Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Brasília, 2005
i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Instituto de Ciências Políticas e Relações Internacionais
Departamento de Relações Internacionais
ANEXO
O Orçamento das Forças Armadas Brasileiras – 1970/1998
A pesquisa para os estudos contidos neste volume e as
suas redações aconteceram durante os anos de 1997 e
1998 sob a orientação de Paulo Roberto da Costa
Kramer, professor doutor do Instituto de Ciência Política
e Relações Internacionais da Universidade de Brasília.
Eles foram financiados pelo Programa de Incentivo a
Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq. Suas
apresentações finais foram feitas em agosto de 1998 e
para o mesmo ano receberam o prêmio de melhor
trabalho da UnB na categoria de política internacional.
iii
Resumo
Abstract
Sumário Detalhado
Introdução 02
A Base Legal e a Mudança no Quadro Mental 04
Funções Constitucionais 04
O Conceito Estratégico Nacional (CEN) 04
Política Militar Brasileira 05
O Pensamento Esguiano 06
Hipóteses de Guerra (HG) 07
O Documento Política de Defesa Nacional 09
A Atuação Internacional das Forças Armadas nos Anos 90 12
Missões de Paz da ONU 12
A Participação Brasileira 13
Assistência em Missões de Paz da OEA
e como Observador da MOMEP 15
Documentos e Discursos Presidenciais / Oficiais 16
Sarney, Collor, Franco (1988-1994) 16
Cardoso (1995-1996) 16
As Monografias da Escola Superior de Guerra 20
O Fim da Guerra Fria 21
Um Novo Papel para o Hegemon Estados Unidos 22
As Forças Armadas e a Amazônia 23
Mercosul e Segurança Hemisférica 25
Pensamento Militar Brasileiro 26
O Orçamento das Forças Armadas 27
v
A Discussão nos Periódicos Intelectuais Militares 28
A Produção Civil de Pensamento Estratégico no Brasil 30
Pensamento Estratégico Específico sobre Forças Armadas 30
Pensamento Estratégico em seu Sentido Amplo 33
O Dilema da Segurança e as Medidas de Confiança Mútua 34
Conclusão: O Fim da Guerra Fria 38
Referências Bibliográficas para a Parte I 41
Os Instrumentos da Guerra 48
Forças Terrestres 48
Estilo Russo de Organização de Forças Terrestres – Estilo Ocidental de
Organização de Forças Terrestres 49-50
Infantaria 52
Infantaria no Brasil 55
Tanques 56
Tanques no Brasil 58
Artilharias 59
Artilharia no Brasil 61
Aeronaves 61
Joint Strike Fighter – Sistema de Monitoramento 65-66
Helicópteros 67
Aviões e Helicópteros de Combate do Brasil 69
Força Naval 71
Força Naval do Brasil 75
Bombas e Mísseis 75
Guerra Aérea 75
Guerra Marítima 79
Tipos Especiais 80
Mísseis e Bombas do Brasil 81
Guerra Eletrônica 82
Aplicações Ofensivas – Aplicações Defensivas 82
Guerra Eletrônica no Brasil 83
O Capitalismo da Guerra: Indústria
e Mercado Internacional de Armamentos 85
Alterações no Mercado Internacional dos Anos 90 87
Transformações nos Setores Industriais em Cada Região 88
Estados Unidos – Europa – Rússia – Ásia - Outros Países 88-94
Indústria e Comércio de Armamentos no Brasil 94
A Dimensão Tecnológica 99
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Militar nas Principais
Potências Militares 99
Estados Unidos – Rússia – Ásia – Europa –
Países do Terceiro Mundo 99-101
P&D Militar no Brasil 101
Principais Projetos e Estrutura para P&D Militar nas
Forças Armadas 103
Conclusão – A Real Dimensão da Tecnologia 105
Referências Bibliográficas para a Parte II 112
---------
ANEXO
Pg. 117-122
vii
Gráficos e Tabelas
ix
Agradecimentos dos Autores
James Dunnigan
Matias Spektor
xi
PARTE I – O FIM DA GUERRA FRIA
Por Dermeval de Sena Aires Júnior
1
Introdução
Durante todo esse tempo, boa parte do pensamento sobre política internacional se
destinou a discutir problemas, riscos e vicissitudes na ordem bipolar. Mesmo
para o primeiro mundo, alguns autores latino-americanos e brasileiros também se
destacaram com suas produções. A iminência de um confronto direto esteve, por
quase meio século, associada a análises ricas em conceitos como ‘equilíbrio de
terror’, ‘containment’, ‘zonas de influência’ e ‘imperialismo político-militar’.
2
HUNTINGTON, The Clash of the Civilizations and the Remaking of the World Order.
Também BARBER, “Jihad vs. McWorld”.
3
FUKUYAMA, O Fim da História e o Último Homem.
4
CASTRO, “MERCOSUL: Enfoque Geopolítico”.
5
TOFFLER e TOFFLER, War and Anti War.
3
A Base Legal e a Mudança de Quadro Mental
a) Funções Constitucionais
b) Diretrizes Principais
Mesmo consultando especialistas da área militar, não é mais possível dizer com
certeza se o CEN permaneceu nos anos 90 e passou por alterações; se foi
substituído por algum outro documento de caráter confidencial; ou se não mais
existe. No entanto, ele foi ainda citado em uma análise recente 6. O fato, no
entanto, é que com o fim da Guerra Fria e a aproximação política com a
Argentina nos anos 90, o CEN perdeu o seu sentido. No texto de Proença e
Franco, essa realidade se explicita no fato de que o documento não chegou a ser
mais atualizado, assim como previa, em intervalos regulares até o fim da década
passada (pg. 147-148).7
6
A exemplo de FORTUNA em ”O Poder Marítimo como Projeção do Poder Nacional”.
7
Em “Política de Defesa: uma Discussão Conceitual e o Caso do Brasil”, pg. 17 Thomaz
Guedes da Costa afirmou: “o CEN é fugaz (...) além do Conceito de 1969, não se tem
notícia de que outro tenha estado em vigor”.
5
violação nem a discussão de questões reivindicatórias nesse campo; b) O Brasil
respeita o princípio de auto-determinação dos povos e não admite intervenção
em seus assuntos internos; c) O Brasil participa de alianças e organizações
internacionais, visando à realização dos Objetivos Nacionais e à cooperação
entre os povos para o progresso da humanidade; d) O Brasil recorrerá à
guerra: em legítima defesa de seus interesses vitais; em caso de agressão
estrangeira; após esgotadas as possibilidades de solução, por negociação
direta, arbitragem e outros meios pacíficos, nos conflitos externos em que o
País venha a envolver-se; e) A Expressão Militar do Poder Nacional deve estar
capacitada para defender a Nação, dissuadir agressões e respaldar decisões
soberanas; f) A eficácia da Expressão Militar do Poder Nacional é função do
grau de independência tecnológica e logística e da capacidade de pronto
emprego de seus meios”.8
O Pensamento Esguiano
8
Para GROMORI em “Adequação da Política Militar Brasileira”, a Política Militar Brasileira
“não leva em conta todas as implicações da nova conjuntura mundial”, em um mundo
pós-bipolar (pg. 6). O objetivo desse texto é sugerir pontos de adição à PMB para que
ela se torne mais atual diante do novo cenário internacional. Os cinco pontos, ou
objetivos adicionais, que Gromori propõe são: “ação de presença das Forças Armadas
em todo o território nacional” (com objetivos de integração territorial); “integração e
colaboração na pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico e padronização do
material de uso comum entre as Forças Armadas” (visando à nacionalização e
racionalização de material militar e à economia de recursos financeiros); “intercâmbio
e integração progressiva com as Forças Armadas de outras Nações” (para aumentar a
solidariedade entre as FA do Mercosul e fomentar doutrina e pensamento militar
regionalizado); “divulgação à sociedade da importância das Forças Armadas”; e
“formação e preparo de contingentes profissionais das Forças Armadas”.
6
Nacionais Atuais’, ligados às determinações gerais de governo com vistas à
consecução dos ONP (Manual Básico, pg. 47-51). Os ONP’s representariam as
manifestações da vontade coletiva, necessidades, interesses e aspirações vitais,
frutos da evolução histórico-cultural da nação. São listados os seguintes ONP’s:
- Democracia
- Integração Nacional
- Paz Social
- Progresso
- Soberania”9
Hipóteses de Guerra
9
ROSA, “As Despesas Militares e o Orçamento da União”, pg. 4-10.
10
COSTA, “Política de Defesa: uma Discussão Conceitual e o Caso do Brasil”, pg. 18.
7
As quatro hipóteses de guerra foram abandonadas com a virada da década. As
três primeiras foram eliminadas com o fim do bloco socialista e o retorno do
comunismo à arena política legal brasileira. E a hipótese de guerra contra a
Argentina evaporou em meio ao clima cooperativo de integração regional. O que
restou após a perda das quatro hipóteses pode ser observado no documento
Concepção Política Militar, produzido na ESG em 1994. De acordo com ele (pg.
8-10), o Brasil estaria convivendo com as seguintes hipóteses:
Hipótese de Guerra Alfa: Contra país ou países regionais por motivos históricos (...) questões
de limites, aproveitamento de rios ou outros recursos naturais, divergências de interesses
econômicos ou políticos, proteção de cidadãos e bens brasileiros naqueles países, eclosão de
conflitos regionais ou, finalmente, ameaça à segurança, à soberania ou à integridade do Brasil.
Hipótese de Guerra Beta: Contra país ou países regionais que defendam interesses de
potências militares e tecnológicas, de alianças ou megablocos de poder ou, mesmo, de
organizações internacionais ou entidades supranacionais.
Sua parte inicial avalia o cenário internacional, aponta o fim da Guerra Fria e
reconhece dificuldades de planejamento estratégico no mundo pós-bipolar:
“desapareceu a previsibilidade estratégica (2.2)”, “Nesta fase de transição (...),
caracterizada pela ausência de paradigmas claros...” (2.4), “O quadro de
incertezas (...) marca o atual contexto mundial. (2.5)”. Na América Latina, “a
região mais desmilitarizada do mundo”, os conflitos tendem a diminuir: “os
contenciosos regionais têm sido administrados em níveis toleráveis” (2.6).
Alude-se à necessidade de uma “inserção regional múltipla, baseada em uma
política de harmonização de interesses (2.8)”.
As demais onze diretrizes versam sobre a ação dentro do Brasil pelas instituições
de defesa. O norte do país é visto como prioridade pela diretriz (j), que visa a:
“proteger a Amazônia brasileira, com o apoio de toda a sociedade e com a
valorização da presença militar”, enquanto que a diretriz (l) determina
“priorizar ações para desenvolver e vivificar a faixa de fronteira, em especial
nas regiões norte e centro-oeste” (grifo adicionado). As nove diretrizes
remanescentes possuem um marcado caráter desenvolvimentista e defendem
também para as forças armadas melhores níveis de formação, coordenação,
mobilização e aparelhamento. Elas reforçam a necessidade de contato, transporte,
controle e comunicações dentro do território para a melhoria de sua vigilância.
Ressalta-se o papel integrador e indutor das FA, que, para a PDN, continuará
sendo estimulado.
16
DPDN, Diretrizes a-h e s.
11
A Atuação Internacional das Forças Armadas nos
Anos 90
12
Comando Secretário Geral Secretário Geral ou Estado Secretário Geral ou Comitê de Staff Militar ou
e Controle membro/Grupo de Estados Estado Membro/Grupo de Estados Membros/Grupos de
Membros autorizados pelo Estados, autorizados pelo Estados, autorizados pelo
Conselho de Segurança Conselho de Segurança Conselho de Segurança
Sobe- Consentimento das Consentimento das partes Consentimento das partes
Interferência com a soberania
rania partes (soberania ao(s) acordo(s) básico(s); é desejável, mas não do agressor, assim como de
nacional é mantida) medidas de implementação requerida (interferênciatodos os Estados Membros
concretas não necessitam com a soberania nacional (no caso de sanções em
ser aprovada pelas partes não está excluída) defesa do artigo 41 da Carta
da ONU
Impar- A ONU é imparcial A ONU é imparcial A ONU é imparcial em As tropas da ONU se tornam
ciali- princípio uma das partes do conflito
Dade (bellum iustum)
Uso da Somente em Uso médio da força, em Uso médio da força, em Emprego ostensivo
Força situações de óbvia caso de resistência caso de resistência Da força militar
autodefesa
Ex. UNMOGIP, UNIFIL UNOSOM II, IFOR UNITAF, "Opération Coréia 1950,
turquoise" Kuwait 1990
Fonte: Robert Diethelm: Die Schweiz und friedenserhaltende Operationen 1920 - 1995. Bern, Wien, Stuttgart,
Paul Haupt Verlag, 1997.
A seguinte tabela mostra os números das Operações de Paz durante a Guerra Fria
e no período entre 1989 e 1996:
A Participação Brasileira
13
Grécia Observar uma possível intromissão de países vizinhos na 1947 a 1951
guerra civil grega
Faixa de Gaza (Operação Manter separados os beligerantes na guerra árabe-israelense. 1956 a 1967
SUEZ)
Líbano e Jordânia Manter a estabilidade na região, evitando que se alastrassem 1958 a 1961
os focos de insurreição.
Congo Evitar o genocídio perpetrado pelos separatistas, após a 1960 a 1964
guerra de independência e proteger a retirada das tropas
belgas da região
República Dominicana Restabelecer a ordem e a paz na República Dominicana 1965 a 1966
Nova Guiné, Paquistão Integrar Forças de Paz da ONU, evitando uma escalada de 1962 a 1966
e Chipre conflitos nesses países
El Salvador (ONUSAL) Verificar a obediência a acordos relativos à preservação de 1991 a 1995
direitos humanos.
Uganda e Ruanda Manter a estabilidade na região, evitando que se alastrassem 1993 a 1994
(UNIMUR) os focos de insurreição.
Sérvia, Croácia, Bósnia- Supervisionar os acordos de cessar fogo entre os litigantes, 1992 a (em andamento)
Hezergovinia e tentar solucionar os conflitos regionais pela via diplomática e
Macedônia (UNPROFOR) promover proteção a comboios de natureza humanitária.
Moçambique (ONUMOZ) Verificar o cumprimento dos acordos de paz entre o governo 1992 a 1994
e a facção rebelde.
Angola (UNAVEM I) Verificar a retirada do efetivo militar cubano. 1989 a 1991
Angola Verificar o cumprimento dos acordos de paz entre o Governo 1991 a 1995
(UNAVEM II) de Angola e a UNITA.
Angola Promover condições para a instalação definitiva da paz em 1995 a 1997
(UNAVEM III) Angola e verificar a obediência a acordos relativos à
preservação de direitos humanos.
Fonte: LEONEL, General Benedito Onofre Bezerra, “As Forças Armadas Brasileiras”, in Reuniões Ministeriais/
Empresariais, Anais do III Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. Rio, 14 a 18 de outubro de 1996.
17
O número 4400 vem da Mensagem do Presidente da República ao Cong. Nacional, 1998.
14
Segurança18. Para as FA, a percepção de benefício das missões está no contato
ganho em operações conjuntas entre as três Forças, na experiência em ambientes
de conflito real, no intercâmbio com forças armadas de outros países e na
execução de funções logísticas e emprego operacional19. Quanto aos objetivos
políticos declarados de sua atuação, enfatiza-se a aposta do país em uma cadeira
no Conselho de Segurança da ONU no caso de uma mudança em sua estrutura de
membros com direito a veto.20
Fora da égide da ONU, o Brasil esteve ainda presente em três outras missões21:
Uma vez mais, observam-se mais ações em curso após o fim da Guerra Fria –
dois a um, para os anos 90.
18
PEREIRA, “Participação em Forças de Paz: a Experiência Brasileira”, pg. 14-15.
19
PEREIRA, pg. 12-13.
20
Ver COSTA, “Segurança Coletiva: Pensamento e Política no Brasil”, pg 30; MONTEIRO,
“Tropas de Paz da ONU”, pg. 184.
21
LEONEL, “As Forças Armadas Brasileiras”, pg. 14; PEREIRA, pg. 3.
15
Documentos e Discursos Presidenciais/Oficiais
O início da década foi marcado por poucas iniciativas ligadas às forças armadas e
os assuntos de defesa foram tratados com superficialidade. Durante os governos
Collor de Mello e Itamar Franco, surgiram poucos documentos e declarações
sobre política de defesa. Em Brasil, um Projeto de Reconstrução Nacional,
Collor de Mello menciona o conceito de dissuasão, enfatizando
profissionalização, prontidão operativa, desempenho tecnológico e mobilidade
para as forças armadas (pg. 121-122). No entanto, as considerações relacionadas
à defesa não vão além. Em sua apresentação aos alunos da ESG, Collor de Mello
não abordou assuntos afins à questão da segurança e concentrou-se nos temas de
inserção econômica internacional22. Do mesmo modo, em Diretrizes para a Ação
de Governo Itamar Franco não faz menção alguma a assuntos de defesa23.
Cardoso (1995-1996)
Com Fernando Henrique Cardoso, a divisão de temas entre cada força singular na
Mensagem Anual ao Congresso é abandonada, adotando-se uma sistemática de
divisão por tópicos que inclui os quatro ministérios militares sob o título ‘defesa
22
O Brasil e o Mundo dos Anos 90.
23
Diretrizes para Ação de Governo, 1992.
16
nacional’. Não há referência às forças armadas na mensagem de 1995.
Seus discursos trazem três temas recorrentes: os valores brasileiros nas relações
internacionais, as preocupações com a região amazônica e o orçamento das
forças armadas. Em relação ao primeiro, enfatizam o abandono de antigas
percepções sobre possibilidades de conflitos regionais, afirmam objetivos
pacíficos para projetos de tecnologia dual, como o Veículo Lançador de Satélites,
negam planos de desenvolvimento de bombas nucleares e delineiam uma postura
militar dissuasória e defensiva25. Na palestra para alunos e estagiários dos cursos
de altos estudos militares (nov. de 1996), porém, afirmou: “Estrategicamente [o
país] tem uma atitude dissuasória defensiva, entretanto tem que estar pronta para
se transformar em ofensiva, porque nós sempre temos que ter presente que diante
de uma eventual agressão armada, nós temos que ter uma pronta resposta”.
24
“Como Comandante-em-Chefe das nossas Forças Armadas, estarei atento às suas
necessidades de modernização, para que atinjam níveis de operacionalidade
condizentes com a estrutura estratégica e com os compromissos internacionais do
Brasil. Neste sentido, atribuirei ao Estado Maior das Forças Armadas novos encargos,
além dos já estabelecidos. E determinarei a apresentação de propostas, com base em
estudos a serem realizados em conjunto com a Marinha o Exército e a Aeronáutica,
para se conduzir a adaptação gradual das nossas forças de defesa às demandas do
futuro” Solenidade de posse no Congresso Nacional, Brasília, 01/01/95.
25
Sessão plenária do “1995 Mercosul Economic Summit”; também o Discurso de lançamento
do avião EMB-145.
26
Despedida do navio escola “Brasil”. Ver também o Discurso de lançamento do avião
EMB-145: “estamos ampliando esse tipo de relacionamento, que é um relacionamento
construtivo, mas que é um relacionamento que requer uma, eu não diria preocupação,
mas uma consideração da questão da nossa defesa e da questão militar. Nós não
estamos perdendo de vista os nossos interesses quando tomamos decisões que nos
levam a uma integração paulatina com os nossos vizinhos”.
17
praticamente nula. 27 A participação das FA no combate a essas ameaças é ligada
ao fornecimento de apoio logístico e a repressão de infrações em si estaria fora
de seu alcance, mais intimamente ligada à atuação da Polícia Federal. Repetidas
vezes, enfatizou-se que as forças armadas não viveriam uma mudança nas suas
funções constitucionais 28 e não se dedicariam ao combate ao narcotráfico ou se
especializariam em atividades policiais. O mesmo foi reafirmado por membros
do alto escalão político-militar brasileiro.29
31
Cerimônia de anúncio da Política de Defesa Nacional, pg. 16-18.
32
“Acho que, evidentemente, nada disso será feito de uma maneira adequada, se nós não
melhorarmos o orçamento das Forças Armadas. Isso, eu acho que é óbvio, se junta à
questão orçamentária geral. Mas nós temos tido muito empenho em que o Congresso -
e o Congresso tem respondido favoravelmente - entenda as funções das Forças
Armadas e dê os recursos às Forças Armadas, no seu preparo, no seu equipamento, na
sua capacidade de desenvolver programas de ciência, de tecnologia que capacitem as
Forças Armadas a estarem à altura do desafio."... Apresentação dos Estagiários da
Escola Superior de Guerra.
19
As Monografias da Escola Superior de Guerra
Desde o início de suas atividades em 1950, a ESG tem sido o berço de boa parte
do pensamento militar brasileiro. Durante a ditadura e mais adiante, a referência
de concepções militares e o documento principal da doutrina que balizava a ação
do exército brasileiro foi o seu manual básico.
Domício Proença Jr. e Paulo Moreira Franco mostraram ainda em 1989 que o
manual básico continuava valendo para os militares, apesar de ter perdido fôlego.
Das três Forças, os únicos oficiais que ainda permaneciam altamente atrelados
aos conceitos esguianos eram os do exército. Em algum grau, também foram
encontrados laços entre o discurso dos oficiais da aeronáutica e a doutrina da
ESG. Já os oficiais da marinha haviam dispensado suas concepções, tendo
inclusive superado a confrontação leste-oeste antes mesmo que ela terminasse33.
33
FRANCO, “Defesa, Indústria Bélica, C& T (...)”, pg. 115-138; PROENÇA e FRANCO,
“Segurança e Defesa no Brasil: a Visão das Forças Armadas em 1989”, pg. 139-170.
34
Três outros cursos de aprimoramento de oficiais são ministrados na ESG, habilitando a
funções dentro das Forças específicas: o curso de política e estratégia marítima, C-
PEM, o curso de política, estratégia e alta administração do exército, CPEAEx, e o
curso de política e estratégia da aeronáutica – CPEA. O CAEPEM tem como finalidade
preparar oficiais para funções de chefia, comando e Estado-Maior combinados. É mais
abrangente que os demais e fornece o guarda-chuva programático para eles.
20
militares dentro de um horizonte médio (não existe uma estatística clara a
respeito de quantos oficiais, dentre os que fazem os cursos, terminam tendo suas
carreiras militares projetadas de alguma maneira com o decorrer do tempo para
cargos políticos e/ou operacionais decisivos). Alguns autores ecoam o
pensamento corporativista com grande fechamento doutrinário. Outros, por sua
vez, mostram-se mais abertos.
35
AZEVEDO, “Criação do Ministério de Defesa”, pg. 39.
36
CORTÊS, pg. 2; PEREIRA, “As Despesas Militares e o Orçamento da União”.
21
geoeconomia. Acredita-se que cada vez mais a capacitação tecnológica, a força
da cultura e, principalmente, o sucesso econômico, passem a exercer um papel
preponderante no cenário internacional, o que indica a tendência do fator
militar exercer um papel secundário, ou seja, atue mais como elemento de
37
dissuasão ou persuasão.”
37
CARRAZZA, pg. 13.
38
Ver PEREIRA, pg. 11.
39
VILARINHO, pg. 8. AZEVEDO, pg. 30: “a dependência de tecnologia alienígena é, no
mundo atual, ponto comum, constituindo-se, mesmo, uma característica das FFAA dos
países em desenvolvimento. Sendo as FFAA independentes, certamente o
aparelhamento de cada uma far-se-á igualmente de forma independente e estanque, sem
levar em consideração o interesse da Expressão Militar como um todo, com reflexos
altamente negativos na sua eficácia global”. Para o conflito norte-sul, ver
CARRAZZA, pg. 37.
40
ROSA, pg. 11-13; CORTÊS, pg. 7-8.
41
GROMORI, “Adequação da Política Militar Brasileira”, pg. 9.
42
CARRAZZA, “A Hegemonia Econômico-Militar dos EUA”, pg. 19 e pg. 37.
22
iniciativas conspiratórias que visam a diminuir a capacidade de autodefesa e a
soberania de nações menos fortes43. Surge assim, nos textos, a discussão sobre as
possibilidades de ingerência internacional. Paralelamente, afirma-se que
instituições como a ONU teriam se tornado ‘reféns’ nas mãos dos EUA44.
43
CARRAZZA, , pg. 19.
44
CARRAZZA, pg. 37; CORDEIRO, pg. 15.
45
ROSA, “As Despesas Militares e o Orçamento da União”, pg. 40.
46
VILARINHO, “Mercosul como Estratégia de Segurança Nacional para a Amazônia, 12-13.
23
limitada ou compartilhada – pela submissão das nações ao princípio da
prevalência do direito da maioria sobre o da minoria, tese defendida por
François Mitterand sobre a Amazônia. Estes conceitos são pronunciados por
eminentes personalidades políticas internacionais com base no quadro de
incertezas do mundo moderno, fundamentando-se no problema do narcotráfico,
o contrabando de riquezas naturais, agressões à natureza, o desrespeito aos
direitos humanos e a proteção à causa indígena. Nesse contexto, é expressiva a
afirmativa de Boutros Ghali, Secretário Geral da ONU: “a noção de soberania
dos Estados é um conceito flexível e cada caso é um caso””47
A América Latina é vista como uma região calma e reunindo as condições que
favorecem tentativas de integração regional bem sucedidas, inclusive militares. A
integração regional, tal como se pautava até 1996, é vista pelos estagiários como
geradora de ótimas perspectivas para a criação de exercícios conjuntos e mesmo
coordenações mais arrojadas. A percepção reinante é a de que os resultados já
obtidos no âmbito do Mercosul quase asseguram que, tanto para o Brasil quanto
para a Argentina, o antigo inimigo se transformou no parceiro preferencial56.
Cleonilson Silva apresenta até mesmo a proposta da formação de um bloco
militar de defesa coletiva na região com base nos princípios de “adesão
voluntária” e “manutenção de soberania”.57 Por sua vez, Vasconcelos Gromori
sugere o aprimoramento da Política Militar Brasileira por meio de novas
diretrizes, entre elas uma especificamente direcionada ao “intercâmbio e
integração progressiva com as forças armadas de outras nações”58 e com vistas ao
desenvolvimento de doutrina e pensamento militar conjunto.
53
Diário do Congresso Nacional: Ata da 29ª sessão, em 4 de abril de 1991 – 1ª sessão
legislativa ordinária do Senado Federal, pg. 2.
54
SILVA, pg. 30-31.
55
SILVA, pg. 47.
56
SILVA, pg. 46.
57
SILVA, pg. 48-49.
58
GROMORI, pg. 40.
59
CARRAZZA, pg. 14.
25
muito distante um recorte geográfico já definido: do Oiapoque à Patagônia 60.
60
ROSA, pg. 18.
61
Concepção Política Militar, pg. 9.
62
ROSA, pg. 39.
63
CORDEIRO, pg. 68-80.
26
reação contrária da parte de vários dos seus setores.”64
64
SILVA, pg. 46-47.
65
CORDEIRO, pg. 68.
66
AZEVEDO, pg 22. Sobre a falta de unidade na doutrina: pg. 23-24.
67
GROMORI, pg. 30-33. Ver também PEREIRA, pg. 29-39.
68
O argumento está presente nos estudos de LEITE, pg. 10-20; GROMORI, pg. 31;
CARRAZZA, pg. 31; SILVA, pg. 46-47; ROSA, pg. 30-37.
27
A Discussão nos Periódicos Intelectuais Militares
Com uma visão moderada sobre o tema, Mário César Flores afirma que as
pressões diplomáticas e das ONG’s sobre o Brasil seriam grandes, mas “a
intervenção direta não é, no curto prazo, uma realidade plausível” 71. Entre os
dois na intensidade de suas opiniões, Armando Vidigal comenta a forte tendência
intervencionista do fim do século sem especificar agentes. Da maneira como o
seu texto se apresenta, apreende-se a sugestão de que o agente central no
processo é a ONU72.
69
MATTOS, “A Dissuasão Estratégica na Conjuntura Mundial”, pg. 71-73; “A Missão das
Nossas Forças Armadas na Perspectiva da Nova Ordem Mundial”.
70
MATTOS, “Reflexões sobre uma Estratégia Militar para o Brasil”, pg. 111; “A Amazônia e
a Dissuasão Estratégica”, pg. 85 a 88.
71
FLORES, “Amazônia, Realidades e Mitos”.
72
VIDIGAL, “Estratégia e o Emprego Futuro da Força”, pg. 58-59; “O Papel das Forças
Armadas no Novo Contexto Mundial”; “Atlântico Sul: uma Análise Pós-Guerra Fria”.
28
puder fazer; e, finalmente, f) manter a ordem interna sob a Constituição 73. Sua
listagem ecoa nos escritos de Eduardo Pesce, que ressalta seis dimensões
bastante similares para a nova conjuntura: “1) Dissuasão de intervenções ou
pressões militares contra o Brasil, por potências extracontinentais; 2) dissuasão
de conflitos e antagonismos regionais que ameacem a segurança e os interesses
do Brasil; 3) defesa das fronteiras terrestres em situações de conflito de baixa
intensidade associado à guerrilha ou a atividades ilícitas; 4) defesa dos interesses
marítimos do Brasil e garantia da segurança nas águas sob jurisdição brasileira;
5) garantia da integridade nacional e da ordem pública no campo interno, e
desempenho de atividades de defesa civil nas calamidades públicas; 6) garantia
da estabilidade, da ordem e da vida humana em áreas de conflito no exterior,
atuando em cooperação e sob mandato internacional”.74
73
FLORES, Bases para uma Política Militar, pg. 157. Citação extraída de BITTENCOURT,
“Brazilian Strategic Landscapes... or Sunset?”. FLORES também desenvolve tema no
artigo “Preocupações Militares do Fim do Século (Ilações sobre o Caso Brasileiro)”,
salientando a necessidade de a) uma capacidade defensiva ‘clássica’; b) força de
projeção de poder; c) controle da Amazônia; d) controle das águas costeiras; e)
capacidade de apoiar a ordem constitucional e legal em situações especiais (pg. 41).
74
PESCE, “O Estado Brasileiro e a Defesa Nacional no Mundo Pós-bipolar”, pg. 73.
29
A Produção Civil de Pensamento Estratégico no Brasil
Poucos autores se dedicam aos estudos estratégicos no Brasil. Por isso o material
disponível é muitas vezes menor do que o dos outros campos ligados às relações
internacionais. O que se segue é um recorte entre pensamento específico sobre as
forças armadas e pensamento estratégico sobre a situação mundial nos anos 90.
A respeito das FA, destacam-se dois artigos escritos para o livro Uma Avaliação
da Indústria Bélica Brasileira. Neles, os autores entrevistaram militares de altas
patentes das três forças em busca do pensamento das elites militares ainda antes
do fim oficial da Guerra Fria. São criticadas as dificuldades da pesquisa durante
o regime militar na dificuldade de acesso a informações sobre os militares e na
ausência de documentos disponíveis. Por outro lado, os autores afirmam que a
receptividade dos entrevistados à iniciativa de um mapeamento foi grande75.
75
FRANCO, “Defesa, Indústria Bélica, C& T: o Ponto de Vista dos Atores”, pg. 115-138;
PROENÇA e FRANCO, “Segurança e Defesa no Brasil: a Visão das Forças Armadas
em 1989”, pg. 139-170.
76
PROENÇA e FRANCO, “Segurança e Defesa no Brasil (...)”, pg. 168.
77
PROENÇA e FRANCO, “Segurança e Defesa no Brasil (...)”, pg. 169.
30
mencionando-a, os oficiais da marinha pensavam estritamente na possibilidade
de ameaças externas 78. Das três forças, a marinha foi a única a clarificar melhor
suas diretrizes aos cidadãos em seu Plano Básico, que se baseava no conceito da
dissuasão defensiva e salientava quatro tarefas navais: “o controle da área
marítima, a negação do uso do mar, o ataque à terra e a partir do mar e a
demonstração de força”. A manutenção de uma guarda costeira era vista pelos
seus oficiais como algo além de suas atribuições principais79.
78
FRANCO, “Defesa, Indústria Bélica, C& T (...)”, pg. 120-127.
79
PROENÇA e FRANCO, “Segurança e defesa no Brasil (...), pg. 150-153.
80
FRANCO, “Defesa, Indústria Bélica, C& T (...)”, pg. 128-129.
81
PROENÇA e FRANCO, “Segurança e Defesa no Brasil (...)”, pg. 158-165.
82
Sem dúvida, a discussão mais consistente já escrita sobre esses problemas é a de
PROENÇA e DINIZ, Política de Defesa no Brasil: uma Análise Crítica.
83
PEREIRA, “As Perspectivas da Indústria Bélica Brasileira nos Anos 90”, pg. 79.
31
todas as áreas, não se conseguindo, na prática, níveis satisfatórios de resultados
em nenhuma delas84.
Para lidar com essa realidade, Proença propõe uma nova metodologia baseada no
conceito de “Força Mínima” 85. A Força Mínima pressupõe que, apesar de
hipoteticamente válida, a percepção de que um país está livre de ameaças não
elimina a incerteza inerente às relações internacionais: o fato de que não existe
uma ameaça hoje não quer dizer que não existirá uma amanhã. Adicionalmente,
pode-se lembrar que não existe uma garantia internacional ou instituição capaz
de proibir os países de se agredirem e coagi-los a respeitar as convenções
estabelecidas. Ainda que exista o mecanismo de segurança coletiva da ONU, esse
aparato tem se mostrado aquém de sua idealização86; depende da capacidade real
de aportes financeiros dos países membros da Organização e obedece a lógicas
políticas que extrapolam a simples proibição do uso da força nas relações
internacionais, tal como está explícito no artigo 2, parágrafo 4 da sua Carta87.
84
PROENÇA, “Prioridades para as Forças Armadas”, pg. 29-30.
85
PROENÇA, “Força Mínima. Notas sobre uma Defesa Mínima Suficiente do Brasil”.
86
Para os desafios da ONU e do direito internacional nos anos 90, ver AREND e BECK, pg.
4: “a ONU tem sido amplamente incapaz de utilizar efetivamente qualquer quantidade
de poder que ela possua em teoria”.
87
“All members shall refrain in their international relations from the use of force against the
territorial integrity or political independence of any states, or in any other manner
inconsistant with the purposes of the United Nations”
32
do país, contendo as informações básicas sobre as instituições militares”.88
A partir dela, é muito difícil entender as aspirações brasileiras nos anos 90. A
postura crítica não se limita aos analistas e estudiosos, mas é compartilhada por
pessoas que trabalham nas áreas públicas da inserção internacional do país91.
A transição ao mesmo tempo interior e exterior vivida nos anos 90 foi marcada
por um lado pela redemocratização do país e a retirada dos militares da política
strito senso, deixando assim as posições hegemônicas de decisão e,
gradualmente, retornando ao papel de instrumentos políticos. Por outro, o fim da
Guerra Fria proporcionou uma quebra na previsibilidade nos planejamentos
estratégicos, agora que a única certeza seria a de mudança 92.
88
LEONEL, “Perspectivas para as Forças Armadas Brasileiras”, pg. 41.
89
COSTA, “O Balanço Estratégico e o Brasil na Segurança do Hemisfério Ocidental”, p. 69.
90
COSTA, “O Balanço Estratégico (...)”, p. 70.
91
SARDENBERG, “A Inserção Estratégica do Brasil”, pg. 14: “Diante desse rico quadro de
possibilidades, será necessário que se promova o desenvolvimento de modalidades
flexíveis e criativas de pensamento estratégico. Certos princípios diretores devem ser
observados, ao mesmo tempo que se torna imperioso desenvolver a noção de projeto”.
Também LEONEL em “Perspectivas para as Forças Armadas Brasileiras”, pg. 43 e
AQUINO, “Cenário 2000: Forças Armadas para Quê? A Visão do Exército”, pg. 37.
92
Ver BITTENCOURT, “Brazilian Strategic Landscapes... or Sunset?”.
33
diferentes correntes e posicionamentos e aumentou o espaço para a discussão e
deliberação de questões de segurança. Diminuiu assim a possibilidade de
planejamentos holísticos e dissociou a segurança nacional das agendas de política
interna, sociais e de segurança pública. No campo externo, as incertezas geradas
pelo fim da Guerra Fria e o desmantelamento de uma ordem congelada há meio
século coincidem com o fenômeno de integração regional. No lugar da alegada
rivalidade anterior, restaram uma série de concepções difusas sobre a utilidade da
região no estabelecimento de medidas de caráter estratégico. A utilização de
termos como “balanço militar” e “equilíbrio de poder” estaria assim fora das
considerações brasileiras sobre como interagir com os seus vizinhos, exceto nos
momentos de grandes compras de armamentos93. Costa afirma categoricamente:
“o conceito de Cone Sul não encontra, hoje, utilidade operacional na reflexão
estratégica brasileira” 94.
93
COSTA, “O Balanço Estratégico (...), pg. 74. A afirmação encontra respaldo na entrevista
presidencial de 01/09/97: “Não vai haver corrida armamentista. Eu tenho tranqüilidade
quanto a isso. Pode haver, e é necessário que haja, reposição de armamento, às vezes
obsoleto, aqui ou ali. (...) Então, não há esse risco”.
94
COSTA, “O Balanço Estratégico (...)”, p. 73.
95
As referências clássicas do século XX para essa discussão são as obras de Hans
MORGENTHAU, Politics Among Nations e Dilemmas of Politics; e de Kenneth
WALTZ, Man, the State and War e Theory of International Politics.
34
As saídas para o dilema da segurança são a criação de condições de cooperação e
diminuição da incerteza; a busca de transparência e a capacidade de desistir de
aspirações e posicionamentos vistos por outros como ameaçadores. A discussão
contemporânea sobre percepções mútuas começou na Guerra Fria: estudiosos
norte-americanos chamavam a atenção para as condições nas quais a cooperação
entre as duas potências diminuiria aquilo que Phillipe Delmas caracterizou como
o “vértigo” nuclear96. Existiriam assim maneiras de aumentar a cooperação e
diminuir a possibilidade de conflito aberto: comportamentos de ‘toma-lá-dá-cá’
em que as partes se comprometem a, gradualmente, aumentar a previsibilidade de
suas ações. Com compromissos factíveis cumpridos, pode-se caminhar para a
cooperação a mais longo prazo e o aumento de benefícios entre as partes97.
Costa adverte que o dilema pode surgir também na ausência de uma postura
estratégica bem definida, em meio às tecnologias ditas duais – utilizáveis tanto
para fins pacíficos quanto bélicos. Menciona o exemplo do projeto do submarino
de propulsão nuclear, tido como prioritário para a marinha: tecnicamente um
submarino de ataque, sua construção é oficialmente vindicada para aplicações
doutrinárias defensivas. Mas esse tipo de projeto poderia gerar suspeita e causar
dilemas da segurança. Em sua visão, é esse tipo de ‘cálculo’ que aparenta estar
longe das mentes dos decisores brasileiros98.
96
DELMAS, El Brillante Porvenir de la Guerra, cap. 1.
97
OYE, “The Conditions for Cooperation in World Politics”; GRIECO, “Anarchy and the
Limits of Cooperation”; STEIN, Why Nations Cooperate, pg. 03 a 54.
98
COSTA, “O Balanço Estratégico (...)”, pg. 76.
99
ARAVENA, “Medidas de Confianza Mutua y Balance Estratégico: un Vínculo Hacia la
Distención y Estabilidad”, pg. 12.
100
ARAVENA, pg. 13.
35
interpretações errôneas a respeito das políticas adotadas. Aravena menciona, ao
todo, dez critérios interligados para a construção de confiança.101 As medidas
devem ser: 1) transparentes e abertas, com vistas a estabelecer claridade sobre
os objetivos que se perseguem ou sobre as ações que se desenvolvem; 2)
previsíveis, como forma de estabelecer de um padrão de conduta confiável; 3)
recíprocas e equivalentes, devendo existir uma simetria básica entre os
compromissos, ou ao menos compensações; 4) acompanhadas uma comunicação
adequada, lembrando sempre que o objetivo das medidas é a melhoria das
percepções, através da interlocução; 5) estabelecer uma relação, ou um padrão
de relação, com permanência no tempo; 6) serem factíveis, ou seja, realistas em
sua execução, buscando a simplicidade de metas que possam ser alcançadas com
custos plausíveis; 7) coerentes, estando em concordância com outras políticas,
dentro daquilo que poderia ser chamado de projeto, ou ‘grande estratégia’; 8)
verificáveis, preferencialmente trabalhando-se com prazos que possam ser
cumpridos, e ampla liberdade de todas as partes para inspeção mútua; 9)
possuidoras de suporte social, isto é, legitimidade e preferencialmente amplo
consenso doméstico; e 10) variáveis segundo o número de agentes, isto é,
respeitando lógicas específicas de relacionamento, à medida em que o processo
de entendimento entre os decisores se multilateraliza. Apontando para a
integração regional na América Latina na virada da década,102 Aravena identifica
um processo que define como ‘transferência de instabilidade’ e ressalta três
fatores: o transbordamento de uma situação nacional aos vizinhos, a falta de
controle sobre parte do e a desterritorialização de novas ameaças103.
Para Costa, o fim da Guerra Fria enfraqueceu a noção de unidade hemisférica nos
tomadores de decisão em política externa e de defesa no Brasil, uma noção que
teria sido substituída pelo viés mais economicista de interdependência de
mercados. Costa afirma: “a estrutura de conferências dos ministros das relações
exteriores, no espírito da Conferência de Bogotá de 1948 e da Organização dos
Estados Americanos, e o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca
tornaram-se quadros falidos para transmitir noções de efetiva segurança para
brasileiros”.104 Os instrumentos de representação e coordenação regional teriam
assim se tornado débeis no atendimento das demandas de segurança coletiva nos
anos 90, e em seu lugar entraram mecanismos informais de concertação como o
Grupo do Rio. Em outro artigo, Costa aponta a importância do relacionamento
entre Estados Unidos e América Latina, um relacionamento que não estaria ainda
claro e manteria, como única certeza, o fim do intervencionismo característico da
Guerra Fria sem apontar ainda um novo padrão. A coesão entre os países latino-
americanos também teria se perdido no aumento da imprevisibilidade a respeito
de concordâncias ou discordâncias com os EUA, incluindo as questões de
101
ARAVENA, pg. 16-19.
102
ARAVENA, pg. 6.
103
ARAVENA, pg. 9.
104
COSTA, O Balanço Estratégico (...), pg. 77.
36
segurança internacional e hemisférica.105 O relacionamento entre Brasil e EUA
não estaria contemplando privilégio algum; apenas um cordial aproveitamento de
oportunidades em alguns setores. A intensificação do contato com os EUA seria
assim apenas uma possibilidade a mais entre outras.106
105
COSTA, “América Latina y los Nuevos Retos para Crear un Régimen de Seguridad
Internacional en la Posguerra Fría”, pg. 78.
106
COSTA, “O Balanço Estratégico (...)”, pg. 79. Ao discutir a Política de Defesa Nacional,
Costa afirma: “a dificuldade reside não na elaboração do planejamento estratégico, mas
na gestão estratégica (...) é necessário dar uma unidade à gestão estratégica, para nos
prepararmos para uma eventual execução de ações complexas”. Em “Workshop sobre
Defesa Nacional”, pg. 27 e 29. Ver também BITTENCOURT, “Percepção de Ameaças
e o Perfil Estratégico Brasileiro na “Nova Ordem Internacional”, pg 25 e SANTOS,
“Segurança Defensiva – Idéias”, pg. 179.
107
COSTA, “Segurança Coletiva: Pensamento e Política do Brasil”.
108
a) contribuir ativamente para a construção de uma ordem internacional, baseada no estado
de direito, que propicie a paz universal e regional e o desenvolvimento sustentável da
humanidade; b) participar crescentemente dos processos internacionais relevantes de
tomada de decisão; c) aprimorar e aumentar a capacidade de negociação do Brasil no
cenário internacional; d) promover a posição brasileira favorável ao desarmamento
global, condicionado ao desmantelamento dos arsenais nucleares e de outras armas de
destruição em massa, em processo acordado multilateralmente; e) participar de
operações internacionais de manutenção da paz, de acordo com os interesses nacionais.
37
Conclusão
As Forças Armadas e o Fim da Guerra Fria
A base legal para a atuação das FA foi composta pelos princípios de relações
internacionais e as funções delimitadas na Constituição de 1988. Oito anos
depois, o lançamento do DPDN foi um marco importante no refinamento dos
propósitos nacionais; entretanto, o documento não é capaz de clarificar diretrizes
pontuais. Nas declarações oficiais, os governos Collor e Franco fizeram poucas
menções sobre um redimensionamento para as Forças e a determinação das
linhas de política de defesa e planejamento continuou acontecendo em cada
ministério militar de forma insulada. No governo FHC, iniciativas pioneiras
foram tomadas ao mesmo tempo em que cresceu a discussão sobre o papel dos
militares. Estudiosos civis como Antônio Carlos Pereira, Domício Proença Jr.,
Oliveiros Ferreira e Thomaz Guedes da Costa despontaram em suas análises.
109
COSTA, “Premissas Estratégicas e Política de Defesa: Integração Internacional e
Dissuasão na Estrutura das Forças Armadas”, pg. 46.
38
cenário político centralizado deu lugar à competição democrática, com seu
método competitivo de escolha de lideranças. Houve de fato um pequeno
descompasso temporal entre um evento e o outro – a redemocratização política
do Brasil, de um lado, e o colapso do comunismo, de outro. Mas os efeitos
conjugados de ambos os processos constituem de fato uma explicação poderosa
para a crise programática de segurança nacional nesta década.
110
BARROS, “O Novo Papel das Forças Armadas Brasileiras: a Reforma da Doutrina, da
Mentalidade e do Ensino”, pg. 14-15.
39
cento de certeza que isso aconteceu porque uma dissuasão foi bem sucedida ou
porque não houve interesses hostis. O especialista Antônio Carlos Pereira, por
exemplo, argumenta de maneira bastante convincente que o “desinteresse de
terceiros de tomar a via de fato com o Brasil” 111, e não a capacidade dissuasória
do país é a principal causa da ausência de conflitos nos anos 90.
111
PEREIRA, “As Perspectivas da Indústria Bélica Brasileira nos Anos 90”, pg. 80.
112
PROENÇA e DINIZ, Política de Defesa: uma Análise Crítica.
40
Referências Bibliográficas para a Parte I
LIVROS
AREND, Anthony Clark and BECK, Robert J (1993), International Law and the Use of
Force: Beyond the UN Charter Paradigm. London: Routledge.
CERVO, Amado, e Clodoaldo BUENO (1992), História da Política Exterior do Brasil. São
Paulo: Ática.
DELMAS, Phillipe (1995), El Brillante Porvenir de la Guerra. Barcelona: Editorial Andres
Bello.
FUKUYAMA, Francis (1992), O Fim da História e o Último Homem. Rio: Rocco.
HUNTINGTON, Samuel P. (1996), The Clash of the Civilizations and the Remaking of the
World Order. New York: Simon and Schuster.
MIYAMOTO, Shiguenoli (1995), Geopolítica e Poder no Brasil. Editora Papirus.
MORGENTHAU, Hans (1948), Politics among Nations. The Struggle for Power and Peace.
New York: Knopf, 3. ed 1960.
MORGENTHAU, Hans (1958), Dilemmas of Politics. Chicago: University of Chicago Press.
PROENÇA, Domício Jr. e Eugênio DINIZ (1998), Política de Defesa no Brasil: uma Análise
Crítica. Brasília: EdUnB.
SILVA, Golbery do Couto e (1981), Geopolítica do Brasil. Rio: José Olympio, 2ª Ed.
STEIN, A (1990), Why Nations Cooperate. Ithaca: Cornell University Press.
TOFFLER, Alvin e Heidi (1995), War and Anti War. New York: Warner Books.
VIOTTI, Paul e Mark KAUPPI (1987), International Relations Theory: Realism, Pluralism,
Globalism. N.Y: Basic Books
WALTZ, Kenneth (1969), Man, the State and War. New York: University of Columbia Press.
WALTZ, Kenneth (1979), Theory of International Politics. Reading: Addison-Wesley.
ARTIGOS E DISSERTAÇÕES
AQUINO, Paulo Neves de (1995), “Cenário 2000: Forças Armadas para Quê? A Visão do
Exército”. In ARAÚJO, Braz (Org.), Reflexões sobre Estratégia. São Paulo:
NAIPPE/USP.
ARAVENA, Francisco Rojas (1995), “Medidas de Confianza Mutua y Balance Estratégico:
un Vínculo Hacia la Distención y la Estabilidad”. In Balance Estratégico y Medidas de
Confianza Mutua. Santiago: P&SA / FLACSO / The Woodrow Wilson Center.
ART, Robert (1993), “The Four Functions of Force”. In ART, Robert and Kenneth WALTZ,
The Use of Force: Military Power and International Politics. Maryland: University
Press of America.
BARBER, Benjamin (1996), “Jihad vs. McWorld”. In The Atlantic Monthly, Vol. 269, No. 3.
BARROS, Alexandre (1991), “O Novo Papel das Forças Armadas Brasileiras: a Reforma da
Doutrina, da Mentalidade e do Ensino”. In Política e Estratégia, vol. IX.
BITTENCOURT, Luís (1993), “A Percepção de Ameaças e o Perfil Estratégico Brasileiro na
“Nova Ordem Internacional”. Brasília: SAE, Documento de Trabalho nº 3.
BITTENCOURT, Luís (1993), “Brazilian Strategic Landscapes... or Sunset?”. Brasília: SAE,
41
Documento de Trabalho nº 6.
CARDOSO, General Alberto (1996), “Amazônia é Prioridade da Política de Defesa”. In
Parcerias Estratégicas, Vol. 1, No. 2.
CASTRO, Therezinha de (1993), “MERCOSUL: Enfoque Geopolítico”. In Revista da ESG,
Ano IX, n. 26.
CAVAGNARI, Geraldo Lesbat Filho (1994), “Estratégia e Defesa (1960-1990)”. In Premissas
No. 7. Campinas: UNICAMP.
COSTA, Thomaz Guedes da (1991), “Premissas Estratégicas e Política de Defesa: Integração
Internacional e Dissuasão na Estrutura das Forças Armadas”. In Política e Estratégia,
vol. XI.
COSTA, Thomaz Guedes da (1994), “Política de Defesa: uma Discussão Conceitual e o Caso
do Brasil”. Brasília: SAE, Documento de Trabalho No. 10.
COSTA, Thomaz Guedes da (1995), “América Latina y los Nuevos Retos para Crear un
Régimen de Seguridad Internacional en la Posguerra Fría”. In PELLICER, Olga (Org.),
La Seguridad Internacional en América Latina y el Caribe; el Debate Contemporáneo.
México: Universidad de las Naciones Unidas.
COSTA, Thomaz Guedes da (1995), “O Balanço Estratégico e o Brasil na Segurança do
Hemisfério Ocidental”. In Parcerias Estratégicas. Brasília, SAE.
COSTA, Thomaz Guedes da (1998), “Segurança Coletiva: Pensamento e Política no Brasil”.
In Premissas 17-18. Campinas: UNICAMP.
FLORES, Mário César (1992), Bases para uma Política Militar. Campinas: EDUNICAMP.
FLORES, Mário César (1993), “Amazônia, Realidades e Mitos”. Brasília: SAE, Documento
de Trabalho nº 5.
FLORES, Mário César (1995), “Preocupações Militares do Fim do Século (Ilações sobre o
Caso Brasileiro)”. In Revista Marítima Brasileira, v. 115, nos. 4/6.
FORTUNA, Hernani Goulart (1992), “O Poder Marítimo como Projeção do Poder Nacional”.
In Revista da ESG, Ano VIII, No. 23, Out. 1992.
FRANCO, Paulo Moreira (1989), “Defesa, Indústria Bélica, C& T: o Ponto de Vista dos
Atores”. In PROENÇA, Domício Jr, Uma avaliação da indústria bélica brasileira.
Defesa, indústria e tecnologia. Rio de Janeiro: GEE.
GRIECO, Joseph M (?), “Anarchy and the Limits of Cooperation”. In ART, Robert, and
Robert JERVIS (eds.), International Politics, Enduring Concepts and Contemporary
Issues. Editora Harper Collins, Third Ed.
HERZ, J (1950), “Idealist Internationalism and the Security Dilemma”. In World Politics 5, 2.
LEONEL, General Benedito Onofre Bezerra (1995), “Perspectivas para as Forças Armadas
Brasileiras”, in ARAÚJO, Braz, Estratégia no Novo Cenário Mundial – Anais do II
Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. São Paulo: NAIPPE/USP.
LEONEL, General Benedito Onofre Bezerra (1996), “As Forças Armadas Brasileiras”. In
Reuniões Ministeriais/ Empresariais, Anais do III Encontro Nacional de Estudos
Estratégicos. Rio de Janeiro, 14 a 18 de outubro de 1996. Brasília: EMFA.
MATTOS, General Carlos de Meira (1992), “A Missão das Nossas Forças Armadas na
Perspectiva da Nova Ordem Mundial”. In Revista da ESG, ano VIII, Nº23.
MATTOS, C.M. (1993), “A Amazônia e a Dissuasão Estratégica”. In Revista da ESG, ano IX,
n. 26.
MATTOS, C.M. (1993), “Reflexões sobre uma Estratégia Militar para o Brasil”. In Revista da
ESG, ano IX, no. 24
MATTOS, C.M. (1994), “A Dissuasão Estratégica na Conjuntura Mundial”. In Revista da
ESG, Ano X, nº 27.
MATTOS, C.M. (1996), “Estratégias de Segurança e Defesa”. In MARQUES, Joaquim
Campelo (org.), O Livro da Profecia, Brasília: Senado Federal.
MIGUEL, Luís Felipe (1992), “A Sombra dos Generais”. Brasília: Dissertação UnB.
42
MONTEIRO, Raimundo Guarino (1995), “Tropas de Paz da ONU”, in ARAÚJO, Braz (org.)
Reflexões sobre Estratégia No. 6. São Paulo: NAIPPE/USP.
OYE, Kenneth (?), “The Conditions for Cooperation in World Politics”. In ART, R., and R.
JERVIS (eds.), International Politics, Enduring Concepts and Contemporary Issues.
Editora Harper Collins, Third Ed.
PEREIRA, Antônio Carlos (1994), “As Perspectivas da Indústria Bélica Brasileira nos Anos
90”. In PROENÇA, Domício Jr. (Org.), Indústria Bélica Brasileira: Ensaios. Rio de
Janeiro, GEE/UFRJ.
PEREIRA, Antônio Carlos (1996), “Fardas e Pijamas”. In O Estado de São Paulo, 23/1/1996.
PEREIRA, Antônio Carlos (1996), “Uma Revisão Necessária”. In OESP, 22/02/96, pg. A4.
PEREIRA, Antônio Carlos (1988), “Aspectos Totalizantes da Doutrina de Segurança
Nacional”. In Política e Estratégia, Vol. VI, No. 2.
PEREIRA, Brig-do-Ar Manoel Carlos (1995), “Participação em Forças de Paz: a Experiência
Brasileira”. In II Encontro Nacional de Estudos Estratégicos. Brasília: EMFA.
PESCE, Eduardo Ítalo (1994), “O Estado Brasileiro e a Defesa Nacional no Mundo Pós-
Bipolar”. In Revista Marítima Brasileira, v. 114, nos. 7/9.
PROENÇA, Domício Jr. (1994), “Força Mínima. Notas sobre uma Defesa Mínima Suficiente
do Brasil (Um Ensaio)”, in PROENÇA, Domício Jr. (Org.), Indústria Bélica
Brasileira: Ensaios. Rio de Janeiro, GEE/UFRJ.
PROENÇA, Domício Jr. (1994), “Prioridades para as Forças Armadas”. In PROENÇA,
Domício Jr. (Org.), Indústria Bélica Brasileira: Ensaios. Rio de Janeiro, GEE/UFRJ.
PROENÇA, Domício Jr. e Paulo Moreira FRANCO (1989), “Segurança e Defesa no Brasil: a
Visão das Forças Armadas em 1989”. In PROENÇA, Domício Jr., Uma Avaliação da
Indústria Bélica Brasileira. Defesa, Indústria e Tecnologia. Rio de Janeiro: Grupo de
Estudos Estratégicos.
SANTOS, Murillo (1998), “Apresentação”, in PROENÇA, Domício Jr. e DINIZ, Eugênio,
Política de Defesa no Brasil: uma Análise Crítica. Brasília: EdUnB.
SANTOS, Murilo (1997), “Segurança Defensiva – Idéias”. In Parcerias Estratégicas 1, nº 3.
SARDENBERG, Ronaldo Mota (1995), “A Inserção Estratégica do Brasil”. In ARAÚJO,
Braz (Org.), Estratégia no Novo Cenário Mundial – Anais do II Encontro Nacional de
Estudos Estratégicos. São Paulo, NAIPPE/USP.
VIDIGAL, A (1992), “O Papel das Forças Armadas no Novo Contexto Mundial”. In Revista
Marítima Brasileira, v. 112, no. 10-12
VIDIGAL, A (1993), “Atlântico Sul: uma Análise Pós-Guerra Fria”. In Revista da ESG, ano
IX, n. 26.
VIDIGAL, Armando Amorim Ferreira (1996), “Estratégia e o Emprego Futuro da Força”. In
Revista da ESG, Ano XII, no. 32
VIDIGAL, Armando F. (1996), “Segurança Coletiva do Continente. Possibilidades de
Conflitos Externos?”. In MARQUES, Joaquim Campelo (org.), O Livro da Profecia,
Brasília: Senado Federal.
43
1991, Brasil, um Projeto de Reconstrução Nacional, 15/03/91.
1995, Discurso de Lançamento do Avião EMB-145, 18/08/95.
1995, Sessão Plenária do 1995 Mercosul Economic Summit, São Paulo, 19/06/95.
1995, Solenidade de Posse no Congresso Nacional, 01/01/95.
1996, Despedida do Navio-Escola “Brasil”. Rio de Janeiro/RJ, 05/03/96.
1996, Solenidade de apresentação dos novos oficiais generais. Palácio do Planalto,
Brasília/DF, 16/04/96.
1996, Apresentação dos Estagiários da Escola Superior de Guerra. Palácio do Planalto,
Brasília/DF, 17/06/96
1996, Entrevista Concedida ao Programa “Jô Soares 11:30”. Palácio da Alvorada,
Brasília/DF, 23/08/96.
1996, Cerimônia de anúncio da Política de Defesa Nacional. Palácio do Planalto,
Brasília/DF, 07/11/96. Também em Parcerias Estratégicas. Brasília: SAE, Vol.
1, No. 2, Pg. 16-18.
1996, Discurso de Lançamento da Política de Defesa Nacional, 07/11/96.
1996, Palestra para Alunos e Estagiários dos Cursos de Altos Estudos das Escolas de
Guerra Naval (EGN), de Comando do Estado Maior do Exército (ECEME) e da
Aeronáutica (ECEMAR) e da Escola Superior de Guerra (ESG). Rio de
Janeiro/RJ, 23/11/96.
1996, Encerramento do XXV curso de formação profissional de agente de polícia
federal. Academia Nacional de Polícia, 12/12/96.
1996, Política de Defesa Nacional, Novembro/1996
1997, Discurso do Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, na
Solenidade de Apresentação dos Estagiários da Escola Superior de Guerra.
Palácio do Planalto, Brasília/DF, 20/06/97.
1997, Entrevista concedida pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso,
Palácio do Planalto, Brasília/DF, 01/09/97.
1997, Entrevista Concedida pelo Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
no Encontro com Jornalistas do Projeto “Jornalista Amigo da Criança” – Andi,
10/10/97.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (1996), Carta das Nações Unidas
SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS (1994), Workshop sobre Defesa Nacional.
Brasília: SAE, Documento de Trabalho nº 16.
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E COORDENAÇÃO DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (1992), Diretrizes para Ação de Governo.
ALMEIDA, Maria José Machado. “Harmonização Curricular entre as Escolas de Alto Nível
das Forças Armadas”. Rio de Janeiro, Dissertação ESG (Mimeo TE-96, DAM), 1996.
ANTUNES, Luiz Roberto Fragoso (1996), “Força de Pronto Emprego na Amazônia: Análise
sobre sua Constituição”. Mimeo. TE-96, DAM.
AZEVEDO, José Cosme de (1994), “Criação do Ministério de Defesa”. Mimeo TE-94, DAM.
CARRAZZA, Mário (1994), “A Hegemonia Econômico-Militar dos EUA”. Mimeo TE-94,
DAInt.
COMBER, Michael Thomaz (1996), “Sistema de Proteção da Amazônia – SIPAM/Sistema de
Vigilância da Amazônia – SIVAM”. Mimeo TE-96, DAM.
CORDEIRO, Pedro Josino (1992), “A Expressão Militar ante a Evolução da Arte da Guerra
44
na Nova Ordem Mundial”. Mimeo TE-92, DAM.
CORTÊS, Marcos Henrique (1995), “O Panorama Geopolítico Mundial e as Perspectivas para
o Brasil Rumo ao Terceiro Milênio”. Mimeo TE-95, DAInt.
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (1993), Manual Básico, Rio de Janeiro: ESG.
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (1994), Concepção Política Militar. Rio de Janeiro: ESG
(Mimeo TGM-2/94, DAM).
GROMORI, Vasconcellos de Andrade (1993), “Adequação da Política Militar Brasileira”.
Mimeo TE-93, DAM.
LEITE, Carlos Alberto de Carvalho (1989), “As Despesas Militares e o Orçamento da União”.
Mimeo TE-89, DAM.
PEREIRA, Carlos Roberto de Oliveira (1995), “As Despesas Militares e o Orçamento da
União”. Mimeo TE-95, DAM.
ROSA, Márcio da Silva (1996), “As Despesas Militares e o Orçamento da União”. Mimeo
TE-96, DAM.
ROSA, Márcio da Silva (1996). “As Despesas Militares e o Orçamento da União”. Rio de
Janeiro: Dissertação ESG (Mimeo. TE-96, DAM).
SANTOS, Professor Luiz Carlos de Albuquerque (1995), “A Modernização das Forças
Armadas dos Países do Cone Sul”. Departamento de Estudos, Leitura Sugerida 504-95.
SILVA, Cleonilson Nicácio (1996), “MERCOSUL: a Integração e a Celebração de uma
Aliança Militar Sul-Americana”. Mimeo TE-96, DAM.
VILARINHO, Paulo Ferreira (1996), “Mercosul como Estratégia de Segurança Nacional para
a Amazônia”. Mimeo. TE-96, DAInt.
45
46
PARTE II – AS DIMENSÕES FÍSICA
E TECNOLÓGICA
Por Érico Esteves Duarte
47
Os Instrumentos da Guerra
Forças Terrestres
113
DUNNIGAN, James F.; How to make War. Quill – Nova York , 1993, p. 27.
48
Nesta seção do trabalho serão apresentados os principais componente das forças
terrestre atuais. São elas: a infantaria, tanques e artilharia. Antecipadamente, será
apresentado como as principais forças terrestres mundiais estão organizadas.
Devido à crise do fim da década passada, a ex-URSS passa por uma vertiginosa
e, por vezes, desregulada redução de suas forças. E conta atualmente com menos
de 100 divisões:116 é dito “apenas” porque durante o auge da Guerra Fria, a
URSS tinha em suas mãos entre tropas ativas e reservistas 200 divisões!117
114
DUNNIGAN, James F.; Ibdem., p.54.
115
DUNNIGAN, James F.; Ibdem., pp. 54-55..
116
SIPRI Yearbook 97. Military Expendure.
117
DUNNIGAN, James F.; Ibdem., p. 54.
49
Como será comprovado e dito várias vezes durante esse trabalho, as forças
ocidentais são mais bem treinadas e mais bem equipadas, no entanto, tendo em
mente o contexto de Guerra Fria e de uma suposta guerra convencional, seria de
alguma maneira possível vencer uma força armada de 200 divisões, sendo que
cada uma divisão soviética/russa tem 13.400 homens? Somando-se a isso, as 57
divisões que possuíam os países do Leste Europeu?
Como nas forças russas, o Ocidente tem tido o seu contingente diminuído de
maneira constante (ver tabela em abaixo). Tal diminuição tem desencadeado
várias atribulações políticas nos países, envolvendo a discussão sobre o
relacionamento entre orçamento e o preparo futuro das forças armadas. Essa
discussão (como será apresentada na última parte deste ensaio) também tange à
idéia de uma revolução nos assuntos militares.
Outra característica nas Forças ocidentais é o número cada vez maior de países
transformando suas forças de conscritos (alistamento obrigatório) por forças de
voluntários. As vantagens dessa mudança são: ter uma força mais capaz, redução
dos gastos com treinamento e menos complicações em caso de redistribuição de
pessoal por razões orçamentárias. A desvantagem é nem sempre conseguir
119
The Military Balance 96/97, p. 23.
51
ocupar as vagas necessárias para preenchimento de quadro.120
Diminuição dos Efetivos das Forças Armadas dos Países-Membros da OTAN (em milhares de soldados)
País Ano
1992 1993 1997*
Bélgica 91 91 40
Canadá 84 80 76
Dinamarca 29 28 15
França 432 411 371
Alemanha 447 408 300
Grécia 159 159 159
Itália 354 325 297
Luxemburgo 0,8 0,8 0,89
Holanda 91 74 70
Noruega 33 29 25
Portugal 58 58 Sem informação
Espanha 217 201 170/190
Turquia 560 480 360
Inglaterra 293 259 241
Estados Unidos 1,914 1,730 1,355
Fonte: The Military Balance 93/94, p.33.
Infantaria
A infantaria é a unidade militar mais antiga e que irá sempre persistir, mesmo
nos dias de hoje quando se prega um mundo dominado pelas forças econômicas.
Diante as novas dimensões que enfrentam as forças armadas das grandes
potências, responsáveis por operações de paz e intervenções, e as características
dos conflitos regionais buscando autodeterminação e mais suas complexas
particularidades políticas fazem a infantaria ter a sua importância enaltecida.
Sem mencionar que em algumas condições de terreno como montanhas, pântanos
e florestas tropicais, não importa o que se consiga através da tecnologia, apenas a
infantaria é capaz de combater.
120
The Military Balance 93/94, p.33.
52
causas de fatalidade de tropas era quando as tropas eram submetidas a regiões
desconhecidas e se perdiam. O GPS é um sistema que inovou contra esse mal.
Baseia-se em um dispositivo manual e portátil que recebe periodicamente sinais
de satélite com informação de coordenadas. O dispositivo em mãos do soldado
não emite sinais (para não ser detectado pelo inimigo), apenas recebe.
Na Guerra do Golfo, o sistema ainda não estava completo, contando apenas com
13 satélites e não sendo o “serviço” oferecido o dia inteiro. No entanto, logo após
o término desse conflito, foi feito a solicitação de uso desse equipamento por 11
países aliados da OTAN. Atualmente, são duas empresas privadas que gerenciam
a comercialização do sistema de navegação GPS: a Trimble Navigation e a
Magellon Systems Corporation. Já existe há algum tempo um modelo comercial
portátil do tamanho de um rádio de carro custando em torno de 3.000 dólares.121.
A mira laser é uma outra inovação mais ou menos recente que oferece ao atirador
uma indicação precisa de aonde haverá o impacto do tiro em uma distância de até
800 metros. Com o mesmo fim da mira laser, mas para uso noturno ou em
péssimas condições de tempo, existem aparelhos de visão térmica para rifles com
uma capacidade de 400 a 1.000 metros, dependendo das condições.122
121
ANSON, Peter e CUMMINGS, Dennis; The First Space War. In The First Information
War. AFCEA International Press - Fairfax, 1992, pp. 126-127.
122
DUNNIGAN, James F.; Ibdem., pp.44-45.
53
situações reais; detectores de minas mais precisos e armas mais leves e
fulminantes 123. Devido a todos a esses avanços, a principal tendência nas
unidades de infantaria do mundo é a sua redução, porém aumento da eficácia. A
redução deve-se, também, ao encarecimento do preparo e equipamento das tropas
com a maior complexidade e custo de manutenção dessas novas tecnologias. A
redução de ameaças e insuficiência de manter-se o nível de despesas em assuntos
militares, da mesma forma, tem sido decisivo. Os EUA, por exemplo, de 18
divisões que seu exército possuía na Guerra Fria, tiveram 8 desativadas. 124
Armamento País Calibre (mm) Tiros por minuto Alcance (m) Aplicação
FN/G3 Alemanha 7,62 75 800
AK-47/M Rússia 7,62 90 400 Rifle padrão de
M-16A1 EUA 5,56 80 600 infantaria.
AK-74 Rússia 5,45 100 500
MG3 Alemanha 7,62 200 1200
M-60 LMG EUA 7,62 200 1200 Metralhadoras
PKM Rússia 7,62 200 1200 leves
123
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldier. St. Martin Press - Nova York, 1996, pp. 37-39.
124
The Military Balance 96/97, p.15.
54
RPK Rússia 7,62 120 800 Versões pesadas
RPK-74 Rússia 5,45 120 600 de rifles de assalto
SAW EUA 5,56 200 800
Fonte: DUNNIGAN, James; How to Make War, pp.62.
Infantaria no Brasil
Brigada de infantaria blindada: cada uma com 2 batalhões de infantaria, 1 de blindados e 1 de artilharia;
Brigada de infantaria motorizada: 26 batalhões;
Brigada de montanha;
Brigada de selva: 14 batalhões;
Brigada de fronteira: 6 batalhões;
Brigada de pára-quedistas: 2 batalhões;
Brigada de infantaria leve: 20 helicópteros de combate HA-1 “Esquilo” e 16 HM-1 “Pantera” (não se
tem o número de batalhões).126
125
Revista do Exército Brasileiro. Centro de Comunicação Social do Exército - edição 1997,
p. 18.
126
The Military Balance 96/97, p.142.
127
O EB tem uma nomenclatura específica que usa parênteses para apresentar suas unidades
55
2 Batalhões de infantaria (pode variar dependendo do emprego); 1 companhia (esquadrão) de cavalaria;
1 batalhão ( grupo) de artilharia de campanha;
1 companhia (bateria) de artilharia antiaérea;
1 companhia de comunicações;
1 companhia de engenharia;
1 batalhão logístico;
1 pelotão de polícia do exército;
1 companhia de comando de brigada.
Fuzil standard: FAL (fuzil de ataque leve) 7,62 mm e fuzil tipo OTAN de 5,62 mm (ambos de origem
belga produzidos sob licença);
Morteiros médios e pesados de 60, 81, 107 e 120 mm de origem tanto européia quanto nacional;
Metralhadora leve de calibre 7,62 mm MAG (metralhadora de ataque a gás – de mesma origem dos
fuzis);
Lança foguetes anti – tanque portáteis Eryx (francês). Recentemente, foram adquiridos foguetes anti-
tanque de origem russa para a unidade de brigada leve.
Foi a primeira vez que o Brasil adquiriu um equipamento fabricado no Oriente 129.
Tanques
A Rússia tem por característica dar ênfase na potência do motor, grandes canhões
e uma espessa armadura. No entanto, não desenvolveram um sistema de tiro tão
bom como dos tanques ocidentais. Economizam em espaço interno e conforto
para a tripulação, mas gastam muito na quantidade que produzem cada modelo.
Isso acontece por ter a Rússia uma estratégia de guerra essencialmente terrestre.
Segundo suas tradições e história militar, dão prioridade às forças terrestres e à
quantidade, com apenas o estritamente necessário em qualidade.
de artilharia e cavalaria.
128
Como na tabela das forças estrangeiras, é descrito o equipamento padrão. Unidades de
comando e de elite utilizam equipamento de origem e fabricante diferentes e qualidade
superior.
129
SIPRI Yearbook 97.
130
DUNNIGAN, James F.; How to Make War, pp. 87-90.
56
blindada resistente, conforto à tripulação e avançados sistemas de controle de
tiro. Já a Alemanha tenta aplicar uma “filosofia” intermediária entre as duas
anteriores: alto poder de fogo, qualidade do equipamento e velocidade,
permitindo-se menor atenção em peso e proteção.
131
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldiers, p. 68.
132
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldiers, p. 69.
57
contrapartida, o exército norte-americano, pensando em proteções de tanques
resistentes, desenvolveu projéteis penetrantes de alta velocidade que têm como
característica atravessarem todo o casco do veículo de extremidade à
extremidade. Estes projéteis possuem um revestimento que se aproxima de uma
proteção de armaduras múltiplas dos tanques e sua ponta é de urânio enriquecido
– material mais denso do mundo.
Rússia e os EUA tinham grandes projetos em relação a tanques para o futuro com
mais e melhores sensores, canhões maiores e outras inovações. Todos foram
colocados de lado com o final da Guerra Fria. Como dizem alguns especialistas:
“terão que esperar até a próxima competição armamentista”.
Nome País Alcance Peso Vel. Sistema de mira Canhão Alcance do Ano
(Km) (ton.) Máx. principal disparo (m)
(Km/h) (mm)
T-88 Rússia 400 42 60 Laser 125 3;000 1981
T-64 Rússia 400 42 60 Laser 125 3;000 1971
T-70 Rússia 500 40 60 Laser 125 2.000 1972
T-62 Rússia 480 37 60 Taqueométrica 115 1.500 1952
T-55 Rússia 300 36 50 StadiaG 100 1.000 1957
PT-76 Rússia 260 14 44 StadiaG 76 1.000 1955
M-1 EUA 560 58 72 Laser 105 4.000 1981
M-1A1 EUA 560 67 67 Laser 120 4.000 1986
M60A1 EUA 300 48 48 Laser 105 3.000 1977
M48A5 EUA 290 47 48 Óptica 120 2.500 1976
Leopard II Bélgica 350 50 68 Laser 105 3.500 1978
LeopardI Bélgica 375 40 65 Óptica 105 2.500 1965
AMX-30 França 400 36 65 Óptica 105 2.500 1967
S-Tank Suécia 250 39 50 Laser 105 3.000 1968
Merkava Israel 320 60 58 Laser 105 3.000 1978
Type 59 China 300 36 50 StadG 105 1.000 1957
Type 69 China 430 38 58 Laser 105 3.000 1962
Fonte: baseado em dados de DUNNIGAN, James; How to Make War, pp.96-97.
Notas sobre a Tabela – Sistemas de mira: StadG: equipamento que mede a linha de estadia até o alvo.
Linha de estadia é um sistema de medida que corrige a posição do disparo d a força gravitacional sobre
trajetória do projétil; Mira taqueométrica: realiza a mesma correção da anterior por cálculos da
taqueometria; Óptica: realiza a correção de mira através da junção de imagens de duas lentes objetivas,
semelhante às câmeras de fotografia; Laser: equipamento computadorizado disponibiliza a posição de
disparo certeiro através do cálculo do tempo que leva uma faixa de luz laser para atingir o alvo e o seu
reflexo retornar ao tanque em posição de disparo.
Tanques no Brasil
Apesar de ter projetado um dos melhores tanques do mundo, o Osório, nosso país
tem se mostrado atrasado em relação a este sistema de arma. Até pouco tempo,
não possuíamos tanques principais de batalhas, apenas tanques leves (utilizados
58
em missões de reconhecimento, apoio e específicas operações de assalto), diga-se
de passagem, com modernos sistemas de mira e controle de tiro.
Artilharias
133
PESSOA, “Desenvolvimento Conjunto de Equipamentos e Sistemas de Armas para as
Forças Armadas: Óbices e Possibilidades”. Rio: ESG, 1990, Anexo C.
134
DUNNIGAN, James; How to Make War, pp.120-121.
59
Por longo tempo, os avanços tecnológicos da artilharia ficavam por conta da
metalurgia e química. Mais recentemente, é a eletrônica que tem mais
contribuído para melhorar a pontaria, a eficiência destrutiva dos projéteis, a
agilidade no pronto emprego e o preparo do equipamento. A eletrônica está
presente nos projéteis e nos sistemas de balística e mira das armas.
135
LAUR e LLANSON, Encyclopedia of Modern US Military Weapons, p. 276.
60
203 2S7 Rússia 30 1 Autopropul. 30
203 M110A2 EUA 29 0,5 Autopropul. 28,2
220 BM-27 Rússia 40 1 Autopropul. 22,7
227 MRLS EUA 30 12 Autopropul. 25
240 2s4 Rússia 9,7 1 Autopropul. 32
Fonte: baseado em dados de DUNNIGAN, James; How to Make War, pp. 124 e LAUR, TimothyM. E
LLANSO, Steven L.; Encyclopedia of US Modern Weapons, pp 237-75.
Artilharia no Brasil
O Brasil possuí uma significativa artilharia, além dos batalhões que operam
conjuntamente às brigadas de infantaria, cavalaria e blindados, ainda existem 28
batalhões (ou grupos) extras para serem somados em caso de agravamento do
conflito e mais uma formação de artilharia denominada artilharias divisionárias.
Estas últimas são unidades para salvaguarda de regiões fronteiriças e litorâneas
(composta por artilharia de 57, 75, 120, 150, 152 e 305 mm – sem ficha técnica e
dados sobre a origem). Recentemente, novas peças autopropulsadas foram
compradas e as mais antigas ganharam controle de tiro computadorizado.
Aeronaves
136
O L-118 é uma versão atualizada do Model 56 105 mm.
137
The Military Balance 96/97, p.142.
138
PESSOA, “Desenvolvimento Conjunto de Equipamentos e Sistemas de Armas para as
Forças Armadas: Óbices e Possibilidades”. Rio: ESG, 1990, Anexo C.
61
veículos aéreos não tripulados) e Drones (aeronaves robôs sem interferência
humana). Esses aviões têm sido usados desde a década de 60 para se evitar a
perda de caças de reconhecimento e vidas de pilotos para áreas de defesa inimiga
fortemente preparada. Eles têm sido a alternativa mais razoável para países que
não podem arcar com os custos e complexidade de operação de um avião espião
como o U-2.139 Os mais modernos UAV são feitos com material composto, por
isso com pequena silhueta em radares. Devido a propulsores de baixa potência
(24 a 115hp), deixam um rastro de calor fraco e baixo ruído o suficiente para não
serem perceptíveis a mísseis orientados por infravermelho. Suas dimensões
reduzidas e capacidade de voar a altas altitudes de operação impedem qualquer
contato visual. Por essas razões, são de difícil intercepção por forças inimigas.140
O desempenho de tais máquinas tem sido tão grande que os países já estudam a
possibilidade da evolução dos UAV para UACV (Unmanned Aerial Combat
Vehicle – veículos não-tripulados para combate). Seriam pilotados de um centro
de execução conectados por satélites de comunicação e fibras ópticas de alta
velocidade.. Aviões não tripulados para combate proporcionariam economia de
espaço e além das vantagens difícil detecção, acima já mencionadas,
proporcionaria a ampliação das capacidades dos caças em termos de velocidade e
manobrilidade, já que a tolerância dos pilotos vêm chegando ao seu limite.
Menciona-se velocidades hipersônicas (12-15 Mach) e capacidade de aceleração
a 20 g (os caças atuais chegam a 9+ g).142 O tipo de missão que os aviões de
combate têm surpreendido o mundo são os de ataque ao solo devido à precisão e
letalidade das operações. Tal eficácia foi alcançada por meio de inovações e
alterações em vários aspectos de um avião de combate. Estão cada vez mais
139
Até os EUA têm aposentado seus aviões espiões, restando apenas 5 SR-71 Blackbird.
140
PORTENGY, Silvio; Vigiando com Segurança. In: Força Aérea. Set/Out de 1998, p. 106.
141
PORTENGY, Silvio; Vigiando com Segurança. In: Força Aérea. Set/Out de 1998, p. 110.
142
LAMBETH, “The Technology Revolution in Air Warfare”, pp. 67-68.
62
leves, através da aplicação de compostos de fibra de carbono, fibras sintéticas,
ligas de alumínio, litío e titânio de alta performance. Essa obsessão por uma
maior leveza do avião tem em mente o transporte de mais combustível, armas e
maior liberdade de manobra aérea.143
Outro recurso que tem aplicado para aumentar a manobrabilidade dos aviões é o
desenvolvimento de estruturas aerodinâmicas instáveis. A estabilidade é mantida
graças a um microprocessador que, automaticamente, envia inúmeros comandos
aos flaps. Novos controles de vôo por computadores e sistemas operantes
baseados em transmissão elétrica e luz tornaram os novos aviões capazes de
realizar missões em qualquer condição de tempo e hora do dia, aumentando a
facilidade de uso, a velocidade e eficiência dos comandos e a durabilidade do
equipamento. Isto se explica pelo fato de que fibras ótica e outros tipos de cabos
são melhor protegidos e conservados do que sistemas mecânicos e hidráulicos.
143
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldiers, p. 55.
144
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldier, p. 56.
145
DUNNIGAN, James F;. Ibdem, p.56.
63
mais básicos e rotineiros, informando-os, logo após, ao piloto por voz humana.
Da mesma forma, diversos comandos que eram realizados pressionando-se
botões, passaram a ser possíveis oralmente. Esse sistema de computadores
também coleta e analisa constantemente dados de sensores instalados em
diversos pontos do avião.146 Lembrando a tecnologia dos tanques mais
avançados, o piloto associado oferece análises e conselhos sobre melhor maneira
de agir em determinadas missões e situações. É armazenado dentro da memória
de um dos computadores com inteligência artificial as experiências de “ases” da
aviação em situações críticas semelhantes. Se um avião inimigo é avistado, o
computador indica a melhor manobra a ser realizada. Se o avião for atingido,
relata as opções possíveis de emergência.
O JSF tornar-se-á uma família comum de aviões que reporá diversas forças,
tendo alterações segundo a prioridade de cada uma delas. Os Marines dos EUA e
Marinha Real Britânica desejam um JSF com jatos adicionais para pouso
vertical, enquanto a Força Aérea americana usará o espaço para mais
148
DUNNIGAN, James F. Hoe to Make War, p. 169.
149
DUNNIGAN, James F. Hoe to Make War, p.172.
65
combustível, por exemplo. O JSF substituiria até cinco aviões da Força Aérea
americana (F-16, A-10, F-111, F-117A e F-15), um da Marinha (A-6), dois dos
Marines (AV-8B Harrier e F/A-18) e toda a esquadrilha da Marinha Real
Britânica (Sea Harrier). Terá ainda a participação da Noruega, Dinamarca,
Bélgica e Holanda; caso bem sucedido, atrairá outros países europeus. O projeto
provocará a mais acirrada competição entre as empresas americanas de defesa já
visto, pois a empresa que vencer o contrato de produção será, provavelmente, a
única companhia dos EUA a vender aviões de combate após 2015.150
Sistema de Monitoramento
A Força Aérea norte – americana, tendo em vista o sucesso que esses aviões
fizeram na Guerra do Golfo, fechou um contrato no valor de $1,1 Bilhões de
dólares com as empresa Lokcheed Martin, Boeing e TRW para construção de
uma nova arma de defesa contra mísseis balísticos - o Airbone Laser ou ABL.
Este é um sistema bélico montado em um Boeing 747- 400 que tem a capacidade
de atravessar oceanos sem reabastecer e poder ficar em vôo durante horas em
alturas superiores a 10.000 pés. Esse último Airbone, além da capacidade de
monitoramaneto, terá a capacidade de detectar o lançamento de mísseis balísticos
e derrubá-los, utilizando-se de um inovador e poderoso sistema de disparo à
laser. Tem-se o objetivo de sempre derrubar o míssil inimigo em seu território,
primeiro, porque é o território inimigo e, em segundo lugar, porque a fase de
lançamento é o momento mais vulnerável deste tipo de míssil.
150
Strike Fighter. In Air Force Magazine – Outubro de 1996.
151
SWALM, Thomas; Joint Stars in Desert Storm. In The First Information War, pp. 167-170.
66
Este é o tipo de arma que não ficará guardada somente para ser usada em
momentos de conflito. Assim, como os outros Airbones de monitoramento, ficará
disponível e, sempre que possível, sobrevoando o território norte - americano e
de aliados como Europa e Israel.152 Notadamente, a Forças Aérea norte-
americana é a mais poderosa do mundo e, assim, permanecerá por muito tempo,
apesar de ser a Força Aérea de Israel a mais bem sucedida de todas as forças
mundiais em combates aéreos. Na tabela abaixo, é demonstrado as principais
mudanças que os Estados Unidos aplicará a sua força aérea.
Fonte: BAKER, James; The American RMA [Revolution in Military Affairs] Force: na Alternative to the QDR
[Quadrennial Defense Review]. In: Strategic Review. Summer 1997, pp. 27-28.
* Aviões de reconhecimento da Marinha norte-americana.
Helicópteros
Modernos helicópteros de combate são um luxo para poucos países, embora sua
152
Lockheed Martin Press Release - 12 de Novembro de 1996.
67
capacidade de destruição e eficiência em missões sejam elevadas. Como na
maioria das vezes, EUA e Rússia disputam os mais avançados modelos, enquanto
outros países têm tido sucesso no desenvolvimento e aplicação em outras áreas
possíveis de aplicação de helicópteros. A França produz bons helicópteros de
transporte e a Inglaterra destaca-se em helicópteros para guerra anti-submarina.
Nome País Alcance Ano Peso Máx Vel. Máx. Carga míl. de
(Km) (ton.) (Km/h) empuxo
Bombardeiros
68
A-7 EUA 550 1966 19 1.035 0,55
TU-22 Rússia 2.500 1974 130 2.312 0,79
TU-142 Rússia ? 1955 188 800 0,67
MIg-27 Rússia 400 1973 20 1.955 0,54
A-4 EUA 500 1960 20 1.058 0,80
AV-8A Inglat 400 1959 11 1.035 0,59
Alpha Holanda 520 1979 8 978 0,54
SU-17 Rússia 600 1972 18 2.415 0,44
F-104 EUA 1.200 1958 14 2.530 0,77
TU-16 Rússia 1.500 1955 75 886 0,45
Helicópteros
Fonte: baseado em DUNNIGAN, How to Make War, pp.184-5; Aviões de Caça, 1991; Revista Força Aérea
Set/Out 1998, pp. 104-111; e LAUR e LLANSON, Encyclopedia of US Modern Military Weapons; pg. 54-152.
Notas: Carga de empuxo militar é razão entre o peso total e área da asa. È principal referência em
relação a manobrilidade do avião. Teoricamente quanto menor sua razão, maior sua agilidade. * Israel possui
ainda: Hunter, Ranger e Eye View. A África do Sul utiliza um modelo nacional chamado Seeker – todos sem
dados técnicos fornecidos. Comentário sobre a tabela: a tabela acima tem uma função muito mais ilustrativa que
comparativa. Embora tenham sido usadas várias categorias, elas não são as únicas e nem estas são suficientes ou
exatas. Existem muitas outras variáveis que normalmente não são apresentadas em fichas técnicas ou que não
são totalmente quantificáveis, mas que afetam o desempenho de um avião. Por exemplo, coeficiente de atrito,
alterações do material devido variações de pressão, razão empuxo/peso e etc. Dados sobre a capacidade interna
69
de combustível não são fornecidos, sendo esse dado fundamental na comparação de modelos.
A Força Aérea possui os caças Mirage III, que brevemente serão aposentados, e
F-5E. Recentemente, foram integrados o AMX e o ALX, produzidos pela
EMBRAER, (o primeiro em cooperação com as empresas italianas Alenia e
Aermacchi). O AMX foi uma renovação à força e um esforço em capacitar a
indústria nacional em aviônica (controle de tiro, controle de bordo e sensores).
De forma a ser o AMX o melhor caça da Força nesse critério, além de sua
avançada tecnologia em guerra eletrônica, radares e tecnologia stealth. É um
avião subsônico para ataque ao solo em qualquer tempo. Já o ALX/Super Tucano
é uma versão avançada e para combate do avião Tucano. Está em fase final de
testes e contará com relativamente avançados sistemas de GPS, HOTAS, HUD e
capacidade para operações noturnas. A Aeronáutica já requisitou 100 deste avião
para vigilância da Amazônia e combate ao uso ilegal do espaço aéreo
brasileiro.153
153
ALX: A Nova Revolução. In: Revista Força Aérea. ano 3, no 10, mar/abril de 1998.
70
capacidade de combate contra forças aéreas navais inimigas, ou de provocar
grandes danos a própria força naval inimiga. Além disso, a Aeronáutica já supriu,
satisfatoriamente, a necessidade de caças de ataque ao solo com o
desenvolvimento e aquisição de caças de ataque ao solo AMX.
Modelo País Alcance (Km) Peso máx. (ton.) Vel. Máx. (Km/h) Quantidade
AMX(A-1) Brasil/Itália 809 13 1160 55
ALX Brasil N7D 4,9 593 100**
AT-26 Xavante Brasil 1.850 5,6 867 86
A-4 Skyhawk EUA 1.500 5,7 1.058 28
BMB-120 AEW Brasil 2.460 16,9 833 8
Super Puma França 635 8,7 280 16
AS-350e 550 Brasil* 721 2 224 53
AS-355K Pantera Brasil* 150 2 200 36
UH-60 Blackhawk RUA 370 10,9 361 4
UH-IH EUA 493 1,7 204 9
SH-3D/H Sea King EUA/Itália 1.130 8.449 267 13
Super Lynx Mk 21A Inglaterra N/D N/D N/D 14
Fonte: Flap Internacional. Número 310 ano 35 e site da Marinha e Aeronáutica na Internet.
* Helicópteros produzidos no Brasil sob licença francesa.
** Número pedido.
Força Naval
Os navios são, até hoje, os aparatos bélicos mais complexos e com mais alto
nível tecnológico. A sua disposição de combate tem sido firmada diante as
experiências que os países adquiriram através dos anos e, principalmente, da I e
II Grandes Guerras Mundiais. Os Estados Unidos mantém-se líderes absolutos
sob as águas desde a crise da ex-União Soviética, embora alguns países da
Europa tenham uma tradição naval mais longa. Na Guerra do Golfo, o
desempenho esperado pelas forças navais norte-americanas não foi alcançado.
Apesar disso, como o resultado final foi a vitória, questionamentos e avaliações
iniciais não surtiram efeito. Muito tem sido aplicado e generalizado em torno da
guerra naval, mesmo que testes reais - as guerras - não aconteçam há 50 anos.
Dessa maneira, muito leva a crer que nenhum dos dois estilos predominantes (o
71
russo e o norte-americano) é completamente imbatível.154
Mesmo o declínio militar russo sendo evidente, seu estilo de combate naval irá
persistir entre os países ex-membros do bloco socialista, países do Terceiro
Mundo e até alguns países desenvolvidos do Ocidente. Ele se baseia em uma
grande quantidade de navios, principalmente pequenos, muito bem armados mas
com poucos técnicos e peças sobressalentes; possuem melhor propulsão e maior
capacidade de permanência em alto-mar que a maioria do mesmo gênero. Apenas
15% de sua força naval fica ativa. O estilo russo é construído sobre a idéia de ter
a iniciativa e combates intensos e decisivos. Já os navios de guerra ocidentais
possuem melhores sensores, computadores e conforto. Sua tripulação é mais bem
treinada e, em sua maioria, mantidos no mar o maior tempo possível. Isto é
corroborado pela maior porcentagem de navios mantidos nos mares: 35%. 155
O desejo permanente dos homens que lidam com a guerra naval é a diminuição
da tripulação. Os navios são peças de guerra que, necessariamente, passam
longos períodos em missão isolados. Os custos de formação e de manutenção de
marinheiros são muito elevados, devido ao grande número deles necessário, à
alta complexidade de operação e à diversidade de atividades de um navio
moderno de combate. A redução da tripulação, também, possibilita a redução das
dimensões do navio, o que significa economia. O maior esforço em solucionar
essas questões está na, cada vez maior, automatização das belonaves.
154
DUNNIGAN, James F.; How to Make War, p.229.
155
DUNNIGAN, James F.; How to Make War, p. 218.
156
DUNNIGAN, James F.; Digital Soldiers, p.84.
72
radares.157
157
DUNNIGAN, James.; Digital Soldiers, p.87.
158
DUNNIGAN, James.; Ibdem, pp. 89-91.
159
DUNNIGAN, James.; How to Make War, p.159.
73
Canhões País Alcance Calibre (mm) Tiros por Plataforma
(Km) segundo
Phalanx EUA 2 20 75 S
ADMG-630 Rússia 2 30 40 S
ZSU-30 Rússia 4 30 40 S
ZSU-23 Rússia 3 23 65 S
ZSU-25 Rússia 6 57 4 S
Vulcan EUA 2 40 50 S
Emerlec EUA 10 30 11 S
Mk75 EUA 16 75 1 S
Mk42 EUA 21,8 127 -1 S
Torpedos Peso (libras) Velocidade (m/s)
SUBROC EUA 55 400 400 U
ASROC EUA 10 959 400 S
Mk50 EUA 11 800 30 S,A
Mk48 EUA 50 3.500 25 U
Mk46 EUA 11 565 25 S,A
Mk37 EUA 18 1.700 12 S,A
MBU 1200 Rússia 1,2 400 200 S
MBU Rússia 6 500 200 S
Fonte: DUNNIGAN, James; How to Make War. pp204-205 e p242; e LAUS, Timoth M. & LLANSON,
Steves L.Encyclopedia of Modern Us Military Weapons. Pp168-175 e pp297-299.
Notas: S: navio, U: submarino. A: avião ou helicóptero.
Categoria Qte. Comprime Peso Velocida- Alcance Canhões Aero- MAS MSS TT
nto (m) (mil ton) de (Km/h) (mil Km) naves
EUA
N 74 101 6 68 200 0 0 0 5 5
M 23 151 12 45 200 0 0 0 20 4
A 12 292 68 51 84 4 65 3 0 0
D 101 135 4 50 8 1 2 1 1 9
Rússia
N (N) 49 122 7 60 200 0 0 0 5 6
N (D) 19 77 2 38 28 0 0 1 0 7
M 10 180 14 44 200 0 0 0 17 6
A 5 297 52 61 112 14 48 6 12 30
B 2 247 23 58 200 10 2 13 20 14
C 38 159 8 59 11 7 1 4 2 36
D 13 136 4 60 8 7 0 4 2 33
E 106 66 1 59 6 4 0 1 2 10
França
M 5 133 12 40 9,26 0 0 0 0 4
N 12 64 1,5 50 11 0 0 0 4 6
A 3 261 40 47 N/D 2 42 2 0 0
D 40 143 6 47 26 6 1 1 6 5
E 36 95 3 34 11 4 0 0 3 4
Inglaterra
M 2 149 16 N/D N/D 0 0 0 0 Sim
N 12 83 5 N/D N/D 0 0 0 1 5
A 3 210 20 N/D N/D 2 20 1 0 2
D 35 137 3 N/D N/D 1 1 2 4 4
E 32 72 3 N/D N/D N/D N/D N/D N/D N/D
74
Alemanha
N 17 N/D 0,5 17 N/D 0 0 0 1 9
D 14 N/D 4 30 N/D 1 2 1 1 5
E 36 N/D 0,4 30 N/D 1 0 1 1 1
Fonte: DUNNIGAN. How to Make War, pp.232-235 e websites: Marinha de França, Alemanha e Inglaterra.
Notas sobre a tabela: Tipos de Navios: M: submarinos nucleares com mísseis estratégicos; N: submarinos
convencionais ou a propulsão nuclear para combate convencional; N (D): são os submarinos russos dotados de
mísseis cruise; A: porta-aviões; B: navios de grande porte para missões independentes; C: navios de classe
Cruzeiro, menores que os anteriores mas, geralmente, especializados em certas operações (guerra anti-
submarino, anti-ataque aéreo, escolta e etc.); D: usados para escolta de navios mercantes e operações diversas de
combate; E: navios de patrulha costeira.
Aeronaves incluem tanto aviões como helicópteros; MSA significa sistemas de lançamento de mísseis
superfície-ar; MSS refere-se a sistemas de mísseis superfície-superfície; TT é o número de tubos de lançamento
de torpedos e minas; Sim é colocado quando não se conseguiu determinar o número exato; Hífens foram usados
quando não se conseguiu dados. * - Os números referidos aos equipamentos são médias de cada categoria. Não
são incluídos na tabela navios de menos de 400 toneladas, anfíbios, navios mineiros e lanchas.
A Marinha Brasileira é, das três forças, a mais antiga e talvez a mais bem
preparada. Vem aplicando uma grande modernização de sua frota desde o
começo da década. A maior ênfase tem sido dada às fragatas, corvetas,
submarinos e navios patrulha, embora o aeródromo ligeiro Minas Gerais tenha
passado por uma ampla reforma. Muito esforço tem sido aplicado na capacitação
em submarinos convencionais e à propulsão nuclear (todos os submarinos do
Brasil foram importados ou produzidos sob licença) com vistas à fabricação de
um totalmente nacional. A Marinha tem se aplicado, ainda, em unidades de
fuzileiros navais e forças especiais anfíbias de pronto emprego, equipadas com
peças de artilharia e carros de combate não similares aos do Exército.
75
Bombas e Mísseis
Guerra Aérea
Mísseis ar-ar País Detecção Alcance Peso (Libras) Velocidade Usado por
(Km) (m/s)
Phoenix EUA Ativa 200 1.008 1.600 F-14
AMRAAM EUA Ativa 100 335 1.200 Vários
AIM-120
Sky Flash Inglaterr Ativa 55 425 1.000 F-4, Tornado
a
AA-12 Rússia Ativa 55 450 1.100 MiG29, Su27
‘AMRAAMski’
Sparrow AIM- EUA Ativa 40 514 1.200 F-4, F-14, F-5,
7F F/A18
Python 3 Israel Passiva 15 268 800 Vários
Sidewinder EUA Passiva 14 190 820 Vários
AIM-9M
Magic R550 França Passiva 10 200 1.000 Várias
Sidewinder EUA Passiva 10 185 820 Várias
AIM-9J
AA-9 Amos Rússia Ativa 100 800 1.100 MiG25,
MiG31
AA-11RH Rússia Passiva 40 440 1.000 MiG29,
Alamo MiG31
AA-10IR Rússia Ativa 15 350 1.000 MiG29, Su27
Alamo
AA-6RH Acrid Rússia Ativa 40 1.700 1.400 MiG25
AA-7RH Apex Rússia Ativa 30 700 1.100 MiG23
AA-6IR Acrid Rússia Passiva 20 1.300 1.400 MiG25
AA-7Ir Apex Rússia Passiva 16 600 1.100 MiG23
AA-8RH Aphid Rússia Ativa 15 200 800 MiG23
AA-8IR Aphid Rússia Passiva 7 120 800 Vários
Sidewinder EUA Passiva 4 159 650 Várias
AIM-9B
AA-3 Anab Rússia Passiva 10 500 800 Su9, Su11,
Su15
AA-2 Atoll Passiva Passiva 7 155 700 várias
160
LORCH, Carlos. Uma Bomba e Bingo: as Bombas Inteligentesda Guerra Moderna. In:
Revista Força Aérea, ano 2, número 7, junho/julho de 97, p.89.
77
Mísseis País Detecção Alcance Peso (Libras) Velocidade Usado por
ar-superfície (Km) (m/s)
Komoran Alemanh Ambos 37 1.320 300 F-104
a
HARM AGM-86A EUA Passiva 20 807 1.200 F-4, A-7
Harpoon EUA Ativa 130 1.498 280 A-6, A-7
Exocet França Ativa 60 1.442 300 F-4
Shrike AGM-45A EUA Passiva 16 400 650 F-4, A-6,
A-7
AlCM AGM-86 EUA Ativa 3.200 3.000 240 B-52
AS-5 Kelt Rússia Ativa 180 7.700 300 Tu16
AS-12 HARM Rússia Passiva 100 1.600 330 Su24
AS-13 Rússia Passiva 70 2.500 300 Su24
AS-4 Replacem Rússia Ativa 800 12.100 1.150 Tu-22M
AS-6 Kingflish Rússia Ativa 250 10.600 800 Tu-22M
AS-11HARM Rússia Passiva 80 1.100 300 Su24
AS-14 Rússia Passiva 12 1.500 600 MiG27,
Su17, Su24
AS-9ARM Rússia Passiva 80 2.200 260 Su24
AS-15 Rússia Ativa 3.000 3.500 240 Tu95
Maverick AGM-56 EUA Passiva 20 462 670 Vários
AS-4 Kicthen Rússia Passiva 300 13.200 400 Tu22M,
Tu22
Paveway EUA Passiva 4 2.100 200 Vários
SRAM AGM-69A EUA Ativa 100 2.240 1.000 B-52
AS-Vikhr Rússia Passiva 20 500 600 Su25
Walley AGM-52A EUA Passiva 4 2.400 200 Vários
AS-10 Rússia Passiva 10 600 200 MiG27,
Su17
AS-7 Kerry Rússia Passiva 10 640 300 MiG27,
Su17
AS-3 Kangaroo Rússia Passiva 650 24.200 550 Tu95
AS-2 Kipper Rússia Passiva 210 9.330 400 Tu16
Fonte: DUNNIGAN, James; How to Make Wa,. pp. 186-187; LORCH, Carlos; Uma Bomba e Bingo!. In Revista
Força Aérea. Jun/jul de 1997; LAUR, , Timoth M. , & LLANSON, Steven L. Encyclopéia of Modern US
Military Weapons. pp-263-264 e pp. 275-289.
Nota sobre a tabela: detecção ativa é usada para mísseis que têm radares próprios e detecção passiva mísseis que
buscam calor e emissões de radares do alvo.
Notas da última tabela: TV: guiagem por imagens de TV, IIR: guiagem por imagens infravermelhas; PII: kit de
guiagem Paveway II; PIII: Paveway III; GPS: navegação através da triangulação de informações
provenientes de uma rede de satélites.
78
Os mísseis de defesa anti-aérea já possuem um nível de desenvolvimento em que
possuem radares e microprocessadores, de tal maneira que quando um míssil
destes, após lançado, detecta um avião ele explode mesmo sem atingi-lo,
calculando a melhor forma possível de provocar dano ou destruir o avião
inimigo. Ao lado disso, mísseis antiaéreos têm sido associados aos radares de
navios e bases antiaéreas por interface. Ou seja, logo após a detecção,
automaticamente os lançadores são acionados. Não são usados apenas contra
aviões e helicópteros, mas, também, contra outros mísseis como o Patriot na
Guerra do Golfo. Incrementando o uso desses mísseis, maior capacidade de
detecção, realizar manobras e computadores com maior poder de precisão e
interpretação dos dados fornecidos por radares são as principais metas nas
instituições militares de pesquisa.
79
SA-7 Rússia 25 4.200 4 70 2 SAN5 Portátil
SA-9 Rússia 50 4.700 7 110 1 não AP
Fonte: DUNNIGAN, James. How to Make War, pp. 204-205. Nota: AP: autopropulsado
Guerra Marítima
Modelo País Alcance (Km) Peso (libras) Plataforma Velocidade Tubo para
de (m/s) torpedo ?
lançamento
SSN-2B Rússia 40 3.500 S 250 N
SSN-2C Rússia 80 6.000 S 250 N
SSN-3B Rússia 450 12.000 S,U 450 N
SSN-7 Rússia 60 7.700 U 250 N
SSN-9 Rússia 120 6.500 S 250 N
SSN-12 Rússia 500 11.000 U 800 N
SSN-14 Rússia 15 3.500 S 300 N
SSN-15 Rússia 40 4.000 U 400 S
SSN-16 Rússia 90 4.000 U 400 S
SSN-19 Rússia 500 10.00 S,U 800 N
SSN-22 Rússia 110 6.000 S 800 N
SSN-25 Rússia 50 2.000 S 300 N
Skipper II EUA 9,7 1.283 A 575 N
Harpoon EUA 110 3.200 A,S,U 280 S
Exocet França 40 1.620 A,S 300 N
Tomahawk* EUA 450 2.700 S,U 240 S
SUROC EUA 55 4.000 U 400 S
ASROC EUA 10 959 S 400 N
161
DUNNIGAN, James.; How to Make War, p.243.
80
* Tomahawk também é usado para ataques ao solo partindo de plataformas marítimas.
Tipos Especiais
Tem sido desenvolvida uma nova série de mísseis inteligentes que são de difícil
alocação entre a categoria formal de artilharia. ou defesa antiaérea. Na verdade,
funcionam como minas. São fixados sob solo e dotados de sensores próprios e,
dependendo de sua sofisticação, podem atingir de carros blindados até
helicópteros. Nesse estilo, existe o SADARM (Sense and Destroy ARMor) que
consiste em um míssil penetrante inteligente com um sensor termal que realiza
uma varredura constante em um raio de 100 metros. Após um alvo ter sido
detectado, um sistema lançador atira o míssil de sua “toca” e, logo depois, o
míssil segue seu alvo pelos seus próprios sensores. Por sua vez, o WAM (Wild
Area Mine) possui as mesmas características do SADARM, a não ser por seus
sensores serem de som e vibração, conseguindo diferenciar um carro de passeio
de um tanque de combate graças a uma biblioteca armazenada na memória de seu
microprocessador. Variações do WAM para ação anti-helicóptero também são
possíveis. Há ainda o BAT (Brilliant Antiarmor Submunition), um modelo
sofisticado do SADARM com capacidade de altitude e de manobras aéreas
maior, devido anéis em sua fuselagem com função de flaps de avião. É um míssil
com maior poder de varredura e pode derrubar um maior número de alvos. 162
Bomba BFA-230 DE 230 Kg e Bomba BAFG de 460 Kg guiadas por imagens de TV;
Bomba anti-pista convencional;
Míssil MSA-1 “Piranha” ar-ar de busca termal.
162
DUNNIGAN, James.; Digital Soldiers, p.192
163
PESSOA, Antônio José Monteiro. Desenvolvimento Confunto de Equipamentos e Sistemas
de Armas para as Forças Armadas, Anexo E.
81
As FAB deveriam dar mais ênfase a bombas e mísseis (inclusive mísseis de
cruzeiro) e se esforçar no seu desenvolvimento conjunto. São os equipamentos
militares que apresentam a melhor eficiência a relativo baixo custo das últimas
décadas. São muito mais baratos que sistemas pesados como aviões e tanques, e
sua tecnologia permite que um mesmo modelo seja eficiente no combate
marítimo, aéreo e terrestre com apenas algumas alterações O Brasil possui
capacidade tecnológica e industrial suficiente para ter sucesso nesta aérea.
Guerra Eletrônica
Esta é uma área que tem sido afirmada como uma nova dimensão do campo de
batalha, tendo-se como referência a Guerra do Golfo. Historicamente, no entanto,
a eletrônica passou a ser parte da guerra no momento em que foi introduzida, de
maneira marcante, na II Guerra Mundial. Embora a dependência da comunicação
por sistemas eletrônicos tenha se iniciado na Guerra Civil Norte-Americana, foi
na II Guerra Mundial que o emprego de equipamentos e operações de detecção
eletrônicos foram aplicados mais intensivamente e, em resposta a estes, o uso da
criptografia e códigos eletrônicos. Mais recentemente, o uso de recursos
eletrônicos para minar e surpreender foram usados com sucesso contra países
sem qualquer capacidade nessa área para responder à altura – EUA contra Vietnã
e, mais tardiamente, contra o Iraque e Israel em guerras do Oriente Médio.
Aplicações Ofensivas
1) Localização de alvos inimigos: sensores, medidas de vigilância eletrônica e processamento de sinais para o
auxílio na determinação das atividades, força e posições das unidades inimigas, para ataques posteriores mais
bem planejados e, talvez, com melhores resultados. Medidas de vigilância eletrônica baseia-se na atividade de
identificar, catalogar e monitorar as emissões eletrônicas do adversário, seja as suas freqüências de rádio, tipos e
potências dos radares, sensores e sonares, seja a “assinatura“/rastro eletrônica(o) de seu armamento (por
exemplo, como determinado modelo de submarino inimigo pode ser apresentado na tela do sonar de um navio
aliado). Evidentemente, é uma atividade preventiva e de execução anterior as hostilidades terem início.
Processamento de sinais é algo quase similar à atividade anterior: reconhecimento e armazenamento de padrões
identificadores dos equipamentos e armas adversárias como sons dos navios, vibrações sísmicas provocados por
blindados e rastros de calor de aviões; 2) Rompimento do sistema C3I – comando, controle, comunicação e
inteligência do inimigo por meio da detecção de suas comunicações e posterior interferência por emissões de
sinais eletromagnéticos, envio de mensagens falsas e destruição de seus equipamentos de comunicação; 3)
Destruição dos sistemas de sistemas eletrônicos do inimigo através da descarga de potentes emissões
eletromagnéticas (mais conhecido como pulso eletromagnético).
164
DUNNIGAN,; James. How to Make War, pp. 372-377.
82
Aplicações Defensivas
1) Assegurar as comunicações entre as unidades desenvolvendo sistemas eletrônicos para proteção de rádios,
links e interface, como por exemplo, alternadores automáticos de freqüência de rádios; 2) Contramedidas
eletrônicas: são usadas por aviões e navios em casos de iminência de mísseis anti-radar. O artifício mais comum
é a liberação ao ar de partículas metálicas que confundem os sensores do míssil inimigo.
Sistema C3I
165
DUNNIGAN,; James. How to Make War, pp. 371-372.
83
comando, controle, comunicação, computadores e inteligência.
166
PESSOA, Antônio José Monteiro; Desenvolvimento Conjunto de Equipamentos e Sistemas
de Armas para as Forças Armadas, Anexo B.
84
O Capitalismo da Guerra:
Indústria e Mercado Internacionais de Armamentos
167
Strategic Survey 1996/97. IISS, pp-17-19.
85
Na Europa, os cortes de armas convencionais acertados no Tratado para Armas
Convencionais para a Europa oficializou ou institucionalizou o processo já em
andamento. Os países do Terceiro Mundo tiveram as suas razões depositadas na
década de 80, a Década Perdida e, especificamente na África e América Latina
devido aos constrangimentos políticos gerados no processo de democratização.168
50000
40000
Àfric a e Oceânia
(US$)
30000
3% 20% Oreinte Médio
20000
10000 50% Europa
0 19% Am éricas
8%
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
Ás ia
gastos militares pelos países que vieram caindo desde 88 até 94, em média, 4,5%
ao ano, enquanto em 95 e 96 a queda foi atenuada a 1%.170 Os maiores cortes
foram proporcionados, é claro, pela Rússia, apresentando, atualmente, um
décimo de seus gastos em comparação aos de 87.171 O Sudeste Asiático foi a
única região que aumentou seus gastos: em torno de 25% nos últimos dez
anos.172
E X P O R T A Ç Ã O D E A R M A S P O R
R E G IÃ O E M 1 9 9 6 .
Á f r ic a , O r ie n t e
M é d io e
O c e a n ia
A m é r ic a
1 %
4 5 %
5 1 % Á s ia
3 %
E u ro p a
168
ANTHONY, Ian; Current Trends and Developments in the Arms Trade In: The Arms
Trade Problems and Prospects in the Post-Cold War World, World -. Annals of the
American Academy of Political and Social Science. Vol. 538, September 1994, pp. 36-
37.
169
SIPRI Yearbook 97, Arms Trade.
170
SIPRI Yearbook 98, Arms Trade.
171
SIPRI Yearbook 97, Military Expendure.
172
SIPRI Yearbook 98. Military Expendure.
86
Alterações no Mercado Internacional dos Anos 90
Desde o fim da Guerra Fria as empresas de defesa não podem mais contar com
subsídios de seus países-matriz e contratos longos a preços inflacionados com
países estrangeiros, como eram feitos naquele período devido a compromissos
políticos. Para conseguirem vender algo nos dias de hoje, estão sendo forçadas a
se adaptarem às regras de mercado e a realizarem melhorias estruturais internas,
a fim de serem mais flexíveis, competitivas e responsáveis em relação ao seu
mercado como fazem as empresas de artigos civis.
173
SKONS, Elisabeth e WULF, Herbert. The Internalization of Arms Industry, In: The Arms
Trade Problems and Prospects in the Post-Cold War World., pp. 44
174
SKONS, Elisabeth e WULF, Herbert. The Internalization of Arms Industry, pp. 53-54
87
maiores empresas de defesa dos Estados Unidos, Lockheed Martin e Boeing
McDonnel Douglas e, mais uma empresa menor, a TRW, para divisão de tarefas
e custos de pesquisa no projeto AirBone Laser – ABL (relatado na seção
Aeronaves). Na Europa essa cooperação é mais forte, sendo criado joint ventures
entre firmas em setores rivais como a criação da Eurocopter, responsável
atualmente pelos principais projetos de aeronaves da Europa, entre eles: o caça
Eurofigther, helicóptero de combate Tiger II e o avião de carga FAT - Future Ais
Transport. O segundo tipo de cooperação são os joint ventures estruturados como
resultados de grandes negócios de países compradores que requerem produzir
algumas partes do produto comprado como componentes e subsistemas, ou
ficarem responsáveis pelo markenting e serviços pós-vendas. São as chamadas
“compensações”. Exemplo é a aquisição pela Turquia de caças F-16. A primeira
linha foi produzida inteiramente nos EUA, enquanto as demais .serão em
cooperação entre empresas turcas e norte-americanas, podendo chegar a serem
montados inteiramente na própria Turquia.
Existem ainda outros três fatores que incentivam os investimentos diretos por
cooperação: barreiras comerciais, legais e técnicas, custos de transporte e
serviços pós-vendas (manutenção e reparos).
Estados Unidos
Valor em milhões
14000
600
Valor em milhões
12000
(US$1990)
de dólares
500
(U$S1990)
de dólares
10000
400
8000 300
6000
200
4000 100
2000 0
0
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
80
82
84
86
88
90
92
94
96
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Ano Ano
Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Fonte: SIPRI Yearbook 1998.
Europa
179
GRANT, Charles. Ibdem.
180
Strategic Survey 96/97 – International Institute for Strategic Studies, pp. 70-71.
181
GRANT, Charles. A fusão faz a força.
90
mercado de defesa europeu ser metade do norte-americano, a União Européia
tem dez produtores de aviões, os EUA têm 5; 11 produtores de mísseis contra 5
americanas; dez de veículos blindados contra 2; e 14 construtores de navios
contra 4 norte-americanas.
A solução tomada tem sido mais pela via de joint ventures em áreas específicas
entre empresas do que através de fusões. Como exemplo, temos a Eurocopter
(Dasa da Alemanha e Aeroespatiale da França na área de aeronaves) e a Matra
Marconi et Space (GEC da Grã-Bretanha e Legadére da França). No entanto,
embora esses “joint ventures ofereçam alguma sinergia tecnológica e de
economia de escala, cada componente é administrado como uma operação
empresarial distinta” 182.
30000
(US$1990)
milhões de
de dólares
(US$1990)
Valor em
dólares
10000 20000
5000 10000
0
0
87
89
91
93
95
97
87
89
91
93
95
97
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
I Fonte: SIPRI Yearbook 1998 Ano Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Ano
Apesar de tudo isto, tanto na criação de uma agência única como na tentativa de
condução de programas cooperativos há divergências de origem sentimentalista e
vaidosa. Há, ainda, desconfiança, insegurança econômica e incompatibilidade de
interesses. A estrutura de armamentos da França é, na opinião de especialistas, o
maior obstáculo para a restruturação européia por ser em sua maioria empresas
de defesa estatais A prioridade desse país é a consolidação interna. Chirac quer a
fusão entre a Dassault (privada) e a Aeroespatiale (estatal) para facilitar a
aproximação com outras empresas européias. No entanto, há hesitações sobre a
privatização da Thompson, maior empresa de eletrônicos da Europa.
182
GRANT, Charles. Nas Armas os Europeus estão longe da União. Gazeta Mercantil,
18/07/97.
91
Rússia
Perdendo sua força para renovar seu parque industrial, resta a Rússia apenas a
capacidade de produção em massa de equipamentos dos anos 70 e 80. Entre eles,
os caças MiG-29M e Su-27/35, o lançador de mísseis S-300 e várias peças de
artilharia. Armas potentes e desejadas pelos outros países e que podem
proporcionar uma sobre-vida para as indústrias russas por algum tempo.
A Rússia conta ainda com auxílios do Ocidente tanto financeiros, como técnicos
em contrapeso a sua relativa passividade à expansão da OTAN para dentro de
seus outrora domínios (Leste Europeu e ex-repúblicas soviéticas).
milhões de
(US$1990)
2000 15000
Valor em
(US$1990)
de dólares
dólares
1500 10000
1000 5000
500
0
0
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
80
83
86
89
92
95
19
19
19
19
19
19
Ano Ano
Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Fonte: SIPRI Yearbook 1998.
92
Ásia
Japão e Coréia do Sul iniciaram, nos últimos anos, uma fase de tentativa de
capacitar suas indústrias de defesa, sendo os únicos países do mundo (ao lado da
Índia) que têm aumentado seus orçamentos em pesquisa e desenvolvimento
militares.184 O Japão tenta ir mais longe: recentemente, uma reunião no
Pentágono entre empresários do setor armamentos japoneses e norte-americanos
sinalizou para os esforços do Japão em começar a exportar armas, ou pelo menos,
componentes. No entanto, enfrentarão a dificuldade de ter uma cultura de
produção de armas totalmente doméstica e inexperiente em competição
internacional. 185
Valor emmilhõe
de dólares (US
15000 4000
10000 3000
1990)
1990)
2000
5000
1000
0 0
87
89
91
93
95
97
87
89
91
93
95
97
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Ano Ano
Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Fonte: SIPRI Yearbook 1998.
183
SIPRI Yearbook 96. Arms Production.
184
SIPRI Yearbook 97. Military Technology.
185
GRANT, Charles; O Japão é Avançado, porém Isolado. Gazeta Mercantil, 19/07/97.
186
GRANT, Charles. Caminhos Opostos na Busca pelas Armas. Cazeta Mercantil, 20/07/97.
187
GRANT, Charles. Caminhos Opostos na Busca pelas Armas.
93
russas: bons centros de pesquisas, mas dificuldade em manufaturar novas armas.
Todavia, o desejo de modernização tem provocado a realocação de dinheiro,
diminuindo-se o efetivo e investindo mais em transferência de tecnologia,
principalmente, da Rússia. (por exemplo, através da compra de componentes do
caça tático russo Su-27, submarinos classe Kilo e um porta-aviões). Com essas
transferência a China suporta projetos domésticos como caça multitarefa F-10.188.
Outros Países
5000
de dólares (US$
40000
milhões de
dólares (US
4000
Valor em
30000 3000
1990)
1990)
20000 2000
10000 1000
0 0
87
89
91
93
95
97
87
89
91
93
95
97
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Ano Fonte: SIPRI Yearbook 1998. Ano
A França foi a primeira a buscar o mercado de armas para sustentar o alto preço de
seus compromissos políticos e militares através da exportação de armas, passando a
lucrar substancialmente nesse negócio a partir da década de 70. Sendo que, logo
após, Itália e Alemanha Ocidental passaram a acompanhá-la nesta empreitada.
191
SARAIVA, Jogo de Palavras: O Caso da Indústria Brasileira de Armamentos, pg. 67.
96
A alta dependência na tecnologia, componentes e subsistemas importados fazia o
valor líquido das exportações serem na verdade menores do que era afirmado
pelas fontes oficiais. Hoje, a indústria bélica apenas atende pequenos pedidos
previamente acertados com as forças militares nacionais, como o avião ALX e
algumas peças de artilharia para o Exército. O AMX também chegou ao fim de
seu desenvolvimento e já faz parte da esquadrilha da Aeronáutica. Exportações,
praticamente, não existem.
E XP OR T AÇ ÃO D E AR MAS P E LO
IMPORTAÇÃO DE ARMAS PELO
B R AS IL- 1980/97.
BRASIL - 1980/97.
300
800
dólares (US$
Valor em milhões de
dólares (US$1990) 250
milhões de
Valor em
600 200
1990)
400 150
200 100
0 50
0
19 0
19 2
19 4
19 6
19 8
19 0
19 2
19 4
96
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
8
8
8
8
8
9
9
9
19
97
Aviões de
França .. 2 Mirage-3E 1996 1997 2
combate
Alemanha Sim 2 SNAC-1 Submarino 1995 .. ..
Sim Type-
Alemanha 3 Submarino 1984 1994-96 4
209/1400
Alemanha .. 2 Grajau Class Navio-petrulha 1996 1997 (2)
Orion RTN- Radar de
Itália .. 13 1995 .. ..
30X controle de tiro
Radar de
Itália .. 7 RAN-20S 1995 .. ..
monitoramento
Itália .. (144) Aspide Mísseis navio-ar 1996 .. ..
Sistema de
Itália .. 6 Albatros Mk-2 1995 .. ..
mísseis navio-ar
Cingapura Sim 2 Grajau Class Navios-petrulha 1995 .. ..
Radar aéreo de
Suécia .. 5 Erieye 1994 .. ..
aviso prévio
Míssil anti-
Suécia .. 0 RBS-56 Bill 1995 1996-97 (100)
tanque
Radar de
Inglaterra .. 4 Type-967/968 1994 1995-97 4
monitoramento
Radar de
Inglaterra .. 8 Type-911 1994 1995-97 8
controle de tiro
Helicópteros
Inglaterra .. 9 Super Lynx anti-guerra 1993 1996-97 (9)
submarina
Navios-
Inglaterra .. 4 River Class 1997 .. ..
varredores
Broadsword
Inglaterra .. 4 Fragata 1994 1995-97 4
Class
Inglaterra .. (128) Seawolf Mísseis navio-ar 1994 1995-97 (128)
Sistema de
MM-38/40
Inglaterra .. 4 mísseis navio- 1994 1995-97 4
ShShMS
navio
Seawolf Sistema de
Inglaterra .. 8 1994 1995-97 8
GWS-25 mísseis navio-ar
Bell-205/UH-
EUA .. 22 Helicóptero 1996 1996-97 22
1H
S-70A/UH-
EUA .. 4 Helicóptero 1997 1997 4
60L
EUA .. 14 LVTP-7A1 APC 1995 1997 14
Radar de
EUA .. 6 AN/TPS-34 1997 .. ..
monitoramento
Fonte: SIPRI Yearbook 1998.
As empresas nacionais que não fecharam entre o final da década passada e esta,
entraram em fase de conversão para setores civis. Algumas inclusive conseguindo sair
da crise e lucrar, mantendo algumas seções de produção militar, como melhor exemplo
a Embraer.
98
A Dimensão Tecnológica
Embora os EUA não tenham nenhuma outra força militar que os ameacem,
assumir que os EUA terão a superioridade militar indefinidamente é perigoso. A
maioria das tecnologias apresentadas nesse trabalho, como já foi dito, são
comerciáveis com pouca interferência governamental. São, praticamente,
disponíveis a qualquer nação que tenha recursos. Elas podem facilitar mudanças
doutrinárias e organizacionais, talvez não para se alcançar uma escala igual ao
nível dos EUA, mas grande o suficiente para causar mudanças em equilíbrio
militares regionais no futuro.192
Estados Unidos
Os EUA são os líderes absolutos em tecnologia militar. Aplicam sete vezes mais
recursos nesta área que o segundo colocado: França. No entanto, os gastos nesta
área vêm caindo desde o fim da Guerra Fria e é estimado por fontes oficiais que
ele caía mais 14% até o ano 2000.195 Sua principal ênfase tem sido em aviões de
combate e em um sistema de mísseis balísticos defensivos, o THAAD (Theater
High Attitude Air Defense) – sistema baseado no temido programa Guerras nas
Estrelas. Seu destacamento em tecnologia militar faz com que as outras nações
sejam muito dependentes de suas inovações, principalmente seus aliados mais
próximos. Embora, os países europeus da OTAN tenham tentado no início desta
192
Strategic Survey 96/97, pp. 21-27.
193
SIP|RI Yearbook 98. Military Technology.
194
SIP|RI Yearbook 98. Military Technology
195
SIP|RI Yearbook 98. Military Technology.
99
década dar uma nova orientação a Aliança, mais afastada da estrutura estratégico
e militar dos EUA, tal tentativa foi em vão quando se mostrou iminente uma ação
militar no Balcãs. Mesmo terem pensado inicialmente uma operação
exclusivamente européia, convenceram-se de que sem a utilização de sistemas
como o E-3 AWACS, aviões de reabastecimento e carga e sistemas integrados de
C4I, em que os EUA são líderes absolutos, não poderiam ter realizado aquela
operação de paz.
Rússia
Ásia
Durante toda a maior parte da década de 90, os países asiáticos foram os únicos a
aumentarem os gastos em P&D militar. Japão, Coréia do Sul e Índia são os
maiores destaques. No entanto, apresentam sinais de que irão reduzi-los nos
próximos anos. Estes países, especialmente o Japão, são levados pela forte
atuação de suas indústrias civis em tecnologia e pelo desejo de possuírem
indústrias de defesa independentes das americanas.
Europa
Diferente dos anteriores, a atenção inglesa é maior para seus meios navais,
especialmente no incremento de seus porta-aviões e desenvolvimento em
conjunto entre sua marinha e exército de uma nova plataforma anfíbia.
Devido à falta de recursos e capacidade técnica – estes países têm optado por
dispor de forças heterogêneas: a maior parte constituída de tropas mal equipadas
e mal treinadas e um reduzido número de tropas especiais mais bem treinadas e
onde se aplicam tecnologias militares importadas e, em alguns poucos casos,
desenvolvidas nacionalmente..
196
SIPRI Yearbook 1998. Military Technology.
101
criando um modelo que viria a ser adotado pelas demais potências. Sua adoção
viria a consolidar a pesquisa e desenvolvimento como o setor mais dinâmico de
ciência e tecnologia em alguns países, principalmente, o Brasil”.197Das 15
tecnologias fixadas no Brasil nas últimas décadas, 13 delas foram desenvolvidas
em centros militares.
197
CAVAGNARI, Geraldo Lesbat. P&D no Brasil: Situação, Avaliação e Perspectivas. 1992.
198
BRAGA, Mário Jorge Ferreira. Algumas reflexões sobre ciência e tecnologia na Marinha.
In: Revista Marítima Brasileira. V. 116 n0 4/6 Abril/Junho de 1996, p.25.
199
CAVAGNARI, Geraldo Lesbat. P&D no Brasil:Situação, Avaliação e Perspectivas –
1992.
102
quando esse acréscimo não significaria um grande dispêndio” 200
Alerta – radar: determina e identifica alvos contendo radares (aviões, mísseis, navios e tanques);
Sistema imageador infravermelho termal: rastreia alvos pelo seu rastro de calor;
Veículo não tripulado controlado por controle-remoto (UAV): primeira fase do projeto, o protótipo
Sacuã já concluído e segunda fase em andamento, aeronave Suiá;
Materiais cerâmicos especiais para lançadores de mísseis e foguetes, turbinas e motores; compósitos e
carbonosos estruturais para engenhos aeroespaciais e nucleares;
Giroscópicos óticos: sistema à laser e à fibra ótica para navegação de foguetes, mísseis e aviões de
combate e comerciais;
Computação científica: como o Brasil não possui capacidade de construção de supercomputadores, este
projeto visa através do desenvolvimento de software, hardware e sistema de processamento
paralelo, aumentar o potencial dos computadores nacionais para uso militar avançado;
Túnel transônico/supersônico para ensaios de aerodinâmica de mísseis, foguetes e aviões;
Helicóptero de combate;
Projetos relacionados à família Sonda e seu propelente;
Enriquecimento de urânio a laser;
Reator rápido regenerador (como o anterior parte do Programa Nuclear Brasileiro);
Acelerador linear de elétrons.
200
PESSOA, Des. Conjunto de Equipamentos e Sistemas de Armas p/ as FA, p. 15.
201
PESSOA, Desenvolvimento Conjunto de Equipamentos e Sistemas de Armas para as FA,
Anexo E e CAVAGNARI, P&D Militar: Situação, Avaliação e Perspectivas. 1992.
103
A Marinha é que apresenta, atualmente, os maiores recursos para P&D militar,
tendo sua capacidade quase que totalmente tomada. O desenvolvimento de seus
projetos é realizado em parceria com as universidades de São Paulo e São Carlos,
Seus principais projetos são:
Navegação inercial: fornece ao veículo dados de latitude, longitude e velocidade baseado em seus
próprios sensores, sem a necessidade de informações externas por exemplo, satélites e estrelas.
Sistema usado, principalmente, por submarinos;
Foguete de dispersão: usado com o propósito de proteção contra ataque de mísseis orientados por
reflexão de radar. Este foguete explode espalhando pequenas partículas metálicas que
confundem os sensores do míssil inimigo;
Minas de contato e minas inteligentes;
Detectores de radares, minas, sonares e torpedos;
Sistema de controle tático integrado: sistema similar aos usados pelos países desenvolvidos que
integram em uma única sala, consoles eletrônicos que disponibilizam em tempo real as
condições do navio;
Equipamento de contra medida eletrônica e de guerra eletrônica;
Sistema digital de controle da propulsão;
Sistema de apoio á decisão nos moldes aos apresentados na seção tanques e aviões;
Sistemas de controle e comando.
104
Conclusão
A Real Dimensão da Tecnologia na Guerra
Defende-se nesta breve conclusão que a idéia de uma revolução militar tem mais
um caráter especulativo do que real. Existe muito mais para servir a objetivos
econômicos, políticos e de busca de prestígio de grupos que um fenômeno que
esteja atualmente alterando a arte da guerra.
Muitos defendem que a Guerra do Golfo teria sido o princípio de uma revolução
militar tecnológica ou, talvez, algo mais abrangente: uma Revolução nos
Assuntos Militares (RMA). A mídia ofereceu inúmeras vezes imagens dos
ataques precisos e outras armas de avançada tecnologia usadas pela Coalizão,
afirmando ter sido iniciado um processo revolucionário que mudaria os padrões
de se fazer a guerra. O mesmo foi feito por diversas publicações de centros e
institutos militares estrangeiros. No Brasil, essa idéia começa a tomar forma
entre alguns militares. É argumentado por estes que nos encontremos em um
período muito parecido com o Entreguerras, quando se teve o advento do tanque.
Ou com o período posterior à II Guerra Mundial quando se desenvolveram as
armas nucleares e os mísseis balísticos (que foram realmente revoluções
militares). A atual revolução, no entanto, estaria acontecendo desde o começo da
década de 70 e continuaria até o próximo século, baseando-se na cibernética e na
automação das tropas geradas pela tecnologia de informação. Os indícios
revolucionários estariam em três segmentos.202
202
CARUS, W. S., Military Technology and the Arms Trade: Chances and their Impact. In:
The Arms Trade: Problems and Prospects in the Post-Cold War World, pp-166-168.
105
automatizados como quarto e quinto indícios. A orientação tática oriunda dessa
revolução seria a chamada “Airland Battle”, caracterizada pelos seguintes
aspectos203:
203
TOFFLER, Alvin e Heidi. War and Antiwar– 1995.
204
Tal relação também é feita em MURRAY, Preparing to Lose the Next War?, p.52.
205
Ver CAMPOS, Ciência e Tecnologia: o Quinto Campo do Poder In: Defesa Nacional. No.
776, 2/3 – 1997; e Entrevista do Gen. Gleuber Vieira, Chefe do EME, dezembro de
1997.
206
GRIGGS, Roy A. Tecnologia e Estratégia – Air Power Journal, 1996, p. 60.
106
A melhor ilustração para tal é a introdução da guerra mecanizada, na década de
20 e 30: embora os avanços no processo de combustão interna em motores,
designe de aviões, carros blindados e comunicações eram igualmente dominados
por França, Alemanha e Inglaterra, no entanto, somente a Alemanha conseguiu
absorver as potencialidades operacionais e organizacionais desses avanços,
explorando-os dentro do Blitzkrieg e atingindo decisivas vitórias. É importante
ressaltar que revolução nos assuntos militares também pode acontecer pela
incorporação de novas táticas, como por exemplo a tática de guerrilha tão bem
exercida pelos vietnamitas.
O que houve foi uma incrível demonstração de novas tecnologias militares que
não puderam ou não tiveram a oportunidade de serem usadas de maneira mais
destacada nas décadas anteriores (70 e 80). É comum no mundo militar,
existirem armas que foram desenvolvidas e aposentadas sem nunca terem sido
usadas, deixando para a imaginação de especialistas a avaliação de sua eficiência
Se o leitor voltar a primeira parte dessa pesquisa, verá que o sistema C3I
(comando, controle, comunicações e inteligência) é um conceito oriundo da II
Guerra Mundial. Mísseis de cruzeiro, anti-radar e bombas inteligentes foram
usados primeiramente na Guerra do Vietnã. Da mesma maneira, sistemas de
monitoramento e rastreamento por aviões, UAV e satélites foram usados em
conflitos anteriores a essa década.
207
TOFFLER, Alvin e Heidi. War and Antiwar.
107
Um dos pontos mais reforçados nessa reavaliação foi o recurso humano. Embora
tenham sido gastos bilhões em equipamento, fortunas foram destinadas para a
qualificação e aprimoramento de pessoal. Na Guerra do Golfo, 98% dos soldados
norte-americanos voluntários tinham segundo grau completo e 88% dos generais
possuem pós-graduação.208 Os soldados são submetidos a intensos treinamentos e
aperfeiçoamentos por toda sua carreira. Até mesmo os reservistas são obrigados a
três meses de treinamento por ano em clubes militares.
208
TOFFLER, Alvin e Heidi. War and Antiwar.
209
GRIGGS, Roy A. Ibdem. P. 61.
210
OWENS, Mauckubin Thomas; Technology, the RMA, and Future War, p.65.
211
OWENS, M. T.; Technology, the RMA, and Future War. In: Strategic Review, p.67.
108
A arte da guerra, historicamente, tem sido vista como a combinação de várias
formas entre atrito (poder de fogo) e manobrilidade (manoeuvrei). Muitos dizem
que com a emergência de novos recursos de comunicações, a tecnologia foi
elevada acima desses dois conceitos primordiais. No entanto, estes analistas se
esquecem que a tecnologia por si só não planeja planos de ação, não calcula e
executa a destruição de alvos inimigos, ou transporta objetos físicos e tropas
através de longas distâncias. É claro que ela favorece a aplicação mais precisa
das tropas no campo de batalha e a concentração de força contra o centro de
gravidade do inimigo de forma a maximizar o impacto da operação. Apesar
disso, ela não resume ou simplifica a reação entre esses dois aspectos.
212
RIPER & SCALES, Robert; Preparing for War in the 21st Century, pp. 18-19.
213
RIPER & SCALES, Robert; Preparing for War in the 21st Century, p.15.
214
CARUS, W. Selth. Ibdem. p.168.
109
condução e resolução de conflitos e tal “performance” seria sempre repetida por
aqueles que detivessem tais equipamentos. Os gastos militares mundiais, que
vinham caindo vertiginosamente, passaram a ter reduções bem mais suaves.
Particularmente nos Estados Unidos, vários contratos militares milionários foram
fechados, por exemplo o Airbone Laser (ABL). O aspecto tecnológico vem, a
partir daí, sendo um “ótimo” argumento na requisição de verbas militares na
maioria dos países, inclusive no Brasil. No entanto, outros aspectos como
treinamento e reforma administrativa e organizacional para acomodar essas
“inovações” não têm sido mencionados na mesma proporção. Sendo que, como
foi apontado acima, são aspectos tão importantes quanto o tecnológico ou
maiores.
***
215
MURRAY, Williamson; Preparing to Lose the Next War?. In: Strategic Review, p.55.
110
perderam seu modelo diretor. As suas principais hipóteses de guerra não existem
mais e, as restantes, são de baixo risco; a situação estrutural, em geral, é
preocupante; e a relação com o Congresso e a sociedade ainda é muito distante.
Não possuem um mesmo princípio que molde sua conduta e dinâmica. As três
forças estão dispostas de maneira completamente dispersa e sem coerência e
coordenação entre suas atividades. Defendem a renovação de equipamento e
aquisição de tecnologia avançada como únicos aspectos de uma “modernização”
que, na verdade, deve ser mais profunda.
111
Referências Bibliográficas para a Parte II
AIEX, R., “Indústria de Material de defesa e Dependência das Importações”. Rio: ESG, 1994.
ANSON, Peter e CUMMINGS, Dennis. The First Space War. In The First Information War.
AFCEA International Press - Fairfax, 1992.
Aviões de Caça. Editora Nova Cultural – São Paulo, 1991.
AREND, Anthony Clark and BECK, Robert J. International Law and the Use of Force:
Beyond the UN charter Paradigm. Routledge - London, 1993.
ART, Robert e WALTZ, Keneth; The Use of Force: Military Power and International
Politics. University Press of America – Maryland, 1993.
AZEVEDO, José Cosme de. Criação do Ministério de Defesa. Rio: ESG, 1994
Balance Estratégico y Medidas de Confianza Mutua. Santiago do Chile, P&SA / FLACSO
BARROS, Alexandre, “O Novo Papel das Forças Armadas Brasileiras: a Reforma da
Doutrina, da Mentalidade e do Ensino”. Política e Estratégia, vol. IX, 1991.
BITTENCOURT, Luís, Brazilian strategic landscapes... or sunset? SAE - Brasília,,
documento de trabalho nº 6, set. 1993.
CABRAL, Crelson Jorge Estolano; Perspectivas e Óbices para a Indústria de Materialde
Defesa no Brasil. ESG – Rio de Janeiro, 1991.
CAVAGNARI, Geraldo Lesbat; P&D no Brasil: Situação, Avaliação e Perspectivas. 1992.
CARRAZZA, Mário. A Hegemonia Econômico-militar dos EUA. Escola Superior de Guerra -
CARRAZZA, Mário. A hegemonia econômico-militar dos EUA. Rio de Janeiro, Escola
Superior de Guerra – Rio de Janeiro, 1994.
CERVO, A. e C. BUENO, História da Política Externa do Brasil. Ática – São Paulo, 1992.
COMBER, Michael Thomaz. Sistema de proteção da amazônia – SIPAM/Sistema de
Vigilância da Amazônia. ESG – Rio de Janeiro, 1996.
CONCA, Ken; O Brasil na Economia Global de Armamentos. In: Uma Avaliação da Indústria
Bélica Brasileira. UFRJ - Rio de Janeiro, 1993.
Concepção Política Militar.ESG - Rio de Janeiro, 1994.
CORTÊS, Marcos Henrique. O Panorama Geopolítico Mundial e as Perspectivas para o
Brasil Rumo ao Rerceiro milênio.. Escola Superior de Guerra – Rio de Janeiro, 1995
COSTA, Thomas Guedes da, Política de Defesa: uma Discussão Conceitual e o Caso do
Brasil. SAE – Brasília, documento de trabalho n° 10.
DELMAS, Phillipe, El Brillante Porvenir de la Guerra,. Barcelona: Ed. Andres Bello, 1995
DUNNIGAN, James F; How to make War. Quill – Nova York , 1993.
DUNNIGAN, James F; Digital Soldier. St. Martin Press - Nova York, 1996.
FAYAD FILHO, Samuel; Política e Estratégias para Aplicação da Tecnologia nos Setores
Militares e Civis. ESG – Rio e Janeiro – 1991.
FLORES, M. C., Amazônia, Realidades e Mitos. Brasília: SAE, Doc. de Trab. nº 5, set. 1993.
GREMORI, Vascocellos de A., “Adequação da Política Militar Brasileira”. Rio: ESG, 1993.
HYDE, John Paul, PFEIFFER, Johann W. e LOGAN, Toby C. CAFMS Goes to War. In The
First Information War - ACFEA International Press. Fairfax, 1995.
HUNTINGTON, The Clash of Civilizations. NY: Simon and Schuster, 1996.
ART, Robert, and JERVIS, Robert, International Politics, Enduring Concepts and
Contemporary Issues, third Edition, Harper Collins Publishers
LAUR, Timoth L. e LLANSON, Steven L; Encyclopedia of Modern US Military Weapons.
Berkley Books. - Nova York, 1995
112
LEITE, C. A. C., “As despesas militares e o orçamento da União”. Rio: ESG, 1989.
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA, Manual Básico, 1993.
MARQUES, Joaquim Campelo (org.); O Livro da Profecia. Brasília: Senado Federal, 1996.
MARTINS, G. N., “Recursos Orçamentários para Pesquisas Militares”. Rio: ESG, 1996.
MIGUEL, Luís Felipe; A Sombra dos Generais. UnB – Brasília, 1992.
NUNES, Brasilmar Ferreira; Ciência e tecnologia no Brasil – Sistemas e Atores. Estudos
analíticos do |Setor de Ciências e Tecnologia no Brasil – MCT, 1992.
PELLICER, Olga (Org.), La Seguridad Internacional en América Latina y el Caribe; el
Debate Contemporáneo.. Universidad de las Naciones Unidas - México, 1995
PEREIRA, Brig-do-ar Manoel Carlos, Participação em forças de paz: a experiência
brasileira, in II Encontro nacional de estudos estratégicos. Estado Maior das Forças
Armadas - Brasília, 1995.
PESSOA, Antônio José Monteiro; Desenvolvimento Conjunto de Equipamentos e Sistemas de
Armas para as Forças Armadas: Óbices de Possibilidades – Rio: ESG, 1990.
PROENÇA, Domício Jr., Uma avaliação da indústria bélica brasileira. Grupo de Estudos
Estratégicos - Rio de Janeiro, 1993.
PROENÇA, Domício Jr., Indústria bélica brasileira: ensaios. Rio: GEE/UFRJ, 1994.
PROENÇA, Domício Jr. e DINIZ, Eugênio, Política de defesa no Brasil: uma Análise Crítica.
EdUnB - Brasília, 1998.
ROSA, M. S., “As Despesas Militares e o Orçamento da União”. Rio: ESG, 1996.
SARAIVA, José Drummond; Jogo de Palavras: O Caso da Indústia de Armamentos
Brasileira. In: Uma Avaliação da Indústria Bélica Brasileira.
SANTOS, Luiz Carlos de Albuquerque (Prof.), A Modernização das Forças Armadas dos
Países do Cone Sul, ESG – Rio de Janeiro, 1995.
SILVA, MERCOSUL: a Integração e a Celebração de uma Aliança Militar Sul-americana.
ESG – Rio de Janeiro, 1996.
SILVA, Golbery do Couto e; Geopolítica do Brasil. José Olímpio – Rio de Janeiro, 1981.
STEIN, A, Why Nations Cooperate? Cornell University Press - Ithaca, 1990
VILARINHO, Paulo Ferreira. Mercosul como Estratégia de Segurança Nacional para a
Amazônia. Escola Superior de Guerra – Rio de Janeiro, 1996.
VIOTTI, Paul e KAUPPI, Mark; International Relations Theory. NY: Basic Books, 1987.
TOFFLER, Alvin e Heidi. War and Antiwar– 1995.
ANTHONY, Ian; Current Trends and Developments in the Arms Trade In: The Arms Trade
Problems and Prospects in the Post-Cold War World, World -. Annals of the American
Academy of Political and Social Science. Vol. 538, September 1994
BAKER, James; The American RMA [Revolution in Military Affairs] Force: na Alternative to
the QDR [Quadrennial Defense Review]. In: Strategic Review. Summer 1997.
BROZCA e PEARSON, Developments in Global Supply of Arms: Opportunity and
Motivation. In: The Arms Trade Problems and Prospects in the Post-Cold War.
September 1994.
CARUS, W. Selth; Military Technology and the Arms Trade: Chances and their Impact. In:
The Arms Trade: Problems and Prospects in the Post-Cold War World. The Annals of
the American Academy of Political and Social Science – September 1994.
CAVAGNARI, Geraldo L. Filho. “Estratégia e defesa (1960*1990)”. Premissas, n° 7, 1994.
COSTA, Thomaz Guedes da, O Balanço Estratégico e o Brasil na Segurança do Hemisfério
113
Ocidental, in Revista Parcerias Estratégicas, Brasília, SAE, 1995.
COSTA, T. G., “Premissas Estratégicas e Política de Defesa: Integração Internacional e
Dissuasão na Estrutura das Forças Armadas”. Política e Estratégia, vol. XI, 1991.
COSTA, Thomaz Guedes da, “Segurança Coletiva: Pensamento e Política do Brasil”, in
Revista Premissas, UNICAMP, caderno 17-18, maio de 1998
DE CASTRO, Therezinha; “Mercosul: Enfoque Político” In: Revista da Escola Superior de
Guerra. Ano IX, n° 26. ESG – Rio de Janeiro, 1993..
FREEDMAN, Lawrence; The Revolution in Military Affairs. IISS - Adelphi Papers
FORTUNA, Hernani Goulart; “O Poder Marítimo como Projeção do Poder Nacional” In:
Revista Superior de Guerra, ano VII, n° 23, Out. 1992.
LAMBETH, B. S.; The Technology Revolution in Air Warfare. In Survival. Spring 1997
MATTOS, General Carlos de Meira, ”A dissuasão Estratégica na Conjuntura Mundial. Revista
da ESG, Ano X, nº 27, 1994, pg. 71-73
Também MATTOS, C. M, “A Missão das Nossas Forças Armadas na Perspectiva da Nova
Ordem Mundial”. Revista da ESG, ano VIII, Nº23. Out. 1992
MATTOS, C. M, “Reflexões sobre uma estratégia militar para o Brasil” In: Revista da ESG,
ano IX, no. 24, 1993
MONTEIRO, Raimundo Guarino, “Tropas de Paz da ONU”, in ARAÚJO, Braz (org.)
Reflexões sobre Estratégia. NAIPPE/USP, no. 6. São Paulo, 1995
MURRAY, W.; Preparing to Lose the Next War?. In: Strategic Review. Summer 1997.
MURRAY, Air War in the Gulf: the Limits of Air Power. In: Strategic Review. Winter 1998.
NEAL, R.; Strategic Specialization: a Recife for Disaster. In: Strategic Review. Winter 1998.
OWENS, M. T., Technology, the RMA, and Future War. In: Strategic Review. Spring 1998.
PEREIRA, Antônio Carlos, “Aspectos Totalizantes da Doutrina de Segurança Nacional”.
Política e Estratégia, vol. VI, no. 2, 1988
PESCE, Eduardo Italo, “O Estado Brasileiro e a Defesa Nacional no Mundo Pós-Bipolar”.
Revista Marítima Brasileira, v. 114, nos. 7/9, jul./set. 1994
RIPER, Paul Van & SCALES, Robert; Preparing for War in the 21st Century. In: Strategic
Review. Summer 1997.
SKONS, Elisabeth e WULF, Herbert. The Internalization of Arms Industry, In: The Annals of
the American Academy of Political and Social Science. September 1994.
VIDIGAL, A., “Estratégia e o Emprego Futuro da Força”. Revista da ESG, Ano XII, n° 8.
VIDIGAL, A. “O Papel das Forças Armadas no Novo Contexto Mundial”. Revista Marítima
Brasileira, v. 112, no. 10-12, out./dez. 1992.
VIDIGAL, A; “Atlântico Sul: uma Análise Pós-Guerra Fria.”. Revista da ESG, ano IX, n. 26.
WARNER, V., “Technology Favors Future Land Forces”. In Strategic Review, Summer 1998.
ARTIGOS DE PERIÓDICOS
114
PEREIRA, Antônio Carlos; Os Riscos da Autonomia. 13/02/96.
PEREIRA, Antônio Carlos; Uma Revisão Necessária. 22/02/96.
PEREIRA, Antônio Carlos; Reflexões sobre o Futuro. 27/02/96.
PEREIRA, Antônio Carlos; O Exército Voluntário. 29/02/96.
PEREIRA, Antônio Carlos; Os Números do Orçamento. 05/03/96.
PEREIRA, Antônio Carlos; A Natureza da Reforma. 11/03/96.
Flap Internacional. Ano 35 Número 310.
Gazeta Mercantil:
GRANT, Charles; A fusão faz a força. 17/07/97.
GRANT, Charles. Nas Armas os Europeus estão longe da União. 18/07/97.
GRANT, Charles. O Japão é Avançado, porém Isolado. 19/07/97.
GRANT, Charles. Caminhos Opostos na Busca pelas Armas. 20/07/97.
Defesa Nacional: CAMPOS, Ruy Barbosa; Ciência e Tecnologia: o Quinto Campo do Poder..
l. No. 776, 2o trimestre de 1997.
Economist, The; The Future of Warfare. 8 Mar 1997.
Manchete Especial, julho de 1996.
Military Balance, The 96/97.IISS.
Military Balance, The 93/94. IISS.
New Scientist: Gulf War was no High -Tech Breakthrough. 22/05/93
Revista do Exército Brasileiro. Centro de Comunicação Social do Exército, edição 1997.
Revista Força Aérea: LORCH, Carlos. Uma Bomba e Bingo: as Bombas Inteligentesda
Guerra Moderna. Ano 2, número 7, junho/julho de 97.
PORTENGY, Silvio; Vigiando com Segurança. Set/Out de 1998
ALX: A Nova Revolução. Ano 3, no 10, mar/abril de 1998
POTENGY, Silvia; Vigiando com Segurança. Ano 3, Número 12, Set/Out 1998
Revista Marítima Brasileira BRAGA, Mário Jorge Ferreira. Algumas reflexões sobre ciência e
tecnologia na Marinha. Volume 116 número 4/6 Abril/Junho de 1996.:
Soldiers:
Showcasing Technologies. February 1997.
A Look at Night Vision. February 1997
High - Tech Sand Table. May 1997.
Force 21st. January 1997.
Strategic Survey 1996/97. IISS.
Veja. Tropeço. 4/01/1997.
115
(28 Jul1997) Lt. Gen. Amnon Shahak - Chief of Staff, Israel Defense Forces.
(19 Aug 1997) Anita Jones - US Director of Defense Research and Engineering.
Joe Modise - South African Defense Minister.
(29 Set 1997) Germans Finally Will Act On Eurofighter Production.
U.S. Army To Make Picks in Rapid Acquisition Push.
(24 Nov 1997) Air Force Maj. Gen. Lloyd Campbell - Director General Strategic Planning,
Canadian Forces.
(17 Ago 1998) Adm. Mauro Pereira - Brazilian Minister of the Navy.
Lockheed Martin (www.lockheed.com).
(12 Nov 1996)Boeing, Lockheed Martin, TRW Win Airborne Laser Contract
(28 Out 1996) MIT, USAF and Team ABL Demonstrate improved Airborne Laser Active
Tracking Approach.
(Jan 1997)Lockheed Martin Receives First Medium Data Rate Payload for Milstar II.
Theater High Altitude Area Defense (THAAD) - Program Profile.
( 3 Nov 1995) Air Force to Launch Ssecond Milstar Satellite on Titan IV - Centaur Vehicle.
( Jun 1995)US Army Awards Lockhed Martin- Diehl Follow-On Contract for Precision
Guided Mortar Munition.;
(Abr 1997) Lockheed Martin, Raytheon, TRW Form New Company NMD;
New York Times, 03.10.1997: Laser to Be Test Fired at Working U.S. Satellite.
Army links (www.armylinks.com): Task Force Ready for the Big Show.
Royal Naval;
Royal Air Force;
Ministério de Defesa da França;
Ministério de Defesa da Alemanha;
Ministério de Defesa do Japão;
Stocholm International Peace Research Institute - SIPRI;
International Institute of Strategic Studies - IISS;
Air Force Times;
Army Times;
Navy Times;
Embraer;
Ministério da Aeronáutica;
Ministério da Marinha;
Ministério do Exército;
Secretária de Assuntos Estratégicos;
British Aerospace;
Aerospatiále;
GKN Westland;
Boeing-McDonald Douglas;
International Relations and Security Network;
Jane´s Defence;
TRADOC.
116
Anexo
Em uma democracia, dados sobre o orçamento das forças armadas deveriam ser
produzidos e apresentados à sociedade de modo transparente e rotineiro.
Entretanto – e infelizmente – este não é o caso do Brasil. Os estudiosos que se
ocupam das FA são unânimes em apontar as dificuldades na obtenção de dados
precisos, e essas dificuldades se mostraram ao longo da pesquisa para este estudo
também. Entre as três Forças, aquela que se mostrou mais acessível e organizada
no fornecimento de informações foi a marinha.
Fonte: The Military Balance 1992/1993. In PEREIRA, C. R. (1995), “As Despesas Militares e o Orçamento da
União”. Rio: ESG, Monografia TE-95, DAM, anexo B.
117
Gastos Militares na América do Sul e Alguns Países Europeus – 1994
Fonte: The Military Balance 1995/1996. In SILVA, C. N. (1996), “MERCOSUL: a Integração e a Celebração de
uma Aliança Militar Sul-Americana”. Rio: ESG, Monografia TE-96, DAM, pg. 55.
Quadro Demonstrativo de Gastos Militares, Percentual do PIB Alocado para as Forças Armadas e Efetivo
Orçamentário Militar por país (EM US$ BILHÕES) em 1995.
118
Tailândia 323 4,01 1,23
Turquia 90,6 5,1 5,62
Fontes: Military Technology 1/96, The Balance of Military Power 95/96, In ROSA, M. S. (1996), “As Despesas
Militares e o Orçamento da União”. Rio: ESG, Monografia TE-96, DAM, pg. 35.
Esse processo foi acompanhado pela incapacidade política dos governos militares
e civis de promoverem mudanças institucionais e racionalizarem a aplicação dos
recursos. O maior exemplo parece ter sido a inexistência de qualquer iniciativa
com vistas a um redimensionamento das Forças e uma adaptação à crise do
Estado e à sua situação institucional. Os grandes cortes feitos no orçamento
militar das últimas décadas não foram acompanhados pela diminuição
responsável dos seus efetivos e os pareceres de contas da União de 1993, 1994 e
1995 mostram uma realidade quase inacreditável: as FA gastaram elevados 61%
de seu orçamento em pessoal de reserva. Não é de se admirar, portanto, que o
treinamento de efetivos, as compras de armamentos e o desenvolvimento de
tecnologias e equipamentos no cumprimento de suas tarefas tenham sido
reduzidos a níveis irrisórios.217
216
PEREIRA, Antônio Carlos, “Uma Revisão Necessária”. In OESP, 22/02/1996, pg. A4.
217
PEREIRA, Antônio Carlos, “Fardas e Pijamas”. In OESP, 23/01/1996, pg. A4.
120
121
O ano de 1969 foi marcado pelo início do governo Médici e a introdução da
assim-chamada “linha dura” na condução política nacional. É neste governo que
se apresentou a maior média percentual de participação das FA nas despesas da
União do período, após uma pequena queda no percentual – 1969-18.64%, 1970-
18.33%. O ano de 1971 apresentou a maior porcentagem dos gastos dos últimos
trinta anos, 23,52%. Apesar do pico, após o governo Médici os gastos com FA
entraram em forte declínio – de cerca de 20,00% em 1972 para 10,98% em 1974
–, situação que se perpetuou até 1981 Ela se deveu principalmente ao choque do
petróleo e à conseqüente alta dos juros internacionais. Durante esse período, a
diretriz “máximo desenvolvimento e mínima segurança” se desenvolveu entre os
militares em meio à pretensão de transformar o Brasil em uma potência.
218
Dois exemplos são o estudo de PEREIRA (1995), “As Despesas Militares e o Orçamento
da União”; e a transcrição da palestra feita no Conselho Nacional de Indústrias em 28
de outubro de 97: “Tendências Logísticas e Sistema de Aquisição do Exército
Brasileiro”.
219
Ver o gráfico “Importações de Armamentos pelo Brasil”, pg. 97.
220
Ver a tabela “Lista de Armamentos Adquiridos pelo Brasil”, pg. 97-98.
122