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A Vida secreta de Deus – Parte 2

A Sua Missão Divina

Para entender melhor o que estamos discutindo, gostaria de analisar uma estranha
história contada no Talmud.
Os sábios codificaram ideias muito profundas em histórias como esta, altamente
alegórica e que não deve ser interpretada literalmente.
A mensagem da história, como ficará claro, é explicar quem somos e o que Deus
quer de nós.
Contarei as passagens mais importantes aqui usando um estilo mais moderno,
deixando a terminologia talmúdica e simplificando a linguagem.
E vou tecer dentro da história a mensagem filosófica que ela pretende comunicar.

Quando a história começa, os anjos estão agitados porque Deus trouxe um tesouro
muito especial — os Dez Mandamentos — do Seu depósito.
Os anjos sabem que nesses mandamentos está codificada uma missão especial de
Deus, e como eles são Seus agentes, encarregados de todas as Suas missões, mal
podem esperar para saber quem ganhará essa tarefa.
Então, para sua grande surpresa, sobe a montanha um homem que, quando se
introduz nos portões do céu, apresenta uma gagueira severa.
Este, claro, é Moisés.
Os anjos ficam chocados. "Mestre do Universo", dizem a Deus, "o que faz este
imperfeito ser da Terra entre nós, perfeitas criaturas celestes? O que ele tem para
fazer aqui no campo angelical?"
"Não se preocupem", Deus os tranquiliza. "Ele não vai ficar aqui. Só veio buscar os
Dez Mandamentos."
Os anjos não se acalmaram nem um pouco.
"O quê? Você está segurando essa tarefa preciosa por 974 gerações e agora vai dá-
la a um mortal? Quais são as qualificações dele para que seja encarregado de uma
missão celestial como essa? Ele vai levá-la à Terra para ser desrespeitada. Não dê
para ele — dê para nós!"
E Deus diz a Moisés: "Você tem de respondê-los e contestar sua objeção."
Por que Deus não contesta a objeção dos anjos?
Porque a mensagem Dele a Moisés é: "Você não pode receber esta tarefa preciosa
a menos que saiba o porquê. Ninguém pode responder a essas perguntas em seu
lugar. Você tem de encontrar a confiança e a coragem dentro de si para reivindicar
o seu valor. Deve entender quais são as suas qualificações como ser humano para
receber esta grande honra; porque quando você aceita os mandamentos de Deus,
significa que está aceitando uma missão Divina: você se torna um agente de Deus."

Agente secreto
Ser agente de Deus é uma responsabilidade maravilhosa.
Se você indica alguém para ser seu agente, ele ou ela é igual a você.
A pessoa recebe uma procuração para agir em nome do procurador.
Os mandamentos são isto: uma declaração da missão a ser cumprida por nós,
seres humanos, na Terra, em nome de Deus.
Quando aceitamos a missão dos mandamentos, nos tornamos agentes de Deus na
Terra assim como os anjos são agentes de Deus no céu.
Por isso Moisés teve de ir a uma esfera angelical para pegar o tesouro e trazê-lo à
Terra.
Os anjos não sabem dos detalhes dessa missão; tudo o que sabem é que deve ser
realmente importante para Deus, já que Ele a segurou por tanto tempo e ainda não
nomeou ninguém para cumpri-la.
Mas um ser humano?
Isso é um absurdo!
Do ponto de vista dos anjos, os seres humanos são criaturas muito baixas, cheias
de inclinações ordinárias.
Como podem ser encarregados de algo tão sagrado?
Como é possível que esse ser imperfeito pôde ascender além do poder dos anjos
para cumprir essa preciosa tarefa Divina em um lugar caótico como a Terra?
Deus diz a Moisés: "Você tem de responder às reclamações dos anjos. Você tem de
entender por que merece essa missão. Explique a eles as suas qualificações."
A maioria das pessoas pensa que os mandamentos são uma questão de acreditar
em Deus.
Mas isso é apenas metade da história.
A mensagem implícita nos mandamentos é sobre acreditar em si mesmo.
Para aceitar os mandamentos, você tem de acreditar que tem o poder de servir a
Deus.
Você merece ser agente de Deus e merece cumprir a missão sagrada.
Isso requer muita autoconfiança e autoestima.
Você pode fazer algo por Deus.
Pode representá-Lo na Terra porque Ele lhe entregou a Sua procuração.
Essa visão contrasta com a visão que domina a cultura ocidental — a dos gregos.
Os gregos acreditavam que os deuses eram tão maravilhosos que estaria abaixo de
sua dignidade se preocupar com os seres humanos.
"Não vale a pena levar a sério problemas humanos, mas ainda assim devemos ser
sérios sobre eles — uma triste necessidade nos compele", diz Platão (Leis, VII,
803).
E segundo Aristóteles, os deuses não se interessam pela distribuição de boa ou má
sorte ou "coisas externas" (Magna Moralia, II, 8, 1207 — 9).
O estadista romano Cícero afirmou que "os deuses se ocupam de grandes questões
e negligenciam as pequenas" (De Natura Deorum, II, 167).
No entanto, podemos deduzir dos mandamentos que Deus é tão generoso que até
se preocupa com os pequenos eu e você e com as pequenas coisas que fazemos.
Essa é a grandeza de Deus.
A Torá passa a mensagem de que somos muito importantes, significativos e
poderosos.
Você recebeu o poder de representar o Todo-Poderoso.
Com a procuração de Deus, você foi encarregado de crescer, superar o mal,
escolher o bem e construir e melhorar o mundo em Seu nome.

Conheça a sua grandeza


A história continua: Deus diz a Moisés: "Não posso responder por você e, a menos
que descubra por si mesmo quais são as suas qualificações, você não poderá
receber esta preciosa tarefa."
Moisés começa a tremer: "Mestre do Universo, temo não poder competir com os
anjos. Não sou nada comparado a eles."
Deus dá uma dica a Moisés: "Moisés, você está certo! Você sozinho não é nada.
A fonte do seu valor só se origina do fato de você ser Meu servo e agente."
Com isso, Moisés fica mais confiante para encarar os anjos.
Na presença deles, ele pergunta a Deus: "O que há nos Dez Mandamentos?"
Deus responde: "Está escrito: 'Eu sou o Eterno, teu Deus, que te tirei da terra do
Egito, da casa dos escravos."
Moisés então desafia os anjos: "Vocês passaram duzentos e dez anos no Egito?
Sabem o que significa sofrer como escravos — fazer trabalho árduo, humilhante,
ser chicoteado por capatazes cruéis? Que importância essas palavras têm para
vocês?"
Os anjos admitem que viveram somente uma vida perfeita e feliz no céu.
Moisés continua sua argumentação: "Deus, o que mais há nos Dez Mandamentos?"
Deus responde: "Não terás outros deuses diante de Mim."
Moisés confronta os anjos: "Vocês vivem entre nações que adoram ídolos?"
Para entender de verdade o objetivo de Moisés, é preciso saber o que era a
idolatria naquela época.
Era muito divertido.
A maioria das práticas idólatras girava em torno de promiscuidade.
Os idólatras acreditavam que as orgias eram serviços a seus deuses.
Idolatria não era se curvar para pedras e árvores.
Os idólatras divinizavam a natureza.
Isso significa que tudo o que acontece naturalmente é ótimo.
Qualquer coisa que você tenha vontade de fazer é permitido, já que você está
apenas sendo verdadeiro com a sua natureza — e isso é considerado saudável e
bom.
Agora você entende o apelo e o perigo desta filosofia.
O argumento de Moisés para os anjos era: "Vocês vivem em uma sociedade que os
desafia diariamente com tentações e seduções constantes?"
Os anjos respondem: "Não, somos anjos!"
Moisés continua: "Deus, o que mais há nos Dez Mandamentos?"
"Estejas lembrado do dia de sábado [Shabat]. Honrarás a teu pai e a tua mãe. Não
matarás. Não adulterarás. Não furtarás.."
Moisés pergunta: "Anjos, vocês trabalham duro? Precisam de descanso? Têm pai e
mãe para honrar? Têm inclinações negativas e destrutivas? Existe inveja entre
vocês?"
Os anjos ficam paralisados.
Essas são as qualificações que Moisés apresentou para mostrar por que a
humanidade merecia receber a missão dos Dez Mandamentos.
De fato, o argumento de Moisés era: "Nós, seres humanos, não somos anjos
perfeitos, somos seres imperfeitos e menos elevados. Lutamos contra impulsos
nocivos o tempo todo. Vivemos em uma sociedade materialista repleta de seduções
diárias. Por isso devemos receber a missão de Deus! Somos qualificados para essa
missão porque somos capazes de cometer tantos erros. Estamos cobertos de
problemas e desafios por todos os lados. Somos perfeitos para esse trabalho
porque somos tão imperfeitos!"
Os anjos ficam impressionados com esse argumento e concordam.
A história termina com palavras de louvor: "Santíssimo! Ó, Senhor, como é
excelente o Teu nome em toda a Terra!"
Eles ficam tão convencidos que decidem favorecer a humanidade e dar a Moisés
dicas úteis para ajudar os homens em sua missão difícil e desafiadora.

Perfeitamente imperfeito
Deus criou a humanidade para ser Seu veículo de expressão da perfeição dinâmica
e para participar da luta do aperfeiçoamento.
Somos altamente qualificados para essa missão porque somos pessoas imperfeitas
vivendo em um mundo imperfeito.
Temos uma inclinação para o mal que nos desafia diariamente.
Temos a capacidade de fazer muito mal, mas também podemos escolher fazer um
grande bem.
Podemos fracassar, mas também prosperar; destruir e também construir.
Nossa vida pode ser repleta de desafio, aventura e crescimento.
Os anjos são perfeitos — não têm inclinação para o mal nem livre-arbítrio, não
podem fracassar.
Eles não lutam para superar o mal.
Apenas os seres humanos podem cumprir essa missão Divina porque somos
pessoas imperfeitas lutando para melhorar, tentando nos tornar perfeitos.
Somente os seres humanos podem superar o mal, escolher o bem e crescer.
Essa é a nossa missão Divina, se estamos dispostos a aceitá-la.
Esse é o nosso serviço a Deus.
Os anjos cantam alegremente louvores a Deus em uma atmosfera celestial perfeita.
Mas as nossas canções superam as dos anjos, porque temos boas razões para não
cantar enquanto nos debatemos com nossos próprios problemas, dores e desafios.
O Talmud ensina que não prosperamos realmente até que tenhamos fracassado
primeiro.
Ou seja, parte da nossa missão Divina é falhar, nos arrepender, decidir mudar,
escolher o bem e vencer.
De fato, às vezes Deus orquestra uma situação para fracassarmos e, uma vez que
corrigimos o erro, chegarmos a um lugar ainda mais elevado.
Em Eclesiastes (7:20) está escrito: "Não há homem justo nesta Terra que faça o
bem e não peque".
Errar é humano.
Note que o versículo especifica "nesta Terra", porque se você saísse deste mundo,
poderia se tornar perfeito.
Se você vivesse em uma ilha deserta, completamente isolado da sociedade, nunca
magoaria ninguém, nunca brigaria, nunca ficaria com ciúmes e possivelmente
nunca cometeria um erro.
Mas isso não acontece, embora as pessoas tentem.
Algumas pessoas se voltam para a religião pensando ser esta um refúgio da
turbulência da vida, da dúvida, de conflitos internos e de desordem mental.
Elas procuram a religião para alcançar paz interior, contentamento espiritual e
tranquilidade.
Segundo a Cabala, não é esse o propósito da vida na Terra.
É justamente o contrário.
Fomos largados bem no meio do mar tempestuoso da vida cotidiana.
Nós nos deparamos com os problemas do mundo e temos de consertar a eles e a
nós mesmos.
Os mandamentos não apenas nos mostram o trabalho a ser feito, mas também
criam mais problemas do que já temos.
Segundo o Talmud, cada mandamento que recebemos cria em nós um desejo de
rebeldia.
Faz parte da natureza humana.
Assim que descobrimos não poder fazer alguma coisa, ou que devemos fazer algo,
surge em nós uma inclinação e um desejo de fazer exatamente o oposto.
Esse é um dos problemas primordiais de ser humano — ser teimoso, ser difícil e ser
complexo.
Portanto, os mandamentos não simplificam a vida; eles a tornam mais difícil.
Porém, quando compreendemos que o tema da vida é justamente encarar os
desafios, podemos apreciar como os desafios aumentam a aposta do jogo.
Lembre-se, as regras é que fazem do jogo um jogo.
Imagine se o futebol não tivesse regras, escanteios e faltas.
Embora as regras tornem o jogo mais desafiador, elas também o tornam mais
divertido e satisfatório quando ganhamos.

Acionistas Divinos
Quando os anjos entenderam o propósito da estimada tarefa de Deus, quiseram
"entrar na dança".
Então deram presentes aos homens — segredos úteis — para, assim, investir no
empreendimento humano.
Eles queriam ser acionistas da Aperfeiçoamento Humano S.A.
Se você não pode trabalhar na companhia, ao menos invista nela e aproveite os
dividendos dos acionistas.
Deus é o maior acionista da empresa.
É o maior investidor da Aperfeiçoamento Humano S.A.
Deus investiu uma centelha do Ser Divino — a alma — nos seres humanos para
poder ser um participante neste mundo.
De acordo com a Cabalá, Deus deseja estar aqui.
Ele vive neste mundo e participa dele através de você e de mim.
Experimentamos e aproveitamos essa honra apenas se convidamos Deus a entrar
no nosso mundo, aceitando nossa vida desafiante como Sua missão Divina.
Todo ser humano tem o potencial de ser representante e agente de Deus.
Podemos fazer tudo em nome de Deus.
Essa é a maior honra e o maior prazer que uma pessoa pode sentir.
Viver para si mesmo não traz completa satisfação e felicidade.
Mas quando você se torna um instrumento de Deus e faz escolhas em nome Dele —
você vive o céu na Terra.
Às vezes peço a meus alunos no Isralight que imaginem como raciocinariam e
agiriam se fossem comprar um carro em nome de Deus.
Quais seriam as principais considerações na escolha do modelo?
Normalmente, eles descartam a aparência e a marca do carro — não importa se é
vermelho, uma Ferrari ou se tem um motor turbo.
O que importa são os componentes de segurança, os controles de poluição, o valor
de mercado e quantos quilômetros por litro ele faz.
Ou seja, as preocupações dominantes são com relação à vida dos passageiros, ao
meio ambiente, à preservação dos recursos naturais e à tomada de boas decisões
financeiras.
Da próxima vez que você for tomar uma decisão, pergunte: "Se eu fizer isso por
Deus, qual a escolha certa? Se sou Seu representante na Terra, como devo me
comportar?"
Esse é o verdadeiro caminho da responsabilidade.
Em tudo o que fazemos, devemos sentir responsabilidade com relação a Deus.
Não se preocupe — a responsabilidade de ser um agente de Deus não vai torná-lo
neurótico, mas lhe dará grande inspiração, clareza e vitalidade.

A vida é uma missão


A vida é uma missão.
Se você não entende isso, a sua vida é uma coleção de momentos e
acontecimentos desconectados, que não levam a nada.
A sua missão é o seu significado.
Se você sabe o significado de algumas palavras mas não consegue formar frases
nem parágrafos, não pode escrever uma história com sentido.
Se você não sabe como os acontecimentos se conectam a um propósito e a um
contexto maior, a história da sua vida não faz sentido.
“A vida é uma missão" não é apenas uma frase interessante.
É a chave que abre os tesouros da Torá e da Cabala, o significado de todos os
mandamentos, o significado da nossa vida e as alegrias de servir a Deus.
Lembro-me de uma tira de quadrinhos em que Moisés voltava do Monte Sinai com
os Dez Mandamentos escritos nas Tábuas de pedra. "Tenho uma boa e uma má
notícia", ele anuncia aos israelitas que esperavam ansiosamente na base da
montanha.
'A boa é que eu consegui que Ele diminuísse para dez."
A multidão aplaude.
"A má notícia é que adultério ainda está dentro."
Não raro, as pessoas pensam que os mandamentos acabam com a diversão da vida
— que Deus é apenas um estraga-prazeres cósmico, e que há conflito de interesses
entre nós e Deus.
É comum pensarmos que servir a Deus é degradante; servidão sugere um
relacionamento escravo/senhor.
Mas esse não é o verdadeiro significado de servir a Deus.
A oportunidade de servi-Lo é o melhor presente que poderíamos ganhar.
É revigorante.
Significa que podemos fazer algo em nome de Deus.
É uma honra inacreditável!
O Talmud ensina que se chegamos perto do fogo, nos aquecemos, e que o servo
que se aproxima do rei participa da realeza.
Já estive na casa de pessoas muito ricas.
Sempre acho interessante que os vários empregados da casa — jardineiros,
cozinheiros, cabeleireiros etc — vivem na mansão com o patrão, comem a mesma
comida e, quando estão de folga, aproveitam as mesmas instalações, como piscina,
sauna e Jacuzzi.
Os servos no palácio aproveitam a vida real de várias maneiras.
E eles veem o rei em momentos privados — até de pijama.
Eles chegam mais perto e por isso desfrutam de encontros mais pessoais com o rei.
Trabalhar para Deus não é uma experiência degradante.
Pelo contrário, é a maior elevação de status.
Se monto um negócio para mim, para me trazer dinheiro, não estou fazendo nada
especial.
Mas se monto um negócio para Deus, se olho para o que faço e me pergunto como
promover o propósito de Deus neste mundo — como posso trazer mais amor, paz,
bondade, justiça e sabedoria, como posso ser um instrumento que revela as
qualidades e os ideais Divinos neste mundo — que oportunidade maravilhosa!
Este é o segredo de uma vida satisfatória e profundamente significativa.
Há um verso notável em uma música do Bob Dylan: "Você vai ter de servir alguém.
Todo mundo serve alguém. Não há ninguém no mundo que não está servindo algo
ou alguém. A questão não é 'servir ou não servir?'. A questão é 'servir a quem?"
Se a minha vida é dedicada a ganhar a aprovação de certas pessoas, então sempre
sou menos do que essas pessoas.
Mas se dedico minha vida a Deus, o céu é o limite para o meu amor-próprio.
Não há missão mais importante me esperando.
Não há nada mais elevado.
Minha missão na Terra não é ganhar muito dinheiro.
Se fosse, o slogan da camiseta estaria certo: "Aquele que morre com mais
brinquedos ganha."
Mas a Cabalá ensina que viemos ao mundo para cumprir a missão suprema — uma
missão que eleva e traz o sagrado a tudo na vida.
A vida sem uma missão não é vida.
A pessoa que acorda de manhã e não tem nenhum compromisso irá pensar depois
de um tempo: "Eu realmente faço diferença? Minha vida realmente importa?"

Encontrando a sua missão


Agora compreendemos melhor o versículo do Livro de Gênesis que diz que o ser
humano foi criado à imagem de Deus.
Como representantes de Deus, somos uma "re-apresentação" humana do Divino na
Terra.
Como tal, nosso trabalho é contribuir para a criação de nós mesmos, melhorar o
mundo, encarar os desafios, escolher o bem e crescer.
É isso que podemos fazer em nome de Deus.
Todo ser humano recebe uma missão, e há uma missão universal com a qual todos
temos obrigação.
No entanto, há também uma missão única para cada nação — Estados Unidos,
Inglaterra, Israel e assim por diante.
E dentro da missão de cada nação, cada cidadão tem uma missão pessoal especial.
Para mim está claro que minha missão é ensinar Torá e Cabalá.
Naturalmente, todos têm a obrigação de ensinar os caminhos de Deus a seus filhos
(como está escrito em Deuteronômio 6:7).
Mas toda a minha vida envolve cumprir a missão de ensinar Torá; isso permeia
todas as minhas outras obrigações, como honrar meus pais, fazer caridade e visitar
doentes.
Conheço outras pessoas cuja missão especial é a caridade — todo o seu ser
expressa caridade.
E há algumas pessoas cuja missão é ensinar os outros a perceber como as palavras
podem ferir ou curar — como falar bem, e não mal, de outros.
Às vezes as pessoas conhecem sua missão; às vezes não.
Mas isso não significa que elas não a estejam cumprindo.
Há uma bela história no Talmud sobre o Rabi Tarfon, conhecido por ser um filho
extremamente amoroso e caridoso.
Um dia, o Rabi Tarfon descobriu ter uma doença terminal.
Sua mãe foi aos sábios e lhes pediu que rezassem por seu filho.
"Ele é um filho tão maravilhoso. Não sei se existe um filho no mundo que honra a
mãe tanto quanto meu filho. Ele me honra mais do que o suficiente."
Os sábios responderam: "O seu filho a honra mais do que o suficiente? Se ele a
honrasse mil vezes mais, não chegaria nem perto daquilo que realmente deveria
fazer por você."
A mãe do Rabi Tarfon ficou chocada e transtornada com as duras palavras dos
sábios contra seu filho.
Ela estava tentando argumentar a favor da recuperação do filho, ressaltando seus
grandes feitos, e os sábios lhe dizem que estes estão longe de ser suficientes.
Por que os sábios fizeram isso?
A preocupação era que aquela mãe estaria, na verdade, arruinando a recuperação
do filho ao exaltar suas boas ações.
Ao dizer "meu filho me honrou mais do que o suficiente", ela poderia estar dizendo,
embora sem intenção, que a missão do seu filho neste mundo havia terminado e
que ele não precisava mais estar aqui.
Ela pensou que a missão do filho era ser um grande professor.
Mas os sábios sabiam que não.
Eles viram que a missão do Rabi Tarfon na Terra poderia muito bem ter sido
crescer honrando a mãe.
E se esse fosse o caso, todos os elogios dela estariam, na verdade, impedindo sua
recuperação.
Porque se ele já a honrou mais do que o suficiente, então completou sua missão e
não era mais necessário aqui.
Quando você termina sua missão, pode ir embora.
Por isso os sábios começaram a discutir com ela, insistindo que o rabino não tinha
chegado nem perto de cumprir sua missão.
As pessoas que pensam conhecer sua missão podem estar erradas.
Eu, por exemplo, digo que a minha missão é ensinar Torá e Cabalá, mas talvez seja
ser um pai atencioso, que precisa conseguir equilibrar a vida pessoal com a pública.
Por exemplo, mesmo que eu me tornasse um professor de sucesso e um autor
best-seller, poderia estar fracassando na minha missão se descuidasse da minha
família no processo.
Trabalhando tão duro para me tornar um professor influente internacionalmente,
estou realmente preocupado com meu serviço a Deus, ou tudo não passa de uma
viagem do ego habilmente camuflada?
Conheço um homem que investe toda sua energia ajudando moradores de rua.
O prefeito e várias organizações em sua cidade já o homenagearam pelos abrigos
que construiu e pelos programas que iniciou.
Mas, por estar tão preocupado em cumprir sua missão, há vários meses ele não
visita o pai, que mora em um asilo.
Não é coincidência que ajudar moradores de rua lhe traz muita satisfação e que ele
não se dá muito bem com o pai.
Ele se convenceu de que é legítimo fraudar sua obrigação de honrar o pai em nome
de seu nobre serviço a Deus.
Mas a missão nunca é tão simples ou gratificante.
Na maioria das vezes, aquilo que o desafia como ser humano pode ser exatamente
o que você deve confrontar e resolver.
Muitas vezes, nossa missão é intencionalmente obscura.
Se fosse tão óbvia, ficaríamos propensos a deixar tudo de lado a não ser a missão.
Há muitas obrigações que devemos cumprir mesmo que não estejam diretamente
ligadas à nossa missão pessoal, porque elas têm a ver com a nossa missão geral
como sees humanos, como membros de uma comunidade e de uma nação.
Afinal, é importante lembrar que, mesmo que você não tenha certeza de qual é a
sua missão pessoal — mesmo que não ache que esteja cumprindo sua missão —,
você pode acabar acertando o alvo.
Esta é uma das lições mais importantes da Torá e da Cabalá.
Cada um de nós tem um propósito Divino e uma missão na Terra.

Como encontrar sua missão


Certamente você já está se perguntando como pode descobrir sua missão.
O Gaon de Vilna, um dos maiores sábios judeus do século 18, nos diz como.
Ele cita o Livro de Provérbios (3:6):
"Reconheça-O em todos os teus caminhos e Ele endireitará a tua trajetória" — e
explica a diferença entre caminho e trajetória.
Um caminho todos conhecem.
É como uma estrada.
Todos sabem onde ficam as estradas.
São vias públicas.
Mas uma trajetória não é pública.
É o caminho pessoal e único do indivíduo.
Algumas maneiras de servir a Deus são comuns a todos nós.
Esses caminhos não são exclusivos de ninguém.
São as estradas da vida.
Não podemos chegar a lugar nenhum se não entramos nessas estradas.
Mas quando o David, por exemplo, entra na via pública, de repente ele vê um sinal
que diz: "David — saída à esquerda daqui a 3 quilômetros."
É ali que David vira para continuar a sua jornada e cumprir sua missão.
Agora, a Jane, que também estava na estrada, vê o David sair e fica com inveja.
"Sortudo! Ele encontrou seu caminho."
Mas com paciência, ela continua adiante até descobrir seu trajeto pessoal.
E, seguramente, há uma sinal para ela também. "Jane — saída à esquerda daqui a
5 quilômetros."
Todos temos uma trajetória única, esperando que comecemos a jornada.
Para encontrá-la, temos de entrar na estrada.
Temos uma missão coletiva: a estrada.
A missão coletiva do ser humano é ser cada vez mais humano.
Cada nação tem uma missão.
Uma naçã-o pode ser responsável por liderar o avanço tecnológico no mundo.
Outra talvez lidere a pesquisa e o desenvolvimento no campo da medicina.
Outra pode ser chamada a ampliar a arte e a música.
E ainda outra pode ser escolhida para conduzir o progresso moral e ético do
mundo.
Depois que aceitamos nossa missão como membros da raça humana e nossa
missão como membros de uma nação específica, a nossa missão individual nos é
revelada.
Até então, você deve trabalhar para se tornar um ser humano mais decente e um
cidadão melhor.
Quando você está na via pública, Deus o conduz ao seu trajeto único.

Caminhando com Deus


No mundo dos negócios, se sua empresa o encarrega de uma missão, seu chefe
geralmente fica no escritório enquanto você vai cumprir a tarefa determinada.
Mas não é isso o que acontece quando Deus lhe atribui uma missão: Ele vai junto.
Esse é o significado do versículo do salmo 127: "A não ser que o Eterno edifique a
Casa, trabalham em vão os que a querem construir."
Mas você pode pensar que se Deus vai construir a sua casa, por que você tem de
trabalhar?
O salmo quer dizer que você deve trabalhar mesmo assim, mas se não convida
Deus a participar do trabalho, seu esforço não vale nada.
Você não terá a energia para cumprir a tarefa.
Pode escolher construir uma casa, pode juntar os tijolos e a argamassa, mas, sem
Deus, a Fonte da energia, a sua casa nunca será construída de modo significativo.
Isso que é incomum quanto à nossa missão de Deus.
Aquele que nos manda na jornada Se junta a nós.
Mas se não reconhecemos a Sua presença em nosso trabalho, não temos o poder
de realmente progredir.
O foco diário da nossa vida deveria ser convidar Deus a Se juntar a nós no
cumprimento da nossa missão.
Há a famosa história de um homem que sonhou com toda a jornada da sua vida
como pegadas na areia. Às vezes havia dois pares de pegadas — as dele e as de
Deus. Mas nas partes mais difíceis do caminho, ele via apenas um par de pegadas.
Ele reclamou para Deus: "Deus, Você me prometeu que sempre me acompanharia.
Como pode ser que nas horas mais difíceis Você desaparecia?"
Deus respondeu: "Sempre estive com você. Você só vê um par de pegadas porque,
nas horas mais difíceis, eu o carreguei. As pegadas são Minhas."
Ajuda bastante nos lembrarmos disso nos momentos mais difíceis.
Nos momentos de dor, você já se perguntou "por que Deus está fazendo isso
comigo?"?
Não há resposta porque essa é a pergunta errada, baseada na percepção de que
Deus é um Ser invisível, flutuando em algum lugar do espaço, enquanto você está
aqui na Terra, separado Dele.
Porém, segundo a Cabalá, não existe um Deus assim e você também não existe
dessa maneira.
O "verdadeiro você" é a alma, que não é nada além de uma centelha de Deus.
Portanto, a verdadeira questão é: "Por que Deus está fazendo isso com um aspecto
de Si mesmo?"
Admito que essa pergunta também não tem resposta.
Mas acho reconfortante saber que não estamos sozinhos na dor, que Deus não
existe para "nos pegar", que Ele compartilha completamente tudo o que passamos.
Lembre-se, Deus está na mesma situação que você, porque você é uma alma, uma
expressão de Deus.
Se você abraça essa percepção, atrai a força Divina e encontra coragem.
Você vai poder encarar a situação, superar o desafio e viver o triunfo do espírito.

Superando a inveja
Quando você entender que a vida é uma missão Divina, vai perceber que ninguém
tem uma missão melhor ou mais importante que a sua.
É ridículo ter inveja da sina de outra pessoa.
Não pense que o presidente dos Estados Unidos é mais importante do que um
garçom.
Se Deus está conosco em nossa missão, então a missão de uma pessoa não pode
ser mais importante do que a de outra, porque a missão de todo mundo é na
verdade uma missão de Deus.
O sucesso real não depende de quantas coisas realizamos na Terra.
E não tem nada a ver com quanta atenção pública nossas conquistas atraem.
O que realmente importa é a intenção e a qualidade das nossas ações.
Colocamos a alma na missão e vivemos a vida em nome de Deus, procurando
crescer e preocupados em melhorar o mundo e a nós mesmos?
Os grandes sábios da Torá nos ensinaram: sou uma criação e meu amigo (mesmo o
inculto) é uma criação.
Assim como ele não é especialista naquilo que faço, não sou especialista no que ele
faz.
Não pense que eu faço mais e ele faz menos.
Isso não está certo.
Não importa se aparentemente ele alcança grandes ou pequenos feitos.
O que realmente importa é se suas intenções são em nome de Deus.
Essa lição não parece fazer muito sentido.
Os grandes sábios fizeram contribuições históricas para o desenvolvimento
espiritual e ético da humanidade.
Seus nomes serão lembrados para sempre.
Como eles podem se comparar a pessoas simples, iletradas, cujas ações nunca
poderiam lhes dar reconhecimento mundial e que certamente serão esquecidas
pelos anais da história?
Como os sábios podem dizer que o que realmente importa é a pureza das intenções
e o poder do compromisso de agir em nome de Deus?
Os sábios compreendiam que cada um de nós tem uma missão na vida — um
chamado.
O que você deve sempre lembrar é quem está chamando.
Deus o está chamando para ser Seu agente na Terra, e a missão que Ele lhe pede
para cumprir não é apenas sua, mas também Dele.
Se todos estamos trabalhando para Deus, não existe missão pequena.
Como uma missão pode ser menor que outra?
Alguma missão pode ser menos que fundamental?
Se internalizamos essa verdade, nos livramos do hábito tolo de nos comparar a
outros.
Ficamos curados da debilitante doença que corrói nossos ossos — a inveja.
O Talmud conta a história do sujeito que vislumbrou um pouco da vida após a
morte.
Ele se surpreendeu ao ver que o outro mundo estava de cabeça para baixo. Ele viu
algumas pessoas que, durante a vida na Terra, eram muito respeitadas e famosas,
mas que no outro mundo não eram ninguém.
Embora tenham sido reconhecidas como membros importantes da alta sociedade,
essas pessoas eram agora consideradas parte da classe baixa.
Ele também viu pessoas que foram simples trabalhadoras durante a vida, mas que
agora eram proeminentes membros da mais alta ordem.
Foi um choque.
Imagine que você seja um ator internacionalmente reconhecido e, onde quer que
vá, as pessoas o olham com grande reverência e admiração.
Então a cortina da sua vida se fecha e você se encontra em um novo mundo — a
vida após a morte.
Para a sua surpresa, lá ninguém o nota.
Então você vê um rosto conhecido; é a sua empregada, cercada por uma multidão
de fãs angelicais.
Naquela vida, ela é a celebridade e você, o shleper.
Como isso é possível?
Tudo depende da qualidade das suas ações e da sua atitude.
Você convidou Deus ao seu trabalho?
Você trabalhou com a intenção de ser agente de Deus, ou sua vida foi apenas uma
viagem egoísta?

Em suma
Os mandamentos da Torá não são apenas um monte de boas ações.
Não são apenas instruções de vida; são muito mais que isso.
Eles articulam uma missão Divina elevada.
É uma missão tão sublime que até os anjos a queriam quando ela foi oferecida pela
primeira vez.
Eles não conseguiam entender por que o ser humano frágil, tão propenso a erros,
tão cheio de desejos negativos e destrutivos receberia tal missão.
Mas a missão não foi entregue aos anjos.
De fato, os seres humanos receberam a missão exatamente porque não são anjos
perfeitos.
Nossa qualificação para recebê-la é que somos seres que erram e lutam para
melhorar.
Nossa qualificação maior para essa grande missão é o potencial de fracasso e de
fazer o mal.
Essa é a nossa grandeza.
Nossos problemas são exatamente a matéria-prima para a nossa elevação.
Isto porque nossa missão é crescer e revelar a perfeição dinâmica do
aperfeiçoamento.
Nossa missão é superar nossas falhas, escolher o bem e crescer em nome de Deus.
Nossa missão na vida é o sentido da vida.
Infeliz é a pessoa que pensa não ter uma missão.
Nietzsche, filósofo alemão famoso por dizer que Deus está morto, ironicamente
insistia que "a não ser que a pessoa sinta que algo inteiro e infinito trabalha através
dela, sua vida não tem sentido".
Esse "algo inteiro e infinito" é Deus, e cada um de seus mandamentos é uma
oportunidade de vivenciar esse sentido profundo.
Cada um de seus mandamentos nos capacita a melhorar a nossa comunidade, este
mundo e a nós mesmos em nome de Deus.
Nossa missão Divina é o presente supremo do Ser Supremo.

Continua

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