u e e sta m o s en g aja d os.
A c o n te m p la ç ã o d e sta n o ssa p a isa g e m o c id e n ta l a tu a l m e ca rre
g a d e p r o fu n d a tr iste z a , n a m e d id a e m que d etecto u m a perda de
d e term in a çã o , u m se n tim e n to d e fu ga d o c o n h e c im e n to - fu ga
para on d e? Para o Z en B u d ism o ; p a ra q u e s tio n a m e n to s fa lsa
m en te p ro fu n d o s, ta is c o m o “ N ão sería m o s, n o fu n d o , apenas
um a e sp é c ie a n im a l? ” ; p ara p e r c e p ç õ e s e x tra -sen so ria is e m isté
r io s. E ssa s p a isa g e n s n ã o fa zem p a rte d o c a m in h o o q u a l agora
e s ta m o s a p to s a p erco rrer, se a isso n o s d e v o ta r m o s : o q u e lev a
ao c o n h e c im e n to d o h o m em . S o m o s o e x p e r im e n to sin g u la r d a
n a tu reza , n o s e n tid o d e p r o v a r q u e a in te lig ê n c ia r a c io n a l é m a is
r ic a e fr u tífe r a d o que o r e fle x o . O c o n h e c im e n to é n osso des
tin o . O a u to c o n h e c im e n to , reu n in d o fin a lm e n te a e x p e r iê n c ia
d as a rtes e as e x p la n a ç õ e s d a c iê n c ia , n o s esp era à n o ssa fren te.
E ssa s c o n sid e r a ç õ e s p essim ista s so b re u m r e tr a im e n to d a c iv i
liz a ç ã o o cid e n ta l p o d e m p a recer in só lita s n o co n tex to d a v isã o
e s s e n c ia lm e n te o tim is ta q u e te n h o a d o ta d o e m r e la ç ã o à e sc a la d a
d o h o m em ; m e u e n t u s ia s m o te r ia a r r e f e c id o n e s ta a ltu r a ? É c la r o
que n ã o . A e sc a la d a d o h o m e m co n tin u a rá . M as n ã o se p reten d a
que p r o ssig a em pu rrada p ela c iv ü iz a ç ã o o cid en ta l da m a n eira
c o m o e la h o je se e n c o n t r a . N e s t e m o m e n t o e s ta m o s s e n d o a v a lia
d o s n a b a la n ç a . S e d e sistir m o s, se m p r e h a verá u m d eg ra u seg u in te
— m a s n ã o ser á p is a d o p o r n ó s. N ã o r e c e b e m o s n e n h u m a g a r a n tia
q u e n ã o t e n h a s id o f o r n e c id a à A ssír ia , a o E g ito e a R o m a . T a m
bém esta m o s esp eran d o n o s torn a r o p a ssa d o d e a lg u é m , e n ã o ,
n ecessa ria m en te, n o sso fu tu ro .
R e p r e s e n ta m o s u m a c iv iliz a ç ã o c ie n tífic a : e is s o sig n ific a u m a
c iv iliz a ç ã o n a q u a l o c o n h e c im e n t o e s u a in te g r id a d e s ã o c r u c ia is.
C iê n c ia é a p e n a s a p a la v r a la tin a p a ra d e sig n a r c o n h e c im e n to . S e
n ã o g a lg a r m o s o p r ó x im o d eg ra u , isso será fe ito p o r o u tr o s p o v o s, 4 3 7
A Escalada do Homem
2 19
d a Á fr ic a , d a C h in a . D e v e r ia e u to m a r e ssa e v e n tu a lid a d e tr iste O co n h e c im e n to
n ã o é u m borrador
m en te? N ão, n ão em si m e sm a . A h u m a n id a d e tem o d ireito d e
d e fa to s esparsos.
m u dar sua cor. N o e n ta n to , lig a d o c o m o e s to u à c iv iliz a ç ã o q u e A cim a de tu d o é
resp o n sá v el pela
m e n u tr iu , e u r e a lm e n te m e sen tir ia in fin ita m e n te tr iste . E u , a
in teg r id a d e d o q u e
q u em a In g la terra fo r m o u , a q u e m e la e n s in o u su a lín g u a e su a som os, m orm en te
to le r â n c ia e e n t u s ia s m o p e la b u s c a in te le c tu a l, c e r t a m e n t e fic a r ia do que som os
e n q u a n t o cria tu ras
m u ito d e so la d o (c o m o v o c ê s ta m b é m ) se, d a q u i a u n s c e m anos, ética s. O
S h ak esp eare e N e w to n fo ssem c o n sid e r a d o s fó sseis h istó r ic o s n a c o m p ro m isso
pessoal de um
e sc a la d a d o h o m e m , à s e m e lh a n ç a d o q u e a c o n te c e c o m H o m ero
h o m e m c o m seu
e E u c lid e s. o fíc io , o
co m p ro m isso
in telectu a l e o
In ic ie i e sta série n o v a le d o O m o , n a Á fr ic a O r ie n ta l, e a q u i r e to r co m p ro m isso
n o p o r q u e a lg o q u e a c o n te c e u n e ste lu g a r p e r m a n e c e u e m m in h a e m o c io n a l, u n id os
em u m só p ro p ó sito ,
m e n te d e s d e a q u e le p r im e ir o e n c o n tr o . N a m a n h ã d o d ia e m que fiz e r a m a E scalad a
éram os para dar in íc io à o rg a n iz a ç ã o d o p r im e ir o c a p ítu lo da do H om em .
P á g in a d e r o s to d e
série, u m p eq u en o a v iã o d e c o lo u d e n o ssa p ista le v a n d o a b o r d o
"C anções da
o c a m e ra m a n e o té c n ic o d e s o m , m a s, s e g u n d o s a p ó s ter su b id o , E x p e r iê n c ia " d e
W i ll ia m B l a k e .
o a v iã o c a iu . M ila g r o sa m e n te , o p ilo to e o s d o is o u tro s h o m e n s
s a ír a m ile so s.
N a tu r a lm e n te , esse e v e n to m a u a g o u r a d o m e m a r c o u p r o fu n
d a m e n te . N o m o m e n to e m q u e m e p rep arava p ara fazer o p a ssad o
d e sfila r , o p resen te in sin u a so rra teira m en te su a m ã o n a p á g in a
e sc r ita d a h istó r ia e d iz: “ É a q u i. É a g o r a ” . H istó r ia n ã o s ã o e v e n
to s , m a s, sim , p e sso a s. A lé m d isso , n ã o sã o p e sso a s a p en a s r e c o r
d ando; é o h o m em v iv en d o seu p a ssa d o n o p resen te. H istó ria é
o a to in sta n tâ n e o d e d e c is ã o d o p ilo to , q u e c r ista liz a e m si t o d o
o c o n h e c im e n to , to d a a c iê n c ia , tu d o a q u ilo que fo i a p r e n d id o
d esd e o su rg im en to d o h o m e m .
P e r m a n e c e m o s in a tiv o s p o r d o is d ia s à e sp e r a d e o u tr o a v iã o .
N esse in terv a lo , em con versa co m o c a m e ra m a n , p e r g u n te i-lh e
d e lic a d a m e n te , m a s , ta lv e z , s e m m u ito ta to , se e le n ã o p r e fe r ia
que a lg u m o u tr o r e a liz a sse a film a g e m aérea. A o resp o n d er-m e,
d isse: “ T en h o p e n s a d o n iss o . V o u s e n tir m e d o d e su b ir a m a n h ã ,
m a s e u v o u fa zer a film a g e m . E sse é m e u d e v e r ” .
E stam o s to d o s co m m ed o — de n ossa p resu n ção, de n o sso fu tu
r o , d o m u n d o . T a l é a n a tu r e za d a im a g in a ç ã o h u m a n a . C o n tu d o ,
c a d a h o m e m , c a d a c iv iliz a ç ã o , fo i p a ra a fr e n te e m r a z ã o d e seu
e n g a ja m e n to n a q u ilo q u e h a v ia d e c id id o r e a liz a r . O c o m p r o m is s o
p essoal de u m h o m e m co m seu o fíc io , o c o m p r o m is so in tele c tu a l
e o c o m p r o m is s o e m o c io n a l, u n id o s e m u m só p r o p ó s ito , fiz e r a m
4 3 8 a E sca la d a d o H o m e m .
BIBUOG^RAFIA
c a p ít u l o UM
C a m p b e l l , B e r n a r d G . , H u m a n E v o l u i i o n : A n I n t r o d u c t i o n t o M a n ’s A d a p -
ta tio m , A ld in e P u b lish in g C o m p a n y , C h ic a g o , 1 9 6 6 , e H e in e m a n n E d u -
c a tio n a l, L o n d r e s, 1 9 6 7 ; “ C o n c e p tu a l P ro gress in P h y sic a l A n t r o p o lo g y :
F o s s i l M a n ” , A n n u a l R e v i e w o f A n t r o p o l o g y , I, p p . 2 7 - 5 4 , 1 9 7 2 .
C la r c k , W ilfr id E d w a r d L e G r o s , T h e A n te c e d e n ts o f M a n , E d in b u r g h U n i-
v er sity Press, 1 9 5 9 .
H o w e lls , W illia m , e d ito r , I d e a s o n H u m a n E v o lu tio n : S e le c te d E s s a y s , 1 9 4 9
-1 9 6 1 , H arvard U n iv e rsity Press, 1 9 6 2 .
L e a k e y , L o u is S . B ., O ld u v a i G o r g e , 1 9 5 1 - 6 1 , 3 v o ls ., C a m b r i d g e U n iv e r s it y
P ress, 1 9 6 5 -7 1 .
L e a k e y , R ic h a r d E . F ., “ E v id e n c e fo r a n A d v a n c e d P lio -P le is to c e n e H o m in id
f r o m E a s t R u d o l f , K e n y a ” , N a tu r e , 2 4 2 , p p . 4 4 7 - 5 0 , 1 3 d e a b r il d e 1 9 7 3 .
L e e , R ic h a r d B ., e I r v e n D e V o r e , e d ito r e s , M a n th e H u n te r , A l d i n e P u b
lish in g C o m p a n y , C h ic a g o , 1 9 6 8 .
C A PÍT U L O D O IS
K e n y o n , K a t h le e n M ., D ig g in g u p J e r ic h o , E r n e s t B e n n , L o n d r e s , e F r e d e r ic k
A . Praeger, N o v a Iorque, 1 9 5 7 .
K im b er, G o rd o n , e R . S. A th w a l, “ A R e a sse ssm e n t o f th e C o u rse o f E v o lu -
t io n o f W h e a t ” , P r o c e e d in g s o f th e N a tio n a l A c a d e m y o f S c ie n c e s , 6 9 ,
n .o 4 , p p . 9 1 2 - 1 5 , a b r il d e 1 9 7 2 .
P ig g o tt, S tu a r t, A n c ie n t E u r o p e : F r o m th e B e g in n in g s o f A g r ic u ltu r e to
C la s s ic a l A n t iq u it y , E d i n b u r g h U n iv e r s it y P r e s s e A l d i n e P u b lis h in g
C o m p a n y , C h ic a g o , 1 9 6 5 .
S c o t t , J . P ., “ E v o l u t io n a n d D o m e s t ic a t io n o f th e D o g ” , p p . 2 4 3 - 7 5 in
B io lo g y , 2, e d ita d o p o r T h e o d o s iu s D o b z h a n s k y , M a x K .
H ech t, e William C. S teere, A p p le to n -C e n tu r y -C r o fts, N o v a Io rq u e, 1 9 6 8 .
Y o u n g , J . Z ., A n I n tr o d u c tio n t o th e S tu d y o f M a n , O x f o r d U n iv e r s ity
P ress, 1 9 7 1 .
C A PÍT U L O T R Ê S
G i m p e l , J e a n , L e s B â tis s e u r s d e C a th é d r a le s , E d i t io n s d u S e u il, P a r is, 1 9 5 8 .
H e m m in g , J o h n , T h e C o n q u e s t o f th e In c a s, M a c m illa n , L o n d r e s, 1 9 7 0 .
L o r e n z , K o n r a d , O n A g g r e s s io n , M e t h u e n , L o n d r e s , 1 9 6 6 .
M o u ra n t, A rth u r E rn est, A d a C . K o p e c e K a zim iera D o m a n ie w s k a -S o b c z a k ,
T h e A B O B lo o d G r o u p s ; c o m p r e h e m iv e ta b le s a n d m a p s o f w o r ld d is tr i-
b u tio n , B la c k w e ll S c ie n t if ic P u b lic a t io n s , O x f o r d , 1 9 5 8 .
R o b e r ts o n , D o n a ld S ., H a n d b o o k o f G r e e k a n d R o m a n A r c h ite c tu r e , C a m
b rid g e U n iv e r sity P ress, 2 .a e d iç ã o , 1 9 4 3 .
W i l l e y , G o r d o n R . , A n I n t r o d u c t i o n t o A m e r i c a n A r c h a e o l o g y , V o l . I, N o r t h
a n d M id d le A m e r ic a , P r e n tic e -H a ll, N e w J e r s e y , 1 9 6 6 .
C A PÍT U L O Q U A T R O
D a lto n , J o h n , A N e w S y s te m o f C h e m ic a l P h ilo s o p h y , 2 v o ls., R . B ic k e r s-
ta ff e G . W ilso n , L o n d r e s, 1 8 0 8 - 2 7 .
D e b u s , A lle n G ., “ A l c h e m y ” , D ic tio n a r y o f th e H is to r y o f I d e a s , C h a r le s
S c r ib n e r , N o v a Io r q u e , 1 9 7 3 .
N e e d h a m , J o s e p h , S c ie n c e a n d C iv iliz a tio n in C h in a , 1 -4 , C a m b r i d g e U n i
v er sity P ress, 1 9 5 4 -7 1 .
P a g e l , W a l t e r , P a r a c e ls u s . A n I n t r o d u c t i o n t o P h il o s o p h ic a l M e d i c in e in th e
E r a o f th e R e n a is s a n c e , S. K a rg e r , B a s e l e N o v a I o r q u e , 1 9 5 8 .
S m it h , C y r il S t a n le y , A H is to r y o f M e ta llo g r a p h y , U n iv e r s it y o f C h ic a g o
4 4o P ress, 1 9 6 0 .
C A P ÍT U L O C IN C O
H e a t h , T h o m a s L ., A M a n u a l o f G r e e k M a th e m a tic s , 7 v o l s ., C l a r e n d o n
P ress, O x fo r d , 1 9 3 1 ; D o v e r P u b lic a tio n s, 1 9 6 7 .
M ie li, A l d o , L a S c ie n c e A r a b e , E . J . B rill, L e id e n , 1 9 6 6 .
N e u g e b a u e r , O t t o E d u a r d , T h e E x a c t S c i e n c e s in A n t i q u i t y , B r o w n U n i-
v er sity P ress, 2 .a e d iç ã o , 1 9 5 7 ; D o v e r P u b lic a tio n s, 1 9 6 9 .
W ey l, H e r m a n n , S y m m e tr y , P r in c e to n U n iv e rsity P ress, 1 9 5 2 .
W h ite , J o h n , T h e B irth a n d R e b ir th o f P ic to r ia l S p a c e , F a b e r , 1 9 6 7 .
C A P IT U L O SE IS
D r a k e , S t ^ m a n , G a lile o S tu d ie s , U n iv e r s it y o f M ic h ig a n P r e s s , 1 9 7 0 .
G e b l e r , K a r l v o n , G a lile o G a lile i u n d d ie R o m is c h e C u r ie , V e r l a g d e r J . G .
G o tta 's c h e n B u c h h a n d lu n g , S tu ttg a rt, 1 8 7 6 .
K u h n , T h o m a s S ., T h e C o p e m ic a n R e v o lu tio n , H a rv a r d U n iv e r s ity P ress,
1957.
T h o m p s o n , J o h n E r ic S id n e y , M a y a H is to r y a n d R e lig io n , U n iv e r s it y o f
O k la h o m a P ress, 1 9 7 0 .
C A PÍT U L O SE T E
E in s t e in , A lb e r t, “ A u t o b i o g r a p h i c a l N o t e s ” in A lb e r t E in s te in : P h ilo s o p h e r -
-S c ie n tis t, e d it a d o p o r P a u l A r t h u r S c h ilp p , C a m b r id g e U n iv e r s ity P ress,
2 .a ed içã o , 1 9 5 2 .
H o f f m a n , B a n e s h , e H e le n D u k a s , A lb e r t E in s te in , V ik in g P r e ss, 1 9 7 2 .
L e ib n iz , G o t t f r i e d W ilh e lm , N o v a M e th o d u s p r o M a x im is e tM in im is , L e ip -
zig , 1 6 8 4 .
N e w t o n , I s a a c , I s a a c N e w t o n P h ilo s o p h ia e N a tu r a lis P r in c ip ia M a th e m a tic a ,
L o n d r e s , 1 6 8 7 , e d ita d o p o r A le x a n d r e K o y r é e L B e r n a r d C o h e n , 2 v o ls.,
C a m b rid g e U n iv e rsity P ress, 3 .a e d iç ã o , 1 9 7 2 .
C A P ÍT U L O O IT O
A s h t o n , T . S ., T h e I n d u s tr ia l R e v o l u t i o n 1 7 6 0 - 1 8 3 0 , O x f o r d U n i v e r s i t y
P ress, 1 9 4 8 .
C r o w t h e r , J . G ., B r itis h S c ie n tis ts o f th e 1 9 th C e n tu r y , 2 v o ls ., P e lic a n ,
1 94 0-1 .
H o b s b a w m , E . J ., T h e A g e o f R e v o lu tio n : E u r o p e 1 7 8 9 -1 8 4 8 , W e id e n fe ld
& N ic o ls o n , 1 9 6 2 ; N e w A m e r ic a n L ib rary , 1 9 6 5 .
S c h o f ie l d , R o b e r t E ., T h e L u n a r S o c ie ty o f B irm in g h a m , O x f o r d U n iv e r s ity
Press, 1 9 6 3 .
S m il e s , S a m u e l , L iv e s o f th e E n g in e e r s , 1 -3 , J o h n M u r r a y , 1 8 6 1 ; r e im p .,
D a v id & C h a rles, 1 9 6 8 .
C A PÍT U L O N O V E
D a r w i n , F r a n c is , T h e L if e a n d L e tte r s o f C h a r le s D a r w in , J o h n M u r r a y ,
1887.
D u b o s , R e n é J u le s , L o u is P a s te u r , G o lla n c z , 1 9 5 1 .
M a lt h u s , T h o m a s R o b e r t , A n E s s a y o n th e P r in c ip ie o f P o p u la tio n , a s it
a ffe c ts th e F u tu r e I m p r o v e m e n t o f S o c ie ty , J. J o h n s o n , L o n d r e s , 1 7 9 8 .
S a n c h e s , R o b e r t, J a m e s F erris e L e slie E. O rgel, “ C o n d itio n s fo r p u r in e
s y n t h e s is : D id p r e b io t ic s y n t h e s is o c c u r a t l o w t e m p e r a t u r e s ? ” , S c ie n c e ,
1 5 3 , pp. 7 2 -3 , ju lh o de 1 9 6 6 .
W a l l a c e , A l f r e d R u s s e l , T r a v e is o n t h e A m a z o n a n d R i o N e g r o , W ith a n
A c c o u n t o f t h e N a tiv e T r ib e s , a n d O b s e r v a tio n s o n th e C lim a te , G e o lo g y ,
a n d N a tu r a l H is to r y o f th e A m a z o n V a lle y , W a r d , L o c k , 1 8 5 3 . 441
C A PÍT U L O D E Z
B r o d a , E n g e lb e r t, L u d w ig B o ltz m a n n , F r a n z D e u tic k e , V ie n a , 1 9 5 5 .
B r o n o w s k i, J ., “ N e w C o n c e p t s in t h e E v o l u t io n o f C o m p l e x i t y ” , S y n th e s e ,
2 1 , n .° 2, pp. 2 2 8 -4 6 , j u n h o d e 1 9 7 0 .
B u r b id g e , E . M a rg a ret, G e o ffr e y R . B u r b id g e , W illia m A . F o w le r , e F r e d
H o y l e , “ S y n t h e s is o f th e E l e m e n t s in S t a r s ” , R e v ie w s o f M o d e m P h y s ic s ,
2 9 , n .° 4, pp. 5 4 7 -6 5 0 , o u tu b ro de 1 9 5 7 .
S e g r è , E m í l io , E n r ic o F e r m i: P h y s ic is t, U n iv e r s it y o f C h ic a g o P r e s s , 1 9 7 0 .
S p r o n s e n , J . W . v a n , T h e P e r io d ic S y s te m o f C h e m ic a l E le m e n ts : A H is to r y
o f th e F ir s t H u n d r e d Y e a r s , E lse v ie r , A m s t e r d a m , 1 9 6 9 .
C A PÍT U L O O N Z E
B l u m e n b a c h , J o h a n n F r ie d r ic h , D e g e n e r is h u m a n i v a r ie ta te n a tiv a , A . V a n -
d e n h o e c k , G o ttin g en , 1 7 7 5 .
G illis p ie , C h a r l e s C ., T h e E d g e o f O b je c t iv i ty : A n E s s a y in th e H is to r y o f
S c ie n tific Id e a s, P r in c e to n U n iv e r s ity P ress, 1 9 6 0 .
H e ise n b e r g , W ern er, “ U b e r d e n a n sc h a u lic h e n In h alt d er q u a n te n th e o r e ti-
s c h e n K i n e m a t ik u n d M e c h a n i k ” , Z e its c h r if t f ü r P h y s ik , 4 3 , p. 1 7 2 ,
1927.
S z íla rd , L e o , “ R e m in is c e n c e s ” , e d ita d o p o r G e r tr u d W eiss S z ila rd & K a t h le e n
R . W in s o r in P e r s p e c tiv e s in A m e r ic a n H is to r y , II, 1 9 6 8 .
C A PÍT U L O D O Z E
B r ig g s, R o b e r t W . e T h o m a s J . K in g , from
B l a s t u l a C e l l s i n t o E n u c l e a t e d F r o g s ’E g g s ” , P r o c e e d i n g s th e N a tio n a l
A c a d e m y o f S c ie n c e s , 3 8 , p p . 4 5 5 - 6 3 , 1 9 5 2 .
F is h e r , R o n a ld A ., T h e G e n e tic a l T h e o r y o f N a tu r a l S e le c tio n , C la r e n d o n
P ress, O x fo r d , 1 9 3 0 .
O lb y , R o b e r t C ., T h e O r ig in s o f M e n d e lis m , C o n s t a b le , 1 9 6 6 .
S o o r o d in g e r , E r w in , W h a t is L ife ? , C a m b r id g e U n iv e r s it y P r e s s, 1 9 4 4 ; n o v a
e d ., 1 9 6 7 .
W a t s o n , J a m e s D ., T h e D o u b le H e lix , A t h e n e u m , e W e id e n f e l d & N i c o l s o n ,
1968.
C A PÍT U L O T R E Z E
B r a ith w a ite , R . B ., T h e o r y o f G a m e s a s a to o l f o r th e M o ra l P h ilo s o p h e r ,
C a m b r id g e U n iv e r s ity P ress, 1 9 5 5 .
B r o n o w s k i, J ., “ H u m a n a n d A n im a l L a n g u a g e s ” , p p . 3 7 4 - 9 5 , in T o H o n o r
R o m a n J a k o b s o n , 1 ., M o u t o n & C o . , H a i a , 1 9 6 7 .
E c c le s , J o h n C ., e d i t o r , B r a in a n d t h e U n ity o f C o n s c io u s E x p e r ie n c e , S p r in -
g er-V erla g , 1 9 6 5 .
G reg o ry , R ich a rd , T h e ln te llig e n tE y e , W eid en feld & N ic o lso n , 1 9 7 0 .
N e u m a n n , J o h n v o n , e O sk a r M o r g e n ste r n , T h e o ry o f G a m e s a n d E c o n o m ic
B e h a v io r , P r i n c e t o n U n iv e r s it y P r e ss, 1 9 4 3 .
W o o l d r id g e , D e a n E ., T h e M a c h in e r y o f t h e B r a in , M c G r a w - H ill, 1 9 6 3 .
442
^ÍNDICE REMISSIVO
O s n ú m e r o s e m n eg rito se referem Ar, com p o siçã o d o , 148 B esouro, caça, 143, 293, 294
às ilu stra çõ es A ra d o , in ven çã o d o, 2 7 , 7 4 , 7 9 B e m in i, G ian loren zo (1 5 9 8 -1 6 8 0 ),
A rb uthot, J o h n (1 6 6 7 -1 7 3 5 ), 236 96, 99, 207, 208, 214
A b b o y d a le , C o m p le x o In d u strial, A rco, e v o lu çã o do, 1 0 3 -1 1 0 B eth e, H an s A lb rech t (1 9 0 6 ), 3 4 3
Y o rk sh ire, 2 7 2 A r is tó te le s ( 3 8 4 - 3 2 2 a .C .), 1 4 2 , -344
A b elh a s, m e c a n is m o s d e rep ro d u 194, 197, 208, 224 B íb lia , A , 2 5 , 6 0 - 7 0 , 7 2 , 7 3 , 7 9 ,
ç ã o nas, 1 9 7 , 3 8 6 , 3 9 6 , 4 0 0 A r q u i m e d e s (c. 2 8 7 - 2 1 2 a .C .), 7 4 , 1 6 2 -1 6 4 , 2 0 9 , 2 3 4 , 2 5 6 , 3 0 9 ,
A b óbada, Invenção da, 46, 88, 1 7 7 , 2 0 0 ; O p era , 7 4 , 1 4 2 , 2 0 0 341
11O , 1 1 2 , 165 A str o n o n ú a , c iên cia da, 8 4 , 1 6 4 , B in g h a m , H ira m (1 8 7 5 -1 9 5 6 ), 9 6
Á cid o D eso x ir ib o n u c lé ic o (A D N ), 165, 177, 181, 189, 2 18 , 2 4 0 B io lo g ia , 6 0 -7 9 , 1 6 5 , 3 0 8 , 3 1 ,
2, 2 0 , 178, 1 9 5 , 1 12, 3 1 7 ,3 5 6 , -25 4, 3 5 8 -3 6 0 3 1 7 , 3 7 9 -4 0 9 , 4 1 1 ,4 3 6 ;d iv e r si-
3 9 0 -3 9 5 A tleta, 9, 31-36 d a d e d a v i d a , 2 9 1 ; h u m a n a , v.
A ç o , fab ricaçã o d o , 1 3 1 -1 3 3 A tô n ú c a , estrutura, 2 4 , 9 6 , 1 74 , E v o lu ç ã o cu ltu ral
A c ú stic a e M ú sica, h istó ria da, 6 6 , 1 7 6 , 3 30 ; con cep ção d e B o h r da, B ioq u ín ú ca, 1 40 , 154, 1 5 5 , 3 1 4 ,
156, 157, 169, 176, 179, 379 167, 3 36 -3 3 8; con cep ção de v. tb . á c i d o d e s o x ir i b o n u c l é ic o
A d a p is p a r is ie n s is e A d a p is m a g - D a lto n d a, 1 51 ; c o n ce p çã o d e (A D N ), estrutura d a s red es d e
n u s, 3 7 M en d eleiev da, 3 2 3 -3 2 6 ;c o n c e p - cristais e p r o te ín a s
A d a p ta ç õ e s , a n im a l, 19, 4 8 ; h o ção d e R u th erford da, 334 B i r m in g h a m , I n g la te r r a , c e n t r o in
m em , 48 A u b r e y , J o h n ( 1 6 2 6 - 1 6 9 4 ) , B r ie f te le c tu a l, 2 7 7 - 2 7 9 ; a p ed reja -
v. t b . E v o l u ç ã o c u l t u r a l L iv e s , 1 6 4 m e n t o da casa d e P r ie stle y e m ,
A d ela rd d e B a th (sé c u lo X II), 6 9 A u s c h w itz (O stw ie c im ), P o lô n ia , 144
A e g y p to p ith e c u s z e u x is, 1 0 , 3 7 , 4 2 186, 1 8 7 ,3 7 4 B isã o, P in tu ra p a le o lític a d o, 18
Á frica, 5 6 , 5 9 , 4 3 7 ; h o m e m na, A u tô m a to Jacq u et-D roz, 127 B la k e , W illia m ( 1 7 5 7 - 1 8 2 7 ) , 9 0 ,
25-29 A u s t r a l o p i t h e c u s a fr ic a n u s , tb . c o 9 1 , 2 5 6 , 2 8 5 ; A u g u r ie s o f ln n o -
A g ressão , T eorias d a , 3 7 0 4 ; c o m o n h e c i d o c o m o H o m o tr a n s v a a - c e n c e , 3 5 1; E u r o p e , A P r o p h e c y ,
^ in stin to n o h o m e m , 88 le n s is , 1 0 , 2 9 , 3 8 , 5 9 , 4 0 1 3 4 ; S o n g s o f E x p e r ie n c e , 2 1 9 ;
Á g u a , c o m o fo n te de p o tên cia , A u s tr a lo p ith e c u s r o b u s tu s , 1 0 , 3 8 , S o n g s o fI n n o c e n c e , 4 1 2
2 6 0 -2 6 2 ; estru tu ra a tô n ú ca , 1 52; 42 B lu m e n b a c h , J o h a n n F ried rich
estrutura da g o ta , 8 1 A u tôrn atos, 1 27 , 1 3 8 , 2 6 5 , 2 6 7 , ( 1 7 5 2 - 1 8 4 0 ) , co leçã o d e crânios,
A lav a n ca, p rin cíp io da, 2 7 ,7 4 ,1 1 8 286, 3 7 4 ,4 1 6 ,4 3 6 G O ttin gen , 1 8 2 , 3 6 7
A lcorã o, 3 3 , 1 6 6 , 1 6 9 A v e b u r y R in g , In glaterra, 1 9 2 B o ccio n i, U m b e r to (1 8 8 2 -1 9 1 6 ),
A f o n s o X , o S á b io , R e i d e C a ste- A v e r y , O sw a ld ( 1 8 7 7 -1 9 5 5 ), 3 9 3 A s F o rça s d e u m a R u a , 3 3 2 ;
la e L eón (1221-84), 75, 176 A v ic e n a ( A b u -A li a l-H asa in ib n D in a m is m o d e u m C ic lis ta , 1 6 5 ,
A lg a , v e r d e , 3 8 8 , 4 0 6 ; S p ir o g y r a , A b id u la h ib n S in a ) (9 8 0 -1 0 3 7 ), 332
200 142 B o h r , N ie ls H e n r ik D a v id ( 1 8 8 5
A lh a m b ra , o , G ran ad a, E sp an h a , B a b i l ô n i a , v. C i v i l i z a ç ã o s u m e r i a n a -1 9 6 2 ), 122, 158, 1 6 3 ,2 0 4 ,3 3 2 ,
7 2 , 7 3 , 20, 1 69 -7 6 B a co n , F ra n cis ( 1 5 6 1 - 1 6 2 6 ) , 1 3 6 , 3 3 4 - 3 4 0 ; O n th e C o n s titu tio n o f
A l h a z e n ( a b u - ’A l i A l H a s e n i b n 3 25 -3 2 6 A t o m s a n d M o le c u le s , 3 3 7
A l - H a y t h a n ) (d. 1 0 3 8 ) , 5 , 1 7 9 ; B acon , R o g er, V isco n d e d e St. B o ltzm a n n , L u d w ig (1 8 4 4 -1 9 0 6 ),
O p tic a e T h e s a u ru s A lh a z e n i, 7 7 A lb a n s (1 2 1 4 -1 2 9 4 ), 1 79 1 7 3 , 2 0 4 , 3 47 -3 5 1
A legri, G reg ó rio ( 1 5 8 2 - 1 6 5 2 ) , 2 0 8 B a k h tia ri, s u d o e s t e d a P érsia , 2 0 , B o rg ra jew icz, S te p h a n ( 1 9 1 0 ) ,
A lq u im ia, 2 0 , 1 2 3 , 1 3 3 , 1 3 4 , 136 , 2 1 ,6 0 ,6 1 ,6 2 ,6 3 ,6 4 , 7 8 ,4 2 5 175, 353, 355
138, 142, 150, 152, 238, 239, B a lística , 8 1 , 1 8 4 , 2 4 9 B o m , M ax (1 8 8 2 -1 9 7 0 ), 1 6 3 ,1 8 0 ,
3 2 1 ,3 4 1 , 343 B a ila, G i a c o m o ( 1 8 7 1 - 1 9 5 8 ) , O 204, 329, 3 60 -3 6 2, 364, 367,
A m a z o n a s , R i o , P e r u e B ra sil, 4 2 , P la n e ta M e r c ú r io p a s s a n d o d ia n 409
9 2 , 2 9 4 , 3 0 1 , 3 0 3 , 3 0 6 ; flo res t e d o S o l, 1 6 5 B o sw e ll, J a m e s ( 1 7 4 0 - 1 7 9 5 ) , L ife
tas d o , B ra sil, 1 4 1 , 1 4 4 , 1 4 5 ; e x B arb ari, J a c o p o d e , 8 9 o f Joh n son , 280
p e d iç ã o d e B a te s e W a lla c e às, B a r b e r i n i , M a f f e o , v. U r b a n o V I I I B o u lto n , M a tth e w (1 7 2 8 -1 8 0 9 ),
296 B a te s, H e n r y W alter (1 8 2 5 -1 8 9 2 ), 135, 277, 280
A m e r ín d io s , trib o s, 4 5 , 9 1 - 9 4 ; d a 294, 296, 306 B o u rb o n , F a m flia R eal d o s , F ra n
C a lifó rn ia , 1 9 ; T ierra d e i F u e g o , B e a u m a r c h a i s , C o n d e d e , v. C a r o n , ça, 2 6 7 , 2 6 8 , 3 7 9
147, 3 0 3 ; u so d o ferro p e lo s , 1 31 P ierre A u g u s tin Braque, G eorges (18 8 2 -1 9 6 3 ),
A n a to m ia , estu d o da, 1 4 2 , 1 7 2 , B eau va is, C a te d r a l, F r a n ç a , 1 1 0 H o u s e s a t L 'E s ta q u e , 3 3 2
2 0 7 ,4 1 2 B e b ê h u m a n o , 8, 3 1 ; r e fle x o de, B recht, B ertolt (1 8 9 8 -1 9 5 6 ), 3 6 7
v. t b . V e s a l i u s 31 B rid gew a ter, F ra n cis E g erto n , 3 9
A n n e , rain h a d a In glaterra ( 1 6 6 5 B e e th o v e n , L u d w ig van ( 1 7 7 0 D u q u e d e (17 36 -18 0 3), 126,
-17 14 ), 2 3 4 , 236 -18 27 ), 2 88 262, 265
A q u e d u to r o m a n o , S eg ó v ia , 4 1 ,
1 0 4 ,1 0 6
B el^ arn ú n o, c a r d e a l R o b e r t o ( 1 5 4 2
-16 21 ), 205 , 2 07 , 2 1 3 , 214, 216
B rin d ley , J a m es (1 7 1 6 -1 7 7 2 ), 126,
260, 262, 265 443
B ro g ü e, L o u is V icto r, P r ín c ip e d e ev o lu çã o do - h u m a n o , 3 6 , 4 0 , -1934), 163, 2 04
(1892), 163, 338, 364 4 2-46; D a lto n , J o h n ( 1 7 6 6 -1 8 4 4 ), 6 4 ,6 5 ,
B ron ow sk i, J acob (1 9 0 8 -1 9 7 4 ), r ela çõ es c o m a m ã o , 4 2 , 2 1 2 , 1 50 -1 5 3, 322
T h e fd e n tity o f M an , 4 1 2 , 4 1 5 113, 115, 116 D art, R a y m o n d (1 8 9 3 ), 2 9
B r o n z e , 1 3 1 ; calig rafia n o , 5 3 , C h a d w ic k , S ir J a m e s ( 1 8 9 1 - 1 9 7 4 ) , D a r w in , C h arles R o b e r t ( 1 8 0 9
1 2 8 ; té c n ic a d e m o d e la r o , 1 2 7 ; 341, 343, 351 82), 2 4 , 1 4 2 , 1 5 1 , 245, 2 7 9 ,
d e sco b e r ta d o , O rien te M é d io , C h agall, M arc ( 1 8 8 7 ) , 3 6 7 ; O 2 91 , 3 01 -3 0 9, 313, 317, 344 ,
126; bronzes de Shang e de C hou, C a s a m e n to , 2 0 3 351, 387;
5 2 , 126 C h a u c e r , G e o f f r e y (c . 1 3 4 0 - 1 4 0 0 ) , D o w n e H ouse, 148, 149, 306;
B rooke, R upert (18 87 -19 1 5), 337 T r a ta d o s o b r e o A s tr o lá b io , 1 6 6 , c o r r e s p o n d ê n c ia c o m A . R . W al-
B r o w n e , S ir T h o m a s ( 1 6 0 5 - 1 6 8 2 ) , 260 lace, 3 0 8 ;
T h e G a r d e n o f C y r u s , 91 C h in a , 4 1 1 , 4 2 6 , 4 3 7 ; alq u illÚ a n a, V ia g e m d e u m N a tu r a lis ta , 1 4 3 ,
B ru n ellesch i, F ilip p o ( 1 3 7 9 - 1 4 4 6 ) , 1 3 6 ; ad oração d o ancestral na, 293, 303;
179 1 1 8 ; m a te m á tic a na, 6 8 ; D in astia A D e s c e n d ê n c ia d o H o m e m , 2 4 ;
B runo, G iord a n o (1 5 4 8 -1 6 0 0 ), S h a n g na, 1 26 A O rig em d a s E s p é c ie s, 2 4 , 3 0 8
198, 205, 207 C id a d e, o rg an iza çã o d a, 8 8 , 8 9 , D a rw in , E rasm u s (1 7 3 1 -1 8 0 2 ),
B r u tu s, M a r c u s J u n iu s (c. 8 5 - 4 2 100, 102 148, 279, 304
a. C .), 1 1 3 C ivilizaçã o su m eria n a , 7 7 , 1 0 0 , D e fo e , D a n iel (1 6 6 1 ? - 1 7 3 1 ),
B u d h a , G a u ^ m a , P r ín ç ip e S idd- 155, 158, 160, 1 8 9 ,4 3 5 ,4 3 7 R o b in so n C ru so e, 1 9 2
h a r th a ( 5 6 3 - 4 8 3 a .C ), 4 1 7 C lau siu s, R u d o l f J u liu s E m a n n e l D e m o c r a c ia , Ideal da, 2 7 4 , 3 7 9 ,
B u d ism o , n o Im p é r io M o n g o l, 8 8 , (18 22 -18 8 8), 347 3 8 6 ,3 9 0 ,4 1 1 ,4 2 8 ,4 3 5 -4 3 7
4 1 7 ,4 3 7 C o b r e , 1 2 6 , 1 5 0 , 1 8 2 ; n a P érsia D en tes, h u m a n o s, ev o lu çã o d o s,
B u z K a sh i, jo g o d o A fg a n istã o , A n tig a, 1 2 5 ; n o I m p é r io In ca , 29, 3 8 ,4 1
3 2 ,2 1 3 , 82-86, 4 26 1 0 2 ; p o n t o d e fu s ã o , 1 3 2 ; a d el- D escartes, R en é (1 5 9 6 -1 6 5 0 ), 2 1 8
C a lcu la d or, h istó r ic o e m o d e r n o , g a ç a m e n to d o aram e estirado, 51 D e sco b erta cien tífica , 2 0 , 26, 29,
5 6 ,7 1 ,9 1 ,1 6 6 , 1 6 8 ,2 0 0 C ó d igo , 20 94, 9 5, 1 12 , 115, 141, 1 5 3 ,2 0 2 ,
C á lc u lo ,o , I 8 4 - 1 8 7 ,2 2 2 ,2 2 8 , 2 3 9 C o lerid ge, S a m u e l T a y lo r ( 1 7 7 2 236
C a n a l, 2 6 2 -2 6 5 ; L la n g o lle n , V r o n , - 1 8 3 4 ) , K u b la i K h a n , 8 8 ; R im e D e se n v o lv im e n to em b rio ló g ico ,
G a le s, 1 2 5 ; M a n ch ester a W ors- o f th e A n c ie n t M a rin e r, 2 8 2 2 0 7 , 4 2 4 ; n o g ru n io n , 1 9, 1 3 9 ;
ley, 2 6 2 C o lo m b o , C ristóvão (1 4 5 1 -1 5 0 6 ), n a g alin h a , 1 9 6 , 3 9 5
C a n y o n d e C h elly , M o n u m e n to 96, 140, 169, 190, 194 D e s lo c a m e n to . co n tin e n ta l, teoria
N a cio n a l, A rizo n a , 3 5 , 9 1 -9 6 C o m p o r ta m e n to a n im a l, e stu d o s dO, 7 2 , 9 1
Carbono, 344, 390 do, 210, 4 1 2 ,4 1 6 D ic k e n s , C h arles ( 1 8 1 2 - 1 8 7 0 ) , 4 2 4
C arn ot, N ic o la s L éon ard Sadi C o p ém io o , N icolau (1 4 7 3 -1 5 4 3 ), D ióx id o de carbono, 1 5 1 ,1 5 2 , 314
( 1 7 9 6 - 1 8 3 2 ) , L a P u is s a n c e M o - 8 8 , 1 96 -1 9 8, 2 0 4 -2 1 6 , 2 2 1 ,3 3 4 ; D o m e s tic a ç ã o d o s a n im ais, 2 1 , 2 7 ,
tr ic e d u F e u , 2 8 2 D e r e v o lu tio n ib u s o r b iu m , c o e - 2 4 ,6 0 ,7 7 ,7 9 , 86 ■
C a r o n , Pierre A u g u s tin , c o n d e de le s tiu m , 8 8 , 1 4 2 , 1 9 7 D o n d i, G iov an n i de (1 3 1 8 -1 3 8 9 ),
B eau m a rch ais (1 7 3 2 -1 7 9 9 ), 2 6 5 , C ó rd o b a, G ran d e M esquita, E sp a 8 7 , 1 94 -1 9 6
2 6 7 - 2 6 8 ; A s B o d a s d e F ig a ro , nha, 4 2, 106 D onne, John (1572-1631), The
2 6 5 , 2 6 7 ,2 6 8 C o w p e r , W illia m ( 1 7 3 1 - 1 8 0 0 ) , 2 4 7 E x ta s ie , 4 0 6
C arp accio, V itto re (c. 1 4 5 0 -1 5 2 2 ), C rab b le, G e o rg e ( 1 7 5 4 - 1 8 3 2 ) , 2 6 0 D r y o p i t h e c u s a f i i c a n u s , v. P r o -
S a n to Ü rsu fa , 7 8 , 1 7 9 C r e s c im e n to , an álise m a te m á tic a c o n s u l a fr ic a n u s , D r y o p it h e c u s
C arrara, m á r m o r e , Itá lia , 1 1 5 d o , 8 2 , 1 9 4 , 1 84 -1 8 7 f o n ta n i, D r y o p it h e c u s in d ic iu s e
C a rro ll, L e w is (C h a r le s L u t w id g e C r e sc e n te F értil, 6 8 , 7 0 , 9 1, 9 2 , D r y p o ti h e c u s s iv a le n s is , 1 0 , 3 7 ,
D o d g s o n ) ( 1 8 3 2 - 1 8 9 8 ) , A lic e n o 100 38
P a í s d a s M a r a v il h a s , 2 4 9 C rick , F ra n cis H . C o m p t o n (1 9 1 6 ) , D u p le s sis, J o s e p h S ., R e tr a to d e
C a ta r in a II, A G r a n d e , im p e r a tr iz 3 90 -3 9 3 B e n ja m in F r a n k lin , 1 2 9
d a R ú ssia ( 1 7 2 9 - 1 7 9 6 ) , 2 7 7 C risto, J esu s, 2 4 , 9 1 , 9 4 , 1 2 5 , 1 5 5 , D ürer, A lb rech t (1 4 7 1 -1 5 2 8 ), A
C a v a lo , c o m o a n im a l de tra çã o , 8 0 ; 1 6 4 -1 6 5 , 196, 4 2 5 ,4 2 9 A d o r a ç ã o d o s M a g o s, 80, 1 8 1 ;
d o m estica çã o do, 86; C r o m w e ll, O liv er ( 1 5 9 9 - 1 6 5 8 ) , T r a ta d o d a P e r s p e c tiv a , 7 9 , 1 8 3 ;
n o P e r u , 1 0 1; 222, 374 A u to -r e tr a to , 2 0 9
a m a n sa m e n to para m o n ta ria , 24, C rista l, 3 2 1 - 3 3 2 , 3 5 6 ; d a T a b e la D u r h a m , T e r r y ( 1 9 3 0 ) , R e tr a to
8 0 ,4 1 2 ; P eriódica d e E lem e n to s , 1 5 9 , d o D r. B r o n o w s k i, 4 1 6
c a v a leiro s, 8 2 - 8 4 , 1 3 3 3 2 1 -3 3 0 ; d e m eta is, 1 2 5 , 1 2 6 , E d d i n g t o n , S ir A r t h u r S t a n le y
C a v er n a s d e A ltallÚ ra, S a n ta n d e r , 1 3 3 ; d e pirita, d e flu o r ita , d ia (1882 -19 4 4), 254
E spanha, 18, 50-56 m a n t e , cristal d a Islâ n d ia , 7 4 , E g ito , A n tig o , 1 0 0 ,1 5 9 , 1 6 0 , 1 8 9 ,
C ellin i, B e n v e n u t o ( 1 5 0 0 - 1 5 7 1 ) , 1 7 4 ; v. t b . A c i d o D e s o x i r i b o - 4 2 6 ,4 3 5 ,4 3 7
5 7 ; M e m ó r ia s d e B e n v e n u to n u c lé ic o ( A D N ) E in stein , A lb ert (1 8 7 9 -1 9 5 5 ), 1 17 ,
C e llin i, 1 3 4 , 1 3 6 C ru ik sh an k , G e o r g e ( 1 7 9 2 - 1 8 7 8 ) , 118, 122, 158, 163, 204, 245
C e lsu s A u reliu s, 1 4 0 G ra v u ra s S a tír ic a s , 1 2 6 , 1 2 7 -256, 321 , 3 28 -3 2 9, 343, 367,
C en ta u ro , len d a grega do, 8 0 C u ltu ra d o s c a ç a d o r e s m a g d a le n ia - 3 7 0 - 3 7 1 , 4 0 8 , 4 2 9 ; E le tr o d in â -
C érebro, 31, 4 0 4 , 4 1 2 -4 2 4 , 436 ; nos, 1 1 ,4 6 m ic a d o s c o r p o s e m m o v im e n
444 e lo co m o çã o , 2 0 , 31; C u rie, M a r ie S k l o d o w s k a ( 1 8 6 7 - to , 1 2 1 , 2 5 4 , 2 5 5 ; O M u n d o
c o m o o v e jo , 2 5 5 , 2 5 6 F erro, uso p o r a m erín d io s, 131; G e o r g e III, rei d a In g la te r r a ( 1 7 3 8
E lem en to s q u ím ico s, 1 3 3 , 134, trab a lh o d o , para fab ricaçã o d e 182 0), 271
146, 151, 3 4 3 -3 4 9 ; con cep ção aço, 132 G e ra ld o d e C r e m o n a (c. 1 1 1 4
grega d o s, 1 2 3 , 1 4 4 ; T a b e la P e F ís ic a , h istó ria d a , 1 1 0 , 1 2 5 , 1 6 5 , -11 87 ), 177
rió d ica d o s, 1 6 1 , 3 2 3 -3 2 6 2 21 -2 5 6, 3 2 1 -3 7 4 ,4 1 1 ,4 3 6 G e r m â n io , id en tifica çã o d o , 3 26
E létro n s, 1 6 7 , 2 6 4 , 3 3 0 , 3 3 4 , F ísica a tô m ic a , 2 4 , 3 2 8 - 3 5 1 , 3 5 3 G etsu , artesão na fab ricação d e es
3 3 6 ,3 6 2 -37 0 pada, 5 4 , 1 31 -1 3 3
E n g e l s , F r i e d r i c h ( 1 8 2 0 - 1 8 9 5 ) , v. F itz.roy , R o b e r t ( 1 8 0 5 - 1 8 6 5 ) , 3 0 3 G h ib erti, L o ren zo (1 3 7 8 -1 4 5 5 ),
M a r x , K arl H e in r ic h F lam steed , J oh n (1 6 4 6 -1 7 1 9 ), 2 43 179
E n g en h aria, 1 3 5 , 1 0 4 , 1 8 9 , 2 6 0 , F o g o , c o m o a n alisad o r, 1 2 5 , 1 4 2 ; G illary, J a m e s ( 1 7 5 7 - 1 8 1 5 ) , 1 30
2 7 7 -2 8 0 , 2 8 6 ,4 3 6 c o m o p r o ce sso , 1 4 2 ; c o m o p u ri G o e th e , J o h a n n W olfga n g von
E n tr o p ia , te o r ia física d a , 3 4 7 , fic a d o r, 1 2 3 , 1 3 8 ; n a Id ad e da (1749-1832), 288
3 4 8 -3 5 1 Pedra, 4 1 , 5 0 ; len das d o , 1 2 4 G o ld s m i t h , O liv er ( 1 7 2 8 - 1 7 7 4 ) , A
E n x o fr e , 1 2 4 , 3 4 4 ; s u lfeto s de F o ra m e n m a g n u m , b a se d o crânio, V ila d e s e r t a , 2 6 0
m ercÚ Iio, 1 2 3 , 1 3 8 -1 3 9 29, 37 G récia , c iê n c ia e cu ltu ra na, 7 4 ,
E ra sm u s, D e s id er iu s (c. 1 4 6 6 F r a n c i s c o I, r e i d a F r a n ç a ( 1 4 9 4 7 7, 112 , 134, 1 5 5 -1 6 2 , 177,
1 53 6), 2 1 4 , 2 15 , 1 41 , 142; O -15 47 ), 1 3 4 ,1 3 6 321 , 351
E lo g io d a L o u c u r a , 4 2 7 , 4 2 9 F ra n k lin , B en ja m in ( 1 7 0 6 - 1 7 9 0 ) , G riffier, R o b e r t ( 1 6 8 8 - 1 7 6 0 ? ) ,
E sp ecificid a d e h u m a n a , 1 9 ,2 9 - 3 1 , 1 2 8 , 1 2 9 , 1 1 6 , 1 4 4 , 1 4 8 , 26&- 113
4 2 , 5 6, 113, 118, 4 0 0 -4 0 7 , -2 7 2 ; P o o r R ic h a r d 's A lm a n a c k , G r is , J u a n ( 1 8 8 7 - 1 9 2 7 ) , N a tu r e z a
4 1 6 -4 2 4 2 6 8 ; r a s c u n h o d a D e c la r a ç ã o d a M o r ta , P ie r r o t, 3 3 2
E spaço, m ed id a d o , 1 55 , 176, In d e p e n d ê n c ia , 2 7 2 , 2 7 9 G r u n i o n , 1, 1 9 , 3 8 8
1 80 -1 8 7, 2 4 0 , 2 4 1 ,2 5 6 F r a n z J o s e f I, i m p e r a d o r d a Á u s G ru p o s sa n g ü ín eo s, h u m a n o , N o
E spada jap on esa, 5 4 , 131 , 132, tria ( 1 8 3 0 - 1 9 1 6 ) , 3 7 9 , 3 8 6 vo M u n d o, 9 2 , 94
m arcas d e resfria m en to n a , 5 5 , F reu d , S ig m u n d (1856-1939), G ru ta d e O ld u va i, T a n z â n ia , 29
133 367 G u i l h e r m e II, K a is e r d a A l e m a n h a
E sp ectro , de in fo rm a çã o , 3 5 3 -3 6 4 ; F r o b e n iu s , J o h a n n (c. 1 4 6 0 - 1 5 2 7 ) , (1859 -19 4 1), 362
d a lu z, 1 0 6 , 2 2 4 , 2 4 9 ; d e m o l é 1 4 1 ,4 2 9 H á fn io , iso la m en to d o e le m e n to ,
cu las o rg â n ic a s n a s estrelas, 3 1 8 ; G a le n o , C lá u d io (c. 1 3 0 -2 0 0 ) , 1 7 7 , 337
a tô m ico , 1 67 , 3 3 6 -3 3 9 411 H a lley , Edm ond (16 56 -17 4 2),
E s q u im ó , escu ltu ra, 1 15 G a lile o , G a lilei ( 1 5 6 4 - 1 6 4 2 ) , 9 0 , 232 -2 3 3
E sta b ilid a d e E stra tifica d a , teoria 9 1, 9 3 , 9 4 , 1 98 -2 1 8, 259, 334, H a ló g e n o s, m eta is, 1 5 9 , 3 2 1 ,
da, 3 44 -3 4 9 3 6 7 ; D iá lo g o s o b r e o s g r a n d e s 322
E s ta tístic a , a n á lise, 3 4 8 , 3 5 8 , s is te m a s d o m u n d o , 2 0 9 , 2 1 1 , H arp ão m a g d a len ia n o , 14, 4 6
360 2 1 2 , 2 2 1 ; v. I n d e x ; O m e n s a g e i H arrison, J o h n ( 1 6 9 3 - 1 7 7 6 ) , 1 14 ,
E s te r e o tip ia e m crista is, 1 5 4 , 1 7 3 , r o e s te la r ( S id e r iu s N u n c iu s ), 116, 2 4 1 -2 4 5
313; n o h o m em , 3 1 1 ,4 2 1 2 0 4 -2 0 5 ; ju lg a m e n to de, 2 0 5 , H a y , H . J. ( 1 9 3 0 ) , 2 5 5
E stre ito d e B e r in g , A la sc a , E U A , 2 1 2 - 2 1 7 , 3 3 4 ; D u a s n o v a s c iê n - H e g e l, G e o r g W ilh e lm F ried rich
92 cw s, 2 1 8 (1 7 70 -18 3 1), 360
E u clid es, 1 6 2 -1 6 4 , 1 7 7 , 2 3 3 , 4 3 7 ; G a n d h i, M a h a tm a (1 8 6 9 -1 9 4 8 ), H eisen b erg, W ern er ( 1 9 0 1 ) , 1 6 3 ,
E le m e n to s d e G e o m e tr ia , 6 9 429 337, 340, 362, 364, 365
E v o lu ç ã o , b io ló g ica , 1 9, 4 8 , 5 9, G arstan g, J o h n (1 8 7 6 -1 9 5 6 ), 65 H élio , 3 2 2 , 3 3 0 , 3 4 3 , 3 4 4 , 3 4 9
2 93 -3 0 8, 317 , 4 0 0 , 4 1 1 , 4 2 1 ; G ás d o s P ân tan os (m eta n o ), 1 51 , H e n r iq u e V III, rei d a In glaterra
p o r seleçã o n a tu ral, 4 2 , 5 0 , 5 9 , 314 (1491-1547), 207
388; G a u s s , K arl F r ie d r ic h (1777 H ersch el, S irW illiam (1 7 3 8 - 1 8 2 2 ) ,
por seleção sex u a l n o h o m e m , 1 85 5), 179, 3 5 8 -3 6 0 , 4 2 4 ; Cur 354
4 00 -4 0 6 ; va d e G auss, 3 5 8 , 3 6 4 H ersh ey , A lfred D a y (1 9 0 8 ), 3 9 3
cu ltu ral, 2 0 , 3 6 , 4 0 , 4 8 , 5 6 , 5 9 , G ay, John (1 6 8 5 -1 7 3 2 ), T h e B eg- H er tz , H ein rich R u d o lf ( 1 8 5 7
60; g a r 's O p e r a , 2 3 6 - 2 4 0 ; T h r e e -1894), 354
d a m a téria , 3 0 9 , 3 4 4 ; H o u r s a f te r M a n la g e , 2 3 6 H id ro g ên io , 1 6 7 , 3 2 2 , 3 3 0 , 3 36 ,
v. t b . C é r e b r o e D e n t e s G a zela , de G ran t, 3, 28, 32, 3 5 -3 6 337 , 3 4 1 ,3 4 3 , 349, 390
E y c k , J a n v a n (c. 1 3 9 0 -1 4 4 1 ) , R e G e n é t ic a , h istó ria d a s id éia s d e H i ll , D a v i d O c t a v i u s ( 1 8 0 2 - 1 8 7 0 ) ,
tr a to d o s A m o lf in is , 2 0 2 M e n d e l s o b r e a, 3 8 0 - 3 9 0 ; d o V w d u to d a A m ê n d o a , 1 2 3
F a rad ay , M ich ael ( 1 7 9 1 -1 8 6 7 ), a x o lo tle , 198, 3 9 6 -3 9 9 ; da ce H ip ó c r a te s (c. 4 6 0 - 3 7 7 a .C .), 1 7 7 ,
271 g u e ir a d e cores, 1 5 1 ; d o láb io 429
F erm en tação, 155, 3 1 1 , 3 1 4 , 316 d o s H a b s b u r g o s , 3 7 9 ; d a erv ilh a , H iro sh im a , J a p ã o , 1 8 5 , 3 7 0
F erm i, E n rico (1 9 0 1 - 1 9 5 4 ) , 171, 1 9 0 , 3 8 1 -3 8 8 ; d a co r da p ele n o H itler, A d o lf ( 1 8 8 9 - 1 9 4 5 ) , 8 6 ,
172, 1 8 3 , 341, 3 43 -3 4 7, 351, h o m e m , 2 6 ; d o trig o , 6 5 343, 3 6 7 -3 6 9 ,4 2 5
367, 369, 370 G e n g h i s K h a n (1 1 6 2 - 1 2 2 7 ) , 8 0 , H ob b es, T h o m a s (1 5 8 8 -1 6 7 9 ), 164
F e r n a n d o I, i m p e r a d o r d a Á u s t r i a 82, 86-88, 132 H o m e r o (c. 7 0 0 a .C .), 4 3 7 ; A
(1793-1876), 376 G eo lo g ia , 2 5 , 2 6 , 91 l/la d a , 3 4 9
F erram entas, 11, 2 9 , 4 0 , 4 1 , 4 6 ,
6 5 ,9 5 , 1 10, 116, 1 18, 1 5 8 ,3 7 0
G c o r g e I I, r e i d a I n g l a t e r r a ( 1 6 8 3
1760). 3 62
H o m o e r e c tu s , 1 0 , 1 1 , 4 0 , 4 1 , 4 2 ,
4 5 , 124 445
H o m o s a p ie n s , 1 0 , 4 1 , 4 2 , 4 8 , 5 0 , 8 0 ,8 2 ,8 6 ,8 8 ,2 0 5 ,2 6 5 ,3 7 0 Lua, 9 3, 164, 196, 204, 2 22 , 233,
59 J o l i o t - C u r i e , F red eric ( 1 9 0 0 388
H o m o tra n sv a a le n sis, v . A u s tr a lo - -1958), 369. L u í s X V I , r e i d a F r a ii.,-a ( 1 7 5 4
p it h e c u s a fr ic a n u s J ou le, J a m es P rescott (1 8 1 8 -1 8 8 9 ), 1793), 265, 2 67 , 268
H o ok e, Robert (1 6 3 5 -1 7 0 3 ), 226, 162, 286, 288 L u t e r o , M a rtin h o ( 1 4 8 8 - 1 5 4 6 ) ,
2 32 -2 3 4, 241 K elv in , W illia m T h o m s o n , p r im e i 142, 205
H o o k e r , S ir J o s e p h D a lt o n ( 1 8 1 7 ro barão (1 8 2 4 -1 9 0 7 ), 288 L uz, 1 79 -1 8 1, 2 24 -2 2 8 , 247, 248
-1911), 3 06 , 308 K e n y o n , K a th leen M a r y (l9 0 6 ), 70 -256, 353, 355
H u n ter, W alter (1 8 8 9 - 1 9 5 4 ) , 4 2 3 K ep ler, J o h a n n es (1 5 7 1 -1 6 3 0 ), L y e ll, S ir C h a r le s ( 1 7 9 7 - 1 8 7 5 )
H u n tsm a n , B e n ja m in (1 7 0 4 -1 7 7 6 ), 184 , 1 9 8 ,2 2 1 T h e P r i n c i p i e s <>f G e o l o g y , 3 0 6 ,
131 K n e lle r , S ir G o d f r e y ( 1 6 4 6 - 1 7 2 3 ) , 308
H u x ley , A ld o u s L eon ard (1 8 9 4 R e tr a to d e S ir Isa a c N e w to n , M a c a c o a n t r o p ó i d e , c o m p a r a . >■
-1963), 124 104, 107 ao h o m e m , 2 9, 36, 5 9 , 3 0 2 , 4 0 0 ,
Iatro q u ím ica , 1 3 8 , 1 40 K o - H u n g (c . 2 6 0 - 3 4 0 ) , P a o - p 'n 4 1 1 ,4 1 7 ,4 2 3
Ilha d a P á s c o a , 8 6 , 1 9 2 , 1 9 8 , 4 2 5 T zu , 134 M ach, E rnst (1 8 3 8 -1 9 1 6 ), 351
Im a gin açã o, 3 6 , 4 0 , 4 8 , 5 0 , 5 4 , K u b l a i K h a n (c . 1 2 1 5 - 1 2 9 4 ) , 8 8 , M a c h u P i c c h u , c id a d e i n c a d .', P e
56, 91, 94, 95, 340, 364, 365, 132 ru, 3 7 , 2 0 , 9 6 - 1 0 3 , 4 1 6
4 3 2 ,4 3 8 L a m a rck , J ea n B a p tiste ( 1 7 4 4 M a ç o n s , t r a b a l h o d o s , 4 4 , 1 o 9 .,
Im p é r io In ca , 9 6 , 1 0 0 , 1 0 1 , 1 0 2 , -18 29 ), 388 110, 112, 113, 2 4 4 ,2 6 8 , 274
1 0 3 , 1 0 6 ; trab alh o e m o u ro d o , L a p ões, 15, 16, 1 7 ,4 8 ,5 9 M a ia s, 2 0 , 1 5 5 , 1 8 9 , 1 9 0 - 1 9 8 ; o s
5 6, 134 Laue, M ax von (1 8 7 9 -1 9 6 0 ), 356 a strôn om os, 20
L a vo isier, A n t o i n e L a u r e n t ( 1 7 4 3 M a lth u s, T h o m a s R o b e r t ( 1 7 6 6
86
Im p ério M o n g o l, 3 0 , 6 1 , 80, 8 4 ,
, 8 8 ; in vasão d o J a p ã o , 1 3 2 , -1 7 9 4 ), 6 2 ,6 3 , 146, 1 48 -1 5 0 1 8 3 4 ) , E n s a io s o b r e a P o p u la
1 4 0 ; táticas d e c h o q u e d o , 8 2 L ea k ey , L o u is S e y m o u r B a zett ção H um ana, 305, 306
In certeza , p rin c íp io d a , 3 5 6 -3 6 7 (1903-72), 37 M ann, Thom as (1875-1955), 367
Index, 100, 2 07 , 216 L e a k e y , R ich a rd (1 9 3 7 ), 4 0 M a o m é ( 5 7 0 - 6 3 2 ) , 1 6 5 , 1 6 6 ; v. t b .
ín d ia , sistem a s m a t e m á t ic o s da, L e ã o X , P a p a (G io v a n n i d e M ed i- A lcorã o
155 ci) ( 1 4 7 5 - 1 5 2 1 ) , 1 9 6 M a r c , F r a n z ( 1 8 8 0 - 1 9 1 6 ) , D e e r iii
fn d ios d o A m a zo n a s, 3 0 0 , 3 0 2 , L eh rm a n , D a n iel S a n ford ( 1 9 1 9 a F o r e s t, 3 3 2
3 0 5 ; trib o w a y a n a , 1 2 , 1 4 6 -1972), 2 1 0 ,4 1 6 , 4 19 M a ria A n t o n i e t a , r a in h a d a FranÇ J
Indução, 20, 6 9 ,9 4 , 95, 106, 115, L ei, c ó d ig o s d e , 7 7 ; d e p r o p o r ç õ e s (17 55 -17 9 3), 265
120, 3 25 , 326, 334, 336, 340; c o n sta n te s, 1 5 2 ; d a g ravitação, M a rin i, M a rin o ( 1 9 0 1 ) , 1 1 5
a fala c o m o , 4 2 3 2 3 3 , 2 3 4 ; da natureza, 155; dos M a r x , K arl H e in r ic h ( 1 8 1 8 - 1 8 8 3 ) ,
In fo r m a ç ã o , im p erfeiçã o da, 3 5 3 m o v im e n t o s p la n etá rio s, 2 2 1 ; da O M a n ife s to d o P a r tid o C o m u
-37 4 term o d in â m ica , 2 8 2 , 3 4 7 n ista , 3 7 9
In q u isiçã o , R o m a , 2 0 9 , 2 1 4 , 2 1 7 ; L eib n iz, G o ttfr ie d W ilh elm , B aron M a s a m u n e (c . 1 2 6 4 - 1 3 4 3 ) , C u te -
o C o n selh o d a - E sp an h o la , von (1 6 4 6 -1 7 1 6 ), 1 1 5 ,1 8 4 , 226, le ir o d e e s p a d a ja p o n ê s , 1 3 2
1 9 8 ,2 0 7 ,2 1 1 ,2 1 3 , 2 1 4 ,2 1 6 2 2 9 , 2 4 0 -2 4 1 . M a te m á tic a , histó ria da, 3 0 , 1 0 6 ,
I n s t r u m e n t o s , c ie n t í f ic o s , d e G a li- L em u ró id e, 10, 1 3, 3 7 , 45 1 0 9 , 1 1 2 , 1 6 1 , 1 5 5 -1 8 7 , 1 89 ,
le o , 91 ; m o d e r n o s , 1 7 6 , 35 3 -3 5 6 L eon ard o da V in ci (1 4 5 2 -1 5 1 9 ), 2 21 -2 2 3, 2 3 3 , 3 62 -3 6 9
Iron b rid ge G o r g e ,S h r o p s h ir e , 2 7 2 1 8 1 , 4 1 2 ; C r ia n ç a n o ú t e r o , 2 0 7 ; M a téria , e s tr u tu r a d a , 1 2 3 , 1 6 1 ;
Irrigação, 7 7 , 1 0 0 T r a je tó r ia d a s b a la s d e m o r te ir o , in te r c e p ç ã o d a lu z, 2 2 4 , 2 4 8 ,
I sa b e l I, r a in h a d e C a s te la e L e ó n
(14 51 -15 0 4), 169
8 1; M a d o n a d a s ro ch a s, 2 0 5 ; 2 4 9 , 3 53 -3 7 3
M a x w ell, J a m e s C le r k (1 8 3 1 -1 8 7 9 ),
M o n a L is a , 4 1 2
I sfa h a n , Irã, M e s q u it a d a S e x ta - 353 , 354
L e o n e , O c ta v io ( 1 5 8 7 - 1 6 3 0 ) , R e
feira , 1 6 5 , 1 6 9 M eca , H ed ja z, A r á b ia S a u d ita , 165
t r a t o d e G a l i l e o G a li l e i , 9 0
Islân d ia, 4 1 1 1 6 6 ,3 6 0
J a c o b s e n , C a rly le F. ( 1 9 0 2 ) , 4 2 3 L igas m e tá lic a s , 1 3 3 ; b r o n z e , 1 2 8 ;
M eiji, im p e r a d o r d o J a p ã o ( 1 8 6 7
J a c q u a r d , J o s e p h M a rie ( 1 7 5 2 ferro, 1 3 1 ; z in co , 126
1 91 2), 132
-1834), 127, 265 L inguagem , 3 0 ,4 5 , 1 3 1 , 2 5 6 , 3 0 I, M en d el, G rego r J o h a n n ( 1 8 2 2
Janácek, L eos (18 54 -19 2 8), 387 332 , 374 , 4 21 ; dos núm eros, 84), 6 8 , 189, 1 9 0 ,3 7 9 -3 9 0 ,3 9 3 ,
Jefferson , T h o m a s (1 7 4 3 -1 8 2 6 ), 155, 156 3 9 5 ; V e rs u c h e ü b e r P fla n z e n h v -
144 L ip ch itz, J a cq u es ( 1 8 9 1 ) , 1 15 b rid e n , 3 8 5
J e r ic ó , Israel, 2 5 , 6 4 , 6 5 , 6 8 , 6 9 , L ith g o w , W illia m (o u L in lith g o w ) M en d eleiev , D m itri Iva n ov ich
7 0 ,4 3 1 ( 1 5 8 2 - 1 6 4 5 ) , T h e T o ta l! D is - 1 83 4 -1 9 0 7 ), 160, 162, 3 22 -3 3 0,
J e r u s a lé m , Israel, 2 1 6 , 4 2 9 , 4 3 1 c o u rs e o f th e R a r e A d v e n tu r e s 334, 3 3 7 ,3 3 9 ,3 4 4 ,3 4 9
J og os: b o lich e, 1 51 ; x ad rez, 8 2 , a n d P a in fu l! P e r e g r in a tio n s o f M ercú rio, su b lim a çã o d o , 1 3 8 ,
4 3 3 ; in fa n tis, 2 0 8 , 1 6 0 ; d e azar, L o n g N in e te e n e Y ea res, 2 1 6 1 3 9 ; q u ím ic a d o , 1 2 4 ; n a C h in a
2 1 8 , 4 3 5 ; m a tem á tico s, 1 58 , L ittlew o od , Joh n E d en sor (1 8 8 5 ), A n tig a , 1 2 3 ; n o s e x p e r im e n to s
1 7 4 ; p a ciên cia, 3 2 3 -3 2 5 ; p o d er, 254 d e L a vo isier, 1 4 8 , 1 5 0
2 9 4 ; T e o r i a d o s , 4 3 2 , 4 3 3 ; v. L o n g itu d e , c á lcu lo s d a , 2 3 9 M e t a is , lig as d e , 2 4 , 7 2 ; p r im e ir o
tb . B u z K a sh i
446 J o g o s d e guerra e estratégias, 3 0 ,
L o re n z, K o n r a d Z ach arias ( 1 9 0 3 ) ,
412
uso d o , 5 4 , 6 2 , 69, 1 23 , 125,
131
Metsys, Quentm (c. 1466-1530), 224, 233; na Casa da Moeda, 68, 104, 155-162, 172, 173,
R e t r a t o d e E r a s m u s . 214;Retra- 107, 111, 234, 236; em Wools- 187, 223, 234; Teorema, 156
t o d e P a r a c e l s u s , 60 thorpe, 218, 221-223, 233; in -162, 173, 339
Mettemich, príncipe Klemens teresses do oculto em, 234; tra Pizarro, Francisco (c. 1470-1541),
Wenzel Nepomuk Lothar von balho no Optika, 106, 111, 223 101
(1773-1859), 379 228, 332; trabalho nosPrincipla, Planck, Max Karl Ernst Ludwig
Metzínger, Jean (1883-1956), M u 108,233 (1858-1947), 336, 351,365
lh e r a c a v a lo , 3 3 2 Nicolau II, tzar da Rússia (1868 Planetas, trajetórias dos, 85, 102,
Michelangelo, Buonarroti (1475 -1918), 326 165, 156, 157, 164, 165, 194,
-1564); B r u t u s , 47, 113-115, Nomadismo, 21, 60, 61, 62, 63, 196, 197, 204, 211, 221, 244,
123, 208; A f r e s c o s n a C a p e l a 64,69, 86, 162, 165 318, 334, 351, 358, 360
S i s t i n a , 341; S o n e t o s , 115, 123 Números, evolução dos sistemas Platão (428-348 a.C), 425
Michelson, Albert Abrxiiani (1852 modernos, 168, 177 Polícrates, 156
-1931), 247 Oak Ridge National Laboratory, Pope, Alexander (1688-1744), Li
Migração de aves, 194 Tennessee, 169, 341-34 3, 349 nes Writter in Windsor-Forest,
Milho, cultivo no Novo Mundo, Observatório de Greenwich, 113, 228
68, 94, 100 115, 241,243, 249 Previsão humana, 36, 54, 56, 65,
Miller, Stanley (1930), 314 Oljeitu Khan, 33, 80, 86, 88 113, 369, 370, 416, 423-425,
Milton, John (1608-1674), Paradi- Orno, Vale, Etiópia, 4, 25, 26, 28, 435,436
se Lost, 34, 91; Sanson Agonis- 29,438 Priestley, Joseph (1733-1804), 61,
tes, 218 Orgel, Leslie Eleazer (1927), 155, 144-148,274,277
Mirabeau, Honoré Gabriel Riquetti 314,316 Proconsul africanus, tb. conheci
(1749-1791), 268 Ostwald, William (1853-1932), 351 do como Dryopithecus africanus,
Monod, Jacques Lucien (1910), O'Sullivan, T. H. (1840-1882), 10, 36, 38,42
Chance and Necessity, 393 Fotografia de Paisagem, 35 Proteína, estrutura da, 76, 348;
Ouro, 56,57, 103, 123, 134, 136, adenina na, 157, 316, 318; evo
Moore, Henry (1898), 115, 116; 138, 152, 239 lução da, 316; na hemoglobina,
Knife-edge-Two-piece, 48, Oxigênio, descoberta do, 148, 150; 309; na mioglobina, 314; v. tb.
More, Sir Thomas (1478-1535), no ar, 148; no sangue, 32; no ácido desoxiribonucléico (ADN)
425; Utopla, 425 ADN, 390; na atmosfera primiti Ptolomeu, Cláudio, 70, 164, 184,
Morley, Edward Williams (1833 va, 314; no Universo, 344; óxi- 194, 196-198, 204, 208, 209;
-1923), 247 dos de mercúrio, 123; teoria do A lmagesto, 177
Moseley, Henry Gwyn-Jeffreys flogisto, 142, 150 Pueblo, tribo dos, Arizona, 36,
(1887-1915), 168, 337-339 Padrões de Pastilhas, simetria dos, 92-96
Mozart, Wolfgang Amadeus (1756 160, 172-174 Qanats, Khuzistan, 77
-1791), 424; A Flauta Mágica, Paestum, Sul da Itália, 39, 104-106 Química, 131, 133, 139-140, 144,
268; As Bodas de Ffgaro, 265 Paine, Thomas (1737-1809), 130, 317, 321-330
-268 27 2; Os Direitos do Homem, Quipu, 38, 100, 101
Mussolini, Benito (1883-1945), 272, 273 Raios X, 177, 178,248,332,344,
341,425 Paracelsus, Aweolus Philipus 355
Nágeli, Karl Wilhelm von (1817 Theophrastus Bombastus von Ramapithecus pun/abicus, 10, 38
-1891), 385-386 Hohenheim (1493-1541), 58,59, Raphael, Santi (1483-1520), 425
Napoleão I (Bonaparte) (1769 60, 123, 139-144, 321 Rashid al-Din, lamial-rawarikh,
-1821), 268 Pascal, Blaise (1623-1662), 424 30, 80
Napoleão III, imperador da Fran Pasteur, Louis (1822-1895), 152, Reforma, A, e A Contra-Reforma,
ça (1808-1873), 311 154, 204, 311-313 141, 142, 205, 206, 207, 221,
Navegação, 115, 192, 194, 224, Paulo III, Papa (1468-1549), 209 222
239, 241, 243, 262 Pauling, Linus (1901), 392 Renascimento, 177-184,197,208,
Neanderthal, homem de, 41, 42, Pedra, forma na, 47, 115, 354;na 286; deslocamento para o Norte
46 arquitetura, 96; Inca, 109 da Europa, 221,424, 425,426
Nervi, Pier Luigi (1891), Palaze((o Pepys, Samuel (1633-1703), 233 República Veneziana, 90, 198-205
dello Sport, Roma, 46 Perspectiva, estudos da, 76, 77, Resposta retardada, 218,435,436
Neumann, Johnvon (1903-1957), 78, 79, 80, 179-184, 196 Revolução biológica, A, 24, 59,
204, 217, 432-436; Teorla dos Peso Atómico, 324, 325, 330 60,66,79
logos e Comportamento Econô Peste, A, 222,223,229, 280 Revoluções, Industrial, 124, 137,
mico, 432, 433; O Computador Picasso, Pablo (1881-1973), Les 259-288; científica, 218, 221;
e o Cérebro, 433 Demoiselles dAvignon, Retrato do século XVII, 221, 222; do
Nêutron, 341, 351, 369 de Daniel-Henry Kahnweiler, século XVIII, 144, 148, 259
Newton, Sir Isaac (1642-1727), 332 -272; do século XIX, 379
109, 184, 218, 221-243, 254, Pirâmides, 112, 131, 158, 349 Rheims, Catedral, França, 43, 45,
259, 332, 334, 336, 337, 412, Pisano, Andrea (c. 1290-1348),A 109-112
437; e cálculo, 184, 222, 223, Crlafão da Mulher, 199 Rift Valley, África Oriental, 25,
233; em Cambridge, 104, 223, Pitágoras (c. 570-500 a.C.), 66, 67, 26, 72 447
R oda, e e ix o , 2 8 , 7 7 ; c o m o m o d e n ean S o ciety , L o n d res, 3 0 8 ; L u Unger, Franz (1 8 0 0 -1 8 7 0 ), 3 80
lo e m c o s m o lo g ia , 7 7 ; in v e n ç ã o nar S o c ie ty o f B irm in g h a m , 2 7 7 U rb an o V III, P apa, M a ffeo B arbe-
da, 7 4 , 7 6 , 1 0 1 , 1 9 4 , 1 9 8 ; - -2 8 0 ; M a n ch ester L itera ry and rin i ( 1 5 6 8 - 1 6 4 4 ) , 9 6 , 9 8 , 2 0 5 ,
d 'ág u a, 2 6 0 P h ilo so p h ica l S o c ie ty , 1 5 0 -1 5 3 ; 2 07 -2 1 8
R o d ia , S im o n (1 8 7 9 -1 9 6 5 ), 118- N atural H isto ry S o c ie ty , B rno, U ssher, J am es, A rceb isp o d e Ar-
- 1 2 1 ; T h e W a tts f o w e r s , 4 9 , 1 2 1 3 8 5 ; R o y a l S o c ie ty o f L o n d o n , m agh (1581-1656), 343
R o m a A n tig a , c u ltu r a e a rq u ite 2 2 6 ,2 2 7 ,2 3 3 ,2 5 4 ,4 1 2 V a tic a n o , O , 2 0 7 , 2 0 8 ; A rq u iv o s
tura de, 1 0 9 , 1 1 0 , 1 6 0 , 2 7 4 , S ó c r a te s ( 4 7 0 - 3 9 9 a .C .), 3 6 2 , 4 2 7 , s e c r e t o s , 9 5 , 2 1 4 ; v. t b . I n d e x
4 3 5 ,4 3 7 429 V elásq u ez, D iego R o d rig u es de
R o n tg e n , W ilh elm K o n ra d ( 1 8 4 3 S ó f o c l e s ( c . 4 9 6 - 4 0 6 a .C .), E le c tra , S ilva y (1599-1660), 379
-1923), 177, 332 , 356 197 V e sa liu s, A n d r e a s ( 1 5 1 4 - 1 5 6 4 ) ,
R o o s e v e lt, F ra n k lin D e la n o ( 1 8 8 2 S o l, 1 7 0 , 2 2 4 ,2 4 3 , 3 4 4 , 3 4 9 2 1 5 ; D e H u m a n i C o r p o r is F a
-1945), 184, 370 S ta lin , J o s e p h ( 1 8 7 9 - 1 9 5 3 ) , 86 b ric a , 1 4 2
R o u ssea u , Jean-Jacques (1 7 1 2 Stubbs, G eorge (1 7 2 4 -1 8 0 6 ), R e V itó ria , rain h a d a In glaterra ( 1 8 1 9
1 778), 4 2 4 tr a to d e J o s ia h W e d g w o o d , 1 3 4 , -19 01 ), 291
R u d o lf, L a g o , Q u ên ia e E tió p ia, 279 V id a , o rigem da, 1 5 5 , 3 0 9 , 3 8 8 ;
2 5 ,2 6 ,2 8 ,2 9 S tu k e le y , W illia m ( 1 6 8 7 - 1 7 6 5 ) , id en tifica çã o d e, 3 1 8
R u sk in , J o h n (1 8 1 9 -1 9 0 0 ), T h e 103 W a lla ce,A lfred R u ss e l(1 8 2 3 -
S to n e s o f V e n ic e , 1 0 9 S u l t a n i y e h , P érsia , 3 3 , 8 6 - 8 8 , 4 1 6 1913), 142, 151, 2 9 1 -3 0 9 , 313,
R u sse ll, B ertran d ( 1 8 7 2 -1 9 7 0 ), 2 5 4 S u tto n H o o , enterro d e , 1 1 8 3 1 7 ; o o m e ç o d a v id a d e, 2 9 3
R u th e r fo r d , E rn est, P rim eiro B a S w ift, J o n a th a n (1 6 6 7 -1 7 4 5 ), 4 2 9 ; - 2 9 4 ; L in h a d e W allace, A u stra -
rão (1 8 7 1 -1 9 3 7 ), 1 6 3 , 1 66 , 3 2 8 , V ia g e n s d e G u lliv e r , 2 3 6 , 2 7 1 , l á s i a , 3 0 I , 3 0 6 ; N a r r a t i v a d il s
3 34 -3 3 7, 3 5 1 , 3 6 9 364 V ia g e n s p e l o A m a z o n a s e R i o
R y s b r a c k , J o h n M ic h a e l ( 1 6 9 3 ?- S zila rd , L e o ( 1 8 8 9 - 1 9 6 4 ) , 1 8 3 , N eg ro , 2 9 6 -3 0 4 ; S o b re a L ei q u e
- 1 7 7 0 ) , M o n u m e n to a Isa a c 184, 2 5 4 , 3 67 -3 7 4 te m r e g u la d o a I n tr o d u ç ã o d e
N e w t o n , A b a d i a d e W e s tm i n s - T a u n g , crân io d e , 2 0 8 , 2 9 , 3 0 , 3 8 , N o v a s E s p é c ie s , 3 0 6
te r , 1 0 9 , 1 1 1 4 1 5 ,4 2 3 W alter, B r u n o ( 1 8 7 6 - 1 9 5 2 ) , 3 6 7
S a cch i, A n d rea (1 5 9 9 -1 6 6 1 ), 9 7 , T elescó p io , 9 1 , 9 2 , 2 0 0 - 2 0 4 ,2 1 1 , W atson , Jam es D e w e y (1 9 2 8 ),
211 224, 241 2 0 4 ; A D u p la H é lic e , 3 9 0 - 3 9 3
S a lk In stitu te for B io lo g ic a l S tu - T elfo rd , T h o m a s ( 1 7 5 7 - 1 8 3 4 ) , W att, J am es (1 7 3 6 -1 8 1 9 ), 1 3 5 ,
d ies, S a n D ie g o , C a lifórn ia , 2 1 0 , A q u e d u to d e L la n g o llen , 1 2 5 , 2 7 7 ,2 8 0
367, 370, 3 9 3 ,4 1 9 274 W atts T o w e r s, L o s A n g e les, 4 9 ,
Sanchez, Robert (19 38 ), 155, 314 T e m p o , m ed id a d o , 1 8 0 -1 8 7 , 1 89 , 1 1 8 -1 2 1 ,4 1 6
S ch ellin g , F ried erich W ilh elm Jo- 222, 240, 241, 243, 257 W e d g w o o d , H en sleig h (18 03
s e p h v o n ( 1 7 7 5 - 1 8 5 4 ) , N a tu r - T h o m s o n , S ir J o s e p h J o h n ( 1 8 5 6 -1891), 306
p h ilo s o p h ie , 2 8 2 , 2 8 5 -1940), 163, 166, 330, 334, 349 W e d g w o o d , J o sia h ( 1 7 3 0 - 1 7 9 5 ) ,
S ch r o d in g e r , E r w in ( 1 8 8 7 - 1 9 6 1 ) , T o lerân cia, p r in c íp io d a, 3 5 6 -3 6 7 1 2 6 , 1 3 3 , 1 3 4 , 2 7 7 - 2 7 9 , 2 8 2 ; v.
329, 362, 367 T o p i, 3, 26 tb . S o c i e d a d e s C i e n t í f i c a s : S o
S elk irk , A le x a n d e r ( 1 6 7 6 - 1 7 2 1 ) , T o p o lsk i, F e!ik s (1 9 0 7 -), 175, c ied a d e L unar e D arw in
192 353
W eUs, H er b e r t G e o r g e ( 1 8 6 6
Seurat, G eorges (1 8 5 9 -1 8 9 1 ), T orn o-de-arco, 2 9 , 79
-1946), 425
J o v e m c o m E s p o n ja d e P ó , L e T o sca n in i, A rtu ro (1 8 6 7 -1 9 5 7 ),
W esley, J o h n (1 7 0 3 -1 7 9 1 ), 2 7 2
B ec, 164, 332 368
W ie lic z k a , M in a s d e S a l, p e r to d e
S h a k e s p e a r e , W illia m ( 1 5 6 4 - 1 6 1 6 ) , T o u r, G eorges d e la (1 5 9 3 -1 6 5 2 ),
C ra có v ia , P o lô n ia, 3 2 1 - 3 2 2 , 3 4 7
1 9 8 , 2 2 8 , 4 3 7 ; H a m le t, 4 2 4 ; O L e s S o u f f l e u r à la L a m p e , 5 0
W ilk in so n , J o h n ( 1 7 2 8 - 1 8 0 8 ) ,
R e i L e a r, 3 6 0 ; O te lo , 1 9 8 ; O T r a ç ã o , a n im a is d e , B a k h tia ri, 7 7 ,
1 3 1 ,2 7 2 ,2 7 4
M erca d o r d e V en eza, 1 98 ; A 7 9 ; an alog ia c o m a m á q u in a , 7 9 ;
W ith er in g . W illia m ( 1 7 4 1 - 1 7 9 9 ) ,
T e m p e sta d e , 1 5 6 renas c o m o , 17, 5 0 , 5 2
279
S h a rp les, E U en (c. 1 7 9 0 ) , R e tr a to T rajan o, M arcus U lp iu s, im p era
W o r d sw o r th , W illia m ( 1 7 7 0 -1 8 5 0 ),
d e J o s e p h P r ie s tle y , 6 1 dor de R o m a (98 -1 1 7 ), 106
O P r e lú d io , 2 3 4 ; T in te r n A b b e y ,
S im etria , e stu d o s d a , 8 2 , 1 6 0 , T ran sum ante, 2 1 ,4 6 - 5 0 , 60
161, 1 72 -1 7 6 T r e v ith ic k , R ich a rd ( 1 7 7 1 - 1 8 3 3 ) , 288
W o tto n , S ir H e n r y (1 5 6 8 -1 6 3 9 ),
S k in n er, Burrhus F red eric (1 9 0 4 ), 1 3 9 ,2 8 5 -2 8 7
204
412 , T rig o, 2 2 , 2 4 , 6 4 , 6 5 , 6 7 , 6 8 , 7 0
S o c ie d a d e s c ie n tífic a s: A c a d e m ia T rism eg istu s, H e r m e s, 1 9 7 W r e n , S ir C h r is to p h e r ( 1 6 3 2
d e C iên cia s, S. P etersb u rgo , 3 3 0 ; Turi, J o h a n , A u to b io g r a fia d e u m 1723), 105, 2 2 8 ,2 2 9 ,2 4 1
A ca d em ia C im en to , R o m a , 198; W rig h t, J o s e p h ( 1 7 3 4 - 1 7 9 7 ) , T h e
Lapao, 17, 52, 53
B ritish A s s o c ia t io n for th e U c c e llo , P a o lo (c. 1 3 9 6 - 1 4 7 5 ) , O rrery, 102
A d va n cem en t o f S cien ce, 368; A n álise d a P ersp ectiv a, 2, 8 0 ; A Y e a ts, W illia m B u tler ( 1 8 6 5 - 1 9 3 9 ) ,
448 L in c e a n S o c ie t y , R o m a , 9 2 ; L in- E n c h e n te , 8 0 . 1 81 S a ilin g t o B y z a n tiu m , 2 4
DO N O S SO CATALOGO:
C iv iliz a ç ã o
K . C la rk
A M ú sic a n o T em p o
J. G a lw a y /W . M a n n
In ic ia ç ã o à H istó r ia d a A rte
H . W . Jan son
A M ú sic a d o H o m e m
Y . M e n u h in /D . W . C u rtis
A V id a n a T erra
D . A tten b o ro u g h
O P la n eta T erra
Jon a th an W e in e r
A r te B r a sile ir a p a r a C r ia n ç a s
M a r ily n D ig g s M a n g e
O N a tu r a lista A m a d o r
G era ld D urrel
C iv iliz a ç ã o O c id en ta l
M a rv in Perry