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CANTAR DE EMIGRAÇÃO
(Rosalia de Castro, adapt. de José Niza -
José Niza)
voz: Adriano Correia de Oliveira
EMIGRAÇÃO
Este parte, aquele parte (Curros Enriquez, adapt. José Niza -
e todos, todos se vão, José Niza)
voz: Adriano Correia de Oliveira
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão Quando no silêncio das noites de
luar
Tens em troca órfãos e órfãs via uma estrela pelo céu a correr
e campos de solidão dizia minha mãe de mãos
e mães que não têm filhos erguidas:
– Deus te guie por bem!
filhos que não têm pais .
Desde então quando vejo que um
Corações que tens e sofrem homem
longas horas mortais deixa a terra onde infeliz nasceu
e fortuna busca noutras praias,
viúvas de vivos-mortos
digo:
que ninguém consolará. que te guie Deus, também!
Não o culpo, coitado, não o acuso
nem lhe rogo pragas nem
castigos
nem de que é dono de escolher
me esqueço
o que lhe convier!
Porque quem deixa o seu torrão
natal
e fora dos seus caminhos põe os
pés
quando troca o certo pelo incerto
motivos há-de ter!
EXÍLIO
(Manuel Alegre - Luís Cília)
voz: Luís Cília.
1
Fonte: MOUTINHO, José Viale (org.), Cancioneiro de Abril, Lisboa, Ulmeiro,
1999.
JC Santos, Secção de Português – UNAM, 2004 2
EMIGRAÇÃO/EXÍLIO
Francisco Fanhais: Em Abril, fez três anos que fui para lá.
Isso porque em certa altura da minha vida tudo eram sinais
proibidos, quer dizer: de um lado eu estava suspenso das minhas
funções de padre, estava impedido de dar aulas no liceu do Barreiro,
onde tinha estado com uma série de malta, justamente aqueles que
agora estão aqui a cantar, e encontrava-me proibido de cantar.
Pensei: se isto continua assim muito tempo, vou morrer asfixiado, por
isso deixa-me sair um bocado para respirar, para fazer o ponto de
mim próprio e para depois voltar noutros moldes talvez, mais
aliviado e mais repousado interiormente.
Estive por lá esses três anos, pensava vir antes mas por razões
de ordem, sobretudo, política, foi impossível voltar, isso significava o
ser imediatamente vítima de uma forma brutal e directa de repressão
do governo fascista que agora caiu. Daí que tenha optado por ficar
em França durante mais alguns anos. Não sabia até quando, estava
já afazer projectos, não digo a longo prazo, mas a médio prazo, a
pensar que demoraria ainda cerca de cinco ou seis anos esta
mudança radical que me possibilitaria o voltar a Portugal.