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REMAS

TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:


Revista Metodista de Administração do Sul
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

TERCEIRIZAÇÃO NO
SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da
contratação de serviços terceirizados ,
em uma empresa pública , nas funções
administrativas , na percepção
de seus gestores

Ricardo de Souza
ricosouza89@gmail.com
Bacharel em Administração. Centro Universitário Metodista - IPA

Andrea Sander
Professor Mestre. Centro Universitário Metodista – IPA

RESUMO
Embora a terceirização do trabalho não seja um assunto novo, uma
nova lei que regulamenta a terceirização de serviços, a Lei 13.429, de
31 de março de 2017, trouxe à tona o assunto e se iniciou uma discus-
são na sociedade. Assim está pesquisa teve como objetivo principal
identificar as vantagens e desvantagens da utilização de mão de obra
terceirizada, nas funções administrativas, em órgãos públicos na per-
cepção de três gestores de uma empresa pública de Porto Alegre. O
levantamento dos dados baseou-se em uma pesquisa qualitativa, sendo
realizada uma entrevista, com roteiro semiestruturado de perguntas
abertas com três gestores de uma empresa pública e os dados obtidos
foram tratados através de análise interpretativa. O resultado da pes-
quisa demonstrou que a principal razão por se terceirizar no serviço
público é a falta de concursos e a reposição das aposentadorias dos
servidores. As principais vantagens observadas nesta pesquisa foram,
o fato do custo de um terceirizado ser menor para o contratante em
relação ao custo de um servidor, o foco na atividade principal que
ajuda a agilizar os processos e melhora na qualidade e prestação de
serviço. Como desvantagens se percebeu que o fato de não poder es-
colher a empresa que será contratada poderá se tornar um problema,

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pois como o processo é realizado por licitação a empresa contratada


será aquela que apresentar menor preço e não a que fornece o melhor
serviço e conforme relatado, nesta empresa pública, as duas últimas
empresas tiveram seus contratos rescindidos por quebra cláusulas
contratuais da contratada. A principal conclusão do pesquisador com
base nos dados obtidos é que há de fato muitas vantagens na utilização
de mão de obra terceirizada por órgãos públicos.
Palavras-chave: Terceirização. Órgão Público. Vantagens. Gestão
Pública.

OUTSOURCING IN THE PUBLIC SERVICE:


advantages and disadvantages of
contracting outsourced services, in a
public company, in the administrative
functions, in the perception of its managers

ABSTRACT
Although outsourcing of work is not a new subject, a new law that
regulates outsourcing of services, Law 13,429, of March 31, 2017,
brought the matter to the forefront and a discussion began in society.
This research had as main objective to identify the advantages and
disadvantages of the use of outsourced labor, in the administrative
functions, in public agencies in the perception of three managers of a
public company of Porto Alegre. The data collection was based on a
qualitative research, and an interview was conducted, with a semi-s-
tructured open-ended questionnaire with three managers of a public
company, and the data obtained were treated through an interpretative
analysis. The result of the research demonstrated that the main reason
for outsourcing in the public service is the lack of contests and the
replenishment of the retirements of the servers. The main advantages
observed in this research were the fact that the cost of an outsourcer
is lower for the contractor in relation to the cost of a server, a focus
on the main activity that helps to streamline processes and improve
quality and service delivery. As disadvantages it has been realized that
the fact that the company can’t be chosen will be a problem, because
as the process is carried out by bidding the contracted company will
be the one that presents the lowest price and not the one that provides
the best service and as reported , in this public company, the last two
companies had their contracts terminated due to contractual clauses
contracted by the contractor. The main conclusion of the researcher

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vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

based on the data obtained is that there are in fact many advantages
in the use of labor outsourced by public agencies.
Keywords: Outsourced. Public agency. Advantages. Public adminis-
tration.

INTRODUÇÃO
Este artigo aborda a terceirização, também conhecida
como outsourcing, baseia-se na premissa que as empresas de-
vem centrar seus esforços em sua atividade-fim, transferindo
para terceiros aquelas que não são fundamentais na obten-
ção de seu produto final. (SILVA, 2012). Desta forma, com
o advento da produção enxuta, que surgiu no pós-guerra, a
terceirização tornou-se uma tendência mundial na iniciativa
privada, pois através dela as organizações reduziam custos,
horizontalizavam a produção e adquiriam flexibilidade de ação
em relação ao mercado. Sekido (2010) destaca que a terceiri-
zação nada mais é do que uma ferramenta de gestão, onde
por meio de um contrato, se possibilita a redução de custos e
especialização na prestação dos serviços ou fornecimento de
bens, permitindo que o contratante foque esforços em suas
atividades principais, tornando-se mais competitivo.
No Brasil, na década de 80, a partir de uma grave crise
econômica cujo debate apontou o tamanho do Estado como
uma das principais causas, ganhou força a ideia de que o Es-
tado deveria delegar algumas de suas atividades a terceiros,
contendo desta forma o crescimento do déficit público e o
tamanho da máquina administrativa. (DIEESE, 2015). Assim,
a partir do processo de reforma da administração pública, que
buscou reduzir o tamanho da máquina estatal, como forma
de torná-la mais eficiente e voltada para o atendimento ao
cidadão, a terceirização passou a ser utilizada largamente pela
administração pública.
Embora a terceirização do trabalho não seja um assunto
novo, uma nova lei que regulamenta a terceirização de servi-

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ços, a Lei nº13.429, de 31 de março de 2017, trouxe à tona o


assunto e se iniciou uma discussão na sociedade. Esta nova
lei que entrou em vigor está sendo discutida sobre vários
aspectos, uns acham que ela será benéfica, criando empregos,
diminuindo custos. Em recente publicação no Jornal do Comér-
cio, Marco Antônio Aparecido de Lima (2017), Vice-presidente
de Relações do Trabalho da Associação Brasileira de Recursos
Humanos (ABRH-RS), afirmou que a legislação sobre o as-
sunto abre portas para as empresas e para os trabalhadores,
modernizando o assunto e criando novas oportunidades de
empregos. Por outro lado, instituições como as associações e
centrais sindicais, entre elas Associação Nacional dos Magis-
trados da Justiça do Trabalho (ANAMATRA), Nova Central
Sindical de Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalha-
dores (UGT) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), relatam
entre outras coisas, a precarização do serviço realizado, que
não houve discussão suficiente com a sociedade e dentro do
governo (base aliada e oposição), afirmam que salários podem
ser menores que os contratados diretamente, enfim, muito
ainda se discutirá sobre este tema.
Frente ao exposto, o objetivo principal deste artigo foi
verificar as vantagens e desvantagens da contratação de ser-
viços terceirizados, em empresa pública, nas funções admi-
nistrativas, na percepção de três gestores. Após a definição
do principal objetivo desta pesquisa, foram delineados três
objetivos específicos, são eles: a) caracterizar os motivos pelos
quais os gestores públicos terceirizam atividades administra-
tivas; b) identificar as vantagens da contratação de serviços
terceirizados, no serviço público, nas funções administrativas,
na percepção de três gestores da organização pesquisada; e c)
identificar as desvantagens da contratação de serviços tercei-
rizados, no serviço público, nas funções administrativas, na
percepção de três gestores da organização pesquisada.

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administrativas, na percepção de seus gestores

Como justificativa para a realização deste artigo se destaca


o atual momento do cenário nacional sobre o assunto da ter-
ceirização, se observa a importância do diálogo sobre o tema.
As discussões que envolvem as entidades representativas, dos
trabalhadores e dos patrões, mostram o quanto este assunto
ainda não foi totalmente discutido e avaliado de forma sufi-
ciente. Conforme Bello (2017), baseado em dados recentes do
IBGE, 13% da população ativa, composta de pessoas de 14
anos ou mais de idade, estão desocupadas ou trabalhando
informalmente, portanto, é de suma importância o estudo
do assunto da descentralização das funções administrativas,
para que o lado mais fraco, o trabalhador, não perca direitos
importantes. (BELLO, 2017).

REFERENCIAL TÉORICO

Modelos gerenciais da administração pública


Saldanha (2006) resume a gestão pública como a adminis-
tração realizada para o bem da população e que as atividades
do gestor devem ser orientadas para esse caminho. A gestão
também é definida por Castro e Castro (2014), que afirmam
que esta deve sempre buscar os melhores resultados e o com-
primento dos objetivos pré-estabelecidos.
O modelo gerencial de administração pública, criado com
a necessidade de haver uma nova forma de gerenciar com foco
na qualidade dos serviços e redução de custos, também foca
nos resultados e na governança. Os principais pressupostos
deste modelo são a descentralização, passando a terceiros
atividades indiretas do Estado, a autonomia na gestão de
recurso como mão de obra, materiais e recursos financeiros,
trabalhando sempre com foco na qualidade e produtividade do
serviço prestado. A inspiração deste último modelo é a forma
como as empresas privadas são gerenciadas, pois assim como

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as instituições que visam o lucro, a principal característica da


forma gerencial é a redução de custo, para isso usa um dos
principais pressupostos dessa forma de gerir, o repasse dos
serviços prestados, quando possível, a terceiros, delegando e
definindo com clareza as responsabilidades e competências de
cada setor. (LOURENÇO, 2016).
Portanto entre as várias formas de administrar a empresa
pública, a forma gerencial apresenta a descentralização como
uma forma de redução de custos, quando a competência desta
atividade pode ser delegada. No próximo item se aborda a
terceirização das atividades.

Terceirização na Administração Pública


Para Santos (2014) a terceirização de uma forma geral, é
utilizada como uma maneira de estruturação estratégica nas
organizações, porém se deve determinar o verdadeiro motivo
pelo qual empresas públicas utilizam tal procedimento. O
principal ponto a destacar é que todos recursos disponíveis
do governo provem dos cofres públicos, mantidos pela so-
ciedade, ou seja, a sociedade é que mantém toda estrutura
governamental através dos tributos que são pagos, porém
estes valores são limitados, como são limitados os recursos
da sociedade. Considerando a escassez de recursos, se torna
relevante que estes valores sejam tratados de forma eficiente.
Portanto, quando os gestores da administração pública de-
cidem pela terceirização de mão de obra, esta decisão está
atrelada a necessidade de tornar eficiente o uso da receita
disponível. O princípio da eficiência, que norteia a admi-
nistração pública, afim de ter os melhores resultados com
o menor custo possível e a eficiência administrativa, que
nada mais é do que empregar os recursos disponíveis para
satisfazer da melhor forma as necessidades do coletivo, com
igualdade para todos. (SANTOS, 2014).

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administrativas, na percepção de seus gestores

Ao encontro de Santos (2014), Giosa e Morales (2017), ex-


põem que a prática da terceirização em órgãos públicos deve
ser precedida de procedimentos que serão capazes de avaliar
a real necessidade do projeto, sendo eles:
• Diálogo – entre os gestores para avaliar a real neces-
sidade, os custos e a qualidade que a prestação de
serviço deve fornecer;
• Atividades – decisão em relação as atividades que
podem ser delegadas a terceiros e;
• Licitação – buscar através de licitação, qual a melhor
empresa para fornecer a mão de obra.
Saratt et al. (2000) afirmam que, diferente da terceirização
em empresas privadas, na administração pública é inevitável
uma investigação sobre o assunto para medir a legalidade do
processo. Isto ocorre, pois, as atividades principais delegadas
ao estado (fiscalização, ordenamento de áreas públicas, exe-
cução de leis e atos de legislação entre outros) não podem ser
terceirizados e qualquer contrato que conste alguma tarefa
exclusiva do estado, será considerado nulo. Entretanto, Santos
(2014), descreve que, como em qualquer processo de decisão,
haverá pontos positivos e negativos, e estes serão descritos
no próximo subitem.

Vantagens e desvantagens da terceirização em empresas


públicas
A fim de se aproximar de uma melhor gestão, a admi-
nistração pública deverá fazer uso das melhores estratégias
da iniciativa privada. Uma delas é utilizar a terceirização que
surgiu como uma forma de melhorar a economia, regionali-
zando os serviços. A máquina pública é a maior compradora
de prestação de serviços, utilizados nos inúmeros órgãos da
administração direta e indireta. (GIOSA; MORALES, 2017).

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Segundo Martins (2014) e Saratt et al. (2000), o fato de


repassar à terceira atividade que não lhe é essencial traz um
benefício ao estado, pois este destinará a atividade para empre-
sa competente que produzirá a prestação de serviço de forma
mais eficaz, reduzindo custos e a burocracia administrativa.
Esses recursos poderão ser realocados em atividades que re-
almente são a finalidade do governo.
Para Giosa e Morales (2017) uma nova cultura é imple-
mentada e dirigida a um novo tipo de gestão que deverá pro-
por uma mudança geral na filosofia da empresa, isso ajudara a
tornar mais ágil a tomada de decisão. Ainda segundo Giosa e
Morales (2017) os principais fatores que levam órgão públicos
a terceirizar estão sintetizados no Quadro 1

Quadro 1 - Vantagens da terceirização

Vantagens da Terceirização
Vantagens Consequência
As empresas buscam a qualidade do serviço
Busca da qualidade
prestado como sua alavanca de marketing;
Controles Definição de parâmetros claros e controles do
adequados serviço prestado para se manter a qualidade;
Aprimoramento do Sistema de controle de custo das atividades
sistema de custeio terceirizadas;
Diminuição de Além da otimização dos recursos, a empresas
desperdício poderá focar em sua atividade principal;
Valorização dos Com a valorização dos colaboradores, há um
talentos humanos compromisso com a instituição e as metas;
Com a revisão da estrutura organizacional, a
Agilidade das
relação entre os departamentos flui de melhor
decisões
forma, facilitando a comunicação;
Melhor custo de operação em relação ao serviço
Menor custo
quando realizado pela própria organização;
Maior lucratividade Em relação ao menor custo e o foco na atividade
e crescimento principal.
Fonte: Giosa e Morales (2017, p.85).

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terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

Segundo Martins (2014), apesar de vantajosa, a terceiriza-


ção pode apresentar desvantagens para empresas públicas. O
autor cita como desvantagens a dependência de terceiro; risco
de parceiro inadequado, visto que a contratação da empresa é
feita por licitação, quando a contratação é feita na administra-
ção pública, a empresa que apresentar documentação e com
menor custo será escolhida, isto pode se apresentar como des-
vantagem, quando a empresa escolhida não tem competência
para desempenhar as funções e credibilidade financeira; e o
custo de possíveis demissões.
Martins (2014) afirma, que a terceirização, quando vista
somente pelo custo baixo ou quando no final do processo, o
objetivo não é alcançado, poderá sair mais caro que o espera-
do, caso um bom planejamento não seja feito, o processo todo
estará fadado ao fracasso.

Principais atividades terceirizadas nas organizações públicas


Giosa e Morales (2017) descrevem que atualmente, as ati-
vidades mais comumente exercidas de forma terceirizada nas
empresas privadas e nas entidades da administração públicas
direta e indireta são:
• Desenvolvimento de sistemas;
• Processamento de dados;
• Administração de mão-de-obra;
• Limpeza, conservação e paisagismo;
• Administração de restaurantes;
• Serviços gráficos;
• Projetos especiais;
• Segurança/vigilância;
• Locação de veículos;
• Manutenção predial entre outras.
Segundo Santos (2014), há uma dificuldade em esclarecer
quais atividades são possíveis de terceirizar, visto que uma

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atividade que é considerada atividade-meio pode, no futuro,


ser considerada atividade-fim; ou uma atividade-meio em um
órgão pode ser considerada fim em outro. Para tanto, cada
órgão deve se adequar a sua realidade. Como exemplo, se
ressalta a Instrução Normativa nº 2, de 30 de abril de 2008,
da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Mi-
nistério do Planejamento - IN/SLTI nº 2/2008, alterada pela IN
nº 05/2017 do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão, que em seus artigos, definem a possibilidade da ter-
ceirização em atividades de apoio as funções da instituição,
esta afirmação pode ser esclarecida no Art. nº 8 da referida IN:

Art. 8º Poderá ser admitida a contratação de serviço de apoio ad-


ministrativo, considerando o disposto no inciso IV do art. 9º desta
Instrução Normativa, com a descrição no contrato de prestação de
serviços para cada função específica das tarefas principais e essenciais
a serem executadas, admitindo-se pela Administração, em relação à
pessoa encarregada da função, a notificação direta para a execução das
tarefas. (BRASIL, 2017, paginação irregular).

O Art. n.7 desta IN, faz menção ao Decreto de Lei n.


2.271, de 7 de julho de 1997, que define as atividades que são
passíveis de terceirização, conforme Art. 1 e seus parágrafos,
da seguinte forma:
Art. 1º No âmbito da Administração Pública Federal direta, autárquica
e fundacional poderão ser objeto de execução indireta as atividades
materiais acessórias, instrumentais ou complementares aos assuntos
que constituem área de competência legal do órgão ou entidade.
§ 1º As atividades de conservação, limpeza, segurança, vigilância,
transportes, informática, copeiragem, recepção, reprografia, telecomu-
nicações e manutenção de prédios, equipamentos e instalações serão,
de preferência, objeto de execução indireta.
§ 2º Não poderão ser objeto de execução indireta as atividades
inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos
do órgão ou entidade, salvo expressa disposição legal em contrário ou
quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do
quadro geral de pessoal. (BRASIL, 1997, paginação irregular).

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Portanto esta normativa, trouxe as possibilidades quanto


ao uso de terceirização na administração pública.
Adicionalmente em recente decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF), datada de 30 de agosto de 2018, foi tornando
lícita a terceirização em todas as etapas do processo produtivo,
seja meio ou fim. Ao julgar a Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental (ADPF) 324 e o Recurso Extraordinário
(RE) 958252, com repercussão geral reconhecida, sete ministros
votaram a favor da terceirização de atividade-fim e outros
quatro contrários. A decisão baseou-se na seguinte tese: “É
licita a terceirização ou qualquer outra forma de divisão do
trabalho entre pessoas jurídicas distintas, independentemente
do objeto social das empresas envolvidas, mantida a respon-
sabilidade subsidiária da empresa contratante”. (STF, 2018,
paginação irregular).

METODOLOGIA
O intuito desta pesquisa foi verificar as vantagens e
desvantagens da contratação de serviços terceirizados, em
empresa pública, nas funções administrativas, na cidade de
Porto Alegre, na visão de três gestores públicos, onde a abor-
dagem do problema se deu de forma qualitativa descritiva,
pois segundo Pereira (2016), no formato qualitativo, a pesquisa
deverá ser descritiva, portanto as informações obtidas não
podem ser quantificadas, esses dados são interpretados de
forma indutiva, para isso os resultados devem ser analisados
e a atribuição de significados é básica neste tipo de pesquisa.
A pesquisa se realizou entre os meses de agosto e setembro de
2018 na cidade de Porto Alegre, em um órgão público federal.
A escolha dos sujeitos se deu por conveniência, este tipo de
amostra na concepção de Klein et al. (2015) não utiliza dados
estatístico e é caracterizada pela facilidade de acesso. Os su-
jeitos, três gestores públicos, são responsáveis pela fiscalização

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do contrato de terceirizados na empresa pública escolhida à


época da pesquisa. Sendo, o Gestor A chefe administrativo,
Gestor B e Gestor C responsáveis pela comunicação com a
empresa contratada.
Para a coleta de dados, foi realizada uma entrevista com
cada gestor, com roteiro semiestruturado de perguntas aber-
tas. Esta forma de coleta de dados, de acordo com Gerhardt e
Silveira (2009), permite que, conforme o andamento da entre-
vista, permite a introdução de novas perguntas, além de que as
perguntas abertas incentivam o entrevistado a discorrer sobre
o assunto investigado. O instrumento de coleta de dados está
disponível no Apêndice A, foi elaborado pelo autor, baseado
nos objetivos propostos na pesquisa e na bibliografia.
Após obter os dados, estes foram organizados pelo pes-
quisador, que os separou levando em conta os objetivos gerais
e realizou a análise de forma interpretativa e confrontou o
resultado com a bibliografia pesquisada, seguindo em parte o
modelo proposto por Marconi e Lakatos (2003), que afirmam
que a análise das respostas deverá ser feita levando em con-
sideração o objetivo da pesquisa. As autoras relatam que três
aspectos devem ser levados em consideração: o planejamento,
para facilitar a interpretação dos dados recolhidos; a complexi-
dade, que exige tempo e esforço; e a simplicidade das hipóteses
ou dos problemas, que ao contrário da anterior, é a análise e
interpretação dos dados eficaz que dará valor à pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

OS Motivos pelos quais os gestores públicos terceirizam ati-


vidades administrativas
Com o intuito de caracterizar os motivos pelos quais os
gestores terceirizam atividades administrativas em órgãos
públicos, os Gestores A, B e C, foram questionados quanto aos

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setores nos quais existiam terceirizados realizando atividades


administrativas, todos foram unânimes em responder que em
apenas um setor não há terceirizados exercendo atividade ad-
ministrativa, que estes funcionários estão presentes em quinze
outros setores, trabalhando juntos aos servidores. O Gestor A
complementou a resposta, citando que:

O único setor que não há terceirizados nesta instituição pública é de


fiscalização e inspeção animal, pois esta função só poderá ser exercida
por servidores públicos e não pode ser terceirizada. (GESTOR A, 2018).

A questão seguinte objetivou complementar a primeira


questão, onde os Gestores foram perguntados sobre os motivos
de terceirizar as atividades nos setores (Quadro2).

Quadro 2 - Respostas dos Gestores às razões para terceirizar atividades


administrativas

Qual motivo para terceirizar as atividades administrativas?


A falta de concursos para repor os servidores
Entrevistado A que se aposentaram ou aprovados em outros
concursos.
Aumento da demanda e grande número de
Entrevistado B
aposentadorias de servidores.
Alta defasagem de servidores efetivos do
Entrevistado C quadro, aposentadorias e aumento de funções
administrativas.
Fonte: O autor (2018).

O principal motivo relatado pelos Gestores é a falta de


novos concursos para repor os servidores que se aposentaram
ao longo do tempo ou que pediram exoneração para assumir
outros concursos, sendo que os Gestores B e C também apon-
taram o aumento das demandas nos referidos setores. Estas
repostas vão ao encontro de Lourenço (2016), quando este

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define que a gestão da administração pública está com foco


na qualidade dos serviços, resultados, governança e meno-
res custos e um dos principais pressupostos desta forma de
gerenciamento é a descentralização das atividades onde isto
é possível. De forma semelhante, a opinião dos Gestores con-
verge com Martins (2006), que descreve a terceirização como
uma mão de obra que não se relaciona com o objetivo principal
da instituição, ou seja, por este motivo não há terceirizados
no setor de inspeção animal, realizado por servidores com
graduação específica e exercem atividades fim.
Na sequência os Gestores foram arguidos sobre há quanto
tempo há terceirizados atuando no órgão público. Nesta ques-
tão houve divergências nas respostas, onde o Gestor A relatou
que desde 2008, citando que a tendência é que isto continue
por muitos anos. Já o Gestor B disse não ter certeza exata sobre
o período, mas que mais ou menos há 18 anos e finalizando,
o Gestor C respondeu que desde 2010 aproximadamente. A
fim de complementar a questão anterior, o próximo questiona-
mento discorreu sobre os motivos da escolha da terceirização
na época em que esta que foi inserida no órgão (Quadro 3).

Quadro 3 - Respostas dos gestores aos motivos que levaram à terceirização

Quais motivos levaram a escolha da terceirização?


Boa continuidade do serviço realizado e o
Entrevistado A baixo número de servidores e falta reposição
destes.
Poucos servidores e aumento de funções
Entrevistado B
administrativas
Ausência de previsão de contratação por
concursos públicos, alta defasagem de ser-
Entrevistado C vidores efetivos do quadro administrativo,
aposentadorias de servidores e aumento de
funções administrativas
Fonte: O autor (2018).

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TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

Os Gestores relataram que um dos principais fatores para


inserir a terceirização no órgão público foi a falta de previsão
de contratação por concurso público de servidores de carreira,
a alta na demanda das atividades e ainda, como descrito pelo
Gestor A, para continuidade do serviço realizado nos prazos
estabelecidos. Estas informações corroboram a literatura, pois
Saldanha (2006) expõe que a gestão pública tem a finalidade
de administrar sempre em prol da população e que a visão
do gestor deve estar orientada para esse caminho. Da mesma
forma, Castro e Castro (2014) afirmam que os gestores devem
visar os melhores resultados e o cumprimento dos objetivos
pré-estabelecidos.
Com relação ao número de terceirizados em atividade
no órgão público os Gestores expuseram que o atual contrato
tem a possibilidade de atender até 32 postos de trabalho. O
Gestor A explicou que o número de terceirizados decorre da
demanda de cada setor, da mesma forma, de acordo com o
Gestor B, cada setor informou a necessidade individual e no
total este foi o número ideal, e o Gestor C declarou que na
época da realização do processo de contratação, do último
contrato, foi verificada a necessidade de 32 postos (Quadro 4).

Quadro 4 - Respostas dos gestores sobre a definição do número de tercei-


rizados

O que determinou o número de postos terceirizados?


Entrevistado A Adequação da demanda de cada setor
Cada setor solicita o número de terceirizados
Entrevistado B e ao todo, esses 32 postos foram considera-
dos necessários.
A época da contratação havia a previsão des-
Entrevistado C ta demanda, por não haver servidores efeti-
vos para execução de todas as tarefas
Fonte: O autor (2018)

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Com estas informações se percebe a relevância do exposto


por Santos (2014) ao citar que é fundamental alocar bem os
recursos que vem do governo, pois estes são escassos. O autor
também destaca a importância do diálogo entre os gestores
com o intuito de avaliar as necessidades reais, o custo e a qua-
lidade do serviço que será fornecido, além de determinar as
atividades que poderão ser realizadas e como será o processo
de recrutamento da empresa.

As vantagens da contratação de serviços terceirizados, no


serviço público, nas funções administrativas, na percepção
dos gestores da organização pesquisada
Com a intenção de identificar as possíveis vantagens prá-
ticas da contratação de uma empresa que fornece mão de obra
terceirizada, foi verificado o custo aproximado da terceirizado
em relação aos servidores públicos com nível de ensino médio.
Os Gestores B e C relataram não haver comparação possível,
pois são cargos e funções diferente, afirmaram também que
não há um controle que possibilita fornecer com exatidão tais
dados. Entretanto o Gestor A informou que o custo aproxi-
mado de um terceirizado equivale a 70% dos custos de um
servidor que mais se aproxima da realidade do terceirizado,
como exposto no Quadro 5.

Quadro 5 - Respostas dos Gestores sobre o custo de um terceirizado se


comparado a um servidor de carreira

Qual o custo de um terceirizado comparado com servidor de carreira?


Um terceirizado custa aproximadamente 70% do
Entrevistado A
valor de um servidor com atividades aproximadas
Entrevistado B Não há servidor de mesma função para comparar
Não há possibilidade de fazer esta comparação neste
Entrevistado C
momento.
Fonte: O autor (2018).

506 REMAS • Revista Metodista de Administração do Sul, v. 4, n. 5, 2019


TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

Na sequência foi abordada a produtividade nos setores


onde há funcionários terceirizados e neste ponto os Gestores
foram unanimes em apontar um considerável aumento na pro-
dutividade e elencaram como principais fatores deste desem-
penho a mentalidade jovem e diferenciada dos colaboradores
que exercem as tarefas.
Com relação às regras e normas referente às atividades
que os terceirizados podem ou não realizar no órgão, os Ges-
tores convergiram, expondo que alguns sistemas internos só
podem ser acessados por servidores de carreira, pois necessi-
tam de matrícula e os terceirizados não têm permissão para
acessa-los. Já nas questões como o cumprimento de horário,
assiduidade e produtividade, o Gestor A percebeu uma me-
lhora no controle dos terceirizados, pois a empresa contrata-
da mantém um supervisor para a gestão destes pontos. Na
concepção do Gestor B os terceirizados cumprem da melhor
maneira possível suas tarefas e o Gestor C afirmou que:

Na instituição temos procurado controlar ao máximo estas atividades,


ter uma supervisora que controla horários e assiduidade também refor-
ça esse bom comportamento e isso com certeza é imprescindível para
que atinjam o objetivo da contratação e o resultado tem sido muito
bom. (GESTOR C, 2018).

Encerrando os questionamentos que buscaram informa-


ções sobre as vantagens da terceirização, os Gestores respon-
deram sobre a sua percepção sobre o serviço que a contratada
está realizando e como é o relacionamento entre contratante
e contratada. O Gestor A não quis comentar sobre o serviço
prestado pela empresa, mas em sua opinião, em relação ao
recrutamento e a mão de obra fornecida pela empresa contrata-
da, a qualidade é ótima e que os funcionários disponibilizados
são capacitados e fazem suas tarefas perfeitamente. Sobre o
relacionamento, o Gestor A afirmou que é bom e comple-

REMAS • Revista Metodista de Administração do Sul, v. 4, n. 5, 2019


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REMAS
Revista Metodista de Administração do Sul

mentou dizendo que para uma boa parceria entre empresas


o relacionamento deve sempre estar baseado no respeito. Os
Gestores B e C entendem que o serviço prestado sempre foi
muito bom, pois a empresa esteve atenta a suas atribuições,
porém apontam que nos últimos três meses ocorreram pro-
blemas no pagamento dos salários dos terceirizados, pois a
contratada passou por problemas financeiros e por este motivo
o contrato com a mesma estava sendo encerrado à época da
pesquisa. Os Gestores B e C concordaram que o relacionamento
com a contratada sempre foi muito bom.
Face as respostas fornecidas pelos Gestores, se constatou a
relação dos dados obtidos com Giosa e Morales (2017), quando
estes discorrem sobre os motivos de se terceirizar. Para estes
autores a terceirização, quando bem gerida, é saudável, pois
muda o clima e a estrutura da instituição, permitindo que a
contratante mantenha o foco na sua atividade fim, trazendo
agilidade à contratante. Neste quesito os Gestores pesqui-
sados acreditam que a implementação da terceirização está
favorecendo a melhoria na qualidade do serviço prestado no
órgão público.
Também foi possível evidenciar através da pesquisa um
paralelo entre as respostas dos Gestores A, B e C com as vanta-
gens da terceirização listadas por Giosa e Morales (2017), entre
elas estão a busca da qualidade no serviço prestado, controle
adequado com a definição de objetivos claros e controles de
atividades para ter o serviço prestado dentro do esperado, o
aprimoramento do sistema de custeio para se obter o custo real
da prestação de serviço. Outros fatores vantajosos no ponto
de vista de Giosa e Morales (2017) e que corresponderam ao
apontado pelos Gestores A, B e C estão a valorização dos re-
cursos humanos, pois com o foco na atividade fim, estes fun-
cionários sentem-se mais compromissados com a instituição e
suas metas; a agilidade nas decisões, pois com a revisão feita

508 REMAS • Revista Metodista de Administração do Sul, v. 4, n. 5, 2019


TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

na organização, as tarefas fluem melhor entre os departamen-


tos, agilizando as atividades e facilitando a comunicação; e a
diminuição dos custos, pois os valores podem ser alocados
nas atividades principais da instituição pública.

As desvantagens da contratação de serviços terceirizados, no


serviço público, nas funções administrativas, na percepção
dos gestores de uma organização pública
No decorrer da pesquisa se buscou o relato dos Gesto-
res quanto às normas ou acordos que as empresas deveriam
cumprir e que não foram realizados a contento. Os Gestores
foram unânimes nas respostas, afirmando que as duas últimas
empresas prestadoras de serviços terceirizados tiveram seus
contratos rescindidos, pois não pagavam os funcionários em
dia, ultrapassando 30 dias de atraso em uma ocasião. Os pes-
quisados relataram que última contratada teve o contrato en-
cerrado após quatro meses consecutivos de atrasos nos salários
dos terceirizados, e a empresa anterior teve o contrato cessado
após declaração de falência e também não cumpriu com suas
obrigações contratuais. Ao encontro destas respostas Martins
(2014) e Giosa e Morales (2017) citam a dificuldade de se en-
contrar parceiros adequados no serviço público, sendo que isso
decorre da contratação ser realizada por licitação onde o critério
de escolha da empresa contratada é o menor valor, e isto pode
se tornar uma desvantagem quando a empresa escolhida não
tem competência para exercer as atividades que são exigidas e
sustentabilidade financeira para honrar com suas obrigações.
Também se buscou conhecer as condições de trabalho dos
terceirizados, verificando se há diferença entre o que era ofe-
recido aos terceirizados em relação aos servidores. Sobre tema
os Gestores A, B e C afirmaram que qualquer funcionário do
órgão público pesquisado, independente da categoria, recebia
tratamento e condições de trabalho, como equipamentos e ma-

REMAS • Revista Metodista de Administração do Sul, v. 4, n. 5, 2019


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REMAS
Revista Metodista de Administração do Sul

teriais iguais o que levou o pesquisador a questionar se houve,


em algum momento, algum tipo de discriminação com tercei-
rizados por parte dos servidores o que também foi respondido
por todos que até o momento não havia registro formal de atos
deste tipo. Entretanto Giosa e Morales (2017) apontam que esta
não é a realidade de todas as organizações, onde os autores
reportam que, entre as desvantagens da terceirização, estão a
resistência e conservadorismo em relação ao novo.
Outro questionamento aos Gestores foi quanto a rotativi-
dade dos terceirizados no contrato vigente à época da pesqui-
sa. O Gestor A informou que no período pesquisado a taxa de
rotatividade foi 15% e complementou dizendo ser importante
uma baixa taxa de rotatividade, pois esta influência na quali-
dade do serviço prestado. Os Gestores B e C relataram não ter
dados precisos sobre o tema, mas em suas percepções a taxa
de rotatividade deve ser baixa. Ainda sobre a rotatividade, o
Gestor C foi questionado sobre o custo de uma demissão ao
órgão e este respondeu que:

Não há custo extra à instituição, pois todos valores relacionados aos


terceirizados estão embutidos no valor individual do funcionário
no contrato, ou seja, não há valor extra do contratado nesses casos.
(GESTOR C, 2018).

Se destaca que esta informação diverge da literatura, já


que Giosa e Morales (2017) apontam problemas nas demissões
que podem trazer riscos a contratante. Entretanto os gesto-
res pesquisados entendem que não ocorreram custos extras
consideráveis ao utilizar a mão de obra terceirizada e ainda
apontaram uma facilidade na execução das tarefas.
Para finalizar esta etapa, o entrevistador questionou os
Gestores, se em algum momento houve algum custo extra
com relação a contratada, que não os firmados nos contratos
de prestação de serviço, ao que os Gestores responderam ne-

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TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

gativamente, pois todos os valores pagos estavam registrados


no contrato de licitação. O pesquisador ainda indagou se no
período em que o órgão utilizou a terceirização, houve algum
funcionário, buscando na Justiça do Trabalho, teve ganho de
causa e a instituição passou a ter a responsabilidade subsidiária
por negligência em relação a atuação da empresa contratada.
Os Gestores A e C relataram não ter conhecimento se tercei-
rizados de contratos anteriores entraram na justiça e tiveram
ganho de causa e houve a responsabilidade subsidiária, mas no
atual contrato, até o momento da pesquisa não havia casos de
terceirizados que entraram com ação na justiça. Entretanto o
Gestor B relatou que há casos judiciais, mas que ainda não têm
decisão e, portanto, não pode responder se no futuro existirá
um caso deste tipo de responsabilidade no órgão público. Neste
ponto os Gestores foram unânimes em afirmar que buscam criar
ferramentas a fim de evitar que casos deste tipo ocorram, como
reuniões com setores e chefias e uma boa comunicação com a
empresa contratada, são estratégias utilizadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a intenção de obter respostas sobre a terceirização
em um órgão público, o primeiro objetivo desta pesquisa bus-
cou saber os motivos que levam gestores públicos a inserir a
mão de obra terceirizada na administração pública. Após as
entrevistas, se concluiu que a principal razão que os leva a
terceirizar é a defasagem no número de servidores e a alta e
crescente demanda de atividades do órgão pesquisado. Outro
fator que colabora para essa contratação é o fato de apenas
um setor não tem a terceirização administrativa instalada, pois
este setor pertence a atividade fim, aquela em que não se pode
terceirizar em entidades públicas.
O segundo objetivo buscou informações quanto as vanta-
gens de se terceirizar as atividades administrativas e, após a

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Revista Metodista de Administração do Sul

análise das respostas, se constatou que há de fato um ganho


em terceirizar, desde que sejam seguidos os ritos adequados
do processo. Outro fator percebido é a redução de gasto com
RH, pois o custo de terceirizado em relação ao servidor é até
30% menor, essa informação se completa quando os Gestores
entrevistados revelaram que o aumento da produtividade é
percebido nos setores em que os terceirizados atuam. Umas
das principais causas que ajudam no aumento da produtivi-
dade é o fato de não haver diferenciação nos equipamentos
e ambientes em que estes funcionários executam suas tarefas
em relação aos servidores de carreira e principalmente pelo
controle e bom serviço realizado pela empresa contratada, que
tem regras claras e controle.
O terceiro objetivo teve a finalidade de colher informações
quanto as possíveis desvantagens em terceirizar atividades
administrativas em um órgão da administração pública. Com
as respostas dos entrevistados, concluiu-se que, quando há
desvantagens, estas concentram-se na atuação da empresa que
fornece a mão de obra, pois de acordo com os Gestores pesqui-
sados, nos dois últimos contratos houve quebra de cláusulas e
as empresas tiveram os contratos cancelados antes do término
de vigência. O principal motivo foi a falta de pagamento dos
funcionários e a contratante teve que assumir os pagamentos e
a responsabilidades da contratada, portanto revelou-se impor-
tante um acompanhamento próximo da empresa terceirizada
por parte da contratante.
Com relação ao objetivo geral, após as entrevistas e análise
dos resultados, o pesquisador pode perceber que há vantagens
na terceirização, tais como: redução de custos, melhora na
qualidade do serviço prestado entre outras. Por outro lado, o
pesquisador observou também, que a principal desvantagem
está no processo de escolha da empresa que prestará serviços
de mão de obra terceirizada em empresas públicas.

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TERCEIRIZAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO:
vantagens e desvantagens da contratação de serviços
terceirizados, em uma empresa pública, nas funções
administrativas, na percepção de seus gestores

Como principal limitação desta pesquisa, se aponta o


número de órgãos públicos pesquisados, poderia ser mais
amplo o que provavelmente traria dados mais contundentes
e precisos. Portanto, a sugestão do pesquisador para as pró-
ximas pesquisas é um número maior de amostra e empresas
diferentes para realização de cruzamento de dados.

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