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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil

Professora Tatiane Kipper

SUMÁRIO

1. A TUTELA DE URGÊNCIA .................................................................................................................. 3


2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................................................................................................... 20
3. RECURSO ORDINÁRIO .................................................................................................................... 32
4. RECURSO EXTRAORDINÁRIO ........................................................................................................ 40
5. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO - ......................................................... 53
6. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ....................................................................................................... 60
7. REPERSCUSSÃO GERAL E SUSPENSÃO DE TODOS OS PROCESSOS PENDENTES ............. 68
8. DA RECLAMAÇÃO ............................................................................................................................ 79
9. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA/IAC ..................................................................... 84
10. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - INTRODUÇÃO ............................................................................ 85
11. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL ........................................................................................... 86
12. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA ................................................................................................ 93
13. DA DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES ..................................................... 100
14. RESTAURAÇÃO DE AUTOS ........................................................................................................... 118
15. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS ............................................................................................................ 125
16. DA OPOSIÇÃO ................................................................................................................................ 136
17. HABILITAÇÃO ................................................................................................................................. 139

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1. A TUTELA DE URGÊNCIA

1.1 Previsão legal


Ocorrem em situações específicas em que se exige providência
jurisdicional imediata, ou seja, o tempo poderá acarretar prejuízos ao processo
ou ao bem jurídico. Previsão no artigo 300 do CPC/15:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Quando for tutela de urgência de natureza antecipada, por ter caráter


satisfativo, além dos requisitos citados, também se exige a ausência de perigo
da irreversibilidade dos efeitos da decisão, conforme previsão do §3º do artigo
300 do CPC/15:

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida


quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

A probabilidade do direito refere-se ao tradicional fumus boni juris, e o


perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo refere-se ao periculum in
mora.
Todos os requisitos devem estar presentes de forma cumulativa para a
concessão da tutela de urgência.
Assim a parte deve demonstrar o perigo na demora, de forma que se
aguardar o provimento jurisdicional final, ou sua execução/efetivação,
certamente será muito tarde.

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Dessa forma, a prestação jurisdicional poderá ser inútil, porque o direito


material corre o risco de não existir mais até lá em razão do tempo transcorrido.
A fumaça do bom direito significa a provável existência do direito
material. A tutela de urgência pode ser ANTECIPADA OU CAUTELAR.
A tutela provisória de urgência pode ser ANTECEDENTE (requerida
antes do ajuizamento da ação) ou INCIDENTE (requerida no curso da ação).
Para concessão da tutela de urgência, pode o juiz, conforme for o caso,
exigir caução real ou fidejussória para ressarcir os danos que a parte possa vir
a sofrer. Previsão no §1º do artigo 300 do CPC/15:

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o


caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os
danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser
dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

E SE A PARTE FOR HIPOSSUFICIENTE E NÃO PUDER OFERECER?


Caução pode ser dispensada.

A tutela provisória de urgência pode ser concedida de forma liminar ou


mediante justificação prévia;

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após


justificação prévia.

Além disso, não afeta o princípio do contraditório, que fica deferido, ou


seja, postergado. A tutela provisória de urgência poderá ser
revogada/modificada a qualquer tempo, conforme previsão do art. 296 do
CPC/15. Da mesma forma, o juiz pode entender que a tutela provisória seja
deferida somente após a oitiva do Requerido.

1.2 A tutela ANTECIPADA ANTECEDENTE


A petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada,
com a exposição sumária da lide, do direito que se busca realizar e do perigo
de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Previsão no artigo 303 do
CPC/15:
Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento
da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a

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exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de


dano ou do risco ao resultado útil do processo.

Concedida a tutela antecipada, com fundamento na urgência, devem


ocorrer os seguintes atos:

§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste


artigo:
I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de
sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação
do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior
que o juiz fixar;
II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de
mediação na forma do art. 334;
III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será
contado na forma do art. 335.

Observar prazo da contestação no artigo 335 do Novo CPC:

Art. 335. “O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo


de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão
de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a
hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a
citação, nos demais casos.
§ 1o No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art.
334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será, para cada um dos
réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de
cancelamento da audiência.
(...)”.

E SE NÃO HOUVER ESTE ADITAMENTO? O processo deve ser


extinto sem resolução de mérito. O aditamento passa a ser medida imperativa,
tratando-se de ônus processual do autor. Previsão no §2º do artigo 303 do
CPC/15:

§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o


deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.

O aditamento da petição mencionado deve se dar nos mesmos autos,


sem incidência de novas custas processuais:

§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-


se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas
processuais.

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E O VALOR DA CAUSA? Já deve ser apontado na petição inicial que


refere o caput do artigo 303 do CPC/15, devendo o Autor mencionar o valor
que deverá levar em consideração o pedido da tutela final:

§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor


terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o
pedido de tutela final.

Conforme previsão do §5º, deve mencionar o Autor se pretende obter o


benefício previsto no caput do artigo 303 do CPC/15:

§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se


do benefício previsto no caput deste artigo.

Na hipótese do §6º, caso se entenda que não há elementos para


concessão da tutela antecipada, o órgão jurisdicional deve determinar a
emenda da petição inicial em até 05 dias.
Se não for emendada nesse prazo, a petição inicial deve ser indeferida e
o processo extinto sem resolução de mérito:

§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela


antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição
inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o
processo ser extinto sem resolução de mérito.

ESTABILIDADE DA TUTELA ANTECIPADA: Quando não for interposto


recurso, na forma do art. 304 do CPC/15.

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303,


torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o
respectivo recurso.

O parágrafo primeiro refere que quando houver essa estabilização, o


processo deve ser extinto:

§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.

Ainda assim, antes da extinção do processo, mesmo havendo a


estabilização da antecipação de tutela, pode ser necessária a sua efetivação,
ou seja, seu cumprimento.

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Conforme determina o §2º do artigo 304 do CPC/15, qualquer das partes


pode demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela
antecipada satisfativa estabilizada nos termos do art. 304:

§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de


rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos
termos do caput.
§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não
revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na
ação de que trata o § 2o.

Assim, enquanto não revista, reformada ou invalidade, a tutela


antecipada mantém seus efeitos.

E PARA INSTRUIR A REFERIDA AÇÃO? Qualquer das partes pode


requerer o desarquivamento em que foi concedida a medida para instruir a
ação, ficando prevento o juízo em que a tutela foi concedida:

§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos


autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da
ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela
antecipada foi concedida.

PRAZO PARA PROMOVER A AÇÃO? 02 ANOS.

§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada,


previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos,
contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos
do § 1o.

Haja vista o caráter de provisoriedade, a decisão que concede a


antecipação de tutela não faz coisa julgada material, ou seja, não se torna
imutável. Porém, a estabilidade dos seus efeitos só é afastada por decisão que
rever, reformar ou invalidar proferida na ação ajuizada por uma das partes.

§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a


estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que
a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das
partes, nos termos do § 2o deste artigo.

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1.3 A tutela cautelar no novo CPC

As tutelas cautelares, como espécies de tutela urgência podem ser


antecedentes e incidentais.

Art. 294. “A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou


evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou
antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou
incidental”.
O novo CPC disciplina de forma específica o procedimento da tutela de
urgência cautelar requerida em caráter antecedente.
A tutela cautelar antecedente, por ser anterior ao ajuizamento da ação
principal é postulada por meio de ação própria.
Dessa forma, a petição inicial que visa a prestação de tutela cautelar
ANTECEDENTE deve indicar a lide (ou seja, o conflito de interesse
envolvido), o fundamento e a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar, além do PERIGO DE DANO OU RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO
PROCESSO  art. 305 do CPC/15:

Art. 305. “A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela


cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a
exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

A ação com pedido de tutela cautelar antecedente tem como


fundamento a URGÊNCIA, exigindo a exposição, mesmo que concisa do
fumus boni juris.
A exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo referidos no artigo 304 referem-se
à necessidade de se demonstrar o PERIGO NA DEMORA E A FUMAÇA DO
BOM DIREITO.
E SE O JUIZ ENTENDER QUE O PEDIDO INDICADO TEM
NATUREZA ANTECIPADA, ISTO É, SATISFATIVA DO DIREITO MATERIAL
PRETENDIDO? Aplica-se o parágrafo único do artigo 305:

Art. 305. “A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela


cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a

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exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de


dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput
tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303”.

O artigo 303 versa sobre a tutela antecipada quando a urgência for


contemporânea à propositura da ação. Neste caso, o que se observa é a
FUNGIBILIDADE ENTRE A TUTELA CAUTELAR E A TUTLA ANTECIPADA,
fundadas na urgência, pois ambas são espécies da tutela provisória. Diante da
natureza comum das tutelas de urgência, acabam tendo tratamento
semelhante.
Assim, se o pedido tem natureza satisfativa, mas foi postulado como
tutela cautelar antecedente, cabe ao juiz examinar o pedido de acordo com a
verdadeira natureza.
Da mesma forma, o inverso ocorre: se o pedido tem natureza de tutela
cautelar, mas foi chamado pelo autor de tutela antecipada, o juiz deve decidir
em conformidade com a verdadeira natureza do requerimento. Por ser
fungibilidade, deve ser aplicada em ambas as situações. Observar a
contestação do Réu.

Art. 306. O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar
o pedido e indicar as provas que pretende produzir.

Na ação que visa a prestação de tutela cautelar antecedente, o réu deve


ser citado para no prazo de 05 dias, contestar o pedido e indicar as provas
que pretende produzir.
O prazo é de 05 dias, justamente, porque a decisão deve ser proferida
com o máximo de brevidade, em razão da urgência que caracteriza a medida
cautelar antecedente. CONTESTADO O PEDIDO  OBSERVA-SE O
PROCEDIMENTO COMUM  Parágrafo único do artigo 307.

E SE NÃO FOR CONTESTADO? REVELIA.

Art. 307. “Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo


autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o
juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.
Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á
o procedimento comum”.

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E se for efetivada a tutela cautelar? O pedido principal deve ser


postulado pelo autor no prazo de 30 dias.

Art. 308. “Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser


formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será
apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela
cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas
processuais.
§ 1o O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o
pedido de tutela cautelar.
§ 2o A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação
do pedido principal.
§ 3o Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a
audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334, por
seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação
do réu.
§ 4o Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será
contado na forma do art. 335.

Assim, o prazo de 30 dias para o pedido principal para ser postulado


conta da efetivação da tutela cautelar antecedente.
Em tal situação, o pedido principal deve ser apresentado nos
mesmos autos em que foi pleiteada a tutela cautelar, não dependendo do
adiantamento de novas custas, verificar art. 308.
O pedido principal também pode ser formulado com o pedido de tutela
cautelar. O entendimento é de que o prazo de 30 dias tem natureza
DECADENCIAL, no que se refere à apresentação do pedido principal, no caso
da tutela cautelar antecedente. Se o pedido principal for realizado no prazo
mencionado, a tutela cautelar mantém sua eficácia não só no prazo de 30 dias
contados da efetivação, mas durante o curso do processo, e na verdade, até a
efetivação concreta da tutela final, definitiva e principal. Uma vez apresentado o
pedido principal, as partes devem ser intimadas para a audiência de
conciliação ou mediação na forma do artigo 334, sem necessidade de nova
citação do réu, conforme previsão do artigo 334 do CPC/15:

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não


for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima
de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20
(vinte) dias de antecedência.

Além disso, se não houver autocomposição, o prazo para contestação


deve ser contado na forma do artigo 335  conforme o §4º do artigo 338;

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Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo


de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão
de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou,
comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de
conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a
hipótese do art. 334, § 4o, inciso I;
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a
citação, nos demais casos.

1.4 Cessão da eficácia da medida cautelar


Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, segundo o
artigo 309:
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter
antecedente, se:
I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor
ou extinguir o processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela
cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo
fundamento.

Segundo a hipótese do inciso I do artigo 308, a tutela cautelar


antecedente, mesmo se concedida perde seus efeitos se o pedido principal não
for apresentado no prazo de 30 dias contados da efetivação da tutela
cautelar. Neste sentido já se tinha a Súmula 482 do STJ no que se refere ao
CPC de 1973:

“A falta de ajuizamento da ação principal no prazo do art. 806 do CPC


acarreta a perda da eficácia da liminar deferida e a extinção do
processo cautelar”.

Segundo o inciso II do artigo 309, a tutela cautelar perde sua eficácia se


não for efetivada no prazo de 30 DIAS. Isso porque se a cautelar foi concedida,
mas o autor não se interessa por sua execução, permanecendo inerte, não se
verifica a urgência mais.
Da mesma forma, cessa a eficácia da tutela cautelar, segundo o inciso III
do artigo 309, se o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo
autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito. Isso porque se o
processo é extinto sem julgamento de mérito, a tutela cautelar não pode ser
vista como um fim, pois depende da tutela principal, a qual busca tutelar.

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E, se o pedido principal é julgado improcedente, a eficácia da tutela


cautelar também é perdida, em regra, pois também depende da principal, além
do fato de não ter a probabilidade do direito material alegado. Ou seja, se a
própria sentença rejeitar o pedido principal, entendendo que o bem jurídico não
é devido, conclui-se pela ausência de um dos requisitos da tutela antecipada: a
fumaça do bom direito. Entendimento de que essa revogação ocorre de
forma automática.
E se o pedido principal foi julgado procedente? Entende-se, por óbvio,
que se o pedido principal é acolhido, a tutela cautelar não perde sua eficácia
quando a sentença é proferida ou mesmo com o trânsito em julgado. Na
verdade, a tutela cautelar deve manter sua eficácia até a afetiva satisfação do
direito material. Ou seja, a medida cautelar mantém os seus efeitos até a
integral execução da tutela principal, justamente para assegurar o resultado útil
do processo.
E se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar? Parágrafo
único do artigo 309:
Parágrafo único. “Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela
cautelar, é vedado à parte renovar o pedido, salvo sob novo
fundamento”.

Segundo a previsão, fica vedado à parte renovar o pedido, salvo por


novo fundamento. Ou seja, é proibido ao Autor formular o mesmo pedido de
tutela cautelar se cessar sua eficácia, salvo se tiver fundamento diverso.

E O INDEFERIMENTO DA TUTELA CAUTELAR, OBSTA QUE A


PARTE FORMULE O PEDIDO PRINCIPAL?

Art. 310. “O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a parte


formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o
motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de
prescrição”.

De acordo com o artigo 310, o indeferimento da tutela cautelar não obsta


que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento da lide, salvo
se o motivo do indeferimento for o reconhecimento da prescrição ou
decadência.

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A sentença da medida cautelar não decide o mérito do pedido principal.


Logo, mesmo após o trânsito em julgado, que faz coisa julgada formal, não faz
coisa julgada material quanto ao pedido principal, salvo se reconhecida a
prescrição ou decadência que se referem ao pedido principal.

1.5 MODELO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA ANTECIPADA


ANTECEDENTE

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1.6 MODELO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAUTELAR


ANTECEDENTE DE ARRESTO COM PEDIDO DE LIMINAR

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2. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AULA COMPLEMENTAR EAD

2.1 Previsão legal: art. 994, IV, art. 1.022 a 1.026 do CPC.

2.2 Cabimento
É cabível Embargos de Declaração de qualquer decisão judicial quando
obscura, omissa ou contraditória ou quando contiver erro material (art. 1.022 do
CPC).
Diz-se que a fundamentação dos embargos de declaração é vinculada
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 250).
Segundo Sá e Aguirre (2017, p. 102) os embargos de declaração não
possuem como função principal a modificação de uma decisão. A finalidade
principal dos embargos de declaração é esclarecer ou integrar uma decisão
judicial que possui um dos vícios mencionados no artigo 1.022 do CPC.
O objetivo dos Embargos de Declaração é o esclarecimento da questão
obscura ou contraditória, ou, ainda, a manifestação sobre o ponto omisso na
decisão judicial pelo julgador que a prolatou.
Justamente por isso a apreciação dos Embargos de Declaração é feita
pelo próprio órgão que proferiu a decisão.

Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão


judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.

Assim, os embargos de declaração possuem como objetivo emitir


pronunciamento judicial que integra a sentença, acordão, decisão interlocutória,
aperfeiçoando-os, abrindo o caminho para irresignação principal (DOROSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 250).
O entendimento é de que cabe Embargos de Declaração contra
qualquer decisão judicial, e não apenas contra sentença, inclusive quanto
às decisões interlocutórias e decisão monocráticas ou acórdão.

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A finalidade dos Embargos de Declaração é distinta. Ou seja, não é


modificar a decisão, mas integrá-la, ou seja, complementar, esclarecer a
decisão.
As hipóteses de cabimento estão no art. 1.022 do CPC:
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão
judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se
pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição: Obscuridade se


caracteriza pela falta de clareza, pela confusão de ideias, pela dificuldade no
entendimento da decisão. Também pode ser considerada obscuridade
decisões escritas a mão com letra ilegível, com passagens em língua
estrangeira ou dialeto incompreensível. A decisão deve ser vista como um todo
e deve ser compreensível ao homem médio, se não for será obscura.
(DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 254).
Já no que se refere à contradição, contraditória é aquela decisão
incoerente, porque em seu conteúdo são lançadas ideias opostas. A
contradição pode ser entre duas ou mais fundamentações, entre a
fundamentação e o dispositivo ou apenas no dispositivo. A contradição tem que
ser interna, ou seja, dentro da decisão.

II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se


pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento:

Decisão omissa é aquela em que o julgador deixa de apreciar alguma


matéria sobre a qual teria de manifestar-se de ofício ou a requerimento,
proferindo uma decisão citra petita. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 257).
Essa omissão pode se referir a ponto ou questão sobre o qual deveria se
pronunciar o julgador. Ou seja, pode ser sobre um ponto ventilado pela parte
sem que tenha havido impugnação pelo adversário (como exemplo: o pedido
de gratuidade da justiça) ou a um ponto que tenha sido objeto de impugnação
pela parte contrária (como exemplo: quando o autor diz que conduzia seu

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veículo em velocidade compatível, mas o réu impugna dizendo que estava em


excesso de velocidade). (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 257).
Além disso, a omissão pode se referir a ponto ou questão que o
pronunciamento judicial deveria se dar de ofício ou a requerimento da parte. Ou
seja, mesmo que a matéria não tenha sido ventilada pelas partes, sendo uma
daquelas que o julgador deve se pronunciar de ofício, caberão embargos de
declaração diante de eventual omissão. Neste caso estariam incluídas não
apenas aquelas matérias de ordem pública, mas também os chamados
pedidos implícitos, que embora não tenham sido expressamente articulados,
devem ser objeto de apreciação na decisão (ex: juros legais, correção
monetária, verbas de sucumbência, conforme previsão do art. 322, §1º do
CPC). (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 257-258).
Ainda, Donoso e Serau Junior (2017, p. 258) destacam a seguinte
situação: “e se a decisão judicial se omitir quanto a algum ponto ou questão
originado da participação do amicus curiae (art. 138 do CPC) poderão as
partes opor embargos de declaração? a resposta, segundo os autores deve ser
positiva. Sem prejuízo da legitimidade do próprio amicus curiae para opor os
embargos de declaração, não se pode negar às partes a oportunidade de
embargar decisões para corrigir vício da decisão relativo aos argumentos
trazidos pelo amicus curiae. Nesse sentido, inclusive o enunciado 394 do
FPPC.”.
Além da previsão genérica dos embargos de declaração em caso de
omissão, o parágrafo único do artigo 1.022 vem trazer três hipóteses
específicas de presunção de omissão (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p.
258):
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos
repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao
caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.

Ou seja, uma vez firmada uma tese em julgamento de casos repetitivos,


cria-se um dever de ofício ao julgador de se manifestar a seu respeito, desde
que tal tese seja aplicável ao caso concreto. Não o fazendo, serão cabíveis os
embargos de declaração. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 259).

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Da mesma forma, cabe embargos de declaração no caso de incidente


de assunção de competência aplicável ao caso. Ou seja, o acórdão proferido
em assunção de competência é vinculativo a todos os juízes e órgãos
fracionários do tribunal (art. 947, §3º do CPC), sendo assim se a decisão
proferida no incidente de assunção de competência for aplicável ao caso, é
dever do julgador se manifestar a seu respeito, não o fazendo caberão os
embargos de declaração. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 259).

Observar que o comando se dirige tanto ao próprio tribunal que criou a


tese, quanto aos órgãos hierarquicamente inferiores. (DONOSO; SERAU JUN
IOR, 2017, p. 259).

Por fim, segundo o inciso II do parágrafo único do art. 1.022 do CPC, o


artigo 489, §1º do CPC trata da exigência de motivação das decisões judiciais,
destacando que não basta uma fundamentação superficial, sendo exigido doo
julgador uma fundamentação efetiva e suficiente. Diante da falta dessa
fundamentação é cabível embargos de declaração.

Art. 489. (...)


§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja
ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato
normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o
motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo
capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o
caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de
distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.

III - corrigir erro material: Erros materiais podem ser inexatidões


materiais ou erros de cálculo. A correção do erro material pode se dar a
requerimento da parte ou até mesmo de ofício pelo juiz, conforme previsão do
artigo 494, I do CPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 261)

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

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I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões


materiais ou erros de cálculo;
II - por meio de embargos de declaração.

Donoso e Serau Junior (2017, p. 261) mencionam que não se pode


confundir erro material com erro de julgamento. Apenas o primeiro desafia
embargos de declaração, pois o erro de julgamento deverá ser objeto de
recurso próprio (ex: apelação).
No entanto, mencionam os autores que percebe-se uma tendência no
alargamento do cabimento dos embargos de declaração, no sentido de serem
admitidos diante de erros evidentes, assim entendidos aqueles resultantes de
premissas fáticas evidentemente equivocadas. Mencionam DONOSO E
SERAU JUNIOR que o STJ já se firmou nesse sentido. (DONOSO; SERAU
JUNIOR, 2017, p. 261).

2. 3 Legitimidade e Prazo para oposição dos Embargos de Declaração:

Os embargos podem ser opostos por qualquer uma das partes,


vencedor e vencido. Observar ainda a legitimidade do Amicus Curiae (art. 138,
§1º do CPC) para oposição dos Embargos de Declaração.

Prazo para interposição dos embargos: 05 dias. Deve ser dirigida ao


juiz da causa ou relator, conforme o caso. Não há preparo a ser recolhido.

 Entendimento de DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 265) que


não se aplica o entendimento da Sumula 641 do STF aos embargos de
declaração, porque não exige sucumbência para configurar interesse recursal
no caso dos embargos de declaração.

 Vale todas as regras de prazo em dobro (229, 180, 183 e 186 do


CPC);

ATENÇÃO
O prazo para interposição dos embargos de declaração é de 05 DIAS.

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Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias,


em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade,
contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1o Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.
§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no
prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu
eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.

2.4 Do Preparo nos Embargos de Declaração


Não há preparo nos embargos de declaração, conforme previsão do art.
1.023 do CPC, parte final.

2.5 Efeitos
Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo.

Art. 1.026. Os embargos de declaração não possuem efeito


suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de recurso.

Porém, tal efeito suspensivo poderá ser concedido, de acordo com a


previsão do §1º do artigo 1.026 do CPC:

§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser


suspensa pelo respectivo juiz ou relator se demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil
reparação.

Os embargos de declaração interrompem o prazo para interposição do


recurso. A interrupção constitui na concessão de novo prazo para a
interposição de outro recurso da decisão embargada, que só começará a correr
depois da intimação da decisão embargada.
Como interrompe os prazos para interposição de outros recursos, a fim
de evitar manobras com o intuito meramente proletários, o legislador previu
nestes casos a multa de 2%, conforme previsão do artigo 1.026, §2º do CPC:

§ 2o Quando manifestamente protelatórios os embargos de


declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão fundamentada,
condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente
a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.

2.6 Processamento
Os embargos devem ser opostos perante o próprio órgão que proferiu a
decisão, na forma do art. 1.023 do CPC.

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Após serão analisados seus requisitos de admissibilidade, sendo


admitidos ou não.
Poderá ou não haver contraditório nos embargos de declaração.
Somente haverá se tiverem efeitos infringentes, conforme previsão do art.
1.023, §2º do CPC:

§ 2o O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no


prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu
eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada.

Possui pequena variação caso seja oposto no primeiro ou segundo grau.


No primeiro grau, recebidos os embargos e verificando o juiz a
possibilidade de modificação da decisão embargada em caso de acolhimento,
determinará a intimação do embargado para responder no prazo de 5 dias,
caso em que, com ou sem manifestação do embargado, o juiz deve decidir no
prazo de 5 dias.
Caso seja no tribunal, recebidos os embargos e verificado que o
acolhimento do recurso implique em reforma da decisão embargada,
determinará a intimação do embargado para se manifestar no prazo de 5 dias.
Assim, em seguida, com ou sem manifestação do embargado, os apresentará
em mesa na sessão subsequente proferindo voto.
Cabe ressaltar ainda, que, caso a decisão tenha sido proferida
monocraticamente pelo próprio relator, cabe a ele unicamente proferir decisão
acerca dos embargos.

Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.


§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra
decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal,
o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente.

Em qualquer situação, a decisão acerca dos embargos vai integrar a


decisão embargada e o seu conteúdo poderá ser impugnado no mesmo
recurso interposto contra a decisão original.
Ou seja, no tocante a sentença o juiz não poderá modificar o conteúdo
da decisão, a não ser no sentido de corrigir a falha.

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Excepcionalmente, o suprimento do vício poderá acarretar a modificação


do resultado. Neste caso, fala-se nos embargos de declaração com efeitos
infringentes. EXEMPLO: complementa a decisão acerca do dano material que
não mencionou.
Art. 1.024. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
§ 1o Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na
sessão subsequente, proferindo voto, e, não havendo julgamento
nessa sessão, será o recurso incluído em pauta automaticamente.
§ 2o Quando os embargos de declaração forem opostos contra
decisão de relator ou outra decisão unipessoal proferida em tribunal,
o órgão prolator da decisão embargada decidi-los-á
monocraticamente.
§ 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como
agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que
determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5
(cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las
às exigências do art. 1.021, § 1o.
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique
modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver
interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da
decisão dos embargos de declaração.
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto
pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de
declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

2.7 Do julgamento dos Embargos de Declaração


Previsão do art. 1.024 do CPC.
Opostos os embargos e oferecida a defesa (caso seja hipótese) o juiz de
primeiro grau deverá julgar os embargos no prazo de 05 dias.
Observar que se os embargos atacarem decisão monocrática, o
julgamento também será monocrático, conforme previsão do art. 1.024, §2º do
CPC. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 276).
Da mesma forma se a decisão embargada for decisão colegiada, a
decisão dos embargos deverá também se dar por órgão colegiado, conforme
previsão do art. 1.024, §1º do CPC.

2.8 Dos recursos interpostos antes do julgamento dos embargos de


declaração
Previsão dos §4º e §5º do art. 1.024 do CPC:

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§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique


modificação da decisão embargada, o embargado que já tiver
interposto outro recurso contra a decisão originária tem o direito de
complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da
decisão dos embargos de declaração.
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não
alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso interposto
pela outra parte antes da publicação do julgamento dos embargos de
declaração será processado e julgado independentemente de
ratificação.

2.9 Dos embargos para fins de pré-questionamento


Outra possibilidade dos embargos declaratórios se refere para fins de
prequestionamento em relação ao recurso especial ou extraordinário no sentido
de provocar o tribunal para se manifestar sobre determinado dispositivo, para
fins de preenchimento deste requisito.

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o


embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os
embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o
tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.

ATENÇÃO
ENUNCIADOS FPPC: 23, 360, 361, 394, 475, 483, 562, 563, 598, 614.

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03
3. RECURSO ORDINÁRIO – AULA COMPLEMENTAR EAD

3.1 Previsão legal: O Recurso Ordinário encontra respaldo nos arts. 994, V
e 1.027 a 1.028 do Código de Processo Civil. Está previsto, também, na
Constituição Federal nos arts. 102, II e 105, II.

Recurso dirigido ao STJ ou ao STF nos casos dos artigos 102, II e 105,
II da CF e 1.027 do CPC. (LOURENÇO, 2017, p. 521).

2.2 Cabimento
É cabível contra determinadas decisões proferidas em ações cuja
competência originária seja dos Tribunais. Julgado pelo STJ ou pelo STF. Tem
previsão constitucional nos artigos 102, II e 105, II DA CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a


guarda da Constituição, cabendo-lhe:
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o
mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:


II - julgar, em recurso ordinário:
a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo
internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente
ou domiciliada no País;

ATENÇÃO
Dentre os recursos para o STJ e STF, tem-se 03: Recurso Especial,
Recurso Extraordinário e Recurso Ordinário.

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O recurso ordinário pretende o reexame das decisões proferidas em


ações de competência originária dos tribunais.
Segundo Haroldo Lourenço (2017, p. 521): “cabe àqueles tribunais
exercer competência recursal, funcionando como segundo grau de jurisdição,
não havendo qualquer espécie de limitação em relação à matéria fática,
havendo devolução ampla da matéria a ser apreciada ao STF/STJ, abrangendo
tanto matéria de fato como reexame de provas e cláusulas contratuais, bem
como matéria de direito, como constitucional, federal e local, dispensando-se,
ainda, o prequestionamento”.
No artigo 1.027 também está estabelecido o cabimento do recurso
ordinário:
Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança,
os habeas data e os mandados de injunção decididos em única
instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão;

Os tribunais superiores que aos quais cabem recurso ordinário


encaminhando ao STF são: STJ, TSE, TST E STM.
DECISÃO DENEGATÓRIA  é aquela que rejeita o mérito, bem como
extingue o processo sem resolução de mérito.
Observar que somente caberá neste caso o recurso ordinário quando for
competência originária daqueles tribunais, de forma que se tais meios de
impugnação chegarem aos tribunais superiores por meio do manejo de
apelação, por exemplo, não será cabível o recurso ordinário, consoante
entendimento de HAROLDO LOURENÇO (2017, p. 522).
Haroldo Lourenço apresenta os seguintes requisitos para interposição do
recurso ordinário para o STF (art. 1.027, I do CPC):
 Decisões denegatórias;
 Competência originária dos tribunais superiores;

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:


a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados
e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro
ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País.

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EXEMPLO: decisão denegatória de Mandado de segurança interposto


diretamente no tribunal contra ato do juiz de primeiro grau.
Ou seja, aqui também somente caberia recurso ordinário quando o MS
for interposto diretamente no tribunal de justiça ou Tribunal regional federal e
não chegando lá em caso de eventual recurso de apelação. (LOURENÇO,
2017, p. 523).
Observar que na hipótese do inciso II, alínea b, entende-se que o
recurso ordinário se equipara a apelação, inclusive o §1º faz a ressalva de
que nestes processos, as decisões interlocutórias serão impugnadas por meio
de agravo de instrumento dirigidas ao STJ, nas hipóteses do artigo 1.015 do
CPC:
II - pelo Superior Tribunal de Justiça:
b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro
ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País.
§ 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as
decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao
Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015.

Segundo Lourenço (2017, p. 526) no caso da alínea “b” tais processos


são de competência dos juízes federais de primeira instancia, nos termos do
artigo 109, II da CF, competência definida em razão da pessoa. Sendo
irrelevante se for pessoa física ou jurídica, bem como em qual dos polos estão
os sujeitos, basta que estejam em polos adversários. RECURSO QUE CABE
DA SENTENÇA.

3.3 Objetivo
O recurso ordinário (também chamado de ROC) permite o duplo grau de
jurisdição para as decisões denegatórias de ações constitucionais. É
considerado semelhante ao recurso de apelação pelo seu processamento.

3.4 Interposição
Na hipótese da alínea B do inciso II do art. 1.017, a interposição do
Recurso ordinário vai seguir os requisitos de admissibilidade e o procedimento,
os relativos à APELAÇÃO e o regimento interno do STJ, conforme previsão do
art. 1.028 do CPC:

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Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea


“b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao
procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça.

No mais, o CPC não indica expressamente quais os requisitos


específicos do recurso ordinário previsto no inciso I e alínea “a” do inciso II do
artigo 1.027, indicando apenas parte do seu procedimento no §2º do art. 1.028
do CPC:

§ 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve


ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu
presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido
para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.
§ 3o Findo o prazo referido no § 2o, os autos serão remetidos ao
respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de
admissibilidade.

De acordo com o §2º, o recurso deve ser interposto por petição


endereçada ao presidente do órgão que proferiu a decisão:

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”,
aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao
procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça.

§ 1o Na hipótese do art. 1.027, § 1o, aplicam-se as disposições


relativas ao agravo de instrumento e o Regimento Interno do Superior
Tribunal de Justiça.

§ 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve


ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu
presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido
para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões.

§ 3o Findo o prazo referido no § 2o, os autos serão remetidos ao


respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de
admissibilidade.

3.5 Prazo para interposição do Recurso Ordinário:

O prazo do recurso ordinário é de 15 dias, devendo a parte contrária ser


intimada no prazo de 15 dias para apresentar contrarrazões, conforme previsão
do art. 1.028, §2º do CPC:

§ 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser
interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente
ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15
(quinze) dias, apresentar as contrarrazões.

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Petição de interposição + petição das razões:

A petição de interposição será dirigida ao PRESIDENTE DO TRIBUNAL


RECORRIDO. Já a petição das razões do recurso ordinário será dirigida ao
STF ou STJ, de acordo com a hipótese de cabimento do recurso ordinário.

RECURSO ORDINÁRIO

PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO PETIÇÃO DE RAZÕES


Dirigida ao Presidente do Tribunal Dirigida ao STF ou STJ
Recorrido

ATENÇÃO
ENUNCIADOS FPPC: 207, 208, 209, 210 e 357.

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EXEMPLO DE RECURSO ORDINÁRIO

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04
4. RECURSO EXTRAORDINÁRIO – ASSISTIR AULA COMPLEMENTAR

4.1 Previsão legal: Art. 102, III da CF; 994, VII e 1.029 e seguintes do CPC.

4.2 Cabimento
O Recurso Especial e o Recurso Extraordinário apresentam vários
pontos em comum. O objetivo do Recurso Extraordinário não é rediscutir a
matéria, mas, sim, que o dispositivo constitucional seja observado pelos
Tribunais. Cabe, portanto, nos casos de violação à Constituição Federal, bem
como quando se nega vigência do texto constitucional. Diante disso, para
interposição do Recurso Extraordinário deve-se demonstrar que a decisão
impugnada fere algum dispositivo da Constituição.
Para verificar o cabimento do recurso extraordinário, verificar o art.
102 da Constituição Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a


guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em
única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição ;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Entende-se que como não fala Tribunais, cabe Recurso Extraordinário


das decisões proferidas pelas Turmas Recursais do JEC.
Ainda, o Recurso Extraordinário é julgado pelo STF e para sua
interposição, deve-se ter esgotado anteriormente os recursos cabíveis,
portanto, não cabe de decisão monocrática proferida pelo relator.
Verificar Súmula 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário,
quando couber na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”.
Da mesma forma, é de se observar que assim como no Resp, no
Recurso Extraordinário também não se pode discutir matéria de fato  Súmula
279 do STF: “Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário”.

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4.3 Da admissibilidade do recurso extraordinário


Além dos requisitos de admissibilidade gerais dos recursos (subjetivos e
objetivos), o recurso extraordinário ainda apresenta requisitos específicos.
Assim, como requisitos específicos de admissibilidade do Recurso
Extraordinário podem ser apontados os seguintes:

REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Pré-questionamento.

Esgotamento das vias recursais – não se discute matéria de fato.

A decisão deve ser prolatada em única ou última instância.

Repercussão geral.

a. Prequestionamento:
Deve haver o prequestionamento. Ou seja, que a matéria objeto do
recurso extraordinário tenha sido objeto de análise pelas instâncias inferiores.

SÚMULA 282 do STF: É inadmissível Recurso Extraordinário quando não ventilada, na


decisão recorrida, a questão federal suscitada.

SÚMULA 356 do STF: O ponto omisso da decisão sobre o qual não foram opostos
embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito
do prequestionamento.

Ou seja, sabe-se que os Embargos de Declaração podem ser opostos


com o fim de prequestionamento. Dessa forma, caso não tenha havido o
prequestionamento na decisão recorrida, deverão ser opostos os Embargos de
Declaração com o fim de ser sanada a omissão e cumprir esse requisito.

Além disso, deve-se observar o disposto no artigo 1.025 do CPC/15, no


caso de opostos os Embargos de Declaração, mas o Tribunal de origem não
sanar a omissão. Neste caso, para efeitos de se considerar a matéria objeto de
recurso prequestionada considera-se a previsão do artigo 1.025 do CPC:

Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os


elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-
questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam

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inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere


existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

Sobre o prequestionamento Silva e Colombo (2017, p.184) fazem o


seguinte questionamento: “caso a matéria tenha sido debatida, e ainda assim o
Tribunal de origem deixar de sanar a omissão apontada nos embargos de
declaração, é de se indagar, se os dispositivos legais afirmados como violados
ou cuja vigência eventualmente tenha sido negada, estariam ou não
prequestionados? O novo CPC resolve essa problemática de forma distinta da
súmula 211 do STJ, consoante disposição do art. 1.025 do CPC. OU seja, a
opção do novo CPC foi pela solução já adotada pela Súmula 356 do STF”.

SÚMULA 356 DO STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não


foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso
extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento”.

b. Esgotamento das vias recursais e Não se discute matéria de fato:


Deve ter havido o esgotamento das vias recursais ordinárias e não se
discute matéria de fato.

SÚMULA 281 do STF: É inadmissível Recurso Extraordinário quando couber na Justiça de


origem, recurso ordinário da decisão impugnada.

SÚMULA 279 do STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.

Ou seja, assim como o Recurso especial, o Recurso extraordinário se


destina à revisão de acórdãos, não se prestando a revisar fatos, mas somente
questão de direito. No caso do recurso extraordinário, eventual violação da
Constituição Federal.

c. Decisão deve ser prolatada em única ou última instância:


O inciso III do artigo 102 da CF refere que cabe ao STF julgar, mediante
recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância.
Além disso, como já referido ao contrário do artigo 105 da CF (que trata
do recurso especial), o recurso extraordinário não menciona que o julgamento

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da causa decidida em única ou última instância seja proferida por Tribunal, do


que se extrai ser possível o cabimento do recurso extraordinário das decisões
proferidas pelas Turmas Recursais.
Observar neste caso a Súmula 640 do STF: “É cabível recurso
extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de
alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Assim sendo, para caber recurso extraordinário deve ter havido o
esgotamento das vias recursais, não sendo possível a interposição de outros
recursos ainda.

d. Repercussão geral:
De acordo com o §3º do artigo 102 da CF, ainda deve haver a
repercussão geral das questões constitucionais:

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a


repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso,
nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois
terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004).

A repercussão geral significa que o recurso deve ser importante não


somente para as partes, mas para a sociedade como um todo.
Assim sendo, não basta o Recorrente demonstrar que a decisão
recorrida viola a CF/88, é necessário ainda que haja a repercussão geral para
que o Recurso Extraordinário seja admitido.

A necessidade de repercussão geral foi regulamentada no art. 1.035


do CPC:
Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não
conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional
nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
§ 1o Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência
ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político,
social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do
processo.
§ 2o O recorrente deverá demonstrar a existência de repercussão
geral para apreciação exclusiva pelo Supremo Tribunal Federal.

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Observar ainda, conforme §3º do artigo 1.035 do CPC, que haverá


repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que

§ 3o Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar


acórdão que:
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal
Federal;
II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;
II – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei
federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.

É do STF a competência para apreciar a questão da repercussão geral.


Neste caso, a competência para apreciar se há ou não a repercussão geral é
do STF.
Se 2/3 dos Ministros do STF, ou seja 8 de 11, julgarem que não há a
repercussão geral  o recurso extraordinário não será conhecido.
Conforme o artigo 1.035 do CPC, a decisão acerca da repercussão geral
é irrecorrível. Portanto, de acordo com a previsão do §2º do artigo 1.035 do
CPC, deve o recorrente demonstrar a existência de repercussão geral, disso
decorre que no Recurso Extraordinário deve ser demonstrado claramente a
existência da repercussão geral, sob pena de não ser conhecido.
Há quem defenda a possibilidade de Amicus Curiae no que se refere à
repercussão geral, em razão da previsão do §4º do artigo 1.035 do CPC: “§ 4 o
O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de
terceiros, subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno
do Supremo Tribunal Federal.
Se for reconhecida a repercussão geral, será determinada pelo relator a
suspensão de todos os processos, sejam individuais ou coletivos que tratam
daquele tema objeto do recurso em todo o pais, conforme previsão do §5º do
artigo 1.035 do CPC:

§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal


Federal determinará a suspensão do processamento de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
questão e tramitem no território nacional.

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De acordo com o §9º do artigo 1.035 do CPC o recurso que tiver


reconhecida a repercussão geral deverá ser julgado no prazo de 01 ano:

§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser


julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais
feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de
habeas corpus.

E se for negada a repercussão geral? Aplica-se o §8º do artigo 1.035 do


CPC:
§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente
do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários
sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.

Ou seja, conforme a previsão do §8º do artigo 1.035 do CPC, se for


negada a repercussão geral, a presidência do Tribunal intermediário negará
seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versam
sobre a matéria.
Silva e Colombo (2017, p. 188) ainda ensinam sobre a repercussão geral
“que o interessado poderá requerer, ao presidente ou vice-presidente do
tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o
recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o
recorrente o prazo de 05 dias para manifestar-se acerca desse requerimento
(art. 1035, §6º). Da decisão que indeferir o requerimento ou que aplicar
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de
recursos repetitivos caberá agravo interno”.

4.4 Efeito DEVOLUTIVO e SUSPENSIVO do Recurso


Extraordinário
Via de regra é recebido somente no efeito devolutivo, porém, pode ser
buscado o efeito suspensivo ao Recurso Extraordinário. Isso, porque, conforme
previsão do artigo 995 do CPC os recursos não terão efeito suspensivo, com
exceção da Apelação, mas poderá ser requerido conforme previsão do
parágrafo único do artigo 995 do CPC:

Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo


disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.

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Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser


suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus
efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação,
e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Além disso, no caso específico do recurso especial e extraordinário,


havendo necessidade de se requerer o efeito suspensivo, aplica-se o disposto
no artigo 1.029, §5 º do CPC:

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos


previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o
presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições
distintas que conterão:
§ 5o O pedido de concessão de efeito suspensivo a recurso
extraordinário ou a recurso especial poderá ser formulado por
requerimento dirigido:
I – ao tribunal superior respectivo, no período compreendido entre a
publicação da decisão de admissão do recurso e sua distribuição,
ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo;
II - ao relator, se já distribuído o recurso;
III – ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, no
período compreendido entre a interposição do recurso e a publicação
da decisão de admissão do recurso, assim como no caso de o
recurso ter sido sobrestado, nos termos do art. 1.037.

4.5 Prazo para interposição


O prazo para interposição do Recurso Extraordinário é de 15 dias,
conforme a regra do artigo 1.003, §5º do CPC. O mesmo prazo é para a parte
contrária oferecer as contrarrazões.

4.6 Processamento do recurso extraordinário


O Recurso Extraordinário é interposto perante o Tribunal de origem e
não diretamente no STF, sendo dirigido à presidência do Tribunal de origem.
Após o prazo das contrarrazões, oferecidas estas ou não, o recurso será
encaminhado ao STF.
Caso admitido o Recurso Extraordinário  os autos serão remitidos ao
STF. E se o Recurso Extraordinário não for admitido na origem? Cabe Agravo
em Recurso Extraordinário, consoante previsão do artigo 1.042 do CPC.

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-


presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário
ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos.

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Ou seja, a redação original do artigo 1.030 do CPC teve alteração com a


Lei 13.256/16, tendo tanto o recurso especial, quanto extraordinário duplo
exame de admissibilidade, como ocorria já no CPC antigo.

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal,


o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de
15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente
ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
I – negar seguimento:
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual
o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de
repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente,
exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do
juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento
do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça
exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de
recursos repetitivos;
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter
repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional;
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia
constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça,
desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de
repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da
controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no
inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá
agravo interno, nos termos do art. 1.021.

Observar ainda que, conforme previsão do artigo 1.031 do CPC na


hipótese de interposição conjunta de Recurso Especial e Recurso
Extraordinário, os autos serão remetidos primeiro ao STJ.
Além disso, o STF não está vinculado ao que decidiu o Tribunal de
origem, podendo realizar novo exame de admissibilidade, podendo conhecer
ou não o Recurso Extraordinário.

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4.7 Petição de interposição e Petição das razões


A petição de interposição é dirigida ao Presidente do Tribunal de
Origem. Já a petição das razões é dirigida ao STF.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO PETIÇÃO DE RAZÕES
Dirigida ao Presidente do Tribunal de Dirigida ao Supremo Tribunal Federal
Origem

ATENÇÃO
ENUNCIADOS FPPC: 169, 174, 197, 219, 220, 224, 305, 345, 348, 363,
364, 423, 481, 482, 550, 557, 564, 565, 566.

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MODELO EXEMPLIFICATIVO

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05
5. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO -
ASSISTIR AULA COMPLEMENTAR

5.1 Previsão legal: art. 994, VIII e 1.042 do CPC/15.

5.2 Cabimento
Observar que houve alteração no NOVO CPC antes mesmo da entrada
em vigor. Conforme a Lei 13.256/2016, o entendimento é que se trouxe de
volta, nesta parte, a sistemática do CPC/1973.

CABIMENTO: é utilizado quanto à admissibilidade do Recurso Especial e


Extraordinário.

No CPC/73, o juízo de admissibilidade no Recurso Especial e


Extraordinário era feito no Tribunal de Origem. Na versão original do CPC, o
juízo de admissibilidade do Recurso Especial e Extraordinário não seria mais
feito na origem e, sim, no Tribunal Superior, contudo, com a Lei 13.256/2016 o
juízo de admissibilidade voltou a ser do tribunal de origem.

OBJETIVO: o agravo em Recurso Especial OU Extraordinário possui a


função de fazer subir o recurso, caso não admitido.

Cabe, portanto, quando o Tribunal de Origem não admitir o Recurso


Especial ou Extraordinário, conforme previsão do art. 1.042 do CPC/15:

Art. 1.042. Cabe agravo contra decisão do presidente ou do vice-


presidente do tribunal recorrido que inadmitir recurso extraordinário
ou recurso especial, salvo quando fundada na aplicação de
entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos. (Redação dada pela Lei
nº 13.256, de 2016)

Portanto, com o Agravo em Recurso Especial o que se pretende é


justamente fazer com que o Recurso Especial seja julgado pelo STJ e o
Recurso Extraordinário pelo STF, caso tenham sido inadmitidos.

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Isso porque, segundo o artigo 1.030 do CPC, será feita uma análise dos
requisitos dos recursos especial e extraordinário, sendo que somente será
possível a remessa do referido recurso ao STF ou STJ, SE:

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal,


o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de
15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente
ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
I – negar seguimento: (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual
o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de
repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral;
(Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra
acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente,
exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;
(Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo
de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça
exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de
recursos repetitivos; (Incluído pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter
repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional; (Incluído pela Lei
nº 13.256, de 2016) (Vigência)
IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia
constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art.
1.036; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)
V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito
ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça,
desde que: (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de
repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;
(Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da
controvérsia; ou (Incluída pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
(Incluída pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no
inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art.
1.042. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016)
(Vigência)
§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá
agravo interno, nos termos do art. 1.021. (Incluído
pela Lei nº 13.256, d

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Observar, portanto, que cabe agravo em recurso especial ou


extraordinário contra decisão do presidente ou vice-presidente do tribunal
recorrido que inadmitir recurso especial ou extraordinário, salvo quando
fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão
geral ou em julgamento de recurso repetitivo, situação que cabe agravo
interno (art. 1.030, §2º)!!!

5.3 Processamento
As razões do Agravo em Recurso Especial e Extraordinário não devem
repetir as razões do RESP ou REXT, mas justamente impugnar a decisão que
inadmitiu o recurso. O Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário será
interposto nos autos do processo (não há necessidade de se formar um
instrumento) perante o Tribunal de Origem, no prazo de 15 dias.
A peça deve ser endereçada (folha de interposição) ao presidente ou
vice-presidente do tribunal recorrido – daquele que inadmitiu o recurso especial
ou o recurso extraordinário.
Não há recolhimento de preparo recursal, nem porte de remessa ou de
retorno, conforme art. 1.042, §2º, do CPC/15:

§ 2º A petição de agravo será dirigida ao presidente ou ao vice-


presidente do tribunal de origem e independe do pagamento de
custas e despesas postais, aplicando-se a ela o regime de
repercussão geral e de recursos repetitivos, inclusive quanto à
possibilidade de sobrestamento e do juízo de retratação.
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016)

O Agravado será intimado para oferecer contrarrazões no prazo de 15


dias, conforme previsto no art. 1.042, §3º, do CPC/15:

§ 3o O agravado será intimado, de imediato, para oferecer resposta


no prazo de 15 (quinze) dias.

Poderá haver retratação. Se não houver retratação, após o prazo de


resposta, o agravo será remetido ao Tribunal competente, ou seja, STJ ou STF:

§ 4o Após o prazo de resposta, não havendo retratação, o agravo


será remetido ao tribunal superior competente.

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Caso não haja retratação, os próprios autos serão encaminhados para


julgamento do agravo, contudo, se houver retratação, os autos serão
encaminhados ao respectivo tribunal (STJ ou STF).
Segundo Haroldo (2017, p. 503) não havendo retratação, o agravo será
remetido ao STF ou STJ (§4º do art. 1.042 do CPC)  não podendo a
Presidência ou vice deixar de encaminhar o agravo ao STF OU STJ (Sumula
727 do STF), sob pena de usurpação de competência a ser corrigida pela
RECLAMAÇÃO.
E na hipótese de a parte interpor RESP e REXT ao mesmo tempo e
nenhum deles ser admitido? Deverá interpor 2 recursos de agravo, conforme
previsão do §6º do artigo 1.042 do CPC/15:

§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário


e especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso
não admitido.

Diante da interposição de dois recursos de Agravo, primeiro os autos


serão remetidos ao STJ e depois ao STF:

§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal


competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão
remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.
§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de
Justiça e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de
pedido, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

ENUNCIADOS FPPC: 225, 228 e 229.

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EXEMPLO DE AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

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6. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA - ASSISTIR AULA COMPLEMENTAR

6.1 Previsão legal


Os embargos de divergência encontram respaldo legal nos artigos 994,
IX, 1.043 e 1.044 do Código de Processo Civil. Ainda, importante observar o
regimento interno do tribunal para qual o recurso é direcionado. No caso do
STJ, art. 266 e 267 do regimento interno. No caso do STF, art. 330 a 336 do
regimento interno deste tribunal.

6.2 Cabimento
O objetivo dos embargos de divergência é uniformizar a jurisprudência
dentro do STJ ou dentro do STF. No CPC/15, o cabimento tem previsão no art.
1.043:
Art. 1.043. É embargável o acórdão de órgão fracionário que:
I - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os
acórdãos, embargado e paradigma, de mérito;
II - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os
acórdãos, embargado e paradigma, relativos ao juízo de
admissibilidade; (Revogado pela Lei nº 13.256, de 2016)
III - em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um
acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido do recurso,
embora tenha apreciado a controvérsia;
IV - nos processos de competência originária, divergir do julgamento
de qualquer outro órgão do mesmo tribunal

Ou seja, cabe quando existir conflito no julgamento dentro do próprio


tribunal. EXEMPLO: quando o julgamento proferido no STJ DIVERGIR do
julgamento dentro do STJ, proferido por outra turma, seção.
Comentando o aludido artigo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p.
374) mencionam que cabe embargos de divergência em decisões proferidas
por colegiados, afastando a oposição dos embargos de divergência contra
decisões monocráticas dos relatores. Nesse caso, será necessário,
inicialmente, interpor agravo interno, ou agravo regimental, conforme o caso.
Assim, segundo o inciso I do art. 1043 do CPC estabelece que cabem
embargos de divergência contra acórdão de órgão fracionário do STF (suas
Turmas) ou do STJ (Turmas ou Seções) que sejam divergentes do julgamento

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de qualquer outro órgão do mesmo Tribual, estabelecendo também que o


acórdão deve ser de mérito. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 374).
O inciso III do art. 1043 assegura a interposição dos embargos de
divergência na hipótese da divergência ocorrer entre um acórdão de “mérito” e
outra que não tenha conhecido do recurso especial ou recurso extraordinário,
mas, de alguma forma, tenha analisado a controvérsia de “mérito”. (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 374).
Observar que a divergência pode ocorrer no julgamento de RECURSO
ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO, ou seja, no JULGAMENTO DE MÉRITO
ou no caso de ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL ou
EXTRAORDINÁRIO.
Observar que não cabem embargos de divergência com fundamento em
acórdão paradigma de outra turma que, no passado, detinha competência para
julgar aquela matéria, mas atualmente não tem, estando válida a súmula 158
do STJ. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 375).
Ainda, conforme o §3º do artigo 1.043 cabe Embargos de divergência de
decisão (julgado) da mesma turma, se houver tido mudança de composição:

§ 3o Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da


mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua
composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros.

Os Embargos de divergência são utilizados, portanto, quando houver


divergência entre os órgãos do STJ ou STF, de modo que se a divergência
ocorrer entre entendimentos de tribunais diferentes é cabível o recurso especial
ao STJ. EXEMPLO: se o STJ tiver julgado de forma diferente a questão
impugnada, por qualquer outro órgão interno do Tribunal  cabe Embargos de
divergência, buscando justamente uniformizar a matéria.
Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 375) o §1º do art. 1.043
inova em relação ao regime processual anterior, e prevê que a divergência na
interpretação pode ser comparada entre recursos e também ações de
competência originárias dos Tribunais.
Por ausência de previsão legal, não cabem embargos de divergência de
acórdãos proferidos em sede de recurso ordinário constitucional. Da mesma
forma, tendo em vista que apenas o acórdão de órgão fracionário é

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embargável, não comportam embargos de divergência acórdãos proferidos


pela corte especial no STJ, e pelo tribunal pleno no STF. (DONOSO E SERAU
JUNIOR, 2017, p. 376).
Observar ainda o §2º do artigo 1.043: § 2 o A divergência que autoriza a
interposição de embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do
direito material ou do direito processual.
Em relação à divergência sobre questão meramente processual, entende-
se que a similitude fática que dá suporte à causa pode ser relevada, desde a
divergência se trate de idêntica questão processual (por exemplo, a forma de
realização da citação, requisitos de admissibilidade recursal, etc.). (DONOSO;
SERAU JUNIOR, 2017, p. 376).
Os embargos de declaração opostos contra acórdão proferido em recurso
especial e extraordinário integram o julgamento anterior e, portanto, é cabível o
recurso de embargos de divergência contra o acórdão proferido neste tipo de
embargos de declaração. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p.376.
No mesmo sentido observar também a previsão da súmula 316 do STJ.

6.3 Comprovação da divergência


O art. 1.043, §4º refere-se a necessidade de comprovação da
divergência, devendo o embargante juntar cópia do acórdão paradigm com
declaração de autenticidade.

§ 4o O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou


citação de repositório oficial ou credenciado de jurisprudência,
inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede
mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará
as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos
confrontados.

De acordo com o art. 1.043, §4º, o embargante deve fazer uma


comparação entre o acórdão embargado e o acórdão paradigma, justamente
demonstrando o entendimento diverso que foi dado a situações semelhantes.

ATENÇÃO: Observar a aplicação da súmula 168 do STJ, que determina que o recurso
deve trazer dissidio atual: “Não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência
do tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado”.

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6.4 Prazo dos embargos de divergência


O prazo para interposição dos embargos de divergência é de 15 dias,
conforme previsão do art. 1.003, §5º, do CPC.

6.5 Prazo para contrarrazões


O prazo para o embargado apresentar contrarrazões aos embargos de
divergência é de 15 dias, na forma do art. 1.003, §5º, do CPC.

6.6 Petição dos embargos de diver gência


A petição dos embargos de divergência é endereçada ao relator do
recurso (especial ou extraordinário), sendo que, após o prazo das
contrarrazões haverá julgamento.

LEMBRE-SE: tratando-se de embargos de divergência, o verbo adequado é


“OPOR”.

6.7 Processamento dos embargo


De acordo com o artigo 1.044 do CPC, os embargos de divergência
seguem o previsto nos regimentos internos dos tribuanis:

Art. 1.044. No recurso de embargos de divergência, será observado


o procedimento estabelecido no regimento interno do respectivo
tribunal superior.

6.8 Preparo recursal


A doutrina aponta que é devido o prepare recursal em sede de
embargos de divergência, apesar do CPC/15 silenciar quanto a esse aspecto.

6.9 Efeito interruptivo dos embargos de divergência


Previsão do art. 1.044, §1º, do CPC/15:

§ 1o A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal


de Justiça interrompe o prazo para interposição de recurso
extraordinário por qualquer das partes.

Isso porque do acórdão proferido pelo STJ podem caber três recursos:
1) Recurso Extraordinario ao STF. 2) Embargos de declaração 3) Embargos de

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Divergência. Assim os Embargos de Divergência INTERROMPEM o prazo para


interposição do Recurso Extraordinário.
Por fim a previsão do §2º do artigo 1.044 do CPC, que diz que não
precisa o embargante reiterar o recurso extraordinário interposto antes do
julgamento dos embargos de divergência se não houver alteração na decisão:

§ 2o Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não


alterarem a conclusão do julgamento anterior, o recurso
extraordinário interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado
independentemente de ratificação.

ENUNCIADOS FPPC: 230 e 232

ATENÇÃO: O modelo abaixo é uma estrutura básica e deve ser


adaptado conforme o enunciado fornecido pela banca examinadora. Importante
observá-lo juntamente com a explicação da matéria lecionada.

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MODELO EXEMPLIFICATIVO

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07
7. REPERSCUSSÃO GERAL E SUSPENSÃO DE TODOS OS
PROCESSOS PENDENTES

Previsão do §5º do artigo 1.035 do CPC:

§ 5o Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal


Federal determinará a suspensão do processamento de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
questão e tramitem no território nacional.

Esse recurso em que ficar reconhecida a repercussão geral deverá ser


julgado no prazo de 01 ano e terá preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvem réu preso e os pedidos de habeas corpus,
conforme previsão do §9º do artigo 1.035 do CPC:

§ 9o O recurso que tiver a repercussão geral reconhecida deverá ser


julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais
feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos
de habeas corpus.

Além disso, cabe frisar que o interessado poderá requerer, ao


presidente ou vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
sobrestamento e inadmita recurso extraordinário que tenha sido interposto
intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 05 dias para manifestar-se
sobre esse requerimento, conforme previsão do §6º do artigo 1.035 do CPC:

§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-


presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de
sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido
interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco)
dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

Da decisão que indeferir o requerimento ou que aplicar entendimento


firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos
repetitivos, caberá agravo interno:

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que


aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno.

E se for negada a repercussão geral no recurso extraordinário?

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§ 8o Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente


do tribunal de origem negará seguimento aos recursos extraordinários
sobrestados na origem que versem sobre matéria idêntica.

PROCESSAMENTO DOS RECURSOS ESPECIAL E


EXTRAORDINÁRIO:

Os recursos especiais e extraordinários devem ser interpostos no


Tribunal de origem, ou seja, nos Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais
Federais, havendo duplo exame de admissibilidade, conforme previsão do
artigo 1.030 do CPC.
Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal,
o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de
15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente
ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que
deverá: (...)

Ou seja, interposto o Recurso Especial ou Extraordinário perante o


presidente ou Vice Presidente do Tribunal de origem (conforme artigo 1.029 do
CPC), a parte contrária será intimada para oferecer suas contrarrazões no
prazo de 15 dias. Lembrar que cabe recurso adesivo no recurso especial e no
recurso extraordinário.

Terminado o prazo, os autos serão conclusos sendo que o presidente


ou vice-presidente do Tribunal recorrido poderá tomar uma serie de
providencias, e, segundo Lourenço (2017, p. 534) poderá realizar um JUÍZO
PROVISÓRIO DE ADMISSIBILIDADE, que deverá segundo o inciso V do art.
1.030 do CPC, se positivo, remeter ao STF OU STJ, desde que:

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito


ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça,
desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de
repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da


controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

Lourenço (2017, p. 534) ensina que é no Tribunal Superior que será


feito um juízo de admissibilidade definitivo, de forma que o realizado no tribunal

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inferior não vincula o tribunal superior. Ensina ainda o autor que, ao rever o
juízo de admissibilidade realizado pela Presidência ou Vice-Presidência do
Tribunal, incumbe ao STJ ou STF relevar vícios formais de recursos
tempestivos que não sejam graves, conforme a previsão do artigo 1.029, §3º,
em prestígio ao princípio da primazia de mérito, conforme previsão do artigo 4º
do CPC:

§ 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça


poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou
determinar sua correção, desde que não o repute grave.

O mencionado autor (Lourenço, 2017, p. 534) menciona que tal


expediente somente poderá ser realizado para recursos tempestivos.

Além disso, poderá o presidente ou vice-presidente do Tribunal


recorrido: (inciso I do artigo 1.030 do CPC):

– negar seguimento: a) a recurso extraordinário que discuta


questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha
reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso
extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade
com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime
de repercussão geral;

b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra


acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo
Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente,
exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos;

Poderá ainda, conforme previsão do inciso II, III e IV do artigo 1.030:

– encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo


de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça
exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de
recursos repetitivos;

– sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter


repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria
constitucional ou infraconstitucional;

– selecionar o recurso como representativo de controvérsia


constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art.
1.036;

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§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no


inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art.
1.042.

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá


agravo interno, nos termos do art. 1.021.

Da decisão que inadmitir Recurso Especial ou Recurso Extraordinário,


caberá o Agravo em Recurso Especial ou Extraordinário (previsto no artigo
1.042 do CPC), salvo quando a decisão que inadmitir estiver fundada na
aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em
julgamento de recurso repetitivo, que daí caberá agravo interno, conforme
previsto no artigo 1.030, §1º do CPC.
Observa-se, conforme destaca Lourenço (2017, p. 534) que após a
realização do juízo de admissibilidade pelo tribunal de origem, não se admitem
mais embargos de declaração e sim o agravo na forma do artigo 1.042 do
CPC.
No caso de decisão proferida com base nos incisos I e III caberá
agravo interno, conforme previsão do artigo 1.030, §2º do CPC.
Além disso, pode ser necessário interpor um recurso especial e um
recurso extraordinário contra um mesmo acórdão. Não basta interpor um só
quando o acórdão ferir tanto norma federal, quanto norma constitucional.
Previsão do artigo 1.031 do CPC:
Art. 1.031. Na hipótese de interposição conjunta de recurso
extraordinário e recurso especial, os autos serão remetidos ao
Superior Tribunal de Justiça.

§ 1o Concluído o julgamento do recurso especial, os autos serão


remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso
extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 2o Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso


extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e
remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.

§ 3o Na hipótese do § 2o, se o relator do recurso extraordinário, em


decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao
Superior Tribunal de Justiça para o julgamento do recurso especial.

VER SÚMULA 126 DO STJ: e inadmissível recurso especial, quando o


acordão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional,
qualquer deles suficiente, por si só, para mantê-lo, e a parte vencida não
manifesta recurso extraordinário.
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VER SÚMULA 283 DO STF: É inadmissível o recurso extraordinário,


quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o
recurso não abrange todos eles.
Se apenas um dos recursos for admitido, este segue para o tribunal
superior, cabendo ao recorrente interpor agravo em relação ao que não foi
admitido.
Se ambos os recursos forem inadmitidos – deverão ser
interpostos dois agravos – cada um para cada inadmissão – conforme previsão
do §6º do artigo 1.042 do CPC, indo primeiro para o STJ e, após concluído o
julgamento do recurso especial, os autos irão para o STF, conforme previsão
do artigo 1.042, §7º e 8º do CPC:
§ 6o Na hipótese de interposição conjunta de recursos extraordinário
e especial, o agravante deverá interpor um agravo para cada recurso
não admitido.
§ 7o Havendo apenas um agravo, o recurso será remetido ao tribunal
competente, e, havendo interposição conjunta, os autos serão
remetidos ao Superior Tribunal de Justiça.

§ 8o Concluído o julgamento do agravo pelo Superior Tribunal de


Justiça e, se for o caso, do recurso especial, independentemente de
pedido, os autos serão remetidos ao Supremo Tribunal Federal para
apreciação do agravo a ele dirigido, salvo se estiver prejudicado.

JULGAMENTO DOS RECURSOS EXTRAORDINÁRIO E ESPECIAL


REPETITIVOS:
Os recursos especiais e extraordinários repetitivos são abarcados nos
artigos 1.036 a 1.041 do CPC e traduzem a adoção de uma técnica a fim de
viabilizar a criação de precedentes vinculantes para serem utilizados como
padrões decisórios. (LOURENÇO, 2017, p. 539).
Assim, havendo multiplicidades de recursos especial e extraordinário,
com fundamento na mesma questão de direito, deverá ser aplicada tal técnica,
para se permitir um julgamento por amostragem. (LOURENÇO, 2017, p. 539).
Conforme a doutrina, o incidente pode iniciar tanto pelo PRESIDENTE
OU VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL RECORRIDO (art. 1.036, §1º) ou no
próprio STJ ou STF (art. 1.036, §5º do CPC), ainda verificar a hipótese do
artigo 1.036, §1º na hipótese de recurso extraordinário:
Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos
extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de
direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as

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disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento


Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de
Justiça.

§ 1o O presidente ou o vice-presidente de tribunal de justiça ou de


tribunal regional federal selecionará 2 (dois) ou mais recursos
representativos da controvérsia, que serão encaminhados ao
Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça para
fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no
Estado ou na região, conforme o caso.

§ 5o O relator em tribunal superior também poderá selecionar 2 (dois)


ou mais recursos representativos da controvérsia para julgamento da
questão de direito independentemente da iniciativa do presidente ou
do vice-presidente do tribunal de origem.

VERIFICAR SUMULA 640 DO STF.


Assim, ensina Lourenço (2017, p. 539) que interpostos diversos
recursos versando sobre a mesma questão de direito, a Presidência ou Vice-
presidência selecionará DOIS OU MAIS RECURSOS dentre aqueles que
melhor representam as discussões sobre a questão ou que se apresentem
como representativos da controvérsia, para encaminhá-los ao STJ ou STF com
o fim de serem afetados, determinando a suspensão do tramite de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos que tramitem no ESTADO (TJ)
OU NA REGIÃO (TRF), conforme o caso, na forma do artigo 1.036, §1º do
CPC.
Tal escolha não vincula o STJ OU STF (LOURENÇO, 2017, p.
539), podendo o relator de tais tribunais superiores selecionar outros recursos
que melhor representa a controvérsia, conforme prevê o §4 º do art. 1.036 do
CPC:
§ 4o A escolha feita pelo presidente ou vice-presidente do tribunal de
justiça ou do tribunal regional federal não vinculará o relator no
tribunal superior, que poderá selecionar outros recursos
representativos da controvérsia.

Feita a escolha pelo Tribunal recorrido (LOURENÇO, 2017, p. 540),


será possível que o interessado requeira à autoridade que determinou a
suspensão a exclusão de recursos intempestivos, devendo ser ouvido o
recorrente no prazo de 05 dias, cabendo de tal decisão somente agravo
interno:
§ 2o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-
presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o
recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto

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intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para


manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá


apenas agravo interno.

Os parâmetros para solucionar os recursos representativos estão no


§6º do artigo 1.036 do CPC:

§ 6o Somente podem ser selecionados recursos admissíveis que


contenham abrangente argumentação e discussão a respeito da
questão a ser decidida.

Ou Seja, admissível no sentido do STJ ou STF poder adentrar no


mérito, bem como que permitam o exame aprofundado de todos os argumentos
invocados no exame daquelas questões de direito. (Lourenço, 2017, p. 540).

Um vez selecionado pelo órgão jurisdicional de origem ou pelo próprio


STJ ou STF, CABERÁ AO RELATOR proferir decisão no sentido de afetar ou
não a matéria. Negada a afetação, tal decisão será comunicada ao Presidente
ou Vice-Presidente que tenha enviado os recursos, para fins de rever sua
decisão de sobrestamento, conforme previsão do artigo 1.037 e §1º: (Lourenço,
2017, p. 540)

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior,


constatando a presença do pressuposto do caput do art. 1.036,
proferirá decisão de afetação, na qual:
I - identificará com precisão a questão a ser submetida a julgamento;
II - determinará a suspensão do processamento de todos os
processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a
questão e tramitem no território nacional;
III - poderá requisitar aos presidentes ou aos vice-presidentes dos
tribunais de justiça ou dos tribunais regionais federais a remessa de
um recurso representativo da controvérsia.
§ 1o Se, após receber os recursos selecionados pelo presidente ou
pelo vice-presidente de tribunal de justiça ou de tribunal regional
federal, não se proceder à afetação, o relator, no tribunal superior,
comunicará o fato ao presidente ou ao vice-presidente que os houver
enviado, para que seja revogada a decisão de suspensão referida
no art. 1.036, § 1o.

Do sobrestamento serão intimadas as partes, conforme previsão do §8º


do art. 1.036 do CPC:

§ 8o As partes deverão ser intimadas da decisão de suspensão de


seu processo, a ser proferida pelo respectivo juiz ou relator quando
informado da decisão a que se refere o inciso II do caput.

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Assim, o interessado poderá requerer a declaração de que não era


para ser suspenso, estabelecendo uma distinção entre os casos afetados para
julgamento repetitivo e o seu caso concreto. Daí a necessidade de o relator
identificar precisamente, o que será julgado sob a técnica repetitiva (art. 1.037,
I do CPC), pois nessa hipótese estará provando que o julgamento por
amostragem não se aplicará ao caso concreto indevidamente suspenso,
devendo o feito tramitar normalmente (LOURENÇO, 2017, p. 540), conforme
previsão do §9º:

§ 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no


processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário
afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo.

O requerimento poderá ser formulado ao:

§ 10. O requerimento a que se refere o § 9o será dirigido:


I - ao juiz, se o processo sobrestado estiver em primeiro grau;
II - ao relator, se o processo sobrestado estiver no tribunal de origem;
III - ao relator do acórdão recorrido, se for sobrestado recurso
especial ou recurso extraordinário no tribunal de origem;
IV - ao relator, no tribunal superior, de recurso especial ou de recurso
extraordinário cujo processamento houver sido sobrestado.

Contra tal decisão proferida caberá, conforme o §13º do artigo 1.037 do


CPC:

§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o §


9o caberá:
I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;
II - agravo interno, se a decisão for de relator.

Conforme ensina Lourenço (2017, p. 541) poderá haver mais de uma


decisão de afetação, sendo prevento o relator que primeiro tiver proferido a
decisão. Da mesma forma, proferida a afetação, o julgamento deverá ocorrer
no prazo de 01 ano, tendo preferência sobre os demais processos, com
exceção daqueles envolvendo réus presos e os habeas:

§ 3o Havendo mais de uma afetação, será prevento o relator que


primeiro tiver proferido a decisão a que se refere o inciso I do caput.
§ 4o Os recursos afetados deverão ser julgados no prazo de 1 (um)
ano e terão preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que
envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus.

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Pontua Lourenço (2017, p. 541) que antes de proferir a decisão


poderão ser ouvidos pessoas, órgãos e entidades que possuem interesse na
controvérsia, atuando nessa hipótese como amicus curiae, consoante
disposições do artigo 1.038 do CPC:

Art. 1.038. O relator poderá:


I - solicitar ou admitir manifestação de pessoas, órgãos ou entidades
com interesse na controvérsia, considerando a relevância da matéria
e consoante dispuser o regimento interno;
Além disso, também é possível a realização de audiências públicas,
além de requisitar informações: (incisos II e III do artigo 1.038 do
CPC):
II - fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de
pessoas com experiência e conhecimento na matéria, com a
finalidade de instruir o procedimento;
III - requisitar informações aos tribunais inferiores a respeito da
controvérsia e, cumprida a diligência, intimará o Ministério Público
para manifestar-se.
§ 1o No caso do inciso III, os prazos respectivos são de 15 (quinze)
dias, e os atos serão praticados, sempre que possível, por meio
eletrônico.
§ 2o Transcorrido o prazo para o Ministério Público e remetida cópia
do relatório aos demais ministros, haverá inclusão em pauta, devendo
ocorrer o julgamento com preferência sobre os demais feitos,
ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas
corpus.

Ver ainda as consequências do julgamento, conforme artigos 1.039,


1.040 e 1.041 do CPC.

DA TÉCNICA DE JULGAMENTO PREVISTA NO ART. 942 DO CPC:


Conforme entendimento de Lourenço (2017, p. 515), o artigo 942 do
CPC cria inovadora técnica de julgamento com o propósito bem semelhante
dos embargos infringentes (que não existem mais no novo CPC), mas com
natureza jurídica de um incidente processual, não de recurso, o qual será
instaurado, inclusive, independentemente de provocação das partes, o que
ocasionará um aumento no número de julgadores almejando uma maior
segurança.
Hipóteses de aplicação: Previsão do artigo 942 e §3º do CPC:
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o
julgamento terá prosseguimento em sessão a ser designada com a
presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos
previamente definidos no regimento interno, em número suficiente
para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar
oralmente suas razões perante os novos julgadores.

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§ 3o A técnica de julgamento prevista neste artigo aplica-se,


igualmente, ao julgamento não unânime proferido em:
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença,
devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior
composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que
julgar parcialmente o mérito.

Então, as possibilidades são:

1) Não sendo unânime o julgamento da apelação, o julgamento terá


prosseguimento em sessão a ser designada com a presença de outros
julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.

2) Não sendo unânime o julgamento da ação rescisória, quando o


resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu
prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento
interno.
Neste caso, Lourenço (2017, p. 516) menciona que já não se admitia
no antigo CPC os embargos infringentes para a hipótese em que não se altera
a situação anterior, ou seja, a rescisória for julgada improcedente, ainda que
por maioria, não tendo havido a desconstituição da coisa julgada.

3) No julgamento não unanime no agravo de instrumento, quando


houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito. Neste caso,
Lourenço (2017, p. 516) cita como exemplo as hipóteses do art. 354, parágrafo
único e 356, §5º do CPC.

HIPÓTESES DE INADMISSÃO DA TÉCNICA DO ARTIGO 942:

Previsão do artigo 942, §4º do CPC:

§ 4o Não se aplica o disposto neste artigo ao julgamento:

I - do incidente de assunção de competência e ao de resolução de


demandas repetitivas;

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II - da remessa necessária;
III - não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte
especial.

No caso da remessa necessária ver ainda a Súmula 390 do STJ;

Ver, ainda, enunciado 552 do FPPC: 552. (art. 942; Lei n.º 9.099/1995)
Não se aplica a técnica de ampliação do colegiado em caso de julgamento não
unânime no âmbito dos Juizados Especiais. (Grupo: Impacto nos Juizados e
nos procedimentos especiais da legislação extravagante)

SÚMULA 169: São inadmissíveis embargos infringentes no processo


de mandado de segurança.

SÚMULA 597: Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em


mandado de segurança decidiu, por maioria de votos, a apelação.

SÚMULA 368 DO STF: Não há embargos infringentes no processo de


reclamação.

POSSIBILIDADE DE REVISÃO DO VOTO JÁ PROFERIDO:


Conforme previsão do §2º do artigo 942 do CPC, o relator que já tiver proferido
seu voto, poderá rever em razão do prosseguimento do julgamento final.

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08
8. DA RECLAMAÇÃO

Fundamentação Legal: Regulada nos artigos 988 a 993 do CPC.


Cabimento: Procedimento que pode ser requerido perante o STF ou
STJ ou QUALQUER TRIBUNAL objetivando determinada medida com o fim de
resguardar a autoridade de suas decisões ou a competência dos respectivos
Tribunais.
Exemplo citado por Führer Führer (2016, p. 190), que a
Reclamação pode ser proposta quando órgão judiciário inferior passa a julgar
questão já decidida pelo STJ ou STF ou pelo Tribunal Estadual ou Federal ou
determine medida contrária à execução na forma decidida pelos Tribunais.
Competência: Previsão do §1º do artigo 988 do CPC:
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu
julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca
preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.

Segundo Führer & Führer (2016), a competência é do órgão jurisdicional


cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir.

Requisitos: Segundo Führer & Führer (2016, p. 190) os requisitos


fundamentais para a Reclamação são:

a) Que a decisão não tenha transitado em julgado;


b) Estejam esgotadas as instâncias ordinárias, quando a reclamação
é proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de
recurso especial ou extraordinário repetitivos (art. 988, §5º, I e II do CPC);

§ 5º É inadmissível a reclamação:
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada;
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão
proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial
repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias.

Consequências da Reclamação: Se a reclamação for julgada procedente, o


Tribunal cassará a eficácia da decisão exorbitante de seu julgado ou

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determinará medida adequada à solução da controvérsia, conforme previsão


do artigo 991 do CPC:

Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a


decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada
à solução da controvérsia.
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o imediato
cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.

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09
9. INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA/IAC

Fundamento legal: Art. 947 do CPC;

Cabimento: Estabelecido no artigo 947 do CPC: “É admissível a assunção de


competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de
processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com
grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos”.

Segundo Führer & Führer (2016, p. 186) o mesmo pode ocorrer sempre
que seja conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre
órgãos do mesmo tribunal, conforme previsão do §4º do artigo 947 do CPC:

Ҥ 4o Aplica-se o disposto neste artigo quando ocorrer relevante


questão de direito a respeito da qual seja conveniente a prevenção ou
a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal”.

Procedimento: O incidente tem início por proposta do relator, de ofício ou


mediante requerimento da parte ou do Ministério Público, para que o feito seja
remetido para julgamento pelo órgão colegiado que o Regimento Interno do
tribunal indicar. (FÜHRER & FÜHRER, 2016, p. 186). Previsão do §1º do
artigo 947 do CPC:

§ 1o Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator


proporá, de ofício ou a requerimento da parte, do Ministério Público
ou da Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa necessária
ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado
que o regimento indicar.

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10
10. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS - INTRODUÇÃO

O procedimento nada mais é que a face extrínseca do processo, é seu


ritmo, é a forma de como são produzidos os atos processuais são encadeados
até a prolação da sentença.
Na Jurisdição contenciosa tem-se aquela função que o Estado
desempenha na pacificação ou composição dos litígios. Pressupõe
controvérsia entre as partes (lide), a ser solucionada pelo juiz.
Entende-se que na jurisdição voluntária não existe uma lide, ou seja, não
há conflito de interesses entre duas pessoas.
Na jurisdição voluntária não é conveniente falar em partes, mas
interessados, pois essa denominação deixa transparecer que as pessoas estão
em posições antagônicas, o que não seria verdade em se tratando de
jurisdição voluntária.
Entende-se que na Jurisdição Voluntária não há lide nem partes, mas
apenas um negócio jurídico processual, envolvendo o juiz e os interessados. O
caráter predominante é a atividade negocial, em que a interferência do juiz é de
natureza constitutiva ou integrativa, com o objetivo de tornar eficaz o negócio
desejado pelas partes.

Exemplo no Novo CPC: Seção IV


Do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual
de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio;

Os procedimentos especiais que compõe o processo de conhecimento


no Novo CPC estão distribuídos entre os procedimentos especiais de jurisdição
contenciosa, nos artigos 539 ao 718, e procedimentos de jurisdição voluntária,
nos artigos 719 a 770.

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11
11. HOMOLOGAÇÃO DO PENHOR LEGAL

11.1 Previsão legal


A previsão legal da homologação do penhor legal está nos art. 1.467 a
1.472 do Código Civil e art. 703 a 706 do Código de Processo Civil.

11.2 Conceito de penhor legal


Segundo Adede Y Castro (2016, P. 127) penhor é, via de regra, uma
garantia escrita, representada por um instrumento público ou particular, dada
pelo devedor ao credor, de que entregará a este último, um determinado BEM
MÓVEL, caso não pague a dívida.

OBS: PENHOR  BEM MÓVEL;

Com o penhor, o credor que era quirografário, ou seja, sem garantia real,
passa a ser credor pignoratício, isto é, com garantia real.
O Código Civil nos artigos 1.467 ao 1.472 descreve e regulamenta o
penhor legal.

11.3 Cabimento do procedimento especial de homologação do


penhor legal
Tal procedimento ocorre por interesse do Requerente em chancelar o
penhor legal, haja vista este se tratar de ato extrajudicial.
O penhor é um direito real de garantia. Há diferenças entre o penhor:
fala-se em penhor convencional ou penhor legal.

PENHOR
CONVENCIONAL: é aquele que se dá por LEGAL: é aquele que decorre de
vontade das partes. determinação da lei.

O penhor legal é previsto no Código Civil, nos artigos 1467 a 1.472.

Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de


convenção:
I - Os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre
as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou

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fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou


estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;
II - O dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o
rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos
aluguéis ou rendas.
Art. 1.468. A conta das dívidas enumeradas no inciso I do artigo
antecedente será extraída conforme a tabela impressa, prévia e
ostensivamente exposta na casa, dos preços de hospedagem, da
pensão ou dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do penhor.
Art. 1.469. Em cada um dos casos do art. 1.467, o credor poderá
tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida.
Art. 1.470. Os credores, compreendidos no art. 1.467, podem fazer
efetivo o penhor, antes de recorrerem à autoridade judiciária, sempre
que haja perigo na demora, dando aos devedores comprovante dos
bens de que se apossarem.
Art. 1.471. Tomado o penhor, requererá o credor, ato contínuo, a sua
homologação judicial.
Art. 1.472. Pode o locatário impedir a constituição do penhor
mediante caução idônea.

Nestes casos, o credor de hospedagem e o locador ou arrendador de


prédio rústico ou urbano possuem o direito de reter a bagagem do hóspede ou
os móveis e utensílios do locatário ou arrendatário.
De acordo com o CC, podem os hotéis e hospedarias reterem a
bagagem dos hóspedes se estes não efetuarem o pagamento. Já de acordo
com o II do artigo 1.467 do CC, o dono do prédio rústico ou urbano poderá
penhorar os móveis pelo valor dos aluguéis e rendas.

11.4 Legitimidade para requerer o penhor legal


O penhor legal poderá ser requerido (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 127-
128):
- HOSPEDEIROS OU FORNECEDORES DE BAGAGENS OU
ALIMENTOS: sobre as bagagens, móveis, joias ou dinheiro que os seus
consumidores tiverem consigo ou nas suas respectivas casas ou
estabelecimentos  para pagamento das despesas ou consumo que aí
tiveram;

- DONOS DO PRÉDIO RÚSTICO OU URBANO: sobre bens móveis que


o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio  pelos alugueis ou
renda.

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Outra situação: artigo 31 da Lei 6.533/78  Dispõe sobre a


regulamentação das profissões de Artistas e de técnico em Espetáculos de
Diversões, e dá outras providências.

Art. 31 Os profissionais de que trata esta Lei têm penhor legal sobre o
equipamento e todo o material de propriedade do empregador,
utilizado na realização de programa, espetáculo ou produção, pelo
valor das obrigações não cumpridas pelo empregador.

Ou seja, a referida lei concede o direito desses artistas e técnicos de


reterem o equipamento até receberem o seu crédito. Nestes casos, reter os
equipamentos constitui garantia legal para receberem.

11.5 Finalidade
Observa-se, assim, que a finalidade de retenção em ambos os
casos é a garantia de pagamento.
Assim o bem objeto de penhor legal deve ter conteúdo econômico para
servir para posterior alienação. Observar ainda que de acordo com o artigo
1.469 do CC há um limite para o penhor, qual seja o limite da dívida.
Assim o credor somente poderá tomar os bens em garantia até o valor
da dívida. Se ultrapassar será considerado excesso.

11.6 Procedimento
Na homologação do penhor legal a função do juiz é limitada. Ou seja, o
juiz deve verificar se o procedimento realizado pelo credor está correto. Se
estive correto, deverá o juiz estabilizar o apossamento realizado pelo
credor.
Ou seja, nas hipóteses previstas no CC, o próprio credor, em caso de
inadimplemento do devedor, poderá tomar de mão própria os objetos descritos
no artigo 1.469 do CC, e requerer em ato contínuo a sua homologação
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 128).
Previsão a partir do artigo 703 CPC/15:

Art. 703. “Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei,


requererá o credor, ato contínuo, a homologação.

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A homologação do penhor legal vai conferir legitimidade ao penhor


realizado pela parte nas hipóteses previstas no artigo 1.467 do CC. Alteração
em relação ao CPC de 1973, pois naquele a homologação era tratada como
medida cautelar. De acordo com o artigo 703 não há prazo para requerer a
homologação do penhor legal  “ato contínuo”.

a. Requisitos da Inicial:
Requisitos da homologação do penhor legal  Previsão do §1º do art.
703 do CPC:
A petição inicial deverá ser instruída com: contrato de locação ou a conta
pormenorizada das despesas; a tabela dos preços; a relação dos objetos retidos; Citação:
para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada.

§ 1o Na petição inicial, instruída com o contrato de locação ou a conta


pormenorizada das despesas, a tabela dos preços e a relação dos
objetos retidos, o credor pedirá a citação do devedor para pagar ou
contestar na audiência preliminar que for designada.

b. Homologação do Penhor legal extrajudicial:


Previsão dos §§2º ao 4º do art. 703 do CPC:
§ 2o A homologação do penhor legal poderá ser promovida pela via
extrajudicial mediante requerimento, que conterá os requisitos
previstos no § 1o deste artigo, do credor a notário de sua livre
escolha.
§ 3o Recebido o requerimento, o notário promoverá a notificação
extrajudicial do devedor para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar o
débito ou impugnar sua cobrança, alegando por escrito uma das
causas previstas no art. 704, hipótese em que o procedimento será
encaminhado ao juízo competente para decisão.
§ 4o Transcorrido o prazo sem manifestação do devedor, o notário
formalizará a homologação do penhor legal por escritura pública.

A Homologação poderá ser ocorrer via extrajudicial perante notário.


Mesmo sendo extrajudicial deve preencher os requisitos do §1º. Recebido o
requerimento pelo notário, este deverá promover a notificação extrajudicial do
devedor.
O devedor terá o prazo de 05 dias para pagar o débito ou impugnar a
cobrança. Na impugnação que deverá ser por escrito poderá alegar uma das
causas previstas no artigo 704 do CPC/15.

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Se for pago o débito, a dívida estará quitada, extinguindo-se o feito


extrajudicial e os bens devolvidos ao devedor.
Havendo essa impugnação na via extrajudicial, o procedimento será
encaminhado ao juiz competente para este decidir.
Vai para a justiça porque daí ganha litigiosidade. E se não houver
manifestação do devedor neste prazo de 05 dias? O notário deverá homologar
o penhor legal por escritura pública, na forma do art. 703, §4º do CPC.

c. Conteúdo da defesa do devedor:


Previsão do artigo 704 do CPC/15:
Art. 704. A defesa só pode consistir em:
I - Nulidade do processo;
II - Extinção da obrigação;
III - não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não
estarem os bens sujeitos a penhor legal;
IV - Alegação de haver sido ofertada caução idônea, rejeitada pelo
credor;

O artigo 704 enumera as hipóteses de defesa que o Réu poder alegar


em sua defesa:
As causas seriam:
a) nulidade do penhor;
b) Excesso do que foi penhorado uma vez que ultrapassou o valor da dívida;
c) Poderá se impugnar em relação às dívidas por não estarem
compreendidas dentre as hipóteses que a lei autoriza o penhor legal, ou
mesmo os bens não estarem sujeitos ao penhor.

d) Não estar a dívida compreendida entre as previstas em lei ou não


estarem os bens sujeitos ao penhor legal.
e) Os bens sujeitos a penhor são aqueles enumerados no art. 1.467 do CC.

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d. Do procedimento após a Audiência Preliminar

Observar que o §1º do artigo 703 do CPC estabelece que o devedor


será citado para pagar ou oferecer contestação na audiência preliminar a ser
designada.

Art. 705. A partir da audiência preliminar, observar-se-á o


procedimento comum.

O artigo 705 do CPC/15 estabelece o procedimento após recebida a


inicial.
RECEBIDA A INICIAL  requerido será citado para comparecer na
audiência preliminar. Após esta audiência será observado o procedimento
comum, ou seja, podem ser realizadas perícias, ouvidas testemunhas, até ser
encerrada a instrução processual e ser proferida sentença.

e. Da homologação do penhor legal


E se for homologado o penhor legal? Previsão do artigo 706 do
CPC/15.

Art. 706. “Homologado judicialmente o penhor legal, consolidar-se-á a


posse do autor sobre o objeto.
§ 1o Negada a homologação, o objeto será entregue ao réu,
ressalvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento
comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.
§ 2o Contra a sentença caberá apelação, e, na pendência de recurso,
poderá o relator ordenar que a coisa permaneça depositada ou em
poder do autor”.

Uma vez homologado o penhor legal judicialmente a posse dos bens


será consolidada em favor do autor. Reconhece-se a legitimidade dos bens
que foram tomados.
Adede Y Castro (2016, p. 130) menciona ainda que ao homologar o
penhor legal o juiz estará declarando que o débito existe, sendo sentença título
executivo que poderá ser executado judicialmente, caso não pago o débito.

f. Da não homologação do penhor legal:


E se for negada a homologação?

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§ 1o Negada a homologação, o objeto será entregue ao réu,


ressalvado ao autor o direito de cobrar a dívida pelo procedimento
comum, salvo se acolhida a alegação de extinção da obrigação.

O bem objeto de penhor será devolvido ao Réu, sendo que o autor


poderá cobrar a dívida ainda pelo procedimento comum, salvo se for acolhida a
alegação de extinção da obrigação do réu.

g. Do Recurso:
Contra a sentença de penhor legal o recurso cabível é APELAÇÃO.
E ainda, caberá ao relator decidir se na pendência do recurso o bem
ficará depositado em juízo ou sob a posse do credor.

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12
12. REGULAÇÃO DE AVARIA GROSSA

12.1 Previsão legal


A regulação de avaria grossa está prevista nos arts. 707 a 711 do
Código de Processo Civil e Lei 55/1.850 (Código Comercial) a partir do art. 761.

12.2 Conceito de AVARIA GROSSA


O termo avaria tem origem árabe e vem da expressão: “awâr”, que
significa dano.
O Código Comercial define avaria no seu artigo 761:

Art. 761 - Todas as despesas extraordinárias feitas a bem do navio ou


da carga, conjunta ou separadamente, e todos os danos acontecidos
àquele ou a esta, desde o embarque e partida até a sua volta e
desembarque, são reputadas avarias.

O novo CPC trouxe algumas regras que interessam ao Direito Marítimo.


Há, assim, o procedimento especial que trata da regulação da avaria grossa. A
avaria grossa já era tratada no CPC/73 e também no Código Comercial, na
parte de direito Marítimo que não restou revogada. As inovações foram poucas,
porém consideráveis.
Constitui uma das modalidades de dano em transporte marítimo de
cargas, caracterizando o inadimplemento contratual do transportador.

HÁ DUAS ESPÉCIES DE AVARIA: A GROSSA E A SIMPLES.

No direito marítimo, existem dois tipos básicos de avarias: avaria


simples, conhecida ainda por particular, e avaria grossa, também denominada
avaria comum.
O Código Comercial prevê essas duas espécies de avarias em seu
artigo 763:

Art. 763 - As avarias são de duas espécies: avarias grossas ou


comuns, e avarias simples ou particulares. A importância das
primeiras é repartida proporcionalmente entre o navio, seu frete e a
carga; e a das segundas é suportada, ou só pelo navio, ou só pela
coisa que sofreu o dano ou deu causa à despesa.

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A avaria grossa consiste naquela voluntariamente causada pelo capitão


do navio, porém com o objetivo de evitar algum mal maior, desde que o perigo
arrostado não tenha sido causado pelo próprio comandante, tripulação ou
equiparados. Ou seja, significa os danos ou despesas extraordinárias
derivadas de um ATO INTENCIONAL, porém que foi efetuado para a
segurança do navio ou de suas cargas, diante de uma situação de perigo real e
iminente.
O art. 764 do Código Comercial traz o rol do que se considera avaria
grossa.
A avaria simples ou particular é a que recai sobre o bem transportado e
tem como exclusivo responsável o transportador.
Nelson Nery Junior:

“(...) A avaria comum ou grossa é suportada em comum pelo


proprietário do navio e pelos proprietários das cargas, e representa
toda despesa ou dano que procede da vontade do homem, e feitos
extraordinariamente em benefício comum, para salvação do navio e
de seu carregamento, com resultado útil, enquanto a avaria simples é
aquela que deve ser suportada apenas pelo navio ou proprietário da
coisa que sofreu o dano ou deu causa à sua despesa”.

Assim, a declaração de avaria grossa, efetivamente reconhecida, válida


e eficaz, amortizará os deveres do transportador marítimo num sinistro.
Da mesma forma, se não houver o reconhecimento da validade e da
eficácia da declaração ou a sua descaracterização imporão ao transportador
todos os ônus jurídico-econômicos do sinistro.
Portanto, os elementos da avaria grossa que devem estar todos presentes,
são:

a) Ter ocorrido de forma voluntária;


b) Ter ocorrido para benefícios de todos os envolvidos: ou seja, do
transportador marítimo e dos proprietários das cargas. O ato deve
atender o
c) Interesse geral e não apenas do transportador;
d) Deve ter ocorrido para evitar um mal maior;

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e) A avaria grossa depende da efetividade, ou seja, tem que ser plena e


efetiva;
f) O perigo para ocorrer tem que ser real e iminente. O simples receio,
ainda que justo, não induz a avaria grossa;
g) E total falta de responsabilidade prévia do transportador. Assim, não há
que se falar em avaria grossa se o mal maior a ser evitado foi
culposamente causado pelo próprio transportador marítimo;

12.3 Procedimento
Inicia com o artigo 707 do Novo CPC:

Art. 707. Quando inexistir consenso acerca da nomeação de um


regulador de avarias, o juiz de direito da comarca do primeiro porto
onde o navio houver chegado, provocado por qualquer parte
interessada, nomeará um de notório conhecimento.

Isso porque de acordo com o artigo 783 do Código Comercial: “Art. 783 -
A regulação, repartição ou rateio das avarias grossas serão feitos por árbitros,
nomeados por ambas as partes, as instâncias do capitão”.
A avaria grossa envolve o conflito de interesses entre os do navio e os
dos donos das cargas. Por isso, as partes podem não concordar com a escolha
de um regulador, impondo a presença do juiz para designar alguém de sua
confiança e presumidamente qualificado e idôneo para presidir os trabalhos de
regulação.

a. Competência:
É o juiz de direito da comarca do primeiro porto em que o navio houver
chegado provocado por qualquer parte interessada nomeará um regulador de
notório conhecimento, quando inexistir consenso acerca da nomeação do
regulador de avarias.

b. Do Regulador de Avarias:
O juiz de direito estadual da primeira Comarca onde o navio aportar
deve nomear um perito para identificar, classificar e repartir as avarias, ou seja,
dizer se elas realmente ocorreram, se são avarias grossas ou simples e quanto

95
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do dano caberá ao dono do navio transportador e ao dono da carga (ADEDE Y


CASTRO, 2016, p. 131).

c. Declaração do Regulador de Avarias:

Art. 708. O regulador declarará justificadamente se os danos são


passíveis de rateio na forma de avaria grossa e exigirá das partes
envolvidas a apresentação de garantias idôneas para que possam ser
liberadas as cargas aos consignatários.
§ 1o A parte que não concordar com o regulador quanto à declaração
de abertura da avaria grossa deverá justificar suas razões ao juiz, que
decidirá no prazo de 10 (dez) dias.

Segundo Adede Y Castro (2016, p. 131) a declaração do regulador é um


laudo pericial onde o regulador informará se houve a avaria e se ela está entre
aquelas que a lei considera que devem ser rateadas, por ser grossa, além de
dizer qual é o seu valor.
O artigo 708 não havia correspondência no CPC/73. Justamente com o
fim de precisar se se trata de caso de avaria grossa, cabe ao regulador
identificar com precisão os danos próprios da avaria grossa e àqueles que são
próprios das chamadas avarias simples, à serem suportadas exclusivamente
pelo transportador marítimo.
Assim o CPC/15 traz as funções do regulador de avarias, quais sejam:

a) Declarar, justificadamente, se os danos são passíveis de rateio na forma


da avaria grossa;
b) Exigir das partes envolvidas garantias idôneas para que possam ser
liberadas as cargas dos consignatários;

Assim, conforme o artigo 708 do CPC/15, o legislador processual civil


explicitou a necessidade de o regulador declarar, mediante detalhada
justificativa, se os danos são ou não passíveis da chancela da avaria grossa.
Inovação considerada importante, pois retira parte da antiga
unilateralidade existente e segundo a qual o comandante do navio detinha a
primazia da declaração.

96
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Dessa forma, o regulador deve separar o que é passível de ser rateado


por meio de avaria grossa e o que deve ficar a cargo de apenas uma das
partes envolvidas.
Para que os danos sejam considerados como próprios de avaria grossa,
o regulador terá que os apontar, detalhar e justificar de forma detalhada, depois
disso, sendo aceita declaração, exigir as garantias idôneas devidas.

d. Apresentação de Garantias Idôneas:


Previsão do §2º do art. 708 do CPC:

§ 2o Se o consignatário não apresentar garantia idônea a critério do


regulador, este fixará o valor da contribuição provisória com base nos
fatos narrados e nos documentos que instruírem a petição inicial, que
deverá ser caucionado sob a forma de depósito judicial ou de garantia
bancária.
§ 3o Recusando-se o consignatário a prestar caução, o regulador
requererá ao juiz a alienação judicial de sua carga na forma dos arts.
879 a 903.
§ 4o É permitido o levantamento, por alvará, das quantias necessárias
ao pagamento das despesas da alienação a serem arcadas pelo
consignatário, mantendo-se o saldo remanescente em depósito
judicial até o encerramento da regulação.

Na declaração do Regulador de Avaria deve constar a exigência de


apresentação de garantias idôneas que permitam a liberação da carga.
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 132).
E SE NÃO OCORRER A PRESTAÇÃO DESSA GARANTIA IDONÊA?
Caberá ao regulador de avarias fixar o valor da contribuição em dinheiro ou
garantia bancária para caução, sendo o primeiro depositado em juízo (ADEDE
Y CASTRO, 2016, p. 132). O valor da contribuição provisória com base nos
fatos narrados e nos documentos que instruírem a petição inicial.
E SE NÃO HOUVER A CAUÇÃO? a carga poderá ser alienada
judicialmente, nos termos dos arts. 879 a 903 do CPC.
Ou seja, segundo o §2º se não for apresentada garantia idônea, o
regulador fixará o valor da contribuição provisória com base nos fatos narrados
e nos documentos que instruíram a inicial, que deverá ser caucionado através
de depósito judicial ou garantia bancária. E se a parte se recusar a prestar a
caução? Previsão no §3º. O regulador requererá ao juiz a alienação judicial de
sua carga.
97
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O parágrafo 4º, por sua vez, permite o levantamento através de alvará


das quantias necessárias ao pagamento das despesas da alienação que
deverão ser pagas pelo consignatário, devendo o saldo remanescente ser
mantido em depósito judicial até o fim da regulação.

e. Não concordância com a Declaração de Abertura de Avaria Grossa:


Previsão do §1º do art. 708 do CPC:

§ 1o A parte que não concordar com o regulador quanto à declaração


de abertura da avaria grossa deverá justificar suas razões ao juiz, que
decidirá no prazo de 10 (dez) dias.

A parte, no entanto, poderá não concordar com o regulador quanto à


declaração de abertura de avaria grossa.
Se não concordar deverá expor suas razões ao juiz que decidirá no
prazo de 10 dias. Tal decisão do juiz poderá ser agravada. Se tal decisão
implicar em extinção do processo caberá APELAÇÃO.

f. Prazo para as partes apresentar documentos:

Previsão do art. 709 do CPC:

Art. 709. As partes deverão apresentar nos autos os documentos


necessários à regulação da avaria grossa em prazo razoável a ser
fixado pelo regulador.

Observa-se, de início, que o legislador processual civil não fixou um


prazo específico, estabelecendo a vontade do regulador, seja ele ou não
nomeado pelo juiz para apresentar os documentos.
Observar que no antigo CPC o prazo era fixo. O prazo de 60 dias para
embarcadores domiciliados no Brasil e 120 dias para os domiciliados no
estrangeiro.
As partes deverão apresentar documentos e informações suficientes
para que a regulação possa ocorrer, tais como notas fiscais, fotografias, filmes,
declarações, etc. Cabe assim, ao regulador fixar o prazo para a apresentação
desses documentos.

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g. Prazo para apresentar o Regulamento de Avaria:


Previsão do art. 710 do CPC:

Art. 710. O regulador apresentará o regulamento da avaria grossa no


prazo de até 12 (doze) meses, contado da data da entrega dos
documentos nos autos pelas partes, podendo o prazo ser estendido a
critério do juiz.
§ 1o Oferecido o regulamento da avaria grossa, dele terão vista as
partes pelo prazo comum de 15 (quinze) dias, e, não havendo
impugnação, o regulamento será homologado por sentença.
§ 2o Havendo impugnação ao regulamento, o juiz decidirá no prazo
de 10 (dez) dias, após a oitiva do regulador.

No prazo de 12 meses a contar da apresentação dos documentos nos


autos pelas partes, podendo o prazo ser estendido pelo Juiz, o regulador
apresentará o regulamento de avaria grossa.
Uma vez oferecido as partes terão vista dele pelo prazo comum de 15
dias e não havendo impugnação será homologado por sentença.
Havendo impugnação ao regulamento, o Juiz decidirá no prazo de 10
dias, após oitiva do regulador.

h. Aplicação dos arts. 156 a 158 do CPC ao regulador:


Art. 711. Aplicam-se ao regulador de avarias os arts. 156 a 158, no
que couber.

Tais artigos tratam da função do perito, e aplicam-se ao regulador no


que couber.

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13
13. DA DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES

13.1 Previsão legal


A previsão legal da divisão e demarcação de terras particulares está nos
arts. 569 a 598 do Código de Processo Civil.

13.2 Disposições gerais previstas nos art. 569 a 573 do CPC

Art. 569. Cabe:


I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar o seu
confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites
entre eles ou aviventando-se os já apagados;
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais
consortes a estremar os quinhões.

A. Ação de demarcação
Observar a previsão no art. 1297 do CC:

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de


qualquer modo o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o
seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois
prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos
ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados
as respectivas despesas.

Ou seja, segundo NERY JUNIOR & NERY (2015, p. 1.398) a ação de


demarcação é uma ação que decorre do direito de vizinhança, sendo requisitos
para essa ação demarcatória: a) terem as partes, seja autor e réu, direito real
sobre a coisa demarcada, prédio rural ou urbano; b) haver continuidade de
prédios; c) haver confusão entre os limites, ou risco de haver confusão entre os
limites dos prédios confitantes.
Somente cabe para terras particulares e não terras públicas;

Legitimidade para requerer a ação de demarcação: previsão do artigo 579, I


do CPC.
 Polo ativo:
I - Proprietário do terreno a ser demarcado. Entende ADEDE Y CASTRO
(2016, p. 29) que o possuidor e o detentor não possui legitimidade, pois não se
trata de ação possessória.

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 Polo passivo:
Deverá ser ocupado pelo outro ou outros proprietários de terrenos que
façam divisa, limite, estremem, confinem diretamente com o do Autor. (ADEDE
Y CASTRO, 2016, p. 29).

Objeto da ação de demarcação: segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) o


objeto da ação de demarcação é o estabelecimento de marcos, sinais, cercas,
muros ou valas entre dois ou mais terrenos confinantes, de forma que não haja
dúvida onde termina um e começa o outro.

B. DA AÇÃO DE DIVISÃO:
Previsão do artigo 1.320 do CC:

Art. 1.320. A todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão da


coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas
despesas da divisão.

Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) evidente que cada


condômino sabe qual é o tamanho ou percentual que o seu quinhão representa
dentro da área total existente em comum com outra ou outras pessoas, mas a
ação pretende justamente localizá-lo no universo do bem.
Assim, com a ação de divisão, o condômino passa a saber exatamente
onde, dentro do todo, se localiza seu quinhão, podendo utilizá-lo livremente
sem interferência dos demais (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 29).

Legitimidade para a ação de divisão: previsão no inciso II do art. 569 do


CPC:
II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os demais
consortes a estremar os quinhões.

Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 29) como não se trata de ação


possessória, somente os proprietários podem ajuizar a ação contra os outros
proprietários com quem mantém o bem em comunhão. Tanto o polo ativo
quanto o passivo devem ser ocupados por condôminos.

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Objeto da ação de divisão: segundo ADEDE Y CASTRO (2016, P. 30) podem


ser objeto da ação de divisão os bens divisíveis. Somente cabe nas terras
particulares e não públicas.

Cumulação das ações de demarcação e divisão: previsão do art. 570 do


CPC:
Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em que deverá
processar-se primeiramente a demarcação total ou parcial da coisa
comum, citando-se os confinantes e os condôminos.

A doutrina aponta que não haverá grande vantagem, pois a demarcação


deve ser movida contra os confinantes e a divisão contra os condôminos.
Além disso, a improcedência de uma não implica na procedência ou
improcedência da outra.
A única identidade entre as duas ações seria segundo ADEDE Y
CASTRO (2016, p. 30) é de que os condôminos e os confitantes deverão
participar da fase demarcatória, com o fim de evitar que haja divisão sobre área
que não pertença a um e a outro, o que determina que seja julgado primeiro a
demarcatória.

Possibilidade da demarcação e divisão serem realizadas por escritura


pública: previsão do art. 571 do CPC:

Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser realizadas por


escritura pública, desde que maiores, capazes e concordes todos os
interessados, observando-se, no que couber, os dispositivos deste
Capítulo.

Poderão serem realizadas por meio de escritura pública, desde que


preenchidos certos requisitos:
- AS PARTES SEJAM MAIORES E CAPAZES.
-HAJA ACORDO ENTRE AS PARTES, OU SEJA, ENTRE OS
CONFITENTES OU CONDOMINOS.

Confinantes como terceiros interessados na ação de divisão: previsão do


art. 572 do CPC:

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Art. 572. Fixados os marcos da linha de demarcação, os confinantes


considerar-se-ão terceiros quanto ao processo divisório, ficando-lhes,
porém, ressalvado o direito de vindicar os terrenos de que se julguem
despojados por invasão das linhas limítrofes constitutivas do
perímetro ou de reclamar indenização correspondente ao seu valor.

Diferente do que ocorre na ação de demarcação, na qual os confitantes


são partes no processo, na ação de divisão que ocorre entre os
condominos, a posição dos confitantes é de terceiros interessados (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 31).
Isso porque os Confitantes podem acompanhar o andamento da ação de
divisão com o fim de observar se a divisão feita entre os condôminos não
implicará em invasão de terras de suas propriedades, mantendo-se nos
estreitos limites da área que lhe pertence.

Confitantes como vindicantes na ação de divisão: previsão da segunda


parte do art. 572 do CPC.
Ou seja, os confitantes ao acompanharem o processo de divisão como
terceiros interessados poderão verificar que os atos praticados pelas partes na
ação de divisão implica em invasão da propriedade dos confitantes, nascendo
assim o direito de vindicar, ou seja, reclamar judicialmente, com o fim de
buscar o desfazimento da invasão ou a indenização pecuniária pela invasão
indevida da área.
Nesse caso deve haver a citação dos condôminos em caso de
vindicação, conforme prevê o §1º do art. 572:

§ 1o No caso do caput, serão citados para a ação todos os


condôminos, se a sentença homologatória da divisão ainda não
houver transitado em julgado, e todos os quinhoeiros dos terrenos
vindicados, se a ação for proposta posteriormente.

Caso o confitante promova essa vindicação de área, aqueles


condôminos que não tiverem participado da ação de divisão deverão ser
citados, caso a sentença homologatória ainda não tiver transitado em julgado.
Porém, se a vindicação ocorrer após o transito em julgado da sentença
da ação de divisão, todos os condôminos dos terrenos vindicados deverão ser
citados, inclusive aqueles que participaram da ação de divisão (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 32).

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Sentença condenatória: previsão do art. 572, §2º do CPC:

§ 2o Neste último caso, a sentença que julga procedente a ação,


condenando a restituir os terrenos ou a pagar a indenização, valerá
como título executivo em favor dos quinhoeiros para haverem dos
outros condôminos que forem parte na divisão ou de seus sucessores
a título universal, na proporção que lhes tocar, a composição
pecuniária do desfalque sofrido.

Desnecessidade de perícia: hipótese do art. 573 do CPC:

Art. 573. Tratando-se de imóvel georreferenciado, com averbação no


registro de imóveis, pode o juiz dispensar a realização de prova
pericial.

13.3 Da ação de demarcação: previsões específicas


a) Previsão legal: arts. 574 a 587 do CPC.

b) Requisitos da Petição Inicial da Ação de Demarcação:

Art. 574. Na petição inicial, instruída com os títulos da propriedade,


designar-se-á o imóvel pela situação e pela denominação, descrever-
se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão
todos os confinantes da linha demarcanda.

A petição Inicial deverá ser instruída com os seguintes documentos:


- Títulos da propriedade, ou seja, certidões dos cartórios atualizadas,
justamente para comprovar a sua legitimidade, bem como permitem a
identificação do bem, localização e os confitentes;

O que deverá ainda conter a Petição Inicial?


- O autor deverá designar-se-á o imóvel pela situação e pela
denominação, descrever-se-ão os limites por constituir, aviventar ou renovar e
nomear-se-ão todos os confinantes da linha demarcanda.
O que se busca é a descrição perfeita do imóvel a ser objeto de
demarcação.

c) Legitimidade ATIVA na Ação Demarcatória:


Previsão do art. 575 do CPC:

Art. 575. Qualquer condômino é parte legítima para promover a


demarcação do imóvel comum, requerendo a intimação dos demais
para, querendo, intervir no processo.

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Ou seja, qualquer um dos condôminos poderá promover a ação de


demarcação.
A ideia é de que todos podem promover a ação de demarcação, mas
poderá haver desinteresse de um dos condôminos.
Então, se somente um ou mais de um dos condôminos se sentir
prejudicado (s) pela falta de aviventação dos limites NÃO PODERÁ SER
PREJUDICADO pela falta de interesse dos demais, podendo somente um
então requerer a ação, sendo os demais intimados para participarem do
processo, se quiserem. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 33).

d) Da citação dos Réus:

Deverá ser feita via de regra pelos correios, observando o artigo 247 do
CPC:

Art. 576. A citação dos réus será feita por correio, observado o
disposto no art. 247. Parágrafo único. Será publicado edital, nos
termos do inciso III do art. 259.

O parágrafo único do art. 576 do CPC, prevê que a citação dos


interessados incertos e desconhecidos será realizada por edital.

e) Prazo comum para contestar a ação de demarcação:

Previsto no art. 577 do CPC:

Art. 577. Feitas as citações, terão os réus o prazo comum de 15


(quinze) dias para contestar.

Ou seja, depois da citação, terão os réus o prazo comum de 15 dias


para contestar a ação.

f) Procedimento da ação de demarcação após o prazo da contestação:


Após o prazo da contestação será observado o procedimento comum,
conforme previsão do art. 578 do CPC:

Art. 578. Após o prazo de resposta do réu, observar-se-á o


procedimento comum.

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g) Da nomeação de perito (s):


Antes de proferir a sentença na ação de demarcação, o juiz nomeará
perito ou peritos para levantar o traçado da linha demarcanda.
Previsão do art. 579 do CPC:

Art. 579. Antes de proferir a sentença, o juiz nomeará um ou mais


peritos para levantar o traçado da linha demarcanda.

Observar a previsão do art. 573 do CPC (DISPOSIÇÕES GERAIS) no


sentido de que se o imóvel já possuir registro cartorial de georreferenciamento,
o juiz poderá dispensar a realização da perícia (ADEDE Y CASTRO, 2016, p.
34). Caso não tenha esse georreferenciamento o juiz não poderá dispensar a
perícia sob pena de violar expressamente o art. 579 do CPC.

h) Do laudo dos peritos:


Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 35) os peritos constituem-se em
auxiliares do juiz, de forma que nessa ação devem produzir um laudo que
represente a verdade dos fatos e daquilo que viram e constaram em visitas ao
local, informações de antigos moradores, os sinais físicos, como marcas,
cercas, valas, trilhas, rumos, cursos d’agua e quaisquer outros.
Previsão do art. 580 do CPC:

Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos apresentarão minucioso


laudo sobre o traçado da linha demarcanda, considerando os títulos,
os marcos, os rumos, a fama da vizinhança, as informações de
antigos moradores do lugar e outros elementos que coligirem.

Além disso, os peritos examinarão os lugares considerando os


documentos juntados pelas partes aos autos, como títulos de propriedade,
fotografias, filmes, desenhos ou outras reproduções gráficas existentes.
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 35). Então, deverão os peritos apresentar esse
laudo ao juiz.

i) Sentença e determinação do traçado da linha demarcanda:


Previsão do art. 581 do CPC:

Art. 581. A sentença que julgar procedente o pedido determinará o


traçado da linha demarcanda.

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Parágrafo único. A sentença proferida na ação demarcatória


determinará a restituição da área invadida, se houver, declarando o
domínio ou a posse do prejudicado, ou ambos.

Se o juiz julgar procedente a ação de demarcação de terras, ele estará


declarando que os limites apresentados pelo Autor são os adequados. Porém,
poderá o juiz julgar parcialmente procedente a ação, entendendo pelo direito de
demarcar, mas fixar outros limites que no seu pensar são os adequados.
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 35).
Além disso, o parágrafo único do artigo 581 estabelece a restituição da
área invadida.
A princípio a demarcação não deve implicar na invasão de limites de
outras propriedades. Porém, caso tenha havido a essa invasão de áreas de
terceiros, deverá o juiz determinar na sentença que seja devolvida ao
proprietário ou possuidor.

j) Demarcação e colocação dos marcos após o trânsito em julgado da


sentença:
Previsão do art. 582 do CPC:
Art. 582. Transitada em julgado a sentença, o perito efetuará a
demarcação e colocará os marcos necessários.
Parágrafo único. Todas as operações serão consignadas em planta e
memorial descritivo com as referências convenientes para a
identificação, em qualquer tempo, dos pontos assinalados, observada
a legislação especial que dispõe sobre a identificação do imóvel rural.

O objetivo da ação de demarcação de terras é justamente saber onde


começa e onde termina a propriedade, para que não haja dúvidas, prolatada a
sentença e transitada em julgado, deverão os marcos serem fisicamente
colocados.
De acordo com o caput do art. 582 caberá ao próprio perito efetuar a
demarcação e colocar os marcos necessários.

k) Da consignação em plantas e memoriais:


Consoante ensina ADEDE Y CASTRO (2016, p. 36) quando o perito
apresentar seu laudo, antes da sentença (art. 580 do CPC), é de se concluir
que ele já tenha incluído um mapa ou planta e memoriais dizendo exatamente
onde devem ser estabelecidos os limites.

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Assim, se a sentença acatar o que o perito recomendou, a obrigação de


consignar em plantas ou memoriais as operações de demarcação já estaria
cumprida, bastando atestar que foram executadas exatamente como
aprovadas na sentença. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 36).
Deve ser observado ainda o que determina o art. 583 do CPC:

Art. 583. As plantas serão acompanhadas das cadernetas de


operações de campo e do memorial descritivo, que conterá:
I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a aviventação dos antigos
com os respectivos cálculos;
II - os acidentes encontrados, as cercas, os valos, os marcos antigos,
os córregos, os rios, as lagoas e outros;
III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados, dos antigos
aproveitados, das culturas existentes e da sua produção anual;
IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a qualidade e a
extensão dos campos, das matas e das capoeiras;
V - as vias de comunicação;
VI - as distâncias a pontos de referência, tais como rodovias federais
e estaduais, ferrovias, portos, aglomerações urbanas e polos
comerciais;
VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o levantamento da
linha ou para a identificação da linha já levantada.

Ou seja, não basta que o perito estabeleça nas plantas os limites


encontrados, sendo necessário descrever minuciosamente todos os passos
que deu para encontrar o resultado obtido, descrevendo pontos de partida,
rumos seguidos, cálculos que fez, acidentes geográficos encontrados,
extensão de campos e matos, distancias, pontos de referencias e tudo mais o
que for útil para o processo. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 37).
Consoante ADEDE Y CASTRO (2016, p. 37) essa descrição constitui em
uma memória de atuação que permitirá ao juiz avaliar se o trabalho realizado
pelo perito seguiu ou não todas as exigências da lei e da realidade factual,
rejeitando ou aceitando com fundamentação.

l) Colocação de marcos:
Previsão do art. 584 do CPC:

Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na estação


inicial, dita marco primordial, quanto nos vértices dos ângulos, salvo
se algum desses últimos pontos for assinalado por acidentes naturais
de difícil remoção ou destruição.

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O perito deverá marcar com madeira, pedras o ponto inicial da medição,


bem como os ângulos referidos, deixando bem claro de onde partiu e para
onde se dirigiu para efeitos de estabelecer as linhas divisórias. (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 37).
Poderá um desses pontos ser assinalado por algum acidente natural de
difícil remoção ou destruição, de forma que não servem como marcação.

m) Exame dos marcos pelos peritos e o auto de demarcação:


Fixados os marcos, a linha divisória estabelecida será examinada pelo
perito, de forma a certificar que foi ou não colocada nos exatos termos e locais
determinados pela sentença. Se ocorrer divergência entre o determinado pela
sentença e as linhas fisicamente encontradas deverá o perito comunicar ao
juiz, para que este tome as providencias necessárias com o fim de corrigir.
Previsão do art. 585 do CPC:

Art. 585. A linha será percorrida pelos peritos, que examinarão os


marcos e os rumos, consignando em relatório escrito a exatidão do
memorial e da planta apresentados pelo agrimensor ou as
divergências porventura encontradas.

Após juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará que as
partes se manifestem no prazo de 15 dias:

Art. 586. Juntado aos autos o relatório dos peritos, o juiz determinará
que as partes se manifestem sobre ele no prazo comum de 15
(quinze) dias.

As partes serão intimadas justamente para dizer se concordam ou não


com o relatório feito pelo perito, sendo que no caso de haver discordância, as
mesmas deverão dar os motivos e o juiz deverá terminar as correções:

Parágrafo único. Executadas as correções e as retificações que o


juiz determinar, lavrar-se-á, em seguida, o auto de demarcação em
que os limites demarcandos serão minuciosamente descritos de
acordo com o memorial e a planta.

Ou seja, depois de realizadas eventuais correções, será determinada a


lavratura de um auto de demarcação, com a descrição minuciosa das linhas
estabelecidas.

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Por fim, esse auto será assinado pelo juiz e pelo perito, cabendo ao juiz
homologá-lo. Há quem entenda que não será sentença de homologação da
demarcação, mas sentença de homologação do auto de demarcação, uma vez
que a sentença que determina a demarcação é de mérito. (ADEDE Y CASTRO,
2016, p. 38).

Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos, será proferida a
sentença homologatória da demarcação.

13.4 Da ação de divisão de terras particulares

a) Previsão legal: arts. 588 a 598 do CPC.

b) Requisitos da Petição Inicial: previsão do art. 588 do CPC:

Art. 588. A petição inicial será instruída com os títulos de domínio do


promovente e conterá:
I - a indicação da origem da comunhão e a denominação, a situação,
os limites e as características do imóvel;
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os
condôminos, especificando-se os estabelecidos no imóvel com
benfeitorias e culturas;
III - as benfeitorias comuns.

Deverá então a petição inicial conter:

- Títulos de domínio do promovente;

- a indicação da origem da comunhão e a denominação, a situação,


os limites e as características do imóvel;

- o nome, o estado civil, a profissão e a residência de todos os


condôminos, especificando-se os estabelecidos no imóvel com
benfeitorias e culturas;

- as benfeitorias comuns;

Entendimento é que não basta mencionar quais as benfeitorias


existentes, mas localizá-las o mais precisamente o possível a fim de que a
divisão não implique em prejuízo ou vantagem para nenhuma das partes.

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c) Das citações, intimações e adoção do procedimento comum: previsão


do art. 589 do CPC:

Art. 589. Feitas as citações como preceitua o art. 576, prosseguir-se-


á na forma dos arts. 577 e 578.

Nesse caso, remete-se às disposições previstas na ação de demarcação


de terras.

d) Da nomeação de peritos: previsão do art. 590 do CPC:

Art. 590. O juiz nomeará um ou mais peritos para promover a


medição do imóvel e as operações de divisão, observada a legislação
especial que dispõe sobre a identificação do imóvel rural.
Parágrafo único. O perito deverá indicar as vias de comunicação
existentes, as construções e as benfeitorias, com a indicação dos
seus valores e dos respectivos proprietários e ocupantes, as águas
principais que banham o imóvel e quaisquer outras informações que
possam concorrer para facilitar a partilha.

Como envolve conhecimento técnico específico o juiz nomeará um ou


mais peritos para que estes realizem a operação de medição e divisão dos
imóveis.
Todos os elementos existentes no imóvel, tais como ruas, construções,
benfeitorias, lagos, rios, ETC, assim como o valor de cada segmento do imóvel
deve ser indicado pelo perito. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 39).
O imóvel poderá apresentar valores diversos em razão de áreas planas,
morros, alagados, terras férteis e desertos, etc, assim é necessário que o perito
descreva todas as áreas que formam o imóvel a ser dividido, justamente para
dar ao juiz condições de atribuir a cada condômino bem de valor proporcional.
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 39).

e) Intimação dos Condôminos: previsão do art. 591 do CPC:

Art. 591. Todos os condôminos serão intimados a apresentar, dentro


de 10 (dez) dias, os seus títulos, se ainda não o tiverem feito, e a
formular os seus pedidos sobre a constituição dos quinhões.

Se por ventura o Autor ao ingressar com a ação não juntou aos autos
todos os títulos de todos os condôminos, estes condôminos serão intimados

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para que dentro do prazo de 10 dias para apresentar tais títulos, justamente
para facilitar a instrução do processo.

Além disso, caso os demais condôminos não formulem seus pedidos


sobre a constituição dos quinhões no referido prazo, valerá o que foi referido
pelo Autor na Inicial. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 40).

f) Oitiva das Partes: Previsão do art. 592 do CPC:

Art. 592. O juiz ouvirá as partes no prazo comum de 15 (quinze) dias.


§ 1o Não havendo impugnação, o juiz determinará a divisão
geodésica do imóvel.
§ 2o Havendo impugnação, o juiz proferirá, no prazo de 10 (dez) dias,
decisão sobre os pedidos e os títulos que devam ser atendidos na
formação dos quinhões.

Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 40) após a intimação dos


condôminos para apresentar no prazo de 10 dias seus títulos e formular
pedidos sobre a constituição dos quinhões, conforme previsão do art. 591, o
juiz dará às partes o prazo comum de 15 dias para que se manifestem sobre o
interesse em impugnar ou não os pedidos do autor e dos demais condôminos.
Caso ocorra ausência de impugnação, o juiz determinará a divisão
geodésica do imóvel;
Se ocorrer a impugnação de um ou mais condôminos, o juiz no prazo de
10 dias examinará suas alegações e decidirá sobre os pedidos e os títulos que
devam ser atendidos na formação dos quinhões.

g) Da existência de benfeitorias antigas: previsão do art. 593 do CPC:

Art. 593. Se qualquer linha do perímetro atingir benfeitorias


permanentes dos confinantes feitas há mais de 1 (um) ano, serão
elas respeitadas, bem como os terrenos onde estiverem, os quais não
se computarão na área dividenda.

Quando a linha do perímetro fixado vier a atingir imóveis de confinantes,


há que se respeitar situações consolidadas, de forma que benfeitorias
permanentes com mais de ano e dia e terrenos onde moram os confinantes
não serão considerados na área dividenda. Ou seja, serão subtraídos da área
dividenda. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 41).

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h) Restituição de terrenos usurpados: previsão do art. 594 do CPC:

Art. 594. Os confinantes do imóvel dividendo podem demandar a


restituição dos terrenos que lhes tenham sido usurpados.
§ 1o Serão citados para a ação todos os condôminos, se a sentença
homologatória da divisão ainda não houver transitado em julgado, e
todos os quinhoeiros dos terrenos vindicados, se a ação for proposta
posteriormente.
§ 2o Nesse último caso terão os quinhoeiros o direito, pela mesma
sentença que os obrigar à restituição, a haver dos outros condôminos
do processo divisório ou de seus sucessores a título universal a
composição pecuniária proporcional ao desfalque sofrido.

É pouco provável que ocorra a usurpação de terrenos lindeiros quando


da divisão, justamente porque essa ocorre internamente ao bem, mas se isso
ocorrer os prejudicados devem ser protegidos mediante o direito de reivindicar
a restituição do bem invadido. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 41).
Aponta ADEDE Y CASTRO (2016, p. 41) que haverá assim conexão
entre a ação de reivindicação de terrenos usurpados e a ação de divisão ainda
em andamento, de forma que deverá ser distribuída à mesma vara por
dependência, sendo assim proferida sentença que atenda ao interesse de
todos.
Caso a sentença de homologação de divisão ainda não tiver transitado
em julgado, os lindeiros prejudicados serão os legitimados ATIVOS, e deverão
promover a citação de todos os condôminos, que são os legitimados passivos.
(ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 41).
Os condôminos que forem beneficiados com a divisão, após o transito
em julgado da sentença de homologação da divisão, passam a ser chamados
quinhoeiros, e esses serão, todos, citados para figurarem como réus na ação
de restituição de terrenos usurpados. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 41).
Além disso, conforme previsão do §2º, se um ou mais quinhoeiros não
tiver sido citado para a ação movida pelo lindeiro, é evidente que sofrerá
sozinho o desfalque o poderá acionar os demais quinhoeiros, de forma a não
responder individualmente por usurpação que todos cometeram. (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 41).

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i) Dos peritos e da divisão cômoda e racional das áreas: previsão do art.


595 do CPC:

Art. 595. Os peritos proporão, em laudo fundamentado, a forma da


divisão, devendo consultar, quanto possível, a comodidade das
partes, respeitar, para adjudicação a cada condômino, a preferência
dos terrenos contíguos às suas residências e benfeitorias e evitar o
retalhamento dos quinhões em glebas separadas.

Os peritos na condição de auxiliares do juiz deverão sugerir qual é a


divisão mais cômoda e racional entre os condôminos, considerando as
situações de ocupação consolidadas, evitando-se ao máximo desloca-los e
obriga-los a destruir e construir em outro local. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p.
42).
Ainda deverão os peritos cuidarem para que um dos condôminos não
fique com toda a testada do terreno e os outros sem saída para a via pública,
por exemplo. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 42).
Ainda, um dos cuidados que deverão ter os peritos é de que cada
condômino receba área contígua à sua residência, que as fontes de água
sejam divididas de forma equânime e os pastos e as lavouras férteis também,
de maneira que reste bom para todos. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 42).

J) Oitiva das partes acerca da proposta do perito: previsão do art. 596 do


CPC:

Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 (quinze) dias,


sobre o cálculo e o plano da divisão, o juiz deliberará a partilha.
Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá
à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts.
584 e 585, as seguintes regras:
I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda
serão adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação;
II - instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de
uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no
orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja
compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente;
III - as benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à
área a que têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho
mediante reposição;
IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as
reposições serão feitas em dinheiro.

As partes serão intimadas para no prazo COMUM de 15 dias, se


manifestarem, se quiserem, sobre a proposta de divisão elaborada pelo perito.

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Depois desse prazo, o juiz deliberará sobre a partilha.

Com a decisão, o perito procederá à demarcação dos quinhões nos


exatos termos da decisão, observando as previsões legais no que se refere:

a. Adjudicação de benfeitorias não comodamente divisíveis:

I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão


adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação.

Ou seja, aquelas benfeitorias que não poderão ser comodamente


divididas serão adjudicadas por um dos condôminos mediante compensação,
de forma que nenhum saia prejudicado.

b. Instituição de servidões de um quinhão sobre o outro:

II - instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns


quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que,
não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino
aquinhoado com o prédio serviente.

Pode ocorrer, por exemplo, segundo aponta ADEDE Y CASTRO (2016,


p. 43) uma servidão de passagem que não possa, por sua natureza, ser
dividida. Assim, aquele que é servido receberá menos área do que aquele que
serve, de forma a compensar o prejuízo naturalmente decorrente da limitação
do direito de propriedade que nasce da servidão.

c. Benfeitorias Particulares:

III - as benfeitorias particulares dos condôminos que excederem à área a que


têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho mediante reposição.

Caso a benfeitoria particular determine que um dos condôminos receba


área superior a recebida pelos demais, será feita a compensação;

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d. Compensações em Dinheiro:

IV - se outra coisa não acordarem as partes, as compensações e as reposições


serão feitas em dinheiro.

k) Organização do Memorial Descritivo: previsão do art. 597 do CPC:

Art. 597. Terminados os trabalhos e desenhados na planta os


quinhões e as servidões aparentes, o perito organizará o memorial
descritivo.

§ 1o Cumprido o disposto no art. 586, o escrivão, em seguida, lavrará


o auto de divisão, acompanhado de uma folha de pagamento para
cada condômino.

§ 2o Assinado o auto pelo juiz e pelo perito, será proferida sentença


homologatória da divisão.

§ 3o O auto conterá:

I - a confinação e a extensão superficial do imóvel;

II - a classificação das terras com o cálculo das áreas de cada


consorte e com a respectiva avaliação ou, quando a homogeneidade
das terras não determinar diversidade de valores, a avaliação do
imóvel na sua integridade;

III - o valor e a quantidade geométrica que couber a cada condômino,


declarando-se as reduções e as compensações resultantes da
diversidade de valores das glebas componentes de cada quinhão.

§ 4o Cada folha de pagamento conterá:

I - a descrição das linhas divisórias do quinhão, mencionadas as


confinantes;

II - a relação das benfeitorias e das culturas do próprio quinhoeiro e


das que lhe foram adjudicadas por serem comuns ou mediante
compensação;

III - a declaração das servidões instituídas, especificados os lugares,


a extensão e o modo de exercício.

Cumpridas as determinações do art. 596 do CPC, caberá aos peritos


apresentarem PLANTA em que fique desenhado de forma clara, onde ficam os
quinhões de cada condômino, com as confrontações, vértices, medidas de
distancia, etc, além de apresentar memorial descritivo de cada lote, com suas
confrontações, vértices, medidas de distancia, pontos de amarração, existência

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de acidentes geográficos (rios, pontos, morros, estrada, etc), de forma que não
reste dúvida. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 44).
Depois de juntado aos autos as plantas e o memorial descritivo referidos
no caput do art. 597, o juiz determinará que as partes se manifestem no prazo
comum de 15 dias, e feitas as devidas retificações, determinará o auto de
divisão. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 44).
O auto de divisão será lavrado pelo tabelião, acompanhado de uma folha
de pagamento para cada condômino. Ou seja, cada condômino receberá um
documento próprio onde consta exatamente a localização de seu quinhão,
como se fosse um formal de partilha. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 44).

l) Organização do Memorial Descritivo.

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14
14. RESTAURAÇÃO DE AUTOS

14.1 Do cabimento e previsão legal


A restauração de autos ocorre quando houver o desaparecimento dos
autos. Hoje, com o novo CPC, é possível também a restauração dos autos
eletrônicos, em razão da utilização deste meio, fato que o CPC/73 não previa.
A ideia é devolver às partes o processo no estado em que se encontrava
até o momento do extravio ou perda.
Há quem refira que o procedimento cairia em desuso com o processo
eletrônico. Porém, sua utilização ocorreria em caso de corromper-se total ou
parcialmente o sistema que abriga o processo.
Previsão no artigo 712 do Novo CPC:

Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não,


pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se
for o caso, promover-lhes a restauração.

14.2 Autos suplementares


De acordo com a previsão do parágrafo único do Novo CPC, o
procedimento é dispensado quando houver autos suplementares:

Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nesses prosseguirá


o processo.

Isso porque o processo vai continuar naquele que é suplementar.


Porém, o novo CPC não determina a formação de autos suplementares. Então,
caso já houvesse autos suplementares antes da entrada do Novo CPC,
entrando em vigor e sumindo os autos originais, podem e devem ser usados os
autos suplementares.

14.3 Legitimidade
O Novo CPC amplia a legitimidade para a propositura da Ação de
Restauração de Autos, agora o Juiz e o MP também podem requerer a
instauração:
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não,
pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se
for o caso, promover-lhes a restauração.

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Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, P. 711) pode o juiz, de ofício,


determinar a restauração de autos, com a juntada de cópias de despachos,
atas de audiência e outros documentos disponíveis, além de intimar as partes a
colaborar com as peças que dispõem.
Por sua vez, as partes e o MP que possuem interesse na continuidade
do processo podem requerer ao juiz a restauração dos autos, fazendo na forma
do artigo 713 do CPC. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 714).

14.4 Processamento
Artigo 713 do Novo CPC:

Art. 713. Na petição inicial, declarará a parte o estado do processo ao


tempo do desaparecimento dos autos, oferecendo:
I - Certidões dos atos constantes do protocolo de audiências do
cartório por onde haja corrido o processo;
II - Cópia das peças que tenha em seu poder;
III - qualquer outro documento que facilite a restauração.

14.5 Da petição inicial


Conforme entendimento de ADEDE Y CASTRO (2016, p. 135), como
não se conhece o paradeiro do processo originário, trata-se a medida de
verdadeiro processo, de forma que a Inicial deve atender as exigências do
artigo 319 do CPC e mais as exigências do artigo 713 do CPC.
Assim, na inicial deve o requerente informar o momento processual
em que estava o processo que desapareceu, através de certidões
fornecidas pelo cartório ou secretaria de que os autos não foram
encontrados.
Além disso, deverá o requerente juntar toda a documentação que possui
acerca do processo que sumiu, como cópias de atas de audiências, laudos
periciais, fotografias, filmes, etc. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 135).

14.6 Da Contestação
Após o ajuizamento da inicial, a parte contrária será citada para
contestar o pedido no prazo de 05 dias, conforme art. 714 do CPC/15:

Art. 714. “A parte contrária será citada para contestar o pedido no


prazo de 5 (cinco) dias, cabendo-lhe exibir as cópias, as contrafés e

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as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em seu


poder.
§ 1o Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o
auto que, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o
processo desaparecido.
§ 2o Se a parte não contestar ou se a concordância for
parcial, observar-se-á o procedimento comum”.

A parte Ré será citada para oferecer contestação e apresentar todos os


documentos à disposição com o objetivo de auxiliar na restauração dos autos.
Incomum a contestação quando realmente os autos desapareceram.
Porém, conforme ADEDE Y CASTRO (2016, p. 135) a parte contrária pode
contestar o pedido alegando ilegitimidade do requerente para propor a ação,
que não existe, que os documentos juntados pelo autor não correspondem aos
autos desaparecidos, que sabe onde os autos estão, etc.
O que a parte pode alegar na contestação? A Contestação deve se
referir à restauração ou não, bem como se referir se os documentos juntados
guardam ou não relação com o processo que está sendo restaurado. Portanto,
neste processo autor e réu poderão discutir somente sobre a necessidade de
restaurar os autos ou não.
Da mesma forma, o juiz também não poderá fazer nenhuma avaliação
sobre a causa principal do processo que está sendo restaurado.

ATENÇÃO!!
Prazo de contestação: 05 dias!!

Na contestação a parte deverá: juntar todos os documentos que tiver, sob


pena de preclusão; manifestar concordância ou não e de forma total ou
parcial com aquilo que se pretende restaurar.

Na contestação, a parte ré não poderá se defender em relação ao


processo principal, a matéria de defesa se limita à necessidade ou não da
restauração. Poderá contestar de forma parcial, ou seja, concorda com a
restauração, mas rebate com aquilo que foi juntado pelo autor ou com o
conteúdo.

120
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Assim, neste caso, deverá impugnar os documentos juntados, para que


o juiz decida sobre sua permanência ou não no processo. Se a discordância na
Contestação for integral, entendimento que o juiz decidirá no caso concreto
julgando antecipadamente a lide.

14.7 Se houver concordância da parte contrária


Se houver concordância, o processo chega ao seu fim, e a sentença
cinge-se a homologar o ato, seguindo o processo nos autos reconstituídos.

§ 1o Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que,


assinado pelas partes e homologado pelo juiz, suprirá o processo
desaparecido.

A sentença é homologatória. Observar se a parte não contestar ou se a


concordância for parcial, aplica-se o procedimento comum:

§ 2o Se a parte não contestar ou se a concordância for parcial,


observar-se-á o procedimento comum.

14.8 Das provas e do momento


Previsão do artigo 715 do Novo CPC:

Art. 715. Se a perda dos autos tiver ocorrido depois da produção das
provas em audiência, o juiz, se necessário, mandará repeti-las.
§ 1o Serão reinquiridas as mesmas testemunhas, que, em caso de
impossibilidade, poderão ser substituídas de ofício ou a requerimento.
§ 2o Não havendo certidão ou cópia do laudo, far-se-á nova perícia,
sempre que possível pelo mesmo perito.
§ 3o Não havendo certidão de documentos, esses serão
reconstituídos mediante cópias ou, na falta dessas, pelos meios
ordinários de prova.
§ 4o Os serventuários e os auxiliares da justiça não podem eximir-se
de depor como testemunhas a respeito de atos que tenham praticado
ou assistido.
§ 5o Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou o
escrivão possua cópia, esta será juntada aos autos e terá a mesma
autoridade da original.

Se refere ao momento em que ocorreu o extravio ou perda dos autos. O


artigo 715 do CPC/15 determina que se a perda dos autos tiver ocorrido após a
produção da prova em audiência, o juiz, se necessário, mandará repeti-las. É
importante sublinhar que a prova deverá ser repetida tão somente nos casos
que o juiz avaliar necessário. (OAB/RS, 2015).

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Assim, quando o extravio ou perda OCORRER APÓS A AUDIÊNCIA,


todas as provas produzidas até então deverão, se possível for ser repetidas.
Testemunhas. Quais que devem ser reinquiridas? Se for possível devem
ser reinquiridas as mesmas testemunhas. Se não for possível a oitiva da
mesma testemunha, esta poderá ser substituída por requerimento da parte ou
de ofício pelo juiz. No entanto, deverá ser visto a pertinência quanto à nova
testemunha.
Observar ainda que é permitida a substituição de ofício pelo juiz. Porém,
há quem critique justamente pelo fato do próprio magistrado decidir de ofício
substituir uma testemunha ou não; seria mais correto a parte interessada. O §
2º refere-se sobre realização de NOVA PERÍCIA. Se houve prova pericial no
processo extraviado, e esta tenha se perdido (não havendo cópia da certidão
ou laudo), deverá a prova pericial ser realizada novamente.
A ideia é de que se for possível a perícia seja realizada pelo MESMO
PERITO. Sendo assim, as partes novamente serão intimidas para apresentar
quesitos e nomear eventual assistente técnico.
Observar que se já houve sentença no processo principal, a cópia que o
escrivão ou o juiz por ventura tenha, será juntada aos autos e valerá como a
original.
§ 5o Se o juiz houver proferido sentença da qual ele próprio ou
o escrivão possua cópia, esta será juntada aos autos e terá a
mesma autoridade da original.

Observar que o Novo CPC inova por permitir que a cópia seja fornecida
pelo escrivão também.

14.9 Do julgamento da restauração


Previsão no artigo 716 do Novo CPC:

Art. 716. Julgada a restauração, seguirá o processo os seus termos.


Parágrafo único. Aparecendo os autos originais, neles se prosseguirá,
sendo-lhes apensados os autos da restauração.

A Sentença coloca fim ao procedimento. No entanto, tal decisão se


refere tão somente à necessidade ou não da restauração. O juiz não poderá
nesta sentença fazer qualquer referência a outro conflito que não seja à

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necessidade da restauração. Isso porque ao Réu também não é possível


debate que não seja acerca da restauração. Portanto, não poderá o
magistrado, quando da sentença, valorar, qualquer documento admitido como
restaurado ao processo, senão sob o aspecto de já haver pertencido a este ou
não.
Continuidade do processo principal. Terminado o procedimento de
restauração, o processo principal terá continuidade no procedimento de
restauração.
E se aparecerem os autos originais? Neste prosseguirá o
procedimento, devendo os autos restaurados ser a eles apensado.

14.10 Competência e desaparecimento dos autos no Tribunal


O juízo competente para a ação de restauração de autos é o mesmo
onde desapareceram os autos originais, ou seja, perante o juízo de primeiro
grau, ou de segundo grau, caso tenham desaparecido no tribunal.

Art. 717. Se o desaparecimento dos autos tiver ocorrido no tribunal, o


processo de restauração será distribuído, sempre que possível, ao
relator do processo.
§ 1o A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos nele
realizados.
§ 2o Remetidos os autos ao tribunal, nele completar-se-á a
restauração e proceder-se-á ao julgamento.

Quando o desaparecimento ou extravio ocorrer no Tribunal Extravio,


quem será competente para a restauração será o relator do processo, sempre
que possível. Observar a previsão do parágrafo primeiro:

§ 1o A restauração far-se-á no juízo de origem quanto aos atos nele


realizados.

Assim, atos que dependem de instrução, como aqueles realizados em


audiência deverão acarretar a remessa do procedimento ao juízo de origem
para a coleta das provas. Depois de realizadas as diligências necessárias,
aplica-se a previsão do §2º, com a remessa do procedimento ao Tribunal para
que o relator continue com o procedimento de restauração:

§ 2o Remetidos os autos ao tribunal, nele completar-se-á a


restauração e proceder-se-á ao julgamento.

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14.11 Da culpa e Responsabilidade

Art. 718. Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos


responderá pelas custas da restauração e pelos honorários de
advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou penal em que
incorrer.

Se não for possível estabelecer a culpa de quem foi responsável pelo


extravio ou desaparecimento, inexiste qualquer responsabilidade.

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15
15. AÇÃO DE EXIGIR CONTAS

15.1 Previsão legal e cabimento


Observar que, segundo Barroso e Lettiére (2016, p. 224) o novo CPC
manteve como procedimento especial somente a ação de exigir contas, de
forma que quem quer prestar contas deve adotar o procedimento comum.

Barroso e Lettiére (2016, p. 225) lecionam que essa ação busca a


apresentação de documentos comprobatórios das receitas, despesas
referentes à administração dos bens e valores de terceiro. Sendo que seu
cabimento ocorre toda vez que se faz necessário esclarecer a situação
resultante da administração de bens de outrem. Não haveria necessidade de
vínculo legal ou contratual, bastando a situação de fato (administração de bens
de terceiro). Citam os autores como exemplo: o mandatário, o advogado,
curador ou tutor, administrador, etc.

Da mesma forma entende Chacon (2016, p. 128) no sentido de que os


atos de gestão ou administração de bens, negócios ou interesses alheios gera
o dever de prestar contas do que ocorreu e se efetuou. O vínculo não precisa
ser contratual ou expresso, bastando que, de fato, a gestão ou administração
ocorra, mesmo que diante do mero controle de dinheiro alheio. Cita como
exemplos: o presidente de um clube associativo, o sócio administrador de uma
pessoa jurídica ou até mesmo o inventariante em relação ao inventário.

A ação de exigir contas encontra previsão legal no art. 550 do CPC:

Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas
requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação
no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as
razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos
comprobatórios dessa necessidade, se existirem.
§ 2o Prestadas as contas, o autor terá 15 (quinze) dias para se
manifestar, prosseguindo-se o processo na forma do Capítulo X do
Título I deste Livro.
§ 3o A impugnação das contas apresentadas pelo réu deverá ser
fundamentada e específica, com referência expressa ao lançamento
questionado.
§ 4o Se o réu não contestar o pedido, observar-se-á o disposto no art.
355.

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§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a


prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe
ser lícito impugnar as que o autor apresentar.
§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-
se-á o procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á
no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização
de exame pericial, se necessário.

A ação de exigir contas é usada quando o autor quer forçar a outra parte
a fornecê-las.

15.2 Legitimidade
A legitimidade no novo CPC difere da legitimidade no CPC/73. No
CPC/73, por se referir à ação de prestação de contas, a legitimidade era tanto
quem tem o direito de exigir quanto quem tem a obrigação de exibir.
Já no CPC/15, por ser ação de exibir contas, somente tem legitimidade
quem tiver direito de exigir. Ou seja, o credor pode acionar o devedor que se
recusa a prestar as contas, conforme art. 550, caput, CPC/15:

Art. 550. “Aquele que afirmar ser titular do direito de exigir contas
requererá a citação do réu para que as preste ou ofereça contestação
no prazo de 15 (quinze) dias”.

Segundo Chacon (2016, p. 128) para todos os casos da ação de


exigir contas, é preciso provar o vínculo existente, ou seja, de onde surge
a obrigação do Réu prestar contas ou o direito de exigir.

15.3 Procedimento
Conforme Marinoni e outros (2017, p. 158), o objetivo da ação de exigir
contas é apurar a existência ou não da pretensão às contas. Não há
necessidade assim, que o autor da ação invoque algum suposto crédito
existente ou desfalque efetuado pelo Requerido. Basta que ostente o direito de
exigir contas para que a ação seja julgada procedente.
Assim, caso verificando a existência de saldo, o feito continuará para
impor ao réu o ressarcimento dos prejuízos gerados.
Diante disso, segundo Marinoni e outros (2017, p. 158) a ação de exigir
contas desenvolve-se, em geral, em duas fases. A primeira busca apurar a
existência do direito de exigir contas. Na segunda, avalia-se a adequação das

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contas prestadas, impondo, quando for o caso, condenação ao administrador


para restituir o atual saldo credor.
No §1º do artigo 550 do CPC/15 estão dispostos os requisitos da Inicial:

§ 1o Na petição inicial, o autor especificará, detalhadamente, as


razões pelas quais exige as contas, instruindo-a com documentos
comprobatórios dessa necessidade, se existirem.

Ou seja, conforme ensinam Barroso e Lettiére (2016, p. 225) a lei


processual exige que na inicial o autor especifique detalhadamente as razões
pelas quais está exigindo as contas, instruindo a inicial com documentos
comprobatórios dessa necessidade, caso existirem.
Segundo Adede Y Castro (2016, p. 15) a ação de exigir contas é uma
manifestação de desconfiança e descrédito do autor acerca do réu, sendo que
a não ser que os negócios entre autor e réu sejam verbais, deverá o autor
juntar a documentação que comprove sua relação com o réu;
Conforme o caput do artigo 550 o autor deve requerer a citação do réu
para que este: a) preste as contas; b) ofereça a contestação.
Se forem prestadas as contas pelo réu, O AUTOR deverá se manifestar
no prazo de 15 dias, dizendo se concorda ou não com as contas prestadas,
prosseguindo o processo para julgamento. E, se o autor impugnar as contas,
deverá ser feito de forma fundamentada e específica, ou seja, o autor deve
fazer referência expressa ao lançamento questionado por ele.
E se o réu não prestar contas e nem contestar? Observa-se o disposto
no artigo 355 do CPC, ou seja, haverá julgamento antecipado do mérito:

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo


sentença com resolução de mérito, quando:
I - Não houver necessidade de produção de outras provas;
II - O réu for revel, ocorrer o efeito previsto no art. 344 e não houver
requerimento de prova, na forma do art. 349

Na sua contestação, o Réu, por exemplo, poderá prestar as contas


exigidas pelo Autor, alegar que as prestou já, ou que não tem contas a prestar,
uma vez que não mantém com o Autor qualquer relação negocial de
representação ou administração de interesses que possa gerar a obrigação de
prestar contas. (ADEDE; CASTRO, 2016, p. 15).

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SE A AÇÃO FOR JULGADA IMPROCEDENTE  O réu fica


desobrigado a prestar contas exigidas pelo Autor, sendo que o Autor
responderá pelo ônus da sucumbência;
SE A AÇÃO FOR JULGADA PROCEDENTE previsão do §5º do
artigo 550 do CPC/15. Decisão vai condenar o réu a prestar as contas no prazo
de 15 dias, se não fizer, não poderá impugnar as contas apresentadas pelo
autor;

§ 5o A decisão que julgar procedente o pedido condenará o réu a


prestar as contas no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de não lhe
ser lícito impugnar as que o autor apresentar.

Ou seja, conforme Adede Y Castro (2016, p. 16), com ou sem


contestação, se o juiz se convencer de que o réu deve prestar contas porque
não ou fez ou porque as apresentadas são efetivamente insuficientes, proferirá
sentença de mérito determinando que as contas sejam apresentadas em 15
dias, sob pena de julgar procedentes as apresentadas pelo autor.
E se o réu apresentar as contas no prazo de 15 dias se condenado?

§ 6o Se o réu apresentar as contas no prazo previsto no § 5o, seguir-


se-á o procedimento do § 2o, caso contrário, o autor apresentá-las-á
no prazo de 15 (quinze) dias, podendo o juiz determinar a realização
de exame pericial, se necessário.

Ou seja, o autor poderá se manifestar no prazo de 15 dias, ou se o réu


não fizer, o autor poderá apresentá-las no prazo de 15 dias, podendo o juiz
determinar exame pericial se for necessário.

15.4 Apresentação das contas pelo Réu


Artigo 551 do Novo CPC:
Art. 551. As contas do réu serão apresentadas na forma adequada,
especificando-se as receitas, a aplicação das despesas e os
investimentos, se houver.
§ 1o Havendo impugnação específica e fundamentada pelo autor, o
juiz estabelecerá prazo razoável para que o réu apresente os
documentos justificativos dos lançamentos individualmente
impugnados.
§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão
apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos
justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas
e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.

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O CPC/15 estabelece que as contas do réu deverão ser apresentadas


de forma adequada, sendo que as receitas deverão ser especificadas, bem
como a aplicação das despesas e os investimentos, se houver.
Por sua vez, o § 1o estabelece que se houver impugnação específica e
fundamentada pelo autor, deverá ser fixado um prazo razoável pelo juiz para
que o réu apresente os documentos justificativos dos lançamentos que foram
individualmente impugnados.
Ou seja, apresentadas as contas pelo Réu, o juiz dará ao Autor a
oportunidade de impugnar, também de forma específica, sendo que volta os
autos ao Réu para que este possa apresentar documentos que comprovam
que a impugnação do Autor não se sustenta.

15.5 Apresentação das contas pelo Autor


Previsão no §2º do artigo 551 do CPC/15:

§ 2o As contas do autor, para os fins do art. 550, § 5o, serão


apresentadas na forma adequada, já instruídas com os documentos
justificativos, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas
e os investimentos, se houver, bem como o respectivo saldo.

Também deve trazer os elementos seguros para eventual manifestação


da outra parte.
Ou seja, as contas apresentadas pela parte AUTORA deverão ser
apresentadas de forma adequada, instruídas com documentos que as
justificam, especificando-se as receitas, a aplicação das despesas, os
investimentos, se houverem, bem como o respectivo saldo (BARROSO,
LETTIÉRE, 2016, p. 226).

15.6 Sentença
Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá título executivo
judicial.

A sentença que por ventura apurar eventual saldo, constituirá título


executivo judicial.

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Segundo ADEDE Y CASTRO (2016, p. 17), ao final, se houver saldo a


pagar ou devolver, deverá constar especificamente, sendo essa sentença título
executivo judicial.

15.7 Das contas pelo inventariante, curador, tutor, depositário


Art. 553. As contas do inventariante, do tutor, do curador, do
depositário e de qualquer outro administrador serão prestadas em
apenso aos autos do processo em que tiver sido nomeado.
Parágrafo único. Se qualquer dos referidos no caput for condenado a
pagar o saldo e não o fizer no prazo legal, o juiz poderá destituí-lo,
sequestrar os bens sob sua guarda, glosar o prêmio ou a gratificação
a que teria direito e determinar as medidas executivas necessárias à
recomposição do prejuízo.

Observar que o 553 previu expressamente a competência no caso do


inventariante, tutor, curador, depositário ou outro administrador nomeado;

15.8 Estrutura básica da ação de exigir contas – esquema


fornecido por AGUIRRE; SÁ, 2017, P.147 -148

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL Arts. 319 e 550 do CPC;

COMPETÊNCIA Art. 46 do CPC – foro de domicílio do Réu ou de eleição;

PARTES – TRATAMENTO AUTOR E RÉU;

HIPÓTESES DE CABIMENTO Art. 550 do CPC

FUNDAMENTO LEGAL Arts. 550 a 553 do CPC;


Observar se há previsão na lei civil – EX: CC
FATOS E FUNDAMENTOS Discorrer sobre a relação jurídica que envolve o autor e réu
JURÍDICOS e sobre o dever deste último de prestar contas ao primeiro.
O autor deve especificar, detalhadamente, as razões pelas
quais exige as contas, instruindo-a com documentos
comprobatórios dessa necessidade, se existirem – 550, §1º
do CPC.
DIREITO Indicação dos artigos da lei material ou processual que
incidem sobre a hipótese fática.
PEDIDO Citação para que o Réu preste as contas ou ofereça
contestação no prazo de 15 dias, sob pena de julgamento
antecipado do mérito, conforme artigo 550 do CPC;
Procedência do pedido para condenar o Réu a prestar
contas no prazo de 15 dias, sob pena de não lhe ser lícito
impugnar as que o Autor apresentar, conforme artigo 550,
§5º do CPC;
Declaração em sentença do eventual saldo credor, para
que se constitua o título executivo judicial nos termos do

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artigo 552 do CPC;


A condenação do Reu ao pagamento de custas e
honorários advocatícios;
A opção do autor pela realização da audiência de
conciliação ou mediação;
A juntada de guia de custas devidamente recolhida;
PROVAS Protestar por provas que poderão demonstrar a veracidade
dos fatos alegados.
VALOR DA CAUSA Proveito econômico, valor discutido

MODELO DE AÇÃO DE EXIGIR CONTAS (BARROSO; LETTIÉRE, 2016, p.


226-227) **adaptado

DE ACORDO COM O SEGUINTE PROBLEMA: Silas decidiu, por questões


particulares, ausentar-se do país pelo período de um ano e, nesse ínterim,
constituiu Alcebíades como seu bastante procurador, com poderes gerais para
representa-lo nos atos da vida civil. A procuração foi outorgada pelo mesmo
prazo e passado esse tempo, Silas de volta ao país, procurou Alcebíades para
se inteirar das novidades. Este, muito solícito, disse que não havia sido
necessário utilizar o mandato e disse a Silas que ficasse tranquilo, pois nada
havia ocorrido. Contudo, dirigindo-se ao banco em que mantinha conta-
corrente, Silas percebeu que seu saldo estava devedor em R$ 100.000,00
(cem mil reais), pois a conta havia sido movimentada por Alcebíades, com uso
de procuração. Buscando explicações, Silas novamente procurou Alcebíades,
mas este vem se esquivando de dar qualquer demonstração das despesas
pagas no período. QUESTÃO: Constituído advogado de Silas, atue em prol de
seu cliente. Atente para o fato de que ambos são domiciliados na Comarca de
Canhambebe e o saldo credor anterior à viagem de Silas era de R$ 20.000,00
(vinte mil reais).

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16. DA OPOSIÇÃO

16.1 Conceito
Com o advento do Código de Processo Civil de 2015, não existem mais
como intervenção de terceiros a oposição e a nomeação à autoria.
O CPC/15 continuou mantendo a Assistência, a Denunciação a Lide, o
Chamamento ao Processo e acrescentou o Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica e o Amicus Curiae.
A Oposição que era tratada no CPC de 1973 como modalidade de
intervenção de terceiro, vem regulada no CPC/15 como procedimento especial.
A Oposição tem cabimento quando alguém pretender, no todo ou em
parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, até ser proferida
a sentença, devendo ser a ação dirigida a ambas as partes, e terá como seus
requisitos os exigidos para a respectiva demanda.
De acordo com ADEDE Y CASTRO (2016, p. 109), a oposição é
procedimento especial na qual alguém vai a juízo postular, no todo ou em
parte, o objeto ou direito em litígio, pelo ajuizamento de ação contra autor e réu
de outro processo.
Dessa forma, o opoente não é provocado por nenhuma das partes e
nem chamado pelo juiz: ingressa com a ação de oposição porque entende que
seu direito está sendo lesado, procurando afastar os litigantes do primeiro
processo do direito, para tornar-se titular do bem controvertido (ADEDE Y
CASTRO, 2016, p. 109).

16.2 Requisitos da oposição


Demanda principal em curso; Se o processo originário já tiver sido
julgado, o interessado em deduzir oposição deve ingressar com uma ação
comum em face do ganhador.

Necessário que esse terceiro (opoente) se afirme titular de uma relação


jurídica, coisa ou direito, incompatível com a relação jurídica objeto do primeiro
processo.

Pressupostos e condições da ação, pois trata-se de uma nova ação.

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16.3 Espécies de oposição


A oposição poderá ser total quando se refere a toda a coisa ou direito
litigioso, ou parcial, quando se referir somente a parte da coisa ou direito
litigioso. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 109).

16.4 Procedimento
A oposição tem previsão no art. 682 do CPC/15:

Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito


sobre que controvertem autor e réu poderá até ser proferida a
sentença, oferecer oposição contra ambos.

De acordo com ADEDE Y CASTRO (2016, p. 110), a oposição constitui


ação autônoma, que corre em apartado da ação principal, sendo que nela o
opositor pretende ver seu direito garantido.
Segundo o doutrinador, a petição inicial da oposição deve preencher os
requisitos determinados pelo artigo 319 do CPC, sem os quais o juiz poderá
emendar a inicial, e se não atendida a ordem, rejeitar a peça e extinguir o
processo de oposição.

Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos


exigidos para propositura da ação.

Salienta ADEDE Y CASTRO (2016, p. 110) que como a oposição nasce


em decorrência da existência de uma outra ação, já distribuída, a lei determina
que seja autuada junto ao mesmo juiz que está instruindo a ação principal, ou
seja, por dependência.
Passa a ser distribuída por dependência, sendo as partes citadas para
contestar no prazo COMUM de 15 dias. Previsão do parágrafo único do
artigo 683:
Parágrafo único. “Distribuída a oposição por dependência, serão os
opostos citados, na pessoa de seus respectivos advogados, para
contestar o pedido no prazo comum de 15 (quinze) dias”.

E se uma das partes reconhecer a procedência do pedido? A oposição


continua contra a outra, conforme previsão do art. 684 do CPC/15.

Art. 684. Se um dos opostos reconhecer a procedência do pedido,


contra o outro prosseguirá o opoente.

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ATENÇÃO!
OPOSTOS: são os réus da oposição, ou seja, autor e réu do primeiro processo.
OPOENTE: autor da ação de oposição

A oposição ficará em apenso à ação originária sendo julgada juntamente


com esta, consoante art. 685 do CPC/15:

Art. 685. Admitido o processamento, a oposição será apensada aos


autos e tramitará simultaneamente à ação originária, sendo ambas
julgadas pela mesma sentença.

Além disso, se a oposição for proposta após o início da audiência de


instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim da produção das
provas, salvo se concluir que a unidade da instrução atende melhor ao princípio
da duração razoável do processo. Previsão do parágrafo único do artigo 685 do
CPC/15:
Parágrafo único. Se a oposição for proposta após o início da
audiência de instrução, o juiz suspenderá o curso do processo ao fim
da produção das provas, salvo se concluir que a unidade da instrução
atende melhor ao princípio da duração razoável do processo.

Como a ação originária e a oposição devem ser julgadas de forma


conjunta (mesma sentença), deverá o juiz conhecer a oposição em primeiro
lugar, tendo em vista que a sua solução interfere diretamente no resultado que
terá a primeira ação, conforme previsão do artigo 686 do CPC/15:

Art. 686. “Cabendo ao juiz decidir simultaneamente a ação originária


e a oposição, desta conhecerá em primeiro lugar”.

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17. HABILITAÇÃO

17.1 Conceito e previsão legal


Ocorre a habilitação de sucessores e herdeiros no processo que teve
seu andamento interrompido em razão de uma das partes ter falecido. A
previsão da habilitação está no art. 687 do CPC/15.

Artigo 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer


das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo.

Trata-se de um procedimento especial que visa trazer os sucessores da


parte que faleceu ao processo, com o objetivo de dar prosseguimento ao
mesmo. O procedimento se justifica porque ocorre a quebra do elo de um dos
lados da relação jurídica, não sendo possível, assim, a continuidade do
processo.
Observar ainda a previsão do artigo 313 do CPC:

Art. 313. Suspende-se o processo:

I - pela morte ou pela perda da capacidade processual de qualquer


das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;

(...)

§ 1o Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos


termos do art. 689.

§ 2o Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da


morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o
seguinte:

I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a


citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o
caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e
no máximo 6 (seis) meses;

II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio,


determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou,
se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar
mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão
processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado,
sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito.

§ 3o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda


que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará
que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias,

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ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o


autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento
do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste.

Da mesma forma a previsão do artigo 110 do CPC:

Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a


sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o
disposto no art. 313, §§ 1o e 2o.

17.2 Legitimidade
Os legitimados estão previstos no art. 688 do CPC/15:

Art. 688. A habilitação pode ser requerida:


I - Pela parte, em relação aos sucessores do falecido;
II - Pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

Poderá ser promovida pela parte no processo, em relação aos


sucessores da outra que faleceu. Poderá ser requerida pelos próprios
sucessores do falecido, em relação à outra parte.

17.3 Procedimento
O procedimento está previsto no art. 689 do CPC/15:

Art. 689. “Proceder-se-á à habilitação nos autos do processo


principal, na instância em que estiver, suspendendo-se, a partir de
então, o processo”.

A habilitação vai se dar nos autos do processo principal, no qual faleceu


a parte, ficando suspenso o referido processo principal.
A habilitação deve ocorrer na instância onde estiver tramitando o
processo.
Ou seja, conforme entendimento de ADEDE Y CASTRO (2016, p. 114),
somente haverá formação de novos autos, apartados e apensados à ação
principal no caso do artigo 690. Conforme o doutrinador, o artigo 690 do CPC
determina que o juiz mande citar os requeridos, o que significa dizer que a lei
considera a ação de habilitação como autônoma, mesmo que a petição seja
juntada aos autos do processo onde figurava a pessoa que faleceu, seja ela
autora ou ré.
Art. 690. Recebida a petição, o juiz ordenará a citação dos
requeridos para se pronunciarem no prazo de 5 (cinco) dias.

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Parágrafo único. A citação será pessoal, se a parte não tiver


procurador constituído nos autos.

Os requeridos (seja o autor ou réu) serão citados para se pronunciarem


acerca da habilitação no prazo de 05 dias. Se a parte ainda não tiver
procurador constituído, a citação deverá ocorrer de forma pessoal;
Os requeridos podem se manifestar no prazo de 05 dias, podendo ser
contrários ou favoráveis à ação de habilitação. Podem alegar que não houve a
morte noticiada, que a certidão de óbito apresentada é falsa, que não se trata
de direito transmissível, que os requerentes não possuem a qualidade de
herdeiros. Da mesma forma, podem os requeridos alegar defeito de
representação, uma vez que com a morte, a procuração outorgada ao
advogado pelo falecido extinguiu-se, devendo os requerentes providenciar
outro mandato. (ADEDE Y CRUZ, 2016, p. 114).

17.4 Procedimento
Art. 691. O juiz decidirá o pedido de habilitação imediatamente, salvo
se este for impugnado e houver necessidade de dilação probatória
diversa da documental, caso em que determinará que o pedido seja
autuado em apartado e disporá sobre a instrução.

SE NÃO HOUVER IMPUGNAÇÃO:


Citados os requeridos e não havendo impugnação no prazo de 05 dias,
pelo silencio ou pela concordância expressa, o juiz julgará habilitando ou não
os requerentes. (ADEDE Y CASTRO, 2016, p. 115).

SE HOUVER IMPUGNAÇÃO:
Se houver impugnação por parte dos requeridos que forem citados, e em
caso de necessidade de provas que não a documental, o juiz determinará que
sejam formados autos próprios, indicando quais as provas serão produzidas.

A ideia é que a habilitação seja julgada de forma imediata pelo juiz,


justamente para dar prosseguimento ao processo principal. No entanto, se
houver impugnação ou necessidade de dilação probatória diversa da prova
documental, o juiz deve determinar que corra de forma apartado e decidirá
sobre a instrução. Então, o juiz pode adotar duas providências conforme o

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caso: ou julgará; ou determinará autuação em apartado, decidindo sobre a


instrução que se fizer necessária para finalmente julgar.

Art. 692. Transitada em julgado a sentença de habilitação, o processo


principal retomará o seu curso, e cópia da sentença será juntada aos
autos respectivos.

Uma vez transitada a habilitação, no processo principal continuará sendo


juntada cópia da sentença.

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